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1 COREDES GAÚCHOS: UMA ANÁLISE DAS SIMILARIDADES DE SEUS PADRÕES DE ESPECIALIZAÇÃO A PARTIR DO QUOCIENTE LOCACIONAL Luciane Franke * Rodrigo Ferneda ** Resumo: A experiência gaúcha de arranjos intermediários entre o estado e o município, proporcionada através da criação dos COREDEs, buscou consolidar o desenvolvimento regional e minimizar as desigualdades. Contudo, percebe-se heterogeneidade nas atividades econômicas que se destacam em cada região, dado seu grau de especialização. Assim sendo, o objetivo deste artigo é realizar o agrupamento dos COREDEs do estado do Rio Grande do Sul em clusters que apresentem similaridades quanto ao seu padrão de especialização, definido a partir do quociente locacional nos grandes setores definidos pelo IBGE, nos anos de 2006 e 2016. O agrupamento dos COREDEs foi realizado através do método de análise de cluster k-médias, o qual estabeleceu três grupos distintos: o primeiro, com os COREDEs especializados em serviços; o segundo, com aqueles com os maiores índices na indústria de transformação; e o terceiro, na categoria extrativa mineral. Destaca-se o cluster 2 por apresentar os COREDEs com especialização em atividades intensivas em mão de obra e os menores índices de desigualdade social. Palavras-Chave: Análise de cluster. COREDEs. Economia Gaúcha. 1 INTRODUÇÃO Os estudos sobre economia regional têm sido importantes para identificar setores e regiões econômicas, bem como, constatar as desigualdades regionais pertencentes a um espaço. Esse cenário ocorre em virtude de fatores como, vocação empreendedora, potencialidades econômicas, localização geográfica, em que constituem particularidades indispensáveis de serem observadas diante da análise e planejamento regional. A organização de firmas surgiu como forma de obter vantagem competitiva, identificada por Marshall (1925) como aglomeração, em que, posteriormente, surgiram os novos enfoques, como os distritos industriais, polos industriais, arranjos produtivos locais (APL) e clusters. A partir de diferentes abordagens, pesquisadores consolidaram diversos eixos temáticos e a discussão tornou-se ainda mais relevante com a constatação de características que conduzem a dinâmica dos negócios nas aglomerações das firmas. * Mestra em Economia pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). E-mail: [email protected]. ** Mestre em Economia pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). E-mail: [email protected].

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1

COREDES GAÚCHOS: UMA ANÁLISE DAS SIMILARIDADES DE SEUS

PADRÕES DE ESPECIALIZAÇÃO A PARTIR DO QUOCIENTE LOCACIONAL

Luciane Franke*

Rodrigo Ferneda**

Resumo: A experiência gaúcha de arranjos intermediários entre o estado e o município,

proporcionada através da criação dos COREDEs, buscou consolidar o desenvolvimento

regional e minimizar as desigualdades. Contudo, percebe-se heterogeneidade nas atividades

econômicas que se destacam em cada região, dado seu grau de especialização. Assim sendo,

o objetivo deste artigo é realizar o agrupamento dos COREDEs do estado do Rio Grande do

Sul em clusters que apresentem similaridades quanto ao seu padrão de especialização,

definido a partir do quociente locacional nos grandes setores definidos pelo IBGE, nos anos

de 2006 e 2016. O agrupamento dos COREDEs foi realizado através do método de análise

de cluster k-médias, o qual estabeleceu três grupos distintos: o primeiro, com os COREDEs

especializados em serviços; o segundo, com aqueles com os maiores índices na indústria de

transformação; e o terceiro, na categoria extrativa mineral. Destaca-se o cluster 2 por

apresentar os COREDEs com especialização em atividades intensivas em mão de obra e os

menores índices de desigualdade social.

Palavras-Chave: Análise de cluster. COREDEs. Economia Gaúcha.

1 INTRODUÇÃO

Os estudos sobre economia regional têm sido importantes para identificar setores e

regiões econômicas, bem como, constatar as desigualdades regionais pertencentes a um

espaço. Esse cenário ocorre em virtude de fatores como, vocação empreendedora,

potencialidades econômicas, localização geográfica, em que constituem particularidades

indispensáveis de serem observadas diante da análise e planejamento regional.

A organização de firmas surgiu como forma de obter vantagem competitiva,

identificada por Marshall (1925) como aglomeração, em que, posteriormente, surgiram os

novos enfoques, como os distritos industriais, polos industriais, arranjos produtivos locais

(APL) e clusters. A partir de diferentes abordagens, pesquisadores consolidaram diversos

eixos temáticos e a discussão tornou-se ainda mais relevante com a constatação de

características que conduzem a dinâmica dos negócios nas aglomerações das firmas.

* Mestra em Economia pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos

Sinos (UNISINOS). E-mail: [email protected]. **

Mestre em Economia pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade do Vale do Rio dos

Sinos (UNISINOS). E-mail: [email protected].

2

No decorrer da trajetória de estudos, Porter (1998), Brusco (1982), Becattini (1991),

Scott e Storper (2003), entre outros, caracterizaram clusters através de agrupamentos de

firmas por proximidade física, relacionamento mútuo, com a participação de atores

institucionais, por meio de cooperação e competição. Essa estrutura de governança como

modo de possibilitar uma maior competitividade das firmas, desenvolvimento de regiões e

alavancagem de indicadores econômicos e sociais em espaços onde predominam atividades

intensivas em mão de obra.

Decorrente desse cenário surgiu a forma de governança territorial no Rio Grande do

Sul (RS), através da criação dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDEs),

para promover a região e reduzir as desigualdades de emprego e renda nos municípios

integrantes. A experiência gaúcha apresenta-se como uma experiência de institucionalização

em uma escala intermediária de gestão pública, uma vez que está entre o estado e o

município. (BANDEIRA, 2010; PIRES, 2011). Nesse sentido, o Rio Grande do Sul possui

28 COREDEs (FEE, 2018), os quais são objeto do presente estudo.

A escolha por esse recorte geográfico visa destacar a heterogeneidade das atividades

econômicas que se destacam em cada COREDE, dado seu grau de especialização. A

discussão mostra-se pertinente por realizar o mapeamento de interação e aprendizagem,

enfatizando as semelhanças entre as atividades produtivas e as demais características

pertencentes aos clusters.

Portanto, o objetivo deste artigo é realizar o agrupamento dos COREDEs do estado

do Rio Grande do Sul em clusters que apresentem similaridades quanto ao seu padrão de

especialização, definido a partir do quociente locacional (QL), nos anos de 2006 e 2016.

Além disso, a abordagem também contribui para possíveis debates em nível de governança,

por atores institucionais responsáveis pela promoção do desenvolvimento local e regional, e

formuladores de políticas públicas.

O artigo está dividido em quatro seções, além da introdução. A segunda apresenta

uma fundamentação teórica, abordando a temática sobre APLs, COREDEs e clusters, todos

com enfoque histórico e com base no desenvolvimento regional. A terceira seção discute o

método, bem como os passos em que foi conduzida a pesquisa, enquanto a quarta destaca os

principais resultados obtidos através do mesmo. Por fim, faz-se as considerações finais.

3

2 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL: TRAJETÓRIA, CONCEITOS E

CARACTERÍSTICAS

A conceituação do termo Arranjo Produtivo Local (APL), conforme relatado por

Hoffmann e Morales (2006), tem origem da teoria marshalliana, que em 1925, na obra

Principles of Economics, identificou a presença de pequenas firmas que constituíram um

conglomerado territorial na Inglaterra. Nesse espaço foi identificado um sistema essencial

para a formalização de novos negócios e o fortalecimento do conglomerado.

Desde o desenvolvimento da sua teoria, Marshall enfatizou as temáticas sobre

distritos industriais, nova geografia econômica, economia de empresas, economia da

inovação, Economia Regional e a cooperação entre as firmas e os atores institucionais,

sendo este último relacionado ao enfoque do presente estudo.

A partir do período de Marshall (1925), a ciência e aplicação prática constituíam um

importante olhar sobre a caracterização de aglomerados, em aspecto econômico, social e

ambiental. Na década de 1970, na Itália, diante de instabilidades econômicas, as aglomerações das

firmas contribuíram para reestruturar e alavancar a economia italiana. Partindo desse cenário,

estudos científicos foram desenvolvidos com o objetivo de compreender esse processo como uma

importante estratégia de desenvolvimento regional. (GOLDSTEIN; TOLEDO, 2006).

Essa metodologia proporcionou resultados eficientes, sendo identificado como um

modelo paradigmático e oportunizando sucesso de organização espacial nas atividades

produtivas. Através da especialização produtiva das firmas localizadas em uma mesma

região geográfica, participação das instituições no processo de fortalecimento da cadeia e a

relação entre elas, foram identificadas características que impulsionaram o desenvolvimento,

atribuindo a nomenclatura ao espaço estudado como “Terceira Itália”. (GURISATTI, 1999).

Na mesma lógica, foram realizadas investigações nos Estados Unidos. Na década de

80 ocorreu a concentração de empresas de alta tecnologia no Vale do Silício, na Califórnia,

que consolidou a utilização do modelo como uma estratégia adequada para pequenos

empreendimentos, mas de elevada capacidade tecnológica. (GURISATTI, 1999). A partir da

concepção histórica, Cassiolato, Lastres e Stallivieri (2003, p. 27) complementam que a

constituição de APL envolve a participação e a interação de firmas que:

[...] podem ser desde produtores de bens e serviços finais até fornecedoras de

insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras,

clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação.

Incluem, também, diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para:

formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades;

pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento.

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Na visão de Fuini (2013, p. 58), os APLs são caracterizados como a concentração de

empresas de pequeno porte de mesmo ramo de atividade que interagem entre si e com outros

atores públicos e privados por meio de uma estrutura de governança comum, que carece de

diversas formas de cooperação entre empresas ou uma miscigenação adequada entre

competição e cooperação.

A discussão sobre a definição de APLs ganhou importância sob vários pontos de

vista. Noronha e Turchi (2005, p. 11) destacam a importância de indicação governamental

para a “criação de políticas de apoio para APLs que gera esforços de diversos municípios,

regiões e estados da Federação no sentido e de que seus aglomerados produtivos fossem

classificados como APLs”. Nesse sentido, destaca-se a relação pública em que são ofertados

infraestrutura, terreno, acesso a trafegabilidade, energia elétrica, água e outras condições

para a instalação de organizações, como também, os empresários dessas organizações que se

comprometem em desenvolverem um trabalho que abrange os aspectos econômicos, sociais

e ambientais, gerando externalidades positivas.

Em complemento, para Dalla Vechia (2006, p. 38) “as capacidades de articulação e

cooperação da economia local geram melhor aproveitamento de suas externalidades

positivas como: especialização produtiva, presença de instituições produtoras e difusoras de

tecnologia”. O mesmo autor argumenta que isso suscita elementos importantes na avaliação

das possibilidades de novos surtos de empreendimentos.

Para Cassiolato, Lastres e Stallivieri (2008, p. 14) as principais vantagens dos APL

referem-se a aquisição e uso do conhecimento, enquanto elemento fundamental da

competitividade dinâmica e duradoura das organizações, localidades, regiões e a inclusão de

uma dimensão territorial que enfatiza as relações e condições históricas, econômicas,

culturais e políticas próprias a cada contexto local. Por outro lado, o APL tem sua função

social, onde sua constituição está amparada na integração da Política Nacional de

Desenvolvimento Regional (PNDR) que tem por objetivo “a redução das desigualdades

regionais e o apoio ao desenvolvimento das regiões brasileiras, na busca de melhor

exploração dos potenciais que emergem da exuberante diversidade cultural, social e

econômica do Brasil”. (GALVÃO, 2007, p. 338).

Nesse sentido, Pires et al. (2011, p. 95) afirmam que “a proximidade geográfica

permite obter ganhos de escala crescentes em termos de externalidades acessíveis a custos

baixos com fornecedores, firmas subcontratantes, entidades públicas e privadas de apoio”. A

proximidade organizacional, estabelecida em torno de estruturas comuns de aprendizagem e

conhecimento associadas a instituições, organizações e convenções possibilita esforçar as

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especificidades culturais e cognitivas locais envolvendo as ações de cooperação, inovação e

regulação.

No entendimento de Suzigan et al (2006) a capacidade de geração de economias

externas tem a função de impulsionar o incremento da competitividade dos produtores

locais, onde são constatados:

a) A existência de um amplo contingente de mão de obra especializada e com

habilidades específicas ao sistema local;

b) Presença e atração de um conjunto de fornecedores especializados de matéria-

prima, componentes e serviços;

c) Grande disseminação dos conhecimentos, habilidades e informações por meio de

spill-overs, relativas ao ramo de atividade dos produtores locais.

d) Os agentes locais, como empresas e instituições, podem reforçar sua capacidade

competitiva por meio de ações conjuntas e deliberadas, tais como compra de

matérias-primas, promoção de cursos de capacitação gerencial e formação

profissional, criação de consórcio de exportação, contratação de serviços

especializados, estabelecimento de centros tecnológicos de uso coletivo,

cooperativas de crédito, entre outros.

Para o fortalecimento e a compreensão com propriedade sobre a temática destaca-se

o papel da RedeSist1, que através de uma rede de pesquisa interdisciplinar, iniciada em

1997, conta com a participação de várias universidades e institutos de pesquisa no Brasil e

parcerias com instituições da América Latina, África, Europa e Ásia. Nesse canal são

desenvolvidos textos para discussões, monografias, dissertações, teses, questionário para

avaliação e identificação de APLs, entre outros.

Para Suzigan, Garcia e Furtado (2007), as políticas para arranjos deveriam estimular

a governança local privada e pública, com iniciativas coletivas de protagonistas locais

direcionadas para avanços de capacitação técnica e industrial e o elemento tecnológico como

estratégia competitiva. No ambiente de APL, iniciativas públicas de fomento à inovação e à

capacitação tecnológica em APLs podem assegurar níveis superiores de eficiência, pois

deveriam estimular iniciativas mais avançadas e organizar o ambiente coletivo por efeito dos

mecanismos de competição e cooperação.

1 Rede de pesquisa em arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais, sediada no Instituto de Economia da

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

6

Assim sendo, percebe-se que os estudos sobre Arranjo Produtivo Local (APLs) têm

sido debatidos na ciência, no intuito de contribuir com resultados e reflexões importantes.

Na base de dados Scielo, foram constatados 58 estudos, em sua grande maioria com idioma

português e com início de publicação no ano de 2013 até o presente período da pesquisa.

Destes, 6 estudos foram elaborados com foco na área da economia, porém, nenhum

abordando os eixos temáticos COREDEs e Cluster.

2.1 O PAPEL DOS COREDES NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

No entendimento de Cassiolato, Lastres e Stallivieri (2008, p. 16) apesar de serem

geradas as reflexões e formulações locais, as políticas estaduais para a promoção de APLs

passaram, a partir do final dos anos 1990, por dois momentos de inflexão causados pela

atuação do governo federal que tiveram um impacto institucional significativo. Entre esses

momentos, relaciona-se à atuação do Ministério da Ciência e Tecnologia que a partir de

1999, passou a incorporar a abordagem de APLs na ação regional. Foram escolhidos três

APLs em cada estado da federação e inseridas no âmbito das ações financiadas pelos novos

recursos estabelecidos por lei que constituiu os Fundos Setoriais.

Cassiolato, Lastres e Stallivieri (2008, p. 16) afirmam que a temática ganhou espaço

no campo científico e prático, a partir de 2003, quando as esferas governamentais

priorizaram as políticas de desenvolvimento produtivo, através de políticas públicas em

âmbito nacional, sob a responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Industrial e ação

de política regional, no âmbito do Ministério da Integração Nacional. Os objetivos eram

voltados às políticas regionais incorporando conceitos de inclusão social e desconcentração

de renda e associando-os a uma perspectiva de APLs.

Segundo Pires (2011), entre as formas inovadoras e intermediárias de governança

territorial, que atuam como intermediário entre estado e o mercado, entre o nacional e o

local, originam-se os conselhos regionais de desenvolvimento (COREDEs). O surgimento

desses COREDEs foi no início dos anos de 1990 no Rio Grande do Sul, tendo a função de

reduzir as desigualdades sociais entre as regiões da área metropolitana com as demais áreas

do estado.

A concepção de desenvolvimento regional determinada por Pires (2011), enfrenta na

atualidade um duplo desafio quanto ao questionamento da região como categoria explicativa

e escala estratégica de processos de desenvolvimento, incorporando formas específicas de

7

governança e articulação sócio institucional nos territórios, envolvendo questões como

descentralização política e econômica e escalas intermediárias de regulação.

Para a eficácia na governança regional, o processo de implantação de uma instância

intermediária busca atuar de forma mais intensa junto às regiões conciliando crescimento

com desenvolvimento econômico (PIRES, 2011) na qual são atribuídos princípios para

nortear o trabalho de todos os COREDEs (COREDES, 2015).

a) Promoção de desenvolvimento regional: o objetivo central da atuação do

COREDEs é a promoção do desenvolvimento regional, ajustando competitividade,

equidade e sustentabilidade. O trabalho dos conselhos e de seus membros deve

pautar-se pela autonomia, pela isenção e pela neutralidade em relação às diferentes

instâncias governamentais, às correntes político-partidárias ou a quaisquer outras

organizações da região ou de fora da região;

b) Pluralidade e identificação de consensos: estimulada a livre expressão das

diferenças de pensamento entre os membros do conselho. Essa livre expressão serve

como ponto de partida para um esforço no sentido da identificação de pontos de

consenso, entre os segmentos que compõem a sociedade da região, quanto à forma

de promover o desenvolvimento regional;

c) Confiança, cooperação e formação de parcerias: a ação dos COREDEs deve

contribuir para estreitar os laços de confiança, estimular a cooperação e viabilizar o

estabelecimento de parcerias entre os diferentes segmentos da sociedade civil da

região, bem como entre esses segmentos e as várias instâncias da administração

pública, na busca do desenvolvimento regional;

d) Integração, articulação e consolidação das identidades regionais: os COREDEs

devem constituir-se em um ambiente de articulação da sociedade regional, atuando

na definição de agregar os esforços da sociedade civil e dos distintos interesses da

administração pública que tenham como objetivo a promoção do desenvolvimento. O

conhecimento dos diferentes segmentos da sociedade na discussão dos problemas da

sua região, no âmbito dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento, vem servir de

base para a consolidação de uma identidade regional, entendida como o sentimento

de conexão a uma comunidade territorialmente organizada, o que constitui a

condição essencial para que um determinado território possa ser, efetivamente,

denominado de região;

e) Busca da regionalização das políticas de desenvolvimento: a ação dos Conselhos

deve contribuir para articulação, em escala regional, dos esforços locais de promoção

8

do desenvolvimento. Deve voltar-se, também, para fazer com que as ações setoriais

das diferentes instâncias de governo sejam estruturadas e integradas de forma a

caracterizar verdadeiras políticas de desenvolvimento regional;

f) Aumento permanente da representatividade e da organização: os COREDEs

precisam empreender um esforço constante no sentido de desenvolver sua

representatividade e sua inteligência junto à comunidade, estabelecendo e integrando

à sua composição os segmentos ainda desarticulados da sociedade da região;

g) Apoio à continuidade das políticas públicas de interesse regional: os COREDEs

devem ajudar a implementação e a constância das políticas governamentais que

colaboram de caráter eficaz para o desenvolvimento regional, impedindo seu

abandono por motivos alheios ao interesse público.

Nesse sentido, constata-se que os COREDEs surgiram como forma de evitar as

disparidades regionais entre municípios. Isso consolida a importância do desenvolvimento

das regiões de acordo com sua vocação empreendedora, tornando-se elemento fundamental

para a geração de emprego e renda.

2.2 CLUSTER: DIFERENTES ABORDAGENS COM ENFOQUE NO

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Os clusters tiveram sua origem histórica e científica na mesma linha de observação e

de espaço que os estudos sobre APLs. Na literatura, com base de dados na Scielo, foram

encontrados mais de 4000 estudos que tratam sobre a temática, com diferentes idiomas e

periódicos. Sintetizando apenas para a área da economia, foram publicados 79 artigos entre

2006 e 2011, com maior incidência no eixo temático Ciências Sociais Aplicadas.

Para Newlands (2003), existem diferentes abordagens científicas, por meio de

argumentos que apontam vantagens para uma firma pertencente a um cluster. Porter (1998,

p. 78), inicia sua concepção sobre o tema ressaltando que são “concentrações geográficas de

firmas e instituições interconectadas em um campo particular que englobam uma série de

indústrias ligadas e outras entidades importantes para a competição”. Na ótica de Marshall

(1925), é a concentração de firmas em estreita proximidade geográfica pertencentes aos

distritos industriais, permitindo que todas as mesmas desfrutem de benefícios da produção

industrial em grande escala e com técnicas semelhantes de interorganização. Como

benefícios são identificados elementos essenciais, entre eles, a cooperação, competição e

inovação do conhecimento. Foi observado também, que a formação de um cluster oferece

9

oportunidade para a especialização do empresário e dos processos internos, obtendo maior

competitividade e reduzindo riscos de mercado.

Nesse sentido, Newlands (2003), aponta que a teoria de aglomeração apresenta uma

explicação do motivo para a união das firmas, compartilhando serviços semelhantes, mão de

obra diversificada e relações com outras firmas locais. Diante de estudos de organização

industrial, a teoria de Marshall contribuiu no desenvolvimento da teoria da aglomeração e

mesmo após, seus seguidores como Williamson (1975; 2005), Piore e Sabel (1984), Porter

(1989; 2003), Becattini (1994), Scott e Storper (2003), entre outros, perceberam que há

incidência de cooperação e de competição entre as firmas pertencentes aos clusters.

Nesse aspecto da análise sobre a teoria da aglomeração, a literatura científica

constatou críticas sob diferentes óticas, entre elas: agrupamentos industriais, custos de

transação; especialização e confiança; ambiente de inovação; economia institucional e

evolucionária, as quais contribuem para a constituição de um cluster.

O tema relacionado aos custos de transação iniciou as discussões acadêmicas, a partir

da flexibilização do trabalho e o surgimento de firmas de menor porte, surgem espaços

voltados a redes organizacionais, dando ênfase às relações do mercado de trabalho,

externalização da produção, melhoria dos processos, onde as firmas de um setor acumulam

experiências, conhecimento e produção. Como benefício, as firmas participantes desse

processo geram mão de obra qualificada, salários elevados, espaço para mão de obra

operacional e terceirizada e as relações de trabalho formal. (NEWLANDS, 2003).

Williamson (1975) aprimorou a teoria dos custos de transação, proporcionando a

análise de uma realidade micro e localizada, focando nas comparações entre as dinâmicas

institucionais e que possibilita entender as firmas como estruturas de governança. Nessa

abordagem, a ação integra agentes locais em cooperação com as entidades externas e todas

as esferas de governo, que são fundamentais ao desenvolvimento local.

O relato acima é corroborado pelos estudos de Scott (1995), que constata, através de

estudos realizados na Itália, a emergência da diversificação das atividades produtivas e a

formação de segmentos dinâmicos da economia italiana, através da cooperação, inovações

na base produtiva das firmas, expansão de mercado nacional e internacional.

Por outro lado, Scott (1995) menciona que os mercados podem reduzir ou sofrer

interferência de produtos importados, mudança paradigmática nos meios de produção,

trabalho operacional e rotineiro, descentralização locacional e a dispersão das atividades

econômicas podem surgir no processo de aglomeração. Esses aspectos podem ser

prejudiciais ao desenvolvimento de um cluster.

10

No que se refere à especialização e confiança, Newlands (2003) ressalta que as

firmas podem cooperar na busca de novos produtos e processos, acesso a linhas de crédito

atrativas, aquisição de materiais, bem como, conduzir ou encomendar pesquisas em

conjunto, assistência técnica e financeira. Essas estratégias cooperativas são estabelecidos

por meio da confiança entre as firmas pertencentes ao cluster, porém, continuam a competir

entre si e com outras firmas, principalmente na qualidade e preço.

Sob o foco de Granoveter (1995), a confiança resulta no processo de aprendizagem

por meio de experiências entre os atores, por meio de interações repetidas, onde facilita o

negócio e torna-se cumulativa a partir de ações repetitivas e atos formais e informais.

Ressalta ainda, a proximidade das firmas dentro do cluster, apontando um cenário de

processos mais amplos de otimização e troca sem contrato formalizado.

Para Camagnini (1991), Aydalot (1996) e Maillat (1995), analistas regionais que

desenvolveram estudos na França, Itália e Suíça, o ambiente inovador envolve um conjunto

de atores institucionais. Além disso, os autores constataram a importância entre tecnologia,

inovação e desenvolvimento regional num cluster. A abordagem aponta para a participação

de universidades e centros de pesquisa, os quais oportunizam um processo de aprendizagem

coletiva, troca de conhecimento técnico-organizacional entre cliente e fornecedor,

fortalecimento do mercado de trabalho local, com a participação de atores formais e

informais, estabelecendo troca de informações.

Com base nos argumentos acima, surge a economia institucional e evolucionária,

através das teorias de Nelson e Winter (1982), os quais afirmam que a inovação tecnológica

ocorre por meio de rotinas, transformando-as em operacionais, dinâmicas e de investimento.

Para essa modificação tecnológica, ocorre a incidência dos atores institucionais e do

Sistemas de Inovação como descrito por Freemann (1988), onde constam universidades,

centros de pesquisa, institutos tecnológicos, consultorias, entre outros. Isso reflete no

sucesso dos clusters, tendo por meio do papel das instituições, o desenvolvimento de suas

trajetórias organizacionais como descritos por North (1990).

A importância das instituições também refere-se à orientação e ao auxílio na

condução dos negócios diante de uma mudança paradigmática, e na preparação das firmas

para atuar na trajetória tecnológica, por meio da demanda pull e tecnologia push. (DOSI,

1988). A economia institucional e evolucionária identifica a concorrência como um processo

de mudança econômica, estimulada por constantes mudanças tecnológicas, considerando a

inovação como o condutor da competição, onde uma firma ou um cluster pode possuir

tecnologias superiores às outras. (NEWLANDS, 2003).

11

O Quadro 1, apresenta a síntese das principais teorias desenvolvidas sob a ótica de

diferentes abordagens para identificar clusters.

Quadro 1. Abordagens teóricas de clusters

Teorias Fontes de vantagem Grau de

localidade

Concorrência e

Cooperação

Implicações em

termos de política

Teoria da

aglomeração

Firmas

compartilham

fornecimento de

mão de obra,

infraestrutura e

serviços.

As economias

externas são mais

prováveis onde

serviços em

comum são

compartilhados em

uma localidade.

A cooperação

gera vantagem

para as firmas

dentro dos

clusters, mas

elas continuam

competindo.

Sem implicações

óbvias, a não ser

que o mercado

falhe em prover os

benefícios comuns.

Custos de

transação

Os custos de

transação são

menores dentro dos

clusters.

Alguns custos de

transação refletem

a manutenção do

contato pessoal.

Estes usualmente

variam com a

distância.

Alguns custos

podem ser

reduzidos com a

cooperação, mas,

em geral, não é

relevante.

Considera-se, em

geral, que os

mercados

coordenam os

custos de transação

dentro dos clusters.

Especialização

e confiança

As firmas dentro de

redes de confiança

se beneficiam da

troca de informação

recíproca.

É mais provável

manter a confiança

em redes

geograficamente

concentradas.

As firmas dentro

dos clusters

competem entre si

mais em

qualidade que em

preço, mas

existem fortes

relações de

cooperação.

Redes sociais e

familiares são a

chave para o

desenvolvimento da

confiança, mas as

normas

econômicas, legais

e políticas são

relevantes.

Ambiente

inovativo

O ambiente

(Milieux) promove

os enquadramentos

e a necessária

coordenação para a

inovação.

As instituições e

práticas favoráveis

à inovação

dependem

parcialmente do

contato pessoal.

Equilíbrio entre as

relações de

competição e de

cooperação entre

as firmas não é

especificado, mas

presume-se que as

últimas são

importantes.

Os elaboradores das

políticas têm o

papel de formar e

manter as redes de

firmas, institutos de

pesquisas etc.

Economia

institucional e

evolucionária

Os clusters são

reflexo de decisões

do passado e do

subsequente

desenvolvimento de

instituições de

apoio.

Trajetórias

particulares podem

desenvolver-se em

escalas espaciais.

As mudanças

tecnológicas, ao

longo de

caminhos

particulares, são o

impulso do

processo

competitivo.

A intervenção das

políticas é o único

fator determinante

de como as

trajetórias

inovativas se

desenvolvem.

Fonte: NEWLANDS, 2003, p. 526.

12

3 METODOLOGIA

Conforme já discutido, os COREDEs surgiram para consolidar o desenvolvimento

regional e minimizar desigualdades entre os municípios gaúchos, porém dentro dos

COREDEs ainda persistem disparidades importantes. Nesse sentido, análises mais amplas

quanto aos agrupamentos dos COREDEs em clusters requerem abordagens cautelosas,

dadas as limitações, como a representatividade de cada município nos conselhos de

desenvolvimento, seja em termos territoriais, populacionais, sociais ou econômicos.

Outro obstáculo refere-se à disponibilidade de dados desagregados em nível

municipal ou de COREDEs nas bases de dados para possibilitar a identificação de arranjos

locais, que permitam realizar mapeamentos da distribuição das atividades e setores

preponderantes. Por isso, com intuito de aplicar elementos objetivos a opção foi utilizar os

dados Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), valendo-se do número de vínculos de

empregos ativos no dia 31/12 dos anos de 2006 e 2016. O período foi definido para permitir

assim a análise conjuntural comparando os dois períodos e identificar possíveis mudanças na

especialização de cada COREDE.

Além disso, cabe a ressalva de que as abordagens teóricas sobre arranjos produtivos

locais e clusters são normalmente associados aos setores relacionados à indústria. Contudo,

este artigo busca analisar os agrupamentos de regiões no Rio Grande do Sul que apresentem

similaridades nas atividades em que são especializados, considerando os 8 setores definidos

no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seguintes categorias: extrativa

mineral; indústria de transformação; serviços industriais de utilidade pública; construção

civil; comércio; serviços; administração pública; e agropecuária, extração vegetal, caça e

pesca.

Portanto, os dados de número de empregos para todos os municípios do Rio Grande

do Sul foram extraídos da RAIS, caracterizados como dados secundários, para os anos de

2006 e 2016, divididos nos 8 setores propostos pelo IBGE. Em seguida, os municípios foram

agrupados de acordo com o COREDE ao qual pertencem, segundo a abrangência territorial

definida no Decreto da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul nº 47.543, de 08 de

novembro de 2010 (RIO GRANDE DO SUL, 2010). A seleção de dados descrita visa

avaliar a existência de aglomerações especializadas em cada tipo de atividade, e posterior

agrupamento dos COREDES em clusters que apresentem similaridades.

A identificação desses clusters baseou-se na construção de um Quociente Locacional

(QL) conforme abordagem sugerida por Brito e Albuquerque (2002), ressalvadas as

13

adaptações adotadas em virtude do tema desta pesquisa. O QL busca comparar duas

estruturas setoriais-espaciais. Ele é a razão entre duas estruturas econômicas, neste trabalho

tem-se no numerador, o COREDE, e no denominador o estado do Rio Grande do Sul, como

referência. A forma do cálculo é a seguinte:

𝑄𝐿 =

𝐸𝑗𝑖

𝐸𝑗

𝐸𝑅𝑆𝑖

𝐸𝑅𝑆

(1)

Onde:

𝐸𝑗𝑖= Emprego da atividade 𝑖 no COREDE 𝑗;

𝐸𝑗= Emprego da total região 𝑗;

𝐸𝑅𝑆𝑖 = Emprego da atividade 𝑖 na região no Rio Grande do Sul;

𝐸𝑅𝑆= Emprego total no Rio Grande do Sul.

Brito e Albuquerque (2002) consideram que existiria especialização da atividade 𝑖 no

COREDE 𝑗, caso seu QL fosse superior a um. A interpretação do valor do indicador QL

baseia-se numa comparação entre especializações, a partir da qual três situações distintas

podem ser representadas: quando QL = 1, a especialização do COREDE 𝑗 em atividades do

setor 𝑖 é igual à especialização do conjunto do Rio Grande do Sul nas atividades desse setor;

enquanto que quando QL < 1, a especialização do COREDE 𝑗 em atividades do setor 𝑖 é

inferior à especialização do conjunto do Rio Grande do Sul nas atividades desse setor; e

quando QL > 1, a especialização do COREDE 𝑗 em atividades do setor 𝑖 é superior à

especialização do conjunto do Rio Grande do Sul nas atividades desse setor.

Neste estudo considerou-se o QL calculado para todos os 28 COREDEs gaúchos nos

8 setores da classificação do IBGE para os anos de 2006 e 2016. Os resultados obtidos são

apresentados no APÊNDICE A.

Após o cálculo do QL, os resultados foram submetidos à análise de cluster a fim de

identificar os COREDEs que apresentam similaridades quanto aos setores nos quais são

especializados em 2006 e 2016. O agrupamento dos sujeitos, ou seja, dos COREDEs

gaúchos, foi efetuado com uma análise de clusters hierárquica com o método da menor

distância, usando a distância euclidiana quadrada como medida de dissemelhança entre os

sujeitos. Como critério de decisão do número de clusters a reter, usou-se o R2 como descrito

em Maroco (2007) e Meyers, Gamst e Guarino (2013), tendo-se escolhido a reter a solução

14

do menor número de clusters que reteve uma fração considerável (cerca de 60% em 2006, e

mais de 70% em 2016) da variância total. A classificação de cada COREDE nos clusters

retidos foi posteriormente refinada com o procedimento não-hierárquico k-médias.

Para identificar quais as variáveis com maior importância nos 3 clusters retidos,

procedeu-se à análise da estatística F da ANOVA dos clusters como descrito em Maroco

(2007) e Meyers, Gamst e Guarino (2013). Todas as análises foram efetuadas com o SPSS

(v. 22; SPSS Inc, Chicago, IL) e as saídas obtidas apresentam-se a seguir.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise de clusters sobre as distâncias euclidianas quadradas entre sujeitos com o

método de agregação da menor distância produziu os dendogramas das Figuras 1 e 2,

respectivamente, para 2006 e 2016. De acordo com o critério do R2, em ambos os anos

foram retidos 3 clusters, que em 2006 explicam 58,2% (r-sq = 0,582397796), e em 2016,

72,6% (r-sq = 0,725859568) da variância total.

15

Figura 1 - Dendograma da análise de clusters com o método da menor distância usando a

distância euclidiana quadrada como medida de dissemelhança considerando os QLs de 2006

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

O dendograma da análise de cluster considerando os QLs de 2006 indica prováveis

três ou quatro agrupamentos, um deles englobando os COREDEs Jacuí-Centro, Vale do

Jaguari, Fronteira Oeste, Campanha e Campos de Cima da Serra, um segundo cluster entre

Alto Jacuí, Centro-Sul, Médio Alto Uruguai, Alto da Serra do Botucaraí e Norte. Um

terceiro cluster formado por Metropolitano Delta do Jacuí, Paranhana-Encosta da Serra,

Vale do Taquari, Serra, Vale do Caí, Vale do Rio dos Sinos e Hortênsias. E, finalmente, um

quarto cluster com os demais COREDEs remanescentes.

16

Figura 2 - Dendograma da análise de clusters com o método da menor distância usando a

distância euclidiana quadrada como medida de dissemelhança considerando os QLs de 2016

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

O dendograma da análise de cluster para os QLs de 2016 não estabeleceu diferenças

importantes entre os COREDEs, e por consequência, dificultou a visualização de

agrupamentos.

Todavia, destaca-se que as plotagens dos dendogramas mostradas nas Figuras 1 e 2

são modos alternativos de visualizar o processo de agrupamento, e podem não possibilitar o

discernimento claro da solução dos clusters. Por isso, foi realizada uma análise mais

refinada através de um método não-hierárquico, o k-médias.

Antes da aplicação do método, as variáveis correspondentes aos setores foram

submetidas à transformação em uma distribuição Z, conforme recomendação apresentada

em Maroco (2007) e Meyers, Gamst e Guarino (2013). Em seguida, procedeu-se com a

classificação de cada um dos 28 COREDES na solução refinada com o método k-médias,

17

considerando k = 3, segundo indicações reveladas através do R2. Os resultados da análise

encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1 - Classificação dos COREDEs em 3 clusters pelo método k-médias

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

Na Figura 3 foram construídos dois mapas a fim de visualizar a classificação dos

COREDEs de acordo com seus clusters no estado do Rio Grande do Sul em 2006 e em

2016, conforme definido na Tabela 1.

Percebe-se que o cluster 1 incorporou COREDEs de todas as regiões do estado, não

apresentando concentração em algum ponto específico em 2006 e 2016. Em aspectos

Cluster COREDE

Distância do

centro do

cluster

Cluster COREDE

Distância do

centro do

cluster

Celeiro 1,701 Alto da Serra do Botucaraí 2,305

Central 1,208 Alto Jacuí 2,053

Fronteira Noroeste 1,056 Campos de Cima da Serra 4,628

Fronteira Oeste 2,369 Celeiro 2,023

Litoral 2,461 Central 2,832

Metropolitano Delta do Jacuí 3,903 Centro-Sul 1,741

Missões 1,123 Fronteira Noroeste 1,550

Nordeste 2,184 Fronteira Oeste 1,752

Noroeste Colonial 1,241 Jacuí-Centro 1,745

Norte 3,908 Litoral 1,856

Produção 1,692 Médio Alto Uruguai 2,649

Rio da Várzea 1,900 Metropolitano Delta do Jacuí 3,574

Sul 0,913 Missões 0,784

Vale do Jaguari 1,624 Noroeste Colonial 1,292

Vale do Rio Pardo 1,279 Produção 2,510

Campos de Cima da Serra 4,569 Rio da Várzea 1,748

Hortênsias 1,338 Sul 1,461

Paranhana-Encosta da Serra 2,690 Vale do Jaguari 1,634

Serra 1,196 Hortênsias 1,749

Vale do Caí 0,850 Nordeste 2,262

Vale do Rio dos Sinos 1,504 Norte 2,539

Vale do Taquari 1,347 Paranhana-Encosta da Serra 3,088

Alto da Serra do Botucaraí 1,350 Serra 1,350

Alto Jacuí 2,459 Vale do Caí 1,368

Campanha 3,001 Vale do Rio dos Sinos 1,556

Centro-Sul 1,343 Vale do Rio Pardo 1,475

Jacuí-Centro 1,515 Vale do Taquari 1,122

Médio Alto Uruguai 1,685 3 Campanha 0,000

1

2

20162006

1

2

3

18

geográficos, o cluster 3 também se mostrou desconcentrado em 2006, e em 2016, limitou-se

a apenas um COREDE.

Por outro lado, o cluster 2 concentrou COREDEs próximos à Região Metropolitana

de Porto Alegre, com polarização do Vale do Rio dos Sinos e do Centro Regional de Caxias

do Sul em 2006. Enquanto que em 2016, também com influência de Passo Fundo, em

virtude dos COREDEs Norte e Nordeste.

Figura 3 - Mapa do Rio Grande do Sul – COREDEs divididos nos clusters em 2006 e em

2016

Fonte: elaboração própria.

Na Tabela 2, apresentam-se as médias (centros) dos clusters para cada variável e a

estatística F para cada variável. No entanto, faz-se a ressalva de que, segundo Maroco

(2007), a principal aplicação da estatística F da ANOVA, exposta na Tabela 2, é identificar

as variáveis que permitem a separação dos clusters. Isso significa que, se uma variável

discriminar bastante entre os clusters, então a variabilidade desta entre os clusters será

elevada. Para verificar se os clusters são ou não diferentes procede-se com funções

discriminantes, apresentadas no APÊNDICE B.

Assim sendo, tem-se que os setores de serviços industriais de utilidade pública (F =

27,1), administração pública (F = 18,6), comércio (F = 17,9) e indústria de transformação

(F=17,7) são os que mais diferenciam os clusters em 2006. Por outro lado, as variáveis que

mais diferenciam os clusters em 2016 são as atividades extrativas minerais (F = 73,6) e

Cluster 2

Cluster 1

Cluster 3

2006 2016

19

indústria de transformação (F = 27,8). Finalmente, a variável “Serviços” (F = 0,2) é a

dimensão que diferencia menos os 3 clusters.

Tabela 2 - Centros dos clusters e a estatística F para cada variável

Observação do teste F apresentada pelo SPSS: Os testes F devem ser usados apenas para finalidades

descritivas porque os clusters foram escolhidos para maximizar as diferenças entre os casos em

clusters diferentes. Os níveis de significância observados não estão corrigidos para isso e, dessa

forma, não podem ser interpretados como testes da hipótese de que as médias dos clusters são iguais.

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

De acordo com a Tabela 2, em 2006 o cluster 1 apresenta o grupo de COREDEs com

os menores índices nos setores de extração mineral e de agropecuária, extração vegetal, caça

e pesca. Por outro lado, apresenta os maiores índices na construção civil e serviços. Nesse

grupo está o COREDE Metropolitano Delta do Jacuí, o qual distinguiu-se por ser o mais

especializado em serviços entre todos os COREDEs em 2006. Já os conselhos de

desenvolvimento do Norte, Litoral, Central, Rio da Várzea e Fronteira Noroeste destacaram-

se pela sua especialização relativa na construção civil. (Ver APÊNDICE A para detalhes

sobre especialização dos COREDEs).

1 2 3 1 2 3

Extrativa Mineral -0,43112 -0,22618 1,34168 13,4 -0,18779 -0,14848 4,71646 73,6

Indústria de Transformação -0,39304 1,29796 -0,53169 17,7 -0,53746 1,18006 -0,94623 27,8

Serviços Industriais de

Utilidade Pública-0,03981 -1,05604 1,33158 27,1 0,29372 -0,87840 2,61869 16,5

Construção Civil 0,29014 -0,25577 -0,42694 1,5 -0,14015 0,35657 -0,68638 1,0

Comércio 0,41226 -1,30333 0,48991 17,9 0,47465 -0,98018 0,27789 11,2

Serviços 0,40860 -0,48640 -0,45403 3,1 0,08836 -0,17927 0,02288 0,2

Administração Pública 0,19302 -1,21516 0,93513 18,6 0,44227 -0,91209 0,24791 8,7

Agropecuária, Extração

Vegetal, Caça e Pesca-0,11940 -0,01358 0,31434 0,4 0,22905 -0,56369 0,95033 2,6

2016

ClustersF*

ClustersF*

Dimensão

2006

20

Em 2016 o cluster 1 agrupou COREDEs com os maiores índices no comércio,

serviços e administração pública, e, portanto, incorporando alguns conselhos que em 2006

pertenciam ao cluster 3. Os COREDEs agrupados foram: Alto da Serra do Botucaraí, Alto

Jacuí, Centro-Sul, Jacuí-Centro e Médio Alto Uruguai.

O cluster 2, tanto em 2006 quanto em 2016 apresenta os maiores scores no setor da

indústria de transformação, ou seja, o número de empregados neste setor é relativamente

superior aos demais COREDEs do RS. O cluster 2 é composto por regiões como Paranhana-

Encosta da Serra, Serra, Vale do Taquari, Vale do Caí, Vale do Rio dos Sinos e Hortênsias

que destacaram-se por terem indústrias intensivas em mão de obra, como a calçadista no

Paranhana-Encosta da Serra, a metalmecânica no COREDE Serra, a alimentícia no Vale do

Taquari e Hortências, a de máquinas e equipamentos agrícolas no Vale do Caí. O Vale do

Rio dos Sinos apresenta importante relevância no estado na indústria de transformação com

a fabricação de produtos derivados de petróleo, a preparação de couros e fabricação de

calçados. (BERTÊ et al, 2016).

Outro aspecto relevante correspondente ao cluster 2 refere-se à distribuição de renda.

Os seis COREDEs que se mantiveram nesse agrupamento tanto em 2006 quanto em 2016

também apresentam os menores Índices de Gini2 da renda domiciliar per capita do RS em

2000 e 2010 – ver APÊNDICE C. Ou seja, uma vez que esse agrupamento apresenta os

maiores índices na categoria da indústria de transformação, o resultado confirma a

expectativa de que atividades industriais sejam menos concentradoras de renda,

especialmente aquelas intensivas em mão de obra.

No cluster 3 foram agrupados os COREDES com os maiores índices nas dimensões

serviços industriais de utilidade pública; comércio; administração pública; agropecuária,

extração vegetal, caça e pesca; mas, sobretudo, a atividade extrativa mineral em 2006. Nesta

última, os COREDES Campanha, Centro-Sul e Alto da Serra do Botucaraí se notabilizaram

com scores de especialização relativa muito superiores à média estadual, respectivamente

com QL de 9,8, 4,9 e 4,4.

Diferentemente do cluster 2, que apresentou poucas mudanças na comparação entre

2006 e 2016, o cluster 3 mudou significativamente em 2016, permanecendo apenas o

COREDE Campanha. Os demais COREDEs desse cluster em 2006 foram incorporados ao

2 O Índice de Gini é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo,

normalmente compara os 20% mais pobres com os 20% mais ricos. Numericamente, varia de zero a um -

podendo também ser apresentado de zero a cem. O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja,

todos têm a mesma renda, enquanto que o valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa

detém toda a riqueza. (WOLFFENBÜTTEL, 2004).

21

cluster 1 em 2016. Esse movimento reflete a relevância da dimensão extrativa mineral com

estatística F = 73,6 – indicando que é a variável que permite uma maior discriminação entre

os clusters. Logo, o grau de especialização da Campanha nesta atividade (12,3) isolou o

COREDE, pois além de apresentar especialização relativa muito superior à média estadual,

ficou, drasticamente, acima de outros COREDEs que também são especializados na

atividade extrativa mineral. Segundo estudo realizado por Bertê et al (2016), a indústria

extrativa do COREDE Campanha é destaque em nível estadual, representando 17,8% em

2012, com a extração de calcário e extração de carvão.

Contudo, apesar do notável desempenho na indústria extrativa mineral, o COREDE

Campanha apresenta um dos maiores níveis de desigualdade social do Rio Grande do Sul.

Percebe-se redução do índice de Gini nos municípios que pertencem ao COREDE, porém

ainda é um dos mais altos. Esse fato corrobora com a ideia de que a indústria extrativa

mineral se caracteriza por ser concentradora de renda.

Em síntese, percebe-se que os agrupamentos, definidos a partir do quociente

locacional médio dos COREDEs, além de revelar os COREDEs com similaridades em seus

padrões de especialização, também permite análises voltadas aos aspectos sociais. Destaca-

se o cluster 2, pois concentra os COREDEs com os menores índices de desigualdade social

do estado, fundamentalmente associado à categoria que apresenta especialização relativa, a

indústria de transformação.

Além disso, verifica-se que os setores de serviços, construção civil e agropecuária,

extração vegetal, caça e pesca não se destacaram como determinantes para definição dos

clusters, apesar de sua importância no PIB gaúcho - representaram mais de 50% do PIB em

2015. (FEE, 2018).

Por outro lado, a categoria extrativa mineral, pouco expressiva na composição do

PIB do RS, foi relevante para diferenciar os clusters. Esse elemento se dá devido à

concentração desta atividade em poucos municípios, localizados predominantemente no

COREDE Campanha, e assim, isolando o mesmo dos demais por esta característica

específica.

Por fim, a presença do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí destoa dos demais

COREDEs no cluster 1, sobretudo, em aspectos econômicos. Em 2015, o mesmo

representou 27,5% do PIB estadual. (FEE, 2018). Contudo, dada sua especialização relativa

na categoria de serviços, o mesmo foi agrupado no cluster 1 tanto em 2006, quanto em 2016.

22

5 CONCLUSÃO

Ao contextualizar diversas abordagens sobre APL, nota-se que ocorre uma

integração com o papel dos COREDEs, envolvendo a interação de firmas e atores externos

através de uma estrutura de governança, onde a cooperação contribui para o fortalecimento

das atividades econômicas. Somado às características mencionadas, os clusters são

constituídos também por meio da competitividade das firmas como forma de obter

vantagens, sejam elas, pertencentes ao mesmo cluster ou não. Além disso, a compreensão de

que esses agrupamentos objetivam, essencialmente, consolidar o desenvolvimento regional e

minimizar desigualdades, o presente estudo apresenta-se como uma forma de contribuir para

possíveis entendimentos sobre a realidade da economia do Rio Grande do Sul.

O artigo buscou agrupar os COREDEs gaúchos em clusters que apresentem

similaridades quanto ao seu padrão de especialização, definido a partir do quociente

locacional, realizando uma comparação entre os anos de 2006 e 2016. O método de análise

de cluster k-médias indicou três agrupamentos distintos: o primeiro, com os COREDEs

especializados em serviços; o segundo, com aqueles com os maiores índices na indústria de

transformação; e o terceiro, na categoria extrativa mineral.

Em termos geográficos, apenas o cluster 2 concentrou COREDEs próximos em 2006

e 2016. No primeiro ano da análise, todos os COREDEs do agrupamento eram influenciados

por Porto Alegre, com polarização do Vale do Rio dos Sinos e do Centro Regional de Caxias

do Sul, e em 2016, também do município de Passo Fundo. O cluster 2 também se destaca na

distribuição de renda, pois os COREDEs que mantiveram o grau de especialização na

indústria de transformação em 2006 e 2016 também apresentam os menores Índices de Gini,

isto é, os menores índices de desigualdade social do estado.

No cluster 1 destaca-se a presença do COREDE Metropolitano Delta do Jacuí, que

engloba municípios como Porto Alegre (segmentos de média-alta e alta tecnologia),

Gravataí (polo automotivo) e Triunfo (polo petroquímico), os quais possuem parques

industriais consolidados e relevantes no Rio Grande do Sul. Contudo, o COREDE é

relativamente mais especializado na categoria de serviços do que na indústria de

transformação, o que foi determinante para seu agrupamento no cluster 1.

Finalmente, o cluster 3 agrupou os COREDEs mais especializados na categoria

extrativa mineral. Apenas a Campanha manteve-se nesse cluster em 2006 e 2016, e nesse

sentido, destaca-se que o COREDE apresenta um dos maiores níveis de desigualdade social

23

do Rio Grande do Sul, confirmando a ideia de que a indústria extrativa mineral se

caracteriza por ser concentradora de renda.

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WOLFFENBÜTTEL, A. O que é? - Índice de Gini. Desafios do Desenvolvimento, Brasília,

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26

APÊNDICE A – QL dos 28 COREDES por setor do IBGE

Fonte: elaboração própria a partir de RAIS (BRASIL, 2018).

2006 2016 2006 2016 2006 2016 2006 2016 2006 2016 2006 2016 2006 2016 2006 2016

Alto da Serra do Botucaraí 4,4 2,5 0,6 0,6 1,7 1,7 0,9 0,6 1,4 1,5 0,5 0,6 2,3 1,7 1,5 1,6

Alto Jacuí 1,1 0,5 0,6 0,9 2,6 2,0 0,4 0,6 1,5 1,4 0,6 0,6 1,5 1,0 3,4 4,0

Campanha 9,8 12,3 0,5 0,5 2,2 2,5 0,5 0,7 1,2 1,2 0,6 0,8 1,6 1,1 4,8 4,3

Campos de Cima da Serra 0,3 1,4 0,6 0,5 0,2 0,9 0,6 0,5 0,9 1,0 0,5 0,5 1,1 1,0 11,2 11,6

Celeiro 0,6 0,5 0,6 0,8 0,7 1,1 0,6 0,5 1,1 1,4 0,9 0,6 1,9 1,5 1,5 1,8

Central 1,1 1,0 0,4 0,4 0,9 1,1 1,4 1,0 1,4 1,2 1,0 1,3 1,5 0,7 1,3 1,2

Centro-Sul 4,9 4,1 0,8 0,8 1,2 1,0 0,6 0,7 1,1 1,2 0,6 0,7 1,6 1,4 3,1 3,4

Fronteira Noroeste 0,7 0,2 1,1 1,2 1,0 1,2 1,3 1,0 1,4 1,3 0,6 0,8 1,3 0,9 0,9 0,8

Fronteira Oeste 0,6 0,7 0,3 0,3 1,1 1,3 0,5 0,6 1,4 1,5 0,8 0,7 1,3 1,1 6,1 5,4

Hortênsias 0,4 0,6 1,5 1,2 0,4 0,6 1,3 1,1 0,9 0,9 0,7 1,1 0,8 0,6 0,9 1,1

Jacuí-Centro 2,6 1,5 0,8 0,8 1,5 1,8 1,1 0,5 1,3 1,3 0,6 0,7 1,3 1,2 3,6 3,3

Litoral 1,1 1,3 0,4 0,4 1,3 1,2 1,9 1,1 1,8 1,6 0,7 0,9 1,6 1,3 1,3 1,1

Médio Alto Uruguai 3,0 0,6 0,7 0,9 1,4 2,2 1,1 1,2 1,4 1,3 0,5 0,6 2,2 1,5 0,9 0,9

Metropolitano Delta do Jacuí 0,3 0,3 0,5 0,4 1,4 1,1 1,0 1,1 0,9 0,8 1,6 1,3 1,1 1,5 0,1 0,1

Missões 0,5 0,5 0,5 0,6 1,3 1,4 0,9 0,8 1,5 1,4 0,8 0,8 1,6 1,2 2,1 2,3

Nordeste 0,2 0,7 1,2 1,5 0,5 0,6 0,6 0,7 1,3 1,2 0,4 0,5 1,6 1,1 1,3 1,3

Noroeste Colonial 0,6 0,9 0,9 1,1 1,4 1,0 0,8 0,9 1,4 1,3 0,8 0,8 1,1 0,9 1,7 1,2

Norte 0,3 0,3 1,2 1,3 0,5 1,0 2,9 1,5 1,0 1,1 0,6 0,8 1,1 0,9 0,9 0,9

Paranhana-Encosta da Serra 1,5 1,2 2,6 2,7 0,2 0,3 0,3 0,5 0,5 0,6 0,3 0,4 0,6 0,6 0,2 0,2

Produção 2,0 1,4 0,9 0,9 1,0 0,9 1,0 1,0 1,4 1,3 0,9 1,1 0,7 0,6 1,2 1,0

Rio da Várzea 0,3 0,3 0,9 0,9 0,6 1,0 1,3 1,1 1,4 1,3 0,4 0,6 1,8 1,4 1,8 1,9

Serra 1,7 1,4 1,9 2,0 0,3 1,0 1,1 0,9 0,8 0,8 0,7 0,8 0,4 0,4 0,5 0,5

Sul 0,8 0,5 0,5 0,7 0,9 1,1 1,0 0,8 1,2 1,1 0,9 1,1 1,5 1,0 2,3 1,9

Vale do Caí 0,9 1,0 1,9 2,0 0,2 0,7 0,7 0,8 1,0 0,8 0,5 0,6 0,7 0,8 1,2 1,3

Vale do Jaguari 0,1 0,8 0,5 0,6 0,9 0,6 0,8 1,0 1,2 1,3 0,7 0,7 1,8 1,4 4,2 3,4

Vale do Rio dos Sinos 0,3 0,4 1,6 1,5 0,5 0,6 1,0 1,2 0,9 1,0 0,8 1,0 0,6 0,5 0,1 0,1

Vale do Rio Pardo 1,3 2,0 1,2 1,3 1,2 0,5 0,9 0,7 1,2 1,1 0,7 0,8 1,0 0,8 1,2 1,0

Vale do Taquari 2,7 2,7 1,9 1,9 0,8 0,6 1,0 1,1 0,8 0,8 0,5 0,7 0,7 0,6 0,6 0,6

Construção

CivilComércio

Agropecuária,

Extração

Vegetal, Caça

e Pesca

CoredesServiços

Administração

Pública

Extrativa

Mineral

Indústria de

Transformaçã

o

Servicos

Industriais de

Utilidade

Pública

27

APÊNDICE B – Resumo das Funções Discriminantes Canônicas

Variáveis de 2006 – Valores próprios

a. As primeiras 2 funções discriminantes canônicas foram usadas na análise.

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

Variáveis de 2006 – Lambda de Wilks

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

Variáveis de 2016 – Valores próprios

a. As primeiras 2 funções discriminantes canônicas foram usadas na análise.

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

Variáveis de 2016 – Função Discriminante Canônica Lambda de Wilks

Fonte: elaboração própria a partir de SPSS 22.

Os quadros Lambda de Wilks servem para testar a significância das funções

discriminantes. Os testes foram realizados segundo Maroco (2007). Na primeira linha são

testadas as duas funções apresentadas nas tabelas de Valores Próprios. Em regra, quando p-

valor < 0,001 pode-se concluir que a função discriminante é altamente significativa. Logo,

os resultados indicam que todas as funções discriminantes são altamente significativas. Isso

confirma que as classificações dos clusters realizadas neste estudo compreendem os

agrupamentos cujos centroides encontram-se mais próximos, atendendo ao objetivo dos

autores.

Função Autovalor % de variância % cumulativaCorrelação

canônica1 5,990a 74,673 75 0,926

2 2,032a 25,327 100 0,819

Teste de funções Lambda de Wilks Qui-quadrado df p-valor

1 até 2 0,047 67,179 14 0,000

2 0,330 24,400 6 0,000

Função Autovalor % de variância % cumulativaCorrelação

canônica

1 7,720a 71,609 72 0,941

2 3,061a 28,391 100 0,868

Lambda de Wilks Qui-quadrado df p-valor

1 até 2 0,028 78,473 14 0,000

2 0,246 30,830 6 0,000

Teste de funções

28

APÊNDICE C – Índice de Gini da renda domiciliar per capita em 1991, 2000 e 2010

Observação: o índice de cada COREDE corresponde a um índice médio dos municípios

pertencentes ao mesmo.

Fonte: elaboração própria a partir de IBGE/Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010.

COREDE 1991 2000 2010

Alto da Serra do Botucaraí 0,579 0,528 0,518

Alto Jacuí 0,593 0,558 0,489

Campanha 0,598 0,596 0,529

Campos de Cima da Serra 0,565 0,505 0,495

Celeiro 0,600 0,541 0,520

Central 0,601 0,566 0,531

Centro-Sul 0,551 0,520 0,510

Fronteira Noroeste 0,555 0,502 0,452

Fronteira Oeste 0,625 0,592 0,541

Hortênsias 0,511 0,488 0,443

Jacuí-Centro 0,592 0,547 0,468

Litoral 0,559 0,536 0,493

Média Geral 0,553 0,516 0,474

Médio Alto Uruguai 0,607 0,568 0,501

Metropolitano Delta do Jacuí 0,501 0,516 0,473

Missões 0,595 0,544 0,477

Nordeste 0,575 0,537 0,493

Noroeste Colonial 0,614 0,536 0,504

Norte 0,559 0,519 0,466

Paranhana-Encosta da Serra 0,455 0,429 0,382

Produção 0,534 0,494 0,468

Rio da Várzea 0,603 0,519 0,496

Serra 0,496 0,457 0,424

Sul 0,553 0,561 0,509

Vale do Caí 0,466 0,411 0,369

Vale do Jaguari 0,609 0,559 0,506

Vale do Rio dos Sinos 0,461 0,479 0,445

Vale do Rio Pardo 0,560 0,511 0,473

Vale do Taquari 0,500 0,465 0,413