74
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO VRPG MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM ENFERMAGEM COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO FABRICIO BEZERRA ELERES FORTALEZA CEARÁ SETEMBRO/ 2020

COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO – VRPG

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM

ENFERMAGEM

COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE

ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE

ENFRENTAMENTO

FABRICIO BEZERRA ELERES

FORTALEZA – CEARÁ

SETEMBRO/ 2020

FABRICIO BEZERRA ELERES

COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE

ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE

ENFRENTAMENTO

Dissertação apresentada à coordenação do

Mestrado Profissional em Tecnologia e

Inovação em Enfermagem da Universidade de

Fortaleza – UNIFOR, como requisito parcial à

obtenção do Título de Mestre em Tecnologia e

Inovação em Enfermagem.

Área de Concentração: Tecnologias do Cuidar

em Enfermagem.

Linha de Pesquisa: Tecnologias na

Complexidade do Cuidado em Enfermagem.

Orientadora: Prof.a Dr.

a Rita Neuma Dantas

Cavalcante de Abreu.

Co-orientadora: Prof.a Dr.

a Fernanda Jorge

Magalhães.

FORTALEZA - CEARÁ

SETEMBRO/2020

Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de

geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

ELERES, FABRICIO.

COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE

ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO /

FABRICIO ELERES. - 2020

74 f.

Dissertação (Mestrado Profissional) - Universidade de

Fortaleza. Programa de Mestrado Profissional Em Tecnologia E

Inovação Em Enfermagem, Fortaleza, 2020.

Orientação: RITA NEUMA ABREU.

Coorientação: FERNANDA MAGALHÃES.

1. Coronavírus. 2. Pandemia. 3. Ansiedade. 4. Enfermagem

5.Pós- graduação. I. ABREU, RITA NEUMA. II. MAGALHÃES, FERNANDA.

III. Título.

FABRICIO BEZERRA ELERES

COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DE

ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE

ENFRENTAMENTO

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Profª. Dr.a Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu (Orientadora)

Universidade de Fortaleza - UNIFOR

________________________________________________

Profª. Dr.a Karla Maria Carneiro Rolim

Universidade de Fortaleza - UNIFOR

____________________________________________________________

Profª. Dr.a Thereza Maria Magalhães Moreira

Universidade Estadual do Ceará - UECE

____________________________________________________________

Profa. Ms. Virna Ribeiro Feitosa Cestari

Universidade Estadual do Ceará – UECE

Aprovado em: 02/09 /2020

LISTA DE SIGLAS

CHD - Classificação Hierárquica Descendente

COVID-19 - Coronavirus Disease 2019

IDATE – Inventário de Ansiedade Traço-Estado

IES – Instituição de Ensino Superior

IRAMUTEQ – Acrômio de Infertace de R pour les Analyses muldimensionnelles de Textes et

de Questionaires

MERS-COV - Sindrome Respiratória do Oriente Médio

MPTIE – Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem

NANDA – North American Nursing Diagnosis Association

OMS – Organização Mundial de Saúde

SARS-COV 2 – Sindrome Respiratória Aguda Graves

SPSS - Statiscal Package for the Social Sciences

SRAG - Sindrome Respiratória Aguda Grave

TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

UCE- Unidade de Contexto Elementar

RESUMO

Objetivo: Averiguar as repercussões na saúde mental de enfermeiros e abordagem das

estratégias de enfrentamento no contexto da Covid-19. Método: Estudo transversal, realizado

com 58 enfermeiros mestrandos de Instituição de Ensino Superior, privada, localizada em

capital do nordeste brasileiro. Os dados foram obtidos por meio de dois questionários de um

momento de orientação organizado pelos pesquisadores. Os dados foram organizados no

software IRaMuTeQ. A entrada dos dados quantitativos foi realizada usando-se a planilha

eletrônica Excel 2003 for Windows, sendo estes dados posteriormente submetidos à análise

estatística por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão

23.0). Resultados: Os discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e

dor dos enfermeiros. Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos

discursos ressaltam atitudes de confronto, superação e esperança, conforme identificadas nas

falas. Quanto ao momento Síncrono, organizado pelos pesquisadores, participaram 16

enfermeiros, e, oito desses, conseguiram definir essa estratégia como otimismo; confiança;

aprendizado; gratidão; excelência, dentre outras. Buscou-se identificar os níveis de ansiedade

estado e seus fatores intervenientes. Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, 52 (89,7%)

eram mulheres e 38 (65,5%) eram casados. A idade média foi de 36,0 ± 6,9 anos. Observou-se

que a maioria dos participantes possuía carga horária semanal de até 40 horas (37; 63,8%),

com mínima de 30 horas e máxima de 114 horas. Observou-se que o estado de ansiedade

apresentou variação entre baixo à alto, sendo, a maioria, agrupada no nível médio (62,1%).

Conclusão: Na pandemia, foi evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares,

bem como medo, preocupação e ansiedade nos discursos e termos, requisitando ações da

gestão de pessoas no sentido de favorecer o controle/administração desses sentimentos.

Descritores: Coronavírus. Pandemia. Ansiedade. Estudantes. Pós-graduação. Enfermagem.

ABSTRACT

Objective: To investigate the repercussions on nurses' mental health and to address coping

strategies in the context of Covid-19. Method: Cross-sectional study, carried out with 58

nurses master's students from a Higher Education Institution , private, located in the capital of

northeastern Brazil. The data were obtained through two questionnaires from an orientation

moment organized by the researchers. The data were organized in the IRaMuTeQ software.

Quantitative data were entered using the Excel 2003 for Windows spreadsheet, and these data

were subsequently submitted to statistical analysis using the Statistical Package for the Social

Sciences program (SPSS version 23.0). Results: The speeches revealed nurses' anxiety,

tiredness, fear, insecurity, anguish and pain. However, the appearance of words such as

tranquility and well in the speeches highlight attitudes of confrontation, overcoming and hope,

as identified in the statements. As for the Synchronous moment, organized by the researchers,

16 nurses participated, and eight of them managed to define this strategy as optimism;

confidence; learning; gratitude; excellence, among others. We sought to identify the levels of

state anxiety and its intervening factors. Among those who reported feeling anxious, 52

(89.7%) were women and 38 (65.5%) were married. The mean age was 36.0 ± 6.9 years. It

was observed that most participants had a weekly workload of up to 40 hours (37; 63.8%),

with a minimum of 30 hours and a maximum of 114 hours. It was observed that the state of

anxiety varied from low to high, with the majority being grouped at the medium level

(62.1%). Conclusion: In the pandemic, the nurses' concern with their families was evident, as

well as fear, concern and anxiety in the speeches and terms, requesting people management

actions in order to favor the control / administration of these feelings.

Descriptors: Coronavirus. Pandemic. Anxiety. Students. Postgraduate studies. Nursing.

RESUMEN

Objetivo: investigar las repercusiones en la salud mental de las enfermeras y abordar

estrategias de afrontamiento en el contexto de Covid-19. Método: Estudio transversal,

realizado con 58 estudiantes de maestría en enfermería de una Institución de Educación

Superior, privada, ubicada en la capital del noreste de Brasil. Los datos se obtuvieron a través

de dos cuestionarios de un momento de orientación organizado por los investigadores. Los

datos se organizaron en el software IRaMuTeQ. Los datos cuantitativos se ingresaron

utilizando la hoja de cálculo Excel 2003 para Windows, y estos datos fueron posteriormente

sometidos a análisis estadístico mediante el programa Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS versión 23.0). Resultados: Los discursos revelaron ansiedad, cansancio,

miedo, inseguridad, angustia y dolor de las enfermeras. Sin embargo, la aparición de palabras

como tranquilidad y bien en los discursos resaltan actitudes de enfrentamiento, superación y

esperanza, como se identifica en las declaraciones. En cuanto al Momento Sincrónico,

organizado por los investigadores, participaron 16 enfermeras y ocho de ellas lograron definir

esta estrategia como optimismo; confianza; aprendizaje; gratitud; excelencia, entre otros.

Buscamos identificar los niveles de ansiedad estatal y sus factores intervinientes. Entre los

que informaron sentirse ansiosos, 52 (89,7%) eran mujeres y 38 (65,5%) estaban casados. La

edad media fue de 36,0 ± 6,9 años. Se observó que la mayoría de los participantes tenían una

carga de trabajo semanal de hasta 40 horas (37; 63,8%), con un mínimo de 30 horas y un

máximo de 114 horas. Se observó que el estado de ansiedad varió de bajo a alto, siendo la

mayoría agrupada en el nivel medio (62,1%). Conclusión: En la pandemia se evidenció la

preocupación de las enfermeras por sus familias, así como miedo, preocupación y ansiedad en

los discursos y términos, solicitando acciones de gestión de personas para favorecer el control

/ administración de estos sentimientos.

Descriptores: Coronavirus. Pandemia. Ansiedad. Estudiantes. Posgraduación. Enfermería.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me conduzir e guiar até aqui me dando força,

sabedoria e coragem para que eu pudesse continuar e chegar a este momento!

Aos meus pais Maria José Bezerra Eleres e Almir Barata Eleres Filho, que com

todas as dificuldades me ajudaram e nunca deixaram faltar nada para que eu pudesse realizar

este sonho!

A minha irmã Florice Bezerra Eleres por todo apoio durante o período do mestrado e

demais momento da minha vida!

Aos mestres do Curso de Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em

Enfermagem que foram essenciais e se tornaram mais que professores. Obrigado por todos os

ensinamentos e pela amizade!

A professora Doutora Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu, por todo apoio, pela

amizade e por acreditar na minha capacidade e no tema escolhido para o trabalho de

conclusão de curso. A senhora minha gratidão e obrigado por ser minha referência como

pessoa e profissional.

A Coordenação do Curso de Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em

Enfermagem professora doutora Karla Maria Carneiro Rolim por todo apoio e por sempre

acreditar no êxito de todas as ações que levei até ela!

Aos professores que contribuíram na banca de qualificação e defesa, minha gratidão

pelas contribuições no trabalho de conclusão de curso!

Aos meus amigos, por toda a ajuda e apoio durante este período tão importante da

minha formação acadêmica e profissional.

Ao meu Amigo Everton Wanzeler que sempre me incentivou a desenvolver minhas

habilidades e potencial, Obrigado!

A todos que contribuíram de alguma forma para que esse estudo e esse sonho fosse

possível, minha gratidão!

Fabricio Bezerra Eleres

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11

1.1 sobre o tema ........................................................................................................................ 11

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 14

2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 14

3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 15

3.1 Ansiedade: Conceitos, Reações e Sintomatologia .............................................................. 15

2.2 Impactos na saúde mental psicológica diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19)

.................................................................................................................................................. 16

4. METODOLOGIA ............................................................................................................... 22

4.1 Tipologia ............................................................................................................................ 22

4.2 Local da pesquisa................................................................................................................ 22

4.3 População e amostra ........................................................................................................... 23

4.4 Intervenção e coleta de dados ............................................................................................. 23

4.5 Análise e interpretação dos resultados................................................................................ 25

4.6 Aspectos éticos e legais ...................................................................................................... 26

4.7 Riscos e Benefícios ............................................................................................................ 26

5. RESULTADOS ................................................................................................................. 28

6. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 54

APÊNDICES ...................................................................................................................... 61

ANEXOS ........................................................................................................................... 67

11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Sobre o Tema

No final do ano 2019, um novo surto de pneumonia se espalhou na população mundial,

causado por um vírus denominado de SARS-CoV-2, (COVID-19), originado na China, o que

obrigou os diferentes países a se mobilizarem para enfrentar as consequências da

contaminação na saúde e na economia. A quarentena, forma principal de contenção da

velocidade da contaminação pela COVID-19 e da letalidade, adotada em várias regiões do

mundo, promoveu o isolamento e o confinamento de um grande número de pessoas e a

mobilização de um contingente significativo de profissionais da saúde para o enfrentamento

da situação da crise. A dimensão global dos reflexos da COVID-19, fez com que a

Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecesse a sua transmissão como uma pandemia

(ZWIELEWSKI et al., 2020).

Dados mais recentes indicam que até o dia 23 de abril o número de casos confirmados

de COVID-19 excedia 2.700.000 no mundo. Em 30 de janeiro de 2020, 9.976 casos de

COVID-19 haviam sido relatados em pelo menos 21 países. Um mês depois, foram

confirmados 83.652 casos, com 2.791 óbitos (mortalidade de 3,4%). Foram relatados casos

em 24 países, em 5 continentes. No Brasil, especificamente, até 3 de março, haviam sido

registrados 488 casos suspeitos, em 23 estados. Adicionalmente, até 23 de abril haviam sido

confirmados aproximadamente 49.500 casos e 3.313 óbitos (FERRARI, 2020).

A elevada infectividade do SARS-CoV-2, agente etiológico da COVID-19, na

ausência de imunidade prévia na população humana, bem como de vacina contra esse vírus,

faz com que o crescimento do número de casos seja exponencial. Nesse contexto, são

indicadas intervenções não farmacológicas, visando inibir a transmissão entre humanos,

desacelerar a contaminação da doença, e consequentemente diminuir e postergar o pico de

ocorrência na curva epidêmica (GARCIA, DUARTE, 2020).

A Pandemia do novo coronavírus (COVID-19) é a maior emergência de saúde pública

que a comunidade internacional enfrenta em décadas. Além das preocupações quanto à saúde

física, traz também preocupações quanto ao sofrimento psicológico que pode ser

experienciado pela população em geral e pelos profissionais de saúde envolvidos (SCHMIDT

et al., 2020).

O contexto da pandemia requer maior atenção ao trabalhador de saúde: ele está mais

sujeito a ter sua saúde mental afetada; seja por situações, vivenciadas direta ou indiretamente.

12

É recorrente o aumento dos sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono,

aumento do uso de drogas lícitas e ilícitas, sintomas psicossomáticos e medo de se infectar ou

transmitirem a infecção aos membros da família. Manter a equipe protegida contra esse

estresse crônico e problemas de saúde mental significa que eles terão uma melhor capacidade

para desempenhar suas funções (BRASIL, 2020).

Atualmente, todos os esforços para combater o adoecimento do trabalhador da área da

saúde são extremamente fundamentais, e entendemos que os estudos que focalizam o estresse

ocupacional, os problemas relacionados à saúde física e mental assim como os mecanismos de

enfrentamento do estresse têm contribuído para melhor compreensão da situação laboral

desses profissionais e para o início da conscientização dos gerentes quanto à importância de

elaboração de medidas preventivas para o ambiente de trabalho, considerado como altamente

estressante e repleto de fatores predisponentes à depressão, à ansiedade entre seus

trabalhadores (SCHMIDT, DANTAS, MARZIALE, 2011).

Diante desse contexto, tem-se a necessidade de intervenções direcionadas aos

profissionais de saúde, especialmente, enfermeiros que estão na “linha de frente” contra a

pandemia da COVID-19. Portanto, é conveniente esse aprofundamento técnico-científico e

ressalta-se a importância dessa abordagem integral.

Durante uma pandemia é esperado que, frequentemente, estejamos em estado de

alerta, preocupados, confusos, estressados e com sensação de falta de controle frente às

incertezas do momento. Estima-se que entre um terço e metade da população exposta a uma

pandemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, caso não seja feita nenhuma

intervenção de cuidado específico para as reações e sintomas manifestados. Os fatores que

influenciam o impacto psicossocial estão relacionados à magnitude da epidemia e o grau de

vulnerabilidade em que a pessoa se encontra no momento (BRASIL, 2020).

Estudos anteriores em Toronto, Hong Kong e Cingapura onde profissionais de saúde

também enfrentaram surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados por

outro tipo de coronavírus (MERS-CoV-síndrome respiratória do Oriente Médio) identificaram

um nível significativo de angústia, sendo este mais alto para os enfermeiros, uma vez que os

mesmos tinham sensação de perda de controle da situação, receio pela própria saúde e pela

propagação do vírus. Na China, mais precisamente na província de Wuhan em Hubei, onde o

surto começou, foram identificados entre os profissionais de saúde problemas psicológicos,

incluindo ansiedade, depressão e estresse (BARBOSA et al., 2020).

Sobre a COVID-19, em particular, os desafios enfrentados pelos profissionais da

saúde podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de sintomas de

13

ansiedade, depressão e estresse, especialmente quando se trata daqueles que trabalham na

“linha de frente”, ou seja, em contato direto com pessoas que foram infectadas pelo vírus. Em

geral, esses profissionais vêm sendo desencorajados a interagir de maneira próxima com

outras pessoas, o que tende a aumentar o sentimento de isolamento; têm lidado com mudanças

frequentes nos protocolos de atendimentos, em decorrência de novas descobertas sobre a

COVID-19, e, ainda costumam despender um tempo significativo do seu dia para colocar e

remover os equipamentos de proteção individual, o que aumenta a exaustão relacionada ao

trabalho (SCHMIDT et al., 2020).

O enfrentamento de situações críticas como as geradas pela COVID-19 pode levar

profissionais de Enfermagem ao confronto com seus recursos psicológicos o que pode ser

capaz de gerar um maior nível de estresse (BARBOSA et al., 2020).

O interesse pelo estudo partiu da vivência e do compartilhamento de colegas

profissionais de Enfermagem da linha de frente sobre os impactos da COVID-19 na saúde

mental, pois, o estresse e a pressão de lidar com o ofício, acrescido do risco de adoecer e ser

contaminado provocam severos problemas de saúde mental, aumentando o turnouver e

a síndrome de burnout, além de gerar graves problemas como ansiedade e depressão.

Estudos sugerem que esta pandemia provoca efeitos deletérios na saúde mental dos

estudantes universitários (MAIA; DIAS, 2020). Nesse contexto, cabe destacar enfermeiros

mestrandos que estão na “linha de frente”.

No cotidiano do mestrado também são configuradas demandas micro-estressoras que

tendem a se acumular durante o período em que o estudante está envolvido com múltiplas

atividades, dentro e fora da pós-graduação (SANTOS; ALVES JUNIOR, 2007). Portanto,

considerando a soma desses fatores, decidiu-se identificar os sentimentos dos enfermeiros

mestrandos e averiguar a necessidade de intervenção sobre estratégias de enfrentamento,

nesse contexto de Pandemia.

14

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar repercussões do COVID-19 na saúde mental de enfermeiros e abordagem das

estratégias de enfrentamento.

2.2 Objetivos Específicos

Averiguar os sentimentos dos enfermeiros (matriculados em um curso de mestrado)

sobre a pandemia Covid-19.

Avaliar os níveis de ansiedade por meio do Inventário de Ansiedade Traço – Estado;

Identificar os níveis de ansiedade e seus fatores intervenientes em Enfermeiros durante

a pandemia Covid-19.

15

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Ansiedade: Conceitos, Reações e Sintomatologia

A sociedade, nas últimas décadas, tem utilizado a palavra estresse e suas derivações de

forma corriqueira e quase instintiva. Sem maiores reflexões, diferentes formas de mídia

colaboram para este acontecimento, o que generaliza e simplifica os reais significados da

problemática do estresse. No transcurso da vida, em determinadas ocasiões, as pressões

biopsicossociais são responsáveis por desequilíbrios na homeostase do indivíduo,

prejudicando seu desempenho nas mais variadas circunstâncias. Essas pressões geradoras de

estresse são vivenciadas em diversas oportunidades tanto na vida pessoal, social, profissional

e, não menos diferente, durante a trajetória acadêmica (MONTEIRO; FREITAS; RIBEIRO,

2007).

Consoante os autores supracitados, no ambiente acadêmico, a resolução de problemas

se faz imperiosa. Além disso, é sabido que os estudantes universitários passam por momentos

de mudança, desenvolvimento, frustração, crescimento, temores e angústias. Assim, o

ambiente que contribuiria na edificação do conhecimento e ser a base para as suas

experiências de formação profissional se torna, por vezes, o desencadeador de distúrbios

patológicos, quando ocorre uma exacerbação da problemática do estresse acadêmico nos

estudantes.

O estresse é um estado produzido por uma alteração no ambiente que é percebida

como desafiadora, ameaçadora ou lesiva para o balanço ou equilíbrio dinâmico da pessoa. A

pessoa fica ou se sente incapaz de satisfazer às demandas da nova situação. A alteração ou

estímulo que gera este estado é o estressor. A natureza do estressor é variável; um evento ou

alteração que produzirá estresse em uma pessoa pode ser neutra para outra, e um evento que

produz o estresse em um momento e local para uma pessoa pode não fazê-lo para a mesma

pessoa em outra momento e local. Uma pessoa percebe situações mutáveis e lida com elas. A

meta desejada é adaptação ou ajuste à alteração de modo que a pessoa fique novamente

equilibrada e tenha a energia e a capacidade de satisfazer às novas demanda. Esse é o

processo de enfrentamento com o estresse, um processo compensatório com componentes

fisiológico e psicológicos (BRUNNER et al., 2010).

Os fenômenos mais destacados da reação do estresse são o aumento das glândulas

suprarrenais, com sinais histológicos de hiperatividade, involução timolinfática com

manifestações no quadro hemático (eosinopenia e linfocitopenia) e ulcerações no trato

16

gastrointestinal. Ocorre, pois uma reação de alarme geral, mobilizando forças defensivas com

os órgãos do corpo apresentando variações tipo involutivas e degenerativas, enquanto que a

suprarrenal se hiperativa (CASTRO, 2002).

Cada indivíduo reage de forma diferente ao estresse e aos diferentes estímulos aos

quais são expostos, alterando os níveis de normalidade das pessoas sem distinguir idade, sexo,

nível social ou atividade profissional (FRANÇA et al., 2012). O estresse se define como

esgotamento físico, mental ou emocional, que resulta na interação do indivíduo ao ambiente

(RIBEIRO; MELO; RIBEIRO, 2011).

A ansiedade é um dos comportamentos mais relacionados com as doenças

psicossomáticas. Métodos que minimizem este tipo de comportamento certamente ajudarão na

prevenção de inúmeras doenças que tenham origem nos fatores emocionais (SALES; SILVA,

2012).

A busca de conhecimento mais aprofundado acerca do tema estresse e suas interfaces

tem se intensificado cada vez mais no meio técnico-científico e na mídia, devido aos efeitos

negativos gerados ao organismo humano e suas implicações na qualidade de vida dos

indivíduos (FRANÇA et al., 2012).

Identificou-se na literatura estudos sobre estresse envolvendo acadêmicos da área da

saúde, quando se constatou a referência à sintomatologia clássica da fase de alarme ao

estresse: taquicardia, tensão muscular, pele e extremidades frias, dentre outras. Houve

também a menção da problemática relacionada às fases secundárias de resposta ao estresse,

como cefaleia, sonolência, irritabilidade e dificuldade de concentração, além da citação de

sentimentos subjetivos como raiva, passividade e o desestímulo (MONTEIRO; FREITAS;

RIBEIRO, 2007).

Diante do exposto e sabendo que desequilíbrios na vida do indivíduo e insatisfações na

realização de atividades pessoais e profissionais desencadeiam o estresse, sendo necessários

segundo França et al., (2012), diagnósticos precoces e acompanhamento terapêutico por

profissionais qualificados, para promover a saúde pública e a proteção da vida, suscitou-se a

pesquisar sobre este tema.

3.2 Impactos na saúde mental, psicológica diante da pandemia do novo coronavírus

(COVID-19)

O primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi reportado na China, no início

de dezembro de 2019 (WANG et al., 2020; XIAO, 2020). A rápida escalada da doença

17

(Coronavirus Disease 2019–COVID-19), com disseminação em nível global, fez com que a

Organização Mundial da Saúde (OMS) a considerasse uma pandemia.

Em 03 de abril de 2020, 206 países registravam infecções pelo novo coronavírus, com

o total de 976.249 casos confirmados e 50.489 mortes (OMS, 2020a). Nessa mesma data, o

Brasil contava com 9.056 casos confirmados e 359 mortes (BRASIL, 2020a). Entretanto,

estima-se que esses números sejam ainda maiores, dado que não levam em conta atrasos nas

notificações ou casos positivos não testados (RUSSELL et al., 2020). Nesse sentido,

estatísticas sugerem que o número de reprodução da COVID-19 varia de 1,4 a 3,9 em

diferentes localidades (VILLELA, 2020).

Assim, o tempo de duração e os desdobramentos da pandemia ainda permanecem

imprevisíveis (XIAO, 2020). Até em abril de 2020, já trazia um profundo impacto global,

sendo considerada a síndrome respiratória viral mais severa desde a pandemia de influenza

H1N1, em 1918 (FERGUSON et al., 2020). As estimativas são de que essa pandemia,

também conhecida como “gripe espanhola”, levou a óbito entre 20 e 50 milhões de pessoas

em todo o mundo, há pouco mais de 100 anos (MATOS, 2018).

O significativo número de casos que demandam internação hospitalar (DUAN; ZHU,

2020), incluindo cuidados em unidade de terapia intensiva, bem como a ausência de

intervenções farmacológicas eficazes e seguras, tais como medicamentos ou vacinas, gerou

um colapso no sistema de saúde em diferentes nações (FERGUSON e al., 2020).

Com o objetivo de reduzir os impactos da pandemia, diminuindo o pico de incidência

e o número de mortes, alguns países adotaram medidas como o isolamento de casos suspeitos,

fechamento de escolas e universidades, distanciamento social de idosos e outros grupos de

risco, bem como quarentena de toda a população (BROOKS et al., 2020; FERGUSON et al.,

2020).

Estima-se que essas medidas tendam a “achatar a curva” de infecção, ao favorecer um

menor pico de incidência em um dado período, reduzindo as chances de que a capacidade de

leitos hospitalares, respiradores e outros suprimentos sejam insuficiente frente ao aumento

repentino da demanda, o que se associaria à maior mortalidade (FERGUSON et al., 2020).

Em linhas gerais, na vigência de pandemias, a saúde física das pessoas e o combate ao

agente patogênico são os focos primários de atenção de gestores e profissionais da saúde, de

modo que as implicações sobre a saúde mental tendem a ser negligenciadas ou subestimadas

(ORNELL et al., 2020). Contudo, medidas adotadas para reduzir os impactos psicológicos da

pandemia não podem ser desprezadas nesse momento (BROOKS et al., 2020; XIAO, 2020).

18

Se isso ocorre, geram-se lacunas importantes no enfrentamento dos desdobramentos

negativos associados à doença, o que não é desejável, sobretudo porque os impactos

psicológicos podem ser mais duradouros e prevalentes que o próprio acometimento pela

COVID-19, com ressonância em diferentes setores da sociedade (ORNELL et al., 2020).

Estudos sobre implicações na saúde mental em decorrência da pandemia do novo

coronavírus ainda são escassos, por se tratar de fenômeno recente, mas apontam para

repercussões negativas importantes. Além disso, pesquisas anteriores sobre outros surtos

infecciosos revelaram desdobramentos desadaptativos, em curto, médio e longo prazo, para a

população geral e para os profissionais da saúde (JIANG et al., 2020; TAYLOR, 2019).

Por exemplo, na epidemia de Ebola de 1995, os sobreviventes relataram

principalmente medo de morrer, de infectar outras pessoas, de se afastar ou sofrer abandono

nas relações com familiares e amigos, bem como estigmatização social (HALL; CHAPMAN,

2008). Os profissionais da saúde, por outro lado, reportaram, sobretudo medo de contrair a

doença e, ainda, transmiti-la a seus familiares, bem como sofrimento por estarem afastados de

seus lares, estresse, sensação de perda de controle e de desvalorização, além de preocupação

com o tempo de duração da epidemia (HALL et al., 2008; SCHIMIDT et al., 2020).

Situação semelhante ocorreu em 2003, durante a epidemia de Síndrome Respiratória

Aguda Grave (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus -SARS), um outro tipo de

coronavírus, quando as implicações psicológicas decorrentes da doença foram maiores que as

implicações médicas, em termos de número de pessoas afetadas e tempo de duração em que

elas foram afetadas (TAYLOR, 2019).

Afora a população geral, profissionais da saúde também costumam experienciar

estressores no contexto de pandemias, a saber: risco aumentado de ser infectado, adoecer e

morrer; possibilidade de inadvertidamente infectar outras pessoas; sobrecarga e fadiga;

exposição a mortes em larga escala; frustração por não conseguir salvar vidas, apesar dos

esforços; ameaças e agressões propriamente ditas, perpetradas por pessoas que buscam

atendimento e não podem ser acolhidas pela limitação de recursos; e afastamento da família e

amigos (TAYLOR, 2019; SCHIMIDT et al., 2020).

Sobre a COVID-19 em particular, os desafios enfrentados pelos profissionais da saúde

podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de sintomas de ansiedade,

depressão e estresse (BAO et al., 2020), especialmente quando se trata daqueles que

trabalham na chamada “linha de frente”, ou seja, em contato direto com pessoas que foram

infectadas pelo vírus (LI et al., 2020a).

19

Em geral, esses profissionais vêm sendo desencorajados a interagir de maneira

próxima com outras pessoas, o que tende a aumentar o sentimento de isolamento; têm lidado

com mudanças frequentes nos protocolos de atendimento, em decorrência de novas

descobertas sobre a COVID-19; e, ainda, costumam despender um tempo significativo do seu

dia para colocar e remover os equipamentos de proteção individual, o que aumenta a exaustão

relacionada ao trabalho (ZHANG et al., 2020a). Nesse sentido, na China, equipes de saúde

mental passaram a observar sinais de sofrimento psicológico, irritabilidade aumentada e

recusa a momentos de descanso por parte de profissionais da saúde que trabalhavam na linha

de frente (CHEN et al., 2020; SCHIMIDT et al., 2020).

Outro estudo, realizado em um hospital chinês de grande porte, por meio de entrevistas

a 13 médicos da linha de frente, revelou que esses profissionais demonstravam preocupação

quanto à escassez de equipamentos de proteção, apresentavam dificuldades para lidar com

pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus e não compreendiam as

recomendações ou se recusavam a aderir ao tratamento (ex.: quarentena no hospital), sentiam-

se incapazes quando confrontados com casos graves, bem como temiam preocupar suas

famílias e levar o vírus para suas casas (CHEN et al., 2020; SCHIMIDT et al., 2020).

Dentre as estratégias propostas para enfrentamento da pandemia do novo coronavírus,

destaca-se o apelo para que a população geral fique em casa, buscando diminuir a

transmissão, ao passo que a tendência é que os profissionais da saúde mantenham ou

aumentem sua jornada de trabalho (BARRO; DELBEN et al., 2020).

Muitos profissionais da saúde que atuam na linha de frente, expostos ao vírus

diariamente, foram infectados em todo o mundo; na Itália, esse número chegou a 20% no final

do mês de março de 2020, de forma que o acesso a equipamentos de proteção individual para

eles é preocupação central (THE LANCET, 2020). No Brasil, a imprensa tem divulgado a

escassez de equipamentos de proteção individual e o maior índice de licenças médicas a

profissionais da saúde, como parece ser o caso de servidores municipais de São Paulo, na

comparação entre a primeira e a segunda quinzena de março de 2020 (RODRIGUES, 2020).

Ainda que não atuem na linha de frente ou que precisem se afastar dessa atuação

temporariamente, profissionais da saúde podem apresentar sofrimento psicológico em

contextos de emergências de saúde (BROOKS et al., 2020; LI et al., 2020b). Nesse sentido,

destaca-se o fenômeno da “traumatização vicária”, também denominado “traumatização

secundária”, em que pessoas que não sofreram diretamente um trauma passam a apresentar

sintomas psicológicos decorrentes da empatia por quem o sofreu (LI et al., 2020a;

SCHIMIDT et al., 2020).

20

Em estudo realizado na China, Li et al. (2020a) investigaram a traumatização vicária

relacionada à COVID-19 junto a uma amostra composta por 214 pessoas da população geral,

234 enfermeiros que trabalhavam na linha de frente e 292 enfermeiros que não trabalhavam

na linha de frente (n = 740).

Os achados evidenciaram níveis significativamente maiores de traumatização vicária

em enfermeiros que não trabalhavam na linha de frente em comparação àqueles que

trabalhavam na linha de frente. Segundo os autores, uma das possíveis explicações para esse

resultado é que a traumatização vicária em enfermeiros que trabalham na linha de frente é

derivada da empatia pelas pessoas que têm COVID-19, ao passo que enfermeiros que não

trabalham na linha de frente mostram empatia pelas pessoas que têm COVID-19, mas também

empatia e preocupação com os colegas da linha de frente. Além disso, enfermeiros que

trabalham na linha de frente podem ter maior preparo e habilidades psicológicas para lidar

com emergências de saúde em comparação àqueles que não trabalham na linha de frente (LI

et al., 2020b; SCHIMIDT et al., 2020)

Assim, mesmo quando precisam se afastar das funções laborais (ex: quando a

quarentena é necessária), profissionais da saúde tendem a reportar culpa, raiva, frustração e

tristeza (BROOKS et al., 2020), o que sugere a importância da atenção psicológica a essa

população no contexto de pandemias.

De acordo com o Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis (2018), a

ansiedade é caracterizada como sofrimento físico e psíquico, aflição, agonia, angústia, ânsia e

nervosismo, sendo um estado emocional frente a um futuro incerto e perigoso no qual um

indivíduo se sente impotente e indefeso.

A ansiedade é um estado de maior vigilância e capacidade de resposta que resulta em

uma série de comportamentos defensivos mensuráveis. Esses comportamentos servem para

prevenir ou reduzir os danos ao organismo diante de situações inesperadas e potencialmente

perigosas e, portanto, a ansiedade é antes de tudo um mecanismo fisiológico adaptativo,

essencial para a sobrevivência. No entanto, a desregulação dos circuitos de ansiedade devido a

causas genéticas ou adquiridas devida a diversos fatores como estresse, carga emocional de

medo e apreensão excessivos, que podem levar a distúrbios patológicos de ansiedade

(CRASKE, 2016).

Nessa lógica de adoecimento, o Brasil figura como o país com a maior taxa de pessoas

com transtornos de ansiedade, visto que 9,3% dos brasileiros sofre por algum transtorno de

ansiedade. Para Han (2015), isso é decorrente da conjuntura secular de adoecimento neural,

onde temos arraigado em nosso contexto social a violência neuronal, fazendo com que as

21

pessoas se cobrem cada vez mais, em busca de resultados, tomando-as elas mesmas carrascas

e vigilantes de suas ações; sendo essa condição contribuinte do aumento significativo dos

transtornos mentais, sobretudo os de ansiedade.

O indivíduo com ansiedade apresenta ambas as respostas: simpática e parassimpática.

As respostas dependem do nível de ansiedade, mas o indivíduo relata sentimentos de incerteza

(SOUSA et al., 2013). Alguns fatores que podem estar relacionados à ansiedade são: conflitos

inconscientes de valores e metas essenciais da vida, ameaça do autoconceito, ameaça de

morte, ameaça ou mudança no estado de saúde, ameaça ou mudança na função do papel,

ameaça ou mudança no ambiente, ameaça ou mudança na interação dos padrões, crise

situacional ou existencial, contágio ou transmissão interpessoal, necessidades não atendidas

(GIORDANI, 2016).

Conforme as informações apresentadas nota-se a importância de identificar os fatores

que contribuem para o surgimento da ansiedade no período da pandemia visto que, em

contextos de promoção a saúde mental de estudantes e profissionais tais descobertas

contribuem para sanar vários conflitos e demandas de desempenho pessoal e

profissional, deixando-os mais propensos a desenvolverem esses transtornos mentais,

dessa forma cria-se apoio e suportes psicológicos adequados para os alunos nos diversos

níveis de ensino da formação profissional.

22

4 METODOLOGIA

4.1 Tipologia

Estudo descritivo, de natureza predominantemente qualitativa. A pesquisa descritiva

tem como objetivo principal a descrição de fatos e fenômenos de determinada realidade,

exigindo que o investigador busque por uma série de informações sobre o assunto desejado

para a elaboração da pesquisa (TEXEIRA, 2013).

Dentre as pesquisas descritivas destacam-se aquelas que têm por objetivo estudar as

características de um determinado grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível

de escolaridade, nível de renda. Exigindo que o investigador busque por uma série de

informações sobre o assunto desejado para a elaboração da pesquisa (TRIVIÑOS, 2009).

A pesquisa qualitativa busca diminuir a distância entre dados e a teoria para então

compreender os fenômenos pela sua descrição e interpretação (SOUSA; CARMO, 2017).

4.2 Local da Pesquisa

A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior (IES), privada, no

município de Fortaleza, Ceará, Brasil. A universidade conta com uma estrutura de 720 mil

metros quadrados, onde se encontram cerca de 300 salas de aula, mais de 230 laboratórios

especializados. O campus também é composto por auditórios, salas de vídeo, biblioteca,

centro de convivência, núcleo de atenção médica, clínica odontológica, parque desportivo,

teatro, espaço cultural, escritório para a prática jurídica, empresas juniores, TV universitária,

escola de ensino infantil e fundamental e diversos outros núcleos de prática acadêmica e

pesquisa. A universidade é composta pelos seguintes centros: Saúde, Humana, Tecnológica,

Jurídica e Administrativa (UNIFOR, 2020).

O Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE) tem

como objetivo desenvolver, avaliar e divulgar tecnologias inovadoras de forma a atender às

necessidades do cuidado de enfermagem com vistas ao desenvolvimento local, regional e

nacional, assim como desenvolver estudos baseados em evidências por meio da utilização do

método científico para transformação da prática profissional, como também contribuir para a

melhoria da integração entre a universidade e os serviços de saúde nos diferentes níveis de

atenção.

23

O Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE) da

Universidade pesquisada se diferencia dos demais cursos na área por uma série de razões. A

primeira delas é a utilização de metodologias inovadoras. O curso tem também foco na

formação do aluno enquanto tomador de decisões e líder, na utilização experiências do aluno

em sala de aula e adoção periódicos científicos de referência. Além disso, conta com foco

prático com rigor teórico e metodológico, um modelo de dissertação diferenciado (projeto de

intervenção) e módulo internacional.

Outras características do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em

Enfermagem são o forte alinhamento com instituições de saúde, utilização de metodologias de

ensino adequadas à moderna educação em saúde e networking com professores, pesquisadores

e profissionais de saúde. Ademais o curso conta com reconhecimento da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e viés internacional.

4.3 População e Amostra

A população foi composta por enfermeiros, com 18 ou mais anos, mestrandos ou

egressos de um Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE),

de uma Universidade privada cearense. Integraram a população 120 enfermeiros da linha de

frente de combate à Covid-19 e 63 deles responderam um questionário, dos quais 58

confirmaram trabalhar em instituições de saúde durante a Pandemia.

4.4 Intervenção e Coleta de Dados

Considerando esse período de distanciamento social, o convite para participação no

estudo foi por meio de e-mail ou Whatsapp. Esse convite foi para o preenchimento de

questionário. Portanto, para a coleta de dados foi aplicado um instrumento via on-line, feito

pela ferramenta Google Forms, que teve sua primeira parte direcionada a investigar as

características sociodemográficas (sexo, idade, formação acadêmica, tempo de formação,

locais de trabalho, carga-horária de trabalho, unidade de atuação, estado civil, entre outros).

Foi realizada uma avaliação dos níveis de ansiedade por meio do Inventário de Ansiedade

Traço - Estado (IDATE).

A Ansiedade-Estado é considerada como um estado emocional transitório ou condição

do organismo humano, que é caracterizado por sentimentos desagradáveis de tensão e

24

apreensão conscientemente percebidos, que variam de intensidade segundo as formas de

reação aos estímulos (SPIELBERGER, 1966).

Inventário de Ansiedade Traço - Estado (IDATE), é constituído por duas escalas, uma

para medir a ansiedade – traço e outro para medir a ansiedade – estado, sendo cada uma

composta por 20 itens, contendo, cada uma, quatro alternativas para a resposta e requer que os

sujeitos descrevam como geralmente se sentem, assinalando uma das alternativas: 1- quase

nunca; 2- às vezes; 3- frequentemente; 4- quase sempre. A escala ansiedade-estado requer que

o sujeito responda como se sente num determinado momento, assinalando uma das

alternativas: 1-absolutamente não; 2- um pouco; 3- bastante e 4- muitíssimo. O total da escala

varia de 20 a 80, sendo que os pontos mais altos indicam maior nível de ansiedade. O

instrumento utilizado para coleta de dados foi adaptado de Santos e Galdeano (2009).

Para quantificação e interpretação das respostas, atribui-se a pontuação correspondente

à resposta dada para cada uma das perguntas. Os escores para as perguntas de caráter positivo

são invertidos, ou seja, se o indivíduo responder 4, atribui-se valor 1 na codificação; se

responder 3, atribui-se valor 2; se responder 2, atribui-se valor 3; e se responder 1, atribui-se

valor 4. Para o IDATE – estado, as perguntas negativas são: 3, 4, 6, 7, 9, 12, 13, 14, 17,18; e

as positivas: 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16, 19, 20. E para o IDATE – traço, as perguntas negativas

são: 2, 3, 4, 5, 8, 9, 11, 12, 14, 15, 17, 18, 20; e as positivas: 1, 6, 7, 10, 13, 16, 19 (KAIPPER,

2008). Sendo, nível normal 40 pontos não sendo significativo dois para cima ou dois para

baixo. Tende a ansiedade acima de 42 e tende a depressão abaixo de 38 pontos.

Quanto às perguntas abertas têm-se: Fale sobre os seus sentimentos e emoções por

ocasião da Pandemia; Descreva como você se sente neste exato momento.

Os que aceitaram participar voluntariamente registraram sua aceitação no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os que preencheram o questionário e desejaram

participar de um momento de orientações, por meio de comunicação síncrona, os

pesquisadores organizaram esse momento. Para preservar a identidade dos participantes, foi

atribuído um código numérico para cada participante.

Foi encaminhado um convite, informando data, hora, link de acesso do Google Meet e

objetivo da intervenção, por meio dos grupos do Whatsapp do mestrado em tecnologia e

inovação em enfermagem. No dia da abordagem, 16 mestrandos acessaram o Link e

participaram desse momento de intervenção.

Após a abordagem, foi enviado outro formulário com a seguinte pergunta: Diante

desse contexto de Pandemia, como foi para você participar desse momento.

25

4.5 Análise e Intepretação dos Resultados

Para apoiar a análise textual e temas relevantes nos discursos dos sujeitos, foi utilizado

o software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de

Questionnaires). Este programa é livre, desenvolvido na linguagem Python e utiliza

funcionalidades providas pelo software estatístico R e, sob enfoque qualitativo, possibilita

diferentes processamentos e análises estatísticos de corpus textuais e de tabelas

indivíduos/palavras (SOUZA et al., 2018).

A análise dos discursos foi realizada separadamente para comparação das respostas.

Inicialmente, foram exploradas as estatísticas textuais clássicas, lexicografia básica e pesquisa

de especificidades por grupos. Para as análises multivariadas, foi considerada a Classificação

Hierárquica Descendente (CHD), a Análise de Similitude ou de Semelhanças e a Nuvem de

Palavras, disponíveis no software.

Na CHD, os seguimentos textuais ou unidades de contexto elementar (UCE) são

classificados em função dos seus respectivos vocábulos e de valores de qui-quadrado mais

elevados na classe, e organizados em um dendograma (SALVADOR et al., 2018). O teste do

qui-quadrado é utilizado para verificar a associação da UCE com determinada classe

(CAMARGO; JUSTO, 2013); todas as palavras a serem selecionadas para compor as classes

devem possuir p<0,001, indicando associação significativa.

A análise de similitude se apoia na teoria dos grafos, que constitui o modelo

matemático ideal para o estudo da relação entre objetos discretos de qualquer tipo e possibilita

identificar as ocorrências entre as palavras e seu resultado; traz indicações da conexidade

entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura de um corpus textual, distinguindo

também as partes comuns e as especificidades em função das variáveis ilustrativas

(descritivas) identificadas em análise (CAMARGO; JUSTO, 2013).

No intuito de identificar as palavras-chave das falas dos atores, foi apresentada a

nuvem de palavras, pois esta possibilita o agrupamento das palavras e as organiza

graficamente em função da sua frequência.

Ressalta-se que o uso do software não é um método de análise de dados, mas uma

ferramenta para processá-los. Portanto, não conclui essa análise, já que a interpretação é

essencial e é de responsabilidade do pesquisador (KAMI et al., 2016).

A partir da leitura e análise crítica, foi realizada a discussão e intepretação dos

resultados obtidos, com a apresentação das evidências encontradas.

26

A entrada dos dados quantitativos foi realizada usando-se a planilha eletrônica Excel

2003 for Windows, sendo estes dados posteriormente submetidos à análise estatística por

meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 23.0).

Estatísticas descritivas foram realizadas para as variáveis qualitativas por meio de

frequências absolutas e relativas. Para as variáveis quantitativas contínuas e discretas foram

calculadas a média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo.

4.6 Aspectos Éticos e Legais

Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas contidas na Resolução

nº 466, de 12 de dezembro de 2012 a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras

de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (BRASIL, 2012).

A pesquisa foi realizada com a anuência formal dos participantes, por meio da leitura e

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICES A e B). A

importância do TCLE se dá por respeito à dignidade humana, e exige que qualquer pesquisa

realizada com seres humanos se torne efetiva a partir do consentimento livre e esclarecido dos

participantes, de forma que os mesmos possam se manifestar, de forma autônoma, consciente,

livre e esclarecida (BRASIL, 2013).

Os participantes foram convidados via aplicativo whatsapp onde foi apresentado o

estudo e conforme o aceite dos mesmo foi enviando um email contendo o TCLE onde era

assinado e devolvido ao pesquisador. Os participantes da pesquisa tiveram sua integridade

emocional e física preservadas, direito à livre desistência, sigilo e confidencialidade das

informações e identificações concedidas, tendo acesso às essas informações. Não houve aos

participantes, prejuízo financeiro.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de

Fortaleza (UNIFOR) com o Número de Parecer: 4.119.658.

4.7 Riscos e Benefícios

Durante a coleta dos dados ocorreram riscos considerados mínimos, como

constrangimento devido à verificação dos níveis de alterações psicoemocionais e/ou

comportamentais. Assim, para minimizar o constrangimento, os pesquisadores acolheram e

27

acompanharam os participantes nas etapas e explicaram que o mesmo poderia desistir de

participar da pesquisa a qualquer momento, ressaltando que as informações obtidas na

pesquisa são confidenciais, garantindo o sigilo da identidade do participante. Será explicado a

técnica de GF, a duração, o tema proposto, os objetivos de pesquisa, os aspectos éticos,

considerando o recurso de gravação de áudio e o sigilo da participação na pesquisa.

28

5. RESULTADOS

A Covid-19 chegou no Brasil. E agora?: Sentimentos de Enfermeiros.

Fabrício Bezerra Eleres

Fernanda Jorge Magalhães

Karla Maria Carneiro Rolim

Thereza Maria Magalhães Moreira

Virna Ribeiro Feitosa Cestari

Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu

Resumo

Objetivo: Averiguar os sentimentos de enfermeiros sobre a pandemia Covid-19. Método:

Estudo qualitativo, realizado com 58 enfermeiros mestrandos de uma Instituição de Ensino

Superior (IES) privada, localizada em capital do Nordeste brasileiro. Os dados foram obtidos

via dois questionários. Os dados foram organizados no software IRaMuTeQ. Resultados: Os

discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e dor dos enfermeiros.

Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos discursos ressaltam

atitudes de confronto, superação e esperança, conforme identificadas nas falas. Quanto ao

momento Síncrono, organizado pelos pesquisadores, participaram 16 enfermeiros, e, oito

desses, conseguiram definir essa estratégia como otimismo; confiança; aprendizado; gratidão;

excelência, dentre outras. Conclusão: Na pandemia, foi evidente a preocupação dos

enfermeiros com seus familiares, bem como medo, preocupação e ansiedade nos discursos e

termos, requisitando ações da gestão de pessoas no sentido de favorecer o

controle/administração desses sentimentos.

Descritores: Coronavírus. Pandemia. Ansiedade. Estudantes. Pós-graduação. Enfermagem.

29

Introdução

O atual surto de Covid-19 permanece grave mundialmente e foi designado emergência

de Saúde Pública e preocupação internacional da Organização Mundial de Saúde-OMS

(VILELAS, 2020). À medida que a Covid-19 se espalhou globalmente, o cenário da pandemia

evidenciou o elevado risco de infecção a que estão expostos os profissionais de saúde,

chegando em alguns países, como a Espanha, a comprometer até 20% da força de trabalho

somente durante a primeira onda da doença, em março de 2020 (OLIVEIRA et al., 2020).

Assim, considerando que o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, é um agente novo para

profissionais de saúde e o mundo, pesquisadores buscam entender as consequências físicas e

psicológicas dessa doença em curto, médio e longo prazos (BARBOSA et al., 2020).

Estima-se que um terço da metade da população exposta a uma epidemia pode sofrer

alguma manifestação psicopatológica na ausência de intervenções cuidativas específicas para

reações e sintomas manifestos. Os fatores intervenientes nas repercussões psicossociais estão

relacionados à magnitude da epidemia e grau individual de vulnerabilidade (FIOCRUZ,

2020).

Já se esboçam reflexões hodiernas sobre se a pandemia do novo coronavírus que

atuam como gatilho para estresse agudo ou pós-traumático, depressão, insônia, irritabilidade,

raiva e exaustão emocional (OLIVEIRA et al., 2020), especialmente dos trabalhadores de

saúde da “linha de frente”, em contato com infectados pelo vírus (SCHMIDT et al., 2020).

Estudos de revisão publicados recentemente permitem perceber os efeitos da

quarentena (BROOKS et al., 2020). Tomando-se 24 estudos que envolveram mais de 11 mil

residentes ou pessoal médico de áreas afetadas por Middle East Respiratory

Syndrome (MERS, Síndrome Respiratória do Oriente Médio), Severe Acute Respiratory

Syndrome (SARS, Síndrome Respiratória Aguda Grave), Gripe Suína (H1N1) ou Ébola,

observa-se que a maioria deles aponta para efeitos psicológicos negativos, principalmente em

termos de confusão, raiva e até estresse pós-traumático (MAIA; DIAS, 2020).

Alguns desses efeitos mantiveram-se num período de tempo mais alargado. Dentre os

principais fatores de estresse identificados, sobressaem o efeito da duração do período de

quarentena, os receios em relação ao vírus ou à infeção, a frustração, a diminuição de

rendimentos, a informação inadequada e o estigma.

Portanto, o interesse pelo estudo partiu da vivência e do compartilhamento de colegas

profissionais de Enfermagem da linha de frente sobre os impactos da COVID-19 na saúde

mental, pois, o estresse e a pressão de lidar com o ofício, acrescido do risco de adoecer e ser

30

contaminado provocam severos problemas de saúde mental, aumentando o turnouver e

a síndrome de burnout, além de gerar graves problemas como ansiedade e depressão.

Estudos já sugerem que a Covid-19 provoca efeitos deletérios na saúde mental de

estudantes universitários da área de saúde (MAIA; DIAS, 2020), mas não há ainda estudos

com pós-graduandos, que se imagina tenham mais informação e experiência para lidar com a

doença. Assim, nesse contexto, cabe destacar enfermeiros mestrandos que estão na “linha de

frente”. No cotidiano do mestrado também há demandas micro-estressoras cumulativas do

ambiente de dentro e fora da pós-graduação (SANTOS; ALVES JUNIOR, 2007).

Diante do exposto, objetivou-se averiguar os sentimentos dos enfermeiros

(matriculados em um curso de mestrado) sobre a pandemia Covid-19.

Método

Estudo descritivo, realizado em uma Instituição de Ensino Superior (IES), privada, no

município de Fortaleza-Ceará-Brasil.

A população foi composta por enfermeiros, com 18 ou mais anos, mestrandos ou

egressos de um Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE),

de uma Universidade privada cearense. Integraram a população 120 enfermeiros da linha de

frente de combate à Covid-19 e 63 deles responderam um questionário, dos quais 58

confirmaram trabalhar em instituições de saúde durante a Pandemia.

Considerando esse período de distanciamento social, inicialmente, o convite para

participação no estudo foi por meio de WhatsApp. Esse convite foi para o preenchimento de

questionário. Portanto, para a coleta de dados foi aplicado um instrumento via on-line, feito

pela ferramenta Google Forms. O formulário foi enviado pelo grupo do Whatsapp dos cinco

grupos do mestrado. Os que aceitaram participar voluntariamente registraram sua aceitação no

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para preservar a identidade dos

participantes, foi atribuído um código numérico para cada participante.

Quanto às perguntas do formulário têm-se: Fale sobre os seus sentimentos e emoções

por ocasião da Pandemia; Descreva como você se sente neste exato momento.

Para apoiar a análise textual e temas relevantes nos discursos dos 63 sujeitos, utilizou-

se o software IRaMuTeQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et

de Questionnaires). Este programa é livre, desenvolvido na linguagem Python e utiliza

funcionalidades providas pelo software estatístico R e, sob enfoque qualitativo, possibilita

diferentes processamentos e análises estatísticos de corpus textuais e de tabelas

indivíduos/palavras (SOUZA et al., 2018).

31

A análise dos discursos foi realizada separadamente para comparação das respostas.

Inicialmente, foram exploradas as estatísticas textuais clássicas, lexicografia básica e pesquisa

de especificidades por grupos. Para as análises multivariadas, optou-se pela Classificação

Hierárquica Descendente (CHD), a Análise de Similitude ou de Semelhanças e a Nuvem de

Palavras, disponíveis no software.

Na CHD, os seguimentos textuais ou unidades de contexto elementar (UCE) são

classificados em função dos seus respectivos vocábulos e de valores de qui-quadrado mais

elevados na classe, e organizados em um dendograma (SALVADOR et al., 2018). O teste do

qui-quadrado é utilizado para verificar a associação da UCE com determinada classe

(CAMARGO; JUSTO, 2013); todas as palavras selecionadas para compor as classes

possuíam p<0,001, indicando associação significativa.

A análise de similitude se apoia na teoria dos grafos, que constitui o modelo

matemático ideal para o estudo da relação entre objetos discretos de qualquer tipo e possibilita

identificar as coocorrências entre as palavras e seu resultado; traz indicações da conexidade

entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura de um corpus textual, distinguindo

também as partes comuns e as especificidades em função das variáveis ilustrativas

(descritivas) identificadas em análise (CAMARGO; JUSTO, 2013). No intuito de identificar

as palavras-chave das falas dos atores, recorreu-se à nuvem de palavras, pois esta possibilita o

agrupamento das palavras e as organiza graficamente em função da sua frequência.

Ressalta-se que o uso do software não é um método de análise de dados, mas uma

ferramenta para processá-los. Portanto, não conclui essa análise, já que a interpretação é

essencial e é de responsabilidade do pesquisador (KAMI et al., 2016). A partir da leitura e

análise crítica, procedeu-se à discussão e intepretação dos resultados obtidos, com a

apresentação das evidências encontradas.

Os que preencheram o formulário foram convidados a participar de um momento de

reflexão sobre as estratégias de enfrentamento no contexto da pandemia, por meio de

comunicação síncrona, os pesquisadores organizaram esse momento.

Foi encaminhado um convite, informando data, hora, link de acesso do Google Meet e

objetivo da intervenção, por meio dos grupos do Whatsapp do mestrado em tecnologia e

inovação em enfermagem. No dia da abordagem, 16 mestrandos acessaram o Link e

participaram desse momento de intervenção.

Após a abordagem, foi enviado outro formulário com a seguinte pergunta: Diante

desse contexto de Pandemia, como foi para você participar desse momento.

32

Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas contidas na Resolução

nº 466, de 12 de dezembro de 2012 a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras

de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (BRASIL, 2012). O projeto foi aprovado pelo

Comitê de ética em pesquisa com o Número de Parecer: 4.119.658.

Resultados

A partir dos discursos dos sujeitos processados no software IRAMUTEQ, o presente

estudo obteve 71 UCE, com aproveitamento de 70,4% do corpus. Após o dimensionamento

dessas UCE, definiram-se as classes, apresentadas no dendograma da CHD e nomeada

conforme seu conteúdo específico. O corpus foi dividido em dois sub-corpus; de um dos sub-

corpus obteve-se as Classes 1 e 5, que concentraram 14% e 24% das UCE do corpus total,

respectivamente. Do outro sub-corpus, obteve-se as Classes 6 (16% das UCE) e 4 (14% das

UCE), que sofreu uma partição, originando as Classes 2 e 3 (16% das UCE, cada) (Figura 1).

Figura 1. Dendograma das classes referentes aos discursos dos sujeitos da pesquisa.

As Classes 1 e 5 evidenciam preocupação dos enfermeiros com seus familiares diante

da pandemia Covid-19. As falas a seguir demonstram esse sentimento: “[...] Medo pelos meus

familiares. Estou aflita com o crescimento de casos no interior da cidade dos meus parentes”

(E3). “Fico sempre tensa ao retornar para casa, pois tenho um filho. Corro um risco muito

33

grande no hospital e exponho toda a minha família” (E15). “Medo de levar a infecção para os

familiares que moram em minha casa, medo de estar assintomática e infectar todos” (E26).

Na outra vertente, as Classes 6, 3, 2 e 4 expõem sentimentos conflituosos. Os

discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e dor dos enfermeiros.

“Vivo cansada e preocupada, com medo e angústia pelo que passamos” (E12). “Dúvidas e

incertezas me deixam preocupada e insegura quanto ao vírus e ao futuro” (E14). “Sinto

cansaço e medo, às vezes desmotivado” (E15). “Sinto cansaço físico e tristeza pelas inúmeras

mortes” (E20).

Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos discursos

ressaltam atitudes de confronto, superação e esperança, conforme identificadas nas falas:

“Entendo o momento difícil e desafiador. Com empenho e sabedoria iremos encontrar a

solução. Sou grata por ter sobrevivido e ter contribuído com a recuperação de muitas pessoas”

(E11). “Estamos nos tranquilizando e acreditando que o pior já passou” (E14). “Tenho certeza

que Deus está comigo. Temos que confiar na Sua proteção” (E28).

Em concordância à CHD, a análise de similitude desvela os sentimentos centrais

exteriorizados pelos enfermeiros participantes da pesquisa. Na análise, pode-se identificar a

estrutura, o núcleo central e o sistema periférico da representação da pandemia, onde o grande

eixo organizador foi o medo; em menor proporção, surgem outros eixos como preocupado e,

numa zona da periferia, destaca-se o termo tranquilo (Figura 2).

Nas falas, o medo mostrou-se atrelado às diversas mudanças causadas pelo COVID-

19, entre eles, lidar com a perda, à exigência de uma nova forma de organizar o processo do

cuidado e as exaustivas horas de trabalho, mau remuneradas. “Estamos perdendo parentes e

amigos muito rápido e sem o direito de velar por eles, situações jamais vivenciadas e que

nunca serão esquecidas. “Angustiada com toda situação do momento”. Temos que praticar a

empatia” (E25).

No tocante à organização do processo de trabalho e excesso de trabalho, os

enfermeiros revelaram insegurança. “É um desafio enorme e não sinto confiança na gestão”

(E1). “Sobrecarregada por estar liderando uma equipe inexperiente, temerosa pela qualidade

da assistência que vem sendo prestada aos pacientes e pela sua segurança” (E49). “Estou

cansada e preocupada com o excesso de trabalho” (E12). “O aumento da carga horário para

cobrir colegas que foram infectados causa cansaço mental e físico. O aumento de

responsabilidade gera nervosismo. O aumento da cobrança gera ansiedade, uma corrida contra

o tempo que exige de nós uma tomada de decisão rápida que, por vezes, gera insegurança”

34

(E26). “Trabalho sobre momentos de estresse e pressão, não valorização e não remuneração

adequada ao risco ocupacional de exposição ao COVID” (E64).

Figura 2. Análise de similitude.

A preocupação com o futuro esteve presente nas falas. “A pandemia causou mais insegurança

e incerteza quanto ao futuro” (E27). “Uma sensação de futuro incerto” (E64). Contudo, o

otimismo é observado em vários discursos. “Momentos de tristeza e angústia no início, porém

agora mais confiante e otimista” (E36). “Apesar dos problemas que ocorrem no mundo, meu

humor é estável, estou bem” (E23). “Sensação de dever cumprido por fazer o meu melhor

dentro do meu local de trabalho, para evitar que mais pessoas morram” (E20).

Pelo método da nuvem de palavras, os termos que apresentaram frequência no corpus

foram medo (33 vezes), preocupado (15 vezes), ansioso (14 vezes), tranquilo (13 vezes),

momento (12 vezes) e cansado (11 vezes) (Figura 3).

Figura 5. Nuvem de palavras.

35

Nota-se na figura que as palavras são posicionadas aleatoriamente de tal forma que as

mais frequentes aparecem maiores que as outras, demonstrando, assim, seu destaque no

corpus de análise da pesquisa. Pode-se constatar que a nuvem de palavras corrobora os

resultados explicitados pelas CHD e análise de similitude.

Diante desses resultados, buscou-se realizar uma intervenção intitulada: Orientações

quanto às estratégias de enfrentamento para redução da ansiedade. A abordagem foi realizada

por um enfermeiro mestre em enfermagem psiquiátrica pela EERP/USP.

Do total de 16 mestrandos acessaram o Link e participaram desse momento de

intervenção, oito registraram a participação por meio de resposta à pergunta do formulário.

Os registros mostraram que o momento de orientação proporcionou a reflexão da

necessidade de se conhecer e identificar as reações fisiológicas, sinais de alerta do organismo,

apresentadas diante desse contexto de Pandemia.

Foi ótimo definir que tipo de sentimento estamos desenvolvendo nesse

momento, saber que estamos expostos a reações fisiológicas e que

podemos não deixar isso dominar e tornar patológico (E1)

Foi essencial, pois pude reconhecer sinais de alerta e ter uma

orientação objetiva das formas de atuar frente aos momentos de

ansiedade (E8).

Os registros referentes ao momento síncrono permitiram ainda identificar sentimentos

conflituosos, ressaltando “altos e baixos”.

Altos e baixos, mas sempre com otimismo e confiante (E2).

Tenso (E4)

Excelente (E6)

36

Os participantes conseguiram ainda definir esse momento como aprendizado,

relaxamento e estratégias para os momentos de preocupação, dentre outras.

Esse aprendizado em técnicas de respiração, relaxamento pra mim são

sempre muito relevantes (E3).

Foi muito gratificante, momento muito rico de conhecimentos (E5).

A reunião foi ótima para entendemos que a mente cria muita

preocupação com o futuro nesse momento de pandemia, mas

precisamos criticar os pensamentos e ver qual a real probabilidade de

acontecer. O mindfulness e o protocolo acalmem-se ajuda muito a

diminuir a ansiedade e preocupação (E7)

Como podemos perceber os participantes relataram por meio de respostas as perguntas

do formulário, diferentes tipos de sentimentos que desenvolveram ao participar do momento

de orientação proposto pelos pesquisadores.

Discussão

A epidemia de COVID-19 determina impactos negativos na economia, na assistência

médica e na saúde mental da sociedade como um todo (MEDEIROS, 2020). Destaca-se os

profissionais de saúde que estão na “linha de frente”. Em geral, esses profissionais vêm sendo

desencorajados a interagir de maneira próxima com outras pessoas, o que tende a aumentar o

sentimento de isolamento; têm lidado com mudanças frequentes nos protocolos de

atendimentos, em decorrência de novas descobertas sobre o COVID-19, e, ainda costumam

despender um tempo significativo do seu dia para colocar e remover os equipamentos de

proteção individual, o que aumenta a exaustão relacionada ao trabalho (SCHMIDT et al.,

2020).

Nesta pesquisa, ficou evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares

diante da pandemia do novo coronavírus, bem como o medo, preocupação e ansiedade

estavam presentes nos discursos e nos termos com maior frequência no corpus.

Autores ressaltam que a enfermagem, devido às características da profissão, é o grupo

de profissionais que permanece um maior tempo ao lado do paciente durante todo o processo

de cuidar. Assim, além do trabalho técnico desempenhado por estes profissionais, deve ser

levado em conta também seus aspectos psicológicos e emocionais, principalmente o medo de

adoecer e morrer e ainda o medo da contaminação dos seus familiares (BARBOSA et al.

2020), revelando que os profissionais de saúde experimentam exaustão emocional relacionada

ao medo de se contaminar no trabalho, como um dos impactos imediatos da atuação

37

profissional. Mas o medo de perder a própria vida talvez seja superado pelo temor de colocar

a vida de outras pessoas em perigo. Tal perspectiva permite pensar que se vive o luto

antecipatório, vinculado ao medo de perder o sentido da vida e o significado existencial da

própria profissão (OLIVEIRA et al., 2020).

Sobre o novo coronavirus (COVID-19), em particular, os desafios enfrentados pelos

profissionais da saúde podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de

sintomas de ansiedade, depressão e estresse, especialmente quando se trata daqueles que

trabalham na “linha de frente”, ou seja, em contato direto com pessoas que foram infectadas

pelo vírus. Em geral, esses profissionais vêm sendo desencorajados a interagir de maneira

próxima com outras pessoas, o que tende a aumentar o sentimento de isolamento; têm lidado

com mudanças frequentes nos protocolos de atendimentos, em decorrência de novas

descobertas sobre o COVID-19, e, ainda costumam despender um tempo significativo do seu

dia para colocar e remover os equipamentos de proteção individual, o que aumenta a exaustão

relacionada ao trabalho (SCHMIDT et al., 2020).

Por outro lado, esses profissionais revelaram, nos discursos, as palavras tranquilidade,

ressaltando atitudes de superação e esperança, sensação de dever cumprido, bem como a

confiança em Deus.

Na atualidade, diante da pandemia, a espiritualidade aponta para o sentido da

esperança, o poder da resiliência, tende a aumentar no profissional, a atenção, valorização da

pessoa e absorve todo sentido de solidariedade, cooperação e do seu juramento profissional a

partir da premissa que “amará o teu próximo como a ti mesmo”. Embora o profissional não

consiga atravessar todas essas etapas do cuidado ileso de algum tipo de

sofrimento/adoecimento, a manifestação da espiritualidade voltada às forças que abraçam a

positividade e a proteção do bem comum favorece o respeito à pessoa e família, e

redimensiona os sentimentos de desolação com empatia e doação de si (TAVARES, 2020).

Diante do contexto identificado, nesse estudo, resolveu-se realizar um momento de

orientação quanto às estratégias de enfrentamento. Assim, foi reforçado a importância de se

identificar os sinais de alerta e as manifestações de medo e ansiedade apresentadas pelo

organismo, bem como as estratégias para que essas manifestações não venham a se tornar

patológica. Nesse contexto, autores ressaltam que a maneira prática de se diferenciar

ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta

duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não (CASTILLO et al.,

2000).

38

Vale ressaltar que os participantes também descreveram a importância de se conhecer

e entender a técnica da respiração, o mindfulness e o protocolo acalmem-se para que se possa

perceber os sinais de alerta e ter orientações no momento da crise de ansiedade.

Uma das enfermeiras mestrandas que participou do momento remoto, ressaltou a

abordagem da estratégia A.C.A.L.M.E. -S.E, que cada letra representa um passo necessário

para o manejo adequado de uma situação percebida como ameaçadora, como a iminência de

novas sensações corporais (RANGE, 2008). Nessa abordagem, um aspecto importante diz

respeito à ideia de que essas sensações parecem antecipações de “perigos”. Na verdade, não

são antecipações, são consequências dos pensamentos que o indivíduo tem a partir de suas

sensações (RANGE, 2008).

A partir dos discursos desses enfermeiros, conseguimos nos aproximar do mundo

vivido no contexto da Pandemia. Suas falas expressam que convivem com sentimentos

díspares e que, mesmo diante a estas circunstâncias, eles procuram prestar uma assistência de

qualidade. Assim, esses profissionais ficam expostos ao risco de desenvolverem tais estresse

ocupacional.

Diante do exposto, faz-se necessário rever tais situações e desenvolver mecanismos

que reestruturem a prática da enfermagem, com vistas a melhores condições de trabalho e

diminuição dos efeitos deletérios à saúde mental desses profissionais devido a pandemia.

Também se torna importante a realização de novos estudos, que visem identificar fatores de

risco para a saúde desses profissionais, para que se criem estratégias de enfrentamento do

cotidiano laboral que possam levar à reabilitação dos problemas ou marcas que foram

deixados pela pandemia.

Limitações do estudo

Devido à pandemia do novo coronavírus somente foi possível à realização do estudo

apenas com uma parte da população devido ao distanciamento e isolamento social, vale

ressaltar que a intervenção presencial ficou comprometida pelo fato já mencionado acima e

que muitas participantes tiveram dificuldade em participar por falta de tempo ou por estarem

em seus ambientes de trabalhos.

Considerações Finais

39

Ficou evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares diante da pandemia

do novo coronavírus, bem como o medo, preocupação e ansiedade estavam presentes nos

discursos e nos termos com maior frequência no corpus textual.

Quanto ao momento síncrono, os participantes conseguiram definir o momento como

otimismo; confiança; aprendizado; gratidão; excelência, dentre outras.

Referências

BARBOSA, Diogo Jacintho; GOMES, Marcia Pereira; SOUZA, Fabiana Barbosa

Assumpção; GOMES, Antonio Marcos Tosoli. Fatores de estresse nos profissionais de

Enfermagem no combate à pandemia da COVID-19. Comunicação em Ciências da Saúde,

v. 31, n. Suppl 1, p. 31-47, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020.

http://www.escs.edu.br/revistaccs/index.php/comunicacaoemcienciasdasaude/article/view/651

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde (CNS). 240ª Reunião Ordinária,

dezembro de 2012. Resolução nº 466/2012 que trata de pesquisas e testes em seres humanos.

Brasília: MS, 2012.

BROOKS, Samantha;WEBSTER Rebecca; SMITH Louise; WOODLAND, Lisa; WESSELY

Simon; GREENDERG Neil; RUBIN Gideon . O impacto psicológico da quarentena e como

reduzi-lo: revisão rápida das evidências. The Lancet , 2020. Acessado em 20 de agosto de

2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673620304608

CASTILLO, Ana Regina; RECONDO, Rogéria; ASBAHR, Fernando; MANFRO, Gisele .

Transtornos de ansiedade. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 22, supl. 2, p. 20-

23, Dec. 2000 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-

44462000000600006&lng=en&nrm=iso>. access

on 10 Aug. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462000000600006.

CAMARGO, Brigido Vizeu; JUSTO, Ana Maria. IRAMUTEQ: um software gratuito para

análise de dados textuais. Temas em psicologia, v. 21, n. 2, p. 513-518, 2013. Acessado em

10 de julho de 2020. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/5137/513751532016.pdf

FIOCRUZ. Fundação Osvaldo Cruz. Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia

Covid19. Rio de Janeiro. 2020. Acessado em: 10 de julho de 2020. disponível em:

https://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/documentos/cartilha_recomendacoes_gerai

s_06_04.pdf

MAIA, Berta Rodrigues; DIAS, Paulo César. Ansiedade, depressão e estresse em estudantes

universitários: o impacto da COVID-19. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v.

37, e200067, 2020. Acessado em 07 de julho de 2020. Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

166X2020000100504&lng=pt&nrm=iso

40

OLIVEIRA, Wanderlei Abadio de CARDOSO, Érika Arantes de Oliveira; SILVA, Jorge Luiz

da; SANTOS, Manoel Antônio dos. Impactos psicológicos e ocupacionais das sucessivas

ondas recentes de pandemias em profissionais da saúde: revisão integrativa e lições

aprendidas. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 37, e200066, 2020. Acessado em 07

de julho de 2020. Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103166X2020000100503&lng=pt

&nrm=iso

RANGE, Bernard. Tratamento cognitivo-comportamental para o transtorno de pânico e

agorafobia: uma história de 35 anos. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 25, n. 4, p.

477-486, Dec. 2008 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

166X2008000400002&lng=en&nrm=iso>. access

on 30 July 2020. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2008000400002.

SANTOS, André Faro; ALVES JUNIOR, Antônio. Estresse e estratégias de enfrentamento

em mestrandos de ciências da saúde. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 20, n. 1, p. 104-

113, 2007. Acessado em 08 de julho de 2020. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

79722007000100014&lng=en&nrm=iso.

SCHMIDT, Beatriz; CREPALDI, Maria Aparecida; BOLZE, Simone Dill Azeredo; SILVA,

Lucas Neiva; DEMENECH, Lauro Miranda. Impactos na Saúde Mental e Intervenções

Psicológicas Diante da Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). Revista de Estudo de

Psicologia de Campinas-SP, p. 1-26, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/58

SOUSA, Heloisa Gomes. Ensaio clínico randomizado controlado triplo cego para avaliação

da ansiedade e estresse de crianças submetidas à sedação com midazolam oral durante

tratamento odontológico. 2013. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4436

SOUSA, Robson Simplício de; CARMO, Maria do. Compreensões acerca da Hermenêutica

na Análise Textual Discursiva: Marcas Teórico-Metodológicas à Investigação. Revista

Contexto & Educação, v. 31, n. 100, p. 33-55, 2017. Acessado em 25 de outubro de 2019.

Disponivel em https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/6395

TAVARES Cássia Quelho. Dimensões do cuidado na perspectiva da espiritualidade durante a

pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19). Journal Health NPEPS. V. 5, n. 1, p. 1-4,

2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

http://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/04/1095168/4517-15943-1-pb.pdf

TAYLOR, Steven. The psychology of pandemics: Preparing for the next global outbreak

of infectious disease. Cambridge Scholars Publishing, 2019.

VILLELA, Daniel Antunes Maciel. The value of mitigating epidemic peaks of COVID-19 for

more effective public health responses. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

41

Tropical, v. 53, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037-86822020000100500&script=sci_arttext

42

NÍVEIS DE ANSIEDADE DE ENFERMEIROS DURANTE A PANDEMIA COVID-19:

estudo transversal

Fabrício Bezerra Eleres

Fernanda Jorge Magalhães

Karla Maria Carneiro Rolim

Thereza Maria Magalhães Moreira

Virna Ribeiro Feitosa Cestari

Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu

Resumo

Objetivo: Identificar os níveis de ansiedade e seus fatores intervenientes em

Enfermeiros durante a pandemia Covid-19. Método: Estudo transversal analítico, realizado

com 58 mestrandos de Instituição de Ensino Superior (IES) privada, localizada em capital do

Nordeste brasileiro. Os dados foram obtidos por meio de dois questionários: um com dados

sociodemográficos e o Inventário de Ansiedade Traço-Estado. A associação entre as variáveis

foi testada com uso do teste qui-quadrado de Pearson (p<0,05) e a força dessa associação pela

razão de chances, sendo a regressão logística (método backward) utilizada para ajuste do

modelo. Resultados: Buscou-se identificar nos enfermeiros pesquisados seus níveis de

ansiedade estado e fatores intervenientes. Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, 52

(89,7%) eram mulheres e 38 (65,5%) eram casados. A idade média foi de 36,0 ± 6,9 anos.

Observou-se que a maioria dos participantes possuía carga horária semanal de até 40 horas

(37; 63,8%), com mínimo de 30 horas e máximo de 114 horas. Observou-se que o estado de

ansiedade apresentou variação de baixo até alto nível, sendo a maioria com nível médio de

ansiedade (62,1%). Observou-se associação significativa entre faixa etária e nível de

ansiedade: ter até 36 anos foi fator protetor para ansiedade média/alta (p=0,032;

OR=0,28[0,09-0,92]). Entraram no modelo de regressão as variáveis faixa etária e ter

companheiro (p=0,133). Conclusão: Ficou evidente que a ansiedade está presente entre os

enfermeiros durante a pandemia do novo coronavírus.

Descritores: Coronavirus. Pandemia. Ansiedade. Estudantes. Pós-graduação. Enfermagem.

43

Introdução

A ansiedade é um estado de maior vigilância e capacidade de resposta, que resulta em

uma série de comportamentos defensivos mensuráveis. Esses comportamentos servem para

prevenir ou reduzir os danos ao organismo diante de situações inesperadas e potencialmente

perigosas. Portanto, a ansiedade é um mecanismo fisiológico adaptativo, essencial à

sobrevivência. No entanto, a desregulação dos circuitos de ansiedade devido a causas

genéticas ou adquiridas devida a diversos fatores, como estresse, carga emocional de medo e

apreensão excessivos, que podem levar a distúrbios de ansiedade (CRASKE, 2016).

Na classificação de diagnósticos de enfermagem da NANDA International, Inc

(NANDA), ansiedade e medo são definidos respectivamente como: “um estado subjetivo no

qual o indivíduo experimenta um sentimento de incômodo e inquietação, cuja fonte é,

frequentemente, inespecífica ou desconhecida por ele” e como o “estado no qual o indivíduo

apresenta um sentimento de temor relacionado a uma fonte identificável que ele pode

verificar” (NANDA-I, 2018). Portanto, o contexto da pandemia requer maior atenção ao

enfermeiro, que está mais sujeito a ter sua saúde mental afetada, seja por situações

vivenciadas direta ou indiretamente. É recorrente o aumento dos sintomas de ansiedade,

depressão, perda da qualidade do sono, aumento do uso de drogas lícitas e ilícitas, sintomas

psicossomáticos e medo de se infectar ou transmitira infecção a membros da família

(BRASIL, 2020).

O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) (State-Trait Anxiety Inventory –

STAI) é um instrumento de autoaplicação. As versões mais atuais do STAI são consideradas o

padrão-ouro para avaliação e mensuração de ansiedade em diferentes contextos de pesquisa,

bem como para diversas situações clínicas(GORENSTEIN; WANG; HUNGERBÜHLER,

2016). Estudos sugerem que esta pandemia provoca efeitos deletérios na saúde mental dos

estudantes universitários (MAIA; DIAS, 2020). Nesse contexto, cabe destacar enfermeiros

mestrandos que estão na “linha de frente”. No cotidiano do mestrado também são

configuradas demandas micro-estressoras que tendem a se acumular durante o período em que

o estudante está envolvido com múltiplas atividades, dentro e fora da pós-graduação

(SANTOS; ALVES JUNIOR, 2007).

Portanto, considerando a soma desses fatores, objetivou-se identificar os níveis de

ansiedade e seus fatores intervenientes em Enfermeiros durante a pandemia Covid-19.

Método

44

Tipo do estudo e local

Estudo transversal analítico, realizado em uma Instituição de Ensino Superior (IES)

privada, no município de Fortaleza-Ceará-Brasil e adotou como embasamento o guideline

STROBE para estudos transversais.

População e amostra

A população foi composta por enfermeiros, com 18 ou mais anos, mestrandos ou

egressos do Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem (MPTIE), de

uma Universidade privada cearense. Integraram a população e foram convidados ao estudo

120 enfermeiros da linha de frente de combate à Covid-19 e 63 deles retornaram um

questionário respondido, dos quais 58 confirmaram trabalhar em instituições de saúde durante

a Pandemia.

Coleta de dados

Considerando esse período de distanciamento social, inicialmente, o convite para

participação no estudo foi por meio de WhatsApp. Esse convite foi para o preenchimento de

questionário. Portanto, para a coleta de dados foi aplicado um instrumento via on-line, feito

pela ferramenta Google Forms, que teve sua primeira parte com características

sociodemográficas (sexo, idade, carga-horária de trabalho, estado civil). Foi realizada

avaliação dos níveis de ansiedade por meio do Inventário de Ansiedade Traço - Estado

(IDATE). O formulário foi enviado pelo grupo do WhatsApp dos cinco grupos do mestrado.

Os que aceitaram participar voluntariamente registraram via e-mail sua aceitação no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

O Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) é constituído por duas escalas, uma

para medir a ansiedade – traço e outro para medir a ansiedade – estado, sendo cada uma

composta por 20 itens, cada uma contendo quatro alternativas resposta, que descreviam como

geralmente sensações presentes nos sujeitos, que assinalavam uma das alternativas: 1-quase

nunca; 2-às vezes; 3-frequentemente; 4-quase sempre. A escala ansiedade-estado requer que o

sujeito responda como se sente num determinado momento, assinalando uma das alternativas:

1-absolutamente não; 2- um pouco; 3-bastante e 4-muitíssimo. O somatório dos valores

obtidos em cada resposta (escore final) varia de 20 a 80 pontos e corresponde ao nível de

ansiedade, sendo estratificados em baixo nível de ansiedade (20-40 pontos); médio nível de

ansiedade (41-60 pontos) alto nível de ansiedade (61-80 pontos). O instrumento utilizado para

coleta de dados foi adaptado de Santos e Galdeano (2009).

45

Para quantificação e interpretação das respostas, atribui-se uma pontuação

correspondente à resposta dada para cada uma das perguntas. Os escores para as perguntas de

caráter positivo são invertidos, ou seja, se o indivíduo responder 4, atribui-se valor 1 na

codificação; se responder 3, atribui-se valor 2; se responder 2, atribui-se valor 3; e se

responder 1, atribui-se valor 4. Para o IDATE – estado, as perguntas negativas são: 3, 4, 6, 7,

9, 12, 13, 14, 17,18; e as positivas: 1, 2, 5, 8, 10, 11, 15, 16, 19, 20. E para o IDATE – traço,

as perguntas negativas são: 2, 3, 4, 5, 8, 9, 11, 12, 14, 15, 17, 18, 20; e as positivas: 1, 6, 7, 10,

13, 16, 19 (KAIPPER, 2008), sendo estratificado em normal (40 pontos), ansiedade (>42

pontos) e depressão (<38 pontos).

Análise e interpretação dos achados

A entrada dos dados quantitativos foi realizada usando-se a planilha eletrônica Excel

2003 for Windows, sendo estes dados posteriormente submetidos à análise estatística no

programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 23.0). Estatísticas

descritivas foram realizadas para as variáveis qualitativas, por meio de frequências absolutas e

relativas. Para as variáveis quantitativas contínuas e discretas foi calculada média, desvio-

padrão, mediana, mínimo e máximo. A normalidade das variáveis foi verificada pelo teste

Kolmogorov-Smirnov.

A associação entre as variáveis sexo, faixa etária, presença de companheiro e carga

horária de trabalho semanal e o desfecho (ansiedade baixa ou média/alta) foi avaliada com

uso do teste qui-quadrado de Pearson, sendo considerado estatisticamente significativo o

valode p<0,05. A força dessa associação foi mensurada utilizando o cálculo da razão de

chances (Odds Ratio-OR) e regressão logística pelo método backward para ajuste do modelo.

Para entrada das variáveis no modelo, foi considerado o p<0,20 e para a sua permanência o

p<0,05.

Aspectos Éticos e Legais

Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas contidas na Resolução

nº 466, de 12 de dezembro de 2012 a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras

de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (BRASIL, 2012). O projeto foi aprovado pelo

Comitê de ética em pesquisa com o Número de Parecer: 4.119.658.

46

Resultados

Buscou-se identificar os níveis de ansiedade estado e seus fatores intervenientes. Em

análise à Figura 1, observou-se que o estado de ansiedade apresentou variação de baixo até

alto, tendo a maioria nível médio de ansiedade (62,1%).

Figura 1. Níveis de estado de ansiedade dos enfermeiros. Fortaleza, Ceará. 2020.

Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, 52 (89,7%) eram mulheres e 38 (65,5%)

eram casados. A idade média foi de 36,0 ± 6,9 anos, com mínima de 25 anos e máxima de 55

anos; 30 (51,7%) tinham até 36 anos. Observou-se que a maioria dos participantes possuía

carga horária semanal de até 40 horas (37; 63,8%), com mínima de 30 horas e máxima de 114

horas. No que concerne às associações entre as variáveis e o desfecho clínico de ansiedade

(Tabela 1), observou-se associação significativa entre faixa etária e nível de ansiedade: ter até

36 anos foi fator protetor para ansiedade média/alta (p=0,032; OR=0,28[0,09-0,92]). Entraram

no modelo de regressão as variáveis faixa etária e ter um companheiro (p=0,133).

Tabela 1. Fatores intervenientes no nível de ansiedade. Fortaleza-Ceará. 2020.

Variáveis Ansiedade p-valor OR (IC95%)c

Baixa Média/Alta

n % n %

Faixa etária 0,032a

Até 36 anos 06 20,0 24 80,0 0,28 (0,09-0,92)

> 36 anos 3 46,4 15 53,6 1

Sexo 0,355b

Feminino 16 30,8 36 69,2 0,44 (0,81-2,44)

Masculino 03 50,0 03 50,0 1

Companheiro(a) 0,133a

32,8%

62,1%

5,2%

Baixo

Médio

Alto

0 50 100

Baixo Médio Alto

47

Sim 15 39,5 23 60,5 2,60 (0,73-9,32)

Não 04 20,0 16 80,0

Carga horária semanal 0,217a

Até 40 horas 10 27,0 27 73,0 0,49 (0,16-1,52)

> 40 horas 09 42,9 12 57,1 1

Legenda: a = Qui-Quadrado de Pearson; b = Razão de Verossimilhança; c = Odds ratio

(intervalo de confiança de 95%).

Conforme mostra a Tabela 2, permaneceu no modelo final da regressão apenas a faixa

etária (p=0,036; OR = 0,288[0,090-0,923]), revelando-se como fator protetor para o nível de

ansiedade nos participantes desta pesquisa.

Tabela 2. Etapas do modelo de regressão logística para as variáveis sociodemográficas.

Fortaleza--Ceará. 2020.

Etapas Ba OR

b

ajustado

Intervalo de

confiança a 95%

p-valor

Inferior Superior

1ª etapa

Constante 1,746 (2,068) 5,734 0,150

Sexo 0,843 (0,760) 2,323 0,349 15,465 0,383

Faixa etária -1,280 (4,001) 0,278 0,079 0,974 0,045

Companheiro -1,134 (2,331) 0,322 0,075 1,380 0,127

Carga horária semanal -0,673 (0,974) 0,510 0,134 1,941 0,324

2ª etapa

Constante 2,496 (8,576) 12,129 0,003

Faixa etária -1,164 (3,581) 0,312 0,093 1,043 0,058

Companheiro -1,138 (2,436) 0,320 0,077 1,338 0,119

Carga horária semanal -0,867 (1,832) 0,420 0,120 1,475 0,176

3ª etapa

Constante 1,963 (8,579) 7,121 0,003

Faixa etária -1,188 (3,889) 0,305 0,094 0,993 0,049

Companheiro -0,871 (1,684) 0,419 0,112 1,559 0,194

4ª etapa

Constante 1,386 (9,225) 4,000 0,002

Faixa etária -1,243 (4,392) 0,288 0,090 0,923 0,036

R2

= 0,077 (Cox e Snell), R2 = 0,108 (Nagelkerke); x2 do modelo = 68,697; p < 0,001

Legenda: a = erro padrão; b = Odds ratio.

48

Discussão

Todas as pandemias são geradoras de forte impacto social, econômico e político. Em

2020, além de todos os esforços da comunidade científica para se chegar à etiologia e ao

tratamento da COVID-19, as respostas à questão têm sido várias e têm implicado áreas

diversas do conhecimento (MAIA; DIAS, 2020).

Na área de saúde mental, cabe destacar o impacto em profissionais de saúde. Em

estudo realizado por Zhang et al. (2020a) junto a 1.563 médicos que atuavam em hospitais de

diferentes cidades chinesas, constatou-se prevalência de sintomas de estresse em 73,4% dos

respondentes, depressão em 50,7%, ansiedade em 44,7%, e insônia em 36,1%. No que diz

respeito ao estresse e insônia, em particular, é provável a ocorrência de círculo vicioso, em

que as dificuldades para dormir aumentavam os níveis de estresse e vice-versa (ZHANG et

al., 2020a).

Há implicações psicológicas também em estudantes. Um estudo teve como objetivo

explorar os níveis de ansiedade, depressão e estresse em estudantes universitários

portugueses, comparando dois momentos distintos, isto é, um período normal (2018 e 2019) e

o período pandêmico (entre a suspensão das aulas e a decretação do estado de emergência em

Portugal), os resultados confirmam aumento significativo de perturbação psicológica

(ansiedade, depressão e estresse) entre estudantes universitários no período pandêmico

comparativamente a períodos normais (MAIA; DIAS, 2020).

Diante do exposto, neste estudo, foi aplicado o instrumento para avaliação da

Ansiedade-Estado dos enfermeiros mestrandos, que atuam em serviços de saúde neste período

da Pandemia. Os resultados mostraram que, concerne às associações entre variáveis e

desfecho ansiedade, observou-se associação significativa entre faixa etária e nível de

ansiedade.

A Ansiedade-Estado é considerada como um estado emocional transitório ou condição

do organismo humano, que é caracterizado por sentimentos desagradáveis de tensão e

apreensão conscientemente percebidos, que variam de intensidade segundo as formas de

reação aos estímulos (SPIELBERGER, 1966). Os resultados mostraram que o estado de

ansiedade apresentou variação de baixo até alto, estando a maioria com nível médio de

ansiedade(62,1%).

O IDATE é um instrumento de fácil aplicação e interpretação, e de boa/ótima

aceitação pelo respondente. É uma escala versátil a diferentes contextos e situações de

ansiedade e estresse. Sua validade foi adequadamente investigada e estabelecida em diferentes

49

populações e países, com bons níveis de confiabilidade. As versões brasileiras do STAI estão

adequadamente traduzidas e validadas, bem como se mostram úteis aos clínicos aos

pesquisadores. Ressalta-se também que o IDATE é um instrumento sensível de rastreamento

de sinais e sintomas de ansiedade traço-estado, mas não foi especificamente desenvolvido

para estabelecer diagnóstico de psicopatologias relacionadas à ansiedade (GORENSTEIN;

WANG; HUNGERBÜHLER, 2016).

Estudos têm sugerido que o medo de ser infectado por um vírus potencialmente fatal,

de rápida disseminação, cujas origens, natureza e curso ainda são pouco conhecidos, acaba

por afetar o bem-estar psicológico de muitas pessoas (ASMUNDSON; TAYLOR, 2020;

CARVALHO et al., 2020). Sintomas de depressão, ansiedade e estresse diante da pandemia

têm sido identificados na população geral (WANG et al., 2020) e, em particular, nos

profissionais da saúde. Ademais, casos de suicídio potencialmente ligados aos impactos

psicológicos da COVID-19 também já foram reportados em alguns países, como na Coreia do

Sul e na Índia (JUNG; JUN, 2020; GOYAL et al., 2020).

Afora os impactos psicológicos diretamente relacionados à Covid-19, medidas para

contenção da pandemia também podem consistir em fatores de risco à saúde mental. Em

revisão de literatura sobre a quarentena, Brooks et al., (2020) identificaram que os efeitos

negativos dessa medida incluem sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva.

Preocupações com a escassez de suprimentos e as perdas financeiras também acarretam

prejuízos ao bem-estar psicológico (SCHIMIDT et al., 2020).

Com base na ideia de que uma pandemia pode se tornar uma catástrofe em saúde

mental, e nos fatos de que, diferentemente do que ocorreu com a SARS, o novo coronavírus é

propagado por pessoas ainda assintomáticas e não há expectativas claras a respeito de quando

será possível controlar a disseminação, pode-se dizer que as proporções atualmente tomadas

pela pandemia da Covid-19 se aproximam daquela definição. Entretanto, a adequação a essa

noção de catástrofe só não se consolida na íntegra, neste momento, porque o evento ainda está

em curso e há diferentes estágios da pandemia em diferentes países (e mesmo dentro de cada

país).

O atual cenário de potencial catástrofe em saúde mental requer ainda mais atenção do

poder público e somente será devidamente conhecido depois de passado o período de

pandemia. Portanto, esforços imediatos devem ser empregados, em todos os níveis e pelas

mais diversas áreas de conhecimento, a fim de minimizar resultados negativos na saúde

mental dos profissionais de saúde e população. Cabe, enfim, investir em adequada assistência

50

à saúde e, sobretudo, na ciência em geral, para que esse período seja abreviado e que os

profissionais de saúde estejam capacitados para os desafios do cuidado.

Limitações do estudo

Devido à pandemia do novo coronavirus somente foi possível realização do estudo

com parte dos mestrandos atuais e egressos, devido ao distanciamento e isolamento social.

Vale ressaltar que a intervenção presencial inicialmente prevista ficou comprometida porque

muitas participantes tiveram dificuldade de participar por falta de tempo por estarem dando

plantão, cuidando de pessoas com Covid-19.

Considerações finais

A maioria dos enfermeiros pesquisados apresentou nível de ansiedade-estado

moderado, ressaltando a necessidade de intervenções direcionadas à busca de estratégias de

enfrentamento.

Sugerem-se novas pesquisas com enfermeiros em nível de pós-graduação para que se

possa realizar outras intervenções para buscar identificar os níveis de ansiedade estado e

assim elaborar estratégias para trabalhar com esse publico-alvo.

Referências

BROOKS, Samantha; WEBSTER, Rebecca; SMITH, Louise; WOODLAND, Lisa;

WESSELY, Fmedsci; GREENBERG ; RUBIN, James . The psychological impact of

quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The Lancet, 2020. Acessado

em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673620304608

CRASKE, Michelle GOMES. Melhorando os resultados para pacientes com ansiedade

resistente a medicamentos: efeitos do cuidado colaborativo com terapia cognitivo-

comportamental. Depressão e Ansiedade , v. 33, n. 12, p. 1099-1106, 2016. Acessado em 10

de julho de 2020. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/da.22574

GOYAL, Kapil; CHAUHAN, Poonam; CHHIKARA; GUPTA, Parakriti; SINGH, Mini. Fear

of COVID 2019: First suicidal case in India!. Asian journal of psychiatry, v. 49, p. 101989,

51

2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7130010/

GORENSTEIN, C.; WANG, Y; HUNGERBÜHLER, I. Instrumentos de avaliação em saúde

mental [recurso eletrônico]/Organizadores, Clarice Gorenstein, Yuan-Pang Wang, Ines

Hungerbühler. – Porto Alegre : Artmed, 2016. e-PUB. Editado como livro impresso em 2016.

MAIA, Berta Rodrigues; DIAS, Paulo César. Ansiedade, depressão e estresse em estudantes

universitários: o impacto da COVID-19. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v.

37, e200067, 2020 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

166X2020000100504&lng=en&nrm=iso>. access on 10 Aug. 2020. Epub May 18,

2020. https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200067.

NANDA. North American Nursing Diagnosis Association. NANDA Nursing Diagnoses:

definitions and classification - 2018-2020. Philadelphia (PA): North American Nursing

Diagnosis Association, 2018.

OLIVEIRA, Wanderlei Abadio de CARDOSO, Érika Arantes de Oliveira; SILVA, Jorge Luiz

da; SANTOS, Manoel Antônio dos. Impactos psicológicos e ocupacionais das sucessivas

ondas recentes de pandemias em profissionais da saúde: revisão integrativa e lições

aprendidas. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 37, e200066, 2020. Acessado em 07

de julho de 2020. Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103166X2020000100503&lng=pt

&nrm=iso

SANTOS, André Faro; ALVES JUNIOR, Antônio. Estresse e estratégias de enfrentamento

em mestrandos de ciências da saúde. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 20, n. 1, p. 104-

113, 2007. Acessado em 08 de julho de 2020. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

79722007000100014&lng=en&nrm=iso.

SCHMIDT, Beatriz et al. Impactos na Saúde Mental e Intervenções Psicológicas Diante da

Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). Revista de Estudo de Psicologia de

Campinas-SP, p. 1-26, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/58

SCHMIDT, Beatriz; CREPALDI, Maria Aparecida; BOLZE, Simone Dill Azeredo; SILVA,

Lucas Neiva; DEMENECH, Lauro Miranda. Impactos na Saúde Mental e Intervenções

Psicológicas Diante da Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). Revista de Estudo de

Psicologia de Campinas-SP, p. 1-26, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/58

SCHMIDT, Denise Rodrigues Costa; DANTAS, Rosana Aparecida Spadoti; MARZIALE,

Maria Helena Palucci. Ansiedade e depressão entre profissionais de Enfermagem que atuam

em blocos cirúrgicos. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 45, n. 2, p. 487-493, 2011. Acessado em 25

52

de abril de 2020. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342011000200026&lng=en

&nrm=iso

SOUSA, Heloisa Gomes. Ensaio clínico randomizado controlado triplo cego para avaliação

da ansiedade e estresse de crianças submetidas à sedação com midazolam oral durante

tratamento odontológico. 2013. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4436

SPIELBERGER, C. D. Anxiety and behavior New York: Academic. Patterns of Self-

Talk/89, 1966.

WANG, Cuiyan, PAN, Riyu; WAN, Xiaoyang; TAN, Yilin; XU, Linkang; HO, Cyrus Roger .

Immediate psychological responses and associated factors during the initial stage of the 2019

coronavirus disease (COVID-19) epidemic among the general population in

China. International journal of environmental research and public health, v. 17, n. 5, p.

1729, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponivel em: https://www.mdpi.com/1660-

4601/17/5/1729/htm

ZHANG, José: WU, Wesly; ZHAO, XAU, Zhang. Recommended psychological crisis

intervention response to the 2019 novel coronavirus pneumonia outbreak in China: A model

of West China Hospital. Precision Clinical Medicine, 3(1), 3-8. 2020. Acessado em 10 de

julho de 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7047000/

53

6. CONCLUSÃO

Os discursos revelaram ansiedade, cansaço, medo, insegurança, angústia e dor dos

enfermeiros. Contudo, o aparecimento de palavras como tranquilidade e bem nos discursos

ressaltam atitudes de confronto, superação e esperança

Quanto ao momento Síncrono, organizado pelos pesquisadores, participaram 16

enfermeiros e oito desses conseguiram definir essa estratégia como otimismo; confiança;

aprendizado; gratidão; excelência, dentre outras.

Buscou-se identificar os níveis de ansiedade estado e seus fatores intervenientes.

Dentre os que referiram sentir-se ansiosos, a grande maioria era de mulheres e mais da metade

de casadas e na quarta década de vida. Observou-se que a maioria dos participantes possuía

carga horária semanal de até quarenta horas. Observou-se que o estado de ansiedade

apresentou variação de baixo até alto, estando a maioria com nível médio de ansiedade.

Houve associação significativa entre faixa etária e nível de ansiedade, pois ter até 36

anos foi fator protetor para ansiedade média/alta. Entraram no modelo de regressão as

variáveis faixa etária e ter um companheiro.

Na pandemia, foi evidente a preocupação dos enfermeiros com seus familiares, bem

como medo, preocupação e ansiedade nos discursos. Requisitam-se ações da gestão de

pessoas para favorecer o controle/administração desses sentimentos.

54

REFERÊNCIAS

BAO, Yanping; SUN, Yankun Sun; MENG,Shiqiu; SHI, Jiei; LU, Lin . 2019-nCoV

epidemic: address mental health care to empower society. The Lancet, v. 395, n. 10224, p.

e37-e38, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponivel em:

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(20)30309-3/fulltext

BARBOSA, Diogo Jacintho; GOMES, Marcia Pereira; SOUZA, Fabiana Barbosa

Assumpção; GOMES, Antonio Marcos Tosoli. Fatores de estresse nos profissionais de

Enfermagem no combate à pandemia da COVID-19. Comunicação em Ciências da Saúde,

v. 31, n. Suppl 1, p. 31-47, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020.

http://www.escs.edu.br/revistaccs/index.php/comunicacaoemcienciasdasaude/article/view/651

BARROS-DELBEN, Paola; CRUZ, Roberto Moraes; TREVISAN, Karen Rayany Ródio;

GAI, Maria Julia Pegoraro; CARVALHO, Raquel Vieira Costa; CARLOTTO, Pedro Augusto

Crocce; ALVES, Roberta Borghetti; ORNELLAS, Daniela Silvestre Cristiana; SILVA,

Renner Antonio Geraldo; DINIZ, Leandro Fernandes Malloy. Saúde mental em situação de

emergência: COVID-19. Revista Debates in Psychiatry, 10. 2020. Acessado em 30 de março

de 2020. Disponível em: https://d494f813-3c95-463a-

898cea1519530871.filesusr.com/ugd/c37608_e2757d5503104506b30e50caa6fa6aa7.pdf

BRASIL. Ministério da Saúde (2020a). Painel coronavírus. Acessado em 03 de abril de

2020. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde (CNS). 240ª Reunião Ordinária,

dezembro de 2012. Resolução nº 466/2012 que trata de pesquisas e testes em seres humanos.

Brasília: MS, 2012.

BROOKS, Samantha; WEBSTER, Rebecca; SMITH, Louise; WOODLAND, Lisa;

WESSELY, Fmedsci; GREENBERG ; RUBIN, James . The psychological impact of

quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. The Lancet, 2020. Acessado

em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0140673620304608

BRUNNER, Lillian Sholtis. Brunner & Suddarth's textbook of medical-surgical nursing.

Lippincott Williams & Wilkins, 2010.

CAMARGO, Brigido Vizeu; JUSTO, Ana Maria. IRAMUTEQ: um software gratuito para

análise de dados textuais. Temas em psicologia, v. 21, n. 2, p. 513-518, 2013. Acessado em

10 de julho de 2020. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/5137/513751532016.pdf

CARVALHO, Poliana Moreira de Medeiros; MOREIRA, Marcial Moreno;

OLIVEIRA, Matheus Nogueira Arcanjo; LANDIM, José Marcondes Macedo;

NETO, Modesto Leite Rolim. The psychiatric impact of the novel coronavirus

55

outbreak. Psychiatry research, v. 286, p. 112902, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020.

Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7133679/

CASTRO, J. Temas de medicina psicossomática: A ciência do Estresse. UFC, 2002.

CHEN, Qiongni Chen; LIANG, Mineração; LI, Yamin; GUO, Jincai; FEI, Dongxue WANG;

Ling. Mental health care for medical staff in China during the COVID-19 outbreak. The

Lancet Psychiatry, v. 7, n. 4, p. e15-e16, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020.

Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanpsy/article/PIIS2215-0366(20)30078-

X/fulltext

CRASKE, Michelle GOMES. Melhorando os resultados para pacientes com ansiedade

resistente a medicamentos: efeitos do cuidado colaborativo com terapia cognitivo-

comportamental. Depressão e Ansiedade , v. 33, n. 12, p. 1099-1106, 2016. Acessado em 10

de julho de 2020. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/da.22574

DUAN, Li; ZHU, Gang. Psychological interventions for people affected by the COVID-19

epidemic. The Lancet Psychiatry, v. 7, n. 4, p. 300-302, 2020. Acessado em 10 de julho de

2020. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanpsy/article/PIIS2215-

0366(20)30073-0/fulltext

FERGUSON, Neil; LAYDON, Daniel; GILANI, Gemma Nedjati; IMAI, Natsuko; AINSLIE,

Kylie; BAGUELIN, Marc, BHATIA, Sangeeta; BOONYASIRI, Adhiratha Boonyasiri.

Report 9: Impact of non-pharmaceutical interventions (NPIs) to reduce COVID19 mortality

and healthcare demand. 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://pdfs.semanticscholar.org/8c73/19446bd3e435ede14852e22be6b60b6f5127.pdf

FERRARI, Filipe. COVID-19: Dados Atualizados e sua Relação com o Sistema

Cardiovascular. Porto Alegre - RS, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível

em:https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066782X2020005007206&script=sci_arttext&tln

g=pt

FIOCRUZ. Fundação Osvaldo Cruz. Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia

Covid19. Rio de Janeiro. 2020. Acessado em: 10 de julho de 2020. disponível em:

https://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/documentos/cartilha_recomendacoes_gerai

s_06_04.pdf

FRANÇA, Salomão Patrício de Souza; MARTINO, Milva Maria Figueiredo; SILVA, Lemoel

Leandro; MELO, Luana de Fátima da Silva; COSTA, Cíntia Germano; MOURA, Marta

Maria de Souza; VASCONCELOS, Eduardo Motta. Critical analysis on the concept of stress

in health care used in scientific publications. Rev enferm UFPE on line. V.6, n. 10, p. 2542-

2550, 2012. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/7499

GARCIA, Leila Posenato; DUARTE, Elisete. Intervenções não farmacológicas para o

enfrentamento à epidemia da Covid-19 no Brasil, v. 29, n. 2, p. e2020222, 2020.

56

Disponível em: acessado em 27 de maio de 2020. Disponivel em: http://www.coren-

ro.org.br/resolucao-cofen-35809-dispoe-sobre-a-sistematizacao-da-assistencia-de-

Enfermagem-e-a-implementacao_800.html

GIORDANI, Annecy Tojeiro. Complicações em pacientes queimados: revisão

integrativa. Revista Eletrônica Gestão e Saúde, n. 2, p. 535-548, 2016. Acessado em 10 de

julho de 2020. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5555886

GOYAL, Kapil; CHAUHAN, Poonam; CHHIKARA; GUPTA, Parakriti; SINGH, Mini. Fear

of COVID 2019: First suicidal case in India!. Asian journal of psychiatry, v. 49, p. 101989,

2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7130010/

HALL, Ryan; HALL, Richard; CHAPMAN, Marcia. The 1995 Kikwit Ebola outbreak:

lessons hospitals and physicians can apply to future viral epidemics. General hospital

psychiatry, v. 30, n. 5, p. 446-452, 2008. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0163834308000777

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço . Editora Vozes Limitada, 2015.

JIANG, Xixi; DENG, Lili; ZHU, Yuncheng; JI, Haifeng; TAO, Lily; LIU, Li Liu; YANG,

Daoliang; JI, Weidong . Psychological crisis intervention during the outbreak period of new

coronavirus pneumonia from experience in Shanghai. Psychiatry Research, p. 112903, 2020.

Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165178120304200

JUNG, Sun Jae; JUN, Jin Yong. Saúde mental e intervenção psicológica em meio ao surto de

COVID-19: perspectivas da Coréia do Sul. Yonsei medical journal , v. 61, n. 4, p. 271-272,

2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://synapse.koreamed.org/DOIx.php?id=10.3349/ymj.2020.61.4.271

KAMIL, Maria Terumi Maruyama; LAROCCA, Liliana Müller; CHAVES, Maria Marta

Nolasco; LOWEN Ingrid Margareth Voth; SOUZA, Viviam Mara Pereira; GOTO, Dora

Yoko Nozaki. Working in the street clinic: use of IRAMUTEQ software on the support of

qualitative research. Esc Anna Nery, v. 20, n. 3, p. 20160069, 2016. Acessado em 10 de julho

de 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/en_1414-8145-ean-20-03-

20160069.pdf

LI, Wen; YANG, Yuan; LIU,

Zi-Han; ZHAO,

Yan-Jie; ZHANG,

Qinge; ZHANG,

Ling;

CHEUNG, Teris ; XIANG, Yu-Tao Xiang. Progression of mental health services during the

COVID-19 outbreak in China. International journal of biological sciences, v. 16, n. 10, p.

1732, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7098037/

57

MAIA, Berta Rodrigues; DIAS, Paulo César. Ansiedade, depressão e estresse em estudantes

universitários: o impacto da COVID-19. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v.

37, e200067, 2020. Acessado em 07 de julho de 2020. Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

166X2020000100504&lng=pt&nrm=iso

MATOS, Haroldo José. A próxima pandemia: estamos preparados?. Revista Pan-Amazônica

de Saúde, v. 9, n. 3, p. 3-3, 2018. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232018000300009

MICHAELIS. Moderno dicionário online da Língua Portuguesa, 2018.

MONTEIRO, Claudete Ferreira de Souza; FREITAS, Jairo Francisco de Medeiros Freitas;

RIBEIRO, Artur Assunção Pereira Ribeiro.. Estresse no cotidiano acadêmico: o olhar dos

alunos de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Esc Anna Nery R Enferm., v.11,

n.1, p. 66-72, 2007. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-81452007000100009&script=sci_arttext

NANDA. North American Nursing Diagnosis Association. NANDA Nursing Diagnoses:

definitions and classification - 2018-2020. Philadelphia (PA): North American Nursing

Diagnosis Association, 2018.

OLIVEIRA, Wanderlei Abadio de CARDOSO, Érika Arantes de Oliveira; SILVA, Jorge Luiz

da; SANTOS, Manoel Antônio dos. Impactos psicológicos e ocupacionais das sucessivas

ondas recentes de pandemias em profissionais da saúde: revisão integrativa e lições

aprendidas. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 37, e200066, 2020. Acessado em 07

de julho de 2020. Disponível em

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103166X2020000100503&lng=pt

&nrm=iso

OMS. Organização Mundial da Saúde (2020a). Coronavirus disease (COVID-19) situation

dashboard. Acessado em 03 de abril de 2020. Disponível em:

https://experience.arcgis.com/experience/685d0ace521648f8a5beeeee1b9125cd

ORNELL, Felipe SCHUCH, Jaqueline; SORDI, Anne Sordi; KESSLE, Felix Henrique Paim

Kesslel. “Medo pandêmico” e COVID-19: ônus e estratégias de saúde mental. Revista

Brasileira de Psiquiatria , v. 42, n. 3, p. 232-235, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020.

Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-

44462020000300232&script=sci_arttext

RIBEIRO, Carlos Batista; MELO Leonardo Araujo; RIBEIRO, José Carlos. O estresse do

graduando de Enfermagem no âmbito da universidade. Neurobiologia, v.74, n. 2, p. 163-170,

2011. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-31082018-155141/publico/.pdf

RODRIGUES, Luis Alberto de Sousa. Adesão ao uso dos equipamentos de proteção

individual pela equipe de enfermagem no ambiente hospitalar Adherence to the use of

58

personal protective equipment by the nursing staff in the hospital environment Adhesión al

uso del equipo de protección personal por parte del personal de enfermería. Soc. Dev, v. 9, n.

1, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível

em:https://pdfs.semanticscholar.org/bee3/791306b584af791b129ccbfdb69ace71ebd1.pdf

RUSSELL, Timothy W. et a HELLWELL, Joel; ABBOTT, Sam; JARVIS, Christopher;

ZANDVOORT, Kevin van; RATNAYAKE, Ruwan; FLASCHE, Stefan; EGGO, Rosalind;

EDMUNDS, John . Using a delay-adjusted case fatality ratio to estimate under-

reporting. Centre for Mathematical Modeling of Infectious Diseases Repository, 2020.

Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em: https://fondazionecerm.it/wp-

content/uploads/2020/03/Using-a-delay-adjusted-case-fatality-ratio-to-estimate-under-

reporting-_-CMMID-Repository.pdf

SALLES, Léia Fortes; SILVA, Maria Júlia Paes da. A identificação da ansiedade por meio da

análise da íris: uma possibilidade. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 33, n. 1, p. 26-31,

2012. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-

14472012000100004&script=sci_arttext&tlng=pt

SALVADOR, Pétala Tuani Candido Oliveira; GOMES, Andréa Tayse de Lima;

RODRIGUES, Cláudia Cristiane Filgueira Martins; CHIAVONE, Flávia Barreto Tavares;

ALVES, Kisna Yasmin Andrade Alves; BEZERRIL, Manacés dos Santos; SANTOS, Viviane

Euzébia Pereir. Uso do software IRAMUTEQ nas pesquisas brasileiras da área da saúde: uma

scoping review. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 31, 2018. Acessado em 10 de

julho de 2020. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/8645

SANTOS, André Faro; ALVES JUNIOR, Antônio. Estresse e estratégias de enfrentamento

em mestrandos de ciências da saúde. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre , v. 20, n. 1, p. 104-

113, 2007. Acessado em 08 de julho de 2020. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

79722007000100014&lng=en&nrm=iso.

SCHMIDT, Beatriz et al. Impactos na Saúde Mental e Intervenções Psicológicas Diante da

Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). Revista de Estudo de Psicologia de

Campinas-SP, p. 1-26, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/58

SCHMIDT, Beatriz; CREPALDI, Maria Aparecida; BOLZE, Simone Dill Azeredo; SILVA,

Lucas Neiva; DEMENECH, Lauro Miranda. Impactos na Saúde Mental e Intervenções

Psicológicas Diante da Pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19). Revista de Estudo de

Psicologia de Campinas-SP, p. 1-26, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/58

59

SCHMIDT, Denise Rodrigues Costa; DANTAS, Rosana Aparecida Spadoti; MARZIALE,

Maria Helena Palucci. Ansiedade e depressão entre profissionais de Enfermagem que atuam

em blocos cirúrgicos. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 45, n. 2, p. 487-493, 2011. Acessado em 25

de abril de 2020. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342011000200026&lng=en

&nrm=iso

SOUSA, Heloisa Gomes. Ensaio clínico randomizado controlado triplo cego para avaliação

da ansiedade e estresse de crianças submetidas à sedação com midazolam oral durante

tratamento odontológico. 2013. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/4436

SOUSA, Robson Simplício de; CARMO, Maria do. Compreensões acerca da Hermenêutica

na Análise Textual Discursiva: Marcas Teórico-Metodológicas à Investigação. Revista

Contexto & Educação, v. 31, n. 100, p. 33-55, 2017. Acessado em 25 de outubro de 2019.

Disponivel em https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/6395

SPIELBERGER, C. D. Anxiety and behavior New York: Academic. Patterns of Self-

Talk/89, 1966.

TAVARES Cássia Quelho. Dimensões do cuidado na perspectiva da espiritualidade durante a

pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19). Journal Health NPEPS. V. 5, n. 1, p. 1-4,

2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

http://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/04/1095168/4517-15943-1-pb.pdf

TAYLOR, Steven. The psychology of pandemics: Preparing for the next global outbreak

of infectious disease. Cambridge Scholars Publishing, 2019.

TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 10ª Ed.

Petropolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2013. Acessado em 25 de outubro de 2019. Disponivel em

THE LANCET. COVID-19: protecting health-care workers (Editorial). The Lancet,

395(10228), 922. 2020. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30644-9

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introduçção à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa

qualitativa em educação. São Paulo: Atlas 1987. Outros números do Informe Rural ETENE:

Ano, v.3, p. 25, 2009. Acessado em 25 de outubro de 2019. Disponivel em:

http://www.hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/Trivinos-Introducao-Pesquisa-em_Ciencias-

Sociais.pdf

VILLELA, Daniel Antunes Maciel. The value of mitigating epidemic peaks of COVID-19 for

more effective public health responses. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical, v. 53, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0037-86822020000100500&script=sci_arttext

60

WANG, Cuiyan, PAN, Riyu; WAN, Xiaoyang; TAN, Yilin; XU, Linkang; HO, Cyrus Roger .

Immediate psychological responses and associated factors during the initial stage of the 2019

coronavirus disease (COVID-19) epidemic among the general population in

China. International journal of environmental research and public health, v. 17, n. 5, p.

1729, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponivel em: https://www.mdpi.com/1660-

4601/17/5/1729/htm

XIAO, Chunfeng. A novel approach of consultation on 2019 novel coronavirus (COVID-19)-

related psychological and mental problems: structured letter therapy. Psychiatry

investigation, v. 17, n. 2, p. 175, 2020. Acessado em 10 de julho de 2020. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7047000/

ZHANG, José: WU, Wesly; ZHAO, XAU, Zhang. Recommended psychological crisis

intervention response to the 2019 novel coronavirus pneumonia outbreak in China: A model

of West China Hospital. Precision Clinical Medicine, 3(1), 3-8. 2020. Acessado em 10 de

julho de 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7047000/

ZWIELEWSKI, Graziele; OLTRAMARI, Gabriela; SANTOS, Adair Roberto Soares;

NICOLAZZI, Emanuella Melina da Silva; MOURA, Josiane Albanás; SANT’ANA, Vânia

Luana Pereira; SCHLINDWEIN-ZANINI, Rachel; CRUZ, Roberto Moraes. Protocolos para

tratamento psicológico em pandemias: as demandas em saúde mental produzidas pela covid-

19. Revista Debates in Psychiatry – RDP, v.10, p. 1-8, 2020. Acessado em 10 de julho de

2020. Disponível em: http://www.hu.ufsc.br/setores/neuropsicologia/wp-

content/uploads/sites/25/2015/02/Protocolos-psic-em-pandemias-covid-final.pdf

61

APÊNDICE A

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - VRPG

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

EM ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: COVID-19 E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE

MENTAL DE ENFERMEIROS: ABORDAGEM DAS ESTRATÉGIAS DE

ENFRENTAMENTO

NOME DOS PESQUISADORES: Profa. Dra. Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu e

Fabrício Bezerra Eleres.

ENDEREÇO: Av. Washington Soares, 1321. Bloco E, Sala, E1. Bairro: Edson Queiroz.

CEP: 60.811.341. Fortaleza - CE.

TELEFONE: (85) 3477-3000.

Prezado(a) Participante,

Você está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa, desenvolvida pelo mestrando do

Mestrado Profissional em Tecnologia e Inovação em Enfermagem Fabricio Bezerra Eleres

sob a orientação da Profa. Dra. Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu. Esse primeiro

convite será para o preenchimento de questionários referentes aos sinais e sintomas de

ansiedade. Os que aceitarem participar voluntariamente, deverão registrar sua aceitação no

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os que preencherem o questionário e

desejarem participar de um momento de relaxamento por meio de comunicação síncrona, os

pesquisadores organização esse momento. Nós estamos desenvolvendo esta pesquisa porque

queremos contribuir, por meio do uso de intervenções, no manejo da ansiedade de

enfermeiros mestrandos do curso de Enfermagem.

Nós estamos desenvolvendo esta pesquisa porque queremos contribuir, por meio do uso do

uso de intervenções de Enfermagem, no manejo da ansiedade de enfermeiros mestrandos do

curso de Enfermagem.

1. POR QUE VOCÊ ESTÁ SENDO CONVIDADO A PARTICIPAR?

O convite para a sua participação se deve à você, ter 18 anos idade ou mais,

ser um mestrando do curso de Graduação em Enfermagem.

2. COMO SERÁ A MINHA PARTICIPAÇÃO?

Ao participar desta pesquisa, os seus níveis de ansiedade serão avaliados. Lembramos que a

sua participação é voluntária, isto é, ela não é obrigatória, e você tem plena autonomia e

liberdade para decidir se quer ou não participar. Você pode desistir da sua participação a

62

qualquer momento, mesmo após ter iniciado o(a)/os(as) AVALIAÇÕES, RESPOSTAS, ETC.

sem nenhum prejuízo para você. Não haverá nenhuma penalização caso você decida não

consentir a sua participação, ou desistir da mesma. Contudo, ela é muito importante para a

execução da pesquisa. A qualquer momento, durante a pesquisa, ou posteriormente, você

poderá solicitar do pesquisador informações sobre sua participação e/ou sobre a pesquisa, o

que poderá ser feito através dos meios de contato explicitados neste Termo.

3. QUEM SABERÁ SE EU DECIDIR PARTICIPAR?

Somente o pesquisador responsável e sua equipe saberá que você está participando desta

pesquisa. Ninguém mais saberá da sua participação. Entretanto, caso você deseje que o seu

nome / seu rosto / sua voz ou o nome da sua instituição conste do trabalho final, nós

respeitaremos sua decisão. Basta que você marque ao final deste termo a sua opção.

4. GARANTIA DA CONFIDENCIALIDADE E PRIVACIDADE.

Todos os dados e informações que você nos fornecer serão guardados de forma sigilosa.

Garantimos a confidencialidade e a privacidade dos seus dados e das suas informações. Tudo

que o(a) Sr.(a) nos fornecer ou que sejam conseguidas por AVALIAÇÕES, DADOS

PESSOAIS, EXAMES, RESPOSTAS, ETC. serão utilizadas(os) somente para esta pesquisa.

O material da pesquisa com os seus dados e informações será armazenado em local seguro e

guardados em arquivo, por pelo menos 5 anos após o término da pesquisa. Qualquer dado que

possa identificá-lo será omitido na divulgação dos resultados da pesquisa. Caso você autorize

que sua voz seja publicada, teremos o cuidado de anonimizá-la, ou seja, sua voz ficará

diferente e ninguém saberá que é sua. Caso você autorize que sua imagem seja publicada,

teremos o cuidado de anonimizá-la, ou seja, seu rosto ficará desfocado e/ou colocaremos uma

tarja preta na imagem dos seus olhos e ninguém saberá que é você.

5. EXISTE ALGUM RISCO SE EU PARTICIPAR?

Durante a coleta dos dados poderão ocorrer riscos considerados mínimos, como

constrangimento devido a verificação dos níveis de alterações psicoemocionais e/ou

comportamentais. Assim, para minimizar o constrangimento, os pesquisadores acolherão e

acompanharão os participantes nas etapas e explicarão que o mesmo poderá desistir de

participar da pesquisa a qualquer momento, ressaltando que as informações obtidas na

pesquisa serão confidenciais, garantindo o sigilo da identidade do participante. Será explicado

a técnica de GF, a duração, o tema proposto, os objetivos de pesquisa, os aspectos éticos,

considerando o recurso de gravação de áudio e o sigilo da participação na pesquisa.

6. EXISTE ALGUM BENEFÍCIO SE EU PARTICIPAR?

Os benefícios esperados com o estudo são no sentido de intervir, por meio de intervenções

como Técnica para Acalmar; Apoio Emocional; Arteterapia; Grupo de Apoio; Redução da

Ansiedade; Terapia de Relaxamento e Terapia de Grupo, no manejo da ansiedade de

mestrandos, discentes e docentes do curso de graduação em Enfermagem.

7. FORMAS DE ASSISTÊNCIA E RESSARCIMENTO DAS DESPESAS.

Se você necessitar de esclarecimento ou orientação durante a pesquisa, será encaminhado(a)

por Fabricio Bezerra Eleres (94) 99210-5030, para a pesquisadora principal Profa. Dra. Rita

Neuma Dantas Cavalcante de Abreu (85) 99603-1059, ou poderá entrar em contato com o

Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza – COÉTICA (85) 34773122, para receber

maiores orientações sobre a pesquisa. Caso você aceite participar da pesquisa, não receberá

nenhuma compensação financeira. No caso de algum gasto resultante da sua participação na

63

pesquisa e dela decorrentes, você será ressarcido, ou seja, o pesquisador responsável cobrirá

todas as suas despesas e de seus acompanhantes, quando for o caso, para a sua vinda até o

centro de pesquisa.

8. ESCLARECIMENTOS Se você tiver alguma dúvida a respeito da pesquisa e/ou dos métodos utilizados na mesma,

pode procurar a qualquer momento a pesquisadora responsável.

Nome do pesquisador responsável: Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu

Endereço: Av. Washington Soares, 1321, Bloco E, Sala, E1.

Telefone para contato: (85) 34773000

Horário de atendimento: 07:30 – 11:10

Se você. desejar obter informações sobre os seus direitos e os aspectos éticos envolvidos na

pesquisa poderá consultar o Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza, Ce. O Comitê de

Ética tem como finalidade defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua

integridade e dignidade e tem o papel de avaliar e monitorar o andamento do projeto de modo

que a pesquisa respeite os princípios éticos de proteção aos direitos humanos, da dignidade,

da autonomia, da não maleficência, da confidencialidade e da privacidade.

Assinatura do pesquisador____________________________________________

Assinatura do participante____________________________________________

Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos – COÉTICA Universidade de Fortaleza. Av. Washington Soares, 1321, Sala da Divisão de Desenvolvimento, Pesquisa e Inovação – DPDI, Bloco M.

Horário de Funcionamento: 08:00hs às 12:00hs e 13:30hs às 18:00hs.

Bairro Edson Queiroz, CEP 60811-341.

Telefone (85) 3477-3122, Fortaleza, CE.

9. CONCORDÂNCIA NA PARTICIPAÇÃO.

Se você estiver de acordo em participar da pesquisa deve preencher e assinar este documento

que será elaborado em duas vias; uma via deste Termo ficará com você e a outra ficará com o

pesquisador.

O participante de pesquisa ou seu representante legal, quando for o caso, deve rubricar todas

as folhas do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, apondo a sua assinatura na

última página do referido Termo.

O pesquisador responsável deve, da mesma forma, rubricar todas as folhas do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, apondo sua assinatura na última página do

referido Termo.

10. USO DE VOZ E/OU IMAGEM Caso você deseje que seu nome, seu rosto, sua voz ou o nome da sua instituição apareça nos

64

resultados da pesquisa, sem serem anonimizados, marque um dos itens abaixo.

____ Eu desejo que o meu nome conste do trabalho final.

____ Eu desejo que o meu rosto/face conste do trabalho final.

____ Eu desejo que a minha voz conste do trabalho final.

____ Eu desejo que o nome da minha instituição conste do trabalho final.

Assinatura do pesquisador____________________________________________

Assinatura do participante____________________________________________

11. CONSENTIMENTO

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o

Sr.(a)__________________________, portador(a) da cédula de

identidade__________________________, declara que, após leitura minuciosa do TCLE,

teve oportunidade de fazer perguntas, esclarecer dúvidas que foram devidamente explicadas

pelos pesquisadores. Ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido e, não

restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO

LIVRE E ESCLARECIDO em participar voluntariamente desta pesquisa. E, por estar de

acordo, assina o presente termo.

Fortaleza-Ce., _______ de ________________ de _____.

__________________________________________________

Assinatura do participante ou Representante Legal

___________________________________________________

Assinatura do Pesquisador

65

APÊNDICE B

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - VRPG

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

EM ENFERMAGEM

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS*

*Instrumento adaptado de SANTOS; GALDEANO. REME - Rev. Min. Enferm., v.13, n. 1,

p. 76-83, jan./mar., 2009.

Data:

Idade

Sexo:

Estado Civil:

1ª PARTE – Questionário de autoavaliação para traço de ansiedade*

Por favor, leia cada um dos itens abaixo e assinale o número que melhor indica como você

geralmente se sente. Não gaste muito tempo em um único item.

Quase nunca – 1

Às vezes – 2

Frequentemente – 3

Quase sempre – 4

1. Sinto-me bem ............................................................................................................. 1 2 3 4

2. Canso-me com facilidade ............................................................................................1 2 3 4

3. Tenho vontade de chorar ............................................................................................ 1 2 3 4

4. Gostaria de ser tão feliz como os outros parecem ser ................................................ 1 2 3 4

5. Perco oportunidades porque não consigo tomar decisões rapidamente ..................... 1 2 3 4

6. Sinto-me descansada .................................................................................................. 1 2 3 4

7. Sou calma, ponderada e senhora de mim mesma ...................................................... 1 2 3 4

8. Sinto que as dificuldades estão se acumulando de tal forma que não consigo resolvê-las ......

1 2 3 4

9. Preocupo-me demais com coisas sem importância .................................................. 1 2 3 4

10. Sou feliz ................................................................................................................... 1 2 3 4

11. Deixo-me afetar muito pelas coisas......................................................................... 1 2 3 4

12. Não tenho confiança em mim mesma .................................................................... 1 2 3 4

13. Sinto-me segura ...................................................................................................... 1 2 3 4

14. Evito ter que enfrentar crises ou problemas............................................................ 1 2 3 4

15. Sinto-me deprimida ................................................................................................. 1 2 3 4

16. Estou satisfeita ........................................................................................................ 1 2 3 4

17. Ideias sem importância me entram na cabeça e ficam me pressionando. .............. 1 2 3 4

18. Levo os desapontamentos tão a sério que não consigo tirá-los da cabeça ............. 1 2 3 4

66

19. Sou uma pessoa estável .......................................................................................... 1 2 3 4

20. Fico tensa e perturbada quando penso em meus problemas do momento ................. 1 2 3 4

2ª PARTE – Questionário de autoavaliação para estado de ansiedade

Por favor, leia cada um dos itens abaixo e assinale o número que melhor indica como você se

sente. Não gaste muito tempo em um único item.

Absolutamente não – 1

Um pouco – 2

Bastante – 3

Muitíssimo – 4

1. Sinto-me calma .......................................................................................................... 1 2 3 4

2. Sinto-me seguro........................................................................................................... 1 2 3 4

3. Estou tensa ................................................................................................................. 1 2 3 4

4. Estou arrependida ....................................................................................................... 1 2 3 4

5. Sinto-me à vontade ..................................................................................................... 1 2 3 4

6. Sinto-me perturbada ................................................................................................... 1 2 3 4

7. Estou preocupada com possíveis infortúnios ...............................................................1 2 3 4

8. Sinto-me descansada .................................................................................................. 1 2 3 4

9. Sinto-me ansiosa ........................................................................................................ 1 2 3 4

10. Sinto-me “em casa” ................................................................................................. 1 2 3 4

11. Sinto-me confiante ................................................................................................. 1 2 3 4

12. Sinto-me nervosa .................................................................................................... 1 2 3 4

13. Estou agitada .......................................................................................................... 1 2 3 4

14. Sinto-me “uma pilha de nervos” .............................................................................. 1 2 3 4

15. Estou descontraída .................................................................................................. 1 2 3 4

16. Sinto-me satisfeita .................................................................................................. 1 2 3 4

17. Estou preocupada ................................................................................................... 1 2 3 4

18. Sinto-me superexcitada e confusa .......................................................................... 1 2 3 4

19. Sinto-me alegre ........................................................................................................ 1 2 3 4

20. Sinto-me bem ............................................................................................................. 1 2 3 4

3ª PARTE - Descreva como você se sente neste exato momento.

Fale sobre os seus sentimentos e emoções por ocasião da Pandemia.

Descreva a sua experiência de participação nas atividades propostas no projeto.

67

ANEXO A

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - VRPG

MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

EM ENFERMAGEM

CARTA DE NUÊNCIA PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA

Ilma Sra. Antonia Karoline Araújo Oliveira, Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da

Universidade de Fortaleza. Solicitamos autorização institucional para a realização da pesquisa intitulada:

PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR EM MESTRANDOS, ACADÊMICOS E

DOCENTES DO CURSO DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19, a ser realizada na

Universidade de Fortaleza (UNIFOR), sob a coordenação da professora: Profa. Dra. Rita Neuma Dantas C. de

Abreu, que tem como objetivo principal Avaliar a presença dos diagnósticos de enfermagem, seus fatores

relacionados ou de risco, as características definidoras e as respostas às intervenções aplicadas junto aos

enfermeiros mestrandos, acadêmicos e docentes do curso de enfermagem no contexto da Pandemia de COVID-

19.; E Objetivos Específicos: - Identificar as características sociodemográficas, fatores de risco, condições

associadas e alterações psicoemocionais/comportamentais de enfermeiros mestrandos, acadêmicos e docentes

do curso de enfermagem; - Verificar a presença dos diagnósticos de enfermagem frequentes em enfermeiros

mestrandos, acadêmicos e docentes do curso de enfermagem; - Aplicar as intervenções e/ou atividades

sugeridas pela Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC), junto enfermeiros mestrandos, acadêmicos

e docentes do curso de enfermagem; - Analisar as respostas antes e após a aplicação das intervenções

sugeridas pela Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC), junto enfermeiros mestrandos, acadêmicos

e docentes do curso de enfermagem. A pesquisa utilizará para a propositura investigativa a metodologia (Trata-

se de uma pesquisa quase-experimental. A população será composta por todos os enfermeiros mestrandos em

tecnologia e inovação em enfermagem; acadêmicos regularmente matriculados no curso de Enfermagem da

instituição de ensino, bem como os docentes do curso de enfermagem. Ao mesmo tempo, solicitamos a

autorização para que o nome desta instituição possa constar no relatório final, bem como em publicações

futuras, sob a forma de artigo científico. Asseguramos que os dados coletados nesta instituição serão utilizados

tão somente para a realização deste estudo e mantidos em sigilo absoluto, conforme determina o item III.2 “i” da

Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS/MS) nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Na certeza de

contarmos com a colaboração e empenho desta DIRETORIA, agradecemos antecipadamente a atenção, ficando

à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários.

( x ) Concordo com a solicitação

( ) Não concordo com a solicitação

Fortaleza, 28 de abril de 2020

Profa. Antonia Karoline Araújo Oliveira

Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

68

ANEXO B

PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

69

70

71

72

73

74