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CULTURA DOS CITROS ALVES, P.R B. MELO, B. 1 – INTRODUÇÃO De origem asiática, as plantas cítricas foram introduzidas no Brasil pelas primeiras expedições colonizadoras, provavelmente na Bahia. Entretanto aqui, com melhores condições para vegetar e produzir do que nas próprias regiões de origem, as citrinas se expandiram para todo o país. A citricultura brasileira, que detém a liderança mundial, têm se destacado pela promoção do crescimento sócio-econômico, contribuindo com a balança comercial nacional e principalmente, como geradora direta e indireta de empregos na área rural. O estado de Minas Gerais ocupa o quarto lugar no cenário nacional entre os maiores Estados produtores de citros do país e, pelo seu tamanho e variedade agroclimática, possibilita uma citricultura diversificada e, de certo modo, regionalizada, com a produção de ótimas frutas frescas. 2 – CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA Os citros têm origem nas regiões tropicais e subtropicais do Continente Asiático e no Arquipélago Malaio. Famílias: a) a) Meliáceas b) b) Simaruláceas c) c) Rutáceas Espécies: Citrus sinensis Osbek – laranja doce C. deliciosa Tenore – mexirica do Rio C. limonia Osbek – limão cravo

Cultura dos Citros – Alves, P. R. B. e Melo B..pdf

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De origem asiática, as plantas cítricas foram introduzidas no Brasil pelas primeiras expedições colonizadoras, provavelmente na Bahia. Entretanto aqui, com melhores condições para vegetar e produzir do que nas próprias regiões de origem, as citrinas se expandiram para todo o país. A citricultura brasileira, que detém a liderança mundial, têm se destacado pela promoção do crescimento sócio-econômico, contribuindo com a balança comercial nacional e principalmente, como geradora direta e indireta de empregos na área rural.O estado de Minas Gerais ocupa o quarto lugar no cenário nacional entre os maiores Estados produtores de citros do país e, pelo seu tamanho e variedade agroclimática, possibilita uma citricultura diversificada e, de certo modo, regionalizada, com a produção de ótimas frutas frescas.

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  • CULTURA DOS CITROS ALVES, P.R B. MELO, B.

    1 INTRODUO

    De origem asitica, as plantas ctricas foram introduzidas no Brasil pelas primeiras expedies colonizadoras, provavelmente na Bahia. Entretanto aqui, com

    melhores condies para vegetar e produzir do que nas prprias regies de origem, as citrinas se expandiram para todo o pas. A citricultura brasileira, que detm a liderana

    mundial, tm se destacado pela promoo do crescimento scio-econmico, contribuindo com a balana comercial nacional e principalmente, como geradora direta

    e indireta de empregos na rea rural. O estado de Minas Gerais ocupa o quarto lugar no cenrio nacional entre os

    maiores Estados produtores de citros do pas e, pelo seu tamanho e variedade agroclimtica, possibilita uma citricultura diversificada e, de certo modo, regionalizada,

    com a produo de timas frutas frescas.

    2 CLASSIFICAO BOTNICA Os citros tm origem nas regies tropicais e subtropicais do Continente Asitico e

    no Arquiplago Malaio.

    Famlias: a) a) Meliceas

    b) b) Simarulceas c) c) Rutceas

    Espcies:

    Citrus sinensis Osbek laranja doce C. deliciosa Tenore mexirica do Rio C. limonia Osbek limo cravo

  • C. reshui Nortex-tan tangerina Clepatra C. paradisi pomelo C. sunki Nortex Jan tangerina sunki C. reticulada Blanco tangerina pokan, cravo C. medica cidra C. reticulada sinensis tangerina murcot C. fortunella spp. tangerina murcot C. aurantifolia swingle lima cida galego C. mxima toranja C. latifolia Tanaka lima cida tarti C. aurantium laranja azeda Poncirus trifoliata limo azedo C. limon Burn limo siciliano

    3 DESCRIO BOTNICA

    Caule: tronco cilndrico, com ramificao normal. Quando novo apresenta colorao verde e a medida que a planta envelhece esta colorao passa para o marrom. Os

    galhos e os ramos menores suportam a copa. A madeira dura, compacta e de colorao amarelo-claro.

    Razes

    So do tipo pivotante atingindo 60cm na vertical e at 2m na horizontal .

    Folhas

    So persistentes, verde-claro quando novas e passam para o verde mais escuro a medida que envelhecem. Variam de simples a compostas, unifoliatas,

    com limbos inteiros. Sua forma elptica, oval ou lanciolada e, de aspecto corecea.

    Flor So inflorescncias solitrias ou agrupadas definidas ou no, do tipo

    cacho ou sub-tipo corimbo. Apresentam pednculo curto, liso e articulado. So pequenas, hermafroditas e apresentam colorao branca.

    Fruto

    So hesperidium, podendo ser globulosos ou subglobulosos. Dividem-se em pericarpo e sementes.

    4 UTILIZAO

    O fruto consumido na forma in natura, porm, 50 a 55% industrializado para a produo de suco. O caule das plantas podem ser utilizados na forma de lenha.

    Algumas espcies so utilizadas na produo de cido ctrico e tambm na produo de matria-prima para a indstria farmacutica.

    5 VALOR NUTRITIVO composio qumica

    Composio Quantidade em %

    gua 86 a 92%

    Acar 5 a 8%

    Pectina 1 a 2%

    Lipdeos 0,2 a 0,5%

    Minerais 0,5 a 0,9%

    Nitrogenados 0,7 a 0,8%

    leos 0,2 a 0,2%

    Vitaminas, outros

    6 PRINCIPAIS PRODUTORES MUNDIAIS (em %)

    Pases %

    Brasil 21,86

    USS 17,21

  • China 8,51

    Espanha 5,74

    Mxico 4,77

    Itlia 3,71

    Egito 3,09

    Turquia 2,21

    Marrocos 1,57

    Argentina 2,46

    Produo mundial: 53 milhes de

    toneladas

    7 PRINCIPAIS PRODUTORES DE LARANJA (milhes/ton.)

    Brasil 16,1 USA 10,9 China 4,7 Mxico 2,2 Espanha 2,2

    8 PRINCIPAIS PRODUTORES DE TANGERINA (milhes/ton.)

    Japo: 2,3 m t Espanha: 1,2 m t Brasil: 0,46 m t

    9 PRINCIPAIS PRODUTORES DE LIMA CIDA (milhes/ton.) Espanha: 0,73 Itlia: 0,69 Brasil: 0,53

    10 PRINCIPAIS PRODUTORES DE POMELO (milhes/ton.)

    USA: 2,5 Mxico: 0,38 Israel: 0,36 Brasil: 0,24

    11 PRINCIPAIS IMPORTADORES USA Japo CEE Rssia

    12 PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES DO BRASIL (LARANJA)

    Estado rea (h) Produo (t) Rend. (t/h)

    SP 758.200 94.800,00 127,1 BA 58.544 3.798,13 75,4

    MG 54.422 4.382,47 80,5

    RJ 43.999 2.792,55 63,4 PR 11.496 793.571 69

    GO 88.000 1.058.400 98 5.997 523.456 87,2

    Obs.: Tringulo Mineiro e Alto Paranaba 48% da produo de MG, num total de 30.800 h.

    13 PRODUO DE MUDAS

    Atualmente, os rgos controladores da fitossanidade em citros preconizam a

    produo em ambientes protegidos, porm, ainda ocorrem alguns viveiros a cu aberto porm, j sujeitos ao impedimento para comercializao das mudas produzidas.

    1. Borbulheira: depende da finalidade e do tipo da explorao. Geralmente eliminam as expanses indesejveis.

  • 2. Porta enxertos: principais caractersticas:

    Conservar as caractersticas Cavalo e porta enxertos de sementes numa espcie Afinidade e congeneidade.

    3. Porta enxertos mais utilizados

    Limo cravo Tangerina clepatra Tangerina sunki Limo volkamericano (incompatvel com laranja pra) Poncirus trifoliata

    4. Gneros afins com citros

    Clymenia Fortunella Euromocitrus Poncirus Trifoliata Microcitrus

    5. Outros hbridos afins

    Orangelo laranja + pomelo Tangelo tangerina + pomelo Citrange trifoliata + laranja Limequats lima cida + kunkat Citrumelo trifoliata + pomelo Citrangequat citrange + kunkat

    6. Obteno de sementes

    Corte do fruto maduro Retirada das sementes Despolpamento Secagem sombra Armazenamento quando necessrio 7. Sementeiras

    1 kg de sementes = 1.500 sementes

    8. Canteiros

    adubao espaamento semeadura cobertura do canteiro sombreamento aclimatao e transplantio

    9. Viveiros

    preparo do solo irrigao adubaes, mediante anlise do solo espaamento, linha simples: 1 x 0,3 m

    linha dupla: 1 x 0, 5 x 0,3 m controle de plantas daninhas e tratos fitossanitrios.

    10. Enxertia A realizao da enxertia necessita dos seguintes materiais:

    porta enxerto, ferramentas e fitas ou fitilhos. Etapas: desbrota, enxertia geralmente realizada em T invertido,

    amarrio de enxerto, pegamento, desamarrio, corte do porta-enxerto, formao da muda, aclimatao e comercializao.

    11. Cultivares Para laranja (83%)

    11.1 Precoce: Hamlim, Piralima, Baia, Baianinha, sanguinea.

  • 11.2 Semiprecoce: Baro, Westin, Rubi.

    11.3 Tardia: Pera, Valncia, Natal, Lima Tardia, Folha murcha.

    Lima cida e Limo Verdadeiro 11.4 Lima cida Taiti 11.5 Lima cida Galego

    11.6 Siciliano

    11.7 Limo Verdadeiro

    Para Tangerinas 11.8 Precoce: cravo

    11.9 Semi precoce: mexerica Rio 11.10 Tardia: Ponkan, Tangor Murcot

    11.11 Outras: Dancy, Satsuma, King, Cristal, frica do Sul ou Express.

    Para Pomelos: Red Bulsh. (vermelho), Marsh seedless (amarelo), Rubi (vermelho).

    14 - PLANEJAMENTO DO POMAR

    1- Definir o que plantar, levando em conta dois aspectos fundamentais: o econmico e

    o tcnico.

    1.1- Econmico: preveno da evoluo da procura no mercado interno e externo e

    suas respectivas rentabilidades.

    1.2- Tcnico: escolha das espcies e variedades a serem cultivadas bem como o local, observando sempre as circunstncias adversas, como as condies climticas.

    2- Drenagem atmosfrica: so prejuzos devido s baixas temperaturas em conjunto

    aos movimentos do ar que so verificados em noites calmas e de cu limpo, o que resulta na substituio das camadas de ar em contato com o solo por outras camadas

    (geadas).

    3- Escolha da regio e da rea para o plantio: escolher solo arejado com topografia que permita a drenagem atmosfrica, que sejam

    solos profundos e que principalmente apresentem leve declividade. O perfil do solo

    escolhido atende melhor a cultura se apresentar as seguintes caractersticas fsicas: 3.1 Argila: com dimetro menor que 0,02 mm 3.2 Limo: com dimetro entre 0,02 e 0,2 mm 3.3 Areia fina: com dimetro ente 0,02 e 0,2 3.4 Areia grossa: com dimetro entre 0,2 e 2 mm.

    Os elementos grosseiros com dimetro maior que 2 para manter a disponibilidade de gua, sendo esta de qualidade igual a:

    Na < 05

    Na+Mg+Ca

    4 Diviso dos talhes Os talhes devem ser divididos em gleba de 20 a 25 h, de acordo com a rede de

    irrigao e o trnsito. A densidade de plantio deve ser estabelecida considerando-se a espcie, a variedade, o porta-enxerto, a textura e a profundidade do solo, as

    caractersticas do clima e os tratos culturais que devero ser empregados no pomar. A densidade de plantas na rea pode ser obtida atravs da seguinte frmula:

    N = 2 . A / C (I + P )

  • Onde: n = nmero de plantas

    S = rea; C = distncia entre duas plantas na mesma linha;

    I = distncia entre as linhas; P = distncia entre os talhes.

    CLIMA

    A exigncia de gua dos citros situa-se entre 1900-2400mm, com um mnimo ao

    redor de 1300mm; a falta de chuvas ou a distribuio inadequada podem limitar a produo: os rendimentos mximos so, em geral, obtidos em reas irrigadas.

    As exigncias de temperatura so as seguintes:

    Mnima: 10C

    tima: 20-30C Mxima: 35C

    A Tabela abaixo resume as condies de clima que prevalecem nas principais

    regies produtoras brasileiras.

    Condies gerais de clima nos estados produtores.

    Condio

    Regio

    SP, MG, RJ BA, SE RS

    Altitude (m) 0-600 (500) 100-1300 50-100

    Chuva (mm/ano) 1200-1800

    (1400)

    1200-1300 1200-1600

    (mm/primavera-vero) 1000 700 1000

    Temperatura(C) Mdia 21 25 19

    Mdia mnima 9 10 4 Mdia mxima 36 38 30

    Umidade relativa do ar (%)

    77 80 77

    Nmeros entre parnteses = mdias.

    SOLO

    Consideraes abrangentes sobre solos para citros foram feitas por RODRIGUEZ

    (1984). STOLF (1987) deu ateno s propriedades fsicas, particularmente possibilidade de compactao.

    OLIVEIRA (1986) resumiu muito bem as exigncias edficas das plantas ctricas:

    (1) o sistema radicular dos citros apresenta grande proporo nos 40-60 cm superiores, podendo se aprofundar at 5m;

    (2) so sensveis acidez e muito exigentes em magnsio e principalmente clcio;

    (3) crescem bem em solos com ampla variao textural, porm so os de textura mdia (em torno de 20% de argila) os mais adequados;

    (4) nenhuma caracterstica do solo mais essencial para os citros do que a boa drenagem; raramente so encontrados bons pomares com plantas crescendo

    satisfatoriamente em menos de 100 cm de solo bem drenado; (5) so plantas de folhas persistentes ao longo do ano, requerendo, portanto,

    gua continuamente; (6) a fertilidade (natural) do solo, para citros, menos importante que as

    caractersticas fsicas.

    Os teores de argila ajudam a entender: drenagem e armazenamento de

    gua e possibilidade de compactao e, junto com o teor de matria orgnica (C

  • %) os valores para soma de bases (S). A saturao em alumnio (m), tanto na

    superfcie como em profundidade, conseqncia do baixo teor de clcio no complexo de troca, representa uma compactao qumica ao crescimento das razes, portanto, menor possibilidade de aproveitar gua e nutrientes do solo ou do adubo aplicado: compare-se a Terra Roxa Estruturada com o Latossolo

    Vermelho Amarelo e as Areias Quartzosas.

    CARACTERSTICAS BOTNICAS

    As plantas ctricas so verdes durante o ano todo, no apresentando

    perodo de repouso e podendo viver vrios sculos (SMITH, 1966). Apresentam dois ciclos anuais de crescimento:

    De primavera = crescimento vegetativo e floral;

    De vero = principalmente vegetativo. O crescimento dos brotos termina com 3-9 folhas expandindo-se quase

    simultaneamente. As folhas podem persistir durante 1-3 anos, havendo ento num mesmo ramo folhas de ciclos diferentes. Uma planta adulta apresenta 50 mil

    a 100 mil folhas, produzindo na primavera 10 mil flores, das quais somente 1.000 aproximadamente podem chegar maturao que se completa entre 8 a 15

    meses depois do florescimento. Temperaturas maiores que 35C durante 1-3 dias podem causar abortamento das flores.

    De acordo com ERICKSON (1968) so necessrios 2,3 m de folhas para

    produzir 1 kg de fruta em plantas com 9 anos de idade. No Japo foi estimado que devem existir 25 folhas para nutrir 1 fruto. O ndice de rea foliar (IAF) mais

    adequado est ao redor de 7 (7 m de folhas para cada m da rea da copa projetada.

    As razes apresentam baixa capacidade de absoro de nutrientes, o que tem sido atribudo ao pequeno nmero de plos absorventes. Mostram alta

    necessidade de oxignio, embora alguns porta-enxertos, como trifoliata, sejam menos exigentes. A distribuio e a quantidade de razes depende do porta-

    enxerto, da copa, da idade e das condies do solo. Laranjeiras adultas (10-23 anos de idade) tm cerca de 90% das razes na profundidade de 60 cm. Entre 75

    a 99% das razes encontram-se na rea compreendida num raio de 2 m a partir do tronco (MONTENEGRO, 1960).

    Embora as plantas possam viver dezenas de anos, mais de 1 sculo, a vida til varia entre 20 e 30 anos, aproximadamente.

    IRRIGAO

    Estima-se que existam hoje 30 milhas de laranjais irrigados no estado de So Paulo (1998). O primeiro grande projeto de irrigao na citricultura paulista foi

    instalado no inicio da dcada de 70, por iniciativa da Fazenda Sete Lagoas, no municpio de Conchal, em rea de 2.200 h de laranjeiras natal, valncia, pra e

    murcote. Nos ltimos seis anos grandes empresas, assim como pequenos e mdios citricultores, tm contribudo para o aumento da rea irrigada.

    Registram-se resultados positivos na irrigao de pomares de laranja em muitas

    propriedades, mas verificam-se tambm casos de insucesso. Com freqncia atribui-se o fracasso ao equipamento e no falta de experincia do operador do equipamento no

    manejo da gua.

    Ao analisar tecnicamente os projetos de irrigao de laranja que deram errado,

    observa-se que, na maioria das vezes, o problema foi o desconhecimento da hora certa de iniciar a irrigao e tambm da quantidade de irrigao necessria.

    Convm saber que altas produtividades em pomares de laranja dependem da

    emisso de floradas intensas na rea. E a induo fisiolgica da florada na planta baseia-se na falta de gua (dficit hdrico) no solo ou na ocorrncia de baixas

    temperaturas ambientais.

    Na regio do mar Mediterrneo (Espanha, Israel, etc.), por exemplo, a induo floral da laranja comandada pelas baixas temperaturas no inverno. Quando chega a

    primavera, todas as variedades tendem a florescer simultaneamente e o escalonamento

  • da produo para suprir a demanda anual s pode ser obtido pela utilizao conjugada

    de variedades precoces, mdias e tardias.

    J na regio da Flrida, nos Estados Unidos, a induo floral pode ser comandada tanto pelas temperaturas baixas no inverno, quanto pelo dficit hdrico no solo,

    dependendo das condies climticas de cada ano. Isso confere regio maior capacidade de floradas defasadas no tempo.

    Nas zonas citrcolas tradicionais do Brasil, localizadas no centro-oeste do estado de So Paulo (Bebedouro, Mato, So Jos do Rio Preto, etc), o que comanda a

    emisso floral somente o dficit hdrico no solo, porque as temperaturas de inverno no so suficientemente baixas. J na regio sudeste do Estado de SP (Itapetininga,

    Pilar do Sul, So Miguel Arcanjo, etc), tanto as baixas temperaturas de inverno e o dficit hdrico no solo, podero comandar a emisso floral de acordo com as condies

    climticas de cada ano agrcola. Assim, quem tenha comprado um equipamento de irrigao e comece a irrigar to logo pare de chover, corre o risco de reduzir a

    produtividade de seus pomares, se o dficit hdrico no tiver sido suficiente para induzir a florao, principalmente na regio centro-oeste de SP. Em suma, gua fora de hora

    mais atrapalha do que ajuda o produtor a colher mais.

    A experincia do manejo da irrigao em pomares de laranja mostra ser impossvel oferecer uma recomendao pronta e acabada sobre a conduta a seguir,

    maneira de uma receita de bolo, porque as condies climticas variam de ano para

    ano. A estratgia de irrigao que funciona em um ano mais seco pode no servir para ano mais mido. Outros fatores tambm influenciam: posio do talho na rea,

    combinao variedade-porta-enxerto, profundidade do sistema radicular e tipo de solo.

    A soluo tcnica para o manejo racional da irrigao em pomares est no monitoramento rigoroso da umidade do solo. A introduo recente no Brasil do

    tensimetro digital de puno tem contribudo para assegurar o sucesso da irrigao em citros. O que diferencia a nova tecnologia em tensimetros a alta preciso do

    leitor digital, associado ao baixo custo de instalao em larga escala do equipamento.

    FERTIRRIGAO, RECURSO PODEROSO.

    A irrigao localizada, alm de possibilitar a aplicao de adubos por seu

    intermdio, mostra vantagens inesperadas, como a melhor convivncia das

    plantas com o amarelinho.

    O grande interesse pela irrigao localizada se deve especialmente economia de gua, energia eltrica e mo-de-obra, alm do substancial aumento de produtividade e

    qualidade das frutas por ela proporcionado. Verificou-se tambm que pomares irrigados de forma localizada convivem melhor com a clorose variegada dos citros (CVC).

    Suas principais vantagens podem ser assim relacionadas:

    - Economia de fatores de produo, como gua e energia eltrica, por haver o umidecimento de apenas parte do volume do solo (quando comparado aos sistemas de

    irrigao no localizada). - Por ser a gua levada diretamente zona das razes, perdas por percolao ou

    evaporao so mnimas. - Desestmulo ao crescimento de plantas invasoras por supresso da irrigao nas

    entrelinhas da cultura.

    - Garantia de preciso no fornecimento de gua e distribuio uniforme, graas evoluo dos equipamentos, como emissores autocompensveis, vlvulas hidrulicas e

    filtros. - Alta eficincia no fornecimento de gua, alcanando facilmente 90% no gotejamento

    e 85% na microasperso (contra 60 a 70% da asperso convencional).

    Essas caractersticas criam as condies necessrias para a aplicao de fertilizantes via gua de irrigao fertirrigao -, que constitui a maior vantagem do sistema e a mais poderosa ferramenta para a conduo da cultura.

    Fertilizantes utilizados na fertirrigao

  • Nitrogenados

    Slidos Lquidos

    Nitrato de amnio Uran Nitrato de clcio Sulfuran

    Nitrato de potssio Uria

    Sulfato de amnio

    Potssicos

    Slidos

    Cloreto de potssio (branco

    em p)

    Sulfato de potssio

    Nitrato de potssio

    Fosfatados

    Slidos Lquidos

    MAP purificado cido

    fosfrico

    Calagem e adubao dos citros

    Critrios e Recomendao da Calagem e Adubao dos Citros

    Dada a relao entre a disponibilidade dos nutrientes no solo, sua concentrao

    no tecido vegetal, o crescimento e a produo de frutos, estudos desenvolvidos no Brasil, desde a dcada de 60, tm trazido contribuies significativas para o

    estabelecimento de padres de interpretao e de manejo do estado nutricional dos citros atravs das anlises qumicas de solo e de folhas.

    Anlise de solo

    A amostragem de solo para os citros feita em glebas ou talhes homogneos

    quanto a cor e textura do solo, posio no relevo e manejo do pomar, idade das rvores, combinaes de copa e porta-enxerto e produtividade. As amostras de solo

    devem ser coletadas na faixa de adubao, nas profundidades de 0-20cm, com o intuito de recomendar a adubao e calagem, e 20-40cm, com o objetivo de

    diagnosticar barreiras qumicas ao desenvolvimento das razes, ou seja, deficincias de Ca com ou sem excesso de Al+3. Recomenda-se a coleta de pelo menos 20 subamostras

    que comporo a amostra representativa do talho a ser encaminhada para o

    laboratrio. As amostras, com cerca de 250cm3, devem ser secas ao ara e acondicionadas em sacos ou caixas de papel. A poca mais apropriada para coleta de

    fevereiro a abril, garantindo-se um intervalo mnimo de 60 dias aps a ltima adubao. Para garantir maior eficincia e representatividade da amostragem, a coleta

    das subamostras deve ser feita com trados do tipo holands, sonda ou similares. Os padres de fertilidade do solo com base na amostragem da camada de 0-

    20cm foram obtidos com curvas de calibrao das anlises de macro (Quadro 1) e micronutrientes (Quadro 2) no solo, especficas para citros.

    QUADRO 1 Padres de fertilidade para a interpretao de resultados de anlise de solo para citros(1)

    Classes de teores

    P-resina (mg/dm3)

    K (1)(mmol/dm3)

    Mg (1)(mmol/dm3)

    Saturao por bases

    (%)

    Muito baixo

  • cbico) so dez vezes maiores do que os expressos em meq/100cm3, usados

    anteriormente.

    QUADRO 2 Interpretao de resultados de anlise de solo para S e micronutrientes

    Classes de teores

    S-SO4 (mg/dm3)

    B (mg/dm3)

    Cu (mg/dm3)

    Mn (mg/dm3)

    Zn (mg/dm3)

    Baixo 1,5

    Anlise foliar

    Os teores totais obtidos com a anlise foliar no dependem unicamente da disponibilidade do nutriente no solo, pois esto sujeitos influncia de vrios outros

    fatores como taxa de crescimento do tecido vegetal, idade da folha, combinaes copa

    e porta enxerto, e interaes com outros nutrientes. Os teores de N, P e K diminuem com a idade da folha, enquanto os de Ca, por

    exemplo, aumentam nas folhas mais maduras. Tambm, no se dispe de informaes precisas para interpretar os resultados da anlise foliar de forma diferenciada para

    combinaes de copas e porta-enxertos especficas. Pelos motivos citados, as folhas coletadas para anlise devem apresentar a mesma idade e provir de plantas cultivadas

    em condies semelhantes. A amostragem feita coletando-se a terceira ou quarta folha a partir do fruto,

    geradas na primavera, com aproximadamente seis meses de idade, normalmente de fevereiro e maro, em ramos com frutos de 2cm a 4cm de dimetro. Recomenda-se

    amostrar pelo menos 25 rvores em reas de no mximo dez hectares. Coletam-se quatro folhas no danificadas por rvore, uma em cada quadrante e na altura mediana,

    no mnimo 30 dias aps a ltima pulverizao. As amostras devem ser acondicionadas em sacos de papel ou plsticos e guardadas em geladeira, temperatura aproximada

    de 5C, at o envio para o laboratrio, num perodo inferior a dois dias aps a coleta no

    campo.

    Calagem

    A avaliao da acidez do solo para a recomendao de calagem para citros feita por meio da determinao da acidez tampo (H+AI), da soma de bases (Ca+Mg+K) e

    da capacidade de troca catinica (CTC) a pH 7,0 (Sistema IAC de anlise de solo). A necessidade de calcrio calculada para elevar a saturao por bases (V) a

    70% na camada superficial do solo (0-20cm de profundidade). Este valor corresponde a pH 5,5 determinado em soluo de CaCl2. Recomenda-se tambm o manejo da

    calagem para elevar e manter os nveis de Mg no solo em pelo menos 4mmol/dm3 ou, idealmente, 8mmol/dm3. A produo mxima de laranjas foi observada para valores de

    V de 60% e Mg no solo ao redor de 9,0 mmol/dm3. O clculo da calagem feito com a seguinte frmula:

    NC = em que:

    NC = necessidade de calagem, t/h;

    CTC(V2-V1)

    10 PRNT

  • CTC = capacidade de troca de ctions, mmol/dm3;

    V1 = saturao por bases atual do solo, da camada arvel de 0-20 cm, %; V2 = saturao por bases desejada para os citros, %;

    PRNT = poder relativo de neutralizao total do calcrio.

    Para culturas perenes, como os citros, importante fazer a correo da acidez antes da implantao do pomar, com a incorporao mais profunda possvel do

    calcrio. Alm disso, recomenda-se a aplicao de uma quantidade adicional de calcrio

    (250g/m de sulco) no sulco, onde sero colocadas as mudas, junto ao P, para estimular o crescimento do sistema radicular.

    Adubao NPK

    Trabalhos realizados no Brasil permitiram, pela primeira vez, fazer a calibrao da

    anlise de solo para P e K em citros, com base na extrao com resina de troca inica. Os resultados mostraram que a anlise de solo uma excelente ferramenta para o

    diagnstico da disponibilidade desses elementos para os citros. Os limites das faixas de interpretao de teores (muito baixo, baixo, mdio etc) para o K so semelhantes aos

    usados para as culturas anuais, mas, para o P, os valores para culturas perenes so um pouco mais baixos. Existe uma correlao bastante estreita entre os nveis de P no solo

    e a produo relativa de frutos de rvores adultas. A resposta da produo de frutos adubao com K tambm bastante significativa. O incremento da produo maior

    para valores muito baixos e baixo de K no solo, definidos de acordo com os padres de

    fertilidade do solo. As tabelas de recomendao da adubao N, P e K para os citros so divididas em

    trs fases na cultura: plantio, rvores jovens (at cinco anos de idade) e rvores adultas (em produo).

    Na implantao do pomar, recomenda-se a aplicao apenas de P nos sulcos, em doses que variam de 20 a 80g de P2O5/m linear de sulco, junto com o calcrio.

    Para a fase de formao, as doses de N, P2O5 e K2O recomendadas levam em conta a idade do pomar e os resultados da anlise de solo para P e K para atender s

    necessidades de crescimento da copa e ao incio de produo de frutos (Quadro 3).

    QUADRO 3 Recomendaes de adubao para citros em formao, por idade e em funo da anlise do solo(1)

    Idade

    (anos)

    N

    (g/planta)

    P-resina

    (mg/dm3)

    K trocvel

    (mmol/dm)

    0-5 6-12 13-

    30

    >30 0-0,7 0,8-

    1,5

    1,6-

    3,0

    >3,0

    P2O5 (g/planta)

    K2O (g/planta)

    0-1 80 0 0 0 0 20 0 0 0

    1-2 160 160 100 50 0 80 60 0 0

    2-3 200 200 140 70 0 150 100 50 0

    3-4 300 300 210 100 0 200 140 70 0

    4-5 400 400 280 140 0 300 210 100 0

    (1) Para a variedade de laranja Valncia reduzir as doses de K em 20%.

    Resultados recentes da pesquisa mostraram que na fase de formao, a resposta dos citros adubao com P maior para copas enxertadas em tangerineira Clepatra, em comparao ao limoeiro Cravo e ao citrumelo Swingle. A calibrao dos teores de P no solo parece distinta daquela na fase de produo de frutos. O nvel crtico para as

    rvores jovens superior aos 20mg/dm3 reportado para rvores ser limitado a um volume menor de solo, e a absoro de P ocorrer principalmente por difuso desse

    elemento. Tambm h resultados que indicam que nesta mesma fase de conduo dos

    citros no campo (antes de cinco anos de idade), a resposta de copas em citrumelo Swingle adubao com K seja maior em comparao a outros porta enxertos. Da, provavelmente, uma explicao para o fato de o citrumelo Swingle induzir frutas com boa qualidade de suco.

  • No caso dos citros em produo, as doses de nutrientes recomendadas foram

    determinadas a partir de curvas de calibrao para mxima produo econmica dos citros, em funo dos teores foliares de N, P e K no solo. Nesta fase, doses distintas so

    recomendadas para laranjas e lima cida Tahiti, e limes, tangerinas e tangor Murcote. Ainda nessa fase, importante levar em considerao a produtividade esperada para a definio das doses de fertilizantes a adicionar aos citros, uma vez que plantas mais produtivas extraem e exportam quantidades maiores de nutrientes. Em

    mdia, uma tonelada de frutos de laranja contm 2,4kg de N e 2,0kg de K, alm do

    que necessrio para a formao e desenvolvimento do restante da planta. A anlise do solo no fornece parmetros para a adubao nitrogenada dos citros,

    pois ainda no se dispe de mtodos adequados para avaliar a disponibilidade de N no solo. No entanto, o teor de N foliar tem mostrado, em pesquisas feitas no Brasil, ser

    um bom indicador para ajustar as doses de N definidas, conforme a produo pendente de frutos. Para teores acima de 28g de N/kg a resposta produo de frutos

    praticamente inexistente. No caso de limes, o teor adequado de N nas folhas parece ser menor que aqueles em laranjas e situa-se em torno de 22g de N/kg.

    Os citros armazenam uma grande quantidade de N na biomassa, que pode ser redistribuda, principalmente para rgos em desenvolvimento como folhas e frutos.

    Por este motivo, a reduo da adubao com N pode no afetar a produo de frutos de imediato, contudo, quando as doses de N forem inferiores s recomendadas, as

    rvores podem sofrer uma gradativa reduo da densidade e crescimento da copa, que, consequentemente, acarretar em perdas na produo de frutos em anos posteriores.

    O manejo dos adubos nitrogenados importante para garantir a eficincia de uso

    do N. Com as prticas recomendadas para o controle do mato no pomar, por meio de herbicidas ou roadeira, evitando o uso de grades, os fertilizantes so aplicados na

    superfcie do solo, s vezes sobre resduos de plantas. Nessas condies, a uria, fonte de N mais comum no Brasil, est sujeita a perdas por volatilizao de amnia se no

    ocorrer chuva ou irrigao em at dois dias aps a aplicao, para incorporar o fertilizante ao solo. Avaliaes de campo tm mostrado que as perdas por volatilizao

    podem variar de 15% a 45% do N aplicado superfcie do solo como uria. O ajuste da adubao nitrogenada com base na anlise de folhas muito

    importante, pois a falta ou excesso de N interfere no tamanho e na qualidade dos frutos.

    A adubao com P em citros vinha sendo negligenciada no Brasil em funo de dados obtidos em outros pases que sugeriam que esta cultura era pouco responsiva a

    esse elemento. Essa informao no levava em conta que em muitas regies produtoras no exterior, os citros so cultivados em solos desenvolvidos a partir de

    sedimentos ricos em P e que os solos no Brasil so, em geral, deficientes nesse

    nutriente. Resultados obtidos tm mostrado respostas expressivas a P em pomares adultos cultivados em solos pobres.

    Para as aplicaes de adubo na superfcie, deve-se utilizar fontes de P solveis em gua. Alm disso, devido baixa mobilidade do P nos solos, recomendvel fazer a

    incorporao do adubo, com o calcrio, uma vez por ano, especialmente nos solos nos quais a deficincia de P pode ser limitante. Tambm, a melhor oportunidade de

    incorporar P ao solo na fase de implantao do pomar. A adubao feita na poca das guas, perodo de maior demanda das plantas. O

    parcelamento das doses de N e K em trs ou quatro aplicaes durante o ano aumenta a eficincia da adubao, por evitar perdas de nutrientes no solo com a gua de

    drenagem, o que ocorre principalmente em solos arenosos, e por adequar a demanda de nutrientes em diferentes perodos de desenvolvimento dos citros (do florescimento

    maturao dos frutos). Para pomares em produo aplicam-se de 30% a 40% do N e K na poca do florescimento, e o restante dividido entre os meses de outubro a maro

    do ano seguinte. O P pode ser aplicado em dose nica nos meses de agosto e

    setembro.

    Micronutrientes Essenciais aos Citros

    1. INTRODUO

    A nutrio dos citros apresenta aspectos de grande importncia que devem ser considerados atentamente para que seja proporcionado um bom desenvolvimento das

    plantas. necessrio que haja um bom equilbrio entre as quantidades dos diferentes nutrientes, para atender s exigncias das plantas.

  • So aceitos como principais macronutrientes em peso o carbono C, oxignio O e hidrognio H que as plantas retiram do ar e da gua e que constituem cerca de 95% do seu peso. Os outros 5% compem-se de: macronutrientes minerais que

    somam cerca de 4,5% do peso total e 0,5% correspondendo a micronutrientes, que entram em quantidades bem menores, na nutrio. So seis os macronutrientes

    minerais mais importantes: nitrognio N, fsforo P, potssio K, clcio Ca, magnsio Mg e enxofre S. So tambm seis, os micronutrientes essenciais para os citros: zinco Zn, boro B, mangans Mn, cobre Cu, ferro F e molibdnio Mo. Cada um dos nutrientes tem, em associao com outros ou isoladamente, funes especficas que influenciam o comportamento das plantas quanto a seu

    crescimento, produo de frutas e sua qualidade interna e externa, longevidade, resistncia a pragas e molstias, etc. Para exemplificar, o nitrognio, que considerado

    o nutriente mineral mais importante para os citros, quando est em deficincia, provoca a diminuio ou at, em casos mais graves, a paralisao de crescimento das

    plantas, culminando com o secamento das extremidades dos ramos e, em conseqncia, prejuzos srios produo de frutas.

    2. MICRONUTRIENTES

    Tratando especificamente dos micronutrientes, embora sua quantidade em peso

    seja muito reduzida, eles exercem funes enzimticas importantes e participam ativamente do metabolismo dos citros.

    A seguir so apresentadas as caractersticas que permitem reconhecer

    visualmente a deficincia de cada micronutriente, bem como as funes que desempenham no complexo nutricional. J que os sintomas descritos referem-se falta

    acentuada do micronutriente, isto indica que as plantas com tais sintomas esto sofrendo a carncia apontada.

    A fim de conhecer a tendncia da falta de dado nutriente, antes que haja um desequilbrio grave para a nutrio dos citros, usada a diagnose foliar. Esta diagnose

    apresenta, dentro de alguns parmetros que tem sido determinados, a possibilidade de serem tomadas medidas acauteladoras, com o suprimento do nutriente, ou nutrientes,

    em falta.

    2.1. ZINCO Zn

    - Funes: elemento essencial para a vida das plantas embora no sejam bem claras suas funes. Suas carncia provoca uma queda acentuada da clorofila, o que

    leva a pensar que ele interfere na sua produo. Geralmente aceito que o zinco

    participa da formao de auxinas de crescimento e da ativao de enzimas estimulando o crescimento vegetativo, tamanho das folhas e sua cor verde.

    - Sintomas de carncia: Com a falta de zinco h reduo de tamanho das brotaes novas e das folhas. H clorose acentuada do limbo, em faixas entre as

    nervuras. Em casos agudos, aparece o aspecto de zebradas. Os interndios so curtos. H tufos de folhinhas. H reduo de botes, ocorrendo pequena produo de

    frutos de tamanho reduzido, de casca lisa, plidos e com pouco suco. 2.2. BORO

    - B no solo: Tem sido encontrado B no solo na faixa de 2 a 100ppm o que, por si

    s, tem pouco valor para saber de sua disponibilidade. Ele se encontra no solo como parte de alguns silicatos. Alguns fatores influem na sua disponibilidade, sendo

    importantes a acidez ou a alcalinidade do solo, a quantidade de colides, a matria orgnica, o clcio e outros. mais comum a deficincia de boro nas plantas em solos

    naturalmente cidos, em que o B foi lavado; em solos arenosos; em solos alcalinos; em

    solos pobres em matria orgnica, etc. A faixa de segurana entre a deficincia e o excesso d B pequena. A toxidez

    to grave quanto a sua falta, manifestando-se nas folhas por um amarelecimento das pontas, que se estende para as margens. Mais tarde pode haver a formao de resinas

    na face inferior seguindo-se queda de grande nmero delas com grave deperecimento e at morte de plantas.

    Algumas prticas culturais podem interferir na disponibilidade de B s plantas: a) a gua de irrigao com 0,10 a 0,20ppm de B dificulta o aparecimento da deficincia,

    mas se o contedo de B for maior que 0,75ppm, os citros podem mostrar toxidez; b) adubaes orgnicas freqentes reduzem a deficincia de B; c) o salitre do Chile

    (nitrato de sdio contm impurezas das quais o B faz parte, podendo diminuir a

  • deficincia de B; d) o mesmo acontece em So Paulo, com os calcrios sedimentares da

    regio de Limeira Piracicaba Rio Claro nos quais so encontrados alguns micronutrientes; e) as calagens pesadas podem interferir na utilizao do B pelas

    plantas, tornando-o insolvel.

    2.3. MANGANS Mn

    Funes: O mangans ocupa posio semelhante do zinco na nutrio das

    plantas, quanto quantidade. Sua funo no bem conhecida, mas parece ser necessrio para a sntese da clorofila. O Mn parece exercer tambm funo cataltica,

    ajudando na atividade respiratria das plantas, na translocao do ferro, etc. Sintomas de carncia: Em folhas de tamanho normal, com maior freqncia

    nas partes mais sombreadas das plantas, aparecem cloroses entre as nervuras, menos acentuadas do que as de zinco. Seria como que uma leve deficincia de zinco, sem

    reduo do tamanho das folhas. Mn no solo: O Mn ocorre nos solos normalmente na forma de xidos. Compostos

    de Mn, como o dixido de Mn, apresentam baixa disponibilidade s plantas, diminuindo a acidez do solo, a solubilidade do Mn decresce, tornando-se pouco disponvel, com pH

    acima de 6,5. Certas condies do solo podem influenciar a deficincia de Mn, a saber: solos de aluvio derivado de material calcrio; solos calcrios mal drenados e com alto

    teor de matria orgnica, solos muito arenosos e pobres originalmente em Mn, etc. Algumas prticas culturais influenciam na disponibilidade de Mn no solo: a)

    calagens exageradas neutralizando a acidez no solo, comumente originam deficincia

    de Mn por sua insolubilizao; b) a queima de matria orgnica em solos ricos em clcio, produz alcalinidade que induz a deficincia de Mn; c) em solos muito cidos, o

    excesso de Mn livre causa toxidez, com prejuzos produo. REUTHER e outros (1954) na Flrida constataram que aps 15 anos de adubaes

    continuadas de citros em solo arenoso, com frmulas contendo mangans, era comum encontrar excesso do nutriente na camada de solo de 0 30 cm de espessura, da ordem de 670 a 900kg de Mn por hectare.

    2.4. COBRE Cu

    Funes: Dentre os micronutrientes, o cobre participa na nutrio dos citros em doses reduzidas, em torno de 5 a 10 ppm nas folhas. Sua funo tambm pouco

    conhecida, admitindo-se ser do tipo cataltico como a do mangans, ajudando em outras funes de planta.

    Sintomas de carncia: comum, na carncia de cobre, aparecer uma folhagem

    de cor verde escuro, com brotos tenros, angulosos, em forma de S, com folhas gigantes. Com o prosseguimento da carncia, as brotaes novas aparecem com a

    colorao verde amarelada, param de crescer e perdem as folhas. Aparecem bolsas de goma nos ramos novos, o que tambm tem ocorrido em plantas muito jovens em

    viveiros. Quando h produo de frutos, eles podem apresentar sintomas de goma externamente, na casca, com fendilhamentos transversais, ou longitudinais, e na parte

    estilar, antes mesmo dos sintomas foliares. Tais frutos geralmente apresentam formaes de goma junto s sementes, paralisam precocemente seu desenvolvimento e

    caem antes de amadurecer. A casca dos frutos grossa e a quantidade de suco reduzida. O florescimento de plantas carentes em cobre abundante, h bom

    pegamento de frutinhos, mas ocorre grande queda deles no vero, ainda verdes. Os sintomas de goma nos ramos e nos frutos so comuns em laranjeiras; para as

    tangerineiras so restritos aos frutos, enquanto que nos limoeiros so praticamente ausentes nos frutos.

    Um excesso de cobre pode provocar toxidez, o que agravado em solos cidos e

    de baixo teor de matria orgnica. Os sintomas mais claros de excesso de cobre aparecem no sistema radicular, com razes pardacentas, curtas e grossas; a folhagem

    apresenta-se tambm bronzeada. Cobre no solo: REUTHER E LABANAUSKAS (1966) relataram que o contedo

    normal de cobre em solos de mais de 100 pomares de citros na Flrida (Estados Unidos) variou de 50 a 250ppm, nos primeiros 15cm de solo, enquanto em solos

    virgens a variao era de 1 a 10ppm. Em solos arenosos da costa Atlntica, o mais comum de 3 a 15ppm. Normalmente o subsolo contm menos cobre que o solo

    superficial, mais pode haver excees. Em solos de reao alcalina o cobre se insolubiliza e as plantas no podem aproveit-lo.

  • Algumas prticas culturais podem influenciar na disponibilidade de cobre no solo:

    a) irrigao com gua alcalinizante; b) adubaes com altas doses de nitrognio e o acmulo de fsforo com adubaes fosfatadas continuadas, podem causar deficincias

    de cobre.

    2.5. FERRO Fe Funes: O ferro elemento essencial para a formao de clorofila, embora no

    faa parte dela. Sintomas de carncia: Com a falta de ferro, as folhas jovens tornam colorao

    amarelada, bem plida, permanecendo verdes todas as nervuras. Fica bem destacada uma malha de nervuras verdes, em um limbo verde amarelado, mais claro, comum a

    deficincia de ferro em solos alcalinos, ricos em carbonato de clcio e mais midos, quando o nutriente pouco assimilado pelas plantas, embora esteja presente em

    abundncia. Nos solos cidos de So Paulo, que contm teores razoveis de ferro, no tm sido verificados sintomas de deficincia desse nutriente. A deficincia de ferro

    continuada causa reduo no nmero e tamanho das folhas, com a morte de ramos novos. Nos casos mais graves os frutos podem ficar amarelados, precocemente.

    Em condies normais de cultivo dos pomares, no ocorrem prejuzos por excesso de ferro. Um excesso desse nutriente pode reduzir a assimilao de fsforo.

    Ferro no solo: O ferro se encontra no solo na forma de xidos e outros sais, em

    quantidades que atendem s necessidades das plantas, dependendo de sua solubilidade, que reduzida fortemente em solos alcalinos.

    Algumas prticas culturais em outros fatores influenciam negativamente a disponibilidade de ferro no solo: a) solos calcrios e mal drenados; b) alta concentrao

    de metais pesados em solos cidos, especialmente zinco, mangans, cobre ou nquel; presena de fungos e ou nematides no solo.

    2.6 MOLIBDNIO Mo Funes: O molibdnio o micronutriente exigido em menores quantidades

    pelos citros, entrando na composio das folhas apenas com cerca de 0,1 a 1,0 parte por milho. , no entanto, necessrio para a reduo biolgica dos nitratos que

    antecede a formao das protenas. Sintomas de carncia: Aparecem nas folhas manchas amareladas de forma

    circular, grandes, entre as nervuras. Na face inferior das folhas estas manchas se

    tornam resinosas, com um halo amarelado. As folhas afetadas contm baixos teores de clcio e magnsio, enquanto o potssio alto. Somente em casos severos, podem

    aparecer manchas grandes, pardacentas, com halo amarelado, externas, sem afetar o albedo, nos frutos.

    Molibdnio no solo: JOHNSON (1966) relatou que em anlises de mais de 500 amostras de solo o valor mdio de 2,5ppm o normal.

    O molibdato, como nion, fortemente absorvido por minerais e colides de solo, quando a acidez apresenta pH abaixo de 6,0.

    Em solos altamente podsolizados o Mo pode estar em nveis baixos e pouco disponvel, por efeito da acidez elevada.

    Algumas prticas culturais podem afetar a disponibilidade do Mo: a) calagem em solos cidos, pode ser benfica; b) o mangans poder induzir a deficincia de Mo, por

    serem elementos antagnicos entre si; c) as plantas ctricas tm respondido adubao com molibdnio na Flrida, Estado Unidos.

    3. CORREO DE DEFICINCIAS DE MICRONUTRIENTES

    As deficincias de micronutrientes podem ocorrer de duas maneiras principais: pela falta real do micronutriente no solo em quantidade suficiente necessidade das

    plantas; ou por estarem em baixa disponibilidade para as plantas, sob influncia de alguns fatores. No primeiro caso imprescindvel o fornecimento do nutriente s

    plantas, enquanto, no segundo, a disponibilidade do nutriente pode ser melhorada quando for modificada a causa do seu no aproveitamento. o caso do excesso de

    cobre e mangans; ou do clcio, que ao elevar o pH do solo pode ocasionar deficincias de ferro e de zinco; ou do excesso de fsforo no solo, causando problemas na

    assimilao de cobre; etc.

  • De qualquer maneira, o fornecimento do micronutriente problema deve atender

    mais rapidamente s necessidade da planta, com benefcios para o seu desenvolvimento e produo.

    3.1. POCA

    A recomendao usual a aplicao de micronutriente, em pulverizao sobre a

    folhagem, na primavera e no vero, aps o florescimento e com enfolhamento

    abundante.

    3.2. MTODOS

    De maneira geral, a aplicao de micronutrientes feita por pulverizao sobre a folhagem. Como a quantidade de micronutriente exigida pelas plantas bastante

    reduzida, a fim de evitar problemas de toxidez com excesso de um dado nutriente, ou mesmo, de antagonismo entre eles, em geral no recomendada a adubao

    sistemtica de micronutrientes junto com macronutrientes, por perodos prolongados, no solo. conhecido o problema devido ao uso prolongado de cobre em frmulas de

    adubao na citricultura da Flrida, Estados Unidos. A acumulao desse nutriente no solo levou a problemas de toxidez para as plantas, com graves prejuzos ao seu

    comportamento (REUTHER & SMITH, 1954). As aplicaes de micronutrientes no solo so de efeito menor e mais lento, devido

    pequena movimentao que eles tm no solo. Por outro lado, a correo da

    deficincia via solo poder ser mais duradoura. SMITH e RASMUSSEN (1959) constataram que a aplicao de Zn e de Mn misturados na primeira camada de solo a 0

    20cm de profundidade, em doses relativamente altas de 50g a 500g dos sais, por planta, supriram a deficincia desses micronutrientes, por vrios anos.

    O B na forma de brax ou de cido brico, pode ser aplicado, tanto na folhagem quanto no solo, mas convm fazer somente uma aplicao, uma s vez por ano, para

    evitar problemas de toxidez. O excesso de B pode ser atenuado com a aplicao de calcrio ao solo e pela adubao nitrogenada.

    A aplicao de Mo no solo no tem dado bom resultado para corrigir sua deficincia. Ela dever ser corrigida com pulverizao foliar de molibdato de sdio.

    A deficincia de F em solos calcrios no tem sido corrigida satisfatoriamente com o uso de quelatos, ao contrrio dos solos cidos, em que sempre mais fcil.

    Todas as tentativas de fornecer ferro via foliar no tem dado bons resultados. Os quelatos via solo so ainda a melhor forma de corrigir a deficincia desse

    micronutriente.

    DOENAS

    DOENAS CAUSADAS POR FUNGOS

    Verrugose:

    Manchas salientes, irregulares, corticosas que nas laranjas doces se localizam quase que exclusivamente nas frutas, sendo raras nas folhas. As leses de colorao

    amarelada depreciam o valor da fruta. Em limo-cravo ocorre tambm nas folhas. A infeco nas frutas ocorre quando ainda esto pequenas e os tratamentos preventivos

    com fungicidas adequados tem dado excelentes resultados.

    Melanose: Pequenas leses arredondadas de cor escura que ocorrem em galhos, folhas e

    frutos. Como a verrugose deprecia o valor da fruta, deve ser combatida com

    pulverizao de produto base de cobre, aps uma poda de limpeza de galhos secos.

    Rubelose: Manifesta-se pelo rompimento da casca e morte dos galhos; examinados,

    mostram-se estar revestidos pelo fungo, que se apresenta inicialmente como leve camada clara e que se torna amarelada ou salmo. Seu controle se realiza atravs de

    eliminao dos galhos secos e uso de uma pasta base de cobre para proteger os cortes. Bons resultados tem sido conseguidos, efetuando-se o pincelamento dos ramos

    afetados com Carbolineum (produto utilizado para preservao de madeira). Inclusive

  • em estgio inicial da doena desnecessrio torna-se cortar o ramo atacado pois este

    dever se recuperar.

    Gomose: Ataca a casca, a parte interna do tronco, razes e ramos das plantas. Geralmente

    o fungo invade a planta na regio prxima ao solo, e que foi acidentalmente ferida por ferramentas. O local doente solta a casca e deixa escorrer uma goma escura. As partes

    afetadas devero ser raspadas e pinceladas com uma calda base de cobre a 3%, ou

    mesmo carbolineum que tambm tem sido utilizado com bons resultados.

    MOLSTIAS CAUSADAS POR VRUS

    As principais so: a sorose, a xiloporose e a exocorte. No h meio de controle. Devem ser prevenidas pelo uso de borbulhas rigorosamente selecionadas, tiradas de

    plantas sadias.

    Sorose Pequenas pstulas aparecem nos ramos e galhos principais, normalmente quando

    as plantas atingem cerca de 10 a 15 anos. Essas erupes vo aumentando e chegam a descascar. H exsudao de goma

    quando a doena se torna severa. A planta degenera lentamente, ficando improdutiva e sendo necessria a sua eliminao.

    Por ser uma doena que normalmente se manifesta em planta adulta e

    considerando o quadro anterior, ao observar-se a alta incidncia da sorose, pode-se avaliar o perigo para citricultores que investem vultosas quantias nos seus pomares,

    quando estes podem estar contaminados, sem, entretanto, mostrarem ainda os sintomas.

    Xiloporose: aparentemente uma doena pouco importante para a citricultura paulista. O

    vrus produz, na planta atacada, deformao no lenho. H a formao de depresses profundas no lenho e correspondentes projees salientes desenvolvendo-se na parte

    interna da casca. H acmulo de goma nos tecidos de casca que certamente prejudicam a circulao dos nutrientes, e a planta assim paralisa o seu crescimento. A

    laranja Baro altamente contaminada e o porta-enxerto do limoeiro cravo sensvel. Assim deve-se evitar a enxertia da primeira no segundo.

    Exocorte:

    Afeta somente o limoeiro-cravo, Poncirus trifoliata e seus hbridos, que so

    geralmente empregados como porta-enxerto. Quando variedades contaminadas so enxertadas nesses cavalos, o vrus provoca o aparecimento do escamamento e

    erupes na casca do porta-enxerto. Esse dano causado casca interfere no desenvolvimento normal do sistema radicular e as plantas paralisam o

    desenvolvimento. Com exceo da variedade Pra (8,4% contaminada), as demais variedades de importncia comercial esto fortemente contaminadas.

    Os sintomas dessa virose manifestam-se quando as plantas ainda so jovens, havendo casos raros de sintomas em mudas ainda no viveiro.

    Leprose:

    causado por um vrus disseminado por um caro de colorao alaranjada intensa a vermelho, que apresenta corpo achatado, de tamanho reduzido, cerca de 0,3

    mm, 4 pares de patas e movimentos lentos. Os sintomas podem aparecer em ramos, folhas e frutos. Nas folhas aparecem

    manchas claras com halo claro caracterstico e o centro quase sempre necrosado. Nos

    frutos verdes aparecem manchas verde-claras, rodeadas por um anel amarelado que sobressai da cor verde da parte roxa infectada do fruto. Com o amadurecimento deste,

    tais manchas tornam-se pardas ou escurecidas, ligeiramente deprimidas, de tamanho varivel, s vezes com pequenas rachaduras. Os frutos, quando atacados, ficam

    bastante depreciados ou mesmo inutilizados para o mercado de frutas frescas pela sua aparncia repugnante. Nos ramos provocam manchas que se transformam em pstulas

    salientes, dando-se, finalmente, a soltura da casca. Evita-se a disseminao da leprose controlando-se o caro da leprose, com pulverizaes de enxofre molhvel a 0,3-0,7% ou clorobenzilato a 0,12% ou ainda dicofol a 0,15%, alm de outros acaricidas especficos.

  • Tristeza: No foi includa no citado levantamento por ser tambm e principalmente transmitida por um inseto, que o pulgo-preto (Toxoptera citricidus). Assim, de se

    esperar que todas as nossas plantas ctricas estejam contaminadas por essa virose. Face ao abandono do uso do porta-enxerto de laranja azeda, altamente sensvel

    tristeza, as plantas hoje contaminadas ainda vivem satisfatoriamente segundo os graus de intensidade do ataque.

    Entretanto, no caso de ataque forte do vrus da tristeza em plantas de laranja-pera em qualquer de seus cones e independentemente do porta-enxerto, seus ramos geralmente mostram sintomas de caneluras (stem pitting) associadas com a presena de goma nos tecidos. Paralisao no crescimento e produo de frutos pequenos e descoloridos so sintomas adicionais nas plantas atacadas. Limoeiro galego

    e pomeleiros tambm so sujeitos aos mesmos sintomas, razo da pequena longevidade dessas espcies de plantas ctricas. No h medidas de preveno, em

    virtude da presena do inseto vetor, que transmite o vrus de rvore a rvore, como tambm pela borbulha, na ocasio da enxertia. Evidentemente, as doenas de vrus constituem hoje o maior flagelo da citricultura. O nico meio de control-las a preveno. Assim, somente deve-se

    adquirir mudas ctricas dos viveiristas que tenham seu viveiros legalmente registrados no Instituto Biolgico e apresentem o Certificado de Sanidade de Estabelecimento Agrcola.

    DOENAS BACTERIANAS DOS CITROS

    CANCRO CTRICO

    A literatura registra cinco formas diferentes de cancro ctrico (Stall & Civerolo, 1991). As principais diferenas entre essas formas da doena so a gama de

    hospedeiros, a severidade e a sintomatologia. A forma Asitica, tambm conhecida como cancro ou cancrose A, a mais amplamente disseminada e a mais severa das

    doenas. O cancro ctrico, causado por Xanthomonas axonopodis pv. Citri (Hasse, 1915)

    Vauterin et al. 1995, originrio da sia e a primeira descrio da doena foi feita em 1912, quando de sua introduo na Flrida, Estados Unidos, por meio de mudas de

    citros originrias do Japo (Agrios, 1997). A doena encontrada em pelo menos 30 pases, sendo endmica em todos aqueles produtores da sia e em vrios outros da

    Amrica do Sul, como Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (Feichtenberger et al., 1997 e Amorim & Bergamin Filho, 1999).

    No Brasil, a primeira observao de ocorrncia do cancro ctrico deu-se em 1957,

    por A. A. Bitancourt, no municpio de Presidente Prudente (SP), segundo Rossetti et al. (1982). Disseminou-se para outras regies paulistas e outros estados, como Mato

    Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Feichtenberger, et al., 1997 e Cosave, 2000)

    O cancro ctrico tem causado graves prejuzos citricultura brasileira um dos fatores responsveis pela recente queda na safra de laranja, cuja produo vinha numa

    curva ascendente at atingir o pico de 428 milhes de caixas, na safra 1997/1998. No perodo 1998/1999, caiu para 330 milhes de caixas. O processamento na industria

    caiu de 318 milhes de caixas para 279 milhes, o que significa cerca de 500 mil toneladas de suco a menos. O reflexo imediato a queda na movimentao do porto de

    Santos, menos divisas para o pas e perda de espao no mercado internacional, entre outros fatores (Fundecitrus, 2001).

    O cancro ctrico causa leses locais em folhas, frutos e ramos, as quais so levemente salientes, corticosas, da cor de palha ou pardacentas. Nas folhas, as leses

    so salientes e correspondentes nas duas faces, circundadas por um halo amarelo que

    desaparece, quando as leses ficam mais velhas. Nos frutos, elas podem atingir de 2 a 10mm. Os frutos atacados geralmente caem antes de atingir a maturao final. Nos

    frutos verdes, observa-se o anel claro que rodeia as leses, o qual desaparece com o seu amadurecimento. As leses podem-se juntar tomando grandes reas e provocar o

    rompimento da casca, o que torna os frutos imprestveis para o comrcio. Nos ramos, as leses podem-se unir formando crostas, que provocam a morte deles quando

    atingem grandes reas. Ataques severos da doena podem provocar desfolha com conseqente depauperamento de plantas, e queda prematura de frutos. Alguns

  • sintomas causados por outros patgenos podem ser confundidos com os sintomas do

    cancro ctrico, sendo importante uma diferenciao segura desses sintomas. A disseminao a curtas distancias se d, principalmente, por chuvas e ventos,

    mas o principal agente disseminador o prprio homem, por meio do transito indiscriminado de pessoas pelos pomares, materiais de colheita e de veculos. A longas

    distancias, a disseminao ocorre por meio de material de propagao doente.

    CLOROSE VARIEGADA OU AMARELINHA

    Tem sido constatada em pomares do Norte do Estado de So Paulo desde 1987

    (Rossetti et al., 1990). Caracteriza-se pela presena de manchas clorticas nas folhas, que evoluem para

    uma clorose variegada. Inicialmente, os sintomas manifestam-se em um ramo da planta, mas posteriormente toda a planta afetada. As plantas produzem frutos

    pequenos e endurecidos, e tornam-se praticamente improdutivas. So afetadas plantas de laranja doce das cultivares Natal, Pra, Hamlin, Seleta e

    Valncia enxertadas sobre limo Cravo, tangerina Clepatra e limo Volkameriano. Aparentemente, plantas de lima cida Tahiti e tangerinas no apresentam sintomas

    (Rossetti et al., 1990). No pomar, a doena ocorre inicialmente em plantas ao acaso, porm passa a

    ocorrer em reboleiras. As plantas mostram os primeiros sintomas dos trs aos cinco anos de idade. A doena progride rapidamente e, em dois a trs anos aps a primeira

    constatao do problema, o pomar torna-se praticamente improdutivo. Sintomas de

    clorose variegada tm sido observados tambm em plantas de viveiros. A causa da doena ainda no foi determinada. Entretanto, a bactria Xylella

    fastidiosa Wells et al tem sido consistentemente encontrada em tecidos vasculares de folhas e ramos de plantas ctricas com clorose variegada (Leite & Leite, 1991).

    Algumas medidas devem ser adotadas para prevenir a introduo da doena no pomar. A recomendao bsica a utilizao de material propagativo sadio,

    proveniente de plantas matrizes registradas ou de plantas selecionadas de pomares sem histrico da doena.

    PRINCIPAIS PRAGAS E SEU CONTROLE

    As pragas dos citros so fatores limitantes produo. Ocorrem desde a

    formao das mudas at a implantao e conduo do pomar e podem comprometer o desenvolvimento e a produtividade das plantas ou mesmo inviabilizar economicamente

    a cultura.

    CAROS ASSOCIADOS CULTURA

    CARO DA FALSA FERRUGEM

    Descrio Este caro tem aspecto vermiforme, assemelha-se a uma pequena vrgula, mede

    cerca de 0,15mm de comprimento e tem colorao amarelo-clara.

    Sintomas

    Em funo do ataque, as cascas dos frutos das laranjas doces tornam-se escurecidas, enquanto que as cascas dos limes, limas etc, tomam a colorao

    prateada. Nas folhas aparecem manchas escuras denominadas manchas de graxa. O ataque deste caro pode provocar o desfolhamento antecipado das plantas.

    Prejuzos Os frutos escurecidos pelo ataque de P. oleivora ficam depreciados para o

    consumo in natura. Podem tambm ficar menores e murchos, caractersticas que afetam o processo de comercializao. Altas infestaes determinam o definhamento

    progressivo da planta, comprometendo a vida til do pomar. Em viveiros provocam o surgimento de manchas de graxas nas folhas. A freqncia de amostragem deve ser semanal e pode ser quinzenal durante o

    perodo do ano em que as condies de temperatura e umidade so menos favorveis. O controle deve ser efetuado quando 10% dos frutos amostrados no talho

    apresentarem 30 ou mais caros. As recomendaes da CATI (1991) para a determinao do ndice de infestao e

    nvel de controle do caro da falsa ferrugem para a cultura paulista so baseadas no

  • perfil do agricultor e tipo de mercado. Para a determinao do nvel de infestao,

    quando apenas se considera a presena ou ausncia do caro, deve-se examinar ao acaso trs frutos ou seis folhas, localizadas na periferia da copa, fazendo duas leituras

    com lupa em cada estrutura amostrada. O ndice de infestao determinado anotando-se o nmero de frutos ou folha em que foi constatada a presena do caro.

    O controle recomendado quando: a) em 20% dos frutos ou folhas vistoriados for observada a presena do caro, se

    a produo for comercializada in natura;

    b) em 30% dos frutos ou folhas inspecionados for observada a presena do caro, se a produo for destinada a indstria.

    CARO DA LEPROSE

    Descrio

    So caros achatados de colorao avermelhada. As fmeas apresentam manchas escuras, medem cerca de 0,3mm de comprimento; os machos so menores e

    no apresentam manchas.

    Sintomas

    Ao contrrio de P. oleivora este caro distribui-se principalmente na parte interna da copa. Provoca o aparecimento de manchas marrons nas folhas, circundadas por um

    anel claro e, nos frutos ainda verdes, manchas pardacentas circundadas por halo amarelado. Nos ramos surgem leses amareladas que vo se tornando salientes e

    corticosas.

    CAROS DE IMPORTNCIA SECUNDRIA

    No Brasil ocorrem outras espcies de caros em plantas ctricas. Flechtmann

    (1983) cita como pragas secundrias as seguintes:

    - caro purpreo Panonychus citri (McGregor, 1916) (Acarina-Tetranychidae) - caro branco Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904) (Acarina Tarsonemidae) - caro das gemas Eriophyes sheldoni (Ewing, 1937) (Acarina Eriophydae) - caro mexicano Tetranychus mexicanus (McGregos, 1950) (Acarina Teranychidae) - caro texano Eutetranychus banksi (McGregor, 1944) (Acarina Tetranychidae) - caro amarelo Lorryia formosa (Cooreman, 1958) (Acarina Tydeidae) Dentre estas espcies o caro purpreo, o caro branco o caro-das-gemas so

    os mais freqentes nos pomares e nos viveiros de citros.

    Alguns produtos indicados para controle de caros em citros.

    Nome tcnico

    Dose

    (g i.a./100 I de gua)

    Formulao e

    concentrao (g i.a./kg ou

    I)

    Perodo de

    carncia (dias)

    Classe

    txico- lgica

    caro da falsa ferrugem

    Abameclim Bromopropilato

    Enxofre Oxido de lenbulatina

    Quinometionato Cihexatim4

    Carbossulfam Etiom

    caro da leprose

    0,36

    20,0 320,0

    30,0 25,0

    25,0 10,0

    75,0

    1,5

    CE 18

    CE 500 PM 800

    SC 500 PM 250

    PM 500 CE 250

    CE 500

    PM 500

    7

    21 Livre

    14 14

    30 7

    15

    30

    I

    III IV

    III III

    III I

    I

    III

  • Hexitiazox5

    Oxido de fembulatina Cihexatim4

    Fenpropatrim5

    Bromopropilato Quinometionato

    Acaro purpreo

    Cihexatim4

    Etlhion

    caro branco

    Enxofre

    40,0

    25,0 15,0

    37,5

    30,0

    25,0

    100,0

    400,0

    SC 500

    PM 500 CE 300

    CE 500

    PM 250

    PM 500 CE 500

    PM 800

    14

    30 28

    21

    14

    30 15

    Livre

    III

    III III

    III

    II

    III I

    IV

    I: altamente txico; II: medianamente txico; III: pouco txico; IV: praticamente

    atxico. Usar sempre associado a leo mineral (dose:250ml/100l gua). Primeiro misturar o

    produto e o leo, a seguir colocar a mistura no tanque de pulverizao. Aps sua diluio, o produto deve ser aplicado no mesmo dia.

    No aplicar em condies de temperatura superiores a 30C. Observar intervalo mnimo de 20 dias para pulverizao com leo mineral. 4No aplicar em mistura com leo emulsionvel. No pulverizar na presena de brotao nova sob condies de alta temperatura e seca prolongada. 5No dever ser reaplicado num perodo de 12 meses.

    COCHONILHAS

    So insetos pequenos que formam colnias e permanecem a maior parte do tempo fixados superfcie do caule, ramos, folhas, frutos e at razes das plantas

    ctricas. As cochonilhas recobertas por escamas ou carapaas, devido ao aspecto distinto que cada espcie apresenta, so conhecidas por: cabea-de-prego, escama-

    vrgula, escama-farinha, pardinha e picuinha.

    COCHONILHAS DE CARAPAA

    CABEA-DE-PREGO

    Descrio As fmeas apresentam carapaa de forma circular, convexa e de cor violcea

    escura, medindo cerca de 2mm de dimetro. As colnias so formadas geralmente na pgina inferior das folhas.

    Sintomas Esta cochonilha deprecia os frutos para comrcio in natura devido dificuldade

    de remoo das escamas aderidas casca. acentuada a ocorrncia em plantas em viveiros, pomares em formao e pomares domsticos.

    Controle Deve ser feito com pulverizaes de leo mineral mais inseticidas nas reboleiras

    de ataque.

    Alguns produtos indicados para controle de cochonilhas.

    Nome

    Tcnico

    Dose

    (g i.a./100 I

    de gua)

    Formulao e

    concentrao (g i.a./kg ou

    I)

    Perodo de

    carncia (dias)

    Classe

    txico- lgica

    leo mineral emulsionvel

    Dimetoato Diazinon

    Metidation

    760 1600

    60 60

    40

    CE 756 CE 400

    CE 600 CE 400

    CE 300

    Livre 3

    14 28

    30

    IV I

    II I

    II

  • Vamidotion 24

    ESCAMA-VRGULA

    Descrio Este coccdeo possui escama semelhante a virgula ou marisco. A escama da

    fmea curva e mede cerca de 3mm de comprimento, enquanto que a do macho reta e menor. A colorao varia de marrom clara a marrom violcea.

    Sintomas

    Os frutos infestados so depreciados para o mercado interno e imprestveis para exportao, pois apresentam manchas verdes nas reas onde as cochonilhas se fixam.

    As folhas ficam manchadas de amarelo e encarquilhadas. Quando o ataque

    severo pode ocorrer a queda de frutos e folhas, bem como a morte de ramos mais novos.

    Controle

    Inseticidas indicados para controle desta praga encontram-se na acima. ESCAMA-FARINHA

    As fmeas apresentam a forma de concha alongada de colorao marrom. A escama do macho como um pequeno casulo branco notando-se no dorso trs carenas

    longitudinais. Os machos formam aglomeraes, dando as plantas o aspecto de terem as partes atacadas pulverizadas de branco.

    Sintomas

    So ectoparasitas, infestando folhas, frutos, ramos e tronco. Sugam a seiva debilitando a planta e inoculando toxinas, e prejudicam a qualidade dos frutos. Devido

    Pa secreo de uma substancia aucarada, propiciam o desenvolvimento de fungos

    (Capnodium sp.) causadores da fumagina, alm de atrair formigas que contribuem para a sua multiplicao. Altas infestaes no tronco ocasionam o fendilhamento longitudinal

    da casca podendo levar morte quando o ataque for em plantas

    Controle Nas folhas e frutos pode ser feita pulverizao com leo emulsionvel. No tronco

    e nos ramos recomenda-se o pincelamento com a seguinte formula: 1,0 kg de enxofre molhvel

    3,0 kg de cal hidratada 0,5 kg de sal de cozinha

    10,0 litros de gua

    PARDINHA

    O macho adulto alado e a fmea revestida por uma carapaa quase circular,

    achatada e de colorao pardo-amarelada clara, levemente avermelhada na parte central, com 2 a 3mm de dimetro.

    PICUINHA

    Atualmente considerada uma das principais pragas da citricultura paulista, em

    funo dos danos que provoca e pelas dificuldades de controle.

    COCHONILHAS DESPROVIDAS DE CARAPAAS

    Ocorre tambm, outro grupo de cochonilhas, denominado sem carapaa, no qual destacam-se pela importncia as seguintes: cochonilha branca, cochonilha verde e

    cochonilha-de-placas.

    COCHONILHA BRANCA

    Descrio

  • A fmea adulta recoberta por uma secreo branca, pulverulenta, formando 17

    apndices de cada lado, dos quais os dois ltimos so maiores. Tem corpo oval, de colorao pardo-avermelhada e mede de 3 a 5mm de comprimento.

    COCHONILHA VERDE

    Descrio

    So coccdeos de forma oval, achatados e de consistncia mole. Medem cerca de

    5mm de comprimento e tem colorao verde-clara. As espcies diferenciam-se pela presena de pontuaes escuras no dorso de C. hesperidium.

    PULGO

    Descrio

    So insetos sugadores, pequenos, medindo 1,5 a 2mm de comprimento, com formato periforme, de colorao marrom na forma jovem e preta nos adultos. Vivem

    em colnias compostas por fmeas pteras. Quando as colnias tornam-se muito populosas, surgem formas aladas que iro colonizar outros rgos ou plantas.

    Prejuzos

    Sugam a seiva continuamente, causando o encarquilhamento das folhas e brotos novos, podendo ocasionar reduo no desenvolvimento da planta. So vetores do vrus

    que ocasiona a doena denominada tristeza dos citros e, ainda, pelo excesso de lquido aucarado que excretam, ocasionam o desenvolvimento de fungos causadores de fumagina, que escurece as folhas e reduz a capacidade fotossinttica das plantas.

    BICHO-FURO

    BICHO-FURO

    Descrio

    O inseto adulto um microlepidoptero acinzentado, com 17mm de envergadura. A postura efetuada na superfcie dos frutos. As larvas, inicialmente marrom-claras,

    penetram em frutos verdes e maduros, construindo galerias internas e alimentando-se da polpa. Quando completamente desenvolvidas medem cerca de 18mm de

    comprimento, so branco-acinzentadas, com oito estrias longitudinais de pontuaes negras dispostas simetricamente sob o corpo. O ciclo de vida completa-se entre 12 e

    20 dias.

    Prejuzos Segundo Pinto (1986), muitos frutos caem das plantas contendo a lagarta no seu

    interior. Essa queda deve-se especialmente a infeces secundrias, originadas por fungos e bactrias que penetram atravs da perfurao efetuada pela lagarta. Esses

    microrganismos promovem a decomposio da regio do fruto prxima ao orifcio de penetrao da larva.

    Os nematides do gnero Meloidogyne geralmente no completam o ciclo de vida em citros, o que atribudo impossibilidade de estabelecerem stios de alimentao

    (Orion & Cohn, 1975). M. javanica tem sido a espcie mais freqentemente encontrada associada a citros (Inserra et al., 1978), sendo que sua reproduo na cultura foi

    observada apenas na Califrnia. No Brasil, as espcies de Meloidogyne no tm causado danos s plantas ctricas.

    Porm, M. javanica foi observada em diferentes porta-enxertos ctricos que tm como

    copa a laranjeira Hamlin (Citrus sinensis Osbeck) e a laranjeira Pera(C. sinensis)( Sharma & Genu, 1982a; 1982b). Em outros pases produtores, as infeces tambm

    so raras e de limitada importncia econmica (Inserra et al., 1978). A espcie Pratylenchus coffeae, constatada no estado de So Paulo, de

    ocorrncia bastante restrita. Neste captulo ser dada nfase espcie T. Semipenetrans, por ser considerada

    a mais disseminada e importante para a citricultura nacional.

    COLHEITA

  • A operao de colheita deve ser realizada com o uso de equipamentos

    apropriados e sob condies climticas adequadas. O ponto ideal do fruto para o incio da colheita depende do destino deste, que pode ser para o consumo in natura ou para

    a indstria de suco. Em ambas as situaes so necessrios cuidados para se obter produtos de boa qualidade.

    PONTO DE COLHEITA

    Ao contrrio dos frutos climatricos, como a banana, a ma e o abacate, os quais podem completar a maturao durante o armazenamento ou transporte, os frutos

    ctricos devem ser colhidos quando estiverem fisiologicamente desenvolvidos e maduros. A maturao caracteriza-se pelo aumento gradual de suco, decrscimo de

    teor de acidez, aumento dos slidos solveis e desenvolvimento da cor, aroma e sabor. Existem alguns mtodos que indicam o estado de maturao dos frutos, a saber:

    Colorao da casca. Normalmente as plantas sob clima mais ameno apresentam frutas com colorao da casca mais intensa do que aqueles conduzidas sob

    clima quente. Na colheita, e aconselhvel que as laranjas apresentem pelo menos 50% da superfcie da casca corada: os limes e limas cidas devem apresentar cascas lisas e

    brilhantes e as tangerinas no mnimo 5% da superfcie corada, com exceo da tangerina Murcote e Dancy que exigem maior percentagem de colorao. Nmero de dias desde plena florao at a maturao. Varivel em funo dos fatores climticos, do manejo e das cultivares; para as laranjas varia de sete a oito

    meses nas cultivares precoces e de 11 a 12 meses nas tardias.

    Quantidade de suco. Determinada a partir de amostras representativas coletadas no pomar (12 a 15 frutos); a extrao do suco feita utilizando-se

    espremedor manual ou centrfuga eltrica. O percentual de suco calculado em relao ao peso total das frutas amostradas. desejvel teor de suco superior a 40% para as

    laranjas, 30% para os limes e limas cidas e 35% para as tangerinas. Relao acidez/slidos solveis. o melhor mtodo de medir o estado de

    maturao dos frutos; com o amadurecimento, a um decrscimo gradativo de cidos e um acrscimo de acares. Os acares, ou slidos solveis, so determinados em

    refratmetros, e os resultados expressos em graus brix; a acidez obtida pela titulao da amostra de suco com hidrxido de sdio 0,1 N.

    A relao acidez/slidos solveis (ratio) obtida dividindo-se a percentagem de slidos solveis pela percentagem de acidez total. Essa relao pode variar de 6 a 20,

    sendo ideal a faixa compreendida entre 11 e 14.

    CUIDADOS NA COLHEITA E NO TRANSPORTE

    Tanto os frutos para consumo in natura quanto aqueles destinados indstria de

    suco, devem ser colhidos com o mximo cuidado. Injrias na casca, favorecem o desenvolvimento de fungos, reduzem o perodo de armazenamento, e causam perda do

    leo contido nela. Frutos batidos podem sofrer transformaes fsico-qumicas, que acarretam reduo no perodo de armazenamento e na qualidade do suco.

    Para que a operao de colheita se faa com menores danos aos frutos, recomendam-se as seguintes precaues:

    - - colher os frutos em sacolas de lona com fundo aberto, preso por ganchos;

    - - manter os colhedores com as unhas aparadas para evitar injrias aos frutos;

    - - manter as caixas de colheita limpas, sem a presena de materiais estranhos como areia ou pedregulhos;

    - - evitar a coleta de frutos molhados ou orvalhados;

    - - evitar a coleta de frutos, utilizando-se varas ou ganchos; - - manter os frutos colhidos em local ventilado e sombreado.

    MATERIAIS NECESSRIOS PARA A COLHEITA:

    Na operao da colheita, dependendo da cultivar e da idade das plantas, so

    necessrios os seguintes equipamentos: - - Sacolas de lona, com fundo falso;

    - - Caixas de madeira ou plstico, com capacidade para 25 a 40,8kg;

  • - - Tesouras com lminas curtas, pontas arredondadas, e molas

    que as conservem aberta, especialmente para a colheita de tangerinas; - - Caixes (bins) com capacidade para 400kg, quando as frutas

    so destinadas indstria; - - Escadas leves e resistentes.

    MANEJO PS-COLHEITA

    O transporte dos frutos pode ser feita em caixa, granel em vages, caminhes ou navios. Na colheita, geralmente so usados sacos de colheita apropriados, dos quais os frutos passam para as caixas que sero transportadas para o armazm de acondicionamento ou descarregados a granel. Os frutos destinados indstria,

    normalmente sofrem apenas uma lavagem, cuja finalidade livr-los de impurezas prejudiciais indstria (pedras, galhos, areia, folhas, etc.). Os frutos para consumo in

    natura sofrem, tambm, a lavagem, para limp-los de resduos aderidos casca, cochonilhas e fumagina, com gua aquecida (45C) e agitao constante promovida por

    palhetas na presena de detergentes especiais. Aps a lavagem os frutos recebem o polimento, posteriormente so calibrados, classificados e embalados de acordo com seu

    destino (mercado interno ou externo), seguindo normas e padres do Ministrio da Agricultura, os frutos devem ser classificados em grupos, classes e tipos.

    MERCADO & PERSPECTIVAS

    O Brasil, maior exportador mundial de suco de laranja, tem nas cotaes da Bolsa

    de Nova York o principal balizador dos preos domsticos. O consumo interno da fruta no desprezvel, pelo contrrio. Mas para cada laranja produzida para consumo in

    natura, produzem-se trs para a indstria. Enquanto no se equilibrar essa proporo, a Bolsa de Nova York continuar apontando se o produtor colher com lucro ou

    prejuzo. Desde o final de 1996, o mercado esteve frouxo. As cotaes do suco no

    alcanavam a mdia histrica. Os citricultores brasileiros amargavam prejuzos ou mal obtinham o suficiente para cobrir os custos de produo. Em fevereiro de 1998, iniciou-

    se uma virada nas cotaes. A safra seria reduzida, anunciava-se, em aproximadamente 20%. Mais tarde, a estimativa foi revista e amais recente avaliao

    d conta de uma colheita mais de 30% inferior de 1997. As razes da reduo so vrias. Fala-se em uma tendncia natural a uma

    variao da produtividade, com uma safra boa alternando-se com outra ruim. Tambm

    se apontam condies climticas desfavorveis temperaturas muito elevadas e dficit hdrico na poca da florada. Tratos culturais pouco rigorosos, sobretudo adubaes insuficientes, so arrolados, justificados pelo desnimo dos produtores com os preos baixos. Finalmente atribui-se a quebra a doenas, como a CVC (amarelinho) e o cancro

    ctrico, e ao ataque de pragas. O mercado foi mais agitado em agosto de 1998, com a divulgao das primeiras

    estimativas da safra norte-americana. As avaliaes indicavam tambm uma reduo da ordem de 10%, causada por condies climticas desfavorveis na florada. Em

    conseqncia disso, houve nova rodada de alta no mercado internacional. As projees do conta de um mercado em alta pelo menos at meados de 1999, em funo da

    reduo dos estoques internacionais. A quebra da produo brasileira no afetou o mercado internacional de fruta in

    natura, porquanto nosso pas no tem participao significativa nele. Ainda assim, as exportaes espanholas aumentaram. Normalmente a Espanha supre 40% do mercado

    mundial de laranjas frescas.

    Talvez os bons preos da laranja se mantenham por algum tempo, mas o produtor deve manter-se alerta. A valorizao do produto a passageira e a atividade

    continua requerendo cada vez mais profissionalismo. O enfoque constante na reduo de custos e no aumento da produtividade exigncia bsica para permanecer nesse

    mercado a longo prazo.

    COMERCIALIZAO:

    Pode se dar das seguintes maneiras: Produo prpria da indstria;

    Fruta para indstria;

  • Venda da fruta na planta ou no p; Fruta para galpo de embalagens e varejistas; Por consignao;

    Consrcio ou pool; Pelo produtor diretamente nos Ceasas;

    Feiras livres, supermercados, sacoles e ambulantes, etc.

    MAIORES PASES PRODUTORES

    Suco Concentrado de Laranja Balano Mundial Toneladas Mtricas 65 Brix Pases 1991/92 1992/93 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98*

    *

    PRODUO

    2.015.178

    2.162.447

    2.128.370

    2.204.937

    2.298.272

    2.583.998

    n.d.

    Brasil 1.145.000

    1.118.000

    1.126.000

    1.085.000

    1.152.000

    1.360.000

    n.d.

    Estados Unidos

    661.495 858.678 801.891 894.239 913.070 1.029.000

    1.130.000

    Mxico 14.000 25.000 36.000 65.000 45.000 40.000 41.000

    Espanha

    33.000 24.000 25.000 48.000 59.000 39.000 43.000

    Itlia 49.248 38.475 34.628 30.780 36.936 33.858 32.319

    Fonte: USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

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