No semiárido brasileiro, agricultores e agricultoras observam os s ina i s da natureza, tiram lições dos períodos de chuva e estiagem e aproveitam as riquezas naturais com criatividade.

Criatividade é a palavra que faz parte do cotidiano da família do

agricultor Evangelista Amaral, da comunidade Mata Grande dos

Liberatos, município de Imaculada- Paraíba. No convívio diário com a terra, o

agricultor descobre, aprende e junto com sua família constrói alternativas que permitem aproveitar

os recursos naturais da propriedade de 12 hectares, com sustentabilidade.

Dona Liquinha (sogra de Evangelista), conta que quando compraram à propriedade, alguns vizinhos criticavam, “diziam que o terreno tinha um enorme lajedo que não tinha serventia e só ocupava espaço”. Mas, a família descobriu a utilidade da pedra, que por muito tempo, serviu apenas para bater feijão. A cerca de dois anos, Evangelista teve a idéia de construir uma estrutura de captação e armazenamento de água. Logo na primeira chuva ficou comprovado que o lajedo tem um grande potencial para captação de água, a área tem aproximadamente 2.000 metros quadrados, mesmo quando chove pouco, os reservatórios abastecidos pelo lajedo, transbordam e garantem água para a família e os animais durante o ano todo.

A água captada na pedra é armazenada primeiramente em um reservatório de 42 mil litros, construído em cima do lajedo e através de canos desce por gravidade para um reservatório menor que fica próximo a residência da família, daí é distribuída para o consumo familiar, uso doméstico e criação animal. “A experiência foi muito útil para a nossa família, porque no ano de 2013, um poço que existe aqui há mais de 20 anos, secou!” Destaca seu Assis (sogro de Evangelista). A pedra também servirá para captar água para uma cisterna de enxurrada construída na propriedade.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1113

Outubro/2013

Imaculada

Cria�vidade e Diversidade no Campo

Elton, Evangelista, Inês, Liquinha, Assis e Eduardo

Outra estratégia de manejo da água desenvolvida pela família, é a reutilização da água servida para aguar as plantas, “com a estiagem, muitas plantas morreram na propriedade, outras foram salvas porque aproveitamos a água que lava a louça para aguá-las”. relata dona Liquinha.

A experiência agora será melhorada através da construção do Sistema de Tratamento de Águas Cinzas (águas de sabão). Evangelista conheceu a tecnologia em uma visita de intercâmbio interestadual realizada no Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA) em Ibimirim – Pernambuco, pelo Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS), através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). O sistema permite reutilizar a água que foi usada para lavar roupa, louça e tomar banho.

“A importância do Sistema de Tratamento de Águas Cinzas, é que podemos reaproveitar a água servida para aguar as plantas. Isso possibilita produzir frutas e hortaliças na época da estiagem, e também economizar as outras águas,” destaca Evangelista.

Diversidade na produção gera segurança alimentar e renda

Na propriedade, a família aproveita bem a água e a terra para produzir, cultiva milho, feijão, hortas, fruteiras e mandioca. Também trabalha com criação de suínos e galinhas caipira. A produção dos animais é utilizada para o consumo familiar e comercialização na própria comunidade, comunidades vizinhas e na cidade. A venda das galinhas também é feita para a merenda escolar.

Evangelista é um agricultor experimentador que descobre e inova diferentes alternativas que facilitam a realização dos trabalhos na propriedade e em casa, mas as tarefas são divididas com todos da família. Ele diz que é preciso aprender a tirar lições da natureza e deixa o seu recado para outros agricultores “procurem observar os potenciais da propriedade, busquem sempre o conhecimento, pois existem muitas técnicas simples e baratas pra facilitar a vida do agricultor,” Conclui.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

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CEPFS