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CONTRATOS EM ESPÉCIE
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DIREITO CIVILDIREITO CIVIL
Sílvio de Salvo Venosa
Sílvio de Salvo Venosa
11. EMPREITADA
V. III 22
11.1. Conceito. Denominação:
– pelo contrato de empreitada, uma das partes, denominada empreiteiro
ou empresário, obriga-se a executar uma obra, mediante pagamento de um preço que outra parte, denominada dono da obra ou comitente, compromete-se a pagar;
– no conceito, identificam-se claramente três elementos do contrato: os
sujeitos, o preço e a realização da obra;
– a matéria está disciplinada no atual Código, arts. 610 a 626;
11. EMPREITADA
V. III 33
– natureza do contrato:
1. oneroso, porque exige dispêndio de ambas as partes;
2. sinalagmático, dele emergem obrigações recíprocas e interdependentes;
3. contrato comutativo, as obrigações são de plano conhecidas dos contratantes no momento da conclusão da avença;
4. consensual porque se perfaz pelo acordo de vontades;
11. EMPREITADA
V. III 44
– o contrato de empreitada pode ser ajustado com prestação instantânea: pagar o preço quando terminada e entregue a obra;
– não há óbice que objetive perfazimento de atividade incorpórea por parte do empreiteiro;
– na empreitada uma obrigação de fazer qualificada;
– a possibilidade de a empreitada ter por objeto coisas móveis, em que irá preponderar a pessoa do artesão ou trabalhador intelectual.
11. EMPREITADA
V. III 55
11.1.1. Espécies. Revisão de preço. O projeto e a fiscalização:
– as duas modalidades de empreitada, conforme art. 610 do
Código;
– empreitada de lavor ou de mão-de-obra que exige
exclusivamente a atividade do empreiteiro (art. 612);
– a empreitada mista consistindo numa obrigação de dar e fazer
(art. 610, § 1o);
11. EMPREITADA
V. III 66
– empreitada a preço de custo (art. 611); nesta modalidade se inverterá a responsabilidade pelos riscos, se houver mora do dono em receber;
– no art. 619, o preço fixo é garantia originária do dono da obra; a garantia que a lei concede ao dono da obra de não sofrer reajuste, salvo sua autorização expressa;
– o contrato de empreitada não se confunde com o contrato de elaboração do projeto ou contrato de fiscalização da obra, conforme dispõe o art. 610, § 2o;
11. EMPREITADA
V. III 77
– a execução da obra confiada a terceiros (art. 622);
– o prazo de cinco anos de garantia pela solidez e segurança do trabalho previsto no art. 618;
– a preservação do projeto como fruto da criação intelectual (art. 621);
11. EMPREITADA
V. III 88
– a cobrança pelo empreiteiro de acréscimo no preço quando a alteração da obra ocorreu com o conhecimento tácito ou implícito do encomendante (art. 620);
– as duas são as modalidades de preço na empreitada:
1. preço fixo, quando se estabelece pagamento pela obra na totalidade (marché à forfait), sem consideração de suas etapas;
11. EMPREITADA
V. III 99
2. preço escalonado ou por tarefa, conforme o andamento da obra, de acordo com organograma previamente fixado, que leva em conta o fracionamento da empreita (marché sur dévis);
– nas duas modalidades de preço este poderá ser inalterável ou sob escala móvel;
11. EMPREITADA
V. III 1010
– a importância da distinção entre preço fixo ou escalonado na fixação da responsabilidade de cada parte e a exceptio non adimpleti contractus;
– pelas disposições do próprio Código Civil o legislador presumiu a vulnerabilidade do dono da obra, impondo maiores responsabilidades ao empreiteiro, conforme a dicção do art. 613.
11. EMPREITADA
V. III 1111
11.1.2. Forma:
– não existe forma prescrita em lei para o contrato de empreitada, sendo portanto negócio não solene;
– a exigência de contrato escrito nas hipóteses de aumento ou de alteração
da obra encomendada (art. 619).
11. EMPREITADA
V. III 1212
11.2. Figuras Afins: prestação de serviço, contrato de trabalho, mandato, compra e venda, fornecimento. Construção por administração:
– a empreitada é modalidade de prestação de serviços ou locação de
serviços;
– na empreitada existe uma obrigação de resultado;
11. EMPREITADA
V. III 1313
– o contrato de trabalho, derivado da prestação de serviços, regulado por legislação específica, se afasta da empreitada pela subordinação hierárquica do empregado em relação ao empregador;
– a empreitada tem como objeto principal a prática de atos materiais;
– haverá compra e venda sempre que a coisa já estiver pronta quando da conclusão do contrato; haverá empreitada quando a coisa ainda estiver por fazer;
11. EMPREITADA
V. III 1414
– o contrato de empreitada distingue-se de um contrato de fornecimento, pela qualidade dos serviços, que na empreitada é proeminente e no fornecimento é secundária;
– no fornecimento, a entrega periódica de bens pelo fornecedor constitui o fundamento do contrato; na empreitada, esse fundamento consiste na entrega da obra;
– o contrato de construção decorrente de contrato de empreitada, ou da denominada construção por administração, tratada pela Incorporação Imobiliária, Lei no 4.591/64;
11. EMPREITADA
V. III 1515
– na administração, em regra, o dono da obra assume os riscos e o prazo; na empreitada, no sistema do Código Civil, o empreiteiro assume os riscos, de acordo com o art. 619;
– tratando-se de construção, qualquer que seja a modalidade contratada, a responsabilidade pela segurança da obra será sempre do construtor ou arquiteto, nos termos do art. 618.
11. EMPREITADA
V. III 1616
11.3. Sujeitos. Direitos e deveres do dono da obra:
– no contrato de empreitada, o comitente ou dono atribui a construção
ou conclusão de obra ao empreiteiro;
– constitui obrigação de resultado, possibilitando ao dono exigir a entrega
da coisa;
11. EMPREITADA
V. III 1717
– como contrato sinalagmático, o negócio gera direitos e obrigações para ambos os contratantes;
– na empreitada de obras públicas, o dono da obra é o Estado por si ou por seus entes indiretos;
– nas empreitadas em geral, o comitente ou dono da obra pode ser qualquer pessoa capaz, natural ou jurídica;
11. EMPREITADA
V. III 1818
– a recusa injusta do comitente em receber possibilita o depósito judicial pelo empreiteiro (arts. 611 e 613);
– as possibilidades de o comitente rejeitar a obra (art. 615);
– faculta-se ao comitente receber a coisa com abatimento do preço, em vez de enjeitá-la (art. 616);
11. EMPREITADA
V. III 1919
– quando o pagamento é fixado por etapas ou pelo que ordinariamente se denomina medição, a quitação de cada parcela presume a verificação de cada estágio da obra pelo comitente (art. 614);
– na ausência de autorização contratual, o preço não pode ser majorado sob fundamento de acréscimo de salários ou aumento de preço de materiais (art. 619);
11. EMPREITADA
V. III 2020
– a rescisão injustificada do contrato pelo dono da obra após iniciada a execução gera indenização do empreiteiro das despesas e seu trabalho, bem como lucros cessantes com base na conclusão da obra (art. 623);
– se a suspensão da obra ocorre, sem justa causa, por culpa do empreiteiro, deverá ele responder por perdas e danos (art. 624);
11. EMPREITADA
V. III 2121
– no art. 625, o rol de causas que permitem ao empreiteiro suspender a obra;
– confere-se ao dono da obra direito de fiscalizar sua execução, pessoalmente ou através de preposto, embora não possa ele intervir diretamente no âmbito de atuação do empreiteiro;
– a colaboração do comitente na execução da obra.
11. EMPREITADA
V. III 2222
11.4. Direitos e deveres do empreiteiro:
– a obrigação principal do empreiteiro é entregar a obra prevista,
perfeita e acabada, conforme o contratado, no prazo avençado;
– o prazo prescricional para a ação de cobrança do pagamento da
empreitada, no atual art. 205;
– pelos princípios gerais do injusto enriquecimento, tem o empreiteiro direito de retenção da obra, enquanto
não receber o preço;
11. EMPREITADA
V. III 2323
– o prazo na empreitada integra a própria obrigação de resultado nela contida;
– a responsabilidade profissional do construtor, engenheiro, arquiteto ou afim, que independe de avença contratual;
– quanto aos riscos, se a empreitada é mista, correm por conta do empreiteiro até a entrega; se, no entanto, o dono da obra estiver em mora, aplica-se a parte final do art. 611;
– a responsabilidade do construtor no art. 617;
– na empreitada de lavor, os prejuízos repartidos pelo perecimento da coisa (art. 613).
11. EMPREITADA
V. III 2424
11.5. Subempreitada:
– a subempreitada como negócio derivado do contrato principal, em que
o empreiteiro assume o papel de dono da obra, ou comitente, em relação ao subempreiteiro;
– no silêncio do contrato, nada impede que ocorra a subempreitada
parcial; a possibilidade de subcontratar pode decorrer dos costumes e das características da obra;
11. EMPREITADA
V. III 2525
– a empreitada e a subempreitada não se fundem em um único contrato e seu limite está circunscrito ao âmbito do contrato principal, regendo-se pelos mesmos princípios da empreitada;
– a responsabilidade do subempreiteiro perante o comitente, advém da responsabilidade extracontratual, dentro dos princípios gerais do arts. 927 e 186, e do art. 3o do Código de Defesa do Consumidor;
– o subempreiteiro pode exercer direito de retenção contra o dono da obra, com base no sistema geral do injusto enriquecimento.
11. EMPREITADA
V. III 2626
11.6. Verificação e aceitação da obra. Extinção do contrato:
– o direito e o ônus da verificação da obra pelo comitente;
– na ausência de convenção, as despesas de verificação correm por conta do empreiteiro;
– a verificação como procedimento que antecede o recebimento da
obra, implicando o recebimento ou não da coisa;
11. EMPREITADA
V. III 2727
– realizada a verificação, não se manifestando o comitente em prazo razoável, a obra é tida como aceita;
– a aceitação provisória tem por finalidade possibilitar o uso da coisa, a fim de apurar eventuais defeitos;
– a aceitação sem reservas não elide os prazos e as possibilidades de reclamação por defeitos ocultos;
11. EMPREITADA
V. III 2828
– o recebimento da obra apenas para finalidades de teste não tem o condão de converter-se em aceitação;
– o recebimento da obra, seguido dos atos de verificação e aceitação, fixa o termo final do contrato de empreitada;
– perecendo a coisa por caso fortuito ou força maior, desaparece o objeto do contrato;
11. EMPREITADA
V. III 2929
– morrendo o empreiteiro, sendo contrato intuitu personae, também se extingue o negócio (art. 626);
– a falência do empreiteiro não acarreta automaticamente a extinção da empreitada, por força do art. 43 do Decreto-lei no 7.661/45, Lei de Falências;
– com a falência do dono da obra, o empreiteiro habilitar-se-á como credor, com privilégio especial, nos termos do art. 964 do Código Civil.
11. EMPREITADA
V. III 3030
11.7. Responsabilidade do construtor. Responsabilidade perante terceiros:
– o construtor ou empreiteiro responde, durante cinco anos, pela
solidez e segurança de edifícios e outras obras consideráveis nos termos do art. 618 do estatuto vigente;
– sendo prazo extintivo de garantia, é decadencial, segundo a
doutrina e jurisprudência amplamente dominantes.
11. EMPREITADA
V. III 3131
11.7.1. Responsabilidade do construtor no atual Código:
– o prazo de 180 dias para a propositura da ação, a partir do
aparecimento do defeito ou do vício, disposto no atual art. 618 do Código.