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Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins 1 Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados. TÍTULO I 1 O Poder Legislativo e as Disposições Preliminares: 1. O art. 2º da Constituição da República Federativa do Brasil consagrou a tese da tripartição dos poderes, cunhada com base nos estudos do Barão de Montesquieu, debatida e explicitada no livro “O Espírito das Leis”. 1 2. Ocorre que o constituinte brasileiro optou por não implantar a separação dos poderes de maneira pura, mas sim temperada, com base na disposição institucional adotada nos Estados Unidos da América. Esse temperamento decorre da necessidade insta de que os poderes (em real funções) tem diversos papéis a desempenhar perante a sociedade e, trabalhando em conjunto, acabam por obter maior sucesso no sentido da fiscalização e controle da atividade estatal. 3. Dessa forma, consagrase a teoria dos “check and balances”, ou seja, dos freios e contrapesos, ao passo que um Poder passa a exercer atividades que influenciam diretamente nos interesses e competências dos outros dois Poderes. 4. A doutrina clássica cita que os Poderes constituídos possuem funções típicas e atípicas; nesse sentido leciona José dos Santos de Carvalho Filho “_________” . Podemos exemplificar graficamente essa repartição de funções da seguinte maneira: Executivo Judiciário Legislativo Função Típica: Aplicar concretamente a lei para o atendimento Aplicar a lei concretamente, Editar normas e leis de caráter geral e 1 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados.    

TÍTULO  I    

1  -­‐  O  Poder  Legislativo  e  as  Disposições  Preliminares:  

 

 

1.     O   art.   2º   da   Constituição   da   República   Federativa   do   Brasil  

consagrou  a  tese  da  tripartição  dos  poderes,  cunhada  com  base  nos  estudos  do  

Barão  de  Montesquieu,  debatida  e  explicitada  no  livro  “O  Espírito  das  Leis”.1  

 

2.     Ocorre   que   o   constituinte   brasileiro   optou   por   não   implantar   a  

separação   dos   poderes   de   maneira   pura,   mas   sim   temperada,   com   base   na  

disposição   institucional   adotada   nos   Estados   Unidos   da   América.   Esse  

temperamento  decorre  da  necessidade  insta  de  que  os  poderes  (em  real  funções)  

tem   diversos   papéis   a   desempenhar   perante   a   sociedade   e,   trabalhando   em  

conjunto,  acabam  por  obter  maior  sucesso  no  sentido  da  fiscalização  e  controle  

da  atividade  estatal.  

 

3.     Dessa  forma,  consagra-­‐se  a  teoria  dos  “check  and  balances”,  ou  seja,  

dos  freios  e  contrapesos,  ao  passo  que  um  Poder  passa  a  exercer  atividades  que  

influenciam  diretamente  nos  interesses  e  competências  dos  outros  dois  Poderes.  

 

4.     A   doutrina   clássica   cita   que   os   Poderes   constituídos   possuem  

funções  típicas  e  atípicas;  nesse  sentido  leciona  José  dos  Santos  de  Carvalho  Filho  

“_________”   .   Podemos   exemplificar   graficamente   essa   repartição   de   funções   da  

seguinte  maneira:  

 

  Executivo   Judiciário   Legislativo  

Função  Típica:   Aplicar  concretamente  a  lei  para  o  atendimento  

Aplicar  a  lei  concretamente,  

Editar  normas  e  leis  de  caráter  geral  e  

                                                                                                               1  Art.  2º  São  Poderes  da  União,  independentes  e  harmônicos  entre  si,  o  Legislativo,  o  Executivo  e  o  Judiciário.    

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dos  interesses  públicos.   mediante  provocação,  para  a  solução  de  

conflitos.  

promover  a  fiscalização  sobre  o  

Executivo.  Função  Atípica:   Aplica  a  lei  para  

solucionar  conflitos,  como  no  caso  dos  tribunais  administrativos.  

Possui  autonomia  administrativa,  planejando  suas  

próprias  despesas  e  contratações.  

Possui  autonomia  administrativa,  planejando  suas  

próprias  despesas  e  contratações.  

Função  Atípica:   Edita  comandos  abstratos,  com  força  de  lei,  nos  moldes  do  art.  84,  IV  da  CRFB/88,  mediante  Decretos  Regulamentares  

e  Autônomos.    

Detém  competência  exclusiva  para  a  

propositura  das  leis  orgânicas  da  

magistratura  e  de  organização  dos  Tribunais.  

Promove  julgamentos,  tanto  na  ação  de  impedimento  

(impeachment)  do  chefe  do  executivo  e,  também,  julga  os  próprios  membros  por  quebra  de  ética  

ou  decoro  parlamentar.  

 

5.      Esses  três  órgão  em  conjunto  formam  o  que  denominamos  Função  

Administrativo   do   Estado.   Eles   exercem   seu   poder   um   Estado   que   deve,  

necessariamente   ser   constituído   de   um   povo,   organizado   em   um   determinado  

território   (espaço   físico)   e   que   os   reconheça   como   soberano.   Nesse   caso,   a  

soberania  é  a  capacidade  de  autodeterminação  desse  povo  neste  território.  

 

6.     Dentre   estes   “Poderes”   o   que   nos   interessa,   por   hora,   é   o   Poder  

Legislativo.  De  acordo  com  a  Constituição,  o  “O  Poder  Legislativo  é  exercido  pelo  

Congresso   Nacional,   que   se   compõe   da   Câmara   dos   Deputados   e   do   Senado  

Federal”.2  

 

7.     Não  podemos  esquecer  que  de  acordo  com  o  parágrafo  único,  do  

art.  1º,  do  mesmo  diploma,  “todo  o  poder  emana  do  povo,  que  o  exerce  por  meio  de  

representantes  eleitos  ou  diretamente,  nos  termos  desta  Constituição”.  Logo,  resta  

consagrada  a  democracia  semidireta,  também  chamada  de  representativa,  com  a  

previsão  de  alguns  instrumentos  da  chamada  democracia  direta.    

 

8.     Por   curiosidade   e   aprofundamento,   citamos   aqui   os   principais  

mecanismos   da   democracia   direta   que   foram   consagrados   no   texto  

constitucional,   a   saber:   o   plebiscito,   o   referendo   e   a   iniciativa   popular.   Alguns  

autores  consagram  nesse   rol  a  ação  popular  como   instrumento  de  exercício  da                                                                                                                  2  Art.  44  da  Constituição  da  República  Federativa  do  Brasil.  

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democracia   direta,   pois   resta   possível   atacar   atos   lesivos   ao   patrimônio   e  

moralidade   público   e   tem   como   principal   requisito   que   a   parte   ativa   seja   um  

cidadão,  ou  seja,  esteja  no  gozo  dos  direitos  políticos  ativos.  

 

9.     Restou   então   positivado   o   sistema   bicameral   para   o   exercício   do  

Poder   Legislativo   em   nosso   país.   O   Congresso   Nacional   tem   sede   na   Capital  

Federal  e  deve  se  reunir,  ordinariamente,  de  2  de  fevereiro  a  17  de  julho  e  1º  de  

agosto  a  22  de  dezembro.  Este  período  foi  definido  pela  Emenda  Constitucional  

nº  50/2006,  que  alterou  a  redação  original  do  artigo  57  da  CRFB/88.  

 

10.     O   Senado   Federal   é   constituído   de   representantes   dos   Estados,  

logo,   devido   ao   Princípio   Federativo   e   do   equilíbrio   que   deve   reinar   e   nosso  

território,   o   número   de   membros   representantes   de   cada   uma   das   entidades  

federativas  de  segundo  grau  deve  ser  igual.  Atualmente,  cada  Estado  e  o  Distrito  

Federal   elegem   3   representantes.   Nesse   caso,   por   não   constituírem   Entidades  

Federativas,  os  Território  Federais  não  possuem  representatividade  no  Senado  

Federal.  Art.  46.  O  Senado  Federal   compõe-­‐se  de  representantes  dos  Estados  e  do  Distrito  Federal,  eleitos  segundo  o  princípio  majoritário.    §  1º  -­‐  Cada  Estado  e  o  Distrito  Federal  elegerão  três  Senadores,  com  mandato  de  oito  anos.    §   2º   -­‐   A   representação   de   cada   Estado   e   do   Distrito   Federal   será   renovada   de  quatro  em  quatro  anos,  alternadamente,  por  um  e  dois  terços.    §  3º  -­‐  Cada  Senador  será  eleito  com  dois  suplentes.    

11.     Peculiar   é   o   mandato   que   cada   um   desses   parlamentares   deve  

exercer,  pois  sua  duração  difere  da  dos  demais  cargos.  Cada  senador  permanece  

no   cargo   por   um   período   de   oito   anos,   ou   seja,   duas   legislaturas   completas.   A  

renovação  da  composição  do  Senado  Federal  ocorre,  alternadamente,  por  1/3  e  

2/3   a   cada   quatro   anos.   Subentende-­‐se   então   que   as   eleições   para   o   Senado  

ocorrem  de  quatro  em  quatro  anos,  porém  em  uma  eleição  devem  ser  escolhidos  

dois   representantes   para   aquela   unidade   federativa,   enquanto   que   na   eleição  

seguinte,  escolhe-­‐se  apenas  um  representante.  

 

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12.     Além   disso,   os   senadores   são   eleitos   através   do   sistema  

majoritário   simples   (também   chamado   de  majoritário   por   maioria   simples   ou  

relativo  ou  de  turno  único).  O  candidato  que  obtém  a  maioria  simples  dos  votos,  

em  turno  único,  é  considerado  eleito.  Outro  elemento  importante  é  que  a  eleição  

para  o  Senado  Federal  é  feita  através  de  uma  chapa,  constituída  pelo  candidato  

titular  e  por  dois  suplentes.  

 

12.     Já   a   Câmara   dos   Deputados   é   constituída   de   representantes   do  

povo,   da   população   propriamente   dita.   Dessa   forma,   sua   composição   deve   ser  

proporcional   ao   número   de   habitantes   que   cada   Estado   possuí.     A   CRFB/88  

estabelece  que  nenhum  Estado  ou  o  Distrito  Federal  poderá  contar  com  menos  

do   que   8   ou  mais   do   que   70   deputados,   sendo   que   os   Territórios   Federais,   se  

existirem,  devem  eleger  4  representantes,  in  verbis:  Art.   45.   A   Câmara   dos   Deputados   compõe-­‐se   de   representantes   do   povo,   eleitos,  pelo   sistema   proporcional,   em   cada   Estado,   em   cada   Território   e   no   Distrito  Federal.    §  1º  -­‐  O  número  total  de  Deputados,  bem  como  a  representação  por  Estado  e  pelo  Distrito   Federal,   será   estabelecido   por   lei   complementar,   proporcionalmente   à  população,   procedendo-­‐se   aos   ajustes   necessários,   no   ano   anterior   às   eleições,  para  que  nenhuma  daquelas  unidades  da  Federação  tenha  menos  de  oito  ou  mais  de  setenta  Deputados.  (Vide  Lei  Complementar  nº  78,  de  1993)    §  2º  -­‐  Cada  Território  elegerá  quatro  Deputados.  

 

13.     A   eleição   para  Deputado   ocorre   através   do   sistema   proporcional  

que   é   regulado   nos   arts.   105   a   113   do   Código   Eleitoral.   Esse   sistema   visa  

aumentar  a  representatividade  das  minorias  no  colorido  legislativo.  Dessa  forma,  

almeja-­‐se   a   que   a   diversidade   de   opiniões   esteja   refletida   na   composição  

plenária.    

 

14.     O  voto,  nesse  caso,  tem  caráter  dúplice,  ou  seja,  ao  votar,  o  eleitor  

escolhe  o  partido  e  o  candidato.  Assim,  fica  possível  ocorrer  o  voto  em  legenda,  

quando   o   eleitor   digita   apenas   os   dois   primeiros   números   do   candidato,   que  

reflete  o  partido  ao  qual  ele  pertence.  Ocorre  que  nesse  sistema  o  partido  precisa  

obter   um   número   mínimo   de   votos   para   participar   da   divisão   das   vagas   em  

disputa.  

 

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15.     Essa  divisão  de  vagas  é  dividida  em  duas  etapas:  primeiro  calcula-­‐

se  o  quociente  eleitoral  e  após,  o  quociente  partidário   (Qp)  de  cada  Partido  ou  

Coligação.   O   Quociente   Eleitoral   (Qe)   é   calculado   dividindo   o   total   de   votos  

válidos  pelo  número  de  vagas  disponíveis  na  disputa.  Importante  ressaltar  que  o  

a  Lei  das  Eleições  é  clara  ao  determinar  que  “nas  eleições  proporcionais,  contam-­‐

se   como   válidos   apenas   os   votos   dados   a   candidatos   regularmente   inscritos   e   às  

legendas  partidárias”3,  ou  seja,  os  votos  brancos  e  nulos  devem  ser  desprezados.  

 

16.     De   posse   do   Qe,   é   necessário   calcular   o   Qp   de   cada   um   dos  

partidos/coligações  em  disputa.  Esse  cálculo  é  realizado  dividindo  o  número  de  

votos   que   o   partido/coligações   obteve   pelo   Qe.   O   número   inteiro   resultante  

dessa  operação   representa  o  número  de  cadeiras  que  aquele  partido/coligação  

tem  direito  na  casa  legislativa.  

 

17.     Caso   um   partido   ou   coligação   não   alcance   o   número   e   votos  

representados  pelo  Qe,  deve  ficar  fora  da  divisão  de  vagas,  desprezando  os  votos  

a  ele  consignados.  Se  ao  término  da  divisão  restarem  vagas  não  ocupadas,  estas  

devem  ser  distribuídas  através  do  sistema  de  maiores  médias.  Assim  reza  o  Art.    Art.  109  -­‐  Os  lugares  não  preenchidos  com  a  aplicação  dos  quocientes  partidários  serão   distribuídos   mediante   observância   das   seguintes   regras:          (Redação   dada  pela  Lei  nº  7.454,  de  30.12.1985)    I  -­‐  dividir-­‐se-­‐á  o  número  de  votos  válidos  atribuídos  a  cada  Partido  ou  coligação  de  Partidos  pelo  número  de   lugares  por  ele  obtido,  mais  um,  cabendo  ao  Partido  ou  coligação  que  apresentar  a  maior  média  um  dos  lugares  a  preencher;            (Redação  dada  pela  Lei  nº  7.454,  de  30.12.1985)    II   -­‐   repetir-­‐se-­‐á   a   operação   para   a   distribuição   de   cada   um   dos  lugares.          (Redação  dada  pela  Lei  nº  7.454,  de  30.12.1985)    §   1º   -­‐   O   preenchimento   dos   Iugares   com   que   cada   Partido   ou   coligação   for  contemplado   far-­‐se-­‐á   segundo   a   ordem   de   votação   recebida   pelos   seus  candidatos.          (Redação  dada  pela  Lei  nº  7.454,  de  30.12.1985)    §  2º  -­‐  Só  poderão  concorrer  à  distribuição  dos  lugares  os  Partidos  e  coligações  que  tiverem  obtido  quociente  eleitoral.  

 

18.     Dessa  forma,  deve-­‐se  realizar  um  cálculo  adicional  para  cada  vaga  

restante   a   ser   distribuída.  Nesse   caso,   os   votos   obtidos   pelo   Partido/Coligação  

devem   ser   divididos   pelo   número   de   cadeiras   que   ele   já   obteve,   acrescido   de                                                                                                                  3  Art.  5º  da  Lei  nº  9.504/97  

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uma.  O  Partido/Coligação  que  obtiver  a  maior  média  (considerada  até  a  14º  casa  

decimal)  obtém  aquela  vaga.  O  processo  deve  ser  repetido  tantas  vezes  quantos  

sejam  as  vagas  a  ser  distribuídas.  

 

19.     Após  esse   caminho   tortuoso,   resta   saber  quem  são  os   candidatos  

eleitos.  No  Brasil,  adotamos  o  sistema  proporcional  DE  LISTA  ABERTA,  ou  seja,  

os   Partidos/Coligações   indicam   os   candidatos   e   a   ordem   de   classificação   é  

determinada  pelo  número  de  votos  que  o  candidato  recebe  nominalmente.  Logo,  

deve  ser  organizada  uma  lista,  em  ordem  decrescente,  com  a  relação  de  todos  os  

candidatos  que  obtiveram  votos  por  um  determinado  Partido/Coligação.   Isto   é  

necessário  pois  os  suplentes  dos  Deputados  eleitos  saem  diretamente  dessa  lista.  

Imagine  que  um  Partido  tenha  obtido  três  vagas  no  parlamento.  Dessa  forma,  os  

três   primeiros   candidatos   mais   bem   votados   obtém   o   direito   de   exercer   o  

mandato.  O  quarto  candidato  mais  bem  votado  figura  como  primeiro  suplente  de  

qualquer  um  dos  três  candidatos  eleitos,  obtendo  mera  expectativa  de  direito  de  

exercer  o  mandato  parlamentar.  

 

20.     O   que   ocorre   se   nenhum  Partido/Coligação   alcançar   o   quociente  

eleitoral?  Diz   o   Código   Eleitoral   que   deve   ser   organizada   uma   lista,   em   ordem  

decrescente,  estando  eleitos  os  candidatos  mais  bem  votados.  Em  outra  palavras,  

a   eleição   passa   a   ser   regulada   pelo   sistema   majoritário   de   turno   único.   Para  

finalizar,  em  caso  de  empate,  o  candidato  mais  idoso  tem  direito  a  vaga.4  

 

21.     Agora  que  já  conhecemos  o  modo  pelo  qual  os  membros  do  Poder  

Legislativo   são   eleitos   é   necessário   tecer   alguns   comentários   sobre   as  

competências  de  cada  um  desses  órgãos.  

 

22.      A  CRFB/88  apresenta  uma  divisão  clara  de  competências:  no  art.  

48   são   apresentadas   as   competências   do   Congresso   Nacional,   que   devem   ser  

veiculadas  por  lei  ordinária  ou  lei  complementar  e  que  são  submetidas  a  sanção  

presidencial.  Já  o  art.  49  traz  as  competências  exclusivas  do  Congresso  Nacional.  

                                                                                                               4  Art. 110. Em caso de empate, haver-se-á por eleito o candidato mais idoso. – Código Eleitoral.  

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Em   regra,   as   matérias   ali   elencadas   devem   ser   tratadas   através   de   Decretos  

Legislativos  e  não  são,  em  nenhuma  hipótese,  submetidas  a  sanção  presidencial.  

 

23.     Os  arts.  51  e  52  trazem  as  competências  privativas  da  Câmara  dos  

Deputados   e   do   Senado   Federal.   É   de   suma   importância   que   o   leitor   não  

confunda  as  atribuições  de  cada  uma  das  casas.    

 

24.     Por   fim,   resta   salientar   que   a   sessão   legislativa   não   pode   ser  

interrompida  antes  da  aprovação  do  projeto  de  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias,  

conhecida   como   LOA.   Lembramos   alguns   conceitos   que   é   necessário   domínio  

para  não  cair  em  equívocos.    

 

25.     Legislatura  é  o  período  de  quatro  anos  no  qual  são  desenvolvidas  

as   atividades   parlamentares,   correspondendo   a   um  mandato   de   um   Deputado  

Federal   e  dois  mandatos  de  um  Senador.   Sessão  Legislativa  é  o  período  de  um  

ano   dentro   de   uma   legislatura,   logo,   podemos   falar   em   Primeira   Sessão  

Legislativa,  Segunda  e  assim,  sucessivamente.  

 

25.     A   Sessão   Legislativa   pode   ser   subdivida   em   Sessão   Legislativa  

Ordinária   (aquela   que   acontece   entre   o   dia   2   de   fevereiro     17   de   julho   e   1   de  

agosto   e   22   de   dezembro)   e   Sessão   Legislativa   Extraordinária   (pode   ocorrer  

durante  o  recesso  parlamentar).  O  recesso  parlamentar  vai  de  1  de  janeiro  a  1  de  

fevereiro,  de  18  a  31  de  julho  e  de  23  a  31  de  dezembro.  

 

26.     Durante  o  período  de  recesso  parlamentar  é  possível  a  convocação  

extraordinária   do   Congresso  Nacional.   Essa   convocação   deve   ser   realizada   nos  

termos  do    §6º  do  art.  57  da  CRFB/88,  a  saber:  Art.   57.   §   6º   A   convocação   extraordinária   do   Congresso   Nacional   far-­‐se-­‐

á:  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  50,  de  2006)  

 

I  -­‐  pelo  Presidente  do  Senado  Federal,  em  caso  de  decretação  de  estado  de  defesa  

ou  de   intervenção  federal,  de  pedido  de  autorização  para  a  decretação  de  estado  

de   sítio   e   para   o   compromisso   e   a   posse   do   Presidente   e   do   Vice-­‐Presidente-­‐  

Presidente  da  República;  

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II  -­‐  pelo  Presidente  da  República,  pelos  Presidentes  da  Câmara  dos  Deputados  e  do  

Senado  Federal   ou  a   requerimento  da  maioria   dos  membros   de  ambas  as   Casas,  

em   caso   de   urgência   ou   interesse   público   relevante,   em   todas   as   hipóteses   deste  

inciso  com  a  aprovação  da  maioria  absoluta  de  cada  uma  das  Casas  do  Congresso  

Nacional.  (Redação  dada  pela  Emenda  Constitucional  nº  50,  de  2006)  

 

27.     Dessa   forma,   uma   Sessão   Legislativa   Ordinária   possui   dois  

períodos,   o   primeiro   período   compreende   de   2   de   fevereiro   a   17   de   julho   e   o  

segundo  período  vai  de  1  de  agosto  a  22  de  dezembro.  

 

28.     Visto  os  aspectos  iniciais,  podemos  ingressar  à  discussão  especifica  

sobre  a  Câmara  dos  Deputados  e  suas  disposições  regimentais.    

 

29.     Exercendo   a   competência   prevista   no   art.   51,   III   da   CRFB/88,   a  

Câmara   dos   Deputados   editou   a   Resolução   nº   17   de   1989   que   aprovou   o   seu  

Regimento  Interno.  

 

30.     Logo   em   seu   art.   1º,   fica   estabelecido   que   “a   Câmara   dos  

Deputados,   com   sede   na   Capital   Federal,   funciona   no   Palácio   do   Congresso  

Nacional”.   Observa-­‐se   que   a   competência   para   alterar   a   sede   não   pertence   à  

Câmara,  mas  sim  ao  Congresso  Nacional.  Por  esse  motivo,  o  parágrafo  único  do  

referido  artigo  apenas  menciona  a  possibilidade  de  reunião  em  ponto  diverso  o  

território  nacional  e  não  a  mudança  definitiva  de  sua  sede,  in  verbis:    

Art.  1º,  Parágrafo  único.  Havendo  motivo  relevante,  ou  de   força  maior,  a  Câmara  poderá,  por  deliberação  da  Mesa,  ad  referendum  da  maioria  absoluta  dos  Deputados,  reunir-­‐se  em  outro  edifício  ou  em  ponto  diverso  no  território  nacional.      

31.     Veja  que  o  RICD  estabelece  requisitos  especiais  para  que  a  reunião  

ocorra   fora   da   sede   habitual.   É   necessária   que   haja   deliberação   da  Mesa   (não  

decisão  unipessoal  do  Presidente  da  Casa)  e  essa  decisão  deve  ser  ratificada  pela  

maioria  absoluta  do  Plenário.  

 

32.     A  CRFB/88  estabeleceu  que  a  Câmara  dos  Deputados  faz  parte  do  

Congresso   Nacional   e   que   este   deve   se   reunir   na   Capital   Federal.5  Além   disso,  

                                                                                                               5  Arts.  44  e  57  da  CRFB/88.  

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  9  

estabelece   que   “é   da   competência   exclusiva   do   Congresso   Nacional:   (...)   VI   -­‐  

mudar  temporariamente  sua  sede”.  

 

33.     Cuidado  deve  ser  dispensado  na  leitura  do  RICD  pois  muito  de  seus  

artigos   encontravam-­‐se  desatualizados,   como  o   art.   2º  por   exemplo.  A   redação  

apresentada   até   a   9º   Edição   de   sua   publicação   determinava   que   as   Sessões  

Legislativas  Ordinárias  da  Câmara  dos  Deputados  ocorram  de  15  de  fevereiro  a  

30  de  junho  e  de  1º  de  agosto  a  15  de  dezembro.  Conforme  citado  anteriormente,  

essa  data  foi  alterada  pela  Emenda  Constitucional  nº  50/2006,  tal  equivoco  só  foi  

corrigido   na   10º   Edição,   publicada   no   final   de   2013,   porém,   outros   erros  

persistem,  conforme  citaremos  no  decorrer  deste  trabalho.    

 

2  -­‐  SESSÕES  PREPARATÓRIAS:  

 

34.     A  Câmara  dos  Deputados  deve  se  reunir  em  sessões  preparatórias  

na   primeira   e   na   terceira   sessões   legislativas.   Na   primeira   sessão   legislativa  

devem   ser   realizadas   duas   sessões   preparatórias:   uma   destinada   a   posse   dos  

eleitos   e   outra   destinada   a   eleição   da   Mesa   da   Casa;   já   na   terceira   sessão  

legislativa  ocorrerá  apenas  uma  sessão  preparatória  para  a  eleição  dos  Membros  

da  Mesa.  

 

35.     Muito  se  discute  sobre  a  data  em  que  estas  sessões  devem  ocorrer.  

A   despeito   disso,   a   CRFB/88   é   clara   ao   estabelecer   que   “cada   uma   das   Casas  

reunir-­‐se-­‐á   em   sessões   preparatórias,   a   partir   de   1º   de   fevereiro,   no   primeiro  

ano   da   legislatura,   para   a   posse   de   seus   membros   e   eleição   das   respectivas  

Mesas,  para  mandato  de  2  (dois)  anos,  vedada  a  recondução  para  o  mesmo  cargo  

na  eleição  imediatamente  subsequente”6.  

 

36.     Logo,   não   é   viável   que   a   Casa   se   reúna   antes   de   1º   de   fevereiro,  

porém,  após  essa  data,  inicia-­‐se  a  Sessão  Legislativa  Ordinária.  O  art.  2º,  §  2º  do  

RICD  faz  menção  sobre  as  sessões  preparatórias,  a  saber:  

                                                                                                               6  Art.  57,  §4º  

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Art.   2º,   §   2º   A   primeira   e   a   terceira   sessões   legislativas   ordinárias   de   cada  legislatura  serão  precedidas  de  sessões  preparatórias.    

 

37.     Resta   então   que   na   primeira   Sessão   Legislativa,   as   duas   sessões  

preparatórias  devem  ser  realizadas  no  dia  1º  de  fevereiro.  Na  prática,  a  primeira  

ocorre  no  período  da  manhã  (09h)  e  a  segunda,  no  período  da  tarde  (15h).    Esse  

entendimento  foi  consubstanciado  no  caput  do  arts.  4º  e  5º  do  RICD,  in  verbis:  

 Art.  4º  No  dia  1º  de   fevereiro  do  primeiro  ano  de  cada   legislatura,  os  candidatos  

diplomados  Deputados  Federais   reunir-­‐se-­‐ão  em   sessão  preparatória,  na   sede  da  

Câmara  dos  Deputados.  

 

Art.   5º   Na   segunda   sessão   preparatória   da   primeira   sessão   legislativa   de   cada  

legislatura,  no  dia  1º  de   fevereiro,   sempre  que  possível   sob  a  direção  da  Mesa  da  

sessão   anterior,   realizar-­‐se-­‐á   a   eleição   do   Presidente,   dos   demais   membros   da  

Mesa   e   dos   Suplentes   dos   Secretários,   para   mandato   de   dois   anos,   vedada   a  

recondução  para  o  mesmo  cargo  na  eleição  imediatamente  subsequente.  

 

38.     Diferente  ocorre  na  terceira  sessão  legislativa.  A  despeito  de  nossa  

opinião   contrária,   o  RICD  dispõem  que   “No  terceiro  ano  de  cada  legislatura,  em  

data   e   hora   previamente   designadas   pelo   Presidente   da   Câmara   dos  

Deputados,  antes  de   inaugurada  a  sessão   legislativa  e  sob  a  direção  da  Mesa  da  

sessão  anterior,  realizar-­‐se-­‐á  a  eleição  do  Presidente,  dos  demais  membros  da  Mesa  

e  dos  Suplentes  dos  Secretários”7.  

 

39.     Observe   que   essas   sessões   preparatórias   podem   ocorrer   aos  

sábados,  domingos  ou  feriados,  pois  não  estão  englobadas  pela  previsão  contida  

no  §  2º    art.  2º  do  RICD,  que  determina  que  “As  reuniões  marcadas  para  as  datas  a  

que   se   refere   o   inciso   I   serão   transferidas   para   o   primeiro   dia   útil   subseqüente  

quando  recaírem  em  sábados,  domingos  ou  feriados”.  

 

40.     A  Posse  dos  Deputados   é  um  momento  de   ampla   importância  na  

vida   política   do   País.   É   dela   que   se   extrai   a   legitimidade   da   representação  

popular  e  a  essência  da  democracia  moderna.    

                                                                                                               7  Art.  5º  do  RICD  

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  11  

 

41.     O   candidato   eleito   tem  até   o  dia  31  de   janeiro  para   apresentar   à  

Mesa  os  documentos  comprobatórios  que  lhe  conferem  o  direito  à  posse.  Desta  

forma,  o  candidato  deve  apresentar,  pessoalmente  ou  através  do  seu  Partido,  o  

Diploma   Eleitoral,   expedido   pela   Justiça   Eleitoral,   juntamente   com   o   Nome  

Parlamentar,   legenda   partidária,   unidade   da   Federação   que   proceda   a  

representação  e  a  Declaração  de  Bens,  nos  termos  do  art.  229  do  RICD.  

 

42.     Em   regra,   o   nome   parlamentar   deve   ser   composto   por   dois  

elementos,   a   saber:  um  nome  e  um  prenome,  dois  nomes  ou  dois  prenomes.  A  

juízo  do  Presidente   é  possível   a   adoção  de  outra   forma,   como  um  nome  único.  

Por  exemplo,  na  atual  composição  Plenária  podemos  citar  o  Deputado  Romário  

ou  o  Deputado  Popó.  

 

43.     A   Secretária-­‐Geral   da   Mesa   (SGM)   é   encarregada   de   organizar   a  

relação   dos   Deputados   diplomados.   A   lista   deve   ser   organizada   por  

Estados/Distrito  Federal/Território,  de  norte  a  sul  na  ordem  geográfica  de  suas  

capitais,  logo  os  Estados  que  possuem  as  capitais  mais  ao  norte  do  País  figuram  

primeiro  na  lista.  Dentro  de  cada  unidade,  os  nomes  devem  ser  organizados  em  

ordem  alfabética,  com  as  respectivas  legendas  partidárias.  

 

44.     Essa   lista   deve   estar   pronta   antes   do   início   da   primeira   sessão  

preparatória.  Essa  sessão  deve  ocorrer  na  sede  da  Câmara  dos  Deputados,  no  dia  

1º  de  fevereiro  e  será  presidida  pelo  último  Presidente  se  reeleito  ou  pelo  mais  

idoso   dentre   o   de  maior   número   de   legislaturas.   Cuidado   pois   não   basta   ser   o  

candidato   diplomado   mais   idoso,   para   se   qualificar   a   presidir   esta   sessão   o  

primeiro  critério  aplicável  é  o  número  de   legislaturas  desempenhadas,  ou   seja,  

quantas  vezes  aquela  pessoa  já  exerceu  um  mandato  parlamentar.  Se  ocorrer  de  

mais   de   um   candidato   eleito   empatar   no   número   de   mandatos   já  

desempenhados,  entre  estes,  o  mais  idoso  presidirá  a  sessão.  

 

45.     Após  a  abertura  dos  trabalhos,  o  Presidente  deve  convidar  quatro  

“Deputados”,   preferencialmente   de   partidos   diferentes,   para   servirem   de  

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secretários  e  proclamará  os  nomes  dos  “Deputados  diplomados”,  constantes  na  

lista   organizada   pela   SGM.   Utilizamos   as   expressões   cobertas   por   aspas   pois   é  

notável   a   falta   de   técnica   e   organização   do   RICD.   Antes   da   posse   não   existem  

“Deputados”,   existem  apenas   candidatos  eleitos  e  diplomados.  Nesse   sentido,  o  

próprio   RICD   considera   como   “não   investido   no   mandato”   aquele   que   não  

prestar  o  compromisso  nos  termos  regimentais  (Art.  3º,  §9º  do  RICD).    

 

46.     Durante  a  leitura  dos  nomes  dos  Candidatos  Diplomados,  qualquer  

um   deles   pode   fazer   reclamação   para   correção/alteração   do   seu   nome  

parlamentar  que  deve  ser  examinada  e  decidida  pelo  Presidente  imediatamente.    

 

47.     De   pé,   todos   os   presentes,   salvo   aqueles   impossibilitados,   o  

Presidente   de   proferir   as   seguintes   palavras:   "Prometo   manter,   defender   e  

cumprir  a  Constituição,  observar  as  leis,  promover  o  bem  geral  do  povo  brasileiro  e  

sustentar  a  união,  a  integridade  e  a  independência  do  Brasil".   Logo  após,   em  ato  

contínuo,   deve   ser   realizada   a   chamada  nominal   e   cada  Deputado,   de   pé,   deve  

ratificar  o  compromisso  dizendo:  "Assim  o  prometo",  permanecendo  os  demais  

Deputados  sentados  e  em  silêncio.    

 

48.     Esse  compromisso  não  pode  ser  mudado  ou  alterado  em  qualquer  

hipótese   Importante   ressaltar   que   o   candidato   NÃO   pode   tomar   posse   por  

procuração.  Este  é  um  ato  personalíssimo,  que  tem  prazo  certo  para  acontecer.  

 

49.     O   Regimento   prevê   que   o   Deputado   que   pretenda   tomar   posse  

posteriormente   deverá   faze-­‐la   junto   à   Mesa,   quando   em   Sessão   Ordinária   ou  

Extraordinária,   ou   perante   o   Presidente,   durante   o   recesso   parlamentar,   no  

prazo  de  trinta  dias  prorrogável  por  igual  período  a  pedido  do  interessado.  Esse  

prazo   deve   ser   contado   da   primeira   sessão   preparatória   para   instalação   da  

primeira   sessão   legislativa   para   aqueles   regularmente   eleitos   ao   tempo   e   que  

tinham   condições   para   tomar   posse;   da   diplomação   se   o   candidato   for   eleito  

Deputado   durante   a   legislatura   (como   no   caso   de   anulação   de   eleições   em  

determinado   Estado);   da   ocorrência   do   fato   que   a   ensejar,   por   convocação   do  

Presidente.      

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50.     Dois  pontos  importantes  a  ressaltar,  primeiro  é  que  esse  prazo  de  

trinta  dias  prorrogável  por  mais  trinta  a  requerimento  do  interessado  pode  ser  

dilatado   em   caso   de   força   maior   ou   enfermidade   devidamente   comprovada;  

segundo  ponto  e  que,  no  caso  de  convocação  de  suplente  o  prazo  conta  da  data  

do   fato   que   ensejou   a   convocação   e   não   da   data   da   convocação   efetivamente  

realizada,  o  que  pode  acarretar  a  redução  do  prazo  para  que  o  candidato  assuma  

o  mandato.  

 

51.     Após  prestar  o  compromisso  uma  vez,  o  suplente   fica  dispensado  

de  prestá-­‐lo  novamente  no  caso  de  novas  convocações.    

 

52.     Ao   término   da   sessão   preparatória   de   posse   o   Presidente   deve  

fazer  publicar  no  Diário  da  Câmara  dos  Deputados  do  dia  seguinte  a  relação  dos  

Deputados   (agora   sim   Deputados   no   sentido   correto   da   palavra)   investidos  

regularmente   no  mandato   com   as  modificações   deferidas   referente   aos   nomes  

parlamentares.   Está   relação   servirá   de   registro   para   o   comparecimento   e  

verificação   o   quórum   necessário   à   abertura   das   sessões,   bem   como   ara   as  

votações  nominais  e  por  escrutínio  secreto.  

 

3  -­‐  ELEIÇÃO  DA  MESA:  

 

53.     Na   segunda   sessão   preparatória   do   primeiro   ano   da   legislatura  

deve  ser  realizada  a  eleição  para  os  Membros  da  Mesa,  que  exerceram  o  mandato  

pelo   prazo   de   2   anos,   sendo   vedada   a   recondução.   Necessário   observar   que   é  

vedada  a   recondução  para  o  mesmo  cargo,  não   sendo   considerado   recondução  

assunção  de  cargo  diverso,  como,  por  exemplo,  Presidente  da  Mesa  no  primeiro  

biênio  e  1º  Secretario  no  segundo.  

 

54.     Importante  esclarecer  aqui  quais  são  os  membros  da  Mesa  e  para  

quais  cargos  são  colocadas  as  vagas  em  disputa.  A  Mesa  da  Câmara  os  Deputados  

esta  prevista  no  art.  14  do  RICD  e  é  composta  pela  Presidência  e  pela  Secretária.  

A  Presidência  é  composta  pelo  Presidente  da  Mesa,  pelo  1º  Vice  e  pelo  2º  Vice.  Já  

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a   Secretária   é   composta   por   quatro   secretários,   denominados   1º,   2º,   3º   e   4º  

Secretários.  Graficamente,  podemos  representar  a  Mesa  da  seguinte  forma:  

 Presidente  da  Mesa  

1º  Vice  

2º  Vice  

1º  Secretário  

2º  Secretário  

3º  Secretário  

4º  Secretário  

 

55.     A  Mesa   é   o   órgão   qualificado   como  Comissão  Diretora   da   Casa   e  

tem   como   incumbência   a   direção   dos   trabalhos   legislativos   e   dos   serviços  

administrativos  da  Câmara.  Além  dos  membros  titulares  (também  chamados  de  

efetivos)   a   Mesa   conta   com   quatro   suplentes   de   secretários   que   têm   como  

atribuição  principal,  substituir  os  secretários.  Ressaltamos  aqui  que  os  suplentes  

não  são  membros  efetivos  da  Mesa!  

 

56.     A   eleição   para   os  membros   da  Mesa   e   seus   suplentes   é   regulada  

nos  arts.  5º  a  8º  do  RICD.  Faremos  aqui  uma  compilação  dos  principais  passos  

para   a   realização   da   disputa   eleitoral,   lembrando   a   você   leitor,   que   é   de  

fundamental  importância  a  leitura  integral  dos  artigos  ora  citados.  

 

57.     Os   arts.   5º   e   6º   fazem   alusão   à   realização   a   sessão   preparatória  

para   eleição   dos  membros   da  Mesa   no   primeiro   e   terceiro   ano   da   legislatura,  

respectivamente.  Vejamos  uma  comparação  entre  o  caput  dos  dois  artigos:        

 

58.     O  art.  5º,  atualizado  pela  Resolução  nº  19,  de  2012,   faz  menção  a  

realização  da  eleição  para  membros  da  Mesa,  estabelecendo  data  certa  para  esse  

evento,   ou   seja,   1º   de   fevereiro.   Já   o   art.   6º   determina   que   a   eleiçãoo   dos  

membros  da  Mesa  para  o  segundo  biênio  da  Legislatura  deve  ocorrer  em  data  e  

hora  previamente  designado  pelo  Presidente  da  Câmara.  

 

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59.     Importante   salientar   que,   no   primeiro   ano   da   legislatura,   a  Mesa  

que  atuou  durante  a  Sessão  Preparatória  deve  conduzir  os   trabalhos  da  Sessão  

Preparatória   de   Eleição.   Já   no   terceiro   ano   da   legislatura,   incumbe   essa  

competência  a  Mesa  que  conduziu  os  trabalhos  na  sessão  legislativa  anterior.  

 

60.     Em  regra,  a  eleição  deve  ocorrer  através  do  sistema  eletrônico.  O  

Regimento   permite,   entretanto,   que   as   eleições   sejam   realizadas   através   do  

sistema  de  cédulas,  no  caso  de  avarias  no  sistema  eletrônico.  

 

61.     É  necessário  saber  como  se  dá  a  divisão  dos  cargos  da  Mesa  entre  

os   Partidos   e   Blocos   Parlamentares.   O   art.   8º   traduz   o   princípio   da  

Representação   Proporcional   ou   Princípio   da   Proporcionalidade   Partidária.  

Sempre   que   possível,   as   vagas   de   todos   os   órgãos   colegiados   da   Câmara   dos  

Deputados   devem   ser   repartidas   observando   a   representação   equitativa   de  

todos  os  Partidos  ou  Blocos  Parlamentares.  

 

62.     Observem   que   este   não   é   um   princípio   absoluto,   visto   que   o  

próprio  Regimento  utiliza  as  expressões  “sempre  que  possível”  ou  “tanto  quanto  

possível”.   Outro   reforço   deste   princípio   é   incorporado   pelas   disposições  

regimentais   que   asseguram   a   representação   da   Minoria,   em   determinados  

órgãos,  mesmo  que  o  princípio  da  Proporcionalidade  Partidária  não  lhes  garanta  

uma  vaga.  8  

 

63.     A  partir  de  1º  de  fevereiro  de  2007,  passou  a  vigorar  a  Resolução  

nº   34,   de   2005,   que   estabeleceu   o   momento   em   que   deve   ser   verificado   o  

tamanho   da   composição   dos   Partidos   e   Blocos   Parlamentares,   de   forma   a  

determinar   o   quantitativo   de   vagas   a   que   cada   um   deles   possui   direito   nos  

órgãos  colegiados,  inclusive  na  Mesa  da  Câmara  dos  Deputados.  

 

64.     O   critério   escolhido   é   o   “número   de   candidatos   eleitos   pela  

respectiva  agremiação”  e  deve  ser  baseado  no  resultado  oficial  proclamado  pela  

                                                                                                               8  Exemplo  desse  fato.  

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Justiça   Eleitoral.   As   mudanças   partidárias   posteriores   devem   ser  

desconsideradas  para  fins  de  distribuição  de  vagas  entre  os  Partidos  ou  Blocos.  

 

65.     Lembramos  que  se  aplica  neste  caso  a  regra  prevista  no  Art.  27,  do  

RICD,  abaixo  transcrita;  Art.   27.   A   representação   numérica   das   bancadas   em   cada   Comissão   será  

estabelecida   com   a   divisão   do   número   de   membros   do   Partido   ou   Bloco  

Parlamentar,  aferido  na  forma  do  §  4°  do  art.  8°  deste  Regimento,  pelo  quociente  

resultante  da  divisão  do  número  de  membros  da  Câmara  pelo  número  de  membros  

da   Comissão;   o   inteiro   do   quociente   assim   obtido,   denominado   quociente  

partidário,   representará   o   número   de   lugares   a   que   o   Partido   ou   Bloco  

Parlamentar  poderá  concorrer  na  Comissão.  

66.     Para  efeitos  de  cálculos,  devemos  considerar  que  estão  em  disputa  

onze   cargos.   Os   suplentes   de   secretários   são   eleitos   no   mesmo   ato,   logo,  

participam   da   divisão   de   vagas.   Dessa   forma,   são   necessários   dois   cálculos.   O  

primeiro   cálculo   visa   obter   o   quociente   eleitoral   procedendo   a   divisão   do  

número   de  membros   da   Câmara   dos   Deputados   pelo   número   de  membros   da  

Mesa,  que  pode  ser  assim  representado.  

 

Qe  =  nº  de  membros  da  Câmara                                    Qe  =  513    -­‐-­‐-­‐-­‐-­‐-­‐à    Qe  =  46,6                                                Nº  de  membros  da  Mesa                                                                11    

67.     O  segundo  cálculo  deve  dividir  o  número  de  membros  do    Partido  

ou  Bloco  Parlamentar  pelo  quociente  eleitoral  (Qe).  Suponhamos  que  o  Partido  A  

seja  composto  por  94  membros.  Teremos  então  que  esse  cálculo  resulta  em  2,01.  

Nesse  caso,  desprezamos  a  fração  e  temos  que  o  Partido  A  terá  direito  a  2  lugares  

na   Mesa.   Essa   divisão   deve   ser   feita   para   todos   os   Partidos   ou   Bloco  

Parlamentares  da  casa.  

 

68.      Após  essa  divisão  é  necessário  estabelecer  qual   cargo  compete  a  

cada  agremiação.  O  Regimento  estabelece  duas  formas  para  que  isso  aconteça.  A  

primeira  (preferencialmente)  é  através  do  acordo  ente  as  agremiações,  ou  seja,  o  

consenso  entre  as  bancadas.  Caso  isso  não  ocorra,  a  escolha  será  realizadas  pelas  

lideranças,   da   maior   para   a   de   menor   representação,   conforme   o   número   de  

cargos  que  cada  uma  pode  ocupar.  

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69.     Depois   desse   longo   caminho,   é   possível   estabelecer   quais  

agremiações  podem  lançar  candidatos  à  quais  cargos.  A  escolha  dos  candidatos  

deve   ser   regulada   pelo   estatuto   do   Partido   ou   conforme   estabelecer   o   ato   de  

criação   do   Bloco   Parlamentar.   Em   caso   de   omissão,   a   indicação   deve   ser  

realizada  pelo  Líder.  O  resultado  dessa  escolha  deve  constar  de  documento  hábil  

a  ser  entregue  imediatamente  ao  Presidente  da  Câmara  para  publicação.  

 

70.     O  Regimento  faz  previsão  curiosa  no  inciso  IV,  do  art.  8º,  a  saber:  

“independentemente  do  disposto  nos  incisos  anteriores,  qualquer  deputado  poderá  

concorrer   aos   cargos   da   Mesa   que   couberem   à   sua   representação,   mediante  

comunicação   por   escrito   ao   presidente   da   Câmara,   sendo-­‐lhe   assegurado   o  

tratamento  conferido  aos  demais  candidatos”.  

 

71.     Logo,  são  possíveis  dois  tipos  de  candidatura  aos  cargos  da  Mesa:  a  

candidatura  oficial  (indicado  o  candidato  diretamente  pelo  Partido/Bloco/Líder)  

ou   a   candidatura   avulsa.   Cumpre   registrar   que   o   RICD   apenas   prevê   essa  

possibilidade   para   a   disputa   de   cargos   que   pertençam   a   agremiação   do  

candidato,  ou  seja,  em  regra,  não  pode  um  parlamentar  do  Partido  A  concorrer  a  

cargo   designado   ao   Partido   B.   Exceção   a   essa   regra   refere-­‐se   ao   cargo   de  

Presidente  da  Mesa.  A  Câmara  dos  Deputados,  sem  qualquer  amparo  regimental,  

tem   permitido   a   candidatura   avulsa   para   Presidente   da   Casa,  

independentemente  da  bancada  a  qual  era  destinada  a  vaga  ou  da  qual  procede  o  

candidato.   Para   melhor   entendimento,   transcrevemos   abaixo   a   Questão   de  

Ordem   nº   374/2009,   formulada   pelo   Deputado   Beto   Mansur   (PP/SP)   e   a  

respectiva  decisão  prolatada:  O  SR.  BETO  MANSUR    -­‐  Sr.  Presidente,  peço  a  palavra  para  uma  questão  de  ordem.  O  SR.  PRESIDENTE  (Arlindo  Chinaglia)  –  Tem  V.Exa.  a  palavra.  O  SR.  BETO  MANSUR  (PP-­‐SP.  Questão  de  ordem.  Sem  revisão  do  orador.)  -­‐  Sr.  Presidente,  com  base  no  art.  8º,  §  4º,  coube,  na  divisão  dos  cargos  da  Mesa,  ao  Partido  Progressista  o  cargo  de  Presidente.    Em  função  disso,  Sr.  Presidente,  solicito  a  V.Exa.  o  cancelamento  de  outras  candidaturas  avulsas  à  Presidência,  a  impugnação  das  candidaturas,  em  função  de  que  nós  só  podemos  ter  candidaturas  avulsas,  para  o  cargo  de  Presidente,  de  componentes  do  Partido  Progressista,  e  não  de  outro  partido.  Esta  é  a  minha  questão  de  ordem.  O  SR.  PRESIDENTE  (Arlindo  Chinaglia)  -­‐  Respondo  a  V.Exa.  Desde  1991,  no  caso  específico  da  Presidência,  têm-­‐se  admitido  candidaturas  avulsas  de  qualquer  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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Deputado.  Portanto,  a  decisão  da  Mesa  é  não  alterar  neste  momento  isso  que  se  transformou,  pela  prática,  na  regra.  Posteriormente,  V.Exa.  ou  qualquer  um  de  nós  podemos  levantar  esse  questionamento,  para  que,  para  além  da  prática  que  neste  momento  nos  parece  o  caminho  mais  seguro  -­‐  ou  seja,  não  há  alternativa  -­‐,  eventualmente  possa  se  rediscutir  a  questão.  O  tema  é  relevante,  mas  neste  momento  estamos  nos  orientando  pela  doutrina  da  prática.  O  SR.  BETO  MANSUR  -­‐  Sr.  Presidente,  a  alternativa  é  regimental.  Respeito  a  fala  de  V.Exa.,  o  argumento  de  V.Exa.,  mas  não  existe  absolutamente  nada  do  que  V.Exa.  disse  dentro  do  Regimento  da  Casa.  O  SR.  PRESIDENTE  (Arlindo  Chinaglia)  -­‐  Exceto  que  todos  os  Presidentes  anteriores,  a  partir  de  1991,  tomaram  essa  decisão.  E  pelas  circunstâncias...  É  relevante.  V.Exa.  levanta  um  tema  e  aponta  o  Regimento.  Por  isso,  frisei  que  neste  momento,  frente  à  jurisprudência  criada  por  sucessivas  decisões,  a  minha  decisão  é  esta.    Ementa  decisão:  Esclarece  ao  Deputado  Beto  Mansur  que  desde  1991  a  Mesa  tem  aceito  candidatura  avulsa  de  qualquer  parlamentar  à  Presidência  da  Casa  e,  embora  admita  a  relevância  do  tema,  entende  que  neste  momento  é  mais  seguro  orientar-­‐se  pela  doutrina  da  prática.  

 

72.     Dividida   as   vagas     apresentados   os   candidatos,   resta   observar  

como  as  eleições  devem  ser   conduzidas.  É  necessário  que  o   candidato  obtenha  

maioria  absoluta  dos  votos  para   ser  eleito  no  primeiro   turno,   caso  contrário,   é  

necessária   à   realização   de   segundo   turno   com   os   dois   candidatos   mais   bem  

votados.    

 

73.     A   eleição   deve   acontecer   para   todos   os   cargos   em   ato   único,  

porém,  “enquanto  não   for  escolhido  o  Presidente,  não  se  procederá  à  apuração  

para  os  demais  cargos”.9  O  Presidente  em  exercício  deve  dar  posse  ao  Presidente  

Eleito  que  determina  a  apuração  para  os  demais  cargos,  procedendo  a  posse  em  

seguida.  

 

74.     Em  caso  de  avaria  do  sistema  eletrônico  é  necessário  observar  os  

procedimentos  previstos  no  art.  7º,  a  saber:    Art.  7º  A  eleição  dos  membros  da  Mesa  far-­‐se-­‐á  em  votação  por  escrutínio  secreto  e  pelo  sistema  eletrônico,  exigido  maioria  absoluta  de  votos,  em  primeiro  escrutínio,  maioria   simples,   em   segundo   escrutínio,   presente   a   maioria   absoluta   dos  Deputados,  observadas  as  seguintes  exigências  e  formalidades:    I   -­‐   registro,   perante   a   Mesa,   individualmente   ou   por   chapa,   de   candidatos  previamente  escolhidos  pelas  bancadas  dos  Partidos  ou  Blocos  Parlamentares  aos  cargos  que,  de  acordo  com  o  principio  da  representação  proporcional,  tenham  sido  distribuídos  a  esses  Partidos  ou  Blocos  Parlamentares;    II  -­‐  chamada  dos  Deputados  para  a  votação;    

                                                                                                               9  §2º  do  art.  5º  do  RICD.  

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III   -­‐   realização   de   segundo   escrutínio,   com   os   2   (dois)   mais   votados   para   cada  cargo,  quando,  no  primeiro,  não  se  alcançar  maioria  absoluta;    IV   -­‐   eleição  do  candidato  mais   idoso,  dentre  os  de  maior  número  de   legislaturas,  em  caso  de  empate;    V  -­‐  proclamação  pelo  Presidente  do  resultado  final  e  posse  imediata  dos  eleitos.    Parágrafo   único.   No   caso   de   avaria   do   sistema   eletrônico   de   votação,   far-­‐se-­‐á   a  eleição   por   cédulas,   observados   os   incisos   II   a   V   do   caput   deste   artigo   e   as  seguintes  exigências:    I   -­‐   cédulas   impressas   ou  datilografadas,   contendo   cada  uma   somente   o  nome  do  votado  e  o  cargo  a  que  concorre,  embora  seja  um  só  o  ato  de  votação  para  todos  os  cargos,  ou  chapa  completa,  desde  que  decorrente  de  acordo  partidário;    II   -­‐   colocação,   em   cabina   indevassável,   das   cédulas   em   sobrecartas   que  resguardem  o  sigilo  do  voto;    III  -­‐  colocação  das  sobre  cartas  em  4  (quatro)  urnas,  à  vista  do  Plenário,  2  (duas)  destinadas   à   eleição   do   Presidente   e   as   outras   2   (duas)   à   eleição   dos   demais  membros  da  Mesa;    IV   -­‐  acompanhamento  dos   trabalhos  de  apuração,  na  Mesa,  por  2   (dois)  ou  mais  Deputados  indicados  à  Presidência  por  Partido  ou  Blocos  Parlamentares  diferentes  e  por  candidatos  avulsos;    V   -­‐  o  Secretário  designado  pelo  Presidente  retirará  as   sobrecartas  das  urnas,   em  primeiro   lugar   as   destinadas   à   eleição   do   Presidente;   contá-­‐las-­‐á   e,   verificada   a  coincidência   do   seu   número   com   o   dos   votantes,   do   que   será   cientificado   o  Plenário,  abri-­‐las-­‐á  e  separará  as  cédulas  pelos  cargos  a  preencher;    VI  -­‐  leitura  pelo  Presidente  dos  nomes  dos  votados;    VII  -­‐  proclamação  dos  votos,  em  voz  alta,  por  um  Secretário  e  sua  anotação  por  2  (dois)  outros,  à  medida  que  apurados;    VIII   -­‐   invalidação   da   cédula   que   não   atenda   ao   disposto   no   inciso   I   deste  parágrafo;    IX  -­‐  redação  pelo  Secretário  e  leitura  pelo  Presidente  do  resultado  de  cada  eleição,  na  ordem  decrescente  dos  votados.  

 

75.      No   caso   de   empate   ocorrido   no   segundo   escrutínio,   deve   ser  

declarado   vencedor   o   candidato   mais   idosos   dentre   o   de   maior   número   de  

legislaturas.  

 

76.     Será  sempre  assegurada  a  participação  de  um  membro  da  Minoria  

na   composição   da   Mesa,   mesmo   que   não   obtido   pelo   princípio   da  

proporcionalidade   partidária.   Essa   é   uma   forma   de   garantir   que   opiniões  

contrárias   encontrem   espaço   para  manifestação   e   deliberação   pois   o   processo  

legislativo  acaba  centralizado  na  tríade  Colégio  de  Líderes  –  Mesa  –  Comissões.  

 

77.     Se   até   30   de   novembro   do   segundo   ano   do  mandato   verificar-­‐se  

qualquer  vaga  na  Mesa,  será  ela  preenchida  mediante  eleiçãoo,  dentro  de  cinco  

sessões.   Ocorrida   a   vacância   depois   dessa   data,   a   Mesa   designará   um   dos  

membros  titulares  para  responder  pelo  cargo.  

 

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78.     Por  fim,  no  caso  de  mudança  partidária  (mesmo  aquela  declarada  

com  justa  causa  pela  Justiça  Eleitoral),  o  parlamentar  perde  o  seu  lugar  à  Mesa.  

 

4  -­‐  LIDERANÇA.  

 

79.     O   art.   9º   prevê   a   existência   dos   Líderes   e   Vice-­‐Líderes   na  

composição  da  casa.  É  de  extrema  importância  entender  o  papel  que  os   líderes  

desempenham   no   processo   legislativo,   por   isso,   indicamos   especial   atenção   a  

esse  tópico.  Art.  9º  Os  Deputados  são  agrupados  por  representações  partidárias  ou  de  Blocos  Parlamentares,  cabendo-­‐lhes  escolher  o  Líder  quando  a  representação  for  igual  ou  superior  a  um  centésimo  da  composição  da  Câmara.    §   1º   Cada   Líder   poderá   indicar   Vice-­‐Líderes,   na   proporção   de   um   por   quatro  Deputados,  ou   fração,  que  constituam  sua  representação,   facultada  a  designação  de  um  como  Primeiro  Vice-­‐Líder.  (Parágrafo  com  redação  dada  pela  Resolução  nº  78,  de  1995)  §  2º  A  escolha  do  Líder  será  comunicada  à  Mesa,  no  início  de  cada  legislatura,  ou  após   a   criação   de   Bloco   Parlamentar,   em   documento   subscrito   pela   maioria  absoluta  dos  integrantes  da  representação.    §  3º  Os  Líderes  permanecerão  no  exercício  de  suas  funções  até  que  nova  indicação  venha  a  ser  feita  pela  respectiva  representação.    §   4º  O  Partido   com  bancada   inferior   a   um   centésimo  dos  membros   da  Casa  não  terá   Liderança,   mas   poderá   indicar   um   de   seus   integrantes   para   expressar   a  posição   do   Partido   quando   da   votação   de   proposições,   ou   para   fazer   uso   da  palavra,  uma  vez  por  semana,  por  cinco  minutos,  durante  o  período  destinado  às  Comunicações  de  Lideranças.    §  5º  Os  Líderes  e  Vice-­‐Líderes  não  poderão  integrar  a  Mesa.    §   6º   O   quantitativo  mínimo   de   Vice-­‐Líderes   previsto   no   §   1º   será   calculado   com  base   no   resultado   final   das   eleições   para   a   Câmara   dos   Deputados   proclamado  pelo  Tribunal  Superior  Eleitoral.  

 

80.     Em   primeiro   lugar,   devemos   entender   quando   uma   agremiação  

pode  constituir   sua   liderança,  quantos  são  os  Líderes  e  Vice-­‐Líderes  e,  por   fim,  

qual  o  papel  que  exercem,  com  suas  prerrogativas  e  vedações  especiais.  

 

81.     Os  Partidos  Políticos  ou  os  Blocos  Parlamentares  podem  constituir  

liderança  quando  sua  composição  seja  superior  a  1/100  do  número  de  membros  

da  Casa.  Observe  que,  nesse   caso,  o  Regimento  não  autoriza  que   se  despreze  a  

fração,  logo,  possuindo  513  deputados,  1/100  equivale  a  5,13  deputados.  Assim,  

somente  agremiações  com  seis  ou  mais  deputados  podem  constituir  liderança  na  

forma  regimental.  

 

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82.     Ressalte-­‐se   que   a   Câmara   dos   Deputados   já   reconheceu   a  

possibilidade,  em  outras  legislaturas,  de  designação  de  líderes  para  Partidos  com  

5  membros  na  Casa.  Tal  procedimento  não  tem  amparo  regimental.  

 

83.     Cada  Líder  deve  indicar  os  Vice-­‐Líderes  em  uma  proporção  de  um  

para  cada  quatro  Deputados  ou  fração  que  constituem  sua  agremiação.  Logo,  um  

Partido  A  com  15  membros  deve  eleger  um  Líder  e  este  deve  indicar  quatro  Vice-­‐

Líderes  (4  +  4  +  4  +  3).  

 

84.     Não   há   prazo   determinado   para   um   parlamentar   exercer   a  

liderança   do   Partido   ou   Bloco.   Por   óbvio,   a   liderança   anão   pode   extrapolar   a  

legislatura,   porém,   nada   impede   que,   se   reeleito,   o   Deputado   volte   a   ocupar   a  

liderança  de  seu  Partido.  

 

85.     A  definição  do  Líder  deve  ser  “comunicada  à  Mesa,  no  início  de  cada  

legislatura,  ou  após  a  criação  de  Bloco  Parlamentar,  em  documento  subscrito  pela  

maioria  absoluta  dos  integrantes  da  representação”.  

 

86.     A   aferição   do   número   de   integrantes   dos   Partidos   ou   Blocos  

Parlamentares   deve   ter   por   base   o   resultado   das   eleições   proclamado   pela  

Justiça  Eleitoral.  Mudanças  posteriores  não  devem  afetar  a  quantidade  de  vice-­‐

líderes  constituídos.  

87.     Quanto  as  prerrogativas  que  um  Líder  possuí,  é  preciso  observar  o  

disposto   no   art.   10   do   RICD.   Porém,   outras   atribuições   estão   espalhadas   pelo  

texto   regimental.   Fazemos   abaixo   um   síntese   das   atribuições   regimentais   dos  

Líderes:  

a) Fazer  uso  da  palavra  durante  às  chamadas  “Comunicações  de  Liderança”.  

b) Participar,   pessoalmente   ou   por   intermédio   dos   seus   Vice-­‐Líderes,   dos  

trabalhos  de  qualquer  Comissão  de  que  não  seja  membro,   sem  direito  a  

voto,  mas  podendo  encaminhar  a  votação  ou  requerer  a  verificação  desta.  

c) Encaminhar   a   votação   de   qualquer   proposição   sujeita   à   deliberação   do  

Plenário,  para  orientar  sua  bancada,  por  tempo  não  superior  a  um  minuto.  

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d) Registrar   os   candidatos   do   Partido   ou   do   Bloco   Parlamentar   para  

concorrer  aos  cargos  da  Mesa.  

e) Indicar   à  Mesa  os  membros  da  bancada  para   compor  as  Comissões,   e,   a  

qualquer  tempo,  substituí-­‐los.  

f) Requerer  a  dispensa  de  discussão  do  proposição  com  todos  os  pareceres  

favoráveis  (art.  167).  

g) Pedir  vista  de  processo  em  Comissão  (Art.  57,  XVI  –  somente  quando  for  

membro  da  Comissão).    

h) Levantar  questão  de  ordem  em  Comissão  (Art.  57,  XXI  –  somente  quando  

for  membro  da  Comissão).  

i) Fazer   reclamação   quanto   ação   ou   omissão   de   Comissão   (art.   94,   §2º   –  

somente  quando  for  membro  da  Comissão).  

 

88.     Além   dos   Líderes   de   Partidos   ou   Blocos   Parlamentares,   existem  

ainda  duas  espécies  de  lideranças  na  Câmara  dos  Deputados,  a  saber:  a  Liderança  

do  Governo  e  a  Liderança  da  Minoria.  

 

89.     A   Liderança   do   Governo   deve   ser   indicado   pelo   Presidente   da  

República.  É  composta  por  um  Líder  e  dez  vice-­‐líderes  que  podem  fazer  o  uso  da  

palavra   nas   “Comunicações   de   Liderança”,   participar,   pessoalmente   ou   por  

intermédio   dos   seus   Vice-­‐Líderes,   dos   trabalhos   de   qualquer   Comissão   de   que  

não   seja   membro,   sem   direito   a   voto,   mas   podendo   encaminhar   a   votação   ou  

requerer   a   verificação   desta   e   encaminhar   a   votação   de   qualquer   proposição  

sujeita   à   deliberação   do   Plenário,   para   orientar   sua   bancada,   por   tempo   não  

superior  a  um  minuto.  

 

90.     Já   a   Liderança   da  Minoria   é   composta   por   um   Líder   e   seis   vice-­‐

líderes,  com  as  mesmas  prerrogativas  da  Liderança  do  Governo.  O  Líder  deve  ser  

indicado  pela  representação  considerada  Minoria,  nos  termos  do  art.  13  do  RICD  

que   será   estudado   a   seguir.   Após   indicado,   o   Líder   deve   escolher   os   seis   vice-­‐

líderes   para   compor   a   Liderança   dentre   os   membros   dos   partidos   que,   em  

relação  ao  governo,  expressem  posição  contrária  à  da  Maioria.  

 

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91.     Observe  que,  dessa   forma,  o  Líder  da  Liderança  da  Minoria  deve,  

necessariamente,   fazer   parte   do   Partido   ou   Bloco   Parlamentar   que   ocupa   a  

posição   da   Minoria   nos   termos   regimentais.   Já   os   vice-­‐líderes   podem   ser   de  

bancada  diversa,  desde  que  comunguem  a  mesma  posição  que  a  Minoria,  ou  seja,  

em  relação  ao  governo,  contrária  a  Maioria.  

 

5  -­‐  BLOCOS  PARLAMENTARES,  MAIORIA  E  MINORIA.  

 

92.     O   jogo  político   e   as   regras  do  processo   legislativo   exigem  que  os  

Partidos  tenham  representatividade  na  casa  legislativa.  Essa  representatividade  

se   traduz   no   número   de   parlamentares   que   constituí   cada   agremiação.   Logo,  

podemos  dizer  que  quando  menor  a  bancada,  menos  força  legislativa  ela  possuí,  

influindo  de  forma  tímida  no  processo  legislativo.  

 

93.     O   mecanismo   utilizado   para   aumentar   a   representatividade   das  

agremiação   é   a   união   entre   Partidos   Políticos   que   partilham   interesses   e  

objetivos  semelhantes  para  constituição  dos  chamados  Blocos  Parlamentares.  

 

94.     Define  o  RICD  que  “as  representações  de  dois  ou  mais  Partidos,  por  

deliberação  das  respectivas  bancadas,  poderão  constituir  Bloco  Parlamentar,  sob  

liderança  comum”.10  

 

95.     Porém,   essa   prerrogativa   não   é   ilimitada.   Existem   critérios  

expressos   que   devem   ser   observados   na   formação   dessas   entidades.   É  

necessário,  no  mínimo,  três  centésimos  dos  membros  da  casa  para  a  constituição  

de   um   Bloco   Parlamentar,   ou   seja,   16   membros.   Duas   agremiações,   uma  

contando   com  7  membros   e   a   outra   contando   com  9  membros  podem  se  unir,  

constituindo  um  Bloco  Parlamentar.  

 

96.     O  Bloco  Parlamentar  terá,  n  que  couber,  o  tratamento  dispensado  

pelo  Regimento  às  organizações  partidárias  com  representação  na  Casa,  ou  seja,  

terá  as  prerrogativas  e  deveres  semelhante  a  os  Partidos  Políticos,  logo,  poderá,                                                                                                                  10  Art.  12  do  RICD.  

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por  exemplo,  participar  da  distribuição  de  vagas  nas  Comissões,  incluindo  a  Mesa  

Diretora.  

 

97.     Sua  duração  está   limitada  ao   término  da   legislatura,  podendo  ser  

desconstituída   antes   em   duas   situações:   por   vontade   das   partes,   quando   as  

bancadas  resolvem  se  desligar  voltando  a  atuar  isoladamente  ou,  se  o  número  de  

membros   do   Bloco   Parlamentar   for   inferior   ao   mínimo   fixado   após   o  

desligamento  de  uma  das  agremiações  que  constituíam  o  Bloco  (menos  de   três  

centésimos).  

 

98.     A   agremiação   que   integrava   um   Bloco   Parlamentar   e   dele   se  

desvincula,  não  pode   fazer  parte  de  outro  Bloco  Parlamentar  na  mesma  sessão  

legislativa.   Muito   cuidado   para   não   confundir   com   legislatura,   visto   que   o  

primeiro  compreende  o  lapso  de  um  ano  e  o  segundo,  quatro  anos.  

 

99.     O   Bloco   Parlamentar   pode   ser   constituído   a   qualquer   tempo,  

porém,  para  que  o  Bloco  participe  da  distribuição  das  vagas  na  Mesa  Diretora  e  

nas  demais  comissões,  é  necessário  que  seja  comunicada  sua  criação  até  o  dia  1º  

de  fevereiro  do  primeiro  e  do  terceiro  ano  da  legislatura.  

 

98.     Importante  ressaltar  que  os  Líderes  dos  Partidos  que  se  coligarem  

perdem   as   atribuições   regimentais   que   passam   a   ser   exercidas   pelo   Líder   do  

Bloco  Parlamentar.  

 

99.     Para   finalizar   esse   capítulo,   tratamos   e   um   tema   aparentemente  

simples,   mas   que   causa   muita   confusão   na   prática:   trata-­‐se   da   maioria   e   da  

minoria.  Para  melhor  exemplificar,  transcrevemos  o  art.  13  do  RICD,  in  verbis:  Art.   13.   Constitui   a   Maioria   o   Partido   ou   Bloco   Parlamentar   integrado   pela  

maioria  absoluta  dos  membros  da  Casa,  considerando-­‐se  Minoria  a  representação  

imediatamente   inferior   que,   em   relação  ao  Governo,   expresse  posição  diversa  da  

Maioria.    

Parágrafo  único.  Se  nenhuma  representação  atingir  a  maioria  absoluta,  assume  as  

funções  regimentais  e  constitucionais  da  Maioria  o  Partido  ou  Bloco  Parlamentar  

que  tiver  o  maior  número  de  representantes.    

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

  25  

 

100.     Observem  que  a  Maioria  pode  ser  constituída  por  Partido  Político  

ou  por  Bloco  Parlamentar  e  é,  em  regra,  aquela  integrada  pela  maioria  absoluta  

dos  membros  da  casa,  ou  seja,  257  membros.  Caso  nenhuma  agremiação  alcance  

essa  composição,  o  Partido  ou  Bloco  que  tenha  o  maior  número  de  membros  na  

Casa  Legislativa  deve  exercer  as  funções  da  Maioria.  

 

101.     Por  sua  vez,  a  Minoria  não  é  o  menor  Partido  ou  Bloco  Parlamentar  

presente   na   Câmara   dos   Deputados.   É,   na   verdade,   aquele   que   possua  

representação   imediatamente   inferior   a   Maioria   e   que,   em   relação   a   esta,   se  

posicione   de   maneira   diversa   em   relação   ao   Governo.   Em   outras   palavras,   a  

Minoria  é  o  maior  partido  que  faça  oposição  à  Maioria.    

 

102.     Logo,   a   Maioria   pode   ser   tanto   da   base   aliada   governista   como  

contrária   ao   Governo,   formando   a   oposição.   Temos   então   as   seguintes  

possibilidades:  1-­‐)se  a  Maioria  tem  posição  favorável  ao  Governo,  a  Minoria  é  o  

maior   Partido   ou   Bloco   Parlamentar   que   faça   oposição;   2-­‐)se   a   Maioria   tem  

posição  contrária  ao  Governo,  a  Minoria  é  o  maior  Partido  ou  Bloco  Parlamentar  

que  seja  favorável  a  ele.  

 

 

 

 

 

 

 

 

TÍTULO  II  1  -­‐  Os  Órgão  da  Câmara  dos  Deputados.  

 

1.     Inicialmente,  é  necessário  fazer  uma  constatação  um  tanto  quanto  

óbvia,  porém,  explicativa:  o  processo  legislativo  é  extremamente  complexo.  Não  

por  menos.  Ao  legislar,  o  Estado  interfere  diretamente  na  esfera  privada  de  cada  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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indivíduo   e,   por   isso,   deve   o   processo   de   criação   das   leis   observar   todos   os  

pressupostos   formais   para   a   sua   existência,   em   uma   tentativa   de   aumentar   a  

qualidade  do  produto  legislativo  que  hoje  rege  nossa  sociedade.  

 

2.     Sabemos   que   isso   nem   sempre   acontece,   porém,   é   necessário  

enverarmos  nossos  esforços  nesse  sentido.  E  dessa  forma,  primordial  é  entender  

o  complexo  de  relações  que  existe  dentro  de  cada  Casa  Legislativa.    

 

3.     Devido   as   atribuições   diversas,   cada   Casa   conta   com   diversos  

órgãos   que   possuem   finalidades   especificas   para   o   bom   funcionamento   dos  

trabalhos.    O  RICD  lista,  no  Título  II,  uma  relação  de  órgãos  que  compõe  a  Câmara  

dos  Deputados  e  que  serão  objetos  de  estudo  deste  capítulo,  a  saber:  A  Mesa,  A  

Presidência,   a  Secretária  da  Mesa,  o  Colégio  de  Líderes,   a  Secretária  da  Mulher  

(composta   pela   Procuradoria   da   Mulher   e   pela   Coordenadoria   da   Mulher),   a  

Procuradoria   Parlamentar,   a   Ouvidoria   Parlamentar,   o   Conselho   de   Ética   e  

Decoro   Parlamentar,   a   Corregedoria   Parlamentar   e   o   Grupo   de   Trabalho   e  

Consolidação  das  Leis.  

 

4.     As  Comissões,   como  órgãos   técnicos-­‐legislativos,   serão  estudadas  

em  capítulo  a  parte  devido  a  sua  importância  e  peculiaridades  relevantes.  

 

2  -­‐  A  MESA:    

5.     A   Mesa   da   Câmara   dos   Deputados   exerce   a   função   de   Comissão  

Diretora   e   incumbe   a   direção   dos   trabalhos   legislativos   e   dos   serviços  

administrativos   da   Câmara.     Lembramos   que   sua   composição   já   foi   tratada  

anteriormente,   a   qual   remetemos   o   leitor,  11  porém,   não   custa   reafirmar   que   a  

Mesa   é   composta   por   7   integrantes,   sendo   constituída   pela   Presidência   e   pela  

Secretária.  Os  membro  suplentes  de  secretários  apesar  de  eleitos  no  mesmo  ato  

que  os  membros  da  Mesa,  não  fazem  parte  desta.  

 

                                                                                                               11  Capítulo  I,  parágrafo  54.  

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6.     A  Mesa  deve  se  reunir,  ordinariamente,  uma  vez  por  quinzena,  em  

dia   e   hora   prefixados,   e,   extraordinariamente,   sempre   que   convocada   pelo  

Presidente  ou  por  quatro  de  seus  membros  efetivos  (maioria  absoluta).  

 

7.     Participar   da   Mesa   gera   algumas   obrigações   a   seus   membros   e  

perderá   o   lugar   aquele   que   deixar   de   comparecer   a   cinco   reuniões   ordinárias,  

consecutivas,   sem   causa   justificada.   Note   que   não   é   a   simples   ausência   às  

reuniões  que  geram  a  perda  do  lugar.  É  necessário  que  ela  seja  injustificada.  

 

8.     Além   das   obrigações,   surgem   alguns   impedimentos   ao  

parlamentar   que   faz   parte   da   Mesa   como  membro   efetivo:   não   poderão   fazer  

parte  de  Liderança,  nem  de  Comissão  Permanente,  Especial  ou  de  Inquérito.  Aqui  

é  necessário  fazer  uma  ressalva.  O  próprio  RICD  prevê  uma  exceção  ao  disposto  

no  §5º  do  art.  14.  

 

9.     O   Art.   216   estabelece   que   “o   Regimento   Interno   poderá   ser  

modificado   ou   reformado   por   meio   de   projeto   de   resolução   de   iniciativa   de  

Deputado,   da  Mesa,   de   Comissão  Permanente   ou   de   Comissão  Especial   para   esse  

fim  criada,  em  virtude  de  deliberação  da  Câmara,  da  qual  deverá  fazer  parte  um  

membro  da  Mesa”.   Então   temos  uma  hipótese   em  que  um  membro   efetivo  da  

Mesa  deve  fazer  parte,  obrigatoriamente,  de  uma  Comissão  Especial.  

 

10.     Além  disso,  o  RICD  permite,  por   interpretação,  que  o  membro  da  

Mesa   faça   parte   das   Comissões   Externas,   uma   comissão   especifica   que   será  

estudada  no  próximo  capítulo.  

 

11.     O  RICD  trás,  expressamente,  as  competências  de  alguns  membros  

da  Mesa   (art.  17  –  Presidente  da  Mesa  /  Art.  19  –  Primeiro-­‐secretário  /  Art.  80  –  

Segundo-­‐secretário),  porém,  essa  enumeração  não  é  taxativa.  Ocorre  que  a  Mesa  

deve  expedir  um  ato,  publicado  dentro  de  trinta  sessões  após  a  sua  constituição,  

fixando   a   competência   de   cada   um   dos   seus  membros.   Caso   esse   ato   não   seja  

publicado,   permanece   em   vigor   as   disposições   da   sessão   legislativa   anterior,  

enquanto  não  modificada.  

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12.     Esta  em  vigor  o  Ato  da  Mesa  nº  66/1993  que  foi  alterado  pelo  Ato  

da   Mesa   nº   84/2001   até   a   data   atual.   O   RICD   também   traz   em   seu   texto  

competências   expressas   para   a   Mesa.   Estão   previstas   no   art.   15,   abaixo  

transcritas:  Art.   15.   À   Mesa   compete,   dentre   outras   atribuições   estabelecidas   em   lei,   neste  

Regimento  ou  por  resolução  da  Câmara,  ou  delas  implicitamente  resultantes:    

 

I   -­‐   dirigir   todos   os   serviços   da   Casa   durante   as   sessões   legislativas   e   nos   seus  

interregnos   e   tomar   as   providências   necessárias   à   regularidade   dos   trabalhos  

legislativos,   ressalvada  a   competência   da  Comissão  Representativa   do  Congresso  

Nacional;    

II  -­‐  constituir,  excluído  o  seu  Presidente,  alternadamente  com  a  Mesa  do  Senado,  a  

Mesa   do   Congresso   Nacional,   nos   termos   do   §   5º   do   art.   57   da   Constituição  

Federal;    

III   -­‐   promulgar,   juntamente   com   a   Mesa   do   Senado   Federal,   emendas   à  

Constituição;    

IV   -­‐   propor   ação   de   inconstitucionalidade,   por   iniciativa   própria   ou   a  

requerimento  de  Deputado  ou  Comissão;    

V   -­‐   dar   parecer   sobre   a   elaboração   do   Regimento   Interno   da   Câmara   e   suas  

modificações;    

VI   -­‐   conferir   aos   seus   membros   atribuições   ou   encargos   referentes   aos   serviços  

legislativos  e  administrativos  da  Casa;    

VII  -­‐  fixar  diretrizes  para  a  divulgação  das  atividades  da  Câmara;    

VIII  -­‐  adotar  medidas  adequadas  para  promover  e  valorizar  o  Poder  Legislativo  e  

resguardar  o  seu  conceito  perante  a  Nação;    

IX  -­‐  adotar  as  providências  cabíveis,  por  solicitação  do  interessado,  para  a  defesa  

judicial   e   extrajudicial   de   Deputado   contra   a   ameaça   ou   a   prática   de   ato  

atentatório   do   livre   exercício   e   das   prerrogativas   constitucionais   do   mandato  

parlamentar;    

X   -­‐   fixar,   no   inicio   da   primeira   e   da   terceira   sessões   legislativas   da   legislatura,  

ouvido   o   Colégio   de   Líderes,   o   número   de   Deputados   por   Partido   ou   Bloco  

Parlamentar  em  cada  Comissão  Permanente;    

XI   -­‐   elaborar,   ouvido   o   Colégio   de   Líderes   e   os   Presidentes   de   Comissões  

Permanentes,  projeto  de  Regulamento  Interno  das  Comissões,  que,  aprovado  pelo  

Plenário,  será  parte  integrante  deste  Regimento;    

XII   -­‐   promover   ou   adotar,   em   virtude   de   decisão   judicial,   as   providências  

necessárias,   de   sua   alçada   ou   que   se   insiram   na   competência   legislativa   da  

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Câmara   dos  Deputados,   relativas   aos   arts.   102,   I,   q,   e   103,   §   2º,   da   Constituição  

Federal;    

XIII  -­‐  apreciar  e  encaminhar  pedidos  escritos  de  informação  a  Ministros  de  Estado,  

nos  termos  do  art.  50,  §  2º,  da  Constituição  Federal;    

XIV  -­‐  declarar  a  perda  do  mandato  de  Deputado,  nos  casos  previstos  nos  incisos  III,  

IV  e  V  do  art.  55  da  Constituição  Federal,  observado  o  disposto  no  §  3º  do  mesmo  

artigo;    

XV   -­‐   aplicar   a   penalidade   de   censura   escrita   a   Deputado;   (Inciso   com   redação  

adaptada   aos   termos   da   Resolução   nº   25,   de   2001,   que   instituiu   o   Código   de  

Ética  e  Decoro  Parlamentar  da  Câmara  dos  Deputados)  

XVI   -­‐   decidir   conclusivamente,   em   grau   de   recurso,   as   matérias   referentes   ao  

ordenamento  jurídico  de  pessoal  e  aos  serviços  administrativos  da  Câmara;    

XVII  -­‐  propor,  privativamente,  à  Câmara  projeto  de  resolução  dispondo  sobre  sua  

organização,   funcionamento,   polícia,   regime   jurídico   do   pessoal,   criação,  

transformação  ou  extinção  de  cargos,  empregos  e  funções  e  fixação  da  respectiva  

remuneração,   observados   os   parâmetros   estabelecidos   na   lei   de   diretrizes  

orçamentárias;    

XVIII   -­‐   prover   os   cargos,   empregos   e   funções   dos   serviços   administrativos   da  

Câmara,   bem   como   conceder   licença,   aposentadoria   e   vantagens   devidas   aos  

servidores,  ou  colocá-­‐los  em  disponibilidade;    

XIX   -­‐   requisitar   servidores   da   administração   pública   direta,   indireta   ou  

fundacional  para  quaisquer  de  seus  serviços;    

XX   -­‐   aprovar   a   proposta   orçamentária   da   Câmara   e   encaminhá-­‐la   ao   Poder  

Executivo;    

XXI   -­‐   encaminhar   ao   Poder   Executivo   as   solicitações   de   créditos   adicionais  

necessários  ao  funcionamento  da  Câmara  e  dos  seus  serviços;    

XXII  -­‐  estabelecer  os  limites  de  competência  para  as  autorizações  de  despesa;    

XXIII  -­‐  autorizar  a  assinatura  de  convênios  e  de  contratos  de  prestação  de  serviços;    

XXIV  -­‐  aprovar  o  orçamento  analítico  da  Câmara;    

XXV   -­‐   autorizar   licitações,   homologar   seus   resultados   e   aprovar   o   calendário   de  

compras;    

XXVI  -­‐  exercer  fiscalização  financeira  sobre  as  entidades  subvencionadas,  total  ou  

parcialmente,  pela  Câmara,  nos  limites  das  verbas  que  lhes  forem  destinadas;    

XXVII   -­‐   encaminhar   ao   Tribunal   de   Contas   da   União   a   prestação   de   contas   da  

Câmara  em  cada  exercício  financeiro;    

XXVIII  -­‐  requisitar  reforço  policial,  nos  termos  do  parágrafo  único  do  art.  270;  

XXIX   -­‐   apresentar   à   Câmara,   na   sessão   de   encerramento   do   ano   legislativo,  

resenha   dos   trabalhos   realizados,   precedida   de   sucinto   relatório   sobre   o   seu  

desempenho.    

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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Parágrafo   único.   Em   caso   de  matéria   inadiável,   poderá   o   Presidente,   ou   quem  o  

estiver   substituindo,   decidir,   ad   referendum   da   Mesa,   sobre   assunto   de  

competência  desta.  

13.     Observando   o   caput   desse   artigo   é   possível   afirmar   que   as  

competências  da  Mesa  podem  decorrer  de  três  fontes  distintas:  pelo  Regimento  

Interno   ou   Resolução   da   Câmara,   por   Lei   ou   por   interpretação,   decorrente   de  

maneira  implícita  nas  normas  que  regem  o  processo  legislativo.  

 

14.     Importante  ressaltar  que  a  Mesa  é  a   instância  máxima  de  decisão  

administrativa,   ao   decidir   em   grau   de   recurso,   conclusivamente,   as   matérias  

referentes  ao  ordenamento  jurídico  de  pessoa  e  aos  serviços  administrativos  da  

Câmara.  

 

15.     Alguns  doutrinadores  chegam  a  repartir  as  competências  da  Mesa  

em   três   grupos   distintos,   a   saber:   1-­‐)Competências   Constitucionais;   2-­‐

)Competências  Legislativas;  e  3-­‐)Competências  Administrativas.  

 

16.     Em   quadro   esquema,   apresentaremos   as   competências  

constitucionais   e   legislativas.   Todas   as   outras   são   consideradas  

administrativas12.  

 Competências  Constitucionais   Competências  Legislativas  

Composição   da   Mesa   do   Congresso   Nacional,  alternadamente   com   a   Mesa   do   Senado  Federal.  

Da  parecer  sobre  a  elaboração  do  RICD  e  suas  modificações.  

Promulgação  de  Emenda  à  Constituição.   Dar   parecer   sobre   proposição   que   modifique  os  serviços  administrativos  da  Câmara.  

Apresentação   de   Ação   Direta   de  Inconstitucionalidade.  

Elaborar   projeto   de   regulamento   interno   das  comissões.  

Encaminhamento   de   pedido   de   informação  escrita  a  Ministro  de  Estado,  

Apresentar  proposição  necessária  para  atender  decisão  judicial.  

Declaração  de  perda  do  mandato  de  deputado  nos   casos   de   ausência   a   1/3   das   sessões  ordinárias   da   sessão   legislativa,   perda   ou  suspensão   dos   direitos   políticos   e   decretação  pela  Justiça  Eleitoral.  

Propor  projeto  de  resolução  dispondo  sobre  os  assuntos  de  sua  organização  administrativa.  

  Propor,   privativamente,   projeto   de   lei   para  fixação  da  remuneração  de  cargo,  emprego  ou  função  da  Câmara.  

                                                                                                               12  Classificação  adotada  por  Miguel  Gerônimo  da  Nóbrega  Netto,  Luiz  Cláudio  Alves  dos  Santos  e  André  Corrêa  de  Sá  Carneiro  no  Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados,  Ed.  2013.  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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17.     Por  fim,  no  caso  de  matérias  urgentes  e  inadiáveis,  o  Presidente,  ou  

quem   o   estiver   substituindo,   pode   decidir   sobre   assuntos   de   competência   da  

Mesa,   porém,   essa   decisão   deve   ser   referendada   pelos   membros   desse   órgão  

colegiado.  

 

3  -­‐  A  PRESIDÊNCIA  E  OS  VICES-­‐PRESIDENTES:  

 

18.     O   Presidente   da   Mesa,   nos   termos   do   art.   16   do   RICD,   é   o  

representante   da   Câmara   quando   ela   se   pronuncia   coletivamente   e   é   o  

supervisor  dos  trabalhos  e  da  sua  ordem  nos  termos  regimentais.  

 

19.     O   cargo   de   Presidente   da   Mesa   somente   pode   ser   ocupado   por  

brasileiro   nato.   Isto   se   deve   a   possibilidade   de   substituição   do   Presidente   da  

República,  que   também  é  cargo  privativo  de  brasileiro  nato.   Interessante  notar  

que   não   há   exigência   expressa   a   idade  mínima  de   35   anos,   exigida   para   que   o  

cidadão  seja  candidato  ao  cargo  de  Presidente  da  República.    

 

20.     Por   quanto   nunca   tenha   ocorrido,   os   tribunais   pátrios   ainda   não  

tiveram  que  se  manifestar  acerca  desta  incongruência.  Parte  da  doutrina  entende  

que   esse   é   um   requisito   implícito   e   que   deve   ser   observado   na   eleição   para   o  

cargo,  não  podendo  concorrer  candidato  com  idade  inferior  a  35  anos.  Por  outro  

lado,   parte   da   doutrina   entende   que   o   requisito   da   idade  mínima   só   é   exigido  

para  o  provimento  originário  do   cargo  de  Presidente  da  República,  nesse   caso,  

por  ser  considerado  uma  espécie  de  provimento  derivado,  não  seria  necessário  

observar  o  requisito  da  idade  mínima.  

 

21.     Os   Vice-­‐presidentes   (1º   e   2º)   tem   como   principal   atribuição  

substituir   o   Presidente   em   suas   ausências   e   impedimentos.   Necessário   se   faz  

observar  que  existem  dois  tipos  de  substituição:  em  sessão  e  como  Presidente  no  

órgão  Câmara  dos  Deputados.  

 

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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22.     No   primeiro   caso,   quando   ausente   em   uma   sessão   plenária,   o  

Presidente  pode  ser  substituído  por  qualquer  membro  da  Mesa,  pelos  suplentes  

e  por   fim,  pelo  deputado  mais   idoso  dentre  o  de  maior  número  de   legislaturas.  

Nesse   caso,   o   Presidente   substituto   só   pode   desempenhar   as   atribuições  

previstas   no   inciso   I,   do   art.   17   do  RICD,   ou   seja,   as   competências   relativas   às  

Sessões  da  Câmara.  

 

23.     Diferente  ocorre  no  outro  caso,  quando  a  substituição  ocorre  não  

apenas  na   sessão  plenária,  mas  que  decorre  de   afastamento  do  Presidente  por  

mais  de  48  horas  da  capital  federal  (Brasília).  Neste  caso,  apenas  o  1º  e  2º  vice-­‐

presidentes   podem   ocupar   o   cargo   podendo   desempenhar   todas   as  

competências  previstas  no  art.  17  do  RICD.  

 

24.     Por   falar   em   competências,   o   RICD   divide   as   competências   do  

Presidente   em   seis   grupos,   a   saber:   quanto   às   sessões   da   Câmara;   quanto   às  

proposições;   quanto   às   comissões;   quanto   à   Mesa;   quanto   à   publicação   e  

divulgação  e  quanto  à  sua  competência  geral.  Transcrevemos  abaixo  a  integra  do  

art.  17:  Art.   17.   São   atribuições   do   Presidente,   além   das   que   estão   expressas   neste  

Regimento,  ou  decorram  da  natureza  de  suas  funções  e  prerrogativas:    

I  -­‐  quanto  às  sessões  da  Câmara:    

a)   presidi-­‐las;    

b)   manter  a  ordem;    

c)   conceder  a  palavra  aos  Deputados;    

d)   advertir   o   orador   ou   o   aparteante   quanto   ao   tempo  de   que   dispõe,   não  

permitindo  que  ultrapasse  o  tempo  regimental;    

e)   convidar  o  orador  a  declarar,  quando   for  o   caso,   se   irá   falar  a   favor  da  

proposição  ou  contra  ela;    

f)   interromper   o   orador   que   se   desviar   da   questão   ou   falar   do   vencido,  

advertindo-­‐o,  e,  em  caso  de  insistência,  retirar-­‐lhe  a  palavra;  (Alínea  com  redação  

adaptada  aos  termos  da  Resolução  nº  25,  de  2001)  

g)   autorizar  o  Deputado  a  falar  da  bancada;    

h)   determinar  o  não-­‐apanhamento  de  discurso,  ou  aparte,  pela  taquigrafia;    

i)   convidar   o   Deputado   a   retirar-­‐se   do   recinto   do   Plenário,   quando  

perturbar  a  ordem;    

j)   suspender  ou  levantar  a  sessão  quando  necessário;    

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l)   autorizar  a  publicação  de  informações  ou  documentos  em  inteiro  teor,  em  

resumo  ou  apenas  mediante  referência  na  ata;    

m)   nomear  Comissão  Especial,  ouvido  o  Colégio  de  Líderes;    

n)   decidir  as  questões  de  ordem  e  as  reclamações;    

o)   anunciar   a   Ordem   do   Dia   e   o   número   de   Deputados   presentes   em  

Plenário;    

p)   anunciar  o  projeto  de  lei  apreciado  conclusivamente  pelas  Comissões  e  a  

fluência  do  prazo  para  interposição  do  recurso  a  que  se  refere  o  inciso  I  do  §  2º  do  

art.  58  da  Constituição  Federal;    

q)   submeter   a   discussão   e   votação   a   matéria   a   isso   destinada,   bem   como  

estabelecer  o  ponto  da  questão  que  será  objeto  da  votação;    

r)   anunciar  o  resultado  da  votação  e  declarar  a  prejudicialidade;    

s)   organizar,   ouvido   o   Colégio   de   Líderes,   a   agenda   com   a   previsão   das  

proposições   a   serem   apreciadas   no   mês   subseqüente,   para   distribuição   aos  

Deputados;    

t)   designar  a  Ordem  do  Dia  das  sessões,  na  conformidade  da  agenda  mensal,  

ressalvadas  as  alterações  permitidas  por  este  Regimento;    

u)   convocar  as  sessões  da  Câmara;    

v)   desempatar  as  votações,  quando  ostensivas,  e  votar  em  escrutínio  secreto,  

contando-­‐se  a  sua  presença,  em  qualquer  caso,  para  efeito  de  quorum;    

x)   aplicar  censura  verbal  a  Deputado;    

II  -­‐  quanto  às  proposições:    

a)   proceder   à   distribuição   de   matéria   às   Comissões   Permanentes   ou  

Especiais;    

b)   deferir  a  retirada  de  proposição  da  Ordem  do  Dia;    

c)   despachar  requerimentos;    

d)   determinar   o   seu   arquivamento   ou   desarquivamento,   nos   termos  

regimentais;    

e)   devolver   ao  Autor   a   proposição   que   incorra   no   disposto   no   §   1º   do   art.  

137;    

III  -­‐  quanto  às  Comissões:    

a)   designar   seus  membros   titulares   e   suplentes  mediante   comunicação  dos  

Líderes,  ou  independentemente  desta,  se  expirado  o  prazo  fixado,  consoante  o  art.  

28,  caput  e  §  1º;    

b)   declarar  a  perda  de  lugar,  por  motivo  de  falta;    

c)   assegurar  os  meios  e  condições  necessários  ao  seu  pleno  funcionamento;    

d)   convidar  o  Relator,   ou  outro  membro  da  Comissão,  para  esclarecimento  

de  parecer;    

e)   convocar   as   Comissões   Permanentes   para   a   eleição   dos   respectivos  

Presidentes  e  Vice-­‐Presidentes,  nos  termos  do  art.  39  e  seus  parágrafos;    

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

  34  

f)   julgar   recurso   contra  decisão  de  Presidente  de  Comissão   em  questão  de  

ordem;    

IV  -­‐  quanto  à  Mesa:    

a)   presidir  suas  reuniões;    

b)   tomar  parte  nas  discussões  e  deliberações,  com  direito  a  voto;    

c)   distribuir  a  matéria  que  dependa  de  parecer;    

d)   executar   as   suas   decisões,   quando   tal   incumbência   não   seja   atribuída   a  

outro  membro;    

V  -­‐  quanto  às  publicações  e  à  divulgação:    

a)   determinar  a  publicação,  no  Diário  da  Câmara  dos  Deputados,  de  matéria  

referente  à  Câmara;    

b)   não  permitir  a  publicação  de  pronunciamento  ou  expressões  atentatórias  

do  decoro  parlamentar;    

c)   tomar   conhecimento   das   matérias   pertinentes   à   Câmara   a   serem  

divulgadas  pelo  programa  Voz  do  Brasil;    

d)   divulgar   as   decisões   do   Plenário,   das   reuniões   da   Mesa,   do   Colégio   de  

Líderes,   das   Comissões   e   dos   Presidentes   das   Comissões,   encaminhando   cópia   ao  

órgão  de  informação  da  Câmara;    

VI  -­‐  quanto  à  sua  competência  geral.  dentre  outras:    

a)   substituir,  nos  termos  do  art.  80  da  Constituição  Federal,  o  Presidente  da  

República;    

b)   integrar  o  Conselho  da  República  e  o  Conselho  de  Defesa  Nacional;    

c)   decidir,   juntamente   com   o   Presidente   do   Senado   Federal,   sobre   a  

convocação   extraordinária   do   Congresso   Nacional,   em   caso   de   urgência   ou  

interesse  público  relevante;    

d)   dar  posse  aos  Deputados,  na  conformidade  do  art.  4º;    

e)   conceder  licença  a  Deputado,  exceto  na  hipótese  do  inciso  I  do  art.  235;    

f)   declarar  a  vacância  do  mandato  nos  casos  de  falecimento  ou  renúncia  de  

Deputado;    

g)   zelar   pelo   prestígio   e   decoro   da   Câmara,   bem   como   pela   dignidade   e  

respeito   às   prerrogativas   constitucionais   de   seus  membros,   em   todo   o   território  

nacional;    

h)   dirigir,  com  suprema  autoridade,  a  polícia  da  Câmara;    

i)   convocar   e   reunir,   periodicamente,   sob   sua   presidência,   os   Líderes   e   os  

Presidentes   das   Comissões   Permanentes   para   avaliação   dos   trabalhos   da   Casa,  

exame  das  matérias  em  trâmite  e  adoção  das  providências  julgadas  necessárias  ao  

bom  andamento  das  atividades  legislativas  e  administrativas;    

j)   encaminhar  aos  órgãos  ou  entidades  referidos  no  art.  37  as  conclusões  de  

Comissão  Parlamentar  de  Inquérito;    

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

  35  

l)   autorizar,   por   si   ou   mediante   delegação,   a   realização   de   conferências,  

exposições,  palestras  ou  seminários  no  edifício  da  Câmara,  e  fixar-­‐lhes  data,  local  e  

horário,  ressalvada  a  competência  das  Comissões;    

m)   promulgar  as  resoluções  da  Câmara  e  assinar  os  atos  da  Mesa;    

n)   assinar  a  correspondência  destinada  ao  Presidente  da  República;  ao  Vice-­‐

Presidente   da   República;   ao   Presidente   do   Senado   Federal;   ao   Presidente   do  

Supremo  Tribunal   Federal;   aos   Presidentes   dos   Tribunais   Superiores,   entre   estes  

incluído   o   Tribunal   de   Contas   da   União;   ao   Procurador-­‐Geral   da   República;   aos  

Governadores   dos   Estados,   do   Distrito   Federal   e   dos   Territórios;   aos   Chefes   de  

Governo  estrangeiros  e  seus  representantes  no  Brasil;  às  Assembléias  estrangeiras;  

às  autoridades  judiciárias,  neste  caso  em  resposta  a  pedidos  de  informação  sobre  

assuntos  pertinentes  à  Câmara,  no  curso  de  feitos  judiciais;    

o)   deliberar,  ad  referendum  da  Mesa,  nos  termos  do  parágrafo  único  do  art.  

15;    

p)   cumprir  e  fazer  cumprir  o  Regimento.    

 

25.     O  Presidente  não  poderá,  senão  na  qualidade  de  membro  da  Mesa,  

oferecer  proposição,  nem  votar  em  Plenário,  exceto  no  caso  de  escrutínio  secreto  

ou  para  desempatar  o   resultado  de  votação  ostensiva.  Ocorre  que  é  necessário  

exigir   do   Presidente   certa   neutralidade,   afinal,   é   ele   quem   deve   conduzir   os  

trabalhos  durante  as  sessões  plenárias.  

 

26.     Porém,   é   possível   que   o   Presidente   participe   do   debate   das  

matérias,   bastando  para   isso  que  ele   transmita   a  Presidência   ao   seu   substituto  

durante  todo  o  debate  da  matéria  a  qual  ele  se  propôs  a  discutir.  Findo  o  debate,  

o  Presidente  pode  retornar  ao  seu  cargo  e  continuar  presidindo  os   trabalhos  o  

ponto  onde  se  encontrava.  

 

27.     A  qualquer  momento  é  lícito  ao  Presidente,  de  sua  cadeira,  fazer  ao  

Plenário   comunicação   de   interesse   da   C6amara   ou   do   país,   interrompendo   se  

necessário  os  trabalhos  que  estão  sendo  realizados  naquele  momento.  

 

28.     Para  encerrar  a  discussão  sobre  as  atribuições  do  Presidente,  resta  

salientar  que  é  possível  ocorrer  a  delegação  de  suas  competências  para  os  vice-­‐

presidentes.  Tal  mecanismo  é  previsto  no  §4º,  do  art.  17  do  RICD.  

 

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

  36  

29.     As  atribuições  dos  Vice-­‐Presidentes  são  pouco  detalhadas  no  RICD.  

Consta   que   estes   têm   como   principal   incumbência   substituir   o   Presidente   nas  

ausências  e  impedimentos,  segundo  a  numeração  ordinal  dos  cargos.  Além  disso,  

como  já  mencionado,  sempre  que  o  Presidente  tiver  que  se  ausentar  da  Capital  

Federal  por  mais  de  48  horas,  deve  passar  o  exercício  da  Presidência  ao  Primeiro  

Vice-­‐Presidente  ou,  na  ausência  deste,  ao  Segundo  Vice-­‐Presidente.  

 

4  -­‐  SECRETARIA  E  SUPLENTES:  

 

30.     Conforme   já   citado,   os   Secretários   terão   designação   de   Primeiro,  

Segundo,  Terceiro  e  Quarto-­‐Secretário.  O  RICD  expressa  apenas  as  competências  

acometidas   ao   Primeiro-­‐Secretário.   É   ele   o   responsável   por   superintender   os  

serviços   administrativos   da   Câmara   e,   além   disso:   “I   -­‐   receber   convites,  

representações,   petições   e   memoriais   dirigidos   à   Câmara;   II   -­‐   receber   e   fazer   a  

correspondência  oficial  da  Casa,  exceto  a  das  Comissões;  III  -­‐  decidir,  em  primeira  

instância,  recursos  contra  atos  do  Diretor-­‐Geral  da  Câmara;  IV  -­‐  interpretar  e  fazer  

observar   o   ordenamento   jurídico   de   pessoal   e   dos   serviços   administrativos   da  

Câmara;  V  -­‐  dar  posse  ao  Diretor-­‐Geral  da  Câmara  e  ao  Secretário-­‐Geral  da  Mesa.”  

 

31.     Durante   as   sessões   plenárias,   os   Secretários   e   os   seus   Suplentes  

devem   se   substituir   conforme   sua   numeração   ordinal,   e   assim,   substituirão   o  

Presidente,  na  falta  dos  Vice-­‐Presidentes.  Na  ausência  de  suplentes,  o  Presidente  

pode  convocar  qualquer  Deputado  para  substituir  o  Secretário  faltante.  

 

32.     Cumpre   necessário   transcrever   o   §3º,   do   art.   19   do   RICD   que  

estabelece  que  “os  Secretários  só  poderão  usar  da  palavra,  ao  integrarem  a  Mesa  

durante  a  sessão,  para  chamada  dos  Deputados,  contagem  dos  votos  ou  leitura  de  

documentos  ordenada  pelo  Presidente.”  

 

33.     Os  Suplentes  de  Secretário   tem  designação  de  Primeiro,  Segundo,  

Terceiro  e  Quarto-­‐Suplente,  lembrando  que,  durante  as  eleições,  o  cargo  ao  qual  

o  Deputado  se  candidata  é  genérico,  ou  seja,  o  Deputado  concorre  a  Suplência  de  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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Secretária.  A  definição  da  posição  na  qual  figurará  depende  do  resultado  obtido  

na  votação,  ordenando  os  escolhidos  da  maior  para  a  menor  votação.  

 

34.     Diferentemente  dos  Secretários,  o  RICD  tratou  de  elencar  algumas  

competências  específicas  aos  Suplentes.   Importante  ressaltar  que  este  é  um  rol  

exemplificativo  e  que  outras  atribuições  podem  ser  determinadas  pela  natureza  

da  própria  função:  Art.   19-­‐A.   São   as   seguintes   as   atribuições   dos   Suplentes   de   Secretário,   além   de  

outras  decorrentes  da  natureza  de  suas  funções:    

I  –  tomar  parte  nas  reuniões  da  Mesa  e  substituir  os  Secretários,  em  suas  faltas;  

II   –   substituir   temporariamente   os   Secretários,   quando   licenciados   nos   termos  

previstos  no  art.  235;    

III  –  funcionar  como  Relatores  e  Relatores  substitutos  nos  assuntos  que  envolvam  

matérias  não  reservadas  especificamente  a  outros  membros  da  Mesa;  

IV  –  propor  à  Mesa  medidas  destinadas  à  preservação  e  à  promoção  da  imagem  da  

Câmara  dos  Deputados  e  do  Poder  Legislativo;    

V  –  representar  a  Mesa,  quando  a  esta  for  conveniente,  nas  suas  relações  externas  

à  Casa;    

VI  –  representar  a  Câmara  dos  Deputados,  quando  se  verificar  a  impossibilidade  de  

os   Secretários   o   fazerem,   em   solenidades   e   eventos   que   ofereçam   subsídios   para  

aprimoramento  do  processo  legislativo,  mediante  designação  da  Presidência;  

VII  –   integrar,   sempre  que  possível,  a   juízo  do  Presidente,  as  Comissões  Externas,  

criadas  na  forma  do  art.  38,  e  as  Comissões  Especiais,  nomeadas  na  forma  do  art.  

17  ,  inciso  I,  alínea  m;  

VIII  –  integrar  grupos  de  trabalho  designados  pela  Presidência  para  desempenhar  

atividades  de  aperfeiçoamento  do  processo  legislativo  e  administrativo.    

Parágrafo  único.  Os  Suplentes  sempre  substituirão  os  Secretários  e  substituir-­‐se-­‐ão  

de  acordo  com  sua  numeração  ordinal.  (Artigo  acrescido  pela  Resolução  nº  28,  de  

2002)  

5  -­‐  COLÉGIO  DE  LÍDERES  

 

35.     O   Colégio   de   Líderes   é   um   órgão   plural,   deliberativo   e  

eminentemente   político.   Tem   sua   composição   explicitada   no   art.   20   do   RICD,  

sendo  composto  pelos  Líderes  da  Maioria,  da  Minoria,  dos  Partidos,  dos  Blocos  

Parlamentares  e  do  Governo.  

 

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

  38  

36.     Observem   que   o   Líder   de   Partido   Político   que   integre   Bloco  

Parlamentar  continua  a   fazer  parte  do  Colégio  de  Líderes,  porém,  neste  caso,  o  

Líder  tem  direito  a  voz  e  não  a  voto.  

 

37.     As   deliberações   devem   ser   tomadas,   preferencialmente,   por  

consenso   entre   os   membros,   ou   seja,   por   acordo   amigável   entre   as   partes.  

Quando   isto   não   for   possível,   prevalecerá   o   critério   da   maioria   absoluta.   Mas  

observe,   aqui   encontramos  uma  peculiaridade:   o   peso  do   voto  de   cada  Líder   é  

considerado  pela  expressão  numérica  da  bancada  a  qual  ele  representa,  ou  seja,  

é   uma  média   ponderada,   onde   cada   voto   tem  peso  diferente,   de   acordo   com  o  

número  de  Deputados  que  aquele  Líder  representa.  

 

38.     Ressalta-­‐se  que,   em   regra,   as  decisões  do  Colégio  de  Líderes   tem  

caráter   opinativo,   ou   seja,   não   vinculam   ou   decidem   a   atividade   legislativa.  

Porém,   existem   decisões   que   tem   caráter   imperativo,   como   no   caso   de  

convocação   de   sessão   extraordinária   da   Câmara   (art.   67,   §1º),   quando   os  

membros  são  obrigados  a  comparecer.  

 

39.     Citamos  abaixo   as  principais   competências  do  Colégio  de  Líderes  

compiladas   no   livro   “Curso  de  Regimento   Interno”,   disponível   na   biblioteca   da  

Câmara  dos  Deputados:  

 

 

6  -­‐  SECRETARIA  DA  MULHER  

 

40.     Importante  alteração  no  Regimento  Interno,  ocorreu  por   força  da  

edição   da   Resolução   nº   31,   de   2013.   Essa   Resolução   reformulou   a   antiga  

Procuradoria  da  Mulher,  criando  o  órgão  denominado  Secretaria  de  Mulher.  

41.     Atualmente,   esta   órgão   é   subdividido   em   dois   outros,   a   saber:   a  

Procuradoria  da  Mulher  e  a  Coordenadoria  dos  Direitos  da  Mulher.  Entre  esses  

dois   órgãos   não   existe   hierarquia   ou   subordinação,   apenas   divisão   de  

competências.   A   Secretaria   da   Mulher   “é   um   órgão   político   e   institucional   que  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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atua   em   benefício   da   população   feminina   brasileira,   buscando   tornar   a   Câmara  

dos   Deputados   um   centro   de   debate   das   questões   relacionadas   à   igualdade   de  

gênero  e  à  defesa  dos  direitos  das  mulheres  no  Brasil  e  no  mundo.”  

42.     Consta   que   a   Procuradoria   da   Mulher   será   constituída   por   uma  

Procuradora  e  por  três  Procuradoras  Adjuntas.  Essas  representantes  devem  ser  

eleitas   pelas   DEPUTADAS   da   Casa,   na   primeira   quinzena   da   primeira   e   da  

terceira   sessões   legislativas,   dessa   forma,   cumprem   um  mandato   de   dois   anos  

sendo   expressamente   vedada   a   recondução.   Da   mesma   forma   que   ocorre   nas  

eleições  para  os  cargos  da  Mesa,  não  será  considerada  recondução  a  eleição  para  

o  mesmo  cargo  em  legislaturas  diferentes.  

43.     A  eleição  para  todos  os  cargos  deve  ser  realizada  em  votação  por  

escrutínio  secreto,  exigindo-­‐se  maioria  absoluta  dos  votos  no  primeiro  escrutínio  

e,  maioria   simples,   em   segundo   escrutínio.   Para   início   da   votação   devem  estar  

presentes  a  maioria  absoluta  das  Deputadas  da  Casa.  

44.     As  Procuradoras  Adjuntas  devem  pertencer  a  partidos  distintos  e  

terão  designação  de  Primeira,  Segunda  e  Terceira  e,  nessa  ordem,  substituirão  a  

Procuradora   em   seus   impedimentos,   colaborarão   no   cumprimento   das  

atribuições   da   Procuradoria,   podendo,   ainda,   receber   delegações   da  

Procuradora.  

45.     No   caso   de   ocorrer   vacância   do   cargo   de   Procuradora   ou   de  

Procuradora   Adjunta   deve   ser   realizada   novas   eleições   para   a   escolha   da  

sucessora,   salvo   se   faltarem  menos  de   três  meses  para  o   término  do  mandato.  

Neste   caso,   a   sucessão  deve   se  dar  através  da   linha  de   substituição  natural,  no  

ordem  ordinal.  

46.     A  competência  da  Procuradoria  da  Mulher  esta  inscrita  no  art.  20-­‐

D,   do   RICD,   sendo   que   esta   deve   zelar   pela   participação   das   deputadas   nos  

órgãos  e  nas  atividades  da  Câmara  dos  Deputados  e:  Art.  20-­‐D.  Compete  à  Procuradoria  da  Mulher,  além  de  zelar  pela  participação  das  

deputadas  nos  órgãos  e  nas  atividades  da  Câmara  dos  Deputados:    

I   -­‐   propor   medidas   destinadas   à   preservação   e   à   promoção   da   imagem   e   da  

atuação  da  mulher  na  Câmara  dos  Deputados  e  no  Poder  Legislativo;    

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

  40  

II   -­‐   receber,   examinar   denúncias   de   violência   e   discriminação   contra   a  mulher   e  

encaminhá-­‐las  aos  órgãos  competentes;    

III   -­‐   fiscalizar   e   acompanhar   a   execução   de   programas   do   governo   federal   que  

visem   à   promoção   da   igualdade   de   gênero,   assim   como   à   implementação   de  

campanhas  educativas  e  antidiscriminatórias  de  âmbito  nacional;    

IV   -­‐   cooperar   com   organismos   nacionais   e   internacionais,   públicos   e   privados,  

voltados  à  implementação  de  políticas  para  a  mulher;    

V   -­‐   promover   pesquisas   e   estudos   sobre   direitos   da   mulher,   violência   e  

discriminação  contra  a  mulher,  e  sobre  o  défice  da  sua  representação  na  política,  

inclusive  para  fins  de  divulgação  pública  e  fornecimento  de  subsídio  às  Comissões  

da  Câmara  dos  Deputados;    

VI  -­‐  receber  convites  e  responder  a  correspondências  destinadas  à  Procuradoria  da  

Mulher;    

VII   -­‐   atender   autoridades,   no   âmbito   da   sua   competência,   especialmente  

parlamentares   mulheres   e   suas   delegações   nacionais   e   internacionais,   em   suas  

visitas  à  Câmara  dos  Deputados  e  também  encaminhar  suas  demandas  aos  órgãos  

competentes;    

VIII   -­‐   participar,   juntamente   com   a   Coordenadoria   dos   Direitos   da   Mulher,   de  

solenidades  e  eventos  internos  na  Casa  que  envolvam  políticas  para  a  valorização  

da  mulher;    

IX   -­‐   representar  a  Câmara  dos  Deputados  em  solenidades  e  eventos  nacionais  ou  

internacionais   especificamente   destinados   às   políticas   para   a   valorização   da  

mulher,  mediante   designação   da   Presidência   da   Câmara.   (Artigo   acrescido   pela  

Resolução  nº  31,  de  2013)  

46.     Já  a  Coordenadoria  dos  Direitos  da  Mulher  será  constituída  de  uma  

Coordenadora-­‐Geral   dos  Direitos   da  Mulher   e   de   três   Coordenadoras  Adjuntas  

que   devem   ser   eleitas   nos   mesmos   moldes   previstos   para   a   Procuradoria   da  

Mulher,  cumprindo  um  mandato  de  dois  anos,  sendo  vedada  a  recondução.  

47.     Da  mesma  forma,  as  Coordenadoras  Adjuntas  deverão  pertencer  a  

partidos   distintos   e   terão   por   designação   de   Primeira,   Segunda   e   Terceira,   e,  

nessa  ordem,  devem  substituir  a  Coordenadora-­‐Geral  dos  Direitos  da  Mulher.  

48.     Todas   as   definições   exaradas   para   a   Procuradoria   da   Mulher  

devem  ser  aplicadas  por  simetria  a  Coordenadoria  dos  Direitos  da  Mulher,  dessa  

forma,   passaremos   a   tratar   das   diferenças   principais,   ou   seja,   quais   as  

competências  que  estão  destinadas  a  este  órgão.  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

  41  

49.     As   competências   da   Coordenadoria   dos  Direitos   da  Mulher   estão  

definidas  no  art.  20-­‐E,  abaixo  transcritas:  Art.  20-­‐E.  Compete  à  Coordenadoria  dos  Direitos  da  Mulher:    

 

I  -­‐  participar,  com  os  Líderes,  das  reuniões  convocadas  pelo  Presidente  da  Câmara  

dos  Deputados,  com  direito  a  voz  e  voto;    

II  -­‐  usar  da  palavra,  pessoalmente  ou  por  delegação,  durante  o  período  destinado  

às   Comunicações   de   Liderança,   por   5   (cinco)   minutos,   para   dar   expressão   à  

posição  das  deputadas  da  Casa  quanto  à  votação  de  proposições  e  conhecimento  

das  ações  de  interesse  da  Coordenadoria;    

III  -­‐  receber  convites  e  responder  a  correspondências  destinadas  à  Coordenadoria;    

IV   -­‐   convocar   periodicamente   reunião   das   deputadas   da   Casa   para   debater  

assuntos  pertinentes  à  Coordenadoria;    

V  -­‐  elaborar  as  prioridades  de  trabalho  e  o  calendário  de  reuniões  a  ser  aprovado  

pela  maioria  das  deputadas  da  Casa;    

VI  -­‐  organizar  e  coordenar  o  programa  de  atividades  das  deputadas  da  Casa;    

VII  -­‐  constituir  e  organizar  os  grupos  de  trabalho  temáticos;    

VIII  -­‐  examinar  estudos,  pareceres,  teses  e  trabalhos  que  sirvam  de  subsídios  para  

suas  atividades;    

IX   -­‐   atender   autoridades,   no   âmbito   da   sua   competência,   especialmente  

parlamentares   mulheres   e   suas   delegações   nacionais   e   internacionais,   em   suas  

visitas  à  Câmara  dos  Deputados  e  também  encaminhar  suas  demandas;    

X   -­‐   promover   a   divulgação   das   atividades   das   deputadas   da   Casa   no   âmbito   do  

Parlamento  e  perante  a  sociedade;    

XI   -­‐   participar,   juntamente   com   a   Procuradoria   da   Mulher,   de   solenidades   e  

eventos  internos  na  Casa  que  envolvam  políticas  para  a  valorização  da  mulher;    

XII  -­‐  representar  a  Câmara  dos  Deputados  em  solenidades  e  eventos  nacionais  ou  

internacionais   especificamente   destinados   às   políticas   para   a   valorização   da  

mulher,  mediante   designação   da   Presidência   da   Câmara   dos   Deputados.   (Artigo  

acrescido  pela  Resolução  nº  31,  de  2013)  

 

7  -­‐  PROCURADORIA  PARLAMENTAR  

50.     A   finalidade  especifica  da  Procuradoria  Parlamentar   “é  promover,  

em   colaboração   com   a   Mesa,   a   defesa   da   Câmara,   de   seus   órgãos   e   membros  

quando   atingidos   em   sua   honra   ou   imagem   perante   a   sociedade,   em   razão   do  

exercício  do  mandato  ou  das  suas  funções  institucionais.”  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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51.     Algumas   peculiaridades   devem   ser   observadas   no   estudo   da  

Procuradoria   Parlamentar.   Em   princípio,   a   Procuradoria   é   composta   por   onze  

membros   que   devem   ser   designados   pelo   Presidente   da   Câmara,   a   cada   dois  

anos,   no   início   da  primeira   e   da   terceira   sessões   legislativas,   com  observância,  

sempre  que  possível,  do  princípio  da  proporcionalidade  partidária.  

52.     A  Procuradoria  Parlamentar  pode  atuar  de  duas   formas  diversas:  

diretamente   ou   indiretamente.   Vai   atuar   diretamente   providenciando   ampla  

publicidade  reparadora,  além  da  divulgação  a  que  estiver  sujeito,  por  força  de  lei  

ou   de   decisão   judicial,   o   órgão   de   comunicação   ou   de   imprensa   que   veicular  

matéria   ofensiva   à   Casa   ou   a   seus   membros.   Observe   que   dessa   forma,   a  

Procuradoria   Parlamentar   atua   quase   que   na   função   de   “relações   públicas”   da  

Casa,  buscando  reparar  eventual  dano  a  imagem  da  instituição.  

53.     Atua   de   forma   indireta   quando   promove   através   do   Ministério  

Público,   da   Advocacia-­‐Geral   da   União   ou   de   mandatários   advocatícios,   as  

medidas  judiciais  e  extrajudiciais  cabíveis  para  obter  ampla  reparação,  inclusive  

as   referentes   a   violação   da   intimidade,   a   vida   privada,   a   honra   e   a   imagem  da  

pessoas,  cuja  proteção  esta  prevista  no  inciso  X,  do  art.  5º  da  CRFB/88.  

54.     Cuidado   que,   neste   caso,   a   Procuradoria   Parlamentar   não   possui  

legitimidade   ativa   para   provocar   o   judiciário.   É   necessário   que   o   feito   seja  

realizado  por   intermédio  de  um  dos  órgãos  citados,  sendo  possível,   inclusive,  a  

contratação  de  advogados  particulares  para  a  execução  de  reparação  específica.  

 

8  -­‐  OUVIDORIA  PARLAMENTAR.  

55.     Composta  por  um  Ouvidor-­‐Geral  e  dois  Ouvidores-­‐Substitutos  que  

devem  ser  designados  dentre  os  membros  da  casa  pelo  Presidente  da  Câmara,  a  

cada   dois   anos,   no   início   da   sessão   legislativa,   sendo   vedada   a   recondução   no  

período  subsequente.  

56.     A  Ouvidoria  Parlamentar   tem  suas   competências   inscritas  no  art.  

21-­‐A,  a  saber:    

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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Art.  21-­‐A.  Compete  à  Ouvidoria  Parlamentar:    

I   –   receber,   examinar   e   encaminhar   aos   órgãos   competentes   as   reclamações   ou  

representações  de  pessoas  físicas  ou  jurídicas  sobre:    

a)   violação   ou   qualquer   forma   de   discriminação   atentatória   dos   direitos   e  

liberdades  fundamentais;  

b)  ilegalidades  ou  abuso  de  poder;  

c)  mau  funcionamento  dos  serviços  legislativos  e  administrativos  da  Casa;  

d)  assuntos  recebidos  pelo  sistema  0800  de  atendimento  à  população;  

II   –   propor   medidas   para   sanar   as   violações,   as   ilegalidades   e   os   abusos  

constatados;    

III   –   propor   medidas   necessárias   à   regularidade   dos   trabalhos   legislativos   e  

administrativos,   bem   como   ao   aperfeiçoamento   da   organização   da   Câmara   dos  

Deputados;    

IV   –   propor,   quando   cabível,   a   abertura   de   sindicância   ou   inquérito   destinado   a  

apurar  irregularidades  de  que  tenha  conhecimento;    

V  –  encaminhar  ao  Tribunal  de  Contas  da  União,  à  Polícia  Federal,  ao  Ministério  

Público,   ou   a   outro   órgão   competente   as   denúncias   recebidas   que   necessitem  

maiores  esclarecimentos;    

VI  –  responder  aos  cidadãos  e  às  entidades  quanto  às  providências  tomadas  pela  

Câmara  sobre  os  procedimentos  legislativos  e  administrativos  de  seu  interesse;    

VII   –   realizar   audiências   públicas   com   segmentos   da   sociedade   civil.   (Artigo  

acrescido  pela  Resolução  nº  19,  de  2001)  

57.     Observe  que,  enquanto  no  cargo,  o  Ouvidor-­‐Geral  possui  algumas  

prerrogativas   para   melhor   exercer   suas   funções.   Nesse   caso,   o   Ouvidor-­‐Geral  

pode   solicitar   informações   ou   cópias   de   documentos   a   qualquer   órgão   ou  

servidor   da   Câmara   dos   Deputados;   pode   ter   vista   no   recinto   da   Casa   de  

proposições  legislativas,  atos  e  contratos  administrativos  e  quaisquer  outros  que  

se   façam   necessários;   pode   requere   ou   promover   diligências   e   investigações  

quando  cabíveis.  

58.     A   demora   injustificada   na   resposta   às   solicitações   feitas   ou   na  

adoção   das   providências   requeridas   pelo   Ouvidor-­‐Geral   poderá   ensejar   a  

responsabilização  da  autoridade  ou  do  servidor.    

59.     Toda   a   iniciativa   provocada   ou   implementada   pela   Ouvidoria  

Parlamentar  terá  ampla  divulgação  pelo  órgão  de  comunicação  ou  de   imprensa  

da  Casa.  

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9  -­‐  DA  CORREGEDORIA  PARLAMENTAR.  

60.     O   mais   recente   órgão   criado   de   maneira   autônoma   na   Casa.  

Anteriormente,   membros   da   Mesa,   escolhidos   pelo   Presidente,   que  

desempenhavam   as   atribuições   da   Corregedoria   Parlamentar,   não   existindo  

órgão  preciso  para  esse  fim.  

61.     Composta  por  um  Corregedor  e   três  Corregedores  Substitutos,  os  

membros  devem  ser  designados  pelo  Presidente  da  Câmara  dos  Deputados  para  

um  mandato  de  dois  anos,  sendo  vedada  a  recondução  no  período  subsequente,  

na  mesma  legislatura.  

62.     A   Corregedoria   Parlamentar   tem   função   intimamente   ligada   à  

Policia  Legislativa  e  a  manutenção  da  ordem,  do  decoro  e  da  disciplina  no  âmbito  

da  Câmara.  Suas  competências  principais  estão  designadas  no  art.  21-­‐F,  do  RICD:  Art.   21-­‐F.   Compete   à   Corregedoria   Parlamentar,   observado   o   disposto   nos   arts.  

267,  268,  269  e  271:    

 

I   -­‐   promover   a   manutenção   do   decoro,   da   ordem   e   da   disciplina   no   âmbito   da  

Câmara  dos  Deputados;  

II  -­‐  dar  cumprimento  às  determinações  da  Mesa  referentes  à  segurança  interna  e  

externa  da  Câmara  dos  Deputados;    

III   -­‐   promover   sindicância   ou   inquérito   para   apuração   de   notícias   de   ilícitos,   no  

âmbito  da  Câmara  dos  Deputados,  que  envolvam  Deputados.    

Parágrafo  único.  Nas  hipóteses  de  perda  de  mandato  previstas  nos  incisos  IV  e  V  do  

art.   55  da  Constituição  Federal,   a   análise,   no   âmbito   da  Câmara  dos  Deputados,  

restringir-­‐se-­‐á  aos  aspectos  formais  da  decisão  judicial.    

 

TÍTULO  II  -­‐  COMISSÕES    

1  –  DIPOSIÇÕES  COMUNS  ÀS  COMISSÕES:  

1.     As  Comissões  tem  papel  fundamental  no  desenrolar  das  atividades  

típicas   do   Poder   Legislativo.   Basta   dizer   que   existem   matérias   que   podem  

tramitar  exclusivamente  nas  Comissões  e,  caso  aprovadas,  se  convertem  em  lei.  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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Atualmente,  a  própria  Constituição  Federal  traz  previsão  expressa  para  a  criação  

e  funcionamento  básico  das  Comissões,  in  verbis:  Art.  58.  O  Congresso  Nacional  e  suas  Casas  terão  comissões  permanentes  e  temporárias,  constituídas  na  forma  e  com  as  atribuições  previstas  no  respectivo  regimento  ou  no  ato  de  que  resultar  sua  criação.  §  1º  -­‐  Na  constituição  das  Mesas  e  de  cada  Comissão,  é  assegurada,  tanto  quanto  possível,  a  representação  proporcional  dos  partidos  ou  dos  blocos  parlamentares  que  participam  da  respectiva  Casa.  

2.     Alias,   foi   graças   ao   texto   magno   que   a   importância   e   as  

competências  das  Comissões  foram  significativamente  ampliados.  Podemos  dizer  

que  as  Comissões  são  órgãos  colegiados,  com  atribuições  específicas  que  podem  

ser   criadas   na   Câmara   dos   Deputados,   no   Senado   Federal   ou   de   forma  mista,  

contando  com  Deputados  e  Senadores  como  membros  de  maneira  simultânea.  

3.     É  uma  forma  clara  de  descentralização  do  processo  legislativo  que  

visa   imprimir  maior  eficiência  na  atividade  legiferante.  Lembrando  que  quando  

foi   dito   que   as   Comissões   tem  papel   fundamental   na   atividade   típica   do  Poder  

Legislativo   queremos   dizer   nas   duas   atividades:   tanto   a   legislativa   como   a  

fiscalizatória.   Afinal,   as   Comissões   podem   exercer   a   fiscalização   contábil   e  

financeira  que  o  Poder  Legislativo  titulariza  a  competência.  

4.     No  Regimento  Interno,  o  art.  22  faz  a  previsão  de  dois  tipos  básico  

de  Comissões  na  Câmara  dos  Deputados:  as  permanentes  e  as  temporárias.  Art.  22.  As  Comissões  da  Câmara  são:    I  -­‐  Permanentes,  as  de  caráter  técnico-­‐legislativo  ou  especializado  integrantes  da  estrutura  institucional  da  Casa,  co-­‐partícipes  e  agentes  do  processo  legiferante,  que  têm  por  finalidade  apreciar  os  assuntos  ou  proposições  submetidos  ao  seu  exame  e  sobre  eles  deliberar,  assim  como  exercer  o  acompanhamento  dos  planos  e  programas  governamentais  e  a  fiscalização  orçamentária  da  União,  no  âmbito  dos  respectivos  campos  temáticos  e  áreas  de  atuação;    II  -­‐  Temporárias,  as  criadas  para  apreciar  determinado  assunto,  que  se  extinguem  ao  término  da  legislatura,  ou  antes  dele,  quando  alcançado  o  fim  a  que  se  destinam  ou  expirado  seu  prazo  de  duração.    

5.     Logo,  as  Comissões  Permanentes   são  aquelas  que   fazem  parte  da  

estrutura   institucional   da   Casa   e,   além   disso,   tem   duração   continuada,   não  

encerrando   sua   existência   ao   término   da   legislatura.   Diferentemente,   as  

Comissões   Temporárias   são   criadas   para   apreciar   determinado   assunto   e   tem  

prazo  para  conclusão  dos  seus  trabalhos,  não  podendo  ter  sua  duração  estendida  

por  mais  de  uma  legislatura  e,  tem  sua  existência  encerrada  ao  alcançar  o  fim  a  

que   se   destinam;   ou   expirar   o   prazo   de   duração   determinado   no   ato   de   sua  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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criação   ou   em   dispositivos   legais;   ou,   como   já   explanado,   chegar   ao   fim   a  

legislatura  na  qual  foi  criada.  

6.     Em  sua  composição,  tanto  nas  comissões  Permanentes  quanto  nas  

comissões  Temporárias  é  necessário  observar  o  princípio  da  proporcionalidade  

partidária.  Nesse  sentido,  preconiza  o  art.  23  que  “na  constituição  das  Comissões  

assegurar-­‐se-­‐á,  tanto  quanto  possível,  a  representação  proporcional  dos  Partidos  e  

dos   Blocos   Parlamentares   que   participem   da   Casa,   incluindo-­‐se   sempre   um  

membro  da  Minoria,  ainda  que  pela  proporcionalidade  não  lhe  caiba  lugar.”    

 7.     Além   disso,   como   regra,   “o   Deputado   que   se   desvincular   de   sua  

bancada   perde   automaticamente   o   direito   à   vaga   que   ocupava   em   razão   dela,  

ainda  que  exerça  cargo  de  natureza  eletiva.”  

8.     Quanto   a   suas   competências,   devemos   fazer   uma   análise  

sistemática   do   ordenamento   jurídico.   Como   fonte   de   validade   de   todo   nosso  

arcabouço   legal,   a   Constituição   é   fonte  mestre   da   competência   das   Comissões,  

tratando  expressamente  de  algumas  delas,  como  transcrito  abaixo:  Art.  58.  (...)  §  2º  -­‐  às  comissões,  em  razão  da  matéria  de  sua  competência,  cabe:  I  -­‐  discutir  e  votar  projeto  de  lei  que  dispensar,  na  forma  do  regimento,  a  competência  do  Plenário,  salvo  se  houver  recurso  de  um  décimo  dos  membros  da  Casa;  II  -­‐  realizar  audiências  públicas  com  entidades  da  sociedade  civil;  III  -­‐  convocar  Ministros  de  Estado  para  prestar  informações  sobre  assuntos  inerentes  a  suas  atribuições;  IV  -­‐  receber  petições,  reclamações,  representações  ou  queixas  de  qualquer  pessoa  contra  atos  ou  omissões  das  autoridades  ou  entidades  públicas;  V  -­‐  solicitar  depoimento  de  qualquer  autoridade  ou  cidadão;  VI  -­‐  apreciar  programas  de  obras,  planos  nacionais,  regionais  e  setoriais  de  desenvolvimento  e  sobre  eles  emitir  parecer.  

9.     Ao  observar  a  expressão  “em  razão  da  matéria”,  podemos  concluir  

que   as   Comissões   devem   ser   dividas,   em   regra,   em   núcleos   temáticos,   com  

atribuições   específicas.   E   é   exatamente   isso   que   ocorre   entre   as   Comissões  

Permanentes  da  Câmara  dos  Deputados,  onde  a  relação  das  Comissões  existentes  

e  suas  respectivas  competências  estão  elencadas  no  art.  34  do  RICD.  

10.     Importante   observar   que   a   CRFB/88   deu  muita   importância   aos  

mecanismos  de  fiscalização  e  controle  que  devem  ser  utilizados  pelas  Comissões.  

No  art.  58,  apenas  o  inciso  primeiro  do  parágrafo  segundo  traz  uma  competência  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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legislativa;   todos   os   outros   incisos   dizem   respeitos   a   aspectos   do   controle  

externo,  do  qual  o  Congresso  Nacional  é  o  titular  por  força  do  inscrito  no  art.  70  

da  própria  Constituição.  

11.     Essas   competências   foram  detalhadas   no   art.   24   do  RICD,   o   qual  

transcrevemos  abaixo  para  facilitar  nossos  estudos:  Art.  24.  Às  Comissões  Permanentes,  em  razão  da  matéria  de  sua  competência,  e  às  demais  Comissões,  no  que  lhes  for  aplicável,  cabe:    I  -­‐  discutir  e  votar  as  proposições  sujeitas  à  deliberação  do  Plenário  que  lhes  forem  distribuídas;    II  -­‐  discutir  e  votar  projetos  de  lei,  dispensada  a  competência  do  Plenário,  salvo  o  disposto  no  §  2º  do  art.  132  e  excetuados  os  projetos:    

a)de  lei  complementar;    b)de  código;    c)de  iniciativa  popular;    d)de  Comissão;    e)relativos  a  matéria  que  não  possa  ser  objeto  de  delegação,  consoante  o  §  

1º  do  art.  68  da  Constituição  Federal;    f)oriundos  do  Senado,  ou  por  ele  emendados,  que  tenham  sido  aprovados  

pelo  Plenário  de  qualquer  das  Casas;    g)que  tenham  recebido  pareceres  divergentes;    h)em  regime  de  urgência;    

III  -­‐  realizar  audiências  públicas  com  entidades  da  sociedade  civil;    IV  -­‐  convocar  Ministro  de  Estado  para  prestar,  pessoalmente,  informações  sobre  assunto  previamente  determinado,  ou  conceder-­‐lhe  audiência  para  expor  assunto  de  relevância  de  seu  ministério;    V  -­‐  encaminhar,  através  da  Mesa,  pedidos  escritos  de  informação  a  Ministro  de  Estado;    VI  -­‐  receber  petições,  reclamações  ou  representações  de  qualquer  pessoa  contra  atos  ou  omissões  das  autoridades  ou  entidades  públicas,  na  forma  do  art.  253;    VII  -­‐  solicitar  depoimento  de  qualquer  autoridade  ou  cidadão;    VIII  -­‐  acompanhar  e  apreciar  programas  de  obras,  planos  nacionais,  regionais  e  setoriais  de  desenvolvimento  e  sobre  eles  emitir  parecer,  em  articulação  com  a  Comissão  Mista  Permanente  de  que  trata  o  art.  166,  §  1º,  da  Constituição  Federal;    IX  -­‐  exercer  o  acompanhamento  e  a  fiscalização  contábil,  financeira,  orçamentária,  operacional  e  patrimonial  da  União  e  das  entidades  da  administração  direta  e  indireta,  incluídas  as  fundações  e  sociedades  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público  federal,  em  articulação  com  a  Comissão  Mista  Permanente  de  que  trata  o  art.  166,  §  1º,  da  Constituição  Federal;    X  -­‐  determinar  a  realização,  com  o  auxílio  do  Tribunal  de  Contas  da  União,  de  diligências,  perícias,  inspeções  e  auditorias  de  natureza  contábil,  financeira,  orçamentária,  operacional  e  patrimonial,  nas  unidades  administrativas  dos  Poderes  Legislativo,  Executivo  e  Judiciário,  da  administração  direta  e  indireta,  incluídas  as  fundações  e  sociedades  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público  federal;    XI  -­‐  exercer  a  fiscalização  e  o  controle  dos  atos  do  Poder  Executivo,  incluídos  os  da  administração  indireta;    XII  -­‐  propor  a  sustação  dos  atos  normativos  do  Poder  Executivo  que  exorbitem  do  poder  regulamentar  ou  dos  limites  de  delegação  legislativa,  elaborando  o  respectivo  decreto  legislativo;    XIII  -­‐  estudar  qualquer  assunto  compreendido  no  respectivo  campo  temático  ou  área  de  atividade,  podendo  promover,  em  seu  âmbito,  conferências,  exposições,  palestras  ou  seminários;    XIV  -­‐  solicitar  audiência  ou  colaboração  de  órgãos  ou  entidades  da  administração  pública  direta,  indireta  ou  fundacional,  e  da  sociedade  civil,  para  elucidação  de  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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matéria  sujeita  a  seu  pronunciamento,  não  implicando  a  diligência  dilação  dos  prazos.    §  1º  Aplicam-­‐se  à  tramitação  dos  projetos  de  lei  submetidos  à  deliberação  conclusiva  das  Comissões,  no  que  couber,  as  disposições  previstas  para  as  matérias  submetidas  à  apreciação  do  Plenário  da  Câmara.  (Parágrafo  com  redação  dada  pela  Resolução  nº  58,  de  1994)  §  2º  As  atribuições  contidas  nos  incisos  V  e  XII  do  caput  não  excluem  a  iniciativa  concorrente  de  Deputado.  

12.     Observem  inicialmente  a  prescrição  contida  no  caput  deste  artigo.  

É  ali  que  encontramos  a  quem  se  direcionam  essas  competências:  As  Comissões  

Permanentes  (todas  as  competências)  e  as  Comissões  Especiais   (apenas  as  que  

forem  aplicáveis)13.    

13.     Além  disso,  de  acordo  com  a  temática  de  cada  Comissão,  ela  deve  

discutir  e  votar  as  proposições  sujeitas  à  deliberação  do  Plenário  que  lhes  forem  

distribuídas.  Essa  distribuição  acontece  por  despacho  do  Presidente  da  Câmara  

dos   Deputados   que   analisa   a   matéria   de   cada   proposição   e   determina   qual  

caminho  ela  deve  percorrer  entre  os  órgãos  legislativos.    

14.     A   segunda   competência,   e   talvez   a  mais   relevante,   diz   respeito   a  

capacidade  que  esse  órgãos  tem  de  discutir  e  votar  os  projetos  de  lei,  dispensada  

a   competência   do   Plenário.   Lembramos   que   Plenário   é   um   “órgão   colegiado”  

composto  pela  totalidade  dos  513  deputados  que  se  reúnem  para  deliberar  sobre  

as  matérias  de  competência  da  Câmara  dos  Deputados.    

15.     Ao  estabelecer  que  existem  projetos  de  lei  que  podem  dispensar  a  

aprovação  do  Plenário,   tramitando  apenas  nas  comissões,  o  Regimento  agiu  de  

maneira   inversa,   estabelecendo   quais   matérias   não   podem   ser   analisadas   por  

esse  procedimento.  Em  tempo,  denomina-­‐se  Poder  Conclusivo  a  capacidade  que  

as  Comissões  possuem  para  analisar,  discutir  e  votar  projetos  de  lei  dispensando  

a  competência  do  Plenário.  

16.     Não   podem   ser   alvo   do   poder   conclusivo   os   projetos   de   lei  

complementar;   de   código;   de   iniciativa   popular;   de   comissão;   relativos   a  

matérias  que  não  possam  ser  objeto  de  delegação,  previstas  no  §1º  do  art.  68  da  

Constituição   Federal;   oriundos   do   Senado,   ou   por   ele   emendados,   que   tenham  

                                                                                                               13  A  Comissões  Especiais  são  espécies  de  comissões  temporárias  que  serao  estudadas  oportunamente.  

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sido   aprovados   pelo   Plenário   de   qualquer   das   Casas;   que   tenham   recebido  

pareceres  divergentes  e  as  em  regime  de  urgência.  

17.     Todos  os  projetos  que  não  se  enquadram  nas  vedações  anteriores  

podem   tramitar   de   maneira   conclusiva   pelas   comissões.   Ocorrer   que   a  

Constituição  Federal   faz  previsão  de  um  recurso  para  que  a  matéria  que   tenha  

tramitado  conclusivamente  seja  levada  a  discussão  ao  Plenário  da  casa.  

18.     O   recurso   contra   tramitação   conclusiva  deve   ser   apresentado  em  

até  5  sessões,  subscrito  por,  ao  menos,  1/10  dos  membros  da  casa  e  deve  indicar  

qual   o   objeto   apreciado   conclusivamente   que   deverá   ser   alvo   de   discussão   e  

votação  pelo  Plenário.  

19.     Outras   competências   importantes   dizem   respeito   a   atividade   de  

controle   e   fiscalização   exercida   pela   Câmara   dos   Deputados,   que   acaba  

concentrada  no  âmbito  das  Comissões.  

2  -­‐  COMISSÕES  PERMANENTES:  

20.     Tratando   especificamente   das   Comissões   Permanentes,   o   RICD  

prevê  que  “o  número  de  membros  efetivos  das  Comissões  Permanentes  será  fixado  

por   ato   da   Mesa,   ouvido   o   Colégio   de   Líderes,   no   início   dos   trabalhos   de   cada  

legislatura.”  

21.     Como   de   costume,   deve-­‐se   observar,   sempre   que   possível,   o  

principio   da   proporcionalidade   partidária   e   demais   critérios   e   normas   para   a  

representação  das  bancadas.  

22.     Nenhuma  Comissões   terá  mais  de  doze  centésimo  nem  menos  de  

três  e  meio  centésimos  do  total  de  deputados,  desprezando-­‐se  a  fração.  Este  é  o  

texto   regimental   que   esta   expresso  no   §2º   do   art.   25   o  RICD.   Então,   em   regra,  

uma  comissão  permanente  pode  ter  no  máximo  61  vagas  e  no  mínimo  17  vagas.  

23.     Ocorre  que  a  54º  Legislatura  (que  vai  de  2012  as  31  de  janeiro  de  

2015)   tem   disposições   especiais   para   a   composição   de   suas   comissões  

permanentes.   A   Resolução   nº   21,   de   2013,   alterou   o   número   de   comissões  

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permanentes  da  Casa,  de  20  para  21  Comissões  Permanentes).  Já  a  Resolução  nº  

12,   de  2012,   alterou  o   limites  máximo  de  membros   efetivos   em  uma   comissão  

permanente,  passando  a  ser  treze  centésimos,  totalizando  66  vagas.  

24.     Lembramos   que   nesse   cálculo,   não   é   levado   em   conta   o   número  

total  de  membros  da  casa  (513)  e  sim  o  número  de  membros  da  casa  menos  os  

cargos  titulares  da  Mesa  (que  não  podem  ter  assento  em  Comissão  Permanente),  

totalizando  506  vagas  disponíveis.  

25.     Em   regra,   um   parlamentar   pode   ser   titular   de   apenas   uma  

Comissão   Permanente.   Essa   vedação   visa   evitar   que   o   parlamentar   assuma  

obrigações  maiores  do  que  pode  desempenhar  e  pretende  melhorar  a  qualidade  

das  deliberações  desses  órgãos  colegiados.  Porém,  o  RICD  trás  algumas  exceções  

de   Comissões   Permanentes   que   não   entram   nesse   cálculo   de   acumulação  

indevida.    

26.     O  §2º  do  Art.  26  aponta  que  a  Comissão  de  Legislação  Participativa  

(CLP)   e   a   Comissão   de   Segurança   Pública   e   Combate   ao   Crime   Organizado  

(CSPCCO)   podem   ser   titularizadas   em   conjunto   com   outras   comissões   e   suas  

vagas  não  entram  na  divisão  originária  estudada  anteriormente.  As  Resoluções  

12/2012  e  22/2013  previram  que,  até  31  de  janeiro  de  2015,  essa  exceção  deve  

ser  aplicada  à  Comissão  de  Integração  Nacional,  Desenvolvimento  Regional  e  da  

Amazônia  (CINDRA)  e  à  Comissão  de  Cultura  (CCULT).  

27.     Ou   seja,   é   possível   a   acumulação   de   titularidade   de   comissões  

permanentes  por  parlamentar.  O  Ato  da  Mesa  nº  87/2013  estabelece  que  o  total  

de   vagas   titulares   nas   comissões   permanentes   é   de   584,   além   das   7   vagas   da  

Mesa.  Dessa  forma,  segundo  consta  no  Curso  de  Regimento  Interno,  2º  Edição,  a  

distribuição  das  vagas  seria  realizada  da  seguinte  forma:  20  vagas  para  a  CCULT  

+  20  vagas  para  a  CINDRA  +  18  vagas  para  CLP  +  20  vagas  para  CSPCCO  +  506  

vagas  distribuídas   entre   as  demais   comissões  permanentes,   totalizando  as  584  

vagas  titulares.  

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28.     Conforme   já   citado,   a   distribuição   das   vagas   nas   comissões  

permanentes   será   organizada   pela   Mesa,   logo   após   a   fixação   da   respectiva  

composição  numérica  e  deve  ser  mantida  durante  toda  legislatura.  

29.     Observem   com   atenção   que   o   §   2º   do   art.   26,   determina   que  

nenhum   deputado   poderá   fazer   parte,   como   membro   titular,   de   mais   de   uma  

comissão   permanente.   Essa   regra   encontra   as   exceções   já   mencionadas:   a  

Comissão  de  Legislação  Participativa  (CLP),  a  Comissão  de  Segurança  Pública  e  

Combate  ao  Crime  Organizado  (CSPCCO)  e,  durante  a  54º  Legislatura,  a  Comissão  

de  Integração  Nacional,  Desenvolvimento  Regional  e  da  Amazônia  (CINDRA)  e  a  

Comissão  de  Cultura  (CCULT).  

30.     Mesmo   que   o   Deputado   não   esteja   filiado,   momentaneamente,   a  

uma   legenda   partidária,   a   ele   é   assegurado   (como   a   todos   os   Deputados)   o  

direito   de   integrar,   como   titular,   ao   menos   uma   comissão.   Ainda   quando   este  

Deputado   não   possa   concorrer   às   vagas   existentes   pelo   cálculo   da  

proporcionalidade.  

31.     Essa   regra   se   aplica   aos   chamados   “partidos   nanicos”,   com  

pequena   representação   na   Casa   e   que,   pelo   critério   da   proporcionalidade  

partidária,   acabam   ficando   fora   da   divisão   inicial   das   vagas.   Como   a   todos   os  

membros  é  assegurada  ao  menos  uma  vaga  como  titular,  mesmo  que  o  partido  

não   obtenha   direito   direto   a   vaga   em   nenhuma   Comissão,   o   Deputado   pode  

requerer   o   seu   lugar   que   será   avaliado   pelos   critérios   estabelecidos   no  

Regimento  Interno.  

32.     Essa   divisão   dos   números   de   vagas   aos   Partidos   e   Blocos  

parlamentares   é   realizada   com   base   nos   critérios   estabelecidos   no   art.   27,   a  

saber:  Art.  27.  A  representação  numérica  das  bancadas  em  cada  Comissão  será  estabelecida  com  a  divisão  do  número  de  membros  do  Partido  ou  Bloco  Parlamentar,  aferido  na  forma  do  §  4°  do  art.  8°  deste  Regimento,  pelo  quociente  resultante  da  divisão  do  número  de  membros  da  Câmara  pelo  número  de  membros  da  Comissão;  o  inteiro  do  quociente  assim  obtido,  denominado  quociente  partidário,  representará  o  número  de  lugares  a  que  o  Partido  ou  Bloco  Parlamentar  poderá  concorrer  na  Comissão.  (“Caput”  do  artigo  com  redação  dada  pela  Resolução  nº  34,  de  2005,  em  vigor  a  partir  de  01/02/2007)  

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§  1º  As  vagas  que  sobrarem,  uma  vez  aplicado  o  critério  do  caput,  serão  destinadas  aos  Partidos  ou  Blocos  Parlamentares,  levando-­‐se  em  conta  as  frações  do  quociente  partidário,  da  maior  para  a  menor.    §  2º  Se  verificado,  após  aplicados  os  critérios  do  caput  e  do  parágrafo  anterior,  que  há  Partido  ou  Bloco  Parlamentar  sem  lugares  suficientes  nas  Comissões  para  a  sua  bancada,  ou  Deputado  sem  legenda  partidária,  observar-­‐se-­‐á  o  seguinte:    I  -­‐  a  Mesa  dará  quarenta  e  oito  horas  ao  Partido  ou  Bloco  Parlamentar  nessa  condição  para  que  declare  sua  opção  por  obter  lugar  em  Comissão  em  que  não  esteja  ainda  representado;    II  -­‐  havendo  coincidência  de  opções  terá  preferência  o  Partido  ou  Bloco  Parlamentar  de  maior  quociente  partidário,  conforme  os  critérios  do  caput  e  do  parágrafo  antecedente;    III  -­‐  a  vaga  indicada  será  preenchida  em  primeiro  lugar;    IV  -­‐  só  poderá  haver  o  preenchimento  de  segunda  vaga  decorrente  de  opção,  na  mesma  Comissão,  quando  em  todas  as  outras  já  tiver  sido  preenchida  uma  primeira  vaga,  em  idênticas  condições;    V  -­‐  atendidas  as  opções  do  Partido  ou  Bloco  Parlamentar,  serão  recebidas  as  dos  Deputados  sem  legenda  partidária;    VI  -­‐  quando  mais  de  um  Deputado  optante  escolher  a  mesma  Comissão,  terá  preferência  o  mais  idoso,  dentre  os  de  maior  número  de  legislaturas.    §  3º  Após  o  cumprimento  do  prescrito  no  parágrafo  anterior,  proceder-­‐se-­‐á  à  distribuição  das  demais  vagas  entre  as  bancadas  com  direito  a  se  fazer  representar  na  Comissão,  de  acordo  com  o  estabelecido  no  caput,  considerando-­‐se  para  efeito  de  cálculo  da  proporcionalidade  o  número  de  membros  da  Comissão  diminuído  de  tantas  unidades  quantas  as  vagas  preenchidas  por  opção.    

33.     Conforme   já   afirmado,   a   divisão   de   vagas   é   feita   com   base   no  

resultado   proclamado   pela   Justiça   Eleitoral   e   deve   permanecer   inalterado   por  

toda  a  Legislatura.  

34.     Definida,  na  1ª  (primeira)  sessão   legislativa  de  cada   legislatura,  a  

representação  numérica  dos  Partidos  e  Blocos  Parlamentares  nas  Comissões,  os  

Líderes  comunicarão  à  Presidência,  no  prazo  de  5  (cinco)  sessões,  os  nomes  dos  

membros   das   respectivas   bancadas   que,   como   titulares   e   suplentes,   as  

integrarão;   esse   prazo   contar-­‐se-­‐á,   nas   demais   sessões   legislativas,   do   dia   de  

início  dessas.    

35.      O   Presidente   fará,   de   ofício,   a   designação   se,   no   prazo   fixado,   a  

Liderança   não   comunicar   os   nomes   de   sua   representação   para   compor   as  

Comissões,  nos  termos  do  §  3º  do  art.  45.    

36.      Juntamente   com   a   composição   nominal   das   Comissões,   o  

Presidente  mandará  publicar  no  Diário  da  Câmara  dos  Deputados    e  no  avulso  da  

Ordem  do  Dia  a  convocação  destas  para  eleger  os  respectivos  Presidentes  e  Vice-­‐

Presidentes,  na  forma  do  art.  39.  

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2.1  -­‐  SUBCOMISSÕES  E  TURMAS:  

37.     Também  importante,  precisamos  examinar  como  se  organizam  as  

comissões  permanentes  para  que  melhor  possam  desempenhar  suas  atribuições.  

Em   regra,   uma   Comissão   pode   constituir   subcomissões   permanentes   ou/e  

subcomissões  especiais.    

38.     As   subcomissões   permanentes   são   constituídas   por   proposta   da  

maioria  absoluta  dos  membros  do  colegiado  e   tem  como  membros  os  próprios  

componentes   (parte   deles),   sendo   reservada   parte   das  matérias   do   respectivo  

campo  temático  ou  área  de  atuação.  

39.     Por  sua  vez,  as  subcomissões  especiais  podem  ser  constituídas  por  

proposta  de  qualquer  um  dos  membros  do  órgão   colegiado  para  desempenhar  

atividades  específicas  ou  para  o  trato  de  assuntos  definidos  no  respectivo  ato  de  

criação.  

40.   Nenhuma   comissão   permanente   poderá   contar   com   mais   de   3  

subcomissões  permanentes  e  de  três  subcomissões  especiais  em  funcionamento  

simultâneo.  Dessa  forma,  é  possível,  por  exemplo,  a  existência  de  3  subcomissões  

especiais  e  2  subcomissões  permanentes  trabalhando  simultaneamente  em  uma  

Comissão.  

41.     No  funcionamento  dessas  subcomissões  devem  ser  observados,  no  

que   couber,   as   disposições   regimentais   referente   ao   funcionamento   das  

comissões  permanentes,  que  trataremos  a  seguir.  

42.     O  plenário  da  comissão  deve  fixar  o  número  de  membros  de  cada  

subcomissão,   respeitando   ainda   o   princípio   da   representação   proporcional,   e  

definindo  as  matérias  reservadas  para  cada  subcomissão,  bem  como  os  objetivos  

e  metas  das  subcomissões  especiais.  

43.     Quanto   as   Turmas   é   necessário  muita   atenção,   pois   o  Regimento  

prevê   que   “as   Comissões   Permanentes   que   não   constituírem   Subcomissões  

Permanentes   poderão   ser   divididas   em   duas   Turmas,   excluído   o   Presidente,  

ambas  sem  poder  decisório.”  

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44.     Observem   que   uma   Comissão   pode   contar   com   Subcomissão  

Especial   e  mesmo   assim,   ser   dividida   em  Turmas.   O   que   se   veda   é   a   presença  

simultânea   de   Turmas   e   Subcomissões   Permanentes,   pois   na   prática,   ambas  

possuem  a  mesma  finalidade:  aumentar  o  critério  de  especialização  e  eficiência  

no  trato  das  matérias  submetidas  ao  colegiado.  

45.     Outro  elemento  importante  é  que  o  verbo  “poderão”  expressa  uma  

possibilidade   e   não   uma   obrigação.   Caso   o   colegiado   decida   pela   divisão   em  

Turmas,  o  presidente  da  comissão  não  participa  de  nenhuma  das  duas  Turmas  

criadas.     Por   obvio,   nem   as   turmas,   nem   as   subcomissões,   possuem   poder  

decisório.  

46.     Deve   presidir   à   turma   um   vice-­‐presidente   da   comissão,  

substituindo-­‐o   o   membro   mais   idosos,   dentre   os   de   maior   número   de  

legislaturas.   Os   membros   de   uma   turma   são   suplentes   preferenciais   da   outra,  

respeitada   a   proporcionalidade   partidária,   ou   seja,   em   regra,   apenas  membros  

do  mesmo  partido  ou  bloco  parlamentar  podem  se  substituir.  

47.     As  turmas  podem  discutir  os  assunto  que  lhes  forem  distribuídos,  

desde   que   presentes   mais   da   metade   dos   seus   membros.   A   matéria   que   for  

apreciada  concluirá  por  um  relatório  que  estará  sujeito  à  deliberação  do  plenário  

da  respectiva  comissão.  Dessa  forma,  as  decisões  finais  são  tomadas  sempre  pela  

totalidade  da  composição,  na  figura  do  plenário  da  Comissão.  

48.     Transcrevemos   abaixo   a   listagem   das   comissões   permanentes  

atuais  e  seu  respectivo  campo  temático:  Art.  32.  São  as  seguintes  as  Comissões  Permanentes  e  respectivos  campos  temáticos  ou  áreas  de  atividade:  I  -­‐  Comissão  de  Agricultura,  Pecuária,  Abastecimento  e  Desenvolvimento  Rural:    a)  política  agrícola  e  assuntos  atinentes  à  agricultura  e  à  pesca  profissional,  destacadamente:  1  -­‐  organização  do  setor  rural;  política  nacional  de  cooperativismo;  condições  sociais  no  meio  rural;  migrações  rural-­‐urbanas;  2  -­‐  estímulos  fiscais,  financeiros  e  creditícios  à  agricultura,  à  pesquisa  e  experimentação  agrícolas;  3  -­‐  política  e  sistema  nacional  de  crédito  rural;  4  -­‐  política  e  planejamento  agrícola  e  política  de  desenvolvimento  tecnológico  da  agropecuária;  extensão  rural;  5  -­‐  seguro  agrícola;  6  -­‐  política  de  abastecimento,  comercialização  e  exportação  de  produtos  agropecuários,  marinhos  e  da  aquicultura;  

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7  -­‐  política  de  eletrificação  rural;  8  -­‐  política  e  programa  nacional  de  irrigação;  9  -­‐  vigilância  e  defesa  sanitária  animal  e  vegetal;  10  -­‐  padronização  e  inspeção  de  produtos  vegetais  e  animais;  11  -­‐  padronização,  inspeção  e  fiscalização  do  uso  de  defensivos  agrotóxicos  nas  atividades  agropecuárias;  12  -­‐  política  de  insumos  agropecuários;  13  -­‐  meteorologia  e  climatologia;  b)  política  e  questões  fundiárias;  reforma  agrária;  justiça  agrária;  direito  agrário,  destacadamente:  1  -­‐  uso  ou  posse  temporária  da  terra;  contratos  agrários;  2  -­‐  colonização  oficial  e  particular;  3  -­‐  regularização  dominial  de  terras  rurais  e  de  sua  ocupação;  4  -­‐  aquisição  ou  arrendamento  de  imóvel  rural  por  pessoas  físicas  ou  jurídicas  estrangeiras  e  na  faixa  de  fronteira;  5  -­‐  alienação  e  concessão  de  terras  públicas;  II  -­‐  Comissão  da  Amazônia,  Integração  Nacional  e  de  Desenvolvimento  Regional:    a)  assuntos  relativos  à  região  amazônica,  especialmente:  1  -­‐  integração  regional  e  limites  legais;  2  -­‐  valorização  econômica;  3  -­‐  assuntos  indígenas;  4  -­‐  caça,  pesca,  fauna  e  flora  e  sua  regulamentação;  5  -­‐  exploração  dos  recursos  minerais,  vegetais  e  hídricos;  6  -­‐  turismo;  7  -­‐  desenvolvimento  sustentável;  b)  desenvolvimento  e  integração  da  região  amazônica;  planos  regionais  de  desenvolvimento  econômico  e  social;  incentivo  regional  da  Amazônia;  c)  desenvolvimento  e  integração  de  regiões;  planos  regionais  de  desenvolvimento  econômico  e  social;  incentivos  regionais;  d)  planos  nacionais  e  regionais  de  ordenação  do  território  e  de  organização  político-­‐administrativa;  e)  assuntos  de  interesse  federal  nos  Municípios,  Estados,  Territórios  e  no  Distrito  Federal;  f)  sistema  nacional  de  defesa  civil;  política  de  combate  às  calamidades;  g)  migrações  internas;  III  -­‐  Comissão  de  Ciência  e  Tecnologia,  Comunicação  e  Informática:    a)  desenvolvimento  científico  e  tecnológico;  política  nacional  de  ciência  e  tecnologia  e  organização  institucional  do  setor;  acordos  de  cooperação  com  outros  países  e  organismos  internacionais;  b)  sistema  estatístico,  cartográfico  e  demográfico  nacional;  c)  os  meios  de  comunicação  social  e  a  liberdade  de  imprensa;  d)  a  produção  e  a  programação  das  emissoras  de  rádio  e  televisão;  e)  assuntos  relativos  a  comunicações,  telecomunicações,  informática,  telemática  e  robótica  em  geral;  f)  indústrias  de  computação  e  seus  aspectos  estratégicos;  g)  serviços  postais,  telegráficos,  telefônicos,  de  telex,  de  radiodifusão  e  de  transmissão  de  dados;  h)  outorga  e  renovação  da  exploração  de  serviços  de  radiodifusão  sonora  e  de  sons  e  imagens;  i)  política  nacional  de  informática  e  automação  e  de  telecomunicações;  j)  regime  jurídico  das  telecomunicações  e  informática;  IV  -­‐  Comissão  de  Constituição  e  Justiça  e  de  Cidadania:    a)  aspectos  constitucional,  legal,  jurídico,  regimental  e  de  técnica  legislativa  de  projetos,  emendas  ou  substitutivos  sujeitos  à  apreciação  da  Câmara  ou  de  suas  Comissões;  b)  admissibilidade  de  proposta  de  emenda  à  Constituição;  c)  assunto  de  natureza  jurídica  ou  constitucional  que  lhe  seja  submetido,  em  consulta,  pelo  Presidente  da  Câmara,  pelo  Plenário  ou  por  outra  Comissão,  ou  em  razão  de  recurso  previsto  neste  Regimento;  

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d)  assuntos  atinentes  aos  direitos  e  garantias  fundamentais,  à  organização  do  Estado,  à  organização  dos  Poderes  e  às  funções  essenciais  da  Justiça;  e)  matérias  relativas  a  direito  constitucional,  eleitoral,  civil,  penal,  penitenciário,  processual,  notarial;  f)  Partidos  Políticos,  mandato  e  representação  política,  sistemas  eleitorais  e  eleições;  g)  registros  públicos;  h)  desapropriações;  i)  nacionalidade,  cidadania,  naturalização,  regime  jurídico  dos  estrangeiros;  emigração  e  imigração;  j)  intervenção  federal;  l)  uso  dos  símbolos  nacionais;  m)  criação  de  novos  Estados  e  Territórios;  incorporação,  subdivisão  ou  desmembramento  de  áreas  de  Estados  ou  de  Territórios;  n)  transferência  temporária  da  sede  do  Governo;  o)  anistia;  p)  direitos  e  deveres  do  mandato;  perda  de  mandato  de  Deputado,  nas  hipóteses  dos  incisos  I,  II  e  VI  do  art.  55  da  Constituição  Federal;  pedidos  de  licença  para  incorporação  de  Deputados  às  Forças  Armadas;  q)  redação  do  vencido  em  Plenário  e  redação  final  das  proposições  em  geral;  V  -­‐  Comissão  de  Defesa  do  Consumidor:    a)  economia  popular  e  repressão  ao  abuso  do  poder  econômico;  b)  relações  de  consumo  e  medidas  de  defesa  do  consumidor;  c)  composição,  qualidade,  apresentação,  publicidade  e  distribuição  de  bens  e  serviços;  VI  -­‐  Comissão  de  Desenvolvimento  Econômico,  Indústria  e  Comércio:    a)  matérias  atinentes  a  relações  econômicas  internacionais;  b)  assuntos  relativos  à  ordem  econômica  nacional;  c)  política  e  atividade  industrial,  comercial  e  agrícola;  setor  econômico  terciário,  exceto  os  serviços  de  natureza  financeira;  d)  sistema  monetário;  moeda;  câmbio  e  reservas  cambiais;  e)  comércio  exterior;  políticas  de  importação  e  exportação  em  geral;  acordos  comerciais,  tarifas  e  cotas;  f)  atividade  econômica  estatal  e  em  regime  empresarial;  programas  de  privatização;  monopólios  da  União;  g)  proteção  e  benefícios  especiais  temporários,  exceto  os  de  natureza  financeira  e  tributária,  às  empresas  brasileiras  de  capital  nacional;  h)  cooperativismo  e  outras  formas  de  associativismo  na  atividade  econômica,  exceto  quando  relacionados  com  matéria  própria  de  outra  Comissão;  i)  regime  jurídico  das  empresas  e  tratamento  preferencial  para  microempresas  e  para  empresas  de  pequeno  porte;  j)  fiscalização  e  incentivo  pelo  Estado  às  atividades  econômicas;  diretrizes  e  bases  do  planejamento  do  desenvolvimento  nacional  equilibrado;  planos  nacionais  e  regionais  ou  setoriais;  l)  matérias  relativas  a  direito  comercial,  societário  e  falimentar;  direito  econômico;  m)  propriedade  industrial  e  sua  proteção;  n)  registro  de  comércio  e  atividades  afins;  o)  políticas  e  sistema  nacional  de  metrologia,  normalização  e  qualidade  industrial;  VII  -­‐  Comissão  de  Desenvolvimento  Urbano:    a)  assuntos  atinentes  a  urbanismo  e  arquitetura;  política  e  desenvolvimento  urbano;  uso,  parcelamento  e  ocupação  do  solo  urbano;  habitação  e  sistema  financeiro  da  habitação;  transportes  urbanos;  infra-­‐estrutura  urbana  e  saneamento  ambiental;  b)  matérias  relativas  a  direito  urbanístico  e  a  ordenação  jurídico-­‐urbanística  do  território;  planos  nacionais  e  regionais  de  ordenação  do  território  e  da  organização  político-­‐administrativa;  c)  política  e  desenvolvimento  municipal  e  territorial;  d)  matérias  referentes  ao  direito  municipal  e  edílico;  

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e)  regiões  metropolitanas,  aglomerações  urbanas,  regiões  integradas  de  desenvolvimento  e  microrregiões;  VIII  -­‐  Comissão  de  Direitos  Humanos  e  Minorias:    a)  recebimento,  avaliação  e  investigação  de  denúncias  relativas  a  ameaça  ou  violação  de  direitos  humanos;  b)  fiscalização  e  acompanhamento  de  programas  governamentais  relativos  à  proteção  dos  direitos  humanos;  c)  colaboração  com  entidades  não-­‐governamentais,  nacionais  e  internacionais,  que  atuem  na  defesa  dos  direitos  humanos;  d)  pesquisas  e  estudos  relativos  à  situação  dos  direitos  humanos  no  Brasil  e  no  mundo,  inclusive  para  efeito  de  divulgação  pública  e  fornecimento  de  subsídios  para  as  demais  Comissões  da  Casa;  e)  assuntos  referentes  às  minorias  étnicas  e  sociais,  especialmente  aos  índios  e  às  comunidades  indígenas;  regime  das  terras  tradicionalmente  ocupadas  pelos  índios;  f)  preservação  e  proteção  das  culturas  populares  e  étnicas  do  País;  IX  -­‐  Comissão  de  Educação:    a)  assuntos  atinentes  à  educação  em  geral;  b)  política  e  sistema  educacional,  em  seus  aspectos  institucionais,  estruturais,  funcionais  e  legais;  c)  direito  da  educação;  d)  recursos  humanos  e  financeiros  para  a  educação;  e)  (revogada);  f)  (revogada);  (Inciso  com  redação  dada  pela  Resolução  nº  21,  de  2013)  X  -­‐  Comissão  de  Finanças  e  Tributação:    a)  sistema  financeiro  nacional  e  entidades  a  ele  vinculadas;  mercado  financeiro  e  de  capitais;  autorização  para  funcionamento  das  instituições  financeiras;  operações  financeiras;  crédito;  bolsas  de  valores  e  de  mercadorias;  sistema  de  poupança;  captação  e  garantia  da  poupança  popular;  b)  sistema  financeiro  da  habitação;  c)  sistema  nacional  de  seguros  privados  e  capitalização;  d)  títulos  e  valores  mobiliários;  e)  regime  jurídico  do  capital  estrangeiro;  remessa  de  lucros;  f)  dívida  pública  interna  e  externa;  g)  matérias  financeiras  e  orçamentárias  públicas,  ressalvada  a  competência  da  Comissão  Mista  Permanente  a  que  se  refere  o  art.  166,  §  1º,  da  Constituição  Federal;  normas  gerais  de  direito  financeiro;  normas  gerais  de  licitação  e  contratação,  em  todas  as  modalidades,  para  a  administração  pública  direta  e  indireta,  incluídas  as  fundações  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público;  h)  aspectos  financeiros  e  orçamentários  públicos  de  quaisquer  proposições  que  importem  aumento  ou  diminuição  da  receita  ou  da  despesa  pública,  quanto  à  sua  compatibilidade  ou  adequação  com  o  plano  plurianual,  a  lei  de  diretrizes  orçamentárias  e  o  orçamento  anual;  i)  fixação  da  remuneração  dos  membros  do  Congresso  Nacional,  do  Presidente  e  do  Vice-­‐Presidente  da  República,  dos  Ministros  de  Estado  e  dos  membros  da  magistratura  federal;  j)  sistema  tributário  nacional  e  repartição  das  receitas  tributárias;  normas  gerais  de  direito  tributário;  legislação  referente  a  cada  tributo;  l)  tributação,  arrecadação,  fiscalização;  parafiscalidade;  empréstimos  compulsórios;  contribuições  sociais;  administração  fiscal;  XI  -­‐  Comissão  de  Fiscalização  Financeira  e  Controle:    a)  tomada  de  contas  do  Presidente  da  República,  na  hipótese  do  art.  51,  II,  da  Constituição  Federal;  b)  acompanhamento  e  fiscalização  contábil,  financeira,  orçamentária,  operacional  e  patrimonial  da  União  e  das  entidades  da  administração  direta  e  indireta,  incluídas  as  sociedades  e  fundações  instituídas  e  mantidas  pelo  Poder  Público  federal,  sem  prejuízo  do  exame  por  parte  das  demais  Comissões  nas  áreas  das  respectivas  competências  e  em  articulação  com  a  Comissão  Mista  Permanente  de  que  trata  o  art.  166,  §  1º,  da  Constituição  Federal;  

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c)  planos  e  programas  de  desenvolvimento  nacional  ou  regional,  após  exame,  pelas  demais  Comissões,  dos  programas  que  lhes  disserem  respeito;  d)  representações  do  Tribunal  de  Contas  solicitando  sustação  de  contrato  impugnado  ou  outras  providências  a  cargo  do  Congresso  Nacional,  elaborando,  em  caso  de  parecer  favorável,  o  respectivo  projeto  de  decreto  legislativo  (Constituição  Federal,  art.  71,  §  1º);  e)  exame  dos  relatórios  de  atividades  do  Tribunal  de  Contas  da  União  (Constituição  Federal,  art.  71,  §  4º);  f)  requisição  de  informações,  relatórios,  balanços  e  inspeções  sobre  as  contas  ou  autorizações  de  despesas  de  órgãos  e  entidades  da  administração  federal,  diretamente  ou  por  intermédio  do  Tribunal  de  Contas  da  União;  XII  -­‐  Comissão  de  Legislação  Participativa:    a)  sugestões  de  iniciativa  legislativa  apresentadas  por  associações  e  órgãos  de  classe,  sindicatos  e  entidades  organizadas  da  sociedade  civil,  exceto  Partidos  Políticos;  b)  pareceres  técnicos,  exposições  e  propostas  oriundas  de  entidades  científicas  e  culturais  e  de  qualquer  das  entidades  mencionadas  na  alínea  a  deste  inciso;  XIII  -­‐  Comissão  de  Meio  Ambiente  e  Desenvolvimento  Sustentável:    a)  política  e  sistema  nacional  do  meio  ambiente;  direito  ambiental;  legislação  de  defesa  ecológica;  b)  recursos  naturais  renováveis;  flora,  fauna  e  solo;  edafologia  e  desertificação;  c)  desenvolvimento  sustentável;  XIV  -­‐  Comissão  de  Minas  e  Energia:    a)  políticas  e  modelos  mineral  e  energético  brasileiros;  b)  a  estrutura  institucional  e  o  papel  dos  agentes  dos  setores  mineral  e  energético;  c)  fontes  convencionais  e  alternativas  de  energia;  d)  pesquisa  e  exploração  de  recursos  minerais  e  energéticos;  e)  formas  de  acesso  ao  bem  mineral;  empresas  de  mineração;  f)  política  e  estrutura  de  preços  de  recursos  energéticos;  g)  comercialização  e  industrialização  de  minérios;  h)  fomento  à  atividade  mineral;  i)  regime  jurídico  dos  bens  minerais  e  dos  recursos  energéticos;  j)  gestão,  planejamento  e  controle  dos  recursos  hídricos;  regime  jurídico  de  águas  públicas  e  particulares;  XV  -­‐  Comissão  de  Relações  Exteriores  e  de  Defesa  Nacional:    a)  relações  diplomáticas  e  consulares,  econômicas  e  comerciais,  culturais  e  científicas  com  outros  países;  relações  com  entidades  internacionais  multilaterais  e  regionais;  b)  política  externa  brasileira;  serviço  exterior  brasileiro;  c)  tratados,  atos,  acordos  e  convênios  internacionais  e  demais  instrumentos  de  política  externa;  d)  direito  internacional  público;  ordem  jurídica  internacional;  nacionalidade;  cidadania  e  naturalização;  regime  jurídico  dos  estrangeiros;  emigração  e  imigração;  e)  autorização  para  o  Presidente  ou  o  Vice-­‐Presidente  da  República  ausentar-­‐se  do  território  nacional;  f)  política  de  defesa  nacional;  estudos  estratégicos  e  atividades  de  informação  e  contra-­‐informação;  g)  Forças  Armadas  e  Auxiliares;  administração  pública  militar;  serviço  militar  e  prestação  civil  alternativa;  passagem  de  forças  estrangeiras  e  sua  permanência  no  território  nacional;  envio  de  tropas  para  o  exterior;  h)  assuntos  atinentes  à  faixa  de  fronteira  e  áreas  consideradas  indispensáveis  à  defesa  nacional;  i)  direito  militar  e  legislação  de  defesa  nacional;  direito  marítimo,  aeronáutico  e  espacial;  j)  litígios  internacionais;  declaração  de  guerra;  condições  de  armistício  ou  de  paz;  requisições  civis  e  militares  em  caso  de  iminente  perigo  e  em  tempo  de  guerra;  m)  outros  assuntos  pertinentes  ao  seu  campo  temático;  XVI  -­‐  Comissão  de  Segurança  Pública  e  Combate  ao  Crime  Organizado:    

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a)  assuntos  atinentes  à  prevenção,  fiscalização  e  combate  ao  uso  de  drogas  e  ao  tráfico  ilícito  de  entorpecentes  ou  atividades  conexas;  b)  combate  ao  contrabando,  crime  organizado,  seqüestro,  lavagem  de  dinheiro,  violência  rural  e  urbana;  c)  controle  e  comercialização  de  armas,  proteção  a  testemunhas  e  vítimas  de  crime,  e  suas  famílias;  d)  matérias  sobre  segurança  pública  interna  e  seus  órgãos  institucionais;  e)  recebimento,  avaliação  e  investigação  de  denúncias  relativas  ao  crime  organizado,  narcotráfico,  violência  rural  e  urbana  e  quaisquer  situações  conexas  que  afetem  a  segurança  pública;  f)  sistema  penitenciário,  legislação  penal  e  processual  penal,  do  ponto  de  vista  da  segurança  pública;  g)  políticas  de  segurança  pública  e  seus  órgãos  institucionais;  h)  fiscalização  e  acompanhamento  de  programas  e  políticas  governamentais  de  segurança  pública;  i)  colaboração  com  entidades  não-­‐governamentais  que  atuem  nas  matérias  elencadas  nas  alíneas  deste  inciso,  bem  como  realização  de  pesquisas,  estudos  e  conferências  sobre  as  matérias  de  sua  competência;  XVII  -­‐  Comissão  de  Seguridade  Social  e  Família:    a)  assuntos  relativos  à  saúde,  previdência  e  assistência  social  em  geral;  b)  organização  institucional  da  saúde  no  Brasil;  c)  política  de  saúde  e  processo  de  planificação  em  saúde;  sistema  único  de  saúde;  d)  ações  e  serviços  de  saúde  pública,  campanhas  de  saúde  pública,  erradicação  de  doenças  endêmicas;  vigilância  epidemiológica,  bioestatística  e  imunizações;  e)  assistência  médica  previdenciária;  instituições  privadas  de  saúde;  f)  medicinas  alternativas;  g)  higiene,  educação  e  assistência  sanitária;  h)  atividades  médicas  e  paramédicas;  i)  controle  de  drogas,  medicamentos  e  alimentos;  sangue  e  hemoderivados;  j)  exercício  da  medicina  e  profissões  afins;  recursos  humanos  para  a  saúde;  l)  saúde  ambiental,  saúde  ocupacional  e  infortunística;  seguro  de  acidentes  do  trabalho  urbano  e  rural;  m)  alimentação  e  nutrição;  n)  indústria  químico-­‐farmacêutica;  proteção  industrial  de  fármacos;  o)  organização  institucional  da  previdência  social  do  País;  p)  regime  geral  e  regulamentos  da  previdência  social  urbana,  rural  e  parlamentar;  q)  seguros  e  previdência  privada;  r)  assistência  oficial,  inclusive  a  proteção  à  maternidade,  à  criança,  ao  adolescente,  aos  idosos  e  aos  portadores  de  deficiência;  s)  regime  jurídico  das  entidades  civis  de  finalidades  sociais  e  assistenciais;  t)  matérias  relativas  à  família,  à  mulher,  à  criança,  ao  adolescente,  ao  idoso  e  à  pessoa  portadora  de  deficiência  física  ou  mental;  u)  direito  de  família  e  do  menor;  XVIII  -­‐  Comissão  de  Trabalho,  de  Administração  e  Serviço  Público:    a)  matéria  trabalhista  urbana  e  rural;  direito  do  trabalho  e  processual  do  trabalho  e  direito  acidentário;  b)  contrato  individual  e  convenções  coletivas  de  trabalho;  c)  assuntos  pertinentes  à  organização,  fiscalização,  tutela,  segurança  e  medicina  do  trabalho;  d)  trabalho  do  menor  de  idade,  da  mulher  e  do  estrangeiro;  e)  política  salarial;  f)  política  de  emprego;  política  de  aprendizagem  e  treinamento  profissional;  g)  dissídios  individual  e  coletivo;  conflitos  coletivos  de  trabalho;  direito  de  greve;  negociação  coletiva;  h)  Justiça  do  Trabalho;  Ministério  Público  do  Trabalho;  i)  sindicalismo  e  organização  sindical;  sistema  de  representação  classista;  política  e  liberdade  sindical;  j)  relação  jurídica  do  trabalho  no  plano  internacional;  organizações  internacionais;  convenções;  

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l)  relações  entre  o  capital  e  o  trabalho;  m)  regulamentação  do  exercício  das  profissões;  autarquias  profissionais;  n)  organização  político-­‐administrativa  da  União  e  reforma  administrativa;  o)  matéria  referente  a  direito  administrativo  em  geral;  p)  matérias  relativas  ao  serviço  público  da  administração  federal  direta  e  indireta,  inclusive  fundacional;  q)  regime  jurídico  dos  servidores  públicos  civis  e  militares,  ativos  e  inativos;  r)  regime  jurídico-­‐administrativo  dos  bens  públicos;  s)  prestação  de  serviços  públicos  em  geral  e  seu  regime  jurídico;  XIX  -­‐  Comissão  de  Turismo  e  Desporto:    a)  política  e  sistema  nacional  de  turismo;  b)  exploração  das  atividades  e  dos  serviços  turísticos;  c)  colaboração  com  entidades  públicas  e  não-­‐governamentais  nacionais  e  internacionais,  que  atuem  na  formação  de  política  de  turismo;  d)  sistema  desportivo  nacional  e  sua  organização;  política  e  plano  nacional  de  educação  física  e  desportiva;  e)  normas  gerais  sobre  desporto;  justiça  desportiva;  XX  -­‐  Comissão  de  Viação  e  Transportes:    a)  assuntos  referentes  ao  sistema  nacional  de  viação  e  aos  sistemas  de  transportes  em  geral;  b)  transportes  aéreo,  marítimo,  aquaviário,  ferroviário,  rodoviário  e  metroviário;  transporte  por  dutos;  c)  ordenação  e  exploração  dos  serviços  de  transportes;  d)  transportes  urbano,  interestadual,  intermunicipal  e  internacional;  e)  marinha  mercante,  portos  e  vias  navegáveis;  navegação  marítima  e  de  cabotagem  e  a  interior;  direito  marítimo;  f)  aviação  civil,  aeroportos  e  infra-­‐estrutura  aeroportuária;  segurança  e  controle  do  tráfego  aéreo;  direito  aeronáutico;  g)  transporte  de  passageiros  e  de  cargas;  regime  jurídico  e  legislação  setorial;  acordos  e  convenções  internacionais;  responsabilidade  civil  do  transportador;  h)  segurança,  política,  educação  e  legislação  de  trânsito  e  tráfego.  XXI  -­‐  Comissão  de  Cultura:  a)  desenvolvimento  cultural,  inclusive  patrimônio  histórico,  geográfico,  arqueológico,  cultural,  artístico  e  científico,  acordos  culturais  com  outros  países;  b)  direito  de  imprensa,  informação  e  manifestação  do  pensamento  e  expressão  da  atividade  intelectual,  artística,  científica  e  de  comunicação;  c)  produção  intelectual  e  sua  proteção,  direitos  autorais  e  conexos;  d)  gestão  da  documentação  governamental  e  patrimônio  arquivístico  nacional;  e)  diversões  e  espetáculos  públicos;  f)  datas  comemorativas;  g)  homenagens  cívicas.  (Inciso  acrescido  pela  Resolução  nº  21,  de  2013)  Parágrafo  único.  Os  campos  temáticos  ou  áreas  de  atividades  de  cada  Comissão  Permanente  abrangem  ainda  os  órgãos  e  programas  governamentais  com  eles  relacionados  e  respectivo  acompanhamento  e  fiscalização  orçamentária,  sem  prejuízo  da  competência  da  Comissão  Mista  Permanente  a  que  se  refere  o  art.  166,  §  1º,  da  Constituição  Federal.  (Artigo  com  redação  dada  pela  Resolução  nº  20,  de  2004)  

 

3  –  COMISSÕES  TEMPORÁRIAS:  

49.     A   comissões   temporárias   podem   ser   de   três   tipos   diferentes:  

especiais,   de   inquérito   ou   externas.   São   constituídas   por   número   variável   de  

membros,   que   devem   ser   previstos   no   ato   de   criação   do   colegiado   ou   no  

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requerimento  de  sua  constituição.  São  designados  pelo  Presidente,  por  indicação  

dos   líderes,  ou   independentemente  desta  se,  no  prazo  de  quarenta  e  oito  horas  

após  a  criação  da  comissão,  o  líder  não  fizer  suas  escolhas.  

50.     Deve-­‐se  observar  o  princípio  da  proporcionalidade  partidária  e  o  

rodízio  entre  as  bancadas  não  contempladas,  de  tal  forma  que  todos  os  partidos  

ou   blocos   parlamentares   possam   fazer-­‐se   representar.   A   participação   do  

Deputado  em  comissão  temporária  deve  se  dar  sem  prejuízo  de  suas  funções  nas  

comissões  permanentes.  

3.1  –  COMISSÕES  ESPECIAIS  

51.     Quanto  as  comissões  especiais,  podemos  dizer  que  são  órgãos  de  

extrema   importância   na   realização   do   processo   legislativo.   O   art.   34   traz   três  

hipóteses  em  que  elas  devem  ser  constituídas:  no  caso  de  proposta  de  emenda  à  

Constituição,  no  caso  de  projeto  de  código  e  quando  a  proposição  versar  matéria  

de  competência  de  MAIS  DE  três  Comissões,  in  verbis:  Art.  34.  As  Comissões  Especiais  serão  constituídas  para  dar  parecer  sobre:  I   -­‐   proposta   de   emenda   à   Constituição   e   projeto   de   código,   casos   em   que   sua  organização  e   funcionamento  obedecerão  às  normas  fixadas  nos  Capítulos  I  e  III,  respectivamente,  do  Título  VI;  II   -­‐  proposições  que  versarem  matéria  de  competência  de  mais  de  três  Comissões  que   devam   pronunciar-­‐se   quanto   ao   mérito,   por   iniciativa   do   Presidente   da  Câmara,  ou  a  requerimento  de  Líder  ou  de  Presidente  de  Comissão  interessada.  

52.     Porém,   ao   longo   do   texto   regimental,   outras   três   hipóteses   são  

aventadas,   a   saber:   para   modificação   ou   reforma   do   Regimento   Interno   da  

Câmara  dos  Deputados,  conforme  disposto  no  art.  216;  no  caso  de  processo  nos  

crimes   de   responsabilidade   do   Presidente   e   Vice-­‐presidente   da   República   e  

ministro   de   Estado,   quando   conexos,   nos   termos   do   art.   218;   e   uma   hipótese  

mais  genérica,  que  prevê  a  criação  de  comissão  especial  sempre  que  o  presidente  

da  Câmara  assim  determinar,  nos  termos  do  art.  17,  I,  m.  

53.     Pelo  menos  metade   dos  membros   titulares   da   comissão   especial  

constituída  para  dar  parecer  sobre  o  mérito  de  matérias,  nos  termos  do  art.  34,  

II,   do   RICD,   devem   ser   constituída   por   membros   titulares   das   comissões  

permanentes  que  deveriam  ser  chamadas  a  opinar  sobre  a  proposição  em  causa.    

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54.     Neste  caso,  caberá  a  comissão  especial  o  exame  de  admissibilidade  

e  do  mérito  da  proposição  principal  e  das  emendas  que  lhe  forem  apresentadas.  

3.2  -­‐  COMISSÃO  PARLAMENTAR  DE  INQUÉRITO  

55.     Chegamos   ao   exemplo   maior   do   exercício   da   atividade   de  

fiscalização  que  pode  ser  exercida  pelo  Congresso  Nacional,  e  em  especial,  pela  

Câmara  dos  Deputados.  

56.     As   comissões   parlamentares   de   inquérito   (CPI)   tem   assento  

constitucional  e  nos  dizeres  de  Gilmar  Mendes  “(...)  são  concebidas  para  viabilizar  

o   inquérito   necessário   ao   exercício   preciso   do   poder   de   fiscalizar   e   de   decidir,  

entregue  ao  Legislativo”.14  

57.     Da  Constituição  extraímos  seus  elementos  básicos:  Art.   58.   O   Congresso   Nacional   e   suas   Casas   terão   comissões   permanentes   e  temporárias,   constituídas   na   forma   e   com   as   atribuições   previstas   no   respectivo  regimento  ou  no  ato  de  que  resultar  sua  criação.  §  3º  -­‐  As  comissões  parlamentares  de  inquérito,  que  terão  poderes  de  investigação  próprios   das   autoridades   judiciais,   além   de   outros   previstos   nos   regimentos   das  respectivas   Casas,   serão   criadas   pela   Câmara   dos   Deputados   e   pelo   Senado  Federal,   em  conjunto  ou   separadamente,  mediante   requerimento  de  um   terço  de  seus  membros,  para  a  apuração  de  fato  determinado  e  por  prazo  certo,  sendo  suas  conclusões,  se  for  o  caso,  encaminhadas  ao  Ministério  Público,  para  que  promova  a  responsabilidade  civil  ou  criminal  dos  infratores.

58.     Pois   bem,   uma   CPI   pode   ser   criada   no   âmbito   da   Câmara   dos  

Deputados,   do   Senado   Federal   ou   de   forma  mista,   tendo   entre   seus  membros  

Deputados   e   Senadores.   Aqui   nos   interessa   a   CPI   criada   pela   Câmara   dos  

Deputados.  

59.     A  CPI  pode  ser  criada  por  requerimento  de  um  terço  do  membros  

da  Casa.  Observem  que  este  requisito  básico  é  uma  forma  de  privilegiar  o  direito  

das  minorias.   Isso   foi  assim  consignado  pelo  STF  no  Mandado  de  Segurança  nº  

24.831,   Relatoria   do  Ministro   Celso   de  Mello,   de   22/6/2005,   “afronta  o  direito  

público   subjetivo   (...)   assegurado   às   minorias   legislativas   de   ver   instaurado   o  

inquérito  parlamentar,  com  apoio  no  direito  de  oposição,   legítimo  consectário  do  

princípio  democrático”.  

                                                                                                               14  MENDES,  Gilmar,  Curso  de  Direito  Constitucional,  8º  Edição,  pág.  851  

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60.     Por  outro  lado,  o  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados  faz  

previsão   expressa   de   um   limite   ao   número   de   CPIs   em   funcionamento  

simultâneo   na   casa:   5.   Após   a   criação   da   quinta   CPI,   as   demais   que   forem  

solicitadas   só   podem   ser   criadas   por   projeto   de   Resolução,   que   deve   ser  

deliberado  em  Plenário,  in  verbis:  Art.   35,   §   4º   Não   será   criada   Comissão   Parlamentar   de   Inquérito   enquanto  estiverem   funcionando   pelo   menos   cinco   na   Câmara,   salvo   mediante   projeto   de  resolução  com  o  mesmo  quórum  de  apresentação  previsto  no  caput  deste  artigo.  

61.     Essa  previsão  regimental  foi  alvo  da  AI-­‐MC.  1.635/DF.  Julgada  em  

25/9/1997,   sob   relatoria   do  Ministro  Maurício   Corrêa,   que   admitiu   a   validade  

dessa  limitação,  muito  embora  não  prevista  nem  na  Constituição  Federal,  nem  na  

Lei  nº  1.579/52,  que  permanece  perfeitamente  aplicável  aos  feitos  das  CPIs.  

62.     Quanto  ao  objeto,  deve  ser  determinado.  O  próprio  RICD  nos  traz  a  

definição   de   “fato   determinado”,   sendo   considerado   o   “acontecimento   de  

relevante  interesse  para  a  vida  pública  e  a  ordem  constitucional,  legal,  econômica  e  

social   do   país,   que   estiver   devidamente   caracterizado   no   requerimento   de  

constituição  da  comissão”.  

63.     Outro   ponto   importante   é   que   toda   CPI,   como   comissão  

temporária,  deve   ter  prazo  certo.  A  Constituição  não   fixa  qual  é  o   tempo  exato  

para   se   considerar   o   “prazo   certo”,   porém,   o   RICD   o   faz:   120   dias   prorrogável  

pela  metade.15  

64.     Ocorre  que  existe  decisões  do  STF  aplicando  o  art.  5º,  §2º  da  Lei.  

Nº   1.579/52,   considerando   que   as   CPIs   podem   ter   sua   duração   estendida   por  

toda   a   Legislatura   em   que   foi   criada,   somente   chegando   ao   seu   término,   por  

decurso  de  prazo,  ao  término  da  referida  legislatura.  Essa  decisão  foi  tomada,  por  

exemplo,   no   MS   nº   24.831,   de   Relatoria   do   Ministro   Celso   de   Mello,   em  

22/6/2005.  

65.     Por   bem,   “recebido   o   requerimento,   o   Presidente   o   mandará   a  

publicação,   desde   que   satisfeitos   os   requisitos   regimentais;   caso   contrário,  

                                                                                                               15  Art.  35,  §3º  do  RICD.  

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devolvê-­‐lo-­‐á  ao  Autor,  cabendo  desta  decisão  recurso  para  o  Plenário,  no  prazo  

de  cinco  sessões,  ouvida  a  Comissão  de  Constituição  e  Justiça  e  de  Cidadania”.  

66.     É  possível  que  uma  CPI  atue  durante  o  recesso  parlamentar,  visto  

as   peculiaridades   de   sua   atuação   e   a   necessidade   de   produção   de   provas   que  

podem  perecer  caso  demorem  a  ser  realizadas.  

67.     A   Comissão   Parlamentar   de   Inquérito   terá   sua   composição  

numérica   indicada   no   requerimento   ou   projeto   de   criação   e   no   ato   de   criação  

constarão   a   provisão   de   meios   ou   recursos   administrativos,   as   condições  

organizacionais   e   o   assessoramento   necessários   ao   bom   desempenho   da  

Comissão,   incumbindo   à   Mesa   e   à   Administração   da   Casa   o   atendimento  

preferencial  das  providências  que  a  Comissão  solicitar.    

68.     Transcrevemos   agora   o   art.   36   do   RICD,   que   nos   apresenta   as  

prerrogativas   de   ações   que   uma   CPI   pode   realizar   ao   longo   de   suas  

investigações:  Art.   36.   A   Comissão   Parlamentar   de   Inquérito   poderá,   observada   a   legislação  específica:    I  -­‐  requisitar  funcionários  dos  serviços  administrativos  da  Câmara,  bem  como,  em  caráter   transitório,   os   de   qualquer   órgão   ou   entidade   da   administração   pública  direta,   indireta   e   fundacional,   ou   do   Poder   Judiciário,   necessários   aos   seus  trabalhos;    II   -­‐   determinar   diligências,   ouvir   indiciados,   inquirir   testemunhas   sob  compromisso,   requisitar   de   órgãos   e   entidades   da   administração   pública  informações   e   documentos,   requerer   a   audiência   de   Deputados   e   Ministros   de  Estado,   tomar   depoimentos   de   autoridades   federais,   estaduais   e   municipais,   e  requisitar  os  serviços  de  quaisquer  autoridades,  inclusive  policiais;    III  -­‐  incumbir  qualquer  de  seus  membros,  ou  funcionários  requisitados  dos  serviços  administrativos   da   Câmara,   da   realização   de   sindicâncias   ou   diligências  necessárias  aos  seus  trabalhos,  dando  conhecimento  prévio  à  Mesa;    IV   -­‐   deslocar-­‐se   a   qualquer   ponto   do   território   nacional   para   a   realização   de  investigações  e  audiências  públicas;    V  -­‐  estipular  prazo  para  o  atendimento  de  qualquer  providência  ou  realização  de  diligência  sob  as  penas  da  lei,  exceto  quando  da  alçada  de  autoridade  judiciária;    VI   -­‐   se   forem   diversos   os   fatos   inter-­‐relacionados   objeto   do   inquérito,   dizer   em  separado  sobre  cada  um,  mesmo  antes  de  finda  a  investigação  dos  demais.    Parágrafo   único.   As   Comissões   Parlamentares   de   Inquérito   valer-­‐se-­‐ão,  subsidiariamente,  das  normas  contidas  no  Código  de  Processo  Penal.    

69.     Algumas  ressalvas  importantes:  a  primeira  refere-­‐se  ao  parágrafo  

único,  acima   transcrito.  As  CPIs  devem  observar  as  normas  contidas  no  Código  

de   Processo   Penal,   isso   acontece,   ao   por   exemplo,   intimar   testemunha   ou  

acusado  à  depor  perante  a  CPI.  

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70.     Porém,   o   que   causa   maiores   confusões   é   justamente   o   termo  

“poderes  de  investigação  próprios  das  autoridades  judiciais”,  que  consta  do  §3º  

do  art.  58  da  CRFB/88.  O  que  afinal  pode  uma  CPI  fazer?  A  resposta  encontra-­‐se  

relativamente  pacificada  entre  a  doutrina  e  a  jurisprudência.  

71.     Uma   CPI   pode:   “determinar   diligências   necessárias,   convocar  

Ministros   de   Estado,   tomar   depoimentos   de   qualquer   autoridade,   ouvir  

indiciados   e   testemunhas,   estas   sob   compromisso,   requisitar   informações   e  

documentos   de   órgãos   públicos,   transportar-­‐se   para   qualquer   lugar   em   que  

considere  necessário  estar”.16  

72.     Além   disso,   o   STF   tem   entendido   que   as   comissões   “podem  

decretar  a  quebra  do  sigilo  bancário  de  pessoas  por  ela  investigadas”17  pois  essa  

garantia   não   estaria   submetida   a   reserva   de   jurisdição.   Outros   precedentes  

afirmam   ser   possível,   inclusive,   a   quebra   do   sigilo   fiscal   e   telefônico   dos  

investigados.18    

73.     Muito   cuidado   com   os   termos   “sigilo   telefônico”   e   “sigilo   das  

comunicações  telefônicas”.  Enquanto  o  primeiro,  que  é  passível  de  quebra  pelas  

CPIs,   representa   apenas   a   relação   de   números   para   os   quais   o   individuo  

telefonou,  com  as  respectivas  datas  e  horário  das   ligações,  o  segundo,  refere-­‐se  

ao   famigerado  grampo   telefônico.  Nesse  caso   (do  grampo),  é  necessário  ordem  

judicial,  motivada,  em  inquérito  policial  ou  ação  penal,  nos  termos  da  CRFB/88,  

estando  afastado  das  competências  de  uma  CPI.  

74.     Por   fim,   ao   término   dos   seus   trabalhos   a   CPI   não   julga,   não  

condena  e  não  manda  prender  ninguém  (exceto  no  caso  de  desacato).  O  art.  37  

do   RICD   trás   o   rol   do   providências   que   devem   ser   observadas   pelos  

parlamentares,  a  saber:  Art.  37.  Ao  termo  dos  trabalhos  a  Comissão  apresentará  relatório  circunstanciado,  com   suas   conclusões,   que   será  publicado  no  Diário   da  Câmara  dos  Deputados     e  encaminhado:    

                                                                                                               16  Mendes,  Gilmar,  ob  citada,  pág  857.  17  MS  23.452  18  MS  23.452    

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I   -­‐   à   Mesa,   para   as   providências   de   alçada   desta   ou   do   Plenário,   oferecendo,  conforme   o   caso,   projeto   de   lei,   de   decreto   legislativo   ou   de   resolução,   ou  indicação,  que  será  incluída  em  Ordem  do  Dia  dentro  de  cinco  sessões;    II   -­‐   ao   Ministério   Público   ou   à   Advocacia-­‐Geral   da   União,   com   a   cópia   da  documentação,   para   que   promovam   a   responsabilidade   civil   ou   criminal   por  infrações   apuradas   e   adotem   outras   medidas   decorrentes   de   suas   funções  institucionais;    III   -­‐   ao   Poder   Executivo,   para   adotar   as   providências   saneadoras   de   caráter  disciplinar   e   administrativo   decorrentes   do   art.   37,   §§   2º   a   6º,   da   Constituição  Federal,   e   demais   dispositivos   constitucionais   e   legais   aplicáveis,   assinalando  prazo  hábil  para  seu  cumprimento;    IV   -­‐  à  Comissão  Permanente  que   tenha  maior  pertinência   com  a  matéria,  à  qual  incumbirá  fiscalizar  o  atendimento  do  prescrito  no  inciso  anterior;    V   -­‐   à   Comissão  Mista   Permanente   de   que   trata   o   art.   166,   §   1º,   da   Constituição  Federal,  e  ao  Tribunal  de  Contas  da  União,  para  as  providências  previstas  no  art.  71  da  mesma  Carta.    Parágrafo   único.   Nos   casos   dos   incisos   II,   III   e   V,   a   remessa   será   feita   pelo  Presidente  da  Câmara,  no  prazo  de  cinco  sessões.    

75.     Últimas  observações  relevantes  sobre  as  CPIs  é  que  a  Câmara  dos  

Deputados,   com   base   nas   decisões   emitidas   pelo   STF   e   nas   disposições  

regimentais,  exige  que  a  criação  da  CPI  seja  feita  por  prazo  determinado,  de  até  

120  dias,  sendo  prorrogável  por  pedidos  sucessivos,  mesmo  que  SUPERIRORES  

A   METADE   DO   PRAZO,   ou   seja,   contra   a   disposição   regimental   expressa   que  

determina  que  cada  prorrogação  deve  ser  feita  pela  metade  do  prazo  previsto  no  

ato  de  criação.  

3.3  COMISSÕES  EXTERNAS:  

76.     Passamos  então  a   analisar   as  Comissões  Externas.   São   comissões  

que   podem   ser   instituídas   pelo   presidente   da   Câmara,   de   ofício   ou   a  

requerimento   de   qualquer   deputado,   para   cumprir   missão   temporária  

autorizada   e   que   estarão   sujeitas   a   deliberação   do   Plenário   sempre   que  

importarem  ônus  para  a  Casa.  

77.     O   RICD   considera   missão   autorizada   aquela   que   implicar   o  

afastamento  do  parlamentar  pelo  prazo  máximo  de  oito  sessões,  se  exercida  no  

país,   e   de   trinta   sessões,   se   desempenhada   no   exterior,   para   representar   a  

Câmara  nos  atoa  a  que  esta  tenha  sido  convidada  ou  a  que  tenha  de  assistir.  

78.     Como  exemplo  de  Comissões  Externas  em  funcionamento  na  Casa  

podemos  citar  a  Comissão  Externa  sobre  o  Incêndio  em  Roraima,  sobre  o  Sistema  

Penitenciário  do  Rio  de  Janeiro  e  o  Conflito  do  Parque  Nacional  do  Iguaçu.  

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79.     Lembrando   que   as   atribuições   dos   parlamentares   nas   comissões  

temporárias  se  dão  sem  prejuízo  das  participações  nas  comissões  permanentes.  

4  –  ORGANIZAÇÃO  DAS  COMISSÕES  

4.1  –  PRESIDÊNCIA  

80.     Logo  após  constituídas,  o  presidente  da  Câmara  deve  convocar  as  

comissões  permanentes  em  até  cinco  sessões,  para  a  instalação  de  seus  trabalhos  

e   a   eleição   dos   respectivos   presidentes   e   vice-­‐presidentes.   Cada   comissão   terá  

um   presidente   e   três   vice-­‐presidentes   (designados   de   primeiro,   segundo   e  

terceiro  vice-­‐presidentes),  que  devem  ser  eleitos  por   seus  pares,   com  mandato  

até  a  posse  dos  novos  componentes  eleitos  no  ano  subsequente,  sendo  vedada  a  

reeleição.  

81.     Devem  ser  observados,  no  que  couber,  os  ditames  previstos  no  art.  

7º  do  RICD  e  estudados  neste   trabalho  quando  comentamos  sobre  a  eleição  da  

Mesa.  Presidirá  a  reunião  de  eleição  o  último  presidente  da  comissão,  se  reeleito  

deputado  ou   se   continuar  no  exercício  do  mandato,   e,   na   sua   falta,   o  deputado  

mais  idoso,  dentre  os  de  maior  número  de  legislatura.  

82.     Lembramos   que,   em   regra,   os   membros   de   uma   Comissão   são  

designados  pelos  Líderes  dos  Partidos  Políticos  e/ou  dos  Blocos  Parlamentares  a  

que   as   vagas   pertençam.   Como   as   eleições   ocorrem   anualmente,   um  Deputado  

pode   continuar   como   membro   de   determinada   comissão   permanente   pelos  

quatro   anos   da   legislatura,   porém   não   poderá   se   reeleger   como   presidente  

daquele  colegiado.  

83.     A   escolha   dos   vice-­‐presidentes   deverá   obedecer   os   seguintes  

critérios:   legenda   partidária   do   presidente;   ordem   decrescente   da   votação  

obtida.    

84.     Importante   salientar  que  os  membros   suplentes  não  poderão   ser  

eleitos  presidente  ou  vice-­‐presidente  da  comissão.  Membro  suplente  aqui,  pode  

ser  entendido  em  duas  acepções:  a  primeira,  como  membro  titular  do  cargo  de  

parlamentar  que,  porém,  não  é  membro  titular  da  comissão;  a  segunda  é  o  caso  

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do  parlamentar  que  não  desempenha  a  atividade  parlamentar  como  titular,  esta  

convocado   temporariamente   devido   a   impedimento   de   outro   parlamentar   no  

exercício  do  próprio  mandato.  

85.     O   art.   40   nos   apresenta   as   regras   de   substituição,   sucessão   e   as  

hipóteses  em  que  devem  ser  realizadas  novas  eleições:  Art.  40.  O  Presidente  será,  nos  seus  impedimentos,  substituído  por  Vice-­‐Presidente,  na  seqüência  ordinal,  e,  na  ausência  deles,  pelo  membro  mais   idoso  da  Comissão,  dentre  os  de  maior  número  de  legislaturas.    §   1º   Se   vagar  o   cargo  de  Presidente  ou  de  Vice-­‐Presidente,   proceder-­‐se-­‐á  a  nova  eleição   para   escolha   do   sucessor,   salvo   se   faltarem  menos   de   três  meses   para   o  término  do  mandato,  caso  em  que  será  provido  na  forma  indicada  no  caput  deste  artigo.  

86.     Em  caso  de  mudança  de   legenda  partidária,  o  presidente  ou  vice-­‐

presidente  da  comissão  perderá  automaticamente  o  cargo  que  ocupada,  devendo  

ser  substituído  ou  sucedido  nas  formas  previstas  no  art.  40,  acima  transcrito.  

87.     Figura   impar   é   o   Presidente   de   Comissão.   O   art.   41   elenca   um  

extenso   rol   de   competências,   que   abaixo   citamos,   fazendo   aqui,   algumas  

considerações  iniciais.  

88.     O   Presidente   de   uma   Comissão   pode   ser   relator   de   matérias  

submetidas  ao  crivo  daquele  órgão  colegiado,  porém,  no  momento  da  discussão  

dessa  matéria,  ele  deverá  deixar  a  presidência  da  Comissão,  assumindo  um  dos  

seus  vice-­‐presidentes,  por  toda  a  deliberação  da  matéria.  

89.     Além  disso,  é  competência  do  Presidente  designar  os  relatores  e  os  

relatores   substitutos,   distribuindo   as   matérias   sujeitas   a   parecer,   podendo  

inclusive,  avocar  essa  competência  delegada.    

90.     O   presidente   exerce   primordialmente   o   controle   dos   trabalhos  

dentro  da  Comissão.  O   cargo  ganha  notória   importância  pelo  poder  de  agenda,  

afinal,   a   ele   compete   a   organização   da   pauta   da   ordem   do   dia   da   Comissão,  

observado   os   critérios   estabelecidos   no   RICD.   Podemos   dizer   que,   no   final,   o  

presidente  da  Comissão  pode  acelerar  ou  retardar  a  tramitação  de  processos  de  

acordo  com  a  sua  conveniência.  Citamos  então,  todas  as  competências  elencadas  

no  regimento:  

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Art.   41.  Ao  Presidente  de  Comissão   compete,   além  do  que   lhe   for  atribuído  neste  Regimento,  ou  no  Regulamento  das  Comissões:    I  -­‐  assinar  a  correspondência  e  demais  documentos  expedidos  pela  Comissão;    II  -­‐  convocar  e  presidir  todas  as  reuniões  da  Comissão  e  nelas  manter  a  ordem  e  a  solenidade  necessárias;    III  -­‐  fazer  ler  a  ata  da  reunião  anterior  e  submetê-­‐la  a  discussão  e  votação;    IV  -­‐  dar  à  Comissão  conhecimento  de  toda  a  matéria  recebida  e  despachá-­‐la;    V  -­‐  dar  à  Comissão  e  às  Lideranças  conhecimento  da  pauta  das  reuniões,  prevista  e  organizada  na  forma  deste  Regimento  e  do  Regulamento  das  Comissões;    VI  -­‐  designar  Relatores  e  Relatores-­‐substitutos  e  distribuir-­‐lhes  a  matéria  sujeita  a  parecer,  ou  avocá-­‐la,  nas  suas  faltas;    VII   -­‐   conceder  a  palavra  aos  membros  da  Comissão,  aos  Líderes  e  aos  Deputados  que  a  solicitarem;    VIII   -­‐   advertir   o   orador   que   se   exaltar   no   decorrer   dos   debates;   (Inciso   com  redação  adaptada  aos  termos  da  Resolução  nº  25,  de  2001)    IX   -­‐   interromper   o   orador   que   estiver   falando   sobre   o   vencido   e   retirar-­‐lhe   a  palavra  no  caso  de  desobediência;    X  -­‐  submeter  a  votos  as  questões  sujeitas  à  deliberação  da  Comissão  e  proclamar  o  resultado  da  votação;    XI  -­‐  conceder  vista  das  proposições  aos  membros  da  Comissão,  nos  termos  do  art.  57,  XVI;    XII  -­‐  assinar  os  pareceres,  juntamente  com  o  Relator;    XIII   -­‐   enviar   à   Mesa   toda   a   matéria   destinada   à   leitura   em   Plenário   e   à  publicidade;    XIV   -­‐   determinar   a   publicação   das   atas   das   reuniões   no   Diário   da   Câmara   dos  Deputados;    XV  -­‐  representar  a  Comissão  nas  suas  relações  com  a  Mesa,  as  outras  Comissões  e  os  Líderes,  ou  externas  à  Casa;    XVI   -­‐   solicitar   ao   Presidente   da   Câmara   a   declaração   de   vacância   na   Comissão,  consoante  o  §  1º  do  art.  45,  ou  a  designação  de  substituto  para  o  membro  faltoso,  nos  termos  do  §  1º  do  art.  44;    XVII  -­‐  resolver,  de  acordo  com  o  Regimento,  as  questões  de  ordem  ou  reclamações  suscitadas  na  Comissão;    XVIII  -­‐  remeter  à  Mesa,  no  início  de  cada  mês,  sumário  dos  trabalhos  da  Comissão  e,  no  fim  de  cada  sessão  legislativa,  como  subsídio  para  a  sinopse  das  atividades  da  Casa,   relatório   sobre   o   andamento   e   exame   das   proposições   distribuídas   à  Comissão;    XIX   -­‐   delegar,   quando   entender   conveniente,   aos   Vice-­‐Presidentes   a   distribuição  das  proposições;    XX   -­‐   requerer  ao  Presidente  da  Câmara,  quando   julgar  necessário,  a  distribuição  de  matéria  a  outras  Comissões,  observado  o  disposto  no  art.  34,  II;    XXI   -­‐   fazer   publicar   no   Diário   da   Câmara   dos   Deputados     e   mandar   afixar   em  quadro  próprio  da  Comissão  a  matéria  distribuída,  com  o  nome  do  Relator,  data,  prazo  regimental  para  relatar,  e  respectivas  alterações;    XXII  -­‐  determinar  o  registro  taquigráfico  dos  debates  quando  julgá-­‐lo  necessário;    XXIII   -­‐   solicitar   ao   órgão   de   assessoramento   institucional,   de   sua   iniciativa   ou   a  pedido  do  Relator,  a  prestação  de  assessoria  ou  consultoria  técnico-­‐legislativa  ou  especializada,   durante   as   reuniões   da   Comissão   ou   para   instruir   as   matérias  sujeitas  à  apreciação  desta.    Parágrafo   único.   O   Presidente   poderá   funcionar   como   Relator   ou   Relator  substituto  e  terá  voto  nas  deliberações  da  Comissão.    

91.     O   art.   43   apresenta   importante   vedação   que   incide   durante   a  

tramitação   legislativa:   “nenhum   deputado   poderá   presidir   reunião   de   comissão  

quando   se  debater  ou  votar  matéria  da  qual   seja  autor  ou  relator”.     Além   disso,  

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não  poderá  o  autor  de  uma  proposição  ser  dela  designado  como  relator,  mesmo  

que  substituto  ou  parcial.    

92.     Os  presidentes  das  comissões  permanentes  podem  se  reunir  com  o  

Colégio   de   Líderes   sempre   que   isso   soe   conveniente   ou   necessário   e   por  

convocação  do  Presidente  da  Câmara.  Na  reunião  seguinte,  cada  presidente  deve  

comunicar   no   Plenário   da   Comissão   o   resultado   da   reunião   com   o   Colégio   de  

Líderes.  

93.     Gostaria,  neste  momento,  de  apontar  um  detalhe  interessante,  que  

espero  que  você,  um  leitor  atento  tenha  observado.  Enquanto  falávamos  sobre  o  

Plenário  da  Câmara  dos  Deputados,  usávamos  frequentemente  o  termo  “sessão”  

ou  “sessão  plenária”.  Ao  começarmos  a  tratar  das  Comissões,  passamos  a  utilizar  

o   termo   “reuniões”.   Essa   é   uma   diferença   fundamental,   que   você   não   deve   se  

confundir.  É  a  diferença  entre  uma  questão  correta  ou  incorreta.  

94.     Na   esfera   da   Câmara   dos   Deputados,   existe   essa   diferenciação:  

para   os   trabalhos   legislativos   realizados   pela   totalidade   dos  membros   da   casa,  

dá-­‐se   o   nome   de   “Sessão”.   Lembramos   que   já   vimos,   ao   início   deste   trabalho,  

quais  são  os  tipos  de  sessões  que  a  CD  realiza.  Quanto  as  comissões,  elas  podem  

realizar   reuniões   ordinárias   ou   extraordinárias,   que   serão   estudadas  

oportunamente.  

95.     Sempre   que   um  membro   de   Comissão   não   puder   comparecer   às  

reuniões,  deverá  comunicar  o  fato  ao  seu  Presidente,  que  fará  publicar  em  ata  a  

escusa.   Se,   por   falta   de   comparecimento   de   membro   efetivo,   ou   de   suplente  

preferencial,   estiver   sendo   prejudicado   o   trabalho   de   qualquer   Comissão,   o  

Presidente   da   Câmara,   a   requerimento   do   Presidente   da   Comissão   ou   de  

qualquer  Deputado,  designará   substituto  para  o  membro   faltoso,  por   indicação  

do  Líder  da  respectiva  bancada.    

96.     Cessará   a   substituição   logo   que   o   titular,   ou   o   suplente  

preferencial,   voltar   ao   exercício.   Em   caso   de   matéria   urgente   ou   relevante,  

caberá  ao  Líder,  mediante  solicitação  do  Presidente  da  Comissão,   indicar  outro  

membro  da  sua  bancada  para  substituir,  em  reunião,  o  membro  ausente.    

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97.     De  acordo  com  o  Regimento,  as  vagas  nas  comissões  podem  surgir  

decorrentes   de   término   do  mandato,   renúncia,   falecimento   ou   perda   do   lugar.  

Além  disso,  perde  a  vaga  na  comissão  o  membro  que  reter  em  seu  poder  papéis  

da   comissão   após   o   apelo   do   presidente   da   Câmara   para   sua   devolução,  

conforme   previsto   no   art.   57,   XX,   c   e   também   por   infidelidade   partidária,   ao  

ocorrer   a   desvinculação   da   bancada   pela   qual   o   parlamentar   obteve   direito   a  

vaga  (art.  232).  

98.     Além  disso,   existe   o   critério   da   assiduidade:   o   deputado  que  não  

comparecer   a   cinco   reuniões   ordinárias   consecutivas   ou   a   um   quarto   das  

reuniões,   intercaladamente,   durante   a   sessão   legislativa,   perde   o   lugar   no  

colegiado.  Obviamente,  salvo  por  motivo  de  força  maior,  comunicado  por  escrito  

à  comissão.  

99.     A   perda   do   lugar   deve   ser   declarada   pelo   Presidente   da   Câmara,  

em   virtude   de   comunicação   do   presidente   da   Comissão.   Observem   bem   este  

dispositivo   pois,   em   regra,   as   pessoas   tendem   a   confundir   as   competências.  

Apesar  de  comandar  os  trabalhos  das  comissões,  em  regra,  não  é  o  presidente  da  

Comissão  que  declara  a  existência  de  vaga.  

100.     A   vaga   na   comissão   deve   ser   preenchida   por   designação   do  

presidente  da  Câmara,  no  interregno  de  três  sessões,  de  acordo  com  a  indicação  

feita  pelo   líder  do  partido  ou  de  bloco  parlamentar  a  que  pertence  o   lugar.  No  

caso   de   inércia,   a   designação   será   feita   de   ofício   pelo   presidente,  

independentemente  dessa  comunicação.  

5-­‐  REUNIÕES:  

101.      Primeira   regra   importante   que   não   pode   ser   ignorada:   em  

nenhum  caso  as  reuniões  das  comissões  podem  coincidir  seu  horário  com  o  

da  Ordem  do  Dia  da   sessão  ORDINÁRIA  ou  EXTRAORDINÁRIA  da   Câmara  

dos  Deputados  ou  do  Congresso  Nacional.  

102.     Em   regra,   as   comissões   devem   se   reunir   na   sede   da   Câmara   dos  

Deputados,   em  dia   e   hora   prefixados,   podendo   as   suas   reuniões   terem   caráter  

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ordinário  ou  extraordinário:  ordinariamente,  a  reunião  ocorre  de  terça  a  quinta-­‐

feira,   a   partir   das   nove   horas;   já   as   reuniões   extraordinárias   devem   ser  

convocadas   pela   respectiva   presidência,   de   ofício   ou   por   requerimento   de   um  

terço  dos  seus  membros.  

103.     Observem   que   a   regra   regimental   determina   que   as   reuniões  

devem   ocorrer   na   sede   da   Câmara   dos   Deputados,   porém,   essa   imperativa   é  

absoluta.  As  Comissões  Parlamentares  de   Inquérito  podem  se   reunir   em  ponto  

diverso,  inclusive  fora  de  Brasília,  se  assim  afigurar-­‐se  necessário.  

104.     As   reuniões   das   comissões   temporárias   não   deverão   ser  

concomitantes  com  as  reuniões  ordinárias  das  comissões  permanentes  e,  no  caso  

de   reuniões   extraordinárias,   dispões   o   regimento   que   devem   ser   “anunciadas  

com  a  devida  antecedência,  designando-­‐se,  no  aviso  de  sua  convocação,  dia,  hora,  

local  e  objeto  da  reunião.  Além  da  publicação  no  Diário  da  Câmara  dos  Deputados,  

a  convocação  será  comunicada  aos  membros  da  Comissão  por  telegrama  ou  aviso  

protocolizado”.    

105.     Frise-­‐se   que   o   RICD   não   estabelece   qual   o   prazo   de   duração   das  

reuniões,   predizendo   apenas   que   elas   devem   durara   “o   tempo   necessário   ao  

exame   da   pauta   respectiva,   a   juízo   da   presidência”.   Essa     discricionariedade   é  

limitada  pois  como  vimos,  a  reunião  não  pode  invadir  o  horário  predestinado  a  

ocorrência  da  Ordem  do  Dia  das  sessões  plenárias  ordinárias  ou  extraordinárias.  

106.     Vimos  que  as  reuniões  devem  ocorrer,  ordinariamente,  as  terças  a  

quintas-­‐feiras.   As   reuniões   de   terça   e   quarta-­‐feira   devem   destinar-­‐se,  

exclusivamente,   a   discussão   e   votação   de   proposições,   salvo   se   não   houver  

nenhuma  matéria  pendente  de  deliberação.  Nesse  caso,  outras  atividades  podem  

ser  desenvolvidas  pelo  órgão  colegiado.  

107.     A   pauta   da  Ordem  do  Dia   das   reuniões   deve   ser   organizada   com  

base   nos   critérios   estabelecidos   no   Capítulo   IX   do   Título   V   do  RICD   que   serão  

trabalhados   em   tópico   separado,   devido   a   sua   importância,   complexidade   e  

detalhamento  para  um  bom  entendimento.  

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108.     Esse   é   o   principal   motivo   da   existência   da   disputa   parlamentar  

pela   presidência   das   principais   comissões   da   Casa.   Ao   exercer   esse   cargo,   o  

Deputado   passa   a   deter   o   chamado   poder   de   agenda.   Apesar   dos   critérios  

preestabelecidos   pelo   RICD,   existe   ampla  margem   de   atuação   para   a   definição  

dos  assunto  que  serão  debatidos  no  órgão  colegiado.  Dessa  forma,  o  presidente  

pode   acelerar   ou   retardar   a   deliberação   de   projetos   de   acordo   com   critérios  

subjetivos,  ressalvados  os  prazos  fixados  pelo  Regimento.  

109.     Encerrada  a  hora  dos   trabalhos,   o  presidente  anunciará  a  Ordem  

do   Dia   da   reunião   seguinte,   dando   ciência   da   pauta   respectiva   às   lideranças   e  

distribuindo-­‐se  os  avulsos  com  antecedência  mínima  de  pelo  menos  24  horas.    

110.     Por  fim,  as  reuniões  podem  ser  públicas  ou  secretas.  Em  regra,  elas  

são   públicas,   podendo   ocorrer   o   acompanhamento   dos   trabalhos   do   colegiado  

por  qualquer  pessoa   interessada,  desde  que  sua  conduta  seja  compatível  e  não  

atrapalhe  as  deliberações.  

111.     Já   as   reuniões   secretas   pode   ocorrer   por   motivos  

predeterminados,  estabelecidos  no  RICD,  ou  por  deliberação  do  órgão.  Deliberar-­‐

se-­‐á,   preliminarmente,   nas   reuniões   secretas,   sobre   a   conveniência   de   os  

pareceres   nelas   assentados   serem  discutidos   e   votados   em   reunião   pública   ou  

secreta,  e  se  por  escrutínio  secreto.  

112.     Os  motivos   que   determinam,   independentemente   de   deliberação,  

que   as   reuniões   aconteçam   de   maneira   secreta,   estão   elencados   no   art.   48,   a  

saber:  Art.  48.  As  reuniões  das  Comissões  serão  públicas,  salvo  deliberação  em  contrário.    §  1º  Serão  reservadas,  a   juízo  da  Comissão,  as  reuniões  em  que  haja  matéria  que  deva  ser  debatida  com  a  presença  apenas  dos  funcionários  em  serviço  na  Comissão  e  técnicos  ou  autoridades  que  esta  convidar.    §  2º  Serão  secretas  as  reuniões  quando  as  Comissões  tiverem  de  deliberar  sobre:    I  -­‐  declaração  de  guerra,  ou  acordo  sobre  a  paz;    II  -­‐  passagem  de  forças  estrangeiras  pelo  território  nacional,  ou  sua  permanência  nele;    III  –  (Revogado  pela  Resolução  nº  57,  de  1994)  

113.     Somente   deputados   e   senadores   poderão   assistir   às   reuniões  

secretas.   Os   ministros   de   Estados,   quando   convocados,   ou   as   testemunhas  

chamadas  a  depor  participarão  dessas  reuniões  apenas  o  tempo  necessário.  

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114.     A  ata  da  reunião  secreta,  acompanhada  dos  pareceres  e  emendas  

que  foram  discutidos  e  votados,  bem  como  dos  votos  apresentados  em  separado,  

depois   de   fechados   em   invólucro   lacrado,   etiquetado,   datado   e   rubricado   pelo  

Presidente,   pelo   Secretário   e   demais   membros   presentes,   será   enviada   ao  

Arquivo   da   Câmara   com   indicação   do   prazo   pelo   qual   ficará   indisponível   para  

consulta.    

6  –  OS  TRABALHOS  DAS  COMISSÕES:  

115.     As   matérias   recebidas   pela   Câmara   dos   Deputados   são  

despachadas,   em   regra,   pelo   Presidente   da   Câmara.   Esse   despacho   deve  

determinar  quais  comissões  vão  analisar  a  proposição  e  qual  a  sequência,  além  

do   que,   pode   determinar   a   Comissão   Especial   que   deve   substituir   o   parecer  

individual  das   comissões  quando  estejam  afetas   a  mais  de  3  órgãos   colegiados  

para  se  pronunciar  quanto  ao  mérito.    

116.     As   comissões   a   que   forem   distribuídas   uma   proposição   tem   a  

liberdade   de   estudá-­‐las   em   reunião   conjunta.   Esta   reunião   ocorre   por   acordo  

entre   os   respectivos   presidentes   e   deve   contar   com   um   só   relator   ou   relator  

substituto.  Os  trabalhos  serão  dirigidos  pelo  presidente  mais  idoso  dentre  os  de  

maior  número  de  legislaturas.  

117.     Esse   procedimento   é   adotado,   por   expressa   previsão   regimental,  

no  caso  das  Comissões  Especiais  criadas  na  forma  do  inciso  II  do  art.  34  (mais  de  

3   comissões   de  mérito);   e   no   caso   de   proposição   aprovada,   com   emendas   por  

mais  de  uma  comissão,  a  fim  de  harmonizar  o  respectivo  texto  na  elaboração  da  

redação   final.   Esse   caso   somente   deve   ocorrer   por   iniciativa   da   Comissão   de  

Constituição,  Justiça  e  Cidadania,  se  esta  assim  achar  necessário.  

118.     Existe   a   previsão   para   adoção   de   relator-­‐geral   e   dos   relatores-­‐

parciais  no  caso  de  reuniões  conjuntas.  Esse  é  o  dizer  do  §2º  do  art.  49,  a  saber:  

“Na   hipótese   de   reunião   conjunta,   é   também   facultada   a   designação   do  Relator-­‐

Geral  e  dos  Relatores-­‐Parciais  correspondentes  a  cada  Comissão,   cabendo  a  estes  

metade  do  prazo   concedido  àquele  para   elaborar   seu  parecer.  As   emendas   serão  

encaminhadas  aos  Relatores-­‐Parciais  consoante  a  matéria  a  que  se  referirem.”  

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119.     O   quórum  para   início   dos   trabalhos   vai   variar   com  o   objetivo  da  

reunião.   Se   não   houver   matéria   para   deliberação   ou   se   destinar   apenas   ao  

“conhecimento,   exame   ou   instrução   de   matéria   de   natureza   legislativa,  

fiscalizatória  ou  informativa,  ou  outros  assuntos  de  alçada  da  comissão”,  a  reunião  

pode   ser   iniciada   independentemente   do   número   de   membros   (“qualquer  

número”);   já   se   existe   qualquer   uma   das   matérias   sujeitas   a   deliberação,  

elencadas   no   art.   50   do   RICD,   o   quórum   para   início   da   reunião   será   de,   pelo  

menos,  metade  de  seus  membros.  

120.     Para   efeito   da   contagem   do   quórum   de   abertura   da   reunião,  

quando   necessário,   o   comparecimento   do   Deputado   é   verificado   pela   sua  

presença   na   Casa   (não   necessariamente   no   recinto   onde   ocorre   a   reunião).   Já  

para  verificação  do  quórum  de  votação,  a  presença  deve  se  dar,  necessariamente,  

no  local  da  reunião.    

121.     As  reuniões  das  Comissões  possuem  um  script  básico,  um  roteiro  

que  deve  ser  seguido  e  que  determina  a  sequência  dos  seus   trabalhos,  a  saber:  

inicia-­‐se   i)pela   discussão   e   votação   da   ata   da   reunião   anterior;   ii)expediente;  

iii)Ordem  do  dia.  

122.     Durante  o  expediente  deve  ser  dado  conhecimento  da  sinopse  da  

correspondência   e   outros   documentos   que   tenham   sido   recebidos   pelo   órgão,  

além   da   agenda   da   comissão.   Nesse   momento,   devem   também   serem  

comunicadas  quais  matérias  foram  distribuídas  a  quais  relatores.  

123.     Durante  a  Ordem  do  Dia,  a  sequência  dos  trabalhos  deve  ser:  a)   conhecimento,   exame   ou   instrução   de   matéria   de   natureza   legislativa,  fiscalizatória  ou  informativa,  ou  outros  assuntos  da  alçada  da  Comissão;      b)   discussão  e  votação  de  requerimentos  e  relatórios  em  geral:      c)   discussão   e   votação   de   proposições   e   respectivos   pareceres   sujeitos   à  aprovação  do  Plenário  da  Câmara;      d)   discussão   e   votação   de   projetos   de   lei   e   respectivos   pareceres   que  dispensarem  a  aprovação  do  Plenário  da  Câmara.    

124.     Essa   ordem   não   é   absoluta   e   pode   ser   alterada   pela   comissão   a  

requerimento   de   qualquer   um   de   seus   membros,   para   tratar   de   matéria   em  

regime  de  urgência,  de  prioridade  ou  de  tramitação  ordinária,  ou  ainda  no  caso  

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de  comparecimento  de  ministro  de  Estado  ou  de  qualquer  autoridade,  além  da  

realização  de  audiências  públicas  que  se  mostrem  necessárias.  

125.     A  todos  os  deputados  é  franqueada  a  participação  nos  trabalhos  e  

debates   de   qualquer   comissão   de   que   não   seja   membro,   nesse   caso,   o  

parlamentar  não  terá  direito  a  voto,  porém,  terá  direito  a  voz.  

126.     As   Comissões   Permanentes   poderão   estabelecer   regras   e  

condições  específicas  para  a  organização  e  o  bom  andamento  dos  seus  trabalhos,  

observadas   as   normas   fixadas   neste   Regimento   e   no   Regulamento   das  

Comissões,   bem   como   ter   Relatores   e   Relatores   substitutos   previamente  

designados  por  assuntos.  

127.     Mister   se   faz   identificar   e   caracterizar   algumas   figuras   citadas  

correntemente  ao  longo  deste  capítulo:  a)  Relator:  é  o  Deputado  que  tem  por  incumbência  analisar  a  matéria  e  redigir  o  parecer  que  será  discutido  e  votado  pelo  Plenário  da  Comissão,  que  pode  adotá-­‐lo,  na  integra  ou  parcialmente,  ou  rejeitá-­‐lo.  b)Relator  Substituto:  é  o  Deputado  que  tem  por  incumbência  analisar  a  matéria  e   redigir   o   parecer   no   caso   de   demora   injustificada   do   relator   ou   no   caso   do  parecer   apresentado   por   ele   restar   vencido   em   Plenário,   ou   seja,   se   o   colegiado  firmar  entendimento  diverso  do  adotado  pelo  relator  original  da  matéria.  c)Relator-­‐parcial:   é   o   Deputado   encarregado   de   relatar   parte   de   uma  determinada   proposição.   Quando   a   matéria   é   longa   e   complexa,   é   lícito   ao  presidente   da   Comissão   dividi-­‐la   em   blocos   e   indicar   relatores   específicos   para  cada  um  desses  blocos.  O  parecer  aqui  redigido  deve  ser  enviado  ao  relator-­‐geral  da  matéria  e  não  diretamente  ao  Plenário  da  Comissão.  d)Relator-­‐geral:   tem   como   principal   função   agrupar   e   consolidar   os   pareceres  apresentados   pelos   relatores-­‐parciais.   Deve   apresentar   em   Plenário   um   único  parecer  para  que  seja  discutido  e  votado.  

128.     Apesar   de   ainda   não   comentado   aqui,   por   requerer   um   tópico  

apartado,   existem,   basicamente,   três   regimes   de   tramitação   das   matérias   na  

Câmara  dos  Deputados:  Regime  de  Urgência,  Regime  de  Prioridade  e  Tramitação  

Ordinária.    

129.     Regime   de   tramitação   é   o   nome   que   se   dá   ao   conjunto   de  

características   especificas   que   regem   a   tramitação   de   determinada   matéria  

durante   o   processo   legislativo.   Assim   são   definidas,   entre   outros   elementos,   a  

forma  de  apreciação,  a  ordem  na  pauta  do  dia,  o  prazo  que  os  parlamentares  têm  

para   apresentação   de   emendas,   o   tempo  que   cada  proposição   deve   tramitar   nas  

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Curso  de  Regimento  Interno  da  Câmara  dos  Deputados       Miguel  Zimmermann  Martins  

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Comissões   ou   em   Plenário   e   a   necessidade   ou   não   de   observar   o   interstício  

regimental.  

130.     No   momento,   nos   interessa   saber   que   as   Comissões   dispõe   de  

cinco  sessões  para  apreciar  as  matérias  em  regime  de  urgência,  dez  sessões  para  

as   matérias   em   regime   de   prioridade   e   quarenta   sessões   quando   se   tratar   de  

matéria   em  regime  de   tramitação  ordinária.  Além  disso,   o  órgão   tem  o  mesmo  

prazo  da  proposição  principal  para  analisar  as  emendas  apresentadas  ao  projeto  

em   Plenário   da   Câmara;   e   aqui   resta   uma   diferença   fundamental:   enquanto  

aqueles   prazos   citados   anteriormente   correm   individualmente   para   cada  

comissão,  este  último  prazo  (para  análise  de  emendas)  corre  em  conjunto  para  

todas   as   comissões.   Este   é   um   dos   motivos   para   o   RICD   sugerir   que   essas  

emendas  sejam  apreciadas  em  reunião  conjunta,  por  proposta  da  CCJC.  

131.     O  relator  dispões  de  metade  do  prazo  concedido  à  comissão  para  

oferecer  o  seu  parecer.  Esse  prazo  pode  ser  prorrogado  por  até  a  metade,  exceto  

para   as   matérias   em   regime   de   urgência,   desde   que   seja   feito   requerimento  

fundamentado  pelo  relator  e  assim  decidido  pelo  presidente  da  Comissão.  

132.     Esgotado   o   prazo   destinado   ao   relator   sem   a   apresentação   do  

referido  parecer,  o  presidente  da  comissão  pode  avocar  a  proposição   (caso   em  

que  deve  redigir  o  parecer  e  funcionar  como  relator)  ou  designar  outro  membro  

para   relatá-­‐la   no   prazo   improrrogável   de   duas   sessões,   se   em   regime   de  

prioridade  e  de  cinco  sessões,  se  em  regime  de  tramitação  ordinária.  Art.   42,   §4º   Esgotados   os   prazos   previstos   neste   artigo,   poderá   a   Comissão,   a  requerimento   do   Autor   da   proposição,   deferir   sua   inclusão   na   Ordem   do  Dia   da  reunião   imediata,  pendente  de  parecer.  Caso  o  Relator  não  ofereça  parecer  até  o  início  da  discussão  da  matéria,  o  Presidente  designará  outro  membro  para  relatá-­‐la  na  mesma  reunião  ou  até  a  seguinte.  §   5º   A   Comissão   poderá,  mediante   requerimento   de   um   terço   de   seus  membros,  aprovado   pela   maioria   absoluta   da   respectiva   composição   plenária,   incluir  matéria   na   Ordem   do   Dia   para   apreciação   imediata,   independentemente   do  disposto  nos  parágrafos  anteriores,  desde  que  publicada  e  distribuída  em  avulsos  ou   cópias.   Não   havendo   parecer,   o   Presidente   designará   Relator   para   proferi-­‐lo  oralmente  no  curso  da  reunião  ou  até  a  reunião  seguinte.  §  6º  Sem  prejuízo  do  disposto  nos  §§  4º  e  5º,  esgotados  os  prazos  previstos  neste  artigo,  o  Presidente  da  Câmara  poderá,  de  ofício  ou  a   requerimento  de  qualquer  Deputado,   determinar   o   envio   de   proposição   pendente   de   parecer   à   Comissão  seguinte  ou  ao  Plenário,   conforme  o  caso,   independentemente  de   interposição  do  recurso  previsto  no  art.  132,  §  2º,  para  as  referidas  no  art.  24,  inciso  II.  

134.      

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