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Ano 43 • Nº 440 • Julho - Agosto 2011 O mineiro de Uberlândia, Adjair Fernandes, engatou a marcha do primeiro ônibus livraria espírita há 17 anos e já percorreu mais de 900 cidades do Brasil. Págs. 4 e 5. T erremotos, tsunamis e furacões de um lado. Extermínios, drogadição, inversão de valores de outro. É a vida da Terra com seus mais de 6 bilhões de habitantes. Planeta lindo, feito sob medida para a evolução necessária. Aos 4 bilhões e 600 milhões de anos, vive momentos cruciais. Proporcionalmente, por conversão nas escalas do tempo, caso a Terra fosse uma pessoa com 46 anos de idade, poderia ter assim resumida sua história: até os sete anos, não haveria vida; até os 42 anos, pouco se saberia a respeito; os dinossauros e os grandes répteis teriam aparecido aos 45 anos completos; os ma- míferos teriam surgido há oito meses e, na metade da última semana, alguns macacos iniciam a evolução. Surge o homem moderno, há 4 horas, descobrindo na última hora a agricultura e fixando-se à terra. A revolução industrial emerge no último minuto; nos 60 segundos seguintes, o homem extingue milhares de espécies, forma grandes aglomerados urbanos, contamina ar, água e solo, ameaçando o planeta de forma global. Que morada é essa? Qual a sua destinação? Diz o espiritismo que a Humanidade está madura para lançar o olhar às alturas que nunca tentou divisar, a fim de nutrir-se de ideias mais am- plas e compreender o que antes não compreendia. O texto está em A gênese, obra trazida por uma equipe de espíritos de escol, que aponta os caminhos futuros da Humanidade. O que esta- mos esperando? Leia nas páginas 8 e 9. CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 Livraria itinerante: a ideia que deu certo Leia as edições anteriores A responsabilidade dos comunicadores Segundo o jornalista André Trigueiro, a inovação tec- nológica permite que todos sejamos provedores de conteú- dos nas mais diversas redes que se interligam mundo afora, em questão de segundos. Convém perguntar: que emprego estamos fazendo dessas ferramentas? Leia na pág. 15. Espíritas defendem o estado leigo Rio de Janeiro, século 19. Espíritas se movimentam e vão ao imperador D. Pedro II para tentar revogar a proibição do funcionamento dos Centros. Leia na pág. 7. Acesse: www.correiofraterno.com.br Quando o mundo vai acabar?

Correio Fraterno 440

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 3 • N º 4 4 0 • J u l h o - A g o s t o 2 0 1 1

O mineiro de Uberlândia, Adjair Fernandes, engatou a marcha do primeiro ônibus livraria espírita há 17 anos e já percorreu mais de 900 cidades do Brasil. Págs. 4 e 5.

Terremotos, tsunamis e furacões de um lado. Extermínios, drogadição, inversão de valores de outro. É a vida da Terra com seus mais de 6 bilhões de habitantes. Planeta lindo,

feito sob medida para a evolução necessária. Aos 4 bilhões e 600 milhões de anos, vive momentos cruciais.

Proporcionalmente, por conversão nas escalas do tempo, caso a Terra fosse uma pessoa com 46 anos de idade, poderia ter assim resumida sua história: até os sete anos, não haveria vida; até os 42 anos, pouco se saberia a respeito; os dinossauros e os grandes répteis teriam aparecido aos 45 anos completos; os ma-míferos teriam surgido há oito meses e, na metade da última semana, alguns macacos iniciam a evolução. Surge o homem moderno, há 4 horas, descobrindo na última hora a agricultura e fixando-se à terra. A revolução industrial emerge no último minuto; nos 60 segundos seguintes, o homem extingue milhares de espécies, forma grandes aglomerados urbanos, contamina ar, água e solo, ameaçando o planeta de forma global.

Que morada é essa? Qual a sua destinação? Diz o espiritismo que a Humanidade está madura para lançar o olhar às alturas que nunca tentou divisar, a fim de nutrir-se de ideias mais am-plas e compreender o que antes não compreendia. O texto está em A gênese, obra trazida por uma equipe de espíritos de escol, que aponta os caminhos futuros da Humanidade. O que esta-mos esperando? Leia nas páginas 8 e 9.

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SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN

217

6-21

04

Livraria itinerante: a ideia que deu certo

Leia as edições anteriores

A responsabilidade dos comunicadores

Segundo o jornalista André Trigueiro, a inovação tec-nológica permite que todos sejamos provedores de conteú-dos nas mais diversas redes que se interligam mundo afora, em questão de segundos. Convém perguntar: que emprego estamos fazendo dessas ferramentas? Leia na pág. 15.

Espíritas defendem o estado leigo

Rio de Janeiro, século 19. Espíritas se movimentam e vão ao imperador D. Pedro II para tentar revogar a proibição do funcionamento dos Centros. Leia na pág. 7.

Acesse:www.correiofraterno.com.br

Quando o mundo vai

acabar?

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2 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2011

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EDITORIAL

Vivemos tempos interessantes para nossa evolução espiritual, mas tam-bém é do nosso conhecimento que

o progresso não dá saltos e que a lei divina é regida pela harmonia, onde tudo se enca-deia e nada acontece por acaso.

Os avanços tecnológicos são visíveis sem muito esforço. Juntamente com eles paira, porém, certo incômodo diante de tantas informações acerca do futuro. Ouve-se de tudo, lê-se de tudo, fala-se de tudo. Muitos opinam e poucos conse-guem concluir o que seja realmente verda-de diante de tantas opções que se abrem para o conhecimento humano.

Esta edição é um convite à avaliação sobre o nosso papel como fomentadores e consumidores da informação. Qual o nos-so critério diante dessa facilidade? Seja na entrevista com o sr. Adjair, que percorre o Brasil num ônibus repleto de livros pelo ideal espírita, seja na matéria de capa ou nos artigos oportunos de Heloísa Pires, André Trigueiro e George De Marco, que alertam justamente para a necessidade do uso da ló-gica tão recomendada por Kardec, há mui-to que se pensar.

Ao chegar ao final, você, leitor, vai perce-ber que o momento é serio. Não pelo o que há pela frente a ser desvendado, mas pela

responsabilidade que nos cabe de aprender a discernir para construir um mundo melhor.

Somos espíritos imortais e o caminho a trilhar é que vai falar mais alto. Reflita-mos então sobre a força da palavra – es-crita e falada. É verdade? É útil? É bom? São crivos mesmo indispensáveis antes de tentarmos dizer qualquer coisa. Boa lei-tura a todos!

CORREIO DO CORREIO O bem da divulgaçãoA repercussão da entrevista [“Os desafios da gestão da casa espírita”, edição 439, maio/ju-nho 2011] foi muito positiva. Colegas do in-terior e de outros estados entraram em contato afirmando terem lido e apreciado o conteúdo. Alguns até solicitaram orientações e sugestões sobre a gestão da casa espírita que dirigem. O Correio tem uma penetração bem significativa no movimento espírita. Parabéns pelo trabalho!

Marco Milani, por e-mail

O último texto de Paulo ViolaCaros amigos do Correio Fraterno. Acusamos o recebimento da edição 439, ao mesmo tem-po em que agradecemos a publicação do últi-mo texto escrito pelo jornalista Paulo Rober-to Viola e enviado a esse jornal, poucos dias antes de seu desencarne. Gratos pela atenção sempre dispensada ao nosso amado marido e pai.

Risonete Patelo Viola e Luiz Felipe ViolaRio de Janeiro, RJ

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pe-quena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

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Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

•A apreciação razoável dos fatos, e desuas conseqüências.

•Acolhimento de todas observações anós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

•Discussão,porémnãodisputa.Asincon-veniências de linguagem jamais tiveram boasrazõesaosolhosdepessoassensa-tas.

•A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano.O estudo dessas fontes nos fornecerá umamina inesgotável de observações,sobre fatos gerais pouco conhecidos.

•Osprincípiosdadoutrinasãoosdecor-rentesdopróprioensinamentodosEspí-ritos.Nãoserá,então,umateoriapesso-al que exporemos.

•Não responderemos aos ataques diri-gidos contra o Espiritismo, contra seus partidários emesmo contra nós.Aliás,nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. Discu-tiremososprincípiosqueprofessamos.

•Confessaremosnossainsuficiênciasobretodos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir asobjeçõeseasperguntas,nósassolicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

•Se emitirmos nosso ponto de vista,isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor a ninguém.Nósaentregaremosàdiscus-sãoeestaremosprontospararenunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

Estapublicaçãotemcomofinalidadeofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. Eligar, por um laço comum, os que com-preendemadoutrinaespíritasobseuver-dadeiropontodevistamoral:apráticadobem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

e a força da palavraA lógica

Site do Correio FraternoMuito bom o site do Correio Fraterno. Maté-rias interessantes, com conteúdo doutrinário expressivo, possível de ser utilizado em estudos nos centros espíritas. Parabéns a toda a equipe.

Edison Luiz Campos, por email

Tem espíritos no banheiro?Li o livro Tem espíritos no banheiro? e achei bem legal. Uma temática que en-volve nossas crianças e nossos jovens.Continuem assim, sempre escrevendo coisas boas.

Paulo, por facebook

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JULHO - AGOSTO 2011 CORREIO FRATERNO 3

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O médium Francisco Cândido Xa-vier trabalhou a vida toda, não só para sobreviver, mas também

pela causa espírita. Deixou o exemplo de idealismo e compreensão do “dai de graça o que de graça recebeste”. O espírito de-sencarnado Emmanuel o acompanhou sempre, espírito iluminado que auxiliava o grande médium a expressar uma vida base-ada nos ensinamentos de Jesus.

Chico fez pela doutrina espírita o que raros realizaram. Exemplificou a transfor-mação moral que caracteriza o verdadeiro espírita. Esqueceu seus sonhos para traba-lhar pelo próximo. Perdeu horas de sono, dispensou o descanso físico, dedicou suas horas livres do trabalho profissional para amparar, consolar os necessitados. Suas opiniões pessoais revelam o seu raciocínio, espelhando bom senso e fé raciocinada. Enquanto estava entre nós, na expressão do corpo físico, exemplificando a sua ca-pacidade de pensar e respeitar a ciência, não tiveram a coragem de inventar que Chico dissera isto ou aquilo. Mas o gran-de homem esgotou, após mais de noventa anos, o seu tempo na Terra. Nós, que tanto o amamos e entendemos em parte a gran-deza do seu trabalho, reconhecemos que ele havia realizado impecavelmente a tarefa combinada no plano espiritual. Contri-buiu para a credibilidade do espiritismo, apresentou o mundo espiritual na visão iluminada de Jesus. Apresentou dimensões melhores e as de necessidade, mas sempre com a iluminação do Consolador Prometi-do, o espiritismo; nunca amedrontando ou causando desconforto e desequilíbrio. Seus livros psicografados não endeusam a força das trevas, mas mostram que a luz emana-da pela espiritualidade superior é que do-mina e controla o planeta. Apresenta Deus como o pai que Jesus descreve na parábola do filho pródigo.

Não bastasse a superioridade espi-ritual de Chico, havia ainda a presença constante de Emmanuel aconselhando--o, velando pelo grande tarefeiro, mergu-lhado em um planeta ainda de provas e

expiações. Chico psicografou romances e livros científicos como Evolução em dois mundos e Mecanismo da mediunidade, que comprovam sua capacidade intelectual e moral, pois demonstra o instrumento mediúnico aguçado, bem preparado que sempre foi, compreendendo que a Terra passaria por grandes transformações físi-cas pois é um planeta amadurecendo para a realização da sua grande tarefa: hospital--escola de um grande número de espíri-tos destinados ao desenvolvimento pleno, que vai se transformar em um mundo de regeneração, com paz, amor e justiça. Como o convite realizado na parábola do festim de núpcias, para comparecermos a um grande evento, uma festa em dimen-sões melhores, aqueles que permanecerem no desconhecimento da Lei de Amor, exemplificada por Jesus, continuarão seu crescimento espiritual em outras escolas semelhantes. Não há castigo, é o amor de Deus que concede aos filhos novas opor-tunidades. E não há filhos privilegiados, pois fomos criados simples e ignorantes com potencialidades a serem desenvolvi-das através das várias encarnações.

Em uma entrevista ao SBT, Chico diz que o Brasil seria a Pátria do Evangelho, se os brasileiros conseguissem realizar essa possibilidade; mas, caso não o fizessem, o país poderia entrar em decadência... Lúci-do, bom senso por ele mesmo, capacidade de compreender as necessidades do povo brasileiro que realmente não tem conse-guido a expressão de superioridade espiri-tual. Mas se Chico precisasse, Emmanuel estaria ao seu lado para aconselhar, não permitindo que ele falasse tolices. Ora, se quando entre nós, no corpo físico, foi pro-fundamente respeitado, por que só agora começam apresentar opiniões pessoais atri-buindo-as a Chico? Será que pensam que Francisco Cândido morreu? Não sabem que a morte não existe e que Chico está mais vivo do que nós? Não sabem que ele observa e analisa o que estão fazendo com o seu trabalho?

O que não foi dito como pensamento

de Chico, enquanto ele estava mergu-lhado na carne deve continuar no silên-cio. “Melhor rejeitar noventa e nove ver-dades a aceitar uma mentira.”

Respeitemos o grande espírito. Dei-xemos em paz o gran-de médium. A obra dele é tão extensa que basta estudá-la para compreendê-la melhor, sem nada in-ventar. Deturpamos os ensinamentos de Jesus e temos que ter cuidado, como diz J. Herculano Pires no livro Ciência espírita, para não repetirmos o erro na divulgação do espiritismo. Ideias bizarras, anticientíficas não podem ser acei-tas por aqueles que estudam ou deviam es-tudar essa doutrina que provoca o desper-tar das consciências, o desenvolvimento da razão iluminada pela fé.

Mesmo que Chico houvesse dito algo semelhante, seria necessário estudar o mo-mento, o contexto, o sentido geral. Ago-ra, se só sobrasse o Brasil após o suposto “apocalipse de Chico”, o feitiço viraria contra os feiticeiros, porque a vida ficaria insuportável em um país esquartejado e com uma superpopulação acima do que poderia suportar. Se a vida no Brasil com tanta corrupção, tráfico de drogas violên-cia, já é difícil, o que justificaria sermos os escolhidos, o povo superior aos outros ha-bitantes da Terra? Poupem-nos e respeitem o ser maravilhoso que tanto fez por todos nós: Francisco Cândido Xavier, o médium que melhor exemplificou os ensinamentos de Jesus.

Pedagoga, oradora e escritora espírita, Heloísa Pires é filha do professor e filósofo Herculano Pires.

ARTIGO

Por HELOÍSA PIRES

“Chico disse?…”

O que não foi

dito como pensamento de Chico enquanto

ele estava mergulhado

na carne deve continuar no

silêncio

Heloísa Pires

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4 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2011

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ENTREVISTA

não queremos mais.” Vamos voltar, vendê--lo e, com o dinheiro, montarmos uma mercearia para vocês. Diante do silêncio, Liliam, noiva do Éverton, pediu ao assal-tante que estava no banco dianteiro que pegasse O evangelho segundo o espiritismo no painel do carro. Ele folheou e ao entre-gar o livro disse: “É, uma vez minha mãe me levou a um centro espírita.”Ao pegá-lo, aberto, Liliam colocou-o sobre o peito e orou, pedindo a mãe Cornélia [mentora do centro que frequentam] que os protegesse. Em seguida, o rapaz pergun-tou: “Não vai ler?” Ela, assustada, olhou para a mensagem e deparou-se com o título “Caridade para com os criminosos”. Sem jeito, olhou para Éverton e entregou-lhe o livro. Este começou a ler com dificuldade, pela pouca luz. Foi quando o rapaz que di-rigia parou e disse: “Leia pelo farol do car-ro.” Desceram todos em um lugar ermo. A lição foi lida e comentada com muito amor. Três dias se passaram. Indo do almoço para o trabalho, envolto em pensamentos, ao parar na esquina, vi um lindo ônibus e já ‘enxerguei’ dentro dele uma livraria.

E qual seria a estratégia de vendas?Adjair: Em vez de o leitor ir ao livro, leva-ríamos o livro até ele. E pensei: se por acaso o carro sequestrado voltar, compraremos

um ônibus. Iremos de bairro em bairro em Uberlândia. O carro foi encontrado e no dia 29 de agosto de 1991 inauguramos o primeiro Ônibus Livraria Espírita Ambu-lante Chico Xavier, bem no dia do nasci-mento do Dr. Bezerra de Menezes.

O ônibus ficava apenas em Uber-lândia?Adjair: Os resultados eram bem relevantes em termos de vendas de livros, distribuição de mensagens. Abortos e suicídios foram evitados, divórcios não consolidados. E perguntamos: Por que só Uberlândia? Em 1993, comecei a prevenir a família, dizen-do: vou percorrer de ônibus todas as cida-des do Brasil.

Houve alguma orientação espiri-tual no sentido de divulgarem a doutrina de forma itinerante? Adjair: Eu e minha esposa nunca dor-míamos sem antes ‘sortear’ uma lição do Evangelho para ler. No dia 2 de novembro de 1993, ela abriu no capítulo 23 item 4 – “Deixai pai, mãe, esposa, filhos, e fazen-das e ide pregar o Evangelho”. No dia 3, abri e caiu no mesmo capítulo. No dia 4, ela abriu, e ...adivinha? Isto aconteceu 18 vezes, só no mês de novembro. No dia 31 dezembro, já estávamos com um lindo ôni-bus, que em março já estava prontinho. E logo veio a ideia de alugarmos um galpão para guardá-lo até o início de janeiro, quan-do estava então programado para sairmos. Mas não deu tempo. Ligaram de Uberaba, pedindo que levássemos o ônibus para o Chico [Xavier] conhecê-lo. No dia 12 de março estávamos abrindo pela primeira vez nosso abençoado ônibus em Uberaba para não mais parar.

E os assaltantes? Não tiveram mais notícias deles?Adjair: Uma vez presos, sugerimos ao nos-so filho para que não os ‘identificassem’. Um deles já tinha mais de 150 anos de detenção; o outro, um jovem de 16 anos – que depois acabamos até mesmo implan-tando a prática do “Evangelho no Lar” em sua casa – acabou por acompanhar meu fi-lho nas atividades no centro. Foi trabalhar conosco na imobiliária, cuidando de as-suntos de confiança. Por conta de visitar o primeiro, entramos na cadeia pública com a atividade da sopa e diálogo fraterno, che-

Por IZABEL VITUSSO

Nãoéapenasa internetquetemfacilitadooacessocrescentedepessoasdetodooBrasiledomundoaoconteúdoespírita.Naverdade,asuapopularizaçãoainda engatinhava quando o mineiro de Uberlândia, seu Adjair Fernandes de Faria, resolveu engatar a primeira marcha de um ônibus com livraria itinerante e levar pessoalmente as mensagens de consolo, cultura e conhecimento aos luga-resmaislongínquosdoBrasil.Aquasetrêsmilquilômetrosdedistânciadesuacidadedeorigem,elenosrespondeàentrevista,revelandooentusiasmocomque realiza esse trabalho.

a ideia que deu certo

Em que momento o senhor teve a ideia de usar um ônibus para divul-gar o espiritismo?Adjair: Já tínhamos utilizado quase todos os meios para incentivar o uberlanden-se ao hábito da leitura dos livros espíritas: uma livraria bem montada, clube do livro, mensagens espíritas escritas em laterais de doze prédios da cidade, edição de 53 feiras do livro espírita. E Deus nos busca, quando vê em nós um pouquinho de vontade. Nos fins dos anos 90, Uberlândia vivia um clima de tensão, diante de uma onda de assaltos. Talvez um pouco tenso com tais fatos, pas-sando numa manhã de sábado pelo nosso filho Éverton, que lavava seu novo Escort, tivemos a intuição de dizer: “se alguém lhe

pedir o carro, você entrega e agradece, ou-viu?” Não deu outra, no dia seguinte ele e sua noiva foram levados por assaltantes. Mas confiante em Deus, tendo a certeza de que nada acontece por acaso, diante do desespero da mãe e das três irmãs, chama-mos a atenção pedindo que pegassem o Evangelho e orassem, principalmente para os assaltantes. Só no dia seguinte eles nos li-garam de uma granja, dizendo que estavam sãos e salvos. Contando depois os detalhes do ocorrido, Éverton disse que pergun-tou aos dois rapazes por que eles levavam aquela vida, por que assaltavam. Um deles respondeu: “Porque não sabemos fazer ou-tra coisa.” Éverton então propôs: “Mesmo que vocês queiram nos devolver este carro,

Livraria itinerante

Adjair Fernandes: O distribuidor de livros que coleciona histórias

Um assalto inspirou a criação da livraria, que já recebeu mais de quatro milhões de visitantes

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JULHO - AGOSTO 2011 CORREIO FRATERNO 5

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ENTREVISTA

gando em pouco tempo a termos contato muito próximo com os 117 detentos. Eles viraram filhos queridos.

Por quantas cidades já passou? Tem computado o número de vi-sitantes e livros vendidos nesses quase 20 anos?Adjair: Passamos por 903 cidades, onde ti-vemos o prazer de ‘morar’ por alguns dias bem no centro de cada uma delas, com alva-rá e tudo. Somam ao todo 18 estados e oito municípios dos países vizinhos (Paraguai, Argentina e Uruguai). Já tivemos a oportuni-dade de apertar as mãos de cerca e 4 milhões de visitantes, de recém-nascidos a amigos com 97 anos, como do nosso querido Hugo Gonçalves, de Cambé, PR, uma das visitas que mais me emocionaram. Já distribuímos cerca de 50 milhões mensagens, vendemos 130 mil exemplares de O evangelho segundo o espiritismo, 140 mil de O livro dos espíritos e O livro dos médiuns, seguidos de um minu-cioso roteiro de como estudá-los.

Nesses anos todos, o senhor sentiu mudança no perfil dos leitores que procuram o ônibus?Adjair: Muitas mudanças e são vistas a olho nu. Nunca houve um momento tão propício para a divulgação do espiritismo. Os jovens de hoje não aceitam mais a in-gênua lenda de que o primeiro homem foi feito do limo da terra e a mulher da costela de Adão; que estamos pagando pecado da Eva; que Deus castiga. Quando passamos para eles as belezas do espiritismo, tudo cai como uma luva em suas mentes. Ou-tro fato é a questão da depressão. Quantos Evangelhos, O livro dos espíritos, O livro dos médiuns já vendemos para os que chegam

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se queixando do proble-ma! Chegamos a divul-gar uma frase no vidro do ônibus dizendo que a depressão tem cura, con-vidando para entrarem e terem mais informações. Haja Evangelho!

O senhor consegue avaliar a extensão desse trabalho? Tem ideia de que em mui-tos locais os livros espíritas não chega-

riam se não fosse esse trabalho? Adjair: Avaliem vocês: Neste momento em que respondemos a esta pergunta, es-tamos na cidade de Santa Luzia D’oeste, em Rondônia, uma cidade com nove mil habitantes, com sete igrejas evangélicas, duas católicas, dois terreiros de umbanda e nenhum centro espírita e até agora não apareceu nenhum espírita. São 18 horas do dia 16 de julho de 2011. Chegamos aqui às 22 horas do dia 14. Antes, fomos a duas rádios e contratamos 55 inserções, convidando principalmente as crianças, para participarem de uma promoção: che-garem no ônibus e dizerem que ouviram a chamada na rádio para ganhar três lindos livrinhos sobre a história de Chico Xavier. Vejam os resultados: Mais de 200 livrinhos distribuídos, 38 Evangelhos, 16 O livro dos espíritos, 11 exemplares de O livro dos mé-diuns e vários outros, inclusive romances, além de centenas de mensagens distribuí-das. Isto em um dia e meio.

Conte um fato que tenha ocorrido e que o marcou.Adjair: Realmente, são muitas emoções. É ra-ríssimo o dia em que vamos repousar que não tivemos um motivo para sermos agradecidos. São testemunhos ao vivo ou telefonemas de irmãos que tentaram o suicídio, de ex-depres-sivos e divorciados ou prestes a se divorciar que nos relatam suas atuais situações, após terem levado a sério a leitura das obras da co-dificação. São indescritíveis estes momentos.

O que o senhor falaria para enco-rajar outros grupos a realizar tare-fa semelhante?Adjair: Não teria como falar ou encorajar quem quer que seja sem antes fazer um

apelo para que busquem no capítulo 20, no item 4 do Evangelho, o verdadeiro espírito da letra da mensagem A missão dos espíritas, trazida por Erasto. Primeiro: Quantas ve-zes ele repetiu a palavra ‘ide’?. Segundo: De quem foi a culpa do espantoso crescimento do culto ao bezerro de ouro que hoje vi-mos? Terceiro: Quem serão os esmagados, referidos nas três últimas linhas? Veja quem tem olhos de ver... Aconselharia ainda para se dedicarem ao estudo. Tirarem que sejam 20 minutos por dia para cada um dos li-vros já citados. Se esta sugestão fosse aceita e praticada, com certeza muitos iniciariam as compras, montagens e início da pere-grinação de 27 ônibus no mínimo, que seriam montados por todas as Federações Espíritas, indo de cidade em cidade, onde de tempos em tempos poderiam retornar, condições que nós não temos.

Onde o senhor está agora? Vai fi-car até quando?Adjair: Neste exato momento, estamos estacionados na avenida Guaporé, esquina com a rua Rio Branco ao lado da arborizada praça da Prefeitura de Cacoal, em Rondô-nia. Ficaremos até o dia 30 de julho, quan-do partiremos para Ministro Andreazza.

Por quantos meses fica fora toda vez que sai?Adjair: Quando as netas começam a ame-açar de deserdar o avô, corremos lá e faze-mos as pazes com elas. Matamos as sau-dades e voltamos com vontade redobrada de trabalhar. A média de dias que o nosso ônibus fica com suas portas abertas das 9h às 20h30 é de 320 dias por ano – já teve ano de ficar 347 dias.

Quais os planos futuros, os próxi-mos desafios? Adjair: Sobre os planos, temos um só: ter a mesma saúde e mesma disposição até chegar a última cidade dos dez estados que ainda fal-tam. É a única coisa que peço a Deus. E Ele há de nos dar. Nesses 17 anos nunca tivemos uma dorzinha sequer ou a menor indisposi-ção que pudesse prejudicar essa abençoada jornada. Se continuarmos nos esforçando por merecer, com certeza vamos chegar lá.

e-mail: [email protected]

Leia a íntegra da entrevista no site www.correiofarter-no.com.br

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6 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2011

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JULHO - AGOSTO 2011 CORREIO FRATERNO 7

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[email protected]. José Benedetti, 170 - B. Santa Terezinha - São Bernardo do Campo - SP - CEP 09770-140

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

Depois da metade do século 19, a imprensa, no Rio de Janeiro (sede da Corte Imperial), realizou vários

ataques contra o espiritismo. Com sede também no Rio de Janeiro, o

Grupo Confucius iniciou, em 1875, a edi-ção de uma revista intitulada Revista Espírita, com o mesmo nome da Revue Spirite, publi-cada em Paris por Allan Kardec. Em suas pá-ginas, a revista publicou diversos artigos em refutação aos ataques que eram feitos contra o espiritismo pelo Jornal do Comércio que dizia ser “o espiritismo uma epidemia mais perigosa que a febre amarela.”

Em 28 de agosto de 1881 os jornais O Cruzeiro e Jornal do Comércio noticiaram oficialmente a ordem policial que proibia o funcionamento da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, e também de to-dos os seus centros espíritas filiados. Apesar do ministro da justiça receber em audiên-cia os diretores do Centro e de afirmar que não consentiria qualquer perseguição, no dia 30 daquele mês a sociedade foi intima-

BAÚ DE MEMÓRIAS

da a suspender suas reuniões.Os espíritas se movimentaram e com-

pareceram, em comissão, até o imperador Dom Pedro II, solicitando a revogação da ordem. O imperador também confirmou que não admitiria nenhuma perseguição aos centros espíritas. Porém, como a ordem não fora revogada, a proibição foi mantida.

Diversas outras gestões foram efetua-das, posteriormente. E importante é desta-car que a tônica desenvolvida pelos inimi-gos do espiritismo enfocava que as práticas mediúnicas eram associadas à loucura e a estados de demência. Os espíritas tentavam explicar publicamente que a mediunidade não causava qualquer mal. Em 1904, a Fe-deração Espírita Brasileira foi intimada a comparecer perante o Juízo dos Feitos da Saúde Pública para ser processada por re-alizar trabalhos espíritas e prescrever a ho-meopatia. Diversos outros processos foram abertos contra a Federação, assim como contra diversos médiuns receitistas e cura-dores. Em todos os processos os espíritas foram absolvidos.

No período da República Velha, o ca-tolicismo brasileiro detinha o monopólio religioso. O Vaticano fortalecia o clero bra-

sileiro. Beneditinos e jesuítas chegavam do exterior para ins-talar seus colégios. O objetivo era esta-belecer o ensino reli-gioso nas escolas pú-blicas. Em 1934, sob o governo de Getú-lio Vargas, Alceu de Amoroso Lima [pensador e líder católico brasileiro], por ocasião da re-forma educacional, propôs que a educa-

ção pública fosse de orientação católica. A Igreja mantinha assim as suas prerrogativas de religião oficial.

Em 1937, a sede da Federação Espíri-ta Brasileira e os centros espíritas filiados foram fechados pela polícia. A sociedade se mobiliza em favor do Estado leigo e as pressões sofridas pelos espíritas e umban-distas em um país de intolerâncias resul-taram na suspensão do funcionamento de todos os centros.

No meio espírita paulista, uma voz se levanta, entre outras, em apoio às inicia-tivas da Coligação Nacional Pró-Estado

Leigo, fundada por Artur Lins de Vas-concelos Lopes, em 17 de maio de 1931. Essa voz foi a de Cairbar Schutel. A sede do Movimento era o Rio de Janeiro e ti-nha o apoio de milhares de brasileiros. A iniciativa mantinha um caráter apolítico, que não entrava em discussões religiosas, não atacava o catolicismo. Apenas defendia os direitos de cidadania de qualquer pessoa seguir livremente sua própria corrente de pensamento. E foi na cidade de São Carlos, interior paulista, onde se formou um co-mitê de ação de espíritas, maçons, liberais, democratas e religiosos da zona araraqua-rense que se levantaram contra a supressão do livre pensamento.

Vale lembrar a opinião de Allan Kar-dec, inserido em Obras póstumas: “O Espi-ritismo proclama a liberdade de consciên-cia como direito natural e a reclama para si e para todo o mundo. Respeita toda a con-vicção sincera e pede a reciprocidade. Da liberdade de consciência, resulta o direito de livre exame em matéria de fé.”

Veja outra informações e as fontes consultadas no site www.correiofraterno.com.br

Escritor, membro da Associação dos Divulgadores do Espiritismo de São Paulo.E-mail: [email protected]

Por MILTON FELIPELI

No tempo da Corte Imperial, espíritas buscam apoio em D. Pedro II para terem o direito de ser espíritas. Cairbar Schutel também se engaja nessa luta

O ataque da imprensa contra o espiritismo

Cairbar Schutel

D. Pedro II

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8 CORREIO FRATERNO

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ESPECIAL

Terremotos, furacões e tsunamis cos-tumam lembrar os sinais precursores previstos no apocalipse, servindo de

justificativa aos charlatões. Atualmente, es-ses adivinhos de araque aproveitam-se da credibilidade da ciência e misturam previ-sões catastróficas com dados pseudocientí-ficos. Porém, bastam alguns anos e as previ-sões são desmentidas, os profetas escolhem novas datas e começa tudo de novo!

Há para a ciência um fenômeno que certamente aniquilará o planeta Terra: a expansão do Sol. Ele está fundindo núcleos de hidrogênio em hélio. Como existe uma quantidade limitada desse gás, aos poucos ele está diminuindo sua temperatura, até que um dia ele vai se expandir e engolir

nosso planeta. Mas é fundamental avisar que isso só vai acontecer daqui a 5 bilhões de anos!

E o que poderíamos dizer sobre o fim do mundo segundo o espiritismo? Há 150 anos, os espíritos da codificação já previam os rumos da humanidade, afirmando: “Não olhem para o céu em busca dos si-nais precursores, porquanto nenhum verá, e quem os anunciar estará a enganá-los. Olhai em torno de vós, entre os homens: aí é que os descobrirão” (Revista Espírita de 1866).

Desde aquela época, século 19, toda miséria e sofrimento foram criados pelo próprio homem. Sonhava-se com as má-quinas trazendo riquezas e tecnologia tra-zendo felicidade, liberdade e progresso para a humanidade. No entanto, como a grande massa trabalhadora não tinha instrução, re-cursos e regras para exercer a tal liberdade, o resultado de dois séculos dessa prática foi: de um lado, miséria, fome, sofrimento; de outro, riqueza acumulada para uma mino-ria, poluição, desperdício e violência. Esta-mos acabando com o ar e os rios; as terras estão sendo envenenadas com agrotóxicos; a atmosfera, sendo afetada pela ação de-liberada do homem moderno. Segundo cientistas, o futuro é triste e sombrio. A verdadeira ameaça saiu da própria ganân-cia, orgulho e egoísmo do próprio homem, aqui na Terra mesmo.

Esses mesmos Espíritos avisaram sobre as consequências da ganância: “Não sentis que uma espécie de vento sopra sobre a Terra e agita todos os espíritos? O mundo se acha na expectativa e como que presa de um vago pressentimento de que a tempes-tade se aproxima”, explicaram em Obras póstumas.

O tempo passou e hoje ninguém mais está satisfeito com esse jeito de viver. Nem

erguerá o novo edifício, que as gerações se-guintes consolidarão e completarão”.

Para compreender os novos tempos é preciso romper os limites do materialismo e lançar um novo olhar, observando que a humanidade se comporta como se fosse uma pessoa, evoluindo desde bebê, tornan-do-se criança (fase inicial pela qual a hu-manidade viveu sua pré-história), passando pela adolescência (onde a revolta e o con-flito de valores conturbam a personalidade – estamos nesta fase) e, enfim, alcançando a maioridade, fase adulta em que assume seus valores e obrigações. A Terra vai en-trar na fase adulta e para isso precisa evo-

o rico e nem o pobre estão seguros. Uma revolução está para acontecer a qualquer momento. Mas não será uma ingênua e sem frutos revolução armada. Nem nos esmagará um dedo divino destruidor e vingativo. “A Humanidade chegou a um dos períodos de sua transformação e o mundo terreno vai elevar-se na hierarquia dos mundos”, disseram os Espíritos no mesmo livro, anunciando, enfim, o fim do mundo: “É o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do orgulho, do egoísmo e do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva consigo alguns destroços. Tudo dele acaba-rá com a geração que se vai e a geração nova

Afinal,quandoseráofimdo

MUNDO?Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

Prever a hora final da humanidade não é de hoje. Inúmeros falsos profetas ame-drontaram as multidões em todos os tem-pos, e com isso só conseguiram provocar tragédias. Além de errar vergonhosamen-te todas as previsões, é claro.

Não olhem para o céu em busca dos sinais pre-cursores, por-

quanto nenhum verá, e quem os anunciar estará

a enganá-los (Revista Espírita de 1866)

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JULHO - AGOSTO 2011 CORREIO FRATERNO 9

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luir moralmente, já que intelectualmente fez e está fazendo o que pode. Uma nova geração vai surgir, superando defeitos e ex-plorando novos potenciais: “Trata-se, por-tanto, muito menos de uma nova geração corporal, do que de uma nova geração de espíritos. Assim, desapontados ficarão os que contem que a transformação resulte de efeitos sobrenaturais e maravilhosos”. A nova geração comportará, assim, todos os indivíduos que abracem as ideias progres-sistas destinadas a dar condições apropria-das para todos os homens.

Os nossos conturbados tempos se ex-plicam, portanto, pelo convívio conco-

Décio Iandoli: uma visão

integral do paciente

Afinal,quandoseráofimdo

MUNDO?Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

mitante de duas gerações antagônicas de espíritos entre nós. “A nova geração se dis-tingue por uma inteligência e uma razão, em geral, precoces, juntas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá tão somente de espíritos eminentemente superiores, mas de espíritos que, já tendo progredido, estão predispostos a assimilar as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento regenerador”, explicaram os espíritos no livro A gênese.

Hoje vivemos os dias difíceis de tran-sição. Não basta ter boa vontade. A sim-

plicidade é um valor precioso, mas a inge-nuidade pode levar aos falsos caminhos. O materialismo está entranhado nas ciências e filosofias, e a verdade permanece obscu-recida por um véu de ignorância. Os ensi-namentos contidos na doutrina espírita são uma baliza segura, para quem não está em busca de novidades inúteis: “O Espiritismo é a senda que conduz à renovação, porque destrói os dois maiores obstáculos que se opõem a essa renovação: a incredulidade e

o fanatismo; porque faculta uma fé sólida e esclarecida”, em Obras póstumas.

E para quem ainda tem dúvidas, não, a Terra não vai acabar. Os homens conquis-tarão os valores da alma, e a humanidade será, enfim, feliz. Quem tem olhos de ver, que veja!

Administrador de empresas, autor do livro Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos. Ed. Lachâtre. E-mail: [email protected]

O fim do mundo em 1840, em 1911, em 2000, em 2012, em 2019...

Falsos profetas anunciaram, anunciam e vão continuar anunciando a extinção do planeta. Cada um deles acha-se o escolhido salvador da humanidade. No tempo de AllanKardec,150anosatrás,obrasanunciandoatragédiafinaltambémfaziamsu-cesso, conforme texto publicado na Revista espírita de 1868, sobre um pequeno livro, O fim do mundo em 1911, bastante divulgado em Lyon, e que havia acabado de che-garemParis:“Entreosvivosdehoje,maisdeumserátestemunhadessagrandeca-tástrofe”,ironizavaKardec,dizendoquealinãosetratavadeumafigura,masdofimreal, o aniquilamento da Terra e a destruição completa de todos os seus habitantes.

Lembrouaindaocodificadorqueofimdomundojáhaviatambémsidopreditopara o ano de 1840. “Isso foi pregado nas igrejas e anunciado em alguns catecismos deParis.Esmolasforampedidasedoaçõesprovocadasparasalvarasalmas”,infor-mava, destacando ainda que, ao ler na Sociedade de Paris os fragmentos narrados acima, o antigo colega desencarnado, Jobard, dera a seguinte comunicação: “Eu passava, quando ouvi a vibração de uma imensa gargalhada. Escutei com interesse e, tendo reconhecido o barulho do riso dos encarnados e dos desencarnados, disse a mimmesmo:Semdúvida,acoisaéinteressante,vamosver!Ofimdomundo!...Ah!MeuDeus,disseamimmesmo,eseforofimdomundo?Avozdevossopresidenteemeuamigo[Kardec]tendovindoatémim,ouviqueliaalgumaspassagensdeumlivroondeseanunciaofimdomundocomomuitopróximo.Oassuntomeinteressou.Escutei atentamente e, depois de ter maduramente refletido, venho, como o autor desselivro,vosdizer:Sim,senhores,ofimdomundoestápróximo!Seomedodofimdomundocausaterrornaspessoas,elafereigualmenteosespíritosatrasadosdomundoespiritual.Todosaquelesque,emboraespíritos,vivemmaismaterialmente,seamedrontamaessaideia,imaginandoadestruiçãodamatéria.Pormim,pensei:Sim,ofimdomundoestápróximo,eleestáali,euovejo,euotoco...Masdequemundoéofim?Seráofimdomundodasuperstição,dodespotismo,dosabusosmantidospelaignorância,damalevolênciaedahipocrisia;seráofimdomundoegoístaeor-gulhoso,dopauperismo,detudooqueévilerebaixaohomem.”(Revista Espírita de 1868)

A resposta de Chico e Emmanuel no Pinga-FogoO que a doutrina espírita pode dizer a respeito do fim dos tempos, isto é,

como ocorrerá a transformação do planeta em planeta de provas e expiações para o de regeneração?

Atravésdabuscadaespiritualização,superaçãodasdoreseconstruçãodeumanova sociedade, a humanidade caminha para a regeneração das consciências. Emma-nuelafirmaqueaTerraseráummundoregeneradoporvoltade2057.Cabeacadaum,longaeárduatarefadeascensão.TrabalhoeamoraopróximocomJesus,esteéocaminho.(DolivroPlantão de respostas – Pinga Fogo II – Editora Ceu)

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10 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2011

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ENSAIO

Érico Veríssimo (1905-1975) é um dos mais populares es-critores brasileiros do século

20. Ele narra em sua autobiogra-fia, Solo de clarineta, que quando

c o n t a v a com a ida-de de 14 anos, aju-dava um m é d i c o que fazia

curativos num homem que havia sido surrado por policiais mili-tares. Cabia a ele segurar a única lâmpada elétrica que iluminava o local. Tomado pelo horror da cena e por certa náusea, Veríssimo, po-rém, não ousou largar seu posto. Se o ferido aguentava as suturas que o médico lhe fazia sem gemer, por que ele não ficaria ali, ajudan-do o doutor? Esta experiência fez com que Veríssimo chegasse à se-guinte conclusão, já adulto e escri-tor consagrado: “O menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades como a nossa, é acen-der a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitan-do que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâm-pada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâm-pada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como sinal de que não desertamos nosso posto”.

Toda vez que escrevo um arti-go estou acendendo meu toco de vela. Ou riscando fósforos repeti-damente. Assim é com todos que escrevem, principalmente os que têm a responsabilidade de divul-gar o espiritismo. Convenhamos, não é fácil, como nunca é fácil fa-zer valer a luz no meio das trevas. Talvez por isso, muitos acabem naufragando nos mares da facili-

dade de escrever por escrever, sem compromisso nem responsabilida-de com a doutrina espírita. Kardec sabia disso.

Allan Kardec coordenou, no século 19, a sistematização dos en-sinamentos dos espíritos que con-têm elementos científicos, filosófi-cos e uma orientação ético-moral. Assim, foi concebida a doutrina espírita, ou espiritismo – não um toco de vela, mas um farol de luz para a humanidade. Cuidadoso, Kardec escreveu na Revista Espíri-ta de 1858 verdadeiras diretrizes, norteando o trabalho de divulga-ção do espiritismo. Numa delas, Kardec destaca que não se deve responder a ataques contra o es-piritismo, abstendo-se de polê-micas personalistas, mas fala em “discussão dos princípios que pro-fessamos”. Parece óbvio, mas vale a pena traduzir: Não sendo uma doutrina hermética, o espiritismo está aberto a debates e a polêmicas mas devemos entregarmo-nos so-mente a discussões em defesa dos princípios espíritas. Eis a postura de todo e qualquer veículo de co-municação: imparcialidade e res-ponsabilidade com os fatos.

Mas esta responsabilidade não diz respeito apenas a quem divul-ga. Fala, também, a quem lê. Sim, amigo leitor, amiga leitora: é sua responsabilidade saber separar o joio do trigo. De exigir integrida-de e postura firme do seu veículo de divulgação. Por isso, o Espírito Verdade conclamava: “Espíritas, instruí-vos”, pois nosso bom ami-go e mestre Jesus já ensinava que só o conhecimento da verdade li-berta. Um espírita bem informado não se submete a qualquer coisa cujo conteúdo passa longe, muito ao largo, da verdadeira doutrina; nem perde seu tempo com pseu-doautores “espíritas” que se apre-sentam com a “missão de salva-

guardar e divulgar o espiritismo” utilizando-se de opiniões que re-velam o quanto há de misticismo no meio espírita. Urge, pois, que “acendamos nossa candeia”.

Mas haja toco de vela!

George De Marco é publicitário e radialista. E-mail: [email protected]

Acendaa sua

candeiaOu o seutoco de velaPor GEORGE DE MARCO

Mui-tos acabam

naufragando nos mares

da facilidade de escrever

por escrever, sem

compromisso nem respon-sabilidade

com a doutrina espírita.

Kardec sabia disso

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12 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2011

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Vem aí o 7º. Enlihpe Acontece em agosto, dias 20 e 21, em São Paulo,

o 7.º Encontro da Liga dos Pesquisadores do Es-piritismo, com foco em debates e apresentação de pesquisas científicas voltadas à temática de

fronteira com o espiritismo. O evento se destaca pelo caráter inovador, com participantes de todo o Brasil. Os trabalhos são inéditos e avaliados previamente pelo comitê científico. Informações: [email protected]

7º Simpósio de Comunicação Social EspíritaSerá realizada nos dias 10 e 11 de setembro a

7.ª edição do Simpósio de Comunicação So-cial Espírita, coordenado pela Associação do Divulgadores do Espiritismo de São Paulo e

Campinas. Palestra de abertura (às 20h) com Éder Fávaro, sobre “A importância dos canais de comunicação na divul-gação do espiritismo para a sociedade”. Local: Grupo Es-pírita Manoel Bento, rua Alfredo Pujol, 77, Santana, São Paulo- SP . Informações: (11) 3859-7267 3245- 0637. www.adecampinas.org.br/simposio2011.

Encontro dos Amigos de Chico XavierDias 10 e 11 de setembro, será realizado o IV En-

contro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra, no Minascentro, em Belo Hori-zonte, MG. Informações: (31) 3517-1520,

3517-1573. Inscrição: [email protected].

3º Simpósio de Filosofia EspíritaDias 24 e 25 de setembro, no Centro Espírita

André Luiz. Sob o tema “A mediunidade no contexto da comunicação”, com palestrantes espíritas e não-espíritas da Universidade de

São Paulo. Informações: www.ieef.com.br.

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

AGO

20

SET

10

SET

10

SET

24

ENIGMA

Por que nem todas as edições

do livro O céu e o inferno contêm

prefácio?

CRIPTOGRAMA DO CORREIO

Resposta do Enigma:

Solução da Criptograma do Correio

Veja em:www.correiofraterno.com.br

Porque a maioria das traduções brasileiras foram

feitas a partir da quarta edição francesa, editada sem o prefácio original.

Saiba mais www.correiofraterno.

com.br

1. Aprova

Resolva o desafio e descubra o nome do novo segmento de publicações da Correio Fraterno.

3. Fonte

6. Não há no espiritismo

7. Ação que provoca a emancipação da alma

8. Ação praticada por algumas religiões

9. Perda temporária da forma perispiritual por fixação mental

10. Esvoaça

11. Um dos meios de conhecimento

12. Criador da teoria do magnetismo animal

4. Corrigenda

5. Psicografada por Chico Xavier, autora de “Mãe”

2. Trouxe à Terra a Primeira Revelação

n j

Jantar dançante beneficente Dia 7 de outubro, às 20 horas

Local: Restaurante São Judas Tadeu – na rota tradicional do “Frango com polenta”. Av. Maria Servidei Demarchi, 1749 – São Bernardo do Campo-SP. Você se diverte e ainda colabora! Informações e convite: (11) 4109-8938. site: www.laremmanuel.org.br

OUT

7

50anosAGO

31Marcha Brasil sem Aborto

4ª Marcha do Movimento Nacional da Cidada-nia pela Vida – Brasil sem Aborto será realizada

na Esplanada dos Ministérios (DF), no dia 31 de agosto.www.brasilsemaborto.com.br

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JULHO - AGOSTO 2011 CORREIO FRATERNO 13

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QUEM PERGUNTA QUER SABER

Como serei reconhecida no além?Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

Pergunta interessante, Dalva! Numa resposta rápida, diria que quem vê cara não vê coração... como diz o an-

tigo ditado. Há, porém, uma verdade nesse dito

popular. Um ensino fundamental do Es-piritismo está no fato de termos dois cor-pos, o físico, que é perecível, e o espiritual (perispírito), com o qual permanecemos depois da morte. Essa segunda vestimen-ta tem propriedades diferentes do que estamos acostumados neste mundo. Veja a explicação em O livro dos médiuns: “O perispírito se dilata ou contrai, se trans-forma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua. Por efeito dessa pro-priedade é que o Espírito que quer dar--se a conhecer pode, em sendo necessário, tomar a aparência exata que tinha quando

vivo, até mesmo com os acidentes corporais que possam constituir sinais para o reconhecerem”.

Segundo o relato dos espíritos, quando dois indivíduos se encontram, movidos pela força do pensamento, eles podem tomar a aparência daquela época. É um mundo dife-rente, com suas peculiaridades.

No livro Entre a Terra e o Céu, André Luiz estava diante de um velhinho que, ao lembrar-

Se nós temos muitas reencarnações e por consequência muitos

nomes, por qual feição serei chamada e reconhecida no

plano espiritual? Pergunta de Dalva Maria – Niterói, RJ

-se de uma vida anterior tornou-se jovem. O orientador explicou assim: “O corpo da alma modifica-se, profundamente, se-gundo o tipo de emoção que lhe flui do âmago. Isso, aliás, não é novidade. Na própria Terra, a máscara física altera-se na alegria ou no sofrimento, na simpatia ou na aversão”.

Ou seja, no mundo espiritual, quem vê cara... vê o coração!

Veja só o que encontramos em Liber-tação (André Luiz): “Há criaturas belas e admiráveis na carne e que, no fundo, são verdadeiros monstros mentais, do mesmo modo que há corpos torturados e detes-tados, no mundo, escondendo Espíritos angélicos, de celestial formosura”.

Administrador de empresas, autor do livro Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos. Ed. Lachâtre. E-mail: [email protected]

A professora termina sua aula e anuncia:

– Na semana que vem iremos estu-dar as colônias espirituais. Por isso, se acharem alguma coisa a respeito do assunto podem trazer para aula. Tchau, crianças, até a próxima se-mana.Osinalbateueascriançassaíramdaaula conversando.–Colôniasespirituais,oqueseráqueéisso?–perguntouAninha.–Seilá,seráqueéumlugardiferen-te? – falou Rafael.–Colônia?Nãoseioquesignifica–respondeuFábio.Mais dois amigos estavam chegando e falando sobre o assunto. Eram Lau-rinhaeLívia.– Eu não sei não – falava Lívia aochegar.

–Oquevocênãosabe,Lívia?–per-guntou Rafael.–Oqueé colônia espiritual – res-pondeu.EFábiocontinua:–Nóstambémnãosabemos,estáva-mos falando sobre isso agora.–Euachoque jáseioqueé– falaLaurinha ao grupo.–Eoqueé?–indagaAninha.–Comoopróprionome jádiz: co-lônia espiritual é o perfume que osespíritosusampraficarcheirosinhos.Porque,pensabem,sóporqueées-píritonãotemquetercheirobom?Osamigosficampensandoseéissomesmo, quando a professora passa porelespara irembora.EntãoLíviaresolve perguntar:– Professora, você poderia nos expli-car uma coisa rapidinho?

–Claro!Podefalar.–Oqueécolôniaespiritual?–Éumlugarnoqualalgunsespíritosmoram no plano espiritual. Uma es-péciedecidade.Eosalunosrespondememuníssono.–Aaaahhhhtá!Quando Laurinha fala:–Eláelesvivemfedidos?– Por que vivem fedidos, Laurinha? – pergunta a professora.– Porque eu pensei que colônia espiri-tualfosseoperfumequeosespíritosusavamlá.Umacidadecomnomedeperfumeéqueéestranho.– Não, Laurinha, não é nada disso.Espíritosnãoprecisamdeperfume.– Ah, nunca se sabe. Bom, se algum espíritoestánosouvindoagorapodelançarumperfumeporlá(eaumen-touotomdevoz)FICAADICAAAA!!

COISAS DE LAURINHA

COLÔNIAS ESPIRITUAISPor TATIANA BENITES

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14 CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2011

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Tel.:(11)4330-5656Rua Índico, 30 - 13º andar

São Bernardo do Campo - [email protected]

Às terças-feiras, meu marido e eu vamos ao Centro Espírita Divino Mestre, em São José dos Campos.

Como nossa ajudante, Marilza, teve diag-nosticado um tumor no olho, começamos a escrever o nome dela nos registros do cen-tro para receber atendimento espiritual.

Marilza é médium, mas não se dedica hoje ao trabalho ou ao estudo da mediuni-dade. Certo dia, durante o trabalho lá em

casa, teve uma súbita visão. Um homem velho, bem claro e envolvido em luz prate-ada chegou perto dela com a mão levanta-da, como quem lhe aplica um passe.

Num pulo, Marilza, que estava no quintal de casa, entrou suada e trêmula. Estranhamos seu estado e perguntamos: “O que foi?”. Ela rapidamente descreveu o ocorrido. E completou: “Nada, não. Ufa! Foi um susto!, comentou, afirmando que o

FOI ASSIM

O avô do meu marido apareceu lá em casaPor ROSANA RUIZ RODRIGUES

homem que tinha visto era muito parecido com o meu marido, encarnado.

Tive a ideia, então, de levá-la diante do computador para ver se reconhecia nas fotos de família o rosto que ela vira. E ela então confirmou. “É esse o homem que eu vi!”

Ela reconheceu o Seu Pedro, avô ma-terno do meu marido, muito parecido com ele, realmente. Profundamente emociona-da, Marilza agradeceu a Deus por ser mé-

VOCÊ SABIA? Por ELIANA HADDAD

Você sabia que, em entrevista a Herculano Pires, em 1973, no

programa No limiar do amanhã*, ChicoXavierrevelouquemilhõesdeespíritosdeculturafrancesareencar-naram no Brasil para continuar a di-vulgação do espiritismo?Herculano comentava que o Brasil era a primeira grande nação do Oci-dente a se tornar basicamente reen-carnacionista, por influência não só doespiritismo,mastambémdasre-ligiõesafricanas,queforamtrazidasaqui pelo contingente negreiro. E acrescentava que ainda mais curioso era o fato de ter havido no Ocidente apenas uma nação reencarnacionis-

tanopassado:aFrança(aí incluin-do-seasGáliasantigas,envolvendoa Irlanda e a Inglaterra). Chico então diz que gostaria de aprofundar a questão, pedindo licença para adi-tar sobre os apontamentos de Em-manuel, em 1965: – Perguntei a ele onde estavam aque-les companheiros de Allan Kardec quevibravamcomadoutrinaespíritana França. Então ele me disse que do últimoquarteldoséculo19paracá,cercade15a20milhõesdeespíritosda cultura francesa e, principalmen-te, os simpatizantes da obra de Allan Kardec reencarnaram no Brasil para darcorpoàsideiasdadoutrinaespíri-

taefixaremos valores da reen-carnação. Nós nos re-portamos muito mais à Françacomo ter-ra mater de nossa espirituali-dade do que Portugal, até porqueisso está no conteúdo psicológico demilhõesemilhõesdebrasileirosque estão fichados, por certidãode cartório, como brasileiros, mas

psicologicamente são franceses.

*Programa radiofônico exibido pela Rádio Mulher, de São Paulo, e apresentado por J. Herculano Pires, entre os anos de 1971 e 1974

Franceses da época de Kardec reencarnaram no Brasil

dium e ter o privilégio de perceber a ajuda. Logo me lembrei de uma pergunta do

O livro dos espíritos [459], quando Kardec indaga se os espíritos influem sobre os nos-sos pensamentos e sobre as nossas ações. E eles lhe respondem: sua influência é maior do que credes porque, muito frequente-mente, são eles que vos dirigem.

Rosana Ruiz Rodrigues, São José dos Campos, SP

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JULHO - AGOSTO 2011 CORREIO FRATERNO 15

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MUNDO SUSTENTÁVEL

Até que se prove o contrário, Jesus não deixou uma palavra escrita, não registrou sua passagem pela

Terra em primeira pessoa. Mas seu messia-nato foi assunto de extensas reportagens as-sinadas por aqueles que o acompanharam de perto e eternizaram nos evangelhos a ‘boa nova’. Sucessivas traduções e edições comprometeram parte deste legado, mas os jornalistas do cristianismo primitivo cum-priram – como se esperava deles – a nobre tarefa de compartilhar o que viram e ouvi-ram ao longo dos três anos de convivência com o Mestre. Paulo de Tarso, judeu perse-guidor de cristãos que se converteu ao cris-tianismo, transformou-se no mais impor-tante divulgador dos evangelhos a partir de suas epístolas – cartas – num monumental esforço para tornar a vida e a obra de Jesus conhecidas do maior número possível de pessoas, a partir das mídias disponíveis à época. Se houvesse naqueles tempos rádio, tvs, jornais, revistas ou internet, Paulo não hesitaria em usar todas essas ferramentas midiáticas em favor da universalização des-se conhecimento místico, transcendental e libertador. Ao longo da história da Igre-ja, imperadores e papas adaptaram a ‘boa nova’ de acordo com suas conveniências. Se bulas e encíclicas determinavam as novas

Quem não se comunicanão promove a evolução...

Por ANDRÉ TRIGUEIRO

diretrizes da instituição, o índex da Igreja estabelecia quais livros – a mais importante e sofisticada mídia durante muitos séculos – deveriam ser evitados pelos cristãos. No século 16, Martinho Lutero escreveu em 95 textos sua visão de uma nova teologia e os afixou na porta de uma igreja na Ale-manha. Nascia a Reforma, que, apesar de toda a perseguição imposta a seus segui-dores, cresceu e se multiplicou em diver-

sas correntes. No século 19, um pedago-go discípulo de Pestalozzi codificou uma nova filosofia espiritualista a partir de um intenso e exaustivo trabalho de reporta-gem. Hippolyte Léon Denizard Rivail for-mulou centenas de perguntas endereçadas ao além com o precioso auxílio de médiuns confiáveis. A entrevista resultou na mais importante obra do cristianismo redivivo, moderno, contextualizado, o ‘consolador’

prometido por Jesus. O espiritismo nasceu, portanto, de uma entrevista. O lado repór-ter de Allan Kardec – pseudônimo do pro-

fessor Hippolyte – exalta as qualidades de um ofício onde credibilidade, humildade e perseverança são alia-dos fundamentais. Neste início de século 21, em que a inovação tec-

nológica permite que todos sejamos, indistintamente, provedores de conteú-

dos, disseminadores de mensagens, seme-adores de ideias nas mais diversas redes que se interligam mundo afora em questão de segundos, convém perguntar: que emprego estamos fazendo dessas geniais ferramentas ao nosso alcance? O que importa divulgar e de que jeito? Se as palavras – escritas ou faladas – contêm o poder do ‘verbo’, da energia que vitaliza, transforma e edifica, é enorme a responsabilidade daquele que se comunica para um, mais de um, ou mui-tos. Não importa qual seja o público-alvo. Importa a intenção de quem comunica e a credibilidade auferida a partir do exemplo. Bons comunicadores são bons semeadores. A terra está pronta para o plantio. Há fome de verdade e sentido. Vamos semear?

André Trigueiro é jornalista, apresentador do Jornal das Dez e editor do programa Cidades & Soluções. www.mundosustentavel.com.br

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Estreia dia 7 de outubro, em todo o território nacio-nal, O filme dos espíritos, com distribuição pela Paris Filmes e tendo no elenco atrizes como Ana Rosa e

Etty Frazer, e o ator Nelson Xavier. O protagonista é o ator Reinaldo Rodrigues.

A trama se desenvolve a partir da história de um ho-mem desesperado que, após perder a esposa e a caminho do suicídio, depara-se com O livro dos espíritos e começa sua

jornada de transformação in-terior rumo aos mistérios da vida espiritual.

Projeto corajoso, inova-dor, produzido pela Mundo Maior Filmes, produtora ci-nematográfica da Fundação Espírita Andre Luiz, O filme dos espíritos vai trazer através de uma história única alguns

dos principais capítulos do livro basilar da codificação espí-rita, lançado por Allan Kardec, em Paris, em 1857. Temas centrais de um concurso de curtas-metragens, cuja mostra realizou-se em 2009, esses capítulos foram contextualiza-dos por equipes de vários estados do país.

O cineasta André Marouço, diretor da Mundo Maior Filmes, coordenou juntamente com Eduardo Dubal todo o projeto e assina a produção e direção geral

do filme. O cineasta Michel Dubret é co-diretor ao lado de André. “Trabalhamos para a produção de peças cine-matográficas que possam contribuir para a construção do ser integral, imortal, espiritual”, explica. Segundo André, não se trata apenas de se valorizar a beleza, a arte e a técnica cinematográfica, mas de se ter o cuidado de aliá-las a mensagens edificantes, com a temática espírita e espiritualista sempre presente de forma a propor uma nova forma de fazer e assistir cinema. “O importante é darmos a nossa contribuição a caminho do Mundo de Regeneração, afinal, se a doutrina espírita já nos deu tanto, é nosso profundo desejo que ela seja levada a to-dos os cantos da Terra, e o cinema é uma das melhores e mais eficientes formas de cumprir com este desígnio”, conclui.

Veja outras histórias de transformação em www.ofilmedosespiritos.com.br. Os depoimentos também podem ser acessados no site do jornal Correio Fra-terno: www.correiofraterno.com.br

ACONTECE

Emoutubrochegaàstelas O filme dos espíritos

Hoje em dia os avanços na área da saúde são inquestionáveis, fato este que contribui para ampliação do en-

tendimento das possibilidades de prevenção, tratamento e cura das doenças, em especial se considerarmos o homem não apenas como um ser físico, mas dotado de dimensões psi-cológicas e espirituais. Essas características, se analisadas em conjunto, proporcionam

LEITURA Por SÔNIA M. C. KASSE

Por ELIANA HADDAD

A doença vista sob o enfoque multidimensional do homem

uma melhor qualidade de vida.Todo esse arsenal de descobertas só tem

fundamento quando as pessoas se cons-cientizam dos seus problemas, da neces-sidade de mudança e evolução. Para isso, é importante contar com a ajuda de pro-fissionais preparados, competentes e com grande sinergia em relação às necessidades.

Em O silêncio dos domingos, da editora Correio Fraterno, Lygia Barbiére Amaral aborda com sabedoria temas que afligem muitas pessoas: aborto, TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e o transtorno de pânico, eixo de sua obra. A autora conduz com sutileza e maestria uma viagem emo-cionante através da trama desenvolvida para cada uma das suas personagens, com seus problemas, implicações e responsabili-dades diante das decisões tomadas.

O enredo criado prende totalmente a

atenção do leitor, pois prima pela qualida-de e fornece elementos esclarecedores sobre as doenças que acometem os envolvidos na história. Aguçam bastante a curiosidade e a vontade de ler a obra até o seu desfecho.

Somos contemplados, a todos os ins-

tantes, com mensagens de otimismo e com a certeza de que não estamos sós, porque sempre podemos contar com a Providência Divina e com os benfeitores espirituais ao nosso redor.

Ótima leitura!

O ator, Reinaldo Rodrigues, protagonista do filme