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CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
REGINA BREGANTIM CATAI
INCLUSÃO ESCOLAR E ACESSIBILIDADE
SÃO PAULO 2010
1
CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
REGINA BREGANTIM CATAI
INCLUSÃO ESCOLAR E ACESSIBILIDADE
Monografia apresentada como parte dos requisitos para aprovação no Curso de Especialização Lato Sensu em Educação Especial e submetida ao Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem – CRDA, sob orientação do Prof. Dr. Marcelo Duduchi.
4
Resumo
Na atualidade a inclusão escolar e a disponibilização de recursos para
acessibilidade tem sido alvo de grande preocupação dos educadores do ensino
fundamental. O presente trabalho discute a inclusão escolar e acessibilidade para
estudantes excepcionais e apresenta dados sobre a mesma nas escolas da Zona
Leste da cidade de São Paulo. A partir da análise dos dados, apresenta diretrizes
para a implantação da inclusão escolar no ensino fundamental..
5
ABSTRACTS
At the present time, school inclusion and the availability of accessibility resources
has been a great worrying target for fundamental learning educators. The preset
work discusses school inclusion and accessibility for exceptional students and the
collected data about the same in the Eastern Region of the city of São Paulo. By the
analysis of this data, gives directions for the implantation of school inclusion in
fundamental learning.
6
Sumário
Resumo............................................. ........................................................................ 4
Sumário............................................ ......................................................................... 6
1. Introdução...................................... ....................................................................... 5
2. Objetivo........................................ ......................................................................... 7
3. Hipótese e Justificativa........................ ................................................................ 8
4. Método .......................................... ........................................................................ 9
4.1.Questionário................................................................................................... 9
5. Formas de inclusão.............................. .............................................................. 11
5.1. Inclusão social ............................................................................................ 13
5.2. Inclusão escolar .......................................................................................... 17
5.3. Acessibilidade Curricular............................................................................. 20
6. Acessibilidade física ........................... ............................................................... 20
7. Resultados...................................... .................................................................... 26
8. Conclusão ....................................... .................................................................... 31
Bibliografia....................................... ....................................................................... 32
Excluído: 5
Excluído: 10
Excluído: 12
Excluído: 16
Excluído: 19
Excluído: 25
Excluído: 30
Excluído: 31
7
1. Introdução
A inclusão está sendo discutida e, mesmo não acontecendo como se espera
que aconteça, já faz parte de realidade. Porém, a realidade é que a sociedade esta
distante da realização adequada e necessária para que essa discussão deixe de ser
um paradigma e se torne efetiva. Além de tornar o trabalho um desafio maior para os
profissionais, essa situação exige maior esforço dos portadores de necessidades
especiais que freqüentemente são prejudicados pela falta de condições que o
permitam atingir um desenvolvimento satisfatório. Essas condições estão
relacionadas tanto à parte física das escolas inclusivas quanto aos profissionais que
nela exercem um papel educativo efetivo.
Objetivando que a acessibilidade torne-se uma realidade, e seja tratada como
tal, este trabalho menciona as adaptações que os ambientes físicos, no papel de
instalações escolares, devem receber para os diferentes casos de deficientes (casos
estes que implicam desde elevadores a equipamentos de adaptação diversos) e
também as adaptações curriculares que precisam analisar cada habilidade e
competência a ser desenvolvida em cada aluno, o que só é possível com a
participação dos professores, dos pais e dos profissionais do serviço de apoio na
redação de currículos individuais.
Num momento em que o ensino regular mal dá conta de preparar com
eficácia os alunos não deficientes, o presente trabalho apresenta e analisa o que
está sendo realizado em algumas escolas da região leste da cidade de São Paulo,
seus precedentes e resultados.
A pesquisa realizada considera sete escolas regulares da rede particular de
uma mesma região, o bairro do Tatuapé. A partir dos dados obtidos foi possível
analisar e avaliar como a acessibilidade acontece nos dias de hoje após a Política
Nacional de Educação Especial, resolução 17, 2001. Espera-se como resultado
dessa pesquisa abrir caminhos que facilitem a implantação de novos projetos, novas
soluções e resultados concretos para a inclusão de alunos com deficiência no
ambiente que vai, cada vez mais, proporcionar a ampliação e disseminação da
8
importância da adoção dessa política. Afinal, é também neste ambiente, onde a
diversidade é tratada naturalmente e a educação acontece, que acontecerá o futuro.
9
2. Objetivo
Investigar a inclusão dos deficientes nas escolas particulares da Zona Leste
da cidade de São Paulo, observando acessibilidades físicas e curriculares de uma
seleção delas e a postura dos professores que delas fazem parte.
Com isso, objetiva-se aprofundar uma pesquisa acerca das dificuldades e
possíveis soluções, em uma escala de causa e conseqüência, para a questão da
inclusão escolar dos educandos em condições especiais e também dos que não se
inserem nesse grupo, mas convivem com a situação.
Essa pesquisa não traz propostas específicas para essa questão, mas sim
analisa a situação atual de um ângulo interno às escolas, viabilizando a
preocupação com o assunto. Busca, então, colocar a problemática em discussão a
partir de uma primeira visão, visão essa que pretende acalorar e abrir os olhos para
um assunto até então sem muita reflexão.
10
3. Hipótese e Justificativa
Partindo do pressuposto de que as escolas não têm estrutura adaptada à
proposta de inclusão e que há falta de preparação e adaptação física, dos
professores e dos profissionais envolvidos nas escolas, este trabalho busca ressaltar
a importância de trabalharmos por uma educação para todos. Conforme Carvalho
(2006), a igualdade diz respeito aos direitos humanos e não às características das
pessoas que, por direito de cidadania, devem ser compreendidas, valorizadas e
atendidas, buscando-se ultrapassar seus limites, mesmo porque os estudiosos não
conhecem toda potencialidade humana. É necessário então, garantir a equidade que
reconhece as diferenças individuais e a importância do trabalho na diversidade.
Também acredito na transformação de nossas escolas que vivem um período
de mudança, onde a inclusão traz os desafios que precisamos enfrentar para
alcançar uma postura mais ampla e justa. A escola, segundo Mantoan (2007), está
repleta do formalismo da racionalidade com modalidades de ensino, tipos de
serviços, grades curriculares e burocracia. Romper suas bases na estrutura
organizacional é a proposta da inclusão e uma saída para a escola fluir novamente,
espalhando sua ação formadora por todos que dela participam, portanto, a inclusão
implica numa mudança do atual paradigma educacional, para que se encaixe nas
redes cada vez mais complexas de relações, geradas pela velocidade das
comunicações e informações que ultrapassa as fronteiras das disciplinas e
estabelece novos marcos de compreensão entre as pessoas e do mundo em que
vivemos.
11
4. Método
O método utilizado para alcançar os resultados deste trabalho foi a pesquisa
bibliográfica e a pesquisa aplicada através de questionário, distribuído
individualmente entre professores da rede particular de ensino da Zona Leste de
São Paulo.
Participaram professores dos colégios Santa Isabel, Hélios, Peraltina, Passo,
Ranieri, João XVIII, Cruz de Malta, Senac, Cope, Integrar, Marupiara, Fenix, Santa
Luzia e Líder Americano. As questões do questionário seguem relacionadas a
seguir.
Qual a matéria e ano que leciona? ______________________________________________
Na escola em que você leciona possui acessibilidade para deficientes? Assinale um X nas
adaptações que a escola tem.
( ) rampas de acesso ou elevadores para todos os ambientes da escola.
( ) adaptadores de computador para deficientes com dificuldade de mobilidade.
( ) banheiros com barras de acesso para cadeirantes.
( ) carteiras de fácil mobilidade para deficientes físicos.
( ) chão marcado para deficientes visuais.
( ) possui sinal de luz para deficientes auditivos.
( ) outra adaptação não citada? Cite-a. ___________________________________
Você tem ou já teve algum aluno portador de necessidades especiais? _________________
Se já possuiu algum aluno deficiente responda:
• Qual era a deficiência? _________________________________________________
• Fez adaptações curriculares para tal aluno? ________________________________
• Dê algum exemplo de adaptação curricular que realizou? ______________________
Você recebeu um curso ou palestra sobre inclusão na escola em que trabalha?
__________________________________________________________________________
Excluído: Questionário¶¶
12
Em sua escola tem profissional especializado para trazer as orientações necessárias de
cada aluno deficiente, ajuda-o a elaborar um currículo específico e orientando como
proceder em cada caso? _____________________________________________________
A comunicação entre professor e profissionais especializados que acompanham o portador
de deficiência é eficiente? Caso não seja boa, justifique sua resposta. __________________
13
5. Formas de inclusão
O presente trabalho busca discutir o processo de inclusão não suas mais
diferentes formas. Por conta disto, é necessário caracterizar as diversas formas de
inclusão do ponto de vista das leis e de maneira como a sociedade tem lidado com
elas. Sendo assim, a seguir serão discutidas a inclusão social e a inclusão escolar,
bem como a acessibilidade curricular.
5.1. Inclusão social
Quando falamos de inclusão, não estamos apenas nos referindo aos direitos iguais
de todo cidadão como propõe nossa constituição. É muito mais que isso. Mexemos
com os valores que cada sociedade possui, os costumes e crenças de cada povo e,
com isso, o preconceito e atitudes apreendidas que cada pessoa adquire em seu
meio. Por isso, escrever, falar e trabalhar com a inclusão sugere uma reflexão
interna de cada ser diante de situações adversas e complexas nos dias de hoje, pois
a prática real da inclusão vai além de um lindo discurso. Ela exige mudança de
atitude, atitude essa pouco desenvolvida pela história de nossa sociedade que é
marcada por fatos históricos repletos de violência e preconceito. De acordo com
Carvalho (2006), em nossa história o positivismo traz a ideologia da resignação, que
propõe que nem todos são feitos para refletir e assim se tem construído em torno
das pessoas com deficiência a percepção de incompetentes e incapazes com
posição comprometida, segundo os interesses econômicos da sociedade atual. O
desafio desta nova proposta é grande, mas grande também são seus objetivos que
nos enchem de esperanças de uma sociedade melhor e mais justa diante das
diversidades da vida.
Diante de tudo isso não podemos nos ater à área educacional. A questão é
muito mais abrangente: apesar da escola ser o segundo ambiente de um indivíduo,
já que o primeiro é a família, este acaba sendo a continuação desse primeiro
ambiente e é também formador e extremamente importante na formação de
conhecimento e caráter. Porém, a vida escolar acaba e o que resta é uma sociedade
para se enfrentar, onde ser útil e ativo é implicitamente necessário. Desenvolve-se
Formatado: Normal (Web),Justificado, Recuo: Primeiralinha: 1,25 cm, Espaçamentoentre linhas: 1,5 linha, Semmarcadores ou numeração
14
nesta inclusão social o propósito dos direitos iguais, onde trabalhamos contra a
exclusão de grupos marginalizados, sejam étnicos, de crenças diferentes, grupos de
gênero e grupos de desempregados, passando a ter algo muito mais amplo que o
âmbito escolar, atingido os aspectos políticos e sociais gerais (Pacheco, 2007).
Como se tornar cidadão capaz de participação ativa sendo portador de uma
deficiência, alvo do preconceito e das dificuldades que essa condição implica? Como
se tornar cidadão sendo discriminado por sua raça ou padrão social?
Para as pessoas com necessidades especiais o mercado de trabalho é o
grande desafio a ser vencido. O preconceito não possibilita que o portador de
necessidades especiais seja visto como candidato no domínio de todas suas ciências.
Esta visão tola e ultrapassada adquiriu uma nova perspectiva de futuro com a lei nº
8213, de 24 de julho de 1991, que diz que
“(Art. 93.) A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a
preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na
seguinte proporção:
I - até 200 empregados ................................................................................ 2%;
II - de 201 a 500 ........................................................................................... 3%;
III - de 501 a 1.000 ....................................................................................... 4%;
IV - de 1.001 em diante ................................................................................ 5%.”
Com isso, o portador de necessidades especiais conseguiu que várias portas
fossem abertas para provar sua capacidade e provar seu potencial que, embora
tenha algumas limitações, não possui nem potencial nem capacidade limitados. A lei
também possibilita que estas vagas estejam destinadas somente a pessoas que
estejam nessas condições, já que também determina que
“§ 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final
de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no
contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de
substituto de condição semelhante.”
Formatado: Recuo: Primeiralinha: 1,25 cm
Excluído: .
Excluído: E como
Excluído: e também
Excluído: Ou, até mesmo, sendo
Excluído:
Excluído: , uma
Excluído: que
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“§ 2º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social deverá gerar
estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e
deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou
entidades representativas dos empregados.”
O objetivo é trazer a cidadania real às pessoas com necessidades especiais
que hoje precisam se capacitar e se habilitar para atender a procura desse novo
mercado e, acima de tudo, trazer a independência e integração que os deficientes
merecem.
Temos o aparato legal da Lei n. 7.853/89 e do Decreto n. 3.298/99, mas
precisamos de atitudes concretas do Poder Público. Não basta, segundo o conceito
de liberdade pública, somente a disposição legal. Há a necessidade da efetiva
atuação estatal para que as pessoas portadoras de deficiência tenham garantidos
seus direitos à integração social, e o Estado precisa agir positivamente, de modo a
colocar os detentores desse direito em contato com os mesmos, fornecendo os
meios para o seu exercício. É por isso que o mercado de trabalho formal não
encontra esses deficientes prontos para encarar as oportunidades que estão
aparecendo: com a falta de capacitação, os cargos oferecidos pelas empresas não
são preenchidos.
A área educacional deveria preparar estes portadores de deficiência para a
vida na sociedade, mas isso leva tempo e, como tudo no Brasil, a idéia veio de cima
para baixo. Primeiro deveríamos preparar o deficiente para depois criar seu espaço
de trabalho, mas nossa educação não tem todo esse crédito e necessitamos dessas
leis para poder mudá-la e adaptá-la a uma das exigências deste novo milênio.
Para atender as empresas que buscam pessoas qualificadas está se criando
a relação de coaching. Segundo Araújo em Coach - Um parceiro para seu sucesso,
“coaching é um relacionamento no qual uma pessoa se compromete a apoiar outra a
atingir um determinado resultado: seja ele o de adquirir competências e/ou produzir
uma mudança específica. Mas não significa um compromisso apenas com os
resultados, mas sim com a pessoa como um todo, seu desenvolvimento e sua
Excluído: gora entramos na
Excluído: que
Excluído: - ou seja, p
16
realização. Através do processo de Coaching, novas competências surgem, tanto
para coach quanto para seu cliente”.
Somente quando atendermos esta realidade é que cumpriremos o direito à
igualdade, direito este que engloba a saúde, o trabalho, a vida familiar, o transporte,
a educação, o lazer e a seguridade social. Para que este direito à igualdade seja
cumprido se faz necessário algumas leis para que os mesmos não escapem pelo
medo e preconceito da sociedade que está acostumada a ignorar e esconder o
deficiente de suas reais necessidades. Desta forma, temos os decretos que
garantirão o direito de igualdade a todos e em todos os aspectos. É importante
destacar o que diz Ribeiro (2001):
“Partindo dessa premissa, é lógico afirmar que a ‘Política Nacional de
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência’, instituída pela Lei n. 7.853/89 e
pelo Decreto n. 3.298/99 necessita, efetivamente:
a) garantir o direito à inclusão social dessas pessoas, ou seja, seu direito à
igualdade, porque, muitas vezes, os indivíduos, no dizer de Sérgio Muylaert, ‘têm a
norma legal, mas não detêm os meios de promovê-la, como se manietassem um
prisioneiro e lhe pusessem à frente, faminto, as mais finas iguarias e manjares
orientais’; e
b) atender aos anseios dos movimentos liderados por aqueles que devem
beneficiar-se dela. Ou seja, o substrato jurídico deve atender à perspectiva social e,
mais uma vez, garantir o direito à igualdade das pessoas portadoras de deficiência,
porque, nem sempre, a vontade do legislador representa as necessidades da
coletividade ou dos grupos que a norma jurídica editada procurou proteger.”
Buscar que as leis sejam cumpridas para que o sucesso da inclusão ocorra é
atitude válida e esperada por nossa sociedade que precisa conviver com a
diversidade e acabar de vez com todo e qualquer preconceito. Esta é nossa grande
tarefa enquanto sociedade neste novo século. É preciso acabar com processos
discriminatórios. Precisamos mudar o pensar da nova geração para que realmente
sejamos mais justos e solidários. Estamos longe desse ideal, basta analisar que as
empresas possuem esta lei de cota que nos obriga a enfrentar esta realidade. E por
Excluído: à
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Excluído: Veja
Excluído: o artigo de
Excluído: , O direito à inclusão social das pessoas portadoras de deficiência, um caminho para a democracia
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Excluído: Chega de
Excluído: , de sociedade de robôs induzidos por poucos
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que as escolas não estão incluídas neste processo? Temos que aceitar os alunos
com deficiência, porém não é necessário admiti-los como trabalhadores capazes e
independentes. Por essa questão e várias outras tão contraditórias sabemos que o
ideal está longe, mas se não começarmos, ele nunca chegará.
É importante ressaltarmos que todos têm direitos iguais, mas isso não
significa que sejamos iguais. Essas diferenças devem ser respeitadas numa
sociedade aberta para todos, onde a participação assume o papel de principal
inclusor. Este é um processo de transformação social.
5.2. Inclusão escolar
Na Declaração de Salamanca se determina que a educação deve ser inclusiva.
Esta teve a aceitação de vários países, e a idéia de que todos podem e devem
aprender juntos trouxe uma nova direção para a educação. “O princípio fundamental
da escola inclusiva, que consiste que todas as pessoas devem aprender juntas,
onde quer que seja possível, não importam quais as dificuldades ou diferenças elas
possam ter...” (UNESCO, 1994).
Antes da Declaração de Salamanca, a sociedade dos anos 60 e 70 considerava
a integração social, onde o deficiente ou portador de necessidades especiais deveria
se adaptar a escola e a sociedade, superando suas limitações e se adaptando
sozinho ao meio em que vivia. Nesta visão segregadora onde imperava a
inflexibilidade do sistema social e educacional fechava-se os olhos para a dura e
difícil realidade daquele que difere da grande maioria. Com a declaração de
Salamanca, uma nova maneira de pensar e agir nos são dados. Se aposta no
mundo ideal, na busca ideal do ser humano, onde tudo tem que estar acessível para
todo ser humano seja na escola, no hospital ou no cinema. É um processo social de
inclusão que visa uma unificação entre todos na sociedade, reforçando a idéia e a lei
dos direitos de igualdade a todo e qualquer ser humano. Este é um processo que
precisa ser reconhecido pela sociedade e desenvolvido nas escolas para que as
pessoas compram de corpo e alma este ideal social, onde a diversidade trará
conflitos iniciais, mas tornará as pessoas mais humanizadas.
Excluído: possuía
Excluído: e junto com isso a escola trabalhou neste sentido
Excluído: , ou seja, uma
Excluído: , fechando
Excluído: , s
Excluído: ,
Excluído: , é
Excluído: e
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Na educação inclusiva reconhece-se que todas as crianças podem aprender e as
crianças com necessidades especiais só podem ser recusadas se não for possível
realizar medidas para evitar a incompatibilidade com a educação convencional ou
quando as medidas para a inclusão atrapalharem a educação dos outros, no caso,
por exemplo, do professor ter que dedicar desproporcionalmente grande tempo a
estas crianças deixando o restante da turma sem seu apoio (Farrel, 2008).
Na Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001, temos as diretrizes
para Educação Especial na Educação Básica. Nela resolve o artigo 3º que educação
especial é uma modalidade da educação escolar, um processo educacional definido
por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais
especiais para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os
serviços educacionais comuns, garantindo a educação e o desenvolvimento das
capacidades dos alunos que possuem necessidades especiais.
A educação especial ainda não é compreendida pelas nossas escolas que
ignoram tal determinação ou a aderem de forma equivocada, trazendo para a sala
de aula toda a responsabilidade de incluir os portadores de necessidades especiais.
Surgem neste momento duas grandes tarefas para o sistema educacional: formar e
informar o professor de sua real responsabilidade neste processo de inclusão e
agregar a este processo os profissionais especiais que muitas vezes garantirão o
sucesso do desenvolvimento das crianças. Não podemos esquecer da importante
participação da família junto de todo este processo, pois em diversos momentos terá
que acreditar e investir nesta inclusão.
Segundo Santaló (2001), a missão dos educadores é desenvolver as destrezas e
habilidades necessárias desta nova geração para que tenham um bom desempenho
na sociedade após concluírem a escolaridade. A escola deve evoluir para preparar
alunos mais capacitados para atuar neste mundo complexo e diversificado. É
exatamente isto que devemos ter como nosso objetivo maior para estas crianças.
Podemos considerar a afirmação de Santaló como um guia ao analisarmos e
planejarmos o trabalho com os portadores de necessidades especiais. A educação
só terá sentido para eles se puderem aplicar os conhecimentos adquiridos em seu
dia-a-dia, assim atingiremos a proposta de contribuir para que se habilite ao
mercado de trabalho, o produto desta nova maneira de encarar a inclusão.
Excluído: Este artigo nos mostra como a
Excluído: Quando ele escreve isto, não se refere exatamente aos portadores de necessidades especiais, mas acredito que é
Excluído: Vejo esta
19
A Resolução nº 2, de 11 se setembro de 2001, artigo 8º preconiza que as escolas
da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes
comuns:
“II – distribuição dos alunos com necessidades educacionais especiais pelas
várias classes do ano escolar em que forem classificados, de modo que essas
classes comuns se beneficiem das diferenças e ampliem positivamente as
experiências de todos os alunos, dentro do princípio de educar para a diversidade.
IV – serviços de apoio pedagógico especializado, realizado, nas classes
comuns, mediante:
a) atuação colaborativa de professor especializado em educação especial;
b) atuação de professores- intérpretes das linguagens e códigos aplicáveis;
c) atuação de professores e outros profissionais itinerantes intra e
interinstitucionalmente;
d) disponibilização de outros apoios necessários à aprendizagem, à
locomoção e à comunicação.
V – serviços de apoio pedagógico especializado em salas de recursos, nos
quais o professor especializado em educação especial realize a complementação ou
suplementação curricular, utilizando procedimentos, equipamentos e materiais
específicos;”
Esta realidade raramente ocorre em nosso sistema de ensino, cabendo ao
professor de classes comuns se adaptar a esta proposta. É muito importante
ressaltar o imenso desafio deste processo. Nossa educação pública e da rede
particular estão desacreditadas. Não conseguem dar conta dos alunos classificados
normais com dificuldades de aprendizagem como os dislexos, ou os que possuem
déficit de atenção e assim por diante. Como ser eficiente com os portadores de
necessidades especiais neste momento? Mal se consegue o básico para o sistema
educacional que é capacitar o aluno na transferência do conhecimento para uma
situação nova. E junto a tudo isso tem a proposta de inclusão, que na rede particular
conta com a diferença de alguns pais que possuem melhores condições financeiras
para contratar profissionais de apoio que, juntamente com as escolas, realizam um
Excluído: N
Excluído: a
Excluído: A
Excluído: ,
Excluído: n
Excluído: , então c
20
trabalho de equipe e acabam tendo maior sucesso no desenvolvimento da criança.
Vale ressaltar que as escolas de rede particular, no geral, contam com as salas de
recursos em algumas unidades e que não acontece nas escolas particulares.
Podemos assim concluir que o trabalho dependerá de profissionais que estejam com
disposição para superar as inúmeras falhas da educação como um todo, tanto do
processo de aprendizagem para os alunos sem necessidades especiais quanto para
o processo de inclusão escolar. Se hoje precisamos transformar a escola para
aqueles que são classificados como alunos sem necessidades especiais que são o
produto de uma educação formal baseada na mera transmissão de conhecimento e
de teorias de adestramento, para uma real aprendizagem que é a aquisição da
capacidade de explicar, aprender e compreender criticamente situações novas e não
é simplesmente conhecer técnicas ou memorizá-las, como descreve Ubiratan
D’Ambrosio (2004) também, se precisa de aprimoramento e capacitação para
participar mais ativamente da inclusão escolar que trará benefícios a todo sistema
educacional.
5.3. Acessibilidade Curricular
De acordo com a Lei nº 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específica para atender às suas necessidades, segundo Art. 59.
Percebemos nesta lei o quanto é grande nossa responsabilidade para adaptação do
educando com necessidades especiais.
Dentro do sistema educacional podemos dizer que o currículo é um documento
que orienta a equipe escolar, onde tem se o conteúdo das disciplinas a serem
trabalhadas no espaço escolar. Este deve atender às necessidades de todos os
alunos (Pacheco, 2007). É por esta razão que o currículo precisa ser flexível e bem
elaborado para que o trabalho dentro da escola atinja os objetivos que foram
estabelecidos. Pacheco (2007) coloca que na inclusão o ajuste educacional ocorre
durante a preparação do currículo e em alguns casos se faz necessário à
elaboração de um plano individualizado, onde o professor da turma é o responsável
Excluído: - mas v
Excluído: os
Excluído: ,
21
por redigir estes planos, contando com o apoio dos especialistas que acompanharão
o professor na preparação e na implementação do currículo e que este encoraja a
educação para todos, de acordo com a Declaração Mundial de Educação.
Nossa realidade está muito distante do que Pacheco propõe. No Brasil, a maioria
das escolas segue o Currículo Nacional, e hoje os professores, desacreditando no
sistema educacional, muitas vezes ignoram as partes burocráticas de currículos e
planejamentos, deixando para o gestor escolar a elaboração destes currículos.
Dessa forma, ele somente elabora ou até mesmo copia os planejamentos daquele
ano de trabalho. Percebe-se que atualmente os professores são apenas executores
de uma função, que é o ensinar, não fazendo parte do processo de elaboração dos
currículos, planejamentos e projetos. Com isso, não há um profundo envolvimento
em sua ação pedagógica, pois executa tarefas que muitas vezes não acredita e com
certeza esta não é a fórmula para o sucesso. Deparamo-nos novamente com uma
transformação que precisa acontecer no sistema educacional que deve acontecer
simultaneamente com esta proposta de inclusão. Ao pensarmos e planejarmos na
inclusão, estaremos também modificando nosso sistema educacional que carece
muita reforma e transformação.
São muitas as dúvidas e incertezas nesse processo de inclusão mas, como cita
Carvalho (2006), é na diversidade que encontraremos a riqueza das trocas que a
escola propicia. Uma turma heterogênea serve como oportunidade para os próprios
educandos conviverem com a diferença e desenvolverem os saudáveis sentimentos
de solidariedade orgânica. A reflexão sobre esta afirmação traz a certeza de que
este é o caminho para formarmos verdadeiros cidadãos deste milênio que não mais
poderão ignorar as diferenças e sim aprender com elas de forma natural, humana e
dinâmica.
Outra questão que merece atenção é a acessibilidade física. O próximo
capítulo versa sobre este assunto.
Excluído: o
Excluído: e c
Excluído: s
Excluído: e espero que esta venha
Excluído: Acredito que a
Excluído: ,
Excluído: , ou seja,
Excluído: u
Excluído: Proponho que reflitamos
Excluído: , pois ela nos
22
6. Acessibilidade física
A área de estudo escolhida para este trabalho é o bairro do Tatuapé e
imediações. O Tatuapé é um bairro da Zona Leste paulistana que caracteriza-se por
diferenciar-se socialmente dos demais bairros da região. O que a princípio era um
local cheio de chácaras se tornou, atualmente, alvo de especulação imobiliária.
Amplamente verticalizado, é considerado parte da Macroárea de Urbanização
Consolidada (Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo – lei nº 13.430/02)
ao lado de distritos como Pinheiros, Itaim Bibi, Moema e Perdizes, por exemplo. Isto
significa que na prática o Tatuapé é um bairro que passou, nos últimos anos, por um
processo de elitização. O fato de se tratar de escolas serem de uma classe com
maior poder aquisitivo quem domina o ambiente não só de certa forma diminui as
ocorrências desses casos como também trata diferenciadamente os casos que
existem: na possibilidade de contratar especialistas para lidar com esses estudantes,
a Classe A quase que invariavelmente fará essa opção. Logo, o ambiente é propício
para que as escolas optem por não se preocupar com a questão.
A questão da acessibilidade está situada em uma escala além da que
estamos acostumados a imaginar. Quando se fala sobre o assunto, as pessoas
imediatamente imaginam cadeirantes e acham que o problema acaba ali. Para quem
vivencia o problema, é fácil perceber que ele vai além. A resolução CNE/CEB nº2
de11 de setembro de 2001 resolve que
“Os sistemas de ensino, nos termos da Lei 10.098/2000 e da Lei 10.172/2001,
devem assegurar a acessibilidade aos alunos que apresentem necessidades
educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas
urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e mobiliário – e
nos transportes escolares, bem como de barreiras nas comunicações, provendo as
escolas dos recursos humanos e materiais necessários.”
Excluído: A princípio, não o era: o
Excluído: que era
Excluído: –
Excluído: a
Excluído: ver
Excluído: – o que
Excluído: que
Excluído: Essa pode ser uma explicação para o resultado dessa pesquisa, o
Excluído: nessas
23
Na sala de aula, esse problema amplia-se: como lidar com um aluno surdo, se
ele não terá acesso à informação e aos instrumentos de trabalho em sala da mesma
maneira que os demais alunos, ou, às vezes, de maneira nenhuma? Como ensinar
um estudante cego a ler, se o professor não estiver qualificado para utilizar os
mesmos recursos de leitura que este?
Nas escolas particulares da área de estudo, especialmente, existe um outro
fator que dificulta essa adequação dos ambientes físicos. Grande parte dessas
escolas estão alocadas em construções antigas, de épocas em que nem sequer
havia essa preocupação. Estas escolas foram crescendo e ampliando-se em torno
dessas construções sem se preocupar em adequar-se a essa problemática mesmo
com o passar do tempo.
Uma das principais dificuldades é o fato de nenhuma dessas escolas ser
completamente térrea. São andares e andares que se verticalizaram assim como o
bairro, e poucas delas facilitam o acesso aos pavimentos superiores, onde
normalmente se situam as salas de aula. Quando o fazem, é sempre com o uso de
elevadores que tem seu acesso controlado já que tampouco há espaço físico
suficiente para a implantação de rampas adequadas. É importante ressaltar que nem
sempre o deficiente físico encontra melhores condições em determinado local
apenas pela existência de uma rampa. A rampa deve atender a certa inclinação
máxima que garanta a mobilidade e o conforto do usuário, inclinação essa que
comumente exige grandes distâncias horizontais para vencer pequenas distâncias
verticais (comprimentos muito maiores que as alturas). Já os elevadores, mesmo
que pareçam infalíveis à primeira vista, devem ser situados em locais que permitam
o livre acesso a todos os ambientes sem vencer degraus ou grandes desníveis.
Além disso, são falhos em casos emergenciais como incêndios, por exemplo,
situações que deixam o deficiente preso em determinado pavimento por ser este
incapaz de vencer grandes alturas não-livres sozinho. O térreo dessas escolas é
ocupado sempre pelos pátios, quadras de esportes, cantinas e acessos, mas é
normal que haja uma ou duas salas pequenas que, no caso de um aluno com
necessidades especiais estar matriculado, são freqüentemente readequadas para
abrigar salas de aula.
Excluído: -mudo
Excluído: acontece
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Excluído: Leia-se:
Excluído: – a
24
O que parece funcionar em uma situação emergencial na verdade é um
equívoco. Essas salas com usos distintos foram normalmente projetadas para usos
com necessidades muito diferentes e não suprem os requisitos mínimos de espaço e
às vezes nem mesmo de insolação e ventilação naturais, o que pode criar um
ambiente insalubre e, com certeza, desconfortável para o aprendizado.
Outro problema são os corredores, que deveriam ser largos o bastante para
abrigar crianças em ambas as direções (que comumente correm, ainda por cima,
nos intervalos das aulas, recreios ou saída das aulas), além de cadeirantes (que
também podem transitar em direções diferentes simultaneamente) ou deficientes
visuais que precisam do piso táctil livre, e assim por diante. No entanto, não é
sempre que existe essa preocupação. Como foi dito, muitas dessas escolas são de
uma época em que essa não era uma preocupação recorrente. Até mesmo nos
banheiros os deficientes encontram problemas. O Código de Obras e Edificações de
São Paulo (Lei nº 11.228 de 1992) dispõe que:
“Serão obrigatórias instalações sanitárias para pessoas portadoras de deficiências físicas, na relação de 3% (três por cento) da proporção estabelecida no item 14.1.2, nos seguintes usos:
a) locais de reunião com mais de 100 (cem) pessoas; b) qualquer outro uso com mais de 600 (seiscentas) pessoas.”
Essa quantificação é feita com base no cálculo de lotação da edificação, e no caso
de uma escola particular que seja pequena é provável que esta não atinja esse
índice mínimo obrigatório de quantificação de bacias sanitárias especiais. Além
disso, a NBR 9050, que diz respeito à acessibilidade, implica a instalação de barras
de apoio para cadeirantes nesses sanitários mas, mesmo quando a escola parece
se preocupar com a implantação desses equipamentos, o faz de maneira mal
executada não permitindo seu bom aproveitamento. As barras são instaladas em
alturas e distâncias inadequadas, não há espaço para o giro da cadeira de rodas, a
cuba em altura especial é freqüentemente esquecida. Além disso, não há piso táctil
nos banheiros.
Salas de aula, auditórios e anfiteatros e arquibancadas são outros dos
ambientes não-pensados para a reunião do aluno especial aos demais alunos. Estes
normalmente ficam locados em lugares inadequados, supervisionados por alguém
que possivelmente impeça algum acidente e que possa tirar o deficiente do local
Excluído: –
Excluído: –
Excluído: por aí vai
Excluído: Mas
Excluído: ¶
Excluído: ..
Excluído: a
25
rapidamente para “livrar” a circulação. Esse é o tipo de atitude que exclui o aluno
com necessidades especiais de se reunir e integrar ao ambiente escolar de maneira
eficiente, e essa independência é fundamental para o aprendizado e para a
integração do estudante, seja ele deficiente ou não.
As questões sobre acessibilidade física aqui apresentadas, juntamente com
as questões de inclusão social, inclusão escolar e acessibilidade curricular do
capítulo anterior serviram de base para a confecção do formulário de avaliação
proposto.
A seguir serão apresentados e discutidos os resultados obtidos a partir da
pesquisa realizada.
26
7. Resultados
A pesquisa, realizada com 20 professores da rede particular de ensino, mostrou
resultados condizentes às análises feitas até então neste dissertação e segue o
exemplo de modelo apresentado a seguir.
A maioria dos entrevistados parece se mostrar pouco experiente no assunto,
já que se situam num grupo que nunca lidou com a situação e que trabalha em
escolas que não assumem o tema como realidade. Percebe-se que estas escolas
não proporcionam aos funcionários qualquer tipo de treinamento, orientação ou
apoio profissional. Por outro lado, entre os entrevistados que já lidaram com a
situação, as escolas demonstraram oferecer estrutura que baste para auxiliar o
educador em tal situação.
Curiosamente, nenhuma das escolas tem adaptações para deficientes visuais
e auditivos. A preocupação com essa questão deveria ter importância fundamental,
já que é comum que as crianças sofram levemente de problemas desse tipo, mesmo
sem ciência de que o tenham, mas que sejam descobertos com o tempo. Em termos
de equipamentos, parece que a maioria delas preza pelo básico comum. A figura 1
apresenta a porcentagem de adaptações existentes das pesquisadas no total das
escolas que é o mínimo que todos esperam ver nas escolas. É interessante notar
que algumas nem mesmo estes equipamentos tem.
Excluído: :
Excluído: , logo,
Excluído: (ver
Excluído: )
Excluído: , entretanto,
27
Adaptações existentes (fig.1)
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Ram
pas/
elev
ador
es
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Nen
hum
a
Adaptações existentes Total pesquisado
Figura 1. Adaptações existentes
Fazem parte deste segundo grupo 25% das escolas pesquisadas, um índice
bastante preocupante já que a seleção pesquisada é representiva para o bairro em
questão.
Outro resultado observado é que boa parte dos professores parece
insatisfeita com o suporte que a escola proporciona nesses casos. A maioria delas
não possui profissional especializado e nem oferece estrutura para a especialização
do professor conforme ilustra o gráfico da figura 2. O índice de professores com
instrução em casos especiais atinge apenas 50%. Desses, boa parte obteve sua
instrução na faculdade ou em cursos extracurriculares, embora possua alunos com
deficiência. Alguns afirmam que, mesmo na presença desses profissionais e apesar
da boa comunicação que estabelecem com estes, não se sentem seguros o
bastante para lidar com um deficiente na sala de aula.
Formatado: Recuo: Primeiralinha: 1,25 cm
[MD1] Comentário: Não consegui entender... explique qual é este segundo grupo...
Excluído: bastante abrangente
[MD2] Comentário: Também não entendi... quais casos? Casos onde existam crianças com deficiência? É melhor colocar isto então...
Excluído: (ver figura 2)
Excluído: – o
Excluído: , d
Excluído: -
28
Presença de profissional especializado na escola (fig.2)
Há40%Não há
60%
Figura 2. Presença de profissional especcializado na escola
O fato de a maioria dos entrevistados já ter sido colocada na situação de
docente de alunos especiais (ver figura 3) é também um dado bastante preocupante.
Quanto a alunos com necessidades especiais (fig.3)
Já tiveram
75%
Nunca tiveram
25%
Figura 3. Alunos com necessidades especiais
Significa dizer que alguns desses professores tiveram que ser autodidatas em
lidar com situações delicadíssimas, às vezes abordando o problema de maneira
errônea e até mesmo prejudicial. Além disso, lidar com estudantes excepcionais
pode acarretar carga emocional/psicológica que nem sempre os professores podem
estar preparados para lidar. O apoio de profissional especializado é, nesses casos,
Formatado: Recuo: Primeiralinha: 1,25 cm
29
fundamental para que a presença desse aluno não se transforme num “transtorno”
na sala de aula.
Ainda entre esses professores, há a necessidade de realizar adaptações
dentro da sala de aula, tanto físicas quanto curriculares. Desses professores que já
tiveram alunos especiais, 40% não realizaram qualquer tipo de adaptação. O que
por um lado parece preocupante, por outro, nas respostas pessoais, indica que
essas adaptações não se mostraram essenciais ou mesmo necessárias, prova de
que o aluno estava bem integrado à rotina em sala de aula e adaptava-se bem às
funções que precisava realizar.
Quanto a adaptações curriculares (fig.4)
Fizeram60%
Não fizeram
40%
Figura 4. Adaptações curriculares
Por fim, resta ressaltar um índice interessante indicado pela pesquisa. Entre
as deficiências já encontradas pelos professores em estudantes (figura 5),
equiparam-se as deficiências mentais – síndromes (down, Ruben Taibe, Aspergh),
autismo, etc. – e as deficiências motoras em índice percentual. Entretanto, o
ambiente e os profissionais parecem estar muito mais preparados para encarar a
inclusão dos deficientes mentais do que os motores.
Isso se deve ao fato de que, para lidar com deficiências mentais, a
preparação não depende fundamentalmente de adequações físicas e instrumentais,
mas sim do preparo psicosocial. No caso de deficiências visuais, auditivas e
recorrentes de paralisias, é mais do que comum que o deficiente seja encaminhado
Excluído: mostra-nos
Excluído: outra face: a de que essas adaptações não se mostraram essenciais ou mesmo necessárias, prova de que o aluno estava bem integrado à rotina em sala de aula e adaptava-se bem às funções que precisava realizar.¶
Excluído: ver
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a instituições especializadas que possuam um programa de reabilitação ou
terapêutico, possibilitando o tratamento indicado para a deficiência simultaneamente
ao aprendizado.
Figura 5. Tipos de deficiência
É importante perceber que esses dados são índices significativos do perfil que
a escola particular da Zona Leste de São Paulo assume em relação aos estudantes
portadores de deficiências, porém, ainda é uma pesquisa sobre uma parcela muito
específica dessa região da cidade, e seus resultados podem não refletir de maneira
abrangente a situação geral. Seria interessante realizar um comparativo entre estes
dados e os dados de bairros ainda mais periféricos e com condições e classes
sociais bastante diferentes para entender como a inclusão tem sido discutida e
resolvida no lugar onde deveria ser fundamental e efetiva: a sala de aula.
Excluído: pequena
31
8. Conclusão
A expectativa que a palavra “inclusão”, tão falada nos dias de hoje, acarreta é
gigantesca. Um tema que desperta sentimentos diversos em pessoas mais diversas
ainda já não é mais tabu, porém as sensações que o acompanham são tão distintas
e definidas que as soluções se apresentam de maneira ainda bastante conturbada.
Percebe-se que a problemática na questão de acessibilidade física às
instalações escolares esteja associada a certo desinteresse em se adequar a
questão por parte das escolas. É freqüente que a elitização de um fator torne-o
excluso, e, como pudemos concluir a partir dos resultados, existe forte indicativo de
que seja isso o que está acontecendo.
Mal iniciou-se a concretização da inclusão social no âmbito do ensino
fundamental, as leis e a demanda já cobram das escolar e professores
procedimentos e resultados. Cabe a todos enquanto pais, educadores e cidadãos a
reformulação de conceitos, ou melhor, preconceitos, para ir de encontro a uma
educação que seja de fato mais democrática e que preze o desenvolvimento integral
de todos baseada em princípios éticos e políticos, preservando a individualidade e
promovendo com sucesso as potencialidades dos alunos com deficiência que
necessitam mais que qualquer um de uma oportunidade real e justa para se
desenvolver cognitiva, social, emocional, e politicamente.
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Bibliografia
1. ARAÚJO, Ane. Coach - Um parceiro para o seu Sucesso – Ed. Gente
2. PACHECO, José. Caminhos para Inclusão. Ed. Artmed, 2007.
3. FARREL, Michael. Dificuldades de aprendizagem moderadas, graves e
profundas. Ed. Artmed, 2008.
4. SANTOLÓ, Luis. Didática da Matemática - Ed. Artmed, 2001.
5. D’AMBROSIO, Ubiratan. Letramento no Brasil – Habilidades Matemáticas.
2004.
6. FRAGA, Rita. Inclusão, Sociedade e Educação (cartilha do Sinpro sp), 2007.
7. CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Ed.
Mediação, 2006.
8. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar O que é? Por quê? Como
fazer? Ed. Moderna, 2007.
9. RIBEIRO, Valéria Cristina Gomes. O direito à inclusão social das pessoas
portadoras de deficiência: um caminho para o exercício da democracia. Jus
Navigandi, Teresina, ano 6, n. 53, jan. 2002. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2546>. Acesso em: 21 fev.
2009.