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À EXCELENTÍSSIMA DOUTORA ANA PAULA MEDEIROS, DD. PROCURADORA DA
REPÚBLICA DA 4ª. REGIÃO.COMPLEMENTAÇÃO A REPRESENTAÇÃO
SOBRE A CPMF - CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÕES
FINANCEIRAS
Quando o Governo Federal criou a Contribuição Provisória sobre Movimentações financeiras -
CPMF, em 1996, fê-lo com o propósito de resolver os problemas
na área da saúde no Brasil.
Contudo, a constatação óbvia a que se chega,
é a de que, passados 08 anos desde a sua invenção,
não há diferença alguma no quadro da saúde. Vejamos quantos
novos hospitais e postos de saúde foram construídos? Quantas
novas ambulâncias foram compradas, quais foram os novos
equipamentos adquiridos, onde estão as medicações?
Qual a diferença entre o antes e o depois da CPMF?
Queremos descobrir qual o volume de dinheiro que a
saúde necessitaria, por exemplo, mensalmente, para funcionar
bem neste país e se esta cifra não vem sendo facilmente alcançada?
Quanto o governo arrecada mensalmente? Objetivamente,
qual é o valor apurado, quais são os números. Quanto entra, quanto sai e para onde tem ido
este numerário. Certamente são bilhões e bilhões
de reais em dinheiro vivo, em espécie, confiscado
diretamente da conta das pessoas!
Qual o montante obtido nestes anos todos, qual a
explicação para este imenso caos em que permanentemente se
encontra mergulhada a saúde. Como pode estar faltando verbas
para remédios, internações e hospitais diante de tamanha
arrecadação? Para onde vai esta montanha de dinheiro?
Queremos saber os nomes completos, RG, CPF, profissão e
endereço de cada um dos responsáveis pelo gerenciamento. Exigimos, como cidadãos, a
prestação de contas de todas estas movimentações!
Não importa se é governo, deve haver um esclarecimento
imediato e total dos atos, quanto mais por ser governo. A
administração pública tem a obrigação de ser transparente,
justamente por ser pública, e não permanecer nas sombras e ao
abrigo do anonimato, com gestões obscuras e sigilosas, como vem ocorrendo há mais de 08 anos!
A CPMF constitui-se em mais uma das revoltantes “caixas pretas” do
Governo Federal. É preciso dar um basta a isto tudo!
Se houver fraudes, desvios ou má gestão, queremos a
responsabilização de todos os envolvidos, com uma apuração
rigorosa e às claras, em todas as esferas, inclusive criminal.
Não é crível nem tolerável que, diante de tão volumosa
arrecadação, a saúde continue agonizando!
Quanto sobra por mês, pois, parece evidente que a
receita é muito superior à aplicação!
Pretende-se, com a providência, que as pessoas pobres,
humildes e miseráveis tenham o direito a um atendimento digno,
a internações, a assistência médica, a remédios e com isso,
forças para enfrentar a realidade que já lhes é suficientemente
dramática e injusta, e não tenham de se socorrer da força do
martelo de um juiz para conquistá-las.
Chega de conversa mole, de promessas e da criação de
impostos e mais impostos, chega de enganação e obscuridade. A
administração pública, muitas vezes, é canalha, trapaceira,
estelionatária, imune e impune e há milhões de brasileiros que
concordam com estas afirmações e que se sentem com a alma
lavada ao ouvir estas palavras.
A saúde tem solução, desde que haja seriedade no trato
do assunto. Fico indignada, como cidadã e como juíza, quando
tenho de determinar que o Estado ou Município garanta uma internação de urgência ou
fornecimento compulsório de remédios.
E fico ainda mais inconformada quando lembro que além
de a CPMF, o governo arrecada outros tantos milhões ou bilhões de reais, através da sena, mega
sena e outras loterias. Confira-se o que diz no verso dos
bilhetes, para reforço da indignação.
É preciso que as pessoas se unam, se levantem e se
revoltem contra este absolutismo prepotente e arrogante dos
governos.
Convoco toda a população brasileira a se rebelar
contra esta situação, a cobrar resultados, transparência,
correção, a pressionar diretamente o governo e seus representantes, em todas as
esferas.
Ninguém agüenta mais esse caos na saúde, na educação, na
distribuição de renda, esta carga tributária irracional,
ninguém agüenta mais estes percentuais absurdos nos
impostos, chega de pagar tanto e não
ter nada em troca.
O Poder Judiciário e o Ministério Público, a Imprensa e
o Povo, devem se engajar nesta luta que é justa, legítima, tardia e de todos.
Tramandaí, 22 de fevereiro de 2005.
LAURA ULLMANN LÓPEZ JUÍZA DE DIREITO DA 1ª V.C. -
TRAMANDAÍ/RS