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CORREIO FRATERNO O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 40 • Nº 421 • Maio - Junho 2008 BAÚ DE MEMÓRIAS D. Pedro II: a jóia preciosa da Família Real Pg. 6 FRATERNINHO em quadrinhos A partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma surpresa especial para as crianças! Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica todo o universo espírita, numa linguagem muito divertida! Um novo fascículo a cada edição. Uma palavra inspiradora pode ser um grande presente para um bom amigo. www.correiofraterno.com.br Assine Correio Fraterno ções aparentemente inofensivas podem ocultar uma das maio- res sombras da alma humana: a crueldade. Ela está presente não apenas em momentos de barbárie da história hu- mana, mas também no dia-a-dia. O holo- causto nazista é uma crueldade histórica, assim como o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, nos Estados Uni- dos. Mas, recentemente, as manchetes de jornais se ocuparam com crueldades mais “caseiras”. Ocorrências que assustam tan- to quanto o grau de interesse que desperta nas pessoas que os assistem. A questão de a notícia despertar tama- nha comoção e curiosidade atesta a nossa atração ainda pelo “lado negro” . Os casos são muitos e as ações que atentam contra a racionalidade tornam-se objetos de estudos da sociologia, da psi- cologia e até das ciências biológicas. Em razão disso, Jesus nos recomenda amar os inimigos e nos adverte de que a úni- ca energia suscetível de remover o mal e extingui-lo é e será sempre a força supre- ma do bem. pelo mal? A CRUELDADE GRÁTIS nosso lado sombrio Até onde é atraído CORREIO FRATERNO O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 40 • Nº 421 • Maio - Junho 2008 BAÚ DE MEMÓRIAS D. Pedro II: a jóia preciosa da Família Real Pg. 6 FRATERNINHO em quadrinhos A partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma surpresa especial para as crianças! Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica todo o universo espírita, numa linguagem muito divertida! Um novo fascículo a cada edição. Uma palavra inspiradora pode ser um grande presente para um bom amigo. www.correiofraterno.com.br Assine Correio Fraterno ções aparentemente inofensivas podem ocultar uma das maiores sombras da alma humana: a crueldade. Ela está presente não apenas em momentos de barbárie da história hu- mana, mas também no dia-a-dia. O holo- causto nazista é uma crueldade histórica, assim como o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, nos Estados Uni- dos. Mas, recentemente, as manchetes de jornais se ocuparam com crueldades mais “caseiras”. Ocorrências que assustam tan- to quanto o grau de interesse que desperta nas pessoas que os assistem. A questão de a notícia despertar tama- nha comoção e curiosidade atesta a nossa atração ainda pelo “lado negro” . Os casos são muitos e as ações que atentam contra a racionalidade tornam- se objetos de estudos da sociologia, da psicologia e até das ciências biológicas. Em razão disso, Jesus nos recomenda amar os inimigos e nos adverte de que a única energia suscetível de remover o mal e extingui-lo é e será sempre a força suprema do bem. pelo mal? A CRUELDADE GRÁTIS nosso lado sombrio Até onde é atraído

Correio Fraterno 421

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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CORREIOFRATERNO

O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA

Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 40 • Nº 421 • Maio - Junho 2008

BAÚ DE MEMÓRIASD. Pedro II:

a jóia preciosa da

Família Real

Pg. 6

FRATERNINHO em quadrinhosA partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma surpresa especial para as crianças!Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica todo o universo espírita, numa linguagem muito divertida! Um novo fascículo a cada edição.

Uma palavra inspiradora pode ser um

grande presente para um bom amigo.

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ções aparentemente inofensivas podem ocultar uma das maio-res sombras da alma humana: a

crueldade. Ela está presente não apenas em momentos de barbárie da história hu-mana, mas também no dia-a-dia. O holo-causto nazista é uma crueldade histórica, assim como o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, nos Estados Uni-

dos. Mas, recentemente, as manchetes de jornais se ocuparam com crueldades mais “caseiras”. Ocorrências que assustam tan-to quanto o grau de interesse que desperta nas pessoas que os assistem.

A questão de a notícia despertar tama-nha comoção e curiosidade atesta a nossa atração ainda pelo “lado negro” .

Os casos são muitos e as ações que atentam contra a racionalidade tornam-se objetos de estudos da sociologia, da psi-cologia e até das ciências biológicas. Em

razão disso, Jesus nos recomenda amar os inimigos e nos adverte de que a úni-ca energia suscetível de remover o mal e extingui-lo é e será sempre a força supre-ma do bem.

pelo mal?A

CRUELDADE

em quadrinhosA partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma surpresa especial para as crianças!Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica todo o universo espírita, numa linguagem muito divertida! Um novo fascículo a cada edição.

atentam contra a racionalidade tornam-se objetos de estudos da sociologia, da psi-cologia e até das ciências biológicas. Em

GRÁTIS

nosso lado sombrioAté onde

é atraído

CORREIOCORREIOFRATERNO

O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA

Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 40 • Nº 421 • Maio - Junho 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

D. Pedro II:

a jóia preciosa da

Família Real

Pg. 6

FRATERNINHO

em quadrinhos

A partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma

surpresa especial para as crianças!

Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai

encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica

todo o universo espírita, numa linguagem muito divertida! Um novo

fascículo a cada edição.

Uma palavra

inspiradora pode ser um

grande presente para

um bom amigo.

www.correiofraterno.com.brAssine Correio Fraterno

ções aparentemente inofensivas

podem ocultar uma das maiores

sombras da alma humana: a

crueldade. Ela está presente não apenas

em momentos de barbárie da história hu-

mana, mas também no dia-a-dia. O holo-

causto nazista é uma crueldade histórica,

assim como o atentado às torres gêmeas

do World Trade Center, nos Estados Uni-

dos. Mas, recentemente, as manchetes de

jornais se ocuparam com crueldades mais

“caseiras”. Ocorrências que assustam tan-

to quanto o grau de interesse que desperta

nas pessoas que os assistem.

A questão de a notícia despertar tama-

nha comoção e curiosidade atesta a nossa

atração ainda pelo “lado negro” .

Os casos são muitos e as ações que

atentam contra a racionalidade tornam-

se objetos de estudos da sociologia, da

psicologia e até das ciências biológicas.

Em razão disso, Jesus nos recomenda

amar os inimigos e nos adverte de que

a única energia suscetível de remover o

mal e extingui-lo é e será sempre a força

suprema do bem.

pelo mal?

A

CRUELDADE

FRATERNINHOem quadrinhos

A partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma

surpresa especial para as crianças!

Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai

encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica

todo o universo espírita, numa linguagem muito divertida! Um novo

fascículo a cada edição.

se objetos de estudos da sociologia, da

psicologia e até das ciências biológicas. do World Trade Center, nos

GRÁTIS

nosso lado sombrioAté onde

é atraído

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2 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008ED

ITO

RIA

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uitos assuntos aporta-ram a redação do Correio Fraterno neste período.

Alguns fortes e duramente refl exi-vos. Outros mais doces, incluindo colheres de açúcar com fubá. [Você sabia?] Tudo entra na pauta da dis-cussão, quando a proposta é ob-servar e crescer. Ainda mais agora que espaço não é problema. Além do jornal, com edição muito mais contemporânea, também o site do Correio Fraterno amplia sua linha e disponibiliza muito mais recursos para nossa interação. Ah! Que in-clui também diversão.

Além dos artigos, com a quali-dade que você já reconhece, uma

Além de tudo, diversãoAgenda freqüentemente atualiza-da, com os principais eventos no meio espírita, fi ca ao seu dispor. Humor em quadrinhos e também as Cruzada do Correio, elaborados especialmente com conteúdo espí-rita, levam o nosso recado: o que se aprende com alegria e diversão se grava muito mais.

Por falar em aprender se diver-tindo, num trabalho gracioso, o de-signer paulista Hamilton Dertonio transportou o personagem Frater-ninho, da autora Iracema Sapucaia, para o formato em quadrinhos. E de lá, o herói mirim sairá contan-do suas aventuras intergalácticas, numa linguagem muito divertida,

pronto para entreter a meninada e também ser colecionado.

Tomara que você goste!

M

CORREIO DO CORREIO

A emoção do reencontroVenho parabenizar este jornal pela ma-téria publicada na edição 419, sobre o Encontro da Mocidade Azaluz, com dezenas de seus antigos membros. Por al-gum tempo, pude participar de Mocida-de Espírita, nas décadas de 50 e 60. Pude também me emocionar, na década de 60, no último dos encontros realizados pela União das Mocidades Espíritas do Brasil Central e Estado de São Paulo em Marília SP, quando, no ato presidido pelo então

vice-presidente da Feb, me achava sen-tado próximo ao mentor daquela União de Mocidades, o saudoso Agnelo Mora-to. Notei suas lágrimas descerem ao ser anunciado que as Mocidades passariam a se constituir um departamento das casas espíritas não mais funcionando como au-tônomas, como até então. Prossigam, ir-mãos, recebendo a necessária sustentação do Alto, para as forças da manutenção do bom ânimo e do espírito de serviço.

Lacorday Andrade, Lambari-MG

Envio de artigosEncaminhar para e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.800 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNO

Fundado em 3 de outubro de 1967. Registrado no Registro de Pessoas Jurídicas em São Bernardo do

Campo, sob o n.o 17889. Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel - www.laremmanuel.org.br

Diretor: Raymundo Rodrigues EspelhoEditora responsável: Izabel Regina R. Vitusso. MTB-3478

Jornalista responsável: Maury de Campos DottoRedação: Mariana Sartor

Comunicação e Marketing: Tatiana BenitesEditoração: PACK Comunicação Criativa

www.packcom.com.brImpressão: AGG –Artes Gráfi cas Guaru

Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955Vila Alves Dias - Bairro Assunção - CEP 09851-000

Caixa Postal 58 - CEP 097720-971

São Bernardo do Campo – SPFones: (011) 4109-2939

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As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal.

Periodicidade bimestral

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Ou ligue: (11) 4109-2939.Para assinaturas, se preferir, envie depósito para Banco Itaú-

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Assinatura 12 exemplares: R$ 30,00Mantenedor: acima de R$ 30,00

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Editora Espírita Correio Fraterno

CNPJ 48.128.664/0001-67

Inscr. Estadual: 635.088.381.118

Presidente: Izabel Regina R. Vitusso

Vice-presidente: Belmiro Tonetto

Tesoureiro: Adão Ribeiro da Cruz

Secretário: Vladimir Gutierrez Lopes

Amigo leitor:Não só fi camos felizes com seu relato, como o encaminhamos para alguns membros que participaram do encontro a que o senhor se refere. Certamente, fi carão igualmente sau-dosos. Nosso carinhoso abraço.

É preciso modernizar Parabéns pela nova aparência do Correio. Um exemplo de que periódicos espíritas estão acompanhando as mudanças dos tempos.

Paulo R. Santos – Divinópolis-MG

Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kar-dec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As in-conveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pes-soas sensatas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observa-ções, sobre fatos gerais pouco conhe-cidos.

• Os princípios da doutrina são os de-correntes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• Não responderemos aos ataques di-rigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em persona-lismo. Discutiremos os princípios que professamos.

• Confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. Nós a entregaremos à dis-cussão e estaremos prontos para re-nunciá-la, se nosso erro for demons-trado.

Esta publicação tem como fi nalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espí-rita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected] • Permitida a reprodução parcial de textos do Correio Fraterno desde que citada a fonte.

Page 3: Correio Fraterno 421

MAIO - JUNHO 2008 CORREIO FRATERNO 3A

CO

NTEC

E

um evento promovido pelas AME – Aliança Municipal Es-pírita – de Uberaba e Pedro

Leopoldo-MG, realizou-se no dias 19 e 20 de abril de 2008, em Uberaba, o Primeiro Encontro Nacional dos Ami-gos de Chico Xavier e sua Obra, que reuniu cerca de 2 mil pessoas, com ca-ravanas de diversos estados do Brasil e participantes também do exterior – Portugal, Alemanha e Espanha.

No ambiente, profunda emoção e, de muitos, o desejo da presença do médium mineiro, ainda que por al-guns instantes no recinto. E essa pre-sença se materializou no sentimento de fraternidade que uniu os presentes, entre abraços afetuosos de compa-nheiros que se reencontravam, olhos lacrimejados e principalmente nas palestras proferidas durante o evento, que recordaram aspectos relevantes da vida e da personalidade do grande ho-menageado pelo encontro.

Os oradores presentearam o públi-co com enfoques diferentes e memorá-

veis sobre o médium mineiro.Durante a abertura, Nestor Masotti,

presidente da FEB – Federação Espírita Brasileira – ressaltou a importância do evento, revelando a todos os preparati-vos para o 3.º Congresso Espírita Bra-sileiro, que deverá ocorrer em abril de 2010, e terá como tema fundamental exatamente a obra grandiosa de Chico Xavier.

Dra. Marlene Rossi Severino Nobre, médica e presidente da AME - Associa-ção Médico Espírita do Brasil - apresen-tou farta documentação sobre a obra de André Luiz, ressaltando suas descrições, que anteciparam em cerca de até 40 anos as modernas pesquisas científicas no campo da genética, da bioética, das neurociências e tantas outras que serão confirmadas a seu tempo.

Outros convidados ressaltaram os hábitos do médium mineiro, como os estudos na tarefa de peregrinação cristã, com temas dos livros do pen-tateuco kardequiano, mensagens de Emmanuel e André Luiz.

Por ALAN MUSTAFÁ AHMAR

Caio Ramaciot-ti, presidente do Grupo Espírita Em-manuel (GEEM) de São Bernardo do Campo-SP, um dos maiores editores do médium, narrou os encontros de seu pai, Rolando Mário Ramaciotti, com Chico Xavier, além dos comentários em torno da história de Inês de Cas-tro, uma abordagem emocionante que culminou com um poema lindíssimo, uma declaração de amor e saudade, aplaudida de pé pelos presentes.

O pesquisador Oceano Vieira de Melo, de São Paulo- SP, e produtor dos vídeos históricos da vida e obra do médium mineiro, apresentou gravações inéditas dos anos 50 de mensagens psi-cofônicas recebidas por Chico no Gru-po Meimei, em Pedro Leopoldo-MG.

John Harley de Pedro Leopoldo-MG, explanou sobre sua pesquisa bi-bliográfica e fotográfica, tendo como base todas as biografias escritas até o momento sobre o médium. Dr. Flávio

N

Amigos do Chicose reúnem em Encontro Nacional

Mussa Tavares, de Campos, RJ, filho do escritor Clóvis Tavares, trouxe a traje-tória de seu pai junto ao medianeiro de Uberaba. E com uma abordagem emo-cionante, o médium Carlos Baccelli, companheiro de Chico em inúmeros livros, evidenciou a originalidade de Chico Xavier, salientando que ele fora não apenas o maior médium do Brasil, mas de toda a humanidade.

Segundo a organização do evento, o Encontro dos Amigos de Chico deve acontecer anualmente, alternando-se entre Uberaba e Pedro Leopoldo, ci-dades onde Chico Xavier viveu duran-te seus 92 anos de vida dedicados ao próximo.

Educador e conferencista. Presidente do G. E Amor Cristão Uberaba. E-mail: [email protected]

Promovido pela Associação médico-espírita do Brasil, realizou-se no dia 10 de maio o seminário “Ál-cool e drogas no paradigma médico-espírita”, desti-

nado aos profissionais da área da saúde em geral e também ao público es-pírita. O evento ocorreu no espaço Age Center – no bairro Ibirapuera, e contou com a partici-pação de profissionais e trabalhadores espíritas com larga experiência no trato do assunto. Dentre eles, a psicóloga Maria Heloísa Bernar-

do e Cláudio Lopes, ambos profissionais à frente do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes, em São Bernardo do Campo.

Além de evidenciar os números que revelam a situ-ação do problema mundial, o encontro propôs a troca de vivências e também a ênfase nos mecanismos atuais no campo da prevenção.

Num bonito trabalho de parceria, o evento mos-trou que os recursos científicos são fundamentais para tomada de ações no combate às drogas, mas a busca pela saúde integral passa necessariamente pelo exercí-cio crescente da doação e do amor. Este foi o recado deixado pela oradora Miltes Aparecida C. Bonna, pre-sidente da IAM - Instituição Assistencial Meimei – que realiza expressivo trabalho no campo assistencial, incluindo os problemas com as drogas. Ainda sobre este tema, será realizado dia 30 de agosto, na própria instituição IAM, evento voltado à prática do combate às drogas.

Ciência e Espiritismo: juntas no desafio contra as drogas

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4 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008LA

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UEL

Quando você começou o traba-lho de psicografia?WO: Minha trajetória, especialmen-te com a mediunidade, começou em 1978. Participei de reuniões, estudos, preparação, esclarecimento e somente depois de 22 anos de exercício inten-so, com base em Kardec, Jesus, Em-manuel, foi que os espíritos me cha-

Por IZABEL VITUSSO

maram para o que eu ainda não havia feito: a psicografia. Esses 22 anos fo-ram de preparo, de contato comigo mesmo. Tive bom antecedente, in-cluindo crises, lutas, testemunhos ine-rentes a maior parte os espíritas. E não desisti. Fui atrás, primeiro, de minhas repostas – e continuo indo –, o que me deu condição mental e emocional

O nome da médium que auxiliara Kardec no trabalho da codificação passou a ser ventilado no meio espírita desde que em Belo Horizonte o médium Wanderley de Oliveira deu início a publicações de trabalhos atri-buídos a ela, juntamente a outros espíritos.

Dez anos passados, mais de uma dezena as obras publicadas, tais publi-cações vêm chamando atenção do público espírita, pela profundidade com que trata sobre a harmonia interior, e a harmonização na seara espírita. Leia a entrevista concedida pelo médium Wanderley, na ocasião do semi-nário “Reforma íntima sem martírio”, realizado em maio em São Bernardo do Campo-SP. (Veja informações no site www.correiofraterno.com.br).

ERMANCE DUFAUX

ESCRITÓRIO

BRASIL

CONTABILIDADE E SERVIÇOS S/C LTDA.

Tel.: (11) 4126-3300Rua Santa Filomena, 305 - 1º andar

Centro - São Bernardo do Campo - [email protected]

os anos 60, a Bossa Nova despon-tava nas rádios e as influências americanas chegavam às lancho-

netes e restaurantes aqui no Brasil. Mas para levantar fundos para levar a diante o projeto do Lar para as crianças órfãs, almo-ços beneficentes eram realizados, no pró-prio pavilhão que ainda estava por acabar. No cardápio, nada ainda de hambúrgueres ou Coca-Cola, mas um gostoso churrasco, cardápio que por muitas décadas foi ofere-cido em evento mensal, de onde se retira-vam fundos para a instituição.

Uma das fotos do acervo do Lar Emma-nuel revela que, embora simples, a clientela

que prestigiava o único evento de caráter filantrópico na cidade de São Bernardo, até então, seguia as tendências ditadas pela influência da moda americana, que tomou conta dos anos 60: saias rodadas, penteados e fitas no cabelo. Para os homens: a camisa branca, calça tergal boca de sino, brilhanti-na no cabelo, ou com corte bem rente, a la americano. Imagens de um tempo diferen-te. Para o Lar Emmanuel, de alicerces da assistência que até hoje oferece a mais de duzentas crianças da comunidade. Saiba mais sobre o Lar Emmanuel: www.laremmanuel.org.brTel.: (11) 4109-8938

Coca-Cola, rock in roll e muito trabalho

Da REDAÇÃO

SUA DOAÇÃO FAZ A DIFERENÇA

N

Almoço beneficente do Lar Emmanuel – Década de 60 A sutileza de uma proposta

de mudanças

Wanderley de Oliveira: tive lutas, crises, teste-munhos e não desisti.

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MAIO - JUNHO 2008 CORREIO FRATERNO 5EN

TREV

ISTA

para que Ermance Dufaux e outros es-píritos pudessem trabalhar.

Qual é a proposta de Ermance Dufaux, espírito-chave deste trabalho de você vem psico-grafando e que tem chamado intensamente a atenção do pú-blico espírita?WO: A proposta de Ermance, na ver-dade, é a proposta de Bezerra de Me-nezes, que consta na mensagem Atitu-de de Amor [inserida no livro A Seara Bendita], que aborda a necessidade da humanização da seara espírita. A dou-trina é maravilhosa, no entanto, nossa convivência ainda é um tanto institu-cional, com os valores humanos nem sempre fazendo parte desse processo. Humanizar signifi ca ter um pouco mais de afeto entre nós, construir re-lações mais autênticas e saber superar os nossos confl itos, porque eles exis-tem. E o que acontece? Vários grupos sendo criados a partir de confl itos não sanados, permanecendo-se assim. Um dos fatores responsáveis por isso é a própria inabilidade em lidarmos com nosso mundo íntimo, com nossas má-goas, e o movimento espírita sofre as conseqüências, vendo formar-se ilhas que não se comunicam, com raras ex-ceções, situação totalmente incoerente com a proposta da doutrina, que é a fraternidade.

Por que reforma íntima sem martírio?WO: A proposta é que a gente conti-nue exercitando o projeto de melhoria espiritual que a doutrina traz, mas sem as dores adicionais, por falta de saber-mos lidar com nosso mundo íntimo. Ermance diz que nós não crescemos sem dores, mas uma são as do cresci-mento e a outra, a do martírio, da serevidade com a qual nós tratamos o nosso mundo interior, esquecendo que somos humanos, que precisamos fazer nosso progresso sem querer dar saltos e libertos das questões provacio-nais terrenas de hora para outra.

Você sabia quem era Ermance Dufaux? WO: Não, nós sempre tivemos, du-rante o período que chamo de pre-paração, a presença espiritual de uma francesa, que se mostrava pelos traços,

pela presença e pelo falar. Mas só em 1997 ela se apresentou. Nunca tinha lido nada a seu respeito. Fui consul-tar a Revista Espírita, os amigos e, daí pra cá, nasceu um processo que já tem mais de 10 anos, numa convivência que cada vez mais faz a gente perce-ber a grandeza desse espírito e da ca-pacidade de doação. Temos médiuns extraordinários, que fi zeram e fazem um trabalho grandioso, e somos mé-diuns mais novos, sendo convocados a um novo tempo. Tem que ter muita coragem, como teve Chico [Xavier], Divaldo [Franco], para fazer no tempo deles o que fi zeram. É um desafi o, por-que o trabalho inclui quebrar paradig-mas, mexer com questões que a ilusão não gosta, o que cria, naturalmente, resistências. Mas depois de eu sofrer muito, e por aprender principalmen-te, digo que ele é muito bem-vindo, e se há resistência, ela prova que a obra tem algum valor.

Existem outros trabalhos dita-dos por espíritos nesta mesma linha: Joanna de Ângelis, Ram-med. Qual o diferencial deste trabalho que se realiza por seu intermédio?WO: O trabalho está muito em sin-tonia com todos esses benfeitores. Eu acredito mesmo que é uma mesma equipe que trabalha com o objetivo de nos levar a um tempo novo. A hu-manização já era tema de Joanna de Ângelis antes mesmo que Ermance viesse trazer suas mensagens. É tema também de outras áreas religiosas, empresariais. É uma adaptação prá-tica e realista para as nossas necessi-dades.

A série de livros ditados pela médium chama para refl exões com base na análise comporta-mental em grande profundida-de. Você acredita que o grande público vem realmente alcan-çando a extensão da proposta? WO: Uma das vitórias dos livros talvez esteja exatamente aí. Ermance conse-guiu dizer através de uma linguagem muito simples coisas muito profundas, o que é uma marca dos espíritos supe-riores. Hoje, mais do que nunca, te-nho feito pesquisas para oferecer uma condição melhor para os espíritos –

porque eu nunca escrevi uma linha – e nelas vejo a necessidade dos escritores terem a capacidade de atingir o povo pela linguagem mais limpa e genuína para que sejam entendidos.

Qual a sua formação?WO: Não tenho nenhuma formação superior, sou formado em técnico de Contabilidade. Sou um autodidata, começando agora a entrar num ca-minho que tem mais a ver com mi-nhas habilidades, a terapia holística. Tenho de fato vivências anteriores na alquimia, no desenvolvimento mental como médium. Isso tudo naturalmen-te pesa. (ou alivia. Risos).

Quem edita os livros?WO: Inicialmente começamos os lan-çamentos pela Editora Inede, de Belo Horizonte, continua com obras belís-simas. Mas há três anos, fundamos a editora Dufaux e a Sociedade Espírita Dufaux, para que pudéssemos geren-ciar os destinos dos livros, que já estão em 20 países. Dois traduzidos para o espanhol, há o estudo para se traduzir agora Reforma íntima sem martírio para o francês e também amigos de Berlim desejam verter a obra Atitude de Amor para o alemão. Pretende-mos fundar uma fi lial em Quinxassa, África, de onde os espíritos nos falam muito, cujas razões vocês vão saber em obras que estão chegando.

Este trabalho aponta questões delicadas do movimento espíri-ta atual, citando a difi culdade

de se confrontar opiniões e o institucionalismo. Como o mo-vimento espírita tem enxerga-do essas afi rmações?WO: Da melhor forma possível. O ní-vel de aceitação é de impressionar. Evi-dente que existe a resistência dos que não conseguem entender a proposta. Mas é infi nitamente superior o núme-ro dos que não só enxergam , mas vêm se benefi ciando. Acho que essas resis-tências surgem porque as pessoas, de uma maneira geral, se debatem com lutas interiores, e é difícil se olhar e se enxergar, numa ação necessária, quan-do são enfocados esses temas.

Você tem idéia de qual o des-dobramento previsto para o trabalho de Dufaux?WO: A proposta de humanização é muito maior que todos nós juntos. É algo que transcende. E eu sou apenas mais um colaborador, aquele que pre-cisa de todas essas lições, e tenho ten-tado aplicá-las em minha vida. Quero mandar um abraço muito grande ao pessoal do Correio Frater-no. Desde o meu início na doutrina eu lia muito o Correio. Quero deixar mi-nhas melhores vibrações de paz aos ir-mãos que puderem ler nossa entrevista e dizer que estou nessa condição de médium temporário do trabalho, mas sobretudo me vendo como aquele que caminha como todo mundo em busca de resposta, de crescimento. Meu de-sejo é que todos me vejam como ami-go, que é o que eu tenho aprendido com a Ermance Dufaux.

Quem é Ermance Dufaux

Ermance De La Jonchére Dufaux nasceu em 1841, na cidade francesa Fontainebleau. Filha de rico produtor de vinho e tri-go, com apenas 12 anos foi diagnosticada portadora de distúr-bios nervosos, que faziam vítimas na América, fazendo-as entrar numa espécie de transe histérico e a receber hipotéticas mensa-gens do Além. Embora fosse católico, o senhor Dufaux preferiu acreditar que sua fi lha não era doente ou possessa, mas apenas uma intermediária entre os vivos e os mortos. Segundo o historiador Canuto Abreu, a família Dufaux conheceu Allan Kardec na noite do dia 18 de abril de 1857. Os laços entre os dois se estreitaram e Ermance se tornou a prin-cipal médium das reuniões domésticas do professor Rivail.

Page 6: Correio Fraterno 421

6 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008

Por IZABEL VITUSSO

MO

SAIC

O

D. PEDRO IIs conseqüências da vinda da fa-mília real portuguesa ao Brasil, que este ano ganha destaque por

completar 200 anos, evidência as ca-racterísticas pouco afeitas ao equiíbrio, do casal D. João VI e sua esposa Car-lota Joaquina. Tido como indeciso, ele demorou-se por decidir sobre a vinda da corte para cá, na fuga contra o avanço de Napoleão. E de Carlota Joaquina, a história não fala noutra coisa que não o seu temperamento explosivo e libertino.

Porém, é neste ramo familiar que nasce o espírito que ensinaria o verda-deiro amor a uma pátria. Amor também a qualquer ser, independentemente de sua posição social. Espírito convidado diretamente por Jesus a assegurar o fu-turo das terras do cruzeiro, D. Pedro II era de tamanha sensibilidade que pas-sou pela história muitas vezes sem ser entendido, principalmente pela massa de sevidores, dada ao abuso do poder e também à soberba.

Sua consideração pelos outros trans-cendia a tal ponto que, já com idade avançada e em meio a doenças, viajou pelo velho mundo com objetivo de ob-servar a realidade de outros povos, pen-sando em sua terra querida. Esquecendo-se de sua posição de monarca, contactava pessoas de renome, principalmente na intelectualidade, e procurava de maneira sincera saber de que forma poderia ser-lhes útil.

Conta o autor Walter José Faé1 que dez dias antes de ser assinada a Lei Áu-rea no Brasil, D. Pedro demonstra piora na sáude. Ao ser avisada do ato realizado por sua filha, no Brasil, a princesa Isa-bel, no dia 13 de maio de 1888, que li-bertaria o país da escravidão, a própria

A jóia preciosa da Família Real

A

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado

aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

“A visita de Ananias a Paulo de Tarso, na aflitiva situação de Damasco, sugere elevadas

considerações. Que temos sido nas sombras do pretérito

senão criaturas recobertas de escamas pesadas sob todos os pontos de vista?”

Este pequeno fragmento de uma das páginas do livro Vinha de Luz alerta para a necessidade de estudarmos, procurando colocar em prática os ensinamentos e ações de Jesus.

A bibliografia espírita é uma das maiores do mundo. Existem livros muito úteis e adequados para todos os perfis e necessidades do leitor. Além dos quatrocentos e dez recebidos mediunicamente por Chico Xavier, temos as obras de Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, livros esses que formam a base da Doutrina Consoladora, há, ainda uma infinidade de obras, quer sejam mediúnicas ou escritas em vida por inúmeros e conceituados escritores.

Se você é iniciante ou pretende iniciar-se nesses estudos, solicite orientação para um dirigente de uma Casa Espírita, sobre as melhores obras para você e, se for o caso, também para seus familiares.

Chico Xavier (Emmanuel) Vinha de Luz. 2 ed. FEB.

Raymundo EspelhoE-mail: [email protected]

Pensando bem!!“O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude como esporte da alma.”

André Luiz, (Missionários da Luz)

“A prece não é movimento mecânico dos lábios, nem disco de fácil repetição no aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível significação.”

André Luiz (Missionários da Luz)

“O amor é a asa veloz que Deus deu ao homem para que voe até o céu.”

Michelângelo, escultor e pintor italiano

“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.”

Albert Schweitzer, médico, teólogo, músico alemão

Pesquisa: Débora Vitorino

Escamas

Page 7: Correio Fraterno 421

MAIO - JUNHO 2008 CORREIO FRATERNO 7A

CO

NTEC

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Imperatriz Leopoldina se encarregou de avisar a D. Pedro sobre tal fato, lendo a ele o telegrama que recebera do Brasil. O Imperador abriu lentamente os olhos embaciados, depois perguntou como que ressuscitado:

– “Não há mais escravos no Brasil?– Não – respondeu a Imperatriz; a

lei foi votada no dia 13; a escravidão está abolida.

– Demos graças a Deus! – disse ele. Telegrafe imediatamente à Isabel, en-viando a minha bênção, com todos os meus agradecimentos para os país.

Depois de um curto silêncio, quan-do se notava grande emoção entre as pessoas presentes, o Imperador virando-se ligeiramente, acrescentou com voz sumida:

– Oh! grande povo! Grande povo! E desatou a chorar de mansinho.”

Em agosto daquele ano de 1888, D. Pedro II volta pela útlima vez ao Brasil, onde recebe carinhosas homenagens, provas de admiração e entusiasmo.

Fazendo um barãoPor ocasião da sua viagem ao Para-

ná, Pedro II foi hospedado em Ponta Grossa, por um fazendeiro rude, mas trabalhador e leal. Ao oferecer um almo-ço ao monarca, o fazendeiro o fez sem cerimonias e disse:

– Senhor imperador! Eu podia ter feito mais alguma coisa; podia ter ma-tado mais uma vitela, mais um peru, mas preferi assinalar por outro modo a vossa passagem por esta terra e a honra de vir a esta sua casa: libertei todos os meus escravos (cerca de setenta) e peço a Vossa Majestade o favor de lhes entregar as cartas de liberdade!

Ao chegar à corte, o ministro do império levou ao soberano os decretos distinguindo as pessoas que o haviam homenageado na exercução, cabendo ao fazenderio paranaense uma condecora-ção convencional.

Disse então o imperador que aquilo era pouco, que ele o fazia a partir de en-tão um Barão.

Mas, Majestade, disse o ministro, ele é quase um analfabeto!

– Não será o primeiro – tornou o imperador – e com a circunstância de que é um homem muito digno.

A visita a Victor HugoUm dos maiores desejos de Pedro II

era conhecer pessoalmente Victor Hugo, então no esplendor da notoriedade e da glória. Na primeira oportunidade, o mo-narca já se prometera, iria visitá-lo.

Estando em Paris, 14 anos antes de de-sencarnar, demonstrou o quanto o alegra-ria receber a visita do grande poeta. Mas o antigo solitário de Guernesey dizia não visitar imperadores.

Pedro II, cientificado da resposta, não se agastou e sorriu.

– Não faz mal, disse; eu procurarei conhecê-lo. Victor Hugo tem sobre mim o triste privilégio da idade e também a superioridade do gênio. Far-lhe-ei eu, portanto, a primeira visita. Às 9 horas da manhã de 22 de maio de 1877, o impe-rador visitou Victor Hugo. O poeta fê-lo sentar-se a seu lado, e as primeiras palavras do monarca foram:

– Sentando-me ao lado de Victor Hugo, cuido pela primeira vez que estou num trono!

O poeta sorriu. Em seguida, mandou vir os seus netinhos, para apresentá-los ao monarca.

– Jeanne – disse – apresento-te o im-perador do Brasil.

– Quer dar-me um beijo, minha me-nina? pediu o soberano. E como Jeanne lhe apresentasse a fronte, acrescentou:

– Dê-me também um abraço.Passando-lhe os bracinhos em torno

do pescoço, a menina apertou-o com tan-ta força, que o avô teve de intervir:

– Basta... Queres dar-te ao luxo de es-trangular um imperador?

Após a apresentação da netinha, Vic-tor Hugo foi buscar pela mão o seu neto:

– Senhor, tenho a honra de apresentar o meu neto Jorge à Vossa Majestade.

O imperador abraçou a criança e ali-sando-lhe os cabelos:

– Meu filho, aqui não há mais que uma majestade. E indicando o grande poeta:

– Ei-la!”A conversa tomou outro rumo. Lem-

brando que sua riqueza de criação fulmi-nava as testas coroadas do século, D. Pe-dro II fez a Victor Hugo uma observação piedosa:

– Não queira mal aos “meus colegas”. Eles vivem tão rodeados, tão enganados, que não podem ter as “nossas idéias”.

E o poeta, com tristeza diz:– Sois o único, Senhor, infelizmente...

1Walter José Faé. Chico Xavier, D.Pedro II e o Brasil. Ed. Correio Fraterno. 1992.

Além dos contos de fadasFeira de livros enfoca o mundo infantil

Por MARIANA SARTOR

A representação do público infanto-juvenil no Megafeirão de Livros, realizado em abril pela Dis-tribuidora de Livros Bezerra de Menezes, em Santo André- SP, foi uma boa mostra do envolvimento dos

pequenos com a literatura e com o movimento espírita.A sala das crianças, onde estavam expostas as obras

voltadas para a garotada foi cuidadosamente decorada e transformada em ambiente lúdico, onde as crianças se en-cantaram com as cores e desenhos em histórias deliciosas.

Os irmãos Vitor S. e Rafael S., junto ao amigo Rodrigo P., dos centros espíritas Fábio Muniz e Victor Hugo, procuravam os livros lidos nas aulas de evangelização: O segredo da onça pintada, Zum e a formiguinha Hippie e O remédio imprevisto.

A turminha, veterana no evento, prestigiava pelo tercei-ro ano a feira literária e se divertia relembrando e desco-brindo aventuras impressas nas páginas dos livros. “Sempre pedimos para vir”, afirmam orgulhosos e agitados.

Gabriel K. L., 9 anos, acompanhado pela mãe, se diver-te mesmo entre os livros para os adultos. O pequeno, que já sabia falar sobre a reencarnação, estava perdido entre tantas possibilidades, observando os títulos com temas já abordados pela educadora do C.E. Maria de Nazaré, onde freqüenta. Um interesse que revela a conscientização das crianças quanto aos temas trabalhados nas casas espíritas e o prazer pela boa leitura.

Campanha do Evangelho no LarA Correio Fraterno participou do Megafeirão, dispo-

nibilizando ao público seus livros editados e também a assinatura do jornal. No stand ao lado, farto material sobre a importância de se realizar o Evangelho no Lar foi divulgado pelo companheiro Luís Cláudio da Silva, que em 1993 iniciou campanha de conscientização numa iniciativa própria, contando posteriormente com apoio da FEB e também das USES municipais para a par-ticipação em eventos em cidades como São José dos Campos, Sertãozinho e Ribeirão Preto. Luís Cláudio, lembra os anos em que teve que tocar o projeto sem apoio financeiro. Em 2006, suas palestras, em parceria com colaboradores, já eram reconhecidas e procuradas para compor eventos espíritas. Para ele, a importância do projeto está na sensibilização de todos para a prática do Evangelho no Lar.

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8 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008A

RTE

E E

SPIR

ITIS

MO

ontista, poeta, jornalista. Escritor íntimo das pala-vras insubstituíveis, dos signifi cados velados, dos

jogos discursivos, das frases curtas e intensas que explodem para aqueles que são capazes de apreender-lhes o sentido.

Narrador crítico de um desassos-sego que cutuca, perturba o leitor mais atento e o leva obrigatoriamen-te a acomodar e revistar sua escala de valores.

Um desespero social que pulsa em cada adjetivo, repensadamente casual. Uma naturalidade superfi -cial, uma amenidade sintagmática que esconde nas entrelinhas e nas entrepalavras a análise crítica da so-ciedade brasileira no que ela tem de mais instável, de mais contraditório.

Este articulador sutil das palavras densas, embora reconhecido ain-da em vida, não encontrou enten-dimento em sua época e sabia que escrevia para meia dúzia de leitores que lhe alcançavam os signifi cados. Completando o centenário de sua morte, em 2008, acredita-se que hoje, sim, exista um grupo social mais preparado para ler os clássicos machadianos em suas ambigüidades e críticas minadas.

Joaquim Machado de Assis, o es-critor das grandes referências, é lei-tura obrigatória nos principais vesti-bulares e tem suas obras consagradas no cânone brasileiro. Nascido em 21 de junho de 1839, fi lho de um pintor mulato, herdeiro de escravos, e de uma lavadeira portuguesa, teve sua infância dividida entre a fi dal-guia carioca, proporcionada por sua madrinha, e a casinha dos pais, no morro do Livramento.

Sua relação com o Espiritismo foi marcada pelos pareceres irônicos e ácidos, em suas crônicas publica-das nos jornais com que colaborou. Fruto talvez de sua pragmática ma-quiavélica, de um olhar que não se fragiliza, ao contrário contesta, seus comentários a respeito da doutrina estão enraizados em terras de des-confi ança e descrença.

Em alguns de seus contos, como

Por MARIANA SARTOR

Contista, poeta, jornalista. Escritor íntimo das pala-vras insubstituíveis, dos signifi cados velados, dos

jogos discursivos, das frases curtas e intensas que explodem para aqueles que são capazes de apreender-lhes o sentido.

Narrador crítico de um desassos-sego que cutuca, perturba o leitor mais atento e o leva obrigatoriamen-te a acomodar e revistar sua escala de valores.

Um desespero social que pulsa em cada adjetivo, repensadamente casual. Uma naturalidade superfi -cial, uma amenidade sintagmática

CMACHADO DE ASSIS

Sua relação com o Espiritismo foi marcada pelos pareceres irônicos e ácidos, em suas crônicas publica-das nos jornais com que colaborou. Fruto talvez de sua pragmática ma-quiavélica, de um olhar que não se fragiliza, ao contrário contesta, seus comentários a respeito da doutrina estão enraizados em terras de des-confi ança e descrença.

Em alguns de seus contos, como

no terreno dadesconfi ança

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MAIO - JUNHO 2008 CORREIO FRATERNO 9

CORREIOCORREIOFRATERNO

O ESPIRITISMO EM LINGUAGEM MODERNA

Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: [email protected] • Ano 40 • Nº 421 • Maio - Junho 2008

BAÚ DE MEMÓRIAS

D. Pedro II:

a jóia preciosa da

Família Real

Pg. 6

FRATERNINHO

em quadrinhos

A partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma

surpresa especial para as crianças!

Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai

encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica

todo o universo espírita, numa linguagem muito divertida! Um novo

fascículo a cada edição.

Uma palavra

inspiradora pode ser um

grande presente para

um bom amigo.

www.correiofraterno.com.brAssine Correio Fraterno

ções aparentemente inofensivas

podem ocultar uma das maiores

sombras da alma humana: a

crueldade. Ela está presente não apenas

em momentos de barbárie da história hu-

mana, mas também no dia-a-dia. O holo-

causto nazista é uma crueldade histórica,

assim como o atentado às torres gêmeas

do World Trade Center, nos Estados Uni-

dos. Mas, recentemente, as manchetes de

jornais se ocuparam com crueldades mais

“caseiras”. Ocorrências que assustam tan-

to quanto o grau de interesse que desperta

nas pessoas que os assistem.

A questão de a notícia despertar tama-

nha comoção e curiosidade atesta a nossa

atração ainda pelo “lado negro” .

Os casos são muitos e as ações que

atentam contra a racionalidade tornam-

se objetos de estudos da sociologia, da

psicologia e até das ciências biológicas.

Em razão disso, Jesus nos recomenda

amar os inimigos e nos adverte de que

a única energia suscetível de remover o

mal e extingui-lo é e será sempre a força

suprema do bem.

pelo mal?

A

CRUELDADE

FRATERNINHOem quadrinhos

A partir desta edição, o Correio Fraterno traz uma

surpresa especial para as crianças!

Baseado no livro de Iracema Sapucaia, o herói mirim Fraterninho vai

encantar e participar de muitas aventuras, enfocando de maneira lúdica

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Bezerra de Me-nezes, o médico dos pobresFrancisco Acqua-rone160 páginasformato 14x21 cm

Saúde e espiri-tualidadeClayton Levy, pelo espírito Augusto134 páginasformato 14x21 cm

Alerta aos paisFrancislene da Silva, Márcia Adriana Simionato e espírito diversos160 páginasformato 14x21 cm

Arigó, vida, mediunidade e martíriode J. Herculano Pires212 páginasformato 14x21 cm

“A segunda vida” e “Uma visita de Alcibíades”, chegou a ilustrar a dou-trina por meio de personagens con-siderados loucos, insanos. A loucura associada à doutrina espírita era um pensamento recorrente, principal-mente na Europa do século XIX.

Ubiratan Machado, autor de Os intelectuais e o espiritimo, faz uma análise bastante crítica sobre a in-transigência, como ele diz, de Ma-chado de Assis contra o Espiritismo. Para o autor, “a violência de Macha-do em relação ao Espiritismo crescia em proporção direta ao sincretismo das doutrinas de Kardec com práti-cas mágicas de origem negra”. Em Esaú e Jacó, Machado de Assis dá

vida à cabocla do Castelo, estereó-tipo do espírita brasileiro, “fusão entre práticas negras, catolicis-mo e Espiritismo”, no período

Arigó, vida, mediunidade e martíriode J. Herculano Pires212 páginasformato 14x21 cm

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Alerta aos paisFrancislene da Silva, Márcia Adriana Simionato e espírito diversos160 páginasformato 14x21 cm

imperial brasileiro.Em passagens de “A semana”, Ma-

chado expõe falhas em seu conheci-mento com relação à crença da dou-trina espírita, dizendo, por exemplo, que “o princípio espírita é fundado no progresso. Renascer, progredir sempre; tal é a lei. O renascimento é para melhor. Cada espírito, em se desencarnando, vai para os mundos superiores.”

Após anos de crítica mordaz con-tra a doutrina, descrevendo arbitrá-ria e pejorativamente o Espiritismo e suas práticas, Machado de Assis entra, em Esaú e Jacó , em um perío-do de conformação, de acordo com Ubiratan Machado, em que perso-nagens espíritas sãos, equilibrados, já não carregam mais “o grão da lou-cura”.

Para Ubiratan, estas conforma-ção e aceitação maiores de Machado ocorreram após a morte de sua es-posa, Carolina, com quem o escritor dizia que iria se encontrar quando desencarnasse, talvez numa atitude mais cúmplice das teorias de eterni-dade do espírito.

Chegando ou não, no fim da vida à simpatia ao Espiritismo, em 2002 a editora Radhu publicou o li-vro Duda, cuja escritora, a médium Marilusa Moreira Vasconcellos, atri-bui autoria a ele, o cético, Machado de Assis.

Estudante do 7.º período do Curso de Letras, na Universidade de São Paulo.

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“A segunda vida” e “Uma visita de Alcibíades”, chegou a ilustrar a dou-trina por meio de personagens con-siderados loucos, insanos. A loucura associada à doutrina espírita era um pensamento recorrente, principal-

Os , faz uma

análise bastante crítica sobre a in-transigência, como ele diz, de Ma-chado de Assis contra o Espiritismo. Para o autor, “a violência de Macha-do em relação ao Espiritismo crescia em proporção direta ao sincretismo das doutrinas de Kardec com práti-

vida à cabocla do Castelo, estereó-tipo do espírita brasileiro, “fusão

imperial brasileiro.Em passagens de “A semana”, Ma-

“ “a aceitação de Machado ocorreu após a morte de sua

esposa, Carolina, com quem o escritor dizia que iria se

encontrar quando desencarnasse

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Page 10: Correio Fraterno 421

10 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008

Por ADRIANO HENRIQUE DE OLIVEIRA

á muito, uma indagação per-turba o raciocínio humano: os animais têm alguma linguagem

para se comunicarem entre si? Sábios da Zoologia afi rmam que sim; outros estu-diosos, todavia, alegam o contrário. Essa intrigante questão atravessou séculos e recebeu o comentário das Entidades Su-periores, em O Livro dos Espíritos.

Como nos testifi caram os Instruto-res do Além, nossos irmãos inferiores também utilizam elementos de comu-nicação em suas relações. Eles dialogam entre si, embora não percebamos.

Um artigo publicado no Diário de Pernambuco (2/11/93), intitulado “As baleias falam e têm até sotaque” é uma confi rmação inequívoca daquilo que os Espíritos revelaram na pergunta 594 de O Livro dos Espíritos: “Têm os animais alguma linguagem? – Resposta: Se vos referis a uma linguagem formada de sí-labas e palavras, não. Meio, porém, de se comunicarem entre si, têm. Dizem uns aos outros muito mais coisas do que imaginais. Mas, essa mesma linguagem é restrita às necessidades, como restritas também são as idéias que podem ter.”1

O artigo cita: “Os complexos siste-mas utilizados pelas nações do Ociden-te para tirar submarinos russos de seus

esconderijos no Atlântico, durante a Guerra Fria, descobriram que as baleias ‘falam’ entre si. O conteúdo dos chama-dos e mensagens que as baleias trocam continuamente, embora continue sendo parcialmente misterioso, já foi em par-te interpretado, utilizando-se os sofi sti-cados sistemas de espionagem acústica, aperfeiçoados quando a URSS era una (...). Tudo isto signifi ca que, pela primei-ra vez, se tem a certeza porque as gran-des famílias de baleias não se misturam”. E já supõem os cientistas que pássaros e rãs, semelhantemente às baleias, tam-bém trocam mensagens.

É O Livro dos Espíritos antevendo a ciência!

Assim, Deus, em Sua Magnitude e Munifi cência, do mesmo modo que con-cedeu ao homem recursos de comunica-ção riquíssimos em vastidão vocabular, também outorgou a Seus fi lhos menos complexos uma espécie de linguagem, apropriada ao seu nível. Razão teve Pitá-goras, ao asseverar: “Só Deus é Sábio!”.

1Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, cap.11 – 2.ª parte. FEB. RJ.

Autor dos livros Em busca dos limites da inteli-gência e 1000 Pensamentos de personalidades que infl uenciaram o mundo- Ed.DPL.

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Os animais conversam entre si? Uma lista de coisas boas

COISAS DE LAURINHA

Por TATIANA BENITES

HLaurinha terminava o dever de casa e pensava no

que poderia fazer depois das tarefas, antes de dormir. Sua mãe checou os deveres e disse:– Muito bem, fi lha, agora você já pode assistir televi-são.– Sabe, mãe, eu não quero assistir televisão agora.– Por quê?– Porque só passa coisa triste e ruim, tragédia, violên-cia, trânsito e poluição. Não quero ver isso! Amanhã eu assisto desenho!– Verdade fi lha! Essas coisas estão acontecendo todos os dias, por isso a televisão transmite para nós. – Mas eu não gosto de ver. Gosto quando passa coisa boa e ultimamente quase não passa. Minha professo-ra lá do Centro disse que a gente tem que pedir para Deus coisas boas todos os dias para que as energias ruins possam ir embora.– Isso mesmo Laurinha, se cada um quisesse somente coisas boas e pedisse a Deus, talvez tivéssemos menos notícias ruins.Laurinha pensou, pensou e resolveu fazer alguma coi-sa.– Mãe, em vez de assistir televisão, eu vou montar meu quebra-cabeça de mil peças com a Aninha. Posso chamá-la?– Pode sim!– Depois eu vou fazer uma listinha de coisas boas para pedir para Deus, tá?Sua mãe sorriu e concordou.Depois de montarem o quebra-cabeças, sua amiga Aninha foi embora e Lauri-nha foi fazer sua listinha e oração antes de dormir:– Deus, muito obrigada por essa vida, que ela tenha mais coisas boas do que ruins e que o mundo seja assim também. Por isso, eu fi z uma listinha para o senhor pensar se não vale mais a pena essas coisas do que as que estão passan-do na televisão e acontecendo na vida das pessoas nesses dias: festa, desenho, bolo, brigadeiro, sorvete de chocolate, bastante brincadeira e torta de moran-go. Deus, o senhor não acha que tudo isso é coisa boa? Fala minha lista para o pessoal da televisão!

“Quando nós amamos o nosso animal, ao partir, os espíritos amigos o trazem de volta

para que não sintamos sua falta”

Chico Xavier tinha uma cachorra de nome Bone-ca, que sempre esperava por ele, fazendo grande festa ao avistá-lo.

Pulava em seu colo, lambia-lhe o rosto como se o beijasse. Chico então dizia:

– Ah, Boneca, estou com muitas pulgas!!!Imediatamente ela começava a coçar o peito dele

com o focinho.Boneca morreu velha e doente. Chico sentiu mui-

to a sua partida. Envolveu-a no mais belo xale que ganhara e a enterrou no fundo do quintal, não sem antes derramar muitas lágrimas.

Um casal de amigos, que a tudo assistiu, na pri-meira visita de Chico a São Paulo, ofertou-lhe uma cachorrinha idêntica à sua saudosa Boneca. A fi lho-tinha, muito nova ainda, estava envolta num cober-tor, e os presentes a pegavam no colo, sem, contudo, desalinhá-la de sua manta.

A cachorrinha recebia afagos de cada um. A con-versa corria quando Chico entrou na sala e alguém colocou em seus braços a pequena cachorra. Ela, sentindo-se no colo de Chico, começou a se agitar e a lambê-lo.

– Ah, Boneca, estou cheio de pulgas!!! – disse Chico.

A fi lhotinha começou então a caçar-lhe as pulgas e parte dos presentes, que conheceram a Boneca, ex-clamaram:

– Chico, a Boneca está aqui, é a Boneca, Chico!!!Emocionados, perguntamos como isso poderia

acontecer.O Chico respondeu:– Quando nós amamos o nosso animal e dedica-

mos a ele sentimentos sinceros, ao partir, os espíritos amigos o trazem de volta para que não sintamos sua falta. É, Boneca está aqui, sim, e ela está ensinando a esta fi lhota os hábitos que me eram agradáveis. Nós, seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto, quem chu-ta ou maltrata um animal é alguém que ainda não aprendeu a amar.

Texto: Boneca & Chico Xavier, de Adelino da Silveira.

O cachorrinho do Chico de volta

Page 11: Correio Fraterno 421

MAIO - JUNHO 2008 CORREIO FRATERNO 11EN

SAIO

m amigo meu conta a história de Miguel, garoto levado que, na época dos fatos narrados,

tinha apenas oito anos. Miguel morava no 4.º andar, vizinho deste meu ami-go. O pequeno arteiro adorava lançar uma bola de futebol pela janela e ria-se vendo a bola quicar inúmeras vezes no chão lá embaixo. Um dia, a bola acertou em cheio um vaso de plantas de uma vizinha do térreo. O vaso se espatifou e as plantas também sofreram as con-seqüências. Confusão armada e os pais de Miguel tiveram que se comprometer não só em pagar o prejuízo, mas, tam-bém, proibir a criança de arremessar a bola pela janela. Magoado pelo fim de sua diversão predileta, o menino buscou outra coisa pra se distrair: pegou o cão pequinês da família e... atirou o animal pela janela. Ao ver o animal espatifado na calçada, Miguel caiu na gargalhada. Os pais, atônitos, procuraram entender o motivo da graça diante de um quadro terrível daquele. Resposta do pequeno: “Não quicou”.

Parece piada, mas não é. E, provavel-mente, você tenha dado um sorrisinho diante do desfecho. Mas esta – aparen-temente – inofensiva arte do pequeno Miguel pode ocultar uma das sombras da alma humana: A crueldade.

Esta sombra está presente em di-versos momentos da história humana, mas, também, no nosso dia-a-dia. O holocausto nazista é uma crueldade histórica. Assim como o atentado às torres gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos. Mas, recentemen-te, as manchetes de jornais se ocuparam com crueldades mais “caseiras”: A me-nina atirada pela janela, em São Paulo, provavelmente pelo próprio pai. A ou-tra criança torturada em Goiânia pela mulher que se prontificou a criá-la. Na Áustria, um pai tranca a filha num porão durante vinte e quatro anos, durante os

Por GEORGE DE MARCO

quais abusou sexualmen-te da própria filha, tendo com ela sete filhos. Um jo-vem italiano de Verona (norte da Itália) morreu ao final de cinco dias de agonia, após ser espancado por um grupo de neonazistas aos quais negou um cigar-ro. Os casos são, infelizmente, muitos. Até então, qualquer um acima citado poderia parecer enredo de um bizarro filme de terror. Mas é a realidade da na-tureza humana.

Se a crueldade nos fatos históricos, apesar de terríveis, acaba por ser assimi-lada devido às situações políticas, por exemplo; o mal “doméstico” assusta por não apresentar razão alguma, fora, tão-somente, a animalidade que se oculta no homem. Quando o homem prati-ca o mal, é chamado de “animal”. Sem ofensas aos animais. É uma forma de se identificar a ação instintiva, a agressivi-

da-d e

m a -n i f e s t a .

O homem “humano” é o de

bem, pleno, 100% hu-mano, integral. E o homem “mais in-tensamente realizado que o mundo viu foi Jesus o Cristo, o ‘filho do homem’, isto é, o homem por excelência”.1 A ex-pressão ‘filho de...’, exprime o possuidor da qualidade que o complementa. No hebraico, bem-adam e no grego, o uiòs tou anthrópou, o “filho do homem”, segundo Pastorino,2 é o espírito que já concluiu sua evolução, adquirindo co-nhecimento próprio, através de suas ex-periências, alçando os planos superio-res. Até chegar lá, precisamos escapar de muitas sombras que cercam nossa existência. O mal é a principal delas. Qualquer resquício de crueldade é um sinal do que temos de animalidade em nós. Não importa se falamos de arre-messar um cachorro pela janela ou um

avião num prédio. O fato de estas no-tícias despertarem tanto interesse atesta a atração que temos pelo “lado negro”. Neste ponto, o mal, todas as religiões aceitam alguma forma de confronto entre a luz e a escuridão. O Zoroastris-mo, religião da antiga Pérsia, foi o pro-vável difusor deste “embate” que pode ter influenciado o cristianismo, por exemplo. A partir daí, segundo a lenda, figuras como Lúcifer, que se desgraçou por sua soberba, é a imagem da auto-suficiência humana, que, então, dá ao homem o direito de praticar o mal contra seu próximo. Nem os filósofos se aprofundaram tanto no tema, por entender que esta concepção seria de domínio estritamente teológico. Mas, ultimamente, as ações que atentam contra a racionalidade tornaram-se objetos de estudos da sociologia, da psicologia e até das ciências biológi-cas. Mas, segundo Bezerra de Mene-zes3, na didática de Deus, o mal não é recebido com a ênfase que caracte-riza muita gente na Terra, quando se propõe a combatê-lo. A Lei de Deus determina, em qualquer parte, seja o mal destruído não pela violência, mas pela força pacífica e edificante do bem. O mal não suprime o mal. Em razão disso, Jesus nos recomenda amar os inimigos e nos adverte de que a única energia suscetível de remover o mal e extingui-lo é e será sempre a força su-prema do bem.

Bibliografia:1- Huberto Rohden. Filosofia cósmica do Evan-gelho. 2.ed. Alvorada. 2- Carlos Torres Pastorino. Sabedoria do Evange-lho, vol. I. Revista Sabedoria. 3- Francisco Cândido Xavier e Carlos A. Bac-celli. Brilhe Vossa Luz. Ed. IDE.

Publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor, evangelizador de mocidade e coordena-dor de teatro na seara espírita no Rio de Janeiro. E-mail: [email protected].

U

CRUELDADEPor que notícias envolvendo o lado sombrio atraem tanto a atenção?

Page 12: Correio Fraterno 421

12 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008A

GEN

DA

TeatroAmargo Despertar

Uma trama empolgante é desven-dada através do fenômeno das me-sas girantes e das preciosas comuni-cações dos espíritos. Local: Teatro Santo Agostinho - Rua Apeninos, 118 – Liberdade (Estação Vergueiro do Metrô) – São Paulo. Fone: (11) 3209-4858. Horário: 17:00 horas – todos os domingos. Informações: Fones: (11) 9409-3729 – 3141-1493. site: www.espetaculosteatrais.eb22.com

III Simpósio de Estu-dos e Práticas Espíritas em Pernambuco

Tema: Espiritismo e Medicina; Saúde e Do-

ença, de 4 a 6 de ju-lho, no Teatro Gua-rarapes, Centro de

Convenções de Pernambuco. Ex-positores: Juselma Coelho e Car-los Bacelli (MG), Alberto Almeida (PA), Francisco Cajazeiras (CE), Marlene Nobre e Décio Iandoli Jr (SP), Silvio Romero e Rosemere Kiss (PE).

Informações: (81) 3434-1128, 8787-9790.

Rádio via Internet completa um ano

Um ano sendo levada ao ar, a WEB Rádio Espírita Campinas –WREC - tem muito o que co-memorar. Gerida pela Associação de Divulgadores do Espiritismo de Campinas (ADE), leva ao ar dois programas semanais, além de gravações especiais, realizadas em centros espíritas de Campinas e região. A WREC conta agora com um site exclusivo e total-mente remodelado, que pode ser acessado no endereço www.radioespirita.org.br.

8.ª Festa da União

A festa tradicional, que reúne diversas casas es-

píritas.Dia: 3 de agosto das 9:00 às 18:00 h.

Local: Av. Francisco Matarazzo, 1986 – Quadra da escola de sam-ba Águia de Ouro, debaixo do viaduto Pompéia. Site: www.uselapa.com.br

Desencarna Domério de OliveiraAo fi nalizarmos esta edição, recebemos a informação da desencarnação do ar-ticulista e orador espírita Domério de Oliveira. Seu desenlace ocorreu dia 24 de maio, em São Paulo. Domério ti-nha formação em advocacia e contava com mais de 80 anos. Tinha sete livros publicados e, como articulista, colabo-rou com diversos jornais espíritas.

EVENTOS BENEFICENTES DO LAR EMMANUEL

Noite da Pizza14 de junho

A partir das 18h00

Festa Junina28 de junho A partir das 11h30

Tema: Espiritismo e Medicina; Saúde e Do-

ença, de 4 a 6 de ju-lho, no Teatro Gua-rarapes, Centro de

Convenções de Pernambuco. Ex-

JUL

4 A festa tradicional, que reúne diversas casas es-

píritas.Dia: 3 de agosto das 9:00 às 18:00 h.

Local: Av. Francisco Matarazzo,

AGO

3

Noite da Pizza14 de junho

A partir das 18h00

Festa Junina

JUN

14

A partir das 11h30

JUN

28

Fenônemo espírita

para comu-nicação

Análise do EspiritismoEstão em

outro Plano

Zona luminosa

em torno do corpo (pl.)

Representar um

personagem

Abreviatura de

narrador

Ente humano

(pl.)

Semente

6ªnota

musical

-- Eliot,poeta

modernista britânico

Um extraterrestre do cinema

Oswaldo Cruz, bac-teriologista brasileiro

Em lugar mais

alto

Amparar, sustentar

Passar,cruzar

_ _ _ _ _ _ _ Simonetti,autor de “Quem tem

medo da morte?”

Área em que o Dr. Bezerra de Menezes

atuava

Lugar, no teatro,onde os atoresrepresentam

Essencial,necessário

-------- do Iguaçu,ponto turístico

brasileiro e argentino

Alan -----,escreveu “O Evangelho segundo o Espiritismo”

Emperradoem

inglês

1ªvogal

Barão de-------,

jornalista e escritor

Artigo defi nido

masculino plural

Escola de Arte

Dramática

Irmãodopai

A fl or símbolo do

amor

Símbolo do

Iodo

Descuidado, negligente

Membro das aves

Rio levemente

Utensílio agrícola

Abreviaturade Roraima

Agride

Utilizar

Carroem inglês

Formigaem inglês

Saudação jovial

Ponta aguçada

Peça de aço magnetizado que atrai o

ferro

Adição

A + O

Apoia moralmente

2ª pes. plural

Princípio,crença

Tratar da saúde

Inocente

MESASGIRANTES

FUNDAMENTALCATARATAS

STUCK

OMISSOATACASORRIO

PURO

TIOEAD

ROSAKARDEC

PALCO

IDARHA

RROS

VOS

ASA

CURA

USAR

EE

E

A

I

I

RG

M

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E

CRUZADA DO CORREIO

SOLUÇÃO

Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio especial para o Correio Fraterno

Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 - B. Assunção - S. B. do Campo-SPInformações: (11) 4109-8775

Você é nosso convidado !!

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meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

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Page 13: Correio Fraterno 421

MAIO - JUNHO 2008 CORREIO FRATERNO 13G

RA

ND

ES QU

ESTÕES

ciência tem se demorado re-fratária à aceitação dos fenô-menos de materializações, por

acreditar ser antiético procurar uma causa onde não haja condições palpá-veis, algo mensurável que lhe permita campo de análise e dedução. No en-tanto, tem realizado suas maiores des-cobertas pelo método intuitivo, para depois demonstrá-las pelas condições analíticas.

Einstein esteve embrenhado na mata em contato com a natureza, buscando intuitivamente a inspiração que lhe permitiu penetrar o âmago do fenômeno e, só então, apresentou a fórmula da grande Equação da Rela-tividade.

O astrônomo Edmond Halley, que não possuía equipamentos científicos apropriados para observação, no ano de 1742 anunciou que, em 1758, o cometa Halley passaria pela Terra, enquanto que, dotados de telescópios poderosos, como o da Califórnia, no ano de 1985 os astrônomos anuncia-ram a passagem do Cometa pela Terra, com uma calda do comprimento de onze luas, o que não aconteceu.

Não combatemos a Ciência, já que ela não se demora no estreito empiris-mo, onde alguns homens pretendem retê-la. O verdadeiro cientista há que ser, antes de tudo, um livre pensador que não julga de antemão o que não haja observado. E entre os que dese-jaram a verdade e não se ativeram ao dogma do cientificismo empírico está William Crookes.

Quando o ilustre membro da Sociedade Real anunciou que ia se

Lado a lado, espírito e médium comprovam a vida após a vida

Por JOSÉ SOLA

ocupar dos fenômenos chamados es-píritas, a aprovação foi geral. Crookes explicaria os supostos fenômenos, lançando por terra as crendices e su-perstições que, como uma epidemia, se alastrava, penetrando corações e mentes, não poupando nem mesmo ilustres sábios como: Wallace, Varley, Cesar Lombroso, Charles Richet, Ak-sakof e muitos outros.

Entretanto, as disposições de Crookes eram as de descobrir a ver-dade. Embora desacreditando da possibilidade de serem verídicos os ditos fenômenos, cauteloso como lhe convinha ser, utilizou-se de aparatos científicos apropriados, iniciando as tão polêmicas pesquisas.

Caberia à médium de efeitos fí-sicos, Florence, que contava apenas com 15 anos, o relevante papel de convencer a Crookes, quanto à sobre-vivência da alma.

Por intermédio da médium, o cientista obteve a materialização de Katie, que afirmou ter se chamado Annie Owen, e dizia-se filha de Hen-ry Owen Morgan.

Utilizando-se de todos os apara-tos requeridos pela ciência, William Crookes obteve a materialização de Katie por diversas vezes, no entanto, ver o espírito materializado não foi prova suficiente para convencer o sá-bio inglês; desejava uma prova mais evidente: ver Katie e Florence ao mes-mo tempo.

A disposição de Crookes em crer na imortalidade não era das melho-res, pois, em sessão de materialização, enquanto a médium permanecia im-

possibilitada de mover-se, Katie King conversava e cumprimentava os as-sistentes, inclusive William Crookes. Durante as sessões, Florence usava roupas de cor escura, botas de amar-rar, enquanto Katie trajava sempre vestes brancas, longas, e apresentava-se descalça.

A prova que Crookes desejava – presenciar a médium e o espírito ma-terializado de Katie ao mesmo tempo – lhe foi oferecida. Em uma sessão realizada na casa de Crookes, no dia 12 de março de 1874, após haver-se apresentado materializada aos assis-tentes, Katie entra na cabina onde a médium estava em transe, abre as cortinas, chama Crookes, pedindo que ajeitasse a cabeça da médium, que havia escorregado. Além desta experi-ência, Crookes obteve a maior prova que se pode obter da comprovação da imortalidade: uma fotografia, onde as duas aparecem juntas.

O pesquisador auscultou ainda a pulsação de Katie, o bater de seu coração, presenciou a sua desmate-rialização, sem deixar vestígios, jun-to à luz de um lampião. Fora o últi-

mo a vê-la materializada. Diante da presença de Crookes, Katie chamou a médium Florence, que estava em transe, dizendo-lhe: – Desperta, é preciso que eu me vá. Ao despertar e, com lágrimas nos olhos, Florence pede que fique por mais tempo, ao que esta lhe responde: “não posso, querida, minha missão está cumpri-da” – e despediu-se.

As luzes se acenderam, Florence acordou macambúzia, e a doce Cin-derela, que por três anos consecuti-vos houvera desfilado aos olhos de Crookes, como aos de muitos outros cientistas, havia desaparecido para sempre do cenário da Terra, deixan-do comprovações inconfundíveis da imortalidade.

Não fosse o orgulho da parte de alguns cientistas, tanto quanto o apego ao dogmatismo das religiões, a humanidade haveria de estar mais bem informada quanto à sobrevi-vência do ser.

Diretor-presidente da Instituição Beneficente José de Mococa, em São Paulo-SP. E-mail: [email protected]

A

Nem só de fatos vive a

CIÊNCIA

Page 14: Correio Fraterno 421

14 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008

Rejane é cabeleireira e mora em São Paulo; há poucos meses esteve no programa Mais Você (TV Globo) e, entrevistada pela apresentadora Ana Maria Braga, narrou parte de sua vida a partir de 2001, ano em que sua mãe desencarnou. Foram dias de lágrimas e tristeza, uma saudade incontrolável e uma apatia diante da vida; até que uma noite, em um sonho muito lúcido, viu sua mãe alegre, disposta, que sorrindo lhe disse:

“Filha, vim te trazer a receita do bolo de fubá que você tanto gosta: São 4 ovos, açúcar e margarina, mexe bem acrescenta a farinha, o fubá, o leite de coco... e você dá três tapinhas na massa. (Estava aí o segredo da receita). Depois assa por vinte minutos, em forno pré-aquecido e, enquanto isso, o café fica pronto.”

Eram tantos detalhes que acordou sob forte impressão.

Era o autêntico bolo de mãe, aquele que o melhor era sempre o próximo, de tão gostoso. Acordou se sentindo bem, como há muito tempo não se sentia, e a partir daí sempre que a saudade aperta, ela faz um bolo e café e sente sua mãe ali pertinho.

Os mais céticos lhe disseram que aquilo era a mais pura fantasia, apenas um sonho em meio a outros tantos e fruto de seu sofrimento. Outros mais voltados à questão da alma, lhe esclareceram que durante o sono nos desprendemos do corpo e podemos ter contato com aqueles que nos são caros, estejam no mundo físico ou no mundo espiritual.

Este tema esteve entre as preocupações de Allan Kardec, que dedicou o capítulo VI de O Livro dos Espíritos à questão da emancipação da alma ou o que acontece com ela enquanto o corpo dorme, o que em breves linhas podemos dizer que nos deslocamos do corpo e nos dirigimos aos lugares de nosso interesse, sejam na dimensão física ou espiritual, entre encarnados ou desencarnados, bons ou maus, desejo que Jesus traduziu em belíssima frase: “O teu tesouro está onde estiver o teu coração”.

Passamos um terço da vida física dormindo e tão pouco sabemos de nossa vida emancipada do corpo físico. Então fica o convite para aprendermos um pouco mais, nem que seja fazendo bolos e bolos de fubá da mãe da Rejane.

écada de 80. O pro-fessor Raul Teixeira veio a Belo Horizon-

te para realizar palestras e trouxe consigo dois jovens espíritas de Niterói. Fize-mos amizade e não tardei a receber um deles em minha casa, à época de um congresso de Espe-ranto, e depois a visitar o outro, casado de pouco, na bela cidade fluminense.

Luis Carlos e a jo-vem esposa levaram-me a uma palestra que ele faria no interior das ter-ras fluminenses. Evento raro; fomos a uma sede de fazen-da, visitar a um grupo espírita ru-ral, onde logo co-meçaram a chegar, pelas es-t r a d a s de ter-ra, os participantes dos grupos vizinhos. O dirigente reparou assustado e curioso meu inseparável caderno de notas, que julgava algo um tanto estranho. As preces realizadas na casa foram longas, interces-sórias a mais de uma centena de pessoas (nossa hora de sentir estranhamento) e a palestra, após as duas horas de viagem, em respeito à assembléia, curta. Na volta, o câmbio da velha Brasília não funcionou. E os espíritas conseguiram uma Kombi, que rebocou com uma corda o veículo da capital até uma cidade próxima e uma oficina mecânica. Todos empurrávamos o carro rebocado na subida, porque a corda teimava em se partir.

Em viagem com meus dois amigos, tive contato com obras interessantes, como dois livros organizados pela União da Mocidade Espírita de Niterói, em me-

mória ao escritor Carlos Im-bassahy, um deles intitulado Na hora da consulta e o outro fruto dos esforços do médi-co e pesquisador Alberto de Souza Rocha. Mostraram-me também o livro de Reichembach, sobre as energias ódicas, e referi-ram-se à obra de Albert de Rochas e a livros de Léon Denis ainda não traduzidos para a lín-gua portuguesa.

Eram jovens ainda e tinham já amiza-des com expoentes do meio espírita, como Yvonne Pe-reira, Hermínio Miranda. E um desejo futuro:

criar uma edito-

ra para estes livros clássicos do Espiritis-mo e do Espiritualismo, o que me soou distante àquela época.

O tempo passou e os jovens fundaram a editora Arte e Cultura, com livros que contribuíam significativamente com o movimento espírita. A editora teve vida curta, assim como o amigo Luis Carlos, que retornou à pátria espiritual ainda jovem.

O outro amigo, Alexandre Rocha, transformou a Arte e Cultura em Lachâtre, que tem continuado a missão que ele pró-prio escolheu na juventude e a quem cabe a famosa frase junguiana: “Minha história é a de um inconsciente que se realizou”.

Essa história aconteceu com Jader Sampaio. Conte a sua também: Escreva para [email protected]

FOI A

SSIM

… Para levar a informação

Por LUIS MENEZES

Por JADER SAMPAIO - BH

A receita do bolo do alémD

Page 15: Correio Fraterno 421

MAIO - JUNHO 2008 CORREIO FRATERNO 15

ndo triste, seu Gonçal-ves. Nem tenho tido vontade de trabalhar.

Às vezes, bate uma amargura!O seu Gonçalves, velho ro-

ceiro, sentado em um pequeno banco de madeira encravado na margem de magnífica represa, de-bulha o milho bem devagar, mas de ouvidos atentos ao queixume do homem beirando a madureza:– O que te amofina, Zé?– Num sei, num sei... as coisas num tão boa, não. Dentro de mim bate um sentimento ruim vez em quando!– Tem pensado demais, muita ca-raminhola na cabeça, né?– O que tenho são saudades dos tempos antigos. A vida tá tão pa-rada, nada de novo, até parece terra semeada à espera dos brotos verdes que nunca chegam...

Seu Gonçalves, gesto caracte-rístico, ajeita o chapéu na cabeça, franze a testa, e, de olhar perdido por um instante, comenta – sau-dades, quem nunca sentiu?– Mas não é saudade desse jeito! – retruca o homem, um tanto re-voltado. – Uai, Zé, saudades eu só conhe-ço de um jeito: dos tempos bons, das pessoas queridas... Ah, quan-tas saudades eu tenho da Leonti-na! Ela me faz muita falta! Mas um dia a gente vai se reencontrar. Por ora, é tocar a vida. Há muito ainda para se viver e aproveitar!– É isso, é isso!... Não é saudade, é isso aí que eu não conseguia di-zer!!– Isso o quê?!– É que eu não gosto nadinha do que tenho ultimamente – con-tinua o desiludido campe-sino. – Tudo está sem graça, sem colo-

EQU

ILÍBR

IO

Feito um colibriUma prosa pra lá de boa

Por CARLOS UMBERTO OLIVEIRA BORGES

rido, muita gente debandou pra ci-dade, quase nem tem festas, o po-voado não é mais o mesmo. Anti-gamente, as coi-sas eram melhores, mais felizes.– Ah! Já entendi – conserta o experiente lavrador. – Não são apenas as saudades que te abatem: é que a vida passou e você conti-nua a viver no passado!– Minha imaginação não pára, seu Gonçalves: voa de flor em flor feito cuitelinho!– Sei, está sempre no ar, só uma paradinha aqui, outra ali... Risos (do seu Gonçalves).– Ora, eu tô falando sério, seu Gonçalves!– Zé, pelo jeito, a vida pede que você desperte. Saiba que esse é um aprendizado de todos nós!– Como assim? Eu acordo todo dia bem cedinho!

Risos (do seu Gonçalves).– Não me refiro a acordar cedo, cumprir com suas obrigações, as quais você realiza, diga-se de passagem, com maestria! É que gente mantém a mente presa ao passado, afastada da vida, viven-do de ilusões. É como se pudes-sem viver a vida em suas mentes, mas a existência, sábia, parece ser teimosa em trazer a gente para a realidade: aqui e agora, aqui e agora... Pessoas assim, sonhado-ras, tendem a ficar tristes, amar-guradas, como você...– Que prosa difícil, Nossa Senho-ra!

Risos (de ambos). Sem se descuidar da debulha,

em tom acolhedor, insiste o sensa-

to sep-tuagenário: – Veja: é mais saudável investir o nosso melhor no momento presente, realizar as coi-sas, mes-mo as mais singelas, com o nosso melhor entusiasmo. Muitas vezes não nos damos conta de que hoje estão acontecen-do coisas maravilhosas! Mais à frente, ficamos saudosos delas e nos perguntamos se não deverí-amos tê-las aproveitado melhor. Esse é o lado ruim da saudade...– Num sei não, choraminga o Zé. É muito difícil. Parece até que eu perdi o fio da meada!– Pode ser que sim, Zé, mas você já o está encontrando. Acredite!

(O Zé sente um calafrio na es-pinha, começa a respirar profun-damente, falseando o ar).

Persevera o seu Gonçalves: “procure não olhar tanto para o que te falta, ou o que já te-ve: valorize o que você tem e o que construiu durante os vários en-saios da vida. Porque a alegria que julga perdida está aí mesmo, den-tro de você, esperando uma nova atitude sua para ser revigorada.”

(Finalmente o Zé consegue ter-minar de respirar, bem fundo).

E, em tom fraternal, arremata o seu Gonçalves:– Olhe à sua volta e note as coi-sas significativas e boas que estão acontecendo agora e você não as alcança porque está vivendo em-butido em si mesmo. Não há sa-ída melhor: são os encontros do presente que, se bem valorizados, despertarão o brilho que, na ver-dade, nunca se perdeu, apenas foi ofuscado por sua mente “co-libri”.

Sorriso afável (do seu Gonçal-ves).

Respirando fundo (de novo) e pensativo, o Zé.

Psicólogo, estudante da Doutrina Espírita e sócio da ABRAPE – Associação Brasilei-ra de Psicólogos Espíritas. E-mail: [email protected].

-A

Page 16: Correio Fraterno 421

16 CORREIO FRATERNO MAIO - JUNHO 2008R

EFLE

O Overdose de violência. Por quê?

estes últimos tempos prati-camente não podemos ligar a televisão sem que sejamos

bombardeados com notícias so-bre casos de violência, dos mais inesperados aos mais chocantes crimes; abusos e violações de

toda ordem, até mesmo de fa-miliares, contra idosos, con-tra crianças...

Paralelamente, assis-timos a outro tipo de

violência contra o ci-dadão, pela imposição de um sistema desu-manamente exacer-bado de consumo, gerando uma

escala de valo-res deturpada,

onde o homem se identifica pela rou-

pa de marca, pelo car-ro importado, pelo cartão

bancário cheio de estrelas, pelo título, que muitas vezes conseguiu a alto preço, monetário ou de ordem moral.

Em A Gênese, Allan Kardec nos alerta que “até que a humanidade haja crescido suficientemente em perfeição

pela inteligência e pela prática das leis divinas, as maiores perturbações serão causadas pelo homem e não pela natu-reza, isto é, serão mais morais e sociais do que físicas”.1 E é efetivamente o que vimos constatando diante desses graves transtornos ético-fraternos...

Quando Kardec questiona se a crueldade decorre da ausência de senso moral, a Espiritualidade esclarece que o senso moral existe, mas não está ainda desenvolvido em todos os homens; e é ele que o transforma, mais tarde, em seres bons e humanos.2

Compreende-se hoje mais facilmen-te a sabedoria da resposta dos Espíritos à questão 784 de O Livro dos Espíritos, quando o Codificador pergunta se, ten-do em vista a perversidade do homem, não parecia que ele estava recuando em vez de avançar? Resposta – “... É preci-so que haja excesso do mal para fazer o homem compreender a necessidade do bem e das reformas”.

Atualmente já sentimos crescer, em nós e em muitos outros, a indignação contra os abusos ou qualquer atitude nociva contra um semelhante social-mente inferior, quer em idade, posição, situação financeira, ou de qualquer ou-tro modo que a nossa ignorância assim o julgue, que faz brotar em nós o anseio de proteger, direta ou indiretamente, o inferiorizado. Por isso, nos esclarecem também os Espíritos3 que o sentimento

de justiça é de tal modo natural que nos revoltamos ao pensamento de uma injustiça. Lembram-nos tam-bém que justiça consiste no respeito aos direitos de cada um e que esses direitos são determinados pela lei humana e a lei natural. Entretanto, existe ainda uma distância conside-rável entre elas, já que muitas leis humanas visam atender os interesses dos (momentaneamente) mais po-derosos.

Se por um lado a “mídia da vio-lência” parece prejudicial, levando a idéia da banalização da violência, por outro, ao despertar na criatura a revolta pelo que vê, poderá provocar o anseio intenso de mudança, fazen-do com que os propósitos antes tí-midos se firmem, transformando-se em atitudes concretas para a cons-trução de um relacionamento mais amistoso e mais pacífico e, princi-palmente, em ações efetivas para o estabelecimento de condições mais justas para todos.

Bibliografia1- Allan Kardec, A Gênese, cap. IX, item 14.2- Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, q. 754. 3- Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, q.873.

A autora é carioca, expositora e articulista de jornais e revistas espíritas. Autora do livro A felicidade ao nosso alcance. E-mail: [email protected].

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Por DORIS MADEIRA GANDRES

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