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cristo nasceu-nos hoje! “Chegando a Belém, sendo de condição bem pobre como inúmeras outras pessoas vindas de diversas partes com o mesmo propósito ocupavam as hospeda- rias. Encontraram apenas uma estrabaria e o Rei do universo ao nascer é colocado em uma manjedoura, sem vestes suntuosas nem coroa brilhante, assume carne humana.” . Dezembro 2015 | Ed. 46| Ano III Informativo Informativo Dezembro Pronto..indd 1 20/12/2015 13:32:41

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cristo nasceu-nos hoje!

“Chegando a Belém, sendo de condição bem pobre como inúmeras outras pessoas vindas de diversas partes com o mesmo propósito ocupavam as hospeda-rias. Encontraram apenas uma estrabaria e o Rei do universo ao nascer é colocado em uma manjedoura, sem vestes suntuosas nem coroa brilhante, assume carne humana.”.

Dezembro 2015 | Ed. 46| Ano III

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Caro assinante,Edição:

Dom Abade André Martins, OSBDom Bruno Almeida, OSB

Ir. Miguel Costa, OSB

Responsáveis:Dom Abade André Martins, OSB

Ir. Miguel Costa, OSB

Textos:Monges da Abadia da Ressurreição

Capa e Projeto Gráfico:Abadia da Ressurreição

Tiragem:3.200 exemplares

Sugestões e novas assinaturas:[email protected]

Abadia da RessurreiçãoCaixa Postal 16 - CEP: 84001-970

Ponta Grossa - ParanáFone: (42) 3228-0043

www.abadiadaressurreicao.org

Palavra do Leitor:Nos envie sua mensagem no e-mail:

[email protected]

QUERIDOS AMIGOS DO MOSTEIRO DA RESSURREIÇÃO

As contribuições devem ser de-positadas exclusivamente nas contas

bancárias:

Caixa Econômica Federal – Ag.1757Conta-Corrente: 1116-2 Variação 003

Banco do Brasil – Agência: 30-2Conta-Corrente: 36701-X

CNPJ: 78280120/0001-87

Na última edição de nosso Informativo deste ano, D. Abade An-dré nos relembra sobre quais as motivações da construção de um novo Mosteiro e a mudança para Itaiacoca. Nosso Ir. Inácio traz um artigo sobre a Sagrada Família de Nazaré. Dando con-tinuidade à série sobre os 8 vícios capitais, nesse mês, D. João

Batista traz o vício da Tristeza.

Trazemos as últimas notícias sobre a construção de nossa hospedaria em Itaiacoca. A obra está caminhando com muita dificuldade, mas contamos com a sua generosidade em nos ajudar para que não interrompamos o an-damento da construção. Nosso Mosteiro enfrenta regularmente dificuldades financeiras para cobrir seus gastos mensais e tirando os períodos de maior venda de nossas velas (Natal e Páscoa) temos sérias dificuldades de nos manter. Recebemos muitos testemunhos de pessoas sobre o bem que o nosso Informativo tem feito a elas. Sabemos, contudo, que o país está em crise, mas pedimos que, dentro de sua possibilidade, continue a nos ajudar para realizar-mos essa obra que fará um bem não somente a nós monges, mas principalmen-te a você que nos acompanha mais de perto, seja pelo nosso Informativo, seja através das celebrações em nosso Mosteiro ou pelas temporadas de retiro em nossa hospedaria. Enfim, o novo Mosteiro é também seu, é de toda a Igreja. Até aqui o Senhor tem nos ajudado e confiamos na sua providência e no auxílio do caro leitor e amigo. Se todos ajudarem, com o mínimo que seja, concretizaremos juntos esse sonho. Que o Deus todo poderoso o recompense abundantemente e derrame infinitas graças sobre você e toda a sua família.

Os Editores

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palavra do abade

Caríssimos amigos e amigas do Mosteiro da Ressurreição. Estamos, com esta última edição de nosso Boletim Informativo, encerrando o Ano Civil de 2015; oportunidade para

manifestar o nosso agradecimento a todos os que têm colaborado para a construção da nova sede do Mostei-ro, no distrito de Itaiacoca, município de Ponta Grossa. Como puderam constatar através das fotos impres-sas mensalmente nos fascículos, nossa nova Hospedaria está em seu momento de acabamento. Quem tem experi-ência em construção civil sabe que essa fase, além de one-rosa, parece não chegar a termo. A cada instante surge uma nova necessidade. E mais, desperta sempre uma “insatis-fação” natural e sadia ao contemplar o prédio já existente. Poderíamos ter pensado de outra forma sobre determinado aspecto, ou, então, surgem novas idéias, é o que muitas vezes vêm ao coração e aos ouvidos. En-tendo esse “mal estar” normal, e como disse, sadio e natural. Saber fazer a passagem do ideal para o real é sabedoria de vida. Aceitar que tudo o que fazemos na vida traz sempre consigo um reverso é constatação de maturidade. Conviver com a nostalgia do excelente, do perfeito e da plenitude é sintoma de memória-an-seio pela Jerusalém Gloriosa e pacificante realismo para quem tem os pés bem firmes no solo onde pisa. Estamos construindo conforme nossas capacida-des e com a preocupação de sobriedade. Entretanto, esta-mos todos, inclusive os que visitam o local, muito felizes com o milagre estampado ante nossos olhos. Contávamos com a Providência Divina que se efetivou através da gene-rosidade de inúmeros amigos e dos assinantes deste nos-so Informativo. E mais, sempre nos sensibiliza gestos de muitos que atualizam, neste momento de nossa história, o óbulo da viúva, pobre mulher que depositava no Tesou-ro do Templo suas moedinhas, porém tudo o que possuía. Àqueles que não nos acompanharam nestes quatro anos – os assinantes mais recentes – é preci-so, uma vez mais, uma palavra esclarecedora para co-mungar conosco do projeto de transferência de local. Onde atualmente estamos é belo e nossa cons-trução, mesmo inacabada, nos oferece o necessário para vivermos com dignidade nossa vocação monás-tica. Todavia, a motivação para a fundação do Mos-teiro da Ressurreição em Ponta Grossa foi de afas-tamento dos centros urbanos, para um ambiente mais de acordo com a vocação monástica que aspira-mos e consagrada pela grande Tradição dos monges. Sempre consideramos o espaço do Mostei-ro como um lugar de anúncio do Evangelho, porém, não apenas pela liturgia que se celebra com arte e de-voção e o ministério dos Sacramentos, mas também

como um lugar de silêncio, de tranqüilidade, de be-leza natural para pessoas que sentem necessidade de, por alguns dias ou algumas horas, se desintoxicar da poluição sonora, visual e do ar febril que respiram. Onde localizados, os bairros populares es-tão bem próximos. Os hóspedes e visitantes que vêm até nós não mais experimentam, como outro-ra e deveriam, aquele afastamento “de tudo e de to-dos” pelo barulho e agitação que já se fazem sentir. Para não mudar de ideal, decidi-mos mudar de local, eis nossa perspectiva, mo

tivação e empenho para o projeto de Itaiacoca. Tenho oportunidade de, igualmente, agradecer aos irmãos que, diligentemente, escrevem seus artigos; muitos, fruto de sua reflexão pessoal; outros, de pesquisas e, outros ainda, da produção exigente de traduções. Aos amigos e artistas que têm se empenhado em nosso pro-jeto, visualizados em nosso site “www.abadiadaressurrei-cao.org” com a camiseta “# sou beneditino”, nossa imen-sa gratidão. Peço ao Senhor que os sustentem a todos com o orvalho benfazejo de sua graça, e, assim, juntos continuarmos esse modesto trabalho de evangelização. O Natal do Salvador e as celebrações festivas de fim de Ano Civil tragam, abundantemente, as bênçãos do Altíssimo a todos os que nos acompanham com a ami-zade, orações, apoio e empenho de levar a Boa Nova do Cristo, através de nossa vida monástica, aos homens e

Foto: Mosteiro da Ressurreição

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Foto: blog.cancaonova

mulheres obstinadamente insistentes em não perder de vista a brilhante estrela que, outrora guiara os Magos à gruta de Belém, e, hoje, brilhando no firmamento da Igreja pela pregação da Palavra e a celebração dos Divinos Mistérios, os guie e conduza à busca da face gloriosa do Filho de Deus em todo semblante divinamente humano. Em Cristo, nosso Senhor.

Dom André Martins, OSB.Abade do Mosteiro da Ressurreição

a sagrada família de nazaré

É Nazaré a Escola,Na qual podemos começar

A compreender melhor quem foi O Filho da predileção.

Esta afirmação é a primeira estrofe do hino cantado em vésperas da festa da Sagrada Família de Nazaré em nossa comunidade. Estas letras abraçam as notas melódicas e adentra-nos no mistério que a Igreja cele-

bra. E neste maravilhoso enlevo no mistério celebrado, escutamos os ensinamentos desta maravilhosa família: Jesus, Maria e José. Chegando a Belém, sendo de condição bem pobre, como inúmeras ou-tras pessoas vindas de di-versas partes, com o mes-mo propósito ocupavam as hospedarias. Encontraram apenas uma estrebaria e o Rei do universo ao nascer é colocado em uma man-jedoura, sem vestes sun-tuosas nem coroa brilhan-te, assume carne humana. A escuta obedien-te da Virgem Santa, nos enriqueceu sobremaneira. Aquele Fiat saiu de um co-ração esperançoso e cheio de alegria. Feliz é aquela que acreditou! Acreditou que tudo seria possível, pois ela não contava con-sigo mesma, mas apenas com a Mão onipotente do

Deus de Israel. Acreditou que Deus faria tudo possí-vel naquela situação em que se encontravam. E esta serva obediente é Rainha ao dar a Luz o Rei do uni-verso. É Rainha da simplicidade na simplicidade. É Rainha daquele lar, é mãe, é senhora! E continua a obe-decer descendo com seu esposo ao Egito, fugindo de tão grande crueldade daquele massacre de inocentes. Silencioso, o varão José apenas escuta, ama e

obedece. Escuta o anjo em sonhos e assume a virgem e o Rei do uni-verso, um gesto de amor sem igual medida. E vai obedecendo ao Senhor, seu Deus, em tudo, cum-pre os indispensáveis deveres de pai, ama, tra-balha, vigia, apresen-ta Seu primogênito ao Templo e paga o resgate com duas pombinhas. Que alegria não deve ter sentido em seu cora-ção ao ouvir a profecia do ancião Simeão ao fa-lar tão bem deste me-nino e ao mesmo tem-po a angústia de ouvir falar da dor da Virgem que uma espada de dor lhe traspassaria a alma. Observante e fiel, José

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sobe ao templo com a esposa e o Filho todos os anos. Aqui acontece um fato muito interessante - quando re-tornam para casa percebem que seu Filho não estava na caravana, imagina só o susto. Isto faz com que voltem a Jerusalém. E após se extasiarem de ver seu Filho entre sábios doutores ensinando, a fala do Menino faz este casal crescer em sua humanidade, mesmo não entendo. Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai? (Lc 2, 49). Jesus mostra qual é o seu lugar. A relação de pais e filhos muitas vezes não passa de uma relação de posse, nesta lógica o lu-gar dos filhos será sempre a casa dos pais. E quando o filho que um dia vai crescer entender e compreen-der irá Surpreender seus pais. O filho muda de lu-gar para poder assumir seu lugar. Talvez seja aqui o momento que não apenas a mãe, mas também o pai e outros cortam novamente o cordão umbilical. Não significa que a casa paternal nun-ca mais será um local de apoio, pelo contrário se-rão momentos de encontros, alegrias e tristezas. O casal educa seus filhos para que os mes-mos encontrem seu EU, depois deste EU, um TU e deste um NÓS. Somente um casal sabe o que se pas-sa dentro de seu lar, o quanto é difícil educar, trans-mitir valores nesta nossa época. Talvez mais do que

nunca este momento seja aquele que todos: Pai, Mãe e filhos devem pegar seu banquinho e prestar bem atenção aos ensinamentos desta Sagrada família. Que as mães quais Maria, sejam sempre dóceis à voz do Senhor nosso Deus, fiéis esposas, mestra na edu-cação, rainhas do lar! Encontrando em Maria a forma de superar todas as espadas traspassadas em seus corações Os maridos, quais lírios perfumados exalem o bom odor da fidelidade, do trabalho e da dedicação como são José! Que Maria e José ensinem a todos a escutar a Voz deste maravilhoso Filho da Predileção, o Menino Jesus, todos os seus ensinamentos e a todos nós que so-mos filhos crescermos no amor!

Ir. Inácio Silva, OSB.

joão cassiano e os 8 vícios capitais

5. o vício da tristeza

João Cassiano, seguindo a corrente da tradição mo-nástica, considera a tristeza como um vício, ou uma paixão da alma. Na lista dos oito vícios, também chamados maus pensamentos, a tristeza ocupa o quinto lugar, logo após a cólera. Portanto, faz parte

da luta espiritual empregar as forças também para amorte-cer as investidas destruidoras da tristeza. Ela é uma tentação da alma. Entrando na alma a afasta da contemplação, diminui a pureza do cora-ção, deprime e provoca completa ruína. Tomados pela tristeza nós, como diz Cassiano, “não mais oramos com a costumeira alegria de coração, não vamos mais pro-curar vida e luz nas santas leituras. Adeus à tranqui-lidade e à mansidão para com os irmãos! Quer nos ocupemos com o trabalho ou o Ofício Divino, toda e qualquer tarefa nos leva à impaciência e à rispidez. Todo conselho salutar é inútil. O tumulto e a perturbação sucedem à constância. Temos o espírito abatido, mer-gulhado em profundo e amargo desespero.” (Inst. IX, 1). A partir do Livro dos Provérbios (20, 25), Cas-siano compara a tristeza com a traça e o cupim. A

alma tomada pela tristeza é como uma roupa destru-ída pela traça e como a madeira inutilizada pelo cupim. Uma roupa estragada pela traça se perde, uma ma-deira corrompida pelo cupim serve tão somente para ser queimada. Devorada pela tristeza a alma “torna-se imprópria para ornar a veste da Esposa de Cristo e o edi-fício de Deus, o Templo do Espírito Santo.” (Inst. IX, 3). Muitas vezes a tristeza surge em consequência da cólera. Pode nascer também de um desejo frustrado ou de um projeto que não teve sucesso. Mas ela surge também sem causa determinada. De súbito a sutileza do inimigo nos lança num abismo de mágoa e aflição. Assim, “é-nos impossível acolher com afabilidade a visita de nossos mais caros amigos. Tudo que dizem nos parece inoportuno e supérfluo. Em vão se esforçam por nos agradar. Não con-seguimos dar uma resposta amável. Uma amargura de fel penetrou no mais íntimo de nosso coração.” (Inst. IX, 4). Levamos em nosso interior a causa deste vício. Os outros podem apenas despertá-la em nós e nada mais que isso. Portanto, o remédio não consiste no afastamen-to dos outros, fugindo de sua companhia. A perfeição

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Foto: www.sicnoticias.sapo.pt

do coração deve ser adquirida pela virtude da paciência. Eis o remédio para a tristeza. Possuindo uma paciência sólida somos capazes de nos manter tranquilos e em paz até mesmo com aqueles que odeiam a paz. Pelo contrá-rio, quando não adquirimos a paciência sempre esta-remos em conflito até mesmo com as melhores pessoas. Além desta tristeza que quer nos levar para longe dos outros, há também outra mais detestável. Esta não leva a um desejo de corrigir os outros nem de vencer seus próprios vícios. Ela leva a um desespe-ro fatal. Caim e Judas são citados por Cassiano como exemplo. A tristeza não levou Judas a querer reparar a falta cometida, mas o lançou no desespero e levou-o a se enforcar. Caim movido pela tristeza não se arre-pendeu do fratricídio, mas o manteve em seu orgulho. A tristeza é útil apenas em uma situação: “quando nos entristecemos, arrependendo-nos de nos-sas faltas, ou pelo desejo de perfeição que nos conduz à santidade ou ainda quando nos entregamos, cheios de saudades, à contemplação da beatitude futura.” É o Apóstolo São Paulo quem fala da única tristeza útil: “A tristeza segundo Deus produz arrependimento que leva à salvação e não volta atrás, ao passo que a tris-teza segundo o mundo produz a morte.” (2Cor 7, 10). Como distinguir a tristeza útil daquela que leva à morte? A tristeza que leva a um arrependimen-to saudável é “afável, humilde, suave, paciente e man-sa, pois deriva do amor a Deus” (Inst. IX, 11). Esta é a que João Cassiano chama de tristeza útil. Mantém a bus

ca de Deus, a afabilidade e a longanimidade. Ela possui os frutos do Espírito Santo: “o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio.” (Gl 5, 22). A tristeza que leva à morte vem do dia-bo e totalmente ao contrário da anterior mostra-se “acre, impaciente, dura, cheia de rancor, de amar-gura e de doloroso desespero”. (Inst. IX, 11). Esta não possui os frutos do espiríto e impede a oração. A paciência consigo mesmo e com os outros e um espírito verdadeiramente contrito e orante vencem em nós a tristeza que leva à morte.

D. João Batista Buss, OSB.

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Caríssima Ir. Bernarda; Me. Prioresa Maria Lúcia, Monjas, Obla-tas, Irmãos e Irmãs: No relato evangélico proclamado, S. Lucas narra o encontro do Arcanjo que

saúda, com um título honorífico: “Salve!”, que signi-fica “agraciada”, a jovem Virgem Maria. Em segui-da, pronuncia uma benção: “o Senhor está contigo! ” Essa promessa de benção de Deus – “o Se-nhor está contigo ” – é comum no Antigo Testamen-to e foi sempre dirigida a homens que se encontravam diante de uma difícil missão. Por exemplo, a missão de Moisés, ao tirar o povo da terra da escravidão. Deus disse: “Eu estarei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei:’ quando fizeres o povo sair do Egito, vós servireis a Deus nesta montanha.” E, também, ao juiz Gedeão, quando Deus o chama para lutar con-tra os madianitas: “O Anjo de Iahweh lhe apareceu e lhe disse: “Iahweh esteja contigo, valente guerreiro!” Portanto, a jovem Maria, como Moisés e Ge-deão, foi escolhida por Deus para uma missão difícil na história da salvação. Assim como por meio de Moisés, Deus tirou o povo do Egito para fazê-lo livre e de sua eleição e, igual-mente, como Deus havia escolhido Gedeão para exter-minar os madianitas que ameaçavam a conquista da ter-ra prometida, assim também Deus escolhera Maria, na fragilidade de uma jovem virgem de Nazaré, e por meio dela, deu ao mundo o Novo Moisés, para constituir o Novo Israel e o Novo Gedeão para enfrentar todos os inimigos que impedissem o povo da Nova Aliança tomar posse da verdadeira terra prometida: a Jerusalém do Alto. Difícil missão dessa jovem Virgem, porque será o lugar onde Deus tomará nossa carne; será o trono da glória de Deus, que o Templo de Jerusalém prefigurava. O Filho de seu seio, sem a intervenção humana, será mais do mundo e para o mundo, do que dela e para ela, porque para isso veio: “para salvar o que estava perdido”. O sim de Maria não se restringiu à missão de ser Mãe do Filho do Altíssimo, e na impotência do amor, contemplá-Lo como vítima imolada no altar da cruz, o verdadeiro Cordeiro Pascal que tira o pe-cado do mundo. Aceitou, com seu sim, ser Mãe, Dis-cípula e Testemunha de sua oblação e ressurreição.

“No sim de Maria, o mundo recebe Deus; no sim de seu Filho Jesus, Deus recebe o mundo”. Maria foi eleita pelo Altíssimo desde toda a eternidade, para ser a Nova Eva, aquela pela qual a encarnação seria perfeitamente possível. Foi preservada pela graça – por isso o Anjo a chama de “cheia de graça” – para que nela não se repe-tisse o não da velha Eva. Com ela – por causa de sua missão: a divina maternidade – inicia-se a nova criação. Hoje, na memória da Virgem Maria, Ir. Bernarda emitirá seus Votos Solenes e receberá a Consagração das Virgens para viver como mon-ja nesta família Beneditina de Monte Oliveto. Pelo batismo, Ir. Bernarda também é cheia de graça, e livremente, como a Mãe do Salvador, se dispõe a viver uma difícil missão: ser monja. Uma monja de São Bento, por sua vida de castidade, opções, palavras e pelo silêncio, não só de seus lábios, mas sobretudo de seu coração, será um sinal da vida futura: “Com efeito, na ressurreição, nem eles se casam e nem elas se dão em casamen-to, mas são todos como os anjos no céu” (Mt 22,30). Ir. Bernarda faz parte dessa família religiosa, o mona-quismo, que surgiu naquele momento de baixa qua-lidade da vida cristã, após a paz constantiniana no

D. Abade André e Ir. Bernarda

profissão monástica da irmã bernarda maria alves, osb oliv.

(mosteiro regina pacis)

Homilia de d. Abade andré, osb. (10.10.15)

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ano 314, como um protesto dentro da própria Igreja, antes mesmo de sê-lo para a sociedade. Continuará sendo ao longo da história porque é de sua essência nadar contra a correnteza da mundanidade e optar pela exclusividade do Cristo e seu Reino. Isso, porém, supõe uma forma de vida, qual sinal de contradição. Em sua sabedoria, São Bento propõe em sua Regra para os Monges três votos: estabili-dade, conversão de seus costumes e obediência.

O voto de estabilidade garantirá à monja estrei-tar, cotidianamente, seu compromisso de vivência evan-gélica com uma específica comunidade, como os már-tires estáveis e invencíveis em sua proclamação de fé. O voto de conversão dos costumes – sábia peda-gogia – conduzirá a monja a uma concreta forma de viver o Evangelho, privilegiando a celebração litúrgica, a oração pessoal, a ruminação da Palavra saboreada na lectio, o trabalho de sustento e de serviço fraterno, a ascese corporal, a clausura como espaço de câmara nupcial e o hábito, sinal de um coração e um corpo não dividido com ninguém. O voto de obediência, mais do que renun-ciar à vontade própria, uma capacidade desenvolvida pela estabilidade e conversão de costumes para incli-

nar o ouvido do coração à vontade de Deus, para ser Igreja com a Igreja, na Igreja particular onde se vive. Essa difícil missão de ser monja, mas não impossível, levará, sem dúvida alguma, nossa Ir. Bernarda a ser um “Magnificat Vivente”, exatamen-te como pronunciou os lábios da Mãe do Cristo. Um Magnificat Vivente que conduzirá mui-tos da terra da escravidão do pecado para a liberdade do Reino. Estimulará tantos outros a não esmorecer na luta contra os modernos madianitas na conquista de uma terra que lhes é oferecida para reinar a justi-ça e a paz. Enfim, firme nas circunstâncias da impo-tência do amor, como a Virgem ao pé da Cruz, será uma força na aparência da inutilidade e uma fecun-da castidade na aparente visibilidade de uma esté-ril mulher. Livre para se deixar conduzir por tantas palavras de nossa hodierna cultura, que prometem felicidade e realização humana. Na aparência de sub-missão, Ir. Bernarda se põe na escola daqueles que se fazem servos e servas de uma só Palavra: Jesus Cristo.“Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povo-ados de Judá”, que, justamente, podemos traduzir por “Tu Mosteiro Regina Pacis, pequenina entre os mil mosteiros da Ordem de São Bento”, de ti, na es-perança de que Deus não confunde os pequeninos, surge, da fragilidade, a potência do amor de Deus, porque o Todo-poderoso olha a humildade dos pe-quenos, que pela vida proclamam: “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37) Sem dúvida alguma, é neste contexto que Ir. Bernarda se deixa consagrar monja.Sendo Ir. Bernarda um Magnificat Vivente pacificará a muitos corações à beira de extinguir a chama da esperan-ça por uma vida digna de ser vivida e como preparação para estar em dignidade no festim da Gloriosa Jerusalém. Ir. Bernarda, Deus a abençoe, juntamente com sua comunidade nessa difícil tarefa der ser monja, es-posa apaixonada de Cristo. Assim seja.

Madre Maura, Ir. Bernarda, Madre Prioresa Maria Lúcia e Ir. Marina (Comunidade Vita et Pax)

jubileu de ouro da irmã felicidade do nascimento, osb.

(mosteiro nossa senhora da glória)

Homilia de d. Abade andré, osb. (12.10.15)

Querida Ir. Felicidade, Madre Gema Me. Abadessa Escolástica, irmãs des-te Mosteiro de N.S.da Glória, povo de Deus, graça e paz da parte de N S Jesus Cristo.

Estamos hoje reunidos em ação de graças

para celebrar o Mistério Pascal do Cristo, que Ir.Felicidade em 50 anos celebrou, professou e viveu. Professou sua fé no Mistério Pascal do Se-nhor, celebrou-a com devoção e viveu-a com alegria num lugar bem determinado da Igreja: este Mosteiro. Nunca é demais, queridos irmãos e irmãs,

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relembrar que há apenas uma vocação na Igreja do Cristo: a vocação cristã, isto é, a vocação batis-mal. Por Ele somos todos chamados a participar de sua vida divina e vivê-la num lugar de sua Igreja. Então, caros irmãos e irmãs, o que cha-mamos de vocação, o é tão somente porque de-corrência natural da vocação de sermos filhos adotivos de Deus pelo sacramento do batismo. O mais correto seria dizermos: vivo minha vocação cristã no matrimônio; vivo minha vocação cristã no presbiterado, no diaconato, na vida religiosa, na vida monástica, na vida laical. Nossa vocação cristã é vivida num espaço eclesial bem determinado. Ninguém a vive só de intenção. Num certo momento da vida, Deus vai nos orien-tando, mas sempre respeitando nossa liber-dade, para estarmos num lugar da Igreja. Assim aconteceu com nossa Ir. Felicidade. Seu lugar na Igreja do Cristo é de monja em N.S. da Glória. E como isso aconteceu? O profeta Oséias vem em nosso auxílio: “eis que, eu mesmo, a seduzirei, conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração” O Senhor Deus atraiu a Ir.Felicidade para o deserto para desposá-la. E por que? Para que ela seja um com seu Amado, como Ele o é com o Pai. Fez Ir.Felicidade a opção de ser um só coração com o seu Senhor, pois ela foi amada por Deus desde antes da fundação do mundo, eternamente. É esse, caros irmãos e irmãs, o espaço da vida monástica na Igreja para Ir. Felicidade. Ser um só com o seu Senhor. Com Ele ser um só coração. A raiz da palavra monge, do grego “mo-nos”, significa exatamente isso: sem divisão, um apenas. É assim o monge e a monja. Não divide seu coração com ninguém, sinalizando a vida fu-

tura. “Considera tudo como perda, porque ganhou a Cristo” Prossegue o monge e a monja “esque-cendo-se do que ficou para trás e avançando sem-pre para o que está diante, isto é, para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus”, permanecem estáveis num lugar da Igreja, o seu mosteiro. Tornam-se verdadeiramen-te sentinelas que aguardam a chegada do Senhor. Mas só se mantém fiel à vocação batismal num lugar da Igreja quem, não empenhado em trabalhos e serviços, mesmo necessários e urgentes, se bem que fundamentais na vida cristã, é capaz de manter uma enfermidade contraída no ato do batismo: a enfer-midade do amor. Neste aspecto a Amada do Cântico dos Cânticos vem em nossa ajuda: “Filhas de Jerusa-lém, eu vos conjuro: se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Dizei que estou enferma de amor!” Que a vida de nossa Irmã Felicidade possa continuar anunciando a vida futura, que já inicia aqui e agora, onde quer que estejamos na Igreja, pela enfermidade do amor. Há um apoftegma dos Pai do deserto que diz o seguinte: “Se queres encontrar água e água boa, cave o poço sempre no mesmo lugar.” É o que fez nossa Ir. Felicidade. Amém.

Irmã Felicidade, OSB e Madre Abadessa Escolástica, OSB.(Mosteiro Nossa Senhora da Glória)

Monjas de Uberaba, monges do Mosteiro da Ressurreição, monges do Mosteiro de São Bento de São Paulo e de Garanhuns comemoraram juntos o Jubileu.

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aconteceu em nosso mosteiro

D. João da Cruz e Dom Sérgio Arthur Braschi

Ir. Antônio, Pe. Gabriel, D. Mateus e D. Mark Butlin Ir. Antônio, D. Mateus, Pe. Gabriel, D. Abade André e D. Mark Butlin

Dom Sérgio Arthur Braschi

Tivemos a visita do Bispo de Ponta Grossa, Dom Sérgio Arthur Braschi, às obras de construção de nosso novo Mosteiro em Itaiacoca. Dom Sérgio mostrou-se muito contente com o andamen-to da construção e, ao final da visita, deu a sua benção aos operários que trabalham na obra, bem como pelo bom êxito da cosntrução. Recebemos também a visita do Prior do Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo, de Campo do Tentente- PR, Pe. Gabriel e do Ir. An-

tônio, acompanhados de D. Mark Butlin, OSB, monge da Abadia de Ampleforth, na Inglaterra. Eles ficaram muito felizes em conhecer as futuras instalações do novo Mosteiro e da hospedaria, que já está em fase de acabamento.

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Notícias da construção do novo mosteiro

Caros assinantes do Informativo do Mosteiro da Ressurreição, vocês podem observar nas fotos abaixo o andamento das obras de construção de nossa hospedaria. Foi iniciada a cobertura do refeitório e do auditório. Em seguida, daremos início à pintura. Ainda aguardamos a chegada das janelas para que possam ser colocadas. Que Deus continue nos abençoando com sua Santa Providência e cumulando de graças as pessoas que nos ajudam mensalmente para a concretização deste projeto. Maiores informa-

ções e doações através do e-mail:

[email protected]

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Eles já vestiram a camisa. Participe você também da campanha de construção do nosso novo Mosteiro. Adquira a sua camisa #SOU BENEDITINO e torne-se mais um Amigo do

Mosteiro da Ressurreição!

Pe. reginaldo manzotti

amigo do mosteiro

Fafá de belém

amiga do mosteiro

STEFANY CAMARGO

amiga do mosteiro

adquira sua camisa # sou beneditino

e envie a sua foto para o e-mail

[email protected]

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