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Ano 44 • Nº 441 • Setembro - Outubro 2011 A história dos pioneiros do espiritismo no Brasil sempre esteve vinculada ao trabalho de assistência realizado por médiuns com grande capacidade de cura. O mineiro Eurípedes Barsanulfo foi um desses. Orientado pelos espíritos, ele montou a Farmácia Homeopática junto ao Grupo Espírita Esperança e Caridade, em Sacramento, MG. Enquanto o Evan- gelho cuidava do coração, as tinturas homeopáticas e os recursos naturais das plantas que ele conhecia profundamente socorriam a população carente da região. Eurípedes desencarnou cedo, mas ao contrário do que pode se pensar, o trabalho com a fitoterapia – que utiliza os recur- sos das plantas – se multiplicou. Na região do Cerrado, onde se encontra o maior número de espécies de plantas medicinais do Brasil, existem pelo menos dois grandes núcleos que se aprofun- dam hoje no estudo e na pesquisa da fitoterapia no Brasil. Nos projetos, mateiros, biólogos, químicos, médicos, todos idealistas que buscam aliviar as dores do corpo e da alma com os recur- sos que a própria natureza oferece, combinados com a infalível terapia do amor, tendo como bússola o convite à transformação através dos ensinamentos de Jesus. Leia nas páginas 8 e 9. CORREIO FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA ISSN 2176-2104 Acesse nossa loja virtual Pesquisadores, comunicadores, filósofos... Nos últimos meses, aconteceram em São Paulo pelo menos três eventos relacionados a reflexões e pesquisas espíritas. Leia mais na pág. 3 Goiás inicia o projeto Memória Espírita Os irmãos Veloso contam como estão desenvolvendo o projeto de recuperação e preservação da memória espírita do Estado de Goiás. Nascidos em Minas e em família atuante no Movimento, eles não imaginavam que tocariam tantos sentimentos. Leia na pág. 7 www.correiofraterno.com.br/loja FITOTERAPIA A natureza no auxílio espiritual Se o filme fizer com que uma pessoa saia da dependência do álcool, já vou ficar feliz.” Reinaldo Rodrigues, ator principal de O filme dos espíritos, fala sobre suas expectativas e sentimentos com relação à estreia da obra de Allan Kardec nos cinemas. Pesquisadores: no Cerrado, a maior reserva de plantas medicinais

Correio Fraterno 441

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Correio Fraterno, um dos mais conceituados veículos de informação espírita do Brasil.

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A n o 4 4 • N º 4 4 1 • S e t e m b r o - O u t u b r o 2 0 1 1

A história dos pioneiros do espiritismo no Brasil sempre esteve vinculada ao trabalho de assistência realizado por médiuns com grande capacidade de cura. O mineiro

Eurípedes Barsanulfo foi um desses. Orientado pelos espíritos, ele montou a Farmácia Homeopática junto ao Grupo Espírita Esperança e Caridade, em Sacramento, MG. Enquanto o Evan-gelho cuidava do coração, as tinturas homeopáticas e os recursos naturais das plantas que ele conhecia profundamente socorriam a população carente da região.

Eurípedes desencarnou cedo, mas ao contrário do que pode se pensar, o trabalho com a fitoterapia – que utiliza os recur-sos das plantas – se multiplicou. Na região do Cerrado, onde se encontra o maior número de espécies de plantas medicinais do Brasil, existem pelo menos dois grandes núcleos que se aprofun-dam hoje no estudo e na pesquisa da fitoterapia no Brasil. Nos projetos, mateiros, biólogos, químicos, médicos, todos idealistas que buscam aliviar as dores do corpo e da alma com os recur-sos que a própria natureza oferece, combinados com a infalível terapia do amor, tendo como bússola o convite à transformação através dos ensinamentos de Jesus. Leia nas páginas 8 e 9.

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SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

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217

6-21

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Acesse nossa loja virtual

Pesquisadores, comunicadores, filósofos...

Nos últimos meses, aconteceram em São Paulo pelo menos três eventos relacionados a reflexões e pesquisas espíritas. Leia mais na pág. 3

Goiás inicia o projeto Memória Espírita

Os irmãos Veloso contam como estão desenvolvendo o projeto de recuperação e preservação da memória espírita do Estado de Goiás. Nascidos em Minas e em família atuante no Movimento, eles não imaginavam que tocariam tantos sentimentos. Leia na pág. 7

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FitotErAPiA

A natureza no auxílio espiritual

Se o filme fizer com que uma pessoa saia da dependência do álcool, já vou ficar feliz.”Reinaldo Rodrigues, ator principal de O filme dos espíritos, fala sobre suas expectativas e sentimentos com relação à estreia da obra de Allan Kardec nos cinemas.

Pesquisadores: no Cerrado, a maior reserva de plantas medicinais

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2 CorrEio FrAtErNo SETEMBRO - OUTUBRO 2011

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EDITORIAL

Há 44 anos, em 3 de outubro, para homenagear Allan Kardec, era lançado o jornal Correio Fraterno,

fruto de um sonho de idealistas espíritas que já haviam fundado há sete anos o Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo.

Fiel às diretrizes seguidas por Allan Kardec na elaboração da Revista Espírita, o Correio Fraterno tem buscado realizar com seriedade e profissionalismo – seja na mídia impressa, no site e nas redes sociais –um jornalismo de variedade e atualidade na temática espírita. Milhões de exempla-

res já foram distribuídos nessas 441 edi-ções, através de assinaturas, distribuição a casas espíritas e em eventos, tendo-se a prática da caridade como a principal pau-ta das nossas edições, enfocando temas di-ferenciados que envolvam o leitor numa vibração positiva, num convite à alegria, à reflexão e à informação.

Nesta edição reunimos o trabalho com a fitoterapia e o Evangelho nos cen-tros espíritas, os eventos que buscam a divulgação da temática espírita, os pio-neiros que escreveram a memória do es-piritismo (Báu de memórias), bem como

o papel da mediunidade trazendo histó-rias memoráveis da trajetória espiritual da humanidade (Entrevista). Enfim, tudo encadeado para que possamos ver o espi-ritismo não como algo isolado, mas como parte da história humana, agora também divulgada nas telas dos cinemas, com O Filme dos espíritos.

Aproveite. Contamos também com sua boa vibração, seu interesse e alegria. Boa leitura.

É com você, leitor, que compartilha-mos a divulgação desse trabalho!

Boa leitura!

CorrEio Do CorrEio inclusão na casa espíritaOla! Fiquei feliz ao ver que existe um trabalho com os surdos na casa espírita lendo o texto escrito por Regina Beatriz [“Linguagem de sinais e a inclusão de surdos na casa espírita”, edição 437, jan/fev 2011]. Sou de Pelotas-RS e trabalhamos com surdos no centro espíri-ta. Achei que não existisse trabalho assim no meio espírita. Um grande abraço fraterno!

Nanci Rodrigues, por e-mail

Correio FraternoSou jornalista, espírita e vivo em Aracaju

(Sergipe). Ultimamente estou em um pro-jeto de criação de um jornal espírita aqui no Estado, pois a ínfima produção deste segmento por aqui ainda precisa melhorar consideravelmente. Nas minhas pesquisas, encontrei o jornal de vocês – o Correio Fraterno – e fiquei muito satisfeito com o conteúdo e o pro-jeto gráfico. Textos atuais, bem escritos e uma diagra-mação muito bem estruturada e bonita. Continuem disseminando a doutrina es-pírita de maneira consciente e atrativa.

Envio de artigosEncaminhar por e-mail: [email protected] Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.

CORREIOFRATERNO

JORNAL CORREIO FRATERNOFundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel

www.laremmanuel.org.br

Diretor: Raymundo Rodrigues EspelhoEditora: Izabel Regina R. Vitusso

Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686)Apoio editorial: Cristian Fernandes

Internet: Giovanna Verrone Editor de arte: Hamilton Dertonio

Diagramação: PACK Comunicação Criativawww.packcom.com.br

Administração/financeiro: Raquel MottaComercial: Magali Marcos

Comunicação e marketing: Tatiana BenitesAuxiliar geral: Ana Oliete Lima

Impressão: Lance Gráfica

Telefone: (011) 4109-2939 E-mail: [email protected]

Site: www.correiofraterno.com.br Twitter: www.twitter.com/correiofraterno

Atendimento ao leitor: [email protected] Assinaturas: entre no site, ligue para a editora ou,

se preferir, envie depósito para Banco Itaú, agência 0092, c/c 19644-3 e informe a editora.

Assinatura anual (6 exemplares): R$ 36,00 Mantenedor: acima de R$ 36,00

Exterior: U$ 24.00

Periodicidade bimestralPermitida a reprodução parcial de textos,

desde que citada a fonte.As colaborações assinadas não representam

necessariamente a opinião do jornal.

Editora Espírita Correio FraternoCNPJ 48.128.664/0001-67

Inscr. Estadual: 635.088.381.118

Presidente: Izabel Regina R. VitussoVice-presidente: Tânia Teles da MotaTesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva

Secretária: Ana Maria G. CoimbraAv. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955

Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

Uma ética para a imprensa escrita

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Cor-reio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

•A apreciação razoável dos fatos, e desuas conseqüências.

•Acolhimento de todas observações anós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

•Discussão,porémnãodisputa.Asincon-veniências de linguagem jamais tiveram boasrazõesaosolhosdepessoassensa-tas.

•A história da doutrina espírita, de al-guma forma, é a do espírito humano.O estudo dessas fontes nos fornecerá umamina inesgotável de observações,sobre fatos gerais pouco conhecidos.

•Osprincípiosdadoutrinasãoosdecor-rentesdopróprioensinamentodosEspí-ritos.Nãoserá,então,umateoriapesso-al que exporemos.

•Não responderemos aos ataques diri-gidos contra o Espiritismo, contra seus partidários emesmo contra nós.Aliás,nos absteremos das polêmicas que po-dem degenerar em personalismo. Discu-tiremososprincípiosqueprofessamos.

•Confessaremosnossainsuficiênciasobretodos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir asobjeçõeseasperguntas,nósassolicita-mos. Serão um meio de esclarecimento.

•Se emitirmos nosso ponto de vista,isso não é senão uma opinião indivi-dual que não pretenderemos impor a ninguém.Nósaentregaremosàdiscus-sãoeestaremosprontospararenunciá--la, se nosso erro for demonstrado.

Estapublicaçãotemcomofinalidadeofe-recer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. Eligar, por um laço comum, os que com-preendemadoutrinaespíritasobseuver-dadeiropontodevistamoral:apráticadobem e a caridade do evangelho para com todos.

Envie seus comentários para [email protected]. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

ISSN 2176-2104

nasvibraçõespositivasO Correio

Grande abraço a todos.Victor Hugo de Souza Oliveira – SE

o trabalho da comunicaçãoParabéns pelo jornal. Tive a oportunidade de ver pela rede Mundo Maior. Isto nos faz lem-brar de Emmanuel, que diz que a maior carida-de que se faz ao espiritismo é a sua divulgação.

Ari Vilela, por email.

olhos de verDificil dizer qual reportagem é mais edifican-te, porém, “Quando o mundo vai acabar” [edição 440, jul, ago 2011] vem encher os olhos e os ouvidos!

Antonio Santucci, por email.

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SETEMBRO - OUTUBRO 2011 CorrEio FrAtErNo 3

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F ormando o tripé em que se apoia o espiritismo, ciência, filosofia e reli-gião se constituem em áreas infinitas

de pesquisas e reflexões. Por isso, talvez, não seja tão difícil se pensar em temas para palestras, eventos, programas sobre a doutrina espírita, justamente por elas permearem todas as áreas do interesse hu-mano. Afinal, seu objeto maior de conhe-cimento é o próprio espírito.

Tudo se torna ainda mais interessante sob a ótica espiritualista, que analisa num sistema de ideias próprias e encadeadas a existência de algo além da matéria. Mas o que seria isso? Qual sua origem? Como se comporta? Para que serve? Fala-se em Deus, em fé, em cura, em espírito, em leis morais, em imortalidade, em médiuns, ética, penas e consolações, mas bem poucos se debru-çam realmente para esmiuçar os detalhes de cada definição, cujo entendimento faz

a diferença para se com-preender o conjunto.

E para se estudar, refletir e levantar as inúmeras questões que envolvem o espiritismo, eventos sobre os mais variados enfoques é o que não faltam, princi-palmente no Brasil, pro-piciando um mergulho sobre cada um dos im-portantes aspectos. Em agosto e setembro úl-timos aconteceram em São Paulo o 7º Encon-tro da Liga dos Pesqui-sadores do Espiritismo, o 7º Simpósio de Co-municação Social Espí-rita e o III Simpósio de

Filosofia Espírita. Todos eles relacionan-do-se perfeitamente entre si: “Espiritismo e ciência: objetos, fronteiras e métodos de investigação”; “O papel e importância dos canais de comunicação na divulgação do espiritismo para a sociedade” e “A me-diunidade no contexto da comunicação”. Isso mostra a propriedade do comentário de Allan Kardec em sua Viagem espírita de 1862: “quem quer que acompanhe o pro-gresso da ciência espírita reconhece que ela cresce em importância à medida que penetra os mais profundos mistérios”.

O Encontro da Liga dos Pesquisadores do Espiritismo reuniu trabalhos interes-santes, de pesquisadores de diversos esta-dos do Brasil, muitos deles versando, coin-cidentemente, sobre o principal princípio, lógico e racional, da doutrina dos espíritos: a reencarnação. (Leia os resumos dos tra-balhos em www.correiofraterno.com.br).

Se, por um lado, a preocupação dos pesquisadores da Liga enalteceu a neces-sidade de se compreender o método da doutrina espírita, de tal forma que se fale com legitimidade sobre os fatos aborda-dos por Allan Kardec, no século 19, atra-vés dos livros da Codificação; por outro, o grupo de comunicadores, no Simpósio re-alizado pela ADE São Paulo e Campinas em 10 e 11 de setembro, analisou e discu-tiu sobre a necessidade de se modernizar a comunicação social espírita, em todas as mídias disponíveis – impressa, rádio, tele-visão, internet – atentando-se para a gran-de mudança do perfil do público espírita e não-espírita. “É preciso que as ideias do extenso conteúdo espírita cheguem ao pú-blico de uma forma simples, clara, atual e precisa”, alertou a jornalista Izabel Vitus-so, presidente da editora Correio Frater-

no, cuja palestra completa também pode ser acessada no site do Correio Fraterno.

Dia 25 de setembro, no Centro Espí-rita André Luiz, foi a vez de Astrid Sayegh reunir pessoas interessadas pela filosofia espírita no 3º Simpósio do IEEF – Ins-tituto Espírita de Estudos Filosóficos. O tema “A mediunidade no contexto da comunicação” trouxe inclusive pales-trantes não-espíritas, como os docentes da Universidade de São Paulo Franklin Leopoldo Silva e Olgária Chain Mattos, que falaram, respectivamente, sobre “A di-ficuldade do discurso filosófico” e “A co-municação do ponto de vista filosófico”.

De 30 de setembro a 2 de outubro, o assunto foi a conexão entre a medicina e a espiritualidade, no IV Simpósio do NUSE – Núcleo Universitário de Saúde e Espi-ritualidade da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo, que reuniu pales-trantes de religiões diversas, que aborda-ram o tema central “Terapias Integrativas e Espiritualidade”. Médicos, psicólogos, profissionais de saúde analisaram e discu-tiram temáticas desafiadoras, como o po-der da prece na cura, a terapia do perdão, a espiritualidade na significação da dor, a imposição das mãos, as curas espirituais sob a ótica da ciência, as terapias da alma.

Nesse ano, em que se comemoram os 150 anos de O livro dos médiuns, percebe--se um movimento maior dos eventos pela busca de se explicitar nas mais diversas áreas do conhecimento o valor das obras de Allan Kardec, que devem ser resgatadas em sua identidade para que se compreen-da o espiritismo como uma doutrina que está encadeada nos livros e merece estudo mais apurado.

Veja mais em www.correiofraterno.com.br

ACONTECE

REDAçãO

Pesquisadores, comunicadores, filósofos...

todos querem compreender melhor o espiritismo

Público lota eventos espíritas em busca de conhecimento

A ciência espírita cresce

em importância à medida que

penetra os mais profundos mistérios”

Allan Kardec

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4 CorrEio FrAtErNo SETEMBRO - OUTUBRO 2011

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ENTREVISTA

personagens são quase sempre os mesmos no decorrer das diversas épocas.

Qual sua opinião sobre a afirma-ção de algumas pessoas de que os livros do rochester não são espíritas?Arandi: Eles precisam ler as suas obras e analisá-las à luz da doutrina espírita, com isenção de ânimo. Das antigas, eu acon-selho: A vingança do judeu, Herculanum e Os luminares tchecos, entre outras. Nes-sa nova fase, principalmente, é notável a confirmação do compromisso do Roches-ter com os princípios básicos e os postula-dos do espiritismo.

Yvonne Pereira teria sido filha de Bezerra de Menezes, autor por ela psicografado em várias obras. Você acredita que exista sempre uma ligação de vidas anteriores entre o espírito-autor e o médium que psicografa suas obras? Seria o seu caso? Arandi: Não penso que isso seja uma re-gra. Mas é o meu caso, sim. Eu e o Ro-chester já caminhamos há muito tempo

juntos e nem sempre fomos amigos. Hoje aprendemos a nos amar e a nos respeitar. É num compromisso de redenção mútua que fazemos este trabalho.

Há tantas obras psicografadas, tantos títulos, autores, médiuns. A que você atribui esse fato, ob-servado ainda com mais intensi-dade ultimamente?Arandi: Para responder, vou usar a cita-ção de Pedro; Atos dos Apóstolos, cap. 2 - vers. 17 e 18: “Sucederá nos últimos dias, diz Deus, que derramarei do meu Espírito sobre toda carne. Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão.” Caberá sempre ao leitor analisar a fonte, humana e ainda imperfeita, para separar o joio do trigo, num compromisso de responsabilidade e fidelidade com as ver-dades de Deus.

o livro Vós sois deuses traça a trajetória do espírito em busca da religiosidade, da sua comu-nhão com Deus. Como você ana-lisa a presença do aspecto reli-gioso na condução da História da humanidade?Arandi: Você disse muito bem: religiosi-dade. Ao longo da nossa história, quan-tos males têm feito à humanidade muitas das chamadas religiões! Algumas fizeram mais vítimas que as guerras, em todos os tempos. O ser humano precisa aprender, desde o seu primeiro vagido, a ser ético. A personagem Sibila de Vós sois deuses ja-mais procurou o martírio cristão e nem mesmo a vaidosa “santidade”. Sua vida refletia, diuturnamente, as suas verdades íntimas, no exercício corajoso dos seus valores intelectuais e morais.

Você se emociona com as histórias que escreve? Sabe qual vai ser o final quando começa a psicogra-far um livro? Fale um pouco sobre esse processo. Arandi: Sim, emociono-me bastante. A emoção me alcança tão forte, que muitas vezes preciso parar para respirar e enxugar as lágrimas. Mas isso acontece quando das revisões. Porque, durante o trabalho de psi-cografia, estou muito concentrada e envol-vida nesse processo mediúnico. Eu também

Por ELIANA HADDAD

Nadécadade1940,aalagoanaArandi Gomes teixeira mudou-se para São Paulo, onde se formou professora de curso profissionalizante.MasfoinoRiodeJaneiro,noCentroEspíritaLuzeCaridade,quepassouafrequentarpornecessidadedeumdosfilhos,queelaseaprofundounosestudosdoespiritismoeeducouamediunidadepresentedesdeainfância.Desenvolveuapsicografia,trabalhandocomdiversosespíritos,atéqueumdiaencontrou-seemsonhocomJ.W.Roches-ter.Oimpactodessemisteriosoreencontrojáhaviaocorridoantes,nosanos70,quandoumavizinhalheemprestaraumlivro, A vingança do judeu,umdosromancesdoautorespiritual.Arandisentiu-sebastanteatraídapelonomedoautor,vivenciando uma grande emoção.Segundo ela, o Conde Rochester lhe apareceu, sorrindo, no meio da sala. Arandi chorou muito e outros fenômenos se se-guiram. Passaram a caminhar juntos quase todas as noites, em desdobramento, nas horas de sono. Da parceria surgiriam novas lindas histórias, outros livros desse consagrado autor de romances que trazem a incessante batalha entre o bem e o mal, com seus personagens envolvidos em relacionamentos atemporais de vingança, ódio e amor.Todos de autoria de Rochester, Arandi psicografou os livros A força do amor, O paradigma da humanidade, O processo, O exílio, A pulseira de Cleópatra e agora lança o seu mais novo romance Vós sois deuses, um envolvente enredo que retrata conflitosinteriores,noenormedesafioqueacompanhaodespertardaalmahumana.ConfiraaentrevistaconcedidapelamédiumaoCorreio Fraterno.

em novas descobertas

Não deve ser fácil psicografar ro-chester, pela quantidade de dados históricos. Como você mergulha nesses quadros? Consegue visua-lizá-los antes de escrever? Arandi: Sim. Mergulho, literalmente, com o Rochester nas situações. Em al-gumas vezes, assisto às cenas, como num filme, e psicografo. Em outras, ouço o seu ditado. E há aquelas em que eu ape-nas “escrevo”, como se fosse o próprio

Rochester conduzindo a narrativa a seu bel-prazer; até que algo se desliga e tudo se interrompe. Perco a noção de tempo e algumas vezes de espaço. Acontece, tam-bém, que os hábitos e os costumes dos personagens tornam-se tão familiares para mim durante a “convivência”, que o meu contexto de vida e até o meu idioma, ao “retornar”, parecem-me muito estranhos e difíceis. Às vezes, Rochester me mostra cenas e me dá alguns nomes, muito tem-po antes. Foi assim com O processo e A pulseira de Cleópatra.

Você já psicografou cinco livros di-tados por ele. Agora chega o Vós sois deuses. Como surgem os te-mas, os protagonistas das histó-rias? os livros têm alguma conti-nuidade? Arandi: Rochester traz tudo pronto e pre-viamente definido. Eu preciso, apenas, fazer a psicografia. Os livros são histórias inde-pendentes. Poderíamos dizer que existe tão somente uma ordem cronológica, já que os

rochester de volta

Arandi: Psicografia, emoção e compromisso

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ENTREVISTA

nunca sei o final do livro, a não ser quando isso interessa ao próprio Rochester. E aí ele me dá as coordenadas finais, geralmente quase no fim da obra.

rochester é sempre muito contun-dente, suas histórias são verídicas?Arandi: Ele é objetivo. Quanto à veraci-dade das suas histórias, nem eu mesma posso ter essa certeza, diante dessa inte-ligência brilhante, poderosa e criativa, com a qual trabalho e à qual reverencio, sincera e carinhosamente.

Você percebe a evolução de ro-chester como espírito nas obras? Arandi: Não apenas ele tem crescido espiritualmente, nessa oportunidade de trabalho. Eu também, e todos aqueles que fazem bom proveito dos conteúdos das suas obras.

Há alguma passagem que mais a tenha sensibilizado nessa tarefa de psicografar livros espíritas? Arandi: Não psicografo apenas os livros do Rochester, mas também mensagens de diversos espíritos. E, no todo, tenho recebido alguns “presentes do céu”, que me fazem chorar de emoção e de gra-tidão. Deus é providência divina nas nossas vidas e sabe alegrar os nossos co-rações, nos incentivando e fortalecendo para a superação das nossas dificuldades, na caminhada redentora. São muitas passagens marcantes, sem dúvida. É di-fícil apontar apenas esta ou aquela. Mas algumas me vêm, agora, à memória. Em O paradigma da humanidade (Ed. Lo-renz), quando no plano espiritual, en-carnados e desencarnados são recebidos e orientados, numa avaliação espiritual. No capítulo que dá nome ao livro, na página 349, a partir do parágrafo cinco, Jesus surge e fala a todos os presentes. Difícil descrever aquilo que senti e ain-da sinto. Em O processo (Ed. Lorenz), quase no final do livro, quando o padre François “assiste” o desligamento espiri-tual de Madelaine. E, em O exílio (Ed. Lorenz), os sentimentos de Zarik (Ro-chester), despedindo-se de tudo, para cumprir, como ele mesmo diz, o seu Maktub. E muitas outras passagens, tão emocionantes quanto e tão próprias do nosso querido Rochester.

LiVroS & CiA.

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temple Grandinde Mick Jackson103 minutosDVD ou exibição

Como renovar atitudesde Astrid Sayegh144 páginas14x21 cm

Pedagogia da consciênciade Evilásio Menezes176 páginas14x21 cm

Diálogo com os céticos Alfred Russel Wallacetradução de Jáder dos Reis Sampaio64 páginas14x21 cm

Você revelou que seus encontros com os autores espirituais acon-tecem em sonhos e em desdobra-mentos. Conte-nos um pouco a respeito. Arandi: O meu encontro com o Roches-ter foi fruto da materialização dele; vesti-do, ricamente, como um nobre do século 17 que foi. Depois disso, encontramo-nos durante os nossos desdobramentos pelo sono. Dessa forma, fui informada sobre o trabalho que faríamos. Além do Roches-ter, caminho em desdobramento também com outros espíritos que fazem parte da minha vida e das minhas tarefas espíritas.

Se é que é possível uma respos-ta, qual seria a sua parte e qual a parte do espírito rochester na criação literária?Arandi: A minha parte é a da psicogra-

fia, da disciplina de horários e orações, e o esforço de uma concentração cada vez melhor para bons resultados no trabalho mediúnico. Há também as revisões das obras e os cuidados que elas me exigem.

o que você acha da literatura es-pírita hoje? As obras básicas es-tão sendo esquecidas? Arandi: Nós temos autores muito bons, além da codificação de Kardec, base só-lida e indispensável, e das obras subsidi-árias. Essa fonte abundante é rica, gene-rosa e diversificada. Espero do fundo do meu coração que as obras da codificação de Kardec sejam sempre a base para o movimento espírita e a sua evolução, sob a direção e o olhar amorável do Espírito da Verdade.

Veja a entrevista no site www.correiofarterno.com.br

os caminhos de rochesterJohn Wilmot nasceu na Inglaterra em 10 de abril de 1647. Com a morte do pai, tornou--se Conde de Rochester, aos 11 anos. Tinha apenas o título e pouca herança.Aos 16 anos, culto, belo e charmoso, com natural modéstia que o tornava ainda mais encantador, possuía todas as qualidades para se sobressair na sociedade da época. Logo se engajou nas intrigas da corte do rei Charles II, de quem se tornou homem de confian-ça. Após desfrutar de paixões desenfreadas, agonizante, aos 33 anos, chamou um sacer-dote e iniciou sua última aventura: a busca

de Deus. Regressando ao mundo espiritual, Rochester envia entre o final do século 19 e o começo do século 20, mensagens sobre a imortalidade da alma e a reencar-nação, reveladas em romances consagrados com vibrantes histórias de experiências vividas na Terra. E ele não para, dando continuidade hoje ao seu trabalho, aprimo-rando sempre mais o convite para a conscientização dos verdadeiros valores da vida. No livro Nas fronteiras do além (FEB) o autor e pesquisador Herminio C. Miranda defende que o Conde de Rochester acabou por se encontrar a si mesmo, a despeito do alarido de suas paixões desencadeadas. “Não apenas isso. De regresso ao mundo espiritual, depois de pelo menos mais uma vida na carne, resolveu escrever através de sua amiga Wera Krijanowski a mais bela mensagem do mundo: a de que o espírito sobrevive e se reencarna tantas vezes quantas necessárias ao seu reajuste perante as leis de Deus, insistentemente desobedecidas ao longo do tempo imemorial. Nada se esquece, nada se perde, tudo serve para a reconstrução do nosso mundo íntimo, até mesmo as nossas loucuras, porque também com elas aprendemos a dura lição da vida, que não precisava ser dura se o quiséssemos.”

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SETEMBRO - OUTUBRO 2011 CorrEio FrAtErNo 7

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: [email protected].

Conheci os irmãos Veloso [dois, do to-tal de 16] em São Paulo, em um dos Encontros Nacionais de Pesquisado-

res do Espiritismo. Sob uma árvore, Eurí-pedes, descansava no intervalo do almoço, enquanto se entretinha na página dos diver-timentos do Correio Fraterno. Apresenta-ções efusivas, e logo a conversa corria solta sobre projetos, ideais e pesquisas, permane-cendo entre nós forte impressão da necessi-dade de se trabalhar a recuperação da me-mória espírita. Comentei sobre a mensagem que havia recebido anos atrás de Corina No-velino, historiadora e discípula de Eurípedes Barsanulfo, que me sugeria fossem registra-dos e preservados os primeiros passos do espiritismo em Uberlândia, MG, e que os resultados de trabalhos como esse serviriam para o entendimento dos fatos da atualida-de, além do registro ser um reconhecimento aos que souberam cumprir o seu papel, pela fidelidade com que se entregaram ao traba-lho da divulgação da doutrina.

Dois anos depois, os irmãos Airton Ve-loso, professor e historiador, e Eurípedes Veloso, formado em filosofia e dedicado às letras, chegam ao 7º Encontro da Liga de Pesquisadores trazendo em mãos o livro, resultado da pesquisa que se dispuseram a fazer nas terras goianas, projeto que aca-

BAÚ DE MEMÓRIAS

bou recebendo total apoio da Federação Espírita do Estado de Goiás.

Os primórdios do espiritismo em Goiás é apenas o primeiro volume da série – Memó-ria Espírita do Estado de Goiás – que pro-mete rastrear os principais fatos que deram origem ao movimento espírita no Brasil Central. A ideia é publicar um livro a cada ano, a ser lançado no período do Carnaval, no congresso espírita estadual. O segundo volume abordará a história do espiritismo na região metropolitana de Goiás.

“Quando mostrei o trabalho ainda em andamento ao Aston [Brian Leão, então presidente da FEEGO], ele, que é muito amigo nosso, abraçou o projeto e anunciou no Congresso Espírita Brasileiro que no ano seguinte já se teria alguma publicação no Projeto Memória. Corremos então com a pesquisa. Havia muito que aprender, não havíamos nem estabelecido uma metodo-logia. Tudo isso acabou provocando em nós um senso de pesquisa. Chegamos a ca-talogar todo o jornal Goiás Espírita – edi-tado 1947 a 2002 – uma riqueza de mate-rial....” – entusiasma-se Eurípedes Veloso.

O livro passa pelo início do espiritismo

no mundo, no Brasil, as relações políticas e econômicas que influenciaram o assenta-mento do espiritismo pelo Estado, a cons-trução de Brasília, a Marcha para o Oeste, a influência dos estados vizinhos, como Minas Gerais, além de apontamentos espe-cíficos, como o surgimento, em 1909, do primeiro grupo espírita na cidade de Goi-ás, denominado Amigos dos Sofredores.

Eurípedes lembra que a maioria dos centros espíritas de Goiás teve como ponto de partida situações em que pessoas obse-diadas iam para Sacramento, MG, em bus-ca de cura através do médium Eurípedes Barsanulfo e, ao regressarem, formavam grupos de estudos, reunindo-se em casas particulares que posteriormente se transfor-mavam em centros espíritas.

Airton Veloso também reflete sobre a experiência: “Não tenho dúvidas quanto ao significado desse tipo de trabalho, de recuperação da história, espiritualmente falando. Quando falamos no interior sobre o projeto, eles entenderam que isso tem um significado muito grande. Sentimos isso com os moradores de Nova Aurora, cidade com pouco mais de 2 mil habitan-tes. Também em cidades como Catalão. Eu me sinto muito pequenininho diante dessa responsabilidade. Porque tanta gente en-volvida, tanto carinho, tudo isso emocio-

na. Mas é pena que faltem tantos dados.” Não é difícil imaginar os desdobra-

mentos que seguem esse tipo de trabalho. É o caso, por exemplo, de presidentes de centros que simplesmente paralisaram as atividades da casa e, ao ouvirem as histórias do passado, em nossas divulgações, desper-taram pela emoção e retornaram as ativi-dades. Muitos parentes dos pioneiros dessa história ficam agradecidos e sensibilizados. Eu não tenho dúvidas de que a espirituali-dade também trabalha nesse sentido. Ouvi-mos inúmeros casos em Goiás e em Monte Carmelo... É como se alguns nós fossem aos poucos se desatando.

“Ter contato com o passado emociona a gente. Lembro do Movimento das Mo-cidades Espíritas do Triângulo Mineiro; era fantástico. Na época, estávamos entre os idealizadores. O resgate dessa memória tem o efeito de propulsão, tanto espiritualmente como materialmente, no movimento espí-rita”– finaliza Eurípedes, não antes de fazer suspense sobre o que já recuperaram de in-formações que deve sair no próximo volu-me. Mas pode ficar ainda melhor se mais e mais pessoas ajudarem a compor essa his-tória, com fotos, dados e mais informações.

E-mails: [email protected] e [email protected]

Por IzABEL VITUSSO

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GoiáseoprojetoMemória Espírita

D. Pedro ii

os irmãos Airton e Eurípedes Veloso junto à jornalista izabel Vitusso:Projeto memória, uma ideia quedeve ser multiplicada

Zanutto, Rodrigues & Cia LtdaMateriais para construção

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R. José Benedetti, 170 • B. Santa Terezinha • São Bernardo do Campo • SP • CEP 09770-140

11 4121 3774

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ESPECIAL

reconhecida pela Organização Mun-dial de Saúde, a Medicina Comple-mentar e Alternativa (MCA) está

presente no Brasil no cuidado de milhões de pacientes, que recorrem a técnicas e terapias naturais para o alívio e cura de suas doenças, buscando o equilíbrio físico e emocional. Algumas delas, entendidas como novas nos países ocidentais, são tradi-cionais e recorrentes em outras sociedades e culturas, como a acupuntura, o do-in e a fi-toterapia, que envolve o uso dos princípios ativos das plantas em favor da saúde. Isso sem falar na homeopatia (Hahnemann: 1755-1843) e na manipulação do magne-tismo animal (Mesmer: 1734-1815).

Há poucos dias, o ator Reynaldo Gia-necchini, que enfrenta um câncer no sis-tema linfático, afirmou estar se tratando, além da medicina alopática, também com a assistência espiritual, com médium do interior de São Paulo, lembrando que não dispensa ainda as boas vibrações dos fãs e conhecidos na ajuda de sua recuperação.

No Brasil são inúmeras as possibilida-des de tratamentos com uso da medicina complementar, com incontáveis casos de sucesso. Muitos deles inclusive oferecen-do soluções não encontradas na medicina convencional.

Foi possivelmente antevendo a quan-tidade de sofrimentos, dores não-curadas, principalmente da alma, que o médico espírita Bezerra de Menezes e o médium Eurípedes Barsanulfo popularizaram no século 19 a assistência no centro espírita aos doentes e necessitados, aliando o uso

da homeopatia e da fitoterapia ao trata-mento espiritual.

Para o odontólogo Emerson Palhares, que dá continuidade ao trabalho de seu avô de criação, Langerton Neves da Cunha, e que dirige no momento o Núcleo Espírita Brasileiro Langerton Neves da Cunha, em Uberaba, MG, não há razão de se ter a fi-toterapia nas casas espíritas sem a terapia do Evangelho. “Ela é um complemento da lei do amor e da caridade”. Prova disso é a Caravana do Arco Íris, iniciada pelo avô, da qual ele participa com um grupo de fi-toterapeutas, e que viaja todo mês de julho pelo Nordeste, levando o alívio e equilí-brio ao corpo físico e espiritual em locais de maior necessidade. Além de participar deste projeto, cada membro da Caravana realiza semanalmente em seu setor o traba-lho vinculado a uma casa espírita, nas mais diversas cidades e estados do Brasil.

ria é que Eurípedes Barsanulfo tornou-se espírita. E logo após a sua desencarnação, foi Sinhô Mariano quem continuou o tra-balho no atendimento, ainda por muitos anos. Eurípedes desencarnara muito cedo, em 1918, com apenas 38 anos, vítima da gripe espanhola. A partir de 1959, o mé-dium Langerton prossegue com o trabalho da fitoterapia, em Peirópolis, Uberaba, cujos conhecimentos que detinha sobre as plantas, preparo, acondicionamento, embalagem, indicação, foram aos poucos sendo transmitidos a outras pessoas inte-ressadas, o que propiciou a multiplicação de trabalhadores que formam hoje cerca de 70 grupos semelhantes espalhados pelo Brasil e em cinco países: Alemanha, Holan-da, Portugal, Moçambique e Cuba.

“Temos aí o ide e pregai, ensinai, curai os enfermos, expulsai os demônios. Isso é fitoterapia com Jesus” – explica Rener. “Além da parte física, dos recursos das plantas, a fitoterapia obedece à fluidifica-ção da espiritualidade. “Eu posso manipu-lar uma planta, mas na casa espírita o efeito magnético é outro. Os efeitos químicos, biológicos são diferentes”, diz ao recor-dar o preparo de trinta quilos de cremes e unguentos no dia anterior a essa entre-vista. “Tudo é à base de oração, fluidifica-ção; fazemos tinturas com a planta verde [sabendo-se a hora exata de se coletá-la], extraímos o princípio ativo, magnetizamos a tintura através da fluidificação magnética do médium e da espiritualidade”– comen-ta. “Quando as energias perispiríticas, que são as energias fluídicas do indivíduo, estão

“Praticamente não houve interrupção do trabalho com a fitoterapia iniciado por Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento, MG, que é hoje o coordenador geral desse trabalho no plano espiritual”– explica Re-ner Leite da Cunha, e à frente do trabalho de assistência nesse segmento há mais de vinte anos, no Centro Espírita Estrada da Luz e em pelo menos três outras casas es-píritas em Uberlândia, MG e região, onde chega a atender com a equipe cerca de 1.500 pessoas por mês.

Desde o século 19, Eurípedes fazia o que chamavam de trabalho de receituário, e distribuía gratuitamente as formulações que ele mesmo preparava na Farmácia Homeopática, tendo a sua mediunidade como um dos instrumentos principais no atendimento de pessoas que vinham de longe para se tratar. Através de seu tio Si-nhô Mariano, na Fazenda em Santa Ma-

A fitoterapia aliada ao tratamento espiritual

Por IzABEL VITUSSO E ELIANA HADDAD

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em desequilíbrio, lesionam as células e es-sas células adoecem o corpo físico”– expli-ca Rener, que ao trabalhar no receituário é auxiliado pelos espíritos pela mediunidade auditiva. “Os assistidos vão sendo tratados desde a entrada no centro, através da equi-pe espiritual, da palestra que ouvem sobre o Evangelho, até a saída, com seus frascos de medicamentos à base de plantas, distri-buídos gratuitamente”– conclui.

Desde a desencarnação de Langerton, em 2003, os antigos aprendizes se reúnem em torno de um ideal e estão conseguindo levantar, no terreno de 10 mil m adquiri-do em Uberaba, o Núcleo Espírita Brasi-

Emerson Palhares (à esq.) e renner Cunha: Fitoterapia: “um complemento da lei de amor e caridade.”

leiro Langerton Neves da Cunha, iniciando-se pelo centro espírita, seguido do laboratório e farmá-cia, de acordo com as regulamentações das leis civis do Brasil. Terá como objetivo a unificação do trabalho nos atendimen-tos nos centros espíritas vinculados ao projeto, incluindo o cultivo das plantas, principalmente da região do Cerrado, atendendo às orientações do médium Langerton e da legislação.

Avaliando o trabalho que realiza junto à equipe

no Departamento Espírita Casa de Cárita, em Uberaba, Emerson lembra que muitas pessoas procuram o centro espírita em bus-ca de uma cura, “porque todos queremos ficar livres dos problemas, mas não que-remos nos modificar. Aí entra o Evange-lho, como a verdadeira cura do espírito. A doença é efeito apenas”. A planta tem um princípio ativo que atua no corpo físico e, dependendo da forma de manipulação, também em corpos energéticos mais sutis. Mas a fitoterapia na casa espírita é um ins-trumento fantástico para atrair o coração humano. “Nosso trabalho principal não é a fitoterapia, mas o Evangelho de Jesus.”

A importância da universidade nas pesquisas

O médico-cirurgião e fitoterapeuta dr. Sérgio Mitsunori Soma, formado em medicina na Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba, na dé-cada de 80, também iniciou o trabalho de manipulação das plantas com Langer-ton e participa a mais de vinte anos no núcleo de Araxá, MG, no Centro Espí-rita Labor, Fé e Amor, que tem à frente pessoas como o casal Maria de Lourdes, Ismael Honorato e seu filho André Luiz. Sérgio possui uma visão muito clara sobre a relação entre o espiritismo e a medici-na complementar. “A doutrina espírita vê o homem como um ser integral e hoje percebemos que a medicina comum está mais preocupada com o tratamento da doença e não do doente; daí a procura dos espiritualistas pela medicina comple-

mentar, que atenta de uma maneira mais global às necessidades do que o homem está buscando hoje”– elucida.

Segundo o cirurgião, cerca de 30% das doenças hoje são causadas pelos efeitos colaterais dos remédios alopáticos. Porém deixa claro que reconhece a importância da alopatia. “Mas é preciso lembrar que plan-ta também tem contraindicaçoes”, alerta o médico sobre o perigo da automedicação, em qualquer tratamento. E diz ainda: “O trabalho de fitoterapia aliado ao tratamen-to espiritual na casa espírita é coisa muito séria. Há uma orientação espiritual mui-to grande e muitos médiuns que não são médicos conhecem a planta às vezes muito melhor, porque acabam se dedicando ao estudo e à pesquisa para melhor auxiliar”.

Ele destaca o trabalho científico que está sendo realizado em Araxá, citando também o projeto Ecocerrado Brasil.2 Nos últimos onze anos, foi montado um estudo avançado sobre plantas me-dicinais: catalogando-as com nome cien-tífico, popular, origem, reprodução, in-dicações, contraindicações e referências bibliográficas, o que só aumenta o res-paldo científico da fitoterapia no Brasil. “Começamos o estudo com 20 partici-pantes e hoje somos mais de 250 e com aproximadamente 45 representantes de universidades brasileiras”.

“Estamos caminhando para uma me-dicina mais integral no mundo inteiro. Há outras escolas, não falando propria-

mente de Kardec, que consideram algo a mais além do corpo físico”. E, como médico e espírita, não tenho dúvida sobre a importância da universidade nas pesquisas sobre o assunto. “Um exemplo disso é a pesquisa da engenheira química Ana Maria Pereira da Universidade de Ribeirão Preto, que participa há muitos anos como voluntária do projeto e vem sendo reconhecida internacionalmente pelo estudo sobre a extração de princípio ativo de uma planta antitumoral”. (acesse www.reservaecocerradobrasil.org/reportagem_no_globo_rural_1.html)

E-mails: [email protected], [email protected], [email protected]

Para saber mais: 1) Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da caridade, de Jorge Rizzini (Ed. Correio Fraterno) e O homem e a missão, de Corina Novelino (Ed. IDE).2) www.reservaecocerradobrasil.org

Eu posso manipular

uma planta, mas na casa

espírita o efeito magnético é outro”

Renner Cunha

Sérgio Mitsunori Soma: o trabalho científico com as plantas medicinais.

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Encontro anual em Brasília: coleta, estudo e preparo de plantas medicinais

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ENSAIO

“A natureza não dá saltos.” Esta é a afirmação do filósofo alemão, Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) em seu livro Princípio da con-tinuidade. O propósito de Leibniz foi criar uma doutrina compatível

com os postulados de todas as cor-rentes filosóficas, desde os moder-nos como Francis Bacon, Thomas Hobbes, e René Descartes, até aos aristotélicos e escolásticos. Além de formular novas ideias, buscou acla-rar questões confusas e enganos nos sistemas filosóficos – princi-palmente na filosofia de Descartes – reconciliando-os pela união de seus pontos comuns, descendo a detalhes para descobrir concordân-cias de ideias ou remover contra-dições. Leibniz afirma que, assim como a correnteza é a causa do movimento do barco, mas não de seu atraso, também Deus é a causa da perfeição da Natureza, mas não de seus defeitos. Ao criar o mun-do tal como ele é, Deus escolheu o menor dos males, de tal forma que o ele comporta o máximo de bem e o mínimo de mal.

Alguns estudiosos acham falsa a afirmativa que Leibniz visse apenas como politicamente importante para os Estados Alemães a união religiosa e o espírito de tolerância entre católicos e protestantes. Eles defendem que Leibniz, do mes-mo modo que buscava fórmulas conciliadoras na filosofia, também tentou encontrá-las na teologia, por acreditar que as verdades fun-damentais estavam contidas em cada corrente contrária, filosófica ou teológica, bastando mostrar as coincidências para se chegar à con-ciliação. O projeto não foi adiante

por razões políticas e pela desunião entre os próprios protestantes. Lei-bniz esbarrava na natureza huma-na, que também não dá saltos.

O espiritismo nos ensina que todos os espíritos são criados sim-ples e ignorantes, conforme o capí-tulo 7, parte segunda de O livro dos espíritos. Se fôssemos criados pron-tos, perfeitos, não teríamos mereci-mento para desfrutar os benefícios dessa perfeição. Mas ser criado simples e ignorante não signifi-ca ser mau ou bom, isso fica por conta do nosso livre-arbítrio, que se desenvolve à medida que evo-luímos moral e intelectualmente, partindo de espíritos imperfeitos até chegarmos a espíritos puros. Degrau por degrau, sem saltos. Compre-ender a evolução segundo a ótica espírita é fácil.

Mas, por um destes mistérios que envolvem a natureza humana, difícil é entender porque os ho-mens preferem tentar saltar etapas, mergulhando uma lição tão sim-ples e clara num caldo de receitas místicas, buscando transformações apressadas e drásticas. Os resulta-dos, quando não ideias estapafúr-dias ou pseudorreligiões, descam-bam para ameaças contra a vida humana, personificadas em figuras como Adolf Hitler, que adorava uma teoria conspiratória.

Com sua mentalidade biorracis-ta, Hitler conformou sua estranha cosmovisão pangermânica do mun-do através do sectarismo, do ódio e pela exclusão, secundada por um grande número de símbolos, dando contornos ritualísticos ao holocaus-to. Um destes símbolos, a suástica, já era utilizada por celtas, tibetanos, hindus e outras culturas bem ante-riores à era cristã. O Führer enxer-gou naquela cruz gamad, uma for-ma de suplantar a religião de Jesus.

Hitler é, sem dúvida, uma sín-tese de tudo que o ser humano é

capaz de criar, distorcendo informa-ções, religiões e até fatos históricos, visando seu próprio interesse. Não à toa, Joseph Goebbels, chefe da pro-paganda nazista, cunhou a célebre frase “de tanto se repetir uma men-tira, ela acaba se tornando verdade”.

O espiritismo não está livre des-te tipo de comportamento. Tornou--se comum ouvirmos vozes falando em ‘atualização’ e ‘revisão’ das obras básicas da codificação ou, ainda, criação de movimentos paralelos e a aceitação de ideias pseudodou-trinárias, apoiadas por pessoas que, muitas vezes, não percebem – ou não querem perceber – que servem de instrumento das sombras, ali-mentando os monstros que às vezes se nutrem ora da boa fé, ora da ig-norância, mas que sempre devoram quem os alimentou, afinal.

George De Marco é publicitário e radialista. E-mail: [email protected]

Favor não alimentar osmonstrosPor gEORgE DE MARCO

Mas ser criado simples e ignorante

não significa ser mau ou

bom, isso fica por conta do nosso livre-

arbítrio (...)”

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Feira Espírita Beneficente de Atibaia Dias 15 e 16 de outubro, na Praça Claudino

Alves, Centro. Com Feira do Livro Espírita, apresentações musicais, alimentação. Um evento para toda a família.

Realização: USE-SP e casas espíritas do município.

Peça “tem espiritos no banheiro?” Baseada no livro de tatiana Benites

Dia 16 de outubro a partir das 7h45 (com café da manhã) no centro espírita Bezerra de Me-

nezes - Penha São Paulo à rua Omachá, 182.

9º CoNEC – Congresso de Espiritismo do Circuito das Águas

De 21 a 23 de outubro, no Centro de Con-venções de Serra Negra, SP. Com participa-

ção de Plínio Oliveira, Paulo Henrique de Figueiredo, Eliseu Mota Jr., Maurício de

Barros, Paula Zamp. Com venda de livros com descon-tos. Tema: Visão Científica do Espiritismo. Informações: [email protected] ou com Roberto (19) 3892-4253.

i Congresso Jurídico-Médico-Espírita em Mato Grosso

Será realizado nos dias 22 e 23 de outubro em Campo Grande, MS o I Congresso Jurídico-

-Médico-Espírita, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso.

Realização: Associação Jurídico-Espírita,MT, Associação Médica-Espírita, MT, Instituto de Cultura Espírita,MT e Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas, MT. Informações: www.amems.org

XiV Congresso Espírita da BahiaDe 3 a 6 de novembro, no Centro de Conven-

ções da Bahia, Salvador. Tema: O primado do Espírito. Organização: Federação Espírita do Estado da Bahia. Informações: (71) 3359-

3323 – www.feeb.org.br e-mail: [email protected]

Feira do Livro Espírita no calçadão de Carapicuíba

Acontece em todos os sábados do mês de no-vembro a Feira do Livro Espírita, no calça-

dão de Carapicuíba, SP. Centro. Além de livros, o evento traz apresentações e recre-

ações para as crianças. Realização: USE Estado de São Paulo e Casas Espíritas do município. Apoio: Prefeitura de Carapicuíba.

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que

acontece no meio espírita. Participe.www.correiofraterno.com.br

qualquer hora, em qualquer lugar

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ENiGMA

Quem se identifica, nas obras básicas,

como o mentor espiritual de

Kardec?

CAçA-PALAVrAS Do CorrEio

Resposta do Enigma:

Solução do Caça-Palavras

Veja em:www.correiofraterno.com.br

O Espírito de Verdade ou Espírito Verdade.

Os dois nomes devem ser considerados; Espírito Verdade (Esprit Vérité) foi mais usado nos primeiros anos do Espiritismo, e O

Espírito de Verdade (l’Esprit de Vérité) foi usado a partir

de 1860. Saiba mais no www.correiofraterno.com.br

Encontre no caça-palavras alguns termos da mensagem ditada por Emmanuel.

Chá e Bazar BeneficentesDia 6 de novembro de 2011, às 14:30h

Local: Associação dos Funcionários Públicos. Rua 28 de Outubro, 61 – Centro – S. Bernardo do Campo, SP. Contato: (11) 4109-8938 (Lar). O evento mais aguardado no ano! (Enxovais bordados, artesanatos finos, pinturas)

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A r t i N B V F o P E t H o M E M B N J

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C A M o V H t S Z o à A o i t E r o A G

S A M i N H A B o r E A L i Z A i A S H

Deus fornece o material. O homem trABALHA. | Deus concede o ensinamento. O homem rEALiZA. | Deus cria a PAZ. O homem forja o conflito. | Deus promove a UNiÃo. O ho-memestabeleceoprivilégio.| Deus recomenda o PErDÃo. O homem faz o ressentimento. |Deusergueafé.OhomemCULtiVA a insegurança. | Deus traçou a JUStiçA. O homem armou a violência. | Deus consolidou a coragem. O homem perpetuou a AUDÁCiA. | Deus abençoa a todos. O HoMEMfazconcessões.| Deus garante a liberdade. O homem usa o livre-arbítrioerespondepelasprópriasoBrAS.

Fonte: A semente de mostarda, pelo médium: Francisco Cândido Xavier-GEEM.

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Laurinha chegou em casa com maisduasamigasdocentroespí-

rita e pediu a sua mãe:– Mãe, podemos usar as tintas para fazer um trabalho?–Pode,filha,ésópegarnoarmário–respondeu sua mãe.Laurinhafoiatéoarmárioepe-

gouastintas,pincéiseumcopinhocomágua.

Quando chegou no quarto, con-tou para suas amigas a ideia sobre o trabalho e todas se empolgaram. Ela pegou uma camiseta branca, e nela começaram a pintar um grande co-ração e escreveram na frente Aven-tureiros. Como Laurinha e suas ami-gas estavam muito quietas, sua mãe resolveuiratéoquartoparasaberoquesepassavaládentro.– Meninas, o que vocês estão fa-zendo?– Pintando, tia – respondeu Ana.

– O que vocês estão pintando?– Estamos pintando um coração na camiseta da Laurinha e agora vamos fazer nossas faixas de colocar na ca-beça e no braço para parecer mais aventura – explicou Paula.–Hummm....–amãedaLaurinhafi-tou o trabalho das meninas e falou:–Querovercomovaificar,quandoestiver prontoo.

Ela saiu do quarto pensativa. Sabia que não adiantaria falar nada sobre estragaracamiseta,afinaljáerabemvelha e elas estavam se divertindo com um trabalho. Depois de alguns minutos, as meninas apareceram na sala com camiseta pintada, faixas ver-melhas na testa e nos braços. – Então, meninas, me expliquem o trabalho!Elasficaramemposiçãodelutaefa-laram:– Somos os Aventureiros do Coração!

– E o que isso quer dizer?–Ah,mãe, estána cara! Tínhamosque fazer um trabalho sobre o tema “bem-aventureiros os de coração puro”.– Puros de coração! – falaram as ou-tras duas amigas em coro.–Éissoaí!Daíresolvemosfazerumgrupo de aventuras, tipo ninja, mãe.–Estámuitolegal,meninas,porquebem-aventuradossignificaserfelizevocês estão conseguindo transmitir alegria vestidas assim!– Eu sabia que o “bem-aventureiros do coração” já dava pra entenderque era do pequenino, puro... do co-ração,docéu,doreino,tudoissoaíde felicidade! – falou a Laurinha, se atrapalhando toda. As duas amigas se entreolharam e falaram:– Nossa, você confundiu tudo!– Ah, mas minha mãe entendeu di-reitinho.Né,mãe?–faloupiscando.

COISAS DE LAURINHA

oS AVENtUrEiroS Do CorAçÃo

Por TATIANA BENITES

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Ao final da reunião espírita, quan-do todos do grupo comentavam suas impressões a respeito do

trabalho, uma das médiuns contou-nos que um espírito havia sussurrado ao seu ouvido a sua história. Eram muitos deta-lhes. Como temia esquecê-los pediu para eu anotá-los.

O jovem se chamava João. Vivia numa colônia espiritual, mantendo-se sempre em trabalho, embora não lhe fossem atribuí-dos serviços de maior envergadura. Eram

trabalhos simples e úteis que mantinham seu espírito ocupado e prestativo. Havia le-vado uma vida boa, responsável e, quando desencarnou, fora acolhido por parentes e amigos. Após um período de sono, desper-tou numa clínica de recuperação e, tão logo fora liberado, pôde ocupar-se de uma ativi-dade útil na colônia espiritual.

Gostando quando encarnado de rock e de um “sambinha maneiro”, agradecia por não ter que ficar ouvindo o som de harpas tocadas por anjos e fadas. Disse

FOI ASSIM

Melhor deixar a reencarnação para depoisPor HAMILTON CAMARgO RODRIgUES

que morreria de tédio, pois a morte não transformava as pessoas. Mantinha seus gostos, mas andava agitado com a ideia da reencarnação. “Seria uma boa” – pensava –, ainda mais que havia ouvido falar que poderia fazer três pedidos ao seu mentor. Pedira beleza, riqueza e fé.

Analisaram sua ficha e trouxeram-lhe a resposta. Não haveria muitos proble-mas com os dois primeiros pedidos. A dificuldade maior seria com o terceiro. “A fé não lhe pode ser dada; você terá que

VOCÊ SABIA? Por ADRIANO OLIVEIRA

Você sabia que a mediunidade, faculdade que permite ao ho-

mem entrar em comunicação com o mundo espiritual, não foi criada pelo espiritismo? A mediunidade é leidanatureza,sempreexistiuesempre vai existir nos mais variados povos, em todos os tempos, nas di-versasnações.Hárelatossobreamediunidadenavida de grandes personagens da História. Vejamos alguns:• O escritor Alfred Musset disse: “Sim, experimento o fenômeno que os taumaturgos denominam posses-são.Doisespíritossetêmapodera-dodemim(...)Hámuitosanosquetenho visões e ouço vozes. Comopoderia por isso em dúvida, quando

todosossentidosmoafirmam?”• O músico brasileiro Carlos gomes chegouaver,váriasvezeseemvárioslocais,osseuspais,jádesencarnados.• O escritor português Camilo Cas-telo Branco disse: “Chego a ter a sensação de que alguém escre-ve por minhas mãos, nas horas de maior fadiga.”• O músico francês Claude Debussy frequentou sessões espíritas e eramédium.• O escritor italiano Dante Alighieri afirmouqueviajavacomseuguiaes-piritual Vergilio no mundo espiritual, e descreveu os horrores do inferno em sua obra A divina comédia; • Chopin,músicofrancês,viuespí-ritosdefradeseouviucânticosreli-

giosos num casarão antigo, situado nas Ilhas Baleares.• OcompositorGiuseppeVerdiafir-mou crer na inspiração.• Honoré de Balzac escreveu 137livros, alguns citando passagens so-bre ocultismo e espiritismo.• O poeta alemão Johan Schiller, em sua obra O visionário, fala de apari-çõesdeespíritos.• O escritor Victor Hugo participava desessõesespíritas.

O autor reside em Caruaru-PE e é autor dos livros Em busca dos limites da inteligência e 1000 pensamentos de personalidades que Influenciaram a humanidade (ed. DPL)

Fonte: grandes vultos da humanidade e o espiritismo, de Sylvio Brito Soares (Ed FEB).(Veja mais em www.correiofraterno.com.br)

Grandes vultos da humanidade eram médiuns

conquistá-la”. Teria assim que perder a beleza e a riqueza para aprender a desen-volver a paciência, a coragem e a perseve-rança, arando o próprio solo, adubando o terreno com algumas virtudes para poder semear a fé.

João empalideceu. Pensou, pensou, co-çou a cabeça e decidiu:– Melhor ficar por aqui. Vou deixar esse papo de reencarnação para depois.

Hamilton Camargo Rodrigues é de Uberlândia, MG

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SETEMBRO - OUTUBRO 2011 CorrEio FrAtErNo 15

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MUNDO SUSTENTÁVEL

Wangari Maathai desencarnou no primeiro domingo da pri-mavera, um domingo, após

uma “grande e valente luta contra um câncer”, conforme nota divulgada pela fa-mília. Em 71 anos de vida, deixou como legado a luta obstinada contra o machis-mo, a pobreza e a destruição sistemática do meio ambiente.

Lembro-me da imensa alegria que sen-ti quando ela foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 2004, o mais impor-tante de todos os Nobel. Foi a primeira vez que uma ambientalista conquistava a honraria, e também a primeira vez que a África recebia a distinção.

A foto que aparece aqui registra um dos mais felizes encontros que tive em minha vida profissional: em novembro de 2009, durante a cobertura da Conferência do Cli-ma de Copenhagen, na Dinamarca, numa das raríssimas pausas para o lanche no Bella Center – onde acontecia a COP-15 – repa-rei que na mesa ao lado estavam Wangari Maathai e três acompanhantes. Esperei que ela encerrasse a refeição para pedir-lhe uma entrevista, tentando conter minha ansieda-de. Muito simpática – embora com a agen-da corrida – ela autorizou a gravação e deu a entrevista que exibimos no Jornal das Dez da Globo News daquela noite. Nunca me esqueço da supresa com que boa parte da comunidade internacional reagiu ao anún-cio da escolha de Wangari Maathai como

Missão cumpridaPor ANDRÉ TRIgUEIRO

vencedora do Nobel. Ela recebeu o prêmio no valor de U$ 1,38 milhão de dólares, concorrendo com gente graúda como o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica e inspetor de armas da ONU, o egípcio Mohamed El Baradei.

“Essa é a maior surpresa da minha vida inteira”, disse Mathai ao ser informada da premiação. Na verdade, ela foi uma cole-cionadora de títulos inusitados. Ainda jo-vem, teve a chance de completar os estu-dos fora do país. Formou-se em Biologia e fez mestrado nos Estados Unidos. De volta para o Quênia, tornou-se a primei-ra mulher a coordenar um departamento na Universidade de Nairobi. Vencendo o preconceito dos colegas – todos homens – dirigiu a Faculdade de Medicina Veteri-nária onde tornou-se a primeira mulher da África Central a alcançar o título de PHD. Hoje, Wangari Maathai é a vice-ministra do Meio Ambiente do Quênia.

Mas foi em 1977 que a doutora Ma-athai começou a chamar a atenção do mundo ao criar o Movimento Cinturão Verde. O objetivo era audacioso: recrutar mulheres negras e pobres para reflorestar o país. Com apenas 2% do território ainda cobertos de verde, o Quênia sofre com o desflorestamento acelerado causado pela necessidade de lenha. Sem infraestrutura na área de energia, boa parte da popula-ção precisa de lenha para cozinhar e se aquecer nos meses de frio. Um relatório

da ONU informava que, no ano de 1989, para cada nove mudas de nove árvo-res plantadas no Quênia, 100 eram derrubadas. O desflorestamento acelerava a desertificação do solo, a perda de biodiversidade, a morte dos rios e nascentes, o desaparecimento de ani-mais que passaram a bus-car refúgio em outras áreas distantes, e cada vez mais dificuldade de achar lenha.

O Cinturão Verde re-verteu o processo de des-truição das poucas áreas verdes e promo-veu o plantio de 30 milhões de mudas de árvores no Quênia, gerando emprego e renda. “Quando plantamos árvores, plan-tamos sementes de paz”, afirmou Wangari Maathai, reforçando um dos princípios do desenvolvimento sustentável, que é aque-le que compatibiliza o ganho econômico com os benefícios ambientais e sociais. À frente do Cinturão Verde, a doutora Ma-athai formou desde 1992, dez mil pessoas em cursos de capacitação. Criou também a Rede Africana Verde, que disseminou suas práticas pelo continente formando lideran-ças em quinze países africanos.

O reaparecimento das florestas evita o aumento dos índices de pobreza e miséria, que precipitam as estatísticas de violência.

A organização do Prêmio Nobel lembrou que “mais do que simplesmente proteger o meio ambiente que existe, a estratégia de Wangari Maathai é assegurar e fortale-cer a própria base para o desenvolvimento ecologicamente sustentável.”

Da distante Suécia, da gélida e rica ci-dade de Estocolmo, a comissão julgadora do mais importante prêmio do mundo resgatou a história desta mulher, que nin-guém conhecia, e que graças ao Nobel da Paz passou a ser referência. O mundo – e a África em particular – devem muito a Wangari Maathai. Missão cumprida!

André Trigueiro é jornalista, apresentador do Jornal das Dez e editor do programa Cidades & Soluções. www.mundosustentavel.com.br

André trigueiro e Wangari Maathai: feliz encontro em Copenhagen: entrevista na Conferência do Clima (2009)

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No desafio da escolha que quem faria o papel prin-cipal de O filme dos espíritos, [Paris Filmes], o dire-tor Michel Dupret não teve dúvidas, seria aquele

que se doara por inteiro: “com sentimento e alma. Quan-do isso acontece logo no teste, é inegável a escolha”.

E Reinaldo Rodrigues realmente encarnou o papel. “Conseguimos sentir que ele estava revivendo e ‘exorci-zando’ algo importante na sua vida.”

A história relatada causou curiosidade e o Correio Fraterno, que acompanhou desde o início o projeto do filme. Procurou o ator para saber o que realmente aconte-ceu. Dubret não se enganou, pois, filho de pais católicos, Reinaldo sabia o significado do que estava interpretando.

Tendo passado por uma depressão aos 20 anos de ida-de, o ator questionou a vida, o mundo. “Uma amiga me emprestou um livro pequeno, por coincidência o mesmo do filme; disse que era a bíblia espírita e respondi que não gostava desse negócio de espírito, que era coisa de ma-cumba, mas como eu não queria tomar remédio, o que viesse era lucro”, contou Reinaldo, revelando que todo dia, antes de dormir lia um trecho de O livro dos espíritos. “Identifiquei-me porque era um ponto de vista diferen-te. Não havia medo e a dica era fazer o bem somente. Mais alguns anos e fui me interessando pelo passado das diversas religiões. Daí minha mente se abriu de tal ma-neira que passei a compreender o universo, numa real expansão de consciência”. Ao definir-se como espiritu-

alista, enumera o que julga fundamental para o seu equilíbrio: “Me-ditar diariamente para entrar em contato com meu eu verdadeiro, di-minuindo ao máximo o ego, melhorar minha ali-mentação, fazer exercí-

cios, aceitar as diferenças, não amar possessivamente, ficar mais próximo da natureza”. Reconhece que participar do O filme dos espíritos só lhe trouxe alegria, principalmente por ao lembrar que praticou o bem. “Só acrescentou e, se o filme fizer com que uma pessoa saia do vício do álcool, vou ficar feliz. Gostaria que o público realmente embar-casse nessa história junto com o personagem”– comenta.

Tocar os corações, fazer refletir, foi o objetivo de toda a equipe. Michel Dubret confessa que sua maior pre-ocupação foi a de ser fiel a um livro de “grande valor histórico e doutrinário”, respeitando a obra para transformar um “conceito tão maravilhoso e gran-dioso” em imagens, sons e sentimentos. Dar uma dra-maturgia a um livro de per-guntas e respostas também foi outro desafio. Para Du-bret o filme trata de narra-

tivas humanas. “O sucesso da obra [O livro dos espíritos] não está na forma com que foi escrita, mas nas mensagens que ela carrega”– analisa. “O mundo moderno necessita cada vez mais de mensagens carregadas de positividade. As pessoas são pouco tolerantes; desistem muito rápido e quase não há esperança. Um livro como esse ainda terá uma importância muito maior do que teve até agora. Ele ainda fará história” – conclui.

Como cineasta, ao tecer comentário sobre o compor-tamento do público na atualidade, Dubret lembra que o público se cansa com muita rapidez, quer sempre coisa nova, e acha incrível a aptidão para preferir tudo o que é destrutivo: filmes que explodem o mundo, matam pesso-as... “Quando é construtivo, o espaço diminui, o público diminui. Entendo que seja simplesmente porque a des-truição é rápida e a construção, lenta.”

Perguntado sobre se mudou algo nele, depois da ex-periência de ter dirigido esse filme, o diretor respondeu: “Mudou muito. Acredito que todo filme carrega uma energia. Não tive como fugir do que acabou me trazendo uma compreensão, que faz com que cada momento seja vivido por si mesmo. Fico tranquilo por saber e crer que a única coisa que existe é meu estado presente. Sei que há, depois da morte, uma outra forma de ‘vida’, mas agora eu existo aqui teclando e me dedicando a este texto. Fico feliz de ter sido escolhido por este filme. Obrigado!”

DESTAQUE

O filme dos espíritosEmoção e convite a mudanças

REDAçãO

o diretor do O filme dos espíritos, Michel Dubret