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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CONTROLE INTERNO: UM ESTUDO MULTICASO DO PAPEL DO
PROFISSIONAL CONTÁBIL NOS MUNICÍPIOS PARAIBANOS
Artur Trigueiro de Andrade
Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB
Tatiana Aguiar Porfírio de Lima
Professora Convidada pela UFPB Virtual do
Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal
RESUMO
Mesmo estando na era da informação, a esfera pública, especialmente em nível municipal,
ainda é vítima de frequentes problemas relacionados à gestão dos recursos financeiros postos
sob sua tutela para a aplicação responsável, em termos de eficiência e eficácia, fruto
justamente da desinformação que assola o poder executivo municipal, pela falta de
qualificação dos membros atuantes e, principalmente, pela ausência de um elo entre a
informação e o gestor público, para que haja um contínuo controle sobre os atos emanados
durante a gestão. Dessa forma, por se tratar de uma questão chave para a resolução de
problemas gerenciais na esfera pública municipal, devido a lacuna que existe pela ausência de
um sistema de controle consolidado na maioria dos municípios, esta pesquisa se propõe a
analisar se tal lacuna poderá ser suprida pelo profissional contábil, por meio de sua
participação na orientação para a tomada de decisão e para o cumprimento dos preceitos
legais que avaliam a gestão responsável. A pesquisa foi realizada como um estudo multicaso,
envolvendo quatro municípios de mesorregiões distintas da Paraíba, pela análise de
documentos oficiais e entrevista com uma assessoria contábil privada, prestadora de serviços
a amostra. A análise dos dados permitiu demonstrar o importante papel que o profissional
contábil possui na gestão pública municipal paraibana, evidenciando ser indispensável e
fundamental sua presença no sistema de controle interno dos entes públicos, por representar o
principal fornecedor de informações e, consequente, orientador das decisões tomadas pelos
gestores públicos.
Palavras-chave: Gestão Pública Municipal. Controle Interno. Assessoria Contábil.
1 – INTRODUÇÃO
Apesar de toda a evolução e modernização vivenciada pelo acesso à informação e a
diversas ferramentas que auxiliam no controle dos gastos públicos, ainda são inúmeros os
casos de irregularidades no trato da coisa pública, muitas vezes ocasionados pela falta de
2
qualificação e capacitação dos gestores, bem como do corpo de funcionários que o cercam.
Nesse sentido, torna-se claro a necessidade de um elo entre a informação e o gestor público.
Mediador esse que detenha o conhecimento pormenorizado dos aspectos orçamentários,
financeiros, operacionais e patrimoniais do ente público, a fim de melhor instruir os atos
emanados pela equipe pública em busca de uma gestão mais responsável e transparente.
Logo, pela formação acadêmica, assim como pelas atribuições que lhes são conferidas
dentro do órgão público, seria o profissional contábil, na figura do contador, que em primeiro
plano poderia suprir tal lacuna que vem prejudicando sobremaneira a administração dos
recursos públicos.
No estado da Paraíba, em especial nos pequenos municípios, tal quadro é ainda mais
evidente, tendo em vista que, conforme recente levantamento feito pelo Tribunal de Contas do
Estado da Paraíba (CGU, 2011), dos 223 municípios do estado, apenas 38 possuem servidores
responsáveis pelo sistema de controle interno, que representa apenas 17% dos municípios
paraibanos, demonstrando a ausência de controle nas ações realizadas pelos gestores públicos.
Como forma paliativa, a grande maioria dos gestores municipais paraibanos promove
a contratação de assessorias contábeis privadas a fim de substituir o órgão de controle interno
municipal. Entretanto, tal procedimento talvez se torna insuficiente, tendo em vista a grande
quantidade de atividades de fiscalização e acompanhamento do cotidiano do município, o que
impossibilitaria a execução plena por parte da assessoria privada pelo fato de não dispor
dedicação exclusiva a um único município. Dessa forma, a implantação de um sistema de
controle interno definitivo no município tornar-se-ia fundamental para se obter um
acompanhamento constante dos atos e fatos executados diariamente, a fim de se consolidar a
eficiência na gestão pública e atender às exigências legais.
Entretanto, para que o sistema de controle interno municipal produza os resultados
esperados, em termos de eficiência, será crucial a presença de um coordenador ou
responsável, e este profissional deverá ser capaz de mediar, fiscalizar e auxiliar na gestão
financeira, patrimonial, contábil e operacional da coisa pública, proporcionando maior
transparência e controle social. Destarte, tendo em vista as atribuições exigidas para esse
mediador e fiscalizador, qual seria o profissional mais pertinente para coordenar o órgão de
controle interno nos municípios?
Diante do exposto, essa pesquisa se propõe em averiguar o papel do profissional
contábil no atinente a manutenção e implantação de controles dentro da esfera municipal, bem
como na mediação e no diálogo com as assessorias privadas, a fim de maximizar as ações
3
preventivas e, por conseguinte, reduzir as medidas punitivas realizadas pelo controle externo,
em seu papel de agente fiscalizador atribuído pela Constituição Federal de 1988.
Refletir o papel do profissional contábil no controle interno deve a sua grande
relevância, por se tratar de uma questão chave para a resolução de problemas gerenciais na
esfera pública municipal, devido a lacuna que existe pela ausência de um sistema de controle
consolidado dentro da maioria dos municípios paraibanos, interferindo diretamente na
eficiência do uso dos recursos públicos.
Portanto, esta pesquisa se justifica pela possibilidade de demonstrar à sociedade
paraibana o papel do profissional contábil na gestão pública dos municípios, por meio da
prestação de atividades de acompanhamento e fiscalização. E propiciará uma reflexão sobre a
participação do profissional contábil como membro principal do sistema de controle interno,
bem como mediador e elo entre o gestor público e as assessorias privadas.
Ademais, o estudo poderá contribuir teoricamente para o meio gerencial e acadêmico,
mostrando a importância da assessoria contábil e das ações do órgão de controle interno no
acompanhamento da gestão municipal. E, de maneira prática, poderá demonstrar nos
municípios estudados quais instituíram sistema de controle interno, a relação com assessoria
contábil privada e com o gestor público, assim como as consequências na manutenção dos
achados negativos e no julgamento das contas públicas.
O objetivo geral da pesquisa consiste em demonstrar o papel que o profissional
contábil possui na gestão pública municipal paraibana, especificamente na orientação para a
tomada de decisão pelos alcaides, a fim de comprovar que a presença do assessor contábil é
indispensável e fundamental para o sistema de controle interno, com vistas ao cumprimento
dos preceitos legais que avaliam a gestão responsável.
Os objetivos específicos são: (1) averiguar quais são as irregularidades mais
frequentes na gestão dos municípios paraibanos estudados; (2) avaliar qual o profissional mais
pertinente para assessorar e acompanhar a gestão municipal e para minimizar e evitar a
reincidência dos achados negativos; (3) apontar nesses municípios quais possuem sistema de
controle interno e são assessorados contabilmente por empresas privadas; (4) verificar como o
assessoramento contábil privado se relaciona com o desempenho dos gestores públicos
municipais paraibanos, no concernente ao julgamento de suas contas junto aos órgãos de
controle externo.
4
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O Papel do Gestor Público
A palavra gestão é originária do latim “gestione”1 ou ato de gerir, possuindo grande
similaridade com o termo “administração”, que representa todo processo dinâmico na tomada
de decisão acerca de como utilizar os recursos disponíveis para o alcance dos objetivos
estabelecidos. Ainda nesse sentido, a consecução de ambos os termos estará condicionada a
realização de cinco processos interligados, quais sejam, o planejamento (definição de
objetivos, atividades e recursos), a organização (divisão e atribuição de responsabilidades), a
liderança (trabalho em equipe para assegurar os objetivos), a execução (pôr em prática o
planejado) e o controle (comparar o realizado com o planejado, identificando possíveis
modificações), processos esses denominados de “funções administrativas” (MAXIMIANO,
2007).
Daft (2005) sintetiza o conceito de administração à execução das quatro funções
administrativas primárias (planejamento, organização, liderança e controle), tendo em vista
que as demais funções são delas decorrentes (subconjuntos), bem como pela inserção da
eficácia e eficiência na forma de alcançar as metas organizacionais estabelecidas.
Adentrando na esfera pública, Marinela (2007, p.18) conceitua a administração como
“todo o aparelhamento do Estado pré-ordenado à realização de serviços, visando à satisfação
das necessidades coletivas”, representando “o instrumento de que dispõe o Estado para
colocar em prática as opções políticas de Governo”.
Nesse sentido, a administração pública representa o conjunto de órgãos e meios
(institucionais, materiais, financeiros e humanos) devidamente estruturados, com a finalidade
de atingir os objetivos definidos pelo poder político (SILVA, 2001, apud CASTRO, 2011,
p.18).
Nada obstante, conforme preceitua a Constituição Federal de 1988, mais
especificamente no caput do art. 37, a administração pública é orientada por uma série de
princípios que servem de parâmetros para os atos e fatos emanados pelos gestores públicos,
tais como a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência (BRASIL,
1988).
1 Novo Dicionário Eletrônico Aurélio, 3ª Ed., 2004
5
O princípio da legalidade traduz a prerrogativa de que o administrador público só
poderá executar aquilo que estiver expressamente previsto e autorizado por legislação. Em
contrapartida, a impessoalidade ratifica que os fatos não são emanados pelo agente político,
mas pela entidade pública por intermédio daquele. Já o princípio da moralidade determina que
o gestor deverá pautar suas ações nos princípios éticos de razoabilidade e justiça, sob pena de
invalidar os atos da administração pública. A publicidade representa a divulgação dos atos
proferidos pela gestão pública, proporcionando a devida ciência à sociedade, condição sine
qua non para iniciar a produção de seus efeitos. Por fim, o princípio da eficiência como
garantidor de uma maior qualidade na atividade e na prestação de serviços públicos, através
da busca de melhores resultados (MORAES, 2010).
Além da Constituição Federal de 1988, o Decreto-Lei nº 200/1967, que trata da
reforma administrativa na esfera pública federal, também estabelece princípios fundamentais
que norteiam a estrutura e as atividades realizadas pela ordem pública federal, expandindo-se
para os demais entes da federação. Em seu art. 6º são elencados como princípios
fundamentais o planejamento, a coordenação, a descentralização administrativa, a delegação
de competência e o controle, ratificando a aplicação de tais fundamentos da esfera privada à
esfera pública (BRASIL, 1967).
Como decorrência dos princípios em epígrafe, Marinela (2010) entende que, enquanto
gestores públicos, os administradores possuem deveres e responsabilidades atinentes ao cargo
pela incumbência na custódia e melhoria dos bens, serviços e interesses da coletividade. Entre
as principais obrigações, compete citar o dever de eficiência, na busca pela produtividade e
aperfeiçoamento das ações públicas, visando o atendimento aos resultados desejados; o dever
de probidade, entendido como a adequação das intenções e comportamento na atuação dos
agentes públicos; e o dever de prestar contas, decorrente do interesse coletivo (princípio da
publicidade), a fim de colocar a sociedade a par de todas as ações exaradas pelos gestores, em
seu sentido amplo, não se limitando ao aspecto financeiro.
2.2 Controles Públicos
No sentido estrito da palavra, controle representa a produção e utilização de
informações para a tomada de decisões, acerca da execução de atividades e alcance de suas
metas. Tais informações permitirão que a organização se mantenha focada no objetivo
desejado. Por meio do controle, são fornecidas informações que possibilitam averiguar como
anda o desempenho do ente em relação aos objetivos traçados, quais os riscos e oportunidades
6
existentes nas atividades desenvolvidas, que medidas necessitam ser implantadas ou
modificadas para o alcance dos objetivos (MAXIMIANO, 2007).
Segundo Glock (2011), controle representa:
[...] qualquer atividade de verificação sistemática de um registro, exercida de
forma permanente ou periódica, consubstanciada em documento ou outro
meio, que expresse uma ação, situação, um resultado etc., com o objetivo de
se verificar se existe conformidade com o padrão estabelecido, ou com o
resultado esperado, ou, ainda, com o que determina a legislação e as normas
(GLOCK, 2011, p. 28).
Focalizando o estudo na área pública, tem-se como controle o conjunto de
mecanismos jurídicos e administrativos utilizados na fiscalização e revisão da atividade
administrativa, concedido por lei à administração para a realização da análise, exame, revisão
e validação (ou não) do ato administrativo (MARINELA, 2010).
No mesmo sentido, Di Pietro (2001) assevera que o controle diz respeito ao poder de
fiscalização e correção exercidas pela Administração pública sobre sua própria atuação, com o
intuito de garantir a conformidade de suas ações com os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e economicidade, impostos pela Constituição
Federal de 1988.
Segundo Alexandrino (2010), a essência do controle na esfera pública consiste no fato
do povo representar o titular do patrimônio público, ao invés da administração pública, que é
apenas mera gestora da coisa pública, razão pela qual lhe obriga a dispor a integralidade de
suas ações por meio da mais ampla transparência, para que o efetivo titular do patrimônio
público tenha condições de averiguar o nível de atendimento ao interesse público.
Não obstante, o controle na esfera pública pode ser classificado de acordo com a sua
forma, tendo como critério a extensão do mecanismo, dividindo-se em “interno”, “externo” e
“externo popular”. O controle interno diz respeito àquele feito através do ente responsável
pelo ato controlado, dentro de sua própria estrutura. Já o controle externo é executado por ente
estranho à Administração responsável pela atividade controlada, estabelecido por Lei. Por
fim, o controle externo popular no qual qualquer cidadão poderá questionar a legalidade de
ato administrativo, pugnando pela sua validade (MARINELA, 2010).
Segundo estabelece o art. 71 da Carta da República de 1988, o controle externo é
exercido pelo Poder Legislativo com auxílio dos Tribunais de Contas da União, dos Estados e
dos Municípios, pela fiscalização financeiro-orçamentária dos demais poderes estatais
(HOLTHE, 2010). São órgãos colegiados que, apesar de estarem vinculados ao Poder
7
Legislativo (em termos orçamentários), possuem autonomia para que ocorra o exercício de
um controle sério e imparcial (MARINELA, 2010).
Ainda em seu art. 71, a Lei Maior determina as funções que os Tribunais de Contas
exercem, auxiliando o Parlamento a exercer o controle externo e fiscalização contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos entes públicos (MORAES, 2010),
entre elas:
Apreciação das contas prestadas anualmente pelo chefe do executivo,
mediante parecer prévio, que deverá ser elaborado em 60 dias a contar de
seu recebimento;
Julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta (Executivo,
Legislativo e Judiciário) e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo poder público, e as contas daqueles que deram
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público;
Aplicação aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, das sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário.
(MORAES, 2010, p.437)
Todavia, como bem observa Moraes (2010), é de bom alvitre salientar que em termos
de competência para julgamento das contas do chefe do Poder Executivo (Federal, Distrital,
Estadual ou Municipal), a Constituição Federal de 1988 determina que tal atribuição é
exclusiva do Poder Legislativo, cabendo aos Tribunais de Contas apenas a função opinativa
(emissão de parecer prévio), exercendo seu papel de órgão auxiliador.
No âmbito municipal, conforme preceitua os art. 31 e 75 da Carta Magna, o controle
externo é realizado pelas Câmaras Municipais, com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados, dos Conselhos ou dos Tribunais de Contas dos Municípios, quando existir.
2.3 O Controle Interno
Para Cruz e Glock (2007, p. 20-21) controle interno significa “a conjunção de todos os
procedimentos de controle exercidos de forma isolada ou sistêmica no âmbito de uma
organização, contrapondo-se ao termo controle externo”.
Nascimento (2010) assevera que o controle interno se utiliza da prática de
acompanhamento dos atos de gestão e da administração de modo ágil, adotando processos de
auditorias financeiras e orçamentárias, estruturando-se com base em princípios de
comprovada eficiência. Tal sistema representa a “alma” do plano de organização de todo ente,
8
plenamente focado na realização dos objetivos da própria entidade. Entre suas funções básicas
estão a organização (administrativa, jurídica e técnica), elaboração de procedimentos e
métodos, geração de informações (planejamento, orçamentação, contabilidade, estatística) e
auto avaliação.
Já na área pública é necessária uma adaptação do conceito, considerando que os atos
praticados pelo gestor público para o atendimento dos resultados planejados deverão estar
comprometidos com a legislação vigente. Em compatibilidade com essa adaptação, Castro
(2011) conceitua como:
[...] o conjunto de métodos e procedimentos adotados pela entidade, para
salvaguardar os atos praticados pelo gestor e o patrimônio de sua
responsabilidade, conferindo fidedignidade aos dados contábeis e segurança
às informações deles decorrentes (CASTRO, 2011, p. 293).
De acordo com o tempo e a forma, o controle interno será classificado como prévio,
quando ocorrer antes da conclusão do ato, com o objetivo de proporcionar segurança à sua
execução; concomitante, quando acompanha a execução do ato, com o objetivo de garantir a
concretização da ação; e subsequente, quando é realizado após a conclusão do ato praticado,
com o objetivo de avaliar a eficiência e eficácia dos atos administrativos, assim como corrigir
possíveis incorreções. Todos com a finalidade de garantir o alcance dos resultados esperados,
reduzir riscos e preservar a responsabilidade dos dirigentes (CASTRO, 2011).
Segundo Castro (2011), a fim de normatizar o entendimento acerca das estruturas,
normas e processos administrativos existentes nas ações dentro de qualquer entidade, faz-se
necessário a obediência de princípios básicos que proporcionarão tal uniformidade, são eles: a
fixação de responsabilidade, a segregação de funções, o ciclo de uma transação, rigor na
seleção do pessoal de controle, rodízio de pessoal, elaboração de manuais operacionais e
utilização de processamento eletrônico.
Acerca da legislação que trata do assunto em comento, os art. 31 e 70 da Constituição
Federal estabelecem a existência de um sistema de controle interno, com o intuito de
promover, juntamente com o controle externo, a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial do poder executivo, em seus três níveis - União,
Estados e Municípios (BRASIL, 1988). Igualmente, a Carta Magna, em seu art. 14, prevê a
criação de um sistema de controle interno, com atuação sistêmica e integrada de acordo com
Nascimento (2010), com a finalidade de:
9
Avaliar o cumprimento de metas e a execução dos programas
governamentais e orçamentários;
Comprovar a legalidade e avaliar os resultados da gestão, quanto a eficiência
e eficácia;
Exercer o controle das obrigações, direitos e haveres;
Apoiar o controle externo. (NASCIMENTO, 2010, p. 195)
Outrossim, a Lei nº 4.320/1964 (art. 75 a 80), que estabelece normas para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal, também aborda a existência do controle interno, promovendo a verificação prévia,
concomitante e subseqüente na legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita
ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações, bem como a
fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos e
o cumprimento do programa de trabalho demonstrado em termos monetários e pela realização
de obras e prestação de serviços (BRASIL, 1964).
2.4 A Contabilidade e o Controle
Segundo entende Kohama (2008), a Contabilidade compreende:
[...] uma técnica capaz de produzir, com oportunidade e fidedignidade,
relatórios que sirvam à administração no processo de tomada de decisões e
de controle de seus atos, demonstrando, por fim, os efeitos produzidos por
esses atos de gestão no patrimônio da entidade (KOHAMA, 2008, p.25).
A Contabilidade Pública, como uma das divisões da ciência contábil, representa o
ramo que “controla o patrimônio público, evidenciando as variações e os consequentes
resultados, inclusive sociais, decorrentes dos atos e fatos de natureza orçamentária, financeira
e patrimonial nas entidades de Administração Pública” (BEZERRA FILHO, 2008, p. 133).
Conforme ressalta Kohama (2008), a contabilidade pública consiste em um dos ramos
mais complexos da ciência contábil, por possuir como objetivo a captação, o registro, a
acumulação, o resumo e a interpretação dos fenômenos que interferem diretamente nas
situações orçamentárias, financeiras e patrimoniais dos entes de direito público interno.
Tendo como base os objetivos elencados acima, Silva (2004) evidencia que na
implantação do sistema de controle interno, nos moldes da Carta Magna, é de suma
importância compreender que a contabilidade e a auditoria necessitam vincular-se ao órgão
central de controle, pois dessa forma o controle acobertará não só o exame das formalidades,
mas também o exame e análise dos aspectos finalísticos da entidade.
10
Não obstante, Silva (2004, p. 213) afirma que “experiências já adotadas nesse
particular revelam que um sistema de controle com tal estrutura tem mais facilidade de gerar
relatórios sobre a economicidade, eficiência e eficácia das ações de governo”.
Visando normatizar a matéria no âmbito público, o Conselho Federal de Contabilidade
emitiu as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP),
estabelecendo, através da Resolução CFC nº 1.135/08 (NBC T 16.8), a criação de um controle
interno para o suporte do sistema de informação contábil, com o intuito de minimizar riscos e
dar efetividade às informações da contabilidade na busca pelos objetivos dos entes do setor
público (BRASIL, 2008).
Na supracitada resolução são explicitadas a abrangência, a classificação, a estrutura e
componentes do controle interno contábil, no sentido de orientar na tomada de decisão, bem
como permitir o monitoramento de ações e contribuir para a realização de todos os objetivos
de controle, haja vista que em um futuro próximo o profissional contábil deixará de fornecer
apenas informações, gerando principalmente conhecimento e explicações através da análise
do nível de consistência dos controles internos das organizações públicas (CASTRO, 2011).
3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente pesquisa é predominantemente quantitativa, quanto aos dados documentais,
com a existência de traços qualitativos, pela análise da entrevista, possuindo um caráter
empírico e descritivo, por envolver a coleta de dados primários e secundários, no intuito de
descrever com exatidão a realidade, como sugere Almeida (2011).
O procedimento metodológico utilizado consiste em um estudo de caso, realizado em
municípios paraibanos (amostra), com base na divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE em mesorregiões (Zona da Mata, Agreste, Borborema e Sertão), bem como
limitando a municípios com população entre 3.000 a 25.000 habitantes, tendo como base a
tempestividade para a adoção da transparência na esfera municipal, previsto na Lei
Complementar nº 131/2009 (BRASIL, 2009; IBGE, 2011).
Dessa forma, foram selecionados quatro municípios, um pertencente a cada
mesorregião, de acordo com os critérios estabelecidos pelo IBGE. A fim de preservar o
anonimato dos municípios selecionados para a amostra, a veiculação ocorrerá com base na
mesorregião a que eles pertencem, conforme Quadro 1.
11
Quadro 1 - Participantes da pesquisa, por mesorregião.
LOCALIZAÇÃO POR MESORREGIÃO CODIFICAÇÃO
Município localizado na Zona da Mata Zona da Mata
Município localizado no Agreste Agreste
Município localizado na Borborema Borborema
Município localizado no Sertão Sertão
Fonte: adaptado do IBGE, 2011.
A investigação foi desenvolvida em três etapas: determinação da amostra a ser
utilizada no estudo; pesquisa documental junto aos órgãos de controle externo da Paraíba a
respeito do julgamento das contas dos municípios que compõem a amostra; pesquisa empírica
mediante uma entrevista em grupo com os membros da assessoria contábil que presta serviço
aos municípios selecionados, com o intuito de proporcionar maior qualidade e credibilidade
aos resultados obtidos na presente pesquisa, pela utilização de várias fontes de evidência
(YIN, 2001).
Por questões de natureza ética, o presente estudo preservará o anonimato dos
entrevistados que contribuíram, bem como o sigilo da firma de assessoria contábil a qual
pertencem, que presta serviços de tal natureza para os municípios da amostragem, sendo a
referida assessoria veiculada ao longo do trabalho de forma genérica como assessoria
contábil.
O instrumento de coleta de dados aplicado foi organizado com base na pesquisa
documental, a fim de se obter informações oficiais (disponibilizada pelo Tribunal de Contas
do Estado da Paraíba), assim como pela aplicação de entrevista semiestruturada com grupo
focal constituído por profissionais da assessoria contábil prestadora de serviços aos
municípios da amostra, a fim de possibilitar a discussão do assunto entre os participantes
(BAUER; GASKELL, 2002), assim como viabilizar novos questionamentos ao longo da
entrevista, no entanto, sem desvirtuar o objeto de estudo, previamente roteirizado
(ZANELLA, 2009).
Com base nos documentos elaborados pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba,
realizou-se um levantamento acerca das irregularidades apontadas pela auditoria do TCE/PB
em seus relatórios iniciais. A análise se deteve ao período de um mandato do executivo,
adotando-se como amostra os exercícios financeiros de 2006, 2007 e 2008, haja vista que o
primeiro ano de gestão é sobremaneira influenciado pelas ações da gestão anterior, pois o
ciclo orçamentário de um gestor vigorar a partir do segundo ano de seu mandato até o
primeiro ano do mandato seguinte, ocasionando maior rigidez na execução orçamentária. O
período analisado limitou até o exercício de 2008, pois, até a realização da coleta de dados, as
12
contas posteriores dos municípios da amostra ainda não haviam sido julgadas pelo referido
órgão de controle externo.
A análise dos dados ocorreu por meio do método de estatística descritiva, com o
intuito de descrever graficamente alguns dados coletados na pesquisa, possibilitando uma
melhor exposição dos resultados obtidos, assim como por meio do método de análise de
conteúdo, pela avaliação dos documentos oficias juntamente com os registros da entrevista
realizada com o grupo, categorizando os assuntos expostos, confrontando com o problema da
pesquisa e com o conteúdo explicitado na fundamentação teórica, alcançando-se, então, à
conclusão (ALMEIDA, 2009).
4 - ANÁLISE DE RESULTADOS
O tópico em tela tem por finalidade apresentar os resultados da pesquisa, com base nas
informações obtidas através da documentação colhida e da entrevista realizada, ancorando-se
em base teórica atrelada as observações do pesquisador ao longo da coleta dos dados.
Para fins didáticos, o trabalho em epígrafe subdividirá os resultados em três partes.
Inicialmente, a caracterização dos sujeitos que foram entrevistados, pertencentes a assessoria
contábil prestadora de serviços aos municípios selecionados. Em seguida, a análise acerca das
irregularidades apontadas nos relatórios das Prestações de Contas Anuais - PCA da
amostragem pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba – TCE/PB. Por fim, a avaliação
quanto ao julgamento das contas anuais dos municípios da amostra por parte do TCE/PB.
4.1 Caracterização dos Participantes da Assessoria Contábil
Inicialmente, cabe salientar que a entrevista foi realizada junto aos membros da
assessoria contábil, vinculados a atividade fim da empresa, representando cinco participantes
(amostra). A referida empresa presta serviços, em média, para 20 (vinte) municípios do estado
da Paraíba, inclusive para os 4 (quatro) municípios da amostra. Os serviços prestados aos 20
(vinte) municípios estão ligados essencialmente a parte administrativa e contábil, a parte
jurídica não é o propósito do escritório pesquisado, conforme enfatizado ao longo da
entrevista.
A entrevista semiestruturada foi composta por um roteiro que solicitava ao grupo
falar acerca da história, da composição e atividades diárias da assessoria contábil participante,
com foco na compreensão dos quatro municípios estudados, relatando se há controle interno,
13
o tipo de interação da assessoria contábil com a edilidade, a freqüência de irregularidades e o
julgamento das prestações de contas municipais, gerando a caracterização do objeto de estudo
e análise de dados a seguir.
A Tabela 1 apresenta o perfil dos referidos participantes quanto às variáveis: gênero,
faixa etária, tempo na assessoria contábil, escolaridade e formação, o que pode contribuir para
compreender o perfil dos membros da assessoria contábil dos municípios participantes.
Tabela 1- Perfil dos participantes da pesquisa VARIÁVEL CATEGORIA MEMBROS
Gênero Masculino 4
Feminino 1
Faixa Etária
22 a 30 anos 2
31 a 40 anos 1
41 a 50 anos 1
Acima de 51 anos 1
Tempo na assessoria contábil
Menos de 3 anos 2
4 a 10 anos 1
11 a 20 anos 1
Acima de 30 anos 1
Escolaridade
Nível médio 1
Nível Técnico 1
Nível superior 2
Pós graduação 1
Formação
Contabilidade 3
Contabilidade e Engenharia
civil 1
Contabilidade e Advocacia 1
Fonte: dados da pesquisa, 2011.
Acerca do perfil, analisando o total de membros participantes da assessoria, percebe-se
a predominância de homens, dividida em quatro homens e uma mulher. Quanto a faixa etária,
vê-se um notório equilíbrio, o que demonstra a junção entre a teoria, advinda dos membros
mais novos (recém formados) e a prática, oriunda da experiência de vida dos mais antigos no
ramo, informação essa ratificada pelo tempo de trabalho na assessoria contábil.
No concernente a escolaridade, tem-se uma predominância do nível superior que
apresenta dos entrevistados com nível superior e um com pós-graduação, em uma amostra de
cinco participantes. Tal informação denota a necessidade de qualificação profissional para
uma melhor condução nos trabalhos de assessoramento contábil. O membro pós graduado
possui titulação na área de Auditoria Fiscal-Contábil, reiterando a importância no
aprofundamento da matéria contábil no ramo em comento.
Adentrando no quesito formação, fica evidente a unanimidade na qualificação
profissional dos membros participantes da assessoria, uma vez que todos os entrevistados têm
14
pelo menos a formação em contabilidade, o que demonstra a relevância da supracitada
formação para desenvolver as atividades pertinentes ao assessoramento público municipal.
Nesse aspecto, com base na entrevista realizada, compete esclarecer que o membro
com escolaridade nível médio representa o estagiário da firma, graduando do curso superior
de Ciências Contábeis, sendo, portanto, incluso em tal formação. Não obstante, o membro
com escolaridade nível técnico possui o curso técnico em contabilidade, bem como,
atualmente, é aluno do curso superior de ciências contábeis.
Ainda no atinente a formação, constatou-se que a formação mais relevante no
desenvolvimento das atividades pertinentes ao assessoramento junto aos municípios é de
Contador, como revela o discurso:
a profissão mais relevante para esse tipo de assessoria é a de contador, pois a
legislação básica que norteia a administração pública é de natureza técnica e contábil
(Membro 2).
Compreende-se que a legislação básica referida é a Lei Federal nº 4.320/1964, que
trata das normas de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
4.2 Análise das Irregularidades Presentes nas Prestações de Contas Anuais
Conforme estabelece o inciso IV do art. 1º da Lei Orgânica do Tribunal da Contas do
Estado da Paraíba, de 13 de julho de 1993, compete ao órgão de controle externo “apreciar as
contas prestadas anualmente pelo Governador do Estado e pelos Prefeitos Municipais,
emitindo sobre elas parecer prévio” (PARAÍBA, 1993). Com base no exposto, o TCE/PB
promove, por meio de sua Divisão de Auditoria da Gestão Municipal (DIAGM), a elaboração
de relatórios avaliando a gestão municipal em observância aos preceitos da Constituição
Federal de 1988, da Lei nº 101/2000 e do Parecer Normativo TCE/PB nº 52/2004.
Com base em tais relatórios foi realizado um levantamento acerca das irregularidades
presentes nas prestações de contas dos municípios selecionados, durante o período de 2006 a
2008, como se observa no Quadro 2.
Quadro 2 – Relação de irregularidades das prestações de contas anuais
ANO NÚMERO DE IRREGULARIDADES
Agreste Borborema Zona da Mata Sertão
2006 19 14 15 12
2007 20 12 10 27
2008 7 10 22 31
Fonte: adaptado do Apêndice.
15
Preliminarmente, de acordo com os dados obtidos, observa-se a grande diversidade de
irregularidades evidenciadas nos relatórios do controle externo. A constatação apresentada no
Quadro 2 pode ser justificada pelo fato dos municípios da amostra não possuírem órgão de
controle interno, conforme certificado na entrevista com os membros da assessoria contábil,
sendo afirmado que “em relação a esses municípios aí, em termos de controle interno, eu
acredito que nenhum deles dispõe” (Membro 1). Assim, inexistindo, mecanismos de análise,
exame, revisão e validação do ato administrativo, evidenciado por Marinela (2010).
Outro fato que corrobora com o grande número de irregularidades detectadas diz
respeito a falta de qualificação dos profissionais que atuam nos municípios, pois, segundo
alega um dos membros da assessoria contábil:
em relação a mão de obra e capacitação profissional, essa área pública ainda,
infelizmente, é muito deficitária, quer seja por falta de comprometimento dos
gestores, quer seja também por falta de conhecimento de muitos profissionais que
atuam nessa área (Membro 3).
Entre os achados negativos, percebe-se a existência de irregularidades presentes em
pelo menos um dos exercícios dos municípios analisados. Tais irregularidades são as mais
constantes na amostra e dizem respeito a despesas não licitadas, questões previdenciárias
(recolhimento e contabilização) e gastos irregulares ou insuficientemente comprovados.
Em contrapartida, ratificando o exposto acima, durante a entrevista com grupo focal,
depois de debatido o assunto entre os membros, foi asseverado que “as principais
irregularidades são as de previdência, licitações e falhas contábeis e a questão dos índices
constitucionais” (Membro 1).
Com isso, fica demonstrada a compatibilidade entre os dados coletados nas duas
fontes, sendo também adicionados como irregularidade mais frequente os problemas
vinculados ao alcance dos limites previstos na Constituição Federal de 1988 (saúde e
educação).
Os dados expostos no Quadro 2, detalhados no Apêndice, demonstram que, do rol de
69 (sessenta e nove) irregularidades apontadas pela auditoria do TCE/PB, pelo menos 42%
(29 irregularidades) está diretamente ligada à contabilidade, a exemplo da divergência de
informações, problemas na contabilização, ausência de registro contábil, evidenciando a
necessidade de relatórios mais oportunos e fidedignos, com a finalidade de melhor auxiliar no
processo de controle e de tomada de decisões pelos gestores públicos municipais (KOHAMA,
2008).
16
Quanto ao remanescente, 21% (15 irregularidades) possui vinculação indireta com a
matéria contábil, como os problemas com os limites constitucionais, realçado durante a
entrevista em grupo:
a partir da questão da interpretação de como essas despesas podem ou não ser
computadas (Membro 1).
[...] determinadas despesas podem gerar uma dúvida em relação a inclusão ou não
dentro desses limites (Membro 1).
[...] mesmo sendo de cunho legal ela está intimamente ligada a parte contábil pois o
cálculo dos limites nasce, não é verdade, a partir da classificação contábil correta
dessas despesas (Membro 3).
Isso, corrobora com o entendimento de Kohama (2008) de que a ciência contábil
capta, registra, acumula, resume e interpreta os fenômenos que interferem diretamente na
gestão pública.
Dessa forma, fica demonstrada a predominância de irregularidades relacionadas ao
conteúdo contábil, alcançando cerca de 63% dos achados negativos, o que ratifica sua forte
vinculação à coisa pública.
Partindo para uma análise pormenorizada dos dados contidos no Quadro 2, a partir da
evolução do número de irregularidades de cada município da amostra, obteve-se o Gráfico 1.
Gráfico 1- Quantificação de irregularidades dos municípios participantes
Fonte: adaptado dos relatórios do TCE/PB dos anos de 2006, 2007 e 2008.
Observando o Gráfico 1, resta evidente a existência de dois tipos de tendência, o
primeiro no sentido descendente, pela redução das irregularidades durante o período de 2006
a 2008, composto pelos municípios do Agreste e da Borborema, e o segundo no sentido
17
ascendente, caracterizado pelo aumento de irregularidades ao longo do período pesquisado,
formado pelos municípios da Zona da Mata e do Sertão.
O comportamento do número de irregularidades em cada município está atrelado
diretamente ao nível de influência da assessoria contábil privada nas decisões tomadas pelo
executivo, fruto do grau de comprometimento de seus gestores, conforme relatado ao longo da
entrevista em grupo.
Inicialmente, acerca do município do Agreste, foi evidenciada a existência de um
percentual relevante de influência da assessoria contábil na edilidade, pois, conforme relatado:
o gestor, realmente, ele se mostra dependente de nossas consultas em relação às
decisões que ele toma e sempre que ele tem dúvida recorre a nossa assessoria
(Membro 1).
Dessa forma, o alto índice de consultas do gestor junto à assessoria contábil demonstra
a existência de um controle prévio, proporcionando segurança na execução de seus atos
(CASTRO, 2011), o que justifica a redução drástica das irregularidades ao longo dos anos.
No concernente ao município da Borborema, também é evidenciada uma participação
relevante da assessoria contábil na tomada de decisão, ressaltando-se ocorrer em nível inferior
ao do município do Agreste, conforme afirmam os participantes:
contudo há sempre uma troca de informações, inclusive nas visitas que agente já
efetuou ao município (Membro 1).
(...) há um percentual de relevância também em relação a troca de informações
(Membro 4).
Nesses termos, também é observado o acompanhamento dos atos da gestão de
maneira eficiente (NASCIMENTO, 2010), apenas em um menor nível, justificando uma
menor inclinação da reta descendente em relação ao município Agreste, pela redução das
irregularidades em menor escala durante o lapso temporal da amostra.
Já em relação ao município da Zona da Mata, o percentual de influência da assessoria
contábil nas decisões tomadas é bem menor, pois, conforme narrado por um dos
entrevistados:
nós não temos esse mesmo grau de consulta ou de inferência nas decisões tomadas
pelo gestor, inclusive, quando as coisas vêm para que nós possamos apresentar
algumas justificativas ou a defesa propriamente dita, já é em relação a fatos
pretéritos (Membro 3).
Diante do exposto, depreende-se o baixo nível de interferência da assessoria, existindo
apenas o controle subseqüente, realizado após a conclusão do ato praticado (CASTRO, 2011),
18
com finalidade estritamente corretiva, o que explica o aumento significativo das
irregularidades ao longo do período amostral, representado pela maior inclinação da reta
ascendente.
Por fim, no atinente ao município do Sertão, a participação da assessoria contábil
também ocorre em menor escala, salientando-se, durante a entrevista, acontecer em um nível
um pouco superior ao município da Zona da Mata, alegando-se que “o trabalho de assessoria
e consultoria [...] também não é muito utilizado pela prefeitura” (Membro 3).
Da mesma forma do município da Zona da Mata, o município do Sertão possui um
aumento substancial das irregularidades, simbolizado pela reta ascendente que possui
inclinação similar ao município Zona da Mata pela inexistência de um controle prévio dos
atos emanados pelo gestor.
4.3 Avaliação do Julgamento das Contas Anuais
Com base nas decisões proferidas pelo Tribunal de Contas da Paraíba, elaborou-se um
levantamento com o posicionamento do órgão de controle externo acerca das contas anuais de
2006 a 2008 dos municípios da amostra, resultando no Quadro 3.
Quadro 3 – Julgamento das contas anuais pelo TCE/PB
MUNICÍPIO 2006 2007 2008
Zona da Mata Parecer Contrário Parecer Contrário Parecer Contrário
Agreste Parecer Favorável Parecer Favorável Parecer Favorável
Borborema Parecer Favorável Parecer Favorável Parecer Favorável
Sertão Parecer Contrário Parecer Contrário Parecer Contrário
Fonte: adaptado dos Acórdãos TCE/PB dos anos de 2006, 2007 e 2008.
A situação apresentada no Quadro 3 está fortemente relacionada com os fatos narrados
durante a entrevista. Quando questionados acerca do nível de participação da assessoria
contábil na gestão dos municípios da amostra os entrevistados afirmaram também a existência
de, basicamente, dois perfis.
O primeiro com um grau satisfatório de participação da assessoria contábil (formado
pelos municípios do Agreste e da Borborema) e o segundo com um baixo grau de participação
da assessoria na gestão (integrado pelos municípios da Zona da Mata e do Sertão).
Em termos gerais, foi dito que, acerca dos municípios do Agreste e da Borborema,
mesmo ocorrendo uma maior freqüência na interação entre a assessoria contábil e tais
municípios, a assessoria não chega a ser plena, pois:
19
não há uma certa intensidade maior de contato, seja por conta da distância, seja por
conta do pequeno número de visitas que agente faz ao município, podemos dizer,
que há uma participação parcial (Membro 1).
Contudo, foi ressaltada que, parte da assessoria é realizada durante as defesas junto ao
TCE/PB, em que há uma forte interação, funcionando como uma assessoria, como aponta o
relato:
porque o pessoal vai sentindo, lá na prefeitura, o que é que deve ser ajustado e
melhorado, que conseqüentemente gera na maioria a aprovação das contas junto ao
TCE/PB (Membro 1).
Já em relação aos municípios da Zona da Mata e do Sertão, a participação é
caracterizada como “deficiente” pelo grupo entrevistado, devido a existência de um maior
distanciamento da assessoria pela falta de comprometimento dos gestores que, conforme foi
narrado “eles não procuram o serviço que está à disposição deles” (Membro 4).
Segundo relatos, até mesmo durante a elaboração das defesas das contas anuais o
nível de interação é muito baixo, sendo alegado que:
o feedback existe durante a prestação de contas mas de forma precária, talvez pelo
grau de competência, dedicação e comprometimento, eu acho que, principalmente,
de comprometimento dos gestores (Membro 1).
Com isso, percebe-se que houve o rompimento de, pelo menos, uma das quatro
funções administrativas primárias desempenhadas pelo gestor, em vista da ausência de
controle (DAFT, 2005).
Tais perfis, que remetem à execução das funções administrativas pelo gestor público
(MAXIMIANO, 2007), são decisivos para o saneamento prévio, ou até mesmo posterior das
irregularidades apontadas pela auditoria do TCE/PB, refletindo diretamente na emissão de
parecer favorável ou contrário pelo órgão de controle externo.
Com base no Quadro 3, ressalta-se que a quantidade de irregularidades evidenciadas
não pressupõe a imediata reprovação das contas anuais dos municípios ora analisados, haja
vista que o TCE/PB utiliza como parâmetro para avaliação a uniformização de interpretação
prevista Parecer Normativo TCE/PB nº 52/2004, determinando quais irregularidades são
passíveis de reprovação (PARAÍBA, 2004).
Salienta-se, ainda, que as irregularidades manifestadas nos relatórios das contas anuais
podem ser sanadas com as defesas apresentadas pelos gestores (por intermédio da assessoria
contábil) ou podem ser desconsideradas pelo TCE/PB no decorrer do processo, ensejando
20
apenas em recomendações ao gestor, o que explicaria a emissão de parecer favorável a
aprovação das contas dos municípios Agreste e Borborema.
5 - CONCLUSÕES
A presente pesquisa procurou analisar o papel do profissional contábil no controle da
gestão pública municipal, por meio da aplicação de um estudo multicaso aplicado a quatro
municípios de mesorregiões distintas da Paraíba. Inicialmente, por meio de entrevista, que
todos os municípios selecionados são assessorados contabilmente por empresas privadas,
entretanto, verificou-se que nenhum deles possui sistema de controle interno.
Ao longo do trabalho foram demonstrados os achados negativos mais freqüentes nas
prestações de contas dos municípios da amostra, salientando-se o grande número de
irregularidades ligadas à matéria contábil. Além disso, ficou demonstrado que, mesmo
contando apenas com o assessoramento contábil privada, os municípios que possuíam um
nível relevante de interação com a assessoria, detinham um desempenho satisfatório junto ao
órgão de controle externo (TCE/PB), pelas sucessivas aprovações de suas contas anuais.
Por fim, avaliou-se, tanto pela fundamentação teórica, como pela entrevista e pelos
dados apresentados, que o profissional contábil representa a pessoa mais indicada para
assessorar e acompanhar a gestão municipal, minimizando e evitando a reincidência de
irregularidades, sendo o elo entre o gestor municipal e as informações.
Destarte, a partir do exposto, é possível inferir que o profissional contábil possui um
importante papel na gestão pública municipal paraibana, comprovando que a presença do
contador é indispensável dentro do sistema de controle interno, sendo peça chave na
orientação para a tomada de decisão, bem como no cumprimento dos preceitos legais que
avaliam a gestão responsável.
Conclui-se, portanto que o profissional contábil seria o mais indicado para implantar,
manter e aperfeiçoar o controle no município, por deter uma maior gama de conhecimentos
atinente aos aspectos orçamentário, financeiro e patrimonial da coisa pública.
Em vista das limitações quanto a abrangência dos levantamentos feitos para cada
município da amostra, a título de temas para futuras pesquisas, sugere-se a realização de
estudos individualizados para cada um dos municípios selecionados, bem como novo estudo
acerca da influência e efetiva utilização da informação contábil na tomada de decisão dos
gestores municipais, englobando todos os municípios da Paraíba.
21
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simples, prática e objetiva. 1ª Ed. São Paulo: Atlas, 2011. 96p.
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para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a
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22
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ZANELLI, Liane Carly Hermes. Metodologia de Estudo e de Pesquisa em Administração.
Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: CAPES: UAB, 2009.
164p.
APÊNDICE - Irregularidades das prestações de contas anuais
IRREGULARIDADE AGRESTE BORBOREMA ZONA DA MATA SERTÃO
2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008
Repasse a maior ao legislativo (§
2º, Inciso I, art. 29-A)
Repasse a menor ao legislativo (§
2º, Inciso III, art. 29-A)
Déficit orçamentário
Déficit financeiro
Divergência de informação entre a
PCA e o SAGRES
Divergência entre o RGF e a PCA
23
IRREGULARIDADE AGRESTE BORBOREMA ZONA DA MATA SERTÃO
2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008
Impropriedades na Lei
Orçamentária Anual
Impropriedades na lei de Diretrizes
Orçamentárias
Despesas não licitadas
Fracionamento de despesas
Dispensa indevida de
procedimento licitatório
Irregularidades na Comissão
Permanente de Licitação
Ausência de publicação do REO e
RGF
Inconsistências no REO e RGF
Excesso de remuneração dos
agentes políticos
Aumento de despesa c/ pessoal em
período proibitivo (LRF)
Elevação da despesa com pessoal
(Município)
Elevação da despesa com pessoal
(Executivo)
Descumprimento do controle de
despesa total c/ pessoal (LRF)
Pagamento de pessoal abaixo do
salário mínimo nacional
FUNDEB - Aplicação a menor
Gastos do FUNDEB não
comprovados
Movimentação financeira
inadequada da conta do FUNDEB
Inclusão indevida de redutor
financeiro no cálculo do FUNDEB
Utilização inadequada de recursos
do FUNDEB
FUNDEB - Divergência no saldo
da conta
MDE - Aplicação a menor
SAÚDE - Aplicação a menor
Aplicação irregular de recursos da
Saúde
Divergência de contabilização
Não envio dos decretos de abertura
de créditos adicionais
Abertura de créditos adicionais
sem autorização legislativa
24
IRREGULARIDADE AGRESTE BORBOREMA ZONA DA MATA SERTÃO
2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008
Inconsistências nos
Demonstrativos Contábeis
(Balanços)
Despesas não comprovada
(diversas)
Despesas insuficientemente
comprovadas (diversas)
Insuficiência financeira
(compromissos de curto prazo)
Despesas empenhadas a posteriori
Ausência de tombamento de bens
municipais
Ausência de cadastro e
contabilização da dívida ativa
Ausência de registro da dívida
passiva
Pagamento de diárias (irregular e
em excesso)
Gastos irregulares e indevidos
(diversos)
Ausência de recolhimento (parte
servidor - INSS)
Ausência de recolhimento (parte
patronal - INSS)
Ausência de empenhamento (parte
patronal - INSS)
Recolhimento a menor (parte
servidor - IPM)
Ausência de recolhimento (parte
patronal - IPM)
Ausência de empenhamento (parte
patronal - IPM)
Não informação de servidores na
GFIP
Inconsistência em controles
(combustível, peças, serviços)
Ausência de controles
(combustível, peças, serviços)
Criação e desempenho dos
conselhos municipais
Repasse de recursos para ente
privado sem previsão legal
Problemas operacionais (Área da
Saúde)
Problemas operacionais (Área da
Educação)
25
IRREGULARIDADE AGRESTE BORBOREMA ZONA DA MATA SERTÃO
2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008 2006 2007 2008
Empenhos incorretamente
elaborados
Incorreta contabilização de
despesas
Acumulação de cargos
Superfaturamento (aquisição de
bens e serviços)
Não retenção de impostos
municipais (ISS, IPTU, ITBI)
Cessão de terreno sem autorização
legislativa
Superfaturamento em obras
Contratações sem concurso público
Elevada Dívida Municipal
Emissão de cheques sem fundo
Receita não contabilizada
Deficiência na estrutura de
arrecadação de tributos
Ausência da fase da liquidação da
despesa
Ausência de providências na
recuperação de receita
Fonte: adaptado dos relatórios do TCE/PB dos anos de 2006, 2007 e 2008.
MINICURRÍCULO
Artur Trigueiro de Andrade
Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba;
Auditor em empresa de assessoria e consultoria a municípios da Paraíba;