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8/16/2019 CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA SERRA DA CAPIVARA
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CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA NA ESCOLA FAMÍLIAAGRÍCOLA SERRA DA CAPIVARA
Alessandra Vilanova Neves*
Juliana Brito de Araújo Cavalcante**
RESUMO: Este trabalho discute sobre as contribuições da Pedagogia da Alternância (PA) naEscola Família Agrícola Serra da Capivara (EFASC) a partir dos vários instrumentos
pedagógicos trabalhados e sua dinâmica metodológica. A PA é uma pedagogia que vem cadavez mais sendo trabalhada principalmente nas escolas do campo. Uma pedagogia que permiteao educando alternar quinze dias no ambiente escolar em regime de internato com quinze diasno meio sócio-profissional da família, num processo contínuo de formação, assegurado porinstrumentos pedagógicos que visam contextualizar a realidade local com os conhecimentos
acadêmicos, buscando assim alternativas de convivência com o semiárido e odesenvolvimento sustentável do meio. Tendo como objetivo analisar as contribuições da PAdesenvolvida pela EFASC, fundamentado em trabalhos como de Gimonet (2002, 2007) Lima(2006, 2007), Begnami (2006) e outros que discutem a PA como proposta teóricametodológica distinta da educação convencional, pois permite ao educando ter uma visão dasua realidade através dos conhecimentos teóricos absorvidos na sala de aula e situá-los na suarealidade local, social, ambiental e econômica. A EFASC caminha para os seus sete anos deatuação, mas já podemos constatar mudanças significativas nas praticas no campo como, porexemplo, a assessoria técnica levada ao homem do campo por alunos ingressos e egressos,
possibilitando uma melhor convivência com o semiárido.
Palavras-chave: Pedagogia da Alternância. Instrumentos Pedagógicos. Semiárido.
ABSTRACT: This paper discusses the contributions of the Pedagogy of Alternation (PA) inthe School of Family Farm Sierra Capybara (EFASC) from various pedagogical tools workedand methodological dynamics. The PA is a pedagogy that is increasingly being workedmainly in schools field. A pedagogy that allows the switch educating fifteen days in theschool environment in boarding fifteen days in the socio-professional environment of thefamily, in a continuous process of training provided by educational tools that aim tocontextualize the local reality with academic knowledge, thus seeking alternatives for copingwith semiarid and sustainable development of the environment. Aiming to analyze the
contributions of PA developed by EFASC, based on the work as Gimonet (2002, 2007) Lima(2006, 2007), Begnami (2006) and others argue that the PA as conventional education distinctmethodological theoretical proposal, as it allows the student to have a vision of their realitythrough theoretical knowledge absorbed in the classroom and place them on your site, social,environmental and economic reality. The EFASC walks to its seven years of operation, butwe can already see significant changes in practices in the field such as technical advice led toman's field by former students and graduates, enabling a better coexistence with the semiaridregion.
Keywords: Pedagogy of Alternation. Pedagogical tools. Semiarid.
______________________*Aluna do Curso de Especialização em Gestão e Políticas Públicas no Semiárido – Monitora da EFASC (EscolaFamília Agrícola Serra da Capivara) E-mail: [email protected] **Pedagoga, Mestre em Educação e Professora da UESPI. E-mail: [email protected]
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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INTRODUÇÃO
Devidos aos problemas climáticos, culturais e políticos, cresce o número de pessoas
que abandonam o campo e buscam nos grandes centros ou nas sedes dos municípios melhores
oportunidades, porém na maioria das vezes, por não ter uma qualificação profissional ficam
sem trabalho, ocasionando um centro de pobreza e miséria.
Diante deste quadro, estudos anteriores já apontavam a necessidade de implantar uma
escola em que os filhos dos agricultores pudessem habilitar-se para o mercado de trabalho na
terra como empreendedores do campo, buscando o desenvolvimento sustentável de suas
comunidades.
Em busca de uma educação que atendesse esta perspectiva, foi criada no ano de 2008 a
Escola Família Agrícola Serra da Capivara, autorizada pela Resolução 116 de 25 de Abril de
2012, a fim de oferecer, não apenas o ensino básico dos conhecimentos e de qualificação
profissional, mas que promovesse o desenvolvimento de acordo com a realidade local, sempre
multiplicando a capacidade de saber, fazer, ser e viver do indivíduo no seu ambiente.
Este trabalho reflete o resultado de uma pesquisa que buscou compreender as
contribuições da Pedagogia da Alternância na Escola Família Agrícola Serra da Capivara-
EFASC, localizada no município de São Lourenço do Piauí que é caracterizada como uma
política pública voltada para o Semiárido que abrange os dezoito municípios do Território
Serra da Capivara e vem desenvolvendo com jovens do campo um grande trabalho no que diz
respeito à sua formação como cidadão, garantindo assim uma aprendizagem que possa torná-
los aptos a desenvolver atividades em suas comunidades e ingressar no mercado de trabalho.
Apesar de o território apresentar uma vocação agropecuária muito forte, na maioria dos casos
essa vocação reduz-se a atividade de subsistência, predominando na agricultura as atividades
de sequeiro e na pecuária o sistema extensivo.
A Escola Família Agrícola Serra da Capivara, como política pública foi implantada nomunicípio no dia 28 (vinte e oito) de Abril de 2008 e vem dando certo, formando filhos e
filhas de agricultores e pecuaristas no curso de Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino
Médio onde são trabalhados os métodos da Pedagogia da Alternância. A referida escola já
formou três turmas, sendo que a duração do curso Técnico em Agropecuária é de 04 (quatro)
anos. As primeiras turmas da EFASC de 1ª a 4ª série do Ensino Médio Integrado foram
fundamentais para a escola obter a partir do Plano de Estudo (PE) que é um dos instrumentos
da Pedagogia da Alternância, assim como as visitas de monitores às comunidades que buscam
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as informações mais precisas para redimensionar o projeto pedagógico, atender as reais
necessidades das famílias camponesas e melhorar a relação escola e comunidade.
Dessa forma, buscamos com esta pesquisa analisar a importância da EFASC na
formação de atitudes, comportamentos e valores relacionados com a família camponesa e as
contribuições da Pedagogia da Alternância desenvolvida pela escola, na construção de
práticas educativas voltadas para o desenvolvimento sustentável no Semiárido. Além disso,
procuramos também identificar os Instrumentos Pedagógicos utilizados pela EFASC voltados
para fomentar o desenvolvimento sustentável no âmbito do território Serra da Capivara e
identificar as ações desenvolvidas pela escola para contextualizar as práticas culturais das
comunidades com o conhecimento técnico e cientifico, possibilitando a construção de
políticas de convivência com o semiárido. A investigação será realizada através de pesquisa bibliográfica, questionários não objetivos e diagnósticos com monitores, coordenadores e
alunos que vivenciam a Pedagogia da Alternância na EFASC e buscam propor novas
metodologias e técnicas mais aprimoradas a partir de experiências adquiridas em cursos de
Formação Inicial em Pedagogia da Alternância oferecidos pela Associação das Escolas
Famílias Agrícolas do Piauí (AEFAPI). Essas novas metodologias e técnicas contribuem para
melhorar a prática da referida pedagogia na escola.
A EFASC surgiu a partir de uma discussão do território, como alternativa para odesenvolvimento sustentável e a convivência com o semiárido. Com a Pedagogia da
Alternância como princípio metodológico, a escola busca uma forma de educar sem
desvincular os jovens do meio da comunidade e do empreendimento agropecuário das suas
famílias. A EFASC fica localizada no semiárido piauiense, na Rua Maria Rosa de Castro,
Bairro Três Marias no município de São Lourenço do Piauí e atualmente conta com quatro
turmas: 1º, 2º, 3º e 4º ano, com 19, 19, 17 e 18 alunos respectivamente em cada turma e um
quadro com 13 (treze) monitores.
1. UM POUCO SOBRE A EDUCAÇÃO NO CAMPO NO BRASIL
A Educação no Brasil desde seus primórdios apresenta diversos problemas
relacionados à baixa escolarização, alta evasão escolar, índices de repetência altíssimos e
muitos outros problemas que se agravam com muito mais intensidade no campo. Esses
problemas estão relacionados ao modelo implantado no campo que marcam a ação das elites
do Brasil agrário até nos dias de hoje, pois, para essa elite, as mulheres, indígenas, negros e
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trabalhadores rurais não precisavam estudar, afinal para desenvolver o trabalho agrícola não
era necessário ser alfabetizado (ARROYO, 2004). Com base em dados recentes da história do
Brasil, podemos citar o regime militar e sua política agrária, que incentivou a concentração
das terras nas mãos dos grandes produtores agrícolas por meio de incentivos financeiros,
impedindo assim que os trabalhadores do campo se organizassem e demonstrassem qualquer
tipo de resistência a essa política excludente e concentradora.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9394/96 trouxe várias mudanças e
avanços priorizando as políticas educacionais para o campo. É o que observamos no artigo 28
que prescreve que,
Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vidarural e de cada região, especialmente:I – conteúdos curriculares e metodologias aplicadas às reais necessidades einteresses dos alunos da zona rural;II – organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fasesdo ciclo agrícola e às condições climáticas;III – adequação à natureza do trabalho na zona rural. (LDB, 1996).
Portanto, cabe a todos aqueles envolvidos na educação do campo lutar para que seus
direitos conquistados sejam reconhecidos e colocados em práticas para realmente transformar
a educação do campo e torná-la realidade.
2. BREVE CARACTERIZAÇÃO DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE
O semiárido piauiense ocupa uma área que corresponde a mais da metade do território
do Piauí, com uma população superior a um milhão de pessoas. É uma região formada pelo
bioma caatinga e por grande parte do ecótono cerrado/caatinga. Possui temperaturas elevadas
com um período chuvoso chamado culturalmente de inverno, e um período seco, sem chuvaque abrange a maior parte dos meses do ano (LIMA, 2006).
No semiárido piauiense é possível constatar vários problemas enfrentados pela
população do campo, até mesmo nos meses considerado chuvosos, pois estas são irregulares
podendo passar muitos dias sem uma única chuva, ocasionando a chamada seca verde que é
quando a população não tem água acumulada e a produção agrícola fica comprometida, mas a
vegetação aparenta verde devido às poucas chuvas já precipitadas.
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No período seco todos sofrem com a escassez de água e alimento principalmente para
o rebanho, ocasionado grandes prejuízos, o que desanima muitos sertanejos a conviver no
semiárido e assim partir para outras atividades nos grandes centros, levando ao êxodo rural.
O semiárido sofre desde a sua colonização com devastação de sua vegetação nativa
devido ao sistema de criação extensiva de animais, além das grandes queimadas para limpeza
dos terrenos das áreas agrícolas, levando ao desequilíbrio do ambiente. Mas não são somente
essas questões em conjunto com as climáticas que ocasionam os grandes problemas do
semiárido. Existe um problema maior que é o cultural.
Historicamente os coronéis, pessoas que tinham um poder maior econômico,
mantinham com seu autoritarismo o controle sobre o menos favorecidos. Basicamente, estes
coronéis ou seus descendentes foram os políticos que de uma forma ou de outracondicionaram o homem do campo a depender de seus favores, consolidando o chamado voto
de cabresto.
Por muito tempo, essa política de clientelismo desenhou uma imagem para a maioria
das pessoas, que o semiárido é um lugar de uma pobreza extrema com muita miséria e terra
seca. O que não sabem é que somos detentores de muitos potenciais como: o turismo,
produção agropecuária da cajucultura, caprinocultura, apicultura e etc., o que nem sempre é
potencializado pelas pessoas deste sertão (LIMA, 2006).O território Serra da Capivara abrange uma área de 24.415,80 Km² e é composto de
dezoito municípios do semiárido piauiense, sendo: Anísio de Abreu, Bonfim do Piauí, Campo
Alegre do Fidalgo, Caracol, Dirceu Arcoverde, Capitão Gervásio de Oliveira, Coronel José
Dias, Dom Inocêncio, Fartura do Piauí, João Costa, Jurema, Guaribas, Lagoa do Barro do
Piauí, São Braz, São João do Piauí, São Lourenço do Piauí, São Raimundo Nonato e Várzea
Branca. (BRASIL, 2010)
A população total do território é de aproximadamente 139.039 habitantes, dos quais82.421 vivem na área rural, o que corresponde a 59,28% do total. Possui 19.4722 agricultores
familiares, 2.139 famílias assentadas e 02 comunidades quilombolas e seu IDH médio é 0,61.
(BRASIL, 2010).
3. PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
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A pedagogia da alternância é uma corrente pedagógica utilizada como estratégia de
formação dos Centros Familiares de Formação por Alternância – CEFFA’s, principalmente
das Escolas Famílias Agrícolas – EFA’s.
Na década de 1930, surgem as Maisons Familiales Rurais (MFR) no interior da França
por iniciativa de um grupo de agricultores e pessoas a fim de oferecer aos seus filhos uma
formação diferenciada, sem que tivessem que deixar o meio e as atividades do meio rural. O
conceito Maison significa casa em português e foi aplicado para diferenciar das escolas já
existentes que não correspondiam às necessidades dos camponeses e o termo família
corresponde ao fato de ser uma escola sucedida de períodos formativos na escola e na família
e rural, por tratar de escola do campo (DE BURGHGRAV, 2008).
A alternância nas EFA’s, não é fruto de longas e sábias reflexões de especialistas daeducação, ou de pedagogos. Ela encontrou sua origem com longas reflexões e entendimento
de camponeses com um líder religioso nos campos da França por volta do ano 1935.
A Pedagogia da Alternância ficou definida pelos agricultores e parceiros como forma
de organização escolar mais adequada aos ritmos do meio rural e um currículo que já naquela
época, trazia fundamentos da educação do século 21, como: saber aprender, saber ser e saber
fazer. O êxito da formação diferenciada proposta pela alternância fez com que a experiência
se espalhasse e chegasse ao Brasil no fim dos anos 60, através da Escola Família Agrícola(EFA) no Estado do Espírito Santo.
4. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS CENTROS DE FORMAÇÃO POR
ALTERNÂNCIA
A grande característica dos CEFFA’s é a alternância, que permite que os jovensconciliem o tempo de formação entre a escola e a família, ou seja, os alunos passam duas
semanas no meio familiar e duas semanas no meio escolar. Esta alternância é concebida não
como intervalo ou férias nem tão pouco como ensino parcial, mas como uma formação em
tempo integral, fundamentada pedagogicamente em instrumentos pedagógicos e
metodologias. De acordo com o PARECER CNE/CEB Nº 1, de 02 FEVEREIRO DE 2006,
A carga horária anual ultrapassa os duzentos dias letivos e as oitocentas horas
exigidas pela Lei de Diretrizes a Bases da Educação Nacional. Os períodosvivenciados no centro educativo (escola) e no meio sócio-profissional(família/comunidade) são contabilizados como dias letivos e horas, o que implicaem considerar como horas e aulas atividades desenvolvidas fora da sala de aula, mas
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executadas me diante trabalhos práticos e pesquisas com auxílio de questionáriosque compõem um Plano de Estudo.
A alternância possibilita ao educando uma visão dos problemas, através da observação
e conhecimento empírico no meio familiar, que posteriormente passara por uma análise
cientifica na escola e retorna para uma ação e novas interrogações, integrando os três
momentos: observar - refletir - experimentar.
Os CEFFA’s têm uma dupla finalidade que é garantir a formação dos jovens e adultos
e a participação no desenvolvimento do meio no qual eles agem. Para isso, a equipe de
monitores e os familiares assumem a responsabilidade com as práticas educativas e os
mecanismos que garantem a PA como alternativa de desenvolvimento local.
A alternância permite aos jovens participar da vida dos adultos através de um trabalho
real, possibilita o a jovem comprometer-se, experimentar, avançar tecnicamente, dialogar e
inserir-se no meio das atividades dos adultos, sempre contando com o acompanhamento dos
pais nas atividades, fazendo mudar seu lugar na família já que pouco a pouco ele vai sendo
aceito como o técnico detentor de conhecimento e novas tecnologias. De acordo com Gimonet
(2002, p. 118),
A alternância permite ao adolescente entrar no mundo dos grandes.Ela lhe da possibilidade de encontrar um lugar, uma posição social,uma consideração, um reconhecimento, em outras palavras, ela ajuda a encontrar econstruir seu presente e, por meio dele, vislumbrar o futuro.
Os CEFFA’s se organizam em uma associação local formada pelos pais, alunos e
também ex-alunos, que está ligada a uma associação regional e esta última a uma nacional. As
associações funcionam de forma interdependente com autonomia local, mas vinculadas por
princípios e fundamentos comuns, onde são adotados instrumentos pedagógicos como o Plano
de Formação, Plano de Estudo, Colocação em Comum, Caderno de Síntese da Realidade doAluno, Fichas Didáticas, Visitas de Estudo, Intervenções Externas – palestras, seminários e
debates, Projeto Profissional do Aluno, Visitas à Família do Aluno, Caderno de
Acompanhamento da Alternância e Avaliação – contínua e permanente.
5. PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA COMO UMA ALTERNATIVA PARA O
SEMIÁRIDO
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Os CEFFA’s vêm aprimorando e ajustando este método pedagógico para permitir uma
formação integral do jovem possibilitando viver no campo ou na cidade com dignidade.
Contudo, é necessário que a equipe de monitores esteja preparada para executar mecanismos
que liguem o contexto dos alunos que vivem no Semiárido com os conhecimentos científicos,
ou seja, os monitores necessitam de um processo de formação contínua para atuar na
formação de indivíduos, para que estes possam conhecer as potencialidades e as
possibilidades de convivências.
A pedagogia da alternância consiste na combinação dos períodos que o jovem passa na
vida em família ou estágio em propriedades e períodos na EFA, tendo o estudante como o
protagonista principal. A diferença é que na alternância o aluno é tratado como sujeito
contextualizado. O aluno e sua realidade englobam a centralidade do projeto educativo.O objetivo do projeto de formação em alternância é a valorização das potencialidades
da pessoa humana através de atividades e ferramentas posta em ação que possibilitam uma
nova proposta para o semiárido, através da formação contextualizada. De acordo com Lima
(2006, p.40),
Os processos de formação têm superado as antigas dicotomias entre teoria/pratica eensino/pesquisa, nos quais a prática apresenta-se como um espaço enriquecedor do
processo de formação, ou seja, as vivencias praticas possibilitam o surgimento de problemas e questões que são levados para a discussão teórica, fornecendo aconstrução de novos conhecimentos e saberes.
O processo educativo em alternância necessita de uma organização e gestão específica
da formação. Evitando assim o perigo da fórmula vazia, atividades e instrumentos devem ser
implantados para lhe dar sustento. Gimonet (2007, p.94) afirma que se não for uma pedagogia
arraigada na realidade, “a alternância não passa de mera palavra”.
A alternância provoca uma organização que liga os períodos passados na vida ativa da
família às sessões na EFA, com isso, ao longo da caminhada do movimento CEFFA alguns
instrumentos foram adotados para favorecer esta ligação. No fim de cada sessão escolar, os
jovens ajudados pelos monitores, elaboram um Plano de Estudo (PE) que é um guia de
pesquisa e discussão baseado em um plano de formação pré-elaborado em conjunto com as
famílias, levando em consideração as estações, as atividades e potencialidades regionais.
No caso, das EFA’s localizadas no Semiárido, deve haver um esforço no sentido de se
implementar uma educação contextualizada e o fortalecimento dos conhecimentos populares,
que para Lima (2007, p. 09),
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Uma educação contextualizada no semiárido precisa valorizar a cultura popular dascomunidades como forma de reconhecimento da história sócio-cultural das pessoas ereafirmação de suas identidades, buscando fortalecer-los enquanto sujeitos sociais,capazes de reconstruírem suas histórias e suas vidas.
O semiárido por apresentar irregularidades em sua sazonalidade pluviométrica,
apresenta por vezes longos períodos sem chuva e é conhecido por muitas pessoas como lugar
que apresenta uma pobreza extrema com pouca esperança para os que nele vivem, porém,
grandes potencialidades ainda estão por ser exploradas, como o turismo, a apicultura,
caprinovinocultura, cajucultura, fruticultura irrigada e frutas nativas, principalmente o umbu.
Novos caminhos são apontados para o desenvolvimento sustentável do semiárido,
trazendo para a educação um novo currículo elaborado com novas perspectivas e elementos
da cultura local. Uma proposta de currículos que dialogue com os diversos saberes, trazendoelementos do dia a dia dos alunos, para que conjuntamente com o conhecimento global,
possam assumir uma nova postura diante da valorização do semiárido. Lima, (2007, p.06)
defende que os currículos das escolas do semiárido precisam:
Abrir-se para dialogar com os saberes e as experiências dos jovens, como forma detransformar suas vivencias concretas num mecanismo de elevação da consciênciacritica, tornando-as, mas cientes do seu papel enquanto sujeito na construção de umsemiárido, onde as pessoas possam viver com mais qualidade de vida.
A formação por alternância possibilita que os educandos mantenham-se em contato
com suas atividades profissionais e sociais nas comunidades, tornando-os pesquisadores da
realidade local, através dos temas dos Planos de Estudos onde se trás da sessão escolar os
conhecimentos científicos discutidos na sala de aula, bem como tecnologias e práticas para o
desenvolvimento local.
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS EM TORNO DA PESQUISA
A EFASC pertence a uma associação de pais e alunos, sendo uma escola privada de
gestão democrático-comunitária, condição fundamental para assegurar os princípios
filosóficos e metodológicos da Pedagogia da Alternância.
O objetivo geral da EFASC é promover a formação de Técnico em Agropecuária
dentro de uma perspectiva inovadora, inserida na realidade social, cultural e climática,
visando o desenvolvimento do indivíduo como cidadão capaz de atuar no campo profissional
de forma correta, economicamente rentável e ecologicamente viável.
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Formar técnicos em agropecuária com competência para atender as necessidades do
setor primário na área agropecuária e desenvolver no aluno a capacidade de projetar,
implantar e manter projetos agropecuários dentro de condições tecnicamente viáveis, bem
como promover conhecimento suficiente para que o Técnico em Agropecuária possa
solucionar problema inerente à profissão, buscando a manutenção do equilíbrio agroecológico
local e regional são também objetivos da EFASC.
Com isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica e um estudo de campo, segundo (GIL,
2010), utilizando questionários não objetivos que foram aplicados à diretora, à coordenadora,
03 monitores e 04 alunos, a fim de coletar dados para a construção do trabalho, buscando
obter resultados que caracterizem as contribuições da PA vivenciadas pela escola.
As seguintes conclusões foram tiradas com base no que os sujeitos expressaram emseus questionários, onde foi feita uma análise qualitativa.
Quadro 1: Perfil dos sujeitosSujeito Formação Ocupação Tempo de atuação Idade
Dir. Lic. em Normal Superior Diretora 05 anos 41 anosCoord. Zootecnia Coordenadora 01 ano e meio 27 anosMon. 1 Lic. em Letras/Português Monitora 05 anos 36 anosMon. 2 Tec. em Agropecuária Monitor 03 anos 30 anosMon. 3 Lic. em Biologia Monitor 05 anos 41 anos
Sujeito Ocupação Sexo IdadeAl. 1 Estudante do 3º Ano/ Técnico em Agropecuária Masculino 19 anosAl. 2 Estudante do 3º Ano/ Técnico em Agropecuária Masculino 18 anosAl. 3 Estudante do 3º Ano/ Técnico em Agropecuária Masculino 31 anosAl. 4 Estudante do 3º Ano/ Técnico em Agropecuária Masculino 16 anos
Fonte: Pesquisa direta.
Quadro 2: As contribuições da EFASC segundo alunos, monitores e coordenadoresSuj. Como os alunos ingressos e egressos estão se inserindo nas comunidades a fim de contribuir de
maneira positiva com seus conhecimentos adquiridos na EFASC?Dir. Fazendo parte de vários órgãos que prestam assistência ao homem do campo, se tornando
empreendedores e prestando assistência técnica em suas comunidades.
Coord. Os egressos aplicam os conhecimentos adquiridos na escola dentro de suas propriedades e servem demultiplicadores na comunidade. Já os ingressos interagem com a comunidade por meio do PE e nadivulgação da escola.
Mon. 1 Inicialmente usam suas famílias para desenvolver projetos e causar mudanças e depois passam a seracreditados pelas comunidades.
Mon. 2 Estão se inserindo em instituições que dão apoio a pessoas de comunidades rurais. Ajudando o outro,estão montando seu empreendimento.
Mon. 3 Eles na sua maioria buscam empregos em ONG’s que trabalham nas comunidades com projetoslocais, outros são empreendedores rurais nas propriedades das famílias.
Alu. 1 Não respondeu.Alu. 2 Incentivando e orientando os agricultores a fazer práticas agropecuárias adequadas que dão resultadosAlu. 3 A maioria desenvolvem atividades para suprir ou aumentar a renda familiar, contribuindo com o meio
social e econômico.
Alu. 4 Através de seus conhecimentos adquiridos, eles tanto dentro como fora de entidades procuram passarseus conhecimentos adquiridos na escola à comunidade.
Fonte: Pesquisa direta.
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Nessa questão aplicada, os sujeitos confirmam que os ingressos e egressos da EFASC
na sua maioria estão colocando em prática seus conhecimentos adquiridos e dando
continuidade à proposta lançada pela escola que é estimular a capacidade criativa do técnico
para que este possa procurar meios alternativos viáveis para aplicar na agropecuária visando o
barateamento do custo e o aumento da produção promovendo o desenvolvimento do meio,
levando em consideração as perspectivas sócio-profissionais apresentadas pelas atividades
agropecuárias de transformação e de serviços existentes no meio rural, confirmando o que
Gimonet (2007, p.19) defende: “não é mais um aluno na escola, mas já um ator num
determinado contexto de vida e num território. Sua família é convidada a participar
ativamente de sua educação, de sua formação, acima de tudo porque é jovem”.
Quadro 3: Concepções de Pedagogia da Alternância
Suj. O que você sabe sobre Pedagogia da Alternância e qual o seu papel na EFASC?Dir. A PA era desconhecida quando iniciamos na escola. O que me chama mais atenção na PA é que você
valoriza muito a aprendizagem deles ainda no seio da família que vem pra dentro da escola atravésdos instrumentos pedagógicos.
Coord. Que é uma estratégia de ensino que visa não só a educação teórica como também o auxílio na práticae no preparo da vida do jovem.
Mon. 1 É uma grande oportunidade que o aluno e a família tem de crescer juntos. Ela integra a escola com afamília e a comunidade
Mon. 2 É a pedagogia que coloca o aluno para comparar e para vivenciar período escolar e período em casa.
Ela faz com que o aluno aplique na sua comunidade o que aprendeu na escola, o que é defundamental importância.Mon. 3 Uma pedagogia onde trabalhamos no meio escolar e familiar de forma contínua através de
instrumentos pedagógicos que nos possibilitam essa ligação simultânea. Ela faz com que oseducandos tragam conhecimentos do meio familiar para serem discutidos na escola através decolocação em comum.
Fonte: Pesquisa direta.
Na questão acima, os monitores confirmaram que a PA é uma pedagogia diferenciada,
pois, utiliza o meio local do educando como ponto de partida para aprimorar seus
conhecimentos e devolver à comunidade com soluções viáveis que possibilitem odesenvolvimento do meio, concordando com o que Gimonet (1999, p.44-45) defende: “A
alternância significa uma maneira de aprender pela vida, partindo da própria vida cotidiana,
dos momentos de experiências colocando assim a experiência antes do conceito”.
Quadro 4: Os instrumentos da Pedagogia da AlternânciaSuj. Fale sobre alguns dos principais instrumentos da PA trabalhados na escola.Dir. Na escola a gente valoriza muito Plano de Estudo, a Colocação em Comum os cadernos a Tutoria e as
visitas às famílias.
Coord. Plano de Estudo: Um determinado tema é levado pelos alunos para uma pesquisa na sua comunidadee é apresentado de forma oral na colocação em comum perante alunos e professores e os serões que permitem momentos de confraternização.
Mon 1. Um dos mais importantes é a Tutoria, pois, é um momento de aproximação entre professor e aluno.
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Nesse momento são criados laços de confiança e amizade fundamentais para o crescimento profissional e pessoal do aluno.
Mon 2. O Plano de Estudo que é o trabalho de pesquisa que os alunos levam para pesquisar em suascomunidades e a Tutoria que é o acompanhamento que os monitores fazem com os alunos.
Mon 3. Visita às famílias: Possibilita aos monitores conhecer a realidade dos alunos e colocar seus
conhecimentos a serviço das famílias para juntos modificar o meio e promover o desenvolvimentosustentável.
Fonte: Pesquisa direta.
Além do Plano de Estudo, Serões, Tutoria e Visita às famílias, citados pelos sujeitos
acima temos ainda, entre outros o Plano de Formação (PF), desenvolvido pelos monitores e
demais atores envolvidos no processo educativo: famílias, dirigentes da associação, diretores
e coordenadores da escola. Os cadernos de acompanhamento (CA) e o Caderno da Realidade
(CR), onde o primeiro é uma espécie de diário/agenda onde deverão ser anotadas as atividades
da sessão escolar e da sessão familiar. A finalidade do caderno é fazer a ligação entre afamília e a escola, permitindo ambas as instituições acompanharem o aprendizado do
educando. O segundo é um caderno de registro das atividades específicas dos temas do plano
de estudo contendo: roteiro do tema, pesquisas, relatório, ilustração síntese grupal, anexo de
material sobre o tema e conclusão. Estes cadernos são de fundamental importância no
processo de formação do aluno por se tratar de “um instrumento de trabalho para que os
jovens sejam atores de sua formação e aprendam a aprender ” (GIMONET, 2007, p. 52).
Quadro 5: Atividades desenvolvidas na EFASC a fim de contribuir com a melhoria da qualidade de vidado camponêsSuj. Quais atividades a EFASC, como escola do Semiárido, vem desenvolvendo a fim de contribuir com a
melhoria da qualidade de vida das famílias do campo?Dir. Trabalhamos os cursos apropriados para o semiárido para os nossos estudantes, a acessória técnica
dos alunos em suas comunidades, as intervenções dos alunos nas suas comunidades e dos monitorescom as famílias.
Coord. O fornecimento da educação para filhos de agricultores que em sua maioria não tiveram essaoportunidade. Outro exemplo são as visitas técnicas realizadas pelos monitores nas propriedades dosalunos.
Mon. 1 Desde cursos, até visitas às famílias nas comunidades a fim de levar informações para melhorar aregião.
Mon. 2 Cursos de aperfeiçoamento, Ajudar a organizar as comunidades rurais em associações e cooperativase prestar assistência técnica aos produtores rurais nas comunidades.
Mon. 3 Ensinar e valorizar as propriedades do semiárido por meio de cursos e transmitir conhecimentostécnicos apropriados nas comunidades.
Alu. 1 Cursos na área técnica e formar técnicos para desenvolver qualquer área de trabalho no meio rural.Alu. 2 As visitas nas propriedades onde monitores avaliam e acompanham o desenvolvimento de um projeto
que é uma atividade que todos os alunos fazem para concluir o curso.Alu. 3 Acompanhamento e visitas aos alunos, cujo incentivo e essencial para obter melhor aperfeiçoamento
de simples ações que transformam a vida do agricultor.Alu. 4 Visitas técnicas com acompanhamento aos produtores tendo também cursos, palestras e projetos que
vem sendo desenvolvidos para a melhoria do grupo.Fonte: Pesquisa direta.
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A maioria dos sujeitos em suas respostas valorizou bastante os cursos oferecidos pela
escola, voltados para o fortalecimento da cadeia produtiva da caprinovinocultura e apicultura.
Citaram também com ênfase as visitas às famílias e comunidades para tratar de ações
educativas em busca de melhoria de vida, através da assistência técnica e extensão rural. A
alternância e as visitas permitem aos jovens participar da vida dos adultos através de um
trabalho real, possibilita o jovem experimentar, avançar tecnicamente, dialogar e inserir-se no
meio das atividades dos adultos, fazendo mudar seu lugar na família, já que pouco a pouco ele
vai sendo aceito como o técnico detentor de conhecimento e novas tecnologias, confirmando
o que Gimonet (2002, p.118) defende: “A alternância permite ao adolescente entrar no mundo
dos grandes, ela lhe da possibilidade de encontrar um lugar, uma posição social, uma
consideração, um reconhecimento”.
Quadro 6: O período de internato vivenciado pelos alunosSuj. De que forma o período de internato (alternância) vivenciado pelos alunos durante quinze dias
consecutivos ajuda na convivência com diferenças e realidades distintas?Dir. É onde entra a formação do cidadão porque aqui ele vai observar várias diferenças, vivenciar algo de
diferente na vida deles e aí entra a parte dos monitores que ajudarão eles a entender que o mundo nãoé só deles e que é preciso aceitar as pessoas como elas são sem interferir e sem dar prejuízos a elas.
Coord. Proporcionando ao jovem uma ideia de coletividade que gera um autoconhecimento e faz com queeles deem valor ao que têm e produzem.
Mon. 1 É um momento de transformação onde passam a desenvolver e valorizar simples tarefas domésticas e
conviver com as diferenças que cada um tem.Mon. 2 Fazendo com que o aluno percebam que existem pessoas diferentes, com culturas diferentes e quedevemos respeitar e conviver com todos.
Mon. 3 Os alunos passam a ser responsáveis por si mesmo e por grupos nas diversas atividades na escola,onde são avaliados pelos monitores e tutores.
Fonte: Pesquisa direta.
A maioria considera que o convívio em grupo no internato é fundamental para
preparar o aluno para a vida e para o relacionamento comunitário e cooperativista, respeitando
as diferenças e cumprindo com os horários e regras estabelecidas, confirmando o que
Gimonet (2007, p.68) defende: “Toda a alternância reside naquilo que coloca o alternante em
jogos de complexidade, de passagens, de rupturas e de relações”.
Quadro 7: O planejamento das atividades desenvolvidas na EFASCSuj. O que é o Plano de Formação e qual a sua importância no planejamento das atividades a serem
desenvolvidas na escola durante o ano letivo.Dir. É um planejamento feito entre monitores e famílias para decidirem as atividades a ser realizadas na
escola durante todo o ano.Coord. É o planejamento utilizado para organizar ideias previstas para o ano letivo, tendo como base a
realização de uma reunião entre monitores.
Mon. 1 É o planejamento das atividades feito por pais, monitores, alunos, parcerias e coordenadores onde sãoescolhidos os temas a ser trabalhados nos Planos de Estudo durante o ano todo.Mon. 2 É o instrumento que nos dá norte para o planejamento das atividades a ser desenvolvidas na escola
durante o ano letivo. É feito por toda equipe escolar e entidades parceiras.
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Mon. 3 É feito pelos pais e monitores e alunos como uma forma de escolher os temas a ser trabalhadosdurante cada alternância no decorrer do ano.
Fonte: Pesquisa direta.
Segundo o que responderam os sujeitos, a eficácia da ação educativa da EFA é o Plano
de Formação (PF), um instrumento pedagógico que tende a organizar as atividades
relacionadas com objetivos definidos ano por ano, tornando o jovem ativo e interessado
quando se encontra em casa nas alternâncias, e até mesmo de um ano para o outro sem haver
uma parada na formação. “O Plano de Formação é formulado com base nos conteúdos
definidos em nível nacional para o Ensino Fundamental ou Ensino Médio e ou Ensino
Supletivo (Educação de Jovens e Adultos) mais as matérias de ensino técnico, de acordo com
as características de cada unidade educativa” (PARECER CNE/CEB Nº 1, de 02FEVEREIRO DE 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pedagogia adotada pela Escola Família Agrícola Serra da Capivara permite que os
jovens aprendam a dividir as tarefas e as responsabilidades de cumprir as determinações de
convivência em grupo e proporciona uma mudança no seu comportamento.
Alguns componentes dentro da dinâmica de formação da EFASC buscam a
participação das famílias dentro do processo de formação dos jovens e do desenvolvimento
sustentável das comunidades. As visitas às famílias são importantes para manter a
proximidade entre a escola e família e são mantidas como parte integrante da formação, pois
possibilita aos monitores conhecer e entender a realidade individual dos participantes e criar
um ciclo de amizade e confiança.
No aspecto social, o estudo revelou que a EFA estimulou o surgimento de novas
lideranças comunitárias, levando os jovens a participar de forma ativa nas decisões que
favoreçam o desenvolvimento das comunidades e melhorando o diálogo entre as famílias.
Em termo de convivência com as adversidades climáticas, os alunos têm adquirido
conhecimentos importantes sobre novas alternativas. Podemos destacar a implantação de
algumas forrageiras e outras variedades adaptadas para a região de clima semiárido, além de
conservar as plantas nativas. A criação de abelhas também já começa a despontar como
alternativa de renda para as famílias.
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O tempo de seis anos de atuação da EFA Serra da Capivara ainda é pouco para que
possamos estabelecer um parâmetro maior da sua contribuição para o desenvolvimento das
comunidades dos nossos alunos. Podemos concluir que já houve algumas mudanças nas
práticas agropecuárias aplicadas como alternativas de conviver com o semiárido, como
constatamos nos questionários respondidos pelos sujeitos, mas será importante que novas
pesquisas sejam realizadas posteriormente.
REFERÊNCIAS
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EFASC. Escola Família Agrícola Serra da Capivara. Proposta Pedagógica. São Lourenço do
Piauí, 2008.FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Paz e Terra, 36ª edição, Rio de Janeiro – RJ, 2003.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GIMONET, J. C. Nascimento e desenvolvimento de um movimento educativo: as CasasFamiliares Rurais de Educação e Orientação. In: Seminário Internacional da Pedagogia daAlternância: Alternância Desenvolvimento, 1., 1999. ... Salvador: UNEFAB,1999, p. 39-48.
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CEFFAs. Petrópolis: Vozes/AIMFR, 2007.
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LIMA, Elmo de Souza. Educação Contextualizada no Semi-árido: reconstruindo saberes e
tecendo sonhos. Caderno Multidisciplinar: Educação e Contexto do Semi-árido Brasileiro,v. 02, p. 37-47, 2006.
MARTINS, Josemar da Silva (Pinzoh) Educação no Contexto do Semiárido brasileiro. 2Edição. Editora Klaus Hermanns. Fortaleza CE, 2004.
PARECER CNE/CEB Nº 1, de 02 FEVEREIRO DE 2006. Dias letivos para a aplicação daPedagogia da Alternância nos Centros Familiares de Formação por Alternância(CEFFA).