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COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO NA UFSCAR: UM GESTOR EDUCACIONAL? Alessandra Maria Sudan SÃO CARLOS 2010 Universidade Federal de São Carlos Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Pública do Departamento de Engenharia de Produção

COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO NA UFSCAR: UM

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COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO NA

UFSCAR: UM GESTOR EDUCACIONAL?

Alessandra Maria Sudan

SÃO CARLOS 2010

Universidade Federal de São Carlos Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em

Gestão Pública do Departamento de Engenharia de Produção

Universidade Federal de São Carlos Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Pública do

Departamento de Engenharia de Produção

COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO NA

UFSCAR: UM GESTOR EDUCACIONAL?

Alessandra Maria Sudan

Monografia apresentada, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista,

ao Curso de Especialização em Gestão Pública da Universidade Federal de São Carlos,

sob a orientação do Prof. Dr. Waldemar Marques

SÃO CARLOS/SP 2010

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Maria Aparecida Espanha Sudan e Sebastião Sudan.

AGRADECIMENTOS

À Deus pela saúde, força e benção recebidas para finalizar este trabalho.

À toda minha família, em especial aos meus pais, meus irmãos, meus

sobrinhos, meus cunhados e aos meus amigos pelo carinho, apoio e incentivo

no desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Waldemar Marques pelo aceite e disposição em orientar-me,

contribuindo com sua dedicação, competência e conhecimentos.

Aos Coordenadores de Curso de Graduação da UFSCar, sujeitos da pesquisa,

pelas importantes informações e contribuições dadas nos questionários, muito

obrigada pela colaboração.

Ao Coordenador da Especialização em Gestão Pública, Prof. Dr. Mauro Rocha

Côrtes - nosso Mestre Cajú - pela oportunidade de participar deste curso e pela

paciência em nos ouvir nos momentos mais difíceis.

À Profª Drª Maria Silvia de Assis Moura pela dedicação e disponibilidade em

trabalhar os gráficos apresentados.

Aos amigos da Pró-Reitoria de Graduação pelo incentivo e apoio diante das

dificuldades encontradas.

Aos amigos da turma de especialização, pela amizade, troca de experiências e

contribuições ao meu crescimento pessoal e profissional, em especial à

Simone Regassone Grande, Fernanda do Nascimento, Darli José Morcelli,

Elício Pedro Cantero Vasco e Jônatas Rodrigues da Silva.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Waldemar Marques

Prof. Dr. Mauro Rocha Côrtes

Prof. Dr. Edmundo Escrivão Filho

RESUMO

Neste trabalho fez-se um estudo sobre as Coordenações de Curso de

Graduação na Universidade Federal de São Carlos com o objetivo de analisar

se estes se identificam como gestores educacionais no ensino superior, bem

como de construir um quadro sistemático de coordenação de curso de

graduação desta Instituição.

Como metodologia para responder aos objetivos propostos utilizou-se as

pesquisas bibliográfica e documental, a aplicação de um questionário aos

sujeitos da pesquisa, bem como a análise dos resultados obtidos.

Palavras-chave: Ensino Superior; Gestão Educacional; Coordenação de

Curso de Graduação.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I - METODOLOGIA E SUJEITOS

11

1.1 – Metodologia 11

1.2 – Sujeitos 14

CAPÍTULO II – ENSINO SUPERIOR

17

2.1 – O Ensino Superior no Brasil 17

2.2 – Função da Universidade 27

CAPÍTULO III – BREVE HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO EDUCACIONAL

31

3.1 – A Administração Geral 31

3.2 – A Administração Educacional 39

CAPÍTULO IV – COORDENAÇÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO

49

4.1 – Coordenação de Curso de Graduação 49

4.2 – Coordenação de Curso de Graduação na UFSCar 58

CAPÍTULO V – O COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO NA

UFSCAR: UM GESTOR EDUCACIONAL?

68

5.1 – Caracterização dos coordenadores de curso de graduação na UFSCar

68

5.2 – Visão dos coordenadores de curso de graduação da UFSCar 84

5.3 – Necessidade de preparo prévio para coordenar 87

5.4 – Orientação prévia para o exercício da coordenação 90

5.5 – Importância da experiência institucional e acadêmica para o exercício da coordenação de curso

93

5.6 – Tempo adequado da duração do mandato do coordenador de curso 97

5.7 – Motivação para assumir a coordenação do curso 100

5.8 – O que é necessário para ser um bom coordenador de curso 104

CONSIDERAÇÕES FINAIS

115

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

121

APÊNDICE

128

ANEXO

131

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Percentuais e números totais de coordenações de curso de

graduação na UFSCar e de coordenadores respondentes por

centro e campus

16

Quadro 2: Habilidades e conhecimentos necessários para um perfil

competente de gestor educacional

46

Quadro 3: Resumo da pesquisa de campo 114

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução do número de Instituições, segundo Categoria

Administrativa – Brasil: 2002–2008

25

Tabela 2: Evolução do número de Instituições, segundo Organização

Acadêmica – Brasil: 2002–2008

25

Tabela 3: Instituições de Educação Superior, públicas e privadas, segundo

Organização Acadêmica – Brasil: 2002–2008

26

LISTA DE FIGURA

Figura 1: Organograma da Universidade Federal de São Carlos 62

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Formação dos coordenadores em licenciatura e/ou bacharel 70

Gráfico 2: Tempo de experiência dos coordenadores como docentes no ensino superior

71

Gráfico 3: Ano de ingresso dos coordenadores de curso na Universidade Federal de São Carlos

72

Gráfico 4: Categoria docente dos coordenadores de curso 74

Gráfico 5: Exercício anteriormente da função de coordenação de curso 75

Gráfico 6: Exercício anteriormente de alguma função ou cargo administrativo

77

Gráfico 7: Atuação em programa de pós-graduação da UFSCar 79

Gráfico 8: Participação em programa/atividade de extensão da UFSCar 80

Gráfico 9: Integração de grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ 81

Gráfico 10: Visão dos coordenadores de curso de graduação da UFSCar

85

Gráfico 11: Necessidade de preparo prévio para coordenar 87

Gráfico 12: Orientação prévia para o exercício da coordenação 91

Gráfico 13: Importância da experiência institucional e acadêmica 94

Gráfico 14: Tempo adequado da duração do mandato 97

Gráfico 15: Motivação para assumir coordenação do curso 101

7

IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

De acordo com Danièle Blondel (BLONDEL, 2005, p. 187) “o ensino

superior ao que parece, deve assumir um papel cada vez mais importante no

desenvolvimento da economia e das sociedades do século XXI”. Cabe ao

ensino superior a crescente produção e disseminação do conhecimento

científico e tecnológico que se revelam como um impulso à atividade industrial

e à economia e, também, como resposta às demandas da sociedade.

A economia impulsionada pela inovação e pelo progresso tecnológico,

em constante transformação, exige cada vez mais mão-de-obra qualificada. Em

paralelo, a função educadora e formadora das universidades tendem a

prolongar-se cada vez mais, enfatizando a formação continuada.

Uma das responsabilidades da universidade é a de tornar acessível à

sociedade toda sua produção de conhecimento. Um curso de graduação deve

ser entendido como um processo da transformação do conhecimento em

atitudes profissionais e pessoais que tenham um significado à sociedade. Com

todas as exigências que compõem um processo de formação, como é o caso

de um curso de graduação, é necessário que se tenha na instituição de ensino

superior alguém que possa administrá-lo, geri-lo e coordená-lo. Este papel é de

responsabilidade do coordenador de curso de graduação. (PIAZZA, 1997),

lembrando que a importância do papel do coordenador de curso de graduação

vem de longa data, porém ainda não é tão visível ou notável o resultado deste

empenho em se concretizar tal importância.

Dada a relevância das políticas públicas recentes destinadas ao ensino

superior, devido este assumir um papel cada vez mais importante no

desenvolvimento da economia e todas as exigências que a sociedade como um

todo coloca, faz-se necessário compreender qual é o papel do coordenador de

curso de graduação; como se configura sua atuação, enquanto gestor de curso

de graduação? Quais os obstáculos e quais fatores que contribuem para um

bom desenvolvimento de um curso de graduação?

A pesquisa proposta apresenta como objetivos: analisar a criação e

evolução da função de coordenador de curso de graduação; caracterizar o

perfil dos coordenadores de cursos de graduação na Universidade Federal de

São Carlos (UFSCar); verificar se o coordenador de curso de graduação se

8

identifica como um gestor educacional; averiguar a oferta de cursos de

formação em gestão educacional aos coordenadores de curso de graduação;

identificar a necessidade, ou não, da oferta de cursos de formação em gestão

educacional para os coordenadores de curso.

Após pesquisa realizada nos bancos de dissertações e teses da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do

Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar (PPGE/UFSCar) e da

Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED),

notou-se que existe pouca pesquisa e produção na área de gestão

universitária, bem como existem poucos estudos sobre o papel do coordenador

de curso de graduação e especificamente sobre o papel do coordenador de

curso na UFSCar. Trabalhando na Coordenadoria de Desenvolvimento

Pedagógico (CDP) da Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad) da Universidade

Federal de São Carlos (UFSCar), no cargo de Técnico em Assuntos

Educacionais e pelo fato desta pró-reitoria ser o órgão de gestão central dos

cursos de graduação e sendo portanto, uma das atribuições da Coordenadoria

de Desenvolvimento Pedagógico o trabalho junto aos coordenadores de cursos

de graduação auxiliando-os pedagogicamente, optou-se por pesquisar estes

atores que atuam como gestores de cursos de graduação com o objetivo de

poder contribuir com o desempenho de suas atribuições.

Conforme se assinalou, e ao longo da pesquisa pode-se observar que

são poucas as produções relacionadas com o tema aqui proposto. Ainda

assim, cumpre destacar que existem muitos artigos publicados na revista

eletrônica denominada Revista Gestão Universitária. Nesta revista pode-se

verificar que a maioria, ou quase a totalidade, dos artigos publicados se refere

a experiências de coordenadores de cursos de graduação de instituições de

ensino superior particulares.

Em acréscimo a estas publicações sobre coordenador de curso de

graduação, destaca-se a dissertação de mestrado de Maria Helena Piazza

datada de 1997. Piazza realizou sua pesquisa sobre os coordenadores de

curso na Universidade de Caxias do Sul. Quanto às publicações sobre

coordenador de curso de graduação na UFSCar verificou-se apenas a

dissertação de mestrado de Karina Araújo Mariano datada de 2007. Mariano

realizou sua pesquisa sobre coordenação de curso de graduação buscando

9

identificar o isomorfismo entre os coordenadores de cursos de graduação na

UFSCar e os coordenadores de curso na Universidade de São Paulo campus

de São Carlos (USP/São Carlos). Das duas pesquisas citadas apenas a

primeira trabalhou diretamente com a questão pedagógica e administrativa de

uma coordenação de curso de graduação, sendo que a segunda analisou mais

a estrutura destes arranjos organizacionais.

Diante da importância do ensino superior e das constantes mudanças do

mundo contemporâneo, cada vez mais o coordenador de curso tem tido um

papel relevante para o desenvolvimento do curso o qual coordena. No cotidiano

do coordenador, além de suas responsabilidades como docente de instituição

de ensino superior público existem, também, as atribuições de uma

coordenação de um curso de graduação, atribuições essas que são de extrema

importância para o bom desenvolvimento do curso.

Como metodologia para responder aos objetivos propostos utilizou-se as

pesquisas bibliográfica e documental, a aplicação de um questionário aos

sujeitos da pesquisa, bem como a análise dos resultados obtidos.

No primeiro capítulo será apresentada a metodologia utilizada para se

atingir os objetivos propostos nesta pesquisa, bem como uma breve descrição

dos sujeitos que a compuseram.

No segundo capítulo apresenta-se uma sucinta caracterização do ensino

superior, bem como o surgimento da universidade no Brasil, de modo a

configurar o quadro maior de atuação do coordenador de curso. E também,

discutir neste capítulo a função da universidade, na visão de diferentes autores.

Esta abordagem é importante por ter o objetivo de contextualizar o local em

que se insere o objeto de estudo que é a coordenação de curso de graduação,

procurando compreender como se iniciou o ensino superior no Brasil e sua

principal reforma que originou a atual estrutura organizacional.

No terceiro capítulo apresenta-se um breve histórico da administração

escolar com as influências das várias teorias da administração geral e na

sequência as especificidades da administração educacional ou gestão

educacional. Pretende-se, em decorrência disto, delinear teoricamente o perfil

do gestor educacional como referência para a pesquisa empírica componente

deste estudo. Tal abordagem é necessária para se compreender as principais

teorias de administração educacional, bem como qual é o papel do diretor

10

educacional, pois se entende o coordenador de curso de graduação como um

gestor educacional.

No quarto capítulo apresenta-se um breve histórico do surgimento das

coordenações de curso de graduação, bem como as ideias de diferentes

autores que contribuíram para explicitar o papel do coordenador de curso.

Como a presente pesquisa trata de um caso específico, que é a UFSCar, este

capítulo apresenta um breve histórico de seu desenvolvimento e sua estrutura

atual, focando o local da coordenação de curso nesta estrutura, bem como seu

papel institucional definido. Constitui, assim, o contexto onde os “atores” desta

pesquisa se movimentam, o que pensam e o fazem.

No quinto capítulo apresentam-se os resultados obtidos por meio da

aplicação do questionário aos coordenadores de curso, bem como uma análise

destes resultados realizada à luz do referencial teórico, tendo em vista os

objetivos de pesquisa propostos. Esta análise apresenta como finalidade última

construir um quadro sistemático de coordenação de curso de graduação na

UFSCar.

No último capítulo colocam-se as considerações finais buscando

levantar os principais pontos para reflexão e discussão, baseando-se na

literatura, bem como nos resultados obtidos pela pesquisa.

11

CAPÍTULO I

MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA EE SSUUJJEEIITTOOSS

Neste primeiro capítulo será apresentada a metodologia utilizada para se

atingir os objetivos propostos nesta pesquisa, bem como uma breve descrição

dos sujeitos que a compuseram.

1.1 – Metodologia O presente estudo compõe-se de duas grandes partes. A primeira parte

refere-se às pesquisas bibliográfica e documental e a segunda parte à

aplicação de um questionário aos sujeitos da pesquisa, bem como a

apresentação e análise dos resultados. Ao apresentar os dados, analisou-se os

mesmos buscando interpretá-los à luz do referencial teórico. Portanto, além da

abordagem quantitativa realizada nesta pesquisa tem-se a abordagem

qualitativa, pois os dados e as informações obtidas por meio da aplicação dos

questionários aos coordenadores de cursos de graduação foram analisados

com produções acadêmico-científicas sobre a prática da gestão educacional,

bem como com legislações.

No tocante às pesquisas bibliográfica e documental, segundo a

classificação de Cervo & Bervian (CERVO & BREVIAN, 1983, p.54) existem

três importantes tipos de pesquisa, quais sejam: a pesquisa bibliográfica, a

pesquisa descritiva e a pesquisa experimental. Iniciou-se este trabalho com

revisão da literatura, ou pesquisa bibliográfica, sobre o papel do coordenador

de curso de graduação e na seqüência utilizou a pesquisa descritiva

enfatizando os estudos exploratórios.

A pesquisa bibliográfica visa explicar um problema a partir de referências

teóricas publicadas em documentos.

Pode ser realizada independentemente ou como parte da

pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos,

busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou

científicas do passado existentes sobre um determinado

assunto, tema ou problema (CERVO & BERVIAN, 1983,

p.55).

12

Pesquisa descritiva é aquela que “observa, registra, analisa e

correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Estuda “fatos e

fenômenos do mundo físico e especialmente do mundo humano, sem a

interferência do pesquisador”, ou seja, utiliza-se dados e fatos colhidos da

própria realidade (CERVO & BERVIAN, 1983, p. 55).

A pesquisa descritiva pode ter várias formas entre as quais se destacam

os estudos exploratórios, como afirmam CERVO & BERVIAN,

os estudos exploratórios não elaboram hipóteses a serem

testadas no trabalho, restringindo-se a definir objetivos e

buscar maiores informações sobre determinado assunto de

estudo. Tais estudos têm por objetivo familiarizar-se com o

fenômeno ou obter nova percepção do mesmo e descobrir

novas idéias. (CERVO & BERVIAN, 1983, p. 56).

O método desenvolvido neste estudo teve o caráter exploratório, tendo

por finalidade buscar e organizar informações que pudessem de alguma forma

fornecer um quadro mais sistemático que ampliasse a compreensão do

problema contribuindo assim com os coordenadores de curso de graduação no

desempenho de seu papel.

A segunda parte da pesquisa foi composta pela coleta de dados, que na

opinião de Chizzotti é uma etapa que exige muito tempo e trabalho para se

reunir as informações que podem ou não comprovar a hipótese ou hipóteses

levantadas. Afirma que se coletam dados oriundos da observação ou dados

que se obtêm suscitando respostas e declarações de pessoas capazes de

fornecer informações úteis aos objetivos propostos (CHIZZOTTI, 2008, p. 51).

Segundo Chizzotti (CHIZZOTTI, 2008, p. 53), as principais técnicas

utilizadas para a coleta de informações mensuráveis são:

observação sistemática ou estruturada;

questionário fechado ou semi-aberto;

entrevista diretiva ou estruturada.

Para esta etapa da pesquisa optou-se pela aplicação de um questionário

semi-aberto, pois existiam perguntas fechadas, bem como perguntas

abertas.

13

Para Chizzotti,

o questionário consiste em um conjunto de questões pré-

elaboradas, sistemática e sequencialmente dispostas em itens

que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de suscitar

dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre o

assunto que os informantes saibam opinar ou informar. É uma

interlocução planejada (CHIZZOTTI, 2008, p. 55).

E complementa,

os questionários são, em geral, testados: respondidos por

alguns pressumíveis informantes, para se identificar problemas

de linguagem, de estrutura lógica ou das demais circunstâncias

que podem prejudicar o instrumento (CHIZZOTTI, 2008, p.

56).

Nesta etapa de aplicação do questionário teve-se o objetivo de buscar

informações diretamente com os sujeitos da pesquisa, considerando a

necessidade de “ouvi-los” para poder sistematizar e comparar com o que foi

encontrado na literatura.

O questionário foi elaborado a partir do panorama encontrado na revisão

de literatura e buscando responder aos objetivos propostos na pesquisa. Na

primeira versão elaborou-se um total de nove (9) questões específicas, além

das que solicitavam informações quanto ao nome do coordenador, à formação

acadêmica, ano de ingresso na UFSCar e qual curso coordenava. Esta

primeira versão foi enviada ao orientador para suas contribuições. Fez-se uma

segunda versão incorporando as contribuições do orientador. Este sugeriu a

retirada da identificação do coordenador por nome e a reformulação da

redação de algumas questões substituindo alguns termos específicos ou

expressões da área de gestão pedagógica.

Antes da aplicação na situação de pesquisa, o questionário foi

submetido a dois testes, ambos respondidos por dois professores que já

haviam assumido a função de coordenadores de curso de graduação na

14

UFSCar. Os testes foram feitos pela própria autora com datas, horários e locais

devidamente agendados.

A análise desses dois testes indicou a necessidade de acréscimo de

questões e reformulação de algumas, aperfeiçoando-as, por apresentarem

dubiedade de interpretação, ou por induzirem a respostas, ou por conduzirem a

respostas repetitivas.

Na versão final do questionário elaborou-se um total de 12 questões

específicas, sendo 11 fechadas, ou seja, nas quais os respondentes

assinalariam uma opção e uma questão aberta. Para complementar solicitou-se

informações sobre a formação acadêmica, tempo de experiência como docente

no ensino superior, ano de ingresso na UFSCar, qual categoria docente

encontrava-se no momento da aplicação do questionário e qual curso sob sua

responsabilidade. Questões estas que permitiam uma melhor identificação do

coordenador. O questionário em sua versão final pode ser consultado no

Apêndice I.

Os questionários foram enviados para o endereço eletrônico de todos os

55 coordenadores de cursos com o prazo de oito (8) dias para o preenchimento

e retorno ao endereço eletrônico da autora deste trabalho. O retorno ocorreu

via e-mail, só um questionário foi entregue pessoalmente à autora.

Passados os oito (8) dias do envio, havia a devolução de catorze

questionários. Encaminhou-se novamente a mensagem aos sujeitos da

pesquisa, retirando-se os catorze que já tinham retornado, solicitando o

preenchimento e retorno do questionário e enfatizando que as contribuições

deles eram de suma importância e relevância para a finalização da pesquisa.

Havia a necessidade de retorno de pelo menos trinta e seis questionários para

se ter uma amostragem significativa. No prazo de 15 dias teve-se o retorno de

39 questionários, ou seja, 70,9 % do total de coordenadores de curso de

graduação na UFSCar, na modalidade presencial.

1.2 – Sujeitos

Os sujeitos que compõem esta pesquisa são os coordenadores de curso

de graduação na UFSCar, na modalidade presencial. Buscou-se trabalhar com

15

o universo total dos coordenadores com o intuito de obter uma representação

significativa de todas as áreas que integram esta Instituição, quais sejam:

ciências humanas, ciências exatas e tecnológicas, ciências agrárias, ciências

biológicas e saúde. Áreas estas que são identificas pelos Centros Acadêmicos

da UFSCar, quais sejam: Centro de Ciências Agrárias (CCA), Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Centro de Ciências Exatas e de

Tecnologia (CCET), Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH) e o

campus de Sorocaba que é composto por várias áreas de conhecimento.

Pretendeu-se com esta composição conhecer diferentes pontos de vista

e percepções sobre a prática acadêmica e administrativa deste profissional,

bem como organizá-los e sistematizá-los no sentido de oferecer subsídios para

a atuação deste profissional. Com isso, também, caracterizando, de uma forma

geral, um perfil de coordenador de curso de graduação na UFSCar, na

modalidade presencial.

O total de respondentes 70,9% (39) têm sob sua responsabilidade os

cursos: Bacharelado em Biotecnologia – Araras; Bacharelado em Biotecnologia

– São Carlos; Bacharelado em Ciências Econômicas – Sorocaba; Bacharelado

em Engenharia Química – São Carlos; Bacharelado em Engenharia Física –

São Carlos; Bacharelado e Licenciatura em Filosofia – São Carlos;

Bacharelado em Gerontologia – São Carlos; Licenciatura em Letras – São

Carlos; Licenciatura e Bacharelado em Matemática – São Carlos; Licenciatura

em Física – Sorocaba; Licenciatura em Química – Araras; Bacharelado em

Engenharia de Produção – São Carlos; Bacharelado em Engenharia Civil – São

Carlos; Licenciatura em Educação Física – São Carlos; Bacharelado em

Ciências Biológicas – São Carlos; Bacharelado em Engenharia Mecânica – São

Carlos; Licenciatura em Música – São Carlos; Bacharelado em Terapia

Ocupacional – São Carlos; Bacharelado em Agroecologia – Araras;

Bacharelado em Biblioteconomia e Ciência da Informação – São Carlos;

Bacharelado em Ciência da Computação – São Carlos; Bacharelado em

Ciências Sociais – São Carlos; Bacharelado em Enfermagem – São Carlos;

Bacharelado em Engenharia Elétrica – São Carlos; Bacharelado em

Engenharia Florestal – Sorocaba; Licenciatura em Ciências Biológicas – São

Carlos; Licenciatura em Física/Noturno – São Carlos; Bacharelado em Ciências

Biológicas – Sorocaba; Bacharelado em Engenharia da Computação – São

16

Carlos; Bacharelado em Gestão e Análise Ambiental – São Carlos; Licenciatura

em Ciências Biológicas/Noturno – Sorocaba; Licenciatura em Física – Araras;

Licenciatura em Pedagogia – Sorocaba; Bacharelado em Fisioterapia – São

Carlos; Bacharelado em Engenharia Agronômica – Araras; Licenciatura em

Ciências Biológicas/Integral – Sorocaba; Licenciatura em Química – São

Carlos; Bacharelado em Psicologia – São Carlos; e Bacharelado em Turismo –

Sorocaba.

Diante disto, todos os centros acadêmicos da Universidade Federal de

São Carlos foram representados, uns em sua quase totalidade e outros não. O

quadro geral ficou assim configurado:

Quadro 1: Percentuais e números totais de coordenações de curso de graduação na UFSCar e de coordenadores respondentes por centro e campus

CENTRO/CAMPUS TOTAL DE COORDENAÇÕES

DE CURSOS DE GRADUAÇÃO

TOTAL DE COORDENADORES

RESPONDENTES

CCA 100% (06) 83,3% (05)

CCBS 100% (10) 90% (09)

CCET 100% (15) 73,3% (11)

CECH 100% (10) 60% (06)

SOROCABA 100% (14) 57,1% (08)

TOTAL 100% (55) 79% (39)

FONTE: SUDAN, 2010

De acordo com o quadro 1, tanto o Centro de Ciências Agrárias - CCA -

quanto o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS - são os dois

centros acadêmicos que foram representados na sua quase totalidade. Já os

demais centros tiveram forte representação, porém sem se aproximarem de

sua totalidade, quais sejam: Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia –

CCET -, Centro de Educação e Ciências Humanas – CECH e o campus de

Sorocaba. Percentualmente tem-se a seguinte representação: CCA 83,3%;

CCBS 90%; CCET 73,3%; CECH 60%; e Sorocaba 57,1%. Portanto, não

obstante as variações por área de conhecimento, a proporção de respostas

obtidas permite um quadro cujos resultados podem ser generalizados para o

universo dos coordenadores de cursos de graduação na UFSCar.

17

CAPÍTULO II

EENNSSIINNOO SSUUPPEERRIIOORR

Neste capítulo apresenta-se uma sucinta caracterização do

ensino superior, bem como o surgimento da universidade no Brasil, de modo a

configurar o quadro maior de atuação do coordenador de curso. E também

discutir neste capítulo a função da universidade, na visão de diferentes autores.

Esta abordagem é importante por ter o objetivo de contextualizar o local em

que se insere o objeto de estudo que é a coordenação de curso de graduação,

procurando compreender como se iniciou o ensino superior no Brasil e sua

principal reforma que originou a atual estrutura organizacional.

2.1 – O ensino superior no Brasil

O ensino de 3° grau, ou superior, teve sua origem nas universidades

medievais, as quais davam formação profissional para carreiras liberais,

funções de governo e sacerdócio. Ao longo do tempo, o ensino superior

expandiu suas funções sociais e formas de ação correspondentes. De modo

que pode-se dizer que há várias formas de se ministrar o ensino superior e não

apenas uma única forma. O ensino superior pode ser feito em

estabelecimentos isolados, que dêem formação numa só carreira, como em

grandes institutos técnicos, que preparam para atividades afins. Os institutos

formam especialistas em diferentes ramos de um só domínio, ou setor de

aplicação. Já as universidades visam a formar trabalhadores intelectuais,

dando-lhes preparação teórica sistemática que os habilite à pesquisa e ao

magistério secundário e superior, este último, quando possuirem programas de

pós-graduação (LOURENÇO FILHO, 2007, p 153 – 171).

A universidade no Brasil teve seu surgimento tardio comparado a outros

países do continente americano como México, Peru, Chile, Argentina e outros

(CUNHA, 2007, p. 15). Para ele, alguns autores compreendem a Universidade

como uma organização administrativo-pedagógica própria do ensino superior

(CUNHA, 2007, p. 15).

18

A periodização utilizada por Cunha (CUNHA, 2007, p. 19) para

descrever o surgimento do ensino superior no Brasil, estabelece-se da seguinte

forma: o primeiro período foi o da Colônia, iniciando-se em 1572, data de

criação dos cursos de Artes e Teologia no colégio dos jesuítas da Bahia, sendo

provavelmente os primeiros cursos superiores no Brasil, estendendo-se até

1808, quando ocorreu a transferência da sede do reino português para a

cidade do Rio de Janeiro. O segundo período iniciou-se quando o Brasil ainda

era colônia, em 1808, com a criação de um novo ensino superior – novo em

comparação ao período anterior – estendendo-se até 1889, com a queda da

monarquia. O terceiro período, o da república oligárquica, teve seu início com o

governo provisório de Deodoro da Fonseca e terminou com a instalação do

governo provisório de Getúlio Vargas, em 1930. O quarto período, a era

Vargas, começou com a Revolução de 1930 e findou com a deposição do

ditador, em 1945.

O quinto período do ensino superior no Brasil se dá na vigência da

república populista – 1945 a 1964. Neste período, encontrava-se o ensino

superior brasileiro de forma crítica por conta de suas contradições, pois o

crescimento de emprego não acompanhava o ritmo do aumento dos jovens

diplomados (CUNHA, 2007, p.37). Segundo Cunha, nos últimos anos deste

período,

os efeitos do processo de monopolização sobre a estrutura

de emprego foram ampliados pela radicalização política dos

movimentos sociais e pela espiral inflacionária, que levaram

ao retraimento dos investimentos privados e,

consequentemente, à redução do mercado de trabalho,

tanto no setor privado quanto no público. O resultado

imediato foi a elevação dos requisitos educacionais, a

desvalorização econômica e simbólica dos diplomas, o

subemprego e o desemprego. Todo esse processo induziu

um movimento estudantil voltado para a reforma do ensino

superior, de modo que o adequasse às “exigências da

sociedade”, e, no limite, para a transformação profunda da

sociedade (CUNHA, 2007, p.37).

19

Afirma Cunha que a doutrina da reforma universitária de 1968 foi

embasada no idealismo alemão e seu modelo organizacional foi baseado no

modelo norte-americano. Este modelo organizacional já estava sendo pensado

desde os anos de 1940 (CUNHA, 2007, p.20).

Cunha explica que a reforma de 1968 trouxe uma radical mudança de

organização dos recursos materiais e humanos da universidade. Ao invés de

agrupá-los em função dos produtos profissionais, ou seja, nas faculdades,

passaram a ser agregados em função de indução, implicando na estrutura

departamental. O conhecimento a ser ensinado se fragmentou em pequenas

unidades denominadas disciplinas, desarticuladas das matérias

correspondentes às cátedras. A agregação do conhecimento em disciplinas

originou os departamentos e o currículo passou a ser composto por um sistema

de créditos. Portanto, a estrutura da universidade revelou a vitória do

empiricismo anglo-saxônico sobre o racionalismo francês e o idealismo alemão

(CUNHA, 2007, p.21).

Analisando a burocracia e sua função política no funcionamento do

Estado intervencionista pode-se compreender, a partir de uma perspectiva de

totalidade, as relações entre a burocracia e o Estado brasileiro, na década de

1970, e o processo de burocratização do sistema escolar como decorrência

dessas relações (FELIX, 1985, p.165)

Para a autora, a .. exigência imperiosa de aperfeiçoamento da burocracia está

ligada, portanto, ao desenvolvimento econômico do país, e a

modernização da Administração Pública deveria se traduzir,

por um lado, no aperfeiçoamento das suas funções

econômicas. Por outro lado, esse processo de modernização

deveria atingir outros setores da administração pública, o que

de fato ocorreu no setor da Administração da Educação. O

Plano Setorial de Educação e Cultura (72-74) tinha como um

dos seus objetivos a preparação do sistema educacional

brasileiro para realizar a institucionalização da mudança. Para

isto foram previstos os instrumentos de execução da estratégia

educacional dos quais destacam-se os mais relacionados à

proposta de modernização da Administração Pública. (FELIX,

1985, p.167)

20

Segundo Félix, em trechos do I Plano Setorial de Educação e Cultura, ao

tratar da reforma universitária, este trouxe como objetivo a racionalização da

organização acadêmico-didática e administrativa, iniciando um processo de

burocratização da universidade brasileira. (Félix, 1985, p. 170). Afirma que,

as medidas de racionalização adotadas pelo governo, para

expansão do ensino superior, com um mínimo de custo,

visavam atingir outros objetivos relacionados com a

disseminação de uma ideologia „empresarialista‟. Interessa ao

governo adequar a organização universitária aos padrões do

capitalismo, de modo que seja facilitada a integração escola-

empresa. A departamentalização, matrícula por disciplina,

instituição do ciclo básico, vestibular unificado por região

constituem medidas que introduzem na universidade critérios

de racionalidade econômica e de produtividade próprios das

fábricas, onde a divisão do trabalho e a produção em série são

aperfeiçoadas, de acordo com esses critérios, para a obtenção

de maiores taxas de lucro (Félix, 1985, p.170).

Portanto,

... era necessário assegurar a adequação do sistema escolar

ao projeto de desenvolvimento econômico em fase de

consolidação. Para garantir a operacionalização dessas

medidas foi realizada uma reforma no MEC, criando um

sistema de planejamento, coordenação, acompanhamento,

avaliação e um sistema de treinamento e aperfeiçoamento de

recursos humanos. O funcionamento desse sistema deveria

garantir o controle da implementação da Reforma Universitária

e dos demais projetos, bem como assimilar os modernos

modelos criados pela Administração de Empresa para

introduzi-los na Administração Escolar (Félix, 1985, p.171)

Para Félix, o reflexo das mudanças econômicas e políticas advindas da

redefinição do desenvolvimento econômico do país foi muito abrangente e

21

desdobrou em duas medidas na educação, quais sejam: a reforma universitária

de 1968 e a reforma do ensino de 1° e 2° graus em 1971, que atingiram a

organização do sistema escolar em todos os níveis com o objetivo de torná-lo

mais racional e adequado às necessidades do desenvolvimento econômico do

país. (FELIX, 1985, p.29). Ao abordar a Reforma Universitária, Félix recorre a

Luiz Antonio Cunha,

no caso da universidade, as mudanças na sua estrutura

organizacional e administrativa permitiram, ao mesmo tempo,

instalar um processo de burocratização que facilitasse o

controle do Estado em todos os seus órgãos e criasse

mecanismos de contenção de custos para aumentar o

atendimento da demanda, ampliada nos anos que

antecederam à reforma, em decorrência da crise do país que

atingira particularmente a classe média. Ao Estado não

interessava investir mais recursos no ensino universitário, pois

sua função precípua no contexto da nova política econômica

era de concentrador de capital. (CUNHA, apud FELIX, 1985,

p.30)

Segundo a autora, a universidade foi duplamente atingida por este

modelo de Estado intervencionista, que

além da modificação da sua estrutura que permitiu a

ampliação do controle ideológico e a racionalização dos

recursos em detrimento dos seus objetivos, o Estado

privilegiou áreas de ensino necessárias à formação de

recursos humanos destinados ao desenvolvimento das

empresas capitalistas. Foram valorizadas as áreas

relacionadas com a Economia, Administração e Tecnologia,

tornando desvalorizadas as áreas de formação profissional

que não se enquadrassem no projeto de desenvolvimento

econômico do país, estabelecendo, assim, como „natural‟, a

relação entre o conhecimento e o capital (FELIX, 1985, p.30).

22

Em 1968, o Congresso Nacional aprovou a Reforma Universitária, pela

Lei n° 5.540, de 28 de novembro, fixando normas de organização e

funcionamento do ensino superior, e o presidente da República - o general

Costa e Silva - invocando o Ato Institucional n° 5, de 13/12/68, editou o

Decreto-lei nº 464, de 11 de fevereiro de 1969, estabelecendo normas

complementares à Lei nº 5.540. Tratou-se de uma lei específica para o ensino

superior, revogando os dispositivos da Lei 4.024, de 1961, sobre esse nível de

ensino.

Segundo Fávero, a departamentalização encontra resistências desde o

início da implantação da Reforma Universitária. Transcorridas mais de três

décadas, observa-se o departamento, freqüentemente, como um espaço de

alocação burocrático-administrativa de professores, tornando-se, em alguns

casos, como um elemento limitador e até inibidor de um trabalho de produção

de conhecimento coletivo. Porém, com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional nº. 9.394/96, o departamento não constitui mais exigência

legal na estrutura organizacional e administrativa de uma instituição de ensino

superior (FÁVERO, 2006, p.34).

Para Fávero, constata-se que, a partir dos anos 1980, surgem várias

propostas para a reformulação das instituições universitárias. Lembrando que

tanto a reorganização do movimento estudantil, como a de outros grupos da

sociedade civil, só irá se efetivar no final dos anos de 1970, com a abertura

política e a promulgação da Lei da Anistia. No limiar da década de 1980,

observa-se, da parte de significativo número de professores, a consciência de

que o problema da universidade envolve não apenas aspectos técnicos, mas

também um caráter marcadamente acadêmico e político, exigindo análise e

tratamento específicos (FÁVERO, 2006, p.34-35).

Segundo Segatto (SEGATTO, 2005, p.11), no transcorrer das décadas

de 1970 e 1980, foram implantadas políticas de estimulo à expansão de

empresas educacionais privadas e universidades confessionais, incentivando a

massificação do ensino superior para atender à crescente demanda, para as

quais os governos ofereciam facilidades jurídicas e financeiras. Criaram-se no

sistema público muitas universidades federais em vários estados, muitas

vezes, para atender a interesses e compromissos políticos.

23

Para Segatto, nos anos de 1990, num contexto muito favorável ao

ensino privado e desfavorável ao ensino público, muitas medidas foram

tomadas e algumas transformadas em leis, como foi o caso da Lei de Diretrizes

e Bases da Educação Nacional de 1996, e outros mais decretos-leis que

embora contivessem elementos propícios à universidade pública, acabaram

beneficiando principalmente a expansão do ensino empresarial. Essas medidas

tinham o objetivo de corrigir e aperfeiçoar o modelo de americanização das

universidades no Brasil (SEGATTO, 2005, p.11 - 12).

O contexto atual do ensino superior encontra-se de acordo com o

descrito acima. O Censo da Educação Superior realiza anualmente, por meio

do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

(INEP), a coleta de dados sobre a educação superior brasileira com o objetivo

de fornecer a todos os envolvidos e interessados informações detalhadas sobre

a situação atual e as grandes tendências do ensino superior.

Tendo como base o Censo da Educação Superior de 2008 que analisou

a evolução da educação superior no período de 2002 a 2008, tem-se hoje um

total de 2.252 Instituições de Ensino Superior (IES), distribuídas

administrativamente entre públicas e particulares e divididas em federais,

estaduais e municipais. Academicamente se organizam em Universidades,

Centros Universitários e Faculdades. Como pode ser verificado nas tabelas 1, 2

e 3.

De acordo com a tabela 1, das 2.252 instituições de ensino superior

2.016 são instituições particulares e apenas 236 instituições públicas. Ou seja,

um percentual de 90% de instituições particulares e 10% de instituições

públicas. Estas últimas divididas entre federais (4,1%), estaduais (3,6%) e

municipais (2,7%).

Em consonância com a tabela 2, considerando a organização

acadêmica, das 2.252 instituições de ensino superior tem-se: 183

Universidades, 124 Centros Universitários e 1.945 Faculdades.

De acordo com a tabela 3, considerando a organização acadêmica, das

2.252 instituições de ensino superior tem-se a seguinte distribuição:

Universidades Públicas são 98 e Privadas são 86; Centros Universitários

Públicos são 05 e Privados são 119; e Faculdades Públicas são 134 e Privadas

são 1.811.

24

Com esses dados pode-se observar que houve um crescimento

significativo nesse período de 2002 a 2008. Porém, como afirma Sguissardi

(2005) tal crescimento significativo, principalmente no setor privado, está

ocorrendo há um bom tempo.

No caso do Brasil, a multiplicação das instituições de ensino superior

privadas, em especial com fins lucrativos, foi extraordinária nos anos recentes,

elevando-se seu número a cerca de 90% do total. As matrículas em instituições

privadas já beiram os 80%, com evidente potencial de crescimento. Em

contrapartida, mais de 90% da pesquisa produzida no país – mormente a

básica –, mais de 80% dos mestres e 90% dos doutores titulados são frutos do

investimento público e da atividade científico-acadêmica das universidades

públicas (SGUISSARDI, 2005, p.193).

É a partir de 1994, no caso do Brasil, que se inicia um consistente

processo de redução de gastos públicos federais para o conjunto das

instituições federais de ensino superior (IFES) e se desencadeia a retomada,

em grau muito mais aprofundado que na década de 1970, sob a ditadura

militar, da privatização desse nível de ensino. (SGUISSARDI, 2005, p.201).

25

Tabela 1: Evolução do Número de Instituições, segundo a Categoria Administrativa ‐ Brasil ‐ 2002 a 2008

Tabela 2: Evolução do Número de Instituições, segundo a Organização Acadêmica ‐ Brasil ‐ 2002 a 2008

26

Tabela 3: Instituições de Educação Superior, públicas e privadas, segundo a Organização Acadêmica ‐ Brasil – 2002‐2008

27

2.2 – Função da Universidade

Lourenço Filho afirma que atendendo à sua origem histórica, o nome

universidade só se aplica a centros de estudos superiores em que se ministre

ensino humanístico, além do tipo profissional e técnico, e em cujo seio a

formação integral do homem seja atendida e desenvolvida pela investigação

científica. As escolas técnicas, em que só se cultive um ramo aplicado de

conhecimento, não traduzem essa idéia de universalidade e, por mais alto que

seja o seu nível científico, não são universidades (LOURENÇO FILHO, 2007,

pág. 161).

Para Lourenço, a função social do ensino superior abarca a formação do

trabalhador intelectual, em geral; o desenvolvimento da pesquisa em todos os

ramos do saber; e a ação de extensão da cultura, ou mesmo, de sua difusão

por todas as classes. Portanto, fundamentalmente, sua função é proporcionar

formação para o trabalho técnico, científico, artístico e social, em geral, em

nível ulterior ao do ensino médio (LOURENÇO FILHO, 2007, pág. 171).

Segundo Silvio Botomé, a atribuição específica da universidade é a de

produzir e tornar acessível o conhecimento a toda comunidade científica e à

sociedade. A universidade tem o compromisso perante a sociedade de

responsabilizar-se pelo saber, preservando, criticando e sistematizando o saber

existente, bem como pela produção de novos conhecimentos e divulgação

desses conhecimentos, tornando-os acessíveis à sociedade (BOTOMÉ, apud

PIAZZA, 1997, p. 34).

Para Santos, pode-se dizer que há universidade quando há formação

graduada e pós-graduada, pesquisa e extensão. Sem qualquer um destes,

existe apenas o ensino superior. Isto significa que, em muitos países, a maioria

das universidades privadas e mesmo parte das universidades públicas não são

universidades porque lhes falta a pesquisa ou a pós-graduação. (SANTOS,

2005, p. 64 - 65).

Para Marco Aurélio Nogueira (NOGUEIRA, 2005, p.22) a universidade é

uma organização social que recebe atribuições, se reporta e é reconhecida

pela sociedade. Considera a universidade como um agregado de pessoas que

possuem qualidades específicas e são unidas pela missão de produzir e

28

transferir conhecimentos, acumular e divulgar pensamento crítico, formar

pessoas como cidadãos, profissionais e lideranças intelectuais.

Para Cunha (CUNHA, 2007), ensino superior é aquele que visa ministrar

um saber superior. Segundo Cunha (CUNHA, 2007, p.18),

numa formação social, concebida historicamente, não se

encontra apenas um saber, mas vários: esquematicamente, os

saberes dominantes (das classes dominantes) e os saberes

dominados (das classes dominadas). Todo ensino, operando

necessariamente por meio de um aparelho escolar, propõe-se

a ministrar um saber dominante, mas não todos os saberes

dominantes.(CUNHA, 2007, p. 18, grifos do autor).

Segundo Piazza, o ensino de graduação pode ser considerado como

uma modalidade de ensino superior,

o ensino de graduação, como uma modalidade de ensino

superior, poderia ser talvez mais adequadamente definido

como aquele que visa a formar profissionais aptos a

compreenderem a realidade, a se relacionarem com ela, a

intervirem nela e a transformá-la, através de ações

cientificamente fundamentadas, tecnicamente adequadas e

socialmente significativas. Tal qualificação se expressa na

capacidade de utilizar (com responsabilidade e ética) o

conhecimento e a tecnologia mais avançados, disponíveis,

deles derivando formas, tão aprimoradas quanto possível, de

conduta profissional e pessoal; integrar dados e informações

de diferentes naturezas e conhecimentos de diversos tipos e

áreas, para maximizar a qualidade e eficácia de suas

intervenções; dar conta dos desafios que a realidade impõe,

criando novas ou melhores soluções para os problemas com

que as pessoas se defrontam; analisar e avaliar, constante e

criticamente, a sociedade e sua própria participação nela, como

cidadão e profissional; trabalhar profissionalmente em níveis de

atuação voltados, preponderantemente, para a promoção e o

melhoramento das condições de vida da população, de modo a

29

contribuir para a transformação da realidade em uma direção

que seja significativa, isto é, importante, necessária e desejada

pela maioria das pessoas. (PIAZZA, 1997, p. 21).

A universidade é uma instituição social que apresenta elevado grau de

formalização e possui características próprias a uma instituição dessa

natureza: tem existência jurídica, tem organização e funcionamento

estabelecidos e regulados em instrumentos formais, conta com estrutura

administrativa para realizar suas funções, congrega pessoas em torno de

interesses e de objetivos definidos e socialmente reconhecidos, assume formas

e desempenha funções diferenciadas, de acordo com a localização e o

contexto social em que está inserida. Possui objetivos gerais que são comuns a

outras instituições, na medida em que dizem respeito à educação, à busca do

saber, à promoção da cultura e do desenvolvimento do país onde se situa, à

melhoria das condições de vida da sociedade. (PIAZZA, 1997, p. 33-34).

Atualmente, as diretrizes gerais para o ensino superior, referentes à sua

organização, ensino, pesquisa e extensão, estão estabelecidas na Constituição

Federal de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -

LDBEN/96 – (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) e no Plano Nacional

de Educação – PNE – (Lei n 10.172, de 09 de janeiro de 2001). Essas

diretrizes gerais possibilitaram, na última década, ao Ministério da Educação

elaborar e desenvolver políticas para o ensino superior no sentido da

ampliação da oferta no setor público, garantindo a excelência acadêmica.

O Plano Nacional de Educação (PNE) estabelecido nos artigos 9 e 87 da

LDBEN/96 e publicado como lei no ano de 2001 institui a Década da

Educação, elabora um diagnóstico do ensino no Brasil e estabelece diretrizes,

objetivos e metas para todos os níveis e modalidades de ensino. Para o

ensino superior estabeleceu, dentre outros aspectos:

instituir programas de fomento para que as instituições de

educação superior constituam sistemas próprios e sempre que

possível nacionalmente articulados, de avaliação institucional e

de cursos, capazes de possibilitar a elevação dos padrões de

qualidade do ensino, de extensão e no caso das universidades,

30

também de pesquisa; estabelecer sistema de

recredenciamento periódico das instituições e reconhecimento

periódicos dos cursos superiores, apoiado no sistema nacional

de avaliação; estabelecer, em nível nacional, diretrizes

curriculares que assegurem a necessária flexibilidade e

diversidade nos programas de estudos oferecidos pelas

diferentes instituições de educação superior, de forma a melhor

atender às necessidades diferenciais de suas clientelas e às

peculiaridades das regiões nas quais se inserem; a partir de

padrões mínimos fixados pelo Poder Público, exigir melhoria

progressiva da infra-estrutura de laboratórios, equipamentos e

bibliotecas, como condição para o recredenciamento das

instituições de educação superior e renovação do

reconhecimento de cursos.

Todas as diretrizes estabelecidas no PNE elencadas para o ensino

superior têm correlação direta com os responsáveis pela gestão dos cursos de

graduação, ou seja, a efetivação do PNE passa necessariamente, embora não

só, pela atuação do coordenador de curso de graduação. Entende-se, aqui que

o coordenador de curso tem a função semelhante ao de um gestor

educacional, para tanto, no próximo capítulo é preciso abordar a administração

escolar, bem como a função deste gestor.

31

CAPÍTULO III

BBRREEVVEE HHIISSTTÓÓRRIICCOO DDAA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EEDDUUCCAACCIIOONNAALL

Neste capítulo apresenta-se um breve histórico da administração escolar

com as influências das várias teorias da administração geral e na sequência as

especificidades da administração educacional ou gestão educacional.

Pretende-se, em decorrência disto, delinear teoricamente o perfil do gestor

educacional como referência para a pesquisa empírica componente deste

estudo. Tal abordagem, também, é necessária para se compreender as

principais teorias de administração educacional, bem como qual é o papel do

gestor educacional, pois se entende o coordenador de curso de graduação

como um gestor educacional no âmbito do ensino superior.

3.1 – A Administração Geral A escola vista como uma organização social sofreu influência dos

princípios da administração geral surgida com as necessidades do modo de

produção capitalista. A administração escolar teve influências das diferentes

escolas de administração que, por sua vez, tiveram diferentes enfoques, quais

sejam: Escola Clássica de Administração Científica, Relações Humanas,

Behaviorismo, Estruturalismo, Sistemas Abertos, Desenvolvimento

Organizacional e Qualidade Total.

Com isso, foram transpostos modelos de análise empresarial que

tratavam das condições e atividades para a elaboração de um produto de

consumo, algo totalmente diverso do tipo de serviço que a escola oferece.

Assim, é preciso fazer um breve resgate histórico da origem da administração

geral e sua influência sobre a administração educacional.

Tendo como pressuposto que a administração se refere à racionalização

e à coordenação do trabalho coletivo, pode-se buscar seus primórdios com a

origem da gerência.

Segundo Braverman, o capitalismo industrial começa quando um

significativo número de trabalhadores é empregado por um único capitalista. No

32

início, o processo de produção se dava em pequenas unidades de produção e

refletia pouca mudança referente aos métodos tradicionais, ficando o controle

do trabalho sob a responsabilidade dos próprios produtores, como os artesãos

que eram independentes. Porém, ao reunir os produtores sob o mesmo teto e

ao exigir um trabalho cooperativo, surge o problema da gerência de forma bem

rudimentar. Tal trabalho cooperativo exige uma coordenação dos processos de

trabalho, como: ordenar tarefas/operações, centralizar matéria-prima, escalonar

prioridades, atribuir funções, dentre outros (BRAVERMAN, 1978, p. 61).

Toda essa situação exigiu funções de concepção e coordenação que na

indústria capitalista assumiram a forma de gerência. No início desse processo,

o próprio capitalista assumiu as funções de gerente, por ser o proprietário do

capital. (BRAVERMAN, 1978, p. 62).

Na fase em que o capitalista ainda não havia assumido a função de

direção e controle do processo de trabalho, os sistemas de tarefas domiciliares

e de subcontratação representaram uma forma de transição. Mas, esses

sistemas acabaram apresentando irregularidades no processo de produção,

quais sejam: perdas de matéria-prima, lentidão na fabricação, falta de

uniformidade e qualidade no produto e principalmente incapacidade de

transformar os processos de produção que resultaram no impedimento de um

maior desenvolvimento da divisão do trabalho. Com isso, a função de gerência

ganha um papel muito importante no modo de produção capitalista.

(BRAVERMAN, 1978, p. 64 e 65).

Como afirma Braverman,

.... o requisito para a gerência era a reunião de trabalhadores

sob o único teto. O primeiro efeito de tal mudança era impor

aos trabalhadores horas regulares de trabalho, em contraste

com o ritmo auto-imposto que incluía muitas interrupções,

meio-expedientes e feriados, e em geral impedia a extensão

da jornada de trabalho para fins de produzir um excedente nas

condições técnicas então existentes (BRAVERMAN, 1978,

p. 66)

33

A gerência nasce com o propósito de centralizar os trabalhos e controlar

os trabalhadores que se reunissem sob o mesmo teto, assumindo formas

rígidas e despóticas e empregou métodos coercitivos para adequar os

empregados à suas tarefas (BRAVERMAN, 1978, p. 67).

No método de exploração, os capitalistas visavam à total dominação

econômica, espiritual, moral e física de seus empregados. Nesta fase, os

capitalistas estavam em busca de uma teoria e prática da gerência. Ao criar

novas relações sociais de produção e ao transformar o modo de produção, os

capitalistas passaram a enfrentar problemas de administração da atividade

produtiva. Com isso, o conceito fundamental de todos os sistemas de gerência

é o controle (BRAVERMAN, 1978, p. 67).

No modo de produção capitalista, a organização industrial teve como

princípio fundamental a divisão do trabalho. Ao subdividir sistematicamente o

trabalho de cada especialidade produtiva em operações limitadas estas foram

separadas umas das outras e atribuídas a diferentes trabalhadores, surgindo o

trabalho parcelado. Portanto, ao dividir os ofícios baratearam-se suas partes

individuais, pois a sociedade capitalista baseia-se na compra e venda da força

do trabalho (BRAVERMAN, 1978, p. 70 - 75).

A divisão social do trabalho divide a sociedade entre

ocupações, cada qual apropriada a certo ramo de produção; a

divisão pormenorizada do trabalho destrói ocupações

consideradas neste sentido, e torna o trabalhador inapto a

acompanhar qualquer processo completo de produção. No

capitalismo, a divisão social do trabalho é forçada caótica e

anarquicamente pelo mercado, enquanto a divisão do trabalho

na oficina é imposta pelo planejamento e controle

(BRAVERMAN, 1978, p. 72).

Como visto anteriormente, a escola é vista como uma organização social

que sofreu influência dos princípios da administração geral surgida com as

necessidades do modo de produção capitalista. Para tanto, considerou-se

interessante elaborar uma síntese sobre as principais Escolas de

Administração fundamentada na leitura e análise da obra “Teoria Geral da

34

Administração: uma introdução” de Fernando Cláudio Prestes Motta, 1981, e

na autora Lenita Turchi ao abordar sobre o tema da Qualidade Total.

Segundo Motta (1981), com o advento das máquinas evidenciou-se a

necessidade de racionalização da organização e execução do trabalho. No

início do século XX, surgem os pioneiros em racionalização do trabalho,

Frederick Winslow Taylor e Henri Fayol. E com eles o que ficaria conhecido

como a Escola Clássica de Administração.

A Escola Clássica de Administração entendendo o homem como um ser

racional e que ao tomar decisões buscará sempre a melhor alternativa para

maximizar os resultados de sua decisão, apresenta a visão de homem como

“homo economicus”. Ou seja, o homem realiza seu trabalho em termos de

lucros, sendo seus valores tidos como econômicos. Portanto, para esta escola

os incentivos à produção eram puramente econômicos, pagava-se mais para

quem produzisse mais.

A organização é formal e vista como uma forma de estruturar a empresa

e como condição primeira para o processo de racionalização do trabalho. O

administrador tem a função, apenas, de organizar o trabalho, ou seja, as

tarefas que os homens realizariam. As relações pessoais são de subordinação

e a resolução de conflitos ocorria pela força, ou seja, pelo poder que o

capitalista como o comprador de força de trabalho e detentor dos meios de

produção, por meio de seus chefes exerce sobre os seus empregados.

Observando-se que havia um alto grau de centralização da tomada de

decisões.

Já a Escola de Relações Humanas tem como principal autor George

Elton Mayo que quando fez suas críticas à Escola Clássica de Administração

atribuiu grande relevância aos aspectos humanos do trabalhador, bem como

suas características sociais, biológicas e psicológicas. Com isso, substituiu a

visão de “homo economicus” por “homo social”, pois o homem é visto como um

ser complexo, com diferenças individuais e dotado de sentimentos,

necessidades e valores que precisam ser considerados. Desta forma, os

incentivos utilizados para o aumento da produção segundo esta abordagem

são os psicossociais.

Essa escola deslocava o foco da organização formal para os grupos

informais e suas inter-relações que devem ser controladas, evitando os

35

conflitos. Enfatizou a motivação como uma grande possibilidade de levar o

indivíduo a desempenhar os papéis e considerou a participação nas decisões

como uma forma de conhecer a tarefa a ser realizada, bem como sua

finalidade.

Na Escola Behaviorista, tendo como maior expoente Herbert Simon,

buscou-se analisar a organização com mais objetividade, desde o

comportamento administrativo até os processos organizacionais. Preocupou-se

com o aspecto racional do comportamento humano, dando especial atenção à

característica humana da adaptabilidade. Assim, concebe o homem como

“homo administrativo”.

O behaviorismo colocou grande ênfase no processo de tomada de

decisão como algo central na administração da organização. Abordou a

autoridade e a aceitação como fatores determinantes das ações de relações;

ou seja, os motivos pelos quais as pessoas aceitam ordens e decisões definem

as relações de autoridade.

Essa escola concebe a organização como um sistema cooperativo

racional, no qual os conflitos são negociáveis. Os indivíduos encontram-se

dispostos a cooperarem sempre que vêem refletido, dentro de suas atividades

na organização, seus próprios objetivos pessoais, por meio de incentivos

mistos, o que acaba caracterizando uma forma de equilíbrio na organização.

O Estruturalismo, tendo como referência Max Weber, atribui especial

importância no relacionamento das partes na constituição do todo, ou seja,

considera a totalidade e a interdependência das relações dos integrantes na

organização. Entende o homem como o homem organizacional, pois o homem

é dependente das diversas organizações sociais ou dos diversos sistemas

sociais.

Para o estruturalismo, a organização é um sistema social construído e

em constante relação com o seu ambiente. A cooperação é conseguida em

função da obtenção das recompensas sociais e materiais, definindo assim, a

forma de dedicação do homem na organização. Concebe o conflito e suas

tensões como processos sociais fundamentais, sendo grandes elementos

propulsores do desenvolvimento tanto da organização como do indivíduo.

Na abordagem dos Sistemas Abertos, a organização é concebida em

termos de comportamentos inter-relacionados, enfatizando mais os papéis que

36

as pessoas desempenham em detrimento das próprias pessoas. Assim, tem a

visão de homem funcional, para o qual todos os aspectos do comportamento

tornam-se relevantes para o desempenho de um papel, incluindo as

expectativas. Para tanto, a organização é vista como um sistema aberto e

influenciado pelas variáveis organizacionais, de personalidade e de relações

interpessoais.

A organização por ser considerada como um sistema aberto e sofrer

influências de variáveis internas e externas, esta escola, entende o conflito

como natural e o denomina de conflitos de papéis, o que apresenta um custo

muito alto tanto para os indivíduos e como para a organização, pois precisará

de coordenação e colaboração entre ambas a partes para solucionar o conflito.

O grau de interesse e de envolvimento, ou seja, de participação dos

indivíduos está relacionado com a liberdade dada, considerando a natureza

das atividades a serem desempenhadas, bem como com as formas de

incentivos oferecidos para o aumento da produção são os mistos.

A Escola do Desenvolvimento Organizacional enfatizou o papel das

mudanças no desenvolvimento das organizações, entendendo a mudança

organizacional como um conjunto de alterações na situação ou no ambiente de

trabalho de uma organização.

Essa escola entende desenvolvimento organizacional como um

processo dinâmico e as mudanças advindas dele podem ser tanto estruturais

quanto comportamentais, sendo que uma interfere na outra, ou seja, estão

inter-relacionadas.

A teoria da Qualidade Total, assim como as demais, também influenciou

a administração escolar. Segundo Lenita Turchi, essa abordagem constitui uma

nova teoria, uma mudança de paradigma em relação à concepção tradicional

de organizações como máquinas e organismos. Tem como princípio a busca

de melhorias, baseado no pressuposto de que a sobrevivência de uma

organização depende de sua capacidade de adaptação a mudanças no

ambiente dos negócios (TURCHI, 1997).

Segundo Turchi (TURCHI, 1997), a organização é concebida como

sistema integrado, com o objetivo de satisfazer às necessidades dos clientes e

com a idéia de que qualidade total é resultado do envolvimento de toda a

organização na busca contínua de melhorias de produtos e processos. O

37

ambiente de trabalho é baseado em cooperação, autonomia e incentivo à

criatividade e participação, relações mais abertas e cooperativas entre gerentes

e trabalhadores.

De uma forma geral, na sociedade industrial, a administração foi

necessária e colocada em prática não somente em indústrias, mas também em

outras organizações sociais, com o objetivo de que desenvolvessem melhorias

em seu desempenho e cumprissem suas finalidades. Tal afirmação é feita por

Peter Drucker,

....a administração não é apenas „administração de

empresas‟. Ela diz respeito a toda iniciativa humana que reúne

numa organização pessoas de conhecimentos e habilidades

diferentes. Ela precisa ser aplicada a todas as instituições do

terceiro setor – hospitais, universidades, igrejas, organizações

artísticas, órgãos de assistência social, etc. Em todo o mundo,

a administração tornou-se a nova função social (DRUCKER,

1993, p. 193).

Para Drucker a administração refere-se a seres humanos, procura

integrá-las num mesmo empreendimento, estabelecendo objetivos, metas e

valores, investe em contínua formação de seus participantes, fundamenta-se

na comunicação e responsabilidade e avalia seu desempenho. (DRUCKER,

1993, p.196 -197).

A administração é, portanto, o que a tradição chamava de arte

liberal: „liberal‟ por lidar com os aspectos fundamentais do

conhecimento, do auto-conhecimento, da sabedoria e da

liderança; „arte‟ por ser uma prática e uma aplicação. Os

administradores têm que recorrer a todos os conhecimentos e

ensinamentos das ciências humanas e das ciências sociais –

da psicologia e da filosofia, da economia e da história, das

ciências exatas e da ética. Mas eles têm que polarizar esses

conhecimentos em torno da eficácia e dos resultados – curar

um paciente doente, ensinar um estudante, construir uma

ponte, conceber e vender um software de computador fácil de

usar. (DRUCKER, 1993, p. 198)

38

No evoluir da produção industrial, a administração de empresa

desenvolve teorias sobre a organização do trabalho na sociedade regida pelo

capitalismo. Já a administração escolar apresenta, apenas, proposições

teóricas sobre a organização do trabalho escolar e do sistema escolar, não

constituindo um corpo teórico, contudo em seu conteúdo é possível identificar a

influência das diferentes escolas da administração de empresa. (FÉLIX, 1985,

p. 71). Essa influência das teorias da administração de empresa sobre a

administração escolar pode ser justificada quando alguns teóricos da

administração escolar usam as teorias administrativas nos estudos da

administração escolar, como afirma Félix,

os teóricos da Administração Escolar procuram utilizar nos

seus estudos as teorias da Administração de Empresa,

procurando alcançar um grau de „cientificidade‟ necessário para

comprovar a importância da Administração Escolar como

orientação teórica capaz de assegurar o funcionamento

satisfatório da organização escolar em correspondência às

expectativas da sociedade. (FÉLIX, 1985, p. 72)

Segundo Félix, os teóricos da administração de empresa, por um lado,

querem a generalização de sua teoria, ou seja, querem uma teoria que se

aplique à administração de todas as organizações. Os teóricos da

administração escolar, por outro lado, buscam validar suas proposições

teóricas em bases científicas a partir das teorias da administração de empresa,

para nortear a prática administrativa na organização escolar. Com isso,

evidenciam-se dois pressupostos básicos assumidos pelos teóricos da

administração de empresa e da administração escolar, quais sejam: primeiro é

de que as organizações são semelhantes e tem estruturas similares, embora

possam ter objetivos diferentes; segundo é o de que a organização escolar e o

sistema escolar precisam assimilar métodos e técnicas de administração que

garantam a eficiência do sistema. (FÉLIX, 1985, p. 73-74)

Conclui afirmando,

39

...a Administração Escolar adota a orientação da Administração

de Empresa, buscando o seu modelo de eficiência e esta

procura ampliar a sua validade, elaborando proposições sobre

as estruturas organizacionais e os critérios da avaliação do seu

funcionamento, considerados elementos que definem o

desempenho da maioria das organizações. (FÉLIX, 1985, p.

75).

Entende-se que numa sociedade capitalista a administração é

necessária a toda iniciativa humana que reúna numa organização pessoas de

conhecimentos e habilidades diferentes, portanto, não se aplicando somente à

empresa, mas em todas as organizações e inclusive nas educacionais. Nestas

organizações educacionais a administração é necessária em todos os seus

níveis, ou seja, do ensino básico ao ensino superior. Considerando o exposto,

e também que algumas teorias da administração de empresa influenciaram a

administração escolar, passa-se a discorrer sobre a administração escolar e

suas especificidades.

3.2 – A Administração Educacional

Como visto anteriormente, Félix alerta sobre os riscos da transposição

do pensamento da administração no contexto da produção capitalista para o

contexto da educação. Por conta disto, importa aqui trazer o pensamento de

educadores sobre a questão.

Na década de 1960, Lourenço Filho dizia que as tarefas fundamentais

do organizador e administrador, são duas: o informar-se e o decidir. Informar-

se sobre as finalidades gerais e integradas do empreendimento de que

participa. Para decidir precisa saber para que, onde, quando, com quem e com

que, que acaba qualificando a própria situação do administrador, sua esfera de

responsabilidade e nível de autoridade (LORENÇO FILHO, 2007, p. 72). Para

ele, administrar é planejar e programar, dirigir e coordenar, verificar e apreciar

o trabalho feito (LORENÇO FILHO, 2007, p. 74)

Rudolf Lenhard ao falar em grandes organizações remete a grupos

sociais administrados, como a escola. Ao estudar a administração escolar,

40

afirma o autor, que esta se insere num campo mais amplo que é a Ciência da

Administração Geral. Administração escolar é uma modalidade especial das

atividades administrativas (LENHARD, 1978, p. 31). Segundo Lenhard, os

sociólogos quando se referem a grandes organizações, alegam que estas têm

uma estrutura formal e uma estrutura informal. Organizações são sistemas de

ação social dirigidos para objetivos definidos e permanentes. Organizar

racionalmente as atividades para se atingir certos fins, acaba por dar origem à

administração (LENHARD, 1978, p. 32-33).

Myrtes Alonso afirma que numa teoria para a administração escolar está

implícito que ela é uma particularização, ou melhor, um ramo da Administração

Geral; nela está contida ainda a idéia de que a escola é uma organização, e

que a sua função é um empreendimento com características sociais que devem

ser consideradas em sua especificidade, porém a função administrativa seja

basicamente a mesma onde quer que se apresente. (ALONSO, 1976, p. 30).

Alonso (ALONSO, 1976, p.164), que fez uma análise sob o enfoque

comportamentalista, afirma que o cargo de diretor de escolas representa a

configuração da autoridade administrativa ao nível do microssistema. Ele se

apresenta como o responsável geral pelo desenvolvimento das atividades

escolares e, conseqüentemente, pelo adequado desempenho de um grupo de

profissionais com relação ao alcance de objetivos estabelecidos, similar, no

caso, ao papel do coordenador de curso que, ao coordenar o desenvolvimento

do projeto pedagógico do curso, precisa trabalhar coletivamente com os outros

docentes envolvidos no curso para se atingir os objetivos estabelecidos neste

projeto.

De acordo com Alonso, para conseguir esses objetivos, o diretor, precisa

recorrer às habilidades técnicas, humanas e conceituais. Alonso definiu as

habilidades técnicas como aquelas que dizem respeito à familiaridade com os

problemas específicos da educação e do ensino; as habilidades humanas

como aquelas que se referem ao tratamento das pessoas a fim de conseguir

que aceitem as ordens dadas e participem ativamente do processo geral; as

habilidades conceituais como aquelas que se relacionam com a capacidade de

perceber a escola como uma entidade, e o programa educacional como um

conjunto ou totalidade. Utilizando-se, pois, dessa tríplice habilidade – técnica,

humana e conceitual – o diretor deverá avaliar o programa educacional da

41

escola, tanto da perspectiva interna, com os próprios membros da organização,

como da perspectiva externa, isto é, da comunidade e dos órgãos mais altos na

hierarquia do sistema escolar. (ALONSO, 1976, p. 166).

O papel do diretor consistirá neste caso, em explicitar o programa

educacional da forma pela qual foi entendido e desenvolvido na escola, ouvir

críticas quanto aos seus pontos fracos, contra argumentar quando for o caso,

servir de mediador entre a organização escolar e os outros elementos do

sistema social em que está envolvida. O ideal seria, no caso das escolas

públicas, que o diretor tivesse igualmente participação no processo de

recrutamento e seleção dos professores e de revisão de currículos. (ALONSO,

1976, p. 166).

Identificadas as relações entre as atividades técnico-pedagógicas e as

administrativas, a autora conclui pela impossibilidade de uma separação entre

ambas ainda que cada qual apresente suas próprias características e

necessidades (ALONSO, 1976, p. 172).

As mudanças relativas aos objetivos específicos da escola, decorrentes

de novas necessidades surgidas socialmente, mostram a impossibilidade de se

pensar na escola com uma estrutura rígida, inflexível. Torna-se função da

administração escolar propiciar os ajustes necessários, criando, quando

necessário, funções adicionais, redefinindo papéis já existentes, em suma,

provendo a escola dos recursos adequados ao seu funcionamento eficiente.

Essas alterações geram, frequentemente, conflitos e tensões,

incompatibilizando-se muitas vezes com a hierarquia existente. Nesta

circunstância, cabe ao administrador o papel de líder, encontrando as fontes

verdadeiras de reforço da autoridade, quer seja na estrutura formal quer seja

na informal (ALONSO, 1976, p. 172).

Para James D. Thompson (apud, LENHARD, 1978, p. 33) administração

é o co-alinhamento das ações de uma organização na direção dos seus

objetivos. Dessa forma, implica grande importância à função de coordenar.

Assim, “pode-se admitir ser ela a mais fundamental, a que mais diretamente

expressa o sentido de toda administração. Planeja-se, organiza-se, dirige-se

para coordenar os trabalhos do todo” (LENHARD, 1978, p. 95).

Segundo Lenhard, a estrutura administrativa no ensino superior costuma

ser por departamentalização funcional (LENHARD, 1978, p. 110). Por esta se

42

entende a separação das atividades qualitativamente complementares e cuja

interdependência integra o todo, sendo a coordenação entre as funções de

extrema importância. Embora a coordenação das funções seja muito

importante, não é uma tarefa simples e fácil de realizar. Com isso, este estilo

de estrutura acaba exigindo dos coordenadores competência tanto mais

abrangente, quanto mais especializada (LENHARD, 1978, p. 98).

Segundo Lenhard, “o ensino por áreas de estudo,..., e a

interdependência mesmo do ensino por disciplinas, visando a um objetivo

global, pedem entrosamento bem maior e, por conseguinte, coordenação”

(LENHARD, 1978, p. 109). Pode-se dizer que, articular as diferentes áreas do

conhecimento que compõem o currículo de um curso de graduação para se

atingir os objetivos propostos em seu projeto pedagógico, exige-se o

entrosamento entre as diferentes áreas e, também, um trabalho e uma

dedicação minuciosos da coordenação de curso. Dessa forma, o coordenador

de curso desempenha funções semelhantes à de um gestor educacional.

De acordo com Vitor Henrique Paro (PARO, 1991, p. 124), alguns

teóricos da administração escolar, de forma clara ou não, consideram que os

mesmos métodos e técnicas da empresa podem ser aplicados na escola,

desde que adaptados. Com isso, a administração escolar é encarada como um

problema meramente técnico, desconectado de seus determinantes

econômicos e sociais.

Paro, em sua obra “Administração Escolar: introdução crítica” (1991),

defende uma administração escolar voltada para a transformação social,

considerando, dentre outras instituições sociais, a escola como um espaço que

pode contribuir com as mudanças que se fazem necessárias.

Para ele,

...estar sujeita às múltiplas determinações sociais que a

colocam a serviço das forças e grupos dominantes na

sociedade, a administração se constitui num instrumento que,

como tal, pode articular-se tanto com a conservação do status

quo quanto com a transformação social, dependendo dos

objetivos aos quais ela é posta a servir (PARO, 1991, p.

123).

43

Ao transpor os modelos teóricos de administração empresarial para a

escola generalizam-se os princípios teóricos da administração geral a todos os

tipos de administração e com isso, desconsidera-se a administração escolar

como uma atividade específica da educação.

Segundo Paro, alguns teóricos concebem a escola como algo bem

semelhante a uma empresa, ao a considerarem como uma atividade

administrativa apenas sob a ótica técnica. Corre-se o risco de não considerar

as outras dimensões da atividade administrativa que são a humana e a político-

social.

O diretor de escola diferencia-se do diretor de empresas quando

coordena a construção e a realização do trabalho pedagógico que é inerente a

qualquer instituição educativa, tais como: conteúdos e metodologias a serem

utilizados no processo de ensino e aprendizagem, atividades de organização,

de estrutura, de funcionamento, de recursos humanos, recursos materiais,

financeiros e até mesmo da própria burocracia.

Existem inúmeras características distintas entre a administração escolar

e a empresarial, porém há uma diferença bem específica que é o trabalho

realizado em ambas: uma trabalha com produção de mercadoria, que é algo

palpável e vê-se o resultado final com mais rapidez, e a outra com a realização

do trabalho pedagógico, que não o é palpável e nem possui resultados

imediatos.

Segundo Paro (PARO, 1991, p. 133), o diretor de escola ao

desempenhar seu papel acaba por exercer duas funções: por um lado de

educador que precisa cuidar da busca dos objetivos educacionais

estabelecidos na escola, por outro de gerente e responsável pela instituição

escolar fazendo cumprir as determinações legais oriundas dos órgãos

superiores. Tais determinações acabam por concorrerem com a busca da

realização dos objetivos estabelecidos, pois o diretor acaba dedicando grande

parte de seu tempo para atender as formalidades burocráticas. Dessa forma,

envolvido, assim, com os inúmeros problemas da escola e

enredado nas malhas burocráticas das determinações formais

emanadas dos órgãos superiores, o diretor se vê grandemente

44

tolhido em sua função de educador, já que pouco tempo lhe

resta para dedicar-se às atividades mais diretamente ligadas

aos problemas pedagógicos no interior de sua escola. (PARO,

1991, p. 133).

Segundo Francisco Filho (FRANCISCO FILHO, 2006, p. 59), a

administração é a utilização de recursos humanos e materiais, de forma

racional, para a realização de determinados fins. Dessa forma, é condição

necessária à vida humana e organizacional, estando presente em todas as

organizações dirigidas por homens; e a administração escolar não é exceção.

A administração está sujeita a determinações políticas, sociais, filosóficas,

financeiras, dentre outras. A “Administração Geral e a Administração Escolar

estão inseridas no mesmo momento histórico e amparadas pela mesma

filosofia de vida defendida em cada época” (FRANCISCO FILHO, 2006, p. 66).

Complementa considerando que a administração escolar encontra-se inserida

no contexto geral da sociedade, sendo parte da administração geral. Portanto,

o administrador escolar precisa entender as teorias referentes à administração,

à economia, à sociologia, à psicologia e principalmente às tendências e

práticas pedagógicas. Este administrador é um gestor e um professor ao

mesmo tempo (FRANCISCO FILHO, 2006, p. 73). Segundo este autor, nas

grandes universidades brasileiras, a administração escolar, recentemente

chamada de Gestão Escolar, passou a considerar as teorias da administração

geral como um campo de estudos para melhor trabalhar os problemas

referentes à escola (FRANCISCO FILHO, 2006, p. 92).

No contexto da educação brasileira tem sido dedicada muita atenção à

gestão que, enquanto um conceito novo e superador do enfoque limitado de

administração, se assenta sobre a mobilização dinâmica e coletiva do elemento

humano (LÜCK, 2006, p. 26 - 27).

Apesar de não ser a gestão da escola assunto recente, Heloísa Lück

(LÜCK, 2006, p. 33) considera que a expressão Gestão Educacional ganhou

evidência na literatura e aceitação no contexto educacional na década de 1990,

sendo reconhecida como base fundamental para a organização efetiva e

estabelecimento de unidade dos processos educacionais, mobilização das

pessoas voltadas para o desenvolvimento e melhoria da qualidade do ensino. A

45

óptica da gestão educacional não elimina a óptica da administração, apenas

supera as limitações de um enfoque fragmentado, simplificado e reduzido. A

gestão educacional se baseia na administração e a propõe como uma

dimensão e área da gestão. Gestão educacional surge como superação das

limitações do conceito de Administração Escolar. (LUCK, 2006, p. 34)

Para Lück (LÜCK, 2006, p. 52), a gestão educacional caracteriza-se pela

maior aproximação e horizontalização na tomada de decisões entre os

diferentes segmentos e aproximação entre planejamento e ação, entre teoria e

prática, entre diversos atores e usuários, buscando estabelecer na instituição

uma orientação transformadora, a partir da dinamização de rede de relações

que ocorrem, dialeticamente, no seu contexto interno e externo.

Gestão educacional corresponde ao processo de gerir a

dinâmica do sistema de ensino como um todo e de

coordenação das escolas em específico, afinado com as

diretrizes e políticas educacionais públicas, para a

implementação das políticas educacionais e projetos

pedagógicos das escolas, compromissado com os princípios da

democracia e com métodos que organizem e criem condições

para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias,

no âmbito de suas competências) de participação e

compartilhamento (tomada de decisões conjunta e efetivação

de resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação

com retorno de informações) e transparência (demonstração

pública de seus processos e resultados) (LÜCK, 2006, p.

111).

Este conceito é orientado por princípios democráticos, caracterizado pela

relevância na participação consciente dos envolvidos no processo e nas

decisões sobre orientação, organização e planejamento (LÜCK, 2006, p. 36).

Para Lück,

a promoção de uma gestão educacional democrática e

participativa está associada ao compartilhamento de

responsabilidades no processo de tomada de decisão entre os

46

diversos níveis e segmentos de autoridade do sistema e de

escolas. (LÜCK, 2006, p. 44).

Para a autora, estão intrínsecas na gestão educacional algumas

características como a autonomia, a participação, o autocontrole e a

responsabilidade, como maneira de busca de soluções próprias para se

resolver problemas das escolas estando, portanto, mais adequadas à suas

expectativas, necessidades e realidade (LÜCK, 2006, p. 44).

Lück define o perfil do gestor educacional apresentando, de forma

resumida no quadro abaixo, as principais habilidades e conhecimentos

necessários para o desenvolvimento competente desta função,

independentemente do nível de escolaridade que a instituição educacional

ofereça (LÜCK, 2005, p. 84).

Quadro 2: Habilidades e conhecimentos necessários para um perfil competente de gestor educacional

Área administrativa:

Visão de conjunto e de futuro sobre o trabalho educacional e o papel da

escola na comunidade.

Conhecimento de política e da legislação educacional.

Habilidade de planejamento e compreensão do seu papel na orientação

do trabalho conjunto.

Habilidade de manejo e controle do orçamento.

Habilidade de organização do trabalho educacional.

Habilidade de acompanhamento e monitoramento de programas,

projetos e ações.16

Habilidade de avaliação diagnóstica, formativa e somativa.

Habilidade de tomar decisões eficazmente.

Habilidade de resolver problemas criativamente e de emprego de grande

variedade de técnicas.

47

Área de relacionamento interpessoal/inteligência emocional:

Compreensão da dinâmica de relacionamento e comunicação

interpessoal.

Habilidade de se comunicar eficazmente.

Habilidade de mobilizar a equipe escolar e comunidade local.

Habilidade de facilitar a realização de processos de atuação

colaborativa.

Habilidade de desenvolver equipes.

Habilidade de negociar e resolver conflitos.

Habilidade de avaliar e dar feedback construtivo ao trabalho dos outros.

Área pedagógica:

Compreensão dos fundamentos e bases da ação educacional.

Compreensão da relação entre ações pedagógicas e seus resultados na

aprendizagem e formação dos alunos.

Conhecimento sobre organização do currículo e articulação entre seus

componentes e processos

Habilidade de mobilização da equipe escolar para a promoção dos

objetivos educacionais da escola.

Habilidade de orientação e feedback ao trabalho pedagógico.

Fonte: LÜCK, 2005, p. 84 – 85

Analisando o quadro proposto por Heloísa Lück elaborado para definir o

perfil de um gestor educacional, pode-se visualizar as dimensões pedagógicas

e administrativas que compõem uma gestão educacional. Lück, por este

quadro, procurou identificar as qualificações profissionais necessárias a um

gestor educacional, de forma que estes sejam capazes de trabalhar

colaborativamente com os outros indivíduos da comunidade escolar,

vislumbrando dinamizar e promover o desenvolvimento da gestão educacional,

bem como melhorias. Perfil este que pode ser definido para todos os gestores

48

educacionais, independentemente do nível de escolaridade que a instituição

educacional ofereça, ou seja, abarca da educação infantil à educação superior.

A universidade é entendida como uma instituição social e para tal

precisa ser administrada como qualquer outra instituição social. Os cursos do

ensino superior se encontram em universidades, centros universitários ou

faculdades, privadas ou públicas, e requerem, por sua dinâmica, algum tipo de

órgão que direcione e organize seu funcionamento administrativo e/ou

pedagógico. E tal órgão de direção ou gestão do funcionamento administrativo

e pedagógico dos cursos de ensino superior encontra-se na Coordenação de

Curso de Graduação (MARIANO, 2007, p. 63).

Desta forma, a discussão teórica abordada neste capítulo teve o objetivo

de contribuir para o desempenho do papel do gestor educacional do ensino

superior que é o coordenador de curso de graduação, responsável pela

organização didático-pedagógica dos cursos de graduação sob sua

responsabilidade, apontando considerações de diferentes autores da área de

gestão escolar e sobre o papel deste gestor, delineando, assim, teoricamente

um perfil de gestor como referência para a pesquisa empírica. Para tanto, foi

necessário, também, realizar uma explanação teórica sobre a coordenação de

curso de graduação, sua origem, considerações de diferentes autores sobre o

assunto, bem como fazer um breve resgate histórico da Instituição pesquisada

localizando a coordenação de curso nesta Instituição.

A discussão acerca da gestão educacional e do papel do gestor,

realizada neste capítulo sob as contribuições de vários autores, permite

analisar uma coordenação de curso e o papel do coordenador assemelhando-

se funções e atribuições do gestor com as do coordenador, pois tanto o diretor

de escola quanto o coordenador de curso gerem a escola ou o curso, via

projeto pedagógico, buscando planejar, coordenar, executar e acompanhar de

forma a garantir a qualidade do ensino.

49

CAPÍTULO IV

CCOOOORRDDEENNAAÇÇÃÃOO DDEE CCUURRSSOO DDEE GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO

Este capítulo apresenta um breve histórico do surgimento das

coordenações de curso de graduação, bem como as ideias de diferentes

autores que contribuíram para explicitar o papel do coordenador de curso.

Como a presente pesquisa trata de um caso específico, que é a UFSCar, este

capítulo apresenta um breve histórico de seu desenvolvimento e sua estrutura

atual, focando o local da coordenação de curso nesta estrutura, bem como seu

papel institucional definido. Constitui, assim, o contexto onde os “atores” desta

pesquisa se movimentam, o que pensam e o fazem.

44..11 –– CCoooorrddeennaaççããoo ddee CCuurrssoo ddee GGrraadduuaaççããoo

As Coordenações de Cursos no ensino superior surgiram como uma das

novidades da Reforma Universitária de 1968, em substituição aos Conselhos

Técnicos Administrativos e Congregações que se constituíram em um

colegiado com a responsabilidade referente aos assuntos direta e

especificamente ligados ao ensino de graduação (SABADIA, 1998, p. 23).

Algumas denominações diferentes para esta coordenação foram

utilizadas por várias instituições de ensino superior, como: Comissão de

Integração Curricular, Comissão de Carreira, Congregação de Carreira,

Comissão de Curso, dentre outras buscando adequar às imposições

legislativas advindas da Reforma Universitária. Porém prevaleceu o termo

Coordenação de Curso. Por muito tempo, as Coordenações de Curso

funcionaram com funções ou atribuições especificadas nos Regimentos e

Normas internas das Instituições de Ensino Superior (IES), sempre buscando

privilegiar o aspecto didático-pedagógico (SABADIA, 1998, p. 23).

Como já assinalado, as Instituições de Ensino Superior têm passado por

mudanças profundas. Estas mudanças têm exigido a implantação de uma

gestão mais participativa, estimulando a interação entre os órgãos colegiados.

Nesta perspectiva, é incentivada a habilidade de liderança do coordenador,

com a finalidade de propiciar uma gestão cooperativa, na qual todos possam

50

participar, auxiliar, discutir e influenciar nas decisões, sendo, igualmente,

informados sobre elas (DIAS, 2009)

Para Dias (DIAS, 2009), considerando as mudanças que as instituições

estão passando, coordenar um curso no ensino superior requer

responsabilidades cada vez mais abrangentes. Devido a todo o processo de

mudanças posto pela era da informação e do conhecimento, é necessário

introduzir novas técnicas e métodos de gestão que resultem em novos

procedimentos acadêmicos e que demandem por uma reavaliação da figura do

coordenador.

Segundo Souza (SOUZA, 2006),

atuar como coordenador de curso é ser mais que um simples

mediador entre alunos e professores, é reconhecer as

necessidades da área em que atua e tomar decisões que

possam beneficiar toda a comunidade escolar, é atender as

exigências legais do Ministério da Educação, gerir e executar o

projeto político-pedagógico do curso, operar novas tecnologias,

avaliar o trabalho dos docentes, estar comprometido com a

missão, crença e valores da instituição, estar atento às

mudanças impostas pelo mercado de trabalho a fim de adequar

e modernizar o curso com foco na garantia de qualidade, é

gerir equipes e processos, pensando e agindo

estrategicamente, colaborando com o desenvolvimento dos

alunos e com o crescimento da instituição em que trabalha. Ao

cumprir com tarefas cada vez mais complexas e que

ultrapassam o conhecimento específico do curso, o

coordenador assume o perfil de gestor - peça chave para

promover as alterações e introduzir propostas inovadoras no

ambiente universitário. Compete a ele transformar, diariamente,

conhecimento em competência. (SOUZA, 2006, p. 6)

Uma das responsabilidades fundamentais da universidade, conforme já

assinalado anteriormente, é a de tornar o conhecimento acessível à sociedade,

por meio, no caso, do ensino superior. Um curso de graduação é um curso de

nível superior e, como tal, define-se por ser um processo de transformação do

51

conhecimento em condutas, profissional e pessoal, complexo, abrangente,

significativo e relevante para a sociedade. Para que um processo que

apresenta tais exigências se concretize na direção desejável e necessária, é

preciso que haja, na instituição, alguém que desempenhe o papel de

administrá-lo, dirigi-lo e coordená-lo. E essa responsabilidade é da

coordenação de curso (PIAZZA, 1997, p. 34 - 35).

Essas considerações, se de um lado indicam alguns novos aspectos

capazes de lançar luz sobre o problema em que tem se constituído a função de

coordenar um curso de graduação, de outro, também anunciam o

conhecimento que ainda falta produzir para que seja possível entender e lidar

adequadamente com esse tipo de problema, no âmbito das instituições de

ensino superior (PIAZZA, 2006, p. 36).

Para Piazza (PIAZZA, 1997, p. 35), a coordenação de curso tem uma

importância muito grande para a efetivação de um curso superior de qualidade.

Essa função é importante desde que não se considere que seja apenas

administrativa, num sentido empresarial, mas também, devem-se considerar as

dimensões acadêmicas, pedagógicas e científicas. O coordenador conseguirá

desempenhar um papel de extrema relevância para a efetivação da qualidade

do curso que coordena desde que consiga conciliar tais dimensões. Portanto,

sem a formação que o exercício da função exige e sem a

definição clara de seu papel, existe o risco da coordenação de

curso de graduação ficar limitada ao gerenciamento de rotinas

burocráticas que obstaculizam, quando não impedem, o

cumprimento do papel que lhe cabe: fazer com que aconteça a

rede de comportamentos, entre professores, alunos e demais

agentes da instituição, que viabilize a existência de novos

profissionais e cidadãos de nível superior, capazes de lidar com

as situações existentes na sociedade em que se inserem, de

forma a produzir resultados que as transformem em situações

melhores, aumentando gradativamente, através de sua

atuação, a qualidade de vida das pessoas. (PIAZZA, 1997, p.

35).

52

Parece não haver discordância no meio educacional a respeito de que a

coordenação de curso é uma função de grande relevância para a efetivação de

um ensino superior de qualidade. Isso porque essa função não é apenas

administrativa, no sentido usual, visando a busca de eficiência dos meios de

trabalho. É também uma função com dimensões pedagógicas, acadêmicas e

científicas e, como tal, demanda de quem a exerce, competências gerenciais,

além de técnicas e científicas no campo profissional correspondente ao curso

(PIAZZA, 2006, p. 35).

Nesse sentido, Sabadia também afirma:

às Coordenações de Curso de Graduação foi entregue o papel

essencial da universidade que é a gestão didático-pedagógica

do ensino. Ou seja, a qualidade do profissional formado pela

universidade é da competência direta das Coordenações de

Curso. Entretanto, a completa reestruturação administrativa

iniciada no processo da Reforma Universitária culminou por

conceber as Coordenações de Curso como a unidade mais

frágil do sistema universitário, contraditoriamente responsável

direta pela qualidade do ensino ministrado e estruturalmente

sem a autoridade necessária que possibilite sua atuação plena.

A gestão didático-pedagógica de um curso de graduação

pressupõe tomada de decisões e acompanhamento

constantes. A formação pedagógica de quem deve

acompanhar e tomar tais decisões merece ser tão somente a

preocupação primeira. Seguramente, os fatores dificultadores

seriam amenizados e as atividades funcionais desenvolvidas

pelas Coordenações de Curso, implementadas com maior

vitalidade e autoridade (SABADIA, 1998, p. 28).

Cabe às Coordenações de Cursos a responsabilidade pela parte

pedagógico-didática de um curso de graduação de uma instituição de ensino

superior. A ela compete o acompanhamento da vida acadêmica dos discentes

da instituição, desde a entrada no curso até a formatura.

53

Para Suhr (SUHR, 2006), o Coordenador de curso tem uma função de

amplo espectro e alto grau de complexidade. Cabe-lhe a tarefa de favorecer a

construção de uma equipe coesa, engajada e, sobretudo, convicta da

viabilidade operacional das prioridades consensualmente assumidas e

formalizadas na proposta de trabalho da instituição. O coordenador exercerá,

no espaço da autonomia que lhe foi conferida, seu papel de elemento-chave no

gerenciamento do curso, o que exige ações de articulação e mobilização da

equipe, tendo sempre em vista o aperfeiçoamento do fazer pedagógico na

instituição. Assim, assumindo a postura defendida acima significa compreender

que as atividades de gerenciamento do curso terão sempre como objetivo a

constante efetivação da melhoria do processo de ensino e aprendizagem.

Todas as ações e decisões deverão estar balizadas por este objetivo.

Embora a afirmação do objetivo pedagógico da coordenação de curso

seja quase óbvia, infelizmente no dia-a-dia muitas vezes a premência do

urgente supera e impede que se faça o importante e o que é essencial em seu

papel como coordenador de curso de graduação. Dado o limite das condições

concretas de trabalho, facilmente o coordenador se vê envolvido com ações

meramente pontuais, que não deixam de ter sua importância também, ou no

atendimento a alunos e professores acerca de demandas pontuais. Contudo,

corre o risco de perder o foco de sua própria ação, que é favorecer o sucesso

acadêmico dos estudantes num curso de qualidade (SUHR, 2006).

Para Souza, (SOUZA, 2006, p. 6) coordenar um curso no ensino

superior requer responsabilidades cada vez mais abrangentes dentro do

processo de transformação pelas quais as instituições passam atualmente.

Considerando os recentes requisitos apregoados pela era da informação e do

conhecimento, é necessária a introdução de novas técnicas e métodos de

gestão que resultem em novos procedimentos acadêmicos e que demandam

por uma reavaliação do papel desempenhado pelo coordenador de curso de

graduação. Assim, ser coordenador de curso pressupõe possuir competências

nos aspectos legal, científico, organizacional e de liderança.

Desse modo, para Souza, ao cumprir com tarefas cada vez mais

complexas e que ultrapassam o conhecimento específico do curso, o

coordenador assume o perfil de gestor, transformando, diariamente,

conhecimento em competência identificando problemas, orientando e intervindo

54

de forma adequada para a atualização e melhoria do curso, propondo

inovações, ampliando fronteiras e visando a transformação do futuro.

Souza define a competência técnica não apenas centrada no saber fazer

de modo operacional, mas no conhecer, no saber ser e no saber conviver, ou

seja, o conhecimento dos dados isolados é insuficiente; é preciso articulá-los à

iniciativa, à motivação para o trabalho, às relações interpessoais, aliando

saberes sócio-afetivos e cognitivos.

Portanto para Souza, é preciso garantir a excelência do ensino

destinado ao aluno. Compete ao coordenador propor ações no sentido de

promover essa excelência, explorando-a de forma positiva a fim de garantir a

qualidade do curso frente à comunidade, apresentar o diferencial do seu curso,

integrar suas equipes e desenvolver talentos. É também imprescindível que o

coordenador estimule os alunos a exercerem uma atitude crítica-reflexiva

permanente para que eles reconstruam os conhecimentos, sempre

questionando o sentido da sua prática e refletindo sobre os caminhos que se

abrem para o novo. Desta forma, o coordenador estará trabalhando em prol da

transformação social e não da conservação do status quo como definiu Paro no

capítulo anterior.

Para Passos (PASSOS, 2009), administrar é a arte de fazer acontecer

considerando que as adversidades também fazem parte do planejamento. A

formação do coordenador e sua competência são os ingredientes mais ativos

para uma gestão de sucesso.

Segundo Guimarães (GUIMARÃES, 2003), o papel dos coordenadores

de curso nas instituições de ensino superior é, especialmente depois da

LDBEN n° 9394/96, o de um gestor. Gestor responsável pela articulação entre

docente e discente e administração superior.

Portanto, para que o curso de graduação tenha sucesso não basta

apenas uma organização que garanta que tudo flua segundo certa ordem.

Existe um papel político a ser exercido e são exigidas certas competências e

habilidades deste profissional que acabam extrapolando o conhecimento

específico do curso em que atua. Exige competências e habilidades

administrativas para a tomada de decisões e exercício de ações que sejam

necessárias na busca de respostas adequadas às expectativas de todos os

55

envolvidos no processo, como alunos, professores, administração, dentre

outros (GUIMARÃES, 2003).

Cabe ao coordenador de curso ter o pleno domínio do projeto

pedagógico de curso e comprometer-se com as crenças, valores e missão da

instituição para poder mediar os conflitos que naturalmente ocorrerão.

Intermediar as ações de cunho técnico e político na instituição de forma a

garantir a implementação plena do projeto pedagógico de curso, avaliando o

trabalho de seus colegas docentes, acompanhando o desempenho dos seus

alunos (GUIMARÃES, 2003).

Segundo Guimarães (GUIMARÃES, 2003), o gestor de curso superior

precisa de uma formação pedagógica, o que constitui numa necessidade cada

vez mais presente e urgente nos programas de formação em nível superior.

Sabadia (SABADIA, 1998) realizou uma pesquisa, na Universidade

Federal do Ceará (UFC), que buscou sintetizar alguns fatores dificultadores

que por longas datas vêm desgastando e mesmo impedindo o correto e

adequado funcionamento das Coordenações dos Cursos de Graduação,

demonstrando que a baixa formação didático-pedagógica dos membros destas

coordenações atua como o principal fator dificultador para a efetiva realização

de seu papel como coordenador de curso de graduação.

Segundo Sabadia (SABADIA, 1998, p. 24), o Ministério da Educação e

Cultura (MEC) em 1981 destacava esta situação como sendo comum também

a outras universidades:

... o regime atual de coordenação didática dos cursos é sabido

deficiente e precisaria sofrer ajustamentos, com o objetivo de

caracterizar a administração de um curso como sendo a

gerência de um projeto de aprendizagem (MEC 1981, apud,

SABADIA, 1998, p. 24).

Para Sabadia (SABADIA, 1998, p. 24), não são recentes as

preocupações relativas à estrutura, funcionamento e reestudo das

Coordenações de Curso de Graduação, buscando-se uma efetiva integração

com a administração escolar e seu fortalecimento.

56

Sabadia apresenta alguns pontos dificultadores, que aparentemente

também podem ocorrer em outras Instituições de Ensino Superior, como

também na Universidade Federal de São Carlos.

No Relatório Síntese do IV Encontro de Coordenadores de

Cursos de Graduação (1995), estão listados alguns “fatores

dificultadores” para o adequado funcionamento das

Coordenações de Curso, sintetizados a partir dos registros

anteriores e dos depoimentos dos coordenadores em reuniões

formais e informais realizadas de 1992 a 1995, alguns deles,

reedições das diretrizes (“atividades funcionais”) de Cantídio

(1981), ou seja, dificuldades institucionalizadas há mais de

dezessete anos:

a) Reduzido apoio ao trabalho desenvolvido pelas

Coordenações por parte dos Centros e Departamentos no que

diz respeito a infra-estrutura, pessoal e participação no

processo decisório;

b) Pouco reconhecimento da importância das Coordenações

por parte das instâncias acadêmicas;

c) Ausência de representação das Coordenações junto aos

Órgãos Colegiais Superiores;

d) Desarticulação entre as Coordenações dos diversos cursos

da UFC;

e) Existência de conflitos de natureza política e administrativa

entre as Coordenações e os Departamentos referentes a

questões pedagógicas, tais como: reforma de currículo, lotação

de professores, aprovação de programas, ofertas de disciplinas

e supervisão de atividades docentes em sala de aula;

f) Desarticulação entre as Coordenações de Curso e o órgão

responsável pelo processo de ingresso do aluno na UFC, qual

seja: a Comissão Coordenadora do Vestibular e,

g) Falta de uma infra-estrutura adequada para o funcionamento

das Coordenações. (SABADIA, 1998, p. 24 - 25).

57

A formação didático-pedagógica deve ser considerada como uma

exigência aos membros das coordenações de cursos de graduação,

principalmente aos membros das coordenações de cursos eminentemente

técnicos, pois são cursos em que as formações em graduação não contemplam

disciplinas de formação pedagógica e a pós-graduação excepcionalmente

enfatiza a formação docente para atuação no ensino superior (SABADIA, 1998,

p. 28 - 29).

Para Cardoso (CARDOSO, 2003), coordenar um curso de graduação no

cenário atual é assumir uma grande responsabilidade. O coordenador de curso

é desafiado diariamente a resolver questões diversas e que nem sempre tem

relação direta com sua formação acadêmica.

O desafio de ser coordenador de curso requer um entendimento da

instituição a qual pertence sob vários pontos de vista, um poder de persuasão

significativo e conhecimento técnico não apenas da área do curso, mas das

áreas de gestão e educação. (CARDOSO, 2003).

Segundo Cardoso (CARDOSO, 2003), uma organização pode ser

definida como um grupo de pessoas reunidas para executar uma determinada

função ou tarefa. Este conceito não distingue setor, é genérico, amplo, servindo

para classificar qualquer organização, inclusive as organizações educacionais.

Para Cardoso (CARDOSO, 2003), o coordenador precisa conhecer toda

a legislação que permeia o curso que coordena, como as antigas resoluções de

currículo mínimo, as novas diretrizes curriculares, o histórico legal da profissão

e a norma estabelecida pelos conselhos de classe, as tendências legais e os

pareceres em trâmite nos órgãos reguladores da atividade educacional e da

atividade profissional do formando, os impedimentos e as oportunidades

oferecidas pela legislação vigente e o que determina um comportamento ético.

Acrescenta, também, cabe ao coordenador liderar equipes de

professores, funcionários técnico-administrativos, alunos, visando democratizar

a participação e oferecer soluções compartilhadas com toda a comunidade

acadêmica (CARDOSO, 2003).

Para Cardoso (CARDOSO, 2003), o coordenador deve compreender o

tripé ensino, pesquisa e extensão, o conhecimento que se produz na

instituição, a qualidade do serviço que oferece e como aprimorá-la, as novas

tecnologias e descobrimentos, o que está sendo aplicado, ensinado, os

58

equipamentos de última geração e a bibliografia recente. Assim como, deve

planejar o seu curso, interagindo com o planejamento estratégico da instituição

à qual pertence, com o Plano de Desenvolvimento Institucional da mesma,

reconhecer o planejamento financeiro e as políticas de gestão de pessoas,

identificar tendências, riscos, pontos fortes e pontos fracos, compreender o

projeto pedagógico do curso. Deve, também, supervisionar e controlar todas as

ações planejadas para o curso, o desempenho docente, discente, o

cumprimento dos planos de curso, o atendimento às demandas pontuais, a

utilização da bibliografia, a realização de metas e objetivos. Deve saber avaliar

o seu curso, o que está estabelecido nas avaliações oficiais, o que é qualidade

para a instituição e para o curso, pontos fortes e pontos e fracos, onde estão os

maiores problemas do curso. Precisa conhecer a instituição da qual faz parte,

história, vocação, posicionamento, crenças, valores, missão, visão da alta

gestão, e todos os aspectos que incidem sobre o curso.

Depois de verificado, segundo as contribuições de diferentes autores,

qual é o papel que um coordenador precisa desempenhar numa coordenação

de curso, bem como sua importância dentro de uma instituição de ensino

superior, passa-se a discorrer sobre o caso específico desta pesquisa que é a

coordenação de curso na UFSCar. Inicia-se o estudo com um breve resgate

histórico da Instituição buscando contextualizar o local no qual se insere esta

coordenação de curso, bem como identificar se esta função é

institucionalizada, ou seja, se há regulamento que a define dispondo sua

composição, atribuições e representações.

4.2 – Coordenação de Curso de Graduação na UFSCar

Pelo fato da pesquisa tratar de um estudo específico sobre a

coordenação de curso de graduação, no caso a coordenação de curso na

UFSCar, é preciso um breve resgate histórico desta Instituição com o objetivo

de focar o local da coordenação de curso na estrutura, bem como seu papel

institucional definido.

Criada em 1968, a UFSCar foi a primeira Universidade Federal do

interior do Estado de São Paulo. Em março de 1970, ela recebia seus primeiros

96 alunos para os cursos de Licenciatura em Ciências, hoje já extinto, e

59

Engenharia de Materiais, pioneiro na América Latina. Entre a assinatura do

decreto presidencial que a criou, em 1º de dezembro de 1968, e o início das

aulas, uma comissão formada na Prefeitura Municipal de São Carlos

coordenou os trabalhos para implantação do Campus.

Avaliadas as possibilidades, a Fazenda Trancham, situada às margens

da rodovia Washington Luís, foi apontada como a propriedade adequada para

receber a UFSCar. Assim, as instalações da antiga fazenda foram adaptadas

para receber a administração, salas de aula e laboratórios.

Também nos anos de 1970 foram criados os três primeiros centros

acadêmicos da instituição. Para abrigar um dos primeiros cursos instalados na

Universidade foi criado o Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET),

em 1972. Também nessa época foram abertas vagas para os cursos de Física

e Química.

A partir de 1972 se consolidam as condições para a criação do Centro

de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). O primeiro curso de Licenciatura

em Ciências foi extinto e criado o de graduação em Ciências Biológicas. O

primeiro curso na área de saúde, o de graduação em Enfermagem, é

implantado em 1977. Em 1994 é implantado o curso de graduação em

Educação Física.

Com a criação do curso de Pedagogia, é criado em 1972 o Centro de

Educação e Ciências Humanas (CECH). Até o final dos anos de 1980 o corpo

docente da área de humanas estava vinculado majoritariamente ao

Departamento de Fundamentos Científicos e Filosóficos da Educação. Com o

processo de redepartamentalização realizado na Universidade surgiram os

departamentos de Ciências Sociais, Educação, Filosofia, Metodologia de

Ensino e Psicologia.

Na década de 1990 surgem mais novos cursos: o de Ciências Sociais,

em 1991; Psicologia e Biblioteconomia e Ciência da Informação, em 1994;

Letras e Imagem e Som, em 1996; e Licenciatura em Música com habilitação

em Educação Musical, em 2004.

O segundo campus da Universidade foi criado em janeiro de 1991,

quando a UFSCar incorporou as unidades paulistas do extinto Programa

Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar (Planasulcar), órgão ligado ao

Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), em Araras. Em 1993 já eram oferecidas

60

vagas para o curso de Engenharia Agronômica, e, assim também foi criado o

Centro de Ciências Agrárias (CCA). O campus de Araras também possui

unidades nos municípios de Anhembi e Valparaíso.

O terceiro campus da Universidade foi criado em 2005 na fase de

interiorização do ensino superior. Assim, nasce o campus de Sorocaba,

localizado próxima ao km 100 da rodovia João Leme dos Santos (SP-264), tem

cerca de 700 mil metros quadrados, com edifícios de Gestão Acadêmica,

Administrativa, 11 salas de aula e 8 laboratórios didáticos e de informática,

além de Restaurante Universitário e Biblioteca. As construções, assim como

todas as atividades acadêmicas da unidade, são regidas pelo princípio do

desenvolvimento sustentável.

A UFSCar possui infra-estrutura necessária para o funcionamento de

suas atividades, tendo laboratórios, Biblioteca Comunitária e Biblioteca setorial,

ambulatórios, teatros, anfiteatros, auditórios, ginásio de esportes, um parque

esportivo, restaurantes universitários, salas de aula e moradia estudantil.

Os 35 departamentos acadêmicos da Universidade estão divididos em

quatro centros: Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Centro de

Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET), Centro de Educação e Ciências

Humanas (CECH), Centro de Ciências Agrárias (CCA) e a Coordenação

Acadêmica de Sorocaba que, atualmente, não possui departamentos.

Atualmente a UFSCar oferece 62 cursos de graduação distribuídos em

quatro áreas do conhecimento, totalizando 3.577 vagas nas modalidades de

ensino presencial e a distância.

Destaca-se pelo alto nível de qualificação de seu corpo docente: 98,92%

são doutores ou mestres. Em sua maioria, os professores desenvolvem

atividades de ensino, pesquisa e extensão em regime de dedicação exclusiva.

Cabe à instituição ter clareza a respeito de seus objetivos, posto que é

uma questão crucial para qualquer instituição social. Mas esse é apenas o

ponto de partida: a consecução desses objetivos exige, também, definição dos

meios necessários à sua concretização. Isto equivale a dizer que é necessária

uma estrutura capaz de organizar as pessoas responsáveis pela realização das

atividades características da instituição, pela produção ou viabilização dos

resultados que constituem o compromisso da instituição com a sociedade

(PIAZZA, 1997, p. 32).

61

Levando-se em conta a natureza e finalidades do ensino superior, a

universidade apresenta uma estrutura organizacional e administrativa que

existe como meio para o alcance destas finalidades e que teve sua raiz na

Reforma Universitária de 1968.

Essa organização, ou estrutura organizacional, implica na criação de

diferentes órgãos, a localização de cada um deles em relação aos demais

órgãos da Instituição e a definição de suas funções e atribuições específicas,

de acordo com os fins e natureza da instituição.

A estrutura organizacional tradicional é um tipo de estrutura que tende a

ter um nível de formalização elevado, com descrições detalhadas das

atribuições e organogramas atualizados; unidade de comande; especialização

elevada; comunicação vertical; e utilização de formas tradicionais de

departamentalização (VASCONCELOS & HEMSLEY, 2002, p. 6 – 7).

A departamentalização funcional tem como critério básico a área do

conhecimento necessário para a realização de atividades. Desta forma, as

pessoas que utilizam os conhecimentos de uma mesma área ficam juntas no

mesmo setor ou na mesma unidade. Portanto, a estrutura organizacional formal

da UFSCar é a estrutura tradicional de departamentalização funcional, pois

agrupa as pessoas de acordo com suas especialidades com o objetivo de que

se possa coordená-las (VASCONCELOS & HEMSLEY, 2002, p. 9).

Com isso, a UFSCar apresenta um organograma que define a sua

organização, ou seja, apresenta claramente quem é que toma as decisões

(autoridade), quem faz o quê (atividades) e quem se comunica com quem

(sistema de comunicação).

62

ORGANOGRAMA DA UFSCAR

Figura 1: Organograma da Universidade Federal de São Carlos

Disponível em: http://www2.ufscar.br/administracao/organograma.php

De acordo com o organograma acima, a estrutura organizacional e

administrativa da Universidade Federal de São Carlos apresenta as seguintes

características: colegiados deliberativos – Conselho Universitário, Conselho de

Graduação, Conselho de Pós-Graduação, Conselho de Pesquisa, Conselho de

Extensão, Conselho de Administração, Conselho de Centro Acadêmico,

Conselho de Departamentos e Conselho de Coordenação de Cursos; e

colegiados executores – Coordenações de Cursos; Chefias de Departamentos;

Coordenações de Programas de Pós-Graduação; Centros Acadêmicos; Pró-

Reitorias de Graduação, de Extensão, de Pós-Graduação, de Pesquisa e de

Administração; e a Reitoria.

Tanto as Coordenações de Cursos quanto os Chefias de Departamentos

estão o mesmo nível hierárquico, constituindo a base da estrutura

administrativa da UFSCar. Coordenações de Cursos e Chefias de

Departamentos, de acordo com o organograma, se reportam ao Centro em que

63

pertencem. Este constitui o nível intermediário da estrutura administrativa da

UFSCar, juntamente com a Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad) que tem

atribuições diretas com as Coordenações de Cursos de Graduação. Já num

nível mais superior tem-se o Conselho de Graduação e Conselho Universitário

que também respondem, em instância superior, a questões afetas aos cursos

de graduação.

Na UFSCar, a Coordenação de Curso não é submetida ao

departamento, mas normalmente se encontra alocada, fisicamente, no prédio

pertencente ao departamento que constitui a área majoritária de formação do

curso.

Segundo Sguissardi, a partir de 1970, a organização da estrutura

universitária da UFSCar iria se assemelhar, de forma parcial, à estrutura da

Universidade de Brasília (UnB) que possuía Institutos Básicos de ensino e

pesquisa e Faculdades profissionalizantes. A partir de 1970 foram instalados

na UFSCar dois Institutos Básicos, quais sejam: Instituto de Ciências e o

Instituto de Tecnologia Educacional, não chegando a constituir nenhuma

Faculdade. Em 13 de fevereiro de 1972, adotou-se a estrutura de Centros

modificando a estrutura anterior que era semelhante a da UnB. A estrutura

modificada é a que permanece até os dias atuais com Centros, Departamentos,

Pós-Graduação e Coordenações de Cursos de Graduação (SGUISSARDI,

1993, p. 133 – 134).

Clóvis Salgado, conselheiro do Conselho Federal de Educação, em seu

parecer datado de 05 de dezembro de 1968 esclarece o sentido da

organização universitária proposta pelo Estatuto da então FUFSCar:

O Estatuto, antecipando-se à Lei 5.540/68, adota estrutura por

ela autorizada, mas não prevista no decreto instituidor. É

assim que, no decreto, a Universidade é composta de

Institutos básicos e Faculdades profissionais. No Estatuto vem

constituída de Institutos que se dividem em Departamentos.

As Faculdades são órgãos de coordenações dos cursos

profissionais, deliberando por uma “Câmara Curricular”,

composta de representantes dos Institutos que participam da

realização dos cursos. São, pois, meros colegiados de cursos,

com autoridade em matéria didática apenas. Tal solução torna-

64

se possível em virtude do art. 11, letra b, da Lei 5.540/68.

Além disso, os institutos podem absorver as Faculdades. Os

Institutos têm diretor e Congregação; as Faculdades,

coordenador e „Câmara Curricular‟. É uma nova estrutura,

cujas virtudes convém testar (SALGADO, apud.

SGUISSARDI, 1993, p. 140 – 141).

De acordo com o Relatório da Comissão Própria de Avaliação de 2006,

na década de 1980, a Câmara de Graduação, juntamente com outros órgãos

colegiados, iniciou análises mais profundas sobre o ensino de graduação como

desdobramento dos processos avaliativos pelos quais a Instituição havia

passado em atendimento a resoluções do atual Conselho Federal da

Educação.

À época existiam encaminhamentos específicos para alguns cursos ou

conjuntos de cursos e discutiu-se, também, uma série de normas para melhor

funcionamento dos vários cursos. Resultando disto três medidas de particular

importância, de caráter geral, que marcaram a atuação da Câmara de

Graduação nesse período: a implantação do Regimento da Coordenação de

Curso de Graduação (ATO no. 001/81-SOC, de 15/01/81), que posteriormente

veio a ser substituída pela Portaria GR nº 662/03, de 05 de dezembro de 2003,

a redução do número de créditos obrigatórios dos cursos e a constituição de

uma comissão para analisar os currículos dos cursos de graduação. Para o

presente trabalho interessa a medida referente à implantação do Regimento da

Coordenação de Curso de Graduação.

A implantação das Coordenações de Curso, em nível supra-

departamental, foi um passo importante na definição da instância responsável

pela organização didático-pedagógica e pelo funcionamento de cada curso. Na

prática, todavia, surgiram problemas – resistência por parte dos Departamentos

em reconhecer a importância da coordenação decurso na estrutura

organizacional e administrativa, dentre outros – nessa implantação, tendo sido

alguns sanados, pelo menos parcialmente, outros, não, ao longo do tempo.

Anteriormente à criação da coordenação de curso, as atribuições

pedagógicas e administrativas, as condições estruturais e financeiras, de

recursos humanos e materiais ficavam a cargo do departamento. A criação da

65

coordenação de curso se deu pela necessidade de um tipo de organização que

cuidasse estritamente dos cursos, no tocante à organização didático-

pedagógica. Para isso, as bases organizacionais, de formato, da organização,

composição, estrutura e hierarquia foram construídas com a participação de

comissões formadas dentro de cada Departamento, Centros e na Universidade

como um todo, especificamente para definir o que seriam as Coordenações de

Curso (MARIANO, 2007, p.106)

De acordo com a Portaria GR n° 662/03, de 05 de dezembro de 2003,

que dispõe sobre o Regulamento Geral das Coordenações de Cursos de

Graduação, em seu Capítulo II, Art. 2 a coordenação é constituída por

coordenador, vice-coordenador e conselho de coordenação. Este último é um

órgão colegiado deliberativo presidido por um professor, que no caso é o

coordenador do curso, tendo como vice-presidente o vice-coordenador de

curso. O conselho de coordenação é um órgão colegiado que prevê a

participação democrática, pois garante em sua composição representação de

docentes que atuam no curso, de discentes de várias turmas de ingresso, bem

como de técnico-administrativos ligados ao curso. Todos têm direito a voz e a

voto, porém, o direito a voto não cabe ao representante técnico-administrativo.

No Art. 14, da mesma Portaria, define-se o que é de competência do

Coordenador de Curso de Graduação:

I – implementar as atividades do curso, de acordo com as

diretrizes estabelecidas pelo Conselho de Coordenação;

II – propor ao Conselho de Coordenação do curso o conjunto

de disciplinas a serem solicitadas aos departamentos;

III – analisar com os departamentos as propostas de novas

disciplinas para o curso, de acordo com diretrizes da

Coordenação do curso;

IV – encaminhar aos departamentos propostas de novas

disciplinas para o curso, devidamente aprovadas pela

Coordenação do curso;

V – propor ao Conselho de Coordenação do curso o acerto

final de horário das disciplinas oferecidas a cada período letivo;

VI – supervisionar o processo de inscrição de alunos em

disciplinas;

66

VII – orientar os alunos nas questões específicas do curso;

VIII – orientar e supervisionar a Secretaria do curso na

realização de suas atribuições;

IX – promover a recepção aos calouros do curso;

X – analisar e avaliar o desempenho global dos alunos e propor

ao Conselho de Coordenação do curso medidas para solução

de problemas constatados;

XI – submeter ao Conselho de Coordenação do curso

propostas de normas para solução de eventuais problemas do

curso, sempre que não haja regulamentação sobre o assunto;

XII – representar o curso conforme legislação ou normas

vigentes, de acordo com os interesses do curso e/ou

deliberação do Conselho de Coordenação;

XIII – organizar e manter atualizado o catálogo do curso;

XIV – encaminhar os pedidos de equivalência ou dispensa de

disciplinas e emitir parecer final, de acordo com a legislação,

regulamentação e objetivos do curso, ouvidos os

departamentos responsáveis pela(s) disciplina(s);

XV – classificar os candidatos à transferência externa, de

acordo com as normas vigentes que tratam especificamente de

transferência;

XVI – solicitar aos diferentes departamentos, a oferta de

disciplinas para atender às necessidades do curso,

obedecendo ao calendário acadêmico da Instituição;

XVII – zelar pelo cumprimento dos planos de ensino;

XVIII – intermediar, junto aos departamentos, a solução de

problemas didático-pedagógicos gerados no decorrer da

implementação de disciplinas.

Baseado neste Art. 14 fica evidente que as atribuições de uma

Coordenação de Curso de Graduação são muitas e ainda há outras que não

são pertencentes a esta portaria, pois se trata de atribuições como docente,

pesquisador e membro de alguns órgãos colegiados da Instituição. O período

de mandato da coordenação de curso é composto por dois anos. Nestes dois

anos o professor, que é o coordenador de curso, fica muito atribulado com

muitas atividades. Com isso, sua função acaba, na maioria das vezes, se

67

restringindo apenas ao cumprimento das atividades administrativas em

detrimento das atividades didático-pedagógicas afetas ao curso sob sua

responsabilidade.

De acordo com as ideias de diferentes autores que contribuíram para

explicitar o papel do coordenador de curso, fica evidente que este desempenha

um papel de gestor educacional no ensino superior, tendo como função

primordial o gerenciamento do projeto pedagógico do curso como forma de

garantir a implantação efetiva, o acompanhamento, bem como a qualidade do

curso sob sua responsabilidade. Sendo sua principal função a de gerir o projeto

pedagógico do curso, deverá ter como referência a missão, metas, princípios,

diretrizes e objetivos da Instituição a qual pertence, bem como toda legislação

advinda dos órgãos reguladores da atividade educacional e da atividade

profissional, ou seja, da formação em nível superior e da profissão a ser

exercida pelo egresso.

O projeto pedagógico de curso é o elemento essencial das

Coordenações de Cursos de Graduação, pois é o documento no qual se

deveriam desdobrar os esforços para garantir a qualidade e especificidades

dos Cursos de Graduação. Documento este que é a base para a articulação e

integração com todos os envolvidos no desenvolvimento de um curso de

graduação sejam eles, alunos, docentes, técnico-administrativos, comunidade

interna e externa.

O Coordenador de Curso de Graduação está atuando como um

coordenador-gestor, que toma decisões ou tem espaços em que pode

influenciar nessas decisões. Os diretores de estabelecimento de ensino, assim

como os coordenadores de cursos representam figuras importantes no

contexto educacional, pois articulam os sujeitos para o desenvolvimento do

projeto político-pedagógico dentro da escola ou da instituição de ensino

superior.

Diante do exposto sobre as contribuições de diferentes autores

referentes à coordenação de curso, ao papel do coordenador de curso, bem

como com as atribuições que lhes são instituídas pela Portaria GR n° 662/03

considerou-se necessário verificar as considerações dos próprios

coordenadores de curso de graduação na UFSCar acerca do assunto,

confrontando com o que foi exposto no referencial teórico. Para isto, foi

elaborado um questionário que compõe a pesquisa empírica deste trabalho.

68

CAPÍTULO V

CCOOOORRDDEENNAADDOORR DDEE CCUURRSSOO DDEE GGRRAADDUUAAÇÇÃÃOO NNAA UUFFSSCCAARR::

UUMM GGEESSTTOORR EEDDUUCCAACCIIOONNAALL??

Neste capítulo apresentam-se os resultados obtidos por meio da

aplicação do questionário aos coordenadores de curso, bem como uma análise

destes resultados à luz do referencial teórico, tendo em vista os objetivos de

pesquisa propostos, quais sejam: analisar a criação e evolução da função de

coordenador de curso de graduação; caracterizar o perfil dos coordenadores de

cursos de graduação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar);

verificar se o coordenador de curso de graduação se identifica como um gestor

educacional; averiguar se houve oferta de cursos de formação em gestão

educacional aos coordenadores de curso de graduação em exercício; levantar

demanda da necessidade, ou não, da oferta de cursos de formação em gestão

educacional para a atuação como coordenador de curso. O primeiro objetivo,

analisar a criação e evolução da função de coordenador de curso de

graduação, foi trabalhado no Capítulo IV ao abordar a Coordenação de Curso

de Graduação. Esta análise apresenta como finalidade última construir um

quadro sistemático de coordenação de curso de graduação na UFSCar.

5.1 – Caracterização dos coordenadores de curso de graduação na

UFSCar

As questões que permitem a caracterização dos coordenadores, bem

como avaliar o grau de interação ou participação dos coordenadores na

comunidade acadêmica foram as seguintes: formação acadêmica – bacharel

e/ou licenciado –; tempo de experiência como docente no ensino superior; ano

de ingresso na UFSCar; categoria docente – professor assistente, adjunto,

associado e titular –; exercício da função de coordenador de curso antes de

assumir a coordenação atual; exercício de função/cargo administrativo antes de

assumir a coordenação atual; atuação em programa de pós-graduação da

UFSCar; participação em programa/atividade de extensão da UFSCar; e

integração a grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ. Com estas informações

69

objetivou-se ter uma visão do perfil dos coordenadores de curso de graduação

na UFSCar, respondendo ao objetivo proposto na pesquisa, de caracterizar o

perfil dos coordenadores de cursos de graduação da Universidade Federal de

São Carlos.

Dos 55 cursos de graduação, na modalidade presencial, que a UFSCar

oferece, 41,8% (23) são de licenciatura e 58,1% (32) são de bacharelado. Do

total de respondentes, 64,1% (25) são coordenadores de cursos de

bacharelado, 30,7% (12) são coordenadores de cursos de licenciatura e 5,1%

(2) são coordenadores de cursos que têm o bacharelado e a licenciatura. Ou

seja, a maioria dos respondentes são coordenadores de cursos de

bacharelado, proporção não muito diferente da maioria dos coordenadores da

UFSCar.

Referente à formação acadêmica (gráfico 1) tem-se o seguinte

panorama: do total de respondentes, 69,2%, portanto a grande maioria,

cursaram bacharelado; 20,5% cursaram licenciatura e bacharelado; e 10,3%

cursaram licenciatura. Em outras palavras, em cada 10 coordenadores, 7 são

bacharéis. Nota-se, pois que a predominância é de cursos de bacharelado.

Levando-se em conta o fato de que uma função primordial da coordenação de

curso diz respeito à gestão do projeto pedagógico, estes dados sugerem uma

carência básica para o exercício da coordenação, já que a questão do projeto

pedagógico e sua gestão, não está contemplada nos cursos de bacharelado na

graduação, tanto quanto nos demais cursos de pós-graduação. Embora não

seja possível avaliar com segurança as implicações deste fato no desempenho

do coordenador de curso, é algo que não deixa de chamar a atenção da

administração maior da UFSCar. Contudo, não se pode perder vista o fato de

que a função precípua do coordenador de curso é a gestão do projeto

pedagógico, conforme estabelecem as diretrizes postas na Portaria GR n°

662/03. De qualquer forma, estes dados indicam que há uma demanda básica

no que se refere ao preparo prévio para o exercício da coordenação de curso.

70

Gráfico 1: Formação dos coordenadores em licenciatura e/ou bacharel

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Considerando que quanto ao tempo de experiência como docente no

ensino superior, a variabilidade é grande, para uma melhor visão optou-se por

agrupar os dados em três grandes categorias, quais sejam: até cinco (5) anos

de experiência, de seis (6) anos até 15 anos e mais de 15 anos. Na categoria

de até cinco (5) anos tem-se um percentual de 15,38%; na categoria de seis (6)

anos até 15 anos encontra-se a metade dos respondentes, 51,28%; e na última

categoria a com mais de 15 anos tem-se 33,33% (gráfico 2). Portanto, estes

dados sugerem que a maioria da coordenação de cursos de graduação na

UFSCar é feita por pessoas com larga experiência docente no ensino superior;

não se tratando, portanto, de docentes inexperientes.

71

Gráfico 2: Tempo de experiência dos coordenadores como docentes no ensino superior.

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Os dados referentes ao ano de ingresso na Instituição, também,

apresentam uma variabilidade grande, datando o ano de ingresso mais remoto

em 1986 e o mais recente em 2009, como pode ser observado no gráfico 3.

72

Gráfico 3: Ano de ingresso dos coordenadores de curso na Universidade Federal de São Carlos.

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Os demais se encontram na década de 1990 e nos anos de 2000, tendo

uma maioria concentrada nos anos de 2006 e 2008. Essa concentração entre

os anos de 2006 e 2008 pode ser atribuída às duas fases do Programa de

Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais -

REUNI. Este compôs-se de duas fases: a primeira foi o processo de expansão

universitária por meio da interiorização do ensino superior. Esse primeiro ciclo

ocorreu no período de 2003 a 2006 e constitui-se na expansão da educação

pública federal de ensino superior para o interior do país com o intuito de

combater as desigualdades regionais e espaciais. Nesse período, a UFSCar

cria o curso de graduação em Medicina no ano de 2005 e o campus de

Sorocaba com 4 cursos inicialmente em 2006, acrescidos de mais 10 cursos

entre 2007 e 2009. A segunda fase iniciou-se em 2007 e tem como meta a

73

expansão, com vistas à ampliação da oferta de vagas, concomitantemente à

reestruturação acadêmica. Esta fase, com prazo previsto a ser finalizada em

2012, foi regulamentada pelo Decreto n° 6096/07, de 24 de abril de 2007, que

Institui o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais - REUNI. Nessa fase a UFSCar ampliou vagas em 16

cursos já existentes, criou 20 cursos novos e há projeção para criação de mais

um curso para o ano de 2012, totalizando 21 cursos novos distribuídos em

seus três campi. Tanto a interiorização do ensino superior quanto a expansão

podem justificar as contratações de docentes neste período de 2005 a 2008, e

ainda serão contratados mais docentes até o final da segunda fase do REUNI

que é em 2012.

Este quadro demonstra que metade dos coordenadores que

responderam o questionário, ingressou há 5 ou menos anos na UFSCar. Isto,

de um lado reflete a expansão da UFSCar nestes últimos anos, por outro lado,

se cruzado com o fato de que predominam coordenadores bacharéis, tem-se

ampliada a demanda por qualificação/aperfeiçoamento dos docentes

coordenadores para o exercício de nova função. De qualquer modo, pode-se

dizer que entre os coordenadores predominou aqueles que ingressaram mais

recentemente na UFSCar, portanto com menor vivência acadêmica na

Instituição.

Quanto à categoria docente dos coordenadores, as respostas foram

categorizadas segundo a legislação vigente da seguinte forma: professor

assistente, professor adjunto, professor associado e professor titular. O gráfico

4 apresenta os seguintes resultados: dos 39 respondentes, 69,2% (27) são

professores adjuntos, 23,1% (9) são professores associados e 7,7% (3) são

professores assistentes. Os coordenadores de curso são predominantemente

professores adjuntos e em menor proporção professores associados.

74

Gráfico 4: Categoria docente dos coordenadores de curso

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Quanto ao exercício anteriormente da função de coordenação de curso,

os resultados podem ser visualizados no gráfico 5. Nesta questão existiam

quatro possibilidades de se verificar se o coordenador já havia assumido a

função de coordenação anteriormente a esta atual gestão, quais sejam: não ter

assumido; ter assumido uma vez na UFSCar; ter assumido uma vez em outra

Instituição de Ensino Superior (IES); e ter assumido uma vez na UFSCar e ter

assumido em outra IES.

75

Gráfico 5: Exercício anteriormente da função de coordenação de curso

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Dos 39 respondentes, 74,4% (29) não exerceram a função de

coordenação de curso antes do presente período de aplicação do questionário.

Os outros 10 respondentes já haviam assumido função de coordenação de

curso. Desses, 10,3% (4) foram coordenadores de curso uma vez na UFSCar,

10,3% (4) foram coordenadores em outra IES e os outros 5,1% (2) uma vez na

UFSCar e em outra Instituição de Ensino Superior.

Do total de respondentes, um (1) entende que a função que

desempenhou na vice-coordenação não pode ser contada como já ter

assumido a função de coordenação na UFSCar.

Pode-se inferir que a maioria dos respondentes não teve nenhum

contato direto com as atividades desempenhadas por uma coordenação de

76

curso. Esta constatação leva a supor que pode dificultar o desempenho de sua

função como coordenador de curso atualmente. Um respondente assumiu a

função de coordenador de curso antes do final do seu período de estágio

probatório que atualmente tem a duração de três anos, pois ingressou na

UFSCar em 2008 e em abril de 2010 encontra-se na função de coordenador de

curso. Este dado pode indicar, por um lado, que por ser um curso com criação

em 2008 e sendo uma área nova na UFSCar não havia docente para assumir

tal função, pois os poucos docentes que atuam no curso desde sua criação já a

assumiram, e, por outro lado, que a função de coordenação é algo

desgastante. E por ser desgastante, pode-se supor que os docentes mais

experientes e que, em sua maioria, já assumiram tal função, acabam deixando-

a para os docentes recém-contratados. Fato este que, recentemente, o

Conselho de Graduação propôs como exigência para assumir a função de

coordenação de curso o término do período de estágio probatório do docente.

Proposta esta aprovada neste órgão colegiado.

Em suma, estes dados tendem a confirmar que a grande maioria dos

atuais coordenadores tem pouca vivência de UFSCar, constituindo a

coordenação algo novo para eles, não experimentado anteriormente.

A questão referente ao exercício anteriormente de cargo/função

administrativa corresponde à questão de número dois do questionário e pode

ser visualizada no gráfico 6. Nesta questão existiam duas possibilidades de se

verificar se o coordenador já havia assumido o cargo ou função administrativa

anteriormente, quais sejam: não ter assumido e ter assumido. No caso da

escolha ser positiva perguntou-se qual foi o cargo ou função exercida.

77

Gráfico 6: Exercício anteriormente de alguma função ou cargo administrativo

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Dos 39 respondentes 42,1% (16) não exerceram cargo ou função

administrativa antes de assumirem a função de coordenação de curso. Os

outros 57,9% (22) respondentes já haviam assumido cargo/função

administrativa. Funções ou cargos que variam entre chefia de departamento,

representante de diversos conselhos, coordenação de grupos de pesquisa,

coordenação de programa/atividade de extensão, coordenação de programa de

pós-graduação, coordenação de comissão, coordenação de implantação de

setor (Unidade Saúde Escola – USE). E apenas um (1) respondente não

informou esta questão.

Dos 22 respondentes, quatro (4) entenderam que a função

desempenhada na vice-coordenação foi de caráter administrativo e não a

compreenderam como o fato de já ter assumido a função de coordenação de

78

curso. Tal fato pode ter sido identificado desta forma devido em algumas

coordenações de cursos ocorrer uma divisão de tipos de tarefas entre o

coordenador e o vice-coordenador. Aquele acaba por delegar as atividades

mais administrativas para este.

Pode-se inferir que mais da metade dos respondentes já teve um

contato com atividades administrativas o que, de certa forma, pode-se supor

que tenha auxiliado numa melhor compreensão de procedimentos

administrativos existentes na Instituição, facilitando sua atuação ao assumir a

função de coordenador de curso, no tocante à dimensão administrativa da

gestão educacional. Dimensão esta que implica na realização de vários

procedimentos administrativos e para tal, é necessário conhecer a Instituição e

todos os seus processos administrativo-burocráticos. Portanto, esses dados

sugerem que os cargos ou funções administrativas contribuem mais para a

carreira docente, bem como têm mais visibilidade acadêmica.

No questionário aplicado, as questões de números três, quatro e cinco

correspondem às questões sobre atuação em programa de pós-graduação da

UFSCar, participação em programa/atividade de extensão da UFSCar e

integração de grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ, respectivamente.

Na questão de número três existiam duas possibilidades de se verificar

se o coordenador atua em programa de pós-graduação na UFSCar, sendo: sim

ou não.

De acordo com o gráfico 7, do total de respondentes, 25,64% (10) não

atuam em programa de pós-graduação da UFSCar. Os outros 74,36% (29)

respondentes atuam em programas de pós-graduação da UFSCar.

79

Gráfico 7: Atuação em programa de pós-graduação da UFSCar

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Na questão de número quatro existiam duas possibilidades de se

verificar se o coordenador atua em programa ou atividade de extensão da

UFSCar, sendo: sim ou não.

De acordo com o gráfico 8, 23,1% (9) não participam de

programa/atividade de extensão da UFSCar; os demais respondentes que

participam correspondem a 76,9% (30). Com estes dados pode-se levantar,

também, que a maioria dos docentes atua na comunidade interna e externa à

UFSCar.

80

Gráfico 8: Participação em programa/atividade de extensão da UFSCar

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Na questão de número cinco existiam duas possibilidades de se verificar

se o coordenador integra algum grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ,

sendo: sim ou não.

No tocante a integrar grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ, apenas

2,6% (1) não integra nenhum grupo de pesquisa e os demais que integram

correspondem a 97,4% (38), como pode ser observado no gráfico 9.

81

Gráfico 9: Integração de grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Nas questões referentes à atuação em programas de pós-graduação da

UFSCar, à participação em programa/atividade de extensão da UFSCar e à

integração de grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ, a maioria atua em

programas de pós-graduação, participa de programa/atividade de extensão e

integra algum grupo de pesquisa. Mesmo sendo questões fechadas, ao

elaborá-las teve-se o objetivo de verificar se a função de coordenação

contribuiria para a não participação em programa/atividade de extensão, para a

dificuldade de atuar em programas de pós-graduação e de integrar grupo de

pesquisa, pois se ouve muitos comentários que a coordenação de curso

“ocupa” uma carga horária muito extensa do (a) professor (a) que a assume.

Porém, com base nos percentuais esta hipótese não foi confirmada, pois 74,4%

dos respondentes atuam em programas de pós-graduação da UFSCar, 76,9%

participam de programa/atividade de extensão da UFSCar e 97,4% integram

82

grupo de pesquisa do CNPQ, lembrando que os percentuais referentes às

questões sobre atuação em programas de pós-graduação da UFSCar e à

participação em programa/atividade de extensão da UFSCar poderiam ser

maiores se as questões fossem mais amplas como: Atua em algum programa

de pós-graduação? e Participa de algum programa/atividade de extensão?,

sem restringi-las à UFSCar. Com este resultado fica claro que os

coordenadores acabam tendo acúmulo de funções, pois atuam como docentes

na graduação e na pós-graduação, atuam na extensão tendo contato com a

comunidade acadêmica e a comunidade externa à UFSCar, integram grupos

de pesquisa e coordenam curso de graduação, sem para isto ter reduzido sua

responsabilidade acadêmica, ou seja, sem reduzir sua carga didática em sala

de aula.

De acordo com as questões referentes à caracterização dos

coordenadores de curso, pode-se observar uma diversidade nos itens

referentes à formação acadêmica, ao tempo de experiência como docente no

ensino superior, ao ano de ingresso na UFSCar e à situação atual de cada um

deles como docente da UFSCar. Já nos outros três itens referentes à atuação

como docente há certa homogeneidade tendo pouca diversidade como na

atuação em programa de pós-graduação da UFSCar, na participação em

programa/atividade de extensão da UFSCar e na integração de grupo de

pesquisa do Diretório do CNPQ.

No tocante às questões sobre já ter sido coordenador de curso antes e

já ter assumido alguma função ou cargo administrativo, pode-se inferir que, por

um lado, a maioria dos respondentes não teve nenhum contato direto com as

atividades desempenhadas por uma coordenação de curso e, por outro lado,

mais da metade dos respondentes já assumiram anteriormente algum tipo de

cargo ou função administrativa. O que, aparentemente, é algo a ser

considerado, pois mais da metade dos respondentes não tinham assumido

uma coordenação de curso anteriormente, mas, mais da metade desses

mesmos respondentes já assumiram função ou cargo administrativo. Pode-se

inferir que as funções ou cargos administrativos têm mais visibilidade

acadêmica quando comparadas a uma coordenação de curso e que esta é um

órgão fragilizado na Instituição. Esta fragilidade pode ser observada no gráfico

15, pois a questão levanta qual foi a principal motivação que levou os

respondentes a assumirem a coordenação de curso.

83

Há que se recordar que a função de coordenador de curso de graduação

não contabiliza em nada para a carreira docente numa instituição de ensino

superior. Na carreira docente contabiliza-se titulação acadêmica, diversas

publicações, experiência docente, dentre outras, mas a ocupação da função de

coordenação não pontua em nada. Como as exigências dos órgãos de fomento

à pesquisa chegam a ser exacerbadas, pode-se inferir que isto acaba por

direcionar para o não interesse e procura por exercer a função de

coordenação, pois ao assumir tal função estará apenas acumulando mais

atribuições, além das já assumidas como docente do ensino superior. Mais

uma vez a pesquisa se sobressai ao ensino, porém, há o “esquecimento” de

que é o ensino de graduação que gera o “capital humano” que produzirá

pesquisa na pós-graduação stricto sensu.

Segundo Mariano, a Reforma Universitária trouxe grandes

transformações para os profissionais da educação superior, pois as cátedras

foram substituídas pelos departamentos que passaram a ter chefias com

caráter rotativo, além de estabelecer a indissociabilidade das atividades de

ensino, pesquisa e extensão, o regime de tempo integral e a dedicação

exclusiva dos professores, valorizando sua titulação e a produção científica.

Vislumbrando uma visão desenvolvimentista que propiciaram melhorias na pós-

graduação, bem como nas atividades científicas do país (MARIANO, 2007, p.

67). Portanto, desde 1968 há uma “cultura” em se valorizar mais a pesquisa

que o ensino e a extensão, situação esta que reflete até os dias atuais e de

acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, os cargos ou funções

administrativas exercidas anteriormente, à atual função de coordenador, pelos

respondentes em quase sua totalidade eram vinculados à pesquisa.

Neste subitem respondeu-se ao objetivo de caracterizar o perfil dos

coordenadores de cursos de graduação na Universidade Federal de São

Carlos (UFSCar). Caracterização esta que apresenta o seguinte panorama: a

predominância na UFSCar é de cursos de bacharelado; a maioria dos

respondentes é coordenador de cursos de bacharelado; a predominância da

formação dos respondentes é em bacharel – quase 70%; a maioria da

coordenação de cursos de graduação da UFSCar é feita por pessoas com

larga experiência docente no ensino superior; o ano de ingresso na Instituição

apresenta uma variabilidade grande indo de 1986 a 2009; metade dos

coordenadores que responderam o questionário, ingressou há 5 ou menos

84

anos na UFSCar, portanto com menor vivência acadêmica na Instituição

constituindo a coordenação algo novo para eles, não experimentado

anteriormente e sugerindo uma demanda por qualificação/aperfeiçoamento dos

docentes coordenadores para o exercício de nova função; os coordenadores

de curso são predominantemente professores adjuntos e em menor proporção

professores associados; a maioria dos respondentes não teve nenhum contato

direto com as atividades desempenhadas por uma coordenação de curso; mais

da metade dos respondentes já teve um contato com atividades

administrativas; e, a maioria atua em programas de pós-graduação, participa

de programa/atividade de extensão e integra algum grupo de pesquisa.

Após a caracterização do perfil de coordenador de curso, considerando

que a maioria tem formação em curso de bacharel, tem pouca vivência na

UFSCar e não teve nenhum contato direto com as atividades desempenhadas

por uma coordenação de curso, juntamente com a indicação de certa

fragilidade da função de coordenar é interessante verificar: como os

coordenadores de curso vêem a função que lhes foi atribuída; a necessidade

de um preparo prévio para coordenar; as orientações oferecidas pela

Instituição; a importância da experiência acadêmica e institucional para o

desempenho da função de coordenador; o tempo adequado para a duração de

um mandato de coordenação de curso; a motivação que os levou a assumirem

a coordenação, bem como o que é necessário, na opinião dos respondentes,

para ser um bom coordenador de curso.

5.2 – Visão dos coordenadores de curso de graduação na UFSCar

A questão aqui abordada refere-se à visão do coordenador, ou seja, ao

desempenhar a função de coordenador de curso como este se considera

predominantemente. Esta questão responde ao objetivo de verificar se o

coordenador de curso de graduação se identifica como um gestor educacional

de um curso de graduação no ensino superior e pode ser visualizada no gráfico

10.

Nesta questão existiam quatro opções para escolha, quais sejam: um

burocrata, despachante de papéis; um coordenador acadêmico do projeto

pedagógico do curso; um interlocutor entre corpo discente e a Instituição; ou

outra, caso nenhuma das três opções anteriores fossem adequadas para

85

descrever como o coordenador se considera predominantemente. Havia a

possibilidade da escolha de mais de uma opção, pois não tinha nenhuma

recomendação de ter que escolher apenas uma opção. Com isso, as respostas

foram bastante diversas e houve a possibilidade de unir mais de duas opções.

Ao analisar quais foram as categorias que se apresentaram na opção “outra”,

verificou-se que havia muita similaridade com as três opções postas no

questionário, portanto, incluíram-se essas respostas nas opções já citadas sem

que perdesse o seu real significado. Nesta questão havia espaço para tecerem

comentários.

Gráfico 10: Visão dos coordenadores de curso de graduação na UFSCar

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Dos 39 respondentes, 30,8% (12) coordenadores se consideram apenas

como coordenadores acadêmicos; 28,2% (10) coordenadores se consideram

como coordenadores acadêmicos e interlocutores; 12,8% (5) consideram-se

86

como apenas interlocutores; 7,7% (3) consideram-se como coordenadores

acadêmicos e interlocutores; 5,1% (2) consideram-se apenas como burocratas;

5,1% (2) consideram-se como burocratas, coordenadores acadêmicos e

interlocutores; 2,6% (1) considerou outra; 2,6% (1) considera-se como

burocrata e coordenador acadêmico; 2,6% (1) considera-se como coordenador

acadêmico e outra; e 2,6% (1) considera-se como burocrata, coordenador

acadêmico e interlocutor e outra.

Nota-se que quase a totalidade dos coordenadores se considera,

predominantemente, como coordenadores acadêmicos do projeto pedagógico

do curso, combinando predominantemente com outros papéis, como

interlocutores entre corpo discente e a Instituição. Uma proporção significativa

se considera, apenas, como coordenadores acadêmicos do projeto pedagógico

do curso. Poucos são os que se consideram, unicamente um burocrata,

despachante de papéis.

Ao elaborar esta questão não havia a hipótese de que a grande maioria

dos respondentes se consideraria, predominantemente, como coordenadores

acadêmicos. Muitos comentários verbais ouvidos ocasionalmente indicavam

que alguns docentes que já assumiram a coordenação davam a entender uma

outra percepção que não esta obtida na pesquisa de campo através do

questionário.

De qualquer forma, as respostas obtidas indicam uma percepção

adequada a respeito do papel de coordenador. Os dados confirmam que os

coordenadores de curso se identificam como gestores educacionais,

respondendo a um dos objetivos propostos na pesquisa.

Esta percepção se afina com o que vários autores aqui abordados

apresentam sobre esta questão e com definido na Portaria da UFSCar a GR n°

662/03. O coordenador conseguirá realizar todas as funções, indicadas por

vários autores, que cabem a um coordenador de curso juntamente com todas

as atribuições que lhes são postas nesta Portaria gerindo e executando o

projeto pedagógico do curso sob sua responsabilidade.

Cabem aqui, alguns questionamentos: para desempenhar o papel de

coordenação como gestor do projeto pedagógico de curso e articulador

acadêmico, o que os coordenadores atuais acham necessário: a formação

básica como bacharéis e a experi6encia docente bastam?

87

5.3 – Necessidade de preparo prévio para coordenar

A questão seguinte aqui abordada busca verificar se o coordenador vê a

necessidade ou não em se ter uma formação/preparo específico antes de

assumir a função de coordenação de curso (gráfico 11).

Nesta questão existiam duas possibilidades de se verificar se o

coordenador considera necessário ou desnecessário ter uma formação ou

preparo específico antes de assumir a coordenação de curso, quais sejam:

necessário ter uma formação ou preparo específico antes de assumir a

coordenação e neste caso solicitou-se que indicassem qual seria esta

formação; e desnecessário ter uma formação ou preparo antes de assumir a

função. Havia espaço para tecerem comentários.

Esta questão responde ao objetivo proposto na pesquisa, de levantar

demanda da necessidade, ou não, da oferta de cursos de formação em gestão

educacional para a atuação como coordenador de curso.

Gráfico 11: Necessidade de preparo prévio para coordenar

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Dos 39 respondentes, 81,6% (31) afirmaram que é necessário que se

tenha tal formação/preparo, 18,4% (7) afirmaram que não é necessária uma

formação ou preparo e 2,6% (1) não assinalou nenhuma das opções.

88

Dos 32 que indicaram a necessidade de se ter um preparo específico, 28

apontaram alguns assuntos, seja no formato de curso, treinamento ou

experiências, quais sejam: principais responsabilidades, atividades e

procedimentos que serão demandados ao longo do ano ao coordenador de

curso – matrícula, transferências, revalidação de diploma, ENADE1,

recadastramento junto aos conselhos de classe e junto ao MEC, uso do

ProGradWeb2, avaliação de planos de ensino via NEXOS3, ofertas de

disciplinas, uso da verba disponível, Universidade Aberta, DiCA4, dentre outros

-; conhecimento prévio de como a Universidade funciona em seus diversos

setores; habilidades relacionadas a questões pedagógicas/educacionais e

também a questões de gestão e administração, por meio de modelos teóricos

que conduzem a forma de desenvolver cada uma dessas atividades;

experiência na docência - experiência didática e acadêmica - do ensino

superior; estrutura da universidade, os processos, as instâncias de decisão, as

principais normas internas da UFSCar, os procedimentos administrativos,

conhecendo, assim os tramites da universidade, a história do curso, dos

centros, do projeto pedagógico; estruturação do projeto pedagógico;

capacitação em gestão pública; gestão de pessoas; legislação nacional para o

ensino superior.

Dos sete (7) que não indicaram a necessidade de se ter uma

formação/preparo específico, justificaram da seguinte forma: desde que o

coordenador anterior e a chefia de departamento forneçam as “primeiras

instruções” ao coordenador atual com “alguma” responsabilidade e disposição

sincera para “ouvir” alunos com isenção; desde que o indicado tenha

experiência docente em Universidade pública ou privada, entendimento básico

do funcionamento da Universidade e suas diversas instâncias e alguma

participação em comissões ou outras atividades de administração; e por último,

1 ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, vinculado ao SINAES (Sistema Nacional de Avaliação

da Educação Superior).

2 ProGradWeb, o sistema de controle acadêmico da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Disponível em:

https://progradweb.ufscar.br/progradweb. Acesso em: 14 jul de 2010. 3 O Nexos é um sistema de desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem que busca promover um

aprimoramento sistemático da formação profissional exercida na UFSCar.

4 DiCA - Divisão de Controle Acadêmico da Universidade Federal de São Carlos é responsável pela centralização das

informações sobre a vida acadêmica dos alunos dos cursos de graduação.

89

desde que na trajetória profissional tenha ocupado função semelhante mesmo

que em outra instituição de ensino superior.

Pode-se dizer que a maioria dos respondentes considera necessário ter

um preparo específico antes de assumir a função de coordenação de curso,

pois auxiliaria muito no desempenho de suas atribuições. Preparo que engloba

as dimensões administrativas e pedagógicas que são dimensões importantes

para uma boa gestão de um curso de graduação. Os assuntos elencados

acima compõem essas duas dimensões.

Segundo Sabadia, a formação didático-pedagógica deve ser

considerada como uma exigência aos membros das coordenações de cursos

de graduação, principalmente aos membros das coordenações de cursos

eminentemente técnicos, pois são cursos em que as formações em graduação

não contemplam disciplinas de formação pedagógica e a pós-graduação

excepcionalmente enfatiza a formação docente para atuação no ensino

superior (SABADIA, 1998, p. 29).

Neste mesmo sentido afirma Guimarães, que para que o curso de

graduação tenha sucesso não basta apenas uma organização que garanta que

tudo flua segundo certa ordem. Existe um papel político a ser exercido e são

exigidas certas competências e habilidades deste profissional que acabam

extrapolando o conhecimento específico do curso em que atua. Exige

competências e habilidades administrativas para a tomada de decisões e

exercício de ações que sejam necessárias na busca de respostas adequadas

às expectativas de todos os envolvidos no processo, como alunos, professores,

administração, dentre outros. E complementa afirmando que o gestor de curso

superior precisa de uma formação pedagógica, o que constitui numa

necessidade cada vez mais presente e urgente nos programas de formação em

nível superior (GUIMARÃES, 2003).

Os resultados apontam para uma forte atuação da Pró-Reitoria de

Graduação em proporcionar tal preparo ou formação que venha atender à

demanda solicitada pelos coordenadores de curso. Pode-se dizer que a oferta

de uma formação deveria ser institucionalizada, ou seja, antes de um docente

assumir uma coordenação de curso deveria passar por esta formação. Para tal,

a ProGrad programaria a formação de maneira que conseguisse atender a

90

todos, mesmo tendo a ciência que cada coordenação troca de coordenador em

períodos distintos.

A atuação da ProGrad, pode ser claramente visto nas indicações de

alguns dos respondentes:

Penso que as oficinas pedagógicas ajudam bastante não só o

coordenador como o próprio corpo docente. Já nos reunimos

com a Pro Reitoria de Graduação para discussões sobre

definição de objetivos. No entanto, penso que seria importante

uma vinculação mais forte entre as coordenações de curso e os

profissionais da PROGRAD, especialmente com as pedagogas.

Seria muito adequado por exemplo que as pedagogas da

PROGRAD fizessem parte do Conselho de Curso por exemplo

(Respondente 1).

Curso ou treinamento oferecido pela ProGrad ou por outro

órgão com o intuito de ensinar os caminhos e funções

administrativas para o novo coordenador (Respondente 2).

5.4 – Orientação prévia para o exercício da coordenação

A questão referente ao oferecimento pela UFSCar de orientação/apoio

para a formação/preparo específico destinado ao exercício da função de

coordenação de curso é identificada como questão de número oito e pode ser

visualizada no gráfico 12.

Na questão existiam três possibilidades de se verificar, segundo a

opinião dos coordenadores de curso, se a UFSCar oferece algum tipo de

orientação ou apoio para a formação ou preparo específico destinada aos

coordenadores de curso, quais sejam: sim, não e parcialmente. Esta questão

responde ao objetivo de averiguar se houve a oferta de cursos de formação em

gestão educacional aos coordenadores de curso em exercício, bem como de

levantar como os coordenadores interpretam a atuação da UFSCar no

desenvolvimento da função de coordenação de curso.

91

Gráfico 12: Orientação prévia para o exercício da coordenação

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Dos 39 respondentes 33,3% (13) afirmaram que não houve a oferta,

46,2% (18) afirmaram que a oferta foi realizada parcialmente e 20,5% (8)

restantes afirmaram que ocorreu a oferta.

Dos 18 respondentes que afirmaram que a oferta pela UFSCar de

orientação/apoio para a formação/preparo específico destinada ao exercício da

função de coordenação de curso foi parcialmente, alguns especificam como

ocorreu ou ocorre tal oferta, quais sejam: por consultas à Pró-Reitoria de

Graduação, participação em curso, ao procurar ou solicitar orientação junto às

Pró-Reitorias, pela participação nas oficinas pedagógicas oferecidas pela

Coordenadoria de Desenvolvimento Pedagógico (CDP) da Pró-Reitoria de

Graduação (ProGrad) e pela participação no Conselho de Graduação.

92

Dos oito (8) respondentes, que afirmaram que houve a oferta pela

UFSCar de orientação/apoio para a formação/preparo específico destinada ao

exercício da função de coordenação, um solicita a participação das pedagogas

– vinculadas à CDP/ProGrad – nos Conselhos de Coordenação de Curso como

uma forma de apoio e orientação pedagógica à coordenação de curso.

Pode-se inferir que do total de 39 respondentes, somando os que

responderam que houve a oferta e os que responderam que esta ocorreu de

forma parcialmente, 26 afirmam que, seja de forma direta ou de forma indireta,

a UFSCar oferece alguma orientação/apoio às coordenações de cursos de

graduação como forma de auxílio no desempenho de suas atividades e

atribuições. Tal oferta pode vir a ser institucionalizada para que todos possam

participar e trocar experiências, contribuindo para que a função de

coordenação de curso seja aprimorada.

No ano de 2009 a ProGrad/CDP ofereceu um curso que foi idealizado e

elaborado especialmente para os coordenadores de curso, chefes de

departamento e os respectivos secretários, intitulado “Procedimentos

Administrativos da Graduação: fomentando a eficiência dos processos”. Curso

este que teve o objetivo de socializar informações sobre os procedimentos

institucionalizados referentes aos assuntos acadêmicos, visando maior

eficiência nos processos. Embora o público participante não tenha sido

expressivo, atendeu-se a uma demanda já apontada pelos docentes e que foi

confirmada na aplicação do questionário desta pesquisa, indicando a

continuidade de sua oferta, bem como ampliando o atendimento aos outros

dois campi da Instituição.

Pode-se observar a necessidade da institucionalização desta formação,

bem como a utilização de ferramentas virtuais como uma forma de apoio aos

coordenadores de curso no desempenho de suas atribuições. Necessidade

esta que pode ser visualizada nos comentários feitos por alguns dos

respondentes:

Participei de um encontro em 2009 para capacitação de

coordenadores. Neste período, estava como vice-coordenadora

do Curso e estava envolvida em atividades de coordenação de

estágios. No entanto, as atribuições atuais da coordenação de

93

Curso são bem diferentes e neste momento, a capacitação

seria muito mais vantajosa (Respondente 1).

Tive orientação/apoio da coordenação anterior de quem fui

vice. A ProGrad e DiCA oferecem apoio sempre que

consultadas. Os apoios usualmente ocorrem quando há

alguma situação a ser resolvida, no meio do processo,

raramente antes (Respondente 2).

Através do apoio da Pró-Reitoria de Graduação, tanto através

dos pró-reitores quanto através dos pedagogos que trabalham

na Pró-Reitoria. Talvez uma sugestão para melhoria deste

apoio seria a criação de um blog de acesso exclusivo aos

coordenadores, que fosse mantido pela Pró-reitoria de

Graduação; aí seria possível manter atualizada toda a

documentação, além de contatos rápidos que porventura

fossem necessários para resolver problemas urgentes do curso

(Respondente 3).

5.5 – Importância da experiência institucional e acadêmica para o

exercício da coordenação de curso

A questão de número nove referente à importância do docente ter

experiência institucional e acadêmica antes de assumir a função de

coordenação de curso, pode ser visualizada no gráfico 13. Na questão existiam

duas possibilidades de se verificar, segundo a opinião dos coordenadores de

curso, se é importante ter experiência institucional e acadêmica antes de

assumir uma coordenação de curso, sendo: sim ou não.

94

Gráfico 13: Importância da experiência institucional e acadêmica para o exercício da coordenação de curso

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Dos 39 respondentes, 92,1% (35) afirmam que é importante ter esta

experiência antes de assumir a função e apenas 7,9% (3) afirmaram não ser

importante ter tal experiência e 2,6% (1) não assinalou nenhuma opção.

Dos 35 respondentes que afirmaram que é importante ter a experiência

institucional antes de assumir a função de coordenação de curso, 14 teceram

alguns comentários que podem ser aglutinados da seguinte forma: contribui

para uma melhor compreensão da Instituição e do curso, auxiliando nas

discussões junto ao próprio Conselho de Coordenação de Curso e na

condução das atividades de coordenador; conhecer o projeto pedagógico do

curso, entendendo o que se espera de cada disciplina e como cada uma

contribuirá na formação do perfil do egresso estabelecido no projeto; ter noção

sobre as necessidades e exigências do curso; conhecer procedimentos

95

administrativos facilitando na tomada de decisões; melhor desempenho da

função mesmo que sejam experiências em outras universidades nacionais e

internacionais; realizar uma gestão participativa; minimizar a visão imediatista;

uma melhor condição de análise para atuação como coordenador. Um destes

14 respondentes afirma a importância de se encerrar o período do estágio

probatório – atualmente composto por três anos – para assumir a função de

coordenação do curso, desta forma o docente tem tempo para adquirir tais

experiências.

Pode-se inferir que dos 39 respondentes, 35 afirmaram que é de grande

relevância que os docentes tenham experiência institucional – conhecer a

UFSCar como um todo, sua história, sua trajetória, sua cultura, seu estatuto,

regimento, documentos, dentre outros – como também tenham experiência

acadêmica – conhecer o curso no qual ministrará aulas, seu projeto

pedagógico, experiência nos processos de ensino e aprendizagem (aulas), os

alunos, dentre outros. Para tanto, não poderia assumir a função de

coordenação de curso antes do término do período de estágio probatório.

Considerando os resultados obtidos, são muitas as contribuições que um

docente tem após algum tempo atuando na Instituição, o que facilita muito a

atuação de um docente ao assumir uma função de extrema importância para a

qualidade do curso de graduação. Contudo, há casos em que não tem como

aguardar o final do período do estágio probatório para que o docente assuma a

função. Foi o que ocorreu em alguns cursos do REUNI que os docentes

assumiram a coordenação de curso sem ter concluído o final de estágio

probatório, pois não havia docente com mais experiência para assumir. Porém,

estes docentes recém-contratados poderiam ter tido um acompanhamento

mais próximo de docentes mais experientes, o que não significa que isso não

tenha acontecido, mas não há como identificar tal fato porque o questionário

não teve tal intenção.

Nos relatos de alguns dos respondentes, pode-se verificar a importância

de ter a experiência institucional e acadêmica antes de assumir uma

coordenação de curso:

96

A coordenação de curso demanda um perfil pedagogicamente

orientado. Requer também, do coordenador, competências de

gestão de recursos financeiros e humanos que nem sempre um

pesquisador recém chegado sabe administrar. Além de ter que

lidar com implicações políticas as mais variadas (Respondente

1.)

A compreensão da instituição, desde os seus princípios e

objetivos, até mesmo a sua estrutura, junto com alguma

experiência acadêmica, permitem, no mínimo uma melhor

condição de análise para atuação como coordenador

(Respondente 2).

Não me parece adequado, por exemplo, que um recém doutor

e em início de carreira ingresse em uma Universidade Pública e

de imediato seja indicado coordenador de curso. Excluem-se

os recém doutores que já atuam em Universidade ou que

provenham de atuação profissional em suas áreas pois estes

embora tenham experiências de natureza diferente, também

desenvolvem habilidades no relacionamento inter-pessoal e

conhecimento da dinâmica das funções de coordenação e

liderança (Respondente 3).

Sim, pois há vários trâmites que desconhecemos quando

ingressamos na Universidade, o que dificulta a tomada de

decisões, por exemplo. A responsabilidade de tal cargo é

enorme, a vida acadêmica dos alunos está nas mãos da

coordenação do curso, por isso a necessidade de se conhecer

os caminhos administrativos (Respondente 4 ).

97

5.6 – Tempo adequado da duração do mandato do coordenador de curso

A questão de número dez refere-se ao tempo mais adequado para a

duração de um mandato de coordenador de curso, podendo ser visualizada no

gráfico 14.

Nesta questão havia quatro possibilidades de se verificar, na opinião dos

coordenadores, qual seria o tempo mais adequado para a duração de um

mandato de coordenador de curso, quais sejam: 1 ano, 2 anos, 3 anos e mais

que 3 anos.

Gráfico 14: Tempo adequado da duração do mandato do coordenador de curso

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

98

Dos 39 respondentes, 71,8% (28) afirmaram que o tempo mais

adequado para o mandato é o período de dois anos, 20,5% (8) afirmaram como

mais adequado o período de três anos de duração, 5,1% (2) afirmaram como

sendo o mais adequado o período de mais três anos e apenas 2,6%, (1)

afirmou como sendo um ano. Correspondendo a, e respectivamente. Existe

divergência na somatória total dos respondentes, pois um respondente

assinalou duas opções.

Nesta questão apenas um respondente teceu comentário sugerindo o

término do período de estágio probatório para assumir a coordenação de curso.

Este comentário foi extremamente interessante, pois alguns professores

recém-chegados assumiram a função de coordenação de curso sem ter uma

experiência institucional. Esta experiência institucional foi muito recomendada

pelos respondentes, como se pode observar na questão e número nove.

Pode-se inferir que os coordenadores de curso, consideram dois anos

como sendo o tempo mais adequado para a duração de um mandato de

coordenador de curso, tempo este estabelecido na Portaria GR n° 662/03, de

05 de dezembro de 2003, que dispõe sobre o Regulamento Geral das

Coordenações de Cursos de Graduação. Apenas oito (8) respondentes

indicaram três anos como sendo o tempo mais adequado para a duração de

um mandato, correspondendo ao percentual de 20,5%.

Registram-se aqui algumas questões para reflexão: Dois anos são

suficientes para gerir um curso de uma forma que o conheça como um todo?

Por que a predominância nos dois anos? Por considerarem-na como uma

função desgastante, ou por que é o estabelecido na Portaria GR n° 662/03, de

05 de dezembro de 2003? Por que indicar um ano como o tempo mais

adequado? Com tantas atribuições além da função de coordenação, seria

viável uma gestão de curso em apenas um ano?

Talvez um tempo mais adequado para a duração de um mandato de

coordenador de curso seja o período de três anos, principalmente ao

considerar todas as atribuições que um docente tem ao atuar no ensino

superior público, juntamente com todas as atribuições postas na Portaria GR n°

622/03 que cabem a um coordenador de curso. Três anos é um bom tempo

para se conhecer bem a história do curso, seu projeto pedagógico e todas as

99

atribuições que lhe cabem. Como pode ser verificado em comentários

realizados por alguns dos respondentes:

Penso que assumimos um cargo que leva, pelo menos, um ano

para que se entenda a natureza e o alcance das funções

(Respondente 1).

Desde que se tenha orientações para que se entenda

minimamente os processos administrativos. De outro modo, um

ano serve apenas para conhecermos alguns dos muitos

trâmites de uma coordenação de curso (Respondente 2).

Ou, como foi indicado por um dos respondentes que a duração do

mandato de um coordenador seja de dois anos, porém, com uma recondução,

ou seja, que o coordenador fique quatro anos na função de coordenador.

Por outro lado, um dos respondentes reconhece a importância de um

período maior do mandato de coordenador de curso, mas, não o considera

viável, pois:

O mandato poderia ser maior, se houvesse um incentivo para

tal atuação. São muitas atribuições da coordenação e somadas

as já existentes pelo docente da UFSCar, impossibilita a

ampliação do tempo de coordenação (Respondente 3).

De acordo com os dados, um ano é pouco tempo para se exercer tal

função, dois anos foi o indicado como o tempo mais adequado para a duração

do mandato e três anos seria interessante desde que se tivesse um incentivo

maior para tal ampliação. Baseando-se nos comentários feitos por alguns dos

respondentes um ano na coordenação de curso é somente para entender a

natureza e a importância das atribuições que cabem ao coordenador, bem

como para conhecer alguns dos inúmeros tramites que cercam uma

coordenação de curso. Diante disto, considerando o artigo 14 da GR n° 622/03

100

que dispõe todas as atribuições que cabem ao coordenador de curso e

considerando alguns relatos verbais muito recorrentes de ex-coordenadores,

pode-se dizer que dois anos é um tempo curto para a duração de um mandato.

É comum ouvir relatos verbais, ao final dos dois anos, de alguns docentes que

já assumiram a função de coordenador que “agora que conheço todos os

tramites da Instituição, as atribuições da coordenação é a hora de deixar a

coordenação”. Acredita-se que seria muito interessante a ampliação do período

de mandato de uma coordenação de curso, porém, desde que se procure

viabilizar tal ampliação. Esta viabilização poderia ser pensada em passar a

contabilizar, de alguma forma mesmo que internamente, para a carreira

docente, um incremento na Função Gratificada, minimizar as responsabilidades

acadêmicas do docente que assumir a coordenação, dentre outras que possam

ser realizadas. Não se pretende esgotar ou resolver a questão, apenas levantar

pontos que são passíveis de reflexão e discussão, pois o que está em

discussão é o órgão que é responsável por gerir um curso de graduação que

zela pelo desenvolvimento do projeto pedagógico visando a melhoria da

qualidade deste curso.

5.7 – Motivação para assumir a coordenação do curso

A questão de número onze refere-se à principal motivação que levou o

coordenador a assumir a coordenação de curso, podendo ser visualizada no

gráfico 15. Para esta questão havia quatro possibilidades de se levantar qual

foi a principal motivação que levou os coordenadores a assumirem a

coordenação de curso, quais sejam: atendimento à solicitação dos colegas;

importância da função para melhoria do curso; pela função gratificada; e outra,

nesta última, caso nenhuma das três opções anteriores fossem adequadas

para descrever qual foi a principal motivação que o levou a assumir a

coordenação, poderia indicar uma outra que pudesse descrever. Havia a

possibilidade da escolha de mais de uma opção, pois não tinha nenhuma

recomendação de ter que escolher apenas uma opção. Com isso, as respostas

foram bem diversas e houve a possibilidade de unir mais de duas opções. Ao

101

analisar quais foram as categorias que se apresentaram na opção “outra”,

verificou-se que havia muita similaridade com as três opções postas na

questão, portanto, incluiu-se essas respostas nas opções já citadas sem que

perdesse o seu real significado.

Gráfico 15: Motivação para assumir a coordenação de curso

FONTE: Pesquisa de campo, abril/maio de 2010

Dos 39 respondentes, 31,6% (12) afirmam que foi em atendimento à

solicitação dos colegas, 28,9% (11) que foi pela importância da função para a

melhoria do curso; 21,1% (8) que foi por outras motivações diferentes das

elencadas na questão; 5,3% (2) que foi em atendimento à solicitação dos

102

colegas e importância da função para a melhoria do curso; 5,3% (2) que foi em

atendimento à solicitação dos colegas e outra; 5,3% (2) que foi pela

importância da função para a melhoria do curso e outra; e 2,6% (1) que foi em

atendimento à solicitação dos colegas, importância da função para a melhoria

do curso e outra. Nenhum dos respondentes assinalou a opção função

gratificada. No total da somatória há divergência, pois seis respondentes

assinalaram mais de uma opção.

Dos 8 que assinalaram a opção outra motivação que os levou a

assumirem a coordenação de curso pode-se aglutiná-las em algumas

categorias como: aproveitamento de aprendizagem institucional durante

processo de reconhecimento de curso de graduação; continuação de uma

pessoa já engajada no curso, agora atuando na coordenação; disposição para

assumir um cargo que ninguém queria assumir; formação profissional e

pessoal; necessidade de aprender sobre as questões administrativas e

interesse em compreender/aprofundar no novo projeto pedagógico do curso,

garantindo sua implantação efetiva; criação de novos cursos na UFSCar –

cursos do Programa REUNI – pois alguns dos docentes desses cursos ainda

não foram contratados; e colaboração com a estrutura administrativa. A

colaboração com a estrutura administrativa, também, pode ser interpretada

com o fato de se atender à solicitação dos colegas que é outra opção.

Pode-se inferir que dos 39 respondentes, 12 assumiram a coordenação

de curso em atendimento à solicitação dos colegas de departamento, pois há

em alguns departamentos “rodízios” ou escalonamento entre os docentes para

assumirem as funções de chefia de departamento e coordenação de curso, o

que pode ter conduzido para uma predominância nesta motivação.

Considerando que a maioria indicou como motivação principal para

assumir a coordenação de curso o atendimento à solicitação de colegas,

apontando para o fato de se ter conhecimento que algumas vezes abre-se

eleições para novo coordenador e não há ninguém para se votar, tendo que o

diretor de centro indicar algum professor para assumir a função e baseando-se

em comentários transcritos dos questionários, pode-se dizer que a

coordenação de curso é um órgão fragilizado na Instituição. Alguns

respondentes afirmaram que a motivação principal que o levou a assumir a

103

coordenação foi a falta de docentes para assumir tal função, como se verifica

nos comentários feitos por alguns respondentes:

Disposição para assumir um cargo que ninguém queria

assumir...(Respondente 1).

“Não havia docentes interessados em pegar a coordenação e

me senti mobilizada a assumir (Respondente 2).

Cabe um comentário sobre o fato de nenhum dos respondentes terem

assinalado a opção pela gratificação salarial, pois a Função Gratificada (FG)

FG2 que está vigente tem seu valor em R$ 513,97. Isto pode ser elucidado em

dois comentários feitos pelos respondentes:

Não posso deixar de fazer um comentário aqui: A função

gratificada para esta posição é ridícula. Não paga nem os

remédios necessários para curar as doenças que se adquire

pelo exercício da função (Respondente 3).

Se tem um motivo para assumir a coordenação, certamente

NÃO é pela gratificação! (Respondente 4)

De acordo com os comentários realizados pelos respondentes acima,

fica claro que a função de coordenação de curso é considerada como uma

função desgastante, cansativa, pois indica que até doenças podem-se

desenvolver quando se assumi tal função, bem como que pela função

gratificada nenhum docente a assumiria. Por outro lado, há comentários

positivos referentes a principal motivação que levou o coordenador a assumir a

função, como:

Oportunidade de colocar em prática toda a experiência

acumulada em uma instituição aberta a novas propostas e a

104

oportunidade de planejar e executar de forma simultânea para

sua consolidação (Respondente 5).

Enquanto um dos idealizadores do curso assumimos a função,

mesmo por que é um curso em constituição e inovador em

termos de Brasil, e a equipe de docentes está sendo

contratada agora (Respondente 6).

Fui convidado, como um dos professores mais experientes do

curso, por vir de outra universidade, a assumir a 1ª.

Coordenação, para coordenar a criação, implementação e

consolidação do Projeto Pedagógico do Curso. A motivação de

poder contribuir para a criação de um curso novo e inovador...

foi fundamental para eu ter me decidido a sair da universidade

onde eu estava anteriormente...(Respondente 7).

5.8 – O que é necessário para ser um bom coordenador de curso

A questão de número doze refere-se às considerações feitas pelo

coordenador de curso sobre o que ele considera necessário para ser um bom

coordenador de curso. Foi uma questão aberta que teve a finalidade de que os

respondentes ficassem à vontade para apresentarem suas considerações e

contribuições a respeito dos temas coordenação de curso e o que é necessário

para ser um bom coordenador de curso.

Dos 39 respondentes, 79,4% (31) teceram comentários a respeito da

coordenação de curso e de como ser um bom coordenador e apenas 20,5% (8)

não responderam à questão. Alguns comentários são semelhantes e outros

bem distintos.

Para a apresentação dos comentários realizados optou-se por fazer uma

separação entre os que destinam à coordenação de curso e os que são

referentes ao que é necessário para ser um bom coordenador de curso de

graduação.

105

Coordenação de Curso

Entende-se a coordenação de curso como um órgão responsável pela

organização didática e pelo funcionamento de um determinado curso e que,

portanto, faz a gestão do curso de graduação. Como apontado por vários

autores, a gestão envolve o planejamento, a organização, a direção, a

coordenação, a avaliação e o controle. O conceito de gestão traz consigo a

idéia de participação, ou seja, do trabalho coletivo das pessoas ao analisarem

situações, ao tomarem decisões e ao agirem sobre ambas conjuntamente.

Com isso, o conceito de gestão educacional é orientado por princípios

democráticos, caracterizado pela relevância na participação consciente dos

envolvidos no processo e nas decisões sobre orientação, organização e

planejamento.

A gestão educacional de um curso de graduação orientada por princípios

democráticos é exercida no Conselho de Coordenação de Curso. Este é um

órgão colegiado responsável por deliberar sobre questões afetas ao curso. Em

sua composição está assegurada a representação dos docentes que atuam no

curso, dos discentes de várias turmas do curso e dos técnico-administrativos

que atuam no curso. Portanto, este conselho é uma instância em que a

participação democrática é muito bem representada.

Ao fazerem suas considerações sobre a coordenação de curso a maioria

dos respondentes apontou sugestões de melhorias para o exercício da função,

bem como melhoria de infra-estrutura.

De um modo geral, os respondentes consideram a coordenação de

curso de graduação como uma função muito importante dentro da Instituição

por constituir um dos pilares desta, que é o ensino, e por ser responsável pela

formação integral e cidadã dos estudantes. O que acaba exigindo: muita

responsabilidade, dedicação e comprometimento do docente que a assume;

uma dedicação de tempo muito grande; que a Instituição possa oferecer boa

infra-estrutura de secretaria, bem como o aprimoramento do sistema de

controle acadêmico dos estudantes. Este sistema é uma ferramenta que auxilia

na execução de uma boa parte das atribuições de uma coordenação de curso

(ficha de caracterização de disciplina; processo de inscrição em disciplinas;

106

transferência interna e externa; intercâmbio e mobilidade acadêmica; inscrição

no ENADE; tramitação de documentos; gerenciamento de notas, de recursos

de alunos, dentre outros).

Por outro lado, alguns apontaram, além de sua importância, que a

coordenação de curso é uma função muito exaustiva e desgastante, pois tem

muitas atividades para se realizar diariamente, principalmente, quando somada

às de responsabilidades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão de um

docente do ensino superior, com participações em comissões, o que acaba

conduzindo para uma não disponibilidade de tempo para se debruçar sobre as

questões pedagógicas afetas ao curso. Como visto anteriormente, esta

situação, também, é encontrada no cotidiano de um diretor de escola, pois este

ao desempenhar seu papel acaba por exercer duas funções, por um lado de

educador que precisa cuidar da busca dos objetivos educacionais

estabelecidos na escola, por outro de gerente e responsável pela instituição

escolar fazendo cumprir as determinações legais oriundas dos órgãos

superiores. Tais determinações acabam por concorrerem com a busca da

realização dos objetivos estabelecidos, pois o diretor acaba dedicando grande

parte de seu tempo para atender as formalidades burocráticas.

Os respondentes apontaram, também, sugestões para viabilizar o

trabalho do coordenador no exercício de sua função, como por exemplo, que o

coordenador não assuma outras obrigações de participar de comissões e que

no período de exercício da função de coordenador, o docente possa ter, pelo

menos, suas responsabilidades acadêmicas minimizadas. Contudo, indicam

que esta função deveria ser mais bem valorizada, bem como ter melhor

gratificação. Como pode ser verificado nos comentários abaixo:

É um cargo importante, porém, altamente desgastante. Mais

que qualquer um que ocupei. Isso obviamente, se o

coordenador tentar exercer a função de maneira ativa. Se o

coordenador pensar que serve apenas para assinar

documentos as coisas podem ser diferentes. Penso que a

coordenação de curso é uma das funções mais importantes

dentro da universidade, afinal, é responsável direta por um dos

pilares da instituição, que é o ensino. A formação de

107

estudantes é, em minha opinião, uma missão complexa e muito

além de simples transmissão de conhecimento. Ela envolve

também a formação de caráter, o que julgo extremamente

importante (Respondente 1)

A coordenação de curso é um trabalho exaustivo, não tem fim,

todos os dias há decisões para serem tomadas, documentos

para despachar, email para enviar aos alunos com solicitações,

recomendações, avisos, etc, além das reuniões que o

coordenador é obrigado a participar (conselho de graduação,

de centro), entre outras, por isso o trabalho deveria ser melhor

gratificado, uma vez que não se tira do professor suas

responsabilidades acadêmicas (ensino, pesquisa e extensão)

quando este assume um cargo administrativo como a

coordenação de um curso (Respondente 2).

...sem deixar de produzir pesquisa de boa qualidade, preparar

e ministrar aulas visando a boa formação do aluno (o que inclui

o atendimento aos alunos, correção de provas, exercícios etc.)

e dedicar-se a atividades de extensão universitária. (Um clone

ou um dia de 32 horas úteis ajudaria muito.) (Respondente 3).

A coordenação de curso nos coloca em contato com a

universidade e com seus tramites. Isto de fato, é muito válido.

O grande problema é que as atividades vinculadas a função de

coordenador ficam marginalizadas diante de tantas outras

obrigações, participações de comissões, etc, que, no meu

entendimento, poderiam ser desenvolvidas por outros

professores que não estão com cargos administrativos.

Considero a função de coordenador essencial para a

graduação. Mas tal como ela se configura, raramente dispomos

de tempo para lidar especificamente com as questões

pedagógicas do curso (Respondente 4).

108

Penso que uma boa gestão depende de uma série de fatores,

sendo que alguns dependem do compromisso e envolvimento

da docente envolvida na função e outros fatores são „externos‟

e dependem de outras pessoas e setores. Penso também que

é fundamental ter uma boa infra-estrutura de secretaria. Um

outro aspecto fundamental e que definitivamente não contribui

para uma boa gestão é o nosso sistema de gerenciamento da

vida do aluno e do processo de oferecimento de disciplinas,

matrícula etc. O ProGradWeb é bastante limitado nas

possibilidades de gerar informações fundamentais para a

Coordenação de Curso! (Respondente 5).

Solicitaram uma equipe de técnico-administrativos conhecedores dos

processos administrativos da Instituição para os auxiliarem no exercício da

função de coordenador de curso. Para os técnico-administrativos recém-

chegados na Instituição solicitaram cursos que abordem temas relacionados ao

universo que compõe a UFSCar, que indiquem quais são suas atribuições

numa secretaria de coordenação de curso de graduação e quais são os

procedimentos necessários para a realização do trabalho da coordenação.

Estas solicitações apontam para uma atuação mais pontual a ser realizada pela

Secretaria Geral de Recursos Humanos da UFSCar (SRH/UFSCar).

Considerou-se interessante apresentar no corpo do texto as atribuições

da secretaria de coordenação de curso pelo fato de que, recentemente, na

UFSCar há muitos técnico-administrativos recém-chegados e, principalmente,

por estarem ocupando o cargo de secretaria de coordenação. Por outro lado,

não há na UFSCar, por escrito, os procedimentos administrativos que uma

secretaria de coordenação de curso precisaria saber para desempenhar suas

atribuições.

Estas atribuições da secretaria de coordenação de curso encontram-se

disponibilizadas na Portaria GR n° 662/03, em seu Art. 17 – À Secretaria da

Coordenação do curso compete:

109

I – exercer as atribuições do cargo definidas no Plano Único de

Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos;

II – responsabilizar-se pelos serviços de apoio à Secretaria,

visando ao bom funcionamento do curso;

III – assessorar a Coordenação do curso nas tarefas

administrativas e na implementação das deliberações do

Conselho de Coordenação;

IV – organizar e manter o arquivo de documentos relacionados

ao curso;

V – atender os alunos em horários estabelecidos pela

coordenação;

VI – divulgar ao conjunto de alunos do curso as ofertas de

bolsas, estágios, empregos e demais informações de interesse

do ensino de graduação;

VII – outras atribuições determinadas pela Coordenação do

curso.

Esta demanda pode ser pensada num trabalho participativo entre a Pró-

Reitoria de Graduação e a Secretaria Geral de Recursos Humanos, procurando

trabalhar neste curso o que compete a cada uma. Curso este que deveria ser

institucionalizado, assim, como o curso destinado aos coordenadores. Isso

pode ser confirmado em um dos comentários feito por um dos respondentes:

Acredito que neste momento a UFSCar está renovando seu

quadro de docentes e técnicos administrativos (secretários de

curso). Essas novas contratações são importantes, mas

necessitam de um treinamento que mostra as principais

atividades dentro da coordenação do curso, principais

regulamentos e resoluções, dentre outros. Sugiro que se faça

uma “cartilha do coordenador”. Seria muito interessante o

treinamento dos novos secretários de curso na utilização do

sistema ProGrad e Nexos, além dos regulamentos importantes

(Respondente 6).

110

Bom Coordenador

Entende-se o coordenador de curso como um gestor educacional ou

como um coordenador acadêmico de um curso de graduação. Gestor este que

tem sob sua responsabilidade a formação integral e cidadã dos estudantes

vinculados a um determinado curso. Portanto, é o responsável pelo

desenvolvimento do curso, zelando e contribuindo com a formação dos

estudantes. Conseguirá desempenhar seu papel de gestor planejando,

organizando, dirigindo e acompanhando as atividades do curso em conjunto

com os demais docentes que atuam no curso, em outras palavras, gerindo-o

por meio do projeto pedagógico. Para gerir o curso o coordenador precisa

conhecer a Instituição, conhecer as atribuições de um coordenador de curso de

graduação e conhecer a fundo projeto pedagógico do curso (PPC), bem como

atuar de forma equilibrada nas duas dimensões da gestão educacional a

administrativa e a pedagógica.

Ao fazerem suas considerações sobre o que é necessário para ser um

bom coordenador de curso os respondentes apontaram habilidades,

conhecimentos e atributos que acabam por definir um perfil de gestor

educacional do ensino superior. Perfil este, bem semelhante ao de um diretor

de escola. São habilidades e conhecimentos que perpassam desde o conhecer

a Instituição até o ter a formação pedagógica específica em gestão

educacional.

O perfil de coordenador de curso de graduação, segundo a opinião dos

respondentes, é o perfil de um profissional comprometido e responsável com

um ensino de graduação voltado para a transformação social, que preza pelo

acompanhamento contínuo do curso e por uma gestão democrática.

Elencou-se as habilidades, conhecimentos e atributos, apresentados

pelos respondentes, que compõem o que é necessário para ser um bom

coordenador de curso, quais sejam: conhecer a UFSCar e seu funcionamento;

compreender a importância do ensino de graduação; conhecer o curso sob sua

responsabilidade; ter experiência acadêmica, institucional e didática; ter

formação na área de conhecimento majoritária/nuclear do curso; ter habilidades

111

de inter-relações; atualizar-se; ter boa vontade, tempo e paciência; apropriar-se

do projeto pedagógico do curso para acompanhar o desenvolvimento do curso;

preparar e ministrar aulas; atender alunos; resolver problemas burocráticos; ser

intermediário e psicólogo; ter autonomia na tomada de algumas decisões;

entender a importância da atuação na formação do aluno; gostar da função;

conhecer as atribuições/funções e prazos da coordenação de curso; ter

formação pedagógica/educacional e os referencias teóricos que norteiam o

PPC; ser líder; ter prazer em exercer a função; gerenciar as necessidades dos

cursos, dos docentes e dos alunos; planejar a execução do PPC; conhecer

processos acadêmicos; ter disposição e interesse pela graduação; ter

habilidade e “paciência” na resolução de problemas e conflitos; ter

conhecimento pedagógico com relação à área; ter formação específica para a

função; aprender a ouvir e digerir os problemas; ser mediador; ter apoio de

colegas docentes e da universidade; ter conhecimento e domínio sobre as

áreas inerentes ao curso; ter compromisso e responsabilidade com a Instituição

e com a função de coordenador de curso; ter responsabilidade social e respeito

à dimensão pública do ensino; delegar funções; estabelecer planos

estratégicos; ter programa de capacitação; atuar nas três dimensões de

trabalho (ensino pesquisa e extensão), de forma indissociável; participar das

definições de políticas da graduação; ter abertura para diálogo; trabalhar em

equipe; possibilitar participação democrática; ter noção de gestão de pessoas;

ter apoio da secretaria do curso; conhecer perfil do egresso; não participar de

comissões ao ocupar esta função; ser de responsabilidade do Conselho do

Curso a atribuição de aulas. São habilidades, conhecimentos e atributos que

estão coerentemente articulados com o já exposto no referencial teórico.

Habilidades, conhecimentos e atributos que podem ser visualizados em

comentários realizados por alguns dos respondentes:

Penso que para ser um bom coordenador de curso, é preciso

se apropriar do projeto pedagógico, conhecer a universidade e

o seu plano institucional. É preciso ter conhecimento das

atribuições/funções e prazos. Ter uma formação pedagógica/

educacional e os referencias teóricos que norteiam o projeto

pedagógico. É preciso ter humildade para saber reconhecer

112

sua limitação e ir buscar ajuda. É preciso também ter

habilidades para lidar com os diversos conflitos: com os

departamentos, com os docentes e com os alunos. É preciso

também ter prazer em exercer esse papel! (Respondente 1).

Conhecimento pedagógico com relação à área; formação

específica para ocupação de cargos administrativos (em

específico o de coordenador de curso); “paciência” para

resolução de problemas oriundos de relações conflituosas

entre professores e alunos (Respondente 2).

O coordenador deve ter experiência didática dentro ou fora da

UFSCar, conhecer o curso e a UFSCar, ter disposição para

resolver todas as questões da função (Respondente 3).

...um bom coordenador deve procurar ouvir todas as partes,

merecer a confiança do grupo (alunos e professores) e ter

condições de dialogar entre partes com interesses

diametralmente opostos. Só assim conseguirá a efetiva

consolidação de um projeto pedagógico (Respondente 4).

Considero que um bom coordenador é aquele que tenta manter

a qualidade do seu curso acima de tudo. Também deve

conseguir compreender as inter-relações existentes entre as

atividades de pesquisa, ensino e extensão, e como estas inter-

relações contribuem para a qualidade do curso. Desta forma,

tem que ter paciência e apoio institucional para poder garantir

que seu trabalho possa ser realizado da melhor forma, e

também deve ter sensibilidade política para evitar os confrontos

ao máximo; entretanto, deve ser capaz de defender seu curso

quando o confronto é inevitável. O coordenador deve

compreender a importância do ensino de graduação e da

necessidade em se manter atualizado em relação à área de

formação do seu curso. Deve também ser capaz de trabalhar

em equipe, mas assumindo que a maior carga de trabalho será

sua mesmo (Respondente 5).

113

Ter noção de gestão de pessoas, conhecimentos e

participação das decisões da vida acadêmica e universitária,

sabe ser um bom interlocutor entre os discentes e docentes, e

entre eles e a instituição. Zelar pelo projeto pedagógico do

curso, estando atento a sua avaliação contínua (Respondente

6).

O coordenador deve conduzir as atividades para o adequado

cumprimento do Projeto Pedagógico do Curso, mas deve fazer

com que o grupo se comprometa, pois o grupo faz parte deste

processo. Assim, considero que a atenção deve ser focada na

coletividade, pois o coordenador representa um grupo de

docentes e faz a interlocução com a instituição e os discentes.

Para ser um bom coordenador é necessário o conhecimento

das atribuições de um coordenador, ter apoio da secretaria do

curso (funcionário competente e envolvido), estar aberto a

novas aprendizagens, ter flexibilidade nas ações, representar o

grupo, ser tolerante as contradições, propiciar vínculos com os

integrantes do grupo e produção conjunta das ações

(Respondente 7).

Nota-se que houve um número maior de contribuições sobre o que é

necessário para ser um bom coordenador de curso de graduação, ou seja, dos

31 respondentes que apresentaram suas considerações a maioria fez

comentários sobre o papel do coordenador, sobre o que é necessário para ser

um bom coordenador de curso. Unindo todas as considerações feitas,

aparentemente, traduzem o perfil de um gestor educacional, nesta situação, de

um coordenador acadêmico, pois abordam os aspectos administrativos e os

aspectos pedagógicos de uma gestão do ensino superior, bem como traduzem

um perfil adequado ao exposto por diferentes autores que contribuíram para

delinear o papel do coordenador de curso, ou seja, um perfil de gestor

educacional do ensino superior.

No tocante às contribuições sobre a coordenação de curso os

comentários tecidos foram em número menor, como: valorizar função, ter

cursos destinados aos técnico-administrativos, ter apoio institucional, ter boa

infra-estrutura, ter compromisso com o PPC do curso.

114

Quadro 3: Resumo da pesquisa de campo

Questão Alternativas %

respostas

Formação na graduação

Bacharel 69,2

Licenciatura 10,3

Bacharel /Licenciatura 20,5

Tempo experiência docente no ensino superior

Até 5 anos 15,4

De 6 a 15 anos 51,3

Mais de 15 anos 33,3

Categoria docente

Professor Assistente 7,7

Professor Adjunto 69,2

Professor Associado 23,1

Professor Titular 0,0

Exercício anterior da coordenação de curso

Não 74,4

Uma vez na UFSCar 10,3

Em outra IES 10,3

Uma vez na UFSCar e outra IES 5,1

Exercício anterior de função/cargo administrativo

Sim 57,9

Não 42,1

Atuação em programa de pós-graduação da UFSCar

Sim 74,4

Não 25,6

Participação em programa de extensão da UFSCar

Sim 76,9

Não 23,1

Integração de grupo de pesquisa no CNPQ

Sim 97,4

Não 2,6

Visão do coordenador

Um coordenador acadêmico 30,8

Um coordenador acadêmico e Um interlocutor 28,2

Um interlocutor 12,8

Um coordenador acadêmico e Um interlocutor e Outra 7,7

Um burocrata 5,1

Um burocrata, Um coordenador acadêmico e Um interlocutor 5,1

Outra 2,6

Um burocrata, Um coordenador acadêmico 2,6

Um coordenador acadêmico e Outra 2,6

Um burocrata, Um coordenador acadêmico, Um interlocutor e Outra

2,6

Necessidade de preparo prévio Necessário 81,6

Desnecessário 18,4

Orientação prévia para exercício da coordenação oferecida pela UFSCar

Sim 20,5

Não 33,3

Parcialmente 46,2

Importância da experiência institucional e acadêmica

Sim 92,1

Não 7,9

Tempo adequado para duração de um mandato de coordenador de curso

1 ano 2,6

2 anos 71,8

3 anos 20,5

Mais de 3 anos 5,1

Motivação para assumir a coordenação do curso

Atendimento à solicitação de colegas 31,6

Importância da função para melhoria do curso 28,9

Outra 21,1

Atendimento à solicitação de colegas e Importância da função para melhoria do curso

5,3

Atendimento à solicitação de colegas e Outra 5,3

Importância da função para melhoria do curso e Outra 5,3

Atendimento à solicitação de colegas, Importância da função para melhoria do curso e Outra

2,6

115

CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS

Neste capítulo colocam-se as considerações finais buscando levantar os

principais pontos para reflexão e discussão, baseando-se na literatura, bem

como nos resultados obtidos pela pesquisa de campo.

O ensino superior assumirá um papel cada vez mais importante no

desenvolvimento da economia e das sociedades do século XXI, cabendo a ele

a crescente produção e disseminação do conhecimento científico e tecnológico

que se revelam como um impulso à atividade industrial e à economia e,

também, como resposta às demandas da sociedade.

De acordo com alguns autores, caracteriza-se como universidade a

instituição que realiza o ensino, a pesquisa e a extensão. Uma das

responsabilidades fundamentais da universidade é a de tornar o conhecimento

acessível à sociedade, por meio, principalmente, do ensino de graduação. Um

curso de graduação é um curso de nível superior e, como tal, define-se por ser

um processo de transformação do conhecimento em condutas profissionais e

pessoais, complexas, abrangentes e significativas para a sociedade. Para que

um processo que apresenta tais exigências se concretize é necessária uma

estrutura capaz de organizar as pessoas responsáveis pela realização das

atividades características da instituição, pela produção ou viabilização dos

resultados que constituem o compromisso da instituição com a sociedade.

Essa organização ou estrutura organizacional implica a criação de diferentes

órgãos, a localização de cada um deles em relação aos demais órgãos da

instituição e a definição de suas funções e atribuições específicas, de acordo

com os fins e natureza da instituição.

As instituições de ensino superior têm o compromisso de buscar

entender as novas realidades, interpretando-as, contribuindo assim para a

busca de estratégias frente às mudanças que se mostram como necessárias,

inclusive no sentido de propiciar aos alunos uma formação de qualidade

compatível com as exigências dos tempos posteriores à conclusão de seus

cursos de graduação ou de pós-graduação (PIAZZA, 1997, p. 29 – 30).

Aceitando que esses sejam compromissos ou responsabilidades das

instituições de ensino superior, cabe, então, perguntar: a quem compete, no

116

âmbito de uma instituição de ensino superior, a realização das tarefas que

efetivarão tais compromissos? Dentro de uma instituição de ensino superior,

qual é o órgão responsável por zelar pela qualidade do ensino oferecido?

Como afirmado anteriormente, é claro que a universidade como um todo é

desafiada a criar estruturas que facilitem a realização destes fins. No conjunto

desta estrutura, encontram-se as coordenações de cursos de graduação. Cabe

ao coordenador de curso de graduação gerir o curso sob sua responsabilidade

de forma a garantir a qualidade, a coerência e a efetiva realização do exposto e

assumido como compromisso por todos no projeto pedagógico de curso

(PIAZZA, 1997, p. 30). Ao coordenador de curso foi atribuída a função de gerir

um curso de graduação, ou seja, foi-lhe entregue o papel essencial da

universidade que é a gestão didático-pedagógica do ensino. Portanto, a

qualidade do profissional formado no ensino de graduação pela universidade é

da competência direta das Coordenações de Curso.

Embora, em linhas gerais, o papel de coordenador de curso, esteja

dentro daquilo que a administração em geral convencionou qualificar como seu

papel, conforme se assinalou no evoluir da teoria da administração, no que

concerne à universidade, ele apresenta peculiaridades.

Por meio da pesquisa de campo, buscou-se verificar essas

peculiaridades, bem como os coordenadores de curso compreendem e sentem

a função da coordenação de curso de graduação na Universidade Federal de

São Carlos (UFSCar). As informações e os aspectos destacados ao longo

deste trabalho de pesquisa permitiram, de acordo com os resultados obtidos na

aplicação do questionário, caracterizar o perfil dos coordenadores de cursos de

graduação na UFSCar. Caracterização esta que apresenta o seguinte

panorama:

no que tange à formação: os coordenadores de curso são

predominantemente professores adjuntos e em menor proporção

professores associados;

referente à experiência: os coordenadores de curso, em sua

maioria, têm formação na graduação em cursos de bacharelado;

metade dos coordenadores ingressou há 5 ou menos anos na

UFSCar, portanto com menor vivência institucional e acadêmica

117

na UFSCar constituindo, desta forma, a coordenação algo novo

para eles, não experimentado anteriormente e sugerindo uma

demanda por qualificação/aperfeiçoamento dos docentes

coordenadores para o exercício de nova função, pois não tiveram

nenhum contato direto com as atividades desempenhadas por

uma coordenação de curso. Por serem novos na Instituição,

solicitam que haja um preparo ou formação prévia para se

assumir esta função, pois apenas 20% dizem que tiveram tal

preparo antes de assumir a função. Desta forma, indicando que é

preciso uma forte atuação da Pró-Reitoria de Graduação

juntamente com a Secretaria Geral de Recursos Humanos em

atenderem à demanda de oferta de preparo prévio aos

professores que assumirão a coordenação de curso.

referente à visão dos coordenadores: estes consideram-se como

coordenadores acadêmicos, ou seja, como gestores educacionais

do ensino de graduação e baseando-se nas contribuições dos

diferentes autores aqui abordados e na definição da Portaria GR

n° 662/03 indica uma percepção adequada a respeito do papel

que deve ser desempenhado por um coordenador de curso de

graduação.

quanto ao motivo que os leva a assumir a coordenação: a

predominância do principal motivo foi em atendimento à

solicitação de colegas, quando não, a assumiram porque não

havia mais ninguém que quisesse assumi-la, o que caracteriza

certa pressão para assumir esta função e sugere indagação

melhor, pois o que pode estar predominando é a ideia de que a

coordenação de curso é algo que nenhum professor poderá fugir,

ou seja, acaba se assemelhando ao “serviço militar obrigatório”,

que para seu preenchimento obedece-se a um escalonamento ou

rodízio.

118

quanto ao acúmulo de funções: o quadro é coerente com a

multiplicidade a que o coordenador deve responder como

pesquisador, professor na graduação, na pós-graduação e

extensão. Ficando claro que ocorre o acúmulo de atribuições,

portanto cabe aqui questionamentos importantes: Com tantas

atribuições que a Portaria GR n° 662/03 e as contribuições de

diferentes autores colocam sobre o papel de um coordenador de

curso, quanto tempo resta ao coordenador para que possa se

dedicar à coordenação de curso? Quanto tempo um coordenador

consegue se dedicar às atribuições que lhe cabem na

coordenação de curso?

quanto à fragilidade da função: o tempo que acaba restando aos

coordenadores para se dedicarem à coordenação é um tempo

pequeno e tendo um mandato de coordenador com duração de

dois anos fica ainda mais complicado a atuação deste profissional

perante todas as exigências que lhes são postas para que possa

ter um bom desempenho. Isso, somado à remuneração pouco

estimulante destinada a um docente que assume uma

coordenação de curso, bem como ao pouco prestígio acadêmico

traduz claramente a fragilidade desta função dentro da Instituição.

A Universidade pode estar operando com uma estrutura frágil

frente a uma de suas missões precípuas que é a formação de

profissionais de nível superior.

De um modo geral, os coordenadores de curso consideram a

coordenação de curso de graduação como uma função muito importante dentro

da Instituição por constituir um dos pilares desta, que é o ensino, e por ser

responsável pela formação integral e cidadã dos estudantes. E, ao indicarem o

que é necessário para ser um bom coordenador, acabaram propondo um perfil

de gestor educacional do ensino de graduação, que é de um profissional

comprometido e responsável com um ensino de graduação voltado para

transformação social, que preza pelo acompanhamento contínuo do curso e

119

por uma gestão democrática. Aparentemente, traduz o perfil de um gestor

educacional, nesta situação, de um coordenador acadêmico, pois aborda os

aspectos administrativos e os aspectos pedagógicos de uma gestão do ensino

de graduação, bem como traduz um perfil adequado ao exposto por diferentes

autores que contribuíram para delinear o papel do coordenador de curso, ou

seja, um perfil de gestor educacional do ensino de graduação.

Tendo a universidade como um dos seus principais objetivos o ensino de

graduação e sendo o gerenciamento deste, por meio da gestão do projeto

pedagógico de curso, de responsabilidade da coordenação de curso colocam-

se algumas questões: Como pode o órgão que gerencia o ensino de graduação

ser tão fragilizado dentro da Instituição? Como pode este órgão, responsável

por zelar pela qualidade do curso de graduação, não ter o reconhecimento

acadêmico e institucional que deveria ter? São questões intrigantes e

extremamente importantes, pois se atribui a um órgão, que se encontra

fragilizado e ao que parece “nasceu fragilizado”, zelar pela qualidade do ensino

de graduação o que acaba indicando certa incoerência, bem como a

necessidade de discussões e mudanças buscando melhorar o quadro/situação

aqui apresentado.

O exposto acima acaba indicando a necessidade da administração

superior da UFSCar rever a política e a função da coordenação de curso de

graduação, buscando o aprimoramento da mesma nos aspectos acadêmicos e

financeiros, bem como proporcionando ou garantindo as condições mínimas

para seu efetivo funcionamento como: espaço físico, recursos financeiros,

recursos humanos, recursos materiais, dentre outros. Pois, também, além dos

resultados apresentados nesta pesquisa, desde 2004 o Ministério da Educação

representado por seu Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP) está avaliando sistematicamente os cursos de

graduação das Instituições Federais de Ensino Superior, por meio do

reconhecimento e/ou renovação do reconhecimento de curso. Como pode ser

verificado no art. 4º da Lei nº 10.861/2004 que dispõe sobre a avaliação dos

cursos de graduação, tendo por objetivo identificar as condições de ensino

oferecidas aos estudantes, em especial as relativas ao perfil do corpo docente,

às instalações físicas e à organização didático-pedagógica. Todos estes

aspectos têm relação direta com as coordenações de curso, em especial, esta

120

última, pois cabe ao coordenador de curso de graduação responder pela

qualidade do curso oferecido pela Instituição.

Neste trabalho não se teve a pretensão de esgotar o tema, apenas de

levantá-lo para reflexão e espera-se que ele possa servir de apoio e orientação

aos órgãos colegiados competentes e aos atores envolvidos no auxílio às

transformações necessárias para o aprimoramento da coordenação de curso

de graduação, em especial, da coordenação de curso de graduação na

UFSCar.

Fica a intenção de que o resultado deste trabalho permita auxiliar na

compreensão da realidade, que envolve a coordenação de curso de graduação

e que possa provocar nos envolvidos, diferentes leituras, bem como apontar-

lhes novas possibilidades de atuação no desempenho de suas atribuições

como coordenadores de curso de graduação.

Dada a relevância do assunto em estudo e da verificação da pouca

produção, finaliza-se este trabalho com a possibilidade de sua continuidade no

mestrado para um melhor aprofundamento e detalhamento.

121

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. Divisão de Controle Acadêmico

– DiCA. Disponível em: http://www.prograd.ufscar.br/dica. Acesso em: 14 jul

2010.

127

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. Portaria do Gabinete do Reitor n°

662/03 – Dispõe sobre Regulamento Geral das Coordenações de Cursos de

Graduação da UFSCar, de 05 de dezembro de 2003. Disponível em:

http://www.prograd.ufscar.br/normas/portaria662_031.pdf

VASCONCELOS, Eduardo; HEMSLEY, James R. Estrutura das Organizações:

estruturas tradicionais, estruturas para inovação, estrutura matricial. São Paulo:

Pioneira Thomson Learning, 2002.

128

AAPPÊÊNNDDIICCEE II

QUESTIONÁRIO

Formação acadêmica

Graduação:................................................................ Assinalar: ( ) bacharelado;

( ) licenciatura

Pós-graduação

Mestrado: .....................................................................

Doutorado:....................................................................

Tempo de experiência como docente no ensino superior:..................

Ano de ingresso como professor na UFSCar:............................

Atualmente você é professor: ( )assistente; ( ) adjunto; ( ) associado ;

( ) titular

Qual curso você coordena?

1. Já exerceu a função de coordenador de graduação anteriormente?

( ) Não;

Sim: ( ) uma vez na UFSCar; ( ) mais de uma vez na UFSCar; ( ) em outra

Instituição de Ensino Superior

2. Já exerceu outros cargos/funções administrativas na UFSCar?

( ) Não

( ) Sim. Qual?

3. Atua em algum programa de pós-graduação da UFSCar?

( ) Sim

( ) Não

129

4. Participa de algum programa/atividade de extensão da UFSCar?

( ) Sim

( ) Não

5. Integra algum grupo de pesquisa do Diretório do CNPQ?

( ) Sim

( ) Não

6. Ao desempenhar a função de coordenador deste curso você se considera

predominantemente:

( ) um burocrata, despachante de papéis;

( ) um coordenador acadêmico do projeto pedagógico do curso;

( ) um interlocutor entre corpo discente e a Instituição;

Outra:.....................................

Comentários.

7. Considerando as funções que desempenha como coordenador de curso,

você considera:

( ) necessário ter uma formação/preparo específico antes de assumir a

função. Qual seria esta formação?

( )desnecessário ter uma formação/preparo específico antes de assumir a

função.

Comentários.

8. A UFSCar oferece algum tipo de orientação/apoio para a formação/preparo

específico?

( ) Sim;

( ) Não;

( ) Parcialmente

130

9. Para você é importante ter experiência institucional e acadêmica antes de

assumir uma Coordenação de Curso?

( ) Sim;

( ) Não.

Comentários.

10. Em sua opinião, qual seria o tempo mais adequado para a duração de um

mandato de coordenador de curso.

( ) 1 ano;

( ) 2 anos;

( ) 3 anos;

( ) mais de 3 anos

11. Qual a principal motivação que o levou a assumir a coordenação de curso?

( ) atendimento à solicitação dos colegas

( ) importância da função para a melhoria do curso

( ) pela função gratificada

( ) outra:.............................................................

12. A partir de sua experiência e seus pontos de vista, quais considerações tem

a fazer sobre coordenação de curso de graduação; o que é necessário para ser

um bom coordenador de curso. Caso deseje apresentar outras opiniões sobre

coordenador de curso de graduação:.................................................................

Agradeço sua participação e contribuição.

131

AANNEEXXOO

PORTARIA GR N. 662/03 – Regulamento Geral das Coordenações de Cursos

de Graduação da UFSCar, de 05 de dezembro de 2003.

Dispõe sobre o Regulamento Geral das Coordenações de Cursos de

Graduação.

O Reitor da Universidade Federal de São Carlos, no uso de suas atribuições

legais e estatutárias, CONSIDERANDO o que dispõe a Resolução n.

453/CEPE de 28 de novembro de 2003,

RESOLVE:

APROVAR o “REGULAMENTO GERAL DAS COORDENAÇÕES DE CURSOS

DE GRDUAÇÃO”, anexo a esta Portaria.

Prof. Dr. Oswaldo Baptista Duarte Filho

Reitor

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1° - A Coordenação de Curso, prevista no Art. 43 do Estatuto da UFSCar, é

um órgão colegiado responsável pela organização didática e pelo

funcionamento de um determinado curso, do qual recebe a denominação.

CAPÍTULO II

DA CONSTITUIÇÃO

Art. 2° - As Coordenações de Curso de Graduação serão constituídas por:

I – Coordenador;

II – Vice-Coordenador;

III – Conselho de Coordenação.

Art. 3° - O Conselho de Coordenação será composto:

I – pelo Coordenador, como seu Presidente;

II – pelo Vice-Coordenador, como seu Vice-Presidente;

132

III – por representantes docentes de cada uma das áreas de conhecimento ou

campos de formação aos quais se vinculam disciplinas que integram o currículo

pleno do curso em referência, na proporção de um representante por área ou

campo e ainda, nos casos em que o próprio Conselho decidir, um

representante geral do conjunto de todas as áreas ou campos;

IV – por representantes discentes das turmas de alunos do curso em

referência, na proporção de um representante por turma, conforme

detalhamento nos parágrafos 4° e 5°, e ainda pelos representantes discentes

especificados nos parágrafos 7° e 8°;

V – pelo secretário da coordenação do curso, sem direito a voto.

§ 1° - As áreas de conhecimento e os campos de formação serão definidos

pelo conjunto de disciplinas afins que os constituem.

§ 2° - Caberá à Câmara de Graduação (CaG) do Conselho de Ensino,

Pesquisa e Extensão (CEPE) estabelecer as áreas de conhecimento ou

campos de formação de cada curso mediante proposta do Conselho de

Coordenação, nos termos deste Regulamento Geral.

§ 3° - Enquanto o Conselho de Coordenação do curso não estiver implantado,

caberá ao seu Coordenador propor à Câmara de Graduação as áreas de

conhecimento ou campos de formação.

§ 4° - Por turma de alunos do curso, entende-se o conjunto de alunos

ingressantes na Universidade para esse determinado curso num determinado

ano podendo quando for o caso, uma turma ser subdividida em duas ou mais,

criando-se o representante de “turma-ênfase”, ou “uma habilitação”, conforme

critério proposto pelo respectivo Conselho de Coordenação a ser submetido à

aprovação da CaG/CEPE.

§ 5° - Cada turma será denominada pelo ano de ingresso na Universidade ou,

quando for o caso, pelo ano de ingresso na universidade e uma ênfase ou

habilitação do curso.

§ 6° - A representação discente se dará, no mínimo, pelas turmas

correspondentes ao número de anos de duração prevista para o curso,

contados a partir do último vestibular.

§ 7° - O conjunto de alunos de turmas anteriores às citadas no parágrafo 6°, e

que ainda estejam cursando, deverão ter, sempre que houver tal contingente,

133

um único representante no Conselho, a ser denominado como representante

dos alunos de formação em maior prazo.

§ 8° - O conjunto de alunos de turmas anteriores às citadas no § 6°, e que já

tenham se formado, poderá ter, nos casos em que o próprio Conselho decidir,

um único representante no Conselho, a ser denominado como representante

dos alunos egressos.

Art. 4° - O Coordenador e o Vice-Coordenador serão eleitos, de forma paritária,

por dois conjuntos de votantes, sendo o primeiro formado pelos docentes e

servidores técnico-administrativos e o segundo pelo pessoal discente.

§ 1° - Serão considerados docentes do curso aqueles que ministrarem

disciplinas em pelo menos um semestre dos dois últimos anos.

§ 2° - Serão integrantes do corpo discente os alunos regularmente matriculados

no curso referido.

§ 3° - Serão considerados pertencentes ao corpo técnico-administrativo os

servidores que estiverem exercendo funções na secretaria da coordenação do

curso.

§ 4° - O(s) voto(s) do(s) funcionário(s) será (ão) computado(s) junto àqueles

dos docentes.

Art. 5° - Os mandatos do Coordenador e Vice-Coordenador serão de dois anos

e suas nomeações serão feitas pelo Diretor de Centro, mediante a

apresentação do relatório da eleição devidamente homologado pelo Conselho

de Coordenação.

Art. 6° - Os representantes docentes serão indicados, dentro de cada área de

conhecimento ou campo de formação, por seus pares, nas mesmas condições

explicitadas no parágrafo 1° do Art. 4° deste Regulamento, para um mandato

de dois anos.

Art. 7° - Os representantes discentes serão eleitos por seus pares para um

mandato de um ano.

CAPÍTULO III

DO FUNCIONAMENTO DO CONSELHO DE COORDENAÇÃO

Art. 8° - Uma sessão regular do Conselho de Coordenação, reunida ordinária

ou extraordinariamente, se instalará estando presente a maioria de seus

membros, não sendo computadas as representações não preenchidas.

134

§ 1° - Decorrido um intervalo de trinta minutos da hora marcada para o início da

sessão, esta se instalará com qualquer quorum.

§ 2° - O(s) conselheiro(s) que faltar(em) por três vezes consecutivas ou cinco

intercaladas às reuniões do Conselho de Coordenação sem justificativa

poderá(ão) ser excluído(s), a critério do próprio Conselho de Coordenação,

cabendo à Coordenação do Curso informar o(s) departamento(s) ao(s) qual(is)

esse(s) conselheiro(s) está(ão) vinculado(s), solicitando a sua substituição.

Art. 9° - Na votação dos assuntos em análise prevalecerá a decisão tomada

pela maioria simples dos membros presentes.

§ 1° - À Presidência cabe voto apenas em caso de empate.

§ 2° - Sempre que necessário e justificado, o representante dos alunos

egressos participará remota e antecipadamente das reuniões do Conselho,

enviando oportunamente as contribuições das discussões com seus pares à

Presidência do Conselho.

§ 3° - As contribuições a que se refere o § 2° deverão ser transmitidas pela

Presidência aos membros do Conselho.

§ 4° - O direito a voto do representante egresso só poderá ser exercido quando

este estiver presente à reunião.

Art. 10 – O Conselho de Coordenação se reunirá ordinariamente uma vez a

cada dois meses, por convocação da Presidência e, extraordinariamente,

sempre que necessário.

Parágrafo único – As reuniões extraordinárias do Conselho de Coordenação

poderão ser convocadas pela Presidência do Conselho de Coordenação, pela

Câmara de Graduação do CEPE ou por solicitação formal de seus membros,

desde que subscrita pela maioria absoluta.

Art. 11 – A convocação para as sessões deverá ser feita por escrito e com 48

horas de antecedência, dela constando a pauta.

§ 1° - As reuniões extraordinárias poderão ser convocadas com antecedência

mínima de 24 horas, mas sua instalação só se dará com a presença da maioria

de seus membros.

135

§ 2° - Em reuniões ordinárias e extraordinárias, somente será admitida a

ulterior inclusão de assuntos em pauta havendo concordância da maioria

absoluta dos membros presentes.

Art. 12 – Por iniciativa da Presidência ou por deliberação do colegiado, poderão

participar de reuniões, sem direito a voto, como convidados, os membros

suplentes, assessores ou outras pessoas, cujas presenças sejam de interesse

para a discussão dos assuntos em pauta.

CAPÍTULO IV

DA COMPETÊNCIA

Art. 13 – Ao Conselho de Coordenação compete:

I – definir os objetivos do curso e mantê-lo atualizados;

II – propor diretrizes e normas de funcionamento do curso;

III – propor mudanças ou adequações curriculares, fundamentadas em dados

sobre necessidades dos alunos e do mercado de trabalho, evolução científica e

tecnológica da área e desempenho profissional dos alunos formados,

respeitando os aspectos da legislação vigente, a necessidade de formação

básica e a necessidade de um núcleo específico que caracterize a formação

profissional do aluno;

IV – estabelecer as normas internas de funcionamento do curso;

V – propor atividades que complementem a formação dos alunos ou

aperfeiçoem o corpo docente;

VI – propor adequação do horário de funcionamento do curso e quaisquer

outros aspectos que se relacionem ao melhor rendimento acadêmico dos

alunos;

VII – promover a avaliação global do curso, propondo medidas que atendam ao

bom andamento e qualidade do referido curso;

VIII – julgar processos acadêmicos de alunos por delegação do CEPE e

deliberar sobre recursos de decisões do Coordenador do curso em primeira

instância;

IX – propor alteração do número de vagas para o curso;

X – estabelecer o conjunto de disciplinas a ser solicitado aos departamentos

para cada semestre letivo;

XI – deliberar sobre o acerto final das disciplinas;

136

XII – deliberar sobre a proposta de orçamento da Coordenação do curso;

XIII – indicar uma comissão eleitoral para promover as eleições para

Coordenador e Vice- Coordenador;

XIV – exercer outras atribuições que lhe sejam conferidas pelo CEPE.

Parágrafo Único – A Comissão eleitoral de que trata o inciso XIII deverá ser

composta por um docente, um discente e um técnico-administrativo.

Art. 14 – Ao Coordenador de Curso compete:

I – implementar as atividades do curso, de acordo com as diretrizes

estabelecidas pelo Conselho de Coordenação;

II – propor ao Conselho de Coordenação do curso o conjunto de disciplinas a

serem solicitadas aos departamentos;

III – analisar com os departamentos as propostas de novas disciplinas para o

curso, de acordo com diretrizes da Coordenação do curso;

IV – encaminhar aos departamentos propostas de novas disciplinas para o

curso, devidamente aprovadas pela Coordenação do curso;

V – propor ao Conselho de Coordenação do curso o acerto final de horário das

disciplinas oferecidas a cada período letivo;

VI – supervisionar o processo de inscrição de alunos em disciplinas;

VII – orientar os alunos nas questões específicas do curso;

VIII – orientar e supervisionar a Secretaria do curso na realização de suas

atribuições;

IX – promover a recepção aos calouros do curso;

X – analisar e avaliar o desempenho global dos alunos e propor ao Conselho

de Coordenação do curso medidas para solução de problemas constatados;

XI – submeter ao Conselho de Coordenação do curso propostas de normas

para solução de eventuais problemas do curso, sempre que não haja

regulamentação sobre o assunto;

XII – representar o curso conforme legislação ou normas vigentes, de acordo

com os interesses do curso e/ou deliberação do Conselho de Coordenação;

XIII – organizar e manter atualizado o catálogo do curso;

137

XIV – encaminhar os pedidos de equivalência ou dispensa de disciplinas e

emitir parecer final, de acordo com a legislação, regulamentação e objetivos do

curso, ouvidos os departamentos responsáveis pela(s) disciplina(s);

XV – classificar os candidatos à transferência externa, de acordo com as

normas vigentes que tratam especificamente de transferência;

XVI – solicitar aos diferentes departamentos, a oferta de disciplinas para

atender às necessidades do curso, obedecendo ao calendário acadêmico da

Instituição;

XVII – zelar pelo cumprimento dos planos de ensino;

XVIII – intermediar, junto aos departamentos, a solução de problemas didático-

pedagógicos gerados no decorrer da implementação de disciplinas.

Art. 15 – Ao representante docente compete:

I – convocar e coordenar reuniões dos seus representados;

II – encaminhar ao Conselho de Coordenação do curso os respectivos

problemas, solicitações e propostas;

III – divulgar e encaminhar para os seus representantes as deliberações e

solicitações do Conselho de Coordenação do curso;

IV – realizar reuniões para indicação dos representantes das áreas de

conhecimento ou campos de formação e respectivos suplentes, antes do

término do mandato.

Art. 16 – Ao representante discente compete:

I – convocar e coordenar reuniões de seus representados;

II – encaminhar ao Conselho de Coordenação do curso os problemas,

solicitações e propostas;

III – divulgar e encaminhar para seus representados as deliberações e

solicitações do Conselho de Coordenação do curso;

IV – realizar eleições para representantes da turma e respectivos suplente

antes do término do mandato.

Art. 17 – À Secretaria da Coordenação do curso compete:

I – exercer as atribuições do cargo definidas no Plano Único de Classificação e

Retribuição de Cargos e Empregos;

II – responsabilizar-se pelos serviços de apoio à Secretaria, visando ao bom

funcionamento do curso;

138

III – assessorar a Coordenação do curso nas tarefas administrativas e na

implementação das deliberações do Conselho de Coordenação;

IV – organizar e manter o arquivo de documentos relacionados ao curso;

V – atender os alunos em horários estabelecidos pela coordenação;

VI – divulgar ao conjunto de alunos do curso as ofertas de bolsas, estágios,

empregos e demais informações de interesse do ensino de graduação;

VII – outras atribuições determinadas pela Coordenação do curso.

Art. 18 – Esta Portaria entra em vigor nesta data, revogando-se as disposições

em contrário, especialmente a Portaria GR n° 1242/92, de 03/01/92.

Disponível em: http://www.prograd.ufscar.br/normas/portaria662_031.pdf

139