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CURSO DE INTRODUÇÃO AO ESPIRITISMO JANEIRO 2010

CURSO DE INTRODUÇÃO AO ESPIRITISMO

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O objetivo do curso é dar ao aluno uma idéia geral do que seja a DoutrinaEspírita, sugerindo a leitura dos livros básicos daCodificação, para que as pessoasque busquem a Doutrina possam compreender o seu aspecto de estudosistematizado e vivência, também prepará–lo, para que este prossiga os cursoscom a metodologia ESDE, obtendo sucesso.CENTRO ESPÍRITA PADRE ZABEU KAUFFMAN

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CURSO DE INTRODUÇÃO AOESPIRITISMO

JANEIRO 2010

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CENTRO ESPÍRITA PADRE ZABEU KAUFFMAN

CURSO PREPARATÓRIO DE ESPIRITISMO

P r i m e i r a p a r t e – S o b r e o C u r s oP r i m e i r a p a r t e – S o b r e o C u r s oP r i m e i r a p a r t e – S o b r e o C u r s oP r i m e i r a p a r t e – S o b r e o C u r s o

1.1.1.1. A p r e s e n t a ç õ e s ( I n s t r u t o r e s ,A p r e s e n t a ç õ e s ( I n s t r u t o r e s ,A p r e s e n t a ç õ e s ( I n s t r u t o r e s ,A p r e s e n t a ç õ e s ( I n s t r u t o r e s ,

M o n i t o r e s , A l u n o s )M o n i t o r e s , A l u n o s )M o n i t o r e s , A l u n o s )M o n i t o r e s , A l u n o s )

2 .2 .2 .2 . M o t i v o e O b j e t i v o d o c u r s oM o t i v o e O b j e t i v o d o c u r s oM o t i v o e O b j e t i v o d o c u r s oM o t i v o e O b j e t i v o d o c u r s o

3 .3 .3 .3 . M a t e r i a l D i d á t i c o e F u t u r a e s t r u t u r aM a t e r i a l D i d á t i c o e F u t u r a e s t r u t u r aM a t e r i a l D i d á t i c o e F u t u r a e s t r u t u r aM a t e r i a l D i d á t i c o e F u t u r a e s t r u t u r a

E S D EE S D EE S D EE S D E

4 .4 .4 .4 . C o m e n t á r i o s G e r a i s : H o r á r i o d a s a u l a s ,C o m e n t á r i o s G e r a i s : H o r á r i o d a s a u l a s ,C o m e n t á r i o s G e r a i s : H o r á r i o d a s a u l a s ,C o m e n t á r i o s G e r a i s : H o r á r i o d a s a u l a s ,

a t r a s o s , f a l t a s , a v a l i a ç ã o d ea t r a s o s , f a l t a s , a v a l i a ç ã o d ea t r a s o s , f a l t a s , a v a l i a ç ã o d ea t r a s o s , f a l t a s , a v a l i a ç ã o d e

d e s e m p e n h o .d e s e m p e n h o .d e s e m p e n h o .d e s e m p e n h o .

S e g u n d a p a r t e – S o b r e a D o u t r i n aS e g u n d a p a r t e – S o b r e a D o u t r i n aS e g u n d a p a r t e – S o b r e a D o u t r i n aS e g u n d a p a r t e – S o b r e a D o u t r i n a

5 .5 .5 .5 . O q u e é E s p i r i t i s m o ?O q u e é E s p i r i t i s m o ?O q u e é E s p i r i t i s m o ?O q u e é E s p i r i t i s m o ?

6 .6 .6 .6 . D e f i n i ç ã o D e f i n i ç ã o D e f i n i ç ã o D e f i n i ç ã o

2. Motivo e objetivo do Curso:

O objetivo do curso é dar ao aluno uma idéia geral do que seja a Doutrina

Espírita, sugerindo a leitura dos livros básicos da Codificação, para que as pessoas

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que busquem a Doutrina possam compreender o seu aspecto de estudo

sistematizado e vivência, também prepará–lo, para que este prossiga os cursos

com a metodologia ESDE, obtendo sucesso.

3. Material didático e futura metodologia ESDE:

Apostila com base no livro “Curso preparatório de Espiritismo” da FEESP para

elaboração dos roteiros das aulas.

Ainda neste curso as aulas serão expositivas, porém haverá uma preparação

gradual para a metodologia de aulas do ESDE, sendo estas participativas,

discursivas e que conta principalmente com a integração dos alunos.

4. Comentários Gerais:

4.1. Horários das aulas:

Aulas semanais, (domingos / segundas – feiras), com duração de uma hora e

meia. As aulas terão inicio pontualmente ao horário determinado.

4.2 Faltas:

Não serão permitidas faltas (não justificadas).

4.3 Avaliação de desempenho:

Em nossa décima segunda aula, teremos uma avaliação de desempenho

individual.

5. O que é espiritismo?

O termo Espiritismo se origina do substantivo Espírito, que por sua vez, advém do

vocábulo latino Spiritus, cujo significado seria o princípio vital, ou seja, essência

anímica (relativo à alma), Espírito. O termo Espiritismo foi usado amplamente a

partir do século passado para designar um corpo de doutrina, ou um conjunto de

princípios teóricos de cunho lógico.

O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina

filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem

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estabelecer com os espíritos; como filosofia ele compreende todas as

conseqüências morais que decorrem dessas relações.

Definição:

Podemos definir o Espiritismo sendo uma ciência que trata da natureza, da

origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.

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CURSO: INTRODUÇÃO AO ESPIRITISMO

R o t e i r o 0 1R o t e i r o 0 1R o t e i r o 0 1R o t e i r o 0 1

• A e x i s t ê n c i a d e D e u sA e x i s t ê n c i a d e D e u sA e x i s t ê n c i a d e D e u sA e x i s t ê n c i a d e D e u s

• E l e m e n t o s g e r a i s d o u n i v e r s oE l e m e n t o s g e r a i s d o u n i v e r s oE l e m e n t o s g e r a i s d o u n i v e r s oE l e m e n t o s g e r a i s d o u n i v e r s o

• O m a i o r m a n d a m e n t oO m a i o r m a n d a m e n t oO m a i o r m a n d a m e n t oO m a i o r m a n d a m e n t o

•••• A existência de Deus

1.1 - O Homem primitivo já percebia, de maneira instintiva, que tudo que ocercava viera de um “SER SUPREMO”.Nas eras Pré-cristãs, Deus era reconhecido por alguns povos como Único, porémera um deus vingativo e que privilegiava os poderosos da Terra.Após a vinda de nosso irmão maior Jesus Cristo, a idéia de um Deus Pai, de Amor,de Perdão e que amava a todos seus filhos igualmente, passou a ser inserida naHumanidade.

1.2 - Afinal Deus existe? - Se não há efeito sem causa, o que teria criado oUniverso tão inteligentemente complexo senão uma inteligência suprema que,ainda, não conseguimos formar uma concepção.

“Há coisas que, de tão profundas, só se sentem, não se descrevem”. (Leon Denis)

“O universo é um relógio. Quem é o relojoeiro?” (Voltaire)

Questão primeira de O Livro dos Espíritos:

- O que é Deus?Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

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EXISTÊNCIA DE DEUS

Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e comtanto carinho, cada noite, que, certa vez, o rico chefe de grande caravanachamou-o à sua presença e lhe perguntou:- Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, se nem ao menossabes ler?O crente fiel lhe respondeu:- Grande senhor, conheço a existência de Nosso pai Celeste pelos sinais dele.- Como assim? – indagou o chefe, admirado.O servo humilde explicou-se:- Quando o senhor recebe uma carta de uma pessoa ausente, como reconhecequem a escreveu?- Pela letra.- Quando o senhor recebe uma jóia, como é que se informa quanto ao autordela?- Pela marca do ourives.O empregado sorriu e acrescentou;- Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foium carneiro, um cavalo ou um boi?-pelos rastos - respondeu o chefe, surpreendido.Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu,onde a Lua brilhava cercada por multidão de Estrelas, exclamou respeitoso:- Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se naareia e começou a orar também.

(Extraída do livro Pai Nosso – Chico Xavier pelo Espírito Meimei)

•••• Elementos Gerais do universo

Desde a antiguidade, o homem se interessou pelo princípio das coisas, ao longodos tempos muitos filósofos procuravam explicações, mas eram limitados pelafalta de uma ciência que lhes desse sustentação para tal.

Questão 17 de O Livro dos Espíritos:Pode o Homem conhecer o princípio das coisas?- Não. Deus não permite que tudo seja revelado ao homem, aqui na terra.

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Questão 18 de O Livro Espíritos:O Homem penetrará um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?- O véuse ergue na medida em que ele se depura; mas, para a compreensão de certascoisas, necessita de faculdades que ainda não possui.Amor e sabedoria: Eis os dois pontos fundamentais da evolução espiritual.O Espiritismo em seu tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião, permitiu aoHomem conhecer o mundo espiritual e com isso ter conhecimento da amplitudedo universo e de sua existência verdadeira como Espírito.

TRINDADE UNIVERSAL

O Espiritismo tem como princípio a existência da trindade universal: Deus, oEspírito e Matéria. Deus é o Pai e Criador do Espírito e da matéria. Por isso, estáacima de todas as coisas. Dessa trindade universal decorre tudo o queconhecemos.

ELEMENTOS ESPIRITUAL E MATERIAL

Esses dois elementos constituem forças vivas da natureza. Completam-se, agindoe reagindo incessantemente, um sobre o outro. São indispensáveis ao equilíbrio eao funcionamento do universo. Da ação recíproca desses elementos, surgeminúmeros fenômenos naturais de origem espiritual e material no universo. OEspiritismo estuda o elemento espiritual e suas relações e inter-relações com oelemento matérias. Com isso, esclarece uma imensidão de leis, fatos efenômenos, até então inexplicados pelos diversos outros ramos da ciênciahumana, que só se preocupam e estudam o elemento material.

• O maior mandamento

“Mas os fariseus, tendo sabido que Ele fizera calar os saduceus, se reuniram emconselho. E um deles, que era doutor da lei, para o tentar fez esta pergunta:Mestre, qual é o grande mandamento da lei? Respondeu Jesus: Amarás o senhorteus Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teuentendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhanteao primeiro é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentoscontêm toda a lei e os profetas.” (Mateus, 22:34-40) Vejam-se também: Marcos,12:28-34 e Lucas, 10:25-28.Jesus, em sua infinita sabedoria, resumiu todas as leis e todos os profetas, pois, se oHomem aplicasse apenas estes dois mandamentos estaria cumprindo todas asleis.

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CURSO: INTRODUÇÃO AO ESPIRITISMO

R o t e i r o 0 2R o t e i r o 0 2R o t e i r o 0 2R o t e i r o 0 2

• A p a r á b o l a d o s e m e a d o rA p a r á b o l a d o s e m e a d o rA p a r á b o l a d o s e m e a d o rA p a r á b o l a d o s e m e a d o r

• O v a l o r d a p r e c eO v a l o r d a p r e c eO v a l o r d a p r e c eO v a l o r d a p r e c e

• O E v a n g e l h o n o l a rO E v a n g e l h o n o l a rO E v a n g e l h o n o l a rO E v a n g e l h o n o l a r

• A parábola do semeador

Certa ocasião, Jesus disse aos seus discípulos:

“Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis e muitas outras teria a dizer,que não compreenderíeis, por isso é que vos falo por parábolas. Mais tarde, porém,enviar-vos-ei o Consolador, o espírito da Verdade, que restabelecerá todas as coisas evo-lo explicará todas”. (Jo, 14, e Jo, 16).

Jesus, grande conhecedor da alma humana sabia que não poderia se expressar deforma direta, pois vivia numa época de muita ignorância e não seria compreendido,sendo assim lançou mão de “parábolas”, que nada mais são que estórias simples quetrazem o entendimento de temas complexos.

A PARÁBOLA DO SEMEADOR

“Naquele dia, saindo Jesus de casa, assentou-se à borda do mar. E vierampara Ele muitas gentes, de tal sorte que, entrando em uma barca, se assentou; etoda a gente estava em pé na ribeira. E lhes falou muitas coisas por parábolas,dizendo: Eis ai que saiu o que semeia a semear. E quando semeava, uma partedas sementes caiu junto a estrada, e vieram as aves do céu, e comeram-na.Outra, porém,caiu em pedregulho, onde não tinha muita terra, e logo nasceuporque não tinha altura de terra. Mas saindo o sol a queimou, e porque não tinharaiz, se secou. Outra igualmente caiu sobre os espinhos, e cresceram os espinhos,e estes a sufocaram. Outra enfim caiu em boa terra, e dava fruto, havendo grãosque rendiam a cento por um, outros a sessenta, outros a trinta. O que tem

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ouvidos de ouvir, ouça.(Mateus, 13:1-9) “Ouvi, pois, vós outros, a parábola dosemeador. Todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a entende, vem omau e arrebata o que se semeou no seu coração; este é o que recebeu asemente junto da estrada. E o que recebeu a semente no pedregulho, é o queouve a palavra, e a recebe com alegria, mas como não tem raiz em si mesmo,chegando as angústias e perseguições, ofende-se. E o que foi semeado entreespinhos, este é o que houve a palavra, porém os cuidados deste mundo e oengano das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutuosa. E o que recebeu asemente em boa terra,este é o que ouve a palavra e a entende, e dá fruto; eassim um dá cento, e outro sessenta, e outro trinta por um”

“Outra aplicação, não menos justa, é a que se pode fazer às diferentescategorias de espíritas. Não nos oferece o símbolo dos que se apegam apenasaos fenômenos materiais, não tirando dos mesmos nenhuma conseqüência, poisque neles só vêem um objeto de curiosidade? Dos que só procuram o brilho dascomunicações espíritas, interessando-se apenas enquanto satisfazem-lhes aimaginação, mas após ouvi-las, continuam frios e indiferentes como antes. Que acham muito bons os conselhos e os admiram, mas para aplicá-los aosoutros e não a si mesmos. Desses, finalmente, para os quais essas instruções sãocomo as sementes que caíram na boa terra e produzem frutos”. (O EvangelhoSegundo o Espiritismo)

• O Valor da Prece

“E quando orardes, não imiteis os hipócritas que costumam exibir-se, orando empé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens; emverdade vos digo que já receberam sua recompensa. Mas, quando orardes,entrai em vosso quarto e fechai a porta, orai a vosso Pai em secreto, e vosso Pai,que vê o que se passa em secreto, vos recompensará. E quando orardes, nãofalei muito, como fazem os gentios, que pensam que é pelo muito falar que serãoouvidos. Não vos torneis, pois, semelhantes a eles; porque vosso Pai sabe o quevos é necessário, antes mesmo que lho peçais.” (Mateus, 6:5-8).

“Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes, orando, crendo que o haveis de obter,ser-vos-á dado. Mas quando vos puserdes em oração, se tiverdes alguma coisacontra alguém, perdoai-lha, para que também vosso Pai, que está nos céus, vosperdoe os vossos pecados. Pois, se vós não perdoardes, também vosso Pai queestá nos céus, não vos perdoará os vossos pecados. (Marcos, 11:24-26).

“E propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, comose fossem justos e desprezavam os outros:

Subiram dois homens ao templo para orar; um era fariseu, o outro publicano. Ofariseu posto em pé, orava no seu interior desta forma: ‘Graças te dou, ó Deus,que não sou como os demais homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem

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como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de tudo oque possuo’. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequerlevantar os olhos para o céu, mas batia no seu peito, dizendo: ‘Ó Deus, tempiedade de mim pecador. ’ Digo-vos que este voltou justificado para a sua casa,e não o outro, porque todo que se exalta será humilhado, e todo o que sehumilha será exaltado.” (Lucas, 18:9-14)

Através das preces de louvor, pedido ou agradecimento, o pensamento pode serdirigido a Deus, aos bons Espíritos que executam Suas vontades, ou qualqueroutro Espírito, encarnado ou desencarnado. O poder da Prece está nopensamento e não nas palavras, atos, local, ou momento. Agradam a Deus e aosEspíritos as preces bem intencionadas ditas com fé, fervor e sinceridade. OsEspíritos podem ouvir as preces que lhes são dirigidas, independentemente de dolugar onde se encontrem. Pela prece, o homem pode receber o concurso dosbons Espíritos, para obter força moral, boas idéias e pensamentos. Os espíritossofredores necessitam de preces para se reanimarem. A prece não revoga as LeisDivinas, mas atrai o auxílio dos bons Espíritos, aliviando o tormento dos espíritossofredores. Questão 659 de O Livro dos Espíritos:

Qual o caráter geral da prece?- A prece é um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar Nele, aproximar-se Dele, pôr-se em comunicação com Ele. Pela prece podemos fazer três coisas:Louvar, pedir, e agradecer.

“A prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições dasleis divinas, mas, a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração defortaleza nas lutas ásperas, porém necessárias. A alma em se voltando para Deus,não deve ter em mente senão a humildade sincera na aceitação de suavontade superior.” (Emmanuel).

“Ninguém pode imaginar, enquanto na Terra, o valor, a extensão e a eficáciada prece, nascida na fonte viva do sentimento.” (Emmanuel).

Oração Dominical: O PAI NOSSO

Esta oração, que nos foi transmitida pelo nosso mestre Jesus Cristo é, como tudoque Ele nos transmitiu, de imensa simplicidade, mas que abrange todas as nossasnecessidades.

“Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós oVosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra com no Céu. O pão nossode cada dia nos daí hoje. Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamosos nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.

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Assim seja” (Mateus, VI, 9-13) (Em Lucas, acrescenta-se: “pois vossos são o reino, opoder e a glória, para sempre.”)

• O Evangelho no Lar

“Lar, nossa primeira escola, quando o Espírito tem a oportunidade de vestir aroupagem da inocência e da candura, passando pela fase do esquecimento echegam às mãos dos pais, na graça e na ternura de uma criança.” “A terra está preparada; depende de nossa boa vontade semear o bem.” “O lar é o coração do organismo social.”(Sheilla)

“A paz do mundo começa entre quatro paredes.” “Onde estiverem duas ou mais criaturas reunidas em meu nome, eu entre elasestarei.” (Mateus, 18:20). (Jesus Cristo)

A prática do Evangelho no Lar não deve ser transformada em trabalhomediúnico, nem adotar formas rituais. O objetivo primeiro é o contatopermanente com os ensinamentos de Jesus e da Doutrina Espírita. Dentro daliberdade de cada Lar, a reunião deve:

a) Ser iniciada e encerrada por uma prece simples e espontânea;b) Durar aproximadamente 20 a 30 minutos;c) Ser baseada, inicialmente em o “Evangelho segundo o

Espiritismo”;d) Ter como dirigente o chefe da família ou a pessoa de maior

conhecimento do Espiritismo no grupo;e) Ter a participação de todos os presentes nas leituras e

comentários dos ensinamentos de Jesus e dos Espíritos;f) Procurar incentivar a aplicação dos ensinamentos obtidos na vida

diária.

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CURSO: INTRODUÇÃO AO ESPIRITISMO

R o t e i r o 0 3R o t e i r o 0 3R o t e i r o 0 3R o t e i r o 0 3

• O E v a n g e l h o s e g u n d o oO E v a n g e l h o s e g u n d o oO E v a n g e l h o s e g u n d o oO E v a n g e l h o s e g u n d o o

E s p i r i t i s m oE s p i r i t i s m oE s p i r i t i s m oE s p i r i t i s m o

• R e f o r m a í n t i m aR e f o r m a í n t i m aR e f o r m a í n t i m aR e f o r m a í n t i m a

• A s c i n c o a l t e r n a t i v a s d aA s c i n c o a l t e r n a t i v a s d aA s c i n c o a l t e r n a t i v a s d aA s c i n c o a l t e r n a t i v a s d a

h u m a n i d a d eh u m a n i d a d eh u m a n i d a d eh u m a n i d a d e

• O Evangelho Segundo o Espiritismo

Contém a explicação das máximas morais do Cristo, em concordância com oEspiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida.

Os evangelhos são divididos em cinco matérias: 1) Os atos comuns da vida do Cristo2) Os milagres3) As profecias4) As palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja.5) O ensino Moral

“Se as quatro primeiras partes tem sido objeto de discussões, a últimapermanece inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade securva. É o terreno em que todos os cultos podem encontrar-se, a bandeira sob aqual todos podem abrigar-se, por mais diferentes que sejam suas crenças. Porque

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nunca foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda a parte provocadapelos dogmas”.

Citamos alguns ensinamentos:

- O Espiritismo é a Ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provasirrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com omundo material.

- Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelosesforços que faz para dominar suas más inclinações (Cap. XVII, item 4)

- Fé inabalável é só a que pode encarar a razão face a face, em todas asépocas da humanidade. (Cap.XIX, item 7)

- Fora da caridade não há salvação. (Cap. XV, item 10)

“O Espiritismo arrancou o evangelho das sombras místicas das concepçõesdogmáticas e o apresentou ao povo, indistintamente, aberto e refulgente,expressivo e edificante, como a força que mais poderosamente realizatransformações morais, no mais íntimo das almas, e impulsiona os homens para asluzes da redenção”.(Prólogo de O Redentor de Edgard Armond).

• Reforma íntima

Deus criou todos os espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento.Pelo seu livre arbítrio, cada um segue o caminho do bem ou do mal, progredindoou ficando estacionado na escala evolutiva.

Ao seguir a lei natural, a lei de Deus, o homem se torna feliz por que percebe queessa mesma lei se encontra em sua consciência, e que Deus nos ofereceu omodelo mais perfeito para nos servir de guia e exemplo: JESUS.

Jesus nos trouxe ensinamentos por meio de exemplos e parábolas, e hoje oEspiritismo vem nos auxiliar a entender o que o Cristo veio nos mostrar.

“Espíritas, amai-vos, eis o primeiro mandamento; intrui-vos, eis o segundo. Todas asverdades estão no Cristianismo.” (O Espírito Verdade).

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Para tanto, é preciso educar o espírito, para que possa, à luz dos ensinamentosde Jesus, transformar seu pensamento afim de que, a seu tempo, se exteriorize emações no bem.

As transformações morais, conseqüentes da modificação dos conceitos de vida,afinam o Espírito com os ensinamentos do Divino Mestre.Jesus nos mostrou que devemos conquistar virtudes como: - Mansuetude, Caridade, Benevolência e Pacifismo.E buscar a paz interior, que é uma conquista íntima do Espírito, orando e vigiandonossos pensamentos.

É assim que crescemos para Deus, nos instruindo, entendendo e exercitando osensinamentos do Cristo.Não se pode usar o termo Reforma Íntima separado de sua verdadeira eirrecorrível significação: a de Transformações Morais.A progressão espiritual é a única finalidade dos seres em todos os escalões e emtodos os mundos habitados.É fácil distinguir aquele que se espiritualiza, pois por mais que “verniz” da cultura edo conhecimento o faça parecer um homem renovado, não poderá esconder oque nele predomina: A densidade material do corpo físico, ou a lentaexteriorização da centelha, no campo moral.O Evangelho sempre ofereceu ao homem encarnado um poderoso auxílio para arealização imediata da espiritualização, bastando que ele o compreenda,interprete e o viva na essência de sua significação e do seu poder redentor.

• As cinco alternativas da Humanidade

As alternativas da humanidade em relação ao mundo espiritual resultam dasseguintes doutrinas: Materialismo, Panteísmo, Deísmo, Dogmatismo e Espiritismo.

Doutrina materialista

A inteligência do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com oorganismo. O homem nada é antes, nem depois da vida corporal.Conseqüências: Tendo o homem apenas matéria, os gozos materiais são asúnicas coisas reais e desejáveis; as afeições morais carecem de futuro; a mortequebra os laços morais sem remissão e para as misérias da vida não hácompensação; o suicídio vem a ser o fim lógico e racional da existência, quandonão se podem esperar atenuações para os sofrimentos; o bem e o mal, merasconvenções; por freio social, unicamente a força material da lei civil.

Doutrina Panteísta

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O princípio inteligente, ou alma, independente da matéria, é extraído do todouniversal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte,à massa comum, como as gotas de chuva ao oceano. Conseqüências: Semindividualidade e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não existisse. Asconseqüências morais desta doutrina são exatamente as mesmas que as dadoutrina materialista.

Doutrina Deísta

O Deísmo compreende duas categorias de crentes: Os Deístas independentes eos providencialistas.Deus, dizem os independentes, estabeleceu as leis gerais que regem o universo;mas, uma vez estabelecida estas leis funcionam por si só e aquele que aspromulgou de mais nada se ocupa.Os providencialistas crêem não só na existência e no poder criador de deus naorigem das coisas, como também crê na sua intervenção incessante na criaçãoe a ele ora, mas não admite o culto exterior e o dogmatismo atual.

Doutrina Dogmática

A alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser;sobrevive e conserva a individualidade após a morte; desde esse momento, temirrevogavelmente determinada a sua sorte; nulos lhe serão quaisquer progressosulteriores; ela será, pois, por toda a eternidade, intelectual e moralmente o queera durante ávida. Sendo os maus condenados a castigos perpétuos eirremissíveis no inferno, completamente inútil lhes resulta todo arrependimento. Oscasos que possam merecer o céu ou o inferno, por toda a eternidade, sãodeixados à decisão e ao juízo de homens falíveis, aos quais é dada a faculdadede absolver ou condenar.

Conseqüências: Esta doutrina deixa sem solução os graves problemas seguintes:- De onde vêm as disposições morais e intelectuais, inatas aos homens?- Qual a sorte das crianças que morrem em tenra idade?- Qual a sorte dos idiotas que não têm consciência dos seus atos?- Onde está a justiça das enfermidades de nascença, uma vez que não resultamde nenhum ato da vida presente?- Qual a sorte dos selvagens e de todos os que forçosamente morrem no estadode inferioridade moral em que foram colocados pela natureza, se não lhes édado progredirem ulteriormente?- Por que cria Deus umas almas mais favorecidas do que as outras?- Por que criou Deus anjos em estado de perfeição sem trabalho, ao passo queoutras criaturas são submetidas às mais rudes provações em que têm maiorprobabilidade de sucumbir, do que de sair vitoriosa?

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Doutrina Espírita

O princípio inteligente independe da matéria. A alma individual preexiste esobrevive ao corpo. O ponto de partida ou de origem é o mesmo para todas asalmas, sem exceção; todas são criadas simples e ignorantes e sujeitas aoprogresso indefinido. Nada de criaturas privilegiadas e mais favorecidas que asoutras. Os chamados anjos são seres que chegaram à perfeição, depois dehaverem passado, como todas as criaturas por todos os graus de inferioridade. As almas ou Espíritos progridem mais ou menos rapidamente, pelo uso do livrearbítrio, pelo trabalho e pela boa vontade.A vida espiritual é vida normal. O Espírito progride no estado corporal e no estadoespiritual.As crianças que morrem em tenra idade podem ser Espíritos mais ou menosadiantados, porquanto já tiveram outras existências em que praticaram o bem oucometeram más ações.A alma dos idiotas é da mesma natureza que a de qualquer outro encarnado;possuem muitas vezes grande inteligência, da qual abusaram em existênciaspretéritas e aceitaram voluntariamente a situação de impotência para usá-la, afim de expiarem o mal que praticaram.

Princípios básicos:

- A preexistência da alma ao nascimento e sua sobrevivência após a morte docorpo físico, com um corpo espiritual ou Perispírito.- Pluralidade das existências e justiça das aflições.- Progressão dos Espíritos.- Comunicação com os espíritos desencarnados e a intervenção destes nomundo corpóreo.

Alternativas

Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao homem, para o seu futuro alémtúmulo:

• O nada, segundo a doutrina materialista.• A absorção no todo universal, segundo a doutrina panteísta.• A conservação da individualidade, com fixação definitiva da sorte,

segundo a doutrina dogmática.• A conservação da individualidade, com o progresso infinito, segundo a

doutrina espírita.

De acordo com as duas primeiras, os laços de família são rompidos pela morte enão há nenhuma esperança de se reencontrarem; com a terceira, hápossibilidade de se reverem, desde que estejam no mesmo meio, podendo seresse meio o inferno ou o paraíso; com a pluralidade das existências, que é

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inseparável do progresso gradual, existe a certeza da continuidade das relaçõesentre os que se amam, e é isso o que constitui a verdadeira família.

Espiritismo e Espiritualismo

Espiritualista é aquele que segue uma doutrina oposta ao materialismo. Quem crêhaver em nós outra coisa além da matéria é espiritualista, o que não implica nacrença nos Espíritos e nas suas manifestações.Espiritismo é a doutrina revelada por Espíritos Superiores, por meio de Médiuns, eorganizada por Allan Kardec, que diz na “introdução” de O Livro dos Espíritos: “Portanto se adotei as palavras Espiritismo e Espiritualismo, é porque elas exprimemsem equívoco, as idéias relativas aos Espíritos. Todo Espírita é, necessariamenteespiritualista sem que todos os espiritualistas sejam espíritas. Podem ser chamadosde Espíritas aqueles que professam a Doutrina Espírita, que é Filosofia, Ciência eReligião.”

Codificação Espírita

A doutrina Espírita está contida nas obras básicas: • O Livro dos Espíritos (Paris, 18 de Abril de 1857).• O livro dos Médiuns (Paris, 15 de Janeiro de 1861).• O Evangelho Segundo o Espiritismo (Paris, Abril de 1864).• O Céu e o inferno ou a Justiça de Deus Segundo o Espiritismo (Paris, 1 de

Agosto de 1865).• A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo (Paris, 6 de

Janeiro de 1868).• Obras Póstumas (Paris, 1890).

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CENTRO ESPÍRITA PADRE ZABEU KAUFFMAN

CURSO PREPARATÓRIO DE ESPIRITISMO

R o t e i r o 0 4R o t e i r o 0 4R o t e i r o 0 4R o t e i r o 0 4

• O E s p i r i t i s m o e m s e uO E s p i r i t i s m o e m s e uO E s p i r i t i s m o e m s e uO E s p i r i t i s m o e m s e u

t r í p l i c e a s p e c t ot r í p l i c e a s p e c t ot r í p l i c e a s p e c t ot r í p l i c e a s p e c t o

• N o ç õ e s p r á t i c a s d eN o ç õ e s p r á t i c a s d eN o ç õ e s p r á t i c a s d eN o ç õ e s p r á t i c a s d e

e s p i r i t i s m oe s p i r i t i s m oe s p i r i t i s m oe s p i r i t i s m o

• O s E s p í r i t o sO s E s p í r i t o sO s E s p í r i t o sO s E s p í r i t o s

• O Espiritismo em seu tríplice aspecto

Aspecto científico

O Espiritismo como Ciência trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, esuas relações com o mundo corporal ou material.O espiritismo nos modifica completamente a visão, através de provas irrecusáveis,mostrando-nos que o mundo espiritual e os Espíritos nada têm de sobrenatural,mas sim que são uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza.A ciência espírita tem por finalidade a demonstração experimental da existênciada alma e sua imortalidade, através de comunicações com aqueles que, atéentão, eram impropriamente, chamados mortos.

Aspecto filosófico

O Espiritismo é, essencialmente, uma doutrina filosófica.

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O caráter filosófico do espiritismo está no estudo que faz do Homem,principalmente como Espírito, que o leva ao conhecimento do mecanismo dasrelações entre os mundos material e espiritual, com isso demonstra a existência,inquestionável, de uma inteligência suprema que tudo cria e tudo comanda.DEUS.“A força do espiritismo não está nas manifestações materiais do mundo espiritual,mas sim na sua Filosofia, no apelo à razão e ao bom senso.”Allan Kardec (item VI da conclusão de O Livro dos Espíritos)

Aspecto Religioso

O Espiritismo como religião, é um laço essencialmente moral que liga os corações,identifica os pensamentos e aspirações; não se manifesta por compromissosmateriais e nem se baseia na realização de fórmulas que falam mais aos olhosque ao coração.O efeito deste laço é unir os que dele participam em uma comunidade desentimentos (Fraternidade, Solidariedade, Indulgência e Benevolência mútuas)que o torna uma Religião da Amizade, uma Religião da Família.No sentido filosófico o espiritismo é uma religião fundada sobre bases sólidas, poisnão se utiliza de simples convenções, mas está alicerçada sobre as mesmas leisda natureza.A palavra religião não deve ser utilizada para definir-mos o Espiritismo, pois nãopoderíamos utilizar uma mesma palavra para definir idéias tão diferente, pois naopinião geral a idéia de Religião está ligada a cultos, casta sacerdotal, cortejo dehierarquias e misticismo; caracteres que não se apresentam na Doutrina Espírita.

• Conclusão

O Espiritismo pode ser simbolizado como um triângulo de forças espirituais:- A Ciência e a Filosofia vinculam à terra.- A Religião é o ângulo divino que liga ao céu.

A Ciência e a Filosofia estabelecem um nobre campo de investigações humanas,visando o aperfeiçoamento da Humanidade.

Na Religião, ou aspecto religioso está à grandeza Divina por restaurar oEvangelho de Jesus Cristo, renovando, definitivamente, o homem para agrandeza do seu imenso futuro espiritual.

RELIGIÃO

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CIÊNCIA FILOSOFIA

• Noções práticas de Espiritismo

Observações preliminares

a) É erro crer que há certos incrédulos, basta presenciar um fenômenoextraordinário para se convencerem. Os que não admitem a existência da almaou do Espírito, no homem, não podem admita-la fora dele. Negando a causa,consequentemente negam o efeito. Apresentam-se, pois, quase sempre, comidéias preconcebidas, com a deliberação previa de negar tudo, o que seimpede de realizar uma observação séria e imparcial. Fazem perguntas elevantam objeções impossíveis de constatações completas no primeiro momento,pois seria preciso dar a cada um deles um curso de Espiritismo, explanando todosos princípios.O estudo prévio tem a vantagem de responder às objeções, que na maior partese fundam na ignorância da causa dos fenômenos e das condições em que seproduzem.

b) Os que desconhecem o Espiritismo imaginam que os fenômenos espíritas seproduzem como as experiências de física e química. Daí a pretensão desubmetê-los à sua vontade e a recusa de se colocarem em condiçõesnecessárias a observação.Sem admitir em princípio a intervenção dos Espíritos, desconhecendo suanatureza e sua maneira de agir, procedem como se trabalhasse a matéria bruta.E como não obtêm o que desejam, concluem que os Espíritos não existem.Colocando-nos sob um outro ponto de vista, compreenderemos que, sendo osEspíritos as almas dos homens, depois da morte também seremos Espíritos. Ora,nós certamente, do mesmo modo, não estaremos dispostos a servir de joguetepara satisfazer caprichos de pessoas curiosas.

c) Mesmo certos fenômenos que podem ser provocados, pela razão mesma deprovirem de inteligências livres, jamais estão a inteira disposição de alguém; e

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quem quer que se orgulhasse de os obter a vontade, estaria apenas dando provade ignorância ou de má-fé.É preciso esperá-los, colhê-los de passagem, e muito amiúde acontece que,quando menos esperamos, apresentam-se os interessantes e concludentes.Quem deseja instruir-se seriamente deve, pois, armar-se, nisto como em tudo, depaciência e de perseverança e sujeitar-se ao que for preciso, pois de outro modomais vale não tratar de assunto.

d) As reuniões que se ocupam das manifestações espíritas nem sempre realizamas condições favoráveis à obtenção de resultados satisfatórios ou de molde a darconvicção.Existem algumas de onde os incrédulos saem menos convencidos do que quandoentraram. Então objetam aos que falam do caráter respeitável do Espiritismo,com o relato dos acontecimentos (frequentemente ridículos), de que foramtestemunhas. Esses não serão mais lógicos do que os que julgam uma arte pelos desenhos deum principiante, uma pessoa por sua caricatura ou uma tragédia por suaparodia. O Espiritismo também tem seus aprendizes; e quem deseja instruir-se nãobebe ensinamentos de uma só fonte, uma vez que, só pelo exame e pelacomparação se pode firmar um juízo.

e) As reuniões frívolas têm um grave inconveniente para os novatos que asassistem: dão-lhes uma idéia falsa do caráter do Espiritismo. Os que assistem areuniões desta natureza certamente não podem levar a sério uma coisa quevêem ser tratada levianamente por aqueles mesmos que se dizem seus adeptos.O Estudo antecipado lhes ensinará a julgar a transcendência do que vêem e adistinguir entre o mau e o bom.

f) O mesmo raciocínio é aplicável aos que julgam o Espiritismo por certas obrasexcêntricas que dele dão uma idéia falsa e ridícula. O Espiritismo é tãoresponsável pela falta dos que o compreendem mal ou o praticam erradamentequanto à poesia é responsável pelos maus poetas. Parece deplorável que hajatais obras nocivas à verdadeira ciência. Sem dúvida, seria preferível que sóhouvesse boas. Mas a maior culpa recai sobre os que não se dão ao trabalho deestudar a questão inteiramente.

Todas as artes e todas as ciências encontram-se no mesmo caso.

Porventura, a respeito das coisas mais sérias, não foram escritos tratados absurdose cheios de erros?

Por que seria o Espiritismo privilegiado, sobretudo no início?

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Se os que o criticam não o julgassem pelas aparências, ficariam sabendo o queele repele, e não lhe atribuiriam àquilo que ele repudia em nome da razão e daexperiência.

• Os Espíritos

Os Espíritos não são como vulgarmente se acredita, uma criação distinta dasoutras. São as almas das pessoas que viveram na terra ou em outros mundos,despojadas de seu envoltório corporal.Quem admite a existência da alma, sobrevivendo ao corpo, igualmente admite ados Espíritos. Negra estes equivale a negar aquela. Comumente fazemos umafalsa idéia dos Espíritos. Estes não são, como alguns pensam, seres imprecisos eindefinidos, nem chamas como as dos fogos-fátuos, nem fantasmas como os doscontos fantásticos.São seres semelhantes a nós mesmos e que, como nós, têm um corpo: masfluídico e invisível em estado normal.Durante a vida, quando unida ao corpo, a alma tem um duplo envoltório.Pesado, grosseiro e destrutível: o corpo. O outro fluídico leve e indestrutível: oPerispírito.

Três coisas essenciais contam-se, pois, no homem;

a) A alma ou Espírito princípio inteligente onde reside o pensamento, àvontade e o senso moral.

b) O corpo, envoltório material que coloca o Espírito em relação com omundo exterior.

c) O Perispírito, envoltório leve, imponderável, que serve de laço intermediárioentre o Espírito e o corpo.

O envoltório exterior sucumbe quando está gasto e já não pode realizar suasfunções: O espírito dele se liberta como o fruto se despoja da casca, a árvore dacortiça e a serpente da pele. Em outras palavras: Como nos livramos de umaveste imprestável. A isto chamamos morte. A morte é a simples destruição do envoltório material que a alma abandona,como a mariposa abandona a crisálida. A alma conserva, entretanto, seu corpofluídico ou perispiritual.A morte do corpo liberta o Espírito do envoltório que o prendia a terra e lhe traziasofrimentos. Uma vez desembaraçado dessa carga, fica-lhe apenas o corpoetéreo, que lhe permite percorrer os espaços e franquear as distâncias com arapidez do pensamento.

A união da alma, do perispírito e do corpo material, constitui o homem.Separados do corpo, a alma e o perispírito constituem o ser denominado Espírito.

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Os Espíritos possuem todas as percepções que tinham na Terra, ainda maisrequintadas, por isso que essas faculdades não estão embaraçadas pela matéria.Experimentam sensações que nos são desconhecidas, vêem e ouvem coisas quenossos sentidos limitados não nos permitem ver nem ouvir.

Para eles não existem as trevas, salvo para aqueles cujo castigo consiste em vivernas sombras. Todos os nossos pensamentos repercutem neles que os lêem comoum livro aberto. De modo que aquilo que podemos ocultar a alguém, enquantovivo, não mais poderemos, desde que volte ao estado de Espírito. (LE, 237).

Encontram-se os Espíritos por toda parte. Estão entre nós, ao nosso lado,observando-nos incessantemente. Sua contínua presença entre nós, torna-osagentes de diversos fenômenos. Desempenham um papel importante no mundomoral e, até certo ponto, no mundo físico. Constituem, assim, uma das potenciasda natureza.

A partir do momento em que se admite a sobrevivência da alma ou do Espírito, éracional admitir a dos afetos, sem os quais as almas de nossos parentes e amigosser-nos-iam arrebatadas para sempre.

Como os Espíritos podem ir a toda parte, é igualmente racional admitir que osque nos amaram durante a vida terrena nos amem depois da morte; que viviamao nosso lado, que conosco desejem comunicar-se e que, para conseguir,empreguem os meios à sua disposição. Isto é confirmado pela experiência.

Realmente, a experiência prova que os Espíritos conservam os afetos sérios quetinham na Terra, que se alegram de estar ao lado dos que amaram,principalmente quando atraídos pelo pensamento e pelos sentimentos afetuososque se conservam, ao passo que se mostram indiferentes para aqueles que lhesvotam indiferença.

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R o t e i r o 0 5R o t e i r o 0 5R o t e i r o 0 5R o t e i r o 0 5

• R e e n c a r n a ç ã o e e v o l u ç ã o d o sR e e n c a r n a ç ã o e e v o l u ç ã o d o sR e e n c a r n a ç ã o e e v o l u ç ã o d o sR e e n c a r n a ç ã o e e v o l u ç ã o d o s

e s p í r i t o se s p í r i t o se s p í r i t o se s p í r i t o s

• I n t e r v e n ç ã o d o s E s p í r i t o s n oI n t e r v e n ç ã o d o s E s p í r i t o s n oI n t e r v e n ç ã o d o s E s p í r i t o s n oI n t e r v e n ç ã o d o s E s p í r i t o s n o

m u n d o c o r p ó r e o m u n d o c o r p ó r e o m u n d o c o r p ó r e o m u n d o c o r p ó r e o

• P a r e n t e s c o c o r p o r a l eP a r e n t e s c o c o r p o r a l eP a r e n t e s c o c o r p o r a l eP a r e n t e s c o c o r p o r a l e

e s p i r i t u a le s p i r i t u a le s p i r i t u a le s p i r i t u a l

• Reencarnação e Evolução dos Espíritos

Evolução

O Espiritismo é o cristianismo redivivo, conseqüência direta da doutrina do Cristo.Define os laços que unem a alma ao corpo e levanta o véu que ocultava aoshomens os mistérios da morte.

Sabemos que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, são criadasiguais, com idênticas aptidões para progredir, em função do seu livre arbítrio.

Deus, a ninguém dispensou do trabalho, para progredir. Desde que toda acriação deriva da grande Lei de Unidade que rege o Universo e que todos osseres gravitam para a perfeição relativa (porque a perfeição absoluta é Deus),não existem favorecidos em detrimento de outros, pois todos sofrem asconseqüências de suas próprias obras.

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“Os Espíritos adquirem conhecimento, passando pelas provas que Deus lhesimpõe. Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais prontamente aoseu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação e assimpermanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da felicidadeprometida.” (LE, 115).

À medida que os Espíritos avançam, compreendem o que afasta da perfeição.Quando o Espírito conclui uma prova, adquire o conhecimento e não mais operde. Pode permanecer estacionário, mas não retrogradar.Ao adquirir consciência de si mesmo, o seu livre-arbítrio vai se desenvolvendo.

A sabedoria de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a todos,porque assim cada um tem o mérito das suas obras.

Reencarnação

Desde tempos imemoriais, o homem possui o sentimento da imortalidade doEspírito. Civilizações antigas que antecederam o advento do Cristo Planetáriotrazem-nos os ensinamentos referentes ao assunto. Há muito sabemos que todosnós somos Espíritos imortais.

Sabemos ser Elias uma encarnação anterior de João, o Batista, aquele que tevecomo teve como tarefa reconhecer a Jesus, como enviado de Deus, para nosorientar e instruir. A lição de Nicodemos também é lembrada por todos nós. Énecessário renascer de novo, Jesus lhe falou.

Raciocinemos juntos: como poderíamos encarar a justiça de Deus, observandoao nosso redor, homens simples, aparentemente bons, no maior sofrimento moral,com a miséria estampada nas faces? Como encarar a justiça Divina, ao tirar avida de um recém-nascido, filho de pais boníssimos?

Existem leis imutáveis. As mesmas leis que governam os corpos celestes governamo nosso planeta e todos nós. Justas, todas atuam em beneficio de nossocrescimento para Ele, como Espíritos imortais que somos.

Devemos aos Espíritos que nos trouxeram conhecimentos sob a égide do Espíritoda Verdade, explanações de nosso mundo real, que é o mundo dos Espíritos eque esquecemos, quando aqui reencarnamos.

E por que esquecemos? Porque poderíamos nos tornar orgulhosos, envaidecidosou, então, aborrecidos por nos reconhecermos inferiores, por praticarmos atosque nos envergonhariam se deles nos lembrássemos nesta existência.

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Assim, temos por uma Lei de Ação e Reação, por nosso livre-arbítrio, pelo bem oupelo mal que praticamos, existências mais ou menos felizes aqui neste Planeta.

Planeta este que é de provas e expiações. Isso significa que aqui não temos umafelicidade completa.

E onde se encontra a Felicidade? Encontra-se no coração daqueles que, fazendoo bom uso do livre-arbítrio, só praticam o bem. Daqueles que, conhecendo oEvangelho de Jesus, não só o lêem como o praticam.

Sobrevivência do Espírito

Verificamos assim, que sem a preexistência da alma, a doutrina do pecadooriginal seria não somente inconciliável com a justiça de Deus como tornariatodos os homens responsáveis pela falta de um só. Com a preexistência, ohomem traz ao renascer o gérmen das suas imperfeições e sofre a pena das suaspróprias faltas e não a de outrem.

Da mesma maneira, ao progredir, o Espírito traz virtudes ou conhecimentos jáadquiridos.

Estudando as propriedades dos fluidos e a ação deles sobre a matéria, oEspiritismo demonstrou a existência do Perispírito (envoltório inseparável da alma,é um dos elementos constitutivos do ser humano e durante a vida do corpo, servede ligação entre este e a matéria, sendo o veiculo de transmissão dopensamento).

• Intervenção dos Espíritos no mundo corpóreo.

“Todos sabemos da necessidade de paz íntima - da paz que nos patrocine asegurança.”“Não desconhecemos que todos respiramos num oceano de ondas mentais,com o impositivo de ajustá-las em beneficio próprio.”“Vasto mar de vibrações permutadas.”“Emitimos forças e recebemo-las.”“O pensamento vige na base desse inevitável sistema de trocas.”“Queiramos ou não, afetamos os outros e os outros nos afetam, pelo mecanismodas idéias criadas por nós mesmos.

Assim Emmanuel inicia o prefacio de “sinal verde”, ditado pelo Espírito de AndréLuiz, enfatizando nossa condição de aparelhos transmissores e receptores deondas mentais. Num mundo tão heterogêneo como este em que vivemos, essas

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ondas aparecem nas mais variadas freqüências, de acordo com a equipagemevolutiva de cada um.

Temos muitas vezes ao nosso lado uma multidão de Espíritos, que nos vêem econhecem os nossos pensamentos. Sua influencia sobre nós, portanto, é maior doque podemos supor e muito frequentemente são eles que nos dirigem (LE, 459).Os pensamentos que nos são sugeridos podem revelar-se positivos ou negativos,mas nós somos senhores de nossa vontade. As decisões que tomamos, segundo onosso livre-arbítrio, são de nossa responsabilidade.

Cabe a nós, nas diversas situações de nossa vida, examinar criteriosamente assugestões que nos vêm à mente, pois podem ser de um bom Espírito ou de umEspírito menos evoluído. A diferença é que “os bons Espíritos não aconselhamsenão para o bem” (LE, 464). O problema de ter um bom ou um mau Espírito anos influenciar é questão de atração e sintonia, ou seja, o Espírito inferior só podenos causar algum mal porque nós o atraímos pelos nossos desejos e pelos nossospensamentos. Sua presença costuma nos causar um sentimento de angústia, deansiedade indefinível ou de satisfação interior sem causa conhecida. (LE, 471).

Como podemos fazer para neutralizar a influência desses Espíritos inferiores?Atraindo os bons, pela pratica do bem e pela confiança em Deus. Não háantídoto mais eficaz. Jesus, na oração dominical, recomenda-nos pedir: “Senhor,não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”, porque sabia que astentações estão no íntimo de cada um e que nós só deixaríamos de sucumbir aelas através da prece que brotasse dos nossos corações, com sinceridade efervor.

As tentações que abrigamos no mundo psíquico são o mal que ainda nãoconseguimos eliminar; são os nossos maus hábitos, nossos vícios, nossasconcepções errôneas, que muitas vezes nos fazem agir em sentido contrário aoque gostaríamos. A consciência dessa realidade foi o que levou o apóstolo Pauloa proferir a lição belíssima:

“Porque o que faço não o aprovo, pois o que quero isso não faço, mas o queaborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Demaneira que agora já não sou eu faço isto, mas o pecado que habita em mim.”(Rm 7:15-17).

Essas tentações constituem-se em fatores adversos do nosso caráter, rebaixandonosso padrão vibratório, e frequentemente são os elos da cadeia que ligamnossos pensamentos aos dos Espíritos que se encontram nessa faixa inferior devibrações. Com isso, muitos atos de nossa vida cotidiana (posturas, gestos,palavras, leituras, idéias, etc.) acabam caindo na área de influência dessacategoria de Espíritos, moldando nossa conduta, sem que o percebamos, vistoque o envolvimento é extremamente sutil.

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E os Espíritos não só se aproveitam das circunstancias para induzir-nos ao mal; elestambém as provocam, algumas vezes, encaminhando-nos para o objeto donosso interesse, isto é, para situações em que somos tentados a agir contra a leinatural ou contra os princípios éticos e morais que deveríamos respeitar, poissabem que somos passíveis de queda.

• Parentesco Corporal e Espiritual

“Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços espirituais. Ocorpo procede do corpo, mas o espírito não procede do Espírito, porque esteexistia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do filho: Fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas, deve ajudar seu desenvolvimentointelectual e moral, para fazê-lo progredir.”

Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentespróximos, são o mais frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relaçõesanteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas, podeacontecer também que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns paraos outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzemtambém por seu antagonismo na terra, a fim de lhes servir de prova. Osverdadeiros laços de família não são, portanto, os da consangüinidade, mas osda simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem os Espíritos, antes,durante e após a encarnação. Donde segue que dois seres nascidos de paisdiferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se fossem pelo sangue.Podem, pois, atrair-se, procurar-se, tornarem-se amigos, enquanto dois irmãosconsangüíneos podem repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, quesó o Espiritismo podia resolver, pela pluralidade das existências.

Há, portanto, duas espécies de famílias: As famílias por laços espirituais e asfamílias por laços corporais. As primeiras, duradouras, fortificam-se pelapurificação e se perpetuam no mundo dos espíritos, através das diversasmigrações da alma. As segundas frágeis como a própria matéria, extinguem-secom o tempo, e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual. Foi oque Jesus quis fazer compreender, dizendo aos discípulos: ‘Eis minha mãe e meusirmãos’, ou seja, a minha família pelos laços espirituais, pois ‘quem quer que façaa vontade de meu Pai, que está nos céus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

“A hostilidade de seus irmãos está claramente expressa no relato de São Marcos,desde que, segundo este, eles se propunham a apoderar-se D’ele, sob o pretextode que perdera o juízo. Avisado de que haviam chegado, e conhecendo osentimento deles a seu respeito, era natural que dissesse, referindo-se aosdiscípulos, em sentido espiritual: ’ eis os meus verdadeiros irmãos’. Sua mãe osacompanhava, e Jesus generalizou o ensinamento, o que absolutamente nãoimplica que ele pretendesse que sua mãe segundo o sangue nada lhe fosse

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segundo o Espírito, só merecendo sua indiferença. Sua conduta, em outrascircunstancias, provou suficientemente o contrario.” (ESE, cap.XIV, item 8).

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• A n e c e s s i d a d e d a c a r i d a d eA n e c e s s i d a d e d a c a r i d a d eA n e c e s s i d a d e d a c a r i d a d eA n e c e s s i d a d e d a c a r i d a d e

s e g u n d o P a u l os e g u n d o P a u l os e g u n d o P a u l os e g u n d o P a u l o

• P a r á b o l a d o b o m s a m a r i t a n oP a r á b o l a d o b o m s a m a r i t a n oP a r á b o l a d o b o m s a m a r i t a n oP a r á b o l a d o b o m s a m a r i t a n o

• N o ç õ e s s o b r e m e d i u n i d a d eN o ç õ e s s o b r e m e d i u n i d a d eN o ç õ e s s o b r e m e d i u n i d a d eN o ç õ e s s o b r e m e d i u n i d a d e

• A necessidade da caridade segundo Paulo

A caridade segundo Paulo

“Se eu falar as línguas dos homens e dos anjos, e não tiver caridade, sou como ometal que soa, ou como o sino que tine. E se eu tiver o dom da profecia, econhecer todos os mistérios, e quanto se pode saber; e se tiver toda a fé, até aoponto de transportar montanhas, e não tiver caridade, não sou nada. E se eudistribuir todos os meus bens em o sustento dos pobres, e se entregar o meu corpopara ser queimado, se, todavia não tiver caridade, nada disto me aproveita. Acaridade é paciente, é benigna, a caridade não é invejosa, não obra temerárianem precipitadamente, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca osseus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça,mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo sofre. Acaridade nunca, jamais há de acabar, ou deixem de ter lugar as profecias, ou

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cessem as línguas, ou seja abolida a ciência. Agora, pois, permanecem a fé, aesperança e a caridade, estas três virtudes: Porem a maior delas é a caridade”.(Paulo, I Coríntios, 13: 1-8 e 13).

Paulo compreendeu tão profundamente esta verdade, que coloca a caridadeacima da própria fé. Porque a caridade está ao alcance de todos, do ignorantee do sábio, do rico e do pobre; e porque independe de toda a crença particular.E define a verdadeira caridade, mostrando-a não somente na beneficência, masno conjunto de todas as qualidades do coração, na bondade e na benevolênciapara com o próximo.

De Paulo a máxima: Fora da caridade não há salvação. Retornou ao tema em1860 em Paris, numa comunicação, dizendo: “Pois nela estão contidos os destinosdos homens sobre a terra e no céu, porque aqueles que a tiverem praticadoencontrarão graça diante do Senhor”.

Encerrando a sua mensagem, traz a exortação: “meus amigos, agradecei aDeus, que vos permite gozar a luz do Espiritismo. Não porque somente os que apossuem possam salvar-se, mas porque, ajudando-vos a melhor compreender osensinamentos do Cristo, ela vos torna melhores cristãos. Fazei, pois, que, ao vosvendo, se possa dizer que o verdadeiro Espírita e o verdadeiro cristão são uma ea mesma coisa, porque todos que praticam a caridade são discípulos de Jesus,qualquer que seja o culto a que pertençam”.

• Parábola do bom samaritano.

“E eis que levantou certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que fareipara herdar a vida eterna? E Ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? Erespondendo ele, disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e detodas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a timesmo. E, disse-lhe: Respondeste bem; faze isto e viverás. Ele, porem, querendojustificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendoJesus, disse: ‘Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dossalteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-omeio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e,vendo-o, passou ao largo. E de igual modo também um levita, chegando àquelelugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem,chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e pondo sobre suacavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. Partindo no outro dia,tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo que demais gastares eu to pagarei quando voltar’.”

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“Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele me caiu nas mãosdos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois,Jesus: Vai, e faze da mesma maneira”. (Lucas, 10:25-37).

Indaga-se pela ortodoxia da fé? Faz-se alguma distinção entre o que crê de umamaneira e o crê de outra? Não, pois Jesus coloca o samaritano (consideradoherético), que tem amor ao próximo, sobre o ortodoxo a quem falta caridade.Jesus não faz da caridade uma das condições da salvação, mas a única. Se elecoloca a caridade na primeira linha entre as virtudes, é porque ela encerraimplicitamente todas as outras: A humildade, a mansidão, a benevolência, ajustiça, etc.; e porque é ela a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.

Amor e sabedoria

Hoje, procuramos entender o que significam vários daqueles personagens citadosna “Parábola do Bom Samaritano”. Cairbar Schutel, diz ser o viajante ferido, aHumanidade saqueada de seus bens espirituais e de sua liberdade, pelospoderosos do mundo; o sacerdote e o levita, aqueles que não se preocupamcom os interesses da coletividade; o samaritano que se aproximou e atou asferidas, é Jesus. O azeite, o símbolo da fé, e, o vinho, é o espírito de sua palavra;os dois dinheiros são a caridade e a sabedoria.

Amor e sabedoria, as duas asas simbólicas, que o Espírito, meditando e agindo nobem, pouco a pouco vai tecendo, e com que, mais tarde, desferiráventurosamente os vôos sublimes e supremos, na direção da eternidade.

Quase dois mil anos se passaram e aqui retornamos sucessivas vezes para estePlaneta, que é uma escola, a fim de conquistarmos a sabedoria e o amor (asduas asas), com que nós alcançaremos ao Reino de Deus, que é liberdade efelicidade.

A simbologia dessas asas (do Amor e Saber) conseguimos após buscarmos nosesclarecer, aprender, interpretar, ouvir e aplicar; após obtermos o conhecimento(não “livresco”, puramente intelectual dos modismos da época em que vivemos)que, aplicado sob a forma de caridade, é o amor em ação.

Amor é o que buscamos ter hoje, não somente pelos mais próximos, masaplicando os ensinamentos de Jesus, com a visão de quem encontra em suaEstrada de Damasco, a oportunidade de tirar dos olhos as escamas do orgulho edas vaidades desmedidas do passado, após séculos de obscurecimento doEspírito.

Muitos cresceram ao praticar o bem, com o uso do livre-arbítrio; outros ainda hojeestão lendo as paginas belíssimas em que se afirma que Fora da Caridade não

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há Salvação; e há os que desejam ser os samaritanos de hoje e que sabemtambém, que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão, são uma só pessoa.

• Noções sobre mediunidade

Mediunidade é a faculdade ou aptidão que possuem certos indivíduosdenominados médiuns, de servirem de intermediários entre os mundos físico eespiritual.

A mediunidade é inerente ao organismo, como a visão, a audição e a fala, daí,qualquer um pode ser dotado dessa faculdade.

É uma conquista da alma; daí, a necessidade de oração e vigilância, de reformaíntima, isto é, da substituição de defeitos e vícios, por qualidades e virtudes, deuma conduta moral irrepreensível, para que possa sintonizar-se com Espíritos dehierarquia mais elevada. Evangelizando-se, estudando muito, dando a cota detempo de que possa dispor e, principalmente, seguindo lições como a que seencontra no capitulo XXVI, de O Evangelho Segundo o Espiritismo “Dai de graçao que de graça recebestes”.

Na I Epístola de Paulo de Tarso aos Coríntios, temos lições sobre teoria e práticamediúnica. Em O Livro dos Médiuns, Kardec também o faz. De ambos, as lições:

Os dons mediúnicos demonstram a inteligência, as potencialidades, a diversidadede Espíritos que existem na Terra. Não é bastante, por isso, estudar ou conhecer oefeito; é indispensável buscar e conhecer a causa de todos os fenômenos que sevão estudando. Toda mediunidade a serviço de Jesus é realizada pelos Espíritosmais evoluídos que sintonizam com cada médium, conforme sua capacidade ddoação.

Paulo traz ensinamentos de imenso valor doutrinário: “Quanto aos donsmediúnicos, não quero, irmãos, que estejais em ignorância”, começa ele no Cap.12.

Explica a diversidade de carismas, mas “o Espírito é o mesmo; diversidade deministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversidade de operações, mas é o mesmoDeus, que opera em todos”.

Prossegue falando da mediunidade de vidência e xenoglossia, dizendo que nãohaver médiuns em sintonia, é preciso haver pessoas em estado de lucidez queorientem os trabalhos, dialoguem com os Espíritos e interpretem o que haviamdito.

Todas as formas de mediunidade são necessárias; nenhuma faculdade é superiora outra; são todos indispensáveis ao bom andamento dos trabalhos, ate as maishumildes tarefas. Não há ninguém mais importante, porque todos sãoimportantes, mas cada um deve ter a sua tarefa especifica e por vezes até certa

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hierarquia em favor da disciplina, pois tudo deve ser feito dentro da mais absolutaordem.

Allan Kardec, no século XIX, e os espíritas do século XX, reexaminamincessantemente as fontes do Cristianismo primitivo, buscando ali as lições que osinspirem.

Hoje ainda temos as preocupações de Paulo. Orar e vigiar é a maior delas. Cadaum de nós é o único responsável pela valorização das oportunidades ofertadaspor Deus.

Paulo classifica a mediunidade, discorre sobre a hierarquia das funções, falasobre o exercício da mediunidade e escreve sobre a “excelência da caridade”,no Cap. 12.

Por que o ensaio sobre o Amor é inserido no contexto de uma dissertação sobremediunidade?

Porque Paulo compreendeu profundamente esta verdade:

“Se eu falar a língua dos homens e dos anjos e não tiver caridade, sou comometal que soa, ou como o sino que tine.”“E se tiver o dom da profecia e penetrar todos os mistérios, mas não tiver acaridade, nada sou. Entre esta três virtudes: A fé, a Esperança e a Caridade, amais excelente é a caridade.”

Coloca assim a caridade acima da própria fé.

O exercício da mediunidade sem o amor, é frio e inócuo.

Emmanuel, em O Consolador, respondendo a questões, afirma:

“(...) A maior necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo, antes de seentregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo, poderá esbarrarsempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.”

“O primeiro inimigo do médium reside nele mesmo. Frequentemente é opersonalismo, a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntáriodesconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridademoral que, não raro, conduzem à invigilância, à leviandade e a confusão doscampos improdutivos.”

“Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelocultivo da humildade, pela boa vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à claridade do evangelho.”

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• D a i d e g r a ç a o q u e d e g r a ç aD a i d e g r a ç a o q u e d e g r a ç aD a i d e g r a ç a o q u e d e g r a ç aD a i d e g r a ç a o q u e d e g r a ç a

r e c e b e s t er e c e b e s t er e c e b e s t er e c e b e s t e

• O s u i c í d i oO s u i c í d i oO s u i c í d i oO s u i c í d i o

• B e m e m a l s o f r e rB e m e m a l s o f r e rB e m e m a l s o f r e rB e m e m a l s o f r e r

• Dai de graça o que de graça recebeste

“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expeli os demônios; daide graça o que de graça recebestes.” (Mateus, 10:8.)

“Dai de graça o que de graça recebestes”, disse Jesus aos discípulos,recomendando-lhes, dessa forma, que não aceitassem pagamentos peladispensa dos bens, cuja obtenção nada lhes houvesse custado, isto é, que nadacobrassem dos outros por aquilo que não pagaram. O que eles receberam,gratuitamente, foi a faculdade de curar os doentes e expulsar os “demônios”, ouseja, os maus espíritos. Esse dom lhes fora dado de graça, para que aliviassem osque sofriam e ajudassem a propagação da fé e, por isso, lhes prescrevera oMestre que não o transformassem em artigo de comércio, ou de especulação emuito menos em meio de vida.

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Também disse Jesus: “Não façais pagar as vossas preces; não façais como osescribas que, a pretexto de longas orações, devoram as casas das viúvas.” Aprece é um ato de caridade, um impulso do coração, e ao fazer alguém pagarpor esse ato de caridade, um impulso do coração, e ao fazer alguém pagar poresse ato de intercessão junto a Deus, em favor de outrem, é transformar-se emintermediário assalariado, tornando-se, assim, a prece uma simples fórmula,dependente da soma recebida.

Deus não vende os benefícios que concede, e seria absurdo pensar que poderiasubordinar um ato de clemência, de bondade e de justiça, solicitando à Suamisericórdia, a uma quantia em dinheiro.

A razão, o bom senso e a lógica dizem que Deus, a Perfeição Absoluta, não podedelegar à criatura imperfeita o direito de fixar um preço para Sua justiça. A justiçade Deus é como o Sol; para todo o mundo, tanto para o pobre como para o rico.

Os médiuns intermediários entre a Espiritualidade e o mundo material, verdadeiraspontes de ligação entre dois planos de vida, são os intérpretes dos Espíritos para ainstrução dos homens, para lhes mostrarem o caminhodo bem e trazê-lo a fé, mas não para venderem palavras que lhes nãopertencem, de vez que não são o produto de sua concepção, nem de suaspesquisas, nem de seu trabalho pessoal.

A mediunidade séria não pode ser, nem será jamais, uma profissão, mesmoporque, e, sobretudo, nos seu aspecto de concessão como prova, é umafaculdade essencialmente móvel e variável, não sendo, portanto, a mesma coisaque a capacidade adquirida pelo estudo e pelo trabalho, da qual se tem direitode usar.

Sobretudo, a mediunidade curadora é a que jamais deveria ser explorada,, pois,como nenhuma outra, requer, com mais rigor, a condição de desprendimento ea capacidade de renuncia santificante. O médium curador é o veículo para atransmissão do fluido salutar dos Bons Espíritos e, nestas condições, jamais tem odireito de vendê-lo.

• O suicídio

O suicídio pode ser definido como a destruição direta da vida por impulsopróprio. O suicídio voluntário é uma transgressão da lei divina (L.E., 944). Suacausa geral é o descontentamento. Muitos porém são os motivos que podemlevar o individuo ao suicídio, tais como a ociosidade, a falta de fé, a própriasociedade, a descrença na eternidade, o pensamento de que tudo podeacabar com a vida, a simples dívida quanto ao futuro e, principalmente, as idéiasmaterialistas, que não oferecem ao homem nenhuma alternativa de soluçãopara os seus problemas mais prementes; são “os maiores incentivadores dosuicídio: Elas produzem a frouxidão moral”.

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Há, ainda, alguns outros casos, de ordem mais particular, que costumam levar osseres humanos ao suicídio. O homem que se vê envolvido em escândalo trazido àpublico, por vergonha dos filhos e da família muitas vezes é levado ao atoextremo. Aquele que perde entes queridos, por vezes sente-se impulsionado aosuicídio. O que toma conhecimento de uma doença grave, que par a medicinaterrestre não tem cura, entrevendo a “morte inevitável e terrível”, pode deixar-setomar pela idéia de suicídio. Há também os que, por puro orgulho, sacrificam avida para salvar a de outros, embora sem nenhuma possibilidade de sucesso.

Não se pode esquecer dos que abreviam sua vida através dos vícios, dosexcessos de alimentação e do sexo, por imprudência, por imperícia, por omissão.E hoje, ainda, verifica-se a incidência de casos de suicídio em alguns grupossociais específicos. Embora haja muitos casos que se podem estudar de suicídio,eles podem ser classificados em dois grandes grupos: O direto (ou intencional), eo indireto.

Diversas são as conseqüências do ato; porem, a mais comum, “a que suicida nãopode escapar é o desapontamento” (L.E., 957), ou seja, o individuo chega a umresultado muito diverso daquele que imaginava atingir com o seu gestotresloucado. Mas, “a sorte não é a mesma para todos, dependendo dascircunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa novaexistência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam.” (idem).

O efeito mais grave do suicídio vem a ser o lesionamento do corpo espiritual, coma persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito ao corpo.Esse fato prolonga igualmente a perturbação espiritual, provocando a ilusão deque o Espírito ainda se encontra no número dos “vivos”. Por isso, também, algunspodem ressentir-se dos efeitos da decomposição de seu corpo, devido sua faltade coragem e por uma espécie de apego à matéria.

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, lembra que “o espírita tem,portanto, para opor à idéia do suicídio, muitas razões: A certeza de uma vidafutura, na qual ele sabe que será tanto mais feliz quanto mais infeliz e maisresignado tiver sido na Terra; a certeza de que, abreviando sua vida, chega a umresultado inteiramente contrário ao que esperava; que foge de um mal para cairnoutro ainda pior, mais demorado e mais terrível; que se engana ao pensar que,ao se “matar”, irá mais depressa para o céu; que o suicídio é um obstáculo àreunião, no outro mundo, com as pessoas de sua afeição, que lá esperaencontrar. De tudo isso resulta que o suicídio, só lhe oferecendo decepções, écontrário aos seus próprios interesses.” (E.S.E., Cap. V, item 17).

Há, todavia, alguns antídotos eficazes, que podem evitar esse mal terrível. Emprimeiro lugar, esta a prece, que restaura o bom ânimo e a vontade derealização. (Para o Espírito suicida, também, a prece funciona como um bálsamo,que o reergue e o prepara para as encarnações regenerativas.) O trabalho, emsegundo lugar, que ajuda a vida a escoar-se mais rapidamente, sem maiores

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turbulências, ajudando o homem a suportar suas vicissitudes com mais paciênciae resignação, sem queixas. Deve-se observar ainda os meios possíveis da retaconsciência, através de uma vida honesta, justa e acima de tudo evangelizada,isto é, à luz dos ensinamentos de Jesus, que é “O Caminho, a Verdade e a Vida”.

•••• Bem e mal sofrer

“Quando o Cristo disse: ‘Bem aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dosCéus’, não se referia aos sofredores em geral, porque todos que estão neste mundosofrem, quer estejam num trono ou na miséria extrema, mas, ah! Poucos sofrem bem,poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir aoReino de Deus. O desanimo é uma falta; Deus vos nega consolações, se não tiverdescoragem. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: Énecessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvidofrequentemente que Ele não põe fardo pesado em ombros frágeis. O fardo éproporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e àcoragem. A recompensa será tanto mais esplendente quanto mais penosa tiver sidoa aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida estácheia de tribulações.”

“O militar que não é enviado à frente de batalha não fica satisfeito, porque orepouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma promoção”. Sede como omilitar, e não aspireis a um repouso que enfraqueceria o vosso corpo e entorpeceriaa vossa alma. Ficais satisfeitos, quando Deus vos envia a luta. Essa luta não é o fogodas batalhas, mas a amargura da vida, onde muitas vezes necessitamos de maiscoragem que num combate sangrento, pois aquele que enfrenta firmemente oinimigo poderá cair sob o impacto de um sofrimento moral. O homem não recebenenhuma recompensa por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os seuslouros e um lugar glorioso. Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade,tratai de elevar-se acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar osimpulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: ‘Eufui o mais forte’.“Bem aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido: Bem--aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a suaperseverança e a sua submissão à vontade de Deus, porque eles terãocentuplicadas as alegrias que lhes faltam na terra, e após o trabalho virá o repouso.”(E.S.E., Cap. V, item 18).

A mensagem de Lacordaire, acima reproduzida, traz à tona o problema dosofrimento, que vemos hoje em dia atingir praticamente a todos, das mais variadasformas. A maioria dos seres humanos ainda não é capaz de enfrentar a dor comresignação. Antes o que se vê é o inconformismo, a queixa intérmina, o abatimentosem limites.

É necessário habituar-se à oração, como um canal de comunicação direta comDeus. Mas, também é indispensável uma fé ardente no Criador, pois, sem ela, aprece apenas sairá dos lábios e não do coração. É preciso entender que muitas

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vezes o mal, a dor, o sofrimento, são os remédios de que necessitamos para a curados nossos males, cuja origem encontra-se na alma. Todavia, não devemos provocara dor, para não sofrer-lhe as conseqüência, nem ter motivos para queixas, pois esta éum ato de submissão às leis divinas.

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•••• P e r d ã o d a s o f e n s a sP e r d ã o d a s o f e n s a sP e r d ã o d a s o f e n s a sP e r d ã o d a s o f e n s a s

•••• A f é q u e t r a n s p o r t a m o n t a n h a sA f é q u e t r a n s p o r t a m o n t a n h a sA f é q u e t r a n s p o r t a m o n t a n h a sA f é q u e t r a n s p o r t a m o n t a n h a s

•••• L i v r e - a r b í t r i o e f a t a l i d a d eL i v r e - a r b í t r i o e f a t a l i d a d eL i v r e - a r b í t r i o e f a t a l i d a d eL i v r e - a r b í t r i o e f a t a l i d a d e

•••• Perdão das ofensas

Os ensinamentos de Jesus tinham um endereço certo: O coração humano. Maisdo que a inteligência, o Divino Mestre falava ao sentimento. A resposta do Cristoa Pedro deve aplicar-se a cada um de nós, indistintamente: “Perdoarás, mas semlimites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás ateus irmãos esse esquecimento de si mesmos, o qual nos torna invulneráveis ásagressões aos maus tratos e às injúrias; serás doce e humilde de coração, nãomedindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas queo Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta onúmero de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas?” (ESSE, Cap.X,item 14).

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É essencial a prática do perdão irrestrito, da indulgência sem limite, da caridadedesinteressada, da renúncia de si mesmo; em última análise, o exercício do amorao máximo que pudermos, para que estejamos em condição de receber operdão a que Jesus se refere na oração dominical.

“Ide, meus bem amados, estudai e comentai essas palavras que vos dirijo, daparte d’ Aquele que, do alto dos esplendores celestes, tem sempre os olhosvoltados para vós, e continua com amor a tarefa ingrata que começou hádezoito séculos. Perdoai, pois, aos vossos irmãos, como tendes necessidade de serperdoados. Se os seus atos vos prejudicaram pessoalmente, eis um motivo a maispara serdes indulgentes, porque o mérito do perdão é proporcional à gravidadedo mal, e não haveria nenhum em passar por alto os erros de vossos irmãos, seestes apenas vos incomodassem de leve.” (E.S.E., Cap. X, item14).

O perdão irrestrito ensinado por Jesus não só se refere às vezes em que devemosexercitá-lo, mas também em relação a quem externá-lo. De fato, o Cristorecomendou o perdão também aos nossos inimigos, o que representa umasuperação das próprias imperfeições. Se desejamos que nossas ofensas sejamperdoadas, não podemos ser intransigentes, duros, exigentes. Mesmo porque sefizermos um exame sincero de consciência, talvez cheguemos à conclusão deque fomos nós mesmos que provocamos a ofensa. Muitas vezes, uma palavra malempregada, uma opinião, dada em momento inoportuno, uma reação maisríspida, um gesto mal recebido, pode degenerar numa antipatia, numa inimizade,numa aversão ferrenha.

“Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: Há o perdão dos lábios e operdão do coração. Muitos dizem do adversário: ‘Eu lhe perdôo’, enquantointeriormente, experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe acontece,dizendo a si mesmo que foi bem, merecido. Quando dizem: ‘Perdôo’, eacrescentam: ‘Mas jamais me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da vida! ’É esse o perdão segundo o Evangelho? Não. O verdadeiro perdão, o perdãocristão, é aquele que lança um véu sobre o passado. É o único que vos serálevado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências; sonda o fundodos corações e os mais secretos pensamentos e não se satisfaz com palavras esimples fingimentos. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é própriodas grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade.Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais doque pelas palavras.” Conforme a sábia mensagem do Apóstolo Paulo (E.S.E.,Cap. X. item 15).

Portanto, é preciso saber perdoar, principalmente com sinceridade e gestoslargos, para que nenhum resíduo de mágoa possa resistir ao impulso de bondadedo coração.

•••• A fé que transporta montanhas

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“Quando voltou para onde estava o povo, chegou-se a ele um homem que,ajoelhando-se a seus pés, disse-lhe: Senhor tem piedade de meu filho, que élunático e sofre cruelmente; muitas vezes cai, ora no fogo, ora na água. Já oapresentei aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar: Jesus respondeu: Ógeração incrédula e perversa, até quando estarei entre vós? Até quando vóssofrerei? Trazei-me aqui o menino. E tendo ameaçado o demônio, este saiu domenino que ficou no mesmo instante curado. Então os discípulos vieram ter comJesus em particular e lhe perguntara: Por que não pudemos nós expulsar essedemônio? Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé; pois, em verdade vosdigo que, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis àquelamontanha: Passa daqui para ali, e ela passaria; nada vos seria impossível. Não seexpulsam os demônios desta espécie senão por meio da prece e do jejum.”(Mateus, 17; 14-21).

Com pequenas variantes, esta passagem também é narrada por outros doisevangelistas. Marcos, no capitulo 9, versículo 14 a 18, e Lucas, no capítulo 9,versículo 37 a 42. Da narrativa de marcos consta o diálogo entre Jesus e o pai domenino que achamos interessante reproduzir:

“Há quanto tempo isto lhe sucede? O pai respondeu: Desde a infância; e oEspírito o tem muitas vezes lançado (ora à água, ora ao fogo) para fazê-loperecer. Se puderdes alguma coisa, tem piedade de nós e socorre-nos. Jesus lhedisse: Se puderes crer, tudo é possível àquele que crê. Logo o pai do meninoexclamou banhado de lágrimas: - Senhor, eu creio, ajuda minha pouca fé.”

Muitas vezes, podemos encontrar nos Evangelhos referencias claras e precisas deJesus ao poder da fé, sendo comum depararmos com expressões semelhantes aesta: “A tua fé te curou”.

Parece-nos que o Mestre dava, por essa forma, ensinos e lições que deveriamficar gravados de todos os presenciavam os fatos, além de seria advertência aosseus futuros seguidores. Recordemos ainda que Jesus afirmou aos apóstolos:“Quem crê em mim, fará o que eu faço e ainda fará mais”. Da mesma formaguardemos a observação feita por Jesus aos 72 discípulos, que, ao regressaremdiziam: “Senhor, até os demônios se nos submetiam em teu nome”; recomendou-lhes então o Senhor que “não se regozijassem por lhes estarem os Espíritossubmetidos, mas antes por estarem os seus nomes escritos nos céus”. (Lucas,10:20).

De tudo se depreende o amoroso cuidado do Mestre para com seus seguidores,alertando-nos sempre contra as tentações do orgulho, para que não seenvaidecessem diante dos resultados que fossem obtendo no desempenho desuas missões, na cura e no alívio dos sofrimentos.

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Invariavelmente, todas as vezes que realizava as curas, Jesus salientava a fé e aconfiança daquele que recebia o benefício e, a respeito das poucas curaslevadas a efeito, em sua Terra, onde “apenas curou alguns poucos doentes”,Jesus “admirou-se da incredulidade deles”. (Marcos, 6: 5-6).

Assim, para ser obtida a cura, torna-se evidente a necessidade da colaboraçãodo doente, isto é, o desejo sincero de ser curado, em nome do Senhor, tudo issoaliado ainda à possibilidade cármica, em face da lei. Todas as doenças podemser aliviadas, mas nem todas podem ser curadas.A confiança nas próprias forças nos torna capazes de executar grandes coisas,mesmo materiais, que não obteríamos se não confiássemos em nós mesmos. Asmontanhas a serem removidas pela fé, referidas no Evangelho, devem ser, antesde mais nada, as montanhas de nossas imperfeições e inferioridade constituídasde má vontade, resistência, preconceitos, interesses materiais, egoísmo,fanatismo, paixões orgulhosas, etc.

A fé sincera e verdadeira é sempre calma, paciente e humilde. Deve sercultivada pela moralização de nossos costumes; pela pureza de pensamentos,palavras e atos; pela crescente confiança na ilimitada bondade divina, paradesenvolver dentro de nós a força magnética que nos possibilitará agir sobre ofluido universal e que, usada convenientemente, pela nossa vontade, é capaz deoperar prodígios, sempre que é utilizada em benefício do nosso próximo.

Jesus disse aos discípulos que aquela espécie de espírito obsessor só sairia pelaoração e pelo jejum. Devemos entender, então, que, através de uma féfervorosa, vertida em sentida prece, que é pensamento puro, fruto do amor,poderemos expeli-lo, desde que estejamos em jejum, isto é, em condições moraissatisfatórias de abstinência de pensamentos culposos, de sobriedade nasatisfação de nossas necessidades e austeridade de proceder.

Nas palavras repassadas de sentimento daquele pai, que banhado em lágrimas,diz: “Eu creio, Senhor, ajuda a minha pouca fé”, podemos sentir uma expansãode simplicidade e de humildade, pois certo do poder de Jesus para lhe atender àsuplica, não se sentia ele próprio bastante forte na sua fé para merecer tal graça.

•••• Livre-arbítrio e fatalidade

Ao tratar da criação dos Espíritos, Galileu Galilei (Espírito), assim se expressa: “OEspírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, ao mesmo tempo,o livre arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passadopela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elaboralentamente a obra de sua individualidade; é somente a partir do dia em que oSenhor imprime sobre sua fronte seu augusto sinal, que o Espírito toma lugar entreas humanidades.” (A Gênese, Cap. VI, item 19).

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O homem goza do seu livre-arbítrio a partir do momento em que se manifesta avontade de agir livremente; porém, “nas primeiras fases da vida a liberdade équase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades.” (L.E., 844).

A liberdade de agir, portanto, é relativa, pois depende primeiramente davontade de realizar algo. No princípio de seu desenvolvimento, o espírito aindanão sabe direcionar sua vontade, senão para a satisfação de suas necessidadesbásicas. Neste caso, prevalece o instinto. Uma vez ampliada a sua consciência,novos interesses surgem. À medida que sua vida vai se tornando complexa, olivre-arbítrio é limitado pela atuação da lei de causa e efeito, até que o serconsiga libertar-se do círculo das reencarnações e aí seu exercício se torna pleno.De maneira geral, contudo, somos livres para agir e somos responsáveis pelosesforços que fazemos para superar os obstáculos, para realizar nosso programade vida e para progredir. Nenhuma oportunidade nos é negada; mas nãopodemos pensar em fazer as coisas de qualquer jeito, burlando as leis divinas,como burlamos as leis humanas.

Isso não quer dizer que haja um fanatismo nos acontecimentos da vida, como setudo já estivesse escrito previamente; pois; “fatal, no verdadeiro sentido dapalavra, só o instante da morte” (no conceito do Espírito da Verdade a Kardec –L.E., 853). Todavia, só morremos quando nossa hora é chegada. Essa hora éaquela prevista em nosso programa encarnatório ou aquela que assinalamospela nossa imprevidência (excessos que cometemos, perigos desnecessários aque nos expomos, vícios que abreviam nossa existência, etc.). Não sabemos deantemão que gênero de morte deveremos sofrer, mas sim a que tipo de perigosestamos expostos pelo gênero de vida que escolhemos.

Alem disso, na nossa condição evolutiva, estamos sujeitos, irrresistivel-mente, à lei das reencarnações, pois se o Espírito permanecesse no mundoespiritual, “ficar-se-ia estacionário, e o que se quer é avançar para Deus” (L.E.,175-a). Portanto, o momento da encarnação, como o da desencarnação, éfatal: “a fatalidade só consiste nestas duas horas: aquelas em que deveisaparecer e desaparecer deste mundo” (L.E., 859).

Mas, há um outro tipo de fatalidade, referente à escolha que o Espírito faz de suasprovas, no momento da encarnação. Ciente de suas necessidades, “traça parasi mesmo uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição emque se encontra” (L.E., 851). É o caso das provas físicas, que vão delimitar asmanifestações do próprio Espírito. Quanto às provas morais e às tentações,poderá ceder ou resistir a elas, pois conserva o livre-arbítrio para o bem e o mal.Neste caso, conscientiza-se da necessidade do auto conhecimento e da reformaíntima e faz tudo por melhorar-se, superando suas imperfeições.

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R o t e i r o 0 9R o t e i r o 0 9R o t e i r o 0 9R o t e i r o 0 9

•••• E s q u e c i m e n t o d o p a s s a d oE s q u e c i m e n t o d o p a s s a d oE s q u e c i m e n t o d o p a s s a d oE s q u e c i m e n t o d o p a s s a d o

• O s s o n h o sO s s o n h o sO s s o n h o sO s s o n h o s

• O s f a l s o s c r i s t o s e o s f a l s o sO s f a l s o s c r i s t o s e o s f a l s o sO s f a l s o s c r i s t o s e o s f a l s o sO s f a l s o s c r i s t o s e o s f a l s o s

p r o f e t a sp r o f e t a sp r o f e t a sp r o f e t a s

•••• Esquecimento do passado

O início de uma encarnação para o homem é sempre cercado de expectativase dúvidas. É uma nova experiência que se inicia e a ela o ser apresenta-se comoum “livro em branco”, em que deverá escrever a história de sua existência.

Espírito milenar, tendo vivido muitas outras encarnações, o homem é uma obraem andamento, um livro que já se encontra preenchido em boa paret de suaspáginas. Por que não conseguimos lê-lo? Porque faz parte do processoencarnatório o esquecimento do passado. Em razão dele, somos mais autênticos.

De fato, se hoje somos imperfeitos, no passado o fomos ainda mais; se hojecometemos tantos erros, se ainda nos envolvemos com as ilusões do mundo, serevelamos constantemente traços de animalidade (violência, ódio, indiferença),podemos imaginar como teremos sido no passado mais distante.

Se ele estivesse vivo em nossa consciência, tornar-se-ia, certamente umempecilho para as novas experiências. Se nos lembrássemos dos erros cometidos(ou daqueles que cometeram contra nós), viveríamos torturados pela culpa, peloremorso, pelo desejo de vingança, etc. Se tivéssemos tido existências venturosas econfortáveis, no poder, no luxo e na riqueza, o orgulho, o egoísmo e a vaidade

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seriam um entrave para o nosso livre - arbítrio. De qualquer forma, asperturbações às nossas relações sociais seriam inevitáveis, visto nos lembrarmosdo que fizéramos ou sofrêramos de nosso próximo, mormente aquele que conviveconosco.

Por este motivo, a misericórdia divina concedeu-nos o que é necessário esuficiente para o sucesso da nova existência a cumprir, isto é, a voz daconsciência e as tendências instintivas, que nos permitem identificar aquilo queprecisamos fazer para nos corrigir e progredir no presente, superando asmontanhas dos nossos erros e imperfeições e prosseguindo no processo evolutivocom maior liberdade e a certeza de que se Deus lançou um véu sobre o nossopassado, isto ser-nos-á o mais adequado.

Em O Evangelho Segundo o espiritismo, Kardec assim interpretou o esquecimentodo passado: “O Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu, ese encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhestenha feito. Se nelas reconhecesse as mesmas que havia odiado talvez o ódioreaparecesse. De qualquer modo, ficaria humilhado perante aquelas pessoasque tivesse ofendido”.

“O homem traz, ao nascer, aquilo que adquiriu. Ele faz exatamente como se fez.Cada existência é para ele um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber oque foi: Se está sendo punido, é porque fez o mal, e suas más tendências atuaisindicam o que lhe resta corrigir em si mesmo. É sobre isso que ele deveconcentrar toda a sua atenção, pois daquilo que foi completamente corrigido jánão mais resta sinais. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência,que o adverte do bem e do mal e lhe dá a força de resistir às más tentações.”

Ora, a lembrança do passado jamais se perde. Muitas vezes, sinais do passadotransparecem sutilmente em nossos gestos, em nossos atos, em nossas palavras.Em nossos relacionamentos, as lembranças ficam apagadas, veladas; todavia,elas continuam vivas nos registros profundos da consciência. As questões queficaram em aberto, os problemas não resolvidos no passado, mantêm-sepresentes na consciência, embora latentes, aguardando novas resoluções. O quejá foi superado funde-se à personalidade, permitindo um caminhar mais liberto esereno. O esquecimento do passado jamais será um obstáculo à melhoria doespírito; antes, é um beneficio inestimável concedido à criatura humana.

E, após a morte, o Espírito recobra a lembrança do passado, para que possatomar boas resoluções em relação às suas próximas encarnações.

•••• Os sonhos

O sonho define-se como a lembrança do que o Espírito viu durante o sono(L.E.,402). Kardec, analisando essa mesma resposta dos Espíritos, complementa

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dizendo que os sonhos são o produto da emancipação da alma, que se tornamais independente pela suspensão da vida ativa e de relação.

O Espírito, jamais ficando inativo, experimenta durante o sono o afrouxamentodos laços que o unem ao corpo, permitindo-lhe o contato direto com os outrosEspíritos. Por essa razão é que o sono influi, muito mais do que pensamos, emnossa vida. O período de sono, portanto, é de vital importância para os Espíritos,representando A porta que Deus lhes abriu para o contato com seus amigos docéu. Alem disso, é o recreio após o trabalho, após as tribulações da vida diária.

Para a Humanidade de um modo geral, os sonhos sempre tiveram grandeimportância. Na Bíblia, temos os episódios de José e o Rei do Egito; o de Daniel eNabucodonossor; e o de Jacó, entre outros. Na História geral, temos a revelaçãode Dante Alighieri acerca de sua obra, a Comédia, e os três sonhos de Renédescartes, em que o Espírito da Verdade o aponta como autor de uma CiênciaAdmirável. Na História do Espiritismo, Andrew Jackson, num sonho, tem umaampla visão do mundo invisível. Na psicanálise, Freud utilizou os sonhos comoelementos de análise do psiquismo humano.Na História da Religião, são conhecidos os episódios envolvendo Santo Afonso deLiguori, Santo Antônio de Pádua, Santo Ambrósio e São Francisco Xavier, com seusfamosos desdobramentos. Na doutrina

Espírita, são dignos de lembrança os casos de desdobramento de EurípidesBarsanulfo, quando professor em sua cidade natal (Sacramento, no estado deMinas Gerais).

Em sonhos, também, podem acontecer casos de premunição, como o da mulherde César, que toma conhecimento da conjunção de Brutus, ou como o deAbraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos da América, que vislumbrou suaprópria morte e funeral.

Podemos dizer, então, que há dois tipos de sonhos: Os sonhos reais, em que nósfazemos contatos com seres ou coisas do mundo espiritual, indo a lugares que nossão permitidos devido a nossa condição evolutiva. Já os sonhos do subconscientenão são mais do que reproduções de pensamentos, imagens e impressões queafetaram nossa mente no estado de vigília.

É comum, em sonhos, ter-se pressentimentos que jamais se cumprem. Da mesmaforma, podemos receber sugestões ou encontrar respostas para a nossaproblemática mais aguda. Ocorrem visitas a seres conhecidos ou a lugaresdistantes, que algumas vezes nem conseguimos identificar. E isso ocorre quasetodas as noites, pois, quando dormimos, prevalece a vida da alma. As visitas entrevivos podem ser provocadas, desde que o homem deseje e lhe seja permitido.

Todavia, na Doutrina Espírita não há prática de interpretação dos sonhos, porquea rigor, não se conhece o mundo íntimo e os problemas encarnato- tórios das

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criaturas. Ademais, no Espiritismo aprendemos a nos libertar da simbologia,geralmente usada de maneira indevida para desvendar os conteúdos éticos emorais do psiquismo.

Não nos lembramos sempre dos sonhos, em grande parte, devido à influência damatéria pesada e grosseira, que limita as possibilidades de manifestação daalma. Contudo, deve-se considerar também a falta de desenvolvimento doEspírito e seu mediano grau de evolução, que os impedem de lembrar-se dascoisas corriqueiras do dia-a-dia, como de seus próprios sonhos. Ao despertar, porvezes, conservamos uma lembrança fugaz dos nossos sonhos e logo depois já nãonos lembramos mais deles. Mas, outras vezes, os sonhos permanecem vivos emnossa memória, sugerindo-nos pensamentos novos e novos caminhos a percorrer.

•••• Os falsos cristos e os falsos profetas

Entre as advertências do Cristo para a nossa necessidade de oração e vigilância,está a questão dos falsos cristos e dos falsos profetas. Estes são os que “exploram,em proveito de sua ambição, de seus interesses e de seu desejo de dominação,certos conhecimentos que possuíam, para conseguirem o prestígio de um podersupostamente sobre-humano ou de uma pretensa missão divina” (E.S.E., Cap. XXI,item 5).

Portanto, é necessário manter-se atento, vigilante, nos dia de hoje, para não nosdeixarmos levar pelo erro, pela mentira, pela hipocrisia. Há muitas criaturas que seutilizam de pretensos “prodígios” para captar a confiança dos que dele seaproximam e auferir vantagens pessoais. Indivíduos que têm mel nos lábios e felno coração propagam deliberadamente idéias fantásticas, miraculosas, como sefossem verdadeiros milagres, fato que se repete há muito tempo.

“São esses os falsos cristos e os falsos profetas. A difusão dos conhecimentos vemdesacreditá-los, de maneira que o seu número diminui, à medida que os homensse esclarecem. O fato de operarem aquilo que, aos olhos de algumas pessoas,parece prodígio não é, portanto, nenhum sinal de missão divina. Esses prodígiospodem resultar de conhecimentos que qualquer um pode adquirir, ou defaculdades orgânicas especiais, que tanto o mais indigno como o mais dignopodem possuir. O verdadeiro profeta se reconhece por características mais sérias,exclusivamente de ordem moral.” (E.S.E., Cap. XXI, item 5).

Embora as palavras cristos e profetas sejam tradicionalmente do âmbito religioso,não se pode negar que nas mais diversas atividades humanas, como a ciência, ocomércio, a literatura, podemos encontrar criaturas caracterizadas dessa mesmaforma: Indivíduos revestidos dos mais nobres títulos do saber humano, queinescrupulosamente semeiam o desespero, a descrença e a desilusão.

As palavras de Jesus aplicam-se a todos aqueles que, podendo conduzir seussemelhantes para a glória do bem e da felicidade, preferem os falsos caminhos,jamais percorridos pelos verdadeiros cristãos. Não podemos nos enganar, pois

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“cada criatura traz na fronte, mas sobretudo nos atos, a marca de sua grandezaou de sua decadência”. Deve-se, portanto, analisar as obras de cada um, paraidentificar as virtudes que as embasa: É importante que ali haja “a caridade, oamor, a indulgência, a bondade que concilia todos os corações; e, seconfirmando as palavras, lhes juntam os atos, então podereis dizer: Estes sãorealmente os enviados de Deus”.(E.S.E., Cap. XXI, item 8).

O espiritismo, revelando uma outra categoria de falsos cristos e de falsos profetas– que são justamente os Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos ou pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e se disfarçam com nomesveneráveis -, confirma a advertência do apóstolo João, em sua primeira epístola:“Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são deDeus, porque são muitos os falsos profetas que se levantarão no mundo”. (4:1).

Se a morte não santifica ninguém, como aprendemos na Doutrina, é certo queno Plano Espiritual vamos encontrar Espíritos nas mais diversas condiçõesevolutivas morais e intelectuais (bons e maus, amigos e inimigos do bem, sábios eignorantes, sinceros e hipócritas). É preciso adotar um critério seguro para avaliara comunicação e saber se provém de um bom ou de um mau Espírito.

Como dizia Jesus, pelo fruto se reconhece a árvore; toda árvore boa dá bonsfrutos, toda árvore má dá maus frutos. É pela obra, então, que se conhece seuautor; mas o cristo ia além, enfatizando: “Conhecereis a verdade e a verdadevos tornará livres” (Jô, 8:32). Daí a sempre atual exortação do espírito daVerdade: “Amai-vos e Intruí-vos”, pois através do estudo sério e metódico,estaremos melhor preparados para evitarmos o enganos e a fraude. A doutrinaEspírita é uma doutrina de conhecimento e através dela, se bem estudada e bemvivenciada, nos imunizamos contra inúmeros males, inclusive os perpetrados pelosfalsos cristos e falsos profetas.

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R o t e i r o 1 0R o t e i r o 1 0R o t e i r o 1 0R o t e i r o 1 0

• F l u i d o sF l u i d o sF l u i d o sF l u i d o s

• C o n c e i t o s o b r e m i l a g r e .C o n c e i t o s o b r e m i l a g r e .C o n c e i t o s o b r e m i l a g r e .C o n c e i t o s o b r e m i l a g r e .

• A j u s t i ç a d i v i n a .A j u s t i ç a d i v i n a .A j u s t i ç a d i v i n a .A j u s t i ç a d i v i n a .

• N ã o j u l g u e , c o m p r e e n d a .N ã o j u l g u e , c o m p r e e n d a .N ã o j u l g u e , c o m p r e e n d a .N ã o j u l g u e , c o m p r e e n d a .

1. Os fluidos

“Na natureza parece que se encontra uma substancia sutilíssimo, tenuíssima evolicíssima que, depreendendo-se pelo universo, penetra por toda a parte semoposição, aquece, vivifica e torna fecunda todas as criaturas vivas”.

Esse é um trecho da carta de Galileu Galilei (1564 ~1642) escreveu aomonsenhor Piero Dini em 23 de março de 1615, referindo-se ao fluido universal.

Galileu, nome que lembra Jesus, o sublime Galileu. O Galileu Galilei de quefalamos, nasceu em Pisa e foi um gênio que estudo leis físicas, construiu otermômetro e o telescópio; astrônomo, adota a tese de Copérnico, doHeliocentrismo, o que valeu um processo inquisitório em Roma, e, para não sercondenado, renega sua proposição. Após três séculos de equívocos, em 31 deoutubro de 1992, o Vaticano pretendendo reabilitar Galileu, reabilita-se.

Séculos depois, em 1862 e 1863, o Espírito Galileu Galilei comunica-se pelapsicografia de Camille Frammarion e temos o Capitulo VI, de A Gênese, quetrata de “Uranografia” (descrição do céu), dando-nos a magníficaconcepção da Gênese dos Mundos, com a visão do Espírito, já liberto docorpo carnal.

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Fluido Universal

Sabemos hoje, existir um fluido etéreo que enche o espaço e penetra oscorpos – fluido gerador de mundos e de seres, que é a matéria cósmicaprimitiva. O FLUIDO UNIVERSAL é uma criação da divindade e o principioelementar de todas as coisas.

O fluido cósmico (ou fluido universal), sendo matéria elementar básica,primitiva, suas transformações e modificações constituem a inumerávelvariedade de corpos da natureza. Essas transformações e modificações doprincípio elementar do universo assumem estados que variam desde o estadofluídico ou etéreo (no plano espiritual), até a condensação ou materialização(no plano físico).

Principio Vital

Vimos que “esse fluido penetra os corpos, como um oceano imenso. É neleque reside o principio vital que dá origem ä vida dos seres e a perpetua emcada globo, conforme a condição deste principio que, em estado latente, seconserva adormecido, onde a voz de um ser não o chama” (GE., cap. VI, item18).Assim, é exato dizer-se que “Deus há criado sempre, cria incessantemente enunca deixará de criar”.

Ação dos Espíritos sobre os Fluidos

Os Espíritos, por meio do pensamento e da vontade, agem sobre os fluidosdeterminando esta ou aquela direção, combinação ou dispersão.Atuando sobe os fluidos, dão-lhe formas, cores, mudam suas propriedadesquímicas, etc., produzem, assim, aparências, roupas, objetos que desejam.Com a desencarnação, o Espírito que continuar com o seu pensamentoconcentrado na vida material que tivera, sente-se ainda “vivo”, criando parasi um ambiente fluídico denso, fazendo-o sofrer; daí a necessidade darenovação constante pelo estudo e pratica do Bem.

Qualidade dos Fluidos – Efeitos

Agindo os Espíritos sobre os “fluidos espirituais” (matéria quintessenciada), suasconseqüências sobre os encarnados são diversas, podendo estar impregnadasde qualidades boas ou más, que podem ser modificadas em função dapureza ou impureza de seus sentimentos. Os maus pensamentos corrompem osfluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável.

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Se estivermos em uma reunião onde as pessoas procuram emitir bonssentimentos purificados formam uma corrente fluídica benéfica. Se ospensamentos forem fúteis ou vulgares do ponto de vista moral, as emanaçõesfluídicas serão de baixo teor.

Do ponto de vista físico, esses fluidos podem ser, entre outros: excitantes oucalmantes, irritantes ou dulcificantes, repulsivos ou reparadores, trazendo, doponto de vista moral, expressões de ódio, ciúme, orgulho, egoísmo; ou ainda,de bondade, caridade, benevolência e amor.

Perispirito – Ação dos Fluidos

O Perispirito é um dos produtos mais importantes do Fluido Universal.O Espírito extrai o seu envoltório semi-material do fluido ambiente do planetaem que vai habitar. Daí resulta que esses elementos devem variar segundo osmundos e o adiantamento moral do Espírito encarnante (GE. Cap. XIV, itens 7e 8).

Foi chamado corpo fluídico ou corpo espiritual por Paulo de Tarso, demediador plástico por Emmanuel, e recebeu muitos outros nomes; Kardec ochamou de Perispirito.

Serve de ligação entre a Alma e o corpo; é o intermediário, que transmite aoEspírito as sensações recolhidas pelo corpo físico; e é por ele que o Espíritomanifesta a sua vontade ao exterior.

Atuado sobre os órgãos da matéria, o Perispirito é o órgão sensitivo do Espírito(GE., Cap. XIV, item 22).

O Espírito nunca se desliga do seu Perispirito, mas a natureza deste se eteriza, narazão de sua elevação moral.

• Conceito sobre milagre.

O milagre, entendido como “um ato do poder divino contrário às leis conhecidasda natureza”, implica na idéia de um fato sobrenatural, maravilhoso, impossívelde ser explicado pela ciência dos homens. A ignorância, a superstição, osdogmas inibem a muitos de se dedicarem ao estudo dos ensinamentos dosEspíritos, com receio de pecarem, de irem para o inferno ou de serem envolvidospelos demônios. Diga – se, de início, deixando bem claro, que o Espiritismo não faz milagres, poismuitas pessoas desiludidas com as crenças dogmáticas, com as Ciências dohomem ou com as dificuldades da vida material, se voltam para o mundoespiritual, buscando através dos fenômenos medianímicos, a salvação ou

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eliminação de seus problemas econômicos, de saúde, sentimentais, etc. e, muitasvezes, deixam- se envolver por charlatães e embusteiros, ou se prendem a umfanatismo exacerbado. O ensinamento do Cristo, todavia, em relação às curas, éuniforme e se resume nestas afirmações:

a) Tua Fé te curou;b) Vai e não peques mais.

Estas afirmações deixam claro que a imposição das mãos por Jesus, a dosmédiuns, ou a intervenção dos Espíritos são lenitivos oferecidos ao aflito por razõesmuito diversas, cabendo a cada um examinar e compreender; segundo odiscernimento que alcançou.Não se deve esperar, pois, por milagres dos médiuns e do Espiritismo.O conhecimento da Doutrina não se dá de um momento para outro,participando de algumas reuniões ou de algumas palestras, mas através dameditação, da reflexão e da vivência dos seus ensinamentos no aprendizadoespírita-cristão. Somente assim o homem pode tornar – se médico de si mesmo,produzindo em si a Reforma Íntima, buscando em si o homem novo, através dobom combate. Assim, conhecendo a verdade, ele se libertará da multidão desuas faltas.

No decorrer do estudo, descobre – se:

a) “Que durante a sua encarnação, o espírito age sobre a matéria por intermédiode seu corpo fluídico ou Perispírito; o mesmo sucede fora da encarnação. ComoEspírito, e na medida de suas capacidades, ele faz o que fazia como homem;somente, como não tem mais o seu corpo carnal com instrumento, serve – se,quando tal é necessário, dos órgãos materiais de um encarnado chamadomédium”. b) “A intervenção de inteligências ocultas nos fenômenos espíritas não os tornamais miraculosos que todos os demais fenômenos devidos a agentes invisíveis,pois esses seres ocultos que povoam os espaços são uma das potências danatureza, potência essa, cuja ação é incessante sobre o mundo material, comosobre o mundo moral”.

c) Que “o Espiritismo, esclarecendo – nos acerca desse poder, nos dá a chave deuma multidão de coisas inexplicadas, e inexplicáveis por quaisquer outros meios,e que, em tempos recuados, puderam passar por prodígios; de modo semelhanteao magnetismo, ele revela uma lei, senão desconhecida, pelo menos malcompreendida; ou, dizendo melhor, conhecem – se os efeitos, pois sãoproduzidos em todos os tempos, mas não se conhecia a lei; e a ignorância dessalei, o maravilhoso desaparece, e os fenômenos voltam à ordem das coisasnaturais... Aquele que pretendesse, com o auxílio dessa Ciência, fazer milagres,ou seria um ignorante do assunto ou um charlatão”.

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d) Que “os espíritos agem sobre os fluidos espirituais com o auxílio do pensamentoe da Vontade. (*) Os pensamentos imprimem a esses fluidos esta ou aqueladireção; eles os aglomeram, os combinam ou os dispensam; formam, comesses materiais, conjunto que tenham aparência, forma ou cor determinadas;mudam suas propriedades como químico altera as propriedades dos gases ou deoutros corpos, combinando-os segundo determinadas leis. É a grande oficina oulaboratório da vida espiritual.”

e) Que o espiritismo não faz milagres, mas o homem pode fazê–lo em si mesmo,vivenciando o aprendizado espírita-cristão, não em um dia ou em um ano, masminuto a minuto, durante séculos, corrigindo tendências, superando as influênciasda natureza animal e acrisolando a supremacia do Espírito sobre a matéria. Porisso, a cada um segundo suas obras, conforme sua fé, seu discernimento e a suaconduta devotada e abnegada à causa do bem.

f) Que existem leis naturais ou divinas reguladoras da ordem universal, às quaistudo é submetido, inclusive o Princípio Inteligente; mas a este, enquanto homem,por seu livre-arbítrio, sob pena de assumir, por sua responsabilidade, a expiação eo resgate posteriores. Foi isto o que disseram os Espíritos em O Livro os espíritos, naquestão 123: “A sabedoria de Deus se encontra na liberdade da escolha queconcede a cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras”,confirmando Jesus: “A cada um segundo usas obras.”

(*)A Gênese, cap XIV, item 14.

• A Justiça Divina

Entre os atributos de Deus, encontra – se o de sua soberana justiça e bondade(qualidades indubitáveis da divindade), em seu mais alto grau: “o infinito de umaa qualidade exclui a possibilidade da existência de uma qualidade contraria quediminuísse ou anulasse” ( A Gênese, Cap II, Item 14). Portanto, não se duvidar dajustiça e da bondade divinas, medida precisa da sabedoria providencial, que serevela tanto nas menores quanto nas maiores coisas. Mas, ainda vemos muitas criaturas, cristalizadas nas ilusões do mundo, que, aomenor sopro das adversidades, são capazes de questionar a justiça divina. Paraestes, “ Deus castiga, Deus pune, Deus não é justo”. Em outros momentos, poruma alegria fugaz, “Deus é maravilhoso, Deus é bom, Deus é justo”. Talcontradição encontra – se na criatura e não no Criador. “Deus não poderia ser ao mesmo tempo bom e mau, pois então, não possuindonenhuma e tais qualidades no grau máximo, não seria Deus; todas as coisasseriam submetidas ao seu capricho, e não haveria estabilidade para nada. Elenão poderia se senão infinitamente bom, oi infinitamente mau; ora, como suasobras testemunham sua bondade e sua solicitude, necessariamente se conclui

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que, não podendo ao mesmo tempo ser bom e mau, sem cessar de ser Deus,deve ser infinitamente bom.

“A soberana bondade implica na soberana justiça, pois se ele agisseinjustamente ou com parcialidade numa só circunstância, ou em relação a umasó de suas criaturas, não seria soberanamente justo e, por conseqüência, nãoseria soberanamente bom”. ( A Gênese, Cap II, Item 14).

A lição é muito significativa. Não podemos continuar tendo uma idéia de Deus,porque Ele "não se mistura à cadeia das suas criaturas", como bem definiu LéonDenis. Não podemos pensar num Deus caprichoso, mudando de humor a cadainstante; devemos, antes, abandonar a idéia de Deus humanizado, descrito ànossa imagem e semelhança, já que desconhecemos complemente suanatureza íntima. " O Pai a ninguém julga, mas deu ao filho to o poder de Julgar" (Jo, 5:22), disseJesus, com toda prioridade. O filho da frase não era evidentemente, o próprioCristo: " Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo" (Jo, 8:15), como elemesmo afirma e confirma:

" Se alguém ouvir as minhas palavras e não guardar, eu não o julgo, porque nãovim julgar o mundo, mas para salvar o mundo" (Jo, 12:47). Esse filho é cada um denós, que tem o poder de julgar a si mesmo.

Na verdade, não se trata e uma aberração da Providência Divina, mas de umprocesso natural. Afinal, onde se encontra escrita a lei de Deus? " Naconsciência" (L.e., 621), responderam os Espíritos a Kardec. Isto significa que, aochegar à espiritualidade, finda a romagem terrena, o Espírito não encontrará umtribunal formado, juízes togados ou Promotores de Justiça prontos para sentenciá-lo. Contudo haverá um outro julgamento, uma avaliação da existênciaterminada, naquilo que houve de mais importante.

Esse julgamento se dará no "Tribunal da Consciência", onde cada um é seupróprio juiz e julgará de acordo com a verdade, sem procurar atenuar suas falhas,mas sendo o mais justo quanto possível. As leis imperantes nesse tribunal não sãoas humanas (falhas, lacunosas, obscuras), mas as leis Divinas (sábias,harmonizadoras, perfeitas). A sentença é equilibrada, isto é, abrange todo ocampo das necessidades de aperfeiçoamento de Espírito mais voltada para ofuturo até do que para o passado, traçando os próximos passos do indivíduo nosentido de sua reformulação moral. Em posse dela, o Espírito começa a preparar -se para o retorno a vida corporal, com novas expectativas, ciente dasprobabilidades de reincidência no erro, motivo que o leva a fazer um esforçomaior para corrigir - se.

Em tudo e por tudo, apresenta - se a Providência Divina, que " é a solicitude deDeus pelas suas criaturas" ( A Gênese, Cap II, Item 20) Os perigos a que estamosexpostos não são mais do que advertências para nos desviar do mal e bons

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tornar melhores a cada passo. " Se examinarmos a cauda e a natureza do perigo,veremos, que na maioria das vezes, as consequências foram a punição de umafalta cometida ou de um dever negligenciado. Deus vos adverte para refletirdessobre vós mesmos e vos emendardes" (L.E., 855)

A necessidade de reflexão é permanente para cada um de nós. É o melhor meiode nos melhorarmos já nesta vida e resistirmos ao arrastamento do mal. Sócrates,imortalizando o " conhecer-te a ti mesmo", enfatizou também que " a vida semexame é indigna do homem". Santo Agostinho reforçou esse pensamento: "oconhecimento de si mesmo é, portanto a chave do melhoramento individual"(L.E., 919-a). Estamos, pois atentos a nós mesmos, a todo o momento, para que aJustiça Divina possa vir mais em abandono das nossas virtudes e menos emcorrigindo nossas imperfeições.

• Não julgue, Compreenda...

Dizia o filósofo Protágoras que “o homem é a medida de todas as coisas”. Podesê-lo, de fato, do ponto de vista filosófico e científico. Porém, quando o que setem para medir é o comportamento alheio, recomenda – se, em primeiro lugar,cautela, bom senso, prudência, já que, como ensinava o Divino Mestre Jesus: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado,atire – lhe a primeira pedra” (Jô, 8:1-11) E qual de nós pode, realmente, sequer pensar em atirar a primeira pedra?...

Além, disso, o Excelso Amigo nos alertava, no Sermão do Monte, para aresponsabilidade de julgar o próximo: “Não julgueis, para que não sejais julgados.Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com quetiverdes medido vos hão de medir a vós”. (Mt, 7:1-2) Na verdade, nenhum de nósgosta de ser julgado pelo outro; esta é mais uma razão para que não nosdisponhamos a julgar ninguém (nem mesmo em pensamento).Emmanuel também nos orienta para a necessidade de benevolência nosjulgamentos, mormente quando se tratar de assuntos do coração, em que aindasomos deficientes. Diz o notável mentor espiritual: “Se alguém vos parece cair,sob enganos do sentimento, silenciai e esperai! Se alguém se vos afigura tombarem delinqüência, por desvarios do coração, esperai e silenciai!... Sobretudo,compadeçamo-nos uns dos outros, porque, por enquanto, nenhum de nósconsegue conhecer tão exatamente, a ponto de saber hoje qual o tamanho daexperiência afetiva que nos aguarda amanhã. Calai a vossos possíveis libelos,ante as supostas culpas alheias, porquanto nenhum de nós, por agora, é capazde medir a parte de responsabilidade que nos compete a cada um nasirreflexões e desequilíbrios dos outros...”

Em tudo devemos nos inspirar em Jesus, “o tipo mais perfeito que Deus ofereceuao homem, para lhe servir de guia e modelo” (L.E., 625), e que nos apontavasempre a necessidade de humildade, paciência, compreensão, perdão,benevolência, indulgência. Ele tinha a fórmula exata para a solução de todas as

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modalidades de problemas derivados das relações humanas, que sintetizava numpensamento profundo: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”

O mestre falava de amor incondicional, do amor sublime, irrestrito, perene, quederiva estender – se ao parente difícil, ao companheiro rebelde, ao ofensor, aoadversário, ao inimigo... Nada pode substituir esse sentimento, nada é capaz defazer cicatrizar uma ferida com tanta eficácia, nada se lhe pode opor com o fimde neutralizá–lo. O amor, enfim, cobre a multidão dos pecados, como enfatiza, etudo devem fazer para agir em seu nome, com pureza de alma.

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CENTRO ESPÍRITA PADRE ZABEU KAUFFMAN

CURSO PREPARATÓRIO DE ESPIRITISMO

R o t e i r o 11R o t e i r o 11R o t e i r o 11R o t e i r o 11

• A p o r t a e s t r e i t a .A p o r t a e s t r e i t a .A p o r t a e s t r e i t a .A p o r t a e s t r e i t a .

• S e d e p e r f e i t o s .S e d e p e r f e i t o s .S e d e p e r f e i t o s .S e d e p e r f e i t o s .

• O E s p i r i t i s m o c o m oO E s p i r i t i s m o c o m oO E s p i r i t i s m o c o m oO E s p i r i t i s m o c o m o

c o n s o l a d o r p r o m e t i d o .c o n s o l a d o r p r o m e t i d o .c o n s o l a d o r p r o m e t i d o .c o n s o l a d o r p r o m e t i d o .

• A porta estreita

Entre os extraordinários ensinamentos do Divino Mestre Jesus, delineados noSublime Sermão do Monte, cap. 7 do Evangelho segundo Mateus, vers. 13-14,encontramos a passagem das Duas Portas, em que Cristo nos aponta o melhorcaminho a seguir, nas sendas da evolução do Espírito. A idéia das portas, porém, já era encontrada nas antigas tradições, como locaisde passagem entre dois estados, entre dois mundos distintos em do outro (entre oconhecido e o desconhecido, entre a luz e as trevas), e levando a resultadosinteiramente diversos. O iniciado era preparado, através de duras provas, para atravessia, cabendo – lhe, todavia escolher a forma como realiza–la.

Tratava – se dos rituais de passagem, em que a travessia era uma viagem rumo asituação diversa daquela em que o candidato vivera até aquele momento. Nastradições judaicas e cristãs, essa passagem transformou – se num acesso àRevelação. Ainda hoje essa tradição é mantida e pode ser sentida em diversosrituais modernos, como, por exemplo, nos “ trotes” universitários, em que oscalouros são submetidos, freqüentemente, a humilhações e violências extremas.

N’O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos a lição da porta assimcolocada por Allan Kardec: “A porta da perdição é larga, porque as más paixõessão numerosas e o caminho do mal é o mais freqüentado. A da salvação éestreita, porque o homem que deseja transpô–la deve fazer grandes esforços

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para vencer as suas más tendências, e poucos se resignam a isso”. Completa – sea máxima: São muitos os chamados e poucos os escolhidos.

“Esse é o estado atual da humanidade terrena, porque, sendo a Terra um mundode expiações, nela predomina o mal. Quando estiver transformada, o caminhodo bem será o mais freqüentado. Devemos entender essas palavras, portanto,em sentido relativo e não absoluto. Se esse tivesse de ser o estado normal daHumanidade, Deus teria voluntariamente condenado à perdição maioria dascrianças, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todojustiça e todo bondade”. (Cap. XVIII, item 5).Ao analisar a questão posta por Jesus, Emmanuel situa as portas na “muralha dotempo”, delimitando as dimensões passado e presente, aquém e futuro, além damuralha, para mostrar-nos que podemos permanecer na comodidade dosdesacertos do mundo ou optarmos pela renovação dos nossos valores.

De fato a porta larga (a da perdição), aponta para as ilusões do mundo: asmás paixões, os vícios, os maus hábitos, as frustrações, os desequilíbrios, as mástendências, as concepções errôneas. É o caminho mais trilhado, visto que aHumanidade ainda não se deu conta da importância da vida futura, preferindopermanecer nas cogitações do imediatismo e das sensações, degradando – senos atrativos que essa porta oferece.

Entorpecido pelas vivências exteriores e periféricas, o Espírito mergulha cada vezmais nas diversões materialistas, acreditando que tem em suas mãos as rédeas dodestino e que poderá a qualquer momento, num “passe de mágica”, alterar osresultados das suas ações. Equivocado, ignora os meandros da Lei de Causa eEfeito, que mais cedo ou mais tarde o chamará a complexos reajustes.

O que elegeu a porta estreita, ao contrário, é um Espírito amadurecido econsistente, enxergando com os olhos da alma, que alça vôos mais seguros ereais. Já compreendeu que o caminho apertado exige conhecimento, critério,vigilância, prudência, humildade e renúncia, para nele permanecer. É o caminhoda vida, da felicidade, da luz.O indivíduo desperto não se forra a esforços; cuida primeiramente do seu campomental, educa os seus pensamentos, policia as suas palavras, fala menos e ouvemais; procura viver em sintonia com o Alto através da prece sincera, simples,constante; não mede forças para auxiliar o seu próximo, vivenciando a lei desolidariedade na sua verdadeira expressão; procura compreender e perdoaraqueles que lhe estão à sua volta, principalmente no ninho doméstico.

Enfim, sabe que a confiança em Deus, acima de tudo, é a forma mais sublime demanutenção das forças anímicas para a travessia escolhida. Assim é que arenuncia às facilidades do mundo, à opinião dos homens, para sentir a presençade Deus, no recôndito de sua alma, imunizando-se, assim, contra os acidentes depercurso (pois os obstáculos se apresentam mais palpáveis nesse caminho).

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Sobretudo, está consciente de que a vitória ao final da jornada será conquistadapor seus méritos e com inenarrável alegria íntima.

Não podemos nos esquecer das lições imorredouras do nosso Mestre Jesus, quedizia: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar –se –à...”(Jo, 10:9),mostrando assim a importância de vivermos dentro dos padrões evangélicos,qualquer que seja a dimensão em que estejamos situados. É necessário adquiriresse bom hábito!

No estágio atual da Humanidade terrena, predomina o mal, em diversosaspectos: o orgulho, o egoísmo, o materialismo, a sensualidade, a agressividade,a ambição desmedida, a mentira, a maldade. Porém, não estamos obrigados aaderir a esse estado de coisas: devemos orar permanentemente, para nãocairmos em tentação, reformulando nossas concepções errôneas; e valorizarcada oportunidade de renovação, vendo no Cristo “o Caminho, a Verdade e aVida”.

• Sede perfeitos “Tendes ouvido o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás teu inimigo. Eu,porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos perseguem ecaluniam, para serdes filhos de vosso Pai que está no céus; que faz nascer o solsobre bons e maus, e vir sobre justos e injustos. Porque se só amardes aos que vosamam, que recompensa tereis? Não fazem o mesmo os publicanos? Se somentesaudardes os vossos irmão, que é o que com isto fazeis mais do que os outros?Não fazem o mesmo os gentios? Sede, pois, perfeitos, como é vosso Pai Celestial”(Mateus, 5:43-48)

Passagem semelhante é narrada pelo evangelista Lucas (6:27-28 e 32-36),aparecendo o último versículo assim: “Sede pois, misericordiosos como tambémvosso Pai é misericordioso” Jesus disse: “Não vim destruir a lei, mas sim cumpri-la”(Mateus, 5:17).Como já vimos anteriormente, o Mestre referia – se à lei divina e não a leihumana, que mandava amar o próximo e odiar aos inimigos. Entretanto, não nosenganemos com o sentido que devemos dar às palavras de Jesus, quando nosmanda amar nossos inimigos, pois com isso não quis, por certo, dizer que devemosamar o inimigo com o enternecimento e carinho, a ternura e confiança quededicamos a um irmão ou a um amigo. Não poderemos ter para com quem ospersegue as mesmas expansões de amizade ou arroubos de simpatia, quemanifestamos por aqueles com os quais estamos em comunhão de pensamentoem sintonia.

Amar os inimigos, então, é não lhes ter ódio, nem rancor, nem desejo devingança; é perdoar-lhes o mal que nos fazem, sem obstar à reconciliação; édesejar-lhes o bem e não o mal; alegrarmos-nos com a sua felicidade,estendendo-lhes a mão caridosa em caso de necessidade abstendo-nos, por

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palavras e atos, de tudo o quanto possa prejudicá-los; enfim, pagar sempre o malcom o bem, sem idéia de humilhá-los, e quem isso fizer, estará sem dúvida,amando os inimigos.

Deus é perfeição infinita em todas as coisas e daí não devemos tomar ao pé daletra a máxima: “Sede perfeitos”, por isso suporia a possibilidade de alcançarmosa perfeição absoluta, tornando a criatura igual ao Criador, o que é inadmissível.Assim, Jesus apresentava aos homens um modelo, o maia perfeito, para que seesforçassem por imitá-lo, a fim de alcançarem a perfeição relativa de que sãocapazes. O grau de perfeição que podemos atingir está na razão da extensão doamor ao próximo, que podemos realizar, ditando até o amor aos inimigos.

Moisés teve de ensinar a seus tutelados a amarem pelo menos os de grau defamília. Jesus, porém, dilata o ensinamento, fazendo-nos compreender que todosos homens são irmãos, filhos de um único Pai, seja qual for a raça a quepertençam, até mesmo nosso próprio inimigo.Desde que começamos a esclarecer as nossas mentes e vamos libertando nossasconsciências dos preconceitos e cristalizações, procurando lutar, para vencermosas nossas inferioridades, compreendemos a dificuldade imensa que encontramos,para atravessarmos a muralha de nossas imperfeições e esclarecermos amontanha de nossos vícios e defeitos. A grande esperança e nosso maior estímuloresidem, então, na lei da reencarnação, que nos concede sempre renovadasoportunidades para alcançarmos, pela evolução, a perfeição relativa que noscompete. É pela reencarnação que os Espíritos que se odeiam têm oportunidadede se reconciliar, através dos laços consangüíneos, lutando e sofrendo juntospara se entenderem, vencerem as aversões recíprocas e finalmente se amarem!Em Lucas, 6:40, lemos: “O discípulo não está acima do seu mestre; mas todo odiscípulo será perfeito, se for como o seu mestre” Palavras de estímulo estas,pronunciadas por Jesus, modelo de perfeição, que nos diz poderem os discípulosigualar-se ao Mestre. Nossa compreensão nos diz, porém, que somentepercorrendo toda a estrada que nos foi aberta pelo modelo e guia, poderemosrealizar esse magnífico objetivo e, isso, através das existências sucessivas dacarne, dada a nossa ainda endividada posição atual.

Poderemos acelerar a nossa marcha e ganhar terreno no extenso caminho epercorrer, em busca de nosso aperfeiçoamento, se desde já noscompenetrarmos do nosso papel e da necessidade urgente de vivê-lointensamente, buscando fazê-lo através do nosso amor ao próximo, fazendo obem, sem esperar recompensa, pagando o mal com o bem, defendendo o fracocontra o forte e sacrificando sempre nosso interesse em face da justiça; sendoindulgentes para com as fraquezas alheias e severos para com as próprias, nãonos comprazendo em evidenciar os defeitos dos outros, mas estudando nossaspróprias imperfeições e trabalhando, incansavelmente, para combater e vencer.

O Espiritismo bem compreendido, mas, sobretudo, bem sentido e vivido, aevolução e conduz, inevitavelmente, o seu adepto à perfeição, porquanto o

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progresso moral e espiritual é a característica do verdadeiro espírita, ouverdadeiro cristão. O verdadeiro e sincero espírita tem o coração enternecido ea fé a toda prova, podendo ser reconhecido por sua transformação moral epelos esforços que faz para dominar as más inclinações.

• O Espiritismo como Consolador prometido. Próximo de partir para a Espiritualidade, Jesus promete aos seus discípulos quelhes enviará um outro Consolador, o Espírito da Verdade, o Paráclito, que haveriade ensinar todas as coisas e lembrar o que ele dissera (Jô, 14:15-17 e 26; 16:7-14).No tempo determinado, o Espiritismo veio cumprir aquela promessa do DivinoMestre, revelando ao homem as leis que regem os fenômenos, antes tidos comosobrenaturais ou milagrosos.

O Espiritismo, ou o Consolador Prometido, surge no horizonte terrestre, em meadosdo Séc. XIX, como a Terceira Revelação. No séc XIII a.C., Moisés trouxe para aHumanidade a Primeira Revelação, materializando a idéia do Deus Único (jáensinado por Abraão, o grande patriarca hebreu, cerca de 600 anos antes).Moisés promulgou a lei do Monte Sinai, lançando os fundamentos da verdadeirafé, como grande médium que era. Como homem, foi o legislador eficiente, queorganizou a sociedade da época, procurando livrá-lo dos erros do politeísmo.

Após Moisés, veio o Cristo, encarnando a Segunda Revelação, e acrescentou àessência dos ensinamentos mosaicos a idéia da vida futura, estranha ao contextodo Pentateuco, bem como as penas e recompensas que esperam o homemdepois da morte. Jesus faz encarar a divindade de um ponto de vista totalmentenovo: “não é mais o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado”.(A Gênese, cap. I, item 23) Jesus, então, resume o Decálogo num mandamentomaior – o amor de Deus, acima de todas as coisas – e num menor, semelhanteàquele – o amor ao próximo – e estabelece assim as bases da Religião Cósmica(Universal).

A Doutrina dos Espíritos, como a Terceira Revelação, é o Cristianismo Redivivo. Arevelação espírita possui um duplo caráter, visto que participa, ao mesmo tempo,da revelação divina e da revelação científica, as duas vias que levam o homemao verdadeiro conhecimento. Nas palavras de Kardec, “o que caracteriza arevelação espírita é que sua origem é divina, que a iniciativa pertence aosEspíritos e que a sua elaboração é o resultado do trabalho do homem”.

O Espiritismo, então, parte das próprias palavras do Cristo (da mesma forma queeste muitas vezes remeteu seus discípulos às palavras de Moisés), sendo umaconseqüência direta de sua doutrina. À idéia da vida futura, acrescenta arevelação da existência do mundo invisível que nos cerca e povoa o espaço.Define os laços que unem o espírito ao corpo. Fundamenta-se no princípio dareencarnação. E estabelece as conseqüências morais da conduta humanafrente às leis divinas.

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O Espiritismo, assim, como a doutrina de conhecimento, chega ao momento emque a Humanidade está mais bem preparada e a Ciência encontra-seorganizada e pronta para dar sustentação ao fenômeno espírita, que, sem ela,ficaria sem apoio e exame. Se tivessem surgido antes às descobertas científicasdos séc. XVII e XVIII, a ação da Espiritualidade finalmente estaria condenada aofracasso.

A Doutrina Consoladora mostra ao homem que a causa dos seus sofrimentos,muitas vezes, está em existências anteriores; que a Terra, no seu atual estágio, éum mundo de expiação e provas; que Deus, soberanamente justo e bom, aninguém castiga, de sorte que as aflições vividas pela criatura humanaconduzem à cura dos seus males, assegurando-lhe felicidade nas existências.

O Espiritismo, por isso, no seu tríplice aspecto (de Ciência, Filosofia e Religião),responde aos mais diversos questionamentos humanos, fazendo o homemcompreender de onde vem, para onde vai e o que está fazendo na Terra; enfim,desvenda-lhe sua natureza, sua origem e sua destinação, preparando-o paraviver melhor suas próximas encarnações.

Finalmente, revela o conceito mais avançado de Deus: Inteligência Suprema ecausa primária de todas as coisas. Esclarece que não podemos conhecer anatureza íntima do Criador, mas aponta alguns de seus atributos, que nosmostram sua justiça e sua bondade, presentes toda a Criação.

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CURSO PREPARATÓRIO DE ESPIRITISMO

R o t e i r o 12R o t e i r o 12R o t e i r o 12R o t e i r o 12

• N ã o p o n h a i s a c a n d e i a d e b a i x oN ã o p o n h a i s a c a n d e i a d e b a i x oN ã o p o n h a i s a c a n d e i a d e b a i x oN ã o p o n h a i s a c a n d e i a d e b a i x o

d o a l q u e i r e .d o a l q u e i r e .d o a l q u e i r e .d o a l q u e i r e .

• O e s p i r i t i s m o n a a t u a l i d a d e .O e s p i r i t i s m o n a a t u a l i d a d e .O e s p i r i t i s m o n a a t u a l i d a d e .O e s p i r i t i s m o n a a t u a l i d a d e .

• O s t r a b a l h a d o r e s d a ú l t i m aO s t r a b a l h a d o r e s d a ú l t i m aO s t r a b a l h a d o r e s d a ú l t i m aO s t r a b a l h a d o r e s d a ú l t i m a

h o r a .h o r a .h o r a .h o r a .

• B i o g r a f i a d e A l l a n K a r d e cB i o g r a f i a d e A l l a n K a r d e cB i o g r a f i a d e A l l a n K a r d e cB i o g r a f i a d e A l l a n K a r d e c

• Não ponhais a candeia debaixo do alqueire

“Ninguém acende uma lâmpada, e a esconde com alguma vasilha, ou põedebaixo da cama; põe-na sim, sobre um candeeiro, para que vejam a luzaqueles que entram. Porque não há nada de secreto que não venha a serdescoberto, nem nada oculto que não venha a ser conhecido e tornadopúblico”. (Lucas, 8:16-17)

Causa estranheza ouvir Jesus dizer que não se deve pôr a luz debaixo do alqueire,ao mesmo tempo em que se esconde a toda volta hora o sentido das suaspalavras sob o véu de alegoria, que nem todos podem compreender. Ele seexplica, entretanto, dizendo aos apóstolos: Eu lhes falo em parábolas, porque elesnão estão em condições de compreender certas coisas; eles vêem, olham,ouvem e não compreendem certas coisas, assim, dizer-lhes tudo, ao menosagora, seria inútil; mas a vós o digo, porque já vos é dado compreender essesmistérios. E procedia, portanto, para com o povo, como se faz com as crianças,

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cujas idéias ainda não se encontram desenvolvidas. Dessa maneira, indica-se overdadeiro sentido da máxima “Não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire,mas sobre o candeeiro, a fim de que todos os que encontram possam vê-la”. Elenão diz que tenhamos de revelar inconsideradamente todas as coisas, pois, todoo ensinamento deve ser proporcional à inteligência de quem o recebe, e porquehá pessoas que uma luz muito viva pode ofuscar sem esclarecer.

Pergunta-se que proveito o povo poderia tirar dessa infinidade de parábolas, cujosentido estava oculto para ele. Deve notar-se que Jesus só se exprimiu emparábolas sobre as questões, de alguma maneira abstrata, da sua Doutrina. Mas,tendo feito da caridade e da humildade a condição expressa de salvação, tudoo que disse a esse respeito é perfeitamente claro, explícito e sem nenhumaambigüidade. Assim devia ser, porque se tratava de regra de conduta, regra quetodos deviam compreender, para poderem observar. Era isso o essencial para amultidão ignorante, à qual se limitava a dizer: Eis o que é necessário para ganharo Reino dos Céus. Sobre as outras questões, só desenvolvia os seus pensamentospara os discípulos. Estando eles mais adiantados moral e intelectualmente, Jesuspodia iniciá-los nos princípios mais abstratos. Foi por isso que disse: Ao que já temainda mais se dará, e terá em abundância (E.S.E., Cap XVIII, item 15).

Não obstante, mesmo com os apóstolos, tratou de modo vago sobre muitospontos, cuja inteligência completa estava aos tempos futuros. Foram esses pontosque deram lugar a diversas interpretações, até que Ciência, de um lado, e oEspiritismo, de outro, vieram revelar as novas leis da natureza, que tornaramcompreensível o seu verdadeiro sentido.

“Ninguém acende a candeia e a coloca debaixo do módio, mas no velador, eassim alumia a todos os que estão na casa”. – Jesus (Mateus 5:15)

Muitos aprendizes interpretam semelhantes palavras do Mestre como apelo àpregação sistemática e desvelaram-se através de veementes discursos em todaparte. Outros admiram que o Senhor lhe impunha a obrigação de violentar osvizinhos, através de propaganda compulsória da crença, segundo o ponto devista que lhes é particular.

Em verdade, o sermão edificante e o auxílio fraterno são indispensáveis naextensão dos benefícios divinos da fé.Nossa existência é a candeia viva.

É um erro lamentável despender nossas forças, sem proveito para ninguém, sob amedida de nosso egoísmo, de nossa vaidade ou de nossa limitação pessoal.

Prega, pois, as revelações do Alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teuslábios; insta com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis;mas não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagemde ti mesmo.

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• O espiritismo na atualidade

Depois de séculos de obscurantismo religioso e do dogmatismo imposto,consciências amadurecidas começam a despertar em busca da solução para osseus problemas transcendentes. Nos dias de hoje, vê-se um surto desenfreado deseitas e doutrinas que procuram entender os Espíritos inquietos, sedentos de novasluzes. Há um inegável interesse pelo fenômeno, como resposta a velhas questõesfilosóficas, sem qualquer conseqüência de ordem moral.Nesse diapasão, vê-se um crescimento do espiritualismo no mundo,redescobrindo velhas práticas com roupagem moderna. Presas ao imediatismoda vida material, as criaturas especulam em todos os campos possíveis, noencalço de fórmulas mágicas ou de revelações fantásticas que lhe atendam osanseios da curiosidade vã.Quando se trata do comportamento humano e das suas conseqüências morais, ohomem ainda se reserva o direito de não esmiúça-lo, conservando-se como era(e como pretende continuar sendo), protegido pelos mecanismos de defesa dasua personalidade. A nova ordem de coisas custa a penetrar nos corações maisendurecidos.O Espiritismo, porém, como o Consolador Prometido pelo Cristo, surge nohorizonte humano como um oásis em meio ao universo da desinformação,oferecendo ao homem o conhecimento da verdade que liberta e eleva oEspírito. Enquanto muitos ainda permanecem presos aos modismos, buscando soluçõesimediatistas para problemas enraizados na personalidade desde longa data, eaderindo a práticas místicas do passado, com roupagem moderna, “o Espiritismo,nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo em seusfundamentos mais simples” como enfatiza Emmanuel.Mostrando ao homem que ele é o interexistente, isto é, aquele que vive os doismundos oferece-lhe novas oportunidades de realização, por alterar-lhe opanorama das cogitações mentais. A sobrevivência além da morte já nãoencerra a criatura nos círculos intransponíveis do céu, inferno e purgatório. Apluralidade dos mundos habitados, da mesma forma, não prende o Espírito nasteias incompreensíveis da mesquinha problemática planetária. O diálogo entrevivos e mortos alarga o universo do conhecimento e preserva os laços afetivosbem formados. Os sofrimentos não são nódulos temporários na cadeia daevolução, dissolvidos pelo trabalho digno e pelo conhecimento de si mesmo, quelevam o indivíduo a harmonizar – se definitivamente com os imperativos da leidivina. O princípio da reencarnação passa a ser entendido como chave queabre as portas da existência a todos quantos desejarem ardentemente atingir aperfeição a que todos estamos destinados pela Justiça e o Amor Divinos.Hoje, encontramos na literatura espírita toda sorte de recursos para a renovaçãonecessária, a começar pelas obras da Codificação. N’O Evangelho, o roteiropara a solidificação do comportamento fraterno cristão. Em O Livro dos Espíritos,os princípios filosóficos para a fortificação de pensamento bem formado. Em OLivro dos Médiuns, a prática mediúnica à luz da fenomenologia perispirítica.

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Além disso, a obra de Francisco Cândido Xavier; com mais de 400 títulos, surgecom indispensável complemento para o conhecimento do Espírito imortal,mormente com as mensagens dos Espíritos de André Luiz e Emmanuel. Da penamediúnica ainda, cumpre ressaltar a obra de Divaldo Pereira Franco, compostade muitos títulos e ditada por Joana de Angelis, Bezerra de Menezes, Victor Hugoe muitos outros Espíritos.

Não bastasse todo esse manancial de bênçãos, ainda há o trabalho dos clássicoscomo Leon Denis, Gabriel Delanne, Camille Flamarion e Ernesto Bozzano, entre osmais notáveis. Autores contemporâneos devem ser lembrados: HernaniGuimarães Andrade, Jorge Andréa, Hermínio C. Miranda, Richard Simonetti, PauloAlves Godoy, José Herculano Pires, Manoel Pelicas São Marcos e outros.Nos dias atuais, vê-se ainda o surgimento de novas práticas que se colocamdentro do vasto círculo da fenomenologia do espírito, entre as quais destacamosa TRVP (Terapia Regressiva a Vidas Passadas) e a TCI (TranscomunicaçãoInstrumental), que auxiliam na elucidação de algumas questões da competênciaa Doutrina Consoladora. Todavia, “urge o estabelecimento de recursos para aordenação justa das manifestações”. que dizem respeito à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos namente de cada um”adverte Emmanuel.Hoje, sente – se a necessidade da unificação do Espiritismo, em torno do ideal doensino espírita, do aprendizado da Doutrina principalmente no que diz respeito aoEvangelho de Jesus, com a prática da caridade e do amor ao semelhante.Congressos mundiais ou internacionais vêm sendo organizados com essafinalidade, no Brasil e na Europa. É um fato histórico, de grande significado.Se o espiritismo começou com a curiosidade (causada pela estranheza dosfenômenos) e passou para a fase do raciocínio e da filosofia, é chegado oterceiro momento: da aplicação e das conseqüências. Já superamos a etapa dafé cega e chegamos ao porto seguro da fé raciocinada, sob as claridadesinegáveis de um novo tempo. Não basta conhecer o Evangelho; é precisopraticá-lo. Não é suficiente ter os exemplos de Jesus na memória; é imprescindívelinscrevê-los no coração e segui-Lo, além dos limites do tempo...

• Os trabalhadores da última hora “O Reino dos Céus é semelhante a um homem, pai de família, que ao romper damanhã saiu a assalariar trabalhadores para sua vinha. E tendo com eles o ajustede um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Saiu, ainda, pela terceirahora, e viu estarem outros na praça, ociosos. E disse-lhe: ide vós também para aminha vinha e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu, porém, outras vezes,pela sexta e pela nona hora do dia; e fez o mesmo. E tendo ainda saído àundécima hora, achou outros que lá estavam também desocupados e lhes disse:por que estais vós aqui o dia todo, ociosos? Responderam-lhe eles: porqueninguém nos assalariou. Ide então vós também para a minha vinha. Porém, lá nofim da tarde, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: chama os trabalhadores e

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paga-lhes o jornal, começando pelos últimos e acabando nos primeiros. Tendochegado pois, os que foram ajustados na hora undécima, recebeu cada um oseu denário. E chegados também os que tinham ido primeiro, julgaram quehaviam de receber mais; porém também não receberam mais que um denáriocada um. E ao recebê-lo, murmuravam contra o pai de família dizendo:Estesvieram por último, não trabalharam senão uma hora e tu igualastes conosco, queaturamos o peso do dia e do calor. Porém ele, respondendo a um deles, lhe disse:Amigo, eu não te faço agravo; não concordaste comigo o preço de um denáriopelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te, que eu de mim quero dartambém a este último como a ti. Não me é lícito fazer o que quero? Acaso teuolho é mau porque eu sou bom? Assim, os últimos, serão os primeiros e osprimeiros serão os últimos, pois que muitos são os chamados, mas pouco osescolhidos”. (Mateus, 20:1-16. Ver também a Mt 22:1-14-“Parábola da Festa deNúpcias”).

Considerando que nesta parábola, entre outras coisas, o Mestre aproveita paramais uma vez admoestar os homens sobre o seu inveterado costume de repararsempre demais nas coisas que dizem respeito aos outros do que cuidar das quelhes são próprias. Estamos sempre prontos para superavaliar o nosso próprio méritoe subestimar o merecimento alheio e parece-nos injustiça que os outros recebammais ou tanto quanto nós por um serviço que, em nossa opinião, executamos tãobem, ou melhor, do que eles. Avaliando o nosso próprio valor, somosinvariavelmente levados a exagerá-los perante o mundo, em detrimento do valorreal que muitas vezes possui o nosso semelhante. Por isso, Jesus, conhecedorprofundo de nossas fraquezas, ministra-nos lições que nos alertam e nos obrigama considerar melhor o nosso procedimento, ajudando-nos a aceitar sem revoltase sem murmurações tudo o que nos couber na vida, pois recebemos sempre oque melhor nos serve e de acordo com o nosso merecimento.As reiteradas vezes que o pai de família, durante as várias horas do dia, desde oamanhecer até a última hora, sai, para convidar e assalariar novos trabalhadoresdeve significar para nós a constância com que somos chamados a realizar anossa tarefa, e o pagamento sempre de acordo com o nosso esforço,perseverança e dedicação, nem sempre proporcional ao tempo gasto paraexecutá-la, simboliza as conquistas que vamos fazendo, em busca de nossoaperfeiçoamento no caminho da evolução.As referências que notamos no texto evangélico, sobre a hora terceira, hora sextae hora nona, correspondem, respectivamente, de acordo com a divisão do diausada naquele tempo, às nossas horas atuais 9 horas, 12 horas e 15 horas do dia,sendo ainda, a undécima hora deles igual às 17 horas de hoje.Em face doorgulho que caracterizava as classes elevadas dos judeus daquela época,objetivava o Mestre com a sua Doutrina, abater aquele sentimento mau, aomesmo tempo que animava os esforços das classes menos favorecidas,enchendo de esperanças e de coragem os pecadores que se arrependiam,mostrando-lhes, ainda, que a questão não era de classe, nem de culto ou denacionalidade, mas sim de trabalho para obter merecimento recompensado e

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encorajado, igualmente, os trabalhadores que tardiamente adquiriamconhecimento das verdades evangélicas. Com muito mais propriedade, ainda, pode a parábola ser explicada através dalei da reencarnação, sendo então fácil aceitarmos a aparente desproporção dapaga, visto tratar – se no caso, de caminheiros da eternidade em diferentesestágios evolutivos, uns com mais e outros com menos realizações trazidas dopassado e portadores, portanto, de necessidades diferentes. Da mesma forma seesclarece por que haverá primeiros que serão últimos e últimos que serãoprimeiros, pois o que decidirá será a maneira como caminharmos, isto é, se nosesforçarmos para frente, em linha reta, seremos dos primeiros e, no caso contrário,se tomarmos atalhos tortuosos, seremos dos últimos, não obstante pudéssemos tersido dos primeiros, a iniciar a marcha e a adquirir conhecimentos. Igualmente,muitos serão chamados de cada vez e todos serão chamados no curso dostempos, mas como é sempre muito grande o número de recalcitrantes eretardatários em relação aos obedientes e diligentes, acontece que poucos sãoos escolhidos de cada vez.

• Biografia de Allan Kardec – codificador da DoutrinaEspírita

Hyppolyte Léon Denizard Rivail , nasceu em Lyon, França, às 19 horas do dia 3 deoutubro de 1804, de família católica; mãe (Jeanne Louise Duhamel) prendada eafável, e pai juiz, (Jean Baptiste-Antoine Rivail).

Realizou seus primeiros estudos em Lyon, e, aos dez anos é enviado a Yverdun,Suíça, para a escola modelo da Europa: O Instituto de Educação, fundado em1805 pelo grande educador Johan Heinrich Pestalozzi (1746-1827). A dimensãodo Educador Pestalozzi, fora estabelecida em seu epitáfio: “O educador DAHumanidade”. Pelo seu educandário, passaram personalidades, ensinando eaprendendo. Aprendendo como o aluno Rivail, que o amor é o eternofundamento da educação.

As portas do Castelo onde funcionava o Instituto Pestalozzi, eram abertas duranteo dia. Pestalozzi tinha por princípio: “A intuição é fonte de todos osconhecimentos”. E, convivendo com professores calvinistas e luteranos, Rivailaprendia com o Professor, que a verdadeira religião não é outra coisa senão amoralidade. Assim, Denizard Rivail iniciava a concepção da idéia de uma formareligiosa, com o propósito de unificar as crenças.

Denizard Rival retorna a Paris, em 1822. Em 1823, inicia-se em conhecimentos dasteorias de Mesmer, Doutor da Universidade de Viena. Em 6 de fevereiro de 1832,assina contrato de casamento com Amelie-Gabrielle Boudet.Aos cinqüenta anosde idade, já escritor de livros didáticos (22 obras), membro de InstituiçõesCientíficas, da Academia de Ciências de Arras, professor de cursos técnicos, era o

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discípulo de Pestalozzi. Poliglota, conhecia bem o alemão, inglês, holandês, tinhasólidos conhecimentos de latim, grego, gaulês e algumas línguas neolatinas.

Em 1854 encontra-se com um amigo mesmerista, Fortier, que o convida paraverificar o fenômeno das “mesas girantes”. Como homem de ciências, foidisposto a observar e analisar os fenômenos. Escreveu em suas anotações, queuma força desconhecida ainda, mas inteligente que o movia. Entreviu as leis queregem as relações entre o mundo visível e o mundo invisível.

Em maio de 1855, conheceu as filhas do Sr. Boudin, que tinha 14 e 16 anos. Eramcrianças despidas de preconceitos e vaidades. Teve Rivail conhecimentos comEspíritos que se comunicavam. Desde início, com Zéfiro.

Certo dia, constatou presença do Espírito da Verdade, dirigente de uma falangede espíritos que vinham cumprir a promessa de Jesus: O Consolador Prometido, aTerceira Revelação.

As comunicações recebidas foram escritas, analisadas e codificadas peloprofessor Hyppolyte Léon Denizard Rivail. Aos 18 de abril de 1857, sob opseudônimo de Allan Kardec (nome que teve em uma reencarnação desacerdote druida), publica a primeira obra da Doutrina Espírita, O Livro dosEspíritos”.

Esta obra traz lições importantes sobre “As causas primárias", “Mundo espírita oudos Espíritos”, “As leis morais”, “Esperanças e consolações”. Contém os princípiosda Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suasrelações com os homens, as leis morais, a vida presente e a vida futura e o porvirda humanidade.

Inicia em 1º. de janeiro de 1858, a publicação da Revista Espírita e outras obrasvieram em seguida.

Em janeiro de 1861, publica O Livro dos Médiuns, relativo à parte experimental ecientífica. Em abril de 1864, surge O Evangelho Segundo o Espiritismo, contendo aexplicação das máximas do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e aaplicação às diversas situações da vida.

Em 1º de agosto de 1865, é publicado O Céu e o Inferno ou a Justiça DivinaSegundo o Espiritismo. Em 6 de Janeiro de 1868, A Gênese, os Milagres e asPredições.

A Revelação Espírita mostra-nos o destino do homem depois da morte. Esclareceaos homens questões como a utilização do livre arbítrio, e suas conseqüências.Daí, a autoridade da Doutrina Espírita: é um conjunto de princípios que sefundamenta como sistema filosófico, científico e religioso. Allan Kardecdesencarnou em 31 de março de 1869, vítima de um aneurisma cerebral. Estava

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na preparação de mudança de local - imposta pela extensão considerável desuas múltiplas ocupações - e a terminar diversas obras. Morreu conforme viveu:trabalhando.Camille Flammarion em discurso pronunciado por ocasião doenterro, no Cemitério de Montmartre, traça um esboço de sua carreira literária,sua atuação na Revista Espírita e diz: “Ele, porém, era o que eu denominarei desimplesmente de ‘o bom senso encarnado’.”

No ano seguinte, seu corpo foi transferido para o Cemitério de Père Lachaise,Paris, e no dólmen está escrito: “Nascer, morrer, renascer sempre, e progredir semcessar, tal é a lei”.

“Que a paz no nosso querido Mestre Jesus possa encontrarabrigo em nossos corações”.

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