59
CURSO DE DIREITO “UNIÃO ESTÁVEL” Caroline Chagas Martins RA: 4424345-8 Turma: 3109 – D Fone: 9956-0599 E-Mail: [email protected] São Paulo 2004

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C U R S O D E D IR E ITO

“U N I ÃO E S T ÁV E L ”

C aro line C hagas M artinsR A : 4424345-8

T urm a: 3109 – DFone: 9956-0599

E -M a il: carlinm artins@ hotm a il.com

S ão P au lo2004

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II

S U M ÁR IO

In trodu ção

1

C ap ítu lo 1

1 .1 - O concub ina to e a un i ão est áv e l no d ire ito

B ras ile iro 7

1 .2 - C oncub ina to

12

1.3 - C once ito de U n i ão E st áve l

14

1.4 - E lem entos configuradores da un i ão est áv e l

15

1.4 .1 -d ivers idade de sexos

15

1.4 .2 – exc lus iv idade 16

1.4 .3 - durab ilidade

16

1.4 .4 – pub lic idade

18

1.4 .5 - im ped im entos m atrim on ia is

19

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III

1.4 .6 - m ore uxór io

20

1.4 .7 - affectio m arita lis

21

C ap ítu lo 2

2 .1 - D ife ren ça s entre a un i ão est áv e l e o

casam ento 23

2.2 - C asam ento e un i ão est áv e l concom itan te

24

2.3 - U n i ão estáv e l pu ta tiva

24

2.4 - C onvers ão da un i ão est áv e l em casam ento

26

Cap ítulo 3

3.1 - D ire itos e deveres rec íp rocos

28

3.2 - D a aqu is ição do sobrenom e

29

3.3 - D a presun ção da patern idade

29

3.4 - P arentesco por a fin idade

30

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IV

3.5 - A lim entos 30

3.6 - O usufru to e o d ire ito rea l de hab ita ção

32

C ap ítu lo 4

4 .1- B em de fam ília

36

4.2-D ire itos possess ór ios

37

4.3-R eg im e de bens 37

4.4-N ecessidade de assentam ento do

com panhe iro 39

4.5-C ontra to de conv iv ên c ia

40

C ap ítu lo 5

In terven ção do M in is t ér io P úb lico

43

C ap ítu lo 6

6 .1-M ea ção 45

6.2-S ucess ão 47

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V

C ap ítu lo 7

U ni ão est áv e l hom ossexua l

50

C ap ítu lo 8

A un i ão est áv e l no D ire ito P ena l

53

Considera ções finais

57

Anexo - A 59

A nexo – B 64

Bibliografia 65

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V I

IN TR O D U ÇÃO

O presente traba lho ob je tiva a apresenta ção

dos pontos re levantes dos d ive rsos aspectos

pesqu isados sobre o tem a un ião es t áv e l.

Foram considerados os d ire itos constitu ídos

em leg is la çõe s especia is , h ie ra rqu icam ente dos ram os

do d ire ito constituc iona l, c iv il, pena l, reg is tros p úb licos

e o d ire ito p rev idenc i ár io , a l ém das s úm u las dos

tribuna is superio res, doutrinas e ju risprud ên c ias.

In ic ia lm ente fo i cons iderada a evo lu ção do

reconhec im ento da un i ão est áv e l no ordenam ento

ju r íd ico nac iona l, o estabe lec im ento de d ife ren ça s

entre o concub ina to puro e im puro , bem com o a

evo lu ção da ileg ítim a e os e fe itos na sucess ão

hered it ár ia .

O s resu ltados da pesqu isa abrangeram

com para çõe s en tre o institu to do casam ento , d ire ito

dos c ôn juges, d ire itos da pro le e os d ire itos

decorren tes da un i ão est áv e l para os conviventes,

com panhe iros e filhos hav idos na re la ção , d is tingu indo

as d ife ren ça s entre os reg im es de bens do casam ento

e o reg im e de bens adotado na un i ão est áv e l.

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V II

N o traba lho procurou-se dem onstrar os e fe itos nas

d isso lu çõe s de un i õe s est áve is em re la ção aos

com panhe iros e os filhos com uns ou n ão , quanto aos

d ire itos assegurados aos bens adqu iridos na

const ân c ia da re la ção , a lim entos, as cond i çõe s do

d ire ito rea l de hab ita ção , paren tesco por a fin idade, a

responsab ilidade sobre a guarda e educa ção dos

filhos.

D ed icou-se um breve cap ítu lo sobre a

evo lu ção do tem a dos d ire itos da un i ão hom ossexua l

no B ras il, n ão reconhec ida com o un i ão est áv e l, m as

adm itida a sua exis t ên c ia para e fe itos de extens ão de

d ire itos prev idenci ár ios e pa trim on ia is , concorrendo o

com panhe iro sobrev ivente com os dem a is herde iros e

legat ár ios.

1.1 - O CONCUBINATO E A UNI ÃO EST ÁV EL

NO DIREITO BRASILEIRO:

A prim e ira le i b ras ile ira que reconheceu o

d ire ito e benefic iou a com panhe ira fo i o D ecre to n o

2.681/1912, que prev iu a inden iza ção para a

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V III

com panhe ira e os dependentes das v ítim as de

acidentes de estrada de fe rro .

O C ód igo C iv il de 1916 n ão conce ituou nem

regu lam entou a un i ão est áv e l, de ixando c la ro que

a lguns d ire itos eram exc lus ivos a esposa. D entre os

d ire ito exc lus ivos da esposa estavam o d ire ito de

re iv ind icar os bens com uns doados ou transferidos a

concub ina (inc iso I do A rtigo 248); im ped im ento a

concub ina de ser nom eada legat ár ia ou herde ira

(inc iso III do A rtigo 1719); e considerava ileg ítim os os

filhos tidos fo ra do casam ento (A rtigo 337).

O A rt. 240 do C ód igo de 1916 conce ituava,

que a m ulher adqu iria pe lo casam ento a cond i ção de

“c om panhe ira ” com o s in ôn im o de esposa.

P e lo C ód igo C iv il de 1916, os filhos ileg ítim os

s ó poderiam ser reconhecidos a trav és de um a A ção de

R econhecim ento , com provando o concub ina to dos

pa is no m om ento da sua concep ção e desde que n ão

houvesse os im ped im entos dos inc isos I a IV do A rt.

183.

A le i n o 3 .724/1919 sobre ac identes de

traba lhos inovou ao equ iparar o d ire ito da com panhe ira

dependente finance iram ente , à e sposa.

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IX

N o decre to n o 20 .465/31, que tra tava da

leg is la ção p rev idenci ár ia te rm o “m u lher ” passou a

estender o d ire ito às pens õe s à m u lher n ão casada.

A le i n o 3 .807/60 da prev id ên c ia soc ia l,

cons iderava a com panhe ira dependente , na fa lta dos

dependentes leg ítim os m encionados na le i.

A le i n o 6 .015/73 que tra tava dos reg is tros

p úb licos au torizava a com panhe ira , a separada

jud ic ia lm ente , v i úva ou so lte ira , de hom em tam b ém

descom prom issado, requer a averba ção do nom e do

com panhe iro em seu reg is tro de casam ento .

C om a evo lu ção soc ia l e ju risprudenc ia l, e em

decorr ên c ia das le is consideradas u ltrapassadas sobre

o assunto , o S uprem o T ribuna l Federa l ed itou quatro

S úm u las trazendo m a is seguran ça às pa rtes nos

re lac ionam entos n ão fo rm a lizados pe lo casam ento .

“S úm u la 35 : “E m caso de acidente de traba lho ou

de transporte , a concub ina tem o dire ito a ser

indenizada pela m orte do am ás io , se entre e les

n ão havia im pedim ento para o m atrim onio. ”

“S úm u la 380: “C om provada a exist ên c ia de

sociedade de fa to entre os concub inos, é cab íve l

a sua d isso lu ção jud icia l, com a partilha do

patrim ôn io adqu irido pe lo esfor ço com um . ”

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X

“S úm u la 382: “A v ida em com um sob o m esm o

teto , m ore uxorio , n ão é d ispens áve l à

caracteriza ção do concub inato. ”

“S úm u la 447: “É v álida a d isposi ção testam ent ária

em favor de filho adulte rino do testador com a sua

concubina. ”

A un i ão est áv e l som ente fo i reconhec ida

com o entidade fam ilia r na C onstitu i ção F edera l de

1988. A ntes s ó se ap licavam regras re la tivas ao d ire ito

das obriga çõe s e n ão as re la tivas a fam ília .

D e acordo com Zeno V e loso a carta m agna

de 1988 “ra iou a liberdade, p roc lam ou-se a igua ldade,

e todo aque le en tu lho leg is la tivo fo i expe lido e

soterrado ”1.

In ic ia lm ente d ian te da fa lta de conce itua ção

da C onstitu i ção , inovou-se e fo ram surg indo dúv idas e

questionam entos sobre os e fe itos da un i ão est áv e l.

A ju risprud ên c ia fo i e luc idando as d úv idas,

m as em prim e iro lugar e ra prec iso dem onstrar a

ex is t ên c ia da un i ão en tre as partes, para depo is serem

ana lisados e ap licados os seus d ire itos e e fe itos.

1 Q uest ões Controvertidas no novo c ód igo civil. p .405

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X I

A partilha dos bens s ó e ra poss íve l se

houvesse a com prova ção de que os com panhe iros

a judaram na constru ção do patrim ôn io com um .

O entend im ento ju risprudencia l fo i se

aperfe i ço ando e com o passar do tem po, passou a

considerar tam b ém o d ire ito da com panhe ira que

traba lhava no âm b ito dom estico , cu idando do la r e da

fam ília , contribu indo para o cresc im ento do pa trim ôn io

com um .

A com panhe ira deveria ser inden izada pe lo

equ iva len te aos serv i ço s dom és ticos prestados,

quando n ão fosse poss íve l dem onstrar a sua

partic ipa ção ou sua contribu i ção p ara o cresc im ento do

patrim ôn io , vedando o eventua l enriquec im ento il íc ito ,

m as n ão desam parando a conviv ên c ia .

E m 1994 com a prom ulga ção da Le i n o 8 .971

ficou estabe lec ido o d ire ito de a lim entos e sucess ão , a

un i ão est áv e l passou a produzir e fe itos, equ ipa rados

em certos aspectos aos e fe itos do casam ento .

A Le i n ° 9 .278/96 regu lam entou o § 3 ° do A rt.

226 da C onstitu i ção F edera l, conce ituando com o

“e n tidade fam ilia r ”, decorren te da conviv ên c ia

duradoura , p úb lica , cont ínua , de hom em e m ulher,

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X II

com ob je tivo de constitu ir fam ília , estabe lecendo

igua ldade de d ire itos dos conviventes.

E stabe leceu d ire ito e obriga çõe s rec íp rocas,

m útuas ass is t ên c ia m ora l e m ateria l, a guarda e

sustento dos filhos, e um reg im e de bens b ás ico

s im ila r ao reg im e ao da com unh ão parc ia l de bens,

presum indo a aqu is i ção em partes igua is .

A Le i n ° 9 .278/96 avan ço u assegurando na

separa ção a pens ão a lim ent íc ia , o d ire ito rea l de

hab ita ção cond ic ionado e a convers ão da conv iv ên c ia

em casam ento , em n ão havendo im ped im entos.

O C ód igo C iv il em v igor reconheceu a un i ão

est áve l com o entidade fam ilia r, n ão estabe lecendo um

prazo m ín im o para a sua caracteriza ção , m as fixando

os requ is itos da conviv ên c ia púb lica , cont ínua ,

duradoura , com o o ob je tivo de constitu ir fam ília , en tre

hom em e m ulher.

C aber á à d ou trina e a ju risprud ên c ia

conce ituar o decurso do tem po que caracteriza ria a

cond i ção ou estado de convivên c ia duradoura , e os

par âm etros que identificariam as un i õe s com ob je tivo

fam ilia r ou n ão .

1.2 - CONCUBINATO

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X III

O term o concub ina to deriva da pa lavra la tina

concub ina tus , que s ign ifica m anceb ia , am as iam ento ;

deriva do verbo concubo-e re , que s ign ifica dorm ir com

outra pessoa, te r re la ção ca rna l, estar na cam a. P ara

a lguns doutrinadores concub ina to possu i do is

sentidos: o am p lo e o restrito .

N o sentido am plo concub ina to é cons iderado

com o qua lquer re lac ionam ento en tre hom em e m u lher,

com ou sem com prom isso de constitu ir fam ília . E no

sentido estrito concub ina to é a un i ão duradoura e

com prom issada, constitu indo um a soc iedade con juga l

para todos os e fe itos.

A m aioria da doutrina d iv id iu o concub ina to

em puro e im puro . N o concub ina to puro n ão ex is tem

im ped im entos m atrim on ia is , a re la ção n ão é des lea l,

ex is te a fo rm a ção d e um a fam ília leg ítim a ou de fa to . E

no concub ina to im puro h á um im ped im ento

m atrim on ia l.

P ara Jorge S h iguem itsu Fu jita a un i ão est áv e l

seria um a espéc ie do g ên e ro concub ina to , d ife rindo

por ser tra ta r de um concub ina to puro e est áve l 2. A

2 Curso de d ire ito civ il: d ire ito das sucess ões.p.40.

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X IV

m aioria dos doutrinadores adota a express ão

“c o ncub ina to ”, para o concub ina to im puro e adotam a

“u n i ão est áv e l ” pa ra o concub ina to puro .

O A rt. 1 .727 do novo C ód igo C iv il, em

conson ân c ia com o § 1 ° do A rt. 226 da C onstitu i ção

Federa l de fin iu o concub ina to com o sendo: “as

re la çõe s n ão eventua is en tre o hom em e a m u lher,

im ped idos de casar. ”

O M in is tro A ntôn io N éd e r do S uprem o

T ribuna l Federa l d is tingu iu no R ecurso E specia l n o

83930, R T J 82/930, a concub ina da com panhe ira . A

prim e ira seria com quem o c ôn juge adu lte ro tem

encontros periód icos fo ra do la r, enquanto que a

com panhe ira se ria aque la com quem o var ão ,

separado de fa to da esposa, ou de d ire to m ant ém

con iv ên c ia m ore ux ór io .

O A rt. 1 .708 do C ód igo C iv il a tua l cessa o

d ire ito do concub ino credor à pens ão a lim ent íc ia , pe la

constitu i ção de novo casam ento ou pe la un i ão es táv e l.

1.3 - CONCEITO DE UNI ÃO EST ÁV EL:

P ara a au tora A na E lizabeth C ava lcanti: un i ão

est áve l é o re lac ionam ento en tre hom em e m u lher que

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X V

pre tendem form ar um a entidade fam ilia r sem as

form alidades a tribu ídas ao casam ento .3

M arco A ur élio S . V iana entende que: un i ão

est áve l é a conv iv ên c ia en tre hom em e m u lher

a licer ça da na vontade dos conv iventes, de car áte r

not ór io e est áve l, v isando a constitu i ção de fam ília 4.

V alte r K en ji conce itua a un i ão est áv e l de

m ane ira m a is suc in ta , para o au tor tra tas-se de “ un i ão

entre hom em e m u lher sem a ex is t ên c ia de

m atrim ôn io .5 N a un i ão est áv e l haveria a fo rm ação um a

fam ília de fa to , tendo o seu reconhec im ento ju r íd ico

posterio r ”.

1.4 - Elem entos configuradores da Uni ão

Est ável

O B JET IV O S : a ) d ivers idade

b ) exc lus iv idade

3 Casam ento e Uni ão est áve l: requisitos e efe itos especia is.p.67

4 Uni ão Est áve l.p .29

5 D ire ito de fam ília e suas in terpreta çõe s doutrin árias e jurisprudencia is: de acordocom o novo c ód igo civil.p .218.

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X V I

c ) un i ão duradoura

d ) no toriedade

e) inex is t ên c ia de

im ped im ento m atrim on ia l

S U B JE T IV O S: a ) conviv ên c ia m ore ux ór io

b ) affectio m arita lis

1.4.1 - DIVERSIDADE DE SEXOS :

A d ivers idade dos sexos é um dos requ is itos

do § 3 ° do A rt. 226 da C onstitu i ção F edera l. A un i ão

entre pessoas do m esm o sexo n ão é reconhec ida

com o entidade fam ilia r. P ara a lguns autores, a esses

casos deve-se ap licar o d ire ito das obriga çõe s .

1.4.2 - EXCLUSIVIDADE:

A id éia de exc lus iv idade est á ligada a

m onogam ia , que é um dos princ íp ios da entidade

fam ilia r, com a fide lidade entre os com panhe iros.

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X V II

P arte da doutrina en tende que a fide lidade

n ão deve ser cons iderada com o um e lem ento

configurador da un i ão est áv e l, e s im um a

conseq üên c ia do respe ito , com o um d ire ito e um a

obriga ção rec íp roca decorren te na un i ão duradoura ,

com ob je tivo de constitu ir fam ília .

1.4.3 - DURABILIDADE:

A durab ilidade, com o a continu idade do

re lac ionam ento , é um dos requ is itos que d ife renc ia a

un i ão passage ira , e f êm era , da un i ão com an im us de

constitu ir fam ília .

O fa tor tem pora l de m uitos anos era v is to

com o um e lem ento caracterizador da un i ão est áv e l. A

leg is la ção p rev idenci ár ia estabe leceu o requ is ito

tem pora l de 5 anos, para o reconhec im ento da

com panhe ira para conceder a pens ão a e la com o

dependente do segurado fa lec ido .

A le i de R eg is tros P úb licos acom panhando o

entend im ento da leg is la ção p rev idenc i ár ia fixou o

prazo de 5 anos para a com panhe ira tivesse o d ire ito

de adotar o pa tron ím ico do com panhe iro .

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X V III

A le i n o 8 .971/94 estendeu os d ire itos da

pens ão a lim entíc ia (le i n o 5 .478/68) à com panhe ira de

conviv ên c ia com prazo m ín im o 5 anos, ou sem prazo

se da conviv ên c ia houvesse pro le com um .

A ed i ção dessa le i fo i cons iderada um grande

avan ço sobre o tem a, porquanto institu iu aos

com panhe iros sobrev iventes, o d ire ito ao usufru to

v ita l íc io de 25% dos bens, enquanto n ão constitu ísse

nova un i ão , se houver filhos ou pro le com um .

A le i n o 9.278/96 n ão es tabe leceu prazo para

caracteriza ção da un i ão est áv e l, m as n ão a fastou

outros requ is itos com o a so lidez, durab ilidade do

re lac ionam ento e o in tu ito de constitu ir fam ília .

C om a inexis t ên c ia da fixa ção do prazo

surg iram d iverg ên c ias doutrinár ias e ju risprudên c ias ,

em 1996 a C orregedoria G era l da Justi ça do E stado do

R io de Jane iro estabe leceu, na om iss ão da le i, o p razo

de 5 anos para o reconhec im ento da entidade fam ilia r,

sendo poss íve l em a lguns casos o reconhecim ento

quando presente a estab ilidade.

A m aioria dos m ag is trados pau lis tas e dos

outros E stados insp irados no prazo do d iv órc io

consideram o prazo de 2 anos para a estab iliza ção da

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X IX

un i ão , quando n ão p resentes ou tros m eios para a

com prova ção da durab ilidade da re la ção .

O C ód igo C iv il em v igor tam b ém n ão

fixou prazo m ín im o para o reconhecim ento da un i ão

est áve l, facu ltando a in te rpre ta ção e o reconhec im ento

da durab ilidade, caso a caso.

E ntre tan to é im portan te frisar que o S uprem o

T ribuna l Federa l j á se pronunciou sobre os e fe itos da

un i ão est áv e l no tem po, ou se ja , assegurando seus

efe itos às re la çõe s posterio res a C onstitu i ção de 1988.

1.4.4 - PUBLICIDADE:

O artigo 1 .723 do C ód igo C iv il a tua l de term ina

que a un i ão es t áve l dever á se r p úb lica , n ão sendo

considerada entidade fam ilia r a re la ção sem

notoriedade.

O s com panhe iros dever ão , dentro do seu

m eio soc ia l te r a re la ção reconhec ida por parentes e

am igos ín tim os. A id éia de pub lic idade est á ligada a

exterio riza ção da fam ília em form a ção .

A pub lic idade a fasta o reconhecim ento dos

eventua is re lac ionam entos des lea is , im puros que na

sua m aioria das vezes s ão secre tos.

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X X

1.4.5 - IMPEDIMENTOS M ATRIMONIAIS:

O § 1 ° do A rt. 1 .713 do C ód igo C iv il p rev ê

para a un i ão est áv e l os m esm os im ped im entos do

casam ento , exceto o im ped im ento do inc iso V I. À

pessoa casada, m as separada de fa to ou

jud ic ia lm ente , poder á te r o seu re lac ionam ento

reconhec ido .

A separa ção de fa to é a perda da coab ita ção

de um dos c ôn juges ou conv iventes, ou a ausên c ia de

re lac ionam ento ín tim o, sem a in te rven ção jud ic ia l, por

v ár ios m otivos, ta is com o enferm idades, quest õe s

m ora is , soc ia is e finance iras.

G rande parte da doutrina en tende que ap ós a

separa ção de fa to os deveres dos c ôn juges ficam

suspensos, sendo poss íve l a constitu i ção de nova

entidade fam ilia r durante esse perío d o .

N a separa ção de fa to se a fasta a com unh ão

de bens adqu iridos ap ós a separa ção .

1.4.6 - MORE UX ÓR IO

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X X I

A com unh ão de v ida é um dos requ is itos da

un i ão est áv e l, m as a coab ita ção j á n ão é m a is

im presc ind íve l, para a caracteriza ção , com o já se

pronunc iou o S uprem o T ribuna l Federa l em A gravo de

R ecurso E xtraord in ár io aba ixo transcrito .

STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTI ÇA

C lasse: RESP - RECURSO ESPECIAL – 474581

P rocesso: 200201270564 UF : MG Ór g ão

Ju lgador:TERCEIRA TURMA D ata da decis ão :

12/08/2003 D ocum ento: STJ000506560 :

“U n i ão E st áve l. C om prova ção nas Inst ân c ias

O rd in ár ias. S úm u la n o 7 da C orte .

1.C om provada exaustivam ente nas inst ân c ias

ord in ár ias que a autora e seu fa lec ido com panhe iro

m antiveram um a un i ão p úb lica, cont ínua e duradoura

por 32 (trin ta e do is) anos, n ão se pode afastar a

configura ção da exist ên c ia de verdade ira un i ão

est áve l, n ão re levando, nas circunst ânc ias dos au tos,

o fa to de n ão m orarem sob o m esm o te to.

2. R ecurso especia l n ão conhecido ”

A coab ita ção fac ilita a identificação d o

m om ento em que o re lac ionam ento passou de um

nam oro para o in íc io de um a entidade fam ilia r, m as

com a m od ificação dos va lo res soc ia is a separa ção

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X X II

m ateria l n ão é m a is um im ped itivo para a considera ção

de um a un i ão fam ilia r.

1.4.7 - AFFECTIO MARITALIS

N a un i ão es t áve l o affectio m arita lis , ou a

vontade de v iver em com unh ão de v ida , constitu indo

um a fam ília , é um dos requ is itos m a is im portan tes

para a configura ção da entidade fam ilia r. O s

com panhe iros n ão t êm obrigaçõe s de v ida em com um ,

com o no casam ento .

O affectio m arita lis d ife renc ia da re la ção

pro longada no tem po que se lim ita a um s im ples

re lac ionam ento carna l, sexua l.

A lguns doutrinadores entendem que presen ça

de um filho seria um e lem ento secund ário para a

caracteriza ção na un i ão com in tu ito fam ilia r. P ara o

C ód igo C iv il a s im p les ex is t ên c ia de filhos n ão

configuraria a un i ão est áv e l; o filho pode ser fru to de

um re lac ionam ento espor ád ico sem conota ção fam ilia r.

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X X III

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X X IV

2.1 - DIFERENÇA S ENTRE O CASAM ENTO E A

UNI ÃO EST ÁV EL

O casam ento é um a to ju r íd ico so lene,

regu lam entado por norm as que definem sua va lidade e

efic ác ia , possu indo e fe itos c iv is .

P ara Louriva l da S ilva : “o e fe ito c iv il pode

ent ão se r conce ituado com o o con jun to de

conseq üên c ias ju r íd icas de ordem patrim on ia l que

decorrem do casam ento rea lizado sob a reg ên c ia do

d ire ito c iv il. ”6

N a un i ão es t áve l exis te a liberdade da fo rm a

na sua constitu i ção , e la é um fa to ju r íd ico n ão so lene

de fo rm a ção sucess iva e com p lexa. P ara sua

constitu i ção e reconhec im ento com o fa to ju r íd ico é

necess ár ia apenas a adequa ção a certos e lem entos.

O s m om entos de reconhec im ento ju r íd ico dos

do is institu tos s ão d is tin tos, enquanto o casam ento

tem o seu reconhecim ento ju r íd ico im ed ia to , dev ido a

form alidade, a un i ão es t áv e l só se r á reconhecida com

o tem po, a través da fo rm a lização espont ân ea dos

conviventes ou de um pronunciam ento jud ic ia l.

6 Uni ão est áve l: a inconstitucionalidade de sua regulam enta ção .p .67

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X X V

2.2 - CASAM ENTO E UNI ÃO EST ÁV EL

CONCOMINANTES

In ic ia lm ente a doutrina nac iona l do E stado

pro teg ia apenas a fam ília , n ão adm itindo a

s im ultane idade do casam ento e da un i ão est áv e l.

A evo lu ção trouxe a equ ipara ção d os d ire itos

de pro te ção da pro le e do ex. convivente da un i ão

est áve l equ iva len te , e em a lguns casos, obriga çõe s e

d ire itos s im u lt ân eos aos do casam ento .

A s regras do d ire ito de fam ília ser ão

ap licadas com os filhos dessa un i ão ; os filhos do

casam ento e da un i ão est áv e l tem tra tam ento

ison ôm ico.

O concub ina to im puro , n ão é considerado

um a entidade fam ilia r.

2.3 - UNI ÃO ESTAVEL PUTATIVA

E sse institu to só fo i inserido no d ire ito p átr io ,

ao casam ento no A rt. 1 .561 do C ód igo C iv il a tua l e o

A rt. 207 do C ód igo anterio r, sendo a t é en t ão adotado

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X X V I

pe la doutrina e pe la ju risprud ên c ia , na un i ão est áv e l,

por ana log ia .

A ignor ân c ia é o fa to r caracterizador da

puta tiv idade desde m odo a pessoa que n ão sabe que

seu com panhe iro é casado ou possu i ou tra

com panhe ira te r á o seu re lac ionam ento reconhecido

com o entidade fam ilia r.

S e a un i ão fo r m a is an tiga que o casam ento ,

a esposa de boa-f é te r á respe itado o reg im e de bens e

o d ire ito sucess ório , podendo a com panhe ira ou o

com panhe iro de boa-f é p le itear o que lhe cabe na

constru ção do patrim ôn io , durante o re lac ionam ento .

C aso ha ja un i õe s concom itan tes, ser á

observados a boa-f é e o tem po, cabendo a cada

com panhe iro o que lhe é dev ido de acordo com a

dura ção do re lac ionam ento .

F ranc isco José C aha li en tende que “no

concub ina to incestuoso, onde os com panhe iros

desconhecem os im ped im entos m atrim on ia is por

parentesco, os e fe itos dever ão ser observados dev ido

a boa-f é”. 7

7 Contrato de Conviv ência na un i ão est áve l.p .26.

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X X V II

“O fa to de m anter o r éu duas concub inas em

cidades d ife rentes d iv id indo com am bas a v ida

conjugal (durante a sem ana na c idade de S ão

Paulo, onde durante 14 anos m anteve outra, com

a qua l inclusive tem um a filha), e bem assim v ir

recentem ente a casar-se com um a, n ão a fasta o

d ire ito da outra na partilha dos bens adqu iridos no

per íodo. O casam ento no reg im e de com unh ão

parcia l v isou pre jud icar a am bas. R ecurso provido

para ju lgar-se procedente a a ção ”. ( A pe la ção

C íve l n . 271.177-1/3, Itanh ém , 8 a C âm ara de

f érias, ju lgado em 18/9/96, R e l. D ês . E gas

G alb ia tti)

2.4 - CONVERS ÃO DA UNI ÃO EST ÁV EL EM

CASAM ENTO

A leg is la ção nove l n ão estabe leceu um

proced im ento espec ia l para a convers ão da un i ão

est áve l em casam ento .

P ara E uclides de O live ira a convers ão

haveria de ser exig íve l apenas a requerim ento

adm in is tra tivo ao O fic ia l do R eg is tro C iv il, do dom ic ílio

dos com panhe iros, com o consta no A rt. 8 o da le i

9 .278/96 8.

8 Uni ão E st áve l: do concubinato ao casam ento antes e depois do novo c ód igo

civil.p318.

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X X V III

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X X IX

3.1 - DIREITO E DEVERES REC ÍPROCOS NA

UNI ÃO EST ÁV EL

O A rt. 2 ° da le i no 9 .278/96 fixou com o d ire itos

e deveres m útuos, o respe ito e a considera ção

m útuos; a ass is t ên c ia m ora l e m ateria l rec íp roca; a

guarda, susten to e educa ção dos filhos com uns.

O C ód igo C iv il segu indo a m esm a id éia do

A rt. 1 .724 fixou os deveres de lea ldade, de respe ito e

ass is t ên c ia , e de guarda, susten to e educa ção dos

filhos com uns, n ão p rescrevendo a cond i ção ou o pr é-

requ is ito da coab ita ção e da fide lidade.

A cu lpa na un ião es t áv e l é tra tada, de fo rm a

d is tin ta por duas corren tes doutrin ár ias.

A prim e ira corren te en tende que é necess ár ia

a caracteriza ção da cu lpa para a concess ão da pens ão

a lim ent íc ia en tre os com panhe iros, por ana log ia a Le i

do D iv órc io .

P ara a segunda corren te n ão adm ite a

presun ção de cu lpa , po is n ão h á p rev is ão lega l, a

pens ão a lim entíc ia estaria re lac ionada a necess idade.

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X X X

3.2 - DA AQUISI ÇÃO DO SOBRENOME

O C ód igo C iv il v igente , ass im com o Le i de

R eg is tro P úb lico , poss ib ilitou aos com panhe iros a

aqu is i ção do sobrenom e do outro .

O com panhe iro s ó perder á esse d ire ito se e le

for dec la rado cu lpado pe lo rom pim ento da un ião ,

a trav és de um requerim ento do outro com panhe iro ,

sa lvo se n ão p re jud icar a identifica ção pessoa l e

pro fiss iona l do com panhe iro cu lpado.

3.3 - DA PRESUN ÇÃO DE PATERNIDADE NA

UNI ÃO EST ÁV EL

A presun ção de patern idade lega l, ap licada

no casam ento , n ão é u tilizada nos re lac ionam entos

extram atrim on ia is , em raz ão da aus ên c ia de a to

so lene na sua fo rm a ção .

O s filhos dos re lac ionam entos extra -

m atrim on ia is se r ão reconhec idos em a ção de

reconhec im ento de patern idade, decorren tes da

conviv ên c ia est áv e l, que s ão reconhec idas com o

entidade fam ilia r, ev idenciando a presun ção de fa to .

O S uperio r T ribuna l de Justi ça en tende

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X X X I

poss íve l, na exis t ên c ia de casam ento re lig ioso est áve l,

com conviv ên c ia m ore ux ór io , a ap lica ção da

presun ção lega l.

O com panhe iro que conviva ou n ão sobre

o m esm o te to tem poder de fam ília sob os filhos

devendo exerce r a guarda, educa ção e o s is tem a dos

filhos com uns e as obriga çõe s a lim entares.

3.4- PARENTESCO POR AFINIDADE

O parentesco por a fin idade, an tes s ó p rev is to

no casam ento fo i estend ido à un i ão est áv e l com o

advento do C ód igo C iv il em seu A rt. 1 .595.

E ntendeu-se que os parentes a fins s ão os

pa is dos com panhe iros, equ iva lem aos sogros; os

filhos hav idos em outra un i ão , aos enteados; e os

irm ão s , aos cunhados.

O parentesco e as obriga çõe s por a fin idade

n ão se extinguem com a d isso lu ção da un i ão .

3.5 - ALIMENTOS

A fixa ção de a lim entos no d ire ito b ras ile iro

segu iu a filoso fia do d ire ito rom ano com o critér io de

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X X X II

propor ção en tre as necess idades b ás icas de

subsis t ên c ia e de m anuten ção de um a v ida d igna, de

quem pede o recurso , concorrendo os filhos e o

c ôn juge.

O s a lim entos ser ão dev idos enquanto o

com panhe iro não constitu ir nova un i ão , ou se casar.

N a un i ão es t áve l o ped ido de a lim entos na v ia

sum ária s ó se rá fo rm ulado em a ção especia l se a

un i ão fo r reconhecida jud ic ia lm ente ou tiver p rova

docum enta l inequ ívoca.

N a d isso lu ção da re la ção o com panhe iro

cu lpado, em ana log ia ao A rt. 1 .704 do C ód igo C iv il,

sem aptid õe s ao traba lho e sem parentes poder á

requerer o d ire ito a pens ão no va lor ind ispensáv e l à

sobrev iv ên c ia .

A obriga ção a lim entar n ão é transm itida aos

herde iros e a responsab ilidade pe las d ív idas se

lim itam às fo r ça s da heran ça . D epo is os herde iros s ó

responder ão com a propor ção da parte que lhes

couber na heran ça .

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X X X III

3.6 - O USUFRUTO E O DIREITO REAL DE

HABITA ÇÃO

O c ód igo c iv il a tua l exc lu iu o d ire ito de

usufru to parc ia l os bens no d ire ito sucess ór io ,

regu lando apenas o d ire ito rea l de hab ita ção para os

c ôn juges.

A Le i n ° 9 .278/96 prev ia no seu A rt. 7o que na

d isso lu ção da un i ão est áv e l por m orte de um dos

com panhe iros, o sobrev ivente te ria o d ire ito rea l de

hab ita ção do im óv e l destinado a sua res id ên c ia .

E ntende-se d ire ito rea l de hab ita ção a

utiliza ção g ra tu ita de im óv e l a lhe io , devendo o titu la r

do d ire ito res id ir com sua fam ília , n ão podendo a lugar

ou em prestar o im óv e l.

O d ire ito de hab ita ção e ra , an tes do novo

C ód igo C iv il, um d ire ito sob te rm o ou cond i ção

reso lu tiva assegurado enquanto o titu la r v ivesse ou

n ão se casasse.

O C ód igo C iv il em v igor s ó concedeu o d ire ito

rea l de hab ita ção as pessoas casadas, sob qua lquer

reg im e de bens, com a extin ção do d ire ito se o c ôn juge

sobrev ivente se casar novam ente .

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X X X IV

A lacuna vem preocupando a doutrina que

a inda d iverge em seu entend im ento .

P ara M aria H e lena D in iz 9 :

“A re la ção m atrim on ia l na seara sucess ória p reva lece

sob a estabelecida un i ão est áve l, po is o convivente

sobrevivente n ão se benefic ia r á dos m esm os d ire itos

sucess órios ou torgados ao c ôn juge sup érs tite ... urge

lem brar que o com panhe iro por fo r ça da le i 9 .278/96,

art.7 o, par ág ra fo ún ico , tam b ém ter á d ire ito rea l de

hab ita ção , enquanto n ão v iver ou n ão constitu ir nova

un i ão , ou casam ento, re la tivam ente ao im óve l

destinado a fam ília , m as pe lo c ód igo civ il ta l d ire ito é

deferido ao c ôn juge sobrevivente... D iante da om iss ão

do C ód igo C iv il, o a rtigo 7 o da le i estaria v igente por

ser um a norm a especia l. ”

D iverg indo Francisco Jos é C aha li “o n ovo C ód igo

C ivil d iscip linou in te iram ente a m at ér ia , revogando assim ,

os efe itos sucess órios en tre os conviventes previstos em

norm as anterio res. ”10

E ntre tan to , a m a ioria dos ju ris tas est á com a

P ro fª. M aria H e lena e en tendem que o C ód igo C iv il

a tua l fo i om isso nesse ponto em re la ção aos d ire itos

dos com panhe iros, com o n ão exc lu iu esses d ire itos

9 D ire ito das Sucess ões.p.109

10 Curso Avan çado de d ire ito C ivil: d ire ito das sucess ões. p .227.

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X X X V

taxa tivam ente , o seu A rt. 2 .045 n ão d isp ôs e n ão

revogou expressam ente a Le i n ° 9 .278/66, ap licando-

se o princ ip io de herm en êu tica que n ão cabe ao

in terpre te restring ir o que o leg is lador n ão restring iu .

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X X X V I

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X X X V II

4.1 - BEM DE FAM ÍLIA

P ara R ita de C ás s ia V asconce los , a

inc id ên c ia da pro te ção do bem fam ília n ão é de fin ida

pe lo estado c iv il das pessoas, inc id indo sobre a un i ão

est áve l a im penhorab ilidade do im óv e l pertencente a

am bos com panhe iros, nas d ív idas contra ídas por um

ou por am bos, de acordo com a Le i n ° 8 .009/90.11

A ssim , en tende que qua lquer um dos

conviventes, p reench idos os requ is itos, poderá o por

em bargos de te rce iros para a de fesa do im óve l

res idencia l, e ser in tim ado na penhora da m esm a na

form a prev is ta aos c ôn juges.

N a propos itu ra dos em bargos os

com panhe iros dever ão dem onstrar: o reconhecim ento

da un i ão em ação p r óp ria , a aqu is i ção onerosa do bem

durante a conviv ên c ia e a inexis t ên c ia de estipu la ção

contra tua l em contr ár io .

Em enta no 6112 do T ribunal de Justi ça de S ão

Paulo: “Ileg itim idade de P arte - A tiva- Inocorr ênc ia

- E m bargos a penhora propostos por concub ina

do executado – U n i ão E st áve l que é reconhecida

11 Im penhorabilidade do bem de fam ília e as novas entidades fam iliares, A ..

p .223.

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X X X V III

com o entidade fam ilia r- Leg itim idade para a

propositu ra nos te rm os do artigo 1 o da Le i n °

8.009/90- P re lim inar re je itada.(R e l: P inhe iro

Franco – A pe la ção C íve l n .243.354-2 – Ja les –

13.10.94). ”

4.2 - DIREITOS POSSESS ÓR IOS

A garantia de posse s ó é assegurada na

d isso lu ção da un i ão est áv e l, sobre os bens com uns,

titu lados som ente em nom e de um dos com panhe iros,

adqu iridos onerosam ente duran te a conviv ên c ia .

4.3 - REGIME DE BENS

In ic ia lm ente com a ed i ção da S úm u la 380 do

S TF , a com prova ção do esforço com um na aqu is i ção

do patrim ôn io era ind ispens áv e l na partilha dos bens;

caso n ão fosse com provada a co labora ção na

aqu is i ção dos bens, a com panhe ira poderia requerer

em ju ízo a inden iza ção pe los serv i ço s prestados.

N um segundo m om ento a ju risp rud ên c ia

entendeu, que havendo a soc iedade de fa to en tre os

com panhe iros a prova de esfor ço com um era

d ispensada.

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X X X IX

A le i n ° 9 .278, no seu artigo 5o regu lam entou

a d ispensa da com prova ção do esfor ço com um entre

os conviventes, havendo entre e les um reg im e de

condom ín io em re la ção aos bens adqu iridos a títu lo

onerosos. O s bens adqu iridos an tes da conviv ên c ia

continuavam particu la res a cada com panhe iro .

O C ód igo v igente de acordo com o P ro f. S ilv io

R odrigues passou a in tegrar o pa trim ôn io com um os

bens adqu iridos por fa to eventua l, com ou sem

concurso de traba lho ou despesa anterio r, e o fru to

dos bens particu la res.12

A inova ção deu aos com panhe iros a

poss ib ilidade optarem pe lo reg im e da com unhão

parc ia l de bens ou, se dese jarem , ce lebrar um contra to

escrito .

O s bens adqu iridos pe los com panhe iros an tes

da v ig ên c ia do novo C ód igo segu ir ão o ordenam ento

v igente na data da aqu is i ção do patrim ôn io .

12 Curso de D ire ito C ivil. p .310

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X L

4.4 - NECESSIDADE DE ASSENTAM ENTO DO

COMPANHEIRO

N a leg is la ção v igente n ão h á necess idade do

assentam ento do com panhe iro , com o no casam ento ,

nos a tos de venda e com pra de im óv e l.

P ara F ranc isco Jos é C aha lil “em bora

d ispensada a anu ên c ia é recom end áve l que ao m enos

a c i ên c ia do conv ivente do proprie t ár io no a to da

d isposi ção a t é na fo rm a de ass ina tura com o

testem unha do neg óc io rea lizado ”.13

E ntre tan to a C orregedoria de R eg is tros

P úb licos vem suprindo a om iss ão lega l, im pondo aos

tabe li ãe s a exib i ção de certid õe s de nasc im ento para

com provar o estado c iv il de so lte iros, casados,

separados jud ic ia is ou de fa tos, para lavra tura das

escritu ras de venda e com pra de im óv e is .

O cap ítu lo das norm as das a tribu i çõe s dos

R eg is tros de Im óv e is , a l ínea b), n° 5 autoriza a

averba ção nos reg istros de im óve is de a lte ra ção de nom e

por casam ento ou por separa ção jud icia l, ou, a inda, de

outras c ircunst ân c ias que, de qua lquer m odo, tenham

influ ên c ia no reg istro e nas pessoas nele in te ressadas;

13 Contrato de Conviv ênc ia na un i ão est áve l. p .37

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X LI

4.5 - O CONTRATO DE CONVIV ÊN CIA

F ranc isco José C aha li conce itua o contra to

de conviv ên c ia com o o m e io pe lo qua l os su je itos da

un i ão est áv e l p rom ovem regu lam enta çõe s quan to ao

re flexo da re lação . 14

O contra to de conviv ên c ia é um neg óc io

ju r íd ico que n ão ce lebra a un ião , e le v isa a fastar a

com unh ão de bens, serv indo em a lguns casos, com o

prova da un i ão .

A regu lam entação dos bens dever á se r

escrita a qua lquer tem po, sendo necess ár io , para sua

vig ên c ia o conhec im ento da un i ão perante de

terce iros. N esse contra to as pa rtes t êm liberdade para

inserir p rev is õe s sobre s itua çõe s p re t ér itas e fu tu ras.

A doutrina en tende que n ão ser ão adm itidos

no contra to de conviv ên c ia com c l áu su las: que

afastem o d ire ito de sucess ão hered it ár ia , restritivas a

d ire itos pessoa is do com panhe iro , v io ladoras de

prece itos lega is e exc ludentes de deveres de m utua

assis t ên c ia durante a v ida em com um .

14 Contrato de Conviv ênc ia na un i ão est áve l. p .55.

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X LII

O contra to se lim ita r á a regu lam entar as

d isposi çõe s pa trim on ia is sobre os bens hav idos pe los

com panhe iros e as norm as para a adm in is tração dos

bens, sem ser confund ido com o um a op ção para o

reg im e de bens.

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X LIII

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X LIV

5 - INTERVENÇÃO DO MINIST ÉR IO P ÚB LICO

A ntes da regu lam enta ção da un i ão est áv e l,

d ispensava-se a in te rven ção do M P no processo.

“E m enta no 3871 - T ribuna l de Justi ça de S ão P au lo :“M in ist ér io P úb lico – In te rven ção – D e snecessidade - Aprote ção do E stado em favor da un i ão est áve l en trehom em e m ulher n ão va i a ponto de de term inar ain te rven ção do M in ist ér io P ub lico com o se fo rah ip ótese de casam ento – A dem ais, partes p lenam entecapazes- R ecurso P rovido (Agravo de Instrum ento n.264.073-1 – S ão P au lo- 8a C âm ara C ivil- R e lator:O sw aldo C aron- 30.08.95- V .U ). ”

C om a regu lam enta ção da un ião es t áv e l as

a çõe s propostas v isando o reconhecim ento da

s itua ção , o M in is t ér io P ub lico deveria a tuar com o

custos leg is .

D iverg indo da m aioria dos E stados o

M in is t ér io P úb lico de S ão P au lo ed itou orien tação

norm ativa , d ispensando a in te rven ção do prom otor nas

a çõe s de un i ão est áv e l, n ão as considerando a çõe s de

estado.

N as a çõe s de a lim entos en tre com panhe iros

o M in is t ér io P ub lico do estado é d ispensado de a tuar,

po is considera a verba a lim enta r dev ida ao

com panhe iro , d iversa da dev ida entre parentes,

contrariando os d ispositivos da Le i n ° 9 .278/96 .

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X LV

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X LV I

6.1 - MEA ÇÃO :

O com panhe iro é tra tado com o novo C ód igo

C iv il em pos i ção de igua ldade com pessoa casada, em

reg im e de com unh ão parc ia l de bens, sa lvo se os

com panhe iros estipu la ram de m ane ira d iversa no

contra to de conv iv ên c ia .

O s bens que se com unicam na un i ão est áv e l:

- os bens adqu iridos na const ân c ia da un i ão por t ítu lo

oneroso, a inda que em nom e de apenas um dos

com panhe iros;

- os bens adqu iridos por fa to eventua l, com o sem

concurso de traba lho ou despesa anterio r;

- os bens adqu iridos por doa ção , he ran ça ou legado,

em favor de am bos os com panhe iros;

- as benfe ito rias em bens particu la res de cada

com panhe iro ;

- os fru tos dos bens com uns, ou dos particu la res de

cada com panhe iro , perceb idos na const ân c ia da un i ão ,

ou pendentes no tem po de cessar a un i ão ;

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X LV II

- os bens m óve is p resum em -se adqu iridos na

const ân c ia da un i ão , sa lvo prova em contrario .

E st ão exc lu ídos da un i ão :

- bens cu ja a aqu is i ção tiver po r t ítu lo causa anterio r a

un i ão

- os bens que cada com panhe iro possu i ao constitu ir

un i ão e os que sobrev ie rem , na const ân c ia da un i ão ,

por doa ção ou sucess ão , e os sub-rogados em seu

lugar;

- os bens adqu iridos com va lores exc lus ivam ente

pertencentes a um dos com panhe iros em sub-roga ção

dos bens particu la res;

- as obriga çõe s anterio res à un i ão ;

- a obriga ção p roven ien te de a tos il íc itos, sa lvo a

revers ão para am bos com panhe iros;

- os bens de uso pessoa l, os liv ros e os ins trum entos

de traba lho ;

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X LV III

- os proventos do traba lho pessoa l de cada

com panhe iros;

- as pens õe s , m eios-so ldos m ontep ios e ou tras rendas

sem elhantes;

6.2 - DIREITO SUCESS ÓR IO

N a un i ão es t áve l, o com panhe iro s ó te r á

d ire ito na sucess ão hered it ár ia aos bens adqu iridos

onerosam ente durante a conviv ên c ia .

A partic ipa ção se d á em concurso com os

dem a is herde iros da segu in te fo rm a:

a) E m concorr ên c ia com filhos com uns, o

com panhe iro sobrev ivente receber á um a

por ção equ iva len te a que couber ao filho .

b) E m concorr ên c ia com descendentes

apenas do “de cu jus ” o com panhe iro

sobrev ivente te r á d ire ito a m etade do que

couber a cada filho .

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X LIX

c) E m concorr ên c ia com outros parentes

sucess íve is o com panhe iro sobrev ivente

ter á d ire ito a um ter ço da heran ça .

d) N o caso de n ão haver parentes

sucess íve is o com panhe iro sobrev ivente

ter á d ire ito a to ta lidade da heran ça .

O com panhe iro sup érs tite n ão te r á d ire ito a

heran ça dos bens particu la res do “de cu jus ”, e s ses

bens poder ão se r a tribu ído aos co la tera is a t é 4 o g rau .

N a fa lta de herde iros co la tera is a t é o 4 o g rau

os bens, de acordo com o entend im ento de E uc lides

O live ira , ser ão a rrecadados com o jacentes.

Bibliografia:

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L

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L I

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V A S C O N C E LO S , R ita de C ás s ia C orr êa de .

Im penhorab ilidade do bem de fam ília e as novas

entidades fam ilia res, A . 1 . ed . S ão P au lo : R evis tas dos

T ribuna is ; 2002.

V IA N A , M arco A ur élio . U n i ão E st áv e l. 1 .ed . S ão P au lo :S ara iva ; 1999.

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L II

7 - UNI ÃO EST ÁV EL HOMOSSEXUAL

A un i ão est áv e l hom ossexua l a inda n ão é

reconhec ida pe lo C ód igo C iv il, m as a lguns aspectos

est ão com e ça ndo ser reconhecidos no nosso

ordenam ento ju r íd ico .

A instru ção norm ativa n ° 25 do IN S S

equ iparou os d ire itos prev idenc i ár ios de pensão aos

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L III

com panhe iros he terossexua is aos com panhe iros

hom ossexua is de parce iros dos segurados.

A le i estadua l do R io de Jane iro equ ipara as

re la çõe s entre pessoas do m esm o sexo à un ião

est áve l, para e fe itos prev idenci ár ios .

O § 3 ° do artigo 226 da carta M agna, para

um a parte da doutrina é inconstituc iona l, po is v io la ria

os princ íp ios da d ign idade hum ana e a igua ldade,

d iscrim inando os hom ossexua is .

O utros doutrinadores entendem que o § 3 ° do

A rt. 226 é exem plifica tivo , porquanto a C onstitu i ção

contem p lara o ro l das en tidades fam ilia res com uns, e

as dem a is estabe lec idas em le is espec ia is .

A parceria hom ossexua l, ass im denom inada

pe la doutrina , a inda n ão tem respa ldo na le i, m as h á o

pro je to de Le i n ° 1 .151/95 que pre tende contem plar a

parceria en tre as pessoas do m esm o sexo, p ro tegendo

o d ire ito a propriedade e á sucess ão .

A lguns tribuna is com o o T ribuna l de Justi ça

do R io G rande do S u l vem reconhecendo a un i ão

hom ossexua l, para e fe itos de sucess ão :

Uni ão Hom ossexual. Reconhecim ento. Partilha do

Patrim ônio. Mea ção . Paradigm a .

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L IV

N ão se perm ite m ais fa risa ísm os de desconhecer a

exist ên c ia de un i õe s en tre pessoas do m esm o sexo e a

produ ção de e fe itos jur íd ico derivados dessas re laçõe s

hom oafetivas. Em bora perm eadas de preconceito , s ão

realidades que o jud ic i ár io n ão pode ignorar, m esm o

em sua natura l a tiv idade retardatár ia , ne las m erecem

conseq üên c ias sem elhantes as que vigoram nas

re la çõe s de afeto , buscando-se sem pre a ap lica ção da

ana log ia e dos princ íp ios gera is do d ire ito , reve lando

sem pre os princ íp ios constituc iona is da d ign idade

hum ana e da igua ldade desta form a, o patrim ôn io

havido na C onstancia do re lac ionam ento deve ser

partilhado com o na un i ão est áve l, parad igm a sup letivo

onde se debru ça a m elhor herm en êu tica . Apela ção

provida em parte , por m aioria , para assegurar a d iv is ão

do acervo entre os parce iros. (APELA ÇÃO C ÍVEL N º

70001388982, SÉT IMA C ÂM ARA C ÍVEL, TRIBUNAL

DE JUSTI ÇA DO RS, RELATOR: JOS É CARLOS

TEIXEIRA GIORGIS, JULGADO EM 14/03/2001)

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LV

8 - Uni ão est ável no Direito Penal

A doutrina bras ile ira en tende que n ão é

cab íve l na un i ão est áv e l, a ap lica ção ana l óg ica dos

crim es prev is tos contra o casam ento e contra a

ass is t ên c ia fam ilia r, onde o e lem ento caracterizador é

o pressuposto do casam ento .

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LV I

E sse entend im ento doutrin ár io decorre do

princ íp io do d ire ito pena l que só a ce ita a ana log ia in

bonam partem , ou se ja , som ente em benef íc io do r éu .

A s c ircunst ân c ias agravantes e o aum ento de

pena, segu indo o en tend im ento do princ ip io lega l, n ão

ter ão ap licab ilidade na un i ão est áv e l.

E ntre os crim es contra o casam ento est ão o

crim e de b igam ia , o adu lt ér io e o abandono de la r.

A leg itim idade do c ôn juge poder á se r

estend ida aos com panhe iro nos segu in tes artigos do

C ód igo P ena l:

- a ção de in ic ia tiva privada (que ixa ou

prossegu im ento de a ção pena l p úb lica),

em caso de m orte ou aus ên c ia do

ofend ido , pe lo c ôn juge sobrev ivente (A rt.

100, § 4 o );

- extin ção da pun ib ilidade pe lo casam ento

do agente com a o fend ida , em os crim es

contra os costum es (A rt. 107, inc iso V II );

STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTI ÇA

C lasse: RESP - RECURSO ESPECIAL - 493149

P rocesso: 200201668800 UF : AC Ór g ão Ju lgador:

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LV II

QUINTA TURMA Data da decis ão : 19/08/2003

D ocum ento : STJ000504897.

PE N A L. R E S P. C R IM E D E ES TU P R O .

V IO L ÊN C IA P RE S U M ID A . U N I ÃO E S T ÁV E L D A

V ÍT IM A C O M TE R C E IR O . EX TINÇÃO D A

P U N IB ILID A D E . P O S SIB ILID A DE . R E C U R S O

D E SP R O V ID O .

I - N ão obstante o C ód igo Pena l p rever com o

form a de extin ção da pun ib ilidade, nos crim es

contra os costum es, o casam ento c iv il da v ítim a

com terce iro , deve-se adm itir, para o m esm o

efe ito , a figura jur íd ica da uni ão est áve l.

(P recedentes do S TF e desta C orte ). II - H ip ótese

em que a v ítim a do crim e de estupro , com etido

m ediante vio l ênc ia p resum ida, casou-se com o

r éu som ente no âm b ito re lig ioso , restou

configurada a un i ão est áve l e , portanto , extin ta a

pun ib ilidade.

III - Recurso desprovido

- necess idade de provoca ção da v ítim a para

prossegu im ento do inqu érito po lic ia l ou n ão

da a ção pena, quando v ie r a se casar com

terce iro , em certos crim es contra o

costum a ( A rt. 107, inc iso V III );

- isen ção de pena nos crim es contra o

patrim ôn io pra ticados contra côn juge

(A rt.181, inc iso I);

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LV III

- necess idade de representa ção , nas

m esm as c ircunst ân c ias, se o crim e é

pra ticado contra c ôn juge desqu itado ou

separado jud ic ia lm ente (A rt. 182, inc iso I);

- d im inu i ção de pena, no crim e de rap to

consensua l, se pra ticado para fim de

casam ento (A rtigo 221);

- isen ção de pena no crim e de

favorec im ento pessoa l, quando pra ticado

por c ôn juge (A rtigo 348, §2 o).

N o C ód igo de P rocesso P ena l os d ispositivos

que cond ic ionam a a tua ção do c ôn juge da v ítim a de

crim e tam b ém se estendem aos com panhe iros:

- d ire ito de representa ção no caso de m orte

ou aus ên c ia do o fend ido ( A rtigo 24 , § 1 o );

- d ire ito de o ferecer que ixa ou prossegu ir na

a ção , no caso de m orte ou aus ên c ia do

ofend ido (A rtigo 31)

- consentim ento do m arido para que a

m ulher casada exer ça o d ire ito de que ixa ,

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L IX

sa lvo se estiver de le separada ou quando

a que ixa fo r contra e le ( A rtigo 35);

- p re fer ên c ia do c ôn juge, quando

com parecer m ais de um a pessoa com

dire ito a que ixa (A rtigo 36);

- d ire ito de in te rv ir com o ass is ten te na a ção

pena l m ov ida pe lo M in is t ér io P ub lico , no

caso de m orte ou aus ên c ia do o fend ido

(A rtigo 268).