CONVERSA DE PASSARINHO

Há 10 anos um casal de trinca-ferro resolveu mudar para uma terra distante, deixando

para trás dois filhotes que na época já sabiam alimentar sem a ajuda dos pais. Antes de sair os

pais explicaram aos filhotes onde encontrar alimentos e também os orientou quanto aos perigos

das armadilhas feita pelos caçadores. Na ocasião os pais deixaram para os filhotes um sítio com

diversas frutas, lavoura de café e uma linda mata, onde viveram muitos momentos felizes.

Passando algum tempo os filhotes atingiram a vida adulta e casaram e tiveram filhotes,

mas a alegria já não era a mesma, pois os alimentos estavam cada vez mais raros. A mata estava

perdendo sua vida, os pés de frutas estavam virando madeira para casas e cercas e a mata

transformada em pastagem para o gado. Com isso só restavam às frutas do sítio, que não eram

suficientes para alimentar todos os pássaros. No desespero alguns pássaros migraram para uma

pequena vila, onde passaram a viver.

Alguns pássaros não resistiram à falta de alimento e acabaram caindo nas garras dos

caçadores, outros mudaram para o estado vizinho, mas os trinca-ferros tinham a esperança que

um dia seus pais viessem visitá-los, para conhecer seus netos, portanto resistiram bravamente

o desastre ambiental.

O tempo passou e saudade bateu mais forte e os pais resolveram retornar para rever

os filhos e conhecer os netos, e durante a viagem ficaram impressionados com o tamanho da

destruição. Antes de chegarem ao sítio ficaram sabendo através de um amigo que seus filhos

haviam mudado para a Vila.

Os pais ficaram impressionados com o relato dos filhos, e perguntou:

___ Meus netinhos não chegaram a conhecer aquela linda pitombeira onde fazíamos

as nossas festas?

___ Não. Seus netos não conheceram nem o sítio e nem a mata, pois um fazendeiro

transformou tudo em pasto para seu gado – responderam os filhotes.

Preocupado com o futuro de seus netos, o velho pássaro indagou:

___ O que vamos fazer?

Os pássaros não souberam responder e a falta de opção vos levaram a morar numa

pequena vila chamada Campo Alegre de Minas.

Alexandro Correia Marins

Licenciado em Matemática