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ANO XXXI - Nº 223 - NOVEMBRO/DEZEMBRO - 2008 A REVISTA DA ELETRONORTE Eletronorte corrente contínua corrente contínua Danç a, literatu ra, cinema, manifesta apoio da Eletronorte promove culturas regionais Dança, música, literatura, cinema, manifestações populares: apoio da Eletronorte promove culturas regionais

Corrente Contínua 223

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A revista da Eletrobras Eletronorte

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Ano XXXI - nº 223 - novembro/Dezembro - 2008 A revISTA DA eLeTronorTe

Eletronorte

corrente contínuacorrente contínua

Dança, literatura, cinema,

manifesta apoio da eletronorte

promove culturas regionais

Dança, música, literatura, cinema,

manifestações populares: apoio da eletronorte

promove culturas regionais

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SCN - Quadra 06 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2

CEP: 70.716-901Asa Norte - Brasília - DF.

Fones: (61) 3429 6146/ 6164e-mail: [email protected]

site: www.eletronorte.gov.br

Prêmios 1998/2001/2003

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corrente contínua

Sum

árIo

Conselho editorial: Diretor-Presidente - Jorge Palmeira - Diretor de Planejamento e Engenharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone -Diretor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Cor-porativa - Tito Cardoso - Gerentes Regionais - Coordenação de Comunicação em-presarial: Isabel Cristina Moraes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Ac-cioly - equipe de Jornalismo: Alexandre Accioly (DRT 1342-DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997-DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566-DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298-RS) - As-sessorias de Comunicação das unidades regionais - Fotografia: Alexandre Mou-rão - Roberto Francisco - Rony Ramos - Assessorias de Comunicação das unida-des regionais - Revisão: Cleide Passos - Foto da capa: Alexandre Magno - Arte da contracapa: Sandro Santana - Tiragem: 10 mil exemplares - Periodicidade: bimestral

TeCnoLoGIAConchas transformadorasPágina 3

enerGIA ATIvATucuruí: a última etapa inauguradaPágina 7

CIrCuITo InTernoO cidadão e a sociedade como parâmetros da comunicaçãoPágina 27

CorrenTe ALTernADAA arte com energiaPágina 30

meIo AmbIenTeA Amazônia cabe numa sementePágina 37

AmAzÔnIA e nÓSPágina 43

CorreIo ConTÍnuoPágina 49

FoToLeGenDAPágina 51

GerAÇÃoAripuanã, terra de

um novo tempoPágina 20

TrAnSmISSÃoPé na estrada e mãos à obra - Página 13

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IA Conchas transformadoras

O vento é o ar em movimento. O resultado do deslocamento de massas de ar, derivado dos efeitos das diferenças de pressão atmos-férica entre duas regiões distintas, é influen-ciado pelos efeitos dos vários tipos de terreno, das planícies às montanhas.

A energia eólica é usada há milhares de anos em moinhos de vento e bombeamento de água. O seu uso para a geração de energia elétrica surgiu no século XIX, com a invenção da primeira turbina eólica, mais conhecida como aerogerador.

Em pleno século XXI, tempos de preserva-ção ambiental, tudo se tem feito para conse-guir produzir energia com o mínimo de im-pacto ao meio ambiente. A energia eólica é uma das soluções mais promissoras de ener-gia alternativa, mas, por seu custo elevado, hoje é mais usada para atendimento a peque-nas cargas e comunidades isoladas.

Os aerogeradores são turbinas colocadas em lugares de muito vento. Essas turbinas têm a forma de um catavento ou de um moi-nho. Apesar de todas as vantagens dos aero-geradores, eles ainda causam algum tipo de impacto ambiental, uma vez que podem alte-rar rotas de pássaros, causando-lhes a morte durante o período de migração, poluição vi-sual, ruídos etc.

Pensando em amenizar os impactos cau-sados por esses equipamentos, o professor e pesquisador do Departamento de Física da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, Cândido Melo (foto à direita), resolveu criar um novo instrumento de produção de ener-gia eólica. Em seu projeto “Pesquisa e Desen-volvimento de Turbinas Eólicas para Regiões Remotas do Maranhão”, Cândido utilizou o formato da concha para construir um aeroge-rador. Diferente dos tradicionais, em vez das hélices, o equipamento utiliza conchas de alumínio, que captam o vento, transforman-do-o em fonte de energia.

O projeto foi contemplado no Programa Eletronorte de Pesquisa e Desenvolvimen-to, ciclo 2002/2003, a fim de atender à

Projeto de P&D desenvolve novo equipamentopara a produção de energia eólica no Maranhão

necessidade apresentada pela Regional de Transmissão do Maranhão, de fornecimento de energia de forma convencional a regiões remotas; e para identificar as principais áre-as, comprovar a viabilidade e implantar a planta-piloto.

Os investimentos da Eletronorte no projeto somaram R$ 354 mil. No primeiro ano, es-tudos resultaram na construção do modelo-piloto do aerogerador. Já em 2006, um pro-tótipo de 12 metros de altura foi instalado no campus da UFMA, com a intenção de colher dados relacionados à velocidade dos ventos. Atualmente, o equipamento encontra-se em fase de testes.

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Mauro Aquino, gerente regional da Eletro-norte, foi o responsável pelo projeto na Em-presa. Segundo ele, a pesquisa é de suma importância para o posicionamento em re-lação à preocupação ambiental. “Como o mundo tem se voltado para a preservação do meio ambiente nos últimos anos, a busca por fontes de energia alternativas é uma das medidas adotadas para se atingir essa meta. O projeto está alinhado justamente com es-ses preceitos, ainda mais porque ele busca produzir energia eólica por meio de turbinas eficientes e compactas. A pesquisa também é uma oportunidade para a universidade pro-duzir conhecimentos determinantes para a transformação social”, reflete.

Refeição aérea - A idéia surgiu quando o professor, em viagem ao município de Tu-riaçu, no interior do Maranhão, viu que em alguns povoados, ao longo da estrada, não havia energia elétrica porque as linhas de transmissão não chegavam até lá. Na volta, quando recebeu sua refeição no avião, per-cebeu que o formato de concha do recipiente

em que foi servido o alimento, era muito in-teressante e poderia ser utilizado num estudo para produção de energia eólica para atender às necessidades da região que ele acabara de conhecer.

O que se pretende com o desenvolvimen-to de um aerogerador para produção de energia eólica mínima de 5 kW, é utilizar o equipamento na região amazônica, come-çando pelo Maranhão, em comunidades carentes isoladas, que serão beneficiadas pelo programa Luz para Todos, do Governo Federal.

Trabalham no projeto com o professor Cândido, quatro estudantes: Márcio Caval-cante e Francino Neto, do curso de Física, e Karine Souza e Alexandre Melo, do curso de Engenharia Elétrica. As pesquisas acon-tecem no Núcleo de Inovação Tecnológica e Energia, localizado no campus da Univer-sidade Federal do Maranhão, no bairro Ba-canga, onde são desenvolvidos os estudos que envolvem o novo protótipo eólico, refe-rentes à aerodinâmica (ciência que estuda o movimento do vento sobre corpos sólidos), ao material do qual será constituído o pro-tótipo e a estrutura completa que receberá a turbina.

Vantagens – O aerogerador, formado por conchas de alumínio (abaixo, o detalhe das conchas e o projeto original), possui forma diferente dos modelos tradicionais e possibi-

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lita menor custo em sua implantação. Além de uma estrutura que se adequa ao aumento das comunidades onde será implantada, o aerogerador possui um sistema de proteção que evita a morte de pássaros, caso seja im-plantado em rotas de migração de aves.

O professor ressalta também que o projeto só foi possível pelas condições geofísicas do estado. “O Maranhão possui o segundo maior litoral do Brasil. Esse fato levantou uma pers-pectiva em torno da possibilidade de desen-volvimento do novo mecanismo de turbina eólica, capaz de aproveitar melhor a energia dos ventos, cuja velocidade pode atingir até oito metros por segundo”, enfatiza.

De início foram feitas pesquisas a respei-to dos perfis aerodinâmicos, no sentido de procurar o melhor modelo cuja aerodinâmi-ca (formato para melhor captação do vento) fosse adequada ao desenvolvimento do pro-jeto. A concepção dos desenhos técnicos da concha e da torre deu-se a partir de cálculos realizados pelos pesquisadores. Depois dos resultados positivos foi possível a elaboração de pequenas maquetes para efeito de expe-rimentos.

O professor Cândido alerta que o desen-volvimento dos perfis aerodinâmicos das con-chas e as técnicas de controle eletrônico para melhor aproveitamento do vento irão levar a

uma permanente redução dos custos da ele-tricidade gerada a partir da energia eólica.

“Esse modelo de turbina eólica é específico para regiões remotas e comunidades isoladas. Contribui para sanar as dificuldades energé-ticas existentes, cujas redes de transmissão não podem ser levadas, impossibilitando que as pessoas que ali se encontram obtenham seus direitos de cidadãos”, finaliza.

Colaboraram Paula Martins e Ribamar Júnior, estagiários de Jornalismo da

Regional de Transmissão do Maranhão

A maquete e o protótipo: inovação do início ao fim

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Com a crise internacional do petróleo, na década de 1970, surgiram os primeiros investimentos para viabilizar o desen-volvimento de equipamentos em escala comercial para a ge-ração de energia eólica. A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976 na Dina-marca e, atualmente, existem mais de 30 mil turbinas eólicas em operação no mundo.

No Brasil, os primeiros anemógrafos computadorizados – que registram a direção e a velocidade do vento – e senso-res especiais para energia eólica foram instalados no Ceará e em Fernando de Noronha (PE), no início dos anos 1990. Os resultados dessas medições possibilitaram a instalação das primeiras turbinas eólicas no País.

Embora ainda haja divergências entre especialistas e ins-tituições na estimativa do potencial eólico brasileiro, o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado pelo Centro de Refe-rência para Energia Solar e Eólica – Cresesb/ Cepel, estima o potencial eólico brasileiro em torno de 143 GW.

A participação da energia eólica na geração de energia elétrica no Brasil ainda é pequena. No entanto, os incentivos vigentes para o Setor Elétrico brasileiro, por meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas – Proinfa deverão desper-tar o interesse de empreendedores. Entre as dificuldades já identificadas para o aumento da geração eólica no Brasil estão a disponibilidade de atendimento da demanda de aerogera-dores pelo mercado nacional, aporte de capital próprio pelo pequeno empreendedor, alteração da titularidade ou da estru-tura acionária dos projetos e entraves para a conexão à rede.

Várias ações estão sendo executadas para contornar essas barreiras, como a redução da alíquota do imposto de importa-ção incidente sobre turbinas eólicas de 14% para 0%; elevação do índice de nacionalização dos projetos; extinção da figura do produtor autônomo; e permissão aos empreendedores para se associarem aos investidores mais preparados, inclusive às con-cessionárias, bem como participar em leilões de energia nova.

Fontes limpas para o desenvolvimentoAtualmente, o Brasil possui sete usinas eólicas em

operação, com capacidade total de 243 MW. Em cons-trução, há 24 empreendimentos com potência de 538 MW. Outros 23 empreendimentos de geração eólica es-tão em fase de contratação para acrescentar 642 MW ao potencial brasileiro, totalizando 1.423 MW.

O uso de biomassa e da energia solar, além de eólica, também vai diversificar a matriz energética brasileira e possibilitar o melhor aproveitamento de fontes consi-deradas limpas. “Em um país que precisa aumentar 120 mil MW em sua capacidade instalada até 2030, existe espaço para todo mundo”, declara o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann.

Os investimentos no setor só fazem crescer. O Grupo Impsa, argentino, investiu R$ 145 milhões e acaba de inaugurar a maior fábrica de turbinas eólicas do Brasil, localizada no Porto de Suape (PE). A fábrica pernam-bucana já nasce com toda a produção dos próximos 24 meses, encomendada, ou seja, cerca de 400 unidades. A unidade tem 800 funcionários, em dois turnos, e está preparada para dobrar a produção e funcionar 24 horas até 2010.

A General Electric (GE), empresa fabricante de compo-nentes para diversos segmentos do setor de infra-estrutu-ra, também vai focar ainda mais seus negócios na produ-ção de equipamentos para geração eólica. A companhia não cita valores, mas aposta num forte crescimento da participação da fonte dos ventos na matriz energética brasileira. “O governo afirma que, no segundo semestre de 2009, fará um leilão específico para eólicas, o que dá segurança aos investidores que pretendem aportar recursos no segmento”, diz Marcelo Prado, diretor de marketing da GE.

Colaborou César Fechine

Pás do passado e do presente captando o eterno vento

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Érica Neiva

A Usina Hidrelétrica Tucuruí não é ape-nas uma referência pelos seus 8.370 MW de potência, que a tornam a maior usina genuinamente brasileira, mas, sobretudo, pela excelência do seu corpo de emprega-dos. É um lugar marcado por histórias de pessoas das mais diferentes origens, idades e experiências profissionais. Em funcionamen-to há 24 anos, a Usina teve mais um motivo para comemorar – a inauguração oficial de sua segunda casa de força, ocorrida no dia 4 de novembro de 2008, com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O Presidente também visitou as obras das eclusas do Rio Tocantins e fez a entrega simbólica das ligações de nove mil famílias do entorno da Hidrelétrica, beneficiadas pelo programa Luz Para Todos.

Tucuruí já havia recebido presidentes an-teriores para inaugurações. Lula, que havia feito a sua primeira visita a Tucuruí em 2003, deixou registrado mais um discurso: “Tucuruí

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A Tucuruí: a última etapa inauguradaé um orgulho para toda a Nação brasileira. Tenho uma imensa satisfação em inaugurar a conclusão da segunda fase de uma obra dessa magnitude. Sinto-me orgulhoso em ver esta grande bandeira do Brasil aqui na Hi-drelétrica, onde trabalhadores e empresários estão juntos. Essa inauguração é um exemplo de que a produção no País deve continuar”, enfatizou.

Construída em duas etapas, Tucuruí tem capacidade instalada de 8.370 MW. As obras da primeira casa de força – com 12 unida-des geradoras de 350 MW, duas auxiliares de 22,5 MW e potência instalada de 4.245 MW – foram concluídas em dezembro de 1992. Em junho de 1998, teve início a construção da segunda casa de força, com 11 unidades geradoras de 375 MW e potência instalada de 4.125 MW. Tal fato consolida a Eletronorte como a terceira maior geradora do País, re-presentando aproximadamente 10% de toda a capacidade instalada no Brasil. Isso equi-vale ao abastecimento energético para 40 mi-lhões de pessoas.

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Faturamento - Para o diretor de Plane-jamento e Engenharia da Eletronorte, Adhe-mar Palocci (ao lado), Tucuruí é a maior obra de engenharia realizada na Amazônia.

“Tucuruí, razão de ser da Ele-tronorte, foi um desafio para a engenharia brasileira e para a própria Empresa, que era recém-nascida quando a cons-truiu. Hoje vemos essa obra gerando uma energia funda-mental para a economia e para a população brasileira. Vemos a capacidade da nossa enge-nharia e dos nossos técnicos. Com a conclusão de Tucuruí estamos vencendo uma etapa importantíssima do desenvolvi-mento brasileiro”, comenta.

Cerca de 25% da energia produzida em Tucuruí fica no estado do Pará. Os outros 75% vão para todo o Brasil, fazendo dela uma grande usina de integração nacional. “Nenhuma energia é competitiva à hidráu-lica. O Brasil ganha muito com isso, pois possibilita a modicidade tarifária, ou seja, uma tarifa acessível a todos os cidadãos. A conclusão da segunda etapa de Tucuruí representa um ganho muito grande no fatu-

ramento da Eletronorte, a possi-bilidade de vender mais 1.043 MW de energia elétrica. Isso sig-nifica um faturamento superior a R$ 1 bilhão” destaca o diretor de Produção e Comercialização, Wady Charone Júnior (ao lado).

Os investimentos na expan-são da Hidrelétrica totalizaram R$ 3,7 bilhões. Para o gerente de Produção e Comercialização de Tucuruí, Antonio Augusto Bechara Pardauil, a conclusão da segunda casa de força é um marco histórico e representa a

realização do sonho dos pioneiros e da nova geração de empregados. “É um sentimen-to de dever cumprido termos colocado em operação as últimas unidades geradoras. Todos nós que fazemos a Eletronorte esta-mos de parabéns. Falar sobre a importân-cia de Tucuruí com a vinda do Presidente é falar da importância de toda a Empresa nesse processo. A história de 35 anos da Eletronorte se confunde com Tucuruí. To-dos nós temos um pedacinho cravado aqui nesta Usina”, frisa.

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Eclusas vão garantir renda para o ParáO presidente Lula aproveitou a oportunidade para co-

nhecer as obras das eclusas de Tucuruí, ou Sistema de Transposição do Rio Tocantins. Em 2006, o empreendi-mento passou a fazer parte do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, que lhe destina um orçamento de R$ 815 milhões. Com previsão de serem concluídas em 2010, as eclusas são responsabilidade do Ministério dos Transportes que, por meio do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – Dnit, delegou a responsa-bilidade da construção à Eletronorte há três anos.

O objetivo da obra é transpor o desnível de 72 metros entre a barragem da Hidrelétrica e o leito do rio. “A eclu-sa funciona como um elevador de água. A embarcação entra numa câmara que se enche de água até atingir o nível adequado, momento em que as portas das eclusas se abrem”, explica o gerente de Obras de Expansão de Tucuruí e de Estudos de Belo Monte, José Biagioni de Menezes.

As embarcações de 30 m por 180 m, com capacidade de 19,1 mil toneladas, vão transportar produtos agrope-cuários e minerais. Elas terão uma navegabilidade de 600 km no trecho Marabá-Belém. “A transposição vai permitir escoar a produção do sul para o norte do Pará e talvez al-cançar o mercado europeu. O custo vai ser bem menor, o que torna a nossa mercadoria mais barata e competitiva”, garante Biagioni.

Para mais informações sobre as eclusas de Tucuruí, acesse: http://webserver.eln.gov.br/eclusas/

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Diversidade - Tucuruí é um desses lu-gares que nos marca pela sua grandiosida-de. A maior Usina genuinamente brasileira causa impacto não apenas pela imensidão das instalações, mas, principalmente, pelo entusiasmo e garra dos empregados. Ouvir as histórias das pessoas é testemunhar o sentimento de realização e vitória que in-depende do número de anos trabalhados. O importante para esses trabalhadores da Eletronorte é destacar a importância de Tu-curuí em suas vidas.

Com 29 anos de Eletronorte, o técnico in-dustrial de Engenharia, Paulo Rubens Paraen-se de Azevedo (abaixo), destaca a satisfação do momento de inauguração: “É o segundo

Presidente da República que vejo. Na primei-ra casa de força veio o presidente Figueiredo. Para mim é uma honra ver dois presidentes. Todos esses anos que trabalho na Empresa são muito gratificantes”, observa Paulo.

O amazonense José Manoel Machado Pi-canco (abaixo) é uma dessas pessoas que se emociona com facilidade ao falar das grandes paixões da sua vida. Além do orgulho que sen-te pelos quatro filhos e três netos que moram em Belém, ele enumera outros motivos de alegria. “Tenho a maior satisfação em torcer pelo boi da minha terra, o azul Caprichoso, e pelo meu time, o Remo. Estimo Tucuruí de todo o coração. Sou um paraense nato”, frisa o gerente do Setor de Manutenção Mecânica.

Luz Para Todos:quase 35 mil domicílios atendidos em Tucuruí

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Com 30 anos de Eletronorte, o técnico em mecânica está na Usina desde a sua criação. Satisfeito com o trabalho e com a qualidade de vida na vila residencial, ele destaca sua realização profissional: “Vivi em Tucuruí as melhores fases da minha vida profissional. Estamos presenciando o final da segunda etapa. Isto é um crescimento profissional fora de série. Além disso, não troco a qualidade de vida daqui por lugar nenhum do mundo. Aqui não temos praia, mas temos essa Usina maravilhosa”.

Picanco presenciou a visita de quatro presi-dentes da República à Usina - João Figueire-do, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, a sua maior felicidade é, sem dúvida, perceber a alegria que tomou os companheiros de trabalho com a visita do Presidente. “A emoção maior é ver não apenas a felicidade estampada nos ros-tos de companheiros com 30 anos de serviço, mas também tenho orgulho dos jovens que ingressaram na Empresa. Espero que todos continuem amando e adorando a Eletronorte assim como eu”, convoca Picanco.

Determinação – A história dos 35 anos da Eletronorte não é apenas contada por empregados que têm muitos anos de Em-presa. Ela é também escrita por aqueles que ingressaram recentemente e encaram o fu-turo com um misto de desafio e satisfação. Esses sentimentos retratam um pouco da

recente trajetória de traba-lho de cerca de dois anos e meio do jovem engenheiro de manutenção mecânica, Pedro Igor Carvalho Moreira (ao lado). “A Regional de Tu-curuí agrega uma qualidade de vida excelente aos empre-gados. Temos oportunidades, desafios e inovações sempre presentes no nosso dia-a-dia. Isso não nos deixa acomodar. Estamos em constante movi-mento e temos um vigor, um

querer de estar sempre melhorando junto com a Empresa”, frisa o engenheiro.

A infância e adolescência de Pedro Igor confundem-se com a história da Usina, pois seus pais trabalham na Eletronorte desde a fundação da Hidrelétrica. “Fui estudar na Universidade Federal de Pernambuco e aca-bei retornando para a Empresa por conta da história que temos juntos. Tento retribuir um

pouco a quem ajudou a me formar”, relem-bra o engenheiro.

Quando Pedro Igor entrou na Eletronorte, em 2006, a 23ª máquina da segunda casa de força estava em fase de conclusão. “En-tramos na Empresa para suprir a necessida-de de mão-de-obra adicional que essa etapa trouxe para a Usina. Somamos por meio dos desafios que enfrentamos para a concretiza-ção de um sonho”, afirma Pedro.

No dia 13 de fevereiro de 1986, Tucuruí recebeu 12 jovens estagiários da Escola Téc-nica de Belém provenientes do projeto Bol-sista Reserva Técnica, um convênio da Ele-tronorte com a Universidade Federal do Pará – UFPA e a Escola Técnica. Entre os técnicos em eletrotécnica apenas um foi escolhido para permanecer na Empresa - José Alber-to Melo Resque (acima). Em 15 de setembro de 1986, ele foi contratado para trabalhar na área de proteção e controle da Usina.

Hoje, Resque é gerente de Manutenção Eletrônica e relembra com entusiasmo a traje-tória na Empresa. “Quando cheguei aqui era muito jovem, considerado um ‘menino’ ainda. Saí da Escola Técnica e não tinha experiên-cia profissional nenhuma. Foi o meu primeiro emprego. Nesses 22 anos, a Eletronorte só contribuiu para a minha formação. A Usina é uma escola, muito mais do que técnica ou universitária. Vivenciamos, a cada dia, expe-riências novas”, afirma.

O eletrotécnico destaca as mudanças que a sua área sofreu até chegar à conclusão da segunda etapa da Usina. “Coube-me o privi-légio de participar do planejamento do pro-jeto de proteção e controle, quando tivemos contato com os projetistas e fabricantes. Em nossa área houve uma evolução muito gran-de. Tínhamos equipamentos eletromecânicos e eletrônicos e, hoje, toda a nossa tecnologia é digital. O sistema de supervisão da Usina está entre os mais modernos que existem no Brasil”, analisa Resque.

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“Participar da construção e operação da maior Hidrelétrica do País na região amazônica foi, sem dúvida, minha maior realização de vida.

Isso nos trouxe um grande aprendizado. Estamos preparados para novos desafios como Belo Monte, Tapajós, Marabá, entre outros”.

Fernando Leite, representante dos trabalhadores da Eletronorte na cerimônia de inauguração

da segunda casa de força da Usina Hidrelétrica Tucuruí.

Tucuruí significa:

“Tucuruí representa um caminho para os novos investimentos hidrelétricos, com grande respeito ao meio ambiente. A hidrelétrica é amigável do ponto de vista ambiental. Essa é uma área na qual a Eletronorte é uma das protagonistas”.

Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil.

“Está sendo relançado um novo ciclo de grandes projetos

para o Setor Elétrico. É um ciclo maior do que o que já tivemos

anteriormente. O empenho desenvolvido pelo Poder Público está possibilitando ao Brasil ter

autonomia em termos de energia e com uma matriz cada vez mais limpa. Estou feliz em participar

desse momento que para mim é histórico”.

José Antonio Muniz Lopes, presidente da Eletrobrás.

“Tucuruí não é um empreendimento grandioso

somente pelos números expressivos que marcaram a

sua edificação. O esforço empreendido pelos milhares de trabalhadores dessa gigantesca Usina foi igualmente grandioso. Esse é um dos momentos mais

importantes da minha vida profissional como técnico que

sou do Setor Elétrico brasileiro”.Jorge Palmeira, diretor -

presidente da Eletronorte.

“Essa obra pertence ao povo brasileiro. Graças a ela e tantas outras iniciativas do mesmo gênero, estamos garantindo o crescimento do País e o fornecimento regular de energia elétrica a todos os lares do Brasil”.

Edison Lobão, ministro de Minas e Energia.

“Esse é um empreendimento fundamental para o Estado do Pará, que será ainda mais beneficiado quando as eclusas forem concluídas e o Rio Tocantins retomar a sua navegabilidade”.

Ana Júlia Carepa, governadora do Pará.

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Sudeste, e o motivo não poderia ser mais nobre: concorrer ao leilão de linhas de transmissão do complexo hidrelétrico do Rio Madeira, que levarão ener-gia elétrica de Porto Velho, em Rondônia, até Araraquara, em São Paulo. O analista ambien-tal Gilberto Ferreira da Silva (ao lado), da Gerência de Assuntos Fundiários da Eletronorte, es-clarece que, com o surgimento dos primeiros leilões, a Empresa começou a concorrer em parce-ria com o setor privado para a construção de empreendimen-tos de geração e transmissão. “Para participar desses leilões é necessário conhecer os custos de cada área envolvida no empreendimento, e o nosso en-volvimento é o fundiário”.

Pé na estrada e mãos à obraComo se faz o levantamento de valoresfundiários na construção de linhas de transmissão

Bruna Maria Netto

Quando um fazendeiro no interior de Minas Gerais fez o planejamento de sua colheita não imaginou que uma empresa, cuja atuação até pouco tempo se restringia à Região Norte do País, também faria parte da plantação com um corredor de até 140 metros de largura que abri-gará torres de transmissão de energia elétrica de 500 kV de tensão, levando luz a mais pon-tos do País com qualidade e segurança. E isso tem um custo não apenas para o pequeno pro-prietário, que deixa de utilizar essa área, mas também para a empresa - a Eletronorte - que pagará uma indenização calculada com dados coletados antes do início da obra, na fase de concorrência, feitos pela Superintendência de Assuntos Fundiários e Imobiliários.

Pela primeira vez a Eletronorte fez o le-vantamento fundiário de custos na Região

Carro da Eletronorte no interior de Minas: cena rara

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O dia era 29 de setembro de 2008. Nessa data, a equipe responsável pelo levantamento de custos foi formada por quatro emprega-dos. O destino era em parte desconhecido. De Rondônia a Cuiabá, o trajeto já estava fei-to. A aventura ficou por conta das visitas a municípios nos estados de Goiás, Minas Ge-rais e São Paulo. A viagem, de apenas uma semana, encerrou-se no dia 3 de outubro. Nesse período, a equipe dividiu-se em dois pares: o analista de meio ambiente, Emerson Guimarães Pereira, trabalhou com o assisten-te técnico de suprimentos, Carlos Antônio da Silva. Juntos, percorreram os estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

Enquanto isso, Carlos Alves Ricardo, assis-tente administrativo, e o assistente técnico de suprimentos, Pedro David de Oliveira, fizeram o levantamento fundiário nos municípios do Estado de São Paulo. Com isso, foram 2.375 quilômetros percorridos entre prefeituras, bancos e câmaras de valores imobiliários até chegar ao proprietário, como aquele fazendei-ro do interior de Minas Gerais.

Levantando custos - Quem ex-plica o papel desses estudos é Gil-berto: “Para linhas de transmis-são existe a necessidade de se instalar os corredores de passa-gem para as torres, as faixas de servidão. Na instalação, é neces-sária a liberação daquela faixa de terra destinada à construção das linhas, e com isso, uma das ne-cessidades é o levantamento de custos fundiários, que calcula a compra de terras, direito de uso, e incluem também as indeni-

zações, tanto as de terra nua, quanto as de benfeitorias realizadas pelo proprietário, caso a linha tenha de passar em seu imóvel”. De acordo com Alan Arruda de Castro (ao lado), superintendente de Assuntos Fundiários e Imobiliários da Eletronorte, o levantamento

fundiário de preço para realização de em-preendimento e composição do valor da obra consiste em visita in loco para avaliação do local onde o futuro empreendimento possa impactar em função do traçado da linha de transmissão. “Com o levantamento dos pre-ços poderemos comprar o uso permanente daquela terra. Fazemos esse processo final em função de uma pauta de valores”.

A compra da terra só é feita nas áreas de construção de subestações, sendo de pro-priedade da Eletronorte, diferentemente da compra de uso da área para instalação das torres, que não chega a ser uma desapro-priação, como lembra Gilberto, existindo uma legislação própria para isso, “que estabele-ce pagar pela terra nua atingida entre 20% a 33% do seu valor, pois ela continua sen-do de propriedade do atingido, cabendo-nos apenas o direito de instalação da linha e de passagem para sua manutenção”. O proprie-tário, por sua vez, deve obedecer a algumas restrições, como não cultivar plantas altas, por danificarem a estrutura das linhas, “o que é extremamente prejudicial, tanto para a população que poderá ficar desabastecida, quanto para a Empresa, que terá de pagar multas à Aneel por conta do corte de trans-missão”, conclui.

Pé de caju - Allan explica que as alterna-

tivas fornecidas pelo leilão norteiam os orça-mentos, abrangendo todas as possibilidades possíveis, de forma que os consórcios pos-sam participar da concorrência com os pre-ços necessários. “Após definir qual a alterna-tiva do leilão, tem-se o tipo de linha que irá passar e, conseqüentemente, seu estudo”. Claudio Ruggero Zucca, gerente de Assuntos Fundiários, explica: “A faixa de servidão será de 70 metros se for feita escolha por corren-te contínua. Devido ao valor da voltagem da linha que percorrerá por lá, poderá chegar a até 140 metros se for circuito duplo, caso o leilão adote o circuito híbrido, de correntes

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contínua e alternada” (ver box). Já o traçado da linha é feito por topografia, seguindo as instruções do edital da Aneel. “O levantamen-to de custos é feito em parceria com as uni-dades regionais de engenharia, que são de fundamental importância, porque os meios físicos estão lá. Quando há a necessidade de se retirar uma casa da área, calcula-se desde o custo da maçaneta da porta até as benfei-torias reprodutivas em seu quintal, como hor-tas e plantações. Para isso são vistos o custo da tonelada da produção e o que deixará de beneficiar o proprietário com a sua retirada. Aprovada a pauta de valores e a execução da obra, começamos a indenizar, com recibo e acordo lavrado em cartório”.

No caso do leilão das linhas do Madeira, Allan explica que, de Cuiabá a Porto Velho, pela experiência da Eletronorte, já foi possí-vel calcular, por exemplo, o custo do alquei-re em determinado local, se existe fazenda, gado, e qual a produção local, diferentemen-te dos estados do Sudeste, onde ainda não há parâmetro. “Em São Paulo não existe um palmo de terra que não seja aproveitado, e lá são encontradas vastidões de cultura de cana-de-açúcar e milho, principalmente. Com a forte industrialização e densidade de-mográfica alta, o preço da terra será muito maior do que na Região Norte”. Como é a primeira vez que esses estados são visita-dos, Allan ressalta a importância do levanta-mento: “É o primeiro contato que se faz com o proprietário da terra. Na televisão eles es-cutam que vai ter um empreendimento em Rondônia, mas não passa pela cabeça de-les que essa mesma energia passará por lá para iluminar as cidades. Quando a equipe chega ao local, leva a bandeira da Eletro-norte, conversa de forma amigável, conta a história da Empresa, o que é energia elétri-ca, torres de transmissão etc. Praticamente todos os proprietários são bem receptivos e ficam muito felizes em contribuir para o pro-gresso do País”.

O levantamento para indenizações é fei-to detalhadamente, como exemplifica Zucca: “Observamos se existe alguma planta produ-tiva, como um pé de caju, por exemplo, e paga-mos o valor que está no mercado. Procuramos ver quanto custa a produção e o que deixará de render, e indenizamos da forma mais correta possível. Se ele estiver apto a for-necer frutos por mais cinco anos, então ele será indenizado por isso, com o que ele ganha hoje e o que ganharia”. Allan é enfático: “Não iremos pagar nada acima dos va-lores, mas também não estamos aqui para tirar nada das pessoas, e sim para pagar o justo”. Zucca (ao lado) ressalta que o índice de reclamações judiciais por conta das indenizações é extremamente pequeno. Em setembro deste ano, no Acre, com a faixa de servidão de linha de 138 kV entre a Subestação Rio Branco I e a Subestação Epitaciolândia, 190 processos de indenização foram concluídos, sendo apenas um com ação judicial, sobrando outros cinco para negociar.

“Infelizmente a maioria dos processos é mo-vida por pessoas que sabem que a terra não vale tanto, mas percebem que pode ser uma opor-tunidade para conseguir um dinheiro a mais. A Justiça, por vezes, manda pagar um valor até menor do que aquele que estávamos dispostos a indenizar. É muito comum o perito avaliar um preço menor do que oferecemos, como aconte-ceu no Maranhão: a casa estava numa invasão e a avaliamos por R$ 8 mil. O dono, insatisfeito, foi à Justiça. Sabe quanto tivemos de pagar? Mil reais”. De janeiro a outubro de 2008, o resumo geral fundiário de indenizações indica um paga-mento de quase R$ 5 milhões em indenização aos ocupantes de áreas atingidas por empreen-dimentos da Eletronorte, com mais de 300 fa-mílias beneficiadas. “Considerando que temos 22 dias úteis ao mês, podemos arredondar para quase uma indenização diária”, enfatiza Zucca.

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Pé na estrada - A expedição do quarteto começou com a divisão das tarefas. Emerson e Carlos Antônio, o Carlão, saíram de Cuiabá percorrendo 1.200 quilômetros por 17 muni-cípios com destino a Iturama, no Triângulo Mi-neiro, onde se encontraram com Pedro e Car-los Alves, vindos de Araraquara, para juntos fazerem o caminho de volta a Cuiabá, “depois de uma tempestade terrível e com uma quan-tidade de raios imensa, que mal conseguimos dormir”, recorda Emerson. Ele já tinha feito outros trabalhos de impacto fundiário, mas foi a primeira vez que trabalhou com levanta-mento mercadológico.

O itinerário da viagem era simples. Todos os dias antes de começar o trecho pelos mu-nicípios, os rapazes faziam uma programação e pediam informação à população local, ta-xistas e trabalhadores de postos de gasolina. A estratégia deu tão certo que em nenhum momento eles se perderam. Quem conta é Márcio de Andrade Teixeira, motorista da Ge-rência de Obras do Mato Grosso, que viajou com Carlão e Emerson. “Foi a primeira vez que rodei tantos municípios em tão pouco tempo. Mas, mesmo passando rápido, con-seguimos absorver um pouco da cultura de alguns locais. A maioria dessas cidades são rurais, com população simples que sobrevive da pecuária e da agricultura. Algumas delas muito bonitas, limpas e organizadas. Outras extremamente pobres, sem estrutura, sem as-falto. Andamos sempre no cerrado, em terras com alguma atividade agrícola”.

A equipe também seguiu munida de docu-mentação, mapas e muito sigilo. “O trabalho principal foi feito em campo, conversando na prefeitura, imobiliárias, cartórios e órgãos que oferecem valor de terra, sempre tentando não causar especulação imobiliária, o que é mui-to difícil, pois quando o carro da Eletronorte chega aos lugares, as pessoas já sabem que provavelmente haverá algum empreendimen-to ali. Tivemos o cuidado de não difundir o futuro empreendimento, evitando a precoce

especulação imobiliária e o vazamento de informações importantes para o sucesso da Empresa no leilão”, afirma Emerson. Carlão lembra que a procura pelos fazendeiros era feita em último caso, justamente por conta da especulação imobiliária. “Às vezes são as únicas fontes existentes para cálculo do valor de terra. Como na área que visitamos o pre-ço variava muito de um município para outro, então é necessária a visita em cada local. En-contramos terra com valor inferior a R$ 500 e superior a R$ 25 mil o hectare”.

Já no Estado de São Paulo, Pedro e Carli-nhos constataram o oposto: com área prati-camente ocupada em sua totalidade, a dife-rença no valor do hectare é quase inexistente: “O estado é notadamente desenvolvido, ten-do boa terra para o cultivo de lavouras e um sistema viário para escoamento considerado

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excelente”, explica Pedro, que ressalta a im-portância da pesquisa, além daquela dos ór-gãos oficiais: “Com os dados recolhidos con-seguimos traçar um valor médio, sendo que nem sempre os valores colhidos nos órgãos são praticados. Procuramos conversar com o máximo de pessoas possível para obter um valor mais próximo do real praticado na região”. Apesar de terem percorrido apenas 900 quilômetros, o número de municípios proporcionalmente maior e uma boa estraté-gia fez diferença.

Da pedra à casa do agrônomo – Certa vez,

na cidade de Novo Horizonte (SP), aconteceu o inusitado. Depois de frustradas idas aos ór-gãos em busca de dados, os rapazes foram até à casa do responsável para conseguir a informação: “Fomos à casa de um engenhei-

ro agrônomo, que era terceirizado do banco. Lá ele nos passou os valores, foi muito pres-tativo”. Se a casa do engenheiro agrônomo não fosse o lugar mais fora do comum para levantamento de valores fundiários, Carlinhos, que está na Eletronorte desde 1989, nunca tivera visto um local ainda mais peculiar, no interior de São Paulo: a pedra.“É uma praça onde os vendedores e donos de terra vendem seus imóveis, como se fosse uma grande imo-biliária. Quando procuramos informações nos bancos, muitos nos sujeriram ir à pedra, e foi lá que conseguimos os valores”.

Mesmo com alguns transtornos, os rapa-zes tiveram mais sorte. Gilberto, há 23 anos na Empresa, que o diga. Na sua época de “aventureiro”, todo o levantamento fundiário teve de ser feito na Região Norte. “Uma área inóspita, de mata fechada e pouco habita-da. Além disso, eu já participei de grupos de trabalho multidisciplinar que faziam as esco-lhas dos traçados das linhas de transmissão em aviõezinhos. Eu brinco que se um dia eu sofrer algum acidente aéreo com um avião de carreira é gozação do cara lá de cima, porque já andei em tanto aviãozinho em cima da mata, pousando em terra indígena ou em pistas pequenas que seria muita falta de sorte”. Hoje em dia, Gilberto não faz tan-tas viagens, mas não deixou de ter um papel relevante: é responsável pela elaboração do levantamento de custos baseado nos dados trazidos pela equipe. “Quando terminamos o levantamento, encaminhamos para a Coor-denação de Viabilização de Negócios, e são esses dados que irão balizar a cotação das empresas privadas contratadas para reali-zação da implantação da faixa de servidão. É um parâmetro da Eletronorte para uso no leilão”, esclarece.

E nos leilões que se seguirão não será dife-rente: “Assim como fizemos com o complexo do Madeira, teremos de botar o pé na estrada novamente”, finaliza Gilberto. Certamente, inte-ressados nessa aventura é que não faltarão.

Para essa equipe não houve tempo ruim

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O dia 26 de novembro de 2008, teve um gosto muito es-pecial para a Eletronorte. A Empresa, líder do consórcio Inte-gração Norte Brasil, arrematou os lotes A, C e G do leilão 007 da Aneel, referentes às linhas de transmissão do Complexo do Rio Madeira, que transportarão a energia gerada nas usinas hidrelétricas de Santo Antônio e de Jirau. Os 2.375 quilôme-tros de linhas de transmissão são, até hoje, a maior extensão já licitada pela Aneel.

A Eletronorte participou do leilão - realizado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro - com 24,5% de participação, em parceria com a Eletrosul (24,5%), Abengoa Brasil (25,5%) e Andrade Gutierrez Par (25,5%). Apesar de este leilão ter sido preparado para selecionar uma alternativa tecnológica, entre corrente contínua ou um sistema híbrido – composto por cor-rentes contínua e alternada - logo no início, por falta de propos-tas, foi definida a corrente contínua como única opção.

Para o diretor-presidente, Jorge Palmeira, “sem sombra de dúvida a importância do leilão para a Eletronorte é de muita oportunidade, por contemplar as usinas do Madeira e a sua premente necessidade para o sistema elétrico brasileiro. No apagar das luzes, conseguimos soluções mágicas para encon-trar uma engenharia financeira que permitisse nossa participa-

Eletronorte arremata três lotes no leilãode transmissão das usinas do MadeiraNúmeros: 2.392,3 km de linhas, quatro subestações, R$ 363,3 milhões de RAP e R$ 3,36 bilhões de investimentos

ção e o ganho dos lotes. Nossa Empresa está dando sua contribuição para o País, mas também está aumentando seus ativos e demonstrando sua competência técnica, disputando obras dessa magnitude num mercado extre-mamente concorrido. Construiremos mais da metade da maior linha de transmissão já feita no Brasil e todos nós devemos estar orgulhosos dessa conquista histórica”.

É a primeira vez que a Eletronorte participa de um em-preendimento envolvendo corrente contínua. De acordo com o coordenador de Viabilização de Negócios, Wilson Fernandes de Paula, “o leilão tem uma importância muito grande para a Eletronorte, porque irá permitir que a Em-presa participe do desenvolvimento dessa nova tecnolo-gia, para que se faça transmissão a longas distâncias com a menor perda possível de carga durante o transporte. Os grandes blocos de energia são consumidos, em sua maio-ria, pelas regiões Sul e Sudeste - e os maiores empreen-dimentos de geração estarão na Região Norte. Com eles, outros circuitos de corrente contínua serão necessários e a Eletronorte já estará dominando essa tecnologia. Além disso, o arremate desses lotes nos proporcionará uma re-ceita bastante considerável pelos próximos 30 anos”.

Os integrantes do consórcio Integração Norte Brasil

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Para o diretor de Planejamento e Engenharia, Adhemar Palocci, esse leilão foi extremamente significativo: “Nós já ganhamos muitos leilões, mas esse teve um significado maior para a Eletronorte. Primeiro, porque seguramente essa é a maior obra de transmissão do mundo, além de ser uma obra estruturante para o País - e nosso negócio são obras dessa envergadura. Além disso, estamos in-corporando uma tecnologia que ainda não conhecíamos profundamente, de corrente contínua, que provavelmen-te também deverá ser utili-zada nos empreendimentos futuros, como Belo Monte e Tapajós. Finalmente, é muito significativo porque essa autorização não veio com uma concessão geo-gráfica, e sim pelo modelo novo. Ganhamos disputan-do igualmente com outros concorrentes.”

Segundo o diretor de Pro-dução e Comercialização, Wady Charone, “teremos em -preendimentos que somam R$ 3,36 bilhões, o que se tra-duz em um novo marco para a Eletronorte e para a nossa história. Vamos aprender uma nova maneira de trabalhar e operar, que é a corrente con-tínua, o que vai proporcionar um ganho extraordinário de conhecimento. O leilão deixa todos nós muito motivados para o futuro tão promissor que se desenha para a nossa Empresa”.

O superintendente de As-suntos Fundiários e Imobili-ários da Eletronorte, Allan Arruda, ratifica a importân-cia do levantamento fundiá-rio na vitória do leilão: “Rea-lizamos o levantamento dos preços fundiários (veja ma-téria na página 13) ao longo dos 2.375 km das linhas de transmissão do empreendimento, mais as subestações. A composição dos valores enviados à Coordenação de Viabilização de Negócios como subsídio à participação no leilão, foi um fator importante no sucesso obtido”.

Lotes - O lote A compõem-se de: SE Coletora Porto

Velho 500/230 kV; duas estações conversoras CA/CC/CA back-to-back 400 MW; LT Coletora Porto Velho – Porto Velho, C1 E C2, 230 kV em dois circuitos simples, com

extensão aproximada de 17,3 km. Foi arrematado com de-ságio de 0%, para uma Receita Anual Permitida – RAP, de R$ 44,7 milhões. Os investimentos somam R$ 461,7 milhões. O prazo de entrega do empreendimento é de 36 meses após a assinatura dos contratos

A composição do lote C é a seguinte: Estação Retificadora nº. 01 CA/CC, 500/±600 kV – 3.150 MW; Estação Inversora nº. 01 CC/CA, ± 600/500 kV – 2.950 MW. Foi arrematado com de-

ságio de 10% para uma RAP de R$ 160,8 milhões. A proposta ficou em R$ 144,7 milhões. Os investimentos serão da ordem de R$ 1,4 bilhão. Prazo de entrega de 38 meses.

E, para o lote G, composto por LT Coletora Porto Velho – Araraquara 2, em CC, ±600 kV, em, circuito simples, com ex-tensão aproximada de 2.375 km; houve deságio de 6 %, para uma RAP de R$ 185 milhões. O consórcio terá uma RAP de R$ 173,9 milhões, com investimentos de R$ 1,4 bilhão e prazo de 48 meses para a execução das obras. A RAP total, descon-tados os deságios, é de R$ 363,3 milhões.

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César Fechine

A renda mensal de muitos moradores de Aripuanã (MT) vem do trabalho no Aproveita-mento Hidrelétrico Dardanelos. A cidade pos-sui, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, de 2007, uma população de 19.100 habitantes. Atualmente, 1.500 pessoas trabalham no empreendimen-to, cujas obras acabam de completar um ano de construção. A missão de construir e operar a futura Usina, cabe à Energética Águas da Pe-dra S/A, uma Sociedade de Propósito Específico – SPE, constituída pelas empresas Neoenergia, com participação acionária de 51%, Eletronorte, com 24,5%, e Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco – Chesf, também com 24,5%. O prazo de concessão é de 30 anos.

O consórcio construtor é formado pela Construtora Norberto Odebrecht, que faz a parte física do empreendimento, a PCE En-genharia, responsável pelo projeto, e a Ipmsa, fornecedora das turbinas e dos equipamentos eletromecânicos. Em novembro de 2008 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-mico e Social – BNDES liberou financiamento no valor de R$ 283 milhões para Dardanelos. O valor liberado corresponde a 58% do crédi-to total aprovado de R$ 485 milhões.

As obras de Dardanelos estão localiza-das no Estado de Mato Grosso, na margem esquerda do Rio Aripuanã. A Usina será equipada com cinco turbinas, sendo quatro com potência de 58 MW e uma de 29 MW, somando uma capacidade instalada de 261 MW, energia suficiente para abastecer uma população de cerca de 600 mil habitantes por dia. A primeira unidade entrará em operação em 1º de janeiro de 2010 e, ao final, a energia assegurada será de 154,9 MW.

“Esse é um empreendimento ecologica-mente correto, pois provoca baixíssimo im-pacto ao meio ambiente e contribui com a fixação de infra-estrutura permanente, neces-

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ÇÃo Aripuanã,

terra de um novo tempo

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sária ao desenvolvimento social e econômico da região”, afirma José Piccolli Neto, diretor-presidente da Energética Águas da Pedra.

Vazão ecológica - O projeto mantém todas

as condições exigidas pelo estudo ambien-tal para a preservação da beleza cênica das quedas d’água dos saltos de Dardanelos e das Andorinhas. A região possui fortes com-ponentes paisagísticos, ecológicos, cênicos e turísticos, de rara beleza, caracterizados pelas quedas d’água, corredeiras, ilhas vegetadas, contornos escarpados e densa vegetação, ca-racterística da floresta amazônica.

“Houve uma preocupação especial em in-tegrar as estruturas que compõem o projeto à paisagem local, minimizando o impacto visual em qualquer ponto da cidade de Aripuanã”, afirma Paulo Novaes, gerente de Meio Am-biente da Energética Águas da Pedra.

A Usina terá um reservatório de apenas 0,24 km2, que corresponde à melhor relação entre potência instalada e área inundada em constru-ção no Brasil. Além disso, a água vai passar por condutos paralelos ao leito do Rio Aripuanã.

Com a diminuição da vazão, a produção de energia também vai cair, conforme um acordo feito com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – Sema. Quem explica é Paulo Novaes: “A vazão ecológica mínima é de 21 m³/s para manter os pedrais das cachoeiras umedecidos. Mas não haverá nenhum pro-

Novaes e Piccolli, aliando a moderna

engenharia ao meio

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blema porque a turbina de 29 MW precisa, no mínimo, de 38 m³/s para funcionar e, se essa vazão cair, a Usina será desligada. Então a vazão ecológica mínima será garantida. No ano passado foi registrada a vazão mínima de 23 m³/s, acima do previsto no acordo”.

Entre os benefícios esperados com o em-preendimento estão o aumento da oferta de energia elétrica para o País; geração de renda e melhoria da qualidade de vida no município; atração e fixação de novos investimentos; de-senvolvimento socioeconômico e ambiental, bem como a redução do uso de energia tér-mica (geradores a diesel).

Produção de mudas - Dardanelos caracteri-za-se pelo completo e detalhado planejamento das atividades, totalizando mais de 31 progra-mas socioeconômicos e ambientais. Para os programas de monitoramento da fauna e da flo-ra foram previstas campanhas trimestrais para antes, durante e após a construção da Usina. “Os estudos socioambientais têm sido aprimo-rados desde o início do processo de viabilida-de, de modo a contemplar sugestões técnicas e determinações dos órgãos fiscalizadores, bem como da prefeitura, comunidade local e pes-quisadores envolvidos”, informa Novaes.

O Programa de Con-servação da Flora ini-ciou-se em 2006 com a implantação em campo de 42 parcelas e mar-cação de mais de 1.400 matrizes de várias espé-cies vegetais. A coleta de sementes está ocorrendo nessas parcelas. Em se-guida, são manipuladas e acondicionadas em vi-veiro, onde o trabalho per-

manece durante todo o período de floração das espécies em torno da área do empreendi-mento. Antes da fase da supressão da vegeta-ção houve o trabalho de resgate das espécies, levadas para o orquidário e bromeliário para estudo e preservação.

Durante o processo de construção do Apro-veitamento, a área de vegetação suprimida é equivalente a aproximadamente 70 hectares, que serão recuperados por meio do Programa de Conservação da Flora e do Programa de Conservação de Germoplasmas, os quais têm como objetivo a coleta de sementes e a produ-ção de mudas de espécies florestais (à esquer-da). O cultivo e a produção de 500 mil mudas anuais serão suficientes para recuperar uma área de 1.350 hectares, ao longo de três anos.

Beleza e equilíbrio - As macrófitas são um dos principais componentes dos ecossistemas aquáticos, regulando ampla gama de proces-sos ecológicos, tais como a reciclagem de nu-trientes, cadeia de detritos e processos de se-dimentação, formando um conjunto florístico que reúne formas com diferentes distribuições no corpo fluvial. Em outras palavras, o grupo das macrófitas é constituído por pequenas flo-res, que vivem nos rios e lagos, proporcionan-do beleza e equilíbrio ao ecossistema (abaixo).

Essas plantas possuem grande capacida-de de adaptação, o que possibilita a coloni-zação nos mais diferentes tipos de ambien-te, brejos, mangues, rios, lagos e cachoeiras. As macrófitas aquáticas podem ser encontra-das principalmente nas margens e nas áreas mais rasas.

Relatório que descreve e analisa os resulta-dos obtidos na primeira campanha do Progra-ma de Monitoramento das Macrófitas Aquáti-cas revela que mais de 300 espécies vegetais e 50 gêneros foram registrados, apresentando, também, resultados que indicam que o habitat dessas plantas não está sendo influenciado ou

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alterado de forma negativa no trecho sob influ-ência da instalação do empreendimento.

Houve um aumento significativo no núme-ro de espécies e biomas desse tipo de vege-tação. A maioria das espécies de macrófitas aquáticas encontradas nessa campanha esta-va em estado reprodutivo, ou seja, com flores e frutos em plena dispersão.

Aves e anfíbios - Para o monitoramento das atividades voltadas para as andorinhas que habitam as quedas, as aves migratórias, especialmente maçaricos, e as aves do inte-rior da floresta, foi instituído o Programa de Monitoramento da Avifauna. As duas primei-ras atividades já produziram informações que estão sendo analisadas e possibilitarão medir o grau de dependência das duas espécies de andorinhas que habitam os ecossistemas das cachoeiras. As ações incluem as atividades de estudo e monitoramento nos períodos da chuva e da seca, registro de espécies, resga-te e elaboração de relatórios, encaminhados para a Sema e para o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-nováveis – Ibama.

Até o momento foram cadastradas aproxi-madamente 126 espécies de aves, distribuí-das em 68 famílias. Para a segunda campa-nha de atividades, foi registrada, na área de influência direta de Dardanelos, a ocorrência de mais cinco espécies de aves que não ha-viam sido registradas anteriormente, elevando para o total acumulado de 131 espécies que continuam habitando positivamente a região, o que comprova a afirmação do baixo impac-to ambiental do empreendimento. Observa-se também que não há registro de nenhuma es-pécie de ave em risco, de acordo com a lista oficial dos animais ameaçados de extinção do Brasil e das Américas.

Já o Programa de Monitoramento da Her-petofauna tem como objetivo fazer o inventário de anfíbios e répteis, conhecidos popularmen-te como sapos, rãs e pererecas, espécies que dependem dos pedrais e dos ecossistemas a eles associados, bem como obter informações que possibilitem o manejo e a conservação desses grupos. São conhecidas na região 45

espécies de anfíbios.Esses animais, vistos qua-

se sempre com te-mor e repugnância

pela maioria das pessoas, são de extrema impor-

tância para o equilíbrio e a manutenção dos ecossistemas, pois con-somem imensa varieda-de de animais, sobretudo in setos, auxiliando no con-trole populacional e impedin-do que se tornem pragas. Por outro lado, servem de alimen-to a outra enorme variedade de bichos, como aves, peixes, serpentes e mamíferos.

Quanto aos répteis, foram re-gistradas 52 espécies. Contudo, de-vido à grande variedade de habitats e ambientes presentes na área, é possível que o número real seja maior.

Com a necessidade de conhecer com maior detalhamento os peixes que habitam a região das cachoeiras, foi iniciado o Programa de Monitoramento da Ictiofauna. Está sen-do feito o levantamento sobre os peixes em vários períodos do ano, buscando informações sobre o uso dos habitats dos pedrais e da intensida-de de atividades reprodutivas das espé-cies. Isso vai ajudar também a regular as atividades de pesca no município.

Comunidade - As ações para a comunidade não ficaram de fora. Entre setembro de 2007 e setembro de 2008, foram iniciados vários programas de vigilância epidemiológica, de lazer, turismo e cultura e de apoio à educação básica e ambiental, às comunidades indíge-nas e à produção agrícola

O Programa de Educação Básica e Am-biental (abaixo) já capacitou 400 profissionais

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Entre máquinas e homens, a presença de mulheres reforça a grandiosidade da obra

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do setor no município de Aripuanã. O Progra-ma de Saúde Pública desenvolve ações em parceria com a Secretaria de Saúde a fim de conter e solucionar os problemas epidemioló-gicos da cidade e de minimizar os riscos e a incidência de doenças. O Programa foi estru-turado em três eixos: ações epidemiológicas, ações de prevenção e controle de doenças e ações educativas.

No segundo trimestre de 2008, por exem-plo, foram registrados 118 casos de doenças de notificação compulsória em Aripuanã, nú-mero 63% menor que no trimestre anterior, conforme dados do boletim epidemiológico do Programa de Saúde Pública. As palestras do Fórum Científico de HIV e Aids contaram com 452 participantes, entre médicos, enfer-

meiras, dentistas, farmacêuticos, bioquímicos e outros profissionais de saúde, professores e alunos dos municípios de Aripuanã, Cotrigua-çu e Juína.

A Energética Águas da Pedra também está desenvolvendo o Plano Diretor Municipal para Aripuanã, que consiste no planejamento da ocupação territorial. O objetivo é democratizar as oportunidades para todos os moradores, garantir condições satisfatórias para financiar o desenvolvimento municipal e democratizar as condições de uso dos recursos disponíveis de forma equilibrada e sustentável.

O Plano Diretor deve interagir com as dinâ-micas dos mercados econômicos e vai con-tribuir para reduzir as desigualdades sociais, definindo os riscos e os benefícios da urba-nização. Ele foi entregue no início do mês de novembro para a Prefeitura, que enviou para aprovação à Câmara Municipal.

O apoio da comunidade tem sido funda-mental para a implantação do empreendi-mento. O cronograma previsto deverá ser an tecipado. “A comunidade de Aripuanã nos apoiou durante a condução dos processos de licenciamento, vislumbrando o quanto esse empreendimento poderá contribuir para o desenvolvimento, sem que haja a degradação ambiental que tantos problemas já trouxe à região”, afirma Picolli.

(Colaborou Gabriel Prates, da Energética Águas da Pedra)

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O andorinhão-de-cascataAve símbolo da região dos Saltos das Andori-

nhas e Dardanelos, o Cypseloides Senex, mais conhecido como a famosa e simpática andorinha, ou como se denomina a espécie encontrada na re-gião “andorinhão-velho-da-cascata”, tem pequeno porte e comprimento, entre nove e 25 cm, depen-dendo da espécie.

A plumagem é geralmente preta ou castanha, mas algumas espécies apresentam barriga mais clara e manchas coloridas na zona da garganta. As asas afiladas em forma de bumerangue são ex-tremamente longas, em comparação ao resto do corpo. As penas primárias, longas e estreitas, junto com as penas secundárias muito curtas, permitem aos andorinhões um vôo rápido e a possibilidade de planar. O bico é muito curto e meio recurvado.

Esse dócil habitante sobrevoa às centenas em gru-pos próximo às quedas d’água, caçando durante o dia e repousando à noite nas fendas das rochas, onde também constrói seus ninhos.

Estudos e observações comprovam que os ando-rinhões são aves monogâmicas que formam casais na época de reprodução. Em algumas espécies, sobretudo as tropicais, os casais permanecem jun-tos por toda a vida, guerreiros, fiéis, companheiros, comprovando o ditado popular que diz: “uma ando-rinha só não faz verão”.

foto: indiamara moser

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Cerca de 80 profissionais de Comunicação Social participaram no período de 20 a 21 de novembro último, em Belém (PA), do Fórum de Comunicação do Governo Federal no Norte, realizado pela Secretaria de Comunicação So-cial da Presidência da República- Secom, por meio do Programa de Integração e Aperfeiçoa-mento da Comunicação Pública; e Eletronorte, com o apoio do Banco da Amazônia -Basa.

Os desafios de fazer comunicação pública, a importância estratégica da política de comu-nicação, o relacionamento com a imprensa, gerenciamento de crise e a comunicação e sustentabilidade no século XXI foram os princi-pais temas debatidos. O objetivo foi promover a atualização profissional e a integração entre os profissionais do Sistema de Comunicação do Poder Executivo Federal – Sicom, e os co-municadores dos três poderes na Amazônia, em níveis nacional, estadual e municipal.

Presente à sessão de abertura, o diretor Econômico-Financeiro da Eletronorte, Antonio Maria Amorim Barra, deu as boas-vindas aos participantes: “A comunicação pública ainda é um processo distante da Região Norte, que fica isolada do resto do País quando se trata da promoção dos serviços e bens públicos e

Cidadão, sempre o melhorparâmetro da comunicação pública

governamentais. Esperamos que esse evento possa, realmente, promover o papel do comu-nicador público, desenvolvendo um processo que permita a inclusão dos veículos de comu-nicação do Norte em pautas dos governos”.

Com a palestra “Os desafios de fazer a co-municação pública”, Armando Medeiros de Faria, da Secom, abriu o Fórum. Em seguida, Ana Maria Fadul, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom, falou sobre “Mídia e desenvolvimen-to na Região Norte: desafios e perspectivas”.

No segundo dia foram proferidas as pa-lestras “Comunicação e sustentabilidade no século XXI”, do jornalista Hiram Firmino, edi-tor da revista JB Ecológico; “O Governo como pauta – a visão da imprensa”, que reuniu o secretário de Estado de Comunicação do Pará, Fábio Fonseca de Castro, e o jornalista Raimundo José Pinto, do portal Pará Negó-cios; “A importância estratégica de uma po-lítica de comunicação”, do presidente da As-sociação Brasileira de Jornalismo, Wilson da Costa Bueno; e “Gestão de riscos e tratamen-to de crises em comunicação”, do professor da PUC-SP e colunista da revista Imprensa, Francisco Viana.

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“Comunicar é antes de tu do expressar-se. Tenho algo a dizer e o direito de dizê-lo. Mas a se-gunda condição da comunicação é saber se o outro está ouvindo e tem interesse no que digo. E se responder, isto é, se por sua vez se expressar, será que estou pronto para ouvi-lo? É preciso observar os pilares e princípios básicos da comunicação pública, pois o cidadão tem direito à in-formação, base para o exercício da cidadania. Além disso, prestar contas à sociedade é um dever do Estado. Mas a comunicação pública não faz promoção pessoal dos administradores. Ao contrário, valoriza a interati-vidade e o diálogo com o cidadão, estimulando-o a participar da definição de políticas públicas. Aí está a importância de se garantir o pluralismo e valorizar a diversidade regional, zelando pela aplicação criteriosa dos recursos públicos. Nesse sentido, precisamos transformar a comunicação estatal, oficial, em co-municação de caráter público, isto é, participativa, pluralista, transparente e promotora dos direitos do cidadão”.

Armando Medeiros de Faria - Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República- Secom

“Quando decidimos publicar uma revista sobre meio ambien-te, que sai a cada mês na sema-na da lua cheia, estávamos reali-zando uma utopia, sonhada nas montanhas de Minas Gerais, e que tomou uma proporção gigan-tesca ao se inserir na hora exata em que começavam os debates ambientais em todo o mundo. Foi preciso mais que persistência, pois tivemos que inserir em nos-sa fórmula inédita de jornalismo o amor e a poesia. Para tratar a in-formação ambiental precisamos

entender tecnicamente do assunto. Como todo ser humano, é preciso ter consciência do que se quer, para depois ter ati-tude na realização desse querer. O jornalismo ambiental no Brasil começou assim, e os jornais, inclusive, passaram a ter uma editoria de meio ambiente. Mas a consciência foi tratar a informação ambiental como uma notícia que vende, somente os escândalos e as tragédias, e os jornais foram, ao longo do tempo, eliminando os espaços dedicados ao assunto. Hoje eu acho que não se deve ter uma editoria específica de meio am-

biente, mas tratar as questões ambientais do ponto de vista das outras notícias publicadas, ou seja, do ponto de vista econômico, político, urbano e, claro, dos ecossiste-mas com os quais convivemos”.

Hiram Firmino - revista JB Ecológico

“Hoje está sendo cons-truído um novo mapa das regiões brasileiras dada a importância econômica e a força de identidade, no sentido de mostrar as desi-gualdades regionais. Nes-sa equação, que interpõe o eixo Rio-São Paulo aos estados das regiões Norte e Nordeste, vem se verifican-do, em relação à comuni-cação pública, mudanças significativas também na mídia regional. Esse avan-

ço é perceptível nos meios televisão e rádio, haja vista o crescimento das redes regionais e da repercussão de eventos como o Círio de Nazaré e o Boi-bumbá de Parin-tins, por exemplo, que conquistaram espaço nas redes nacionais. Também verifica-se que as redes regionais têm procurado superar a visão etnocêntrica da mídia, pois somente denunciar a mídia é uma atitude conser-vadora e conformista. Há de se ressaltar que a produ-ção local e regional exigem não somente verbas, mas competências. Afinal, qualidade e popularidade não são incompatíveis”.

Ana Maria Fadul - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

“A imprensa da Região Norte sempre viveu a rebo-que da imprensa do Sul e Sudeste, nunca conquistou seu próprio espaço no cenário nacional. Primeiro há a questão das sucursais dos grandes jornais, que deixa-

ram de existir nas princi-pais capitais, como Belém e Manaus. Chegaram ao cúmulo de dizer que aqui não existem profissionais ca pazes de exercer o papel de correspondente. Então começamos a depender da cobertura regional, do noticiário distribuído pe-las agências e dos releases distribuídos pe los governos. Essa relação com os gover-nos também foi prejudica-da pela forma de aproxima-

O que eles disseram:

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ção entre assessores de imprensa e jornalistas, quase sempre por releases. É raro sermos chamados para um almoço ou uma coletiva e quando isso acontece nem sempre dão voz aos jornais do Norte. Precisamos re-ver esses relacionamentos, entre os grandes jornais e os daqui e entre a pauta do governo e as redações da região, inclusive as do interior, que sofrem muito mais a falta de pessoal qualificado, equipamentos e infra-estrutura de apoio”.

Raimundo José Pinto – Pará Negócios

“Estamos revendo to-da a área de comunicação do Governo do Estado do Pará, desde o planejamen-to estratégico, passando pe la política de comuni-cação, pelo marketing es -trutural, até a qualificação da assessoria de imprensa e a melhor distribuição da verba publicitária. Nossa intenção é promover a ge-ração, veiculação e acesso à informação com ações de comunicação comuni-tária e pesquisa de representação social na Amazônia. Também consideramos relevante construir um acervo de informações sobre temáticas relacionadas à linha-mestra do programa de democratização do acesso à informação, da Secretaria de Estado de Comunicação do Pará. O programa atuará, prioritariamente, associa-do à pesquisa científica, ao debate social e às ações de comunicação comunitárias na região metropolitana e no interior. A pesquisa de representação social tem como meta a criação de uma agência modelo de notícias, loca-lizada fisicamente na universidade, aproveitando a base do parque tecnológico, a fim de mapear, armazenar e fornecer análise crítica dos fatos e acontecimentos sobre a pobreza e desigualdades sociais na Amazônia”.

Fábio Fonseca de Castro - Secretaria de Estado de Comunicação do Pará

“O que é uma política de comunicação? É um con-junto de princípios, diretrizes e ações que objetivam orientar, de maneira uniforme, profissional e sistemáti-ca, o relacionamento de uma organização com os seus diversos públicos de interesse. Ela deve ter vínculo obrigatório entre comunicação e gestão, ou seja, uma relação estreita com a cultura organizacional, partindo-se da existência de uma estrutura profissionalizada de comunicação, com participação efetiva no processo de tomada de decisões. A política de comunicação deve ser vista efetivamente como estratégia, numa

construção coletiva, com o com-prometimento explícito da al ta administração e vontade po lítica para implementá-la. Além disso, a comunicação empresarial inclui obrigatoriamente a comunicação interna e externa, a comunicação institucional e mercadológica e todos os fluxos de comunicação de uma organização. Para que essa interação se mantenha for-te e permanente, alguns desafios se apresentam: superar o nível do mero discurso explícito no documento da política; sensi-

bilizar direção e chefias; reavaliar continuamente a política para que ela permaneça em sintonia com o tempo histórico e criar uma autêntica cultura de comunicação, que deve ser vista como instrumento fundamental de gestão e não como um fim em si mesmo”.

Wilson Bueno – Associação Brasileira de Jornalismo

“Os retratos da comunicação pública tendem a mostrar que esta teria muito a aprender com a comunicação privada. É um mito que a realidade vem se encarre-gando de derrubar. A cultura da comunicação pública encontra-se bem mais próxima dos impe-rativos da atualidade. Por isso, o profissional de comunicação da área pública precisa ser formado dentro dos valores republicanos, devendo ter um plano de carrei-ra, deixando, assim, de ser vul-nerável à natural transitoriedade de governos. A virtù da comunicação pública é ser guardiã da reputação da República, de reconhecer e trabalhar pela explicitação dos conflitos, mas sempre determinada a evi-tar que a reputação do Estado, governos e governantes se corrompa. Portanto, o relacionamento entre Poder Público, imprensa e liberdade deve acontecer no plano de uma trin-dade divina que se reforça mutuamente. O comunicador é filho da liberdade. Não pode ceder a versões vulgares de controle da informação, à direita ou à esquerda. A lição mais aflitiva para a comunicação pública é, por mais pa-radoxal que possa parecer, a afirmação da democracia no País. A liberdade tem iluminado vastas áreas obscuras das relações do Estado com a sociedade, dos governos com seus eleitores, do mundo da imprensa com a verdade e a notícia. Nesse contexto, o papel da comunicação pública é, acima de tudo, educador”.

Francisco Viana – PUC-SP

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Byron de Quevedo

O Sistema Eletrobrás, ao eletrificar as re-giões do País, acabou por também trazer luz ao mundo cultural. Trabalhar a responsabilidade social passou a significar apoiar as culturas re-gionais, expressão maior do nosso povo. A Ele-tronorte é uma das empresas do Setor Elétrico que vem fazendo investimentos nas mais di-versas manifestações artísticas, se integrando à vida das comunidades e ampliando o seu significado como instituição pública. São ar-

tes feitas com muita energia, espetáculos que sem esses patrocínios não teriam se realizado, transformando sonhos em realidade.

Em matéria de patrocínio a Eletronorte prio-riza os eventos técnicos setoriais, pois o seu balanço econômico-financeiro ainda não lhe permite usufruir, por exemplo, os benefícios das leis de incentivo à cultura. No entanto, emitiu uma instrução normativa para atender a projetos culturais de interesse empresarial, no que tange aos benefícios e contrapartidas oferecidos pelo possível patrocinado.

A arte com energia

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A gerente da Coordenação de Comunicação Empresarial, Isabel Cristina Moraes Ferreira, relata que a função da área é consolidar os interesses internos com a avaliação das con-trapartidas. “Em 2009, já num panorama mais positivo para a Empresa, poderemos vir a nos beneficiar das leis de incentivo. Neste ano, a Eletrobrás se antecipou a nós e relançou a sua política de patrocínio, pois é mais demandada exatamente porque usa as leis de incentivo. Construiremos a nossa linha de patrocínio ali-nhada a política da holding”.

Isabel (ao lado) observa que o conceito de contrapartidas mudou, levando em conta não apenas a imagem, ou seja, a apli-cação da marca. São analisadas também as contrapartidas sociais, estruturais e culturais. “Numa peça de teatro, por exemplo, ou num filme, podemos pedir que o proponente nos forneça DVDs para doação às bibliotecas da Re-gião Norte, sempre carentes. Ou ainda podemos negociar que o proponente contrate mão-de-obra local entre outras compensações”.

Segundo a gerente da área de logística ad-ministrativa da Coordenação de Comunicação Empresarial da Eletronorte, Dijane Maria Frei-tas dos Santos (ao lado), os patro-cínios passam por um processo interno que exige a aprovação da diretoria e são feitos por inexigibili-dade de licitação. “Após a assina-tura do contrato, providenciamos o pagamento de 60% do valor re-querido. Depois, verificamos como o dinheiro foi gasto, se foram cum-pridas as contrapartidas, e só en-tão pagamos os 40% restantes”.

Recentemente, a Eletronorte pa trocinou o filme “A Festa da Menina Morta”, (ver box), diri-gido por Matheus Nachtergaele (abaixo), com um aporte de R$ 100 mil. A fita vem acumulando prêmios e reconheci-mento público onde é exibida. “Creio que o Mateus deu muita visibilidade à marca Eletro-norte. O patrocínio foi pequeno considerando-se os custos finais de um filme. A Infraero foi a maior patrocinadora da obra. Gostaríamos de fazer mais. Por exemplo, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - FBCB, seria ex-

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celente se um proponente abrisse a possibili-dade de exibir um documentário institucional. Teríamos, então, uma bela contrapartida para qualquer empresa do Sistema Eletrobrás. Te-mos que enxergar o patrocínio como uma fer-ramenta estratégica de comunicação. O saldo para a Empresa tem sido bastante positivo”, comenta Isabel.

O diretor da Fundação Cultural do Distrito Federal e diretor do FBCB, Fernando Adolfo

(ao lado), considera o apoio ofi-cial e de patrocinadores públicos ou particulares de fundamental importância para a indústria cul-tural e, por conseguinte, para o Festival. “O Estado não pode ab-sorver todos os custos do festival, orçado em R$ 2 milhões. É um evento grande que envolve cente-nas de diretores, atores e técnicos relacionados com as obras exibi-das. O GDF entra com metade do orçamento, o restante é pago por instituições públicas e privadas, a

maior parte pela Petrobras. Gostaríamos que a Eletrobrás voltasse a ser um dos nossos patro-cinadores, como já foi em anos anteriores, pois as empresas do Sistema têm documentários preciosos sobre obras de infra-estrutura, ações ecológicas, sociais etc. Sugiro que, em 2009, ela faça uma mostra desse acervo no Festival, pois eles retratam muito bem a história brasilei-ra”, conclama Fernando.

Uirapuru Bambu - Por falar em arte com energia, o espetáculo Dança em Suspensão (à direita), promovido pelo Instituto de Pes-quisa, Ação e Mobilização – Ipam, é um show extremado. Atores bailam entre bambus, vêm ao solo e retornam às alturas com uma agi-lidade impressionante. Segundo a bailarina e produtora, Poema Muhlemberg, o Brasil é culturalmente rico. “Portanto, a Eletronorte agiu estrategicamente ao patrocinar a nossa proposta com R$ 30 mil. As produções cultu-rais fortalecem a identidade nacional e geram empregos”.

“O Uirapuru Bambu – Espetáculo Performá-tico” foi concebido pelo professor de educação física e criador da Integral Bambu, Marcelo Rio Branco, e dirigido por Willian Lopes. Para con-tar a lenda do uirapuru, quatro acrobatas utili-zam técnicas de Integral Bambu, com práticas de artes marciais, ioga, pilates, alongamento, massagem e treinamento em árvores. A ce-nografia é composta por elementos da cultura

amazônica e pela maior escultura de bambu construída no mundo. Uma geodésica de 11 metros de altura por 20 metros de diâmetro, criada pelo mestre em bambu, Lúcio Ventania. A escultura central tem oito mastros com oito metros de altura.

O espetáculo ao ar livre conta uma lenda amazônica sobre a influência do canto do ui-rapuru na vida de dois enamorados. Os atores ora são pássaros, ora são dançarinos. A refe-rência ao pássaro se dá em virtude de sua raridade. “A recepção do público tem sido excelente. Esperávamos receber umas 200 pessoas e no último espetáculo tivemos que arranjar 400 cadeiras extras. Havia pessoas

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assistindo do lado de fora, lá no Memorial dos Povos In-dígenas e a temporada teve que ser prolongada por mais uma semana”, conta Poema Muhlemberg.

Carla Gomes (ao lado), re-lações públicas, viu o show e ficou encantada. “É com-pletamente diferente de tudo que já assisti. O cenário do Museu foi perfeito para a apresentação, a iluminação

do espetáculo e a trilha sonora são fascinantes. Há momentos de surpresa. É um tipo de arte que exige força e concentração”.

Ponta de Flecha – Katueté - Este livro in-fantil, lançado pela empresa Nhamandu Pro-duções Ltda, com 68 páginas, recebeu o pa-trocínio de R$ 82 mil da Eletronorte. A sua escritora, Eliana Maria Gramado Craesmeyer (à direita), é antropóloga, trabalha há 20 anos com grupos indígenas e está há 15 anos em Furnas Centrais Elétricas. Ela começou sua experiência com tribos de Mato Grosso, os Xa-vante e Bororo, e depois com índios de Goiás, as tribos Karajá, Ava-Canoeiro e Tapuia. Traba-lhou na Funai como assessora para assuntos indígenas, em Goiânia, onde atendia também os índios de Tocantins, Bahia, Minas Gerais e de parte de Mato Grosso (Parque Indígena do Xingu) até 1993, quando foi para Furnas, onde coordena a Gestão da Questão Indíge-na. Foi convidada em virtude de sua especia-lidade e da experiência em lidar com o grupo Ava-Canoeiro, em que as terras indígenas têm interface com a hidrelétrica Serra da Mesa.

Segundo a autora, Ponta de Flecha surgiu da necessidade de falar dos assuntos indíge-nas para crianças nas escolas do entorno das reservas. Como ela mesma constatou, quanto mais perto da terra do índio, maior o precon-ceito, pois os interesses econômicos de possei-ros, madeireiros e fazendeiros estão presentes na disputa pelos recursos naturais. “Abordei a questão de forma que as crianças pudessem entrar em contato com essa realidade o mais cedo possível, despertando reflexões. As crian-ças das cidades veiculam idéias, gostam de fa-lar sobre elas em casa, refletindo uma forma de pensar mais humana sobre os indígenas. Como poucos conhecem a vida dos índios, costumam reproduzir o discurso preconceituoso”.

A história se passa na Amazônia, mas é um menino de São Paulo que vai viver os

episódios. Ele encontra a tribo fictícia Katueté, palavra Tupi que quer dizer “muito boni-to”. O livro teve como base as experiências da escritora, relatadas em seus diários e entrevistas. “Uso um discur-so lúdico e vou revivendo aventuras. É o embate entre a cultura do menino e das crianças indígenas, com as suas afinidades e estranha-mentos. São elas que cons-troem o conceito de cultura e diversidade. No Brasil são 217 culturas indígenas co-nhecidas”.

“No livro, esse povo iso-lado, fictício, se decepciona no primeiro contato com os civilizados e se retrai. Os Ava-Canoeiro viveram a situação do grupo Katueté. Quando fui caminhar nos limites das ter-ras deles, calçei botas confor-táveis, mas que machucavam muito os meus pés. Então as tirei. Um índio, de forma descontraída, perguntou-me, como quem fala a uma criança: ‘Por que você trata assim os seus pés, botando eles dentro dessas canoi-nhas? Você não precisa disso, pois eles podem te levar onde você quiser’. Então eu fiquei ad-mirada com a simples e profunda afirmação. Aprende-se muito com a cultura indígena”, relata Eliana Maria.

A Eletronorte receberá como contrapartida ao patrocínio, 360 exemplares do livro. Segun-do Eliana, “enviamos cartas para 16 patroci-nadores privados e apenas um respondeu, negativamente. Isso só engrandeceu a contri-buição da Eletronorte, pois ela não pode usar os benefícios das leis de incentivo e mesmo assim ajudou. Fato louvável que me deixou impressionada. A atitude demonstra o cuidado da instituição para com a cultura, as artes e os produtores culturais”.

Caminhos da modernização - Outro patro-

cínio importante na área literária, não tanto pelo valor desembolsado, de R$ 8 mil, mas pelo valor cultural, em 2008, foi o concedido à obra “Caminhos da Modernização: Cronologia do Setor de Energia Elétrica Brasileiro (1879-2007)”, lançado pelo Centro da Memória da Eletricidade no Brasil. De acordo com Marilza

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Brito, diretora da entidade, criada pela Eletrobrás e demais empre-sas do Sistema, “desde 1986, a organização trabalha em prol da preservação da memória do setor de energia elétrica, com pesqui-sas históricas e tratamento do patrimônio documental”.

Segundo Marilza (ao lado), a publicação atualizada tem 130 páginas e tiragem de mil exem-plares, abordando fatos do setor desde o século XIX até o XXI, os

principais marcos históricos, o surgimento das empresas, inventos, empreendimentos etc. É ilustrado com aquarelas de Mario Penna Be-ring, ex-presidente da Cemig e da Eletrobrás. O livro traz ainda seis pranchas formando um cartaz com o resumo da obra.

“A Eletronorte quer manter viva a memória da eletricidade no Brasil, por isso se tornou institui-dora do Centro e patrocina obras importantes. Atua também em trabalhos específicos, inclusive relacionados à sua própria his-tória, como no caso das edições comemorativas. Ela é parte do conteúdo desse livro, assim como Furnas, Chesf, Light, Eletrosul, Sulgipe e Cepel”.

Viva a Arte - Após 25 shows de sucesso, o projeto cultural Viva a Arte, realizado pelo Centro Integrado de Cultura e Meio Am-biente Caburé, estará fechando o

ano com chave-de-ouro, com a participação do cantor e compositor Paulinho Pedra Azul, e de Marcelo Jiran (teclados), ambos de Minas Ge-rais, em dezembro de 2008. A segunda edição do projeto recebeu da Eletronorte R$ 98 mil em patrocínio, o que possibilitou trazer artistas de renome como Xangai (foto ao pé da pági-na), Simone Guimarães, o comediante Ruiter, Renato Mota e o pianista Le-andro Braga.

Rivaldo Gomes de Alcânta-ra, o Boréu (ao lado), músico, percursionista e sindicalista, é o coordenador do Viva a Arte e representante do Sindicato dos Eletricitários – Stiu-DF, um dos patrocinadores do evento. Ele afirma que o projeto ganhou tanta importância que vem sendo debatido até em mesa de negociação, nos acordos coletivos. “Cobramos, princi-palmente da Eletrobrás, que além dos grandes projetos, que ela patrocine projetos de meno-res custos também, muitas vezes, conduzidos por pessoas sem acesso à mídia. São pessoas envolvidas no meio cultural, não visam ao lu-cro, mas produzem coisas interessantes, pois sempre há um público para qualquer arte. Em 2009 vamos enveredar para o lado do autênti-co sertanejo, devemos trazer Zé Mulato e Cas-siano, entre outros do gênero”, afirma.

Mas o mais interessante da próxima tem-porada – comenta Boréu - será a divulgação dos grandes poetas, que têm produções be-líssimas e as pessoas mal sabem que foram eles que escreveram: gente como Capinam,

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Fernando Brant, Fausto Nilo, Nando Cordel e outros. “Eles vão cantar as suas músicas e contar como elas surgiram. Focaremos em ar-tistas de Brasília, mas faremos um mix, trazen-do também grandes nomes de fora. Os artistas respeitam quem promove eventos gratuitos ao público, e aceitam participar por um cachê reduzido e ainda o divulgam, falando da im-portância do projeto, principalmente pela pre-sença e entusiasmo do público. No fim, todos saem ganhando: Empresa, público, artistas e os empregados. Às vezes, quando não há con-senso quanto aos cachês, lançamos mão do apoio do empresariado”.

Para Boréu, o projeto da nova Sede da Ele-tronorte em Brasília tem que levar em consi-deração um espaço para a instalação de um centro cultural melhor equipado para receber o Viva a Arte e outras manifestações culturais. “A Eletronorte pode ter o seu próprio projeto, pois trabalhamos numa região que concentra excelentes artistas, como o Nilson Chaves, e o Papete, (o maior percussionista do mundo, do Maranhão), por exemplo. Com o Centro Cultural, a opinião pública vai conhecer me-lhor a Eletronorte. Hoje, o Correio Braziliense já inseriu o Viva a Arte na sua programação de sexta-feira. Os veículos de comunicação quan-do vêem que os eventos são regulares, fazem a divulgação e a Empresa ganha um espaço gratuito”, diz Boréu.

O Duelo da Fronteira – O XIV Festival Folcló-rico de Guajará-Mirim – O Duelo da Fronteira (fotos à direita), recebeu patrocínio de R$ 50 mil, firmado entre a Eletronorte e a Associação Folclórica Cultural do Boi-Bumbá Malhadinho, realizado há 14 anos, sempre no mês de agos-to, em Guajará-Mirim, Rondônia. O Festival tem os bois-bumbás Malhadinho, o atual campeão, e o Flor do Campo. O Malhadinho, com o tema Vale do Guaporé: Mito, Cultura e Arte, veste as cores azul e branco; já o Flor do Campo sai nas cores vermelho e branco, com o tema o Nosso Ouro é Vermelho, falando sobre a fauna, a flora e histórias do boi-bumbá.

Segundo o presidente do Malhadinho, Clei-ton Vieira Lopes, o Festival começou com o ati-vador cultural Aderson Mendes da Silva, que ficou impressionado com o festival de Parintins (AM). Como em Guajará-Mirim já existiam os dois bois em atividade, ele levou a idéia para a cidade também. “Estamos construindo um ‘bumbódromo’, pois recebemos 15 mil pessoas durante as festividades. A cidade fica dividida entre as cores vermelho e azul. O apoio da Ele-

tronorte veio de última hora, pois a comissão organizadora demorou a procurá-la. Mesmo assim o patrocínio veio e foi importante, pois te-mos poucos investidores. Com os recursos pu-demos abrilhantar o Festival. Só temos a agra-decer. Creio que apoiar festas populares traz o envolvimento da comunidade com a Empresa. Hoje a Eletronorte faz parte do bate-papo das pessoas. Elas se orgulham de tê-la aqui”.

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A Festa da Menina Morta Tradicionalmente a Eletronorte não pa-

trocina o cinema, porém resolveu quebrar a regra e acabou acertando em cheio com o filme que ajudou a realizar. A Festa da Menina Morta, dirigido por Matheus Na-chtergaele, se transformou num grande sucesso em todos os aspectos.

Na opinião de uma das maiores críticas do cinema brasileiro, a jornalista Maria do Rosário Caetano (ao lado), “a Eletronorte está de parabéns, pois patrocinou um fil-me autoral, ousado, experimental, por sua qualidade artística, onde o autor cria a sua história, e que dificilmente seria apoiado pela iniciativa privada. Isto é maravilhoso, porque se as estatais, os organismos públicos, não incenti-varem os inovadores, os transgressores, quem irá fazê-lo? O ministro da Cultura, Juca Ferreira, comenta que a cada R$ 10,00 investidos em cul-tura, R$ 9,00 vem das estatais e do Governo Federal. Precisamos discutir com o empresariado privado o porquê de não investir em cultura, já que há leis que minimizam os custos dos investimentos”.

“As filmagens foram em Barcelos, a 400 quilôme-tros de Manaus, e nas regiões ribeirinhas e flo-restas. É a história de um menino que encontra o vestidinho de uma garota morta de forma brutal. O povo passa então a cul-tuar esse vestido mistica-mente. O menino quando adulto, interpretado por Daniel Oliveira, o astro que fez o Cazuza, passa a ter poder místico sobre a comunidade”.

“O Matheus usa gran-des atores, como Jackson Antunes e Dira Paes, mas buscou coadjuvantes e fi-gurantes da Região Norte. Então, a Eletronorte, ao patrocinar o filme ajudou a fomentar o desenvolvi-mento artístico e cultural da região. Principalmen-te porque o Matheus deu várias oficinas para qua-lificar o elenco de apoio, o que lhe tomou um ano entre o Rio de Janeiro e a Amazônia. No Festival de Gramado (RS), o filme ga-nhou os prêmios de Me-lhor Ator, Prêmio Especial do Júri, e outros prêmios técnicos. Revi o filme no Teatro Amazonas, no Fes-tival de Manaus. A comu-nidade reagiu magnifica-mente. Uma das atrizes é uma das damas do teatro amazonense. Portanto, a Eletronorte, quando apóia um projeto criativo como este, está também pro-movendo a efervescência cultural nessas regiões”.

Maria do Rosário faz um breve relato sobre

o filme:

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A Amazônia cabe numa semente

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A Amazônia cabe numa sementeComo a eletronorte pode fazera diferença em um bilhão de árvoresComo a eletronorte pode fazera diferença em um bilhão de árvores

este ano e a ser desenvolvido nos próximos cinco anos. A expectativa é chegar ao primeiro milhão de hectares reflorestados com um bi-lhão de espécies nativas.

Com uma superfície de aproximadamente 1,3 milhão de quilômetros quadrados, o Pará é um dos mais importantes fornecedores de produtos florestais, sejam eles madeireiros ou não-madeireiros. Essa produção pode chegar a 11 milhões de metros cúbicos ao ano, cres-cendo até 1% ao ano e exercendo uma forte pressão sobre a floresta nativa. Só nos últimos oito anos foram desflorestados cerca de cinco milhões de hectares. Para o diretor de Desen-volvimento da Cadeia Florestal do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

Michele Silveira

Imagine cinco milhões de hectares na Ama-zônia. E neles, cinco bilhões de árvores nati-vas. Essa é a pauta que a Corrente Contínua poderá escrever daqui a alguns anos. Mas para começar essa história, viajamos pelas es-tradas do Pará, deixando o caminho marcado com sementes que podem devolver a floresta a si mesma. Belém é nosso primeiro destino: foi lá que começaram as discussões para a elabo-ração do Programa de Restauração Florestal, que abrange todo o Estado do Pará. É nesse processo que está inserido o embrião dos nos-sos cinco milhões de hectares: o programa Um Bilhão de Árvores para a Amazônia, lançado

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- Ideflor, Jorge Alberto Gazel Yared (abaixo), investir em reflorestamento significa reduzir a pressão sobre a floresta nativa. “O objetivo principal é a recomposição das áreas de reser-

va legal, mas sabemos que nin-guém faz recuperação do passivo ambiental se não houver interesse econômico. Por isso é preciso que os modelos sejam também meca-nismos de geração de renda para os produtores locais. O que esta-mos fazendo agora é uma parte do todo que pretendemos desen-volver”, explica.

A idéia é associar as ações do programa Campo Cidadão – que pretende rever o passivo am-biental de agricultores familiares

- a ações de reflorestamento que incluam a criação de uma Rede de Laboratórios de Sementes no Pará. O objetivo é fomentar a produção de mudas, aumentar a oferta e for-talecer a cadeia florestal, que atende a vários segmentos sociais. “Hoje temos mudas que chegam a custar R$ 10,00 em razão da pou-ca oferta. Temos demanda para aumentá-la e garantir o crescimento do mercado e a recu-peração da floresta. Há casos de prefeituras que assumiram o compromisso de reflores-tar, mas ainda não dispõem de mudas para plantio”, argumenta Yared.

Um das estratégias do Ideflor para concre-tizar os programas e garantir a gestão de flo-restas é celebrar parcerias. E uma delas é com a Eletronorte. Com o know how do Banco de Germoplasma e do Laboratório de Análise de

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Sementes de Tucuruí (ver box), a Empresa é tida como referência para outros laboratórios de sementes florestais no País. Para a coorde-nadora dos programas da Eletronorte, Sandra Moreira do Nascimento (abaixo), o Laboratório já começou as atividades de distribuição de

sementes e de envolvi-mento com o programa estadual. “Estamos par-ticipando dessa discus-são e o trabalho que fa-zemos está estimulando o processo em outros laboratórios. Tucuruí fará parte da Rede e também vamos atuar em outros

laboratórios no Pará”, afirma. Neste ano de 2008, a Eletronorte já doou 485 mil sementes para o Um Bilhão de Árvores e foi convidada a assumir a construção de um laboratório de sementes em Altamira. Além disso, deve atuar na melhoria e manutenção de outros dois: um em Marabá e outro em Tailândia.

Formando mercados - Tucuruí é a nossa se-gunda parada. Lá a Eletronorte desenvolve o programa de Germoplasma Florestal, que agora conta com o Laboratório de Análise de Semen-tes. O programa tem o objetivo de conservar o material genético florestal para uso imediato ou futuro e a sua propagação por meio da pro-dução de sementes e mudas, contribuindo para a conservação da biodiversidade e do desenvolvimento regional. Para isso foram implantadas áreas de coleta de sementes. O pioneirismo das atividades da Eletronorte nesse projeto resulta na parceria que começa a desenhar um novo cenário socioeconômico e formar um mercado consumidor da produção de sementes.

Na carona da Rede de Sementes, outra parada: com uma área de 161.445,9 km², Altamira é o maior município do Brasil e do mundo em extensão territorial. Se fosse um país, o município paraense seria maior que a Grécia e quase do mesmo tamanho do Uru-guai. Com a construção do laboratório na ci-dade, a Eletronorte vai incentivar o mercado de sementes e contribuir para formar agentes multiplicadores, fornecedores e agricultores familiares dispostos a fazer uso sustentável da floresta. Na região do Xingu, a Secretaria

Diversas formas de coleta, de separação

e de uso

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Nesta matéria, fechar os olhos e imaginar foi o start para uma caminhada numa floresta sustentável. E agora não poderia ser diferente: você consegue pensar numa empresa de geração e transmissão de energia elétrica que se consolida também como referência em coleta, cultivo e análise de sementes florestais? O Laboratório de Análise de Sementes – LAS, de Tucuruí, é um projeto inovador, criado dentro das normas estabelecidas por legislação específica, com profissionais treinados e capacitados para a realização de análises de sementes. Foi idealizado com o apoio de parcerias da Eletronorte, Embrapa/CPATU, UFRA e Museu Paraense Emílio Goeldi. O objetivo desse trabalho é estabe-lecer um LAS florestal para realizar análises em espécies nativas da região. “Já temos o credenciamento para as áre-as de coleta e viveiro, e agora estamos finalizando o pro-cesso do serviço de análise de sementes. Nosso laboratório está colaborando com um grupo de trabalho que discute as regras de validação de sementes florestais. Já podemos atuar no processo de produção de sementes e, em breve, poderemos atuar na análise”, comemora Sandra Moreira do Nascimento.

Para entender como funcionam as redes é preciso saber que existem os laboratórios de pesquisa e os de análises; e que cada uma das etapas – produção e análise de sementes – tem redes distintas. “O que estamos concluindo agora é pro-cesso de médio e longo prazo. Nosso credenciamento come-çou ainda com o ex-coordenador do programa, o engenheiro florestal Francisco Neto, que deu início ao processo de seleção de matrizes a serem trabalhadas no laboratório. Conseguimos a inclusão na Rede Nacional de Sementes - Renasem e agora caminhamos para fazer parte da Rede Nacional de Laborató-rios de Análise de Sementes”, afirma Sandra.

Só em 2008, o LAS produziu cerca de um milhão de sementes. Além da doação ao programa Um Bilhão de Árvores, a Eletronorte já distribuiu cerca de 300 mil a prefeituras da região e em eventos como a Semana do Meio Ambiente. Sandra lembra, ainda, que assim que for concluído o credenciamento, o LAS passa a ter autoriza-ção para também fazer a análise das sementes que serão recebidas. “Não temos o objetivo comercial, embora haja uma discussão para que isso possa acontecer no futu-ro. Além da distribuição para reflorestamento, pensamos também em um processo de certificação de sementes para pequenos produtores locais”, diz.

Hoje existem os chamados laboratórios nacionais – os Lanagros, ligados diretamente ao Ministério da Agricultu-ra, Pecuária e Abastecimento - Mapa, e outros públicos e privados que são credenciados junto ao Mapa. A dis-cussão sobre as sementes florestais é nova, assim como a legislação brasileira sobre o assunto: é de 2003 a lei que dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mu-das; e de 2006, o Decreto que cria o Registro Nacional de Sementes e Mudas - Renasem. Ao longo desses quatro anos, pesquisadores do Brasil inteiro têm debatido a polí-tica nacional de sementes e mudas florestais, fundamen-tal no programa de florestas plantadas e de recomposição das matas nativas no País.

De acordo com Ernesto Viegas, há laboratórios que já atuam junto ao Ministério da Agricultura, mas ainda não têm o credenciamento. “Temos os critérios para creden-ciamento (laboratórios de terceira parte, que envolvem comercialização e produção) e para reconhecimento (os de primeira parte, que têm o objetivo de atuar no con-trole de qualidade). O intuito é atender os controles ofi-

Geração, transmissão e o pioneirismo de sempre

de Agricultura do Pará – Sagri, em parceria com outras instituições, está construindo, re-formando ou equipando nove viveiros em sete municípios. É a chamada rede de viveiros da Transamazônica.

De domínio das comunidades, do estado ou privados, os viveiros têm capacidade de produção que varia de 50 mil a 500 mil mudas de espécies florestais nativas e, principalmen-te, frutíferas. Em Marabá e Tailândia, a reali-dade do desmatamento tem proporções as-sustadoras. Palco de ações de forças-tarefa e da Operação Guardiões da Floresta, Tailândia vive uma situação emergencial, não só pelos índices de desmatamento, mas também pelo desemprego. Lá, o laboratório de sementes assume papel estratégico na redução da área

desmatada e na geração de trabalho e renda para a população. Num primeiro momento, Ideflor, Sagri e a Emater já produziram um diagnóstico rápido participativo, que resul-tou na identificação de uma área de cinco hectares, anexa à Escola de Trabalho e Pro-dução do Pará, que poderia ser utilizada por produtores locais. Esses quatro laboratórios já fariam parte da Rede, que pretende reunir oito laboratórios no Pará, todos com a função estratégica de reverter o passivo ambiental e promover uma nova matriz econômica, ali-cerçada na sustentabilidade ambiental.

De acordo com a área de Meio Ambiente da Eletronorte, a parceria está na fase de elabo-ração dos termos de convênio e de avaliação das demandas e dos desafios que o programa

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ciais e os programas específicos do Ministério e garantir a chancela do órgão para que um laboratório atue nessas áreas”, explica. Viegas alerta ainda para a carência de la-boratórios, principalmente na Amazônia. “Mesmo alguns da Embrapa ainda não são credenciados. É importante que o processo de qualificação seja amplo, pois os labo-ratórios vão contribuir, e muito, para que tenhamos resul-tados válidos, confiáveis”.

Na busca pela qualificação, a equipe do laboratório da Eletronorte (nas fotos, a qualidade do trabalho realizado) passou pelo treinamento condicionante para o credencia-mento. “Estamos no processo de certificação com as nor-mas técnicas e de implantação do nosso Sistema de Gestão, um dos requisitos para o credenciamento. Já recebemos as visitas técnicas da equipe do Ministério e agora estamos finalizando a implantação das orientações”, explica Sandra. A equipe participou ainda de treinamentos de “Práticas de herbário” e de “Multiplicadores de sementes florestais”. Da mesma forma os técnicos do programa de Germoplasma Florestal já passaram por quatro treinamentos de fenologia reprodutiva, estando capacitados a realizar o monitoramen-to dos eventos fenológicos das espécies selecionadas, como observação da floração, mudanças foliares e frutificação.

exige, como a distribuição de sementes, a lo-gística e a questão socioambiental. Para ana-listas ambientais da Eletronorte, a participação da Empresa está sendo analisada em cada uma das etapas, seja na construção do labo-

ratório de Altamira ou na ma-nutenção dos demais, além da inclusão do laboratório de Tucuruí na Rede. A Em-presa deve contribuir ainda com apoio tecnológico para a capacitação e o treinamento dos agentes. A expectativa é que, já no primeiro momen-to da Rede de Laboratórios, estejam disponíveis cerca de 100 mil mudas.

Tucuruí - Implantado na Usina Hidrelé-trica Tucuruí, o Laboratório de Análise de Sementes, foi um dos compromissos am-bientais assumidos pela Eletronorte. O tem-po passou e, além de preservar parte do chamado ‘DNA da Amazônia’, a ação está contribuindo com alternativas de uso do solo e geração de renda às populações do entor-no do empreendimento. Hoje, o laboratório é referência técnica no setor. “O trabalho de capacitação, de constante busca pela qua-lidade, acaba qualificando o laboratório da Eletronorte e incentiva outros laboratórios a buscarem a certificação e a certeza de que estarão produzindo sementes de qualida-de”, avalia Ernesto do Nascimento Viegas (à esquerda), chefe do Serviço de Auditoria e

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Credenciamento da Coordenação de Apoio Laboratorial do Ministério da Agricultura.

Uma parceria interinstitucional entre o Mu-seu Paraense Emílio Goeldi, a Embrapa Ama-zônia Oriental, o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Estado do Pará, a Universidade Federal Rural da Ama-zônia, o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará e a Sema, já resultou num relatório com recomendações técnico-científicas ao programa. O documento inclui os critérios de recuperação de áreas degradadas e a indica-ção de várias espécies vegetais e de modelos de sistemas produtivos, com componentes ar-bóreos, que poderão ser utilizados nas áreas identificadas para reflorestamento. O relatório sugere ações nas áreas de crédito e recursos financeiros, informação e tecnologia, infra-es-trutura e insumos, fiscalização, legislação, di-vulgação e comunicação, assistência técnica e capacitação.

De acordo com Yared, a expectativa é que os produtores tenham acesso às linhas de fi-nanciamento do BNDES, do Banco do Brasil e do Banco da Amazônia, que já oferecem re-cursos a juros mais baixos e com incentivos para a produção. “Já começamos os cursos de capacitação para os coletores nas regiões onde teremos os laboratórios e esses incentivos, sem dúvida, vão contribuir para que o modelo eco-nômico proposto preserve a floresta e beneficie vários setores da economia”, defende.

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Pará, o Um Bilhão de Árvores não é um pro-grama que beneficia só o estado, e representa um desafio para o governo e toda a sociedade. Hoje, o Brasil planta anualmente cerca de 600 mil hectares de florestas. No Pará, em 2007, foram licenciados cerca de 20 mil ha de áreas reflorestadas. Em 2008, ano de lançamento do programa, foram registrados 140 mil ha, com a perspectiva de chegar aos 200 mil ha até o mês dezembro deste mesmo ano.

Dados do Ministério da Agricultura estimam que o Brasil detém um dos maiores estoques de madeira tropical em suas florestas nativas. O setor de base florestal representa hoje 4,5% do PIB brasileiro, é responsável por 17,8% das exportações do agronegócio e 7,4% do total das exportações brasileiras, gerando cerca de nove milhões de empregos diretos e indiretos, que representam 12,5% da população econo-micamente ativa. Isso, considerando-se ape-

nas a produção de borracha natural, madeira, celulose, papel e móveis, sem incluir o segmento de produtos não-madeireiros e serviços am-bientais.

A produção de madeira de espécies nativas do Bra-sil advém basicamente das florestas naturais, principal-mente na Amazônia Legal. Mas a maior parte disso – cerca de 43% - vem da ex-ploração ilegal. E a produção madeireira da Amazônia ain-da não é compatível com seu potencial. Apesar de abrigar uma parcela significativa do estoque mundial, o sistema de produção regional ainda é centrado na exploração seletiva de poucas espécies. De mais de três mil já catalo-gadas, apenas 280 espécies

são aproveitadas industrialmente e 80% da produção é alimentada por 40 espécies.

Lembra-se de ter imaginado os cinco mi-lhões de hectares? Agora tente imaginar – só na Amazônia Legal - os 16,5 milhões de hec-tares degradados que podem ser incorpo-rados ao processo de reflorestamento, que podem aumentar a oferta de madeira e di-minuir a pressão sobre as florestas nativas. Já pensou em sementes para tanta terra? A Eletronorte já.

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Um corredor estreito e comprido que dá em um grande galpão de uma casa simples no antigo bairro da Lixeira, região central de Cuiabá, capital de Mato Grosso. É ali que todos os domingos, terças, quintas e feria-dos, às três horas da manhã, Eulália da Silva Soares, a dona Eulália, começa a colocar a mão na massa e fazer seus famosos bolinhos de arroz, que logo serão servidos, ali mesmo no galpão, como café da manhã de muitos

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ÓS bolo de arroz e belezas

naturais: você está em Cuiabá

cuiabanos, pessoas vindas de outros estados e até estrangeiros.

É assim há 50 anos. E foi assim que dona Eulália, 74 anos, criou os oitos filhos. Hoje são esses mesmos filhos, mais 22 netos e dez bisnetos que auxiliam a matriarca nos dias mais movimentados nos fundos de sua casa, à qual carinhosamente deu o nome de ‘Eulália e Família’. A movimentação é grande. Aos domingos chegam a ser vendidos mais de dois mil bolinhos de arroz, além do biscoito de queijo e da chipa. Para o acompanhamento há café, leite e chocolate quente, todos por conta da casa.

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Dona Eulália (acima, e os seus fornos) afirma que nunca imaginou que chegaria onde está e que seus bolinhos de arroz fariam tanto suces-so. “Me mudei com 24 anos para Cuiabá, com meu esposo e uma filha. Ele era pedreiro e eu queria ajudar nas despesas da casa de alguma forma. Comecei então a fazer os bolinhos de ar-roz. Confesso que no começo não saíam muito bons, mas depois fui aprimorando, pedia para os meninos venderem nas escolas, de porta em porta. Depois passei a vender aqui em casa e a pegar encomendas. Hoje, quando sei que as pessoas vêm de longe só para experimentar o que faço, sinto muito orgulho e felicidade”.

Com passos lentos em razão das próteses nos dois joelhos Dona Eulália é uma mulher de fibra. Segundo ela, enquanto puder fará os bolos de arroz. O segredo? “É o amor. Sem ele nada sai bom. E durante todos esses anos de dedicação faço cada massa de bolo de arroz com muito amor”.

Culinária cuiabana - O bolo de arroz faz par-

te da rica culinária cuiabana, que tem como base pratos típico das cozinhas indígena, por-tuguesa, espanhola e africana, diferenciando-se da culinária nacional o fato de serem adicio-nados ingredientes como o pequi, fruto exótico de sabor e aroma peculiar que faz parte da vegetação do cerrado. Além disso, a cozinha cuiabana baseia-se no pescado e na carne seca, tendo como pratos tradicionais o maria isabel (arroz e carne seca), mojica de pintado (peixe da região), paçoca de pilão, além da farofa de banana, que é muito usada como acompanhamento. Os doces também têm um espaço essencial na culinária. Exemplos são o furrundu, que leva gengibre, cravo, canela, mamão e coco, e ainda os bolinhos de polvilho e de arroz, como os de Dona Eulália.

Para o secretário adjunto da Cultura de Cuia-bá, Moisés Martins, a culinária diz muito de um povo, e Mato Grosso tem um diferencial por sempre ter acolhido muitos povos. “Cultura para mim é a explosão do intrínseco com o extrínse-co, ou seja, daquilo que é inerente a nós, como cuiabanos, tanto quanto daquilo que vem de fora. E Cuiabá é uma cidade efervescente, que transborda hábitos muito peculiares, mistura o cuiabano típico, que é aquele que nasceu do índio, português e espanhol, com aquele que veio do Sul e do Sudeste do Brasil. Vemos isso na culinária, quando em uma mesma feira de comidas está uma cuca, tipicamente sulista, e uma paçoca de pilão”.

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As feiras com artesanato e culinária são marcantes em Cuiabá. A mais famosa delas é o Bulixo (abaixo), que todas às quintas-feiras, no Sesc Arsenal, reúne pratos tradicionais cuiabanos, culinária chinesa, japonesa, nor-destina e do Sul do País. “Na verdade, acho estranho ter que definir o que é ou quem é o cuiabano. Mas acredito que Cuiabá está sem-pre em processo de se conhecer. Acredito que a cultura do novo conviver com o tradicional está sendo descoberta agora e é um fenômeno

que tem que se tornar cada vez mais intenso. É bonito ver grupos de dança de siriri e curu-ru com crianças. É um resgate, ainda que um pouco tardio, mas que está acontecendo”, afir-ma Martins (à esquerda).

História – Cuiabá está cravada no centro geodésico da América do Sul. É, literalmente, o meio do Brasil, servindo de porta de entrada para lazer e negócios em Mato Grosso. Lá, as vielas com seus casarões históricos convivem com prédios modernos e igrejas datadas do século XVIII. E ao mesmo tempo em que um transeunte corre atrasado para o trabalho, um grupo de senhores ‘proseia’ e conta ‘causos’ da Cidade Verde, como é carinhosamente ape-lidada. Cuiabá é capital com ares interioranos.

Caminho das águas. É assim que Moisés Martins descreve a capital, já que apesar de seu surgimento ter sido devido ao ouro encon-trado, Cuiabá só conseguiu se manter porque era um entreposto comercial e centro de abas-tecimento das cidades vizinhas, e devido à po-sição estratégica à margem do Rio Cuiabá, que garantia a comunicação com a região do Pan-tanal, futura zona de criação de gado bovino.

Moisés ainda conta que por muito tempo Cuiabá foi uma das capitais brasileiras com cultura mais desenvolvida, mas que também

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Sobre o que é siriri e cururu O siriri é uma dança de origem indígena praticada por ho-

mens, mulheres ou crianças, tanto na zona rural como na cidade. Dançado sempre em pares o siriri lembra, de longe, a quadrilha de festas juninas. As músicas falam de coisas simples da vida, nascimento, família e exaltação à natureza, tendo como base musical a viola de cocho, instrumento tipi-camente cuiabano.

O cururu é um canto misturado com dança feito apenas por homens e sua cantoria é classificada como sacra e pro-fana ao mesmo tempo. A sacra foi criada por fiéis com o ob-jetivo de louvar determinado santo e geralmente é realizada após orações. A profana é aquela acompanhada por desafios e versos de trovadores, que falam de amor, desabafos ou al-guém que roubou a mulher amada. Assim como o siriri, o ins-trumento que acompanha os trovadores é a viola de cocho.

O siriri e o cururu têm encontro marcado há sete anos no Festival Cururu Siriri, evento que acontece no mês de agosto, pro-movido pela Prefeitura que visa a divulgar a cultura e a tradição do estado. São quatro dias de muita dança em uma estrutura enorme montada perto do an-tigo Mercado do Porto, hoje Museu do Peixe. Por dia, são nove gru-pos a se apresentar. O colorido das roupas, a alegria e emoção que os mais velhos demonstram fazem a diferença no Festival, que é gratuito.

sempre houve altos e baixos. “Cuiabá tem uma história interessante. No século XIX Monteiro Lobato nos visitou e ficou admirado com a mo-dernidade da capital. Fato é que se admirou quando viu no porto mais de 20 pianos holan-deses. Além disso, Cuiabá chegou a ser a capi-tal mais alfabetizada do País”, relata.

Lembrar de como Cuiabá teve seus altos e baixos em termos econômicos e culturais é também lembrar da Guerra do Paraguai (1864 a 1870). A maior guerra de conflito armado da América do Sul teve tanta importância para a capital mato-grossense que Cuiabá pode ser dividida em antes e depois da guerra. A posi-ção geográfica sempre foi um empecilho para a capital, mas após a guerra, com a abertura dos portos para a emigração, italianos, espanhóis e árabes, entre outros, começaram a vir para a capital e o comércio começou a se expandir. Apesar disso, é com a ligação rodoviária entre Goiás e São Paulo, e a aviação comercial em 1940, que Cuiabá tem um grande desenvolvi-mento. E o grande boom acontece em 1970, quando o Governo Federal inicia o programa de povoamento no interior do País.

Turismo – Apesar de um desenvolvimento

que pode ser considerado tardio, atualmente grande parte da economia de Cuiabá está no turismo de negócios, uma alternativa viável ao agronegócio, que ainda movimenta gran-de parte da economia estadual. Dados de 2005, da Secretaria de Turismo e Desenvolvi-mento já mostravam que o turismo de negócios estava crescendo em relação ao turismo de la-zer. A diferença naquele ano era de 10%. Hoje, o turismo de negócios é responsável por 90% do lucro da rede hoteleira. E para os próximos três anos está prevista a construção de 1.400 novos apartamentos.

Para o secretário de turismo, Yuri Bastos Jorge (abaixo), Mato Grosso já se deu conta

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do potencial turístico que tem e a Secretaria trabalha para que cada vez mais o estado seja reconhecido nacional e internacionalmente, fato é que vem participando de feiras pelo Bra-sil afora divulgando as belezas naturais e as possibilidades de eventos. O Secretário afirma que a intenção é fazer com que o turista que venha a Mato Grosso para uma convenção, congresso ou feira, por exemplo, não se dete-nha apenas no evento, mas que ele conheça e estenda sua viagem tanto em Cuiabá quanto em seu entorno.

“Saindo de Cuiabá, em um raio de 200 km, temos como opções próximas e atraentes o Pantanal e suas portas de entrada, como Cá-ceres ou Poconé. Temos Barão de Melgaço, Jaciara com seus esportes radicais, Chapada dos Guimarães a uma hora de viagem, a Lagoa do Manso e a cidade de Nobres com mergu-lhos e cachoeiras, por exemplo, como opções próximas e atraentes”, conta. “E ainda temos a Festa do Pantanal, o Festival Internacional de Pesca da cidade de Cáceres, além de eventos municipais e estaduais”.

Cuiabanês – Além de belezas naturais com

fauna e flora exuberantes e o calor típico, o tu-rista, ao chegar a Cuiabá, pode se deparar com algo um tanto quanto inesperado, o sotaque

cuiabano. Diferente e peculiar são caracterís-ticas recorrentes ao “cuiabanês”. O sotaque tão próprio e ímpar de outras partes de Mato Grosso, o secretário adjunto da Cultura de Cuiabá, que também é especialista em história de Mato Grosso, Moisés Martins, afirma que é facilmente explicado. “Sempre fomos isolados

Esportes radicais

e cultura regional se

encontram em Mato Grosso

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Bolo de arroz cuiabano

Ingredientes:1 litro de leite1 kg de arroz1/2 kg de mandioca1/2 litro de água quente1/2 kg açúcar cristal1 colher de fermento em pó1/2 colher de sal1/2 xícara de manteiga derretida100 gramas de coco ralado1 pitada de canela

Modo de fazer:1 - Deixe o arroz de molho por oito horas. Depois soque

os grãos no pilão. O resultado é uma farinha que precisa ser peneirada e reservada.

2 - Rale a mandioca e misture ao 1/2 litro de água quente. Com o fogo desligado, adicione o açúcar. Deixe esfriar e misture a farinha de arroz (reservada), o sal, o fermento, a canela, o coco ralado e a manteiga. Mexer bem faz toda a diferença. A massa precisa descansar por no mínimo cinco horas.

3 - Acrescente leite aos poucos até dar o ponto. Unte as forminhas e ponha para assar por cerca de 20 minutos (no forno à lenha). Também pode ser feito no forno elétri-co. Rende cerca de 30 unidades.

Arroz maria isabel

Ingredientes: 1 kg de arroz 1 kg de carne de sol picada 2 cebolas 1 cabeça de alho 2 maços de cheiro verde 4 pimentas de cheiro 4 folhas de louro 10 ml de azeite de oliva 50 ml de óleo Modo de fazer: 1.Lave a carne seca picada e coloque-a para

dourar em óleo quente 2. Em seguida, acrescente a cebola e o alho

e deixe refogar bem 3. Coloque o arroz misturando bastante com

os temperos e a carne seca, acrescente em se-guida água quente e a pimenta de cheiro cor-tada ao meio

4. Abafe a panela e aguarde até que o arroz fique solto

5. Rendimento: 10 porções

Duas receitas

geograficamente de grandes estados como São Paulo e Rio de Janeiro e, além disso, so-fremos uma grande influência do espanhol, já que ficamos próximos à Bolívia e Paraguai. Então imagine misturar tudo isso? Deu num povo maravilhoso que é o cuiabano e em um sotaque diferente”, afirma.

A famosa dona Eulália é prova do sotaque e reforça ser cuiabana com um típico dizer. “Sou cuiabana de chapa e vou ser de cruz”. Conheça algumas dessas expressões: chapa e cruz – cuiabano legítimo ou também pode

significar que a chapa é a certidão de nasci-mento e a cruz a de óbito, o desejo de morrer onde se nasceu ou viveu; agora quãndo!? - in-terjeição de espanto; tchá por Deus - expressão de espanto, admiração, dúvida; atarracado(a) - abraçado, juntos; aguacêro - bastante chuva, poças de água; até na orêia - repleto, cheio, demais; digoreste - ótimo, bom, exímio.

Colaborou Isa Aguiar, estagiária

de Jornalismo da Regional de Transmissão de Mato Grosso.

Fonte: TV Centro América

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“Meu caro Alexandre, mais uma vez parabéns pela edição da revista Corrente Contínua, em especial a ex-celente matéria da Michele Silveira”.

Humberto Gama - Gerência de Obras de Geração - Brasília - DF

“Querido Alexandre, parabenizamos a equipe da re-vista Corrente Contínua e agradecemos a matéria pu-blicada sobre o Plantão Social da Eletronorte. São es-ses gestos que ajudam a divulgar e fortalecer o nosso trabalho. Agradecemos também o empenho, dedica-ção e amor com que a jornalista Érica Neiva dedicou à matéria. Na oportunidade, cumprimentamos o nosso jornalista e poeta Alexandre Accioly e o fotógrafo Rony Ramos, pelo caloroso poema, que tanto nos tocou”.

edith burle, naphis e maria da Ajuda - Plantão Social - Brasília - DF

“Prezados colegas, gostaria de fazer um registro so-bre a excelente reportagem referente ao Plantão Social da Eletronorte, publicada na revista Corrente Contínua de setembro/outubro de 2008. A matéria faz jus à habi-tual qualidade editorial da nossa revista, que prima, sob todos os aspectos, pelo alto nível. Além da importância do tema, destaco a justiça feita às assistentes sociais, cujo competente desempenho é fundamental ao bem-estar e recuperação dos empregados que necessitam recorrer aos serviços daquela unidade. Cumprimentos à equipe da Gerência de Imprensa, em especial à jor-nalista Érica Neiva, cujo profissionalismo e entusiasmo certamente contribuem para o sucesso do resultado fi-nal das atividades da revista”.

rosa maria Gastal de menezes - Gerência de Gestão do Conhecimento da Universidade Corporativa da Eletronorte - Brasília - DF

“Alexandre, parabéns a todos pelo lançamento de mais um exemplar da Corrente Contínua. A coluna Ama-zônia e Nós merece um carinho especial, e a receita do “Peixe no Saco” é ótima”!

Luiz Carlos Machado Fernandes - Gerência de Relações Institucionais e Parlamentares - Brasília - DF

“Colegas, ficou excelente a matéria veiculada na re-vista Corrente Contínua sob o título Eletronorte recebe o Troféu Transparência. Ainda não cheguei a ler as demais matérias, mas, indubitavelmente, estão no mesmo pa-drão de qualidade, não tenho dúvidas a esse respeito”.

Jésus Alves da Costa - Superintendência de Contabilidade - Brasília - DF

“Érica, mais uma vez agradecemos pela sua dedi-cação. Estamos felizes por ver o trabalho das nossas

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colegas sendo tão bem apresentado e isto graças ao estilo todo próprio que você possui. Aproveito também para agradecer ao Alexandre e toda a equipe que con-tribuíram para o salto qualitativo que a nossa Corrente Contínua realizou nos últimos tempos”.

José Alberto mascarenhas rocha - Gerência de Administração de Carreiras - Brasília - DF

“Realmente muito boa a matéria Eletronorte recebe o Troféu Transparência. Parabéns! Só não ficou exce-lente porque o meu nome está errado”.

Antonio maria Amorim barra - Diretoria Econômico-Financeira - Brasília - DF

“Prezados amigos, não poderia deixar de expressar a minha homenagem a essa equipe, pelo excelente tra-balho desenvolvido no nº 222 da revista Corrente Con-tínua. Todas as matérias ficaram fantásticas. Entretanto ressaltamos a matéria Plantão Social, que apresenta um pouquinho do muito que essas assistentes sociais fazem por todos nossos empregados e dependentes. A incansável equipe do Plantão Social deve ser sempre enaltecida, pois nos momentos mais difíceis em que nós ou nossos familiares estamos fragilizados, o Plantão Social está sempre presente. Somos testemunhas, aqui no Escritório de São Paulo, do grande trabalho por eles desenvolvido.

Fernando José martins rennó - Gerência do Escritório de Representação de São Paulo - São Paulo – SP

“Prezado Alexandre, queira receber e transmitir a toda sua equipe e em especial ao jornalista César Fe-chine os agradecimentos e elogios da equipe do Centro de Tecnologia da Eletronorte pela brilhante reportagem e texto apresentado no último número de nossa revista Corrente Contínua. A fidelidade das informações e a ri-queza de detalhes sobre os assuntos apresentados nos empolgaram e nos fizeram orgulhosos do nosso traba-lho e, cada vez mais, de nossa Empresa”.

Francisco roberto reis França - Gerência do Centro de Tecnologia da Eletronorte- Belém - PA

“Querida e competente equipe da revista Corrente Contínua. É um prazer enorme estar aqui falando com vocês, para expressar meu grande e sincero sentimen-to de satisfação pela reportagem Plantão Social, pu-blicada na mais recente edição, onde é apresentada com riqueza de detalhes e depoimentos a ação social e emergencial da Gerência a que pertenço na Eletronor-te, salvando assim nossas vidas, dos colegas colabora-dores e seus dependentes, nas mais diversas situações difíceis de doenças, nas quais também minha mãe es-teve inclusa. Nessa oportunidade envio os meus mais sinceros votos de gratidão à revista Corrente Contínua, e

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em especial à nossa querida repórter Érica Neiva, pelo carinho com que me entrevistou, pelas fotografias da equipe social de emergência, também pela da minha família, publicadas com atenção e culminando assim com um brilhante trabalho de altíssima valia para a in-formação de todos”.

Carlos Pereira de Sousa - Gerência de Promoção da Qualidade de Vida - Brasília - DF

“Equipe da Gerência de Imprensa, a revista Corrente Contínua, edição nº 222, está excelente. A qualidade das matérias, assim como a da edição, está ótima. Pa-rabéns! Vocês, a cada dia, se superam. Não obstante todas as matérias sejam dignas de elogios, gostaria de comentar sobre uma em especial, a do jornalista Byron de Quevedo, discorrendo, com muita criatividade, so-bre SPEs, onde faz menção ao trabalho realizado pela Assessoria de Relações Institucionais e Parlamentares da Eletronorte, que contribuiu para a consecução de Dardanelos”.

zenon Pereira Leitão - Assessoria de Relações Institucionais e Parlamentares da Eletrobrás - Brasília - DF

“Prezado senhor, recebemos e agradecemos pelo envio da publicação Corrente Contínua, de excelente qualidade gráfica e editorial. Ressaltamos ainda que é de grande valia para o acervo da Biblioteca do Iesam - Instituto de Estudos Superiores da Amazônia, continuar a ser receptora de tão valiosa publicação”.

Clarice Silva neta - Iesam - Belém - PA

“Linda a poesia da coluna Fotolegenda! Gostei tanto que mesmo sabendo que vocês a têm guardada em fo-lha de papel e no coração fiz questão de digitar. A revis-ta Corrente Contínua tem esse ‘toque’ todo especial com a Fotolegenda na versão de poesia em suas edições”.

Terezinha Félix de brito - Regional de Produção de Rondônia - Porto Velho - RO

“Senhores, agradeço o envio periódico da revista Corrente Contínua, que tanto enriquece e auxilia no nosso trabalho, mas gostaria de informar que o Sr. Marcos Vinicios, ao qual o exemplar é endereçado, não é, nem nunca foi diretor de jornalismo do site www.noticiasdahora.com. Dessa forma, solicito, se pos-sível, a correção no nome do responsável, que é o jor-nalista Jairo Barbosa”.

Antonio Daniel - Rio Branco - Acre

“Caro Alexandre, peço a gentileza de, se possível, nos enviar mais um ou dois exemplares da última edição da revista Corrente Contínua, da Eletronorte.

Aproveito o ensejo para dar-lhes, em nome da Empre-sa de Pesquisa Energética – EPE, e particularmente da Superintendência de Transmissão de Energia, os parabéns pela mais recente edição desta Corren-te Contínua, que tratou de maneira aprofundada a consolidação do Sistema Interligado Nacional –SIN, no País, dez anos após o início de sua operacionali-zação. Raros são os exemplos de projetos editoriais na área de comunicação empresarial atualmente que procuram – e conseguem – aliar boas pautas a abordagens contundentes. Dá ânimo a todos nós, jornalistas, assessores de comunicação e militantes do setor energético, constatar que Corrente Contínua segue por essa trilha”.

oldon machado - Assessoria de Comunicação e Imprensa da EPE - Rio de Janeiro - RJ

“Acuso recebimento e agradeço o envio da revista Corrente Contínua”.

Jorge Khoury - Deputado Federal – Brasília - DF

“Com satisfação acusamos o recebimento de um exemplar da revista Corrente Contínua. Agradeço a gen-tileza das remessa e renovamos nossos protestos de especial apreço e estima”.

José Artério da Silva - Presidente da Fecomércio do Maranhão - São Luís - MA

“Gostaria que a biblioteca de Furnas Centrais Elétri-cas fosse colocada na mala direta para que pudésse-mos receber, periodicamente, a revista Corrente Contí-nua da Eletronorte”.

Helvécio m. ribeiro - Furnas Centrais Elétricas - Rio de Janeiro - RJ

“Nos 35 anos da Eletronorte, quero dedicar o po-ema Adubo de Amor, preparado justamente no mes-mo ano (1977) em que a nossa Empresa, ‘roseira’ que tem embelezado a nossa vida por todos esses anos, me recebeu em seus braços. Sinto orgulho e segurança, por fazer parte dessa história e pelos 31 anos dedicados a ela: Tu és uma roseira/que precisas de adubo./Eu sou o jardineiro/que ao teu encontro, eu corro./Pois o vento e a chuva, bate em ti/gritas por mim/me pedindo socorro./Diante de ti eu paro/me valorizo/digo com um sorriso/sou um jardineiro muito raro./Beijo tua rosa/como se beijasse a mais linda moça/e tu te reanimas/com muita força./És uma roseira/e vejo que gostas de mim./E eu tornei-me jardineiro/quando aparescestes neste jardim./És uma roseira muito linda/linda é a tua cor/quero estar sempre a te adubar/com o adubo de amor”.

nilo Sena - Gerência de Engenharia do Pará e Amapá - Belém - PA

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Confiante, ela me disse:Ano-Novo já-já chegaTempo de sorrir, ser audazDe deixar a alma leveSonhar

De pesar erros e acertosE zerar a balança depoisDialogar, inventar novos sonhosE bastante mais,Tolerar

Estreitar laços de amizade,Ponte para a harmonia interiorPraticar a solidariedadeBuscar equilíbrio,Amar

Vê: é tempo de acalmar-se,Perdoar e deixar-se levarPara que nasça o dia novo – de luzE em paz,Recomeçar

Texto: César FechineFoto: Rony Ramos

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