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1 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M4 D2 DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I PARTE III - AULA 44 PROFESSOR AUTOR: PROF. PAULO VON KRUGER PROFESSOR TELEPRESENCIAL: PROF. PAULO VON KRUGER COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO 26 DE JUNHO DE 2012

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE …academico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/... · emissão de calor e luz” e incêndio é “o fogo fora de

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA

DE SEGURANÇA DO TRABALHO

M4 D2 – DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

PARTE III - AULA 44

PROFESSOR AUTOR: PROF. PAULO VON KRUGER

PROFESSOR TELEPRESENCIAL: PROF. PAULO VON KRUGER

COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI

DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO

26 DE JUNHO DE 2012

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EMENTA DA PARTE III - AULA 44 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

Projeto de prevenção e proteção contra incêndio e pânico: principais parâmetros.. Dinâmica do fogo. Carga de incêndio. Curva temperatura-tempo para um incêndio natural. Normas e instruções técnicas. Roteiro para elaboração de projeto. Conceitos básicos de proteção contra incêndio. Prevenção de incêndio. Objetivos de prevenção de incêndio. Saídas de emergência . Escadas de segurança. Sistema de iluminação de emergência. Sinalização de emergência. Meios de aviso e alerta. Sistemas de proteção contra incêndio. Sistema de chuveiros automáticos. Extintores de incêndio. Sistema de hidrante. Brigada de incêndio.

OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM

Após a realização da parte III da Disciplina “Proteção Contra Incêndio e Explosão I”,

esperamos que você seja capaz de:

1. Reconhecer o roteiro para elaboração de projeto de sistema de incêndio.

2. Descrever as normas e instruções técnicas.

3. Identificar os componentes do tetraedro do fogo.

4. Estabelecer os planos de prevenção contra incêndio.

5. Caracterizar os sistemas de proteção contra incêndio.

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CALENDÁRIO DA DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

2012 Guia de

Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória

No Lista

Exercícios

Data

Postagem

Data final

Resposta

12/6 42

Incêndio no Edifício Joelma – 1974. SP

http://www.bombeirosemergencia.com.br/incendiojoelma.html

42 13/6 26/06/2012

19/06 43

Introdução à teoria do fogo. Fundacentro. Acesso pelo site:

http://www.fundacentro.gov.br/dominios/ctn/anexos/cdNr10/Manuais/M%C3%B3dulo02/8_Manual%20de%20Prote%C3%A7%C3%A3o%20e%20Combate%20a%20Inc%C3%AAndios.pdf

43 23/06 07/07/2012

26/06 44

Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em

Edificações: uma proposta

Dr. Paulo Gustavo von Kruger – material anexo ao Guia de Estudo 44

44 26/06 09/07/2012

03/07 45 45 03/07 16/07/2012

Prova do Módulo 4: 28 de agosto de 2012

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SUMÁRIO DA PARTE III DA DISCIPLINA

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA AULA 44

1. Introdução ................................................................................................. 05

1.1. Dinâmica do fogo

1.2. Carga de incêndio

1.3. Curva temperatura-tempo para um incêndio natural

2. Normas e instruções técnicas ............................................................. 08

3. Roteiro para elaboração de projeto .................................................... 09

4. Conceitos básicos de proteção contra incêndio .............................. 11

4.1. Prevenção de incêndio

4.2. Objetivos de prevenção de incêndio

5. Saídas de emergência ............................................................................... 13

5.1. Escadas de segurança

6. Sistema de iluminação de emergência ............................................... 16

7. Sinalização de emergência .................................................................. 17

8. Meios de aviso e alerta ........................................................................... 18

9. Sistemas de proteção contra incêndio ............................................ 19

9.1. Sistema de chuveiros automáticos

9.2. Extintores de incêndio

9.3. Sistema de hidrantes

10. Brigada de incêndio ............................................................................ 21

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AULA 44

PROJETO DE PREVENÇÃO E PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO: PRINCIPAIS PARÂMETROS

1. INTRODUÇÃO

Para o melhor entendimento do conceito de prevenção e proteção contra incêndio e pânico, faz-se necessário compreender a dinâmica do fogo, os conceitos básicos de fogo e incêndio, o que os caracteriza e quais as considerações inerentes a estes conceitos.

1.1. Dinâmica do fogo

Segundo a NBR 13.860, o fogo é “o processo de combustão caracterizado pela emissão de calor e luz” e incêndio é “o fogo fora de controle”.

Para que haja fogo, há necessidade da presença de três elementos simultaneamente (combustível, comburente e uma fonte de calor), conforme mostra a figura 1 abaixo. Para que haja a propagação do fogo, deverá ocorrer transferência de calor entre as moléculas do material combustível, que entram em combustão sucessivamente, que é traduzida pelo tetraedro do fogo (Figura 2), onde uma de suas faces representa a reação em cadeia (ANTUNES, 2011).

Figura 1 – Elementos de fogo Figura 2 – Tetraedro de fogo

Para a melhor compreensão do tetraedro de fogo, serão aqui conceituados os elementos que os compõem. Assim, tem-se que:

Combustível: é qualquer substância capaz de produzir calor por meio de uma reação química de combustão;

Comburente: é uma substância que alimenta a reação química da combustão (oxigênio presente no ar, que é o mais comum e abundante);

Calor: é a energia térmica transferida de um corpo para o outro em função da diferença de temperatura;

Reação em cadeia: é a sequência dos três eventos anteriormente relacionados, que resulta na própria combustão (ANTUNES, 2011).

Finalmente, o conceito de combustão, que é uma reação química exotérmica entre o combustível e o comburente, liberando calor e luz. Durante a reação de combustão são formados diversos produtos resultantes da combinação dos átomos dos reagentes.

COMBUSTÍVEL COMBURENTE

CALOR

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Assim, o calor gerado no processo de combustão de um incêndio pode se propagar de três maneiras:

Condução: propagação de incêndio de uma edificação contígua à outra, decorrente do

contato direto de chamas pela fachada ou cobertura (em colapso);

Convecção: decorrente de gases quentes emitidos pelas aberturas existentes na fachada

ou pela cobertura da edificação incendiada, que atingem a fachada da outra edificação adjacente;

Radiação térmica: aquela emitida de uma edificação para outra adjacente, que se

propaga por radiação através de aberturas existentes na fachada (composta de material combustível) ou desta para a cobertura (em colapso).

Segundo Souza (2007) apud Antunes (2011), um incêndio em uma edificação propicia os seguintes perigos à saúde e à vida de seus ocupantes:

Fumaça: reduz a visibilidade, prejudicando a orientação para o escape (vapores, gases e

fuligem); afeta a saúde e o comportamento das pessoas (dióxido de carbono, monóxido de carbono, ácido cianídrico e redução do oxigênio);

Calor: estresse térmico ou queimaduras, devido à sua maior intensidade.

1.2. Carga de incêndio

De acordo com a NBR 14.432:2001, carga de incêndio é a “soma das energias caloríficas que poderiam ser liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os revestimentos das paredes divisórias, pisos e tetos”.

1.3. Curva temperatura x tempo para um incêndio natural

A Figura 3 apresenta a evolução de um incêndio em um compartimento, demonstrando a relação entre a temperatura dos gases e o tempo desde o início da ignição.

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Figura 3 – Evolução de um incêndio em um compartimento

Segundo Pignatta e Silva (1997), a curva da Figura 3 “apresenta uma região inicial (pré-flashover) com baixas temperaturas, em que o incêndio é considerado de pequenas proporções”. Quando a superfície de toda a carga combustível presente no ambiente entra em ignição, o incêndio torna-se de grandes proporções, tomando todo o compartimento. Neste instante, ocorre o aumento brusco de inclinação da curva, que é conhecida como “flashover”, onde a temperatura dos gases eleva-se rapidamente até o material combustível extinguir-se, a partir do que há a redução gradativa da temperatura dos gases (PIGNATTA e SILVA, 1997).

Segundo Claret (2009) apud Antunes (2011), há pouco risco de sinistros de consequências graves para a estrutura da edificação na fase de início da ignição.

Entretanto, há considerável risco de morte dos ocupantes e elevado risco de perda de bens materiais.

Na fase de “pré-flashover”, há a formação de uma quantidade significativa de fumaça e, consequentemente, a redução da visibilidade. A atmosfera circundante passa a conter produtos típicos da combustão, tais como o dióxido de carbono, monóxido de carbono, fuligem e vapores, formando um colchão de gases sob o teto do compartimento (CLARET, 2009, apud ANTUNES, 2011).

Com o aumento da temperatura, ocorre o “flashover”, que é a inflamação generalizada, decorrente da entrada súbita de ar no ambiente (quebra de vidros das janelas ou abertura de portas externas para o combate ao incêndio). O ponto (ou faixa) de “flashover” ocorre, em geral, 3 a 20 minutos após o início da ignição, e demarca a transição entre um incêndio localizado e um incêndio generalizado. Nesta fase, denominada “pós-flashover”, a inflamação generalizada no compartimento e adjacências ocorre pela ignição espontânea do restante de seu conteúdo (CLARET, 2009, apud ANTUNES, 2011).

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O incêndio localizado pode ser combatido por brigadistas treinados. Entretanto, na fase de inflamação generalizada, apenas o Corpo de Bombeiros pode combater o incêndio (CLARET, 2009, apud ANTUNES, 2011).

A possibilidade de um foco de incêndio extinguir ou evoluir para um grande incêndio depende basicamente dos seguintes fatores:

quantidade, volume e espaçamento dos materiais combustíveis no local;

tamanho e situação das fontes de combustão;

área e locação das janelas;

velocidade e direção do vento;

a forma e dimensão do local.

2. NORMAS E INSTRUÇÕES TÉCNICAS

A seguir serão enumeradas, a título de apresentação, as Normas Técnicas da ABNT e as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, referentes à proteção e combate a incêndio e pânico.

Normas Técnicas da ABNT

NBR 10897 - Proteção contra Incêndio por Chuveiro Automático;

NBR 10898 - Sistemas de Iluminação de Emergência;

NBR 11742 - Porta Corta-fogo para Saída de Emergência;

NBR 12615 - Sistema de Combate a Incêndio por Espuma.

NBR 12692 - Inspeção, Manutenção e Recarga em Extintores de Incêndio;

NBR 12693 - Sistemas de Proteção por Extintores de Incêndio;

NBR 13434: Sinalização de Segurança contra Incêndio e Pânico - Formas, Dimensões e Cores;

NBR 13435: Sinalização de Segurança contra Incêndio e Pânico;

NBR 13437: Símbolos Gráficos para Sinalização contra Incêndio e Pânico;

NBR 13523 - Instalações Prediais de Gás Liquefeito de Petróleo;

NBR 13714: Instalações Hidráulicas contra Incêndio, sob comando, por Hidrantes e Mangotinhos;

NBR 13932- Instalações Internas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) - Projeto e Execução;

NBR 14039 - Instalações Elétricas de Alta Tensão

NBR 14276: Programa de brigada de incêndio;

NBR 14349: União para mangueira de incêndio - Requisitos e métodos de ensaio

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NBR 5410 - Sistema Elétrico.

NBR 5419 - Proteção Contra Descargas Elétricas Atmosféricas;

NBR 5419 - Sistema de Proteção Contra Descangas Atmosféricas (Pára-raios.)

NBR 9077 - Saídas de Emergência em Edificações;

NBR 9441 - Sistemas de Detecção e Alarme de Incêndio;

NR 23, da Portaria 3214 do Ministério do Trabalho: Proteção Contra Incêndio para Locais de Trabalho;

Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

IT01 – Procedimentos administrativos;

IT02 – Terminologia;

IT03 – Símbolos gráficos;

IT04 – Acesso de viaturas;

IT05 – Separação entre edificações

IT08 – Saídas de emergência;

IT09 – Carga de incêndio;

IT13 – Iluminação de emergência;

IT15 – Sinalização de emergência;

IT16 – Sistema de proteção por extintores de incêndio;

IT17 – Sistema de hidrantes e mangotinhos para combate a incêndios;

IT33 – Eventos temporários;

IT34 – Credenciamento.

3. ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO

A orientação abaixo serve de roteiro para a elaboração de um projeto de proteção e prevenção contra incêndio e pânico:

Conferir projeto arquitetônico;

Levantar dados sobre edificação e proprietário;

Fazer o estudo inicial sobre projeto;

Verificar escala do projeto;

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Verificar área a ser aprovada;

Verificar altura da edificação;

Verificar se a escada está correta (se houver);

Classificar a edificação quanto à ocupação;

Classificar a edificação quanto à altura;

Verificar qual a carga de incêndio para a edificação;

Classificar a edificação quanto à sua carga de incêndio

Identificar quais as medidas de segurança previstas para a edificação em questão.

Verificar:

acesso de viatura até a edificação;

separação entre edificações (isolamento de risco);

segurança estrutural nas edificações;

compartimentação horizontal;

compartimentação vertical;

controle de materiais de acabamento;

saídas de emergência;

elevador de segurança;

controle de fumaça;

gerenciamento de risco de incêndio e pânico;

brigada de incêndio;

iluminação de emergência;

detecção de incêndio;

alarme de incêndio;

sinalização de emergência;

extintores;

hidrante ou mangotinhos;

chuveiros automáticos;

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resfriamento;

espuma;

sistema fixo de gases limpos e dióxido de carbono - CO2;

sistema de proteção contra descargas atmosféricas - SPDA;

plano de intervenção contra incêndio e pânico e

outras especificadas em Instrução Técnica;

aplicar os parâmetros previstos em cada Instrução Técnica para cada medida de segurança prevista.

O Anexo “C” da Circular nº 06/2011 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais apresenta uma cartilha com orientações para a instalação das medidas de segurança contra incêndio em edificações, mediante Procedimento Simplificado.

Neste mesmo documento, explica-se que o “Procedimento Simplificado (PS) foi instituído pelo Decreto Estadual (MG) 44.746/2008, com o objetivo de proporcionar maior agilidade nos procedimentos para regularização de edificações junto ao Corpo de Bombeiros Militar”.

O documento ainda afirma que:

“Com a delimitação para aplicação do Procedimento Simplificado, nas edificações com até 200 m², classificadas nos grupos A, B, C, D e divisão F8, que não se enquadrem nos requisitos para Projeto Técnico, procurou-se estabelecer procedimentos mais simples para aquelas edificações que apresentam menor risco potencial”.

Os grupos a que o texto se refere estão listados na Tabela 1 do mencionado Decreto nº 44.746/2008.

4. CONCEITOS BÁSICOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO

A Norma Regulamentadora 23 (NR 23 - Proteção Contra Incêndios), em suas disposições gerais constantes no item 23.1.1, dispõe que:

“O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores informações sobre:

a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;

b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;

c) dispositivos de alarme existentes”.

4.1. Prevenção de incêndio

Um dos tópicos abordados na avaliação e planejamento da proteção de uma coletividade é a prevenção de incêndio.

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O termo "prevenção de incêndio" expressa tanto a educação pública como as medidas de proteção contra incêndio em um edifício.

A implantação da prevenção de incêndio se faz por meio de atividades que visam a evitar o surgimento do sinistro, possibilitar sua extinção e reduzir seus efeitos antes da chegada do Corpo de Bombeiros.

As atividades relacionadas com a educação consistem no preparo da população, por meio da difusão de ideias que divulgam as medidas de segurança, para prevenir o surgimento de incêndios nas ocupações. Buscam, ainda, ensinar os procedimentos a serem adotados pelas pessoas diante de um incêndio, os cuidados a serem observados com a manipulação de produtos perigosos e também os perigos das práticas que geram riscos de incêndio.

A proteção contra incêndio é definida como medidas tomadas para a detecção e controle do crescimento do incêndio e sua consequente contenção ou extinção.

Essas medidas dividem-se em:

medidas ativas de proteção que abrangem a detecção, alarme e extinção do fogo (automática e/ou manual); e

medidas passivas que abrangem o controle dos materiais, meios de escape, compartimentação e proteção da estrutura do edifício.

4.2. Objetivos da prevenção de incêndio

Os objetivos da Prevenção são:

a garantia da segurança à vida das pessoas que se encontrarem no interior de um edifício, quando da ocorrência de um incêndio;

a prevenção da conflagração e propagação do incêndio, envolvendo todo o edifício;

a proteção do conteúdo e a estrutura do edifício;

minimizar os danos materiais de um incêndio.

Esses objetivos são alcançados pelo:

controle da natureza e da quantidade de materiais combustíveis constituintes e contidos no edifício;

dimensionamento da compartimentação interna, do distanciamento entre edifícios e da resistência ao fogo dos elementos de compartimentação;

dimensionamento da proteção e de resistência ao fogo da estrutura do edifício;

dimensionamento de sistemas de detecção e alarme de incêndio e/ou de sistemas de chuveiros automáticos de extinção de incêndio e/ou equipamentos manuais para combate;

dimensionamento das rotas de escape e dos dispositivos para controle do movimento da fumaça.

controle das fontes de ignição e riscos de incêndio;

acesso para os equipamentos de combate a incêndio;

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treinamento de pessoal habilitado a combater um princípio de incêndio e coordenar o abandono seguro da população de um edifício;

gerenciamento e manutenção dos sistemas de proteção contra incêndio instalado;

controle dos danos ao meio ambiente decorrente de um incêndio.

5. SAÍDA DE EMERGÊNCIA

O Decreto Nº 44.746 de 29 de fevereiro de 2008, do Estado de Minas Gerais, em seu texto, define saída de emergência como:

“caminho contínuo, devidamente protegido e sinalizado, proporcionado por portas, corredores, halls, passagens externas, balcões, vestíbulos, escadas, rampas ou outros dispositivos de saída ou combinações destes, a ser percorrido pelos usuários em caso de um incêndio e pânico, que conduzam os usuários de qualquer ponto da edificação até atingir a via pública ou espaço aberto, protegido do incêndio ou pânico, em comunicação com o logradouro”.

As saídas de emergência sevem tanto para salvaguardar a vida humana, dotando as edificações de meios adequados de fuga, bem como possibilitam o acesso da brigada de incêndio ou do Corpo de Bombeiros a fim de efetuar ações de salvamento ou combate (IT-02 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais).

Para isto, as rotas de fuga devem atender a algumas condições básicas tais como:

- o número de saídas em função da altura, dimensões em planta e características construtivas;

- a distância máxima a percorrer, que consiste no caminhamento entre o ponto mais distante de um pavimento até o acesso a uma saída neste mesmo pavimento (varia conforme o tipo de ocupação, as características construtivas do edifício e a existência de chuveiros automáticos como proteção);

- o número previsto de pessoas que deverão usar as escadas e rotas de fuga horizontais é baseado na lotação da edificação, calculada em função das áreas dos pavimentos e do tipo de ocupação (IT-08 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais);

- larguras mínimas das escadas de segurança e outras rotas.

Nota: todas estas informações são encontradas na NBR 9077 e IT-08 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais.

5.1. ESCADAS DE SEGURANÇA

As escadas devem ser constituídas com material incombustível, resistente ao fogo em seus elementos estruturais, ser dotado de guarda-corpo e corrimão (Figura 4), atender a todos os pavimentos, acima e abaixo da descarga, mas terminando obrigatoriamente no piso de descarga (Figura 5) e ter piso antiderrapante.

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Figura 4 - Guarda-corpo e corrimão (NBR 9077)

Figura 5 – Descarga (IT-08)

Além disso, os degraus devem atender às seguintes dimensões:

ter altura do espelho entre 16 e 18 cm, com toler6ancia de 0,5 cm;

ter largura dimensionada conforme fórmula de Blondel (63 cm ≤ (2h + b) ≤ 64 cm):

ter bocel de 1,5 cm ou balanço de quina (Figura 6);

todos os degraus deverão ter as mesmas dimensões em todos os lanços;

patamar no mínimo igual à largura da escada.

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Figura 6 – Bocel, espelho e piso (IT-08)

Existem, basicamente, cinco tipos de escadas:

escada comum ou não enclausurada (NE);

escada enclausurada protegida (EP);

escada enclausurada à prova de fumaça (PF);

escada à prova de fumaça pressurizada (PFP):

escada aberta externa (AE).

Na NBR 9097 são listadas as escadas EP e PF, enquanto a IT-08 acrescenta as escadas do tipo NE, PFP e AE. Não foram aqui listadas as escadas denominadas “não destinadas a saídas de emergência”, escadas com lanços curvos e escadas com lanços mistos.

As Figuras 7 e 8 apresentam as escadas do tipo EP e PF.

Figura 7 – Escada EP (IT-08)

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FIGURA 8 – Escada PF (IT-08)

A escolha do tipo de escada a ser adotada deverá seguir as condições anteriormente citadas, devendo consultar as tabelas constantes no ANEXO da IT-08.

6. SISTEMA DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Segundo a Instrução Técnica nº 08 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, o sistema de emergência consiste em um conjunto de componentes e equipamentos que, em funcionamento, propicia a iluminação suficiente e adequada para:

permitir a saída fácil e segura do público para o exterior, no caso de interrupção de alimentação normal;

garantir também a execução das manobras de interesse da segurança e intervenção de socorro.

A iluminação de emergência para fins de segurança contra incêndio pode ser de dois tipos:

a) de balizamento; b) de aclaramento.

A iluminação de balizamento é aquela associada à sinalização de indicação de rotas de fuga, com a função de orientar a direção e o sentido que as pessoas devem seguir em caso de emergência.

A iluminação de aclaramento se destina a iluminar as rotas de fuga de tal forma

que os ocupantes não tenham dificuldade de transitar por elas.

A iluminação de emergência se destina a substituir a iluminação artificial normal que pode falhar em caso de incêndio; por isso deve ser alimentada por baterias ou por

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moto-geradores de acionamento automático e imediato; a partir da falha do sistema de alimentação normal de energia.

Dois métodos de iluminação de emergência são possíveis:

iluminação permanente, quando as instalações são alimentadas em serviço normal pela fonte normal e cuja alimentação é comutada automaticamente para a fonte de alimentação própria em caso de falha da fonte normal;

iluminação não permanente, quando as instalações não são alimentadas em serviço normal e, em caso de falha da fonte normal, são alimentadas automaticamente pela fonte de alimentação própria.

Sua previsão deve ser feita nas rotas de fuga, tais como corredores, acessos, passagens antecâmara e patamares de escadas.

Seu posicionamento, distanciamento entre pontos e sua potência são determinados nas Normas Técnicas Oficiais.

7. SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Segundo a Instrução Técnica nº 15 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo, a sinalização de emergência tem como objetivo “reduzir o risco de ocorrência de incêndio, alertando para os riscos existentes e garantir que sejam adotadas ações adequadas à situação de risco, que orientem as ações de combate e facilitem a localização dos equipamentos e das rotas de saída para abandono seguro da edificação em caso de incêndio”.

Figura 9 – Sinalização de emergência (IT-15)

A sinalização de emergência se divide em sinalização básica e complementar.

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A sinalização básica consiste em um conjunto mínimo de sinalização que uma edificação deve apresentar:

proibição;

alerta;

orientação e salvamento;

equipamentos.

A sinalização complementar consiste em faixas de cor ou mensagens complementares à sinalização básica e tem por finalidade, além do exposto, indicação continuada de rotas de saída, indicar obstáculos e riscos de utilização das rotas de saída, mensagens escritas complementares, demarcar áreas para assegurar corredores de circulação destinados ás rotas de saída e identificar sistemas hidráulicos fixos de combate a incêndio.

8. MEIOS DE AVISO E ALERTA

Os meios de aviso e alerta consistem em sistema de alarme manual contra incêndio e detecção automática de fogo e fumaça.

O sistema de detecção e alarme pode ser dividido basicamente em cinco partes:

8.1. Detector de incêndio

térmicos, que respondem a aumentos da temperatura; de fumaça, sensíveis a produtos de combustíveis e/ou pirólise suspenso na

atmosfera; de gás, sensíveis aos produtos gasosos de combustão e/ou pirólise; de chama, que respondem as radiações emitidas pelas chamas.

8.2. Acionador manual:

parte do sistema destinada ao acionamento do sistema de detecção

8.3. Central de controle do sistema

Pela Central de Controle do sistema, o detector é alimentado eletricamente, recebendo, indicando e registrando o sinal de perigo enviado pelo detector. A Central transmite o sinal recebido por meio de equipamento de envio de alarme de incêndio.

8.4. Avisadores sonoros e/ou visuais:

Os avisadores sonoros e/ou visuais, não incorporados ao painel de alarme, tem a função de dar o alarme para os ocupantes de determinados setores ou de todo o edifício por meio de decisão manual.

8.5. Fonte de alimentação de energia elétrica

A fonte de alimentação de energia elétrica garante, em quaisquer circunstâncias, o funcionamento do sistema.

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O tipo de detector a ser utilizado depende das características dos materiais do local e do risco de incêndio ali existente. A posição dos detectores também é um fator importante e a localização escolhida (normalmente junto à superfície inferior do forro) deve ser apropriada à concentração de fumaça e dos gases quentes.

Estas informações se encontram na NBR 9441 (nota do autor).

Os acionadores manuais devem ser instalados em todos os tipos de edifício, exceto nos de pequeno porte, onde o reconhecimento de um princípio de incêndio pode ser feito simultaneamente por todos os ocupantes, não comprometendo a fuga destes.

Os acionadores manuais devem ser instalados mesmo em edificações dotadas de sistema de detecção automática e/ou extinção automática, já que o incêndio pode ser percebido pelos ocupantes antes de seus efeitos sensibilizarem os detectores ou os chuveiros automáticos.

A partir daí, os ocupantes que em primeiro lugar detectarem o incêndio, devem ter rápido acesso a um dispositivo de acionamento do alarme, que deve ser devidamente sinalizado a propiciar facilidade de acionamento.

9. SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO

9.1. Sistema de chuveiros automáticos (sprinklers).

O sistema de chuveiros automáticos é composto por um suprimento d'água em uma rede hidráulica sob pressão, onde são instalados em diversos pontos estratégicos, dispositivos de aspersão d'água (chuveiros automáticos), que contém um elemento termo-sensível, que se rompe por ação do calor proveniente do foco de incêndio, permitindo a descarga d'água sobre os materiais em chamas.

Deve ser utilizado:

quando a evacuação rápida e total do edifício é impraticável e o combate ao incêndio é difícil;

quando se deseja projetar edifícios com pavimentos com grandes áreas sem compartimentação.

9.2. Extintores de incêndio

O extintor de incêndio é um aparelho de acionamento manual, constituído de

recipiente e acessório, contendo o agente extintor destinado a combater princípios de incêndio.

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Figura 10 – Extintores de incêndio IT-16)

As previsões destes equipamentos nas edificações decorrem da necessidade de se efetuar o combate ao incêndio imediato, após a sua detecção, em sua origem, enquanto são pequenos focos.

Os extintores devem ser instalados de maneira a serem visíveis por todos os usuários, permaneçam protegidos contra intempéries e danos físicos, permaneçam desobstruídos e devidamente sinalizados, sejam adequados à classe de incêndio predominante, dentro da área de risco a ser protegida, e que haja menor probabilidade do fogo bloquear seu acesso.

Os extintores podem ser divididos em cinco tipos, de acordo com o agente extintor que utilizam:

água; espuma mecânica; pó químico seco; bióxido de carbono; halon.

A quantidade e o tipo de extintores devem ser dimensionados para cada ocupação em função da Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros Militar do Estado ou de normas técnicas da ABNT.

da área a ser protegida;

das distâncias a serem percorridas para alcançar o extintor;

os riscos a proteger.

Nos locais de risco especiais (casa de máquinas, casa de bombas e casa de força elétrica, por exemplo) devem ser instalados extintores, independentemente da proteção geral da edificação ou risco, de acordo com a Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros Militar do Estado ou de normas técnicas da ABNT.

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9.3. Sistema de hidrantes

É um sistema de proteção ativa, destinado a conduzir e distribuir tomadas de água, com determinada pressão e vazão em uma edificação, assegurando seu funcionamento por determinado tempo.

Os componentes de um sistema de hidrantes são constituídos por:

reservatório de água;

sistema de pressurização.

conjunto de peças hidráulicas e acessórios (compostos por registros - gaveta, ângulo aberto e recalque, válvula de retenção, esguichos etc.);

tubulação;

acionamento do sistema.

O sistema de pressurização consiste em uma bomba de incêndio dimensionada a propiciar um reforço de pressão e vazão e seu volume deve permitir uma autonomia para o funcionamento do sistema, que varia conforme o risco e a área total do edifício.

Para que o Corpo de Bombeiros possa utilizar a rede de hidrantes, estes devem ser instalados em todos os pavimentos, em local protegido dos efeitos do incêndio e nas proximidades das escadas de segurança.

Outro sistema a ser adotado, em substituição aos hidrantes, são os mangotinhos. Os mangotinhos são pontos de tomada de água onde há uma saída contendo válvula de abertura rápida, adaptador, mangueira semirrígida, esguicho regulável e acessórios.

Estes apresentam a grande vantagem de poderem ser operados de maneira rápida por uma única pessoa. Devido a vazões baixas de consumo, seu operador pode contar com grande autonomia do sistema.

10. BRIGADA DE INCÊNDIO

A Instrução Técnica nº 02 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo define que:

“A população do edifício deve estar preparada para enfrentar uma situação de incêndio, quer seja adotando as primeiras providências no sentido de controlar o incêndio, quer seja abandonando o edifício de maneira rápida e ordenada”.

Para isto ser possível é necessária, como primeiro passo, a elaboração de planos para enfrentar a situação de emergência que estabeleçam em função dos fatores determinantes de risco de incêndio, as ações a serem adotadas e os recursos materiais e humanos necessários. A formação de uma equipe com este fim específico é um aspecto importante deste plano, pois permitirá a execução adequada do plano de emergência.

Essas equipes podem ser divididas em duas categorias, decorrentes da função a

exercer:

1) equipes destinadas a propiciar o abandono seguro do edifício em caso de incêndio;

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2) equipe destinada a propiciar o combate aos princípios de incêndio na edificação.

Em um edifício, pode ocorrer a existência destas equipes distintas ou serem executadas as funções simultaneamente.

Tais planos devem incluir a provisão de quadros sinóticos em distintos setores do edifício (aqueles que apresentem parcela significativa da população flutuante como, por exemplo, hotéis, que indiquem a localização das saídas, a localização do quadro sinótico com o texto " você está aqui" e a localização dos equipamentos de combate manual no setor.

Por último, deve-se promover o treinamento periódico dos brigadistas e de toda a população do edifício.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9077: Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, 2001.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9441: Execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio. Rio de Janeiro, 1998.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10897: Proteção contra incêndio por chuveiro automático. Rio de Janeiro, 2004.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10898: Sistema de iluminação de emergência. Rio de Janeiro, 1999.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13714: Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio. Rio de Janeiro, 2000.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13860: Glossário de termos relacionados com segurança contra incêndio, Rio de Janeiro, 1997.

IT-02 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.

IT-08 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais: Saídas de Emergência.

IT-09 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais: Carga de Incêndio nas Edificações e Área de Risco.

IT-13 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais: Iluminação de Emergência.

IT-15 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais: Sinalização de Emergência.

IT-16 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais: Sistema de Proteção por Extintores de Incêndio.

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IT-17 do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais: Sistema de Hidrantes e Mangotinhos para Combate a Incêndio.

GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Decreto No 44.746 de 29 de fevereiro de 2008.

ANTUNES, M. A. G. A Gestão de Risco como Alternativa de Prevenção de Incêndio em Arquivos Públicos: Estudo de Casos. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto, 110p. 2011.

CLARET, A. M. Análise de Risco de Incêndio em Sítios Históricos. Iphan/monumenta. Brasília, DF. 2006.

SILVA, V. P. e COELHO FILHO, H. S. C. Índice de Segurança contra Incêndio. Ambiente Construído. Porto Alegre, v. 7, n. 4, p. 103-121, out./dez. 2007.

SOUZA, W. P. Reação ao fogo dos materiais: uma avaliação dos métodos de projeto de saídas de emergência em edificações não industriais. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto, 120p. 2007.

Decreto nº 44.746/2008 do Estado de Minas Gerais

Norma Regulamentadora 23 do Ministério do Trabalho e Emprego. 2011.

12. LEITURA OBRIGATÓRIA DA AULA 44

Título: Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações: uma proposta

Autor: Dr Paulo Gustavo von Kruger.

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LEITURA OBRIGATÓRIA DA AULA 44

“Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações: uma proposta”

1. Como surgiu a ideia

Fui convidado (Paulo Gustavo von Kruger) a participar de uma banca de defesa de dissertação de mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto, cujo título do trabalho era A Gestão de Riscos como Alternativa de Prevenção de Incêndio em Arquivos Públicos: Estudo de Caso, defendido pelo então mestrando Marco Antônio das Graças Antunes, e sob a orientação do Professor Dr. Antônio Maria Claret de Gouveia.

Durante a apresentação do mestrando, surgiu-me a ideia da possibilidade de criar-se uma etiqueta de segurança contra incêndio em edificações, não só influenciado pelo método utilizado por Marco Antônio Antunes (Método de Gretener, que será descrito posteriormente), mas também pelo trabalho realizado dentro do departamento do qual faço parte (Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo), na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, e que trata da Etiquetagem de Eficiência Energética em Edificações.

Tive então a oportunidade de apresentar tal ideia a todos os participantes da banca, onde foi muito bem recebida. Isso propiciou a oportunidade de apresentá-la no XVII Congresso Internacional de Segurança Integral - CONSIN, evento organizado pela Associação Mineira de Engenharia de Segurança, AMES, em agosto de 2011.

2. Histórico do Programa Brasileiro de Etiquetagem

Com o intuito de estimular o uso racional de energia no país, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) propôs a criação do Programa Brasileiro de Etiquetagem, por meio de etiquetas que informam ao consumidor a eficiência energética de cada produto (SOUZA et al, 2011).

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) tem como objetivo promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica, com o intuito de redução dos desperdícios, custos e investimentos setoriais (INMETRO, 2010).

Dentro desse programa, criou-se o selo PROCEL, figura 1, que tem como meta o estímulo à compra consciente, indicando os produtos com maior eficiência energética, contribuindo, assim, com o uso racional da energia elétrica, incentivando o desenvolvimento tecnológico e reduzindo impactos ambientais (INMETRO, 2010).

Em julho de 2009 foi instituído o Regulamento Técnico da Qualidade para Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos RTQ-C, figura 2. Este documento especifica os requisitos técnicos e métodos para a etiquetagem do nível de eficiência desses tipos de edificações (SOUZA et al, 2011).

O procedimento de avaliação do RTQ-C é dividido em duas partes: etiquetas parciais e etiqueta global. A primeira avalia apenas envoltória, sendo esta com o sistema de iluminação ou com o sistema de ar condicionado. Para ter a segunda, é necessário que se obtenham todas as etiquetas parciais (SOUZA et al, 2011).

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Figura 1 – selo PROCEL

Figura 2 - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia – ENCE

A etiquetagem do edifício é voluntária e aplicável a edificações com área útil superior a 500m2 ou atendidas por alta tensão (INMETRO, 2010).

Para a definição do nível de eficiência são utilizados dois métodos: o prescritivo e o de simulação. O primeiro contém tabelas e equações que limitam parâmetros da envoltória, iluminação e condicionamento de ar separadamente de acordo com o nível de eficiência energética. O segundo método baseia-se na simulação termo energética de dois modelos computacionais representando dois edifícios, sendo um real (projeto proposto) e outro baseado no método prescritivo (modelo referencial) (INMETRO, 2010).

A classificação é obtida comparando-se os dois modelos para o consumo anual de energia elétrica, onde o modelo real deverá ter um consumo menor que o modelo de referência para o nível de eficiência pretendido. As exigências existentes do RTQ-C devem ser avaliadas por um laboratório de inspeção designado ou acreditado pelo INMETRO (INMETRO, 2010).

É importante salientar que também está prevista a implantação do Regulamento Técnico da Qualidade para Edifícios Residenciais, RTQ-R.

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3. O que é o Método de Gretener

Em 1965, o engenheiro suíço Max Gretener publicou seus estudos, iniciados em 1960, sobre o cálculo do risco de incêndio em indústrias e grandes edificações. Estes estudos foram responsáveis pelo desenvolvimento do método que levou seu nome, e que tinha como objetivo atender às necessidades das companhias de seguro (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

Este método foi adotado e/ou adaptado, posteriormente, por diversas entidades e normas, tais como o Corpo de Bombeiros suíço (para a avaliação dos meios de proteção contra incêndio em edificações), em 1968, e a Societé Suisse des Ingénieurs et des Architectes – SIA - (o documento SIA-81 de 1984, denominado “Método de avaliação de risco de incêndio”), além servir como base em diversas normas de outros países. É, provavelmente, o método quantitativo de avaliação de risco mais difundido (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

O método consiste em determinar um fator de segurança, aqui denominado de γ, para cada compartimento da edificação. A segurança contra incêndio estará verificada se todos os fatores de segurança forem maiores ou iguais a um (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

Neste artigo, serão apresentadas duas adaptações baseadas no método original do engenheiro suíço, que foram propostas pelo Professor Claret (UFOP) e pelo Professor Pignatta e Silva (USP). O primeiro consiste em um método tabular e sua formulação é apresentada na expressão (1). No segundo, é utilizada uma forma analítica de cálculo, expressão (2).

g =S

R

(1)

Onde S é a segurança contra incêndio e R o risco global de incêndio; γ mede o eventual desequilíbrio entre a segurança contra incêndio e o risco de incêndio.

Como anteriormente citado, se γ for maior ou igual a um, tem-se uma situação favorável à segurança. Caso contrário, o γ será menor que um (CLARET apud ANTUNES, 2011).

Como esta relação deve ser disciplinada por exigência legal, via instrução normativa ou portaria expedida pelo Corpo de Bombeiros, tem-se (CLARET apud ANTUNES, 2011):

g =S

R³gmin

(1.1)

Esta análise, dita global, considera toda a complexidade do sistema que engloba o edifício, o usuário e o incêndio no termo γ e, no termo γmin, todos os aspectos políticos, econômicos e sociais envolvidos na segurança contra incêndio (CLARET apud ANTUNES, 2011).

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A seguir a proposta do Professor Pignata e Silva (SILVA E COELHO FILHO, 2007):

g fi =1,3N.S.E

R.M.I

(2)

Onde N é um fator que depende das medidas normais de proteção, S é um fator que depende de medidas especiais de proteção, E, que depende das medidas construtivas de proteção da edificação, R como fator associado ao risco de incêndio, M como o fator associado à mobilidade das pessoas e I, como fator que considera o risco de ativação do incêndio em função do tipo de uso do compartimento. Todos estes fatores são determinados por expressões ou tabelas.

4. Os parâmetros do Método de Gretener

Na adaptação proposta pelo Professor Claret, a segurança contra incêndio S é medida por meio de atribuição de pesos a dezenove fatores representados por medidas de sinalização de incêndio, de extinção de incêndio (brigada de incêndio permanente, por exemplo), infraestrutura (existência de hidrantes internos à edificação), medidas de proteção às estruturas prediais e medidas políticas, tais como sinalização de saídas de emergência e rotas de fuga (CLARET apud ANTUNES, 2011).

O risco de incêndio R é definido pelo produto de uma grandeza determinística que exprime a exposição ao risco de incêndio (ou perigo de incêndio) por uma grandeza probabilística que exprime o risco de ativação de incêndio (CLARET apud ANTUNES, 2011).

O perigo de incêndio mede o potencial de incêndio de uma edificação ou conjunto delas, e é composta por um conjunto de seis parâmetros diferentes que predominam em um incêndio, quais sejam: carga de incêndio especifica, profundidade e/ou altura do compartimento analisado, a distância do Corpo de Bombeiros, as condições de acesso à edificação, o perigo de generalização do incêndio e, por último, a importância da edificação (tombamento histórico, por exemplo) (CLARET apud ANTUNES, 2011).

Já o risco de ativação de incêndio mede a probabilidade de que uma ação humana (consciente ou não, direta ou indireta) dê origem a um incêndio, sendo o produto da grandeza representada pelo risco de ativação devido à natureza da ocupação, do risco de ativação devido à falha humana, à qualidade das instalações elétricas e de gás e das descargas atmosféricas (CLARET apud ANTUNES, 2011).

A proposta do Professor Pignatta e Silva tem por objetivo eliminar descontinuidades criadas pelo método tabular original.

O fator N é calculado levando-se em consideração a existência de extintores portáteis, hidrantes prediais, adução de água, hidrante público e à presença de pessoal treinado para o uso dos referidos equipamentos (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

O fator S é calculado verificando-se o modo de detecção de fogo (chuveiros automáticos, por exemplo), a transmissão do alarme contra incêndio, a qualidade do Corpo de Bombeiros, o tempo de resposta do Corpo de Bombeiros ao alarme, ao tipo de equipamento de extinção de incêndio e ao tipo de equipamento de exaustão (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

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Já o fator E está associado à resistência ao fogo da estrutura, das fachadas, das lajes e das células corta-fogo (subdivisões de um compartimento com no máximo 200m2 e resistência ao fogo dos elementos de vedação de, no mínimo, 30 minutos).

O cálculo do fator R é feito considerando-se a carga de incêndio do mobiliário da edificação, a combustibilidade (quantifica a inflamabilidade e a velocidade de combustão dos materiais combustíveis presentes no compartimento em estudo), o enfumaçamento (quantifica os materiais que queimam com o desenvolvimento de fumaça intensa), a toxicidade dos gases produzidos pela queima de determinados materiais, a carga de incêndio associada às partes combustíveis de uma edificação (elementos de fachada, telhado e estruturas incombustíveis ou não), a cota do compartimento (distância entre o nível do terreno e o nível da laje do piso do compartimento em estudo), a área do compartimento e a mobilidade das pessoas (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

O fator associado à mobilidade das pessoas M deve ser aplicado a museus, lojas de departamento, serviços de hospedagem, locais para exposições, locais de entretenimento, salas de reunião, restaurantes, escolas e serviços de saúde (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

Finalmente, o fator de risco de ativação I, determinado por meio de tabela onde são descritos os usos e ocupações das edificações, a carga de incêndio, entre outros (SILVA E COELHO FILHO, 2007).

5. A proposta

Com o intuito de apresentar a proposta de criação da Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações, faz-se necessário descrever dois possíveis caminhos a serem seguidos para sua implantação.

O primeiro caminho seria consequência de um programa governamental cujo interesse público se justificaria pela importância que a segurança contra incêndio tem, principalmente porque lida com vidas humanas e preservação patrimonial.

Caso este programa de etiquetagem venha a ser de interesse das autoridades governamentais, as etapas de implantação poderiam seguir às do PROCEL, por exemplo.

A primeira etapa seria a instauração de leis que disporiam sobre uma Política Nacional de Segurança contra Incêndio, nos moldes da Lei no 10.295, que dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia (BRASIL, 2001).

Em seguida, haveria a necessidade de decretos lei para:

Estabelecer parâmetros a serem utilizados no processo de etiquetagem;

Estabelecer critérios de avaliação do ambiente ou edifício a ser analisado;

Estabelecer ações capazes de instrumentalizar as pesquisas necessárias à complementação e/ou implantação do programa de etiquetagem;

Determinar a infra estrutura necessária à implantação e ao desenvolvimento do programa de etiquetagem, tais como a criação de grupos de estudo, secretarias técnicas e laboratórios;

Estabelecimento, dentro do escopo do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), da Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações.

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O próximo passo seria a criação de normas técnicas complementares às já existentes, tais como a determinação das cargas de incêndio específica em mobiliários.

Posterior a este, a divulgação à população e a elaboração de cursos de treinamento, formação, capacitação e instrumentalização de profissionais para atuarem na área seriam de extrema importância como parte da implantação (e, principalmente, da aceitação pública) do programa de Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações.

A segunda possibilidade seria uma iniciativa por meio de órgãos, organizações ou entidades não governamentais, já existentes ou criadas para este fim, com a intenção do desenvolvimento de todo o processo de etiquetagem.

Um exemplo desta iniciativa é o selo LEED® (Leadership in Energy and Environmental Design). Criado em 1993, nos Estados Unidos, como projeto piloto para que a indústria da construção civil pudesse mensurar o impacto ambiental de uma edificação, o LEED® consiste em um sistema de pontuação para certificar um Green Building (edifício verde), ou seja, é uma forma de assegurar que um prédio obedeça a critérios de sustentabilidade ao atingir um número mínimo de pontos para obter a certificação (CREATO, 2011).

Assim, para a instauração por intermédio da iniciativa privada, também haveria a necessidade de um sistema de normas que servisse de subsídio para a criação dos parâmetros e a implantação do processo de etiquetagem.

Posteriormente, haveria a necessidade da criação de um comitê multidisciplinar, composto por representantes das áreas envolvidas na questão da segurança ao incêndio (Corpo de Bombeiros, associações de engenharia e segurança do trabalho, conselhos de representação dos profissionais, representantes da indústria da construção civil, de universidades, laboratórios, entre outros). Esse comitê teria como atribuição a responsabilidade pelo desenvolvimento, implantação e constante aperfeiçoamento (com a consequente incorporação de novas tecnologias) daquilo a que se refere à Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações, incluindo aqui sua divulgação e capacitação de mão-de-obra.

Por fim, haveria uma terceira opção não apresentada anteriormente que seria uma parceria público-privada com o intuito de tirar partido das vantagens que cada uma dessas vertentes pode fornecer, como: agilidade de instalação, por parte da iniciativa privada, e possibilidade de maior envolvimento popular, por intermédio de entidades públicas.

6. Adequações ao Método existente

Uma adequação ao Método de Gretener (e as adaptações aqui apresentadas) que seria necessária se deve ao fato de que, como anteriormente apresentada, a segurança contra incêndio é verificada quando todos os fatores de segurança são maiores ou iguais a um. Isto significa que, atualmente, há apenas uma gradação, ou seja, maior (ou igual) e menor que um.

Assim são apresentadas, neste artigo, duas propostas de adequação:

As edificações cujos fatores de segurança contra incêndio não atingirem o valor igual ou maior que um estariam automaticamente desclassificadas;

A criação de uma gradação para valores dos fatores de segurança maiores que um.

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É importante salientar que a primeira não é uma proposta punitiva, mas sim de alerta e de indicativo para que a instituição ou a pessoa responsável pelo prédio tenha a oportunidade de, após verificar quais itens são falhos ou inadequados, buscar soluções para que se adeque às conformidades existentes no processo de etiquetagem.

O Método de Gretener permite que se utilize de diversos parâmetros que possibilitem uma análise de risco de incêndio o mais completa possível. Tem como vantagem propiciar que se façam acréscimos e adaptações para adequação à realidade de um determinado local ou situação específica. Permite ainda que seja utilizada como base para normas ou instruções normativas que visem segurança de uma edificação (ou do conjunto delas).

Assim, a segunda proposta seria perfeitamente possível, onde medidas de segurança, tais como Brigadas de Incêndio permanente ou alarme automático de incêndio, seriam analisadas de tal forma a melhorar a classificação de uma edificação quanto à segurança contra incêndio.

São essas características que viabilizam seu uso como base para possível etiquetagem de um edifício em relação à segurança contra incêndios.

Além das propostas de adequação aqui apresentadas, poderia acrescentar simulações, por meio de programas computacionais, de modelos que representariam o edifício ou o ambiente a ser avaliado, possibilitando a comparação do modelo computacional com o real.

A figura 3 apresenta uma sugestão de padrão de etiqueta que segue os mesmos parâmetros existentes nas etiquetas existentes.

Figura 3 – Proposta de Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações

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7. Considerações finais

Assim sendo, em se tratando de uma proposta de Etiqueta de Segurança Contra Incêndio em Edificações, pode verificar-se que a implantação desta, além de exequível, torna-se uma ferramenta de extrema importância de segurança à vida dos usuários de uma edificação e do patrimônio material e imaterial ali existente.

É importante salientar que o principal objetivo de se criar esta etiqueta é o da prevenção, e não o de tornar-se uma ferramenta punitiva ou, menos ainda, uma forma de criar apreensão ou receio ao usuário de uma edificação que não tenha atingido o valor mínimo de segurança contra incêndio. Na verdade, a etiqueta irá permitir uma avaliação do prédio (ou ambiente) e, consequentemente, a busca de sua adequação com o intuito de atingir os critérios sugeridos no processo de etiquetagem.

8. Referências bibliográficas

BRASIL. Lei n. 10295, de 17 de outubro de 2001. Dispões sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia. Lex: Diário Oficial da União, Brasília, 2001. Disponível em: www.inmetro.gov.br/qualidade/lei10295.pdf. Acesso em: 04/10/2011

CLARET, ANTÔNIO MARIA apud ANTUNES, MARCO ANTÔNIO DAS GRAÇAS. A Gestão de Risco como Alternativa de Prevenção de Incêndio em Arquivos Públicos: Estudo de Casos. 2011. 110p. Dissertação de Mestrado, Engenharia Geotécnica – Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto.

CREATO, 2011.

Disponível em www.creato.com.br

Acessado em 04/10/2011

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL. INMETRO. Etiquetagem de Eficiência Energética de Edificações. 2010. 13p.

SILVA, VALDIR PIGNATA; COELHO FILHO, HAMILTON DE SILVA. Índice de Segurança contra Incêndio para Edificações. Ambiente Construído. Porto Alegre, v.7, n.4, p. 103-121, out./dez. 2007.

SOUZA, ROBERTA VIEIRA GONÇALVES DE; GUTIERREZ, GRACE CRISTINA ROEL; VELOSO, ANA CAROLINA DE OLIVEIRA; LEITE, PAULA ROCHA; SOARES, CARLA PATRÍCIA SANTOS. Etiquetagem de Eficiência Energética de Edificações: a Experiência do LABCON EA/UFMG. In: IV CONGRESSO BRASILEIRO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. Juiz de Fora, 2011.