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CRIMES CONTRA A VIDA Profª Simone Alcantara Savazzoni

CRIMES CONTRA A VIDA - legale.com.br · a dignidade da vítima por ser mulher, como se as pessoas do sexo feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino. A lei pune

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CRIMES CONTRA A VIDAProfª Simone Alcantara Savazzoni

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa

• Sujeito passivo: Qualquer pessoa, comqualquer condição de vida, saúde, posição social,raça, estado civil, idade, convicção filosófica,política ou religiosa ou orientação sexual

• Objeto jurídico: A vida humana.

• Objeto material: A pessoa que sofreu aagressão

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

• Elementos objetivos do tipo: Matar(eliminar a vida) e alguém (pessoa humana).

• Elemento subjetivo do tipo específico: Nãohá.

• Elemento subjetivo do crime: É o dolo ou aculpa, conforme o caso.

• Classificação: Comum; material; de formalivre; comissivo (como regra); instantâneo; dedano; unissubjetivo; plurissubsistente.

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CRIMES UNISSUBJETIVO X

PLURISSUBJETIVO• Apelação criminal. Embriaguez ao volante e porte ilegal

de arma de fogo. Reconhecimento e aplicação daparticipação de menor importância. Impossibilidade.Crime unissubjetivo. Recurso desprovido. I - Tratando-se de crime unissubjetivo, isto é, praticado por um únicoagente, sem vínculo psicológico com mais alguém,impossível admitir a participação de menor importância,instituto só cabível em crimes com pluralidade deautores. II - Recurso não provido. (Apelação, Processonº 0003436-77.2016.822.0014, Tribunal de Justiça doEstado de Rondônia, 2ª Câmara Criminal, Relator (a) doAcórdão: Desª Marialva Henrique Daldegan Bueno, Datade Julgamento: 31/05/2017)

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CRIME UNISSUBSISTENTE X

PLURISSUBSISTENTE

• “Não se confunda crime de ação única com crimeunissubsistente, posto que conceitos diversos. Neste sentidocaracteriza-se o crime unissubsistente quando ele se realizacom um único ato, sendo a conduta una e indivisível, nãopermitindo a figura do tipo tentado, posto que inviável ofracionamento da conduta. Já o crime plurissubistente écomposto de vários atos, que integram uma única conduta. Ouseja, apesar de ser uma única conduta, caracterizando-se ocrime de ação única, a conduta típica é realizada em váriasfases distintas, acarretando a possibilidade de fracionamentoe, portanto, de tentativa.” (TJ-SP – Apelação: 0003817-46.2007.8.26.0093, Data de Julgamento: 05/12/2013,Relator: Lauro Mens de Mello, Data de Publicação: Dje10/12/2013)

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• Tentativa: Admissível.• Espécies: Doloso simples (caput), com pena de

reclusão de 6 a 20 anos; doloso com causa de diminuiçãode pena (§ 1.º), doloso qualificado (§ 2.º), doloso comcausa de aumento de pena (§ 4.º, parte final, § 6.º),culposo simples (§ 3.º), culposo com causa de aumentode pena (§ 4.º, primeira parte).

• Particularidade: Admite perdão judicial na formaculposa (§ 5.º).

• Momento consumativo: Ocorre com a morteencefálica, que acarretará, inexoravelmente, a cessaçãodas funções circulatória e respiratória.

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

• Meios de execução: Por ser crime de forma livre,comporta mecanismos diretos, indiretos, materiais,morais.

• Causas de diminuição de pena:

a) relevante valor social ou moral:relevante valor é algo importante ou de elevadaqualidade. Na ótica social, esses valores envolveminteresse de ordem geral ou coletiva. Na visãomoral, os valores concentram-se em interesseparticular ou específico

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b) domínio de violenta emoção logo emseguida a injusta provocação davítima: emoção é a excitação de umsentimento. Se o agente está dominado pelaViolenta emoção justamente porque foi, antes,provocado injustamente pode significar, comodecorrência lógica, a perda do autocontroleque muitos têm quando sofrem qualquer tipode agressão sem causa legítima. Desencadeadoo descontrole, surge o homicídio.

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Jurisprudência• PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO POR MOTIVO DE

RELEVANTE VALOR MORAL. ART. 121, § 1º, PRIMEIRA FIGURA, DO CP. 1. DECISÃO DO JÚRIMANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. INOCORRÊNCIA. OPÇÃO DOCONSELHO DE SENTENÇA POR UMA DAS TESES DEFENSIVAS COM AMPARO NASEVIDÊNCIAS DOS AUTOS. 2. REDUÇÃO DA PENA EM RAZÃO DO PRIVILÉGIO NA FRAÇÃOMÁXIMA DE 1/3 (UM TERÇO). ACOLHIMENTO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO PARAMINORAÇÃO DA PENA NA FRAÇÃO MÍNIMA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO EM PARTE. 1.Na hipótese, o Conselho de Sentença acolheu atese da defesa de reconhecimento do privilégio aoentendimento de que réu agiu em razão de relevante valor moral, qual seja, ter sido traído por suaesposa e humilhado publicamente na localidade em que residia, inclusive pela Vítima. Portanto, não épossível dizer que a decisão foi arbitrária ou contrária à prova dos autos, única possibilidade admitidapara a anulação do veredicto popular, visto que a versão acolhida tem amparo nas evidências dosautos. 2. Infere-se da sentença objurgada que o juízo Sentenciante, ao reduzir a pena intermediária emrazão do privilégio, utilizou a fração redutora de 1/6 (um sexto), ou seja, a mínima prevista § 1º, doart. 121, do Código Penal. Contudo, a escolha do quantum redutor exige motivação idônea que, in casu,não consta do comando sentencial. Desse modo, deve ser modificada a fração redutora no patamarmáximo de 1/3 (um terço), inicialmente em função da ausência de fundamentação suso apontada, mastambém considerando as circunstâncias do caso e as favoráveis balizadoras do art. 59 do Código Penal.3. Recurso conhecido e provido, nos termos do Parecer da Procuradoria de Justiça. (TJ-BA – APL:00000555920108050268, Relator: Luiz Fernando Lima, Primeira Câmara Criminal – PrimeiraTurma, Data de Publicação: 19/03/2016)

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

Jurisprudência

• EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO.DOSIMETRIA. ART. 121, §1º, CP. FRAÇÃO DE DIMINUIÇÃO DE PENA.SENTENÇA DEVIDAMENTE MOTIVADA. DIVERSAS FACADASDESFERIDAS NA VÍTIMA. FRAÇÃO DE 1/5 MANTIDA. RECURSODESPROVIDO. 1. O art. 121, §1º, do Código Penal (homicídio privilegiado),estabelece o decote de pena de 1/6 a 1/3 em razão de o homicídio ter sidopraticado sob domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocaçãoda vítima. Ao definir a fração redutora da pena, o Magistrado deve sopesara relevância do valor moral ou social que motivou a conduta, a intensidadedo domínio do acusado pela violenta emoção e o grau da injusta provocaçãoda vítima. 2. No caso, foi definido o decote de pena em 1/5, o que soarazoável e condizente com as circunstâncias do caso concreto, pois, adespeito de ter reagido legitimamente às seguidas provocações oriundas davítima, o acusado lançou contra o ofendido cerca de 30 (trinta) golpes defaca, denotando claro excesso na reação. 3. Recurso desprovido. (TJ-ES –APL: 00008121320008080012, Relator: SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DEMENDONÇA, Data de Julgamento: 11/07/2018, SEGUNDA CÂMARACRIMINAL, Data de Publicação: 17/07/2018)

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• Qualificadoras:a)motivo torpe, dentre os quais a pagaou promessa de recompensa: torpe éatributo do que é repugnante, indecente,ignóbil, logo, provocador de excessiva repulsaà sociedadeb) motivo fútil: significa que a causa

fomentadora da eliminação da vida alheiacalcou-se em elemento insignificante secomparado ao resultado provocado.

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c) emprego de meio insidioso, cruel ou queprovoque perigo comum, tais comoveneno, fogo, explosivo, asfixia outortura:meio insidioso é o enganoso; meio cruelé o gerador de sofrimento desnecessário à vítima.

d) recurso que dificulte ou torneimpossível a defesa da vítima,consubstanciado, como exemplos, natraição, emboscada e dissimulação:quando o agente aborda o ofendido de maneirainesperada, gera um contexto próprio para aaplicação desta qualificadora, pois a defesa édificultada ou até mesmo impossível.

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121e) torpeza particular conexa a outro delito:

criou a lei uma situação de peculiar repugnância,consistente na atuação do agente com o fim deassegurar a execução, ocultação ou vantagem de outrocrime.

f) feminicídio: homicídio doloso praticado contra amulher por “razões da condição de sexo feminino”, ouseja, desprezando, menosprezando, desconsiderandoa dignidade da vítima por ser mulher, como se aspessoas do sexo feminino tivessem menos direitos doque as do sexo masculino. A lei pune mais gravementeaquele que mata mulher por “razões da condição desexo feminino” (por razões de gênero). Não basta avítima ser mulher para que exista o crime defeminicídio, é preciso que a morte aconteça pelosimples fato de a vítima ter a condição de sexofeminino.

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e) contra autoridade ou agente descrito nosarts. 142 e 144 da Constituição Federal,integrantes do sistema prisional e da ForçaNacional de Segurança Pública, no exercícioda função ou em decorrência dela, ou contraseu cônjuge, companheiro ou parenteconsanguíneo até terceiro grau, em razãodessa condição: Para que o homicídio sejaqualificado por esse inciso, são necessá-rios doisrequisitos cumulativos: (i) a vítima precisa serautoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 daConstituição Federal, integrantes do sistema prisionale da Força Nacional de Segurança Pública; (ii) precisaestar no exercício da função ou ser morto emdecorrência dela.

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milícia privada: grupo paramilitar, que ageinoficiosamente, prometendo segurança àpopulação em lugar da atividade estatal regular.

grupo de extermínio: associação de pessoas quese julgam justiceiros, eliminando suspeitos decrimes e outras pessoas consideradas nocivas àsociedade.

(Guilherme de Souza Nucci)

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

Jurisprudência

• RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIOS QUALIFICADOS. MOTIVO TORPE. FEMINICÍDIO.PRONÚNCIA. EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. BIS INIDEM. NÃO OCORRÊNCIA. NATUREZAS DISTINTAS DAS ADJETIVADORAS.COEXISTÊNCIA. POSSIBILIDADE. FEMINICÍDIO. NATUREZA OBJETIVA.AFASTAMENTO MEDIANTE ANÁLISE SUBJETIVA DA MOTIVAÇÃO DOS CRIMES.INVIABILIDADE. 1. Hipótese em que a instância de origem decidiu pela inviabilidade damanutenção das qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio, sob pena de afronta aoprincípio do non bis in idem quanto a um dos fatos, e, relativamente a outros dois fatos,afastou a adjetivadora do feminicídio, analisando aspectos subjetivos da motivação do crime.2. Não há dúvidas acerca da natureza subjetiva da qualificadora do motivo torpe, ao passo quea natureza do feminicídio, por se ligar à condição especial da vítima, é objetiva, não havendo,assim, qualquer óbice à sua imputação simultânea. 3. É inviável o afastamento daqualificadora do feminicídio mediante a análise de aspectos subjetivos da motivação do crime,dada a natureza objetiva da referida qualificadora, ligada à condição de sexo feminino. 4. Aexclusão das qualificadoras na fase de pronúncia somente é possível quando manifestamenteimprocedentes, pois a decisão acerca de sua caracterização deve ficar a cargo do Conselho deSentença. 5. Recurso provido. (STJ – Resp: 1739704 RS 2018/0108236-8, Relator: MinistroJORGE MUSSI, Data de Julgamento: 18/09/2018, T5 – QUINTA TURMA, Data dePublicação: Dje 26/09/2018)

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Jurisprudência• RECURSO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO,

TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO E TORTURA. NULIDADE DA AÇÃOPENAL. INTEMPESTIVIDADE DA ACUSAÇÃO. AUSÊNCIA DE EXAMES DE CORPO DEDELITO. REQUISITOS DA PRISÃO CAUTELAR. 1. A tese de intempestividade dadenúncia não foi objeto de julgamento pela Corte de origem e configura verdadeirainovação recursal. Nem sequer existe manifesta ilegalidade a ser reparada, porquantoparece se tratar de mero erro material na aposição da data na peça, ocorrência típicaquando vira o ano. 2. A falta do exame de corpo de delito não retira a admissibilidade daacusação, porquanto lastreada em outros elementos de prova da materialidade dos crimes(relatório fotográfico, depoimentos testemunhais, exame de corpo de delito na outravítima, boletim de ocorrência, auto de reconhecimento fotográfico e depoimentos dasvítimas sobreviventes). Precedentes. 3. Apesar de relevante para a comprovação dos crimesde resultado, a realização do exame de corpo de delito não é imprescindível para acomprovação da materialidade delitiva, não podendo sua não-realização impedir apersecução criminal em juízo (HC n. 110.642/ES, Ministro Og Fernandes, Sexta Turma,DJe 6/4/2009). 4. É possível a juntada de exame de corpo de delito após a decisão depronúncia para que seja analisado pelo juiz natural da causa, a saber, o Conselho deSentença (AgRg no AREsp n. 304.248/BA, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma,DJe 23/3/2017). 5. Inexiste ilegalidade na manutenção da prisão preventiva decretadaquando fundada, como no caso, na gravidade concreta da conduta delituosa, evidenciadapelo modus operandi adotado, e na necessidade de resguardar a aplicação da lei penal,tendo em vista a evasão do distrito da culpa, a qual perdura, em relação a um dosrecorrentes, até o momento. 6. Recurso em habeas corpus conhecido em parte e, nessaparte, improvido. (stj – rhc: 88186 ap 2017/0201178-8, Relator: Ministro SEBASTIÃOREIS JÚNIOR, Data de Julgamento: 01/03/2018, T6 – SEXTA TURMA, Data dePublicação: Dje 12/03/2018)

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121 -

Jurisprudência• EMENTA: Júri. Homicídio triplamente qualificado, por emprego de

meio cruel, mediante recurso que impossibilitou a defesa da vitima epara assegurar a ocultação de outro crime, contra pessoa menor de14 anos, mais fraude em processo penal. Preliminaresabsolutamente inconsistentes. Realização de nova reproduçãosimulada. Desnecessidade. Réus que se recusaram à realização daprova, no momento a tanto destinado. Afirmações defensivasconsideradas na perícia, todavia. Tese principal de impossívelreprodução, ademais. Pretendida realização de animação gráfica.Indeferimento mantido. Mero instrumento de prova, comfinalidade única de aclarar compreensão do destinatário.Inexistência de qualquer óbice para que a defesa produzisse aanimação, por seus próprios meios. Pretendida exibição de telas deproteção, para confronto de perfuração. Existência de uma únicatela preservada. Impossibilidade de realização de qualquerconfronto.

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• Material que interessa ao processo devidamente exibido e examinado pela defesa,ademais. Objeto à plena disposição dos interessados, em Plenário. Diligênciainovadora e impertinente, realizada após a fase do art. 422, do Cód.Proc.Penal. Pleitode realização de reexame com luzes forenses do local dos fatos e de objetosrelacionados com o delito. Local minuciosamente examinado e periciado. Palco dosfatos inteiramente imprestável à realização de nova perícia, a esta altura. Diligênciaimpertinente, então. Realização de contraprova no material biológico preservado.Tese já examinada e afastada por esta C. Turma Julgadora. Acusação que não seapoia nessa prova. Inexistência de demonstração de prejuízo, por fim. Pretendidoreconhecimento de impedimento de perita oficial. Impossibilidade. Inaplicabilidadedo art. 279, II, do Cód.Proc.Penal, que não alcança 'experts' que atuam desde o iníciodo feito e prestam meros esclarecimentos tão somente a respeito do objeto da perícia.Juntada de documentos para exibição aos jurados. Intempestividade manifesta.Prazo legal que deve respeitar o principio constitucional do contraditório. Ausênciade indicação e demonstração de prejuízo, ademais. Indeferimento de realização de'diligência' já defenda. Ato manifestamente impertinente e desnecessário aoesclarecimento da verdade. Providência que pode ser reexaminada pelo magistrado, àluz do art. 497, XI, do Côd.Proc.Penal.(...)

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121 -

Jurisprudência(...) Alegação de nulidade do feito, face oitiva da assistente de acusação. Inexistência de qualquereiva. Genitora da vitima arrolada na denúncia e ouvida ao longo de todo processo, sem quehouvesse qualquer objeção defensiva. Alegação que veio a destempo. Oitiva pura e simplesdaquela pessoa, que não causa nulidade qualquer, mormente quando, como aqui, não prestacompromisso legal. Condenação amparada em outras e robustas provas, ademais. Pretendidanulificação dos trabalhos no júri, em razão da presença de assistente técnico na bancada destinadaà assistente de acusação. Presença daquele no local unicamente para operar equipamentoeletrônico. Magistrado que limita suas funções, vedando-o de qualquer participação ativa.Inexistência de qualquer prejuízo efetivo ou eventual demonstrado, com a situação. Falha naquesitação. Inocorrência. Preclusão evidente. Tese defensiva verdadeiramente descabida,ademais. Pedido de transmissão televisiva dos trabalhos em Plenário. Impossibilidade. Ausênciade contaminação dos jurados. Direito à intimidade preservado. Publicidade processual e liberdadede imprensa plenamente garantidas. Mérito. Resultado perfeitamente conforme a evidência dosautos. Impossibilidade de sua modificação. Decisão que somente se anula quando o julgamentonão encontra amparo algum nos elementos dos autos, coisa inocorrida, por aqui. Autoria certa ematerialidade indiscutível. Resultado absolutamente alicerçado na prova, que é forte e firme.Qualificadoras do homicídio muito bem reconhecidas. Questões concernentes ao delito de fraudeprocessual já analisadas e afastadas, inclusive por Cortes Superiores. Apenamento. Pena-base bemfixada, de acordo com critérios do magistrado sentenciante e em pleno atendimento ao art. 59, doCód.Penal. Segunda fase de aplicação de pena alterada, entretanto, para se adequar ao art. 68 doCód.Penal. Sistema trifásico preservado. Apenamento do delito conexo criterioso. Apeloparcialmente provido, apenas para adequação das penas do acusado Alexandre, mantido o maisdecidido. (TJ-SP – Apelação: 0251309-33.2010.8.26.0000, Data de Publicação: 28/04/2011,Relator: Eduardo Braga)

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Jurisprudência• Os apelantes foram pronunciados para responder a Júri, Suzane Louise

Von Richthofen como incursa no art. 121, parágrafo 2o, inciso I (promessa de pagamento e motivo torpe ), III ( asfixia e meio cruel ), IV (recurso que impossibilitou a defesa das vítimas ), c.c. o art. 29, por duasvezes, em concurso com o art. 347, parágrafo único, c.c. o art. 29, todos doCódigo Penal. Daniel Cravinhos de Paula e Silva foi pronunciado peloart. 121, parágrafo 2o, inciso I ( promessa de pagamento e motivo torpe ),III ( asfixia e meio cruel ), IV ( recurso que impossibilitou a defesa dasvítimas ), c.c. o art. 29, duas vezes, e por infração ao art. 347, parágrafoúnico, c.c. o art. 29, todos do Código Penal. Cristian Cravinhos de Paulae Silva foi pronunciado por infração ao art. 121, parágrafo 2o, incisos I(promessa de pagamento e motivo torpe), III ( asfixia e meio cruel ) e IV(recurso que impossibilitou a defesa das vítimas ), c.c. o art. 29, duas vezes,por infração ao art. 347, parágrafo único, c.c. o art. 29 e por infração ao art.155, caput, todos do Código Penal. (TJ-SP – Apelação: 01004089.3/7-0000-000, Data do Julgamento: 22/11/2017, Data de Relator: José DamiãoPinheiro Machado Cogan)

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

• Causas de aumento de pena: Para ohomicídio doloso, forma simples ou qualificada,são aplicáveis duas causas para a elevação dapena: a) vítimas maiores de 60 anos e menoresde 14; e b) se o crime for cometido por milíciaprivada, sob o pretexto de prestação de serviçode segurança, ou por grupo de extermínio

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

Jurisprudência• PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. LAVAGEM DE DINHEIRO DE

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. FATOS ANTERIORES ÀS LEIS N.º 12.683/12 E N.º 12.850/13.ATIPICIDADE. RECONHECIMENTO. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. CONSTITUIÇÃO DEMILÍCIA PRIVADA. ART. 288-A DO CÓDIGO PENAL. CONDENAÇÃO BASEADA EM PROVASPRODUZIDAS NA FASE JUDICIAL, ALÉM DE ELEMENTOS INFORMATIVOS COLHIDOSEXTRAJUDICIALMENTE. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. QUALIFICADORA PREVISTA NOART. 8º DA LEI Nº 8.072/90. INCIDÊNCIA NA FORMAÇÃO DA QUADRILHA PARA APRÁTICA DE CRIMES HEDIONDOS. DOSIMETRIA. FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO NÃOATACADOS. SÚMULA 284/STF. FIXAÇÃO DA PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL COMAMPARO EM ELEMENTOS CONCRETOS DOS AUTOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃOEVIDENCIADO. 1. Por fatos praticados antes do advento das Leis nºs 12.683/12 e 12.850/13, orecorrente foi denunciado e condenado como incurso no artigo 1º, inciso VII, da Lei n.º9.613/98, tornando-se inviável a responsabilização criminal, visto a atipicidade da condutanarrada na exordial acusatória pois carente, à época, a descrição normativa do que seriacompreendido por organização criminosa, considerado crime antecedente à lavagem de dinheiro.Precedentes do Supremo Tribunal Federal e desta Corte Superior de Justiça. 2. Tendo o decretocondenatório fundamentado-se em provas produzidas durante a instrução criminal, com adevida observância do devido processo legal, além de elementos informativos colhidosextrajudicialmente, não há falar em ocorrência de ilegalidade em razão da ausência de submissãodos últimos ao contraditório.

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• 3. Para a incidência da qualificadora prevista no artigo 8º da Lei nº 8.072/90 é bastante ademonstração de que a associação criminosa concretizou-se para a prática de crimeshediondos, o que, conforme consignado pela Corte local, competente pelo exame do acervofático-probatório dos autos, restou devidamente evidenciado no caso dos autos. 4. Se nasrazões do recurso especial o recorrente deixa de refutar os fundamentos utilizados peloaresto recorrido aplica-se, por analogia, o disposto na Súmula 284 do Excelso Pretório. 5.Não há falar em ilegalidade na majoração da pena-base, quanto ao delito de constituição demilícia privada (art. 288-A do Código Penal), amparada em fundamentação concreta,consistente na formação de um grupo armado de cerca de 100 (cem) milicianos que, pormais de 15 (quinze) anos, impuseram "verdadeiro regime de terror entre moradores ecomerciantes" da comunidade, tendo o recorrente, como líder do grupo, praticado todos osverbos do tipo penal em tela. 6. Recurso especial provido em parte para, com amparo najurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal Federal, absolver o recorrente CristianoGirão Matias no tocante ao delito previsto no artigo 1.º, inciso VII, da Lei n.º 9.613/98,mantida sua condenação à pena de 8 (oito) anos de reclusão como incurso no artigo 288-Ado Código Penal, no regime inicial fechado. Extensão dos efeitos do julgado à corré SolangeFerreira Vieira, nos termos do artigo 580 do Código de Processo Penal. (STJ – Resp:1497490 RJ 2014/0312370-8, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,Data de Julgamento: 09/06/2015, T6 – SEXTA TURMA, Data de Publicação: Dje18/06/2015

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• Forma culposa: Se o homicídio for cometidopor imprudência, negligência ou imperícia.

• Causa de aumento de pena no homicídioculposo:

a) inobservância de regra técnica deprofissão, arte ou ofício;b) omissão de socorro;c) não procurar diminuir as consequênciasdo seu ato; ed) fuga da prisão em flagrante.

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HOMICÍDIO – ARTIGO 121

• Perdão judicial: Permite-se que o juiz afaste apunibilidade do crime de homicídio culposo, nãoaplicando a pena, se as consequências do crimeatingirem o próprio agente de maneira tão graveque a sanção se torne desnecessária. O agentepode ser afetado: a) fisicamente; ou b)moralmente.

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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO

A SUICÍDIO – ARTIGO 122

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

• Sujeito passivo: Qualquer pessoa com ummínimo de discernimento e resistência.

• Objeto jurídico: A vida humana.

• Objeto material: A pessoa contra a qual sevolta o agente.

• Elementos objetivos do tipo: Induzir(significa dar a ideia a quem não a possui),instigar (fomentar uma ideia já existente) ouauxiliar (dar apoio material ao ato suicida).

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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO

A SUICÍDIO – ARTIGO 122

• Elemento subjetivo do tipo específico: Nãohá

• Elemento subjetivo do crime: É o dolo, nãose admitindo a forma culposa

• Classificação: Comum; material; instantâneo;comissivo de dano; unissubjetivo; de formalivre; plurissubsistente.

• Tentativa: Não admite, por ser crimecondicionado.

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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO

A SUICÍDIO – ARTIGO 122

• Momento consumativo: Ocorre quando avítima efetivamente se suicida ou quando tenta esofre lesões graves

• Causas de aumento de pena: A pena éduplicada quando o crime é cometido I) pormotivo egoístico; II) quando a vítima é menorde 18 anos e maior de 14; ou III) tem diminuída,por qualquer motivo, a sua capacidade deresistência.

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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO

A SUICÍDIO – ARTIGO 122

No homicídio quem executa a ação é outra pessoaque não o que morreu. Assim, quando alguéminjeta veneno na veia de doente terminal, a pedidodeste, causando-lhe a morte, o crime será dehomicídio. Se, diversamente, a injeção é entregue àvítima para que este injete o veneno, o agente terácometido auxílio ao suicídio. Se alguém induzpessoa sem discernimento ou sem possibilidademental de resistir, haverá crime de homicídio.

(José Nabuco Filho)

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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO

A SUICÍDIO – ARTIGO 122

• EMENTA: PROCESSO PENAL - CONFLITO DEJURISDIÇÃO - AMEAÇA – MAUS TRATOS - INSTIGAÇÃOAO SUICÍDIO - PRÁTICA CONTRA MULHER – ÂMBITO DOMÉSTICO - LEI MARIA DA PENHA - VIOLÊNCIADOMÉSTICA – JUSTIÇA COMUM - DERAM PELACOMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO. - De acordo com odisposto nos arts. 33 e 41, da Lei nº 11.340/06, é competente aJustiça Comum para julgamento das causas decorrentes daprática de violência doméstica contra a mulher, enquanto nãoestruturados os Juizados Especiais de Violência Doméstica eFamiliar contra a mulher. - O fato de o sujeito ativo dasagressões ser mulher, não afasta a incidência da Lei MariaPenha, exigindo-se, apenas, que a vítima seja mulher, parasua aplicação.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

• Sujeito ativo: A mãe do recém-nascido ou sernascente.

• Sujeito passivo: O recém-nascido ou ser nascente.

• Objeto jurídico: A vida.

• Objeto material: O recém-nascido ou sernascente.

• Elementos objetivos do tipo: matar (significaeliminar a vida de outro ser humano, de modo que épreciso que o nascente esteja vivo no momento emque é agredido). a única diferença entre o crime deinfanticídio e o homicídio é a especial situação emque se encontra o agente.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

Estado puerperal é aquele que envolve aparturiente durante a expulsão da criança doventre materno. Há profundas alteraçõespsíquicas e físicas, que chegam a transtornar amãe, deixando-a sem plenas condições deentender o que está fazendo. É uma hipótese desemi-imputabilidade que foi tratada pelolegislador com a criação de um tipo especial. Opuerpério é o período que se estende do início doparto até a volta da mulher às condições pré-gravidez.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

• O infanticídio exige que a agressão seja cometidadurante o parto ou logo após, embora sem fixarum período preciso para tal ocorrer.

• Elemento subjetivo do tipo específico: Nãohá.

• Elemento subjetivo do crime: É o dolo, nãose punindo a forma culposa.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

• Classificação: Próprio; instantâneo;comissivo; material; de dano; unissubjetivo;plurissubsistente; de forma livre.

• Tentativa: É admissível.

• Momento consumativo: Com a morte dorecém-nascido ou ser nascente.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

O correto é presumir o estado puerperal quando odelito é cometido imediatamente após o parto, emque pese poder haver prova em contrário, produzidapela acusação. Após o parto ter-se consumado, noentanto, a presunção vai desaparecendo e o correrdos dias inverte a situação, obrigando a defesa ademonstrar, pelos meios de prova admitidos (períciaou testemunhas), que o puerpério,excepcionalmente, naquela mãe persistiu, levando-aa matar o próprio filho.

(Guilherme de Souza Nucci)

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

O concurso de pessoas no infanticídio tendo o Código Penaladotado a teoria monista, pela qual todos os que colaborarempara o cometimento de um crime incidem nas penas a eledestinadas, no caso presente, coautores e partícipesrespondem igualmente por infanticídio. Assim, emborapresente a injustiça, que poderia ser corrigida pelo legislador,tanto a mãe que mate o filho sob a influência do estadopuerperal, quanto o partícipe que a auxilia, respondem porinfanticídio. O mesmo se dá se a mãe auxilia, nesse estado, oterceiro que tira a vida do seu filho e ainda se ambos (mãe eterceiro) matam a criança nascente ou recém-nascida. Adoutrina é amplamente predominante nesse sentido. (Manualde direito penal / Guilherme de Souza Nucci. – 10. ed. rev.,atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.)

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

Concurso de pessoasVejamos as hipóteses possíveis:a) a parturiente e o terceiro executam a condutanúcleo do tipo do art. 123, ou seja, ambos praticamcomportamentos no sentido de causar a morte dorecém-nascido;b) somente a parturiente executa a conduta de mataro próprio filho, com a participação do terceiro;c)somente o terceiro executa a conduta de matar ofilho da parturiente, contando com o auxíliodesta.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

No caso em exame, como já deixamos antever, ainfluência do estado puerperal não pode serconsiderada mera circunstância, mas, sim,elementar do tipo do art. 123, que tem vidaautônoma comparativamente ao delito do art.121. Em razão disso, nos termos do art. 30 doCódigo Penal, se for do conhecimento doterceiro que, de alguma forma, concorre para ocrime, deverá a ele se comunicar.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

O terceiro, que também executa a ação dematar, da mesma forma, deverá responder pelomesmo delito, conforme determina o art. 30 doCódigo Penal.

(...)

Hungria discorda dessa conclusãoargumentando que o delito de infanticídio épersonalíssimo, sendo incomunicável ainfluência do estado puerperal.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

Quando é a própria parturiente que, sozinha,causa a morte do recém-nascido, mas com aparticipação de terceiro que, por exemplo, aauxilia materialmente, fornecendo-lhe oinstrumento do crime, ou orientando-a a comoutilizá-lo, ambos, da mesma forma, responderãopelo infanticídio, já que a parturiente atuavainfluenciada pelo estado puerperal e o terceiroque a auxiliou conhecia essa particular condição,concorrendo, portanto, para o sucesso doinfanticídio.

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123

Em suma, se o terceiro acede à vontade daparturiente, que, influenciada pelo estadopuerperal, dirige finalisticamente sua condutano sentido de causar, durante o parto ou logoapós, a morte do recém-nascido ou nascente, emqualquer das modalidades de concurso depessoas, de acordo com a regra contida no art.30 do Código Penal, deverá ser responsabilizadopelo delito de infanticídio.

(Rogério Greco)

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INFANTICÍDIO – ARTIGO 123 -

Jurisprudência RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO.

DESCLASSIFICAÇÃO. PRONÚNCIA. INFANTICÍDIO. ESTADO PUERPERAL.COMPROVAÇÃO PERICIAL. PROVA INEQUÍVOCA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Oestado puerperal caracteriza-se pela alteração psíquica da mulher em decorrência doparto, diminuindo-lhe a capacidade de completo entendimento ou de determinaçãoperante a realidade. 2. O Laudo Pericial, elaborado por psiquiatra forense doInstituto Médico Legal, afirma que as informações constantes nos autos sãosuficientes para se diagnosticar a presença do estado puerperal na hipótese,sobretudo em razão do contexto da ação, da dinâmica dos fatos e do quadro deestresse reativo, com sintomas depressivos graves, apresentado pela ré após o delito.3. Ainda que seja possível ao juiz decidir de forma diversa do que consta no laudopericial, a discordância em relação à conclusão técnica deve estar embasada emrazões firmes, o que não se afigura possível na hipótese em apreço, pois não há provaque possibilite conclusão diversa daquela externada pela psiquiatra forense. 4. Após afinalização da primeira fase do procedimento especial do Tribunal do Júri, é lícito aojuiz desclassificar a imputação formulada na denúncia, inclusive para pronunciar oacusado por crime doloso contra a vida diverso do capitulado na inicial acusatória(artigo 418 do Código de Processo Penal). 5. Recurso desprovido. (TJ-DF – RSE:20131310028556, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, Data deJulgamento: 01/10/2015, 2ª Turma Criminal, Data de Publicação: Publicado no DJE06/10/2015 . Pág.: 126)

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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE

OU COM SEU CONSENTIMENTO –

ARTIGO 124

• Sujeito ativo: A gestante.

• Sujeito passivo: O feto ou embrião.

• Objeto jurídico: A vida do feto ou a vidadependente.

• Objeto material: O feto ou embrião.

• Elementos objetivos do tipo: Aborto é acessação da gravidez, antes do termo normal,causando a morte do feto ou embrião. Suasformas são:

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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE

OU COM SEU CONSENTIMENTO –

ARTIGO 124

a) aborto natural: é a interrupção da gravidezoriunda de causas patológicas, que ocorre demaneira espontânea (não há crime);

b) aborto acidental: é a cessação da gravidezpor conta de causas exteriores e traumáticas,como quedas e choques (não há crime);

c) aborto criminoso: é a interrupção forçada evoluntária da gravidez, provocando a morte dofeto ou embrião;

d) aborto permitido ou legal: é a cessação dagestação, com a morte do feto ou embrião,admitida por lei. Divide-se em:

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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE

OU COM SEU CONSENTIMENTO –

ARTIGO 124

I. aborto terapêutico ou necessário: é ainterrupção da gravidez realizada porrecomendação médica, a fim de salvar avida da gestante. Trata-se de uma hipóteseespecífica de estado de necessidade.

II. aborto sentimental ou humanitário: é aautorização legal para interromper agravidez quando a mulher foi vítima deestupro.

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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE

OU COM SEU CONSENTIMENTO –

ARTIGO 124

e) aborto eugênico, eugenésico ouembriopático: é a interrupção da gravidez,causando a morte do feto ou embrião, paraevitar que a criança nasça com graves defeitosgenéticos.

f) aborto econômico-social: é a cessaçãoda gestação, causando a morte do feto ouembrião, por razões econômicas ou sociais.

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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE

OU COM SEU CONSENTIMENTO –

ARTIGO 124

• Elemento subjetivo do tipo específico: Nãohá.

• Elemento subjetivo do crime: É o dolo,inexistindo a forma culposa.

• Classificação: Crime próprio; instantâneo;comissivo ou omissivo; material; de dano;unissubjetivo, como regra; plurissubsistente; deforma livre.

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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE

OU COM SEU CONSENTIMENTO –

ARTIGO 124

• Tentativa: É admissível.

• Momento consumativo: Com a morte do fetoou embrião.

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

SEM CONSENTIMENTO – ARTIGO 125

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

• Sujeito passivo: O feto ou embrião e tambéma gestante.

• Objeto jurídico: A vida e a integridade físicada gestante.

• Objeto material: O feto ou embrião e a gestante.

• Elementos objetivos do tipo: Provocar(significa dar causa ou determinar) e consentir(dar aprovação).

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

SEM CONSENTIMENTO – ARTIGO 125

• Elemento subjetivo do tipo específico: Nãohá.

• Elemento subjetivo do crime: É o dolo,inexistindo a forma culposa.

• Classificação: Comum; instantâneo;comissivo; material; de dano; unissubjetivo;podendo, em algumas hipóteses, serplurissubjetivo; plurissubsistente; de formalivre.

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

SEM CONSENTIMENTO – ARTIGO 125

• Tentativa: É admissível.

• Momento consumativo: Com a morte do fetoou embrião.

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM

CONSENTIMENTO – ARTIGO 125 - Jurisprudência

• EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. TRIBUNAL DO JÚRI. ABORTOPROVOCADO POR TERCEIRO, SEM O CONSENTIMENTO DAVÍTIMA. CONDENAÇÃO. PRELIMINAR. ALEGAÇÃO DEINCOMPETÊNCIA. LUGAR DA INFRAÇÃO. COMPETÊNCIATERRITORIAL RELATIVA. POSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO.NÃO INTERPOSIÇÃO DA EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA NARESPOSTA À ACUSAÇÃO. PRECLUSÃO. ATRIBUIÇÃOPRORROGADA. CONVALIDAÇÃO. NULIDADE INEXISTENTE.TESE DE QUE O VEREDICTO É MANIFESTAMENTE CONTRÁRIOÀ PROVA DOS AUTOS. PREMISSAS DE QUE OS DELITOS FORAMPRATICADOS COM O CONSENTIMENTO DA VÍTIMA E DE QUEOS ABORTOS RESULTANTES DE ESTUPRO SÃO LÍCITOS.IMPERTINÊNCIA. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS DE CONVICÇÃOA AMPARAR A ESCOLHA DOS JURADOS. CONFORMIDADEMÍNIMA COM O CONJUNTO PROBATÓRIO. MANUTENÇÃO DOJULGAMENTO. PENA. AGRAVANTE. QUANTIA. REDUÇÃO.REGIME. DETRAÇÃO PENAL. ALTERAÇÃO

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• 1. Embora o lugar da infração seja, como regra, o foro competente para serjulgada a causa, conforme a norma do artigo 70, do Código de ProcessoPenal, se a defesa não interpõe a exceção de incompetência no momentooportuno, consistente na resposta à acusação, a atribuição para ojulgamento fica prorrogada, passando o juízo que abstratamente seriaincompetente a ter competência no caso concreto, por se tratar decompetência territorial relativa, que admite prorrogação. 2. Estando overedicto dos jurados no sentido da condenação do acusado pela prática dedois delitos de aborto, sem o consentimento da vítima, minimamenteamparado no conjunto probatório, mantém-se o julgamento realizado peloConselho de Sentença, não se mostrando viável a sua anulação, nem peloargumento de que os delitos foram praticados com o consentimento davítima, nem pela tese de que o aborto resultante de estupro é lícito, porqueambas as premissas dependem de não existir nenhum contingenteprobatório que ampare a opção dos jurados no sentido de que os fatosforam cometidos sem o assentimento da ofendida.

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• 3. Verificado que, na segunda fase da dosimetria da pena, aincidência da agravante de ter o agente cometido os crimescontra descendente (art. 61, II, “e”, CP) foi contabilizada demodo desproporcional, reduz-se a fração para quantia maispertinente ao caso concreto. 4. Se, computado o tempo de prisãoprovisória, a sanção fica aquém de 8 anos, altera-se o regimeinicial de pena privativa de liberdade para a modalidadesemiaberta, por força da detração penal, prevista no artigo 387,parágrafo 2º, do Código de Processo Penal. APELAÇÃOPARCIALMENTE PROVIDA. (TJ-GO – APR:01968124820158090168, Relator: DR(A). SIVAL GUERRAPIRES, Data de Julgamento: 04/04/2017, 1ª CAMARACRIMINAL, Data de Publicação: DJ 2285 de 09/06/2017)

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

COM CONSENTIMENTO – ARTIGO 126

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

• Sujeito passivo: O feto ou embrião.

• Objeto jurídico: A vida.

• Objeto material: O feto ou embrião.

• Elementos objetivos do tipo: Provocar(significa dar causa ou determinar) e consentir(dar aprovação, admitir, tolerar).

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

COM CONSENTIMENTO – ARTIGO 126

• Elemento subjetivo do tipo específico: Nãohá.

• Elemento subjetivo do crime: É o dolo,inexistindo a forma culposa.

• Classificação: Comum; instantâneo;comissivo; material; de dano; plurissubjetivo;plurissubsistente; de forma livre.

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ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

COM CONSENTIMENTO – ARTIGO 126

• Tentativa: É admissível.• Momento consumativo: Com a morte do feto

ou embrião.• Qualificadoras: Dispõe o parágrafo único do

art. 126 que a pena será aplicada nos termos doartigo 125 (mais gravosa) se a gestante não émaior de 14 anos, ou é alienada ou débil mental,ou se o consentimento é obtido mediante fraude,grave ameaça ou violência.

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FORMAS QUALIFICADAS DE ABORTO –

ARTIGO 127

• Aplicação restrita: Somente se aplica a figuraqualificada às hipóteses dos arts. 125 e 126. Asconsequências são: a) aumentar de um terço a pena,se, em razão do aborto ou dos meios empregadospara provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal denatureza grave; b) provocar a duplicação da pena,se, por qualquer dessas causas, houver a morte dagestante. Se fosse empregado o art. 127 também aotipo previsto no art. 124 (autoaborto), estar-se-iapunido a autolesão, o que não ocorre no direitobrasileiro.

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FORMAS QUALIFICADAS DE ABORTO –

ARTIGO 127

• Hipóteses da figura qualificada: a) lesõesgraves ou morte da gestante e feto expulso vivo:tentativa de aborto qualificado; b) aborto feitopela gestante, com lesões graves ou morte,havendo participação de outra pessoa: esta poderesponder por homicídio ou lesão culposa (seprevisível o resultado prejudicial à gestante) emconcurso com autoaborto, já que não se aplica afigura qualificada à hipótese prevista no art. 124.

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FORMAS QUALIFICADAS DE ABORTO –

ARTIGO 127• Crime qualificado pelo resultado: Trata-se de

hipótese em que o resultado mais grave qualifica ooriginalmente desejado. O agente quer matar o feto ouembrião, embora termine causando lesões graves oumesmo a morte da gestante. Entendem a doutrina e ajurisprudência majoritárias que as lesões e a morte sópodem decorrer de culpa do agente, constituindo, pois, aforma preterdolosa do crime (dolo na condutaantecedente e culpa na subsequente). Entretanto, adespeito disso, em nosso entendimento, não há restriçãolegal expressa para que o resultado mais grave não possaser envolvido pelo dolo eventual do agente. Mas, se issoocorrer, conforme posição predominante, costuma-sedividir a infração em duas distintas (aborto + lesõescorporais graves ou aborto + homicídio doloso,conforme o caso).

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE – ARTIGO

128

• Excludentes específicas: O art. 128 cuida deduas hipóteses de excludentes de ilicitude aplicáveissomente no contexto do aborto, mas que nãodiferem, na essência, daquelas previstas no art. 23do Código Penal. Autoriza-se o aborto: a) quandonão há outro meio de salvar a vida da gestante (art.128, I), que é uma modalidade especial de estado denecessidade; b) se a gravidez resulta de estupro e oaborto é precedido de consentimento da gestante ou,se for incapaz, de seu representante legal (art. 128,II), que representa uma forma especial de exercícioregular de direito.

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE – ARTIGO

128

• Sujeito que pode praticá-lo: Entende-se quesomente o médico pode providenciar a cessaçãoda gravidez nessas duas hipóteses, sem qualquerpossibilidade de utilização da analogia in bonampartem para incluir, por exemplo, a enfermeiraou a parteira. A razão disso consiste no fato de omédico ser o único profissional habilitado adecidir, mormente na primeira situação, se agestante pode ser salva, evitando-se o aborto ounão.

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE – ARTIGO

128

• Aborto terapêutico: Trata-se, como jámencionado, de uma hipótese específica deestado de necessidade.

• Aborto humanitário ou piedoso: Em nomeda dignidade da pessoa humana, no caso a damulher que foi violentada, o direito permite quepereça a vida do feto ou embrião

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE – ARTIGO 128

Jurisprudência

• MANDADO DE SEGURANÇA. INTERRUPÇÃO DEGRAVIDEZ. PATOLOGIA INCOMPATÍVEL COM AVIDA EXTRA-UTERINA. EXAMES MÉDICOS QUEAPONTARAM ANENCEFALIA NO FETO. Semdesmerecer a vida intrauterina e o direito do nascituro, emum juízo de proporcionalidade deve prevalecer a dignidadehumana, o livre arbítrio e a saúde mental da gestante, quandoa vida do feto é, em verdade, mera expectativa de, talvez,haver uma sobrevida (e nada mais). No mais, atentaria contraos mais basilares fundamentos e princípios constitucionais acontinuidade da gestação da impetrante, que se afiguramesmo desumana por fazê-la gerar um feto com malformaçãocujo prognóstico certo é a morte prematura – na maior partedos casos, inclusive, intrauterina. SEGURANÇACONCEDIDA. UNÂNIME.

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE – ARTIGO

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• Consentimento. Prova do estupro: o médico, pararealizar o aborto, ao contrário do aborto necessário outerapêutico, necessita do prévio consentimento da gestante oudo seu representante legal. A lei não exige autorizaçãojudicial, processo judicial ou sentença condenatória contra oautor do crime de estupro para a prática do abortosentimental, ficando a intervenção a critério do médico. Bastaprova idônea do atentado sexual (boletim de ocorrência,testemunhos colhidos perante autoridade policial, atestadomédico relativo às lesões defensivas sofridas pela mulher e àslesões próprias da submissão forçada à conjunção carnal). Notocante à gravidez decorrente de estupro de vulnerável, bastaa prova da realização da conjunção carnal. (Curso de direitopenal, volume 2, parte especial : arts. 121 a 212 / FernandoCapez. — 18. ed. atual. — São Paulo : Saraiva Educação, 2018.)

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• Existência de condenação ou processopelo delito de estupro: É prescindível, pois aexcludente não exige a condenação doresponsável pelo crime que deu origem àautorização legal.

• Consentimento da gestante: Éimprescindível, pois, cuidando-se de exercícioregular de direito, somente a mãe pode saber oseu grau de rejeição ao feto ou embrião.

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128 – Jurisprudência

• APELAÇÃO. PEDIDO DE INTERRUPÇÃO DEGESTAÇÃO. ABORTO TERAPÊUTICOOBJETIVANDO SALVAR A APELANTE DEPIORA DE ENFERMIDADE GRAVE. PEDIDODEFERIDO, MEDIANTE COMPLEMENTAÇÃODA CONDIÇÃO LEGAL. (TJ-RS – ACR:70054814959 RS, Relator: Marco Aurélio deOliveira Canosa, Data de Julgamento:13/06/2013, Segunda Câmara Criminal, Data dePublicação: Diário da Justiça do dia05/07/2013)

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128 – Jurisprudência

• Autorização judicial para interrupção de gravidez. Feto anencéfalo.Pedido negado em 1ª instância. O magistrado sentenciante nãoautorizou o aborto, por entender inexistir previsão legal,contemplando a lei hipóteses taxativas. Artigo 128, do CódigoPenal. Insurgência defensiva. Laudos médicos conclusivos.Fechamento do tubo neural, com ausência quase total da calotacraniana. Feto comprovadamente anencéfalo. Aborto permitido.Exceção à proibição do chamado aborto eugênico. Decisãoproferida pelo STF, na ADPF 54, por meio da qual se autorizou oaborto de anencéfalo, reconhecendo não haver vida passível detutela penal, diante de inviabilidade integral desobrevivência do sernascido, quando desprendido da gestante. Dignidade da pessoahumana. Interrupção autorizada, caso ainda seja de interessa dapostulante. Recurso provido. (TJ-SP – APL:10003377920168260076 SP 1000337-79.2016.8.26.0076, Relator:Guilherme de Souza Nucci, Data de Julgamento: 20/09/2016, 16ªCâmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 20/09/2016)