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Ano 43 • Nº 438 • Março – Abril 2011 Leia a entrevista com a pesquisadora e doutora em história, Nadia Luz. Págs. 4 e 5 C erta vez, diante da pergunta: “quem é o criminoso”, Emmanuel sabiamente respondeu: “qualquer um de nós que foi descoberto”. O assunto abordado nesta edição não pretende dar voz a qualquer uma das partes dia- riamente envolvidas em infelizes ocorrências – vítimas, fa- miliares ou criminosos, mas rastrear os nossos sentimentos, muitas vezes contraditórios, considerando o esforço para a nossa prática sobre tudo o que aprendemos no Evangelho. O editor Cristian Fernandes, levado às grades por acusação infundada, conviveu por quatro meses com detentos em São Paulo. Ele traz uma visão diferenciada, num depoi- mento real sobre o outro lado da história, mostrando-nos que criminosos não podem ser considerados seres à par- te da sociedade. “São pessoas que agem de maneira ruim em determinadas situações. Fora disso, são boas com suas famílias e sentem falta da sua convivência! Quando você olha, tendo a certeza de que todos somos criaturas que batalham pelo crescimento espiritual, consegue criar uma relação isenta de preconceito”. Leia mais nas páginas 8 e 9. CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 Uma análise espírita da história Centro espírita sustentável Iluminação, ventilação natural, coleta de água da chu- va, adaptação em válvulas de descargas. Dicas de como aju- dar a sua casa espírita ser mais ecologicamente correta você encontra em artigo de André Trigueiro. Leia na pág. 15. Encontro reúne 450 jovens no Alto Paraíso - GO Nem a chuva que teimava em não dar trégua foi capaz de atrapalhar a programação da 22ª Confraternização das Mocidades Espíritas do Movimento da Fraternidade, um dos principais encontros da OSCAL – Organização So- cial Cristã-Espírita André Luiz, na cidade da Fraternida- de, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Leia na pág. 3. MEDO, INDIFERENÇA, PRECONCEITO Acesse o nosso site: www.correiofraterno.com.br E também siga-nos no TWITTER: www.twitter.com/correiofraterno

Correio Fraterno 438

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 3 • N º 4 3 8 • M a r ç o – A b r i l 2 0 1 1

Leia a entrevista com a pesquisadora e doutora em história, Nadia Luz.Págs. 4 e 5

Certa vez, diante da pergunta: “quem é o criminoso”, Emmanuel sabiamente respondeu: “qualquer um de nós que foi descoberto”. O assunto abordado nesta

edição não pretende dar voz a qualquer uma das partes dia-riamente envolvidas em infelizes ocorrências – vítimas, fa-miliares ou criminosos, mas rastrear os nossos sentimentos, muitas vezes contraditórios, considerando o esforço para a nossa prática sobre tudo o que aprendemos no Evangelho. O editor Cristian Fernandes, levado às grades por acusação infundada, conviveu por quatro meses com detentos em São Paulo. Ele traz uma visão diferenciada, num depoi-mento real sobre o outro lado da história, mostrando-nos que criminosos não podem ser considerados seres à par-te da sociedade. “São pessoas que agem de maneira ruim em determinadas situações. Fora disso, são boas com suas famílias e sentem falta da sua convivência! Quando você olha, tendo a certeza de que todos somos criaturas que batalham pelo crescimento espiritual, consegue criar uma relação isenta de preconceito”. Leia mais nas páginas 8 e 9.

CORREIOFRATERNO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

Uma análise espírita da história

Centro espírita sustentável

Iluminação, ventilação natural, coleta de água da chu-va, adaptação em válvulas de descargas. Dicas de como aju-dar a sua casa espírita ser mais ecologicamente correta você encontra em artigo de André Trigueiro. Leia na pág. 15.

Encontro reúne 450 jovens no Alto Paraíso - GO

Nem a chuva que teimava em não dar trégua foi capaz de atrapalhar a programação da 22ª Confraternização das Mocidades Espíritas do Movimento da Fraternidade, um dos principais encontros da OSCAL – Organização So-cial Cristã-Espírita André Luiz, na cidade da Fraternida-de, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Leia na pág. 3.

MEDO, INDIFERENÇA, PRECONCEITO

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Leia a entrevista com a pesquisadora e doutora em história, Nadia Luz.

Uma análise espírita da história

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2 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2011

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EDITORIAL

Sempre que entramos em contato com as difi culdades da Humanidade, bate em nosso coração uma sensação

estranha, divididos que fi camos entre as lições aprendidas no espiritismo e o dia a dia que nos sacode com tsunamis, assaltos, guerras, doenças, fome. Sabemos que nada acontece por acaso, mas a realidade dói. E assusta.

A Terra passa por momentos de ajustes rumo à regeneração, exigindo-nos maturi-dade na prática da fé raciocinada, algo nada fácil numa época de crise de valores.

Esta edição é um convite à refl exão so-bre a atuação dos espíritos em sua multi-

vivência – como encarnados e desencarnados. Quem so-mos? O que sentimos? Por que agimos assim? São ques-tões sobre as quais o espiritis-mo se debruça e explica.

Seja na reportagem so-bre a criminalidade ou na entrevista com Nadia Luz, que aborda a psicografi a na pesquisa aca-dêmica; seja nas dicas de André Trigueiro para um centro espírita sustentável, ou nas refl exões de Rita Foelker, sobre a sabedo-ria da justiça divina, e no ensaio de George De Marco sobre o tanto que reclamamos,

o Correio traz, enfi m, assuntos especiais para exercitarmos o que temos de mais importante em nossa essência inteligente: pensar.

E tem mais, muito mais. Equipe Correio Fraterno

CORREIO DO CORREIO No estilo modernidadeParabenizo a equipe do Correio Fraterno, pois além de utilizar um estilo de jornalis-mo ético, claro, sintético, moderno e pro-fundo, vem selecionando assuntos ligados ao desenvolvimento da sociedade de nossos dias, sem preconceitos ou tabus, cautelosos ante polêmicas improdutivas, com alterida-de, dentro de uma visão espírita, também revista e aprofundada em seus signifi cados.

Nós, que por oito anos dirigimos o jornal Terra Azul, editado pela Instituição Bene-fi cente Nosso Lar (desativado por diversos motivos a partir do ano 2010), estamos tendo a satisfação de ver o mesmo empe-nho que nos movia de projetar a perspecti-va espírita sobre os problemas e as situações sociais que nos envolvem a todos nessa fase de acelerada transição para a etapa da rege-neração, em que a Terra se encontra.

Envio de artigosEncaminhar para e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.500 caracteres, constando referência bibliográfi ca e pe-quena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

www.laremmanuel.org.br

Diretor: Raymundo Rodrigues EspelhoEditora: Izabel Regina R. Vitusso

Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686)Apoio editorial: Cristian Fernandes

Internet: Giovanna Verrone Editor de arte: Hamilton Dertonio

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Telefone: (011) 4109-2939 E-mail: [email protected]

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necessariamente a opinião do jornal.

Editora Espírita Correio FraternoCNPJ 48.128.664/0001-67

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Presidente: Izabel Regina R. VitussoVice-presidente: Tânia Teles da MotaTesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva

Secretária: Ana Maria G. CoimbraAv. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955

Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

• Discussão, porém não disputa. As incon-veniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensa-tas.

• A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos forneceráuma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos.

• Os princípios da doutrina são os decor-rentes do próprio ensinamento dos Espí-ritos. Não será, então, uma teoria pesso-al que exporemos.

• Não responderemos aos ataques diri-gidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. Discu-tiremos os princípios que professamos.

• Confessaremos nossa insufi ciência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor aninguém. Nós a entregaremos à discus-são e estaremos prontos para renunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

Esta publicação tem como fi nalidade ofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que com-preendem a doutrina espírita sob seu ver-dadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

para não perder a históriaRefl etir

Longevidade para o Correio Fraterno sob as bênçãos do Pai divino! Nancy Puhlmann Di Girolamo, São Paulo, SP

Dona Nancy (dedicada trabalhadora do mo-vimento espírita em São Paulo) nos enche de alegria com seu reconhecimento e nos encora-ja em nossas escolhas, para que a divulgação do espiritismo acompanhe a modernidade. E também para que não nos esqueçamos da im-portância dos que nos antecedem e tão bem nos ensinam.Equipe Correio Fraterno

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MARÇO - ABRIL 2011 CORREIO FRATERNO 3

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A 22ª COMEMOFRA– Confrater-nização das Mocidades Espíritas do Movimento da Fraternidade,

que acontece anualmente no carnaval, na Cidade da Fraternidade, em Alto Paraíso, GO, reuniu este ano mais de 450 pessoas, entre jovens, crianças e adultos.

Já tradicional como um dos principais encontros nacionais da OSCAL – Organi-zação Social Cristã-Espírita André Luiz, o evento é realizado desde 1989, num clima de extrema descontração, alegria e uma energia muito especial. A Cidade da Fra-ternidade é uma fazenda na Chapada dos Veadeiros, criada na década de 60, inicial-mente para abrigar crianças carentes das várias regiões do Brasil. Teve sua proposta alterada e hoje mantém suas atividades voltadas para a comunidade em geral, em especial educacionais, através do Educan-dário Humberto de Campos e do projeto Rosa da Esperança.

O encontro desse ano teve como tema “O homem de bem”, fundamentado no Evangelho e no livro Agenda cristã, de An-dré Luiz. Contou com participantes de di-versos estados do país e de sete regiões fra-ternas, além dos moradores da região, que se divertiram, estudaram e se integraram, fazendo novas amizades e vivenciando a fraternidade, num ambiente rural, no cora-

ção do Brasil, onde não há sinal de celular e outras tecnologias. Televisão e internet ali são esquecidas.

Inicialmente dividida em três ciclos – infância, adolescência e juventude –, cada qual com suas respectivas comissões peda-gógicas responsáveis pelos estudos, integra-ções e música, a COMEMOFRA teve esse ano um ciclo a mais, o dos adultos, como forma de se estudar a viabilidade do encon-tro abranger, também na parte de estudos e integração, toda a família.

Envolvendo diversos colaboradores, com equipes de trabalho de apoio para alimentação, serviços gerais, limpeza e se-cretaria, a Confraternização é totalmente coordenada e planejada pelos jovens das Mocidades do Movimento da Fraternida-de. As equipes são estruturadas e divididas pelas próprias regiões integrantes, respon-sáveis por realizar os trabalhos propostos. Para as crianças houve muita brincadeira, sempre com o foco em estudos e lições relacionadas à moral cristã. Os adolescen-tes fi caram no acampamento, exercitando o trabalho em equipe e participando dos estudos e integrações. Para a juventude, di-versas técnicas mostraram o que faz, como age e como se tornar um homem de bem.

Para Tainá Cavalcanti, de São Bernar-do do Campo, estreante no evento, a CO-

MEMOFRA trouxe a sensação de se estar num ambiente com-pletamente diferente do dia a dia! “Você es-quece os problemas. É só alegria”.

“As COMEMO-FRAs representam a prática daquilo que o Movimento da Frater-nidade prega: a frater-nização, nesse caso, entre os jovens espíritas de vários locais distantes. Essa congregação ativa é o mais poderoso instrumento de transformação social do mundo, porque todos estão unidos em nome de Jesus”, co-menta Rogério Pietro, dirigente de moci-dade espírita na região do ABC.

A chuva que atingiu a região nos dias do encontro não impediu que as ativida-des fossem realizadas com muita animação. Afi nal, os objetivos estavam bem defi nidos desde o início da organização do evento: a

melhor COMEMOFRA é você quem faz e fraternidade é o amor que se expande nos corações humanos, promovendo a interli-gação das criaturas numa mesma pulsação de sentimento. (Colaboraram na edição des-te texto e imagem: Alana Angélica Ferreira e Antonio Lovato).

Saiba mais: www.correiofraterno.com.br e http://www.mofrasoul.blogspot.com

ACONTECE

Adultos, jovens e crianças: integração para toda a família

Por ALEXANDRA SILVA e ANDRÉ PAIXÃO

COMEMOFRAO exercício fraterno em encontro de mocidades

Afi nal, os objetivos estavam bem defi nidos desde o início da organização do evento: a

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4 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2011

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A escolha do tema de seu doutora-do foi influenciada por seu conhe-cimento sobre a espiritualidade e as reencarnações?Nadia: Quando ingressei no programa de pós-graduação, meu projeto de pesquisa propunha pesquisar mulheres médiuns que houvessem sido empreendedoras, fun-dando escolas e hospitais. Essa parte ainda permanece aberta à pesquisa. A proposta era expor que a possibilidade do intercâm-bio mediúnico havia proporcionado a es-sas fundadoras a confiança e a certeza para prosseguir com seus ideais. Após seleção dos nomes, iniciei pesquisa em 2008, com a quase centenária Aparecida Conceição Ferreira, a dona Aparecida do Fogo Selva-gem, fundadora do Hospital do Pênfigo de Uberaba. De imediato, tivemos a certeza de

ENTREVISTA

que a tese haveria de privilegiar o trabalho daquela extraordinária mulher, desdobran-do-se sobre a história desta terrível doença, cuja etiologia permanece ainda desconheci-da pela ciência, mas que em obra psicográ-fica de Chico Xavier encontramos subsídios para uma oportuna discussão.

Como foi possível fazer em tese acadêmica uma análise espírita da história?Nadia: Fiz uso da psicografia como fonte documental de pesquisa. O espiritismo no Brasil, além de religião, deve ser compreen-dido também como um segmento cultural. Não há muito que ser discutido. Se é seg-mento cultural, implica que determinada parcela da população acolhe seus princípios transformando-os em modos de vida, em

Por ELIANA HADDAD

Natural de Franca, SP, Nadia Rodrigues Alves Marcondes Luz Lima sempre foi apaixonada por História, disciplina com a qual trabalha há uma década, após decidir deixar o cargo de oficial maior de um cartório na mesma comarca paulista. Bolsista da CAPES desde sua graduação na UNESP- Universidade Estadual Pau-lista, a pesquisadora atua há quatro anos como docente na UNIFRAN- Universi-dade de Franca, SP. Suas atividades como espírita também têm sido marcantes, seja como voluntária, por uma década, na diretoria do Hospital Allan Kardec de Franca, ou como uma das coordenadoras da Coleção Espiritismo na Universidade (Editora UNIFRAN/CCDPE Eduardo Carvalho Monteiro). Para ela, porém, seu mais importante trabalho foi a participação na tradução da obra Loucura sob novo prisma, de Bezerra de Menezes, na Argentina, o que lhe permitiu explicar como a tese influenciou o surgimento de mais de uma centena de hospitais psiquiátricos no Brasil que oferecem a terapêutica de desobsessão.Nadia é mesmo confiante, uma entusiasta sobre a necessidade da divulgação e introdução das ideias espíritas na Universidade. E foi na escolha de seus temas de pesquisas acadêmicas que mostrou ainda mais sua ousadia: mestrado em histó-ria, publicado com o título Ruptura na história da psiquiatria no Brasil: espiritismo e saúde mental; e doutorado defendido em dezembro passado sobre o tema Fogo selvagem, alma domada, a doença e o Hospital do Pênfigo de Uberaba: história e psicografia (UNESP, Franca). Entrevistada pelo jornal Correio Fraterno, ela explica como conseguiu enfrentar metodologicamente o mundo acadêmico, introduzindo a interpretação espírita nos fatos históricos.

Simetrias históricas A psicografia como fonte de pesquisa acadêmica

visões de mundo. Cabe à universidade fazer esta leitura das mudanças socioculturais. Se é uma filosofia, uma ciência e uma religião que se dispõe a crer e agir em conjunto, es-píritos encarnados e desencarnados; se tem milhares de seguidores ou adeptos e que, há mais de um século, vem fundando hos-pitais considerados pelo Estado brasileiro como de utilidade pública municipal, es-tadual e federal, como no caso de Uberaba, há que se dar voz a este segmento.

Como você conseguiu enfrentar, me-todologicamente, o mundo acadêmi-co com as interpretações espíritas?Nadia: A interpretação espírita das doenças, bem como do que se compreende por saúde já não mais surpreende. Em nossa tese, fize-mos uma análise científica e espírita sobre a

história da doença pênfigo foliáceo endêmi-co ou fogo selvagem. O alto índice de cura, registrado nos documentos da instituição de saúde de Uberaba, atestou que houve um fator diferencial. Além dos documen-tos, tivemos acesso a depoimentos orais, à observação participativa junto aos doentes, funcionários e fundadora do hospital, além da frequência às reuniões de desobsessão.

Na tese, você cita obras do escri-tor Herminio Miranda como fontes de pesquisa, trazendo a público o conceito de simetrias históricas. Do que se trata?Nadia: A região do Triângulo Mineiro, tradicionalmente no ambiente espiritual exposto há décadas por diversos grupos me-diúnicos, traz notícias de grupos de espíri-

Nadia Luz: A psicografia como fonte documental da História

JULIA NEZU

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MARÇO - ABRIL 2011 CORREIO FRATERNO 5

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ENTREVISTA

tos que por ali reencarnaram e que tiveram, assim como em outras regiões brasileiras, participação em vidas pregressas em in-quisições, guerras e extermínios de aldeias, ataques corsários a navios, enfi m, espíritos que no passado optaram pelo ato de atear fogo a corpos humanos. Herminio Miran-da, na obra Os cátaros e a heresia católica, expõe com riqueza o extermínio dos cátaros na região francesa de Toulouse, no Langue-doc, pelo grupo liderado por Domingos de Gusmão, fundador da ordem dos pregado-res, dando início às inquisições europeias. Com a morte do fundador, a ordem passou a ser denominada ordem dominicana e foi a maior responsável na história pelo ato de se atear fogo a corpos humanos. Acontece que entre ação e reação, Uberaba acaba por ser o primeiro núcleo a receber membros desta ordem no Brasil, os quais procediam coincidentemente de Toulouse. Na Revista Espírita de novembro de 1861, Allan Kar-dec, após o episódio do Auto de Fé de Bar-celona, faz publicar uma comunicação de São Domingos. Estas tantas ‘coincidências’ nos fi zeram partir em busca de métodos de análise. Foi então que fi z contato com Her-minio Miranda, solicitando sua orientação sobre o que ele já vinha chamando em al-gumas de suas obras por simetrias históricas.

Como vocês desenvolveram esse método de análise histórica?Nadia: Das conversas via e-mails com o ‘velho escriba’, como Herminio se autode-nomina, nasceu uma grande simpatia. Sur-giram desdobramentos na pesquisa e pude compreender, por exemplo, que junto a Allan Kardec, na França, estiveram encar-nados os mesmos espíritos que outrora in-tegravam o grupo cátaro. O conhecimento intuitivo na pesquisa histórica, auxiliado pela abertura que o espiritismo nos possi-bilita, permite uma nova fi losofi a da his-tória. Ela está repleta de personagens num ir e vir cíclico e espiral, passíveis de colher as reações de suas próprias ações escolhidas pelo seu livre-arbítrio. Acontecimentos de Uberaba não são apenas coincidentes com a história: são simétricos. A lei de ação e reação pode ser passível de análise à medida que juntamos os fatos históricos.

Que análise poderíamos fazer so-bre a mudança de Chico Xavier de Pedro Leopoldo para Uberaba?

Nadia: É muito interessante. Em 1959, Chico deu início a um trabalho de socorro a vítimas de queimaduras, recebendo do espírito Scheilla o amparo necessário. Dois anos antes, em 1957, dona Aparecida co-meçava a socorrer os doentes do fogo sel-vagem. Juntos, oram. E, à vista de todos, a água muda de cor nas banheiras e tinas em que se encontram os doentes. A espi-ritualidade participa do processo de cura. Nas reuniões semanais de desobsessão, a que chamamos de terapêutica desobsessi-va, comunicam-se espíritos partícipes de inquisições, vítimas queimadas suposta-mente como heréticos ou por corsários nos navios carregados de ouro e prata que par-

tiam do novo mundo, das Américas rumo à Europa. Cada caso traz sua história e, conforme os espíritos vão sendo esclareci-dos, visivelmente ocorrem melhoras que se desdobram em alta médica aos pacientes.

Podemos considerar que o conheci-mento histórico e a evolução espiritu-al da humanidade caminham juntos?Nadia: Ainda no corpo da tese, tivemos oportunidade de expor que o espiritismo é farto em afi rmar que há uma fi losofi a da história não linear como nos mostra a fi lo-sofi a da história do judaísmo ou do cato-licismo conservador por exemplo. As idas e vindas do espírito entre uma reencarna-ção e outra ocorrem no tempo, portanto,

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na história. A fi losofi a da história implica buscar um sentido para a história. O senti-do espírita aponta para ciclos espirais evo-lutivos e involutivos, no sentido externo e interno, sendo o involutivo não no sentido de retroagir, mas do conhece-te a ti mes-mo, do esforço para a reforma íntima. Por exemplo, quando Emmanuel em Há dois mil anos... narra suas vidas passadas, expõe seus erros, suas atitudes que geraram do-lorosas consequências a outrem, para em seguida, na obra Cinquenta anos depois, já adiantar-se em expor que suas ações preté-ritas causaram reações, as quais sem pejo, ele prossegue narrando. Este exercício da escrita narrativa produz um depoimento íntimo capaz de expor sua própria intros-pecção, identifi cada como involução. Isso também é sugerido ao leitor, encorajando e reeducando a cada um.

Você considera importante regis-trar ou transcrever algumas co-municações mediúnicas para que possam um dia vir a servir como pesquisa?Nadia: Em 2008, a Universidade Federal de Santa Catarina sediou o I Congresso Brasi-leiro de Saúde Mental, promovido pela As-sociação Brasileira de Saúde Mental, onde me inscrevi para apresentar a tese da lou-cura sob o prisma da obsessão, de Adolpho Bezerra de Menezes. Ninguém até então pensara em apresentar Bezerra como um médico pesquisador, cuja obra A loucura sob novo prisma, fora escrita com metodologia de pesquisa e defendida como tese frente a seus pares, médicos brasileiros e europeus. Herminio Miranda, nos quatro volumes de Histórias que os espíritos contaram [Correio Fraterno], transcreve comunicações medi-únicas de cunho histórico, ricas em infor-mações geográfi cas, antropológicas, assim como as obras psicografadas por Marilusa Moreira Vasconcellos, ditadas pelo espírito Tomás Antonio Gonzaga [Radhu]. Quem lê a série histórica de Emmanuel, muitas ve-zes nem percebe os detalhes que faz questão de registrar. São informações dadas pelos próprios partícipes do fato histórico. Isto tudo trará num futuro bem próximo uma reviravolta na historiografi a brasileira, em se considerando o espiritismo como segmento cultural, especialmente porque surgirá a ne-cessidade de se rever o conceito de testemu-nho do fato histórico.

As idas e vindas do

espírito entre uma reencar-nação e outra ocorrem no tempo na história

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MARÇO - ABRIL 2011 CORREIO FRATERNO 7

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

Há pouco tempo conheci dona Silvia Palhano Braga. Se você assisti à TV vai saber já quem ela é: sogra do mé-

dico e escritor Dráuzio Varella, mãe da atriz Regina Braga (a Cecília da novela Ti Ti Ti) e avó do artista Gabriel Braga Nunes (o Léo a novela Insensato Coração), na TV Globo.

Agradabilíssima e discreta, em seus quase noventa anos, tem consciência de que algu-mas passagens de nossas vidas são histórias que não devem pertencer só a nós. E me fez sentir o prazer de descobrir que as melhores memórias são aquelas que chegam sem avisar, nas entrelinhas de um bom dedo de prosa.

Quando meu pai nasceu, meu avô já era espírita

Nasci em Manaus, em 1922, mas de lá saí com menos de um ano de idade, deixando para trás familiares, como meus avós. Quando meu pai nasceu, eles já eram espíritas. Foi um dos pioneiros do espiritis-mo no Brasil.

Eu vim a saber sobre esse fato muito tempo depois. Talvez porque não se falas-sem abertamente do espiritismo. Ou por-que não faziam questão mesmo. Valiam o que eram, como viviam, fazendo a caridade sem levantar bandeira nenhuma.

BAÚ DE MEMÓRIAS

Antigamente Parintins [AM] era uma selva e vovô [Raymundo de Carvalho Pa-lhano] era pessoa de posses, culta, e exercia certa infl uência, em pleno auge do Ciclo da borracha. Além de ser boníssimo, era o único farmacêutico numa cidade em que não havia médicos. O curioso é que ele estudou com [o médium] Bezerra de Me-nezes na faculdade de medicina no Rio de Janeiro. Mas não chegaram a ser colegas próximos. Esse fato era contado por uma tia que mantinha guardada uma mensa-gem ditada por Bezerra, em que ele fazia referência sobre isso.

Ele nasceu em 1868 e desencarnou com 80 anos. Era admirador da natureza e estudioso, essa era a base dos medicamen-tos com que trabalhava na farmácia. Certa vez chegou a trocar correspondência com Charles Richet. O pesquisador francês es-teve no Brasil e, quando visitou Manaus, saiu um artigo de sua autoria publicado no jornal, com o qual meu avô se impres-sionou, mas negativamente, porque ao mesmo tempo em que Richet era conhe-cido como estudioso que aceitava as ideias espiritualistas, alguma coisa contraditória ou incompleta ele disse. Meu avô não teve dúvidas, escreveu para o pesquisador e a

partir daí passaram a se corresponder.

A visita e Chico Xavier à nossa casaMudei-me inúmeras vezes pelo Brasil até

chegar na cidade de Lavras, MG, onde fui estudar em colégio presbiteriano. Eu já era jovem e adorava cantar no coral. Mas por força das infl uências, eu não gostava de nada que fi zesse referêcia ao espiritismo. Meu pen-samento era: “nós é que estamos com Jesus.”

Certa vez [o médium] Chico Xavier foi fazer uma visita a Lavras. Não sei qual o motivo, mas Chico foi à nossa igreja. Sa-bendo de sua presença, o pastor fez um sermão e à certa altura disse que desafi ava

quem conseguisse falar com os espíritos, provocando o médium, que já começava a fi car conhecido. Chico saiu sem falar nada.

Chico também esteve em nossa casa. Minha família tinha uma relação de amizade com Rômulo Joviano [chefe do médium na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo-MG].

Acertado com meu pai [José Martins Palhano], minha mãe comentou comigo que naquele dia fariam uma reunião, com um moço muito bom de Pedro Leopoldo. Era o ano de 1942. Fiquei na expectativa.Vi aquele moço entrando em casa. Ele era mesmo feio e muito tímido.

E eu, com desdém, me sentia profunda-mente importante. Não falei com ele. Segui para o meu quarto. Quando começaram a reunião, fui atacada por um surto de risadas, que fez com que minha mãe logo viesse, a pe-dido do Chico, me pedir silêncio, porque eu estava atrapalhando a reunião. Na minha ig-norância, me dei por vencida, toda orgulhosa.

Na verdade, desde cedo eu já sentia a interferência da mediunidade. Desde pe-quena tinha sonhos e me via saindo da cama, atravessando a parede, coisas assim. Mas a vida foi me levando a entender mui-ta coisa. Anos depois, já morando em São Paulo, fui levada para orientação até o seu Spártaco [Guilardi Spártaco] e comecei a frequentar o Grupo Espírita Batuíra, de onde não saí mais. Já faz 42 anos.

A vida não é sempre como a gente quer. E é nessas horas que o espiritismo faz a diferença.

Charles Richet, a visita de Chico Xavier e muitas memórias

Por IZABEL VITUSSO

Charles Richet não se declarava espírita, mas um estudioso dos fenômenos metapsíquicos

Silvia Palhano Braga: “Vovô passou a trocar cartas com Charles Richet”

Raymundo de Carvalho Palhano – contemporâneo de Bezerra de Menezes na faculdade, um dos pioneiros na história do espiritismo no Amazonas

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8 CORREIO FRATERNO

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PRISÃOPRISÃOEntre o preconceito

e a indiferença

ESPECIAL

Por ELIANA HADDAD

A revista Veja São Paulo (edição 23 fev. 2011) destacou como capa matéria palpitante, cujo assunto

requer a atenção da sociedade – o duro ca-minho da recuperação dos menores infra-tores. Presos pelos mais variados motivos, dos atos mais corriqueiros aos mais impres-sionantes, além de impactos noticiosos na sociedade, provocam inúmeras indagações: Como saber o que vai no coração de cada um? O que levam pessoas agirem de formas tão diferentes? O fato é que, disfarçada, fi ca evidente a incômoda insegurança com rela-ção a esses momentos de desequilíbrio dos comportamentos humanos. E ninguém se atreve a atirar a primeira pedra, muito me-nos a dizer “desta água não beberei”, por-que não pode afi rmar-se totalmente livre de fazer aquilo que condena nos outros.

Socialmente, a questão é séria e mul-tidisciplinar. Cumprida a pena, o infrator estaria quite com a sociedade. Mas não é assim que acontece. Poucos conseguem desfrutar efetivamente das mesmas opor-tunidades de quem nunca passou pela detenção. É difícil recomeçar. Exemplos? Ninguém quer morar com um presídio por perto. O próprio imóvel desvaloriza--se. Você daria, sem restrições, trabalho ou abrigo para um ex-detento ou concordaria que seus fi lhos convivessem com um deles?

Não se pretende aqui de forma ingênua retirar-se a gravidade dos crimes, nem des-prezar os problemas sociais causados pela delinquência. Temos medo, sim. E, se já é difícil perdoar, mais difícil ainda é exercer o perdão com relação ao ‘inimigo’. Natural.

“Esse sentimento resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fl uidos”, explica O evangelho segundo o espiritismo, no capítulo “Amai os vossos inimigos”, evidenciando inclusive o ‘equívoco’ sobre o sentido da palavra amor nessas circunstân-cias, ao esclarecer que Jesus não quis dizer que se deve ter pelo inimigo a ternura que se tem para com o amigo, pois a ternura supõe confi ança.

de uma liberdade sem limites, porque esse não conhece entraves. Pode-se impedir sua manifestação, mas não aniquilá-lo”, explica o espiritismo. Por isso somente a Deus, pela perfeição, caberia o direito de julgar. A jus-tiça divina não é externa, mas se dá no foro íntimo de cada criatura, na própria consci-ência, onde está escrita a lei eterna e imutá-vel do amor, não por vingança ou castigo, mas pela perfeição do Criador na criatura, que deixa sua marca como autor, a marca do Bem na obra. Na convivência com detentos (ver texto ao lado), percebe-se a extensão da explicação dos espíritos sobre a justiça, na lei humana. Misturam paixões aos julgamen-tos, aos sentimentos, ao considerarem os fatos sob um falso ponto de vista. Certa vez, diante da pergunta “quem é o criminoso?”, respondeu Emmanuel sabiamente a Chico Xavier: “Qualquer um de nós que foi desco-berto”, referindo-se claramente à nossa fra-gilidade como seres que ainda se enganam, crendo-se inatingíveis por qualquer pedra em nossos telhados de vidro.

Não está aqui, mais uma vez, em ques-tão o que leva as pessoas a terem compor-tamentos destrutíveis para com a socieda-de. Muito menos conivência com o mal, valendo recordar, aliás, exemplos ampla-mente divulgados pela mídia de pessoas que perdoaram algozes, assassinos de seus próprios fi lhos, libertando-se do ódio, do sentimento de vingança, o que mostra que a prática do amor não é uma utopia. O po-tencial do perdão está em todos nós. “Sois luzes, podeis fazer o que eu faço e muito mais”, alertou Jesus.

O criminoso é

qualquer um de nós que

foi descoberto(Emmanuel)

A visão espiritual Ninguém sabe o que se passa na in-

timidade de cada ser, com suas milenares experiências. Por isso fi ca impossível saber o que leva o outro a praticar certas ações. “É pelo pensamento que o homem goza

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Fui preso no mesmo dia em que compareci à delegacia para prestar

esclarecimentos. Claro que tive grande receio sobre o que aconteceria atrás das grades, já que ouvimos e lemos muita coisa a respei-to. Mas a grande surpresa foi perceber que são apenas pessoas que escolheram um caminho de vida diferente.

Percebi que a grande maioria usava uma máscara para não deixar demonstrar a fraqueza por estar ali afas-tado da família e por não conseguir mudar de vida. Quando as conversas fica-vam mais frequentes e os detentos conseguiam se abrir, era essa fraqueza que aparecia de forma intensa.

Por que chegam a esse ponto? Como acontece com qualquer um de nós, somos levados a fazer diversas escolhas ao longo da vida. Para grande parte deles, as escolhas não eram muito saudáveis, e acabaram entrando neste mun-do de crimes. Sair dele se tornava uma tarefa muito difícil, assim como é difícil para nós mudar atitudes às quais nos acostumamos. Existiam, porém, muitos adolescentes que estavam ali apenas por não terem encontrado no lar uma educação moral firme; claro que a falta de educação não justifica a escolha que eles tomaram, mas existe a responsa-bilidade dos pais.

Os criminosos não são pessoas más, mas pessoas que agem de maneira ruim em determinadas situações, como o momento de um crime. Fora disso, são pessoas boas com suas famílias, com seus amigos, amam seus pais, suas esposas, seus filhos. Sentem muita falta da convivência com eles!

Quando você olha a pessoa tendo certeza de que todos somos criaturas que batalham pelo crescimento espiritu-al, consegue-se criar uma relação isenta de preconceito, e penso que só consegui isso em função do conhecimento

Quando estive presoPor CRISTIAN FERNANDES

do espiritismo. E era divertido compartilhar com eles este conhecimento, porque muitos ainda acreditam em céu e inferno e têm medo dos espíritos. Criei com a ajuda de pes-soas de fora uma biblioteca espírita circulante, e as histórias que surgiam por causa dos livros eram sempre emocionan-tes, para eles e para mim.

Foram grandes lições. A primeira foi a da paciência, porque eu não sou muito paciente; fiquei preso injusta-mente por quatro meses, e consegui compreender o que os espíritos falam sobre a fé sincera ser sempre calma e dar a “paciência que sabe esperar”. A segunda lição foi o enten-dimento de que, por mais distantes que possamos parecer de determinados grupos de pessoas, um objetivo maior nos une: a necessidade de melhor compreender e praticar as leis de Deus.

Estive preso com muitas pessoas que representam gran-de perigo do lado de fora das grades, é verdade, mas durante os meses em que lá estive, fui muito bem tratado por eles.

Cristian Fernandes é editor de livros da editora Correio Fraterno e palestran-te espírita. Foi acusado e detido indevidamente em 2008, em São Paulo. Sua história foi contada na revista Universo Espírita, edição 59, cuja reporta-gem pode ser lida no site do Correio Fraterno (www.correiofraterno.com.br).

Cristian Fernandes: Percebi que a grande maioria dos presos usava máscara para não demonstrar a fraqueza por estar afastado da família e por não conseguir mudar de vida

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10 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2011

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QUEM PERGUNTA QUER SABER

Existem anjos?Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

No decorrer da história da huma-nidade, a espiritualidade esteve misturada a fábulas, mitos e ideias

obscuras. A doutrina espírita, ao analisar todo esse misticismo, oferece uma expli-cação racional e coerente com os dados da ciência. Pensando assim, há quem conclua que os anjos não existam. Não é verdade.

Afi rma Allan Kardec, em O livro dos espíritos: “O espiritismo não é obra de um homem. Ele é tão antigo quanto a criação. Encontramo-lo por toda parte, em todas as religiões, principalmente na religião católica, com mais autoridade do que em todas as outras, porque nela se encontram os princípios de todas as manifestações: os Espíritos de todos os graus, suas relações ocultas ou patentes com os homens, os anjos guardiães, a reencarnação, a emancipação da alma, a

dupla vista, as visões, as manifestações de todo gênero, as aparições tangíveis”.

Foi Tomás de Aquino, fi lósofo da

Idade Média, que defendeu se-rem os anjos criados por Deus como seres incorpóreos e os ho-mens, almas sempre ligadas ao corpo físico. Os anjos seriam, as-sim, naturalmente sábios e bons, enquanto os homens estariam sujeitos ao pecado.

Kardec estudou todos esses dogmas no livro O céu e o in-ferno, onde há inclusive um ca-pítulo sobre anjos e outro sobre demônios. A explicação é bem

simples: todos são espíritos, não existem seres à parte na criação. Os anjos são espí-ritos mais adiantados, que já viveram no

Na aula de educação espírita as crianças conversam e Ana co-

menta:– Ontem eu ouvi minha mãe falando com a tia Filó que a Bruna tem cinco anos e tem um amigo invisível.– O que é um amigo invisível? – per-gunta Pedro.– É um amigo que ninguém pode ver – reponde Laurinha.– Mas se ela não pode ver, como é amiga dele? – Pedro volta a questio-nar.Laurinha pensa, pensa e responde – Sei lá.As crianças continuam conversando e achando que amigo invisível não exis-te porque não dá para ninguém ver, quando a professora entra na sala.– Bom dia, pessoal!– Bom dia! – respondem os alunos.

Os alunos inquietos começam a mur-murar:– Vai, pergunta pra ela – disse Ana.– Pergunta você, foi você quem ouviu – comenta Pedro.Laurinha toma a iniciativa e pergunta:– Professora, é verdade que a Bruna tem um amigo invisível?E a professora responde:– De onde você tirou isso, Laurinha?– Foi a Aninha que ouviu a mãe dela falar.– Então está bem. Vocês já ouviram falar em amigo invisível?– Nããããoo! – respondem em coro.– Vocês acreditam em espíritos, não acreditam?– Acreditamos – respondem.– Pois então, o amigo invisível é um espírito.– Huuum, quer dizer que todo mun-

do tem um amigo invisível?– Pode ser, mas nem sempre nos co-municamos com ele. Algumas pesso-as conseguem se comunicar com eles e como nem todos somos capazes de ver os espíritos desencarnados, cha-mamos de amigos invisíveis – explica a professora.– Ah, agora entendi – responde Lau-rinha.– E como sabemos onde ele está se não conseguimos vê-lo? – indaga Pedro.– Como... – a professora é interrom-pida por Laurinha.– Ué, nós não o vemos, mas não so-mos surdos! O espírito já chega gri-tando em nosso ouvido: “OLÁÁÁ CHEGUEEEII!” Assim saberemos onde ele está... Achei isso muito fácil. – TEM ALGUM AMIGO INVISÍVEL AQUI? – grita.

COISAS DE LAURINHA

O AMIGO INVISÍVELPor TATIANA BENITES

No espiritismo, acredita-se em anjos? Quem são e o que fazem? Eles podem estar na Terra?

Pergunta de Jussara Gimenez – Foz do Iguaçu, PR

passado como homens e evoluíram vida após vida, agora auxiliando a humanida-de em sua evolução.

Há os que têm a missão de nos ajudar particularmente. São os anjos da guarda. Todos temos um espírito protetor ligado a nós, em pensamento, não importa a dis-tância (estão em outros mundos, não pre-cisam fi car ao nosso lado literalmente) nos aconselhando, ajudando e nos tirando das enrascadas quando permitido ou necessá-rio. Ninguém está sozinho. Pertencentes a uma ordem elevada, eles ouvem nossas preces e nos ajudam sempre, mesmo que não percebamos. Sabendo disso, além de pedir ajuda, é uma boa ideia agradecer a eles por tudo que têm feito por nós.

Administrador de empresas, autor do livro Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos. Ed. La-châtre. E-mail: [email protected]

Pergunta de Jussara Gimenez – Foz do Iguaçu, PR

olááááá,chegueiiiiii!

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CRÔNICA

O humorista estadunidense Louis CK ganhou fama na internet graças à sua parti-

cipação no programa de entrevistas Late night with Conan O’Brien, onde cunhou uma frase que refl ete bem os tempos atuais, quando a tecnolo-gia faz de tudo para melhorar nosso mundo e, curiosamente, ninguém está satisfeito. “Tudo está incrível e ninguém está feliz”, disse Louis. E passa a comparar o mundo da for-ma como era “antes” com o “agora”.

Ele relembra o telefone com dis-co que, para ser usado, era preciso girar com o dedo todos os numerais o telefone a ser chama-do.. E como era demo-rado, principalmente quando o número zero aparecia, já que ele fi -cava no fi nal do disco e tínhamos que esperar

que ele girasse por completo. Mui-tas vezes, antes mesmo de comple-tar a ligação, a operadora já emitia um sinal de ocupado. Sim, existia um sinal de ocupado. E se você tem menos que vinte anos, talvez nunca tenha ouvido um sinal de ocupado e, nem mesmo, um telefone com disco. Mas é dele que vem a expres-são “internet discada”. Provavel-mente se, de fato precisássemos dis-car para conectar a internet, a coisa seria muito mais complicada já que hoje entramos em desespero quando o celular sai de área ou quando a internet não conecta. E, se ela demorar mais que cinco segundos para abrir um programa, haja vocabulário chulo e gestos de im-paciência diante des-te ‘absurdo’!

Na entrevista, Louis fala do avião

e é curioso como compartilhamos a mesma opinião. Eu demorei a ‘voar’. Antes, avião era coisa de rico. Hoje, além de promoções que fazem com que passagens aéreas custem menos do que as de ônibus, temos o parcelamento. Assim, minha fi lha de 14 anos já fez seu primeiro voo. Ainda bem que ela adorou. Não é maravilhoso cruzar os ares num apa-relho seguro e moderno, encurtando distâncias, sentado numa poltrona sem precisar dirigir ou se preocupar com o trânsito? Não é lindo ver um pouco do mundo lá de cima? Quan-do voltei de Roma, quis um lugar na janela e me diziam que não adianta-va, pois nada se via. Eu insisti e vi, por exemplo, uma parte do deserto do Saara. E vi o oceano enquanto as nuvens deixaram. Ao entrar no espa-ço aéreo brasileiro, me diverti tentan-do adivinhar os locais por onde es-tava passando e, com uma ajuda do mapa exibido a bordo, cheguei mes-mo a identifi car lugares como a baía de todos os santos, em Salvador. No pouso (ou na decolagem), me divirto identifi cando os pontos conhecidos. Para quem decola do aeroporto San-tos Dumont, no Rio de Janeiro, por exemplo, passar por cima e pertinho do Pão de Açúcar é um momento de tirar o fôlego. Mas há os que prefe-rem reclamar do lugar apertado, do lanche servido e do movimento ex-cessivo de pessoas nos aeroportos...

O humorista classifi ca estas pessoas como “idiotas mimados”. Educadamente eu prefi ro chamar de “reclamões mimados”.

A doutrina codifi cada por Allan Kardec educa, reforma, eleva, redi-me, restabelecendo, pouco a pouco, o domínio da ideia cristã na vida do homem, ensinando-o a compreen-der a razão da existência terrena, a necessidade retifi cadora da dor e a justiça divina no processo da reen-carnação. O espiritismo é, assim, um roteiro de autoeducação, pois visa tornar cada um de nós melhor, porém respeitando a personalidade humana, porque reconhece nosso livre-arbítrio.

Se a doutrina nada impõe, nada exige, nada reclama, é justamente porque não nos compete criticar, reclamar ou julgar – já que cada um é o próprio juiz de suas ações –, e para que estejamos convencidos de que a segurança e o êxito de quais-quer receitas de progresso e elevação solicitam de nós a justa fi delidade ao programa que a vida estabelece em toda parte, a favor de nós to-dos: reclamar menos e servir mais. Ou seja, agradecer a Deus por estar voando, em vez de reclamar que a poltrona não reclina o bastante...

George De Marco é publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade espírita. E-mail: [email protected]

Tudo está incrível e ninguém está

felizPor GEORGE DE MARCO

Tels.: (14) 3227-0618 / 3366-3232E-mail: [email protected]

www.ceac.org.br

Todos morreremos. Mas há provas de que a vida continua.Este livro é um arquivo de casos reais.As mil faces da realidade espiritual - RelançamentoHermínio Miranda336 páginas 14 x 21 cmR$ 38,00

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12 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2011

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Simpósio Envelhecimento e EspiritualidadeA Associação Médico-Espírita de Sorocaba rea-

liza no dia 17 de abril o I Simpósio Envelhe-cimento e Espiritualidade – Por que e para que envelhecemos, a partir das 14h30, na Sociedade Espírita e Filantrópica Irmã Fran-

cisca, à rua Tamandaré, 116, Sorocaba, SP. Informações e inscrição: [email protected]

9º Encontro Clube Amigos da Boa Nova Um encontro entre comunicadores, ouvintes e

colaboradores da Rádio Boa Nova. Dia 10 de abril, das 9h00 às 18h. Local: Rua João Ca-valari, km 225 da Via Dutra. Informações: Fone (11) 2456-7109.

http://www.radioboanova.com.br

COMJESP - Encontro de Jovens em Guarulhos Confraternização das Mocidades e Juventudes

Espíritas do Estado de São Paulo. De 21 a 24 de abril. Realização USE-SP, organização: Departamento de Mocidade. Tema: O essen-cial é invisível aos olhos. Local: Universidade

de Guarulhos, Centro. Site: www.usesp.org.br/comjesp.

2ª Semana de Arte Espírita de Vitória da Con-quista

De 19 a 23 de abril, no Centro de Convenções Filó Prates. Bahia. Música, dança, ofi cinas,

exposição de artes plásticas, palestras e semi-nário. Realização: União Espírita de Vitória da Conquista. Informações: Fone (77) 3424-

6323 8101-0495. Site: www.uevc.com.br/portal/

Encontro de pesquisadoresTermina dia 15 de junho o prazo para envio

de trabalhos para participação no 7º Encontro da Liga dos Pesquisadores do Espiritismo, a ser realizado em São Paulo, dias 20 e 21 de agos-to. Tem foco no debate, publicação e divulga-

ção de pesquisas científi cas com temática espírita. Informa-ções e inscrições: E-mail: [email protected].

7º Encontro Espírita BolivianoA Federação Espírita Boliviana realizará, 22 a 24

de abril o 7º Encontro Espírita Boliviano, co-memorando os 150 anos do lançamento de O livro dos médiuns. Local Viña Del Sul, ci-dade de Tarija. Informações: www.febol.org.

Tema: Mediunidade com Jesus: Luz inapagável. Confe-rências com Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira.

SOLUÇÕES

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fi que atualizado com o que acontece no meio espírita. Participe.

www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

A Associação Médico-Espírita de Sorocaba rea-liza no dia 17 de abril o I Simpósio Envelhe-ABR

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Um encontro entre comunicadores, ouvintes e colaboradores da Rádio Boa Nova. Dia 10 de ABR

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Confraternização das Mocidades e Juventudes Espíritas do Estado de São Paulo. De 21 a 24 ABR

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De 19 a 23 de abril, no Centro de Convenções Filó Prates. Bahia. Música, dança, ofi cinas, ABR

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de trabalhos para participação no 7º Encontro JUN

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A Federação Espírita Boliviana realizará, 22 a 24 de abril o 7º Encontro Espírita Boliviano, co-ABR

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ENIGMAAllan Kardec

desencarnou no dia 31 de março de 1869

vitimado por um aneurisma. Depois de quanto tempo ele se

manifestou através de médiuns?

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIOElaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Resposta do Enigma:

No dia seguinte, 1º. de abril de 1869. (Fonte: artigo publicado pelo Jornal Paris e republicado na edição de maio de 1869 da

Revista Espírita)Saiba mais www.

correiofraterno.com.br

www.laremmanuel.org.br

Encontre no diagrama abaixo as palavras em destaque

Jantar dançante benefi cente Dia 13 de maio, às 20 horas

Local: Restaurante São Judas Tadeu – na rota tradicional do “Frango com polenta”. Av. Maria Servidei Demarchi, 1749 – São Bernardo do Campo-SP. Você se diverte e ainda colabora! Informações e convite: (11) 4109-8938. site: www.laremmanuel.org.br

Dia 13 de maio, às 20 horasLocal: Restaurante São Judas Tadeu – na rota tradicional do “Frango com MAI

13

50anos

Antes de se recolherem a seus APOSENTOS pessoais, as quatro DEUSAS da BABILÔNIA encontrando suas SERVAS preparadas para fazer-lhes a toalete da NOITE, despediram-nas com um SINAL. Estavam ansiosas para fi car a sós e trocar CONFIDÊNCIAS.Saluí chama as companheiras para um canto do SALÃO, reservado para as visitas do rei, recinto que dava CAMINHO aos quatro quartos de REPOUSO das deusas. Esse salão fora DECORADO segundo a idealização do próprio rei, mas continha o toque PESSOAL das jo-vens, que o aprimoraram bastante. Fonte: As quatro Deusas da Babilônia de Maria Augusta F. Puhlmann. Editora Correio Fraterno, 2011.

S R T I N B V F O P E T I O N A V B N J

A S I O R Y T R V B N M J H K P L R C E

E R T B N E O I U S A Z X C Q U E P M J

O F C A E O P I T H N J L G V P C S A D

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O L A I O U S O Ô T A S I U H O A U P U

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MARÇO - ABRIL 2011 CORREIO FRATERNO 13

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ANÁLISE

Livros sobre o segredo da lei de atração, sobre como obter su-cesso, dinheiro e amor na vida

por meio da aplicação de ‘mantras’ e exercícios, não faltam nas livrarias. Eles são baseados numa tese correta quanto ao pressuposto, mas equivo-cada nas suas conclusões.

O pressuposto é a capacidade do pensamento focado de potencia-lizar-se, gerando uma atmosfera em

torno do indivíduo, segundo a sua qualidade e intensidade, criando condições para a realização de certos objetivos. De fato, a ação do pen-samento é real, sua força é efetiva, como não deixam dúvida trechos diversos da codificação, como este, A gênese, capítulo 2, onde lemos: “quem o transmite, fica, de certo modo, impregnado do pensamen-to transmitido. Na impossibilidade em que nos achamos de o isolar, pa-rece-nos que ele, o pensamento, faz coro com o fluido, que com este se confunde, como sucede com o som e o ar, de maneira que podemos, a bem dizer, materializá-lo”.

A conclusão de que poderemos materializar no presente todos os nossos desejos, aprendendo a usar a força do pensamento, todavia, é incorreta.

Isso porque o objetivo de cada encarnação é a evolução, evolução pede aprendizado e aprendizado pede condições próprias para sua realização, as quais normalmente se apresentam na forma de desafios.

Desafios assumem inumeráveis configurações. Em geral, é aquela situação que se repete em nossas

vidas, que nos irrita e nos ‘tira do sério’, pois nos sentimos incompe-tentes e inadequados diante dela. Talvez seja um problema que sem-pre surge na vida sentimental, ou na família, ou na profissão, enfim, o que quer que identifiquemos como uma grande dificuldade e que não desaparecerá, nem mesmo com al-tas doses de pensamento positivo e frases autossugestivas. Ele só desa-parecerá quando aprendermos a li-ção necessária, quando superarmos a nossa ‘deficiência’ emocional ou moral e incorporarmos o respectivo aprendizado à nossa forma de ser.

É claro que os bons pensamen-tos sempre poderão nos ajudar a enfrentar estas situações, mas não terão o efeito milagroso de nos subtrair às vivências indispensáveis ao desenvolvimento espiritual que aqui estamos buscando.

O que viemos fazer na Terra?

Toda encarnação tem um ob-jetivo espiritual relacionado ao progresso intelecto-moral. Este objetivo costuma envolver o auto-conhecimento, a melhoria nas ati-tudes, a reconciliação com seres que participaram do nosso passado. Não se trata da ‘pena de talião’, de quitar dívidas, como algumas visões sim-plistas levam a supor. Trata-se, an-tes, de aproveitar as oportunidades que temos, perante nós mesmos, de aprimorar nossa forma de encarar a vida e nossas reações perante os fa-tos, de reconhecer a ação das leis di-vinas e de nos conformarmos a elas. Trata-se de ampliar a visão, abando-nando o egoísmo e o orgulho para abraçar a fraternidade e humildade, a fim de que passem a ser nossas diretrizes em cada situação. Esse aprendizado pode levar décadas, muitos de nós talvez já tenhamos atravessado existências inteiras nas quais demos pouquíssimos passos

efetivos em sua direção.O desvio de atenção para as so-

luções fáceis e exteriores, como as receitas apresentadas nas diversas li-teraturas que mencionamos acima, não nos ajudarão a encontrar o ca-minho da automelhoria. Elas trans-mitem uma ideia falsa de poder, de barganha com a lei espiritual: se eu pensar de tal forma, se repetir tais palavras, tantas vezes por dia, o que eu quero acontecerá.

Ultimamente, essas obras en-contraram respaldo em depoimen-tos de cientistas e filmes, dentre os quais se destaca Quem somos nós?, os quais se propõem a explicar ‘cien-tificamente’ a ação do pensamento sobre a realidade considerada con-creta.

Em geral, uma das falhas desses filmes e depoimentos é descon-siderar a lei da reencarnação e da necessidade da evolução espiritual, de que tratamos aqui. Outra falha é extrapolar o limite das conclusões plausíveis perante os avanços da te-oria quântica, afirmando que uma eventual influência do pensamento em escala subatômica possa mudar toda a realidade a partir do que pensamos, proporcionando amor, prosperidade e saúde, bens mate-riais e sucesso profissional. Nada de científico pode ser confirmado a esse respeito.

A fonte segura da codificação es-pírita, por outro lado, esclarece que é no desenvolvimento de nossas vir-tudes, na ampliação do amor e da capacidade de perdoar, que se en-contra a chave de uma vida melhor para cada criatura, a qual não será passageira, constituindo-se numa efetiva conquista espiritual.

Rita Foelker é co-fundadora do grupo e projeto Filosofia Espírita para Crianças. É mestranda em Filosofia. Escritora com 50 livros publica-dos, entre infantis e adultos, mediúnicos e pró-prios, seu mais recente lançamento é Calunga definitivo. E-mail: [email protected]

É impossível barganhar com a lei

espiritualPor RITA FOELKER

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14 CORREIO FRATERNO MARÇO - ABRIL 2011

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Nunca gostei de falar em público, pois me julgava uma pessoa muito tímida. No ano passado, fazendo o

curso de espiritismo, na Federação Espírita do Estado de São Paulo, descobri que essa era uma limitação imposta pelo meu orgu-lho. A timidez que me acompanhava nada mais era do que uma forte manifestação do alto apreço pela minha própria pessoa. Mas, como um dia as nossas máscaras caem, a descoberta dos meus verdadeiros sentimen-tos acabou provocando a mudança.

Foi como se eu renascesse. Uma expe-riência muito difícil, mas necessária, pois tive de lidar primeiramente com a aceitação da minha soberba para, depois, anulá-la ou amenizá-la. Conforme transcorria o ano letivo, a classe recebia trabalhos para desen-volver. Primeiro, em grupos, fomos intera-

gindo com os colegas; depois, apresentando os relatos para toda a turma. Assim, cada vez mais ia sendo colocada à prova a capaci-dade de lidarmos com a própria exposição, enfrentar a timidez. E como compreender esse tolhimento que me paralisava? Cheguei até a pensar em desistir do curso...

Um dia, ansiosa, falei com uma das ex-positoras da classe. “Sou tímida!”, afirmei, tentando achar um motivo plausível para não ter de discorrer para a classe minhas impressões sobre um capítulo do livro Via-gem espírita de 1862. Meu grupo já havia quase se dissolvido e justo naquela aula restávamos eu e outra colega, tão ou mais tímida que eu. Ao confessar sobre minha timidez queria mesmo era me livrar da ta-refa, que certamente sobraria para mim. A resposta que obtive da expositora foi: “A

FOI ASSIM

O espiritismo me ensinou a superar a timidezPor ROSELA PRESTES

timidez é uma forma de orgulho.”Fiquei chocada. A expositora explicou

que o fato de eu não querer falar em públi-co era uma maneira de evitar que fosse jul-gada, pois nosso orgulho não permitia isso. Ao falarmos para um grupo supomos que em vez de pessoas, ouvintes interessados, temos juízes a nos apontarem os defeitos. Como não queremos mostrar nossas difi-culdades, escondemo-nos atrás da timidez, do isolamento, uma forma errônea de per-ceber os frutos do próprio orgulho.

Depois da explicação, ‘caiu a minha fi-cha’. Decidi que iria enfrentar o desafio e que falaria de qualquer forma, tentando ser mais humilde. À frente do grupo, apresentei então minhas impressões sobre o tal capítu-lo do livro. Tudo transcorreu de forma tran-quila, não era um ‘bicho de sete cabeças’.

VOCÊ SABIA? Por IZABEL VITUSSO

Desde que o senhor Dentu falecera, sua esposa, Mélannie, era quem

tocava os negócios da Livraria Dentu, em Paris. Foi para lá que Allan Kardec se dirigiu com os manuscritos de O livro dos espíritos, quando sentiu que era mo-mento de publicá-lo. Porém ao receber os originais, Edouar, filho do casal e dire-tor da livraria, não manifestou nenhuma vontade para realizar o projeto. Não lhe interessava editar livros sobre espíritos. Mas Rivail disse que desejava apenas um

orçamento tipográfico, pois iria editar a obra por conta e risco. Contrapondo-se ao rumo da conversa, a senhora Mélannie interferiu dizendo que seria uma honra, para eles, dar vida àquela obra.Dias depois, em 18 de abril de 1857, Kardec recebe os 1.200 exemplares de O livro dos espíritos, resultado de uma im-pressão simples, até mesmo com poucos cuidados nos serviços tipográficos. Mas sua importância estava mesmo no con-teúdo, na composição de cada bloco de

letras e ideias que nasciam naquele papel.Publicidades foram feitas pelos jornais da cidade. Como cortesia, Kardec envia um exemplar ao barão Du Potet –estudioso do magnetismo animal, que possivelmen-te divulgaria o livro no jornal dos magne-tistas –; à escritora George Sand, esposa do compositor Chopin, que recebe os cumprimentos de Allan Kardec por fazer referência em seus trabalhos ao homem e sua comunicação com a Espiritualidade; e também às médiuns que o ajudaram

em todo o trabalho que deu origem ao livro. Também o escritor Victor Hugo é contemplado com a obra. Na época, pelo menos vinte poetas e romancistas eram espiritualistas. E para os artistas das letras, o espiritismo, além da beleza da lógica, simbolizava novas cores na paleta de suas criações.

Bibliografia: A literatura espírita, seu estudo e sua divulgação, de José Antônio Castilho, Ed. EME.Saiba mais no nosso site www.correiofraterno.com.br

Aquelas ideias no papel

Olhava para o rosto dos ouvintes e percebia que estavam interessados e atentos. E tam-bém que eu podia errar. Quando terminei, estava muito feliz, pois havia rompido uma barreira à qual me confinara durante anos.

Acredito que seja justamente isso o que o estudo da doutrina espírita proporcio-na – autoconhecimento e discernimento. O maior aprendizado está em acabar com as desculpas que criamos para as nossas próprias mazelas, fator indispensável para vivermos de maneira íntegra e verdadeira. Há a famosa frase do filósofo Sócrates que diz: “Só há um bem, o conhecimento; só há um mal, a ignorância.” E outra, que com-plementa esta, cujo autor é desconhecido, diz assim: “O conhecimento liberta da ig-norância. Todavia, somente a aplicação do que se aprendeu liberta do sofrimento.”

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Alguém dirá que não importa a for-ma de uma instituição espírita, o que conta é a qualidade dos servi-

ços ali prestados nos dois planos da vida. De fato, dentre as funções mais importantes de um centro espírita destacaríamos a promo-ção dos valores cristãos através do exercício da caridade, do socorro aos necessitados, da divulgação da doutrina espírita e da educa-ção mediúnica. Portanto, as instalações físi-cas da instituição e outros cuidados alusivos ao uso inteligente dos recursos fi cariam em segundo plano.

Entretanto, tentarei aqui demonstrar que a preocupação com a sustentabilidade conspira em favor da redução dos custos de manutenção da instituição – algo vital para qualquer organização fi lantrópica ou voluntária – e do exemplo que a casa espíri-ta deve dar num momento em que experi-mentamos uma crise ambiental sem prece-dentes na história da Humanidade.

São muitas as vantagens ao alcance de quem tem a oportunidade de erguer uma nova construção para abrigar um centro es-pírita. Um projeto que contemple a entrada de luz natural reduz drasticamente o uso de energia para luminárias. Num país tropi-cal, onde o sol brilha 280 dias por ano, em média, desperdiçar essa maravilhosa fonte luminosa é jogar dinheiro fora. Todas as lâmpadas devem ser fl uorescentes. Embo-ra mais caro, este equipamento dura mais e consome bem menos energia ao longo de sua vida útil. Deve-se privilegiar a ventila-ção natural, de preferência conhecendo pre-viamente a corrente dos ventos da região. Numa construção sustentável, ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado só preci-sam ser ligados quando há necessidade. Em algumas instituições, as despesas com equi-pamentos de refrigeração são expressivas, e poderiam ser melhor destinadas a outras

Por um centro espírita

sustentávelPor ANDRÉ TRIGUEIRO

frentes de trabalho e assistência. Todos os equipamentos elétricos e eletrônicos even-tualmente adquiridos devem ter, de prefe-rência, o selo Procel marcando a letra “A” de máxima efi ciência energética.

A coleta de água de chuva a partir do telhado, acumulada na laje em uma cister-na, assegura a disponibilidade desse recurso para múltiplos usos. A instituição poderá continuar usando água clorada e potável para beber, cozinhar e tomar banho. Para todos os demais usos – limpeza de pisos e janelas, rega de jardim, vaso sanitário, de-sentupimento de ralos ou bueiros etc – a água da chuva poderá suprir a demanda sem custo fi nanceiro para a instituição. É recomendável aposentar as válvulas e usar as chamadas ”caixas acopladas” nos vasos sanitários, que reduzem tremendamente a demanda por água. Há equipamentos que liberam três litros de água por descarga, o que já assegura o asseio devido sem riscos para a higiene.

Em instituições espíritas que mantém atividades como creches, orfanatos ou asi-los, onde o uso regular de chuveiros elétri-cos onera sensivelmente os custos mensais de manutenção, vale a pena encomendar

um orçamento para a instalação de coleto-res solares. São mais caros do que os chu-veiros elétricos, mas dependendo da escala e do tamanho da conta de luz, a instalação dos coletores poderá ser compensada em dois ou três anos de uso. Depois, é só come-morar o que se deixa de pagar para a con-cessionária de luz e destinar esses preciosos recursos para outros fi ns.

Promover a coleta seletiva é algo sim-ples, fácil, e requer um planejamento pré-vio que identifi que o local adequado onde serão armazenados provisoriamente os re-

cicláveis até a chegada de uma cooperativa ou da própria companhia de limpeza urba-na que levará, enfi m, esses materiais para o lugar certo. A reciclagem promove geração de emprego e renda e, via de regra, redução dos impactos ambientais graças ao reapro-veitamento dos recursos naturais.

Em relação ao copinho plástico da água fl uidifi cada – um resíduo abundante e ao mesmo tempo desinteressante para boa parte dos catadores – recomendamos que cada instituição verifi que a conveniência de promover o uso de canequinhas ou garrafi -nhas trazidas pelos próprios frequentadores ou a compra de copinhos de papel. Há ain-da a opção de procurar no mercado alguém interessado em reciclar o plástico dos copi-nhos tradicionais.

Estimular o transporte solidário (ca-ronas) entre voluntários e frequentadores, disponibilizar um bicicletário, adquirir mó-veis ou peças de madeira com certifi cado de origem para evitar o incentivo ao desma-tamento ilegal da Amazônia são medidas igualmente simples e importantes para que não sejamos agentes da destruição e sim promotores da “vida em abundância”, tal qual nos ensinou o Mestre Jesus.

Tudo o que foi descrito aqui está em ab-soluta sintonia com a lei de Conservação, uma das leis morais apresentadas em O livro dos espíritos. Se o planeta é morada transitória e o nosso corpo é perecível, isso não invalida o compromisso ético que temos em relação ao uso inteligente e sustentável dos recursos que, por empréstimo, nos são oferecidos em favor de nossa evolução. Façamos bom uso deles a partir das rotinas da casa espírita.

André Trigueiro é jornalista, apresentador do Jornal das Dez e editor do programa Cidades & Soluções, na Globonews. www.mundosustentavel.com.br

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Romance mediúnico do consagrado escritor Con-de Rochester, A pulseira de

Cleópatra, editora Correio Frater-no, traz a história de Th ilbor, um poderoso mago que enfrenta as mais diversas emoções, tendo em mente a vingança diante daqueles que o prejudicaram. Ele busca,

LEITURA

Arandi e as descobertas de RochesterNo fi nal da década de 70 uma vizinha me ‘empurrou’ um livro grande, encapado de papel

prateado, me dizendo que eu precisava lê-lo. Rejeitei, por falta de tempo, mas diante da sua insistência, levei por delicadeza. Numa tarde, decidi dar uma olhadinha. A obra era A vingança do judeu. Logo no início da leitura, fui fi cando estranha, emocionada, e comecei a me aborrecer, inexplicavelmente, com isso ou aquilo, que não estaria como deveria estar, com relação à edição, nomes próprios etc. Parei, um instante e me questionei: “Arandi, você enlouqueceu?!”. Como, eu poderia fazer cobranças como aquelas, se não conhecia a obra, nunca ouvira falar nela, ignorando, até mesmo, o nome do seu autor? Procurei, então, e li: “J.W., Conde Rochester”... O impacto foi grande. Declarei, sem me entender: “Eu não sei quem é você, mas sei que te amo!” Sentimentos desconhecidos, saudade sem saber de que e um dilúvio de lágrimas me al-cançaram. Aquele livro era “meu! Muito meu!” Que situação estranha!... Então, uma ideia me ocorreu: desafi ar o autor... Pedi, em alto e bom som: “Venha até mim! Apareça!..” Não precisei evocá-lo duas vezes. Ele se materializou no meio da sala, sorrindo, roupas de nobre inglês, exi-bindo muita alegria. Ficamos, assim, nos olhando. Eu chorando, muito, e ele muito feliz. A partir daí, nunca mais nos afastamos, de fato, um do outro. Outros fenômenos se seguiram e passa-mos a caminhar juntos, todas as noites, durante o meu desdobramento pelo sono. Eu olhava para o meu corpo na cama, adormecido, antes de sair e o seguia. Peregrinamos, muitas vezes, por espaços e esferas, diferentes; conversamos muito e ele me instruiu a respeito de obras que eu deveria estudar. Com o tempo, me disse que escreveríamos livros. Assim foi e assim tem sido.

Conde Rochester envia à Terra um novo romancePor ELIANA HADDAD

Conde Rochester envia à Terra um novo romance

na verdade, a compreensão do amor verdadeiro, num enredo de pura emoção.

“Rochester fascina o leitor e consegue prendê-lo no seu vis-go literário, tornando-o perso-nagem atuante das suas obras, demonstrando que somos, todos, de fato e de direito, personagens desse drama épico que é a vida”, explica a médium Arandi Gomes

Teixeira, cuja história como mé-dium, desde a infância, também envolve cenas emocionantes. Uma delas se refere justamente quando começou a psicografar o Conde Rochester.

(Veja entrevista de Arandi Gomes Teixeira no nosso site www.correio-fraterno.com.br)