88
CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM A ESTRATÉGIA MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS PARA O BEM-ESTAR ANIMAL

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM - szb.org.brszb.org.br/.../uploads/Estrategia-de-bem-estar-WAZA-portugues-1.pdf · CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM A ESTRATÉGIA MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS PARA

  • Upload
    buinhi

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

A ESTRATÉGIA MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS PARA O BEM-ESTAR ANIMAL

LEOPARD

TANZANIA

DECLARAÇÃO DA MISSÃO

WAZA é a voz de uma comunidade global de

zoos e aquários e um catalisador para suas

ações conjuntas de conservação

GERAL | Créditos | Autores contribuidores

4 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CRÉDITOS

Título

Cuidando da vida selvagem: A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal

Editores

David J. Mellor, Susan Hunt & Markus Gusset

Editora

Associação Mundial de Zoos e Aquários (WAZA) Escritório Executivo, Gland, Suíça

Layout e Design

Megan Farias, Houston Zoo, TX, USA

Foto de Capa

Cão selvagem africano (Lycaon pictus) | © Jonathan Heger

Mangusto amarelo (Cynictis penicillata) | © Nicole Gusset-Burgener

Impressão

Chas. P. Young, Houston, TX, USA

Copyright

© 2015 World Association of Zoos and Aquariums (WAZA)

Citação

Mellor, D. J., Hunt, S. & Gusset, M. (eds) (2015) Cuidando da vida selvagem: A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal, Gland: WAZA Escritório Executivo, 87 pp.

WAZA Escritório Executivo

Centro de Conservação da IUCN

Rue Mauverney 28 CH-1196 Gland Suíça

[email protected] www.waza.org

Tradução para o português

Claudia Igayara para

Associação de Zoológicos e Aquários

do Brasil - SZB

ISBN

978-2-8399-1695-0

AUTORES CONTRIBUIDORES

Nicolas de Graaff

Zoo and Aquarium Association Australasia (ZAA) Executive Office, Mosman, NSW 2088, Australia

Markus Gusset

World Association of Zoos and Aquariums ( WAZA) Executive Office, 1196 Gland, Switzerland

Júlia Hanuliaková

Zoo Design Inc, Seattle, WA 98115, USA

Heribert Hofer

Leibniz Institute for Zoo and Wildlife Research (IZW), 10315 Berlin, Germany

Carolyn Hogg

Zoo and Aquarium Association Australasia (ZAA) Executive Office, Mosman, NSW 2088, Australia

Geoff Hosey

Biology, University of Bolton, Bolton BL3 5AB, UK

Susan Hunt

Zoological Parks Authority, Perth Zoo, South Perth, WA 6151, Australia

Terry L. Maple

Departments of Biological Sciences and Psychology, Honors College, Florida Atlantic University, Boca Raton, FL 33431, USA and Jacksonville Zoo & Gardens, Jacksonville, FL 32218, USA

Vicky Melfi

Taronga Conservation Society Australia, Mosman, NSW 2088, Australia

David J. Mellor

Animal Welfare Science and Bioethics Centre, Institute of Veterinary, Animal and Biomedical Sciences, Massey University, Palmerston North 4442, New Zealand

Dave Morgan

Wild Welfare, Groot Marico 2850, South Africa

Andrea Reiss

Zoo and Aquarium Association Australasia (ZAA) Executive Office, Mosman, NSW 2088, Australia

Stephen van der Spuy

Southern African Foundation for the Conservation of Coastal Birds (SANCCOB), Cape Town 7441, South Africa

Jason V. Watters

San Francisco Zoological Society, San Francisco, CA 94132, USA

CONTEÚDO

GERAL

04 | Créditos & Autores Contribuidores

06 | Prólogo

07 | Declarações de apoio

09 | Sumário Executivo

10 | Recomendações

12 | Prefácio

14 | Introdução

18 Capítulo 1: Bem-estar Animal e sua Avaliação

26 Capítulo 2: Monitoramento e manejo de bem-estar

34 Capítulo 3: Enriquecimento Ambiental

40 Capítulo 4: Design de Exibições

46 Capítulo 5: Programas de Reprodução e Plano de Coleção

54 Capítulo 6: Bem-estar na Conservação

60 Capítulo 7: Pesquisa em Bem-estar Animal

66 Capítulo 8: Parcerias em Bem-estar Animal

72 Capítulo 9: Engajamento e Interações com Visitantes

APÊNDICES

76 | B ib l iograf ia

82 | Acrônimos e Websites

82 | G lossár io de Termos

84 | Código de Ética e Bem-estar

da WAZA

86 | Crédi tos das Fotos

Printed with soy-based inks on 100% post-consumer waste recycled paper

Translucent sheets made with 30% post-consumer waste recycled paper

GERAL | Prólogo

6 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

Ao ler a Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal, eu fui assaltado por como ela se encaixa no desenvolvimento histórico de

preocupações éticas com os animais. Essas preocupações podem ser vistas, de uma forma grosseira, como ocorrendo em três etapas. Primeiro, entre

1700 e 1800, em uma época em que esportes sangrentos e atos flagrantes de crueldade eram comuns e perfeitamente legais, reformistas procuraram

acabar com a crueldade como parte de um programa mais amplo de progresso social. Isto levou à criminalização da crueldade deliberada e ao banimento

de atividades recreativas como farras de boi e brigas de cães em muitos países.

Então, durante os anos de 1900, com o uso institucionalizado em larga escala de animais na produção de alimentos e na pesquisa biomédica, o problema

chave da ética animal foi percebido não como atos de crueldade, mas como o uso de animais para fins utilitários de maneiras que resultavam em

privação e redução de sua liberdade. Isso deu origem a ideias radicais, como os direitos animais e a liberação animal, as quais se opõem a toda a posse e

uso de animais. Também deu origem a preocupações sobre o bem-estar e a 'qualidade de vida' de animais sob cuidado humano, e a uma combinação de

tentativas científicas e filosóficas de compreender o que constitui uma boa vida para os animais.

No século atual, embora a crueldade persista, e embora números imensos de animais continuem a ser usados para alimentação e outras finalidades, nós

passamos, sem dúvida, para um terceiro estágio. Nós agora vemos que o crescimento da população humana está tendo um efeito vasto e não intencional

sobre os habitantes não humanos do planeta.

Nós afetamos animais por destruir seus habitats, poluir seu ambiente, introduzir espécies invasoras em seus sistemas ecológicos, construir estruturas em

rotas de voo, pavimentar o solo, cortas árvores, dirigir carros, queimar combustível, e assim por diante. A propósito, muitas das discussões sobre essas

questões tem se focado em 'conservação', que lida ao nível das populações e espécies. Entretanto, nós agora reconhecemos que essas mesmas atividades

humanas causam danos aos indivíduos animais em grande escala, fazendo dessas atividades uma das principais preocupações para o bem-estar dos

indivíduos, assim como a conservação de espécies e populações.

Historicamente, tem havido uma falta de comunicação entre os movimentos de conservação e de bem-estar animal, e mesmo conflitos ocasionais. Por

um lado, a conservação foi frequentemente liderada por pessoas que queriam preservar populações selvagens para atividades, especialmente a caça e a

pesca, que eram questionadas por protetores animais e tinham oposição dos liberacionistas. E atividades voltadas à conservação, como o controle de

pragas e a reintrodução de animais, muitas vezes resultavam em danos aos animais envolvidos. Claramente, entretanto, em um século no qual tantas

atividades humanas levaram a problemas tanto de conservação como de bem-estar, há muito mais preocupações compartilhadas entre os dois lados do

que há diferenças. O que é necessário é uma mentalidade e um plano de ação que combinem a energia tanto da conservação como do bem-estar para

confrontar seus problemas comuns.

Zoos e Aquários tem um papel importante e complexo nesta arena. Primeiro, eles sofrem oposição por princípio dos liberacionistas, apenas porque

mantém animais em 'cativeiro'. Segundo, eles são foco de preocupação sobre bem-estar, porque podem proporcionar tanto boa quanto má qualidade de

vida para seus animais residentes, dependendo da espécie, da equipe e da instituição. Boas instituições tem respondido a essas preocupações com

programas de pesquisa, inovação e monitoramento elaborados para melhorar o bem-estar dos animais sob seu cuidado. Terceiro, muitos zoos e aquários

são engajados em atividades de conservação; se essas são escolhidas e executadas com o bem-estar animal em mente, elas tem o potencial de melhorar o

bem-estar de animais selvagens assim como ajudar a conservar espécies e populações. Finalmente, zoos e aquários comunicam-se com um grande

número de pessoas, e assim, tem o potencial de sensibilizar e mobilizar as pessoas para agir de forma que apoie tanto o bem-estar quanto a conservação

de animais de vida livre.

A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal é um marco significativo e oportuno. Ela responde às preocupações sobre o bem-estar de

animais em zoos e aquários fornecendo uma abordagem estruturada para avaliar e manejar o bem-estar animal através da acreditação, conscientização

da equipe, design da exibição e enriquecimento ambiental. Mas vai além, por incorporar o bem-estar animal nas atividades de conservação de zoos e

aquários, como os programas de reprodução e programas para a reintrodução de animais na natureza. Também inclui o bem-estar animal nas atividades

de comunicação pública dos zoos e aquários, e estimula as instituições a ajudar o público a reconhecer a necessidade de proteger animais selvagens de

vida livre tanto para fins de conservação quanto de bem-estar animal.

A sociedade tem poucas instituições que fazem do bem-estar de animais selvagens uma preocupação chave. Ao seguir a Estratégia Mundial de Zoos e

Aquários para o Bem-estar Animal, zoos e aquários podem cumprir este tão necessário papel.

Professor David Fraser

Animal Welfare Program, University of British Columbia, Vancouver, BC, Canada

GERAL | Declarações de apoio CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

7

International Fund for Animal Welfare (IFAW)

A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal é uma leitura impressionante. Fica claro que esforço considerável foi feito em sua preparação

e que os princípios e recomendações de bem-estar são bem pesquisados e minuciosos. Ao mesmo tempo que a IFAW acredita que a fauna selvagem

pertence à natureza, nós reconhecemos que animais selvagens são mantidos sob cuidado humano por uma variedade de razões. Em nossa visão, a

consideração primária deve ser pelo bem-estar dos animais em questão. Por esta razão, a iniciativa de bem-estar da WAZA é especialmente importante e,

quando implementada, deve melhorar a vida de animais de zoos e aquários por todo o mundo. Nós desejamos sucesso à WAZA nesse esforço.

Humane Society International (HSI)

Ao redor do mundo milhares de zoos e aquários operam com instalações, procedimentos e filosofias que não atendem sequer os parâmetros básicos de

bem-estar animal. A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal oferece orientação prática, científica e de manejo para promover a

aplicação de reformas em diversas áreas críticas. A HSI saúda a liderança da WAZA, e espera ver seus esforços criarem mudanças significativas para os

animais de zoos e aquários, tanto dentre quanto além de seus membros.

World Animal Protection

Zoos e aquários tem o potencial de desempenhar um papel vital na conservação de espécies selvagens ameaçadas, se essas forem manejadas corretamente e

de acordo com as melhores práticas. A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal reconhece a importância vital de incorporar

considerações de bem-estar nos planos de manejo dos zoos e aquários modernos. WAP congratula a WAZA por sua abordagem corajosa e transparente e

espera que seus esforços resultem em uma mudança positiva para animais selvagens em zoos e aquários através do globo.

FOUR PAWS

FOUR PAWS busca ativamente que o bem-estar animal em zoos e aquários sejam progressivamente melhorados. Assim, nós apreciamos imensamente o

comprometimento da WAZA de engajar-se na implementação dos mais elevados padrões para o bem-estar de animais em zoos e aquários, e saudamos a

Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal. Nós cremos que a implementação adequada das diretrizes contribuirão para melhorar o bem-

estar de animais em zoos e aquários e influenciarão positivamente mudanças na comunidade global de zoos.

Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA)

Manter animais sob cuidado humano traz uma grande responsabilidade, não apenas em termos de prevenir o sofrimento mas também assegurando que os

animais experimentem uma boa qualidade de vida. A RSPCA congratula a WAZA por reconhecer isso na Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-

estar Animal e por oferecer orientação prática aos zoos e aquários sobre como alcançá-la. A RSPCA espera ver os zoos e aquários ao redor do mundo usando

essa Estratégia para alcançar melhorias genuínas na vida dos animais que mantém.

Wild Welfare

A Wild Welfare apóia fortemente a Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal. Ela se tornará o modelo em torno do qual todos os zoos e

aquários devem direcionar seus esforços em continuamente melhorar o cuidado e bem-estar dos seus animais. Para que zoos e aquários justifiquem sua

existência, eles devem não apenas apresentar animais de forma a encorajar seu público a respeitar, compreender e proteger o mundo natural, mas também

demonstrar que estão oferecendo os mais altos padrões de bem-estar possíveis. Esta Estratégia mostra o caminho a ser seguido por todos os zoos e aquários.

8 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

HIERARQUIA DE NECESSIDADES DE MASLOW

Nós sobrepusemos a pirâmide de hierarquia de necessidades de Maslow a uma árvore para expressar as aspirações da Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-

estar Animal; ou seja, direcionar a atenção em bem-estar animal para as categorias mais altas da pirâmide de bem-estar de Maslow. As raízes da árvore representam os

requerimentos críticos fundamentais para a sobrevivência, incluindo sistemas de nutrição, compreendidos através da experiência e ciência. No tronco, o cuidado de saúde atende as necessidades físicas e de segurança. A copa é o local com as mais variadas e complexas atividades relacionadas ao bem-estar que o design e manejo de zoos e aquários devem tornar disponível para os animais. As aves levantando voo a partir da árvore representam, talvez, um ideal para os zoos e aquários - reter e estimular as habilidades naturais. Como uma árvore oferece um ambiente complexo para outras espécies, um zoo ou aquário pode promover o bem-estar de animais além de seus próprios limites.

9

GERAL | Sumário Executivo CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

SMITHSONIAN’S NATIONAL ZOOLOGICAL PARK, DC, USA

Um membro da equipe realiza treinamento para estimular comportamentos naturais em um leão marinho.

Nós acreditamos que zoos e aquários tem a responsabilidade de alcançar elevados padrões de bem-estar animal

para suporte de suas metas como organizações de conservação modernas.

Em anos recentes, tem havido avanços significativos no conhecimento sobre

animais e a ciência do bem-estar animal. Isso resultou em grandes

mudanças em zoos e aquários modernos. Enquanto zoos e aquários do

passado eram locais onde animais eram 'exibidos' para o prazer dos

visitantes, os zoos e aquários de hoje devem ser centros para o bem-estar

animal. Eles devem garantir que as condições para os animais sob seu

cuidado sejam as melhores que possam ser dispensadas. À medida que o

conhecimento científico sobre animais cresce, esse deve ser

consistentemente aplicado.

Enquanto continua a haver desafios na implementação global de padrões

de bem-estar animal; com diferentes atitudes, expectativas da sociedade e

arcabouços jurídicos e legislação, todos os zoos e aquários podem adotar

uma postura significativa para melhorar a vida dos animais sob seu

cuidado. A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o bem-estar Animal

recomenda que zoos e aquários devam aplicar um modelo simples de bem-

estar - os 'Cinco Domínios' - e fazer um compromisso contínuo para com o

bem-estar animal em todas as operações e para todos os animais sob seu

cuidado. A Estratégia recomenda a educação continuada e treinamento da

equipe em bem-estar animal, e um compromisso com a pesquisa em bem-

estar, com a aplicação do conhecimento em bem-estar ao design de

exibições e sendo centros de liderança para o bem-estar animal.

Enquanto a meta da Associação Mundial de Zoos e Aquários (WAZA) é a

ação coletiva em conservação, a Estratégia afirma o compromisso da WAZA

de liderar seus membros e os zoos e aquários parceiros para construir

experiência, liderança e capacidade em bem-estar animal.

A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o bem-estar Animal oferece

orientação em como estabelecer e manter padrões aceitáveis de bem-estar animal

e as melhores práticas relacionadas. Ela delineia as medidas e condutas de bem-

estar esperadas dos membros da WAZA e apoia a evolução contínua das

condutas de bem-estar positivo na mais ampla comunidade de zoos e aquários.

Ao fazer isso, a WAZA clama seus membros e todos os zoos e aquários a:

• esforçar-se para atingir elevados padrões de bem-estar para os animais

sob seu cuidado;

• serem líderes em bem-estar animal, defensores e consultores autorizados;

e

• prover ambientes que foquem nas necessidades físicas e

comportamentais dos animais.

10 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

GERAL | Recomendações

Capítulo 1: Bem-estar e sua avaliação

1. Desenvolva um plano de bem-estar para sua organização que reflita um

claro compromisso com os princípios de bem-estar animal.

2. Atenda às necessidades físicas e comportamentais dos animais ao prover

seu cuidado. Isso inclui criar oportunidades para que eles se beneficiem

de desafios e escolhas sempre que praticamente possível.

3. Busque melhorar continuamente a compreensão do bem-estar animal

para melhor promover estados de bem-estar positivos para todas as

espécies mantidas em sua organização.

4. Implemente processos de monitoramento de bem-estar animal baseados

na ciência, que usem indicadores alinhados com os estados

físicos/funcionais dos animais e atividades comportamentais.

5. Use o modelo dos 'Cinco Domínios' para entender e avaliar diferentes

estados de bem-estar.

6. Promova o conhecimento e compreensão do bem-estar animal e seu

manejo dentro da comunidade em geral.

Capítulo 2: Monitoramento e Manejo do Bem-estar Animal

1. Faça da acreditação em bem-estar animal uma prioridade. Isso pode ser

feito através de sua associação regional de zoos e aquários ou adotando os

padrões de bem-estar e monitoramento usados por outras regiões ou

países.

2. Garanta que sua equipe de cuidado animal tenha treinamento científico e

experiência relevantes, mantenha-se a par dos mais recentes

desenvolvimentos em saúde animal e métodos de monitoramento de

bem-estar, e tenha ligação com outros grupos profissionais e

organizações para compartilhar conhecimento e boas práticas.

3. Desenvolva e mantenha uma cultura na equipe para a prática de relatos e

monitoramento regulares do comportamento e saúde dos animais.

Mantenha e guarde atualizados todos os registros animais relacionados.

4. Utilizando pesquisas atualizadas em bem-estar animal, colabore com

outras instituições para estabelecer dados que componham a linha de

base em bem-estar para animais individualmente e em grupos, de forma

a permitir a comparação com quaisquer dados novos.

5. Avalie cuidadosamente como os animais são transportados e considere

qualquer risco potencial para o bem-estar. Desenvolva planos para a

movimentação de animais que também atendam todas as normas

nacionais e internacionais relevantes. Exija que os padrões e práticas de

bem-estar da instituição recebedora sejam checados e sejam iguais ou

superiores aos delineados nesta Estratégia e nas políticas de bem-estar

das associações regionais de zoos e aquários.

6. Empregue veterinários, biólogos, cientistas de bem-estar e especialistas

em comportamento com experiência em uma ampla gama de taxa, para

garantir elevados padrões de bem-estar animal e cuidados de saúde,

incluindo intervenções de saúde preventivas.

7. Com relação ao cuidado por toda a vida, desenvolva planos abrangentes

de saúde animal e, se necessário, políticas específicas, incluindo aquelas

que atendam às necessidades especiais dos animais muito jovens,

doentes, feridos e geriátricos.

8. Ponha em prática planos para prevenir e lidar com surtos de doenças

animais, incluindo transmissão de doenças entre animais e pessoas, e

assegure que protocolos de quarentena estejam disponíveis quando

requeridos.

Capítulo 3: Enriquecimento ambiental

1. Construa habilidades, cultura interna e comprometimento na equipe

para incorporar atividades e estratégias de enriquecimento no manejo

diário de todos os animais sob seu cuidado. Reveja regularmente essas

estratégias e atividades e proporcione treinamento contínuo da equipe

nessa área.

2. Ofereça diferentes enriquecimentos que ofereçam desafios, escolhas e

conforto aos animais para maximizar sua saúde psicológica. Troque-os

quando apropriado e elabore-os para estimular uma diversidade de

comportamentos naturais espécie-específicos.

3. Utilize o reforço positivo como ferramenta de enriquecimento e treinamento.

4. Avalie os sucessos e falhas do enriquecimento e compartilhe esses

sucessos e falhas com outros zoos e aquários, para aprimorar seu próprio

conhecimento e atividades de enriquecimento e também o dos outros.

5. Incorpore o enriquecimento ambiental no design e atualização das exibições.

6. Compartilhe estórias de enriquecimento com os visitantes para ampliar a

compreensão e educação sobre biologia animal e bem-estar.

7. Utilize enriquecimentos específicos, orientados a um objetivo, elaborados

para atender necessidades comportamentais específicas.

Capítulo 4: Design de exibições

1. Defina características ambientais que suportem o bem-estar animal

espécie-específico e as inclua como critérios primários de todo design e

atualizações de exibições; garanta características apropriadas às espécies

baseadas em aconselhamento atualizado e baseado em ciência.

2. Busque garantir que as necessidades físicas e comportamentais dos

animais sejam atendidas. Proporcione desafios ambientais que

estimulem a curiosidade e envolvimento, assim como escolhas de acesso

a elementos naturais, incluindo mudanças sazonais. Considere também

as mudanças nas necessidades de um animal, ou grupo de animais, ao

longo do tempo.

3. Assegure que as exibições permitam a separação de animais conforme o

necessário para o manejo do bem-estar.

4. Assegure que os membros da equipe possam realizar com segurança e

facilidade a manutenção, cuidado e treinamento, para permitir que os

animais levem uma vida plena e rica sem injúrias desnecessárias por

estresse.

5. Institua monitoramento para avaliar a qualidade do design de exibições.

Encontre soluções criativas e compartilhe com os outros.

6. Explique o bem-estar nos recintos e forneça aos visitantes informações

sobre ações pessoais que eles possam fazer para melhorar o bem-estar de

animais em qualquer lugar.

7. Considere o provimento de elementos que proporcionem aos animais, de

forma contínua, múltiplas escolhas apropriadas à espécie, ou controle

sobre seu ambiente.

GERAL | Sumário Executivo CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

11

Capítulo 5: Programas de Reprodução e Planejamento da Coleção

1. Introduza e siga planos de reprodução e recomendações para manejo de

espécies que se alinhem com planos gerais de conservação de espécies, e

busque minimizar consequências negativas para o bem-estar dos

animais.

2. Facilite o manejo para o bem-estar positivo durante eventos de

reprodução, utilizando, por exemplo, monitoramento do estro, separação

de animais e observação qualificada contínua.

3. Utilize equipes profissionais, com especialistas externos, se necessário,

para supervisionar questões de bem-estar relacionadas à reprodução.

4. reproduzir animais para soltura, dê atenção especial ao balanço entre

bem-estar com sobrevivência na natureza e reposição das populações

selvagens.

5. Desenvolva e utilize uma política clara para eutanásia, que defina as

circunstâncias para o seu uso e quem são os encarregados de executá-la.

6. Assegure que considerações de bem-estar animal espécie-específicas

sejam completamente integradas ao planejamento da coleção em longo

prazo, e que garantam que os animais possam receber cuidados por toda

a vida e um elevado nível de bem-estar durante toda sua vida.

7. Garanta que, ao considerar transações de animais, todos eles venham de

fontes que não impactem populações selvagens ou fortaleçam produções

comerciais onde o bem-estar animal possa ser comprometido.

Capítulo 6: Bem-estar e Conservação

1. Estabeleça o bem-estar animal como um componente em todas as

atividades e projetos de conservação apoiados por sua organização.

2. Trabalhe em parceria com organizações de conservação de campo e

colabore no conhecimento e habilidades em bem-estar que sejam

relevantes para suas operações de campo, incluindo, por exemplo,

projetos de reintrodução.

3. Avalie o quanto as implicações das intervenções de manejo para o bem-

estar são superadas por seus benefícios para a conservação.

4. Construa a compreensão da importância de estruturas integradas para a

conservação de espécies, que incluam avaliar o bem-estar animal.

5. Certifique-se que em seu trabalho de conservação, e no trabalho de seus

parceiros na conservação, a revisão das necessidades individuais dos

animais e a promoção do bem-estar positivo sejam considerados a todo o

tempo.

Capítulo 7: Pesquisa em Bem-estar Animal

1. Priorize o bem-estar animal e o monitoramento do bem-estar como áreas

para pesquisa em colaboração com universidades, organizações de

pesquisa e outras instituições zoológicas.

2. Continue a usar e aplicar observações baseadas em pesquisas científicas

sólidas para apoiar o bem-estar animal no manejo em zoos e aquários.

3. Utilize um comitê de ética, bem-estar e pesquisa, ou entidade similar,

com representação externa, para avaliar e supervisionar atividades de

pesquisa e fortalecer o rigor científico em suas operações.

4. Desenvolva uma política de pesquisa e protocolos de pesquisa que

assegurem que, em todas as pesquisas envolvendo animais, qualquer

preocupação potencial com o bem-estar seja claramente identificada e

qualquer comprometimento seja minimizado, transiente e justificado em

termos dos objetivos da pesquisa.

5. Trabalhe ativamente para auxiliar parceiros de pesquisa a promover

estados de bem-estar positivos.

6. Estimule a medicina da conservação como uma área de atividade baseada

na ciência em sua organização, para melhorar o bem-estar animal em

geral, e o bem-estar na conservação em particular.

Capítulo 8: Parcerias em Bem-estar Animal

1. Torne-se um centro reconhecido de experiência em bem-estar animal e

auxilie ou aconselhe outras organizações quanto ao bem-estar animal.

2. Certifique-se que toda a equipe pertinente, incluindo os membros de sua

equipe de manejo e veterinária, colaborem ativamente e estejam

atualizados com as normas profissionais de saúde e bem-estar animal.

3. Colabore e firme parcerias com universidades, organizações de pesquisa e

outras instituições zoológicas para expandir a compreensão sobre os

estados de bem-estar e a senciência animal.

4. Firme parcerias com organizações de bem-estar animal e especialistas em

bem-estar animal externos, através da representação em comitês de ética

e bem-estar, ou entidades similares, para a revisão do bem-estar animal

em sua organização.

5. Firme parcerias ou 'adote' outras instituições que requeiram orientação

para atingir resultados positivos de bem-estar para os animais sob seu

cuidado. Isso pode ser feito através de intercâmbios, oportunidades de

treinamento, troca de procedimentos ou subsídios financeiros.

Capítulo 9: Engajamento e Interação com Visitantes

1. Evite usar animais em experiências interativas nas quais seu bem-estar

possa ser comprometido.

2. Realize avaliações de bem-estar específicas e monitoramento contínuo

para todos os animais que sejam utilizados em experiências interativas.

Retire animais dessas atividades se as taxas de alteração

comportamental, ou outros indicadores de desconforto, forem elevados.

3. Assegure que a mensagem que acompanha todas as experiências

interativas e o objetivo de qualquer apresentação relacionada sejam

promover a conscientização sobre conservação ou atingir resultados de

conservação.

4. Não realize, contribua ou participe de shows, demonstrações ou

experiências interativas com animais onde estes demonstrem

comportamentos não naturais. A conservação de espécies deve ser a

mensagem e/ou o propósito primordiais.

5. Estabeleça processos que garantam que todos os animais em seu zoo ou

aquário sejam tratados com respeito. Isso inclui como os animais são

retratados e apresentados.

6. Explique, através de conversas, sinalização e/ou interpretação, como tem

sido feitas melhorias no bem-estar animal em sua organização.

7. Acesse e utilize o corpo de conhecimento e experiência que baseiam a

avaliação da efetividade da educação ambiental, ao considerar o

desenvolvimento de experiências interativas, para garantir que sejam

obtidos benefícios.

PREFÁCIO

12 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

O desenvolvimento desta Estratégia tanto reflete quanto contribui com

outras iniciativas elaboradas para aumentar a compreensão sobre o

bem-estar animal e seu aprimoramento em todo o mundo.

A relevância global do desenvolvimento da Estratégia Mundial de Zoos e

Aquários para o Bem-estar Animal pela Associação Mundial de Zoos e

Aquários (WAZA) está de acordo com o crescente interesse internacional no

bem-estar animal e seu manejo, que tem ocorrido durante os últimos 25

anos, e especialmente nos últimos 15 anos. Há numerosos exemplos de

atividades transnacionais, regionais e nacionais objetivando a melhoria do

bem-estar animal, algumas delas enumeradas abaixo.

Primeiro, a iniciativa global de bem-estar animal da Organização Mundial

de Saúde Animal (OIE) instituída em 2001, a subsequente formulação de

14 normas de bem-estar animal para diferentes espécies ou atividades

relacionadas a animais e, ao ser concluído cada norma, sua adoção unânime

por todos os membros da OIE, que atualmente somam 180 países. Note-se,

também, as atividades de capacitação em bem-estar animal da Organização

Mundial para Alimento e Agricultura da Nações Unidas (FAO), o

desenvolvimento pela Organização Internacional de Padronização (ISO) das

Especificações Técnicas para a Gestão do Bem-estar Animal, e a liderança

no setor privado global por organizações como Suprimento Seguro de

Alimento Acessível em Todo Lugar (SSAFE), todos elaborados para incluir o

bem-estar animal nos processos de boas práticas.

Da mesma forma, associações nacionais e transnacionais de veterinários,

assim como organizações internacionais representando diferentes setores

da pecuária, adotaram políticas de bem-estar animal, e companhias

transnacionais de processamento e distribuição estão crescentemente

exigindo de seus fornecedores que atendam padrões de bem-estar animal.

Além disso, importantes instituições bancárias, como a Corporação

Internacional de Finanças (IFC; uma subsidiária do Grupo Banco Mundial),

o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (EBDR) e o Grupo

Rabobank, desenvolveram ou estão desenvolvendo critérios para

empréstimos que incluem, como pré-condição para o empréstimo, que seus

clientes da agricultura atendam as normas de bem-estar animal.

Finalmente, organizações não governamentais como a Proteção Animal

Mundial (previamente a Sociedade Mundial para a Proteção de Animais),

Compaixão na Pecuária Mundial (CIWF) e outras estão tendo

continuamente influências positivas, através de várias iniciativas e projetos,

incluindo uma proposta de que as Nações Unidas adotem uma Declaração

Universal para o Bem-estar Animal, um Índice de Proteção Animal para

ranquear as políticas de bem-estar animal de governos nacionais utilizando

um conjunto de indicadores principais, e um projeto do Business

Benchmarking para o Bem-estar Animal (BBAW).

Esta Estratégia almeja proporcionar um estímulo extra para as importantes

mudanças que tem ocorrido nos zoos e aquários modernos durante os

últimos 20 anos - mudanças que tem sido orientadas pela publicação da

Estratégia Mundial de Zoos para a Conservação em 1993, a Estratégia

Mundial de Zoos e Aquários para a Conservação em 2005, a Estratégia

Global de Aquários para a Conservação e Sustentabilidade em 2009 e a

Estratégia Mundial de Zoo e Aquários para a Conservação revisada em

2015. Note que o papel primário desta Estratégia é orientação. Ela ressalta

algumas atividades em zoos e aquários que podem ter impactos negativos

no bem-estar animal, como esses impactos podem ser minimizados, e

chama atenção para abordagens que podem contribuir para a promoção de

estados de bem-estar positivos e seu reconhecimento. Ela não consiste de

prescrição de normas de bem-estar animal. Nem busca impor mudanças

nas políticas de bem-estar nos zoos e aquários, embora algumas sugestões

sejam feitas com relação a áreas onde o desenvolvimento de políticas

apropriadas deva ser considerado. Isto está alinhado com o Código de Ética

e Bem-estar Animal da WAZA, adotado em 2003 (veja apêndice).

Internacionalmente, a adoção de medidas práticas para melhorar o bem-

estar animal nos zoos e aquários de um país pode ser considerada como

uma 'jornada' onde os participantes atingiram diferentes estágios. Algumas

dessas instituições estarão perto do início, algumas estarão em estágios

intermediários e outras terão viajado uma distância considerável. Além

disso, a dinâmica complexa dos principais fatores que interagem para

influenciar a jornada, em diferentes países, irá determinar a rota precisa e a

velocidade da jornada em cada caso. Esses fatores podem incluir

imperativos socioculturais, preceitos religiosos, limitações econômicas, a

extensão e natureza do envolvimento político, visões históricas e atuais

existentes na sociedade, e o que se entende por bem-estar animal. Contudo,

a ampla extensão de progresso na jornada, evidente entre as organizações

membro da WAZA, proporciona considerável oportunidade para interações

construtivas entre aqueles cujas jornadas estão bem avançadas e aqueles

onde há ainda alguma distância a ser percorrida. A expectativa desta

Estratégia é facilitar tais envolvimentos construtivos entre os membros.

Mais especificamente, esta Estratégia oferece orientação aos zoos e aquários

para atingir elevados padrões de bem-estar animal, para apoiar suas metas

de conservação, educação, pesquisa e recreação. Ela oferece um breve relato

do entendimento atual sobre bem-estar animal e sua avaliação (Capítulo 1).

CARING FOR WILDLIFE

13

Ela reconhece que alcançar elevados padrões de bem-estar deve ser apoiado

por monitoramento baseado na ciência, dirigido a alcançar bom nível de

cuidado animal, e descreve brevemente formas objetivas de fazê-lo

(Capítulo 2). Esse monitoramento e cuidado precisa ser focado tanto em

minimizar estados de bem-estar negativos quanto, quando possível e

apropriado, promover estados de bem-estar positivos. Iniciativas de

enriquecimento ambiental tomadas pela equipe para proporcionar aos

animais oportunidades de desafio e escolha (Capítulo 3), alinhadas com

projetos de exibição que aumentem o conforto, prazer, interesse e confiança

dos animais (Capítulo 4), são elementos importantes na promoção de

estados de bem-estar positivos.

A Estratégia reconhece que algumas atividades como reprodução,

translocações, retorno à natureza e similares, que são destinadas a manter

populações sustentáveis de espécies nos zoos e aquários e na natureza,

podem algumas vezes dar lugar a comprometimentos do bem-estar animal

(Capítulo 5). Entretanto, ela ressalta que, quando essas atividades são

realizadas, podem ser adotadas abordagens onde a minimização das

consequências negativas para o bem-estar esteja integrada com as metas do

manejo sustentável de espécies (Capítulo 6). Então, o objetivo geral é,

quando possível, harmonizar a conservação da fauna selvagem e as metas e

atividades de bem-estar.

A Estratégia enfatiza a importância de adotar uma abordagem científica,

baseada em evidências, tanto para o manejo do bem-estar quanto para a

conduta na pesquisa em zoos e aquários (Capítulo 7). Além disso, enfatiza o

valor de trabalhar colaborativamente e abertamente com colegas externos e

outras partes interessadas, que desejem participar construtivamente nas

discussões e atividades (Capítulo 8). O propósito geral é ampliar a base de

suporte da disciplina, experiência e habilidades, em todos os elementos da

gestão do bem-estar, elaborados para melhorar as vidas dos animais em

zoos e aquários. Finalmente, reconhecendo a necessidade de envolvimento

do visitante, a importância de proteger e aumentar o bem-estar dos animais

em todas as suas interações com visitantes é ressaltada (Capítulo 9).

Cada capítulo é estruturado de forma que as recomendações que focam

principalmente no possível desenvolvimento de políticas, são sugeridas no

início. O conteúdo material do capítulo é então apresentado, e o capítulo

termina com um checklist que basicamente traduz o conteúdo do capítulo

em possíveis ações específicas.

No desenvolvimento desta Estratégia, queremos sinceramente agradecer

aos autores contribuidores e suas instituições (veja pág. 4) assim como aos

seguintes contribuidores adicionais: Georgina Allen, Andrew Baker, Tiffany

Blackett, Miriam Brandt, Lee Ehmke, Frank Göritz, Brij Gupta, Becca

Hanson, Robert Hermes, Thomas Hildebrandt, Warner Jens, David Jones,

Pia Krawinkel, Jörg Luy, Lance Miller, Leo Oosterwe- ghel and Greg Vicino.

David Fraser gentilmente escreveu o Prólogo, Júlia Hanuliaková forneceu o

desenho da pirâmide de bem-estar, Georgina Allen auxiliou com a edição e

Megan Farias, juntamente com Martha Parker e Peter Riger, fizeram o

design da Estratégia. Estamos em débito com aqueles que comentaram os

rascunhos prévios da Estratégia: Heather Bacon, Claire Bass, Sally Binding,

Wen-Haur Cheng, Ros Clubb, Peter Clark, Neil D’Cruze, Danny de Man,

Gerald Dick, Peter Dollinger, Dag Encke, Karen Fifield, Jenny Gray,

Myfanwy Griffith, Robert Hubrecht, Jörg Junhold, Ron Kagan, Thomas

Kauffels, Theo Pagel, Thomas Pietsch, Peter Pueschel, Alex Rübel, Simon

Tonge, William van Lint, Kris Vehrs, Gisela von Hegel, Sally Walker and

John Werth. O Zoo de Houston generosamente apoiou a produção desta

Estratégia.

HOUSTON ZOO, TX, USA

An endangered Attwater’s prairie chicken hatched at Houston Zoo and cared for before release into the wild.

Somos gratos pela contribuição dada por membros do Conselho da WAZA e

aos participantes dos dois workshops da Estratégia, em 2013 e 2015, com

representantes da comunidade de zoos e aquários e instituições acadêmicas.

Nós gostaríamos de agradecer particularmente aos representantes das

seguintes organizações não governamentais internacionais de bem-estar, que

auxiliaram grandemente no desenvolvimento desta Estratégia: FOUR PAWS,

Humane Society International (HSI), International Fund for Animal Welfare

(IFAW), Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA),

Universities Federation for Animal Welfare (UFAW), Wild Welfare and

World Animal Protection. Infelizmente, Peter Pueschel (Diretor,

International Environmental Agreements, IFAW) faleceu durante o

desenvolvimento desta Estratégia. Sua memória continuará viva nestas

páginas.

David J. Mellor

Susan Hunt Markus Gusset

14 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

INTRODUÇÃO

Esta Estratégia é um guia para zoos e aquários alcançarem

elevados padrões de bem-estar animal, em apoio a suas metas

como organizações modernas de conservação.

BACKGROUND

Em um mundo cada vez mais urbanizado, zoos e aquários almejam conectar

as pessoas à natureza. Como uma interface chave entre o homem e o mundo

natural, zoos e aquários permitem que as pessoas vivenciem a vida

selvagem em ambientes seguros e envolventes. Eles também contribuem

para conservar a biodiversidade mundial, e ao mesmo tempo, buscam

aumentar a compreensão e apreciação da vida selvagem. Ainda mais,

promovendo a educação ambiental, a conscientização da comunidade, a

advocacia e outras atividades, zoos e aquários pretendem estimular a

conservação da vida selvagem e dos ambientes naturais.

Os principais zoos e aquários colocam o bem-estar animal como prioridade

em suas operações. Enquanto a conservação da vida selvagem é o propósito

central dos principais zoos e aquários, a busca por alcançar estados de bem-

estar positivos é uma atividade principal.

Zoos e aquários mantém elevados padrões de bem-estar utilizando

conhecimento científico e experiência prática para orientar o manejo de

todas as espécies que mantém. Além disso, proporcionam oportunidades

para combinar a ciência da natureza e a ciência do bem-estar, para

aumentar o conhecimento espécie-específico requerido para garantir a

sobrevivência e manejar o bem-estar da fauna selvagem e outros animais

sob seu cuidado.

PANTANAL, BRASIL

Jacaré

Muitas das expectativas da sociedade com relação ao que sejam formas

aceitáveis e inaceitáveis de tratar os animais, principalmente mamíferos e

aves, mudaram à medida que cresceu a compreensão de suas necessidades

físicas e comportamentais. Hoje, há significativo interesse em como bons

padrões de bem-estar animal podem ser mantidos, quando práticas

relacionadas à conservação são aplicadas à fauna selvagem. Conservação e

manejo do bem-estar tem se tornado intimamente ligados, proporcionando

oportunidades para desenvolver soluções pragmáticas para promover os

propósitos do bem-estar animal e da conservação de espécies, ao mesmo

tempo gerenciando seus requerimentos algumas vezes conflitantes.

QUAL É O PROPÓSITO DESTA ESTRATÉGIA?

Zoos e aquários modernos existem primariamente para propósitos de

conservação da vida selvagem, utilizando envolvimento com o campo,

educação ambiental, conscientização pública, defesa, programas de

reprodução, financiamento, colaboração em pesquisas e parcerias para

atingir seus objetivos. Um zoo ou aquário moderno utiliza a mais atualizada

informação, evidências e conhecimento para cumprir sua missão de

conservação e tem um comprometimento permanente com o progresso

contínuo nas melhores práticas de cuidado animal holístico.

A Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal fornece

orientação sobre como estabelecer e manter padrões aceitáveis de bem-

estar animal e boas práticas. Ela também provê informação para auxiliar

zoos e aquários a demonstrarem compreensão do bem-estar animal e

colocar isso em prática.

A natureza diversificada das coleções animais em zoos e aquários apresenta

um desafio maior para o manejo do que o geralmente encontrado por

organizações que tem foco mais limitado de espécies, como aqueles do setor

pecuário. A gama de conhecimentos requeridos é correspondentemente

muito mais ampla. Assim também são as demandas de manter-se

atualizado com as novas práticas de manejo validadas cientificamente,

destinadas a apoiar a melhoria contínua no cuidado animal. Isso requer um

alto nível de comprometimento na política organizacional e equipes bem

informadas, com adequada experiência prática. Esses são componentes

essenciais para alcançar bom nível de bem-estar animal.

ÉTICA E BEM-ESTAR ANIMAL

É útil distinguir entre ética animal e bem-estar animal. A ética aborda questões

relacionadas a como grupos de pessoas decidem regular seu comportamento,

tais como as decisões que tomam sobre o que é legitimado e aceitável na busca

de seus objetivos e o que não é, e as bases para essas decisões. Assim, a ética

15

CARING FOR WILDLIFE

animal pode ser útil para identificar princípios baseados em valores para

todas as organizações mantenedoras de animais, incluindo zoos e

aquários, visando alcançar elevados padrões de bem-estar animal em suas

atividades. Há diversas teorias éticas que são relevantes neste tópico, mas

sua discussão está além dos objetivos desta Estratégia. Note, entretanto,

que neste contexto, um compromisso primário em atingir os mais altos

padrões possíveis de bem-estar nas circunstâncias práticas de cada zoo e

aquário, e um igual compromisso de melhorar tais circunstâncias onde

seja possível e necessário, são eticamente guiados.

Há dois fatores principais do bem-estar animal que são relevantes para

zoos e aquários. O primeiro é atender as necessidades de sobrevivência

básicas de alimento, abrigo, saúde e segurança. O segundo é aumentar o

bem-estar acima desse mínimo de sobrevivência, aumentando as

oportunidades para os animais terem experiências positivas, focadas, por

exemplo, no seu conforto, prazer, interesse e confiança. Embora o objetivo

seria alcançar a ambos, há circunstâncias onde isso não é fácil de aplicar.

Por exemplo, uma necessidade premente de garantir a sobrevivência de

algumas espécies ameaçadas pode, algumas vezes, sobrepor esse duplo

objetivo. Deve-se reconhecer que, embora ambientes sub-ótimos possam

alcançar sucesso no curto prazo, eles são menos prováveis de suportar

resultados na conservação em longo prazo. Diretores e equipes de cuidado

animal devem demonstrar claramente seu intento de proporcionar

experiências positivas para os animais, apesar das limitações de recursos ou

instalações e necessidades de conservação.

Este e outros temas são abordados nesta Estratégia. O primeiro capítulo

fornece um breve relato de nosso conhecimento atual sobre bem-estar

animal baseado na ciência e sua avaliação. Os capítulos subsequentes

descrevem as implicações no bem-estar do monitoramento e gestão do

bem-estar; enriquecimento ambiental; design de exibições; programas de

reprodução e planejamento da coleção; bem-estar na conservação; pesquisa

em bem-estar animal; parcerias em bem-estar animal e envolvimento e

interação com os visitantes.

DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO DA WAZA COM O BEM-ESTAR ANIMAL

Zoos e aquários líderes no mundo que sejam membros da WAZA devem ter um compromisso contínuo com o bem-estar animal. A seguinte declaração define a base do compromisso dos membros da WAZA:

NOSSO COMPROMISSO É:

• esforçar-se para alcançar altos padrões de bem-estar para os animais

sob nosso cuidado;

• ser líderes em bem-estar animal, defensores e consultores; e

• oferecer ambientes que foquem nas necessidades físicas e

comportamentais dos animais.

AO FAZER ISSO, NOS COMPROMETEMOS A:

• tratar todos os animais com respeito;

• fazer dos altos padrões de bem-estar um foco principal de nossas

atividades de manejo;

• assegurar que todas as decisões de manejo sejam baseadas em ciência

do bem-estar e veterinária atualizada;;

• construir e compartilhar com colegas o conhecimento, habilidades e

melhores práticas em cuidado animal e bem-estar;

• cumprir normas específicas de bem-estar estabelecidas por associações

regionais de zoos e aquários e pela WAZA; e

• cumprir os códigos de conduta, regulamentos e legislação locais e

nacionais, assim como os tratados internacionais relacionados ao cuidado

animal e bem-estar.

Zoos e aquários tem a

responsabilidade de alcançar

altos padrões de bem-estar

animal, em suporte a seus

objetivos como organizações

modernas de conservação

SPOTTED HYAENAS

LEIPZIG ZOO, GERMANY

HIENAS PINTADAS

LEIPZIG ZOO, ALEMANHA

CU

ID

AR

18 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 1: BEM-ESTAR E SUA AVALIAÇÃO

Nosso compromisso é desenvolver excelência no

bem-estar em zoos e aquários.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal invoca as

organizações membro a:

1. Desenvolver um plano de bem-estar para sua organização, que reflita um

claro compromisso com os princípios de bem-estar animal.

2. Atender às necessidades físicas e comportamentais dos animais ao

prover seu cuidado. Isso inclui criar oportunidades para que eles se

beneficiem de desafios e escolhas sempre que praticamente possível.

3. Buscar melhorar continuamente a compreensão do bem-estar animal

para melhor promover estados de bem-estar positivos para todas as

espécies mantidas em sua organização.

4. Implementar processos de monitoramento de bem-estar animal

baseados na ciência, que usem indicadores alinhados com os estados

físicos/funcionais dos animais e atividades comportamentais.

5. Usar o modelo dos 'Cinco Domínios' para entender e avaliar diferentes

estados de bem-estar.

6. Promover o conhecimento e compreensão do bem-estar animal e seu

manejo para a comunidade em geral.

INTRODUÇÃO

O que é bem-estar animal? Como as ideias sobre bem-estar animal se

aplicam a zoos e aquários? Embora existam várias formas diferentes de

pensar sobre bem-estar animal, a ciência que as sustenta continua a

avançar, cujo enfoque principal tem sido nos mamíferos e aves. A seguinte

descrição de bem-estar animal oferece ideias úteis (Organização Mundial de

Saúde Animal - OIE):

Bem-estar animal significa como um animal está lidando com as condições

em que vive. Um animal está em um bom estado de bem-estar se (como

indicado por evidências científicas) ele está saudável, confortável, bem

nutrido, seguro, apto a expressar comportamentos inatos, e não está

sofrendo por estados desagradáveis como dor, medo e angústia. Bom nível

de bem-estar requer prevenção de doenças e tratamento veterinário, abrigo

apropriado, manejo, nutrição, manipulação e abate/sacrifício humanitário.

Bem-estar animal se refere ao estado do animal; o tratamento que um

animal recebe é coberto por outros termos como cuidado animal, manejo

animal e tratamento humanitário.

Bem-estar animal se refere ao estado do animal, incluindo sentimentos

subjetivos e sensações que ele vivencia como resultado de sua saúde física e

das influências dos arredores. Por exemplo, um animal pode vivenciar

estados negativos, como sentir fome, se há alimento insuficiente, dor, se ele

está ferido e medo, se estiver ameaçado. Um animal tipicamente buscará

reduzir ou evitar essas e outras dessas experiências negativas, especialmente

quando são intensas, e se consideraria que está em um estado negativo (ou

ruim) de bem-estar se for incapaz de fazê-lo.

Avanços na ciência do bem-estar animal têm ressaltado a importância de

considerar os estados psicológicos dos animais ao avaliar o bem-estar ao

longo do tempo. Desta forma, não são apenas as necessidades

físicas/funcionais dos animais que requerem atenção no cuidado em zoos e

aquários, mas sua integração com seu potencial de ter uma gama ampla de

experiências. Assim, a ciência do bem-estar animal não apenas confirmou

que os animais podem ter experiências negativas, como também

demonstrou a existência de experiências positivas. O bem-estar animal

pode, portanto, variar em um contínuo, de muito ruim a muito bom.

A promoção de estados positivos de bem-estar requer diferentes

abordagens, para minimizar os estados de bem-estar negativos. Zoos e

aquários modernos deveriam trabalhar para minimizar a ocorrência de

estados negativos em seus animais e, simultaneamente, fazer esforços para

promover estados positivos.

Então, o que são estados de bem-estar positivos? Os animais vivenciam um

estado geral de bem-estar positivo quando suas necessidades físicas e

comportamentais são atendidas, e quando o ambiente proporciona desafios

estimulantes e escolhas ao longo do tempo. Por toda esta Estratégia, zoos e

aquários são chamados a buscar altos padrões de bem-estar animal,

utilizando abordagens elaboradas para permitir que os animais tenham

experiências positivas. Isso envolve compreender princípios baseados na

ciência, estimular a pesquisa e reconhecer a importância da experiência da

equipe, habilidades de monitoramento e cuidado veterinário.

Milhares de diferentes espécies são mantidas em zoos e aquários ao redor

do mundo, assim, manejar seu bem-estar é complexo em termos da

diversidade de conhecimentos requerida. Até o momento, o bem-estar da

megafauna tem recebido atenção especial. Em alguns casos, como os

elefantes e algumas espécies de primatas, os padrões de cuidado

relacionados ao bem-estar são bem compreendidos. Entretanto, ainda há

muito a ser feito, especialmente com mamíferos e aves menos estudados e

outros vertebrados sencientes. Um grande desafio é expandir

continuamente o conhecimento e experiência necessários para manejar

espécies, e para melhor compreender como o ambiente e manejo de zoos e

aquários tem impacto no bem-estar animal, de forma que, ao final, estados

de bem-estar positivos possam ser promovidos em todos eles. Vários zoos e

aquários estabeleceram instalações dedicadas a aumentar nossa

compreensão do bem-estar animal (veja estudo de caso 1.1).

19

SOBREVIVÊNCIA, DESAFIOS E ESCOLHAS

Para que um animal tenha experiências positivas, muitas de suas

necessidades básicas físicas/funcionais devem ser atendidas primeiro. As

necessidades básicas de um animal tem um papel importante em sua

sobrevivência; por exemplo, seus requerimentos de oxigênio, água,

alimento e equilíbrio térmico, e a prevenção de lesões e doenças

significativas. Apenas quando essas e outras de tais necessidades de

sobrevivência forem atendidas a minimização de experiências negativas

associadas (ex. falta de ar, sede, fome, desconforto térmico e dor) será

suficiente para permitir que o animal tenha experiências positivas.

Considerar apenas as experiências negativas relacionadas à sobrevivência

não necessariamente levará a experiências positivas, mas podem

meramente mudar o estado de bem-estar de negativo para neutro.

As experiências de um animal também são influenciadas por sua percepção

de suas circunstâncias externas e a extensão de sua motivação para se

envolver em comportamentos diversos que ele possa achar estimulante; isto

é suas experiências vividas relacionadas com suas oportunidades

comportamentais. Desta forma, o manejo em zoos e aquários deve atender

as necessidades básicas de sobrevivência do animal de maneira apropriada

à espécie, que minimize estados de bem-estar negativos, e deve também

estabelecer ambientes e regimes de cuidado associados que promovam

estados de bem-estar positivos.

Muitos zoos e aquários já visam proporcionar desafios e escolhas

estimulantes para os animais, e buscam desenvolver maneiras inovadoras

de ampliar a gama de experiências positivas disponíveis para os animais. As

escolhas podem incluir onde e o que comer, interagir ou não com outros

animais, ou buscar ambientes diferentes que ofereçam confortos variados.

Desafios podem ser cognitivos ou físicos, relacionados a oportunidades de

buscar o alimento desejado ou outras recompensas. Os desafios devem ser

espécie-específicos e elaborados tendo em mente as necessidades e

habilidades individuais do animal, e continuar a ser progressivamente

desafiador e variado.

É importante que cada organização tenha membros suficientes na equipe

com o conhecimento e habilidades necessárias para assegurar que o bem-

estar animal seja abordado. Isso envolve a avaliação e manejo contínuo do

bem-estar do animal e condições de vida, incluindo sua saúde física e

respostas ao ambiente. A equipe deve se manter atualizada e compartilhar

habilidades através, por exemplo, do desenvolvimento de capacitações e

participação em workshops e simpósios relevantes.

É sabido que a base de conhecimento sobre todas as espécies de zoos e

aquários ainda está se desenvolvendo. Zoos e aquários devem continuar a

usar indicadores conhecidos para avaliar o bem-estar animal em nível

espécie-específico e também promover e liderar pesquisas confiáveis para

melhorar ainda mais o monitoramento do bem-estar e os resultados para

uma gama maior de espécies

Então, como podemos avaliar o bem-estar animal? Como avaliamos as

experiências subjetivas negativas e positivas de um animal? Apresentamos

aqui o modelo dos 'Cinco Domínios', que é uma base útil para realizar

avaliações de bem-estar animal sistemáticas e estruturadas nesses termos.

Entretanto, avaliando cuidadosamente o que elas deveriam ser, em espécies

onde haja suficiente conhecimento para fazê-lo, apoia a aplicação de rotinas

de manejo espécie-específicas, procedimentos veterinários e atividades de

enriquecimento ambiental que considerem o bem-estar.

UM QUADRO CONCEITUAL ÚTIL: O MODELO DOS 'CINCO DOMÍNIOS'

O modelo dos Cinco Domínios não pretende ser uma representação física e

funcional acurada do corpo, mas é elaborada para facilitar o entendimento e

avaliação do bem-estar. Esse modelo delineia quatro domínios

físicos/funcionais de 'nutrição', 'ambiente', 'saúde física' e 'comportamento',

e o quinto domínio, que é o estado 'mental' do animal (Fig. 1.1).

Como o bem-estar é um estado do animal e é entendido em termos do que o

animal vivencia subjetivamente, esse modelo identifica as duas principais

fontes dessas experiências mentais. A primeira são os sentimentos e

sensações (coletivamente conhecidos por 'emoções') que motivam os

animais a realizarem comportamentos considerados essenciais para sua

sobrevivência. Isso inclui a sede motivando o animal a beber, fome

motivando a comer, e dor indicando coisas a evitar. Esse e outros fatores

relacionados à sobrevivência são tipicamente cobertos pelos domínios de

'nutrição', 'ambiente' e 'saúde física'.

HOUSTON ZOO, TX, USA Elefantes asiáticos

Estudo de caso 1.1::

Pesquisa em bem-estar em organizações zoológicas

Há muitos zoos e aquários conduzindo ou contribuindo para a pesquisa

em bem-estar animal. Por exemplo, um consórcio de Zoos norte-

americanos realizou um estudo multi-institucional avaliando o bem-estar

de elefantes (Elaphas maximus e Loxodonta africana). Embora esse

tenha sido um estudo muito grande, muitos zoos e aquários tem

conduzido estudos menores em muitas outras espécies (p.ex. bem-estar

de grandes primatas). À medida que o estudo cuidadoso do bem-estar

continua a crescer, será importante continuar a construir experiência

relevante; por exemplo, pesquisando formas inovadoras de monitorar os

estados de bem-estar. A Sociedade Zoológica de Chicago criou o Centro

para a Ciência do Bem-estar, a Sociedade Zoológica de Detroit

estabeleceu o Centro para o Bem-estar de Animais de Zoos e a

Sociedade Zoológica de São Francisco fundou o Centro para o Bem-estar

e Conservação. É esperado que, internacionalmente, à medida que os

zoos e aquários caminhem para o futuro, mais e mais deles

desenvolverão instalações com foco no bem-estar e o objetivo de ajudar

a garantir que os animais mantidos possam prosperar.

BEM-ESTAR ANIMAL E SUA AVALIAÇÃO

20 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

MODELO DOS CINCO DOMÍNIOS

Fig. 1.1. O modelo dos Cinco Domínios para entender o bem-estar animal, dividido em componentes físicos/funcionais e mentais, proporciona exemplos

de como condições internas e externas dão origem a experiências subjetivas negativas (aversivas) e positivas (prazerosas), cujo efeito integrado dá

origem ao estado de bem-estar de um animal (modificado de Mellor & Beausoleil, 2015).

O quarto domínio do 'comportamento' capta a segunda fonte de

experiências subjetivas, que podem ser negativas ou positivas, e está

relacionada à percepção pelo animal de suas circunstâncias externas.

Exemplos negativos incluem: ameaça causando medo, isolamento levando

a solidão e pouco estímulo levando ao tédio; e exemplos positivos incluem:

segurança gerando confiança e prazer dando origem a uma sensação de

recompensa.

A referência aos quatro primeiros domínios permite a consideração

sistemática de uma ampla gama de condições que podem dar origem a uma

variedade de experiências subjetivas encontradas no quinto domínio

'mental'. O impacto conjunto de todas essas experiências é avaliado como

representativo do estado de bem-estar de um animal.

É da natureza dos fatores ligados aos domínios físicos/funcionais mudar ao

longo do tempo, assim como as percepções e experiências relacionadas, o

que é levado em consideração para o domínio mental do modelo. Assim, o

estado de bem-estar de um animal em um dado momento encontra-se em

um contínuo entre os extremos de muito pobre a muito bom, e, em

diferentes momentos, seu bem-estar pode diminuir ou aumentar. Os

propósitos da avaliação e manejo do bem-estar são monitorar, detectar e

corrigir o pobre bem-estar quando ele ocorrer, e manter o bom nível de

bem-estar, e preferivelmente, o nível muito bom, quando for possível

praticamente.

As oportunidades para a promoção de estados de bem-estar positivos

alinhados com o modelo dos Cinco Domínios podem incluir as seguintes:

• Nutrição: o consumo apropriado de alimentos nutritivos é uma experiência

prazerosa contínua.

• Ambiente: condições benignas oferecem conforto e seguranças contínuas.

• Saúde física:a boa saúde física contínua assegura robustez e vitalidade.

• Comportamento: atividades envolvendo variedade, escolha e desafios benignos são recompensadoras.

• Estado mental ou afetivo: experiências negativas relacionadas à

sobrevivência são mínimas, e o conforto, prazer , interesse e confiança são

experiências positivas comuns.

Como os elementos-chave desta abordagem são baseados na compreensão

biológica de mamíferos e aves bem estudados, sua aplicação ampla a outras

dessas espécies pode ocorrer, desde que características próprias de sua

biologia sejam levadas em consideração. Por outro lado, a aplicação do

modelo para outras espécies em zoos e aquários irá requerer informações

de especialistas em sua biologia específica. De qualquer forma, o uso do

modelo auxilia a levantar questões sobre como as necessidades básicas de

sobrevivência de cada espécie são atendidas, se eles têm ou não a

capacidade de ter experiências prazerosas e, se têm, como essas

experiências podem ser expressas e sob quais circunstâncias.

Dor Medo Angústia Desconforto

Debilidade Fraqueza Vertigem

Tédio Frustração

Segurança Recompensa Envolvimento

Brincadeira Curiosidade Vitalidade Calma

Confiança Contentamento Companhia

DOMÍNIOS FÍSICOS / FUNCIONAIS

NUTRIÇÃO AMBIENTE SAÚDE FÍSICA COMPORTAMENTO

EXPERIÊNCIAS NEGATIVAS DOMÍNIOS MENTAIS EXPERIÊNCIAS POSITIVAS

ESTADO DE BEM-ESTAR

Negativo

Privação de

alimento Privação de

água Desnutrição

Positivo

Nutrição

adequada Alimento

disponível

Negativo

Desafio

ambiental

Positivo

Oportunidades

e escolhas

ambientais

Negativo

Doenças Lesões

Positivo

Saúde Aptidão

física

Negativo

Restrição

comportamental

Positivo

Expressão

comportamental

21

AVALIANDO O BEM-ESTAR ANIMAL

Uma parte chave dos protocolos e práticas elaboradas para assegurar que o

bem-estar animal se mantenha em níveis aceitáveis elevados é a

necessidade de avaliação contínua do bem-estar de um animal. É nítido que

tanto as experiências negativas quanto as positivas são significativas para o

bem-estar, e que o estado de bem-estar de um animal reflete o balanço

entre elas. Em geral, o bem-estar será negativo quando as experiências

negativas predominam, neutro quando as experiências negativas e positivas

estão balanceadas, e positivo quando as experiências positivas

predominam.

Também é evidente que as experiências negativas são de dois principais

tipos. O primeiro inclui aquelas que motivam comportamentos críticos

relacionados à sobrevivência. Por exemplo, a falta de ar motivando a

respiração, a sede com o beber, a fome com comer e a dor com evitar ou se

retirar de estímulos nocivos. O segundo tipo, denominado experiências

negativas relacionadas a situações, incluem aquelas que refletem respostas

adversas do animal ao seu ambiente. Por exemplo, em mamíferos, arredores

nus/vazios levando ao tédio, isolamento levando a solidão e ameaça levando

ao medo.

Com relação ao primeiro tipo, o bom manejo animal e práticas veterinárias

podem no máximo neutralizar temporariamente as experiências negativas

críticas para a sobrevivência. Elas não podem ser completamente

eliminadas. Biologicamente elas são essenciais para motivar o animal a se

comportar de forma que permita que ele adquira, por exemplo, oxigênio

para sustentar a vida, alimento e água, e evitar ou minimizar injúrias.

Com relação a experiências negativas relacionadas a situação, essas podem

ser substituídas, ou evitadas, proporcionando aos animais oportunidades

para se envolver em comportamentos que eles possam considerar

recompensadores. São principalmente as atividades de enriquecimento

ambiental que geram experiências positivas. Tais experiências podem

incluir saciedade, envolvimento direcionado a uma meta, interesse,

curiosidade, satisfação, companheirismo, brincadeira, conforto e confiança.

Conhecimento e experiência são críticos para a promoção de estados de

bem-estar positivos. Compreender as necessidades espécie-específicas pode

reduzir grandemente as experiências negativas por aplicar o conhecimento

e habilidades relevantes para promover estados positivos. Por exemplo,

experiências de animais sociais são frequentemente relacionadas a

estruturas sociais inadequadas de um grupo, e podem ser remediadas.

O objetivo do cuidado para com animais de zoos e aquários é evitar

extremos de experiências negativas relacionadas à sobrevivência e, com

relação às experiências relacionadas a situação, proporcionar oportunidades

para os animais se engajarem em comportamentos que eles pareçam achar

prazerosos ou recompensadores.

externamente quanto mensuráveis internamente, e geralmente se alinham

com os domínios da nutrição, ambiente e saúde do modelo dos Cinco

Domínios (Fig.1.1)

Exemplos de indicadores observáveis externamente incluem a adequação

das taxas de crescimento e marcos de desenvolvimento em animais jovens,

idade da maturidade, falta de sucesso reprodutivo em adultos e aparência

geral dos animais com relação à sua saúde, e longevidade sob o cuidado

humano. Alguns são citados a seguir:

• Nutrição: alteração no peso e/ou escore de condição corporal, adequação

do consumo de água e alimento, e/ou presença de agressão no momento

da alimentação que indique fome.

• Ambiente: lesões devidas a restrição física por confinamento, evidência

comportamental de impactos negativos de temperaturas extremas, e/ou

sinais de irritação por gases poluentes.

• Saúde: presença de lesões como cortes, hematomas, abrasões e alterações

no comportamento como atitude, aparência, vocalização e movimentação

comprometida, e também presença de infecções, febre ou frequência

cardíaca aumentada.

Esses indicadores observáveis externamente, que podem ser vistos

facilmente durante inspeções por equipe qualificada, são frequentemente os

primeiros sinais de problemas de bem-estar. Eles também, fornecem

orientação sobre a causa provável e frequentemente apontam as ações

reparadoras requeridas, que comumente envolvem intervenções no manejo

ou tratamento veterinário.

Indicadores mensuráveis internamente são relacionados a condições

fisiológicas, patológicas ou clínicas. Esses indicadores geralmente não serão

empregados para monitoramento diário, a menos que esteja relacionado a

uma investigação específica de doença ou um problema de bem-estar

intratável de outra forma. Exemplos incluem: mensuração de parâmetros

sanguíneos específicos para hidratação, estado nutricional, competência

imunológica, liberação de hormônios de estresse e liberação de outros

hormônios; mensuração do nível de hormônios na saliva, urina e fezes; há

também numerosos indicadores estabelecidos do funcionamento do

coração, pulmões, vasos sanguíneos, rins, órgãos digestivos, músculos,

esqueleto, sistema nervoso e órgãos dos sentidos.

INDICADORES FÍSICOS E CLÍNICOS DE BEM-ESTAR

Numerosos indicadores (variáveis mensuráveis) estão disponíveis e

fornecem checklists para o monitoramento de estados de bem-estar. Eles

mostram a presença ou ausência de estados físicos/funcionais e

comportamentos que estão na base do estado de bem-estar de um animal.

Esses indicadores permitem detectar estados de bem-estar negativos,

neutros e positivos, e as mudanças podem ser monitoradas e manejadas.

Seu uso está baseado em muitos anos de validação de pesquisas

científicas.Os indicadores físicos/funcionais são tanto observáveis

PERTH ZOO, AUSTRALIA

Panda vermelho

BEM-ESTAR ANIMAL E SUA AVALIAÇÃO

22 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

O manejo do bem-estar animal em zoos e aquários é

uma área complexa, onde o conhecimento e os métodos

científicos estão se desenvolvendo rapidamente.

OBSERVAÇÕES DO COMPORTAMENTO ANIMAL

O comportamento é geralmente considerado como um indicador claro do

estado de bem-estar e saúde de um animal, e tem sido usado efetivamente

para esse fim por muitas décadas. Historicamente, muitos cientistas

comportamentais eram relutantes em vincular experiências particulares

subjetivas a comportamentos particulares, considerando que seriam não-

científicas.

Entretanto, a ciência do bem-estar animal agora está fornecendo forte e

crescente apoio a três proposições chave: primeiro, que comportamentos

particulares de mamíferos, aves e répteis sugerem quais seriam seus

objetivos; segundo, que tais comportamentos direcionados a objetivos

poderiam permitir que se façam inferências sobre as experiências

positivas ou negativas acompanhantes; e, terceiro, que a experiência de

um animal provavelmente será positiva se ele se envolver ativamente em

comportamentos que envolvam processamento de impulsos em circuitos neurais

cerebrais associados a recompensa. Tomadas em conjunto, elas provém uma base

para, cautelosamente, interpretar o comportamento animal em termos do que as

experiências subjetivas acompanhantes podem ser.

O domínio comportamental do modelo dos Cinco Domínios (Fig 1,1)

incorpora esse conceito e refere-se a percepções prováveis do animal de

suas circunstâncias externas, e as experiências positivas ou negativas

resultantes associadas. Por exemplo, há forte evidência comportamental de

que mamíferos sociais mantidos confinados em recintos estéreis, sem

companhia e recebendo alimentos que tomem pouco tempo para serem

consumidos, provavelmente terão experiências negativas como ansiedade,

medo, frustração, solidão, tédio e depressão. No outro extremo, evidências

comportamentais sugerem que tais espécies gregárias mantidas em

ambientes extensivos, ricos em estímulos com oportunidades de, por

exemplo, explorar, forragear ou caçar, criar e reafirmar vínculos, cuidar dos

filhotes, brincar e ser sexualmente ativo, tem maior probabilidade de ter

experiências positivas, como sentir-se estimulado, envolvido, sociável

afetivamente e recompensado em termos parentais.

Considerar o amplo espectro de consequências desses fatores situacionais

destaca a necessidade de avaliar os potenciais benefícios de introduzir,

manter ou ampliar atividades de enriquecimento ambiental. Essas

observações apoiam fortemente o já bem demonstrado compromisso com o

enriquecimento ambiental no setor de zoos e aquários (veja Capítulo 3), e

indica que a avaliação comportamental pode, de forma benéfica, fornecer

informação sobre a eficácia do enriquecimento ambiental.

PERTH ZOO, AUSTRALIA

Orangotangos

23

Como visto acima, essas observações se referem principalmente a

mamíferos e aves, e assim não podem ser aplicadas diretamente a outras

espécies de vertebrados. Entretanto, as equipes de zoos e aquários estão na

melhor posição para desenvolver enriquecimentos apropriados à variedade

de espécies sob seu cuidado, e considerar que o cuidado e pesquisa devem

ser aplicados a todas as espécies mantidas nessas instituições.

CONCLUSÃO

Os Cinco Domínios oferecem um modelo prático e útil para zoos e aquários.

Ao aplicar o conhecimento dos estados de bem-estar negativos, neutros e

positivos, a avaliação de bem-estar é possível e tangível. É um arcabouço

que permite que os cuidadores de animais reconheçam e atendam suas

necessidades de sobrevivência, e ajuda a prover oportunidades para que os

animais vivenciem estados positivos de bem-estar. Essa é a base para criar

desafios prazerosos e escolhas para animais de zoos e aquários.

O manejo do bem-estar em zoos e aquários é uma área complexa, onde o

conhecimento e os métodos científicos tem se desenvolvido rapidamente.

Uma área de particular desafio é a ampla variedade de espécies mantidas

por zoos e aquários. Há, por consequência, necessidade de continuar a

adquirir conhecimento espécie-específico sobre as espécies menos

estudadas, para permitir que seu bem-estar seja apropriadamente

conhecido e manejado. O contínuo aporte de dados de especialistas e de

pesquisas biológicas baseadas em zoos e aquários será necessário.

A avaliação de bem-estar é um componente crítico do cuidado animal

moderno em zoos e aquários. As abordagens de avaliação tem várias facetas

e empregam indicadores baseados em condições físicas/funcionais e em

comportamentos que se alinham com as experiências negativas e/ou

positivas que os animais podem ter.

CHECKLIST

Você está atualizado com os avanços científicos no

conhecimento e avaliação do bem-estar animal?

Você tem uma política declarada de compromisso em manejar

apropriadamente o bem-estar animal (como a declaração de

compromisso da WAZA)?

Os membros de sua equipe compreendem o compromisso de

sua organização com o bem-estar animal e como implementar

esse compromisso?

Os membros de sua equipe são treinados para monitorar e

manejar o bem-estar dos animais sob seu cuidado?

Você tem informado as partes interessadas sobre seu

compromisso com o bem-estar animal, como visitantes,

autoridades reguladoras e outros?

Sua abordagem para o bem-estar animal busca assegurar que

estados de bem-estar negativos sejam minimizados?

Sua abordagem para o bem-estar animal busca promover

estados de bem-estar positivos?

NOTAS:

Boa constrictor Jiboia

26 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

URSO POLAR

SVALBARD ISLANDS, NORUEGA

27

CO

MP

RO

ME

TE

R

28 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 2: MONITORANDO E MANEJANDO O BEM-ESTAR ANIMAL

Nosso compromisso é monitorar o estado de bem-estar de

animais para atingir elevados padrões de cuidado.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia invoca as organizações membro a:

1. Faça da acreditação em bem-estar animal uma prioridade. Isso pode

ser feito através de sua associação regional de zoos e aquários ou

adotando os padrões de bem-estar e monitoramento usados por outras

regiões ou países.

2. Garanta que sua equipe de cuidado animal tenha treinamento científico

e experiência relevantes, mantenha-se a par dos mais recentes

desenvolvimentos em saúde animal e métodos de monitoramento de

bem-estar, e tenha ligação com outros grupos profissionais e

organizações para compartilhar conhecimento e boas práticas.

3. Desenvolva e mantenha uma cultura na equipe para a prática de relatos

e monitoramento regulares do comportamento e saúde dos animais.

Mantenha e guarde atualizados todos os registros animais

relacionados.

4. Utilizando pesquisas atualizadas em bem-estar animal, colabore com

outras instituições para estabelecer dados que componham a linha de

base em bem-estar para animais individualmente e em grupos, de

forma a permitir a comparação com quaisquer dados novos.

5. Avalie cuidadosamente como os animais são transportados e considere

qualquer risco potencial para o bem-estar. Desenvolva planos para a

movimentação de animais que também atendam todas as normas

nacionais e internacionais relevantes. Exija que os padrões e práticas de

bem-estar da instituição recebedora sejam checados e sejam iguais ou

superiores aos delineados nesta Estratégia e nas políticas de bem-estar

das associações regionais de zoos e aquários.

6. Empregue veterinários, biólogos, cientistas de bem-estar e especialistas

em comportamento com experiência em uma ampla gama de taxa, para

garantir elevados padrões de bem-estar animal e cuidados de saúde,

incluindo intervenções de saúde preventivas.

7. Com relação ao cuidado por toda a vida, desenvolva planos abrangentes

de saúde animal e, se necessário, políticas específicas, incluindo

aquelas que atendam às necessidades especiais dos animais muito

jovens, doentes, feridos e geriátricos.

8. Coloque em prática planos para prevenir e combater surtos de doenças

nos animais, incluindo a transmissão de doenças entre os animais e o

homem, e garantir que protocolos de quarentena estejam disponíveis

quando requeridos.

INTRODUÇÃO

Monitorar o bem-estar animal é claramente crítico para o manejo efetivo

de animais em zoos e aquários. Os indicadores físicos/funcionais e

comportamentais descritos no capítulo 1 podem ser usados para detectar

pobre bem-estar e identificar características de experiências positivas. Eles

também permitem a detecção de melhorias no bem-estar pela aplicação de

medidas remediadoras de manejo e intervenções terapêuticas veterinárias,

e/ou proporcionando aos animais oportunidades comportamentais que

elevem o bem-estar. Manejar o elevado número de espécies em zoos e

aquários também requer altos níveis de experiência da equipe e políticas e

planejamento sólidos

CONHECIMENTO ESPECÍFICO DA ESPÉCIE E ANIMAL

Como descrito no Capítulo 1, o número de espécies mantidas por zoos e

aquários cria desafios significativos para o monitoramento do bem-estar.

Desenvolver forte experiência da equipe e trabalhar com outros para

desenvolver conhecimento espécie-específico são vitais para melhorar o

monitoramento do bem-estar. Adicionalmente, conhecimento específico do

pessoal e desenvolvimento de experiência da equipe, para melhor

compreender peculiaridades e alterações comportamentais em animais

individualmente, devem ser prioridades constantes.

Progressos tem sido feitos para enfrentar esses desafios, através de

programas de acreditação de associações regionais de zoos e aquários. Por

exemplo, o programa da Associação de Zoos e Aquários da Australásia

(ZAA). iniciado em 2014, avaliou o comprometimento e as melhorias no

bem-estar em zoos e aquários membros para uma gama de espécies. Essa

abordagem pode levar a aprimorar o manejo corrente de aspectos

físicos/funcionais do bem-estar e identificar novas formas de melhorar o

bem-estar, pela provisão de oportunidades, antes não reconhecidas, de

engajamento dos animais em comportamentos que eles possam achar

recompensadores. Quando possível, zoos e aquários devem buscar a

acreditação através de associações regionais, uma vez que essas associações

são lideranças na avaliação e manejo de cuidados espécie-específicos

adequados para a vida selvagem..

A manutenção de registros que detalhem as observações físicas, funcionais e

comportamentais são importantes para o manejo efetivo do bem-estar

animal. Os registros permitem que a condição contínua dos animais,

incluindo quaisquer mudanças, deterioração, estabilidade ou melhoria nos

estados de bem-estar, sejam notadas. Eles também permitem que sejam

notadas quaisquer alterações não intencionais no manejo, que possam ser

identificadas como responsáveis por um problema, assim como o resultado

de qualquer intervenção proposital veterinária ou de manejo. Tais

informações não apenas oferecem uma base para a revisão do impacto das

práticas atuais (veja estudo de caso 2.1), mas também podem guiar a

introdução de novas abordagens destinadas a melhorar o bem-estar (veja

estudo de caso 2.2).

29

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

DISNEY’S ANIMAL KINGDOM, FL, USA

Tigres

SAN DIEGO ZOO, CA, USA

Urso pardo

Estudo de caso 2.1:

O monitoramento comportamental sistemático é uma ferramenta que pode ser utilizada para otimizar o bem-estar animal.

A equipe do Disney's Animal Kingdom colocou em prática um programa

de monitoramento comportamental de longo prazo para auxiliar no

manejo de seis fêmeas de tigre (Panthera tigris). Esses tigres eram

alojados socialmente, o que era uma situação de manejo única em zoos.

O programa de monitoramento permitiu que a equipe acompanhasse

mudanças nas relações sociais ao longo do tempo. Essas observações

orientaram a seleção de vários agrupamentos sociais para maximizar a

compatibilidade, enquanto mantinha a variabilidade nos parceiros

sociais. O estudo também permitiu que a equipe determinasse os

impactos de diferentes práticas de manejo, técnicas de exibição e

impacto da construção das exibições no comportamento de animais

individualmente. O programa de monitoramento comportamental, assim,

orientou decisões de cuidado animal com ótimos resultados no bem-

estar, enquanto também forneceu importantes informações de base para

outros zoos que considerem o alojamento social de tigres.

Estudo de caso 2.2 :

O valor de coletar dados de bem-estar regularmente

Em muitos zoos e aquários os membros da equipe avaliam os padrões

de atividade dos animais diariamente, mas o valor dessa avaliação

pode ser reduzido quando apenas um tempo limitado é despendido com

os animais em um contexto muito específico. Para a maior parte dos

animais de zoos e aquários, o aparecimento de membros da equipe

pode indicar uma oportunidade de receber alimento. Por causa dessa

conexão, é lógico assumir que a ausência de membros da equipe indica

que não há essa oportunidade. Dessa forma, comportamentos ligados a

alimentação (p.ex. exploração ou forrageamento) raramente ocorrem

quando os membros da equipe não estão presentes. O monitoramento

diário de um urso pardo idoso (Ursus arctos) no Zoo de San Diego

indicou baixos níveis de comportamento de forrageamento até a

introdução de um alimentador automático que foi programado para

distribuir quantidades aleatórias de alimento seco a intervalos

aleatórios. Após sua instalação, os comportamentos de forrageamento

do urso aumentaram cinco vezes e a inatividade e o pacing

estereotipado diminuíram. O monitoramento detalhado permitiu aos

membros da equipe ver a complexidade dos comportamentos de

forrageamento e motivaram uma alteração nas práticas de manejo,

associada com uma mudança filosófica na abordagem da oferta de

alimentos.

30 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

MONITORAMENTO E MANEJO DO BEM-ESTAR ANIMAL

CUIDADO DE ANIMAIS POR TODA A VIDA

Muitos animais em zoos e aquários passam toda sua vida em um ambiente

manejado, e podem estar presentes como neonatos, jovens, adolescentes,

indivíduos maduros e idosos. Claramente, procedimentos de

monitoramento e manejo focados no bem-estar precisam ser adaptados

para gerenciar as mudanças necessárias para cuidar dos níveis relativos de

robustez ou vulnerabilidade dos animais, durante os diferentes estágios de

suas vidas. Embora a qualidade do cuidado proporcionado deva ser similar

ao longo de toda a vida do animal, o caráter do cuidado será ajustado (veja

estudo de caso 2.3). Essa abordagem requer conhecimento e habilidades

especializados, que, se não disponíveis em uma instituição, devem ser

buscados através do trabalho com outros.

O tempo de vida pode variar entre as espécies de curto a muito longo. A vida

de animais com longo tempo de vida pode se estender muitos anos além de

sua capacidade reprodutiva. O planejamento organizacional para o longo

prazo deve garantir que o bem-estar seja monitorado e manejado

apropriadamente por toda a vida de todos os animais, e deve incluir

estratégias específicas para o cuidado de animais geriátricos. Fazer o

ambiente mais confortável, ajustes na dieta e testes para doenças ligadas à

idade ou outras enfermidades são alguns exemplos. Árvores de decisão que

levem em conta esses e outros fatores, como a longevidade natural para a

espécie e o nível e frequência de intervenções veterinárias, também podem

ser necessárias. O estado de bem-estar de um animal idoso, se

comprometido, deve ser avaliado regularmente para determinar se a

eutanásia seria preferível ao cuidado veterinário contínuo.

Quando animais são movimentados, zoos e aquários devem desenvolver

planos apoiados por equipe profissional de forma que aquisições,

movimentações e transações de animais não resultem em prejuízos no bem-

estar. Associações regionais de zoos e aquários podem ter diretrizes que

podem ser aplicados a transações individuais.

CUIDADO VETERINÁRIO

Assistência veterinária profissional é uma parte essencial da provisão de

cuidado de saúde apropriado e monitoramento da condição em curso de

animais de zoos e aquários. Veterinários registrados devem sempre fazer

parte de uma equipe de manejo animal, seja através de emprego direto ou

contratando veterinários privados ou consultores. O número de veterinários

necessários dependerá do tamanho e complexidade do zoo ou aquário.

O emprego direto de veterinários em zoos e aquários proporciona uma

maior compreensão do funcionamento diário da organização, e oferece mais

oportunidades de manejar holisticamente a diversidade de espécies

mantida. Veterinários com habilidades específicas em animais exóticos e

medicina espécie-específica devem ser procurados localmente e também a

partir de especialistas dentro da comunidade mundial de veterinários de

zoos e aquários.

A implementação de alguns tratamentos veterinários podem comprometer

temporariamente o bem-estar animal. Exemplos incluem a manipulação pré

e pós tratamento, procedimentos cirúrgicos e quarentena. Obviamente, um

objetivo maior é minimizar qualquer comprometimento e rapidamente

restaurar a capacidade do animal vivenciar estados de bem-estar positivos.

Todas as instalações nas quais os animais passem por procedimentos,

tratamentos ou observação devem ser projetadas para esse fim, ou

adaptadas para facilitar as intervenções veterinárias e atingir os objetivos de

bem-estar (veja capítulo 4). Além disso, o projeto das instalações deve visar

a segurança da equipe ao manejar animais potencialmente perigosos.

A maioria dos animais de zoos e aquários são espécies selvagens não

domesticadas e geralmente resistem à contenção e tratamento. O

treinamento com reforço positivo tem se tornado uma prática popular e

necessária, que é utilizada por zoos e aquários para reduzir o estresse em

animais e pode minimizar a necessidade do uso de anestésicos e sedativos.

Treinar um animal corretamente pode reforçar uma relação positiva entre o

treinador e o animal, e estimular o bem-estar positivo para futuras

interações. Todo treinamento deve criar um ambiente que seja interessante

e estimulante para os animais e permitir ao animal escolher participar.

PERTH ZOO, AUSTRALIA

Gibão de Java

Estudo de caso 2.3:

Decisão sobre criar um animal jovem artificialmente

Um gibão de Java (Hylobates moloch) nascido no Perth Zoo foi

abandonado por sua mãe e lutava para sobreviver. Os especialistas

do Zoo tomaram a decisão de criá-lo artificialmente. A intenção era

reintroduzir o filhote em seu grupo familiar prioritariamente,

utilizando métodos testados, aplicados a outra espécie de gibão.

Gibões são espécies altamente sociais e a política do Perth Zoo é

de que, em razão do bem-estar e necessidades comportamentais

em longo prazo, gibões apenas devem ser mantidos em grupos

familiares. A decisão de criar esse animal artificialmente foi tomada

sob a égide de uma política clara e conhecimento atualizado sobre

o manejo e bem-estar de espécies sociais como os gibões. Além

disso, houve a supervisão por um comitê de ética com membros

externos e membros da equipe do zoo. O Perth Zoo tem uma

história sólida no manejo de gibões e de integração de filhotes

criados artificialmente de volta às famílias. Foram reintegrados com

sucesso gibões de cara branca (Nomascus leucogenys) de volta a

grupos familiares e esses, posteriormente, reproduziram com

sucesso enquanto vivendo em um grupo social, como parte do

programa regional de reprodução da Australásia.

31

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

USHAKA SEA WORLD DURBAN, SOUTH AFRICA Foca sulafricana

O treinamento com reforço positivo baseia-se em um tipo de aprendizagem

no qual o animal é recompensado por comportamentos desejáveis, e dessa

forma os reforça. Tal treinamento, onde os animais se apresentam

voluntariamente para diversos procedimentos, pode por consequência

auxiliar o veterinário a usar procedimentos em grande parte não invasivos

no monitoramento de saúde. Esses incluem aplicação de injeções, coleta de

sangue, cuidados com os pés e muitos outros (veja estudo de caso 2.4).

Treinar animais nessa área e para entrar em suas caixas de transporte deve

ser a norma nos zoos e aquários modernos. Técnicas de treinamento

aversivas que incluam infligir dor e estresse não devem ser aplicadas nas

práticas de treinamento.

A preparação meticulosa de todo evento anestésico é crítica para minimizar

qualquer comprometimento do bem-estar associado, e para assegurar que o

objetivo do procedimento seja atingido. Assim, um plano do procedimento

anestésico deve ser preparado antecipadamente para cada evento e deve ser

discutido e compreendido por todos os envolvidos. Quando necessário,

colegas e a literatura devem ser consultados para orientação sobre a escolha

do anestésico e seu uso. Uma avaliação do procedimento anestésico também

deve ser realizada para identificar melhorias para aplicação futura.

A responsabilidade do veterinário se estende ao manejo de animais em

quarentena, para manter a biossegurança. Comprometimento significativo

do bem-estar pode ocorrer em animais em quarentena, uma vez que devem

estar estressados devido ao transporte, relocação em ambiente

desconhecido, separação de seus coespecíficos familiares e/ou isolamento, e

em alguns casos, serem submetidos a procedimentos veterinários. É

importante que a equipe de cuidados que trabalha nas áreas de quarentena

tenha o conhecimento e habilidades requeridas para detectar

comportamentos anormais e sinais de doenças e estresse. O foco do bem-

estar do projeto da quarentena deve minimizar o risco de injúrias e permitir

a inclusão de enriquecimentos e locais para refúgio, para reduzir o estresse.

Os animais não devem ser quarentenados por período maior que o mínimo

necessário para atender os requerimentos de biossegurança.

Zoonoses, a transmissão de doenças entre espécies, é uma preocupação

significativa em zoos e aquários, devido à grande proximidade entre os

animais e entre esses e o homem. Salvaguardar as populações animais de

infecções cruzadas nos estabelecimentos é uma responsabilidade primária

da equipe veterinária, que tem também um papel crucial em minimizar a

transmissão de doenças dos animais às pessoas.

Estudo de caso 2.4:

Treinamento com reforço positivo para

procedimentos veterinários.

Gimli é uma foca sul-africana nascida no

uShaka Sea World Durban em 1986. O animal

é cego e, embora aposentado, ainda tem rotina

diária e novos treinamento de manejo. O

animal apresentou comportamento letárgico,

nadadeiras inchadas e frequência cardíaca

rápida. Muitos procedimentos diagnósticos

foram realizados, incluindo Raio-X,

ultrassonografia e biópsia por agulha. O animal

cooperou excepcionalmente bem. Foi

encontrada uma massa próxima à bexiga,

assim como algumas anormalidades cardíacas.

Todas as focas no uShaka Sea World são

treinadas para participar voluntariamente em

procedimentos de rotina, como exames das

orelhas, olhos e boca, escore de condição

corporal, aferição de temperatura, escovação

dental, auscultação, pesagem, coleta de

sangue, ultrassonografia e Raio-X. Uma

história sólida de treinamento com reforço

positivo e relacionamento animal-treinador foi

essencial no cuidado deste animal geriátrico. O

animal era confiante e pacientemente permitiu

esses procedimentos, mesmo quando não era

motivado por alimento. A alternativa de

contenção manual ou química teria sido

estressante e potencialmente prejudicial à

saúde do animal.

MONITORAMENTO E MANEJO DO BEM-ESTAR ANIMAL

32

ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

Exames pós-morte sempre devem ser conduzidos, para compreender

melhor a saúde animal e o bem-estar. Ao planejar atividades de contato

homem-animal, protocolos de manejo detalhados devem estar em prática,

para prevenir zoonoses. Além disso, o veterinário deve garantir que um

programa de saúde animal abrangente esteja em prática e que apenas

animais saudáveis, adaptados do ponto de vista comportamental e sem

comprometimentos sejam considerados para contato direto com o homem.

A COLABORAÇÃO MELHORA OS MÉTODOS DE MONITORAMENTO

Melhorias no bem-estar animal beneficiam todos os zoos e aquários e são

baseadas frequentemente em estudo científico. Esses dois fatores se

prestam a esforços colaborativos de colegas e ao desenvolvimento de grupos

profissionais que se concentrem em esforços enérgicas para apoiar as

iniciativas de bem-estar animal (veja também capítulo 8).

Nos Estados Unidos, diversos zoos e aquários tem criado centros destinados

a desenvolver pesquisas em bem-estar animal e divulgar seus resultados

(veja estudo de caso 1.1). Essas organizações são apoiadas adicionalmente

pelo comitê de bem-estar da Associação de Zoos e Aquários (AZA), que

trabalha para identificar necessidades gerais e apoiar progressos entre os

zoos e aquários norte-americanos. A Associação Europeia de Zoos e

Aquários (EAZA) destinou fundos para contratar um agente de treinamento

em bem-estar e também criou um grupo de trabalho em bem-estar animal,

ambos voltados a apoiar iniciativas de todos os membros da EAZA que

visem atingir elevados padrões de bem-estar animal.

Simpósios recentes e futuros realizados no Centro para a Ciência do Bem-

estar Animal da Chicago Zoological Society, Centro para o Bem-estar de

Animais de Zoos da Detroit Zoological Society e outras instituições

zoológicas apoiam o desenvolvimento de parcerias colaborativas e a

disseminação de ideias e descobertas entre colegas internacionalmente.

CONCLUSÃO

O monitoramento ou a avaliação do bem-estar animal é um componente

crítico do cuidado moderno em zoos e aquários. Programas de

monitoramento podem ter vários formatos, mas devem empregar

indicadores baseados em condições físicas/funcionais e comportamentais

que estejam relacionadas com as experiências negativas e/ou positivas que

os animais possam ter.

Tradicionalmente, evitar ou minimizar estados de bem-estar negativos tem

sido o foco predominante do manejo animal, mas a promoção de estados de

bem-estar positivos tem atualmente recebido atenção crescente. O

monitoramento utilizando indicadores focados no bem-estar e a

manutenção de registros são componentes importantes de sistemas de

manejo do bem-estar efetivos, que devem ser capazes de lidar efetivamente

com os animais durante todos os estágios de vida representados na

organização. Adicionalmente, a adoção de métodos de manejo animal como

o treinamento com reforço positivo e a assistência veterinária especializada

contínua permitem que isso ocorra.

Os membros das equipes de zoos e aquários devem manter-se a par dos

desenvolvimentos em monitoramento de saúde e bem-estar animal.

Existem numerosos recursos que facilitam a colaboração na investigação de

novas questões em bem-estar animal. Os recursos devem ter por objetivo

treinar todos os membros relevantes da equipe para avaliar e monitorar o

bem-estar e apoiar os programas de monitoramento.

SHEDD AQUARIUM, IL, USA

Um membro da equipe do aquário cuida de um filhote de pinguim.

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

Flamingo chileno

CHECKLIST

Você está atualizado com os avanços científicos no

monitoramento do bem-estar animal?

Os membros de sua equipe são treinados para monitorar e

manejar o bem-estar dos animais sob seu cuidado?

Os membros da equipe relatam diariamente as condições dos

animais - fisiologicamente, comportamentalmente e em termos

de saúde?

São mantidos registros para sustentar as observações da equipe?

Você tem processos acordados para o monitoramento do bem-

estar dos animais sob seu cuidado? Eles incorporam protocolos

para o provimento de cuidados por toda a vida, quando for

requerido?

Você tem assessoria veterinária geral e especializada suficiente

no cuidado de saúde se seus animais?

Há atividades de pesquisa ou oportunidades que você poderia

apresentar para melhorar a capacidade de monitorar o bem-

estar animal?

Você tem acreditação em bem-estar animal por sua associação

regional de zoos e aquários?

Você utiliza os recursos de sua associação regional de zoos e

aquários em relação ao conhecimento e avaliação de bem-estar

animal?

Você busca aconselhamento, formal ou informalmente, de

outras organizações externas, a respeito de sua abordagem

para o monitoramento do bem-estar animal?

Você poderia criar vínculos com outros zoos e aquários para

revisar operações em uma área específica?

Você tem aconselhamento externo dedicado ao bem-estar

animal, como através de um comitê de ética e bem-estar

animal?

Você tem políticas estabelecidas e procedimentos claros para o

manejo de animais geriátricos e debilitados, e para manejar

eventos complexos como o transporte de animais?

NOTAS:

DRAGÃO DE KOMODO

HOUSTON ZOO, TX, USA

ENRIQUECER

34 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 3: ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

Nosso compromisso é proporcionar aos animais oportunidades de desafio

e escolha, para promover estados de bem-estar positivos.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia Mundial de Zoos e Aquários para o Bem-estar Animal invoca as

organizações membro a:

1. Construir habilidades, cultura interna e comprometimento na equipe

para incorporar atividades e estratégias de enriquecimento no manejo

diário de todos os animais sob seu cuidado. Reveja regularmente essas

estratégias e atividades e proporcione treinamento contínuo da equipe

nessa área.

2. Oferecer diferentes enriquecimentos que ofereçam desafios, escolhas e

conforto aos animais para maximizar sua saúde psicológica. Troque-os

quando apropriado e elabore-os para estimular uma diversidade de

comportamentos naturais espécie-específicos.

3. Utilizar o reforço positivo como ferramenta de enriquecimento e

treinamento.

4. Avaliar os sucessos e falhas do enriquecimento e compartilhe esses

sucessos e falhas com outros zoos e aquários, para aprimorar seu

próprio conhecimento e atividades de enriquecimento e também o dos

outros.

5. Incorporar o enriquecimento ambiental no design e atualização das

exibições.

6. Compartilhar estórias de enriquecimento com os visitantes para

ampliar a compreensão e educação sobre biologia animal e bem-estar.

7. Utilizar enriquecimentos específicos, orientados a um objetivo,

elaborados para atender necessidades comportamentais específicas.

INTRODUÇÃO

Enriquecimento ambiental, também conhecido como enriquecimento

comportamental, proporciona desafios, oportunidades e estímulos

apropriados às espécies. Enriquecimento ambiental inclui a provisão

regular de ambientes dinâmicos, desafios cognitivos, oportunidades

Oportunidades para aplicar

enriquecimento para todas as espécies

mantidas por zoos e aquários devem ser

incorporadas à medida que o

conhecimento cresce.

sociais, interações positivas com o homem e outras formas de estimular os

animais individualmente. A prática do enriquecimento tem sido integrada

atualmente como um princípio básico do manejo animal em zoos e

aquários, a qual, por enquanto, tem sido aplicada principalmente a

mamíferos e aves. Oportunidades para aplicação de enrquecimento para

todas as espécies mantidas por zoos e aquários devem ser incorporadas à

medida que o conhecimento cresce..

Um ambiente enriquecido deve promover uma gama de comportamentos

normais que os animais considerem gratificantes. Ele também deve

permitir aos animais responder de formas positivas a potenciais estressores.

Tais respostas potencialmente permitem que os animais evitem ou reduzam

sua exposição a tais fatores estressantes. Assim, um espaço de exibição bem

enriquecido oferece oportunidades para o desempenho de comportamentos

como se esconder, escalar ou correr, como apropriado para a espécie.

POR QUE O ENRIQUECIMENTO É IMPORTANTE?

Animais com boa saúde mental tendem a estar envolvidos em seu ambiente.

Dessa forma, eles descansam pacificamente, sem uma expressão exagerada

de vigilância, comportam-se de maneira não muito temerosa, com respostas

de alarme mínimas ou não exageradas; assimilam novas informações,

demonstrado através do aprendizado de tarefas ou modificação de

comportamentos; não desempenham comportamentos anormais; e têm um

repertório comportamental variado, que inclui exploração e investigação

regulares. Com respeito a sua saúde física, os animais devem ser capazes de

estar relativamente estáveis fisiologicamente, crescer e reproduzir

efetivamente e também ser munidos de oportunidades para realizar formas

apropriadas de exercício..

Enriquecimento ambiental promove a saúde mental e física dos animais, ao

possibilitar que eles se envolvam em comportamentos que dão origem a

uma gama de experiências positivas. Tais comportamentos gratificantes

podem envolver alimento, espaço, temperatura, parcerias sociais, atividades

como nadar ou tomar banho de areia, coleta de informações e muitos

outros.

Neuropsicólogos sabem há décadas que animais criados em ambientes

enriquecidos tem maior capacidade cognitiva do que aqueles de ambientes

não-enriquecidos. Já em 1947, por exemplo, foi demonstrado que ratos

mantidos como pet eram mais hábeis em desempenhar testes de solução de

problemas que ratos criados em laboratório. Trabalhos posteriores

demonstraram diferenças na anatomia do cérebro entre animais criados em

ambientes enriquecidos e não-enriquecidos, e, muito importante, que até

cérebros adultos mantinham a capacidade de reorganização benéfica do

processamento neural em resposta ao enriquecimento.

35

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

PHILADELPHIA ZOO, PA, USA

Macaco colobus em um habitat interligado.

Enquanto a ciência básica identificou muitos efeitos positivos do

enriquecimento ambiental, profissionais em zoos e aquários também

tiveram um papel substancial por sua aplicação inovadora da ciência para

enriquecimentos específicos. Isso tem tido um impacto positivo no bem-

estar animal. Pesquisas baseadas em zoos e aquários demonstram que

animais que recebem enriquecimento, em comparação com os que não

recebem, mostram uma série mais ampla de comportamentos normais,

expressam menos comportamentos anormais e mantém interações sociais

mais apropriadas. A exposição a ambientes complexos e enriquecidos

também podem melhorar a habilidade de um animal para lidar mais

eficientemente com mudanças, e os animais tem mais probabilidade de ser

mais responsivo ao treinamento, fazendo as opções para seu cuidado mais

inclusivas. De fato, há numerosos resultados positivos no bem-estar para

animais com enriquecimento.

PROPORCIONANDO 'DESAFIOS' E 'ESCOLHAS'

Profissionais experientes de zoos e aquários utilizam 'desafios' para

envolver os animais. Esses podem incluir desafios físicos ou cognitivos

que exigem que os animais desempenhem alguma tarefa para receber uma

recompensa ou resolvam um problema. Literatura substancial sobre a

não-provisão livre de alimentos ('contra-freeloading') discute a hipótese

de que muitos animais preferem executar atividades para conseguir o

alimento a simplesmente ter livre acesso ao que é fornecido pelos

tratadores. Para dar suporte a que os animais executem tarefas por

recompensas, o Phoenix Zoo, por exemplo, implementou um amplo

programa de 'contra-freeloading' para todo o zoo. Isso pode ser utilizado

para proporcionar desafios e escolhas que estimulem estados positivos de

bem-estar, sem induzir estados negativos, como frustração

Outras oportunidades de solução de problemas são passíveis de gerar

resultados positivos no bem-estar animal. Os animais na natureza

enfrentam muitos desafios diferentes e, embora seu comportamento em

zoos e aquários possam não espelhar aquele em seu ambiente natural, a

motivação essencial para resolver problemas pode ainda persistir. Assim,

responsáveis pelos animais oferecem quebra-cabeças para manipulação ou

outros desafios cognitivos aos animais. Obviamente, os animais devem ser

capazes de resolver o problema ou vencer o desafio apresentado, ou poderá

surgir frustração. Note também que bons desafios podem estimular

respostas de estresse no animal, assim, avaliações fisiológicas mostrando

tais respostas sob essas circunstâncias não necessariamente seriam motivo

de preocupação.

Proporcionar aos animais oportunidades para exercer controle sobre várias

atividades - dar-lhes 'escolhas' - é outra característica fundamental do

enriquecimento ambiental. Escolhas podem ser apresentadas de numerosas

formas; por exemplo, em relação aos parceiros sociais, itens de

enriquecimento individuais ou locais para descansar ou comer (veja estudo

de caso 3.1). Essencialmente, o enriquecimento funciona mantendo o

ambiente dos animais dinamicamente estimulante. Para auxiliar nisso, foi

desenvolvida uma teoria preditiva de enriquecimento ambiental. O conceito

sugere que variar sistematicamente um único aspecto do ambiente de um

animal ajudará a determinar a maneira mais efetiva pela qual o

enriquecimento deve ser apresentado (veja estudo de caso 3,2).

Estudo de caso 3.1:

Proporcionando escolhas ligando exibições

O Philadelphia Zoo desenvolveu um plano de 10 anos para

a construção de uma rede de trilhas para animais por toda a

área, ligando exibições para espécies com requerimentos

similares de contenção e capacidade de locomoção. Esse

plano se baseia e combina os conceitos de rotação de

espécies e sistemas de conexão para uma espécie já em

uso em outros locais. O plano do Philadelphia Zoo inclui

três grandes categorias de trilhas: uma para pequenas

espécies arbóreas, incluindo macacos, lêmures e pequenos

carnívoros; uma para grandes primatas, ursos e grandes

felinos; e uma para grandes espécies terrestres. A intenção

do plano é proporcionar oportunidades para deslocamentos

de grande distância e uso rotativo por diferentes espécies

das trilhas em si e, quando apropriado, dos recintos

próprios umas das outras. Como uma medida do impacto,

as trilhas foram usadas voluntariamente e extensivamente

pela maior parte das espécies que tiveram acesso a elas.

As trilhas permitiram alguns comportamentos que eram

restringidos na maior parte dos recintos próprios, por

exemplo corrida, recuo por estímulos de alarme, transporte

do alimento antes do consumo e dispersão interindividual.

Outras observações incluem aproximação gradual e auto-

controlada a novos estímulos e vocalizações não ouvidas

nos recintos próprios.

36 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

ENRIQUECIMENTO ATRAVÉS DO ALIMENTO E DE TÉCNICAS DE

ALIMENTAÇÃO

Variar como os animais são alimentados é talvez a técnica de enriquecimento

mais amplamente utilizada. Dentre numerosos enriquecimentos alimentares, o

horário da alimentação pode ser mudado, assim como o número de refeições e

o local onde ela é oferecida. As formas pelas quais os animais devem buscar

pelo alimento podem variar, e o tempo e atividades necessários para conseguir

o alimento, pela manipulação do tamanho dos itens alimentares e pela

colocação em estruturas das quais deve ser extraído, também podem

incrementar o enriquecimento. O alimento e as técnicas de alimentação

precisam ser apropriados às espécies, levando em consideração requerimentos

dietéticos, dinâmica social e outras necessidades comportamentais como

forrageamento..

No condicionamento operante, o reforço positivo envolve proporcionar um

resultado favorável, evento ou recompensa, após ter ocorrido um

comportamento desejável, o que torna mais provável que esse comportamento

ocorra de novo no futuro. Enquanto obter a recompensa alimentar pode ser um

resultado associado com variações na provisão do alimento, em muitos casos

há outros resultados como estimular os animais a buscar e processar

informações sobre seu ambiente.

É importante considerar como o ambiente permanecerá dinamicamente

estimulante ao projetar recintos, de forma que continuem a enriquecer a vida

dos animais que vivem neles (veja capítulo 4). Os recintos devem ser projetados

com ferramentas para enriquecimento alimentar em mente, como postes de

alimentação para grandes felinos. É essencial que os animais sejam

estimulados por componentes do ambiente que eles possam vir a compreender

e sobre os quais possam exercer algum controle. A facilidade de colocação de

objetos de enriquecimento que incluam alimentos também é importante, para

que o enriquecimento se torne um componente fácil de cumprir na rotina

diária de cuidados do animal.

USO DE ALIMENTOS VIVOS NO ENRIQUECIMENTO - PREOCUPAÇÕES

DE BEM-ESTAR?

Até o momento há poucos estudos sobre os efeitos do enriquecimento

utilizando animais vivos como alimento para predadores. Dois estudos

mostraram que oferecer peixes vivos para gatos reduziram comportamentos

anormais e resultaram em um repertório comportamental mais diversificado.

Entretanto, cada um desses estudos também usou um tratamento alternativo

que alcançou resultados comportamentais positivos - alimentos foram

escondidos em diversos locais por todo o recinto, ou os animais receberam

grandes ossos para roer. O objetivo de qualquer estratégia de enriquecimento

envolvendo alimento vivo deve ser cuidadosamente considerada. É importante

que o objetivo do enriquecimento seja adequadamente avaliado, assim como

seu impacto negativo potencial sobre as presas. A ideia de cuidado por toda a

vida deve ser aplicada a todos os animais sob nosso cuidado, incluindo aqueles

usados como alimento vivo.

Embora existam abordagens variadas ao redor do mundo sobre a prática do

uso de alimentos vivos, zoos e aquários devem, quando relevante, investigar

opções aos alimentos vivos para promover resultados positivos no bem-estar.

Deve ser considerado o uso de comitês de ética e bem-estar com membros

externos para auxiliar a tomar decisões nessas questões.

BROOKFIELD ZOO, IL, USA

Raposa de fennec

Estudo de caso 3.2

Teoria preditiva de enriquecimento ambiental

Um casal de raposas de fennec (Vulpes zerda) mantido no

Brookfield Zoo eram completamente inativos e não utilizavam seu

amplo recinto. Para testar o conceito desenvolvido na teoria

preditiva de enriquecimento ambiental, foi instalado um dispositivo

simples de alimentação que permitia que alimentos chegassem ao

recinto em diversos locais diferentes em horários previsíveis ou não

previsíveis. Assim, os pesquisadores podiam variar a chegada do

alimento tanto no espaço quanto no tempo. Importante, eles

descobriram que a previsibilidade e imprevisibilidade combinadas

foram mais efetivas em estimular o comportamento normal de

forrageamento e atenção ao ambiente que a completa

previsibilidade ou completa imprevisibilidade. Eles também

observaram que a maior atividade e variedade de comportamentos

levaram os visitantes do zoo a ficarem mais tempo na exibição.

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

37

MEDINDO A EFETIVIDADE DO ENRIQUECIMENTO

É importante medir a efetividade do enriquecimento ambiental, para

garantir que os recursos estão sendo usados efetivamente, e que o

enriquecimento em uso de fato traz benefícios ao bem-estar animal. Além

disso, avaliações do enriquecimento ajudam a construir cooperação e

melhorias dentro da comunidade de zoos e aquários. Compartilhar sucessos

e falhas beneficiam toda a comunidade. Isso pode ser feito em nível regional

ou mais amplamente através de recursos em websites.

Um ponto chave na avaliação da efetividade do enriquecimento é comparar

os resultados comportamentais com as expectativas. O Disney Animal

Kingdom desenvolveu a plataforma 'SPIDER' para o planejamento e

avaliação de programas de enriquecimento. Essa é uma ferramenta útil que

orienta a equipe para estabelecer (Set) objetivos, Planejar (Plan) uma

abordagem para o enriquecimento, Implementar (Implement) o

enriquecimento, Documentar (Document) resultados, Avaliar (Evaluate)

esses resultados em comparação aos objetivos, e Reajustar (Re-adjust) a

implementação, caso necessário.

VISITANTES E ENRIQUECIMENTO

Embora as expectativas dos visitantes possam não ter um impacto direto no

bem-estar animal, elas tem o potencial de aumentar o comprometimento

dos zoos e aquários com o enriquecimento ambiental. Como as expectativas

dos visitantes aumentaram nitidamente, muitos agora esperam que os zoos

e aquários trabalharão ativamente para manter os animais saudáveis e

envolvidos. Assim, pode ser benéfico falar aos visitantes sobre atividades de

enriquecimento e como elas dão importantes contribuições ao bem-estar

animal. Muitos zoos e aquários tem páginas na internet que fornecem

informações e mostram seu trabalho de enriquecimento.

Alguns zoos e aquários também realizam 'dias de enriquecimento' quando

os visitantes tem a oportunidade de ajudar a fazer os itens e aprender sobre

sua relevância. Apesar de muitos responsáveis acharem que itens de

enriquecimento artificiais, mesmo que efetivos, depreciam a experiência do

visitante, um número limitado de estudos sobre o assunto não mostra

evidência clara de que a visualização desses itens reduza a opinião do

visitante sobre a exibição. Além disso, os visitantes parecem gostar de saber

que os animais recebem enriquecimento. Quando os animais estão ativos e

envolvidos, como tendem a estar com o enriquecimento, os visitantes

tendem a observá-los por mais tempo, e a oportunidade de aprender sobre

a exibição aumenta.

CONCLUSÃO

O enriquecimento ambiental é uma abordagem comprovada para manter a

saúde física e mental dos animais em zoos e aquários. Ele pode assumir

várias formas, mas o objetivo geral é proporcionar um ambiente

dinamicamente envolvente que ofereça desafios aos animais. Esses desafios

devem estar sob o escopo da capacidades dos animais e eles devem ter

sucesso em vencê-los mais frequentemente que falhar

A principal dificuldade associada com o enriquecimento é a manutenção de

ambientes dinâmicos para os animais dentro dos limites das horas de

trabalho da equipe de tratadores. É importante lembrar que bem-estar

animal não é a expressão de apenas alguns momentos no dia de um animal,

mas a experiência cumulativa que um animal tem ao longo do tempo.

Programas de enriquecimento ambiental sempre devem considerar as

necessidades individuais dos animais e as mudanças nos requerimentos ao

longo do tempo.

CHECKLIST

Você tem um programa ou atividades de enriquecimento efetivos em prática?

Qual é o objetivo do programa de enriquecimento para o animal?

Que comportamento você gostaria de ver aumentado ou

diminuído?

Você revisa e modifica as atividades de enriquecimento regularmente?

Os membros de sua equipe utilizam o reforço positivo como

ferramenta de enriquecimento?

Quantas vezes por dia os membros da equipe interagem com o

animal ou ajusta seu recinto para fins de enriquecimento?

Como você documenta e avalia a eficácia do programa de

enriquecimento?

Como você compartilha seus sucessos e falhas com o restante da

comunidade de zoos e aquários?

NOTAS:

_______________________________________________________________

_________________________________________ ______________________________________________

_____________________________________________ ______________________________________________

OPICAL EXPERIENCE WORLD GONDWANALAND

EIPZIG ZOO, GERMANY

EXPERIENCIA TROPICAL WORLD GONDWANALAND

LEIPZIG ZOO, ALEMANHA

PL

AN

EJA

R

40 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 4: DESIGN DE EXIBIÇÃO

Nosso compromisso é ter exibições que proporcionem oportunidades de

atender as necessidades físicas e comportamentais dos animais.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia invoca as organizações membro a:

1. Definir características ambientais que suportem o bem-estar animal

espécie-específico e as inclua como critérios primários de todo design e

atualizações de exibições; garanta características apropriadas às espécies

baseadas em aconselhamento atualizado e baseado em ciência.

2. Buscar garantir que as necessidades físicas e comportamentais dos

animais sejam atendidas. Proporcionar desafios ambientais que

estimulem a curiosidade e envolvimento, assim como escolhas de acesso

a elementos naturais, incluindo mudanças sazonais. Considerar também

as mudanças nas necessidades de um animal, ou grupo de animais, ao

longo do tempo.

3. Assegure que as exibições permitam a separação de animais conforme o

necessário para o manejo do bem-estar.

4. Assegure que os membros da equipe possam realizar com segurança e

facilidade a manutenção, cuidado e treinamento, para permitir que os

animais levem uma vida plena e rica sem injúrias desnecessárias por

estresse.

5. Institua monitoramento para avaliar a qualidade do design de exibições.

Encontre soluções criativas e compartilhe com os outros.

6. Explique o bem-estar nos recintos e forneça aos visitantes informações

sobre ações pessoais que eles possam fazer para melhorar o bem-estar de

animais em qualquer lugar.

7. Considere o provimento de elementos que proporcionem aos animais, de

forma contínua, múltiplas escolhas apropriadas à espécie, ou controle

sobre seu ambiente.

INTRODUÇÃO

A qualidade de vida de um animal é determinada por uma série de

variáveis, incluindo genética, experiências prévias, a qualidade geral do

ambiente e a oportunidade de exercer escolhas na busca por conforto,

alimento e envolvimento social. Embora os animais não tenham controle

sobre sua constituição genética e a qualidade geral do ambiente, um

indivíduo na natureza ou em um zoo ou aquário pode exercer um grau de

controle sobre seu bem-estar ao escolher se mover de um lugar ao outro. em

busca de diferentes oportunidades comportamentais, escolhas sociais e a

capacidade de expressar preferências pessoais.

do dia, um animal pode se sentir mais ou menos confortável, com mais ou

menos fome, ou sob estresse por uma variedade de fatores externos. Um

objetivo importante do design de exibições é proporcionar aos animais

oportunidades de se manterem bem mentalmente, emocionalmente e

fisicamente, lidando com esses estressores diários, e aproveitando-se de

oportunidades para ter experiências positivas.

Historicamente, zoos e aquários se especializaram em trazer animais para um

ambiente regulado pelo homem, onde o cuidado era substituto do 'livre-

arbítrio' ou estado selvagem do animal. Embora muitos desses animais

pareçam satisfeitos e vivam mais que seus semelhantes selvagens,

longevidade não é necessariamente um indicador de bem-estar animal. À

medida que zoos e aquários compreendem melhor as espécies e animais dos

quais cuidam, o design de exibições deve incorporar as necessidades de toda a

vida, expandir os espaços, proporcionar uma variedade de artigos de

enriquecimento ambiental e aumentar as oportunidades de interações sociais

apropriadas com outros animais.

O PAPEL E ESTILO DO DESIGN DE EXIBIÇÕES

Em zoos e aquários modernos, o design de exibições assume dois

importantes papéis. Primeiro, criar uma estrutura flexível onde os animais

tenham espaço suficiente e oportunidades para desafios e escolhas dentro

de seu próprio repertório comportamental, e onde os membros da equipe

estejam sempre seguros na proximidade dos animais e tenham opções para

desafiar e apoiar suas predileções. Segundo, projetar um cenário que apoie

as oportunidades do visitante para o aprendizado ambiental intuitivo - onde

as necessidades emocionais e intelectuais do visitante sejam satisfeitas,

através da compreensão de como o cenário e situação permitem que os

animais se beneficiem, assim como o que os visitantes podem fazer para

apoiar o bem-estar animal.

Existem duas principais abordagens para o estilo do design das exibições,

chamadas de imersão na paisagem e ecologia abstrata. O estilo de imersão

na paisagem incorpora componentes naturais e às vezes culturais do

território nativo do animal. Tanto os componentes naturais quanto culturais

transcendem as barreiras da exibição em cada direção, colocando os

visitantes num cenário compartilhado com os animais. A imersão na

paisagem é uma forma de arquitetura 'naturalista' ou 'leve'. Este estilo de

design de exibições facilita o aprendizado ambiental intuitivo..

O estilo de ecologia abstrata utiliza elementos abstraídos do habitat nativo

do animal. Exemplos incluem uma estrutura de escalada ao invés de uma

floresta viva para primatas braquiantes, ou uma formação geométrica de

concreto para representar icebergs em uma exibição de espécies árticas.

Este estilo de design é conhecido como arquitetura 'mecanicista' ou 'dura'. A

ecologia abstrata pode ser mais econômica, economizando dinheiro para

melhorar outras características ligadas ao bem-estar animal.

Nenhuma dessas abordagens de estilo das exibições é inerentemente

melhor para o animal do que outra. Um bonito cânion com um pano de

fundo de árvores pode convencer os visitantes de que eles estão no

ambiente nativo, mas pode não beneficiar os animais, a menos que

41

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

DUBLIN ZOO, IRLANDA

Gorila da planície ocidental

ofereça uma variedade de condições e atividades apropriadas para a espécie

residente. Inversamente, um ginásio de barras pode ser muito excitante

para gibões, embora visualmente não evoque uma floresta natural.

Independente do estilo, são as características de enriquecimento ambiental

espécie-específico, a quantidade de escolhas e estímulos e a capacidade do

animal para se envolver em comportamentos naturais que importam.

DESIGN DE EXIBIÇÕES E BEM-ESTAR ANIMAL

Como podemos projetar espaços que melhorem a condição física, a saúde e o bem-

estar de seus habitantes?

A seleção apropriada das espécies é um dos primeiros princípios do design

de exibições. As espécies devem estar naturalmente confortáveis no clima

do zoo ou aquário, ou mantidas confortáveis através de ambientes

artificiais (veja capítulo 5). Características físicas e da paisagem e

limitações de espaço também tem um papel na definição de quais espécies

são apropriadas. Animais que naturalmente são encontrados juntos em

vida livre podem se beneficiar de exibições multi-espécies, onde podem

ser desempenhados comportamentos interespecíficos que de outra forma

não seriam possíveis, como nos habitats com uma única espécie.

Entretanto, deve ser dada atenção às espécies e indivíduos envolvidos,

uma vez que algumas exibições mistas podem levar a comportamento

agressivo, lesões e mortes, se não manejadas corretamente.

As exibições devem sempre ser projetadas de forma a considerar não

somente a segurança da equipe e dos visitantes, mas também oferecer um

espaço onde o animal se sinta seguro. O design de sucesso começa com

uma compreensão minuciosa do repertório comportamental de cada espécie

durante seu tempo de vida (nascimento, desenvolvimento, maturidade,

geriatria e morte), e das formas como faz uso de sua paisagem natural. Esse

é um esforço colaborativo e deve envolver biólogos, cientistas de bem-estar,

tratadores de animais e pesquisadores que estudam a fauna em seus

habitats naturais (veja estudo de caso 4.1). O design baseado em evidências

(EBD, no original) pode fornecer informação valiosa sobre o que funcionou

no passado, e técnicas de avaliação pós-ocupação (POE, no original) podem

ser usadas para monitorar a efetividade do design da exibição.

O tamanho e propósito de um habitat de exibição devem considerar a

variedade de necessidades e comportamentos de cada espécie. Para algumas

espécies, o espaço tridimensional será uma prioridade absoluta e essencial

para alcançar estados de bem-estar positivos, enquanto, para outras,

estruturas sociais adequadas serão uma prioridade. Conhecer os

requerimentos espécie-específicos é essencial para o efetivo bem-estar no

design de recintos.

Estudo de caso 4.1:

Inovações no design do habitat de Gorilla

O habitat Floresta dos Gorilas do Dublin

Zoo, aberto em 2011, é único na forma

como combina o respeito à paisagem

existente e a história comportamental dos

Gorilas das Planícies do Ocidente (Gorilla

gorilla gorilla), e recria com sucesso as

características de seu local de origem. O

habitat consiste de um grande pântano

natural; um total de 6.000m2 de topografia

ondulada dá aos gorilas vários habitats

diferentes semelhante aos campos, floresta

e matriz do rio de seu lar ancestral. O

projeto do habitat foi orientado por estudos

de comportamento dos gorilas na natureza.

Os visitantes exploram esse bioma tropical

ao longo de um calçadão contínuo. Eles

atravessam riachos em cascata e apreciam

a vista da paisagem próxima e distante e o

céu, e ao longe,através de um lago, tem a

visão do habitat de outros animais. Os

visitantes são surpreendidos por áreas

formais de visualização, uma área de

recreação, um acampamento noturno e

oportunidades educacionais. Descobrir e

observar os gorilas exige paciência, mas

mesmo se os gorilas escolherem evitar a

detecção, a caminhada por si é uma

experiência adorável, com oportunidades de

observar um bando de mangabeis-de-

topete-vermelho (Cercocebus torquatus)

compartilhando o habitat com os gorilas,

assim como animais da fauna local.

42 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

DESIGN DE EXIBIÇÕES

Por exemplo, considere como os animais usam as três dimensões de seu

espaço natural, imagine os detalhes do dia a dia de suas vidas e verifique as

opções disponíveis de níveis de luz e ruído, assim como o gradiente de

temperatura. Proporcione acesso à luz natural. Planeje a provisão de

enriquecimento ambiental e desafios que criem oportunidades para

escolhas auto-motivadas.

Os animais devem ser capazes de formar grupos naturais (veja estudo de caso

4.2). Prepare para eventos reprodutivos e para separar animais por razões

de bem-estar. Uma área complementar fora da exposição/restrita ou um

segundo recinto podem ser necessários. Áreas restritas, embora fora da

visão dos visitantes, devem ser construídas de acordo com as necessidades

específicas dos animais, exatamente como as áreas de exposição. Ambas

áreas devem prover opções seguras, fáceis e flexíveis, para que os membros

da equipe se envolvam na manutenção, cuidado, treinamento e observação.

Alternar os animais entre as áreas de exposição e restritas podem

proporcionar estímulos positivos adicionais.

Idealmente, os membros da equipe devem ser capazes de trocar os

enriquecimentos e realizar outras tarefas diárias sem interferir no

comportamento natural dos animais, tanto para prevenir perturbações

quanto para evitar condicionamento que os levem a ficar dependentes da

intervenção humana. Assim, o projeto deve possibilitar o uso de sistemas

flexíveis para a colocação de enriquecimento ambiental, para permitir

variação e desafios diários. Também deve incorporar dispositivos de manejo

e cuidado apropriados como balanças, calhas e caixas de captura, de forma

que os animais, independente de seu tamanho e complexidade, possam

aceitar mais facilmente procedimentos médicos não invasivos, através do

treinamento com reforço positivo.

Áreas de refúgio devem ser incorporadas aos recintos, de forma que os

animais, se assim escolherem, possam sair da visão do público. De uma

perspectiva educacional, explicar as características de bem-estar dos

recintos ajuda os visitantes a compreender melhor as necessidades dos

animais. Estudos mostram que a necessidade ocasional de privacidade dos

animais é reconhecida por visitantes educados que, então, não esperam ver

todos os animais em todas as visitas. Tal explicação pode inspirar a conexão

e pode motivar os visitantes a se interessarem pelo bem-estar de animais

em zoos e aquários, assim como por sua conservação na natureza.

CONCLUSÃO

Um zoo ou aquário bem projetado, ao lado do manejo animal cuidadoso,

pode fazer muito para melhorar a condição física, a saúde e bem-estar de

seus habitantes. Proporcionar escolhas dentro da exposição e garantir áreas

para descanso e refúgio dos visitantes podem fazer uma notável diferença

para o bem-estar de um animal. Igualmente, pode proporcionar

oportunidades para ver os animais como indivíduos plenamente sencientes,

enquanto estes se envolvem em uma rica variedade de escolhas e em um

complexo repertório comportamental, que refletem sua própria curiosidade

e uso individual de seu habitat.

Zoos e aquários devem ambicionar as melhores práticas, liderar pelo

exemplo e estimular novas formas de pensar e projetar para o bem-estar

animal. As solução não precisam ser caras, mas bons resultados requerem

esforço cuidadoso, minucioso e ousado.

APENHEUL PRIMATE PARK, HOLANDA

Mico de cheiro

Estudo de caso 4.2:

Avanços no estilo de manejo animal impulsiona avanços no design de exibições

O Apenheul Primate Park, aberto em 1971, foi pioneiro em recintos

de livre acesso para primatas, através da experimentação com

cercas, pontes eletrificadas e aprendizado social. Na primeira área

de livre acesso, que ocupa 1 ha de área florestada, mais de 100

macacos-de-cheiro (Saimiri boliviensis) vagueiam nas árvores e

entre os visitantes. O espaço dado aos animais permitem que eles

formem grupos sociais. As salas de internas de manutenção

oferecem flexibilidade para os membros do grupo se posicionarem:

cada uma das oito salas tem pelo menos três saídas, com cada

saída levando, por uma intersecção, a múltiplas outras salas. O

prédio tem as paredes, ao invés do chão, aquecidas, com a

temperatura da parede mantida em 25ºC e do ar em 20ºC. Um

animal que precise ser mantido em isolamento, devido a lesões ou

doenças, é sempre acompanhado por outro animal, selecionado

pelo tratador com base no seu conhecimento do grupo..

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

43

Jaguatirica

CHECKLIST

A espécie está naturalmente confortável no clima natural do

zoo ou aquário, ou pode ser mantida confortável pelo acesso a

ambientes artificiais?

A exibição permite ao animal regular suas condições básicas;

acessar a luz solar (ou a lua em espécies noturnas) e as áreas

externas a sua escolha?

O animal utiliza a 'terceira dimensão' como altura ou

profundidade; eles aproveitam as árvores ou cavam em

diferentes substratos? Há locais de descanso incorporados e a

exibição permite a movimentação normal?

A exibição é grande e complexa o suficiente para suportar o

agrupamento natural da espécie? Estão disponíveis recintos

complementares para lidar com a reprodução ou a ruptura de

um grupo social?

A exibição está oferecendo multiplicidade de oportunidades,

como para alimentação e descanso em condições variadas

(perto ou longe, na sombra ou ao sol, no alto ou baixo,

protegido ou exposto aos elementos)? Ele oferece áreas para

escape e refúgio dos animais? O que desencadeia agressão?

Os tratadores estão seguros nos arredores dos animais? A

exibição oferece opções flexíveis para a manutenção e

enriquecimento ambiental diários?

A exibição permite que membros da equipe e pesquisadores

monitorem os animais sem perturbação? Os animais na

exibição estão protegidos de excesso de luz, ruído ou vibração

associadas com a visitação?

Os animais estão a salvo dos visitantes? Os visitantes estão seguros nos arredores dos animais?

O bem-estar dos animais na exibição é bem entendido pelos

visitantes? Os visitantes podem observar as aptidões dos

animais, as estratégias de alimentação, auto-cuidado,

interações sociais e uso do enriquecimento ambiental? A

experiência dos visitantes está vinculada à compreensão dos

desafios à sobrevivência das espécies na natureza?

NOTAS:

PANDAS GIGANTES

SAN DIEGO ZOO, CA, USA

COLABORAR

46 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 5: PROGRAMAS DE REPRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE COLEÇÃO

Nosso compromisso é com programas de reprodução que alcancem

resultados de conservação, manejo sustentável de espécies e promovam

estados de bem-estar positivos.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia invoca as organizações membro a:

1. Introduzir e seguir planos de reprodução e recomendações para manejo

de espécies que se alinhem com planos gerais de conservação de espécies,

e busque minimizar consequências negativas para o bem-estar dos

animais.

2. Facilitar o manejo para o bem-estar positivo durante eventos de

reprodução, utilizando, por exemplo, monitoramento do estro, separação

de animais e observação qualificada contínua.

3. Utilizar equipes profissionais, com especialistas externos, se necessário,

para supervisionar questões de bem-estar relacionadas à reprodução.

4. Ao reproduzir animais para soltura, dar atenção especial ao balanço entre

bem-estar com sobrevivência na natureza e reposição das populações

selvagens.

5. Desenvolver e utilizar uma política clara para eutanásia, que defina as

circunstâncias para o seu uso e quem são os encarregados de executá-la.

6. Assegurar que considerações de bem-estar animal espécie-específicas

sejam completamente integradas ao planejamento da coleção em longo

prazo, e que garantam que os animais possam receber cuidados por toda

a vida e um elevado nível de bem-estar durante toda sua vida.

7. Garantir que, ao considerar transações de animais, todos eles venham de

fontes que não impactem populações selvagens ou fortaleçam produções

comerciais onde o bem-estar animal possa ser comprometido.

INTRODUÇÃO

A reprodução pode envolver formas positivas e enriquecedoras para o

comportamento natural de espécies selvagens em zoos e aquários,

entretanto, pode também levantar complexas questões éticas e de bem-

estar. Um princípio básico de qualquer evento reprodutivo em zoos e

aquários deve ser o balanço entre o bem-estar animal e as necessidades e

ferramentas do manejo de população, orientado pelo conhecimento sobre

os comportamentos naturais espécie-específicos.

Com o objetivo predominante de zoos e aquários modernos sendo a

conservação da vida selvagem, a interpretação de como podemos atingi-lo

através de programas de reprodução varia. Porém, há temas comuns

emergindo, que incluem experiência e conhecimento espécie-específicos,

apoiados por uma abordagem sólida de planejamento cooperativo.

REPRODUÇÃO E MANEJO DE COLEÇÃO

Programas de reprodução em zoos e aquários modernos devem ser

gerenciados através de programas de manejo de espécies, envolvendo bom

planejamento, em cooperação com organizações zoológicas especializadas,

como as associações regionais de zoos e aquários. O manejo colaborativo de

espécies deve sustentar todas as decisões sobre reprodução e planejamento

da coleção animal.

O planejamento da coleção deve ser o cerne de todos os zoos e aquários (veja

estudo de caso 5.1). Com relação ao bem-estar animal, tal planejamento deve

considerar a capacidade de proporcionar estados de bem-estar para certas

espécies ou animais particulares como sendo fundamental para decidir

se estes devem ou não ser mantidos.

Em muitas áreas ao redor do mundo é papel das associações regionais de

zoos e aquários coordenar e auxiliar no manejo de populações animais,

apoiando os planos de coleção, assegurando boas práticas de manejo de

espécies, e supervisionando e aconselhando sobre como promover estados

de bem-estar positivos dentro desse quadro. A coordenação global também

é uma área crescente através dos Planos Globais de Manejo de Espécies

(GSMPs, no original) pelo Comitê da WAZA para o Manejo de populações.

Zoos e aquários devem continuar a usar esses programas e, quando

possível, colaborar para construir mais programas de reprodução regionais

e globais.

A manutenção de registros de alta qualidade são cruciais para o sucesso do

manejo de espécies, uma vez que o princípio básico do manejo é lidar com a

relação entre indivíduos na população e os resultados espécie-específicos de

uma perspectiva de bem-estar animal. O Sistema Internacional de

Informação de Espécies (ISIS), incorporando seu Sistema de Manejo de

Informações Zoológicas (ZIMS), é um sistema vital para o manejo

sustentável de populações globalmente. Esse sistema permite disseminar

informações que ajudarão a construir o conhecimento sobre a reprodução

animal bem sucedida.

REPRODUÇÃO 'NATURAL' EM UM ZOO OU AQUÁRIO

Recentemente, esforços combinados tem sido feitos em zoos e aquários para

permitir que animais reproduzam em situações que simulem processos

naturais. Isso está baseado na necessidade de garantir o sucesso

reprodutivo e pode ter alguns resultados benéficos no bem-estar.

Sobrepondo-se a isso está um sistema complexo de manejo de espécies que

almeja manter suficiente diversidade genética e demográfica para promover

a sustentabilidade das populações de zoos e aquários e apoiar a conservação

da fauna selvagem

47

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

PERTH ZOO, AUSTRALIA

Bilbies

Programas de reprodução em zoos e aquários esforçam-se para manter

tanta diversidade genética ao longo de gerações quanto possível. Garantir

diversidade genética é importante para o bem-estar animal, uma vez que

contribui para a saúde de animais individualmente e também para as

gerações seguintes. Programas de reprodução bem manejados devem

considerar o bem-estar animal, com zoos e aquários fazendo todos os

esforços para balancear as questões éticas e de bem-estar com a

necessidade de manejar de forma sustentável as populações. A assistência

de comitês de ética e bem-estar, ou outras entidades semelhantes, pode

ajudar a lidar com as complexidades da tomada de decisão nessas áreas.

Zoos e aquários podem, de forma benéfica, trabalhar em colaboração com

outros parceiros para ter acesso ou desenvolver tecnologias que integrem a

minimização de comprometimentos ao bem-estar animal e a manutenção

de estados positivos de bem-estar com o manejo de espécies sustentável.

Por exemplo, alguns programas de reprodução empregam testes

hormonais, técnicas de reprodução assistida, monitoramento do estresse e

aplicação dos mais recentes conhecimentos espécie-específicos. Essas

abordagens podem ser ainda associadas com técnicas de manejo não-

invasivas, utilizando o reforço positivo para minimizar danos e estresse.

. A condução de programas de reprodução deve ser parte de um programa

de manejo de espécies maior e de longo prazo, que considere o cuidado por

toda a vida e altos níveis de bem-estar. Muitos zoos e aquários manejam

ativamente a reprodução para evitar eventos reprodutivos indesejáveis.

Outros podem usar a eutanásia, caso isso seja legal e culturalmente

aceitável em seu país ou região.

O uso efetivo da contracepção é um de muitos aspectos do manejo em um

zoo ou aquário moderno, assim, a perícia e conhecimento dos membros da

equipe veterinária é vital para o sucesso do manejo reprodutivo. O manejo

da reprodução também é essencial para apoiar programas de conservação,

de forma a assegurar os melhores resultados em genética e demografia para

o futuro.

MANEJANDO AGRESSÃO E DANOS

Outro conhecimento central de zoos e aquários modernos, com impacto no

bem-estar, é o manejo de comportamentos naturais dentro da área limitada

de uma exibição. Para muitas espécies, a reprodução pode resultar em altos

níveis de agressão entre animais e injúrias (veja estudo de caso 5.2). Esse pode

ser um comportamento selvagem comum para a espécie. Zoos e aquários

trabalham fortemente para manejar tais situações de forma a minimizar

possíveis danos, já que o manejo inadequado pode resultar em sérias

injúrias e morte de animais.

Caso ocorra a agressão, o design da exibição deve integrar e permitir a

reprodução segura dos animais. As equipes de zoos e aquários devem ter

conhecimento detalhado e perícia com relação ao manejo da introdução de

animais, de forma a minimizar injúrias e alcançar os melhores resultados

reprodutivos. Adicionalmente, o uso de ciência que auxilie os profissionais

de zoos e aquários a determinar o momento apropriado para introduções

visando a reprodução é essencial.

Estudo de caso 5.1:

O que é um plano de coleção?

Um plano de coleção define as espécies e

número de animais mantidos, a reprodução

planejada, movimentações de animais para e

do zoo ou aquário e direções futuras. Os

principais zoos e aquários alinham as

decisões de planejamento da coleção com os

princípios do planejamento e políticas

relacionadas endossadas pela autoridade

governamental responsável. Um plano de

coleção leva em consideração as instalações

disponíveis, exibições e espaços à vista do

público e com acesso restrito, requerimentos

da espécie tanto para o bem-estar quanto

para o manejo, e a necessidade de manter

uma coleção que se alinhe com os propósitos

e missão do zoo ou aquário. Zoos e aquários

devem desenvolver planos de coleção que

apoiem os objetivos de conservação, seja

através de resultados diretos ou através do

envolvimento do público visitante.

48 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

PROGRAMAS DE REPRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE COLEÇÃO

REPRODUÇÃO PARA SOLTURA

A sustentabilidade em longo prazo da exposição de populações animais e da

provisão de animais para conservação não são mutuamente excludentes.

Em muitos casos, animais usados para fins de reprodução para conservação

estão também em exposição ao público, enquanto em outras situações

indivíduos envolvidos em tais programas reprodutivos serão mantidos fora

da exibição. Expor ou não esses animais depende do programa em

particular e da espécie.

Muitos programas de reprodução para soltura realizam condicionamento

pré-soltura, que pode levar a uma redução transiente do bem-estar animal.

O condicionamento pode envolver, por exemplo, modificar a dieta de um

animal para simular mais de perto a dieta na natureza, como limitar os

recursos alimentares (p.e. dieta de saciedade e fome); introduzir presas

vivas (que pode levantar preocupações quanto ao bem-estar das presas) ou

iniciar condicionamento anti-predação que estimule uma resposta de voo.

Antes de aderir a um programa de reprodução para soltura, os zoos e

aquários devem avaliar se os riscos para a sobrevivência em longo prazo do

animal individualmente, e a sobrevivência contínua de sua espécie,

sobrepõem os comprometimentos temporários no bem-estar animal

durante o estágio de condicionamento pré-soltura. Pareceres externos,

através de um comitê de ética e bem-estar, podem auxiliar

significativamente na avaliação e suporte de tais situações, além do parecer

das autoridades em conservação.

AQUISIÇÕES DA NATUREZA, RESGATES E CRIAÇÃO COMERCIAL

Todas as transações a partir da natureza devem estar de acordo com os

princípios globais aprovados por organizações internacionais de

conservação, como a União Internacional para a Conservação da Natureza

(IUCN). É fundamental para os zoos e aquários modernos que a ideia de

remover um indivíduo da natureza deva ter um claro e comprovado

propósito de conservação, ou, ao trabalhar com autoridades responsáveis, o

propósito deva ser educação. pesquisa ou coleta de indivíduos para

programas que objetivem a sustentabilidade em longo prazo das populações

selvagens (p.ex. iniciativas de reprodução para soltura). Planejamento de

coleção efetivo em zoos e aquários, manejo de espécies e planos

cooperativos de reprodução são ferramentas essenciais nesse quesito.

A produção comercial de animais silvestres ('wildlife farming') pode

estimular a obtenção não-sustentável e ilegal de indivíduos na natureza, o

que pode minar a missão de conservação de zoos e aquários modernos. A

escala e intensidade de tais métodos de produção comercial também podem

ter um impacto negativo no bem-estar animal. Zoos e aquários devem

evitar obter animais a partir de instalações de criação comercial. De acordo

com a resolução da WAZA de 2014 sobre essa matéria, zoos e aquários, ao

considerar a aquisição de animais, devem assegurar que todos os animais

venham de fontes respeitáveis, não impactem as populações selvagens ou

reforcem a produção comercial de animais silvestres, e evitem as

consequências negativas para o bem-estar das capturas indiscriminadas.

WHITE OAK CONSERVATION CENTER, FL, USA

Burro selvagem da Somália

Muitos zoos e aquários recebem de forma crescente 'animais resgatados'

como resultado de apreensões do comércio ilegal ou de organizações que

são fechadas ou não podem cuidar dos animais adequadamente. Isso ocorre

frequentemente por solicitação governamental. Em algumas regiões,

podem existir santuários para cuidar desses animais, entretanto, dada sua

experiência no cuidado animal, zoos e aquários modernos são muitas vezes

melhor aparelhados para proporcionar cuidados de longo prazo a esses

animais.

Estudo de caso 5.2:

Manejando agressões ao reproduzir espécies de rebanho

Idealmente, a reprodução deve ocorrer dentro do rebanho para

manter o bem-estar e a dinâmica coesiva do grupo. Zoos e aquários

devem estar atentos à integridade genética e demográfica do

rebanho ao considerar a reprodução, em conjunto com o manejo

mais amplo da espécie envolvida. A natureza das espécies de

rebanho, particularmente com os machos, é que haverá épocas

durante o ano em que surgirão comportamentos agonísticos.

Comportamentos reprodutivos naturais, sejam agressivos ou não,

podem ser vitais para garantir o sucesso reprodutivo. Entretanto, se

comportamentos agonísticos em situações reprodutivas são

contínuos, particularmente fora da estação reprodutiva normal, isso

pode se tornar uma questão de bem-estar para o indivíduo

subordinado, e deve então ser trabalhada. Novamente, membros da

equipe de zoos e aquários devem ter bom conhecimento e

experiência sobre a relevância direta para a espécie, os animais

individualmente e a dinâmica provável do grupo. Isso irá auxiliar a

decisão sobre separar indivíduos ou permitir que o comportamento

agressivo siga seu curso.

49

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

Cuidar de animais resgatados oferece uma oportunidade clara para a

educação do público em temas chave em bem-estar e conservação, como o

crescente mercado ilegal global de fauna (veja estudo de caso 5.3). Ao

proporcionar lares para animais resgatados, zoos e aquários podem fazer

uma diferença real para animais individualmente, assim como impulsionar

a sustentabilidade de populações de zoos e aquários regionais e globais.

Considerar a disponibilidade de espaço e recursos para animais

resgatados/confiscados e seu cuidado por toda a vida pode ser um

componente importante do plano de coleção animal..

USO DA EUTANÁSIA

Eutanásia é o ato de proporcionar uma morte humanitária. Os animais

devem ser tratados com respeito por toda sua vida e, quando necessário,

terem uma morte humanitária. Todos os zoos e aquários devem ter uma

política clara para lidar com a eutanásia de animais. As políticas de

eutanásia devem delinear claramente as circunstâncias de como e por quê a

eutanásia será usada. A eutanásia deve ser supervisionada e aprovada por

um veterinário experiente ou um membro sênior da equipe de manejo,

instruído por um veterinário. Decisões sobre eutanásia devem ser baseadas

em avaliação de todas as alternativas, dependente do contexto. Algumas

instituições acham benéfico envolver um comitê de ética e bem-estar, ou

outra entidade assemelhada, que tenha membros externos, em tais

avaliações (veja estudo de caso 5.4).

A morte de um animal em um zoo ou aquário pode suscitar interesse

público, assim como emoções de membros da equipe, voluntários e do

público visitante. Esse pode ser particularmente o caso quando o animal foi

eutanasiado. Em algumas circunstâncias, os visitantes, membros da equipe

e voluntários do zoo ou aquário podem necessitar de uma explicação sobre

as razões da decisão pela eutanásia, e pode ser proveitoso e necessário ter

tempo para explicar as razões.

PERTH ZOO, AUSTRALIA

Ursos malaios

HOUSTON ZOO, TX, USA

Sagui pigmeu

Estudo de caso 5.4:

O que é um comitê de ética e bem-estar animal e como ele pode trabalhar

para sua organização?

Muitos zoos e aquários utilizam um comitê de ética e bem-estar animal para

auxiliar no manejo de animais em suas organizações. Em algumas regiões,

isso é exigido por lei. Comitês de ética e bem-estar animal podem ter

membros externos para ampliar a conexão de sua organização com a

comunidade e ter acesso a especialistas externos em ética e bem-estar.

Tais comitês podem ser valorosos para medir a resposta de sua

comunidade às questões de manejo animal; inspecionar instalações; podem

considerar novas políticas e procedimentos em bem-estar animal; ou podem

auxiliar com questões éticas complexas que possam surgir no cuidado

animal. Tais comitês também podem promover a maior compreensão das

complexidades do manejo animal em zoos e aquários entre a equipe e

outros participantes. O processo também pode aumentar a confiança e a

transparência da tomada de decisão no cuidado animal..

Estudo de caso 5.3:

O Fundo Libertem os Ursos na Australásia

O Fundo Libertem os Ursos é uma organização que trabalha no

Sudeste da Ásia para resgatar ursos-malaios (Helarctos malayanus)

e ursos negros asiáticos (Ursus thibetanus) de fazendas de bile,

mercado de restaurantes e mercado de pets. Nos últimos 10 anos,

diversos zoos da Austrália e Nova Zelândia apoiaram o Libertem os

Ursos com financiamento para assistência a seus santuários,

programas de educação comunitária e pesquisa sobre o estado de

conservação de ursos selvagens no Laos e Camboja. Zoos também

tem recebido ursos-malaios resgatados em suas coleções para

apoiar o programa de reprodução regional da Australásia para a

espécie, assim como para defender o Libertem os Ursos e a

conservação dos ursos-malaios, e para combater o comércio ilegal

de fauna silvestre.

PROGRAMAS DE REPRODUÇÃO E PLANEJAMENTO DE COLEÇÃO

50 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

USO DE BIOTECNOLOGIAS AVANÇADAS

CONCLUSÃO

EL VALLE AMPHIBIAN CONSERVATION CENTER, PANAMA

Rusty robber frog

Os zoos e aquários modernos estão utilizando mais avanços tecnológicos

para auxiliar com programas de reprodução, desde usar genética molecular

para identificar indivíduos valorosos na reprodução de espécies ameaçadas,

até aplicar técnicas de reprodução assistida, incluindo a inseminação

artificial, transferência de embriões, injeção intracitoplasmática de

espermatozoides e fertilização in vitro.

Ao realizar reprodução assistida em animais de zoos e aquários, deve ser

levado em consideração o bem-estar individual dos animais envolvidos. Os

riscos, benefícios e resultados no bem-estar animal devem ser

completamente explorados ao planejar tais eventos. Também devem ser

consideradas as potenciais barreiras à reprodução natural

O bem-estar animal e o balanço entre o comprometimento do bem-estar e

os estados de bem-estar positivos devem ser integrados nas recomendações

e decisões de programas de reprodução e no plano de coleção de zoos e

aquários.

Um plano de coleção de alta qualidade deve ser baseado em compromisso

com a conservação da fauna silvestre e o manejo de espécies. Isso assegura

que tanto a integridade genética quanto demográfica das populações de

zoos e aquários e das populações selvagens sejam mantidas. Também

proporciona oportunidades para zoos e aquários educarem o público sobre

conservação e bem-estar. Os membros das equipes de zoos e aquários que

realizam manejo de espécies devem estar plenamente conscientes das

prioridades regionais e globais em relação às espécies sob seu cuidado,

compreender os benefícios e limitações dos métodos atuais de manejo e

garantir o registro de dados de alta qualidade.

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

51

Ouriço norte-americano

CHECKLIST

Você tem um plano de coleção animal?

Você tem em prática planos claros para a reprodução animal,

que sejam geridos e acordados previamente a um evento

reprodutivo?

Como você incorpora o manejo do bem-estar animal nos seus

planos de reprodução? Você se favorece da busca de

aconselhamento especializado sobre isso?

Os membros de sua equipe são capacitados o suficiente para

manejar eventos reprodutivos com espécies complexas ou

agressivas? Sua infraestrutura é adequada para manejar tais

eventos reprodutivos? Você necessita de instalações adicionais

ou áreas de manejo para manejar melhor esses eventos?

Você tem confiança de que seu zoo ou aquário pode sustentar a

prole que possa resultar?

Como você lida com a eutanásia em seu zoo ou aquário? Há

uma política clara delineando papéis e responsabilidades

quando a eutanásia precisa ser usada? Seria proveitoso incluir

um comitê de ética e bem-estar, ou entidade semelhante, nas

deliberações sobre eutanásia?

Há oportunidades para vincular melhor programas de

conservação com as atividades reprodutivas em seu zoo ou

aquário?

Os membros da sua equipe são atuantes no manejo de espécies

e ligados com associações regionais de zoos e aquários atuantes

nesse quesito?

Você precisa planejar aumentar areas de manejo no futuro, ou

precisa fazer paarcerias com outras instituições para acomodar

animais idosos ou animais não requeridos para reprodução?

O seu registro de dados é atualizado e comunicado através do

Sistema de Manejo de Informações Zoológicas (ZIMS) ou outro

programa cooperativo similar?

Você está em conformidade com todos os procedimentos da

União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e

com a resolução da WAZA de 2014 sobre a obtenção de

animais de forma legal, sustentável e ética?

NOTAS:

WHITE RHINOS

ZIMBABWE

CONSERVAR

54 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 6: BEM-ESTAR NA CONSERVAÇÃO

Nosso compromisso é assegurar que nossas atividades de conservação da

vida selvagem incorporem as metas de bem-estar animal.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia invoca as organizações membro a:

1. Estabelecer o bem-estar animal como um componente em todas as

atividades e projetos de conservação apoiados por sua organização.

2. Trabalhar em parceria com organizações de conservação de campo e

colabore no conhecimento e habilidades em bem-estar que sejam

relevantes para suas operações de campo, incluindo, por exemplo,

projetos de reintrodução.

3. Avaliar o quanto as implicações das intervenções de manejo para o bem-

estar são superadas por seus benefícios para a conservação.

4. Construir a compreensão da importância de estruturas integradas para a

conservação de espécies, que incluam avaliar o bem-estar animal.

5. Certificar-se que, em seu trabalho de conservação e no trabalho de seus

parceiros na conservação, a revisão das necessidades individuais dos

animais e a promoção do bem-estar positivo sejam considerados a todo o

tempo.

INTRODUÇÃO

O termo 'bem-estar na conservação' enfatiza o tema central deste capítulo

de que bem-estar animal e conservação são intrinsecamente ligados. Ele

enfatiza que princípios e práticas sólidos de bem-estar animal devem estar

incorporados nas atividades de conservação, e ser integrados na forma

como zoos e aquários modernos operam no dia a dia.

O bem-estar na conservação reconhece que qualquer atividade humana que

tenha impacto, intencional ou não, nos animais sencientes em seu

ambiente selvagem ou natural, tem o potencial de causar comprometimento

do bem-estar. Por exemplo, o bem-estar de incontáveis espécies selvagens é

comprometido direta ou indiretamente pelas atividades humanas,

ameaçando a sobrevivência de populações, espécies e ecossistemas.

CONSERVAÇÃO E BEM-ESTAR ANIMAL - NÃO HÁ DICOTOMIA

Tanto a conservação quanto o bem-estar animal tem seu foco em danos aos

animais, mas têm orientações diferentes. Enquanto a conservação está

preocupada principalmente com a sobrevivência de populações, espécies e

ecossistemas, o bem-estar animal enfatiza as experiências subjetivas ou

qualidade de vida de animais individualmente. Ainda, o pensamento e

práticas conservacionistas abrangem uma ampla gama de atividades

envolvendo sobretudo a fauna de vida livre, assim como animais selvagens

sob cuidado humano, na medida em que estes contribuem para os objetivos

de conservação.

Há força na colaboração estreita e alinhamento entre conservação e bem-

estar. Afinal, os impactos adversos sobre os animais selvagens - causados

por virtualmente todas as formas de atividade humana - devem ser

classificados como problemas de conservação ou problemas de bem-estar

animal? Animais selvagens são parte de grupos sociais, populações e

ecossistemas. Em consequência, ações que afetem o bem-estar e

sobrevivência de indivíduos também podem ter consequências para esses

sistemas maiores, e vice versa.

Como explicado no Capítulo 1, o manejo animal em zoos e aquários que são

focados principalmente nos fatores críticos para a sobrevivência pode, na

melhor das hipóteses, alcançar geralmente apenas estados neutros de bem-

estar animal. Hoje esperamos mais, e assim, mais é requerido do que

meramente atender as necessidades mínimas de sobrevivência de animais

mantidos com o propósito de conservação, como pode ter ocorrido no

passado. Como os animais também podem ter experiências positivas,

nossos processos de manejo em zoos e aquários devem se esforçar para

tornar isso possível e possibilitar que isso aconteça. O tema recorrente nesta

Estratégia, que a ampla atenção já dada dentro do setor de zoos e aquários

ao enriquecimento ambiental, deve ser estendida e ampliada, inclui sua

maior aplicação para animais mantidos para propósitos de conservação. É

evidente que essa orientação se harmoniza com o conceito de bem-estar na

conservação, uma vez que incorpora o objetivo de melhorar o bem-estar

animal enquanto persegue os objetivos da conservação.

BEM-ESTAR NA CONSERVAÇÃO EM ZOOS E AQUÁRIOS

Exemplos de bem--estar na conservação na prática incluem conciliar os

interesses do bem-estar e da conservação no manejo da fauna selvagem,

pesquisa e ecoturismo (veja estudo de caso 6.1). Muitos zoos e aquários estão

envolvidos em diferentes atividades de conservação, em suas regiões e

também em regiões distantes. O bem-estar na conservação deve ser

aplicado a essas atividades mais amplas, através da preocupação com o

bem-estar físico e psicológico dos indivíduos de espécies selvagens em

populações sob manejo intensivo, em um contexto conservacionista.

Boas práticas de conservação baseada em zoos e aquários buscam manejar

bem o bem-estar animal. Os avanços no cuidado com a vida selvagem

podem melhorar seu bem-estar (Capítulos 1 e 2) assim como o sucesso de

programas de reprodução (Capítulo 5). Com base nessa experiência, zoos e

aquários podem ajudar organizações conservacionistas parceiras que

trabalham em campo a visar altos padrões de bem-estar animal.

55

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

Conflitos potenciais entre os objetivos do bem-estar animal e da

conservação podem surgir quando espécies não são, aparentemente,

capazes de se adaptar à manutenção em zoos e aquários. Por outro lado, a

adaptação a ambientes manejados pode reduzir a capacidade de um animal

se ajustar à natureza, levantando preocupação quanto ao bem-estar

daqueles destinados a ser devolvidos a seu habitat natural (veja estudo de

caso 6.2). Dessa forma, muitos zoos e aquários envolvidos em programas de

criação para soltura adotam estratégias destinadas a mitigar esses

potenciais problemas.

Dada a crescente urgência da conservação, está se tornando cada vez mais

necessário intervir no manejo da fauna selvagem e seus ambientes para

mitigar ameaças. O ímpeto para tais intervenções pode ser mitigar

problemas de bem-estar animal, manejar surtos de doenças ou atender uma

prioridade de conservação de realizar translocações de animais. Também, é

provável que algumas espécies não sobreviverão sem intervenção humana.

Entretanto, as próprias intervenções podem comprometer o bem-estar

individual de animais, e tais impactos precisam ser balanceados com as

contribuições esperadas para o objetivo maior da conservação de espécies.

MYAKKA CITY LEMUR RESERVE, FL, USA

lemur mongoz

Há força na colaboração estreita e

alinhamento entre conservação e bem-

estar animal.

NORTH CAROLINA, USA

Lobo vermelho

Estudo de caso 6.2:

Bem-estar de animais reintroduzidos

Reintroduções são intervenções que ressaltam, dentro do bem-estar

animal - o nexo da conservação, uma obrigação de cuidar dos

indivíduos a serem reintroduzidos, assim como da população a ser

restabelecida. A liberação de animais na natureza depois de

períodos sob cuidado humano, que podem incluir preparar os

animais para a soltura, pode comprometer seu bem-estar, assim

como ter impacto sobre outras espécies locais. O monitoramento

pré e pós soltura e medidas de suporte, que podem incluir fornecer

tutores coespecíficos, alimentação suplementar ou cuidado

veterinário, pode melhorar tanto o sucesso da reintrodução quanto o

bem-estar animal. Enriquecimento comportamental e ambiental,

direcionado a desenvolver habilidades específicas importantes para

a sobrevivência e reprodução na natureza, podem ter igual valor.

Zoos e aquários tem a experiência necessária para executar tais

ações de manejo. Isto, por outro lado, ressalta um papel chave dos

zoos e aquários na arena do bem-estar animal e conservação..

Estudo de caso 6.1:

Implicações no bem-estar da manipulação de espécies selvagens

Interferir intencionalmente nas vidas de espécies selvagens para

fins de conservação pode ter impactos no bem-estar individual dos

animais em questão. Mesmo simples observações podem ter um

efeito. Por consequência, a manipulação desses animais para coleta

de amostras, marcação, vacinação e tratamento pode ter impactos

negativos no bem-estar. Os efeitos adversos associados com essas

intervenções deliberadas podem suscitar custos biológicos.

Exemplos incluem dano físico, ruptura da hierarquia social,

interrupção da movimentação natural, do comportamento

reprodutivo ou vulnerabilidade aumentada à predação. Assim, esses

efeitos podem alterar a biologia de indivíduos a uma extensão tal

que os dados proporcionados por eles podem não ser confiáveis.

Zoos e aquários tem a competência necessária para desenvolver

protocolos de manipulação favoráveis ao bem-estar para as

espécies selvagens. Eles também oferecem um terreno de teste

para medir as potenciais consequências para o bem-estar de tais

intervenções conservacionistas. Isto, por sua vez, fornece ligações

entre zoos e aquários, bem-estar animal e conservação.

56 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

BEM-ESTAR NA CONSERVAÇÃO

INTEGRANDO A CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES E O BEM-ESTAR ANIMAL

É evidente que o manejo integrado de espécies dentro e fora de seus

habitats naturais está se tornando cada vez mais importante. Esse manejo

envolve uma série de atividades que frequentemente incluem captura,

contenção e transporte de animais, onde minimizar o comprometimento do

bem-estar e proporcionar oportunidades para experiências positivas

tornam-se pontos chave. Dessa forma é necessário avaliar as implicações

para o bem-estar e determinar se as consequências de uma intervenção são

superadas pelos benefícios para a conservação, e vice versa.

O conhecimento sobre cuidado e bem-estar animal em zoos e aquários pode

beneficiar os esforços de conservação em áreas como a recuperação e

manejo de pequenas populações, biologia da translocação e medicina da

conservação. Importante, buscar melhorar o bem-estar da fauna selvagem

não necessariamente conflita com os objetivos da conservação, porque

medidas tomadas para aumentar o bem-estar animal podem, ao melhorar

as perspectivas de sobrevivência e reprodução, aumentar o valor de

conservação do esforço como um todo.

A relação entre bem-estar animal e conservação pode ser representada em

um esquema de decisão que considera a interseção entre as dimensões

isoladas dos dois objetivos (Fig. 6.1). Práticas que combinem bom nível de

bem-estar com bom resultado de conservação são preferidas, enquanto

outras práticas são menos desejáveis, mas ainda aceitáveis, e, obviamente, a

combinação de pobre bem-estar e pobres resultados de conservação são

inaceitáveis. Indicadores de minimização do comprometimento do bem-

estar e aumento do bem-estar (Capítulo 1) oferecem meios práticos para

avaliar essas práticas.

ESQUEMA DE DECISÃO

Boas práticas de conservação podem e devem ser implementadas com

cuidadosa consideração do bem-estar individual dos animais. Assim, este

esquema de decisão pode ser especialmente útil quando a pressão para

ignorar o bem-estar individual no interesse da conservação é alta, pois

ajuda a manter em mente tanto as preocupações com o bem-estar quanto

com a conservação.

PRINCÍPIOS NORTEADORES E QUESTÕES NÃO RESOLVIDAS

Não há princípios aceitos universalmente que orientem aqueles que

trabalham com bem-estar e conservação da vida selvagem. Entretanto, um

quadro útil, ligeiramente modificado aqui, tem sido proposto por princípios

sugeridos em uma declaração consensual surgida em um Workshop sobre

Ciência do Bem-estar Animal e Conservação, realizado em 2009 na

Universidade de British Columbia:

• O bem-estar de todas as espécies selvagens individuais é de igual

preocupação moral. Isso não significa que todos esses animais devam ser

tratados da mesma forma, apenas que seu bem-estar deve receber igual

consideração.

• Ações que afetem animais são de preocupação moral, independente se

exercem seus efeitos direta ou indiretamente.

• Ações que possam prejudicar o bem-estar ou estado de conservação de

animais selvagens não devem ser realizadas sem cuidadosa consideração

da necessidade da ação.

• A gravidade e extensão do dano (em termos de número de animais

afetados ou duração do dano, comparado com a expectativa de vida do

animal) devem ser minimizados.

• Ações com impactos irreversíveis devem ser consideradas mais sérias do

que aquelas com impactos temporários.

Fig. 6.1. Um esquema de decisão para considerar a interseção entre as dimensões separadas do bem-estar animal e da conservação (modificado de Bradshaw & Bateson 2000).

POBRE BOM

CONSERVAÇÃO

DESEJÁVEL

ACEITÁVEL

INACEITÁVEL

BE

M-E

ST

AR

PO

BR

E

BO

M

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

57

Muitas questões relativas ao bem-estar e conservação da fauna requerem

considerações adicionais. O que segue é uma lista inicial de questões não

resolvidas no workshop mencionado acima:

• Dado que o sofrimento pode ocorrer nas vidas normais dos animais, qual

linha de base deve ser usada para determinar quando os danos causados

pelas atividades humanas são de preocupação moral? Embora o consenso

e a quantificação podem ser difíceis de atingir, não devemos concluir que

todos os níveis de sofrimento são, portanto, aceitáveis.

• Quão direta uma ligação com o comportamento humano deve ser

demonstrada para que gere preocupação?

• Como os estados afetivos de animais individualmente refletem em

resultados importantes para a conservação, como estado de doença e

sucesso reprodutivo?

• Podemos identificar princípios que levem a ações moralmente

defensáveis quando é necessário comprometer gravemente o bem-estar

de alguns indivíduos para alcançar metas como a sobrevivência de uma

população?

Resolver essas questões irá requerer diálogo transdisciplinar envolvendo

biólogos da conservação, cientistas do bem-estar animal, aqueles que

trabalham com ética, leis e questões sociais.

CONCLUSION

É cada vez mais importante reconhecer a relevância do bem-estar animal ao

lidar com problemas da conservação da vida selvagem. As mesmas

atividades humanas levando à atual crise na biodiversidade está

comprometendo o bem-estar animal, e essas preocupações interligadas

estão presentes no trabalho dos zoos e aquários na conservação e proteção

de espécies selvagens.

O bem-estar de espécies selvagens pode ser avaliado direta ou

indiretamente, de formas cada vez mais sofisticadas e cientificamente

validadas. O fato de que o bem-estar seja avaliado em base individual,

enquanto algumas metas mais amplas da conservação são medidas em

populações ou espécies, não necessariamente as torna incompatíveis.

Cientistas do bem-estar animal e da conservação e defensores estão cada

vez mais reconhecendo o trabalho uns dos outros como complementares.

Zoos e aquários precisam assegurar que seu trabalho de conservação no

campo, e o trabalho de seus parceiros na conservação, inclui estratégias

visando minimizar o comprometimento do bem-estar.

HANNOVER ZOO, ALEMANHA

Besouro Atlas - larva

CHECKLIST

Você realiza revisões de seus projetos de conservação para

garantir que as necessidades de bem-estar animal são

atendidas?

Seus parceiros na conservação se beneficiariam do apoio para

incorporar procedimentos efetivos de manejo do bem-estar em

seu trabalho?

Os membros de sua equipe e seus parceiros precisam de

recomendações sobre como avaliar direta e indiretamente o

bem-estar de espécies selvagens?

Os membros de sua equipe que trabalham em projetos de

conservação que incluem, por exemplo, captura, contenção e

transporte de fauna, são adequadamente treinados para

atender as necessidades de bem-estar dos animais?

Se você executa programas de criação para soltura, as

instalações de manutenção atendem as necessidades de bem-

estar dos animais?

NOTAS:

LEOPARDO DE AMUR

LEIPZIG ZOO, ALEMANHA

COMPREENDER

60 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 7: PESQUISA EM BEM-ESTAR ANIMAL

Nosso compromisso é adotar uma abordagem científica, baseada em

evidências, sobre bem-estar animal e ao conduzir pesquisas.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia invoca as organizações membro a:

1. Priorizar o bem-estar animal e o monitoramento do bem-estar como

áreas para pesquisa em colaboração com universidades, organizações de

pesquisa e outras instituições zoológicas.

2. Continuar a usar e aplicar observações baseadas em pesquisas científicas

sólidas para apoiar o bem-estar animal no manejo em zoos e aquários.

3. Utilizar um comitê de ética, bem-estar e pesquisa, ou entidade similar,

com representação externa, para avaliar e supervisionar atividades de

pesquisa e fortalecer o rigor científico em suas operações.

4. Desenvolver uma política de pesquisa e protocolos de pesquisa que

assegurem que, em todas as pesquisas envolvendo animais, qualquer

preocupação potencial com o bem-estar seja claramente identificada e

qualquer comprometimento seja minimizado, transiente e justificado em

termos dos objetivos da pesquisa.

5. Trabalhar ativamente para auxiliar parceiros de pesquisa a promover

estados de bem-estar positivos.

6. Estimular a medicina da conservação como uma área de atividade

baseada na ciência em sua organização, para melhorar o bem-estar

animal em geral, e o bem-estar na conservação em particular.

INTRODUÇÃO

Zoos e aquários oferecem a cientistas e pesquisadores acadêmicos

oportunidades para conduzir investigações visando aumentar a

compreensão do mundo natural. De particular relevância aqui é a pesquisa

para maior desenvolvimento de abordagens cientificamente validadas,

baseadas em evidências, para melhorar o bem-estar animal e a conservação;

contudo, um foco de pesquisa pode e deve se aplicar a todo o espectro de

operações de zoos e aquários.

Colaborações em pesquisa entre zoos e aquários e instituições acadêmicas

podem ter a grande vantagem de aprofundar a compreensão e

conhecimento em muitas áreas de operação de zoos e aquários. O

compartilhamento de conhecimento e experiência também pode ampliar

grandemente o âmbito e valor de investigações, e pode resultar na

realização de investigações que, de outra forma, não seriam possíveis.

A edição de 2011 do International Zoo Yearbook contém exemplos de

parcerias de sucesso entre zoos e aquários e a comunidade acadêmica,

atendendo aos interesses de ambos os grupos. Essa pesquisa tem o

potencial de enriquecer as vidas dos animais em estudo (veja estudo de caso

7.1)).

YORKSHIRE WILDLIFE PARK, UK

Babuíno da Guiné

Estudo de caso 7.1:

Pesquisas que aumentam o bem-estar animal e proporcionam uma experiência inovadora para o visitante

O objetivo deste estudo no Yorkshire Wildlife Park foi determinar se havia

alguma diferença comportamental exibida por babuínos da Guiné (Papio

papio) com e sem o uso de dispositivos de alimentação interativos. Três

tipos de dispositivos estavam disponíveis para os babuínos, com três de

cada tipo encostados à parede de vidro onde os visitantes podiam ver os

animais. Correspondentemente, havia três níveis de complexidade. O mais

simples exigia que o homem deixasse cair uma porção de comida para o

babuíno girar uma placa e recuperar o alimento. No segundo tipo, o babuíno

e o homem tinham que sentar ou ficar em pé sobre uma plataforma de

alavanca simultaneamente, de forma que o alimento fosse liberado. E o tipo

final exigia que o babuíno e o homem puxassem uma alavanca de corda

sincronicamente para liberar a comida. Antes de ocorrerem as interações

com o público, os três dispositivos de cada tipo foram carregados com

diferentes alimentos. Os resultados mostraram que os dispositivos

aumentaram o comportamento de forrageamento natural dos babuínos e

aumentaram a atividade dos animais, enquanto também proporcionaram

uma experiência inovadora para o visitante.

61

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

USO DE ANIMAIS DE ZOOS E AQUÁRIOS EM PESQUISA

Nem todas as questões de pesquisa são direcionadas a esclarecer facetas do

bem-estar animal e seu manejo em zoos e aquários. Contudo, os impactos

no bem-estar, pela realização de qualquer investigação, devem ser avaliados

antecipadamente, especialmente os impactos negativos.

É importante considerar o contexto regulatório da realização de

investigações científicas em animais, que são atividades legalmente

controladas em muitos países. Os detalhes de leis e regulamentos podem

variar, mas os princípios são geralmente comuns. Os 180 países membros

da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) aceitaram unanimemente

as normas da OIE para o 'Uso de Animais em Pesquisa e Educação'. Essas

normas não pretendem substituir estatutos existentes, que podem incluir

requerimentos mais detalhados e exigentes; em vez disso, elas oferecem

orientação para aqueles países que buscam atualizar estatutos antigos ou

introduzi-los pela primeira vez.

Aqui estão delineados alguns dos princípios chave da orientação da OIE:

• O uso científico de animais deve estar de acordo com os requerimentos

das leis nacionais, provinciais e/ou estaduais existentes, e

regulamentações relacionadas.

• As instituições em questão devem ter políticas e procedimentos que

concordem com esses requerimentos legais, estejam ou não tais leis em

prática, e essas políticas e procedimentos devem abordar especificamente

o uso científico de animais.

• Deve haver supervisão externa do uso de animais, na forma de um

organismo legal central, ou comitê de ética, uso e/ou cuidado animal, ou

outra entidade similar que inclua alguns membros que sejam

independentes da instituição.

• Os benefícios previstos pela proposta de uso de animais devem ser

superiores aos impactos negativos previstos no bem-estar, e o balanço

deve ser favorável aos benefícios para que o uso proposto seja justificado.

• Devem ser tomadas providências para minimizar qualquer impacto

negativo no bem-estar.

Estes princípios são um guia útil para zoos e aquários e seus parceiros de

pesquisa.

Pesquisas invasivas envolvendo interferência cirúrgica significativa para um

animal é predominantemente inaceitável para zoos e aquários. Há alguns

projetos de pesquisa onde tais abordagens podem ser aceitáveis,

possivelmente envolvendo casos de animais de excepcional valor para a

conservação, de espécies severamente ameaçadas, que sejam parte de um

plano integrado de conservação e manejo da espécie, e onde tal pesquisa

seja de benefício imediato para o indivíduo em questão; experimentos de

validação ou calibração que beneficiem uma pesquisa científica de destaque

ou um programa de conservação no qual a instituição esteja envolvida ou

participe; e experimentos médicos veterinários que utilizem oportunidades

incidentais, como e quando estas surgirem para testar ou refinar

tratamentos ou procedimentos médicos. Decisões sobre tais pesquisas

requerem um equilíbrio cuidadoso das perspectivas de manejo,

conservação, ciência e ética, e terão melhor suporte se tomadas no âmbito

de um sistema formal de consulta e decisão.

Pesquisas observacionais em um zoo ou aquário enfrentam desafios

semelhantes aos dos estudos de campo com populações de vida livre.

Tamanhos de amostra insuficientes podem ser superados conduzindo

estudos em diversos zoos ou aquários, utilizando a variação nas condições

de manutenção e cuidado como uma fonte de variação biológica, ou

formulando uma questão clara e conduzindo um experimento simples em

um zoo ou aquário e publicando como um estudo de caso. Em combinação

com configurações experimentais simples, estudos observacionais tem um

potencial substancial de contribuir com melhorias no bem-estar animal.

Os rápidos avanços científicos em anos recentes criaram muitas técnicas

novas para avaliar o bem-estar animal e a 'carga de estresse' (veja estudo de

caso 7.1), a saúde individual e o estado reprodutivo, paternidade e

maternidade, e a presença de patógenos de uma forma minimamente

invasiva ou não-invasiva. Essas técnicas e desenvolvimentos teóricos

promovem uma abordagem baseada em evidências sobre o bem-estar em

zoos e aquários, e devem ser aplicadas.

SOROCABA ZOO, BRASIL Hipopótamo

Estudo de caso 7.2:

Validando técnicas não-invasivas para avaliar o bem-estar animal

Estados fisiológicos são cada vez mais reconhecidos como indicadores básicos de

'estresse' por revelar a 'competência reativa' dos organismos a desafios ambientais. Isso

é parcialmente porque respostas comportamentais podem ser um sinal não confiável, a

menos que avaliadas cuidadosamente ou analisadas com técnicas sofisticadas.

Métodos não-invasivos têm revolucionado a avaliação de estados fisiológicos, porque

eles oferecem dados para responder questões para as quais as técnicas invasivas

tradicionais são inadequadas. Técnicas não-invasivas incluem a mensuração de níveis

de metabólitos de glicocorticoides ou catecolaminas na urina, fezes, saliva ou - mais

recentemente - pelo, ou procedimentos minimamente invasivos para obter amostras de

sangue usando insetos sugadores de sangue. Esses métodos devem ser validados

para cada espécie com experimentos apropriados. Animais de zoos e aquários tem sido

usados com sucesso estelar para conduzir experimentos de validação em muitas

espécies selvagens, e por consequência, fizeram progredir o estudo do bem-estar da

fauna selvagem substancialmente. A identificação de estados fisiológicos é bem

reconhecida como um alicerce essencial em uma abordagem abrangente, baseada em

evidências, para a avaliação do bem-estar animal..

62 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

PESQUISA EM BEM-ESTAR ANIMAL

Um foco de pesquisa em zoos e aquários requer um compromisso de longo

prazo de cooperação estreita com a comunidade acadêmica. Pode ser

desenvolvido um processo de tomada de decisão em parcerias acadêmicas e

pesquisas, tanto em nível operacional como de políticas, para assegurar

melhorias no bem-estar animal; estimular a pesquisa científica de alta

qualidade; facilitar a pesquisa para responder a questões de grande

relevância para melhorar o bem-estar; e fortalecer a credibilidade científica

de zoos e aquários.

FOCO DA PESQUISA EM ZOOS E AQUÁRIOS

Conduzir tais pesquisas em um zoo ou aquário nem sempre é simples. Os

tamanhos de amostra são pequenos, os indivíduos frequentemente tem

diferentes experiências de vida, e as condições de alojamento e manejo

variam entre exibições, instituições e ao longo do tempo. Entretanto, é

possível conduzir pesquisa científica de qualidade, e uma estratégia para

isso, para maximizar o poder e ampla aplicabilidade dos achados, é envolver

tantos zoos e aquários quanto possível. Por essas razões, estudos multi-

institucionais são fortemente encorajados. Essas pesquisas podem revelar

associações entre grau de bem-estar e condições de alojamento e manejo

que podem, então, ser aplicadas na prática.

Muitos aspectos do manejo de zoos e aquários apresentam questões de

grande interesse, e podem resultar em potencial benefício para a

comunidade de zoos e aquários. É evidente que o conhecimento e práticas

de manejo bem estabelecidos em espécies domésticas oferecem um bom

ponto de partida para investigar sua extensão para espécies selvagens em

zoos e aquários.

ESTUDO DO ESTRESSE

De numerosas questões de pesquisa disponíveis para estudo, exemplos

incluem ampliar o conhecimento espécie-específico de indicadores de

estados de bem-estar positivos e negativos, incluindo estereotipias e outros

comportamentos; abordagens inovadoras de enriquecimento ambiental;

detecção de infertilidade; desenvolvimento e aplicação de técnicas de

reprodução assistida; controle contraceptivo da reprodução; protocolos

para melhorar o manejo do parto em mamíferos; otimização da nutrição;

avaliação do estado de saúde; detecção de patógenos, incluindo

microrganismos zoonóticos; desenvolvimento de protocolos profiláticos em

saúde da fauna selvagem; e facilitação de programas de reprodução para

conservação e reintrodução.

A ênfase em minimizar impactos negativos no bem-estar tem relevância

direta para qualquer pesquisa realizada em zoos e aquários, quer essa

pesquisa tenha ou não um foco específico no bem-estar animal. O modelo

dos Cinco Domínios (Capítulo 1), cujos detalhes foram publicados pela

primeira vez em 1994, foi, de fato, desenvolvido especificamente para

facilitar a minimização de danos causados pela pesquisa, ensino e

procedimentos de teste aplicados a animais sencientes. Em 1997, seu uso

foi introduzido como uma exigência regulatória para todas as propostas de

procedimentos desse tipo a serem conduzidas na Nova Zelândia, uma

exigência que persiste até hoje. Seu uso mais amplo, para avaliação do

comprometimento do bem-estar e aprimoramento do bem-estar, como

descrito, foram desenvolvimentos posteriores.

Em termos de pesquisa em bem-estar animal, um exemplo específico é um

sistema para avaliar estados de bem-estar negativos e sua minimização, que

foca em respostas fisiológicas de 'estresse' e suas consequências, como

mostrado na Fig. 7.1.

g. 7.1. Um sistema para o estudo do 'estresse' em zoos

e aquários. 'Estressores ambientais potenciais em os' são

estímulos cujos efeitos foram demonstrados, mas não

necessariamente em um ambiente de zoo ou aquário. Os

organismos possuem uma 'resposta de estresse' que

evoluiu através de seleção natural exercida pela

exposição a estressores ambientais no passado.

Evidências empíricas mostram que 'fatores moduladores'

podem modificar a 'resposta de estresse'. As

'consequências' são requerimentos de energia

aumentados, e diminuição da eficiência da assimilação

de alimentos, da atividade e sucesso reprodutivos, da

competência imunológica e sobrevivência (adaptado de

Hofer & East 2012).

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

63

REALIZANDO PESQUISA EM ZOOS E AQUÁRIOS

O pleno potencial de zoos e aquários para empreender pesquisas que

aprimorem o bem-estar e os resultados de conservação não é cumprido

atualmente. Ao invés de uma oportunidade, a pesquisa pode ser vista como

um fator de custo adicional ou como um conflito com os procedimentos

operacionais. Com planejamento cuidadoso e boa vontade, essas barreiras

podem ser superadas, como têm demonstrado algumas formas inovadoras

de parcerias de sucesso entre zoos e aquários e instituições acadêmicas.

A medicina da conservação combina aspectos do cuidado veterinário da

fauna selvagem de rotina para aprimorar e manter sua saúde e bem-estar,

com elementos significativos de monitoramento de saúde e pesquisa. Zoos e

aquários são locais excelentes, onde a veterinária e outras perspectivas

biológicas em questões de pesquisa podem ser combinadas de forma

proveitosa..

Equipes de pesquisa dedicadas em zoos e aquários podem dar suporte ao

manejo, desenvolvendo uma política de pesquisa, propondo prioridades e

avaliando propostas de projetos de pesquisa em relação a sua

adequabilidade, exequibilidade, impacto nas rotinas e implicações para o

bem-estar animal. Mesmo sem uma equipe especificamente dedicada à

pesquisa, a pesquisa baseada em zoos e aquários pode ocorrer através de

uma cultura organizacional de pesquisa e investigação, e do anseio de

curadores e tratadores de animais em aprimorar as rotinas de manejo e

otimizar o cuidado e bem-estar dos animais. Com uma quantidade modesta

de planejamento estruturado, essas abordagens podem tomar a forma de

estudos de caso científicos e ser publicados em revistas científicas acessíveis,

proporcionado a outros zoos ou aquários a oportunidade de realizar

experimentos semelhantes e relatar seus resultados.

CONCLUSÃO

Zoos e aquários podem proporcionar excelentes oportunidades para

pesquisa científica de alta qualidade, com mínimo, ou sem

comprometimento, do bem-estar. Uma abordagem estratégica e

relativamente poucos esforços adicionais podem contribuir

significativamente para o progresso científico e aumentar o conhecimento

de zoos e aquários, o desempenho e também a credibilidade nas arenas do

bem-estar e conservação baseados na ciência. Isto frequentemente requer

parcerias com a comunidade acadêmica, e estas podem ser conduzidas

ativamente com vantagens mútuas.

Estudos observacionais combinados com abordagens experimentais simples

podem promover a pesquisa científica e aprimorar o bem-estar animal.

Avanços científicos recentes oferecem bases teóricas e técnicas práticas para

avaliar de forma abrangente o bem-estar animal, incluindo a saúde animal,

de formas minimamente ou não-invasivas. Zoos e aquários têm o potencial

de promover uma abordagem baseada em evidências para suas operações e

para o bem-estar animal, se eles decidirem empregar essas abordagens.

CHECKLIST

Você considera as descobertas científicas recentes ao revisar

suas políticas e procedimentos em bem-estar animal?

Você tem uma lista de prioridades de pesquisa para sua organização?

Ela inclui questões de bem-estar animal e assegura que bons

níveis de bem-estar estejam incorporados?

Você estimula os membros de sua equipe a conduzir e publicar

estudos de caso que poderiam apoiar uma abordagem baseada

em evidências do bem-estar animal?

Os seus animais em projetos de pesquisa estão sujeitos ao

mesmo nível de análise de bem-estar que os demais em sua

organização?

Você tem um comitê de ética, bem-estar e/ou pesquisa, ou

entidade equivalente? Se tem, ele tem membros externos?

O comitê é consultado sobre propostas de atividades de

pesquisa em sua organização?

A aprovação de projetos de pesquisa está sujeita a

procedimentos de análise de custo-benefício e minimização dos

potenciais impactos negativos das técnicas de estudo?

Os seus parceiros de pesquisa pedem apoio para garantir que,

durante suas pesquisas, eles manejem o bem-estar

apropriadamente?

Você está ciente de toda legislação relevante que possa se

aplicar à sua pesquisa? Você solicitou as autorizações

adequadas?

Os membros de sua equipe compreendem os propósitos da

pesquisa, suas normas de bem-estar para pesquisadores, e os

resultados esperados em termos de produtos da pesquisa?

NOTAS:

GROU

JAPÃO JAPONÊS

PARTILHAR

66 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

CAPÍTULO 8: PARCERIAS EM BEM-ESTAR ANIMAL

Nosso compromisso é trabalhar colaborativamente e abertamente para

realçar o bem-estar e melhorar as vidas dos animais.

RECOMENDAÇÕES

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia invoca as organizações membro a:

1. Tornar-se um centro reconhecido de experiência em bem-estar animal e

auxiliar ou aconselhar outras organizações quanto ao bem-estar animal.

2. Certificar-se que toda a equipe pertinente, incluindo os membros de sua

equipe de manejo e veterinária, colaborem ativamente e estejam

atualizados com as normas profissionais de saúde e bem-estar animal.

3. Colaborar e firmar parcerias com universidades, organizações de

pesquisa e outras instituições zoológicas para expandir a compreensão

sobre os estados de bem-estar e a senciência animal.

4. Firmar parcerias com organizações de bem-estar animal e especialistas

em bem-estar animal externos, através da representação em comitês de

ética e bem-estar, ou entidades similares, para a revisão do bem-estar

animal em sua organização..

5. Firmar parcerias ou 'adotar' outras instituições que requeiram orientação

para atingir resultados positivos de bem-estar para os animais sob seu

cuidado. Isso pode ser feito através de intercâmbios, oportunidades de

treinamento, troca de procedimentos ou subsídios financeiros.

INTRODUÇÃO

Como em qualquer atividade, parcerias significam que a capacidade é

compartilhada e aumentada. Esse é também o caso do trabalho com bem-

estar em zoos e aquários. Esta Estratégia como um todo reflete a

complexidade subjacente ao cuidado adequado de animais em zoos e

aquários, e as muitas questões que precisam ser consideradas para atender

necessidades espécie-específicas. Uma ampla gama de insumos é

necessária, de modo que o estabelecimento de parcerias que proporcionem

todas as habilidades é vantajoso.

A formação de relações efetivas com colegas colaboradores é importante

para estimular e alcançar avanços de longo prazo no bem-estar animal.

Pontos-chave para o desenvolvimento de parcerias efetivas e de sucesso são

a confiança, compreensão e comunicação clara e eficiente.

Parcerias são uma exigência e atividade central para zoos e aquários

modernos. A Estratégia Mundial de Conservação para Zoos e Aquários (2005)

dedicou um capítulo ao conceito de parcerias, enfatizando que, já que zoos e

aquários abrangem uma mistura única de experiência técnica e

interpretativa, ética legal e ambiental e conhecimento da biodiversidade,

eles devem cooperar entre si para proporcionar apoio mútuo. Embora a

Estratégia Mundial de Conservação para Zoos e Aquários foque primariamente

na conservação da biodiversidade, a manutenção de altos padrões de bem-

estar também se beneficia dela. Zoos e aquários modernos, dessa forma,

buscam garantir que o desenvolvimento de parcerias para apoiar seus

objetivos de conservação e bem-estar são uma competência central.

ASSOCIAR PARA EXPANDIR A CAPACIDADE E CONHECIMENTO

Parcerias em bem-estar animal podem ter uma variedade de objetivos e

funções. Colaborações em pesquisa com universidades podem contribuir

significativamente para nosso conhecimento e eficácia em manejar o bem-

estar animal. Ainda, clínicas veterinárias de zoos e aquários podem

associar-se com órgãos de conservação trabalhando no campo, para focar

na saúde e bem-estar de animais de vida livre. Essas parcerias devem

permitir que aumentemos projetos específicos que aprimorem nosso

conhecimento; por exemplo, percepção da dor, senciência e diferentes

expressões comportamentais de estados afetivos positivos, na diversidade

de espécies alojadas em zoos e aquários, tanto invertebrados quanto

vertebrados.

Avançar na compreensão dessas áreas desenvolveria ainda mais os

princípios do bem-estar animal, e facilitaria melhorias no manejo para

assegurar bons níveis de bem-estar de animais selvagens sob cuidado

humano. De particular importância no contexto do bem-estar animal são os

benefícios proporcionados pelo estabelecimento e manutenção de comitês

de ética e bem-estar, ou entidades semelhantes, que incluam membros

externos (de fora da equipe). Deve ser considerada a inclusão de

representantes de grupos de bem-estar animal, se seus membros estiverem

preparados para participar construtivamente nas funções de tais comitês..

Para que as parcerias tenham sucesso, zoos e aquários devem ter um

elevado grau de transparência em suas operações, particularmente no que

diz respeito aos padrões de bem-estar animal. Existe um alto nível

persistente de observação, não apenas pelo público visitante, mas também

por órgãos de bem-estar governamentais e não-governamentais, e por

grupos de direitos animais. Essa é uma audiência com forte interesse

naquelas atividades de zoos e aquários que potencialmente afetem o bem-

estar. A transparência ajuda a aliviar as preocupações que eles possam ter

e, além disso, comitês de ética e bem-estar e protocolos de bem-estar

oferecem bons veículos para demonstrar responsabilidade.

67

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

ORGANIZAÇÕES DE BEM-ESTAR ANIMAL

Zoos e aquários modernos podem se beneficiar de uma atitude proativa em

suas relações com organizações de bem-estar locais e internacionais, por

construir ativamente relacionamentos com eles (veja estudo de caso 8.1).

Embora a ideia de envolver membros de organizações locais de bem-estar

animal em um comitê de ética e bem-estar possa parecer arriscada para

alguns diretores de zoos e aquários, a experiência internacional mostra que

a maior parte das organizações de bem-estar animal recebe bem esse

envolvimento, e geralmente são um trunfo para tais comitês.

A missão e o foco das organizações de bem-estar animal variam muito, e

enquanto algumas podem consistentemente contestar a manutenção de

animais selvagens sob cuidado humano, muitas outras são organizações

com espírito prático e científico acolhem bem a colaboração. A abertura dos

acordos de cooperação, ao garantir que os participantes estejam bem

informados, ajuda a evitar conflitos por mal-entendidos, que poderiam, de

oura forma, ocorrer. Porém, como o caráter de tais organizações em

algumas localidades podem impossibilitar parcerias construtivas, isso deve

ser avaliado cuidadosamente.

De maneira similar, solicitar o envolvimento de organizações de bem-estar

animal na construção de protocolos de bem-estar é um mecanismo útil para

criar confiança entre os representantes de ambas comunidades. Isso, em

termos de melhorias no bem-estar animal, é vantajoso.

Apesar de diferenças de opinião sobre o que constitui bom nível de bem-

estar possam persistir entre esses parceiros, elas geralmente são mitigadas

pelo reconhecimento de um propósito comum. Mesmo quando uma

organização parece contrária a zoos e aquários, e anuncia isso

publicamente, esses grupos regularmente buscam ajuda local de um zoo ou

aquário acreditado para lidar com um problema específico com a fauna, ou

um zoo ou aquário em más condições. Tais interações ajudam a consolidar

relações de trabalho valiosas para avançar.

Uma vantagem de tais parcerias - à parte de combinar redes de trabalho,

esforços, habilidades e recursos - é que sua existência e transparência

operacional tendem a ser tranquilizadoras para o grande público, que é,

assim, menos influenciado pelos grupos de oposição que permanecem

implacavelmente contrários a zoos e aquários.

ORGANIZAÇÕES DE DIREITOS ANIMAIS

Infelizmente, muitos defensores dos 'direitos animais' trabalham pela

doutrina da liberdade e 'libertação', que, em sua aplicação, se opõe aos

conceitos sob os quais operam os zoos e aquários. A consequência é que

raramente há um meio termo que permita um diálogo construtivo. Como

nos casos que qualquer choque entre filosofias fundamentais, a não

participação no debate, para começar, é muitas vezes a única estratégia

efetiva.

Contudo, assim como com as organizações de bem-estar animal, há um

espectro de valores operacionais dentro da comunidade de direitos animais

e, dependendo das circunstâncias e dos indivíduos envolvidos, podem ser

alcançados acordos. Muito pode ser alcançado avançando com um diálogo

sensato, que reconheça as diferenças e as aceite.

TRABALHANDO COM ZOOS E AQUÁRIOS PARCEIROS

Como uma prática ética profissional, a busca e aplicação de bons níveis de

bem-estar não pode terminar nos portões de seu próprio zoo ou aquário.

Ela deve ser projetada para fora, para outras organizações que necessitem

de ajuda.

Levantamentos recentes têm mostrado que, tanto quanto oito de dez

ASIAN BEAR PARK

Ursos pardos

instituições que mantém animais selvagens (ou 'zoos' e 'aquários') abertos

ao público, operam sem nenhum padrão de acreditação em bem-estar

animal. Muitas dessas organizações têm instalações em condições muito

ruins e o bem-estar animal é uma séria preocupação. Essas situações

impactam negativamente a percepção pública de todos os zoos e aquários -

bons ou ruins. Os zoos e aquários modernos são fortemente encorajados a

auxiliar nos esforços para melhorar as condições dessas instituições

zoológicas, porque 'pessoas de zoo ou aquário', onde quer que estejam,

tendem a ouvir mais seriamente a outras 'pessoas de zoo ou aquário' e,

então, tomar as atitudes necessárias para melhorar.

Estudo de caso 8.1:

Parceria com uma organização internacional de bem-estar animal

A pedido da Sociedade Mundial de Proteção aos Animais (WSPA,

no original; renomeada Proteção Animal Mundial, em 2014),

pessoal da WPSA e da WAZA formaram uma equipe para visitar

três parques de ursos na Ásia em 2004. A equipe observou que, em

todos os três parques, as condições nas quais os ursos eram

mantidos estavam abaixo mesmo dos mais básicos padrões

esperados para a manutenção responsável dessas espécies. A

equipe preparou um relatório abrangente que detalhava as

recomendações específicas para aprimorar as condições dos ursos

nesses parques. Visitas de acompanhamento por membros da

equipe ocorreram em 2007 e, embora algumas melhorias tenham

sido notadas, estava claro que o monitoramento externo de longo

prazo seria necessário para conseguir mudanças significativas na

situação dos ursos. Por consequência, a Wild Welfare, através do

apoio de instituições zoológicas e organizações internacionais de

bem-estar animal, tem revisitado os parques e está analisando os

próximos passos a tomar, que trarão melhorias. Este projeto

representa um excelente exemplo de uma parceria com uma

organização internacional de bem-estar animal, onde a experiência

de zoos e aquários foi necessária para identificar e avaliar questões

de provisão de pobre bem-estar animal, dentro da comunidade

internacional de zoos e aquários.

68 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

Ao lidar com tais situações, é crítico determinar quem toma as decisões que

irão lidar com o pobre bem-estar. Quem é realmente responsável?

Frequentemente, não está no próprio zoológico, e muitos fatores podem

estar em jogo. Políticas locais frequentemente estão envolvidas, e,

ocasionalmente, o manejo e bem-estar ruins podem ser o resultado desses

fatores.

Formas de auxílio podem incluir parcerias de 'adoção' entre um zoo ou

aquário moderno (ou um consórcio de zoos e aquários) e a instituição que

necessidade assistência. De forma similar, parcerias com organizações de

bem-estar animal oferecem sólidas perspectivas de cooperação, uma vez

que trazem uma variedade de habilidades, recursos e redes de trabalho

próprias (veja estudo de caso 8.2).

KABUL ZOO, AFGHANISTAN

Habitat do animal

De uma perspectiva prática, financeira e de marketing, é relativamente fácil

ser imediata e visivelmente eficaz em ajudar um zoo ou aquário necessitado,

através do recurso simples de intercâmbio de equipes e treinamento. Há

grandes benefícios no intercâmbio de equipes. Como muitos zoos e aquários

necessitados podem estar envolvidos em transações de animais a partir da

natureza, assistir essas instituições e ajudar a eliminar tal mercado pode ter

um valor de conservação adicional. Para maior orientação nessa área,

recorra ao Código de ética e Bem-estar Animal da WAZA (veja apêndice).

CONCLUSÃO

Para alcançar os necessários altos padrões de bem-estar animal

globalmente, é imperativo que os zoos e aquários abracem o bem-estar

responsavelmente, promovendo a comunicação efetiva com colegas e

estabelecendo, norteando e mantendo relações de parceria proativas, e ao

mesmo tempo estando abertos a esforços para melhorar as vidas das

espécies selvagens sob cuidado humano.

Importante, zoos e aquários que necessitam de assistência podem se

beneficiar do estabelecimento de parcerias de sucesso, que facilitem o

compartilhamento e uso efetivo do conhecimento e experiências coletivos.

Essa ajuda pode, em última análise, contribuir para melhorias no bem-estar

animal e nos padrões de operação, e estimular uma mudança organizacional

de longo termo nas atitudes em relação ao bem-estar animal.

Além disso, as parcerias podem não apenas oferecer suporte aos colegas e

beneficiar as vidas de animais individualmente, aprimorando seu bem-

estar, mas, trabalhando junto e empenhando-se em encontrar soluções

práticas para os desafios de bem-estar, através do compartilhamento de

conhecimento e recursos, realçar a importância do - e a dedicação ao - bem-

estar animal na comunidade de zoos e aquários, e influenciar positivamente

a percepção pública.

HOUSTON ZOO, TX, USA AND HANGZHOU ZOO, HANGZHOU, CHINA

Equipe do Houston Zoo treinando a equipe do Hangzhou Zoo a usar PVC para enriquecimento.

Estudo de caso 8.2:

Um exemplo de parceria em ação

Após a longa guerra civil e, finalmente, a captura de Cabul em

2001, o Zoo de Cabul estava praticamente em ruínas. O Zoo da

Carolina do Norte levantou US$ 500.000 de 6.000 contribuintes

privados para ajudar a reconstruí-lo. A primeira fase de emergência,

a provisão de alimento, água e aquecimento para os animais

durante as primeiras poucas semanas, foi realizada por membros

da equipe da Sociedade Mundial de Proteção aos Animais (WSPA,

no original; renomeada Proteção Animal Mundial, em 2014), que

tinha uma equipe pronta a agir rapidamente nessas emergências. A

segunda fase, de estabilização, foi realizada por pessoal de zoos e

aquários de todo o mundo, recrutados pelo Zoo da Carolina do

Norte. O estágio final, de treinamento e capacitação, foi então

cumprido, em grande parte através da comunidade Indiana de

zoos. Outras equipes de zoos e aquários, notadamente da Wildlife

Conservation Society, com fundos da União Europeia e outros, tem

prestado mais assistência desde então.

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

69

Casuar

CHECKLIST

Todas as suas parcerias apoiam a promoção de altos padrões de

bem-estar animal?

Você trabalha efetivamente com organizações de bem-estar

animal?Há formas que poderiam ser mais efetivas?

Há oportunidades para seu zoo ou aquário trabalhar com

instituições parceiras que necessitam de assistência para

aprimorar seus padrões de bem-estar?

Os membros profissionais de sua equipe, como veterinários,

pesquisadores, curadores e tratadores de animais, oferecem

orientação a pessoas de fora de sua organização em questões de

saúde e bem-estar animal? Eles poderiam fazer mais?

Você promove sua organização como apoiadora de altos

padrões de bem-estar animal?

Você avalia a percepção da comunidade sobre seu desempenho

em bem-estar animal?

NOTAS:

ECHIDNA

PERTH ZOO, AUSTRALIA

ENGAJAR

72 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

ENVOLVIMENTO E INTERAÇÃO COM VISITANTES

Nosso compromisso é proteger e aprimorar o bem-estar de nossos

animais em todas as interações com visitantes, enquanto envolvemos os

visitantes na conservação da vida selvagem.

RECOMMENDATIONS

Para realizar nosso compromisso com altos padrões de bem-estar, a

Estratégia invoca as organizações membro a:

1. Evitar usar animais em experiências interativas nas quais seu bem-estar

possa ser comprometido.

2. Realizar avaliações de bem-estar específicas e monitoramento contínuo

para todos os animais que sejam utilizados em experiências interativas.

Retirar animais dessas atividades se as taxas de alteração

comportamental, ou outros indicadores de desconforto, forem elevados.

3. Assegurar que a mensagem que acompanha todas as experiências

interativas e o objetivo de qualquer apresentação relacionada sejam

promover a conscientização sobre conservação ou atingir resultados de

conservação.

4. Não realizar, contribuir ou participar de shows, demonstrações ou

experiências interativas com animais onde estes demonstrem

comportamentos não naturais. A conservação de espécies deve ser a

mensagem e/ou o propósito primordiais.

5. Estabelecer processos que garantam que todos os animais em seu zoo ou

aquário sejam tratados com respeito. Isso inclui como os animais são

retratados e apresentados.

6. Explicar, através de conversas, sinalização e/ou interpretação, como tem

sido feitas melhorias no bem-estar animal em sua organização.

7. Acessar e utilizar o corpo de conhecimento e experiência que baseiam a

avaliação da efetividade da educação ambiental, ao considerar o

desenvolvimento de experiências interativas, para garantir que sejam

obtidos benefícios.

INTRODUÇÃO

Zoos e aquários têm presenciado um rápido crescimento das experiências

interativas nos anos recentes, tirando vantagem de uma afinidade geral

entre humanos e animais para estimular os visitantes a agir para conservar

a vida selvagem. O progresso da simples exibição de animais em zoos e

aquários para observação pelos visitantes, que era comum no passado, às

abordagens atuais, que colocam humanos e animais em contato próximo,

tem ganho força, porque envolve os visitantes mais efetivamente e, dessa

forma, proporciona melhores oportunidades de educá-los sobre os animais

e a conservação da vida selvagem.

Experiências interativas variam entre organizações. Elas podem ser

mínimas, com visitantes tendo acesso a áreas nos bastidores. Há também

situações onde as pessoas são levadas para dentro dos recintos dos animais,

e outras situações onde humanos e animais podem ter contato direto.

Todas as experiências interativas devem ser avaliadas quanto ao seu

impacto no bem-estar dos animais: aplicando avaliação e monitoramento

contínuos do bem-estar; relatando a frequência, duração e horário das

interações; observando se o contato físico real é necessário e, se for, com

quantos visitantes; observando as características dos visitantes; e avaliando

quão consistentemente a experiência interativa é oferecida.

Assim como essas avaliações focadas no animal, os impactos das diferenças

na manutenção e manejo precisam ser cuidadosamente avaliadas,

especialmente se elas diferem para animais usados interativamente em

comparação com outros animais do zoo ou aquário. O possível impacto em

outros membros de um grupo social ou companheiros de recinto também

deve ser avaliado, se membros do grupo são periodicamente removidos para

experiências interativas. Qualquer animal usado em uma experiência

interativa deve ter as mesmas oportunidades de efeitos positivos no bem-

estar que outros animais mantidos no zoo ou aquário, que não estejam

envolvidos.

Quando possível, zoos e aquários também devem explicar os processos de

bem-estar e manejo aos visitantes, para construir a compreensão e respeito

pelos animais e o mundo natural (veja estudo de caso 9.1). Isso pode ser feito

através de palestras, um protocolo de bem-estar, sinalização e/ou

programas de educação ambiental.

O uso crescente de experiências interativas em zoos e aquários tem sido

instruído amplamente pela perspectiva de que a proximidade entre

humanos e animais, e quando possível, o 'contato real', pode aumentar a

probabilidade, âmbito e impacto da educação ambiental e o compromisso

com ações de conservação. Contudo, pesquisas nessa linha ainda não

produziram resultados definitivos.

Ainda assim, com mais zoos e aquários adotando intuitivamente o atrativo

princípio de 'conectar, compreender, agir', haverá oportunidades crescentes

para avaliar rigorosamente os efeitos de diferentes abordagens com respeito

a educação ambiental, e também para considerar cuidadosamente o bem-

estar dos animais nesses programas. Importante, há evidências de que

alguns animais acham algumas experiências interativas desagradáveis ou

estressantes. Mais pesquisas são necessárias para avaliar diretamente os

impactos de tais experiências, e é de responsabilidade dos zoos e aquários

que oferecem essas interações assegurar que esse trabalho seja

empreendido.

73

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

Organizações que utilizam animais em qualquer interação ou apresentação

devem sempre avaliar o impacto e os riscos de tais experiências nos estados

de bem-estar dos animais individualmente, e monitorar cuidadosamente os

impactos no bem-estar. A consideração do bem-estar do animal deve

sempre se manter uma prioridade.

Muitos zoos e aquários, e a Associação Europeia de Zoos e Aquários

(EAZA), desenvolveram diretrizes para o uso de animais em demonstrações

interativas ou públicas. Esses são guias úteis para zoos e aquários

individuais que estejam considerando ou realizando experiências interativas

ou apresentações.

ZOOS VICTORIA, AUSTRALIA

Tigres

QUE IMPACTO TEM OS VISITANTES E AS INTERAÇÕES COM

VISITANTES NO BEM-ESTAR?

A natureza das experiências interativas varia amplamente, assim como os

taxa envolvidos. Nosso conhecimento de seus impactos nos animais ainda é

muito limitado (veja estudo de caso 9.2). Até hoje, a pesquisa tem enfatizado

primatas e carnívoros, e tem sido mais focada nos efeitos da presença

humana do que nos eventos interativos. Algumas pesquisas indicam que a

chegada diária de visitantes pode ser perturbadora e pode ser uma fonte de

angústia para os animais. Isso pode se manifestar como aumento nos

comportamentos relacionados a ansiedade e agressão intra-grupo, e

diminuição nos comportamentos sociais em relação a outros membros do

grupo. Ainda, os animais podem exibir comportamentos de ameaça em

relação aos visitantes e ter níveis de corticosteroides elevados nas fezes,

urina ou saliva, sugerindo que possam estar estressados.

Alternativamente, outros animais podem não mostrar sinais óbvios de

estresse quando expostos a visitantes. É provável que as respostas

individuais irão variar em razão das experiências passadas e diferenças no

design da exibição, enriquecimento ambiental e relacionamento com os

tratadores. Da mesma forma, algumas espécies não mostram sinais

externos de estresse, ou podem ter respostas comportamentais de estresse

que podem ser comumente mal interpretadas pelo homem. De forma a

minimizar a angústia, providências devem ser tomadas para que os animais

possam se esconder da visão do público. Alternativamente, alguns tipos de

barreira física ou psicológica, como proteções nos visores ou barreiras

sólidas com pequenas janelas de visualização, devem ser proporcionadas.

Muitos zoos e aquários usam animais domésticos como ovelhas, cabras e

porcos para experiências interativas, sem efeitos negativos na maior parte

desses animais. Entretanto, alguns animais em 'petting zoos' ou jardins de

contato podem apresentar comportamentos indesejáveis para com os

visitantes, um problema resolvido simplesmente retirando esses animais.

Como os animais em 'recintos tradicionais', animais em 'áreas de contato'

devem ser capazes de se retirar (esconder) do contato humano, mas ainda

ter acesso a comida, água e áreas para descanso e conforto térmico.

Em situações onde os visitantes podem entrar nos recintos, por exemplo,

envolvendo relocação de animais dentro do zoo ou aquário, apresentações

de aves, apresentações interativas com grandes felinos e alimentação de

animais pelos visitantes, não está claro se o impacto no bem-estar é bom,

neutro ou ruim. Dada essa incerteza, é importante que os zoos e aquários

monitorem cuidadosamente esses eventos, e retirem os animais se houver

indicações de que o bem-estar esteja sendo comprometido. Além disso, os

animais devem ser selecionados cuidadosamente quanto a sua

adequabilidade para tais eventos, com base em sua história natural e

características individuais, de acordo com a avaliação de membros

experientes da equipe que estejam familiarizados com cada animal..

Se interações com animais acontecem, elas devem ser feitas em ambientes

onde o animal esteja livre para deixar a interação quando quiser. Um

tratador de animais experiente, que tenha uma clara compreensão das

necessidades individuais do animal deve realizar todas as interações, e,

como com todos os encontros próximos, tanto em público quanto nos

bastidores, o treinamento com reforço positivo deve ser usado, para criar

um ambiente positivo e estimulante.

O contato próximo entre visitantes e animais em zoos e aquários também

podem acarretar riscos de saúde para ambos, incluindo doenças infecciosas.

Reduzir esse risco, com estações para higiene das mãos e uma área de

transição entre as áreas com e sem animais, é vital. Os riscos de lesões

também devem ser adequadamente gerenciados. É essencial que normas

específicas de saúde e segurança sejam desenvolvidas e aplicadas.

Estudo de caso 9.1:

Estereotipias e a experiência do visitante

Evidências recentes sugerem que os visitantes estão interessados

em ver animais que estejam envolvidos em comportamentos

apropriados à espécie. Especificamente, visitantes, aos quais foi

mostrado um vídeo de cinco segundos de um tigre (Panthera tigris)

apresentando 'pacing', relataram pensar que o animal recebia

menor nível de cuidados do que aqueles que assistiram um vídeo,

com a mesma duração, de um tigre descansando. Além do mais, os

visitantes que assistiram o vídeo do tigre com 'pacing' tinham menor

probabilidade de apoiar zoos e aquários através de visitação ou

doações. Dada a importância do bem-estar animal e de estimular os

visitantes a apoiar ações de conservação, é importante que zoos e

aquários se empenhem em eliminar ou reduzir esses

comportamentos. Além de melhorar o bem-estar animal, isso

garante que os visitantes tenham uma experiência positiva, que

pode então ser traduzida em comportamentos pró-conservação.

74 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

ENVOLVIMENTO E INTERAÇÕES COM VISITANTES

HOUSTON ZOO, TX, USA

Gorila da planície ocidental

MONITORANDO OS IMPACTOS DE EXPERIÊNCIAS INTERATIVAS

É reconhecido que zoos e aquários devem basear suas decisões sobre se

devem oferecer experiências interativas em evidências sobre os animais

individualmente, e na necessidade de proporcionar condições que

estimulem estados de bem-estar positivos.

Há uma diferença entre experiências interativas dos animais com o público

e com a equipe de manejo. A primeira deve sempre ser cuidadosamente

avaliada (veja abaixo), enquanto a última, se conduzida apropriadamente,

pode ser parte de um programa de treinamento estimulante e positivamente

reforçado, que contribui para o bem-estar positivo. Os dois tipos de

interação devem ser examinados separadamente ao considerar a

justificativa para tais atividades.

Devido aos riscos envolvidos e à escassez de pesquisas nessa área, é

recomendado que um comitê de ética e bem-estar animal, ou entidade

equivalente, avalie se as experiências interativas são apropriadas. Em

algumas regiões, há uma obrigação legal de que organizações estabeleçam

esses comitês, cujos membros podem incluir profissionais qualificados,

membros da comunidade e representantes de outras organizações não-

governamentais de conservação e bem-estar animal.

Monitorar todas as experiências interativas é essencial para aumentar nossa

compreensão de seus impactos e assegurar altos níveis de bem-estar

animal. Isso exige uma boa compreensão da ciência do bem-estar animal.

Assim, é fortemente recomendado que o monitoramento contínuo dos

animais seja acompanhado de treinamento da equipe, em todos os níveis da

organização.

Quando as práticas para manejar alguns animais nos zoos e aquários se

desviam daquelas aplicadas a outros animais, elas devem ser

cuidadosamente monitoradas, para esclarecer qualquer impacto adverso de

longo termo no comportamento e bem-estar. Por exemplo, está bem

estabelecido que o 'imprint' humano pode afetar adversamente os animais.

Dessa forma, espécies propensas a sofrer 'imprint' não devem ser criadas

manualmente com o propósito de participarem em experiências interativas.

Finalmente, experiências interativas devem ser adaptadas à história natural

e repertório comportamental do animal; não devem exigir grande esforço

dos membros da equipe do zoo ou aquário em estimular o animal a

participar; devem representar para os visitantes nosso respeito pelo animal;

e devem ter primordialmente mensagens de conservação, consistentes com

os propósitos dos zoos e aquários modernos.

CONCLUSÃO

Muitos zoos e aquários utilizam experiências interativas para apoiar várias

metas de conservação, pesquisa e educação. Assegurar que essas

experiências interativas sejam oferecidas de maneira que priorize o bom

nível de bem-estar exige a adoção de práticas de manejo animal baseadas

em evidências, e devem ser instruídas por pesquisa sistemática e objetiva

em bem-estar animal.

Experiências interativas devem ser não-invasivas, seguras e não

estressantes para os animais. O monitoramento de todos os animais

envolvidos em interações deve ser contínuo e ter supervisão profissional. Os

riscos para o bem-estar animal devem ser minimizados, considerando

cuidadosamente se as experiências interativas são apropriadas, e se forem,

satisfazendo as necessidades particulares do animal.

Estudo de caso 9.2:

Influência do visitante nos gorilas

Provavelmente a mais promissora forma de interpretar como os

visitantes afetam os animais é comparar as respostas de indivíduos

diferentes da mesma espécie, sob um gama de diferentes condições de

alojamento e manejo. Gorilas (Gorilla gorilla), por exemplo, tem sido

estudados atualmente em vários zoos. Em seis desses zoos os gorilas

mostraram o que parecia ser uma resposta negativa (p.ex. mais

agressão, comportamentos indesejáveis ou varredura visual), enquanto

em dois zoos eles mostraram uma resposta ligeiramente positiva

(menos comportamentos indesejáveis ou buscando proximidade dos

visitantes), e naqueles restantes, não mostraram efeito aparente. Como

podemos interpretar isso? É provável que diferenças no alojamento,

manejo, experiências prévias e personalidade do animal sejam

importantes. E o que pode ser feito sobre a influência do visitante?

Barreiras visuais no Zoo de Belfast, por exemplo, levaram a menor

agressão e estereotipias nos gorilas. Em um zoo houve menos

agressividade e menos interação com os visitantes quando os membros

da equipe passavam mais tempo com eles, mas em outro eles

mostraram mais agressividade. Diferenças individuais em gorilas, e em

muitas outras espécies, são provavelmente importantes na

compreensão desses padrões de influência do visitante.

75

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

Zebra de Grant

CHECKLIST

Sua experiência interativa foi avaliada como adequada para a

espécie a ser usada? Que critérios foram usados para essa

avaliação?

Você tem um processo em uso para avaliar novas experiências

interativas antes de sua implementação, para garantir que os

padrões de bem-estar sejam atendidos?

O processo de avaliação é baseado em conhecimento espécie-

específico e pesquisa atualizada?

Todas as questões de segurança e saúde foram consideradas,

incluindo a possibilidade de doenças zoonóticas e de

transmissão pelo ar (p.e. em primatas)?

Há um processo de análise contínuo para assegurar que não

surjam, ao longo do tempo, questões de bem-estar para os

animais sendo usados?

A saúde dos animais usados é monitorada regularmente?

Os membros da sua equipe são habilitados para detectar

mudanças na saúde e conduta dos animais sendo usados?

O que aconteceria aos animais se eles fossem retirados das

experiências interativas? Você poderia continuar a oferecer

cuidado de qualidade para eles?

Suas apresentações ou experiências envolvendo animais tem

mensagens de conservação, contém informação educativa e

baseada em ciência, e demonstra respeito pelos animais?

NOTAS:

76 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

A PÊ N D ICE | B i b l i og r a f i a

BIBLIOGRAFIA

Appleby, M. C., Mench, J. A., Olsson, I. A. S. & Hughes, B. O. (eds) (2011)

Animal Welfare, 2nd ed. Wallingford: CAB International.

Barber, J. C. E. (2009)

Programmatic approaches to assessing and improving animal welfare in zoos

and aquariums. Zoo Biology 28: 519–530.

Barongi, R., Fisken, F. A., Parker, M. & Gusset, M. (eds) (2015)

Committing to Conservation: The World Zoo and Aquarium Conservation

Strategy. Gland: WAZA.

Bassett, L. & Buchanan-Smith, H. M. (2007)

Effects of predictability on the welfare of captive animals. Applied Animal

Behaviour Science 102: 223–245.

Beausoleil, N. J. (2014)

Balancing the need for conservation and the welfare of individual animals. In:

Dilemmas in Animal Welfare (ed. by Appleby, M. C., Weary, D. M. & Sandøe, P.),

pp. 124–147. Wallingford: CAB International.

Berger, A. (2011)

Activity patterns, chronobiology and the assessment of stress and welfare in zoo and

wild animals. International Zoo Yearbook 45: 80–90.

Bradshaw, E. L. & Bateson, P. (2000)

Animal welfare and wildlife conservation. In: Behaviour and Conservation

(ed. by Gosling, L. M. & Sutherland, W. J.), pp. 330–348. Cambridge: Cambridge

University Press.

Carlstead, K. (2009)

A comparative approach to the study of keeper–animal relationships in the zoo.

Zoo Biology 28: 589–608.

Carlestead, K. & Shepherdson, D. (2000)

Alleviating stress in zoo animals with environmental enrichment. In: The Biology of

Animal Stress: Basic Principles and Implications for Animal Welfare (ed. by Moberg, G.

P. & Mench, J. A.), pp. 337–354. Wallingford: CAB International.

Carlstead, K., Mench, J. A., Meehan, C. & Brown, J. L. (2013)

An epidemiological approach to welfare research in zoos: the elephant

welfare project. Journal of Applied Animal Welfare Science 16: 319–337.

Claxton, A. M. (2011)

The potential of the human–animal relationship as an environmental enrichment

for the welfare of zoo-housed animals. Applied Animal Behaviour Science 133: 1–10.

Clubb, R. & Mason, G. (2003)

Captivity effects on wide-ranging carnivores. Nature 425: 473–474.

Clubb, R. & Mason, G. (2004)

Pacing polar bears and stoical sheep: testing ecological and evolutionary hypotheses

about animal welfare. Animal Welfare 13: S33–S40.

Clubb, R. & Mason, G. J. (2007)

Natural behavioural biology as a risk factor in carnivore welfare: how analysing

species differences could help zoos improve enclosures. Applied Animal Behaviour

Science 102: 303–328.

Coe, J. C. (2003)

Steering the ark toward Eden: design for animal well-being. Journal of the American

Veterinary Medical Association 223: 977–980.

Conservation and Animal Welfare Science Workshop (2010)

Conservation and animal welfare: consensus statement and guiding principles.

Animal Welfare 19: 191–192.

Davey, G. (2007)

Visitors’ effects on the welfare of animals in the zoo: a review. Journal of Applied

Animal Welfare Science 10: 169–183.

Dawkins, M. S. (2006)

Through animal eyes: what behaviour tells us. Applied Animal Behaviour Science

100: 4–10.

Dawkins, M. S. (2006)

A user’s guide toanimal welfare science. Trends in Ecology and Evolution 21: 77–82.

Dawkins, M. S. (2008)

The science of animal suffering. Ethology 114: 937–945.

Dawkins, M. S. (2012)

Why Animals Matter: Animal Consciousness, Animal Welfare, and Human

Well-being. Oxford: Oxford University Press.

Dawkins, M. (2015)

Animal welfare and the paradox of animal consciousness. Advances in the Study

of Behavior 47: 5–38.

De Azevedo, C. S., Cipreste, C. F. & Young, R. J. (2007)

Environmental enrichment: a GAP analysis. Applied Animal Behaviour Science

102: 329–343.

Fa, J. E., Funk, S. M. & O’Connell, D. (2011)

Zoo Conservation Biology. Cambridge: Cambridge University Press.

Fàbregas, M. C., Guillén-Salazar, F. & Garcés-Narro, C. (2012)

Do naturalistic enclosures provide suitable environments for zoo animals?

Zoo Biology 31: 362–373.

77

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

Farrand, A., Hosey, G. & Buchanan-Smith, H. M. (2014)

The visitor effect in petting zoo-housed animals: aversive or enriching?

Applied Animal Behaviour Science 151: 117–127.

Fernandez, E. J., Tamborski, M. A., Pickens, S. R. & Timberlake, W. (2009)

Animal–visitor interactions in the modern zoo: conflicts and interventions.

Applied Animal Behaviour Science 120: 1–8.

Föllmi, J., Steiger, A., Walzer, C., Robert, N., Geissbühler, U., Doherr, M. G.

& Wenker, C. (2007)

A scoring system to evaluate physical condition and quality of life in geriatric

zoo mammals. Animal Welfare 16: 309–318.

Fraser, D. (2008)

Understanding Animal Welfare: The Science in its Cultural Context. Oxford:

Wiley-Blackwell.

Fraser, D. (2009)

Assessing animal welfare: different philosophies, different scientific approaches.

Zoo Biology 28: 507–518.

Fraser, D. (2010)

Toward a synthesis of conservation and animal welfare science.

Animal Welfare 19: 121–124.

Fraser, D., Duncan, I. J. H., Edwards, S. A., Grandin, T., Gregory, N. G.,

Guyonnet, V., Hemsworth, P. H., Huertas, S. M., Huzzey, J. M., Mellor, D. J.,

Mench, J. A., Spinka, M. & Whay, H. R. (2013)

General principles for the welfare of animals in production systems: the underlying

science and its application. The Veterinary Journal 198: 19–27.

Goulart, V. D., Azevedo, P. G., Van de Schepop, J. A., Teixeira, C. P., Barçante,

L., Azevedo, C. S. & Young, R. J. (2009)

GAPs in the study of zoo and wild animal welfare. Zoo Biology 28: 561–573.

Green, T. C. & Mellor, D. J. (2011)

Extending ideas about animal welfare assessment to include ‘quality of life’

and related concepts. New Zealand Veterinary Journal 59: 263–271.

Gusset, M. & Dick, G. (eds) (2015)

WAZA Magazine 16: Towards Positive Animal Welfare. Gland: WAZA.

Harrington, L. A., Moehrenschlager, A., Gelling, M., Atkinson, R. P. D.,

Hughes, J. & Macdonald, D. W. (2013)

Conflicting and complementary ethics of animal welfare considerations

in reintroductions. Conservation Biology 27: 486–500.

Hemsworth, P. H., Mellor, D. J., Cronin, G. M. & Tilbrook, A. J. (2015)

Scientific assessment of animal welfare. New Zealand Veterinary Journal 63: 24–30.

Hill, S. P. & Broom, D. M. (2009)

Measuring zoo animal welfare: theory and practice. Zoo Biology 28: 531–544.

Hofer, H. & East, M. L. (2012)

Stress and immunosuppression as factors in the decline and extinction of wildlife

populations: concepts, evidence and challenges. In: New Directions in Conservation

Medicine: Applied Cases of Ecological Health (ed. by Aguirre, A. A., Ostfeld, R. S. &

Daszak, P.), pp. 82–107. New York, NY: Oxford University Press.

Hosey, G. R. (2000)

Zoo animals and their human audiences: what is the visitor effect?

Animal Welfare 9: 343–357.

Hosey, G. (2008)

A preliminary model of human–animal relationships in the zoo.

Applied Animal Behaviour Science 109: 105–127.

Hosey, G. (2013)

Hediger revisited: how do zoo animals see us? Journal of Applied Animal Welfare

Science 16: 338–359.

Hosey, G. & Melfi, V. (2012)

Human–animal bonds between zoo professionals and the animals in their care.

Zoo Biology 31: 13–26.

Hosey, G. & Melfi, V. (2014)

Human–animal interactions, relationships and bonds: a review and analysis of the

literature. International Journal of Comparative Psychology 27: 117–142.

Hosey, G. & Melfi, V. (2015)

Are we ignoring neutral and negative human–animal relationships in zoos?

Zoo Biology 34: 1–8.

Hosey, G., Melfi, V. & Pankhurst, S. (2013)

Zoo Animals: Behaviour, Management, and Welfare, 2nd ed. Oxford:

Oxford University Press.

Hoy, J. M., Murray, P. J. & Tribe, A. (2010)

Thirty years later: enrichment practices for captive mammals.

Zoo Biology 29: 303–316.

Hutchins, M., Smith, B. & Allard, R. (2003)

In defense of zoos and aquariums: the ethical basis for keeping wild animals in

captivity. Journal of the American Veterinary Medical Association 223: 958–966.

Irwin, M. D., Stoner, J. B. & Cobaugh, A. M. (eds) (2013)

Zookeeping: An Introduction to the Science and Technology. Chicago, IL: University

of Chicago Press.

78 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

A PÊ N D ICE | B i b l i og r a f i a

IUCN Species Survival Commission (2013)

Guidelines for Reintroductions and Other Conservation Translocations.

Version 1.0. Gland: IUCN Species Survival Commission.

IUCN Species Survival Commission (2014)

Guidelines on the Use of Ex Situ Management for Species Conservation.

Version 2.0. Gland: IUCN Species Survival Commission.

IUDZG/CBSG (1993)

The World Zoo Conservation Strategy: The Role of the Zoos and Aquaria

of the World in Global Conservation. Chicago, IL: Chicago Zoological Society.

Jordan, B. (2005)

Science-based assessment of animal welfare: wild and captive animals. OIE

Scientific and Technical Review 24: 515–528.

Kagan, R., Carter, S. & Allard, S. (2015)

A universal framework for exotic animal welfare. Journal of Applied Animal

Welfare Science 18: in press.

Kelling, A. S. & Gaalema, D. E. (2011)

Postoccupancy evaluations in zoological settings. Zoo Biology 30: 597–610.

Kelling, N. J., Gaalema, D. E. & Kelling, A. S. (2014)

A modified operational sequence methodology for zoo exhibit design and renovation:

conceptualizing animas, staff, and visitors as interdependent coworkers. Zoo Biology

33: 336–348.

Kirkwood, J. K. (2003)

Welfare, husbandry and veterinary care of wild animals in captivity: changes in

attitudes, progress in knowledge and techniques. International Zoo Yearbook 38:

124–130.

Kirkwood, J. K. (2013)

Wildlife medicine, conservation and welfare. In: Veterinary & Animal Ethics:

Proceedings of the First International Conference on Veterinary and Animal

Ethics, September 2011 (ed. by Wathes, C. M., Corr, S. A., May, S. A., McCulloch, S.

P. & Whiting, M. C.), pp. 135–154. Oxford: Blackwell Publishing.

Kleiman, D. G., Thompson, K. V. & Kirk Baer, C. (eds) (2010)

Wild Mammals in Captivity: Principles and Techniques for Zoo Management, 2nd

ed. Chicago, IL: University of Chicago Press.

Koene, P. (2013)

Behavioral ecology of captive species: using behavioral adaptations to assess and

enhance welfare of nonhuman zoo animals. Journal of Applied Animal Welfare

Science 16: 360–380.

Kuhar, C. W. (2006)

In the deep end: pooling data and other statistical challenges of zoo and

aquarium research. Zoo Biology 25: 339–352.

Laule, G. E. (2003)

Positive reinforcement training and environmental enrichment: enhancing animal

well-being. Journal of the American Veterinary Medical Association 223: 969–973.

Lewandowski, A. H. (2003)

Surplus animals: the price of success. Journal of the American Veterinary

Medical Association 223: 981–983.

Linklater, W. L. & Gedir, J. V. (2011)

Distress unites animal conservation and welfare towards synthesis and

collaboration. Animal Conservation 14: 25–27.

Macdonald, A. A. & Hofer H. (2011)

Research in zoos. International Zoo Yearbook 45: 1–6.

Manteca Vilanova, X. (2015)

Zoo Animal Welfare: Concepts and Indicators. Barcelona: Multimédica Ediciones

Veterinarias.

Maple, T. L. (2003)

Strategic collection planning and individual animal welfare. Journal of the

American Veterinary Medical Association 223: 966–969.

Maple, T. L. (2007)

Toward a science of welfare for animals in the zoo. Journal of Applied Animal

Welfare Science 10: 63–70.

Maple, T. L. (2008)

Empirical zoo: opportunities and challenges to a scientific zoo biology.

Zoo Biology 27: 431–435.

Maple, T. L. (2014)

Elevating the priority of zoo animal welfare: the chief executive as an agent

of reform. Zoo Biology 33: 1–7.

Maple, T. L. & Bocian, D. (2013)

Wellness as welfare. Zoo Biology 32: 363–365.

Maple, T. L. & Perdue, B. M. (2013)

Zoo Animal Welfare. Berlin: Springer-Verlag.

Maple, T. L. & Segura, V. D. (2015)

Advancing behavior analysis in zoos and aquariums. The Behavior

Analyst 38: 77–91.

79

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

Mason, G. J. (2010)

Species differences in responses to captivity: stress, welfare and the

comparative method. Trends in Ecology and Evolution 25: 713–721.

Mason, G. J. & Latham, N. R. (2004)

Can’t stop, won’t stop: is stereotypy a reliable animal welfare indicator?

Animal Welfare 13: S57–S69.

Mason, G. & Rushen, J. (eds) (2006)

Stereotypic Animal Behaviour: Fundamentals and Applications to Welfare, 2nd ed.

Wallingford: CAB International.

Mason, G., Clubb, R., Latham, N. & Vickery, S. (2007)

Why and how should we use environmental enrichment to tackle stereotypic

behaviour? Applied Animal Behaviour Science 102: 163–188.

Mason, G., Burn, C. C., Dallaire, J. A., Kroshko, J., McDonald Kinkaid, H. &

Jeschke, J. M. (2013)

Plastic animals in cages: behavioural flexibility and responses to captivity.

Animal Behaviour 85: 1113–1126.

McLaren, G., Bonacic, C. & Rowan, A. (2007)

Animal welfare and conservation: measuring stress in the wild. In: Key Topics

in Conservation Biology (ed. by Macdonald, D. W. & Service, K.), pp. 120–133.

Malden, MA: Blackwell Publishing.

Meehan, C. L. & Mench, J. A. (2007)

The challenge of challenge: can problem solving opportunities enhance

animal welfare? Applied Animal Behaviour Science 102: 246–261.

Melfi, V. A. (2009)

There are big gaps in our knowledge, and thus approach, to zoo animal welfare:

a case for evidence-based zoo animal management. Zoo Biology 28: 574–588.

Melfi, V. (2013)

Is training zoo animals enriching? Applied Animal Behaviour Science 147: 299–305.

Melfi, V. & Hosey, G. (2011)

Capacity building for better animal welfare. International Zoo Yearbook 45: 274–281.

Melfi, V. A., McCormick, W. & Gibbs, A. (2004)

A preliminary assessment of how zoo visitors evaluate animal welfare according to

enclosure style and the expression of behavior. Anthrozoös 17: 98–108.

Mellen, J. & MacPhee, M. S. (2001)

Philosophy of environmental enrichment: past, present, and future. Zoo Biology 20:

211–226.

Mellor, D. J. (2015)

Enhancing animal welfare by creating opportunities for positive affective

engagement. New Zealand Veterinary Journal 63: 3–8.

Mellor, D. J. (2015)

Positive animal welfare states and encouraging environment-focused and animal-

to-animal interactive behaviours. New Zealand Veterinary Journal 63: 9–16.

Mellor, D. J. (2015)

Positive animal welfare states and reference standards for welfare assessment.

New Zealand Veterinary Journal 63: 17–23.

Mellor, D. J. & Webster, J. R. (2014)

Development of animal welfare understanding drives changes in minimum

welfare standards. OIE Scientific and Technical Review 33: 121–130.

Mellor, D. J. & Beausoleil, N. J. (2015)

Extending the ‘Five Domains’ model for animal welfare assessment to incorporate

positive welfare states. Animal Welfare 24: 241–253.

Mellor, D. J., Patterson-Kane, E. & Stafford, K. J. (2009)

The Sciences of Animal Welfare. Oxford: Wiley-Blackwell.

Miller, L. J. (2012)

Visitor reaction to pacing behavior: influence on the perception of animal care

and interest in supporting zoological institutions. Zoo Biology 31: 242–248.

Miller, R. E. & Fowler, M. E. (eds) (2015)

Fowler’s Zoo and Wild Animal Medicine, vol. 8. St. Louis, MO: Saunders.

Morgan, D. R. (2010)

African zoos: partnering a necessary renaissance. International Zoo Yearbook 44: 1–6.

Morgan, K. N. & Tromborg, C. T. (2007)

Sources of stress in captivity. Applied Animal Behaviour Science 102: 262–302.

Müller, D. W. H., Bingaman Lackey, L., Streich, W. J., Fickel, J., Hatt, J.-M.

& Clauss, M. (2011)

Mating system, feeding type and ex situ conservation effort determine life expectancy

in captive ruminants. Proceedings of the Royal Society B 278: 2076–2080.

Nicks, B. & Vandenheede, M. (2014)

Animal health and welfare: equivalent or complementary?

OIE Scientific and Technical Review 33: 97–101

Norton, B. G., Hutchins, M., Stevens, E. F. & Maple, T. L. (eds) (1995)

Ethics on the Ark: Zoos, Animal Welfare, and Wildlife Conservation.

Washington, DC: Smithsonian Institution Press.

A PÊ N D ICE | B i b l i og r a f i a

80 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

Olney, P. J. S., Mace, G. M. & Feistner, A. T. C. (eds) (1994)

Creative Conservation: Interactive Management of Wild and Captive Animals.

London: Chapman & Hall.

Paquet, P. C. & Darimont, C. T. (2010)

Wildlife conservation and animal welfare: two sides of the same coin?

Animal Welfare 19: 177–190.

Penfold, L. M., Powell, D., Traylor-Holzer, K. & Asa, C. S. (2014)

“Use it or lose it”: characterization, implications, and mitigation of female infertility

in captive wildlife. Zoo Biology 33: 20–28.

Penning, M., Reid, G. McG., Koldewey, H., Dick, G., Andrews, B., Arai, K.,

Garratt, P., Gendron, S., Lange, J., Tanner, K., Tonge, S., Van den Sande, P.,

Warmolts, D. & Gibson, C. (eds) (2009)

Turning the Tide: A Global Aquarium Strategy for Conservation and Sustainability.

Berne: WAZA.

Quadros, S., Goulart, V. D. L., Passos, L. Vecci, M. A. M. & Young, R. J. (2014)

Zoo visitor effect on mammal behaviour: does noise matter? Applied Animal

Behaviour Science 156: 78–84.

Rabin, L. A. (2003)

Maintaining behavioural diversity in captivity for conservation: natural

behaviour management. Animal Welfare 12: 85–94.

Reading, R. P., Miller, B. & Shepherdson, D. (2013)

The value of enrichment to reintroduction success. Zoo Biology 32: 332–341.

Rees, P. A. (2011)

An Introduction to Zoo Biology and Management. Oxford: Wiley-Blackwell.

Rose, P. E. & Croft, D. P. (2015)

The potential of Social Network Analysis as a tool for the management

of zoo animals. Animal Welfare 24: 123–138.

Ross, S. R., Schapiro, S. J., Hau, J. & Lukas, K. E. (2009)

Space use as an indicator of enclosure appropriateness: a novel measure

of captive animal welfare. Applied Animal Behaviour Science 121: 42–50.

Schwarzenberger, F. (2007)

The many uses of non-invasive faecal steroid monitoring in zoo and wildlife

species. International Zoo Yearbook 41: 52–74.

Shepherdson, D. J. (2003)

Environmental enrichment: past, present and future. International Zoo

Yearbook 38: 118–124.

Shepherdson, D. J., Mellen, J. D. & Hutchins, M. (eds) (1998)

Second Nature: Environmental Enrichment for Captive Animals. Washington, DC:

Smithsonian Institution Press.

Shepherdson, D. J., Carlstead, K. C. & Wielebnowski, N. (2004)

Cross-institutional assessment of stress responses in zoo animals using longitudinal

monitoring of faecal corticoids and behaviour. Animal Welfare 13: S105–S113.

Shyne, A. (2006)

Meta-analytic review of the effects of enrichment on stereotypic behavior in zoo

mammals. Zoo Biology 25: 317–337.

Siegford, J. M. (2013)

Multidisciplinary approaches and assessment techniques to better understand and

enhance zoo nonhuman animal welfare. Journal of Applied Animal Welfare

Science 16: 300–318.

Smith, K. N., Shaw, J. H., Bettinger, T., Caniglia, B. & Carter, T. (2007)

Conservation partnerships between zoos and aquariums, federal and state

agencies, and nongovernmental organizations. Zoo Biology 26: 471–486.

Swaisgood, R. R. (2007)

Current status and future directions of applied behavioral research for animal

welfare and conservation. Applied Animal Behaviour Science 102: 139–162.

Swaisgood, R. R. & Shepherdson, D. J. (2005)

Scientific approaches to enrichment and stereotypies in zoo animals: what’s been

done and where should we go next? Zoo Biology 24: 499–518.

Tarou, L. R. & Bashaw, M. J. (2007)

Maximizing the effectiveness of environmental enrichment: suggestions from the

experimental analysis of behaviour. Applied Animal Behaviour Science 102: 189–204.

Tetley, C. L. & O’Hara, S. J. (2012)

Ratings ofanimalpersonality asatool for improving the breeding, management and

welfare of zoo mammals. Animal Welfare 21: 463–476.

Walker, M., Díez-León, M. & Mason, G. (2014)

Animal welfare science: recent publication trends and future research priorities.

International Journal of Comparative Psychology 27: 80–100.

Ward, S. J. & Melfi, V. (2013)

The implications of husbandry training on zoo animal response rates.

Applied Animal Behaviour Science 147: 179–185.

Watters, J. V. (2009)

Toward a predictive theory for environmental enrichment. Zoo Biology 28: 609–622.

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

ment.

an crested toad

81

Watters, J. V. (2014)

Searching for behavioral indicators of welfare in zoos: uncovering anticipatory

behavior. Zoo Biology 33: 251–256.

Watters, J. V., Margulis, S. W. & Atsalis, S. (2009)

Behavioral monitoring in zoos and aquariums: a tool for guiding husbandry

and directing research. Zoo Biology 28: 35–48.

WAZA (2003)

WAZA Code of Ethics and Animal Welfare. Berne: WAZA.

WAZA (2005)

Building a Future for Wildlife: The World Zoo and Aquarium Conservation

Strategy. Berne: WAZA.

Wells, D. L. (2009)

Sensory stimulation as environmental enrichment for captive animals: a review.

Applied Animal Behaviour Science 118: 1–11.

Wemelsfelder, F. & Mullan, S. (2014)

Applying ethological and health indicators to practical animal welfare assess

OIE Scientific and Technical Review 33: 111–120.

Whitham, J. C. & Wielebnowski, N. (2009)

Animal-based welfare monitoring: using keeper ratings as an assessment tool.

Zoo Biology 28: 545–560.

Whitham, J. C. & Wielebnowski, N. (2013)

New directions for zoo animal welfare science. Applied Animal Behaviour

Science 147: 247–260.

Wielebnowski, N. (2003)

Stress and distress: evaluating their impact for the well-being of zoo animals.

Journal of the American Veterinary Medical Association 223: 973–977.

Yeates, J. W. & Main, D. C. J. (2008)

Assessment of positive welfare: a review. The Veterinary Journal 175: 293–300.

Young, R. J. (2003)

Environmental Enrichment for Captive Animals. Oxford: Blackwell Publishing.

Young, R. J. & Cipreste, C. F. (2004)

Applying animal learning theory: training captive animals to comply with

veterinary and husbandry procedures. Animal Welfare 13: 225–232.

Zimmermann, A., Hatchwell, M., Dickie, L. & West, C. (eds) (2007)

Zoos in the 21st Century: Catalysts for Conservation? Cambridge: Cambridge

University Press.

Puerto Ric

APÊNDICE | Acrônimos e Websites | Glossário de Termos

82 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

ACRÔNIMOS E WEBSIT E S GLOSSÁRIO DE TERMOS

AZA

Association of Zoos and Aquariums

CPM

WAZA Committee for Population Management

EAZA

European Association of Zoos and Aquaria

GSMP

Global Species Management Plan

ISIS

International Species Information System

IUCN

International Union for Conservation of Nature

OIE

World Organisation for Animal Health

WAZA

World Association of Zoos and Aquariums

ZAA

Zoo and Aquarium Association Australasia

ZIMS

Zoological Information Management System

As definições fornecidas aqui são determinadas pelo contexto desta Estratégia.

Essas definições objetivam proporcionar clareza e confiança sobre os significados

contidos neste documento.

Aceitável

Aceitável em termos de normas internacionais dentro dos

parâmetros do contexto do documento.

Adequado

Suficiente e adequado para o propósito; deve resultar em mais efeitos

positivos que negativos.

Aquário

Instalação fixa permanente, primariamente aberta e administrada para a

visitação pública, com espécies selvagens vivas e outras espécies.

Bem-estar (well-being)

Um estado de harmonia entre o funcionamento físico e psicológico do

animal; sinônimo de um bom estado de bem-estar.

Bem-estar animal

Como um animal lida com as condições em que vive. Um bom estado de bem-

estar (como indicado por evidência científica) resulta em um animal que está

saudável, confortável, bem nutrido, capaz de expressar comportamentos

inatos e não está sofrendo por estados desagradáveis, como dor, medo e

angústia.

Bem-estar na conservação

Assegurar estados positivos de bem-estar ao mesmo tempo que alcança

objetivos de conservação, como atividades de pesquisa em vida selvagem e

programas de criação para soltura na natureza.

Cativeiro (de uma perspectiva zoológica)

Uma situação onde um animal é mantido em um habitat feito pelo

homem e completamente ou parcialmente dependente do cuidado

humano.

Chefe de manejo

Profissional sênior na organização, responsável pelo manejo do dia a dia e

administração.

Competente

A capacidade de realizar tarefas designadas eficientemente.

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

83

Comportamento natural

Os comportamentos individuais, ou o repertório de diferentes

comportamentos, que exibem valor de sobrevivência espécie-específica e

que reflete o nicho ecológico no qual a espécie animal evoluiu.

Comportamento normal

Um comportamento que ocorre em uma frequência, duração e intensidade

dentro dos níveis expressos pelos coespecíficos de vida livre.

Comprometimento do bem-estar

Um estado geral de bem-estar negativo, ou quando um atributo específico

de bem-estar é negativo.

Conservação

Proteger populações de espécies em habitats naturais em longo prazo

(definição da WAZA).

Criação comercial de fauna selvagem

Qualquer instalação comercial ou operação que mantenha espécies

selvagens capturadas na natureza ou criadas em cativeiro para a venda,

seja de animais vivos, mantidos vivos para coleta e venda de produtos

biológicos ou, após a morte ou abate, venda de suas partes.

Cuidado por toda a vida

Cuidado de um animal individual objetivando assegurar uma aceitável

qualidade de vida ao longo de todo o período de vida.

Enriquecimento ambiental

O design e manejo dos ambientes dos animais sob cuidado humano

para promover estados positivos de bem-estar.

Enriquecimento ambiental

The various means by which the behavioural repertoires of animals in

human care can be managed and enhanced to improve well-being. As

várias formas pelas quais o repertório comportamental dos animais sob

cuidado humano pode ser manejado e ampliado, para melhorar o bem-

estar.

Enriquecimento

O ato de enriquecer ou o estado de ser enriquecido.

Eutanásia

A terminação da vida de forma humana, sem dor e livre de angústia,

utilizando um método que produza simultaneamente a perda da consciência e

do funcionamento do sistema nervoso central.

Experiência interativa com a equipe

Uma atividade pré-planejada que permite que apenas membros

qualificados da equipe entrem em contato próximo (geralmente, mas

não limitadas a, interações táteis) com animais selvagens ou espécies

domésticas sob seu cuidado.

Experiência interativa com visitantes

Uma atividade pré-planejada que permite que o público visitante entre

em contato próximo (geralmente, mas não limitado a, interações táteis)

com animais selvagens ou espécies domésticas sob cuidado do zoo ou

aquário.

Justificável

Suportado por argumentação convincente.

Planejamento da coleção

Processo de planejamento estratégico em nível institucional, regional ou

global, para identificar e priorizar taxa adequados para intervenção e

cuidado humano, determinado pelo valor educacional e de conservação, e

uma habilidade para proporcionar cuidado adequado; o planejamento da

coleção prevê o futuro da instituição, e leva em consideração os recursos e

limitações da organização.

Resultados de conservação

Resultados de conservação quantitativos, qualitativos ou demonstráveis

por outros meios, em nível de espécie e/ou habitat, sob cuidado humano

ou na natureza.

Santuário

Uma instalação fixa permanente administrada exclusivamente para o cuidado

individual de animais no local, de longo prazo ou por toda a vida. Um

santuário é uma instalação que oferece cuidado apropriado para animais

resgatados que tenham sofrido abusos, injúrias ou que tenham sido

abandonados.

Senciência

É a capacidade de ter experiências subjetivas e sentir e perceber emoções como

dor e prazer. Ela implica em um nível de consciência e na capacidade de sofrer.

Sofrimento

Estados mentais adversos que afetam negativamente o estado de bem-estar de

um animal, e é associado com experiências como sede extrema, fome, dor,

ansiedade, solidão, depressão e tédio.

Veterinário

Uma pessoa legalmente registrada como veterinário junto aos órgãos de

controle adequados, aceito pelo país onde se localiza a instituição.

Vida selvagem

Uma espécie animal não domesticada (como amplamente conhecido) e que

retém suas características selvagens.

Zoo ou aquário moderno

Zoo ou aquário contemporâneo (como definido neste glossário) que se

empenha em atingir altos padrões de conservação da fauna, bem-estar

animal e educação ambiental.

Zoo

Uma instalação fixa permanente, primariamente aberta e

administrada para a visitação pública, com animais selvagens vivos ou

outras espécies.

84 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

A PÊ N D ICE | Código de Ética e Bem-estar da WAZA

PREÂMBULO

A continuidade da existência de parques zoológicos e aquários depende do

reconhecimento de que nossa profissão é baseada no respeito pela

dignidade dos animais sob nosso cuidado, as pessoas que servimos e outros

membros da comunidade internacional de zoos e aquários. A aceitação da

Estratégia Mundial de Conservação para Zoos e Aquários está implícita no

envolvimento na WAZA.

Embora reconhecendo que cada região pode ter formulado seu próprio

código de ética, e um código de bem-estar animal, a WAZA se esforçará para

desenvolver uma tradição ética que seja forte e que formará a base de um

padrão de conduta para nossa profissão. Os membros lidarão uns com os

outros no mais alto padrão de conduta ética.

Princípios básicos para a orientação de todos os membros da WAZA:

• Auxiliar no alcance da conservação e sobrevivência de espécies deve ser o

objetivo de todos os membros da profissão. Toda ação em relação a um

animal individual (p.ex. eutanásia ou contracepção) deve ser realizada

tendo em mente o mais alto ideal de sobrevivência de espécies, mas o

bem-estar do indivíduo não deve ser comprometido.

• Promover os interesses da conservação da vida selvagem, biodiversidade

e bem-estar animal entre os colegas e para a sociedade em geral.

• Cooperar com a ampla comunidade da conservação, incluindo agências

de vida selvagem, organizações conservacionistas e instituições de

pesquisa, para ajudar a manter a biodiversidade global.

• Cooperar com os governos e outros órgãos apropriados para aperfeiçoar

as normas de bem-estar animal e assegurar o bem-estar de todos os

animais sob nosso cuidado.

• Estimular a pesquisa e difusão de conquistas e resultados em publicações

e fóruns apropriados.

• Lidar de forma justa com os membros na disseminação de informação

profissional e recomendações.

• Promover programas de educação pública e atividades recreativas

culturais de zoos e aquários.

• Trabalhar progressivamente para alcançar todas as diretrizes

estabelecidas pela WAZA.

Em todos os momentos, os membros atuarão de acordo com todas as leis

locais, nacionais e internacionais, e se esforçarão para atingir os mais altos

padrões de operação em todas as áreas, incluindo o seguinte:

1. BEM-ESTAR ANIMAL

Mesmo reconhecendo a variação na cultura e costumes dentro dos quais a

WAZA opera, é incumbência de todos os membros praticar os mais altos

padrões de bem-estar animal e estimular esses padrões em outros. O

treinamento das equipes ao mais alto nível possível representa um método

de atingir esse objetivo..

Membros da WAZA garantirão que todos os animais sob seu cuidado sejam

tratados com o máximo cuidado, e seu bem-estar deve ser sempre

primordial. Práticas de manejo animal adequadas devem estar em prática e

cuidado veterinário sólido disponível. Quando um animal não tem

qualidade de vida razoável, ele deve ser eutanasiado rapidamente e sem

sofrimento.

2. USO DE ANIMAIS DE ZOOS E AQUÁRIOS

Onde animais 'selvagens' são usados em apresentações, essas devem:

• passar uma mensagem sólida de conservação ou ser de outro valor

educacional,

• focar em comportamentos naturais,

• não degradar ou trivializar o animal de nehum modo.

Se houver qualquer indicação de que o bem-estar do animal esteja sendo

comprometido, a apresentação deve ser encerrada.

Quando não estiver sendo usado para apresentações, as áreas de

manutenção devem oferecer espaço suficiente para que o animal expresse

comportamentos naturais, e devem conter itens adequados de

enriquecimento comportamental.

Embora o foco do código seja nos animais 'selvagens' em zoos e aquários, o

bem-estar dos animais domésticos (ovelhas, cabras, cavalos, etc.) em, por

exemplo, 'petting zoos' não deve ser comprometido.

3. PADRÕES DE EXIBIÇÃO

Todas as exibições devem ser de tamanho e volume tais que permitam ao

animal expressar seus comportamentos naturais. Recintos devem conter

material suficiente que permita enriquecimento comportamental e que

permita que o animal expresse comportamentos naturais. Os animais

devem ter áreas nas quais possam se esconder, e instalações separadas

devem estar disponíveis para permitir a separação de animais, quando

necessário (p.ex. tocas para filhotes). Em todos os momentos os animais

devem estar protegidos de condições prejudiciais ao seu bem-estar, e

cumpridas as normas de manejo adequadas.

4. AQUISIÇÃO DE ANIMAIS

Todos os membros devem se empenhar em assegurar que a fonte de

animais seja restrita àqueles nascidos sob cuidado humano, o que pode ser

melhor alcançado com transações diretas de zoo a zoo. Deve ser solicitada

orientação do coordenador de espécie apropriado antes da aquisição de

animais. Isso não exclui a recepção de animais resultado de apreensões ou

resgates. É reconhecido que, de tempos em tempos, há uma necessidade

legítima de obter animais da natureza para programas de reprodução para

conservação, programas de educação ou estudos biológicos básicos. Os

membros devem estar seguros de que tais aquisições não terão um efeito

deletério sobre as populações selvagens.

5. TRANSFERÊNCIA DE ANIMAIS

Os membros devem assegurar que as instituições que receberão os animais

tenham instalações apropriadas para sua manutenção e equipe capacitada,

capaz de manter o mesmo padrão elevado de manejo e bem-estar exigidos

dos membros da WAZA. Todos os animais transferidos devem ser

acompanhados por registros apropriados, com detalhes de saúde, dieta,

estado reprodutivo e genético, e características comportamentais, conforme

divulgados no início das negociações. Esses registros devem permitir que a

instituição recebedora tome as decisões adequadas em relação ao manejo

futuro do animal. Todas as transferências de animais devem estar em

concordância com as normas internacionais e leis aplicáveis à espécie em

particular. Quando apropriado, os animais devem ser acompanhados por

equipe qualificada.

85

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

6. CONTRACEPÇÃO

A contracepção pode ser usada onde houver necessidade, por razões de

manejo de população. Os possíveis efeitos colaterais tanto da contracepção

cirúrgica quanto química, assim como o impacto negativo no

comportamento, devem ser considerados antes que a decisão final de

implementar a contracepção seja tomada.

7. EUTANÁSIA

Quando todas as opções foram avaliadas e a decisão é de que é necessário

eutanasiar um animal, cuidados devem ser tomados para garantir que ela

seja realizada de maneira que assegure uma morte rápida e sem sofrimento.

A eutanásia pode ser controlada por costumes e leis locais, mas deve

sempre ser usada de preferência a manter vivo um animal sob condições

que não lhe ofereçam uma adequada qualidade de vida. Sempre que

possível, o exame pós-morte deve ser realizado, e material biológico deve

ser preservado para pesquisa e conservação genética..

8. MUTILAÇÃO

A mutilação de qualquer animal para fins cosméticos, ou para alterar a

aparência física do animal, não é aceitável. O corte da ponta da asa para fins

de educação ou manejo apenas deve ser realizado quando não seja possível

outra forma de contenção, e a marcação de animais deve sempre ser

realizada sob supervisão profissional, de forma que minimize o sofrimento.

9. PESQUISA UTILIZANDO ANIMAIS DE ZOOS E AQUÁRIOS

Todos os zoos e aquários devem estar ativamente envolvidos em pesquisas

apropriadas e outras atividades científicas relacionadas aos seus animais, e

difundir os resultados aos colegas. Áreas apropriadas de pesquisa incluem

design de exibições, observações, bem-estar, comportamento, práticas de

manejo, nutrição, criação animal, procedimentos veterinários e tecnologia,

técnicas de reprodução assistida, conservação biológica e criopreservação

de ovos e espermatozoides. Cada zoo ou aquário que realiza essas pesquisas

deve ter um comitê de pesquisa adequadamente constituído, e deve ter

todos os procedimentos aprovados por um comitê de ética adequadamente

constituído.

Procedimentos invasivos projetados para auxiliar em pesquisa médica não

devem ser realizados em animais de zoos ou aquários, entretanto, a coleta

oportunista de tecidos durante procedimentos de rotina e a coleta de

material de cadáveres, são, em muitos casos, apropriadas.

O bem-estar individual do animal e a preservação das espécies e da

diversidade biológica devem ser primordiais, e estar em primeiro lugar ao

decidir sobre a adequação de pesquisas a serem realizadas.

11. MORTES DE ANIMAIS SOB CUIDADOS

A menos que haja razão sólida para não fazê-lo, todo animal que morrer

em cativeiro, ou durante um programa de soltura na natureza, deve passar

por exame pós-morte e ter a causa da morte determinada.

12. QUESTÕES DE BEM-ESTAR EXTERNAS

Embora este código de práticas seja elaborado para animais mantidos em

zoos, aquários, parques de vida selvagem, santuários, etc. WAZA abomina

e condena os maus-tratos e a crueldade a qualquer animal e deve ter um

parecer em questões de bem-estar para animais selvagens externos aos

seus membros.

A WAZA EXIGE QUE:

• A coleta de animais ou outros recursos a partir da natureza deve ser

sustentável e em concordância com a legislação nacional e

internacional, e em conformidade com a política da IUCN apropriada.

• Qualquer negociação internacional de animais selvagens e produtos

animais deve estar em conformidade com a CITES e a legislação

nacional dos países envolvidos.

WAZA SE OPÕE A:

• Coleta ilegal e não sustentável de animais e outros recursos naturais a

partir da natureza; por exemplo, para carne de caça, peles, medicina

tradicional, produção de madeira..

• Comércio ilegal de animais selvagens e produtos de animais selvagens.

• Métodos cruéis e não seletivos de coleta de animais da natureza..

• Coleta para estoque ou estoque de animais, em particular aquários,

com a expectativa de alta mortalidade.

• O uso ou suprimento de animais para 'caça enlatada', ou seja, abate de

animais em espaços confinados, ou quando semi-tranquilizados ou

contidos.

• Manutenção ou transporte de animais sob condições inadequadas;

por exemplo, a manutenção de ursos em confinamento para extração

de bile, ursos dançantes, zoos itinerantes ou circos/entretenimento.

A WAZA e seus membros devem fazer todos os esforços a seu alcance para

estimular zoos e aquários abaixo do padrão a melhorar e alcançar padrões

adequados. Se estiver claro que não existem os recursos ou a vontade de se

aprimorar, a WAZA apoiaria o fechamento de tais zoos e aquários.

10. PROGRAMAS DE SOLTURA

Todos os programas de soltura devem ser conduzidos de acordo com as

diretrizes do Grupo de Especialistas em Reintrodução da SSC IUCN.

Nenhum programa de soltura deve ser realizado sem que os animais

tenham passado por exame veterinário, para avaliar sua aptidão para a

soltura, e que seu bem-estar pós soltura seja razoavelmente salvaguardado.

Após a soltura, um programa criterioso de monitoramento seve ser

estabelecido e mantido.

Este documento foi preparado com base no Código de Ética de 1999 e no Código de Bem-estar Animal de 2002. Ele foi adotado na Sessão Administrativa Fechada da 58ª Reunião Anual, ocorrida em 19 de Novembro de 2003 em San Jose, na Costa Rica.

86 ESTRATÉGIA DE BEM-ESTAR ANIMAL | ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE ZOOS E AQUÁRIOS

APÊNDICE | Créditos das fotografias

CRÉDITOS DAS FOTOGRAFIAS

Pages 2-3, Leopard

© Nicole Gusset-Burgener

Page 9, Sea lion

© Smithsonian’s National Zoological Park, DC, USA

Page 13, Attwater’s prairie chicken

© Joel Sartore

Page 14, Caiman

© Peter Riger, Houston Zoo, TX, USA

Page 15, Orangutan hand and human hand

© Perth Zoo, Australia

Pages 16-17, Spotted hyaenas

© Ralf Hausmann

Page 19, Asian elephants

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Page 21, Red panda

© Perth Zoo, Australia

Page 22, Orangutans

© Perth Zoo, Australia

Page 21, Boa constrictor

© amattel

Pages 24-25, Polar bear

© Rick Barongi, Houston, TX, USA

Page 27, Tigers

© Disney’s Animal Kingdom, FL, USA

Page 27, Brown bear

© San Diego Zoo, CA, USA

Page 28, Javan gibbon

© Perth Zoo, Australia

Page 29, South African fur seal

© uShaka Sea World Durban, South Africa

Page 30, Penguin

© Shedd Aquarium, IL, USA

Page 31, Chilean flamingo

© Houston Zoo, TX, USA

Pages 32-33, Komodo dragon

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Page 35, Colobus monkey

© Philadelphia Zoo, PA, USA

Page 36, Fennec fox

© Brookfield Zoo, IL, USA

Pages 38-39, Tropical Experience World Gondwanaland

© Leipzig Zoo, Germany

Page 41, Western lowland gorilla

© Dublin Zoo, Ireland

Page 42, Black-capped squirrel monkeys

© Apenheul Primate Park, The Netherlands

Page 43, Ocelot

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Pages 44-45, Giant pandas

© Gerald Dick, WAZA, Switzerland

Page 47, Bilby joeys

© Perth Zoo, Australia

Page 48, Somali wild ass

© Rick Barongi, Houston, TX, USA

Page 49, Sun bear

© Perth Zoo, Australia

Page 49, Pygmy marmosets

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Page 50, Rusty robber frog

© Bill Konstant

Page 51, North American porcupine

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Pages 52-53, White rhinos

© Rick Barongi, Houston, TX, USA

Page 55, Mongoose lemur

© Rick Barongi, Houston, TX, USA

Page 55, Red wolf

© WildSides.org

Page 57, Atlas beetle larva

© Hannover Zoo, Germany

Pages 58-59, Amur leopard

© Robert Liebecke, Leipzig Zoo, Germany

CUIDANDO DA VIDA SELVAGEM

87

Page 60, Guinea baboon

© Yorkshire Wildlife Park, UK

Page 61, Hippo

© Tiago Nabiço

Pages 64-65, Red-crowned cranes

© Harry-Eggens

Page 67, Asian bear park

© David Jones

Page 68, Kabul Zoo, Afghanistan

© Brendan Whittington-Jones

Page 68, Environmental enrichment

© Kevin Hodge & Tarah Jacobs, Houston Zoo, TX, USA

Page 69, Cassowary

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Pages 70-71, Echidna

© Perth Zoo, Australia

Page 73, Tigers

© Zoos Victoria, Australia

Page 74, Western lowland gorilla

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Page 75, Grant’s zebra

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Page 81, Puerto Rican crested toad

© Mark Beshel, Jacksonville Zoo and Gardens, FL, USA

Page 87, Okapi

© Stephanie Adams, Houston Zoo, TX, USA

Okapi

On nature’s trail.