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CURSO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
MÓDULO 1
Este curso se propõe a prestar informações importantes sobre a educação
ambiental. Este curso foi elaborado pelo Prof. Estevão Keglevich e Profª. Ivonete
Parreira. Caso possuir sugestões ou informações complementares, contate-nos.
Quanto mais a natureza dá seus sinais de desequilíbrio mais se fala em
educação ambiental, no entanto o discurso não se reflete na prática, muito se fala e
pouco é feito.
A todos que se interessaram por este curso deixamos nossa mensagem: não
fique apenas no debate, faça!!! Eduque seus filhos, sobrinhos, netos etc. Dê exemplos
diários de preocupação ambiental, separe o lixo, poupe água, use menos os veículos
para evitar a emissão de CO2, compre alimentos que respeitaram a natureza em seu
processo de produção, diminua o consumo de supérfluos, use seu celular um
pouquinho mais antes de trocá-lo, reveja as suas necessidades de fato para viver bem
e feliz. Mudar hábitos é extremamente difícil e exige esforço e sacrifício. O brasileiro
copia os hábitos consumistas dos americanos, costumes que já estão ultrapassados no
mundo de hoje do ponto de vista ambientalista.
Seja um consumidor exigente, tome cuidado com empresas que usam o tema
meio ambiente para promover seus produtos. A temática foi adotada pela mídia por ser
“um produto que vende”. Muitas empresas construtoras fazem apelos ambientalistas
em seus projetos, mas na prática não respeitaram nenhuma regra de preservação.
Educar é um processo lento e gradativo, exige paciência e perseverança.
Esperamos que este curso contribua com suas necessidades de conhecimentos.
1
ÍNDICE
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 03
ASPECTOS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL............................. 04
TRANSVERSALIDADE......................................................................................... 04
SUSTENTABILIDADE........................................................................................... 08
DIMENSÕES DE SUSTENTABILIDADE............................................................... 10
ESTRATÉGIAS LOCAIS........................................................................................ 11
CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL......................................... 12
PARTICIPAÇÃO.................................................................................................... 14
A PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL....................................................... 17
CIDADANIA AMBIENTAL.................................................................................... 19
CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL...................................... 20
O DESPERTAR MUNDIAL..................................................................................... 20
O PRINCÍPIO DO GRANDE IMPACTO POLUIDOR.............................................. 21
A OCUPAÇÃO URBANA........................................................................................ 22
A MIGRAÇÃO PARA AS CIDADES....................................................................... 24
PLANEJAMENTO DE PROJ. DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL................................. 26
EMPREENDIMENTOS........................................................................................... 29
EXECUÇÃO DE PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.................................. 30
OBJETIVOS SECUNDÁRIOS................................................................................ 31
ELABORAÇÃO DE PROGRAMA.......................................................................... 31
EDUCAÇÃO PARA FORMAÇÃO.......................................................................... 32
AMBIENTALISMO.................................................................................................. 33
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO....................................................................... 34
CRIANDO UM CONSUMIDOR CONSCIENTE....................................................... 35
MUDANÇAS CLIMÁTICAS ................................................................................... 37
REFERENCIAS....................................................................................................... 40
2
“O Homem não teceu a rede da vida,
ele é só um dos seus fios.
Aquilo que ele fizer à rede da vida,
ele o faz a si próprio.”
Chefe SeattleINTRODUÇÃO
A educação ambiental tornou-se primordial no contexto atual. As mudanças
ambientais decorrentes da ação humana na natureza dão sinais claros de que é
necessário realizar intervenções positivas nos vários sistemas da natureza.
A educação ambiental surgiu como um ramo da educação, seu objetivo é
distribuir conhecimento sobre o meio ambiente visando a preservação e utilização
sustentável dos recursos naturais. Nas últimas décadas a natureza tem dado sinais
claros de sua exaustão, fazendo-se necessárias medidas urgentes de contenção da
pressão sobre a natureza.
A educação ambiental está amparada da Lei n. 9.795 – Lei da educação
ambiental de 27/04/1999. O artigo 2º diz: “a educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal
e não-formal”.
Desta forma, de acordo com a lei, a educação formal tem a obrigação de incluir
em seus parâmetros disciplina que aborde as questões ambientais.
Ao educador fica o dever de despertar a consciência de seus educandos no
sentido de que o homem não é mais o centro do universo, é necessário haver um
equilíbrio entre os recursos naturais e a ação humana. A dependência da natureza é
inerente a vida de todos os seres vivos, percebeu-se nos tempos modernos que a
retirada indiscriminada dos produtos da natureza podem gerar o fim de muitos
elementos, inclusive a água, recurso essencial à vida.
A educação ambiental tornou-se, na atualidade, uma ação permanente com a
qual as comunidades têm acesso ao conhecimento e a oportunidade da
3
conscientização sobre as relações entre homens e a natureza. A educação ambiental
baseia-se, essencialmente, na mudança de comportamentos, valores e atitudes no
sentido de promover a conservação e preservação da natureza. A transformação do
comportamento humano não é uma tarefa fácil, exige dos educadores planejamento,
ações permanentes, insistência e muitas outras atitudes que consigam sensibilizar os
educandos.
Para a obtenção da sustentabilidade ambiental ainda há muito a trilhar no
caminho da educação ambiental. As mudanças passam pela responsabilidade e pela
ética de todos os setores sociais.
O educador ambiental surgiu com a necessidade de trabalhar o tema, podendo
ser desde um professor da rede formal de ensino a um individuo da sociedade que
tenha obtido formação suficiente para praticar a educação ambiental.
Este curso pretende retratar várias faces da educação ambiental, visando o
maior entendimento possível sobre a questão. São incluídas neste curso muitas
informações relativas a embasamentos teóricos, provenientes de grandes pensadores
sobre esta questão.
A educação ambiental não deve ficar apenas no teórico ou no discurso, a
sedimentação do assunto é mais eficiente quando há prática. A educação ambiental
passa por vários pontos: planejamento de um projeto, capitação de recursos para a
execução do projeto, execução do planejado, avaliação dos resultados e por fim
acompanhamento da ação por algum tempo para que se possa tabular os resultados,
tanto positivos quanto negativos.
ASPECTOS EDUCACIONAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Transversalidade O tema transversalidade é utilizado atualmente no ensino formal, o MEC utiliza o
sistema da transversalidade para a melhoria do ensino. Os educadores entraram em
contato com o tema e são poucos que não utilizam a proposta. A maioria das escolas
trabalham a questão ambiental, mesmo que de forma tênue.
4
No Brasil, influenciado pelos diversos encontros e debates, educadores e
representantes do poder público, envidaram esforços para a criação de programas
governamentais e para o fomento de iniciativas diversas em matéria de Educação
Ambiental principalmente no ensino formal (BERNARDES & PRIETO, 2010)
Para entender plenamente como surgiu e o que é a transversalidade, bem como
sua aplicação GALLO, (2001) alerta: No contexto da cientificidade da pedagogia, a
organização curricular encontrou terreno fértil na disciplinarização. O modelo arbóreo
ou radicular de capilarização do conhecimento científico serviu muito bem de planta
para a fixação dos currículos escolares.
Para BERNARDES & PRIETO (2010) a Educação Ambiental deve ser entendida
como um processo e não como um fim em si mesmo. A Lei 9.795 (1999) estabeleceu
que a Educação Ambiental deve ser desenvolvida como uma prática educativa
integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal,
mas não como disciplina específica incluída nos currículos escolares.
A especialização dos saberes permitiu a especialização dos professores, do
material didático e do espaço pedagógico e a fragmentação dos saberes permitiu o
fracionamento do tempo escolar em aulas estanques. E tudo isso possibilitou que o
processo pedagógico pudesse passar pelo crivo de um rígido controle, que pôde, por
sua vez, dar à pedagogia a ilusão de que logrou êxito em seu afã de se constituir como
ciência.
A disciplinaridade, em princípio inquestionável, passou a ser questionada.
Primeiro, no âmbito epistemológico. Se a especialização conseguiu, num primeiro
momento, responder aos problemas humanos e à sede de saber científico, em fins do
século XIX e no início do século XX ela começa a apresentar desgastes, e foi com a
mais antiga das ciências modernas, a física, que os desgastes começaram a aparecer.
No interior de uma ciência baseada na perfeição do universo, na precisão das
medidas e na certeza das previsões, apareceram os princípios da indeterminação, da
incerteza, da relatividade. Problemas que já não podiam mais ser resolvidos pela
especialidade de uma única ciência começaram a aparecer: um acidente ecológico
remete para a biologia, a química, a física, a geografia, a política etc.
5
Os cientistas, preocupados e curiosos, começam então a explorar as fronteiras
por entre as ciências, e dessa exploração surgiu a proposta da interdisciplinaridade,
uma tentativa de transcender limites, de estabelecer comunicabilidade, de reconectar
as ligações desfeitas ou perdidas com o movimento da especialização.
A perspectiva interdisciplinar não tarda a chegar ao campo da pedagogia,
quando não pelos mesmos motivos, mas pelas mostras de esgotamento do modelo
disciplinar de currículo. Aquilo que em princípio se mostrava como o fundamento da
cientificidade e da produtividade no processo educativo começa a ser questionado
como estanque e linear. Em outras palavras, os professores começam a se incomodar
com o fato de os alunos não serem capazes de estabelecer as conexões entre as
diferentes disciplinas como eles gostariam que acontecesse. Nesse modelo, a maioria
dos alunos não consegue estabelecer as relações entre a matemática e a física, entre a
geografia e a história, para citar apenas dois exemplos.
A interdisciplinaridade vai justamente ser pensada no âmbito da pedagogia como
a possibilidade de uma nova organização do trabalho pedagógico que permita uma
nova apreensão dos saberes, não mais marcada pela absoluta compartimentalização
estanque das disciplinas, mas pela comunicação entre os compartimentos disciplinares.
Assim como epistemologicamente a interdisciplinaridade aponta para a possibilidade de
produção de saberes em grupos formados por especialistas de diferentes áreas,
pedagogicamente ela indica um trabalho de equipe, no qual os docentes de diferentes
áreas planejem ações conjuntas sobre um determinado assunto.
Muitas são as propostas de interdisciplinaridade, uma das mais atuais são os
Parâmetros Curriculares Nacionais preparados pelo MEC.
Eles introduzem a idéia dos temas transversais. Esses temas são uma forma de
se tentar viabilizar a interdisciplinaridade, introduzindo assuntos que devem ser tratados
pelas diversas disciplinas, cada uma a sua maneira. O currículo passa a ser organizado
em disciplinas (ou áreas disciplinares, no caso do Ensino Fundamental em sua primeira
fase) e em temas transversais.
Como afirmar BERNARDES & PRIETO (2010) os instrumentos legais e os
programas governamentais reforçam o caráter de interdisciplinaridade atribuído à
6
Educação Ambiental, que deve perpassar os conteúdos de todas as demais disciplinas,
desde a educação infantil até a pós-graduação.
BUSQUETS (1997) afirma que a experiência espanhola, na qual a nossa está
baseada, é ousada, ao colocar os temas voltados para o cotidiano, como centro de
organização do currículo, articulando as disciplinas em torno deles.
A educação para a cidadania requer, portanto, que questões sociais sejam
apresentadas para a aprendizagem e a reflexão dos alunos. Nessa perspectiva, fica
evidente que os temas transversais devem ganhar destaque no currículo e ser levados
a sério. Não basta que cada professor, no contexto de sua área ou disciplina, toque em
questões eleitas como socialmente relevantes, seja o meio ambiente, a diversidade
cultural ou a sexualidade; É preciso, na verdade, que todo o currículo esteja organizado
em torno dessas questões. Para dizer de outra maneira, não é suficiente que os temas
transversais sejam um apêndice das áreas e das disciplinas curriculares; ao contrário,
eles devem passar a ser o eixo em torno do qual as disciplinas e as áreas se
organizem, ressignificando as próprias disciplinas.
A Educação Ambiental, como processo contínuo que busca a conquista da
cidadania e o desenvolvimento justo, solidário e sustentável, é meio e não fim. Sendo
assim os conteúdos tradicionais só farão sentido para a sociedade e para quem os
ensina e estuda, se estiverem integrados em um projeto educacional abrangente de
transformação, a começar pelo ambiente escolar, envolvendo a comunidade e os
funcionários, repensando o espaço físico e a administração escolar, as práticas
docentes e a participação discente, isto é, discutindo toda a dinâmica de relações que
se estabelecem no ambiente que nos cerca (BERNARDES & PRIETO, 2010).
Afirma-se, portanto, que os educadores ambientais que atuam em projetos de
educação ambiental do ensino não-formal necessitam adotar a interdisciplinaridade,
fator que agregará conhecimento e valores não pensados.
Sustentabilidade Outro ponto importante na educação ambiental é a sustentabilidade. Muito mais
que um modismo atual deve ser entendida como um dos fatores essenciais, se não o
mais importante, para o futuro do planeta.
7
A sustentabilidade já teve sua definição expressa por muitos autores, FERREIRA
(1999) definiu como sustentável aquilo que é “Capaz de se manter mais ou menos
constante, ou estável, por longo período. Idéia que surgiu em função da degradação
ambiental conforme afirmativa de TIEZZI (1988) que relatou que no âmbito da
civilização humana, as sociedades contemporâneas têm sido amiúde ignorantes ou
negligentes acerca das irreversibilidades ambientais decorrentes de suas ações.
A intensa utilização de elementos não-renováveis e a contínua e generalizada
degradação ambiental evidenciam essa característica. Tendo na economia seu valor
maior, as sociedades contemporâneas desconhecem os conceitos de entropia e de
irreversibilidade. Mais do que isso, a atual racionalidade econômica introduz um novo
referencial para a velocidade ou dinâmica das sociedades contemporâneas que pode
ser sintetizado pela máxima: “tempo é dinheiro”.
A essência do conceito de sustentabilidade está contida em apenas quatro
palavras “Enough for everyone, forever”, que traduzindo significa “O suficiente para
todos e para sempre”, (Frase tirada de um cartaz, em 2002, durante a Cimeira Mundial
para o Desenvolvimento Sustentável que se realizou em Joanesburgo).
De acordo com a World Commission on Environment and Development (1987),
desenvolvimento sustentável significa: “desenvolvimento que atende às necessidades
do presente sem comprometer as futuras gerações no atendimento de suas próprias
necessidades”. Portanto, pressupõe-se que esse desenvolvimento possa atender às
necessidades de todos os povos do planeta sem comprometer os ecossistemas e a
dinâmica natural que lhes dá suporte e sem comprometer a disponibilidade atual de
recursos naturais.
ODUM (1997) afirma: estreitamente relacionado às discussões acerca da
sustentabilidade, aparece o conceito de “capacidade de suporte”, originalmente
proposto no âmbito da ecologia e significando a máxima densidade teórica de
indivíduos que um meio pode suportar a longo prazo.
FERNANDES (2001) expôs que na era contemporânea, inúmeras experiências
de ONGs e comunidades alternativas que exprimem uma perspectiva ecológica são
exemplos da possibilidade de se viver com qualidade de vida sem colocar em risco a
capacidade de suporte do meio ambiente.
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FURRIELA (2012) ressalta que: Entende-se por consumo sustentável o consumo
de bens e serviços promovido com respeito aos recursos ambientais, que se dá de
forma que garanta o atendimento das necessidades das presentes gerações, sem
comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações. A promoção do
consumo sustentável depende da conscientização dos indivíduos da importância de
tornarem-se consumidores responsáveis. Depende ainda de um trabalho voltado para a
formação de um “consumidor-cidadão”. Esse trabalho educativo é essencialmente
político, pois implica a tomada de consciência do consumidor do seu papel de ator de
transformação do modelo econômico em vigor em prol de um novo sistema, de uma
presença mais equilibrada do ser humano na Terra. O consumidor é ator de
transformação, já que tem em suas mãos o poder de exigir um padrão de
desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente equilibrado.
O consumidor engajado pode ser visto como um novo ator social. Consciente
das implicações dos seus atos de consumo, passa a compreender que está ao seu
alcance exigir que as dimensões sociais, culturais e ecológicas sejam consideradas
pelos setores produtivo, financeiro e comercial em seus modelos de produção, gestão,
financiamento e comercialização. Essa não é uma tarefa simples, pois requer uma
mudança de posturas e atitudes individuais e coletivas no cotidiano.
O desafio que se coloca é o abandono da sociedade do descarte e do consumo
excessivos, a recusa do sonho americano (american dream – Sonho de propriedade de
uma casa grande, carros suntuosos, produtos de alta tecnologia, constantemente
sujeitos à obsolescência e troca, escravidão da moda, do status, da imagem vendida
pela mídia) como sinônimo de bem-estar, de felicidade. Já pensou o que seria do
planeta se os chineses adotassem o padrão de consumo dos norte-americanos?
As iniciativas educacionais para o consumo sustentável podem se realizar no
âmbito de todas as disciplinas dos currículos do Ensino Fundamental e Médio, bem
como no nível superior, e de iniciativas informais. Como tema transversal do ensino, o
meio ambiente engloba a questão do consumo sustentável, que deve ser abordada de
forma holística, por se tratar de uma postura de cidadania.
Uma nova proposta surge no consumidor consciente, preparado para mudar o
sistema produtivo: Não produzir lixo. Produzir apenas coisas verdadeiramente
9
necessárias e duráveis. Quando não for mais possível usá-las, reciclá-las ou encontrar
outras pessoas que precisem delas.
‘‘O Desenvolvimento Sustentável deve garantir as necessidades das atuais
gerações sem comprometer as gerações futuras.’’ Este é o conceito mínimo de
Desenvolvimento Sustentável proposto pelas Nações Unidas. Ele possui duas lógicas
de solidariedade: das gerações atuais com as futuras e das gerações atuais com a
natureza que elas ocupam hoje. Assim a responsabilidade maior por implementar um
estilo sustentável de vida no Planeta é das gerações atuais.
O tema da sustentabilidade confronta-se com o paradigma da “sociedade de
risco”. Isso implica a necessidade de se multiplicarem as práticas sociais baseadas no
fortalecimento do direito ao acesso à informação e à educação ambiental em uma
perspectiva integradora. E também demanda aumentar o poder das iniciativas
baseadas na premissa de que um maior acesso à informação e transparência na
administração dos problemas ambientais urbanos pode implicar a reorganização do
poder e da autoridade (JACOBI, 2003).
Todos pensam na importância de deixar um planeta melhor para nossos filhos...
Quando é que vamos pensar em deixar filhos melhores para o nosso planeta?
Pergunta vencedora num congresso sobre vida sustentável.
Dimensões de sustentabilidade
Os projetos de desenvolvimento necessitam ser avaliados e identificados em
seus diversos níveis de sustentabilidade. As principais dimensões de sustentabilidade
que precisam ser verificadas no novo estilo de desenvolvimento são: a ecológica, a
cultural, a social, a tecnológica, a política, a jurídica e a econômica.
Para JACOBI (2003) estas dimensões explicitam a necessidade de tornar
compatível a melhoria nos níveis e qualidade de vida com a preservação ambiental. A
percepção das dimensões surgiu para dar uma resposta à necessidade de harmonizar
os processos ambientais com os socioeconômicos, maximizando a produção dos
ecossistemas para favorecer as necessidades humanas presentes e futuras. É
10
necessário inverter a tendência auto destrutiva dos processos de desenvolvimento no
seu abuso contra a natureza.
Para o autor acima é importante ressaltar que, apesar das críticas ao conceito de
desenvolvimento sustentável, este é um importante conceito e promove avanços na
medida em que a Agenda 21 global, como plano abrangente de ação para o
desenvolvimento sustentável no século XXI, considera a complexa relação entre o
desenvolvimento e o meio ambiente numa variedade de áreas, destacando a sua
pluralidade, diversidade, multiplicidade e heterogeneidade.
Os processos ecológicos não são os únicos a serem observados no
desenvolvimento sustentável. Outras dimensões devem ser levantadas, como já
mencionado anteriormente, é necessário encontrar um equilíbrio entre a viabilidade
econômica, a produção de alimentos, o crescimento econômico, e a proteção e
preservação ambiental. É um desafio para a civilização atual encontrar o meio termo
entre exploração dos recursos naturais e crescimento econômico.
Como afirma JACOBI (2003) os professores têm papel fundamental e essencial
para impulsionar as transformações de uma educação que assume um compromisso
com a formação de valores de sustentabilidade como parte de um processo coletivo.
Estratégias Locais
Estratégia pode ser definida como um conjunto de decisões coerentes, que
unificam e integram uma determinada vontade, busca o alcance de um objetivo, a longo
prazo, através de ações e prioridades que envolvem planejamento e custos diversos.
Os caminhos para um estilo sustentável de desenvolvimento são estratégias
cognitivas e operativas. Elas devem ser formuladas do local para o global e contar com
a participação das pessoas que ocupam os ecossistemas locais e contemplar tanto o
processo produtivo como o processo de urbanização, a começar pelo saneamento
básico.
O objetivo de se trabalhar o conceito de Desenvolvimento Sustentável é a
capacitação das pessoas para a construção de um novo estilo de desenvolvimento em
11
nível local, sem nunca perder, é claro, a sua dimensão global, biosférica. Esta é a
grande Missão da Educação Ambiental.
A educação ambiental não deve ser vista meramente como uma ação escolar, ou
para crianças, deve ser trabalhada em todos os ambientes, desde a conduta correta no
consumo doméstico a ação de uma mega empresa. Como citado por BATTESTIN
(2008) é necessária uma profunda mudança de percepção e de pensamento para
garantir a nossa sobrevivência também por parte de líderes de corporações, por
administradores e por professores de grandes instituições de ensino.
CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A contextualização é a forma de integrar a educação ambiental no contexto da
comunidade do local onde será aplicada. Este contexto é cultural, social, laboral,
religioso, técnico e científico.
Entende-se que a Educação Ambiental decorre de uma percepção renovada de
mundo; uma forma integral de ler a realidade e de atuar sobre ela. Nesse novo
paradigma, a proposta educativa envolve a visão de mundo como um todo e não pode
ser reduzida a apenas um departamento, uma disciplina ou programa específico. Ela
deve estar inserida na vida e no cotidiano de todos os indivíduos.
Educação Ambiental é uma proposta de filosofia de vida que resgata valores
éticos, estéticos, democráticos e humanistas. Seu objetivo é assegurar a maneira de
viver mais coerente com os ideais de uma sociedade sustentável e democrática.
Conduz a repensar velhas fórmulas e a propor ações concretas para transformar a
casa, a rua, o bairro, as comunidades. Parte de um princípio de respeito à diversidade
natural e cultural, que inclui a especificidade de classe, de etnia e de gênero.
A participação constitui-se em eixo matricial da Educação Ambiental. Pode ser
considerada a base de transformações que poderão reconstruir a convivência dos seres
humanos, entre si e com o ambiente como um todo.
Mesmo entre os ambientalistas, ainda ocorre confusão a respeito de conceitos
básicos da ecologia utilizados como argumentos para exigir as necessárias medidas de
conservação. Embora o objeto de estudo da ecologia esteja muito próximo do cotidiano
das pessoas, para a maioria delas, a conexão com os ambientes naturais, quando
12
existe, ocorre de uma forma descontextualizada e pobre em informações científicas.
Por exemplo, ainda são comuns os slogans do tipo "salve a ecologia", "salve o planeta",
"precisamos proteger o equilíbrio ecológico", entre outras expressões comuns no meio
popular (GOLLEY, 1993; MAZZOTI, 1997).
Essa desinformação reflete no modo de agir e pensar da população, que se
habitua a dissociar o ambiente cultural do ambiente natural. Isto dificulta a
compreensão das relações humanas com o meio natural, o quanto o influenciamos e
somos influenciados por ele (GUATTARI, 1991; GRUN, 1999; SOUZA, 2000). Portanto,
enfatizamos a necessidade do desenvolvimento de novos métodos para esclarecer a
população sobre a crise ambiental e do papel da ecologia neste contexto.
No que se refere à prática da educação ambiental no Brasil, duas tarefas
fundamentais, inadiáveis e simultâneas colocam-se diante do poder público e da
sociedade brasileira.
1 - A primeira diz respeito ao direcionamento da abordagem da dimensão
ambiental, na esfera da educação formal,
2 - A segunda deve voltar-se à recuperação do passivo cognitivo junto à maioria
da população brasileira, por meio de sua participação no processo de gestão ambiental.
Ante as questões colocadas, como se deve orientar a prática da educação
ambiental? Ela deve privilegiar a mudança de comportamento do indivíduo em sua
relação com o meio físico-natural? Ou devemos assumir que garantir boa qualidade
ambiental exige mais do que posturas pessoais bem intencionadas?
Em outras palavras, trata-se de escolher a diretriz que deve referenciar o
exercício da educação ambiental no país. Uma possibilidade é assumir a transformação
individual como meio para a sociedade brasileira atingir, ao longo de um certo tempo,
uma conduta ambientalmente responsável (transformar-se para transformar). Um outro
direcionamento, ao contrário do anterior, considera a transformação individual como
decorrente do engajamento do sujeito num projeto coletivo para construção de práticas
sociais ambientalmente saudáveis (transformar-se transformando).
Uma forma interessante de sedimentar alguma informação ambiental é utilizar
exemplos práticos. Tomemos como exemplo uma pessoa que tem por hábito ingerir
altas quantidades de carne. A conscientização para que ocorra um menor consumo do
13
produto pode ser através de informações de como este alimento é produzido, qual o
gasto ambiental em desmatamento para formação de pastagem, consumo de água por
animal/dia (60 a 100 litros de água por dia), pisoteio do solo provocando a
compactação, emissão de gases de efeito estufa pela regurgitação dos animais, uso de
combustível fóssil no transporte dos animais, gastos com água no abate dos animais,
geração de efluentes contaminados devido ao processo, gastos de energia no processo
de resfriamento das carcaças, uso de plásticos nas embalagens, novo transporte as
redes de supermercados etc. Enfim, o processo de produção de proteína de origem
animal é extremamente oneroso ao meio ambiente, seria prudente que as pessoas
ingerissem apenas o necessário para o fornecimento dos aminoácidos essenciais
exigidos pelo corpo. O crime neste caso não é a ingestão de carne, mas o consumo
extremo sem pesar as conseqüências para o planeta e para os próprios animais que se
tornam meras mercadorias, na maioria das vezes sendo mal tratados em função da
produção e do lucro.
Participação Frequentemente, educadores de órgãos ambientais e das organizações não
governamentais são procurados por grupos sociais, órgãos públicos, empresas,
movimentos sociais, escolas, entidades comunitárias e até por indivíduos isolados para
formular, orientar ou desenvolver programas de educação ambiental a partir de várias
temáticas. São trabalhos relacionados com lixo, recursos hídricos, licenciamento
ambiental, desmatamento, queimadas, assentamentos de reforma agrária, agrotóxicos,
irrigação, manejo florestal comunitário, captura e tráfico de animais silvestres, espécies
ameaçadas de extinção, ordenamento da pesca, maricultura, agricultura, ecoturismo,
unidades de conservação, construção de agendas 21 locais e tantos outros temas que,
em muitos casos, estão também associados a questões étnicas, religiosas, políticas,
geracionais, de gênero, de exclusão social, etc. Além da diversidade de temas, é
comum também se encontrar uma grande variedade de abordagens.
O modo como um determinado tema é abordado em um projeto de educação
ambiental define tanto a concepção pedagógica quanto o entendimento sobre a
questão ambiental que estão sendo assumidos na proposta.
14
A questão do lixo, por exemplo, pode ser trabalhada em programas de educação
ambiental desde a perspectiva do “Lixo que não é lixo”, em que o eixo central de
abordagem está na contestação do consumismo e do desperdício, com ênfase na ação
individual e até aquela que toma essa problemática como conseqüência de um
determinado tipo de relação sociedade-natureza, histórica e socialmente construída,
analisa desde as causas da sua existência até a destinação final do resíduo e, ainda,
busca a construção coletiva de modos de compreendê-la e superá-la.
Para quem se identifica com a primeira perspectiva, está implícita a idéia de que
a prevenção e a solução dos problemas ambientais dependeriam, basicamente, de
cada um fazer sua parte. Assim, se cada pessoa passasse a consumir apenas o
necessário (aquelas que podem), a reaproveitar ao máximo os produtos utilizados e a
transformar os rejeitos em coisas úteis, em princípio estar-se-ia economizando recursos
naturais e energia e, dessa forma, minimizando a ocorrência de impactos ambientais
negativos. Nesse quadro, à educação ambiental caberia, principalmente, promover a
mudança de comportamento do sujeito em sua relação cotidiana e individualizada com
o meio ambiente e os recursos naturais, objetivando a formação de hábitos
ambientalmente responsáveis no meio social. Essa abordagem evidencia uma leitura
acrítica e ingênua da problemática ambiental e aponta para uma prática pedagógica
prescritiva e reprodutiva. Assim, a transformação da sociedade seria o resultado da
transformação individual dos seus integrantes.
Na outra perspectiva, assume-se que o fato de cada um fazer sua parte
por si só não garante, necessariamente, a prevenção e a solução dos problemas
ambientais. Numa sociedade massificada e complexa, assumir no dia-a-dia condutas
coerentes com as práticas de proteção ambiental pode estar além das possibilidades da
grande maioria das pessoas. Muitas vezes o indivíduo é obrigado, por circunstâncias
que estão fora do seu controle, a consumir produtos que usam embalagens
descartáveis em lugar das retornáveis, alimentar-se com frutas e verduras cultivadas
com agrotóxicos, utilizar o transporte individual em vez do coletivo, apesar dos
engarrafamentos, trabalhar em indústria poluente, aceitar a existência de lixões no seu
bairro, desenvolver atividades com alto custo energético, morar ao lado de indústrias
poluentes, adquirir bens com obsolência programada, ou seja, a praticar atos que
15
repudia pessoalmente, cujas razões, na maioria dos casos, ignora. De acordo com essa
visão, as decisões que envolvem aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais são
as que condicionam a existência ou a inexistência de agressões ao meio ambiente.
Nessa concepção, o esforço da educação ambiental deveria ser direcionado para
a compreensão e a busca de superação das causas estruturais dos problemas
ambientais por meio da ação coletiva e organizada. Segundo essa percepção, a leitura
da problemática ambiental realiza-se sob a ética da complexidade do meio social, e o
processo educativo deve pautar-se por uma postura dialógica, problematizadora,
comprometida com transformações estruturais da sociedade e de cunho emancipatório.
Aqui se acredita que ao participar do processo coletivo de transformação da sociedade
a pessoa também está se transformando.
Neste contexto de participação individual surgiu a discussão sobre o consumo
consciente ou consumidor consciente, onde antes de adquirir algum produto faz-se um
rastreamento de sua produção. O consumidor deve ter a consciência do impacto de seu
ato de consumir e também buscar outras pessoas para o seu modo de consumo,
mobilizar no sentido de pensar antes de comprar, para que comprar, como descartar
quando for o caso.
A relação capitalista de consumo pressupõe algo a ser vendido para alguém que
terá a “necessidade” de comprar. Não havendo interessado em comprar a relação de
consumo desaparece. Esta condição dá ao consumidor individual um grande poder,
optando por não consumir devido a algo que desagrade, provocará o fabricante no
sentido de repensar o modo de produção. O “modo de consumo americano” que se
instalou em parte do mundo criou a ideologia do consumo rápido e descartável. Além
destes fatores incentiva o consumo excessivo de uma variedade interminável de
mercadorias, desde as voltadas para o consumo doméstico ao uso coletivo.
Para JARDIM (2011) o mais comum é associar consumo a compras, o que está
correto, mas incompleto, pois não engloba todo o sentido do verbo. A compra é apenas
uma etapa do consumo. Antes de comprar é preciso decidir o que consumir, por que
consumir, como consumir e de quem consumir. Depois de refletir a respeito desses
pontos pode-se partir para a compra. Ao usar o produto existe o descarte de
embalagem que deve também ser considerada na decisão de comprar.
16
A participação efetiva do individuo pode ser pequena, mas quando exercida por
muitos formam uma opinião que deve ser levada em conta. Um exemplo simples é a
troca do aparelho de celular por um outro “mais moderno”, está atitude gera um resíduo
sólido que será descartado ainda em condições de uso, em sua produção foram
utilizados minerais que foram retirados do solo em alguma parte do mundo, tendo o
agravante do mesmo conter elementos tóxicos para o meio ambiente.
A PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTALDe acordo com QUINTAS (2011) a construção de uma proposta de educação
ambiental emancipatória e comprometida com o exercício da cidadania passa pela
exigência de explicitação de pressupostos que devem fundamentar sua prática, entre
os quais se considera:
1) o meio ambiente ecologicamente equilibrado é:
• direito de todos;
• bem de uso comum;
• essencial à sadia qualidade de vida;
2) preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para presentes e
futuras gerações É dever:
• do Poder Público;
• da coletividade;
3) preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado antes de ser um
dever é um compromisso ético com as presentes e futuras gerações;
4) no caso do Brasil, o compromisso ético de preservar e defender o meio ambiente
ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações implica:
•construir um estilo de desenvolvimento socialmente justo e
ambientalmente seguro num contexto de dependência econômica e exclusão
social;
• praticar a gestão ambiental democrática, fundada no princípio de que
todas as espécies têm direito a viver no planeta, num contexto de privilégios para
poucos e obrigações para muitos;
17
5) a gestão ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores
sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído. Esse processo de
mediação define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais,
por meio de suas práticas, alteram a qualidade do meio ambiente e também como se
distribuem os custos e os benefícios decorrentes da ação desses agentes;
6) a gestão ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura diante
de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país,
com os custos e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica sobre o
meio, seja ele físico-natural ou construído;
7) o Estado, ao praticar a gestão ambiental, distribui custos e benefícios de modo
assimétrico na sociedade;
8) a sociedade não é o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e de confrontos
que ocorrem em suas diferentes esferas (da política, da economia, das relações
sociais, dos valores, etc.);
9) apesar de sermos todos seres humanos, quando se trata de decidir ou influenciar
sobre a transformação do meio ambiente, “há na sociedade uns que podem mais do
que outros”.
10) o modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação de
sua existência, não é meramente uma questão cognitiva, mas é mediado por interesses
econômicos e políticos, pela posição ideológica e ocorre em determinado contexto
social, político, espacial e temporal;
11) a educação no processo de gestão ambiental deve proporcionar condições para
produção e aquisição de conhecimentos e habilidades e para o desenvolvimento de
atitudes visando à participação individual e coletiva:
• na gestão do uso dos recursos ambientais;
• na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos
meios físico-natural e sociocultural;
12) o processo educativo dever ser estruturado no sentido de:
• “superar a visão fragmentada da realidade por meio da construção e da
reconstrução do conhecimento sobre ela, num processo de ação e reflexão, de
modo dialógico com os sujeitos envolvidos;
18
• respeitar a pluralidade e a diversidade cultural, fortalecer a ação coletiva
e organizada, articular aportes de diferentes saberes e fazeres e proporcionar a
compreensão da problemática ambiental em toda a sua complexidade;
• possibilitar a ação em conjunto com a sociedade civil organizada e
sobretudo com os movimentos sociais, numa visão da educação ambiental como
processo instituinte de novas relações dos seres humanos entre si e deles com a
natureza”;
• proporcionar condições para o diálogo com as áreas disciplinares e com
os diferentes atores sociais envolvidos com a gestão ambiental;
13) os sujeitos da ação educativa são prioritariamente segmentos sociais afetados e
onerados, diretamente, pelo ato de gestão ambiental e dispõem de menos condições
para intervir no processo decisório.
O compromisso e a competência do educador são requisitos indispensáveis para
se passar do discurso à ação.
“Para muitos a situação é um paradoxo. Hoje temos mais informações do que
nunca sobre questões ambientais. Cada vez mais pessoas e organizações estão
interessadas em ver a recuperação do meio ambiente. Governos estabelecem agências
para ajudar a solucionar os problemas. A mais avançada tecnologia está disponível
para se lidar com os desafios. Mesmo assim, as coisas não parecem melhorar”.
(REVISTA DESPERTAI!, 2003)
CIDADANIA AMBIENTAL
O Estado não consegue controlar tudo o que acontece, seja por meio natural,
seja por ação humana, devendo o indivíduo ser responsável por seus próprios atos
(BORBA, 2007).
A cidadania ambiental é a qualificação das pessoas sobre a legislação ambiental
e os direitos e deveres difusos para o exercício de uma soberania coletiva sobre os
ecossistemas locais e da Biosfera. Ela é exercida através de Associações,
Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais. Seu estatuto jurídico é o
19
direito difuso. Seu instrumento é Ação Civil Pública. Seu principal titular é o Ministério
Público.
O objetivo de se trabalhar o conceito de Cidadania Ambiental é a construção de
uma identidade cultural sustentada. De modo a consolidar uma perspectiva amorosa e
solidária no relacionamento das pessoas com a natureza capacitando-as no
conhecimento e uso da Legislação ambiental e dos direitos e deveres difusos de
proteção à natureza.
De acordo com BORBA (2007) deve-se educar e conscientizar a população. A
Lei 9.795/99 determinou a inserção da educação ambiental em todos os níveis de
ensino, um grande avanço. Para o autor o exercício da cidadania ambiental deve ser
praticado em várias esferas, tais como economizar água do chuveiro, evitar longos
banhos, evitar a produção excessiva de lixo, controlar o consumo de bens e produtos,
adotar atitudes que preservam o meio ambiente, enfim economizar no uso de bens que
exigem na natureza.
Para BORBA (2007) exerce a cidadania ambiental aquele que participa dos
debates e audiências públicas, que cobra das autoridades providências, tem ma efetiva
participação em movimentos populares ou ONG”s.
CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O Despertar mundial O despertar mundial para os problemas causados pela degradação do meio
ambiente teve seu início tardiamente em 1972, na Conferência de Estocolmo.
Reuniram-se 72 nações e criaram o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente.
Em seguida, o Programa associou-se a UNESCO para promover a Educação
Ambiental. Em 1988, a ONU criou a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento e produziu o Relatório Nosso Futuro Comum: inicia-se a discussão
internacional sobre o desenvolvimento.
20
Como equilibrar proteção ao Meio Ambiente e alimentar os povos? Como
construir o desenvolvimento sustentável? Em 1992 acontece no Rio de Janeiro a ECO-
92, tendo como resultado a Agenda 21.
A Constituição Federal - artigo 225 / 88 - estabelece a obrigação do poder
público e do povo de preservar a natureza.
O princípio n º1 da Declaração de Estocolmo de 1972 diz que "todo homem tem
direito fundamental à liberdade, à igualdade e a condições de vida adequadas, num
meio ambiente que permita uma vida de dignidade e bem-estar".
A Constituição Federal de 1988, no artigo 225 expressa: "o meio ambiente é um
direito de todos, um patrimônio do povo, essencial à sadia qualidade de vida e que por
isso, exige-se do Poder Público e do povo o dever de defendê-lo no presente para o
futuro.
GOMES (2008) comenta que não há como negar que no Brasil sempre existiram
normas de tutela da natureza, no entanto o artigo 225 legitimou tal regra. A
conscientização global possibilitou que a Constituição Federal de 1988 estabelecesse a
proximidade entre o Meio Ambiente e o conteúdo humano e social, permitindo a todos,
dessa forma, o direito de que as condições que regem a vida não sejam mudadas de
forma desfavorável, por serem essenciais. O tratamento dado ao meio ambiente passou
a ser diferente, é visto como um bem de todos, de uso comum, essencial à vida. prega-
se a idéia de um Estado que desenvolva atividades no sentido do homem se sentir em
perfeita condição física ou moral, primando pelo bem-estar humano, pela existência de
um meio ambiente livre de poluição e de outras situações que lhe causem danos.
Ainda segundo este autor deve-se dar ênfase que o artigo 225 expressa que é
dever do Poder Público e a da coletividade, juntos, defender e preservar o Meio,
ambiente para as presentes e futuras gerações. Danos ambientais e a poluição
ambiental não se limitam às fronteiras de uma cidade, um estado ou de um país,
portanto, são responsabilidade de todos. A qualidade do Meio Ambiente é hoje um
valioso patrimônio que deve ser preservado e recuperado, onde o Poder Público, pelo
comando imperativo das normas, tem o dever de assegurar a qualidade de vida, que
consequentemente implica em boas condições de trabalho, lazer, educação, saúde,
segurança.
21
O principio do grande impacto poluidor
Devemos ter consciência que o ser humano provoca grande desequilíbrio em
todos os lugares que ocupa, alterando o ambiente.
A degradação ambiental começa a ter grande importância quando o ser humano
consegue aumentar a sua expectativa de vida, dominando a maioria das doenças. Isto
soma-se ao fato de não possuir um predador no meio ambiente, gerando uma
população “sem controle”.
Este fato soma-se a capacidade humana de inventar máquinas para realizarem
tarefas em grande escala, que por sua vez, geram grandes quantidades de resíduos
poluentes. Este fato é bem marcado pela Revolução Industrial, que iniciou na Europa.
Neste momento começou o grande impacto poluidor no planeta.
A revolução industrial foi o marco inicial da destruição do meio ambiente, a partir
daquele fato a exploração do meio ganhou velocidade. A industrialização foi a
descoberta do valor agregado, ou seja, os produtos naturais ao serem trabalhados e
modificados geravam maior valor monetário, a madeira dava origem a móveis
elaborados, geravam o desejo e compra por aqueles de melhor poder aquisitivo.
Antes deste período já existia a poluição, mas o grau de poluição aumentou
consideravelmente com a industria e a urbanização, passando de uma escala local para
mundial. Sociedades, indivíduos, natureza, espaço, mares, florestas, subsolo: tudo tem
de ser útil economicamente, tudo deve ser utilizado no processo produtivo. O
importante nesse processo não é o que é bom ou justo e sim o que trará maiores lucros
a curto prazo. Assim derrubam-se matas sem se importar com as conseqüências a
longo prazo; acaba-se com as sociedades preconceituosamente rotuladas de
“primitivas”, porque elas são vistas como empecilhos para essa forma de “progresso”,
entendido como acumulação constante de riquezas, que se concentram sempre nas
mãos de alguns.
A ocupação urbana No Brasil, além das indústrias, temos outro fator muito importante, a ocupação
urbana. Desta forma entendemos que a degradação ambiental observada é decorrente
22
do peculiar processo histórico de ocupação e de uso do espaço, onde, em quase sua
totalidade, critérios técnicos e de segurança para a vida humana foram desprezados.
Limitações decorrentes de aspectos naturais, como relevo, declividade, várzeas, entre
outras, foram ignoradas, sobretudo por força da determinante social e econômica,
resultando na ocupação de áreas “impróprias” para o estabelecimento de moradias.
Conforme relatado por BUENO et al., (2008) as intervenções antrópicas no
ambiente sempre representam algum impacto, muitas vezes até por desconhecimento
não se avalia o risco geotécnico das obras de engenharia, principalmente das
pequenas obras. Com isso, torna-se necessário um conhecimento das características
dos terrenos frente à ocupação urbana acelerada.
Observa-se, assim, que fundos de vale, áreas de mananciais, várzeas de rios e
córregos e encostas de morro acabaram sendo ocupados por habitações precárias,
irregulares e sem atendimento de saneamento básico, reproduzindo um modelo de
degradação ambiental urbana, porém, de evidente solução integrada no sentido local e
regional.
Para GOULART (2005) contingentes submetidos à exclusão social e econômica,
seja em decorrência da renda limitada, do desemprego, ou mesmo pela falta de
moradia acessível, acomodaram-se nesses espaços carentes de serviços públicos de
saúde, educação, lazer, saneamento e fiscalização adequados, produzindo também
enormes danos ambientais que precisam ser revertidos.
A concentração de pessoas em um ambiente sem a devida programação
sanitária acarreta sérios problemas de saúde publica pela geração intensa de resíduos
sólidos. Para reduzir os impactos que os resíduos sólidos causam ao meio ambiente e
à saúde pública é necessário desenvolver programas de coleta seletiva, reciclagem e
reaproveitamento de materiais e promover a conscientização da população de que
ações são necessárias para a proteção do meio ambiente (SOARES et al., 2007).
A erosão e escorrimento superficial do solo, causados pela sua indevida
utilização, são um dos principais responsáveis pelas constantes inundações. Na cidade
de São Paulo, o Rio Tietê possui uma situação que é decorrente de um conjunto de
fatores que são comuns em parte da região da sub-bacia Juqueri/Cantareira, tais como:
o parcelamento de glebas em desacordo com a topografia; a ocupação dos fundos de
23
vale por população de baixa renda, retirando da várzea a sua função de amortecimento
das cheias; a impermeabilização excessiva do solo, aumentando o volume e a
velocidade da água; a retirada da cobertura vegetal e execução de serviços de
terraplanagem; o lixo lançado no leito dos córregos; as ações do poder público
concentradas na resolução dos problemas específicos de determinados cursos d’água,
sem abordar a questão em termos das sub-bacias como um todo; as canalizações
agravando os problemas da jusante dos cursos d’água, dificultando a limpeza e
desassoreamento e desobstrução.
O quadro acima descrito implica numa série de prejuízos sócio-ambientais, como
os gastos com desassoreamento e desobstrução dos cursos d’água, equipamentos
públicos danificados com as enchentes, perda de bens privados, gastos com saúde
pública decorrentes de doenças transmitidas pela água por insetos ou por roedores e
pela contaminação de alimentos, perdas de horas de trabalho e de recursos
econômicos devido às paralisações por enchentes, deterioração das condições de seu
entorno, degradação geral do ambiente pelas enchentes em termos de perda de
cobertura verde, erosão, deslocamento de lixo para casas e vias, deterioração do
manancial como um todo e constante ameaça de contaminação da água que abastece
a região metropolitana de São Paulo (SÃO PAULO, 1997).
A MIGRAÇÃO PARA AS CIDADES
Para GHIRALDELLI (1994), no raiar dos anos 60, o Brasil deixou efetivamente
de ser um país “predominantemente agrícola”. A população urbana começou a
ultrapassar a população rural em número. O país passou a contar com um parque
industrial diferenciado e muito produtivo.
Este fato deve ser analisado de forma contextualizada, pois tem gerado uma
série de problemas ambientais, destruição de culturas, mudança de comportamentos,
individualismo, etc.
No pós guerra (1950) ocorreu a modernização da agricultura no Brasil com a
chamada “revolução Verde”. Este fenômeno ocorreu com a utilização de equipamentos
mecânicos e produtos da indústria química. No entanto, somente a partir da década de
24
1970, em razão da instalação de empresas produtoras destes bens materiais no país, é
que a “industrialização da agricultura” difundiu-se, e as atividades agropecuárias
passaram a constituir ramos de produção semelhantes aos da indústria (LEMES, 2009).
Apesar desta “industrialização” não ter ocorrido no Brasil inteiro provocou grandes
mudanças no comportamento das pessoas do campo. A força de trabalho foi sendo
substituída por máquinas gerando um excedente de trabalhadores sem postos de
trabalho levando-os a migrarem para as cidades, principalmente para as capitais onde a
oferta de trabalho é maior. Outro fator que empurrou o homem do campo para as
cidades foram leis trabalhistas, estas leis foram criadas com o intuito de protegê-lo,
mas na realidade ocorreu o contrário. Antes da década de 70 muitos fazendeiros
possuíam em suas terras os “meeiros” ou “arrendatários”, eram famílias inteiras que
viviam em algum espaço da fazenda, plantavam e criavam seus animais, tudo em
parceria com o dono da fazenda. Com o surgimento dos sindicatos rurais e leis que
obrigavam os fazendeiros a registrar os trabalhadores ou ceder parte da terra para
estes com a lei do usucapião (após 5 anos no mesmo lugar o trabalhador tinha direito a
propriedade que ocupava) os conflitos ficaram intensos e os proprietários deixaram de
utilizar estas modalidades de parceria com trabalhadores rurais.
O resultado da soma dos fatores industrialização do campo e leis rurais
provocou o êxodo dos trabalhadores rurais para as cidades, até o momento atual ainda
ocorre a migração de trabalhadores para os centros urbanos. Esta situação aumentou
as favelas já existentes, surgiram bairros nas periferias das cidades totalmente sem
infra-estrutura. Os gestores das cidades não conseguiram atender as demandas por
moradias e instalação de infra-estrutura de saneamento básico.
De acordo com ALVES (2006) em 2000, 82% da população já residia nas
cidades. A previsão é que a urbanização ainda persistirá, menos intensa, exceto no
Norte e no Nordeste, nas quais o êxodo rural se acelera. No Centro- Oeste, no Sudeste
e no Sul, a urbanização será bem mais lenta, tendo nela peso menor a migração rural–
urbana, de origem nas mesmas regiões. No entanto a migração do Norte e nordeste
ainda não cessou, essas regiões são retardatárias quanto ao deslocamento do campo
para a cidade. Assim, a política econômica que visa reter população nos campos tem
25
que ter o Nordeste como prioridade, o que não ocorre presentemente, e reconhece-se
que as dificuldades operacionais e o risco climático são pedras no caminho.
A questão ambiental se tornou então muito mais séria com o adensamento
populacional das cidades. Hoje praticamente todos os grandes centros urbanos já
enfrentam problemas com captação de água para as populações, alta produção de lixo,
moradias precárias, crise nos transportes urbanos, violência urbana, poluição,
despersonificação do ser humano, etc.
PLANEJAMENTO DE PROJETOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Para planejar um Projeto de Educação Ambiental é necessário determinar as
diretrizes e metas que deverão ser alcançadas com o projeto.
Fatores inerentes ao projeto
Desta forma, deve se pensar em vários fatores que são inerentes em qualquer
projeto de educação ambiental. Os principais são:
- Qual a situação ou problema ambiental que será evidenciada pelo projeto?
Dependendo da problemática, serão definidas as metas julgadas eficientes para
a resolução ou minimização desta problemática. É importante saber que deve ser
abordada apenas uma problemática, que pode estar dentro de um contexto bem maior,
pois o projeto deve possuir limitações para que tenha sucesso em seus objetivos.
Outro projeto pode ser desenvolvido em seqüência, para resolver problema que
não foi abordado pelo projeto anterior.
- Qual será o público-alvo do projeto ?
A escolha do público-alvo é muito importante, pois desta escolha irão partir os
métodos e ações a serem utilizadas durante o projeto.
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Para se trabalhar com públicos distintos, por exemplo: crianças e adultos, é
necessário utilizar linguagem, material visual, explicações, dinâmicas, etc. diferenciadas
para cada grupo.
- Quais são as fontes de recursos financeiros do projeto ?
É exatamente neste ponto que muitos projetos fracassam. Muitas instituições
possuem dificuldades em realizam com sucesso seus projetos de educação ambiental
pelo simples fato de não possuírem recursos financeiros para a implementação ou
continuidade do projeto.
Infelizmente, raras são as empresas que investem neste tipo de projetos, mesmo
as que trabalham diretamente com o meio ambiente e vendem produtos agrícolas,
orgânicos ou não, tais como verduras, frutas, cereais, etc.
Um grande exemplo deste descaso são as grandes redes de supermercados e as
cerealistas.
- Qual a duração do projeto ?
Imagine um projeto que será executado numa única oportunidade, utilizando uma
ou duas horas do dia. Deve possuir um objetivo muito pequeno ou simplesmente não
atingiu seus objetivos.
Devemos nos poupar em executar projetos que visem apenas uma parte da ação
educacional, ou seja, apenas a parte prática ou apenas a parte teórica. Este tipo de
projeto causa repercussão negativa na comunidade. As pessoas relatam: “Eles
estiveram aqui apenas uma vez, e depois sumiram...” ou “Não entendi direito o que eles
queriam com aquilo...”
Devemos entender também que a ação prática do projeto é apenas uma parte do
projeto, que deve ter sido antecedida por palestras, explicações, resolução de dúvidas,
explicação dos objetivos, etc.
A duração de um projeto é muito importante, pois ele começa desde o seu
planejamento, sua estruturação.
27
- Quem vai executar o projeto ?
É muito importante saber quem serão os membros da equipe executora do
projeto. Desta equipe provém o sucesso ou fracasso do projeto.
A equipe deve estar capacitada a resolver problemas que podem surgir no
momento de cada ação.
Deve ter uma qualificação mínima para executar o que o projeto propõe.
Não é aconselhável mudar membros da equipe executora durante a vigência do
projeto.
- Serão realizadas parcerias?
Com as parcerias o projeto ganha mais força e recursos financeiros, logísticos,
material humano, etc.
Os pontos negativos desta questão são os seguintes:
a) Saber se os parceiros realmente possuem compromisso com a
execução do projeto. Quais são os interesses dos parceiros ? Estes interesses são
benéficos para o projeto ?
b) Saber antecipadamente, qual será a efetiva participação de cada
parceiro na execução do projeto. Isto deve ser documentado por escrito. Já ocorreram
várias decepções neste sentido por falta de comunicação ou de compromisso.
c) Infelizmente existem parceiros que aparecem no projeto apenas para
divulgar seus produtos ou sua marca; sem produzir benefício algum para o projeto. Este
tipo de parceria deve ser rejeitada.
d) Como muitos patrocinadores relutam em investir dinheiro em projetos
que consideram de retorno duvidoso; deve ser pensada a permuta como uma opção
importante. Por exemplo: Fornecimento de lanche, empréstimo de data-show,
transporte de materiais, concessão de diárias, etc. Esta permuta pode ser feita com a
contra partida de divulgação nos materiais gráficos, divulgação em telão, banners,
destaque antes e após as palestras, etc.
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- Qual será a forma de avaliação do projeto ?
Todo o projeto deve ser avaliado para que se verifique se os objetivos propostos
foram atingidos.
Esta avaliação é feita de duas formas: Quantitativa e qualitativa
QUANTITATIVA: Levantamento de quantas pessoas assistiram as palestras,
quantas pessoas participaram da atividade prática, quantas árvores foram plantadas,
quantos kg de lixo foram coletados, etc.
QUALITATIVA: Reunião ao final do projeto, com os executores e os participantes,
onde cada um relata o que aprendeu, suas considerações e o que espera para o futuro.
Pode ser aplicado um questionário para avaliar os resultados. Deve se retornar ao local
de execução do projeto periodicamente, para verificar se a problemática proposta foi
resolvida.
No caso de empreendimento, os indicadores qualitativos devem apontar a
existência ou não de conflitos entre trabalhadores e comunidades locais, a
conformidade com as normas e cuidados ambientais na construção; o nível de
satisfação das famílias reassentadas com as novas tecnologias propostas e na
melhoria da qualidade de vida, etc.
Podem ser utilizados ainda outros métodos qualitativos.
Os projetos de educação ambiental com foco na formação de grupos possibilitam
que os atores envolvidos façam parte do processo de mudança. Sabe-se que a
educação ambiental para ser efetiva deve-se percorrer um longo caminho, completo e
difícil e que são necessários investimentos relevantes para a capacitação e orientação
dos professores e dos multiplicadores de educação ambiental (MAIA et al., 2011).
EMPREENDIMENTOS
No caso de um empreendimento a ser executado, como uma barragem, rodovia,
implantação de Área de Preservação Ambiental, etc. é preciso considerar o seguinte:
29
O Projeto de Educação Ambiental deverá priorizar sua atuação nos setores
sociais diretamente afetados pelo empreendimento, na população escolar dos
municípios afetados e junto à mão-de-obra contratada para a construção da rodovia.
O planejamento e as atividades do Projeto de Educação Ambiental devem estar
profundamente articulados com os demais Programas Ambientais, particularmente com
o Programa de Comunicação Social do empreendimento.
Erros ambientais são bastante comuns em empreendimentos. O setor imobiliário
é motivado unicamente pelos lucros que podem ser auferidos em um projeto imobiliário,
e na maioria das vezes, as questões ambientais são vistas em segundo plano. Os
loteamentos urbanos podem ter nascentes, pequenos corpos dӇgua que devem ter um
tratamento especial, no entanto é comum a terraplanagem nestes terrenos, bem como
o desrespeito a lei de manutenção de matas ciliares das fontes de água.
Muitos questionamentos devem ser feitos pelos compradores. Porque adquirir
um imóvel ecologicamente correto? Se no momento do ato da compra não se clarifica o
que é um “empreendimento verde”? Qual o profissional que aplicará nas unidades
habitacionais, ao longo de determinado tempo, a aprendizagem das boas práticas
ambientais: como fazer a coleta seletiva, como fazer com que o resíduo produzido
pelas unidades habitacionais gerem renda para o condomínio, como tornar o
empreendimento gerador de responsabilidade socioambiental? (RIBEIRO &
SALDANHA, 2011).
A educação ambiental, neste caso, é a ferramenta que poderá orientar tanto o
empreendedor quanto o consumidor para a melhor conduta ambiental. De acordo com
os autores acima citados os consumidores estão preocupados em adquirir produtos que
sigam padrões de sustentabilidade e devem ficar atentos ao marketing utilizado para
seduzir os consumidores, nem sempre o que é “prometido” será entregue. O comprador
deve ser observador e questionador para identificar se realmente está recebendo um
produto que respeita o meio ambiente.
EXECUÇÃO DE PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTALO objetivo principal do Projeto de Educação Ambiental é o desenvolvimento de
ações educativas, a serem formuladas através de um processo participativo, visando
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capacitar/habilitar setores sociais, com ênfase nos afetados diretamente pelo problema
ou empreendimento, para uma atuação efetiva na melhoria da qualidade ambiental e de
vida na região.
OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
São igualmente objetivos do Programa de Educação Ambiental:
- Contribuir para a prevenção, resolução ou a minimização dos impactos
ambientais e sociais decorrentes do problema ou empreendimento.
- Capacitar professores da rede pública e técnicos de instituições como agentes
multiplicadores de educação ambiental.
- Integrar e compatibilizar as diversas ações do projeto que envolva educação
ambiental.
-Sensibilizar e conscientizar os trabalhadores do empreendimento sobre os
procedimentos ambientalmente adequados relacionados às obras, à saúde e segurança
do trabalho e ao relacionamento com as comunidades vizinhas.
ELABORAÇÃO DE PROGRAMAÇÃO
Para a elaboração da programação adota-se a concepção de que a educação
ambiental, no âmbito das atividades de gestão ambiental, deve ser entendida como um
processo que tem como objetivo proporcionar condições para a produção e aquisição
de conhecimentos e habilidades, bem como o desenvolvimento e assimilação de
atitudes, hábitos e valores, viabilizando a participação da comunidade na gestão do uso
dos recursos naturais e na tomada de decisões que afetam a qualidade dos meios
natural e antrópico.
Neste sentido, o programa educativo deve centrar seu foco em torno das
situações concretas vividas pelos diferentes setores sociais, reconhecendo a
pluralidade e diversidade culturais e ter um caráter interdisciplinar.
31
O material educativo a ser elaborado deverá considerar as características dos
diferentes públicos alvo, utilizando linguagem e instrumentos adequados.
No caso de um empreendimento, o Programa de Educação Ambiental deve ter
como principais fontes de informação o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do
empreendimento, e os estudos realizados para a elaboração dos Programas
Ambientais na fase de Projeto Básico Ambiental, aprofundando, onde se fez
necessário, o diagnóstico ambiental da área.
São identificados como público alvo do Programa de Educação Ambiental os
segmentos relacionados a seguir:
- Organizações Não-Governamentais atuantes na Área de Influência.
- População diretamente afetada, em especial:
a) Residente no entorno das obras;
b) Famílias a serem reassentadas e beneficiárias do Subprograma de
Auxílio na reconstrução de moradias das famílias de baixa renda;
c)Técnicos, professores da rede pública e particular de ensino e da área
de meio ambiente;
d) Comunidades Indígenas (se for o caso);
e) Trabalhadores das obras.
EDUCAÇÃO PARA FORMAÇÃO
Envolvendo as ações educativas, desenvolvidas com o objetivo de educar para a
formação de uma consciência ambiental e mudar comportamentos, atitudes e
procedimentos na relação entre os diferentes públicos, o meio natural e o
empreendimento.
No caso de empreendimento, compreende também as atividades de treinamento
e educação ambiental para o público interno, principalmente trabalhadores das obras,
para os beneficiários do Programa de Reassentamento e do Subprograma de Auxílio na
Reconstrução de Moradias, população residente no entorno das obras, organizações da
sociedade civil e professores da rede pública.
32
AMBIENTALISMO
Segundo LAYRARGUES (2002) atualmente não é mais possível entender a
educação ambiental no singular, como um único modelo alternativo de educação que
simplesmente se opõe à educação convencional, que não é ambiental. Há novas
denominações para conceituar educação ambiental cunhadas a partir do final da
década de 80 e início da de 90. Entre essas: alfabetização ecológica, educação para o
desenvolvimento sustentável, educação para a sustentabilidade, ecopedagogia e
educação no processo de educação ambiental.
Conforme afirmativa de PELICIONI (2006) os trabalhos desenvolvidos
com o tema ambientalismo e educação ambiental demonstram uma ampla diversidade
de representações sociais e práticas em todo o planeta. A conseqüência desta
amplitude é que vários pesquisadores têm escolhido uma vertente do ambientalismo
para suas análises cientificas.
Um dos estudiosos citados pela autora é O’Riordan, este caracteriza a corrente
ambientalista tecnocêntrica, teoria que apóia a manutenção da estrutura de poder
vigente e incentiva maior responsabilidade por parte das instituições políticas. Outra
corrente é a ecocêntrica que defende a redistribuição do poder no sentido de criar uma
economia descentralizada que garanta a participação social. Os tecnocêntricos
acreditam que o modelo atual de gestão econômica e política é capaz de criar soluções
para os problemas ambientais com a utilização da ciência e da tecnologia, enquanto os
ecocêntricos são mais idealistas, afirmam que a humanidade faz parte do sistema
global, por isso esta sujeita a restrições, e esta humanidade deve respeitar a natureza e
considerar as limitações naturais. Desta posição ecocêntrica derivam outras várias
correntes de pensamento.
Essas vertentes do pensamento ambientalista ao mesmo tempo em que refletem
representações sociais sobre a problemática atual, suas causas e possíveis soluções,
dão origem a práticas sociais diversificadas que, por sua vez, reafirmam ou alteram as
representações que lhes davam sustentação (PELICIONI, 2006). Estas vertentes ou
33
teorias criadas sobre o problema ambiental foram incorporadas nos programas de
educação ambiental.
É necessário fazer uma boa reflexão para a criação de um projeto ou programa
de educação ambiental, tomar cuidado para não criar uma linha muito romântica ou
sonhadora, onde os objetivos desejados são quase “um sonho”. Por outro lado deve-se
evitar o radicalismo, o surgimento do chamado “ecochato”, lembrar sempre que
qualquer extremo não é ideal.
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Envolvendo o processo de acompanhamento e avaliação das ações educativas.
As atividades educativas para a população local e entidades representativas
visam introduzir e reforçar noções de preservação ambiental e aumentar a qualidade de
vida das comunidades locais através da divulgação das principais características da
região, com ênfase nas áreas ambientalmente críticas, e de tecnologias de baixo
impacto ambiental.
Para tal, podem ser realizados mini-cursos e palestras enfocando temas como:
agroecologia, manejo sustentável de recursos naturais e resíduos, recuperação de
áreas degradadas, energia alternativa, hortas caseiras e medicinais e gestão ambiental.
O material pedagógico a ser produzido ou utilizado pelo projeto, assim como os
respectivos conteúdos, deverão ser concebidos a partir da perspectiva do público alvo a
que se destina, em linguagem e formas adequadas e, acima de tudo, respeitando as
características sociais e culturais dos destinatários.
A avaliação da eficácia das ações educativas será realizada a partir da definição
das metas a serem atingidas em relação aos diferentes públicos alvo e da identificação
de indicadores apropriados – quantitativos e qualitativos.
O monitoramento será realizado visando avaliar, no processo, o atendimento às
metas planejadas e, se necessário, a correção de estratégias e rumos.
Como instrumentos de acompanhamento e avaliação deverão ser emitidos
relatórios periódicos, nos quais serão registrados os principais problemas detectados e
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apontados, caso necessário, as mudanças de estratégia e as correções de rumos a
serem adotadas.
Ao final do programa será elaborado um relatório final de avaliação.
CRIANDO UM CONSUMIDOR CONSCIENTE
Vamos enfocar sugestões que devem ser aplicadas em projetos de educação
ambiental, com a intenção de mudar o comportamento consumista.
Quanto a qualidade do ar
Sabe-se que um consumidor consciente pode promover algumas medidas para
minimizar a poluição do ar, de acordo com FURRIELA (2012) o consumidor pode optar
por hábitos como:
• escolher um local de moradia que minimize sua necessidade de transporte para
consecução de atividades diárias;
• pensar duas vezes antes de comprar o segundo carro;
• optar por um veículo que seja menos poluente (ou até gere emissões zero ou
próximas de zero, como algumas opções que estão surgindo nos Estados Unidos ou na
Europa, movidos a hidrogênio ou eletricidade);
• estabelecer metas concretas de redução de viagens;
• sempre que possível, optar por caminhar, andar de bicicleta ou utilizar
transporte público ou táxi;
• mobilizar-se e exigir das autoridades a construção de sistemas de transporte
público compatíveis com suas necessidades.
Outras atitudes são: não realizar a queima de lixo ou outros materiais, evitar de
cortar árvores, fazer novos plantios (calçadas e ilhas de avenidas) diminuir a
impermeabilização do solo porque está prática leva a produção de calor e pior
qualidade do ar.
Trabalhos científicos já provaram que em áreas arborizadas a temperatura torna-
se mais amena e também a poluição devido a troca realizada pelos vegetais.
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Quanto a mudança de clima no planeta
FURRIELA (2012) também afirma que alguns questionamentos podem ser
abordados em iniciativas educativas na formação do consumidor tais como:
• evitar o consumo de combustíveis fósseis em demasia, ou seja, utilizar o
transporte individual apenas para o estritamente necessário, buscando alternativas de
transporte como carona, transporte público, andar a pé;
• procurar alternativas energéticas que não causem a emissão de gases efeito
estufa, como a instalação de painéis solares para geração de energia;
• as indústrias podem construir geradores de energia utilizando fontes
alternativas como: água, vento, álcool, Sol;
• minimizar o consumo de energia elétrica (principalmente nos países em que a
matriz de geração de energia é baseada na queima de combustíveis fósseis, como
petróleo ou carvão);
• promover campanhas de coleta seletiva no local de trabalho, recreio e em casa.
A redução do volume dos lixões pode implicar na redução da formação do
metano, gás de efeito estufa.
A emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa por parte de
indústrias já é fator de discussão ha algumas décadas, no entanto países como a China
e os Estados Unidos tendem a não aceitar protocolos de redução de emissão de gases,
visto que a redução implica na diminuição da produção industrial e geraria prejuízos ao
crescimento destes países.
O Brasil também realiza emissões significativas, mas não é apenas a industria a
vilã principal. As queimadas na Amazônia são preocupantes e outro fator tratado mais
recentemente é a questão da criação de animais como bovinos e suínos. Os bovinos
emitem gás metano através da regurgitação e flatulência, os suínos produzem alta
carga de dejetos que são lançados em lagoas e estas geram o metano em sua
decomposição. O Brasil possui atualmente o segundo maior rebanho bovino do mundo,
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em 2008 já eram mais de 202 milhões de cabeças, população maior que a população
humana brasileira, perdendo apenas para a Índia onde este animal é sagrado e não é
sacrificado.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
FELDMANN & MACEDO (2001) afirmam: Mudanças climáticas são processos
naturais, consideradas as escalas de tempo de milhares de anos de eras geológicas.
Entretanto, a velocidade e a intensidade com que estão ocorrendo mudanças no
sistema climático da Terra a partir da Revolução Industrial é que têm sido objeto das
preocupações de cientistas e líderes mundiais, principalmente nas duas últimas
décadas.
O século XX testemunhou mudanças extraordinárias, tanto na sociedade
quanto no meio ambiente. E o que é mais importante, a escala dessas mudanças
passou do domínio local ou mesmo nacional para o âmbito global. Temos tecnologia e
meios hoje em dia para verificar que as atividades humanas estão transformando o
planeta em uma escala sem precedentes, e a experiência mais preocupante da
humanidade é a que vem se desenrolando com o clima da Terra. Nos últimos anos,
incidentes climáticos como enchentes, chuvas e outros desastres decorrentes da
influencia do El Niño, que afetaram a Indonesia, India, Chile, Canadá, Estados Unidos
dentre outros países, despertaram a atenção da população mundial. Até mesmo a
opinião pública aumentou seu grau de percepção recentemente, em grande parte em
razão da ocorrência de incidentes climáticos de vulto como o El Ninho, enchentes e
outros desastres em diversas partes do mundo (França, Espanha, Venezuela, Inglaterra
e Índia).
Os anos mais quentes de que se tem registro direto ocorreram na década de
1990. Sabemos hoje que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera influencia
a temperatura e está diretamente relacionada ao aquecimento global. Sabemos
também que juntamente com outros gases, chamados gases causadores do efeito
estufa, o dióxido de carbono tem aumentado seus níveis de concentração desde a
Revolução Industrial. Os gases de que falamos foram lançados em quantidades cada
vez maiores a partir de 1750, graças ao modelo de desenvolvimento baseado na
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queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, por exemplo. Como
resultado, o sistema climático do planeta está sendo afetado de forma imprevisível. As
consequências para o meio ambiente e para as sociedades humanas poderão ser
desastrosas. Com a diminuição da cobertura vegetal, o derretimento de geleiras e
calotas polares, as secas cada vez mais prolongadas, o aumento de frequência e de
intensidade de eventos climáticos extremos, como enchentes, furacões e tempestades,
temos uma equação de difícil solução para os líderes mundiais.
As previsões, porém, não surgiram da visão catastrófica de ambientalistas
radicais. Esse cenário foi revelado pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre
mudanças climáticas que assessora as Nações Unidas desde 1988. São cerca de dois
mil cientistas do mundo todo, considerados os maiores especialistas em pesquisas
sobre o clima, reunidos em um painel internacional estabelecido em conjunto pelo
Programa das Nações Unidas sobre Desenvolvimento - PNUD (UNDP é a sigla em
inglês) e a Organização Mundial de Meteorologia – OMM, (WWO É a sigla em inglês)
em Toronto, em 1988. O primeiro relatório do IPCC, publicado em 1990, constatou que
havia ocorrido uma elevação de 0,5 ºC na temperatura média global em relação ao
século anterior e alertou sobre a necessidade de serem tomadas medidas severas para
diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa como sendo a única forma de
evitar o aquecimento global. Com base nesses estudos, foi iniciada uma série de
negociações que resultou na convenção sobre o clima, assinada durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra,
realizada no Rio de Janeiro, em 1992, conhecida como Rio-92, ou Eco-92.
Em 1992, mais de 160 países aprovaram a Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, dentre outros tratados internacionais ambientais,
assumindo o compromisso de reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Seu
principal objetivo é:
- Estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um
nível que evite a interferência perigosa de atividades antrópicas (humanas) sobre o
sistema climático. Tal nível deverá ser alcançado em tempo suficiente para permitir que
os ecossistemas se adaptem naturalmente às mudanças climáticas, de modo a garantir
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que a produção de alimentos não seja ameaçada e o desenvolvimento econômico
continue de maneira sustentável.
Outras exigências foram acrescentadas pelo Protocolo de Kyoto e continuarão
sendo acrescentadas na forma de emendas e outros protocolos à medida que forem
sendo realizadas as sessões das Conferências das partes e novas descobertas
científicas se consolidarem.
O Protocolo estabelece que os países industrializados terão a obrigação de
reduzir suas emissões coletivas de seis gases efeito estufa em pelo menos 5%, se
comparados aos níveis de 1990, para o período entre os anos 2008-2012. Sua
inovação constituiu a inclusão de mecanismos econômicos para facilitar a redução de
emissões. Aberto para assinatura em março de 1998.
Em 22 de março de 2001, o presidente George W. Bush declarou que não
apoiaria o Protocolo de Kyoto e, voltando atrás em uma promessa de campanha, disse
que não ia exigir a restrição de emissões de Co2 do setor energético nos EUA. Sua
declaração gerou reações no mundo todo. Embora a incerteza quanto aos rumos das
negociações se tenha agravado com isso, em julho adotou-se o acordo de Bonn, que
regulamenta a implementação do Protocolo, conforme o cronograma estabelecido pelo
Plano de Ação de Buenos Aires. Confirma-se, portanto, a tendência de o mercado se
encarregar de disciplinar os mecanismos econômicos para redução de emissões, como
já vem sendo feito na prática em diversos países.
O Brasil é um dos países de maior relevância para a efetiva implementação da
convenção, por uma série de fatores de natureza econômica, social, política e
ambiental. Com relação à questão política, o Brasil tem exercido liderança no campo
internacional nessa matéria, desde a realização da Conferência da ONU no Rio em
1992 até a proposta em Kyoto do mecanismo que veio a transformar-se no Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo. Com relação aos aspectos ambientais, o país destaca-se
como o de maior biodiversidade do planeta (Amazônia), matriz energética baseada em
geração por hidroelétricas e existência de alternativas energéticas menos poluentes,
como o álcool, e enorme potencial para geração de energia renovável, dentre outros.
Em 20 de junho de 2001, foi estabelecido por decreto o Fórum Brasileiro de
Mudanças Climáticas, presidido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Este
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Fórum pretendia atuar como interface e consolidar a interlocução do governo com
múltiplos atores, incluindo-se a sociedade civil, em busca de subsídios e informações
sobre iniciativas em curso, promovendo uma troca dinâmica de informações entre
diversos atores sociais relevantes na questão do clima.
Seu objetivo primordial era conscientizar e mobilizar a sociedade para a
discussão e a tomada de posição sobre os problemas decorrentes da mudança do
clima por gases de efeito estufa. Como facilitador, o Fórum é a interface entre o
governo e a sociedade civil. Sua efetiva implementação dependia da articulação dos
setores envolvidos e serviria para inserir na agenda nacional um tema extremamente
relevante da agenda global.
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