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Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
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Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados.
TÍTULO I
1 -‐ O Poder Legislativo e as Disposições Preliminares:
1. O art. 2º da Constituição da República Federativa do Brasil
consagrou a tese da tripartição dos poderes, cunhada com base nos estudos do
Barão de Montesquieu, debatida e explicitada no livro “O Espírito das Leis”.1
2. Ocorre que o constituinte brasileiro optou por não implantar a
separação dos poderes de maneira pura, mas sim temperada, com base na
disposição institucional adotada nos Estados Unidos da América. Esse
temperamento decorre da necessidade insta de que os poderes (em real funções)
tem diversos papéis a desempenhar perante a sociedade e, trabalhando em
conjunto, acabam por obter maior sucesso no sentido da fiscalização e controle
da atividade estatal.
3. Dessa forma, consagra-‐se a teoria dos “check and balances”, ou seja,
dos freios e contrapesos, ao passo que um Poder passa a exercer atividades que
influenciam diretamente nos interesses e competências dos outros dois Poderes.
4. A doutrina clássica cita que os Poderes constituídos possuem
funções típicas e atípicas; nesse sentido leciona José dos Santos de Carvalho Filho
“_________” . Podemos exemplificar graficamente essa repartição de funções da
seguinte maneira:
Executivo Judiciário Legislativo
Função Típica: Aplicar concretamente a lei para o atendimento
Aplicar a lei concretamente,
Editar normas e leis de caráter geral e
1 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
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dos interesses públicos. mediante provocação, para a solução de
conflitos.
promover a fiscalização sobre o
Executivo. Função Atípica: Aplica a lei para
solucionar conflitos, como no caso dos tribunais administrativos.
Possui autonomia administrativa, planejando suas
próprias despesas e contratações.
Possui autonomia administrativa, planejando suas
próprias despesas e contratações.
Função Atípica: Edita comandos abstratos, com força de lei, nos moldes do art. 84, IV da CRFB/88, mediante Decretos Regulamentares
e Autônomos.
Detém competência exclusiva para a
propositura das leis orgânicas da
magistratura e de organização dos Tribunais.
Promove julgamentos, tanto na ação de impedimento
(impeachment) do chefe do executivo e, também, julga os próprios membros por quebra de ética
ou decoro parlamentar.
5. Esses três órgão em conjunto formam o que denominamos Função
Administrativo do Estado. Eles exercem seu poder um Estado que deve,
necessariamente ser constituído de um povo, organizado em um determinado
território (espaço físico) e que os reconheça como soberano. Nesse caso, a
soberania é a capacidade de autodeterminação desse povo neste território.
6. Dentre estes “Poderes” o que nos interessa, por hora, é o Poder
Legislativo. De acordo com a Constituição, o “O Poder Legislativo é exercido pelo
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal”.2
7. Não podemos esquecer que de acordo com o parágrafo único, do
art. 1º, do mesmo diploma, “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Logo, resta
consagrada a democracia semidireta, também chamada de representativa, com a
previsão de alguns instrumentos da chamada democracia direta.
8. Por curiosidade e aprofundamento, citamos aqui os principais
mecanismos da democracia direta que foram consagrados no texto
constitucional, a saber: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Alguns
autores consagram nesse rol a ação popular como instrumento de exercício da 2 Art. 44 da Constituição da República Federativa do Brasil.
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democracia direta, pois resta possível atacar atos lesivos ao patrimônio e
moralidade público e tem como principal requisito que a parte ativa seja um
cidadão, ou seja, esteja no gozo dos direitos políticos ativos.
9. Restou então positivado o sistema bicameral para o exercício do
Poder Legislativo em nosso país. O Congresso Nacional tem sede na Capital
Federal e deve se reunir, ordinariamente, de 2 de fevereiro a 17 de julho e 1º de
agosto a 22 de dezembro. Este período foi definido pela Emenda Constitucional
nº 50/2006, que alterou a redação original do artigo 57 da CRFB/88.
10. O Senado Federal é constituído de representantes dos Estados,
logo, devido ao Princípio Federativo e do equilíbrio que deve reinar e nosso
território, o número de membros representantes de cada uma das entidades
federativas de segundo grau deve ser igual. Atualmente, cada Estado e o Distrito
Federal elegem 3 representantes. Nesse caso, por não constituírem Entidades
Federativas, os Território Federais não possuem representatividade no Senado
Federal. Art. 46. O Senado Federal compõe-‐se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. § 1º -‐ Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. § 2º -‐ A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. § 3º -‐ Cada Senador será eleito com dois suplentes.
11. Peculiar é o mandato que cada um desses parlamentares deve
exercer, pois sua duração difere da dos demais cargos. Cada senador permanece
no cargo por um período de oito anos, ou seja, duas legislaturas completas. A
renovação da composição do Senado Federal ocorre, alternadamente, por 1/3 e
2/3 a cada quatro anos. Subentende-‐se então que as eleições para o Senado
ocorrem de quatro em quatro anos, porém em uma eleição devem ser escolhidos
dois representantes para aquela unidade federativa, enquanto que na eleição
seguinte, escolhe-‐se apenas um representante.
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12. Além disso, os senadores são eleitos através do sistema
majoritário simples (também chamado de majoritário por maioria simples ou
relativo ou de turno único). O candidato que obtém a maioria simples dos votos,
em turno único, é considerado eleito. Outro elemento importante é que a eleição
para o Senado Federal é feita através de uma chapa, constituída pelo candidato
titular e por dois suplentes.
12. Já a Câmara dos Deputados é constituída de representantes do
povo, da população propriamente dita. Dessa forma, sua composição deve ser
proporcional ao número de habitantes que cada Estado possuí. A CRFB/88
estabelece que nenhum Estado ou o Distrito Federal poderá contar com menos
do que 8 ou mais do que 70 deputados, sendo que os Territórios Federais, se
existirem, devem eleger 4 representantes, in verbis: Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-‐se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. § 1º -‐ O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-‐se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. (Vide Lei Complementar nº 78, de 1993) § 2º -‐ Cada Território elegerá quatro Deputados.
13. A eleição para Deputado ocorre através do sistema proporcional
que é regulado nos arts. 105 a 113 do Código Eleitoral. Esse sistema visa
aumentar a representatividade das minorias no colorido legislativo. Dessa forma,
almeja-‐se a que a diversidade de opiniões esteja refletida na composição
plenária.
14. O voto, nesse caso, tem caráter dúplice, ou seja, ao votar, o eleitor
escolhe o partido e o candidato. Assim, fica possível ocorrer o voto em legenda,
quando o eleitor digita apenas os dois primeiros números do candidato, que
reflete o partido ao qual ele pertence. Ocorre que nesse sistema o partido precisa
obter um número mínimo de votos para participar da divisão das vagas em
disputa.
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15. Essa divisão de vagas é dividida em duas etapas: primeiro calcula-‐
se o quociente eleitoral e após, o quociente partidário (Qp) de cada Partido ou
Coligação. O Quociente Eleitoral (Qe) é calculado dividindo o total de votos
válidos pelo número de vagas disponíveis na disputa. Importante ressaltar que o
a Lei das Eleições é clara ao determinar que “nas eleições proporcionais, contam-‐
se como válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às
legendas partidárias”3, ou seja, os votos brancos e nulos devem ser desprezados.
16. De posse do Qe, é necessário calcular o Qp de cada um dos
partidos/coligações em disputa. Esse cálculo é realizado dividindo o número de
votos que o partido/coligações obteve pelo Qe. O número inteiro resultante
dessa operação representa o número de cadeiras que aquele partido/coligação
tem direito na casa legislativa.
17. Caso um partido ou coligação não alcance o número e votos
representados pelo Qe, deve ficar fora da divisão de vagas, desprezando os votos
a ele consignados. Se ao término da divisão restarem vagas não ocupadas, estas
devem ser distribuídas através do sistema de maiores médias. Assim reza o Art. Art. 109 -‐ Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários serão distribuídos mediante observância das seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) I -‐ dividir-‐se-‐á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou coligação de Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher; (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) II -‐ repetir-‐se-‐á a operação para a distribuição de cada um dos lugares. (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) § 1º -‐ O preenchimento dos Iugares com que cada Partido ou coligação for contemplado far-‐se-‐á segundo a ordem de votação recebida pelos seus candidatos. (Redação dada pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985) § 2º -‐ Só poderão concorrer à distribuição dos lugares os Partidos e coligações que tiverem obtido quociente eleitoral.
18. Dessa forma, deve-‐se realizar um cálculo adicional para cada vaga
restante a ser distribuída. Nesse caso, os votos obtidos pelo Partido/Coligação
devem ser divididos pelo número de cadeiras que ele já obteve, acrescido de 3 Art. 5º da Lei nº 9.504/97
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uma. O Partido/Coligação que obtiver a maior média (considerada até a 14º casa
decimal) obtém aquela vaga. O processo deve ser repetido tantas vezes quantos
sejam as vagas a ser distribuídas.
19. Após esse caminho tortuoso, resta saber quem são os candidatos
eleitos. No Brasil, adotamos o sistema proporcional DE LISTA ABERTA, ou seja,
os Partidos/Coligações indicam os candidatos e a ordem de classificação é
determinada pelo número de votos que o candidato recebe nominalmente. Logo,
deve ser organizada uma lista, em ordem decrescente, com a relação de todos os
candidatos que obtiveram votos por um determinado Partido/Coligação. Isto é
necessário pois os suplentes dos Deputados eleitos saem diretamente dessa lista.
Imagine que um Partido tenha obtido três vagas no parlamento. Dessa forma, os
três primeiros candidatos mais bem votados obtém o direito de exercer o
mandato. O quarto candidato mais bem votado figura como primeiro suplente de
qualquer um dos três candidatos eleitos, obtendo mera expectativa de direito de
exercer o mandato parlamentar.
20. O que ocorre se nenhum Partido/Coligação alcançar o quociente
eleitoral? Diz o Código Eleitoral que deve ser organizada uma lista, em ordem
decrescente, estando eleitos os candidatos mais bem votados. Em outra palavras,
a eleição passa a ser regulada pelo sistema majoritário de turno único. Para
finalizar, em caso de empate, o candidato mais idoso tem direito a vaga.4
21. Agora que já conhecemos o modo pelo qual os membros do Poder
Legislativo são eleitos é necessário tecer alguns comentários sobre as
competências de cada um desses órgãos.
22. A CRFB/88 apresenta uma divisão clara de competências: no art.
48 são apresentadas as competências do Congresso Nacional, que devem ser
veiculadas por lei ordinária ou lei complementar e que são submetidas a sanção
presidencial. Já o art. 49 traz as competências exclusivas do Congresso Nacional.
4 Art. 110. Em caso de empate, haver-se-á por eleito o candidato mais idoso. – Código Eleitoral.
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
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Em regra, as matérias ali elencadas devem ser tratadas através de Decretos
Legislativos e não são, em nenhuma hipótese, submetidas a sanção presidencial.
23. Os arts. 51 e 52 trazem as competências privativas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal. É de suma importância que o leitor não
confunda as atribuições de cada uma das casas.
24. Por fim, resta salientar que a sessão legislativa não pode ser
interrompida antes da aprovação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias,
conhecida como LOA. Lembramos alguns conceitos que é necessário domínio
para não cair em equívocos.
25. Legislatura é o período de quatro anos no qual são desenvolvidas
as atividades parlamentares, correspondendo a um mandato de um Deputado
Federal e dois mandatos de um Senador. Sessão Legislativa é o período de um
ano dentro de uma legislatura, logo, podemos falar em Primeira Sessão
Legislativa, Segunda e assim, sucessivamente.
25. A Sessão Legislativa pode ser subdivida em Sessão Legislativa
Ordinária (aquela que acontece entre o dia 2 de fevereiro 17 de julho e 1 de
agosto e 22 de dezembro) e Sessão Legislativa Extraordinária (pode ocorrer
durante o recesso parlamentar). O recesso parlamentar vai de 1 de janeiro a 1 de
fevereiro, de 18 a 31 de julho e de 23 a 31 de dezembro.
26. Durante o período de recesso parlamentar é possível a convocação
extraordinária do Congresso Nacional. Essa convocação deve ser realizada nos
termos do §6º do art. 57 da CRFB/88, a saber: Art. 57. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-‐se-‐
á: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
I -‐ pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa
ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado
de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-‐Presidente-‐
Presidente da República;
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II -‐ pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas,
em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste
inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006)
27. Dessa forma, uma Sessão Legislativa Ordinária possui dois
períodos, o primeiro período compreende de 2 de fevereiro a 17 de julho e o
segundo período vai de 1 de agosto a 22 de dezembro.
28. Visto os aspectos iniciais, podemos ingressar à discussão especifica
sobre a Câmara dos Deputados e suas disposições regimentais.
29. Exercendo a competência prevista no art. 51, III da CRFB/88, a
Câmara dos Deputados editou a Resolução nº 17 de 1989 que aprovou o seu
Regimento Interno.
30. Logo em seu art. 1º, fica estabelecido que “a Câmara dos
Deputados, com sede na Capital Federal, funciona no Palácio do Congresso
Nacional”. Observa-‐se que a competência para alterar a sede não pertence à
Câmara, mas sim ao Congresso Nacional. Por esse motivo, o parágrafo único do
referido artigo apenas menciona a possibilidade de reunião em ponto diverso o
território nacional e não a mudança definitiva de sua sede, in verbis:
Art. 1º, Parágrafo único. Havendo motivo relevante, ou de força maior, a Câmara poderá, por deliberação da Mesa, ad referendum da maioria absoluta dos Deputados, reunir-‐se em outro edifício ou em ponto diverso no território nacional.
31. Veja que o RICD estabelece requisitos especiais para que a reunião
ocorra fora da sede habitual. É necessária que haja deliberação da Mesa (não
decisão unipessoal do Presidente da Casa) e essa decisão deve ser ratificada pela
maioria absoluta do Plenário.
32. A CRFB/88 estabeleceu que a Câmara dos Deputados faz parte do
Congresso Nacional e que este deve se reunir na Capital Federal.5 Além disso,
5 Arts. 44 e 57 da CRFB/88.
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estabelece que “é da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) VI -‐
mudar temporariamente sua sede”.
33. Cuidado deve ser dispensado na leitura do RICD pois muito de seus
artigos encontravam-‐se desatualizados, como o art. 2º por exemplo. A redação
apresentada até a 9º Edição de sua publicação determinava que as Sessões
Legislativas Ordinárias da Câmara dos Deputados ocorram de 15 de fevereiro a
30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. Conforme citado anteriormente,
essa data foi alterada pela Emenda Constitucional nº 50/2006, tal equivoco só foi
corrigido na 10º Edição, publicada no final de 2013, porém, outros erros
persistem, conforme citaremos no decorrer deste trabalho.
2 -‐ SESSÕES PREPARATÓRIAS:
34. A Câmara dos Deputados deve se reunir em sessões preparatórias
na primeira e na terceira sessões legislativas. Na primeira sessão legislativa
devem ser realizadas duas sessões preparatórias: uma destinada a posse dos
eleitos e outra destinada a eleição da Mesa da Casa; já na terceira sessão
legislativa ocorrerá apenas uma sessão preparatória para a eleição dos Membros
da Mesa.
35. Muito se discute sobre a data em que estas sessões devem ocorrer.
A despeito disso, a CRFB/88 é clara ao estabelecer que “cada uma das Casas
reunir-‐se-‐á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro
ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas
Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo
na eleição imediatamente subsequente”6.
36. Logo, não é viável que a Casa se reúna antes de 1º de fevereiro,
porém, após essa data, inicia-‐se a Sessão Legislativa Ordinária. O art. 2º, § 2º do
RICD faz menção sobre as sessões preparatórias, a saber:
6 Art. 57, §4º
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Art. 2º, § 2º A primeira e a terceira sessões legislativas ordinárias de cada legislatura serão precedidas de sessões preparatórias.
37. Resta então que na primeira Sessão Legislativa, as duas sessões
preparatórias devem ser realizadas no dia 1º de fevereiro. Na prática, a primeira
ocorre no período da manhã (09h) e a segunda, no período da tarde (15h). Esse
entendimento foi consubstanciado no caput do arts. 4º e 5º do RICD, in verbis:
Art. 4º No dia 1º de fevereiro do primeiro ano de cada legislatura, os candidatos
diplomados Deputados Federais reunir-‐se-‐ão em sessão preparatória, na sede da
Câmara dos Deputados.
Art. 5º Na segunda sessão preparatória da primeira sessão legislativa de cada
legislatura, no dia 1º de fevereiro, sempre que possível sob a direção da Mesa da
sessão anterior, realizar-‐se-‐á a eleição do Presidente, dos demais membros da
Mesa e dos Suplentes dos Secretários, para mandato de dois anos, vedada a
recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
38. Diferente ocorre na terceira sessão legislativa. A despeito de nossa
opinião contrária, o RICD dispõem que “No terceiro ano de cada legislatura, em
data e hora previamente designadas pelo Presidente da Câmara dos
Deputados, antes de inaugurada a sessão legislativa e sob a direção da Mesa da
sessão anterior, realizar-‐se-‐á a eleição do Presidente, dos demais membros da Mesa
e dos Suplentes dos Secretários”7.
39. Observe que essas sessões preparatórias podem ocorrer aos
sábados, domingos ou feriados, pois não estão englobadas pela previsão contida
no § 2º art. 2º do RICD, que determina que “As reuniões marcadas para as datas a
que se refere o inciso I serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente
quando recaírem em sábados, domingos ou feriados”.
40. A Posse dos Deputados é um momento de ampla importância na
vida política do País. É dela que se extrai a legitimidade da representação
popular e a essência da democracia moderna.
7 Art. 5º do RICD
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41. O candidato eleito tem até o dia 31 de janeiro para apresentar à
Mesa os documentos comprobatórios que lhe conferem o direito à posse. Desta
forma, o candidato deve apresentar, pessoalmente ou através do seu Partido, o
Diploma Eleitoral, expedido pela Justiça Eleitoral, juntamente com o Nome
Parlamentar, legenda partidária, unidade da Federação que proceda a
representação e a Declaração de Bens, nos termos do art. 229 do RICD.
42. Em regra, o nome parlamentar deve ser composto por dois
elementos, a saber: um nome e um prenome, dois nomes ou dois prenomes. A
juízo do Presidente é possível a adoção de outra forma, como um nome único.
Por exemplo, na atual composição Plenária podemos citar o Deputado Romário
ou o Deputado Popó.
43. A Secretária-‐Geral da Mesa (SGM) é encarregada de organizar a
relação dos Deputados diplomados. A lista deve ser organizada por
Estados/Distrito Federal/Território, de norte a sul na ordem geográfica de suas
capitais, logo os Estados que possuem as capitais mais ao norte do País figuram
primeiro na lista. Dentro de cada unidade, os nomes devem ser organizados em
ordem alfabética, com as respectivas legendas partidárias.
44. Essa lista deve estar pronta antes do início da primeira sessão
preparatória. Essa sessão deve ocorrer na sede da Câmara dos Deputados, no dia
1º de fevereiro e será presidida pelo último Presidente se reeleito ou pelo mais
idoso dentre o de maior número de legislaturas. Cuidado pois não basta ser o
candidato diplomado mais idoso, para se qualificar a presidir esta sessão o
primeiro critério aplicável é o número de legislaturas desempenhadas, ou seja,
quantas vezes aquela pessoa já exerceu um mandato parlamentar. Se ocorrer de
mais de um candidato eleito empatar no número de mandatos já
desempenhados, entre estes, o mais idoso presidirá a sessão.
45. Após a abertura dos trabalhos, o Presidente deve convidar quatro
“Deputados”, preferencialmente de partidos diferentes, para servirem de
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secretários e proclamará os nomes dos “Deputados diplomados”, constantes na
lista organizada pela SGM. Utilizamos as expressões cobertas por aspas pois é
notável a falta de técnica e organização do RICD. Antes da posse não existem
“Deputados”, existem apenas candidatos eleitos e diplomados. Nesse sentido, o
próprio RICD considera como “não investido no mandato” aquele que não
prestar o compromisso nos termos regimentais (Art. 3º, §9º do RICD).
46. Durante a leitura dos nomes dos Candidatos Diplomados, qualquer
um deles pode fazer reclamação para correção/alteração do seu nome
parlamentar que deve ser examinada e decidida pelo Presidente imediatamente.
47. De pé, todos os presentes, salvo aqueles impossibilitados, o
Presidente de proferir as seguintes palavras: "Prometo manter, defender e
cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro e
sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil". Logo após, em ato
contínuo, deve ser realizada a chamada nominal e cada Deputado, de pé, deve
ratificar o compromisso dizendo: "Assim o prometo", permanecendo os demais
Deputados sentados e em silêncio.
48. Esse compromisso não pode ser mudado ou alterado em qualquer
hipótese Importante ressaltar que o candidato NÃO pode tomar posse por
procuração. Este é um ato personalíssimo, que tem prazo certo para acontecer.
49. O Regimento prevê que o Deputado que pretenda tomar posse
posteriormente deverá faze-‐la junto à Mesa, quando em Sessão Ordinária ou
Extraordinária, ou perante o Presidente, durante o recesso parlamentar, no
prazo de trinta dias prorrogável por igual período a pedido do interessado. Esse
prazo deve ser contado da primeira sessão preparatória para instalação da
primeira sessão legislativa para aqueles regularmente eleitos ao tempo e que
tinham condições para tomar posse; da diplomação se o candidato for eleito
Deputado durante a legislatura (como no caso de anulação de eleições em
determinado Estado); da ocorrência do fato que a ensejar, por convocação do
Presidente.
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
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50. Dois pontos importantes a ressaltar, primeiro é que esse prazo de
trinta dias prorrogável por mais trinta a requerimento do interessado pode ser
dilatado em caso de força maior ou enfermidade devidamente comprovada;
segundo ponto e que, no caso de convocação de suplente o prazo conta da data
do fato que ensejou a convocação e não da data da convocação efetivamente
realizada, o que pode acarretar a redução do prazo para que o candidato assuma
o mandato.
51. Após prestar o compromisso uma vez, o suplente fica dispensado
de prestá-‐lo novamente no caso de novas convocações.
52. Ao término da sessão preparatória de posse o Presidente deve
fazer publicar no Diário da Câmara dos Deputados do dia seguinte a relação dos
Deputados (agora sim Deputados no sentido correto da palavra) investidos
regularmente no mandato com as modificações deferidas referente aos nomes
parlamentares. Está relação servirá de registro para o comparecimento e
verificação o quórum necessário à abertura das sessões, bem como ara as
votações nominais e por escrutínio secreto.
3 -‐ ELEIÇÃO DA MESA:
53. Na segunda sessão preparatória do primeiro ano da legislatura
deve ser realizada a eleição para os Membros da Mesa, que exerceram o mandato
pelo prazo de 2 anos, sendo vedada a recondução. Necessário observar que é
vedada a recondução para o mesmo cargo, não sendo considerado recondução
assunção de cargo diverso, como, por exemplo, Presidente da Mesa no primeiro
biênio e 1º Secretario no segundo.
54. Importante esclarecer aqui quais são os membros da Mesa e para
quais cargos são colocadas as vagas em disputa. A Mesa da Câmara os Deputados
esta prevista no art. 14 do RICD e é composta pela Presidência e pela Secretária.
A Presidência é composta pelo Presidente da Mesa, pelo 1º Vice e pelo 2º Vice. Já
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a Secretária é composta por quatro secretários, denominados 1º, 2º, 3º e 4º
Secretários. Graficamente, podemos representar a Mesa da seguinte forma:
Presidente da Mesa
1º Vice
2º Vice
1º Secretário
2º Secretário
3º Secretário
4º Secretário
55. A Mesa é o órgão qualificado como Comissão Diretora da Casa e
tem como incumbência a direção dos trabalhos legislativos e dos serviços
administrativos da Câmara. Além dos membros titulares (também chamados de
efetivos) a Mesa conta com quatro suplentes de secretários que têm como
atribuição principal, substituir os secretários. Ressaltamos aqui que os suplentes
não são membros efetivos da Mesa!
56. A eleição para os membros da Mesa e seus suplentes é regulada
nos arts. 5º a 8º do RICD. Faremos aqui uma compilação dos principais passos
para a realização da disputa eleitoral, lembrando a você leitor, que é de
fundamental importância a leitura integral dos artigos ora citados.
57. Os arts. 5º e 6º fazem alusão à realização a sessão preparatória
para eleição dos membros da Mesa no primeiro e terceiro ano da legislatura,
respectivamente. Vejamos uma comparação entre o caput dos dois artigos:
58. O art. 5º, atualizado pela Resolução nº 19, de 2012, faz menção a
realização da eleição para membros da Mesa, estabelecendo data certa para esse
evento, ou seja, 1º de fevereiro. Já o art. 6º determina que a eleiçãoo dos
membros da Mesa para o segundo biênio da Legislatura deve ocorrer em data e
hora previamente designado pelo Presidente da Câmara.
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
15
59. Importante salientar que, no primeiro ano da legislatura, a Mesa
que atuou durante a Sessão Preparatória deve conduzir os trabalhos da Sessão
Preparatória de Eleição. Já no terceiro ano da legislatura, incumbe essa
competência a Mesa que conduziu os trabalhos na sessão legislativa anterior.
60. Em regra, a eleição deve ocorrer através do sistema eletrônico. O
Regimento permite, entretanto, que as eleições sejam realizadas através do
sistema de cédulas, no caso de avarias no sistema eletrônico.
61. É necessário saber como se dá a divisão dos cargos da Mesa entre
os Partidos e Blocos Parlamentares. O art. 8º traduz o princípio da
Representação Proporcional ou Princípio da Proporcionalidade Partidária.
Sempre que possível, as vagas de todos os órgãos colegiados da Câmara dos
Deputados devem ser repartidas observando a representação equitativa de
todos os Partidos ou Blocos Parlamentares.
62. Observem que este não é um princípio absoluto, visto que o
próprio Regimento utiliza as expressões “sempre que possível” ou “tanto quanto
possível”. Outro reforço deste princípio é incorporado pelas disposições
regimentais que asseguram a representação da Minoria, em determinados
órgãos, mesmo que o princípio da Proporcionalidade Partidária não lhes garanta
uma vaga. 8
63. A partir de 1º de fevereiro de 2007, passou a vigorar a Resolução
nº 34, de 2005, que estabeleceu o momento em que deve ser verificado o
tamanho da composição dos Partidos e Blocos Parlamentares, de forma a
determinar o quantitativo de vagas a que cada um deles possui direito nos
órgãos colegiados, inclusive na Mesa da Câmara dos Deputados.
64. O critério escolhido é o “número de candidatos eleitos pela
respectiva agremiação” e deve ser baseado no resultado oficial proclamado pela
8 Exemplo desse fato.
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Justiça Eleitoral. As mudanças partidárias posteriores devem ser
desconsideradas para fins de distribuição de vagas entre os Partidos ou Blocos.
65. Lembramos que se aplica neste caso a regra prevista no Art. 27, do
RICD, abaixo transcrita; Art. 27. A representação numérica das bancadas em cada Comissão será
estabelecida com a divisão do número de membros do Partido ou Bloco
Parlamentar, aferido na forma do § 4° do art. 8° deste Regimento, pelo quociente
resultante da divisão do número de membros da Câmara pelo número de membros
da Comissão; o inteiro do quociente assim obtido, denominado quociente
partidário, representará o número de lugares a que o Partido ou Bloco
Parlamentar poderá concorrer na Comissão.
66. Para efeitos de cálculos, devemos considerar que estão em disputa
onze cargos. Os suplentes de secretários são eleitos no mesmo ato, logo,
participam da divisão de vagas. Dessa forma, são necessários dois cálculos. O
primeiro cálculo visa obter o quociente eleitoral procedendo a divisão do
número de membros da Câmara dos Deputados pelo número de membros da
Mesa, que pode ser assim representado.
Qe = nº de membros da Câmara Qe = 513 -‐-‐-‐-‐-‐-‐à Qe = 46,6 Nº de membros da Mesa 11
67. O segundo cálculo deve dividir o número de membros do Partido
ou Bloco Parlamentar pelo quociente eleitoral (Qe). Suponhamos que o Partido A
seja composto por 94 membros. Teremos então que esse cálculo resulta em 2,01.
Nesse caso, desprezamos a fração e temos que o Partido A terá direito a 2 lugares
na Mesa. Essa divisão deve ser feita para todos os Partidos ou Bloco
Parlamentares da casa.
68. Após essa divisão é necessário estabelecer qual cargo compete a
cada agremiação. O Regimento estabelece duas formas para que isso aconteça. A
primeira (preferencialmente) é através do acordo ente as agremiações, ou seja, o
consenso entre as bancadas. Caso isso não ocorra, a escolha será realizadas pelas
lideranças, da maior para a de menor representação, conforme o número de
cargos que cada uma pode ocupar.
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69. Depois desse longo caminho, é possível estabelecer quais
agremiações podem lançar candidatos à quais cargos. A escolha dos candidatos
deve ser regulada pelo estatuto do Partido ou conforme estabelecer o ato de
criação do Bloco Parlamentar. Em caso de omissão, a indicação deve ser
realizada pelo Líder. O resultado dessa escolha deve constar de documento hábil
a ser entregue imediatamente ao Presidente da Câmara para publicação.
70. O Regimento faz previsão curiosa no inciso IV, do art. 8º, a saber:
“independentemente do disposto nos incisos anteriores, qualquer deputado poderá
concorrer aos cargos da Mesa que couberem à sua representação, mediante
comunicação por escrito ao presidente da Câmara, sendo-‐lhe assegurado o
tratamento conferido aos demais candidatos”.
71. Logo, são possíveis dois tipos de candidatura aos cargos da Mesa: a
candidatura oficial (indicado o candidato diretamente pelo Partido/Bloco/Líder)
ou a candidatura avulsa. Cumpre registrar que o RICD apenas prevê essa
possibilidade para a disputa de cargos que pertençam a agremiação do
candidato, ou seja, em regra, não pode um parlamentar do Partido A concorrer a
cargo designado ao Partido B. Exceção a essa regra refere-‐se ao cargo de
Presidente da Mesa. A Câmara dos Deputados, sem qualquer amparo regimental,
tem permitido a candidatura avulsa para Presidente da Casa,
independentemente da bancada a qual era destinada a vaga ou da qual procede o
candidato. Para melhor entendimento, transcrevemos abaixo a Questão de
Ordem nº 374/2009, formulada pelo Deputado Beto Mansur (PP/SP) e a
respectiva decisão prolatada: O SR. BETO MANSUR -‐ Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) – Tem V.Exa. a palavra. O SR. BETO MANSUR (PP-‐SP. Questão de ordem. Sem revisão do orador.) -‐ Sr. Presidente, com base no art. 8º, § 4º, coube, na divisão dos cargos da Mesa, ao Partido Progressista o cargo de Presidente. Em função disso, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. o cancelamento de outras candidaturas avulsas à Presidência, a impugnação das candidaturas, em função de que nós só podemos ter candidaturas avulsas, para o cargo de Presidente, de componentes do Partido Progressista, e não de outro partido. Esta é a minha questão de ordem. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) -‐ Respondo a V.Exa. Desde 1991, no caso específico da Presidência, têm-‐se admitido candidaturas avulsas de qualquer
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Deputado. Portanto, a decisão da Mesa é não alterar neste momento isso que se transformou, pela prática, na regra. Posteriormente, V.Exa. ou qualquer um de nós podemos levantar esse questionamento, para que, para além da prática que neste momento nos parece o caminho mais seguro -‐ ou seja, não há alternativa -‐, eventualmente possa se rediscutir a questão. O tema é relevante, mas neste momento estamos nos orientando pela doutrina da prática. O SR. BETO MANSUR -‐ Sr. Presidente, a alternativa é regimental. Respeito a fala de V.Exa., o argumento de V.Exa., mas não existe absolutamente nada do que V.Exa. disse dentro do Regimento da Casa. O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) -‐ Exceto que todos os Presidentes anteriores, a partir de 1991, tomaram essa decisão. E pelas circunstâncias... É relevante. V.Exa. levanta um tema e aponta o Regimento. Por isso, frisei que neste momento, frente à jurisprudência criada por sucessivas decisões, a minha decisão é esta. Ementa decisão: Esclarece ao Deputado Beto Mansur que desde 1991 a Mesa tem aceito candidatura avulsa de qualquer parlamentar à Presidência da Casa e, embora admita a relevância do tema, entende que neste momento é mais seguro orientar-‐se pela doutrina da prática.
72. Dividida as vagas apresentados os candidatos, resta observar
como as eleições devem ser conduzidas. É necessário que o candidato obtenha
maioria absoluta dos votos para ser eleito no primeiro turno, caso contrário, é
necessária à realização de segundo turno com os dois candidatos mais bem
votados.
73. A eleição deve acontecer para todos os cargos em ato único,
porém, “enquanto não for escolhido o Presidente, não se procederá à apuração
para os demais cargos”.9 O Presidente em exercício deve dar posse ao Presidente
Eleito que determina a apuração para os demais cargos, procedendo a posse em
seguida.
74. Em caso de avaria do sistema eletrônico é necessário observar os
procedimentos previstos no art. 7º, a saber: Art. 7º A eleição dos membros da Mesa far-‐se-‐á em votação por escrutínio secreto e pelo sistema eletrônico, exigido maioria absoluta de votos, em primeiro escrutínio, maioria simples, em segundo escrutínio, presente a maioria absoluta dos Deputados, observadas as seguintes exigências e formalidades: I -‐ registro, perante a Mesa, individualmente ou por chapa, de candidatos previamente escolhidos pelas bancadas dos Partidos ou Blocos Parlamentares aos cargos que, de acordo com o principio da representação proporcional, tenham sido distribuídos a esses Partidos ou Blocos Parlamentares; II -‐ chamada dos Deputados para a votação;
9 §2º do art. 5º do RICD.
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III -‐ realização de segundo escrutínio, com os 2 (dois) mais votados para cada cargo, quando, no primeiro, não se alcançar maioria absoluta; IV -‐ eleição do candidato mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas, em caso de empate; V -‐ proclamação pelo Presidente do resultado final e posse imediata dos eleitos. Parágrafo único. No caso de avaria do sistema eletrônico de votação, far-‐se-‐á a eleição por cédulas, observados os incisos II a V do caput deste artigo e as seguintes exigências: I -‐ cédulas impressas ou datilografadas, contendo cada uma somente o nome do votado e o cargo a que concorre, embora seja um só o ato de votação para todos os cargos, ou chapa completa, desde que decorrente de acordo partidário; II -‐ colocação, em cabina indevassável, das cédulas em sobrecartas que resguardem o sigilo do voto; III -‐ colocação das sobre cartas em 4 (quatro) urnas, à vista do Plenário, 2 (duas) destinadas à eleição do Presidente e as outras 2 (duas) à eleição dos demais membros da Mesa; IV -‐ acompanhamento dos trabalhos de apuração, na Mesa, por 2 (dois) ou mais Deputados indicados à Presidência por Partido ou Blocos Parlamentares diferentes e por candidatos avulsos; V -‐ o Secretário designado pelo Presidente retirará as sobrecartas das urnas, em primeiro lugar as destinadas à eleição do Presidente; contá-‐las-‐á e, verificada a coincidência do seu número com o dos votantes, do que será cientificado o Plenário, abri-‐las-‐á e separará as cédulas pelos cargos a preencher; VI -‐ leitura pelo Presidente dos nomes dos votados; VII -‐ proclamação dos votos, em voz alta, por um Secretário e sua anotação por 2 (dois) outros, à medida que apurados; VIII -‐ invalidação da cédula que não atenda ao disposto no inciso I deste parágrafo; IX -‐ redação pelo Secretário e leitura pelo Presidente do resultado de cada eleição, na ordem decrescente dos votados.
75. No caso de empate ocorrido no segundo escrutínio, deve ser
declarado vencedor o candidato mais idosos dentre o de maior número de
legislaturas.
76. Será sempre assegurada a participação de um membro da Minoria
na composição da Mesa, mesmo que não obtido pelo princípio da
proporcionalidade partidária. Essa é uma forma de garantir que opiniões
contrárias encontrem espaço para manifestação e deliberação pois o processo
legislativo acaba centralizado na tríade Colégio de Líderes – Mesa – Comissões.
77. Se até 30 de novembro do segundo ano do mandato verificar-‐se
qualquer vaga na Mesa, será ela preenchida mediante eleiçãoo, dentro de cinco
sessões. Ocorrida a vacância depois dessa data, a Mesa designará um dos
membros titulares para responder pelo cargo.
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78. Por fim, no caso de mudança partidária (mesmo aquela declarada
com justa causa pela Justiça Eleitoral), o parlamentar perde o seu lugar à Mesa.
4 -‐ LIDERANÇA.
79. O art. 9º prevê a existência dos Líderes e Vice-‐Líderes na
composição da casa. É de extrema importância entender o papel que os líderes
desempenham no processo legislativo, por isso, indicamos especial atenção a
esse tópico. Art. 9º Os Deputados são agrupados por representações partidárias ou de Blocos Parlamentares, cabendo-‐lhes escolher o Líder quando a representação for igual ou superior a um centésimo da composição da Câmara. § 1º Cada Líder poderá indicar Vice-‐Líderes, na proporção de um por quatro Deputados, ou fração, que constituam sua representação, facultada a designação de um como Primeiro Vice-‐Líder. (Parágrafo com redação dada pela Resolução nº 78, de 1995) § 2º A escolha do Líder será comunicada à Mesa, no início de cada legislatura, ou após a criação de Bloco Parlamentar, em documento subscrito pela maioria absoluta dos integrantes da representação. § 3º Os Líderes permanecerão no exercício de suas funções até que nova indicação venha a ser feita pela respectiva representação. § 4º O Partido com bancada inferior a um centésimo dos membros da Casa não terá Liderança, mas poderá indicar um de seus integrantes para expressar a posição do Partido quando da votação de proposições, ou para fazer uso da palavra, uma vez por semana, por cinco minutos, durante o período destinado às Comunicações de Lideranças. § 5º Os Líderes e Vice-‐Líderes não poderão integrar a Mesa. § 6º O quantitativo mínimo de Vice-‐Líderes previsto no § 1º será calculado com base no resultado final das eleições para a Câmara dos Deputados proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
80. Em primeiro lugar, devemos entender quando uma agremiação
pode constituir sua liderança, quantos são os Líderes e Vice-‐Líderes e, por fim,
qual o papel que exercem, com suas prerrogativas e vedações especiais.
81. Os Partidos Políticos ou os Blocos Parlamentares podem constituir
liderança quando sua composição seja superior a 1/100 do número de membros
da Casa. Observe que, nesse caso, o Regimento não autoriza que se despreze a
fração, logo, possuindo 513 deputados, 1/100 equivale a 5,13 deputados. Assim,
somente agremiações com seis ou mais deputados podem constituir liderança na
forma regimental.
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82. Ressalte-‐se que a Câmara dos Deputados já reconheceu a
possibilidade, em outras legislaturas, de designação de líderes para Partidos com
5 membros na Casa. Tal procedimento não tem amparo regimental.
83. Cada Líder deve indicar os Vice-‐Líderes em uma proporção de um
para cada quatro Deputados ou fração que constituem sua agremiação. Logo, um
Partido A com 15 membros deve eleger um Líder e este deve indicar quatro Vice-‐
Líderes (4 + 4 + 4 + 3).
84. Não há prazo determinado para um parlamentar exercer a
liderança do Partido ou Bloco. Por óbvio, a liderança anão pode extrapolar a
legislatura, porém, nada impede que, se reeleito, o Deputado volte a ocupar a
liderança de seu Partido.
85. A definição do Líder deve ser “comunicada à Mesa, no início de cada
legislatura, ou após a criação de Bloco Parlamentar, em documento subscrito pela
maioria absoluta dos integrantes da representação”.
86. A aferição do número de integrantes dos Partidos ou Blocos
Parlamentares deve ter por base o resultado das eleições proclamado pela
Justiça Eleitoral. Mudanças posteriores não devem afetar a quantidade de vice-‐
líderes constituídos.
87. Quanto as prerrogativas que um Líder possuí, é preciso observar o
disposto no art. 10 do RICD. Porém, outras atribuições estão espalhadas pelo
texto regimental. Fazemos abaixo um síntese das atribuições regimentais dos
Líderes:
a) Fazer uso da palavra durante às chamadas “Comunicações de Liderança”.
b) Participar, pessoalmente ou por intermédio dos seus Vice-‐Líderes, dos
trabalhos de qualquer Comissão de que não seja membro, sem direito a
voto, mas podendo encaminhar a votação ou requerer a verificação desta.
c) Encaminhar a votação de qualquer proposição sujeita à deliberação do
Plenário, para orientar sua bancada, por tempo não superior a um minuto.
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d) Registrar os candidatos do Partido ou do Bloco Parlamentar para
concorrer aos cargos da Mesa.
e) Indicar à Mesa os membros da bancada para compor as Comissões, e, a
qualquer tempo, substituí-‐los.
f) Requerer a dispensa de discussão do proposição com todos os pareceres
favoráveis (art. 167).
g) Pedir vista de processo em Comissão (Art. 57, XVI – somente quando for
membro da Comissão).
h) Levantar questão de ordem em Comissão (Art. 57, XXI – somente quando
for membro da Comissão).
i) Fazer reclamação quanto ação ou omissão de Comissão (art. 94, §2º –
somente quando for membro da Comissão).
88. Além dos Líderes de Partidos ou Blocos Parlamentares, existem
ainda duas espécies de lideranças na Câmara dos Deputados, a saber: a Liderança
do Governo e a Liderança da Minoria.
89. A Liderança do Governo deve ser indicado pelo Presidente da
República. É composta por um Líder e dez vice-‐líderes que podem fazer o uso da
palavra nas “Comunicações de Liderança”, participar, pessoalmente ou por
intermédio dos seus Vice-‐Líderes, dos trabalhos de qualquer Comissão de que
não seja membro, sem direito a voto, mas podendo encaminhar a votação ou
requerer a verificação desta e encaminhar a votação de qualquer proposição
sujeita à deliberação do Plenário, para orientar sua bancada, por tempo não
superior a um minuto.
90. Já a Liderança da Minoria é composta por um Líder e seis vice-‐
líderes, com as mesmas prerrogativas da Liderança do Governo. O Líder deve ser
indicado pela representação considerada Minoria, nos termos do art. 13 do RICD
que será estudado a seguir. Após indicado, o Líder deve escolher os seis vice-‐
líderes para compor a Liderança dentre os membros dos partidos que, em
relação ao governo, expressem posição contrária à da Maioria.
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91. Observe que, dessa forma, o Líder da Liderança da Minoria deve,
necessariamente, fazer parte do Partido ou Bloco Parlamentar que ocupa a
posição da Minoria nos termos regimentais. Já os vice-‐líderes podem ser de
bancada diversa, desde que comunguem a mesma posição que a Minoria, ou seja,
em relação ao governo, contrária a Maioria.
5 -‐ BLOCOS PARLAMENTARES, MAIORIA E MINORIA.
92. O jogo político e as regras do processo legislativo exigem que os
Partidos tenham representatividade na casa legislativa. Essa representatividade
se traduz no número de parlamentares que constituí cada agremiação. Logo,
podemos dizer que quando menor a bancada, menos força legislativa ela possuí,
influindo de forma tímida no processo legislativo.
93. O mecanismo utilizado para aumentar a representatividade das
agremiação é a união entre Partidos Políticos que partilham interesses e
objetivos semelhantes para constituição dos chamados Blocos Parlamentares.
94. Define o RICD que “as representações de dois ou mais Partidos, por
deliberação das respectivas bancadas, poderão constituir Bloco Parlamentar, sob
liderança comum”.10
95. Porém, essa prerrogativa não é ilimitada. Existem critérios
expressos que devem ser observados na formação dessas entidades. É
necessário, no mínimo, três centésimos dos membros da casa para a constituição
de um Bloco Parlamentar, ou seja, 16 membros. Duas agremiações, uma
contando com 7 membros e a outra contando com 9 membros podem se unir,
constituindo um Bloco Parlamentar.
96. O Bloco Parlamentar terá, n que couber, o tratamento dispensado
pelo Regimento às organizações partidárias com representação na Casa, ou seja,
terá as prerrogativas e deveres semelhante a os Partidos Políticos, logo, poderá, 10 Art. 12 do RICD.
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por exemplo, participar da distribuição de vagas nas Comissões, incluindo a Mesa
Diretora.
97. Sua duração está limitada ao término da legislatura, podendo ser
desconstituída antes em duas situações: por vontade das partes, quando as
bancadas resolvem se desligar voltando a atuar isoladamente ou, se o número de
membros do Bloco Parlamentar for inferior ao mínimo fixado após o
desligamento de uma das agremiações que constituíam o Bloco (menos de três
centésimos).
98. A agremiação que integrava um Bloco Parlamentar e dele se
desvincula, não pode fazer parte de outro Bloco Parlamentar na mesma sessão
legislativa. Muito cuidado para não confundir com legislatura, visto que o
primeiro compreende o lapso de um ano e o segundo, quatro anos.
99. O Bloco Parlamentar pode ser constituído a qualquer tempo,
porém, para que o Bloco participe da distribuição das vagas na Mesa Diretora e
nas demais comissões, é necessário que seja comunicada sua criação até o dia 1º
de fevereiro do primeiro e do terceiro ano da legislatura.
98. Importante ressaltar que os Líderes dos Partidos que se coligarem
perdem as atribuições regimentais que passam a ser exercidas pelo Líder do
Bloco Parlamentar.
99. Para finalizar esse capítulo, tratamos e um tema aparentemente
simples, mas que causa muita confusão na prática: trata-‐se da maioria e da
minoria. Para melhor exemplificar, transcrevemos o art. 13 do RICD, in verbis: Art. 13. Constitui a Maioria o Partido ou Bloco Parlamentar integrado pela
maioria absoluta dos membros da Casa, considerando-‐se Minoria a representação
imediatamente inferior que, em relação ao Governo, expresse posição diversa da
Maioria.
Parágrafo único. Se nenhuma representação atingir a maioria absoluta, assume as
funções regimentais e constitucionais da Maioria o Partido ou Bloco Parlamentar
que tiver o maior número de representantes.
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100. Observem que a Maioria pode ser constituída por Partido Político
ou por Bloco Parlamentar e é, em regra, aquela integrada pela maioria absoluta
dos membros da casa, ou seja, 257 membros. Caso nenhuma agremiação alcance
essa composição, o Partido ou Bloco que tenha o maior número de membros na
Casa Legislativa deve exercer as funções da Maioria.
101. Por sua vez, a Minoria não é o menor Partido ou Bloco Parlamentar
presente na Câmara dos Deputados. É, na verdade, aquele que possua
representação imediatamente inferior a Maioria e que, em relação a esta, se
posicione de maneira diversa em relação ao Governo. Em outras palavras, a
Minoria é o maior partido que faça oposição à Maioria.
102. Logo, a Maioria pode ser tanto da base aliada governista como
contrária ao Governo, formando a oposição. Temos então as seguintes
possibilidades: 1-‐)se a Maioria tem posição favorável ao Governo, a Minoria é o
maior Partido ou Bloco Parlamentar que faça oposição; 2-‐)se a Maioria tem
posição contrária ao Governo, a Minoria é o maior Partido ou Bloco Parlamentar
que seja favorável a ele.
TÍTULO II 1 -‐ Os Órgão da Câmara dos Deputados.
1. Inicialmente, é necessário fazer uma constatação um tanto quanto
óbvia, porém, explicativa: o processo legislativo é extremamente complexo. Não
por menos. Ao legislar, o Estado interfere diretamente na esfera privada de cada
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indivíduo e, por isso, deve o processo de criação das leis observar todos os
pressupostos formais para a sua existência, em uma tentativa de aumentar a
qualidade do produto legislativo que hoje rege nossa sociedade.
2. Sabemos que isso nem sempre acontece, porém, é necessário
enverarmos nossos esforços nesse sentido. E dessa forma, primordial é entender
o complexo de relações que existe dentro de cada Casa Legislativa.
3. Devido as atribuições diversas, cada Casa conta com diversos
órgãos que possuem finalidades especificas para o bom funcionamento dos
trabalhos. O RICD lista, no Título II, uma relação de órgãos que compõe a Câmara
dos Deputados e que serão objetos de estudo deste capítulo, a saber: A Mesa, A
Presidência, a Secretária da Mesa, o Colégio de Líderes, a Secretária da Mulher
(composta pela Procuradoria da Mulher e pela Coordenadoria da Mulher), a
Procuradoria Parlamentar, a Ouvidoria Parlamentar, o Conselho de Ética e
Decoro Parlamentar, a Corregedoria Parlamentar e o Grupo de Trabalho e
Consolidação das Leis.
4. As Comissões, como órgãos técnicos-‐legislativos, serão estudadas
em capítulo a parte devido a sua importância e peculiaridades relevantes.
2 -‐ A MESA:
5. A Mesa da Câmara dos Deputados exerce a função de Comissão
Diretora e incumbe a direção dos trabalhos legislativos e dos serviços
administrativos da Câmara. Lembramos que sua composição já foi tratada
anteriormente, a qual remetemos o leitor, 11 porém, não custa reafirmar que a
Mesa é composta por 7 integrantes, sendo constituída pela Presidência e pela
Secretária. Os membro suplentes de secretários apesar de eleitos no mesmo ato
que os membros da Mesa, não fazem parte desta.
11 Capítulo I, parágrafo 54.
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6. A Mesa deve se reunir, ordinariamente, uma vez por quinzena, em
dia e hora prefixados, e, extraordinariamente, sempre que convocada pelo
Presidente ou por quatro de seus membros efetivos (maioria absoluta).
7. Participar da Mesa gera algumas obrigações a seus membros e
perderá o lugar aquele que deixar de comparecer a cinco reuniões ordinárias,
consecutivas, sem causa justificada. Note que não é a simples ausência às
reuniões que geram a perda do lugar. É necessário que ela seja injustificada.
8. Além das obrigações, surgem alguns impedimentos ao
parlamentar que faz parte da Mesa como membro efetivo: não poderão fazer
parte de Liderança, nem de Comissão Permanente, Especial ou de Inquérito. Aqui
é necessário fazer uma ressalva. O próprio RICD prevê uma exceção ao disposto
no §5º do art. 14.
9. O Art. 216 estabelece que “o Regimento Interno poderá ser
modificado ou reformado por meio de projeto de resolução de iniciativa de
Deputado, da Mesa, de Comissão Permanente ou de Comissão Especial para esse
fim criada, em virtude de deliberação da Câmara, da qual deverá fazer parte um
membro da Mesa”. Então temos uma hipótese em que um membro efetivo da
Mesa deve fazer parte, obrigatoriamente, de uma Comissão Especial.
10. Além disso, o RICD permite, por interpretação, que o membro da
Mesa faça parte das Comissões Externas, uma comissão especifica que será
estudada no próximo capítulo.
11. O RICD trás, expressamente, as competências de alguns membros
da Mesa (art. 17 – Presidente da Mesa / Art. 19 – Primeiro-‐secretário / Art. 80 –
Segundo-‐secretário), porém, essa enumeração não é taxativa. Ocorre que a Mesa
deve expedir um ato, publicado dentro de trinta sessões após a sua constituição,
fixando a competência de cada um dos seus membros. Caso esse ato não seja
publicado, permanece em vigor as disposições da sessão legislativa anterior,
enquanto não modificada.
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12. Esta em vigor o Ato da Mesa nº 66/1993 que foi alterado pelo Ato
da Mesa nº 84/2001 até a data atual. O RICD também traz em seu texto
competências expressas para a Mesa. Estão previstas no art. 15, abaixo
transcritas: Art. 15. À Mesa compete, dentre outras atribuições estabelecidas em lei, neste
Regimento ou por resolução da Câmara, ou delas implicitamente resultantes:
I -‐ dirigir todos os serviços da Casa durante as sessões legislativas e nos seus
interregnos e tomar as providências necessárias à regularidade dos trabalhos
legislativos, ressalvada a competência da Comissão Representativa do Congresso
Nacional;
II -‐ constituir, excluído o seu Presidente, alternadamente com a Mesa do Senado, a
Mesa do Congresso Nacional, nos termos do § 5º do art. 57 da Constituição
Federal;
III -‐ promulgar, juntamente com a Mesa do Senado Federal, emendas à
Constituição;
IV -‐ propor ação de inconstitucionalidade, por iniciativa própria ou a
requerimento de Deputado ou Comissão;
V -‐ dar parecer sobre a elaboração do Regimento Interno da Câmara e suas
modificações;
VI -‐ conferir aos seus membros atribuições ou encargos referentes aos serviços
legislativos e administrativos da Casa;
VII -‐ fixar diretrizes para a divulgação das atividades da Câmara;
VIII -‐ adotar medidas adequadas para promover e valorizar o Poder Legislativo e
resguardar o seu conceito perante a Nação;
IX -‐ adotar as providências cabíveis, por solicitação do interessado, para a defesa
judicial e extrajudicial de Deputado contra a ameaça ou a prática de ato
atentatório do livre exercício e das prerrogativas constitucionais do mandato
parlamentar;
X -‐ fixar, no inicio da primeira e da terceira sessões legislativas da legislatura,
ouvido o Colégio de Líderes, o número de Deputados por Partido ou Bloco
Parlamentar em cada Comissão Permanente;
XI -‐ elaborar, ouvido o Colégio de Líderes e os Presidentes de Comissões
Permanentes, projeto de Regulamento Interno das Comissões, que, aprovado pelo
Plenário, será parte integrante deste Regimento;
XII -‐ promover ou adotar, em virtude de decisão judicial, as providências
necessárias, de sua alçada ou que se insiram na competência legislativa da
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Câmara dos Deputados, relativas aos arts. 102, I, q, e 103, § 2º, da Constituição
Federal;
XIII -‐ apreciar e encaminhar pedidos escritos de informação a Ministros de Estado,
nos termos do art. 50, § 2º, da Constituição Federal;
XIV -‐ declarar a perda do mandato de Deputado, nos casos previstos nos incisos III,
IV e V do art. 55 da Constituição Federal, observado o disposto no § 3º do mesmo
artigo;
XV -‐ aplicar a penalidade de censura escrita a Deputado; (Inciso com redação
adaptada aos termos da Resolução nº 25, de 2001, que instituiu o Código de
Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados)
XVI -‐ decidir conclusivamente, em grau de recurso, as matérias referentes ao
ordenamento jurídico de pessoal e aos serviços administrativos da Câmara;
XVII -‐ propor, privativamente, à Câmara projeto de resolução dispondo sobre sua
organização, funcionamento, polícia, regime jurídico do pessoal, criação,
transformação ou extinção de cargos, empregos e funções e fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias;
XVIII -‐ prover os cargos, empregos e funções dos serviços administrativos da
Câmara, bem como conceder licença, aposentadoria e vantagens devidas aos
servidores, ou colocá-‐los em disponibilidade;
XIX -‐ requisitar servidores da administração pública direta, indireta ou
fundacional para quaisquer de seus serviços;
XX -‐ aprovar a proposta orçamentária da Câmara e encaminhá-‐la ao Poder
Executivo;
XXI -‐ encaminhar ao Poder Executivo as solicitações de créditos adicionais
necessários ao funcionamento da Câmara e dos seus serviços;
XXII -‐ estabelecer os limites de competência para as autorizações de despesa;
XXIII -‐ autorizar a assinatura de convênios e de contratos de prestação de serviços;
XXIV -‐ aprovar o orçamento analítico da Câmara;
XXV -‐ autorizar licitações, homologar seus resultados e aprovar o calendário de
compras;
XXVI -‐ exercer fiscalização financeira sobre as entidades subvencionadas, total ou
parcialmente, pela Câmara, nos limites das verbas que lhes forem destinadas;
XXVII -‐ encaminhar ao Tribunal de Contas da União a prestação de contas da
Câmara em cada exercício financeiro;
XXVIII -‐ requisitar reforço policial, nos termos do parágrafo único do art. 270;
XXIX -‐ apresentar à Câmara, na sessão de encerramento do ano legislativo,
resenha dos trabalhos realizados, precedida de sucinto relatório sobre o seu
desempenho.
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Parágrafo único. Em caso de matéria inadiável, poderá o Presidente, ou quem o
estiver substituindo, decidir, ad referendum da Mesa, sobre assunto de
competência desta.
13. Observando o caput desse artigo é possível afirmar que as
competências da Mesa podem decorrer de três fontes distintas: pelo Regimento
Interno ou Resolução da Câmara, por Lei ou por interpretação, decorrente de
maneira implícita nas normas que regem o processo legislativo.
14. Importante ressaltar que a Mesa é a instância máxima de decisão
administrativa, ao decidir em grau de recurso, conclusivamente, as matérias
referentes ao ordenamento jurídico de pessoa e aos serviços administrativos da
Câmara.
15. Alguns doutrinadores chegam a repartir as competências da Mesa
em três grupos distintos, a saber: 1-‐)Competências Constitucionais; 2-‐
)Competências Legislativas; e 3-‐)Competências Administrativas.
16. Em quadro esquema, apresentaremos as competências
constitucionais e legislativas. Todas as outras são consideradas
administrativas12.
Competências Constitucionais Competências Legislativas
Composição da Mesa do Congresso Nacional, alternadamente com a Mesa do Senado Federal.
Da parecer sobre a elaboração do RICD e suas modificações.
Promulgação de Emenda à Constituição. Dar parecer sobre proposição que modifique os serviços administrativos da Câmara.
Apresentação de Ação Direta de Inconstitucionalidade.
Elaborar projeto de regulamento interno das comissões.
Encaminhamento de pedido de informação escrita a Ministro de Estado,
Apresentar proposição necessária para atender decisão judicial.
Declaração de perda do mandato de deputado nos casos de ausência a 1/3 das sessões ordinárias da sessão legislativa, perda ou suspensão dos direitos políticos e decretação pela Justiça Eleitoral.
Propor projeto de resolução dispondo sobre os assuntos de sua organização administrativa.
Propor, privativamente, projeto de lei para fixação da remuneração de cargo, emprego ou função da Câmara.
12 Classificação adotada por Miguel Gerônimo da Nóbrega Netto, Luiz Cláudio Alves dos Santos e André Corrêa de Sá Carneiro no Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados, Ed. 2013.
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17. Por fim, no caso de matérias urgentes e inadiáveis, o Presidente, ou
quem o estiver substituindo, pode decidir sobre assuntos de competência da
Mesa, porém, essa decisão deve ser referendada pelos membros desse órgão
colegiado.
3 -‐ A PRESIDÊNCIA E OS VICES-‐PRESIDENTES:
18. O Presidente da Mesa, nos termos do art. 16 do RICD, é o
representante da Câmara quando ela se pronuncia coletivamente e é o
supervisor dos trabalhos e da sua ordem nos termos regimentais.
19. O cargo de Presidente da Mesa somente pode ser ocupado por
brasileiro nato. Isto se deve a possibilidade de substituição do Presidente da
República, que também é cargo privativo de brasileiro nato. Interessante notar
que não há exigência expressa a idade mínima de 35 anos, exigida para que o
cidadão seja candidato ao cargo de Presidente da República.
20. Por quanto nunca tenha ocorrido, os tribunais pátrios ainda não
tiveram que se manifestar acerca desta incongruência. Parte da doutrina entende
que esse é um requisito implícito e que deve ser observado na eleição para o
cargo, não podendo concorrer candidato com idade inferior a 35 anos. Por outro
lado, parte da doutrina entende que o requisito da idade mínima só é exigido
para o provimento originário do cargo de Presidente da República, nesse caso,
por ser considerado uma espécie de provimento derivado, não seria necessário
observar o requisito da idade mínima.
21. Os Vice-‐presidentes (1º e 2º) tem como principal atribuição
substituir o Presidente em suas ausências e impedimentos. Necessário se faz
observar que existem dois tipos de substituição: em sessão e como Presidente no
órgão Câmara dos Deputados.
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32
22. No primeiro caso, quando ausente em uma sessão plenária, o
Presidente pode ser substituído por qualquer membro da Mesa, pelos suplentes
e por fim, pelo deputado mais idoso dentre o de maior número de legislaturas.
Nesse caso, o Presidente substituto só pode desempenhar as atribuições
previstas no inciso I, do art. 17 do RICD, ou seja, as competências relativas às
Sessões da Câmara.
23. Diferente ocorre no outro caso, quando a substituição ocorre não
apenas na sessão plenária, mas que decorre de afastamento do Presidente por
mais de 48 horas da capital federal (Brasília). Neste caso, apenas o 1º e 2º vice-‐
presidentes podem ocupar o cargo podendo desempenhar todas as
competências previstas no art. 17 do RICD.
24. Por falar em competências, o RICD divide as competências do
Presidente em seis grupos, a saber: quanto às sessões da Câmara; quanto às
proposições; quanto às comissões; quanto à Mesa; quanto à publicação e
divulgação e quanto à sua competência geral. Transcrevemos abaixo a integra do
art. 17: Art. 17. São atribuições do Presidente, além das que estão expressas neste
Regimento, ou decorram da natureza de suas funções e prerrogativas:
I -‐ quanto às sessões da Câmara:
a) presidi-‐las;
b) manter a ordem;
c) conceder a palavra aos Deputados;
d) advertir o orador ou o aparteante quanto ao tempo de que dispõe, não
permitindo que ultrapasse o tempo regimental;
e) convidar o orador a declarar, quando for o caso, se irá falar a favor da
proposição ou contra ela;
f) interromper o orador que se desviar da questão ou falar do vencido,
advertindo-‐o, e, em caso de insistência, retirar-‐lhe a palavra; (Alínea com redação
adaptada aos termos da Resolução nº 25, de 2001)
g) autorizar o Deputado a falar da bancada;
h) determinar o não-‐apanhamento de discurso, ou aparte, pela taquigrafia;
i) convidar o Deputado a retirar-‐se do recinto do Plenário, quando
perturbar a ordem;
j) suspender ou levantar a sessão quando necessário;
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
33
l) autorizar a publicação de informações ou documentos em inteiro teor, em
resumo ou apenas mediante referência na ata;
m) nomear Comissão Especial, ouvido o Colégio de Líderes;
n) decidir as questões de ordem e as reclamações;
o) anunciar a Ordem do Dia e o número de Deputados presentes em
Plenário;
p) anunciar o projeto de lei apreciado conclusivamente pelas Comissões e a
fluência do prazo para interposição do recurso a que se refere o inciso I do § 2º do
art. 58 da Constituição Federal;
q) submeter a discussão e votação a matéria a isso destinada, bem como
estabelecer o ponto da questão que será objeto da votação;
r) anunciar o resultado da votação e declarar a prejudicialidade;
s) organizar, ouvido o Colégio de Líderes, a agenda com a previsão das
proposições a serem apreciadas no mês subseqüente, para distribuição aos
Deputados;
t) designar a Ordem do Dia das sessões, na conformidade da agenda mensal,
ressalvadas as alterações permitidas por este Regimento;
u) convocar as sessões da Câmara;
v) desempatar as votações, quando ostensivas, e votar em escrutínio secreto,
contando-‐se a sua presença, em qualquer caso, para efeito de quorum;
x) aplicar censura verbal a Deputado;
II -‐ quanto às proposições:
a) proceder à distribuição de matéria às Comissões Permanentes ou
Especiais;
b) deferir a retirada de proposição da Ordem do Dia;
c) despachar requerimentos;
d) determinar o seu arquivamento ou desarquivamento, nos termos
regimentais;
e) devolver ao Autor a proposição que incorra no disposto no § 1º do art.
137;
III -‐ quanto às Comissões:
a) designar seus membros titulares e suplentes mediante comunicação dos
Líderes, ou independentemente desta, se expirado o prazo fixado, consoante o art.
28, caput e § 1º;
b) declarar a perda de lugar, por motivo de falta;
c) assegurar os meios e condições necessários ao seu pleno funcionamento;
d) convidar o Relator, ou outro membro da Comissão, para esclarecimento
de parecer;
e) convocar as Comissões Permanentes para a eleição dos respectivos
Presidentes e Vice-‐Presidentes, nos termos do art. 39 e seus parágrafos;
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
34
f) julgar recurso contra decisão de Presidente de Comissão em questão de
ordem;
IV -‐ quanto à Mesa:
a) presidir suas reuniões;
b) tomar parte nas discussões e deliberações, com direito a voto;
c) distribuir a matéria que dependa de parecer;
d) executar as suas decisões, quando tal incumbência não seja atribuída a
outro membro;
V -‐ quanto às publicações e à divulgação:
a) determinar a publicação, no Diário da Câmara dos Deputados, de matéria
referente à Câmara;
b) não permitir a publicação de pronunciamento ou expressões atentatórias
do decoro parlamentar;
c) tomar conhecimento das matérias pertinentes à Câmara a serem
divulgadas pelo programa Voz do Brasil;
d) divulgar as decisões do Plenário, das reuniões da Mesa, do Colégio de
Líderes, das Comissões e dos Presidentes das Comissões, encaminhando cópia ao
órgão de informação da Câmara;
VI -‐ quanto à sua competência geral. dentre outras:
a) substituir, nos termos do art. 80 da Constituição Federal, o Presidente da
República;
b) integrar o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
c) decidir, juntamente com o Presidente do Senado Federal, sobre a
convocação extraordinária do Congresso Nacional, em caso de urgência ou
interesse público relevante;
d) dar posse aos Deputados, na conformidade do art. 4º;
e) conceder licença a Deputado, exceto na hipótese do inciso I do art. 235;
f) declarar a vacância do mandato nos casos de falecimento ou renúncia de
Deputado;
g) zelar pelo prestígio e decoro da Câmara, bem como pela dignidade e
respeito às prerrogativas constitucionais de seus membros, em todo o território
nacional;
h) dirigir, com suprema autoridade, a polícia da Câmara;
i) convocar e reunir, periodicamente, sob sua presidência, os Líderes e os
Presidentes das Comissões Permanentes para avaliação dos trabalhos da Casa,
exame das matérias em trâmite e adoção das providências julgadas necessárias ao
bom andamento das atividades legislativas e administrativas;
j) encaminhar aos órgãos ou entidades referidos no art. 37 as conclusões de
Comissão Parlamentar de Inquérito;
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
35
l) autorizar, por si ou mediante delegação, a realização de conferências,
exposições, palestras ou seminários no edifício da Câmara, e fixar-‐lhes data, local e
horário, ressalvada a competência das Comissões;
m) promulgar as resoluções da Câmara e assinar os atos da Mesa;
n) assinar a correspondência destinada ao Presidente da República; ao Vice-‐
Presidente da República; ao Presidente do Senado Federal; ao Presidente do
Supremo Tribunal Federal; aos Presidentes dos Tribunais Superiores, entre estes
incluído o Tribunal de Contas da União; ao Procurador-‐Geral da República; aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; aos Chefes de
Governo estrangeiros e seus representantes no Brasil; às Assembléias estrangeiras;
às autoridades judiciárias, neste caso em resposta a pedidos de informação sobre
assuntos pertinentes à Câmara, no curso de feitos judiciais;
o) deliberar, ad referendum da Mesa, nos termos do parágrafo único do art.
15;
p) cumprir e fazer cumprir o Regimento.
25. O Presidente não poderá, senão na qualidade de membro da Mesa,
oferecer proposição, nem votar em Plenário, exceto no caso de escrutínio secreto
ou para desempatar o resultado de votação ostensiva. Ocorre que é necessário
exigir do Presidente certa neutralidade, afinal, é ele quem deve conduzir os
trabalhos durante as sessões plenárias.
26. Porém, é possível que o Presidente participe do debate das
matérias, bastando para isso que ele transmita a Presidência ao seu substituto
durante todo o debate da matéria a qual ele se propôs a discutir. Findo o debate,
o Presidente pode retornar ao seu cargo e continuar presidindo os trabalhos o
ponto onde se encontrava.
27. A qualquer momento é lícito ao Presidente, de sua cadeira, fazer ao
Plenário comunicação de interesse da C6amara ou do país, interrompendo se
necessário os trabalhos que estão sendo realizados naquele momento.
28. Para encerrar a discussão sobre as atribuições do Presidente, resta
salientar que é possível ocorrer a delegação de suas competências para os vice-‐
presidentes. Tal mecanismo é previsto no §4º, do art. 17 do RICD.
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
36
29. As atribuições dos Vice-‐Presidentes são pouco detalhadas no RICD.
Consta que estes têm como principal incumbência substituir o Presidente nas
ausências e impedimentos, segundo a numeração ordinal dos cargos. Além disso,
como já mencionado, sempre que o Presidente tiver que se ausentar da Capital
Federal por mais de 48 horas, deve passar o exercício da Presidência ao Primeiro
Vice-‐Presidente ou, na ausência deste, ao Segundo Vice-‐Presidente.
4 -‐ SECRETARIA E SUPLENTES:
30. Conforme já citado, os Secretários terão designação de Primeiro,
Segundo, Terceiro e Quarto-‐Secretário. O RICD expressa apenas as competências
acometidas ao Primeiro-‐Secretário. É ele o responsável por superintender os
serviços administrativos da Câmara e, além disso: “I -‐ receber convites,
representações, petições e memoriais dirigidos à Câmara; II -‐ receber e fazer a
correspondência oficial da Casa, exceto a das Comissões; III -‐ decidir, em primeira
instância, recursos contra atos do Diretor-‐Geral da Câmara; IV -‐ interpretar e fazer
observar o ordenamento jurídico de pessoal e dos serviços administrativos da
Câmara; V -‐ dar posse ao Diretor-‐Geral da Câmara e ao Secretário-‐Geral da Mesa.”
31. Durante as sessões plenárias, os Secretários e os seus Suplentes
devem se substituir conforme sua numeração ordinal, e assim, substituirão o
Presidente, na falta dos Vice-‐Presidentes. Na ausência de suplentes, o Presidente
pode convocar qualquer Deputado para substituir o Secretário faltante.
32. Cumpre necessário transcrever o §3º, do art. 19 do RICD que
estabelece que “os Secretários só poderão usar da palavra, ao integrarem a Mesa
durante a sessão, para chamada dos Deputados, contagem dos votos ou leitura de
documentos ordenada pelo Presidente.”
33. Os Suplentes de Secretário tem designação de Primeiro, Segundo,
Terceiro e Quarto-‐Suplente, lembrando que, durante as eleições, o cargo ao qual
o Deputado se candidata é genérico, ou seja, o Deputado concorre a Suplência de
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
37
Secretária. A definição da posição na qual figurará depende do resultado obtido
na votação, ordenando os escolhidos da maior para a menor votação.
34. Diferentemente dos Secretários, o RICD tratou de elencar algumas
competências específicas aos Suplentes. Importante ressaltar que este é um rol
exemplificativo e que outras atribuições podem ser determinadas pela natureza
da própria função: Art. 19-‐A. São as seguintes as atribuições dos Suplentes de Secretário, além de
outras decorrentes da natureza de suas funções:
I – tomar parte nas reuniões da Mesa e substituir os Secretários, em suas faltas;
II – substituir temporariamente os Secretários, quando licenciados nos termos
previstos no art. 235;
III – funcionar como Relatores e Relatores substitutos nos assuntos que envolvam
matérias não reservadas especificamente a outros membros da Mesa;
IV – propor à Mesa medidas destinadas à preservação e à promoção da imagem da
Câmara dos Deputados e do Poder Legislativo;
V – representar a Mesa, quando a esta for conveniente, nas suas relações externas
à Casa;
VI – representar a Câmara dos Deputados, quando se verificar a impossibilidade de
os Secretários o fazerem, em solenidades e eventos que ofereçam subsídios para
aprimoramento do processo legislativo, mediante designação da Presidência;
VII – integrar, sempre que possível, a juízo do Presidente, as Comissões Externas,
criadas na forma do art. 38, e as Comissões Especiais, nomeadas na forma do art.
17 , inciso I, alínea m;
VIII – integrar grupos de trabalho designados pela Presidência para desempenhar
atividades de aperfeiçoamento do processo legislativo e administrativo.
Parágrafo único. Os Suplentes sempre substituirão os Secretários e substituir-‐se-‐ão
de acordo com sua numeração ordinal. (Artigo acrescido pela Resolução nº 28, de
2002)
5 -‐ COLÉGIO DE LÍDERES
35. O Colégio de Líderes é um órgão plural, deliberativo e
eminentemente político. Tem sua composição explicitada no art. 20 do RICD,
sendo composto pelos Líderes da Maioria, da Minoria, dos Partidos, dos Blocos
Parlamentares e do Governo.
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
38
36. Observem que o Líder de Partido Político que integre Bloco
Parlamentar continua a fazer parte do Colégio de Líderes, porém, neste caso, o
Líder tem direito a voz e não a voto.
37. As deliberações devem ser tomadas, preferencialmente, por
consenso entre os membros, ou seja, por acordo amigável entre as partes.
Quando isto não for possível, prevalecerá o critério da maioria absoluta. Mas
observe, aqui encontramos uma peculiaridade: o peso do voto de cada Líder é
considerado pela expressão numérica da bancada a qual ele representa, ou seja,
é uma média ponderada, onde cada voto tem peso diferente, de acordo com o
número de Deputados que aquele Líder representa.
38. Ressalta-‐se que, em regra, as decisões do Colégio de Líderes tem
caráter opinativo, ou seja, não vinculam ou decidem a atividade legislativa.
Porém, existem decisões que tem caráter imperativo, como no caso de
convocação de sessão extraordinária da Câmara (art. 67, §1º), quando os
membros são obrigados a comparecer.
39. Citamos abaixo as principais competências do Colégio de Líderes
compiladas no livro “Curso de Regimento Interno”, disponível na biblioteca da
Câmara dos Deputados:
6 -‐ SECRETARIA DA MULHER
40. Importante alteração no Regimento Interno, ocorreu por força da
edição da Resolução nº 31, de 2013. Essa Resolução reformulou a antiga
Procuradoria da Mulher, criando o órgão denominado Secretaria de Mulher.
41. Atualmente, esta órgão é subdividido em dois outros, a saber: a
Procuradoria da Mulher e a Coordenadoria dos Direitos da Mulher. Entre esses
dois órgãos não existe hierarquia ou subordinação, apenas divisão de
competências. A Secretaria da Mulher “é um órgão político e institucional que
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
39
atua em benefício da população feminina brasileira, buscando tornar a Câmara
dos Deputados um centro de debate das questões relacionadas à igualdade de
gênero e à defesa dos direitos das mulheres no Brasil e no mundo.”
42. Consta que a Procuradoria da Mulher será constituída por uma
Procuradora e por três Procuradoras Adjuntas. Essas representantes devem ser
eleitas pelas DEPUTADAS da Casa, na primeira quinzena da primeira e da
terceira sessões legislativas, dessa forma, cumprem um mandato de dois anos
sendo expressamente vedada a recondução. Da mesma forma que ocorre nas
eleições para os cargos da Mesa, não será considerada recondução a eleição para
o mesmo cargo em legislaturas diferentes.
43. A eleição para todos os cargos deve ser realizada em votação por
escrutínio secreto, exigindo-‐se maioria absoluta dos votos no primeiro escrutínio
e, maioria simples, em segundo escrutínio. Para início da votação devem estar
presentes a maioria absoluta das Deputadas da Casa.
44. As Procuradoras Adjuntas devem pertencer a partidos distintos e
terão designação de Primeira, Segunda e Terceira e, nessa ordem, substituirão a
Procuradora em seus impedimentos, colaborarão no cumprimento das
atribuições da Procuradoria, podendo, ainda, receber delegações da
Procuradora.
45. No caso de ocorrer vacância do cargo de Procuradora ou de
Procuradora Adjunta deve ser realizada novas eleições para a escolha da
sucessora, salvo se faltarem menos de três meses para o término do mandato.
Neste caso, a sucessão deve se dar através da linha de substituição natural, no
ordem ordinal.
46. A competência da Procuradoria da Mulher esta inscrita no art. 20-‐
D, do RICD, sendo que esta deve zelar pela participação das deputadas nos
órgãos e nas atividades da Câmara dos Deputados e: Art. 20-‐D. Compete à Procuradoria da Mulher, além de zelar pela participação das
deputadas nos órgãos e nas atividades da Câmara dos Deputados:
I -‐ propor medidas destinadas à preservação e à promoção da imagem e da
atuação da mulher na Câmara dos Deputados e no Poder Legislativo;
Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Miguel Zimmermann Martins
40
II -‐ receber, examinar denúncias de violência e discriminação contra a mulher e
encaminhá-‐las aos órgãos competentes;
III -‐ fiscalizar e acompanhar a execução de programas do governo federal que
visem à promoção da igualdade de gênero, assim como à implementação de
campanhas educativas e antidiscriminatórias de âmbito nacional;
IV -‐ cooperar com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados,
voltados à implementação de políticas para a mulher;
V -‐ promover pesquisas e estudos sobre direitos da mulher, violência e
discriminação contra a mulher, e sobre o défice da sua representação na política,
inclusive para fins de divulgação pública e fornecimento de subsídio às Comissões
da Câmara dos Deputados;
VI -‐ receber convites e responder a correspondências destinadas à Procuradoria da
Mulher;
VII -‐ atender autoridades, no âmbito da sua competência, especialmente
parlamentares mulheres e suas delegações nacionais e internacionais, em suas
visitas à Câmara dos Deputados e também encaminhar suas demandas aos órgãos
competentes;
VIII -‐ participar, juntamente com a Coordenadoria dos Direitos da Mulher, de
solenidades e eventos internos na Casa que envolvam políticas para a valorização
da mulher;
IX -‐ representar a Câmara dos Deputados em solenidades e eventos nacionais ou
internacionais especificamente destinados às políticas para a valorização da
mulher, mediante designação da Presidência da Câmara. (Artigo acrescido pela
Resolução nº 31, de 2013)
46. Já a Coordenadoria dos Direitos da Mulher será constituída de uma
Coordenadora-‐Geral dos Direitos da Mulher e de três Coordenadoras Adjuntas
que devem ser eleitas nos mesmos moldes previstos para a Procuradoria da
Mulher, cumprindo um mandato de dois anos, sendo vedada a recondução.
47. Da mesma forma, as Coordenadoras Adjuntas deverão pertencer a
partidos distintos e terão por designação de Primeira, Segunda e Terceira, e,
nessa ordem, devem substituir a Coordenadora-‐Geral dos Direitos da Mulher.
48. Todas as definições exaradas para a Procuradoria da Mulher
devem ser aplicadas por simetria a Coordenadoria dos Direitos da Mulher, dessa
forma, passaremos a tratar das diferenças principais, ou seja, quais as
competências que estão destinadas a este órgão.
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41
49. As competências da Coordenadoria dos Direitos da Mulher estão
definidas no art. 20-‐E, abaixo transcritas: Art. 20-‐E. Compete à Coordenadoria dos Direitos da Mulher:
I -‐ participar, com os Líderes, das reuniões convocadas pelo Presidente da Câmara
dos Deputados, com direito a voz e voto;
II -‐ usar da palavra, pessoalmente ou por delegação, durante o período destinado
às Comunicações de Liderança, por 5 (cinco) minutos, para dar expressão à
posição das deputadas da Casa quanto à votação de proposições e conhecimento
das ações de interesse da Coordenadoria;
III -‐ receber convites e responder a correspondências destinadas à Coordenadoria;
IV -‐ convocar periodicamente reunião das deputadas da Casa para debater
assuntos pertinentes à Coordenadoria;
V -‐ elaborar as prioridades de trabalho e o calendário de reuniões a ser aprovado
pela maioria das deputadas da Casa;
VI -‐ organizar e coordenar o programa de atividades das deputadas da Casa;
VII -‐ constituir e organizar os grupos de trabalho temáticos;
VIII -‐ examinar estudos, pareceres, teses e trabalhos que sirvam de subsídios para
suas atividades;
IX -‐ atender autoridades, no âmbito da sua competência, especialmente
parlamentares mulheres e suas delegações nacionais e internacionais, em suas
visitas à Câmara dos Deputados e também encaminhar suas demandas;
X -‐ promover a divulgação das atividades das deputadas da Casa no âmbito do
Parlamento e perante a sociedade;
XI -‐ participar, juntamente com a Procuradoria da Mulher, de solenidades e
eventos internos na Casa que envolvam políticas para a valorização da mulher;
XII -‐ representar a Câmara dos Deputados em solenidades e eventos nacionais ou
internacionais especificamente destinados às políticas para a valorização da
mulher, mediante designação da Presidência da Câmara dos Deputados. (Artigo
acrescido pela Resolução nº 31, de 2013)
7 -‐ PROCURADORIA PARLAMENTAR
50. A finalidade especifica da Procuradoria Parlamentar “é promover,
em colaboração com a Mesa, a defesa da Câmara, de seus órgãos e membros
quando atingidos em sua honra ou imagem perante a sociedade, em razão do
exercício do mandato ou das suas funções institucionais.”
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51. Algumas peculiaridades devem ser observadas no estudo da
Procuradoria Parlamentar. Em princípio, a Procuradoria é composta por onze
membros que devem ser designados pelo Presidente da Câmara, a cada dois
anos, no início da primeira e da terceira sessões legislativas, com observância,
sempre que possível, do princípio da proporcionalidade partidária.
52. A Procuradoria Parlamentar pode atuar de duas formas diversas:
diretamente ou indiretamente. Vai atuar diretamente providenciando ampla
publicidade reparadora, além da divulgação a que estiver sujeito, por força de lei
ou de decisão judicial, o órgão de comunicação ou de imprensa que veicular
matéria ofensiva à Casa ou a seus membros. Observe que dessa forma, a
Procuradoria Parlamentar atua quase que na função de “relações públicas” da
Casa, buscando reparar eventual dano a imagem da instituição.
53. Atua de forma indireta quando promove através do Ministério
Público, da Advocacia-‐Geral da União ou de mandatários advocatícios, as
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis para obter ampla reparação, inclusive
as referentes a violação da intimidade, a vida privada, a honra e a imagem da
pessoas, cuja proteção esta prevista no inciso X, do art. 5º da CRFB/88.
54. Cuidado que, neste caso, a Procuradoria Parlamentar não possui
legitimidade ativa para provocar o judiciário. É necessário que o feito seja
realizado por intermédio de um dos órgãos citados, sendo possível, inclusive, a
contratação de advogados particulares para a execução de reparação específica.
8 -‐ OUVIDORIA PARLAMENTAR.
55. Composta por um Ouvidor-‐Geral e dois Ouvidores-‐Substitutos que
devem ser designados dentre os membros da casa pelo Presidente da Câmara, a
cada dois anos, no início da sessão legislativa, sendo vedada a recondução no
período subsequente.
56. A Ouvidoria Parlamentar tem suas competências inscritas no art.
21-‐A, a saber:
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43
Art. 21-‐A. Compete à Ouvidoria Parlamentar:
I – receber, examinar e encaminhar aos órgãos competentes as reclamações ou
representações de pessoas físicas ou jurídicas sobre:
a) violação ou qualquer forma de discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais;
b) ilegalidades ou abuso de poder;
c) mau funcionamento dos serviços legislativos e administrativos da Casa;
d) assuntos recebidos pelo sistema 0800 de atendimento à população;
II – propor medidas para sanar as violações, as ilegalidades e os abusos
constatados;
III – propor medidas necessárias à regularidade dos trabalhos legislativos e
administrativos, bem como ao aperfeiçoamento da organização da Câmara dos
Deputados;
IV – propor, quando cabível, a abertura de sindicância ou inquérito destinado a
apurar irregularidades de que tenha conhecimento;
V – encaminhar ao Tribunal de Contas da União, à Polícia Federal, ao Ministério
Público, ou a outro órgão competente as denúncias recebidas que necessitem
maiores esclarecimentos;
VI – responder aos cidadãos e às entidades quanto às providências tomadas pela
Câmara sobre os procedimentos legislativos e administrativos de seu interesse;
VII – realizar audiências públicas com segmentos da sociedade civil. (Artigo
acrescido pela Resolução nº 19, de 2001)
57. Observe que, enquanto no cargo, o Ouvidor-‐Geral possui algumas
prerrogativas para melhor exercer suas funções. Nesse caso, o Ouvidor-‐Geral
pode solicitar informações ou cópias de documentos a qualquer órgão ou
servidor da Câmara dos Deputados; pode ter vista no recinto da Casa de
proposições legislativas, atos e contratos administrativos e quaisquer outros que
se façam necessários; pode requere ou promover diligências e investigações
quando cabíveis.
58. A demora injustificada na resposta às solicitações feitas ou na
adoção das providências requeridas pelo Ouvidor-‐Geral poderá ensejar a
responsabilização da autoridade ou do servidor.
59. Toda a iniciativa provocada ou implementada pela Ouvidoria
Parlamentar terá ampla divulgação pelo órgão de comunicação ou de imprensa
da Casa.
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9 -‐ DA CORREGEDORIA PARLAMENTAR.
60. O mais recente órgão criado de maneira autônoma na Casa.
Anteriormente, membros da Mesa, escolhidos pelo Presidente, que
desempenhavam as atribuições da Corregedoria Parlamentar, não existindo
órgão preciso para esse fim.
61. Composta por um Corregedor e três Corregedores Substitutos, os
membros devem ser designados pelo Presidente da Câmara dos Deputados para
um mandato de dois anos, sendo vedada a recondução no período subsequente,
na mesma legislatura.
62. A Corregedoria Parlamentar tem função intimamente ligada à
Policia Legislativa e a manutenção da ordem, do decoro e da disciplina no âmbito
da Câmara. Suas competências principais estão designadas no art. 21-‐F, do RICD: Art. 21-‐F. Compete à Corregedoria Parlamentar, observado o disposto nos arts.
267, 268, 269 e 271:
I -‐ promover a manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no âmbito da
Câmara dos Deputados;
II -‐ dar cumprimento às determinações da Mesa referentes à segurança interna e
externa da Câmara dos Deputados;
III -‐ promover sindicância ou inquérito para apuração de notícias de ilícitos, no
âmbito da Câmara dos Deputados, que envolvam Deputados.
Parágrafo único. Nas hipóteses de perda de mandato previstas nos incisos IV e V do
art. 55 da Constituição Federal, a análise, no âmbito da Câmara dos Deputados,
restringir-‐se-‐á aos aspectos formais da decisão judicial.
TÍTULO II -‐ COMISSÕES
1 – DIPOSIÇÕES COMUNS ÀS COMISSÕES:
1. As Comissões tem papel fundamental no desenrolar das atividades
típicas do Poder Legislativo. Basta dizer que existem matérias que podem
tramitar exclusivamente nas Comissões e, caso aprovadas, se convertem em lei.
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Atualmente, a própria Constituição Federal traz previsão expressa para a criação
e funcionamento básico das Comissões, in verbis: Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º -‐ Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
2. Alias, foi graças ao texto magno que a importância e as
competências das Comissões foram significativamente ampliados. Podemos dizer
que as Comissões são órgãos colegiados, com atribuições específicas que podem
ser criadas na Câmara dos Deputados, no Senado Federal ou de forma mista,
contando com Deputados e Senadores como membros de maneira simultânea.
3. É uma forma clara de descentralização do processo legislativo que
visa imprimir maior eficiência na atividade legiferante. Lembrando que quando
foi dito que as Comissões tem papel fundamental na atividade típica do Poder
Legislativo queremos dizer nas duas atividades: tanto a legislativa como a
fiscalizatória. Afinal, as Comissões podem exercer a fiscalização contábil e
financeira que o Poder Legislativo titulariza a competência.
4. No Regimento Interno, o art. 22 faz a previsão de dois tipos básico
de Comissões na Câmara dos Deputados: as permanentes e as temporárias. Art. 22. As Comissões da Câmara são: I -‐ Permanentes, as de caráter técnico-‐legislativo ou especializado integrantes da estrutura institucional da Casa, co-‐partícipes e agentes do processo legiferante, que têm por finalidade apreciar os assuntos ou proposições submetidos ao seu exame e sobre eles deliberar, assim como exercer o acompanhamento dos planos e programas governamentais e a fiscalização orçamentária da União, no âmbito dos respectivos campos temáticos e áreas de atuação; II -‐ Temporárias, as criadas para apreciar determinado assunto, que se extinguem ao término da legislatura, ou antes dele, quando alcançado o fim a que se destinam ou expirado seu prazo de duração.
5. Logo, as Comissões Permanentes são aquelas que fazem parte da
estrutura institucional da Casa e, além disso, tem duração continuada, não
encerrando sua existência ao término da legislatura. Diferentemente, as
Comissões Temporárias são criadas para apreciar determinado assunto e tem
prazo para conclusão dos seus trabalhos, não podendo ter sua duração estendida
por mais de uma legislatura e, tem sua existência encerrada ao alcançar o fim a
que se destinam; ou expirar o prazo de duração determinado no ato de sua
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criação ou em dispositivos legais; ou, como já explanado, chegar ao fim a
legislatura na qual foi criada.
6. Em sua composição, tanto nas comissões Permanentes quanto nas
comissões Temporárias é necessário observar o princípio da proporcionalidade
partidária. Nesse sentido, preconiza o art. 23 que “na constituição das Comissões
assegurar-‐se-‐á, tanto quanto possível, a representação proporcional dos Partidos e
dos Blocos Parlamentares que participem da Casa, incluindo-‐se sempre um
membro da Minoria, ainda que pela proporcionalidade não lhe caiba lugar.”
7. Além disso, como regra, “o Deputado que se desvincular de sua
bancada perde automaticamente o direito à vaga que ocupava em razão dela,
ainda que exerça cargo de natureza eletiva.”
8. Quanto a suas competências, devemos fazer uma análise
sistemática do ordenamento jurídico. Como fonte de validade de todo nosso
arcabouço legal, a Constituição é fonte mestre da competência das Comissões,
tratando expressamente de algumas delas, como transcrito abaixo: Art. 58. (...) § 2º -‐ às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I -‐ discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II -‐ realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III -‐ convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV -‐ receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V -‐ solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI -‐ apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer.
9. Ao observar a expressão “em razão da matéria”, podemos concluir
que as Comissões devem ser dividas, em regra, em núcleos temáticos, com
atribuições específicas. E é exatamente isso que ocorre entre as Comissões
Permanentes da Câmara dos Deputados, onde a relação das Comissões existentes
e suas respectivas competências estão elencadas no art. 34 do RICD.
10. Importante observar que a CRFB/88 deu muita importância aos
mecanismos de fiscalização e controle que devem ser utilizados pelas Comissões.
No art. 58, apenas o inciso primeiro do parágrafo segundo traz uma competência
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legislativa; todos os outros incisos dizem respeitos a aspectos do controle
externo, do qual o Congresso Nacional é o titular por força do inscrito no art. 70
da própria Constituição.
11. Essas competências foram detalhadas no art. 24 do RICD, o qual
transcrevemos abaixo para facilitar nossos estudos: Art. 24. Às Comissões Permanentes, em razão da matéria de sua competência, e às demais Comissões, no que lhes for aplicável, cabe: I -‐ discutir e votar as proposições sujeitas à deliberação do Plenário que lhes forem distribuídas; II -‐ discutir e votar projetos de lei, dispensada a competência do Plenário, salvo o disposto no § 2º do art. 132 e excetuados os projetos:
a)de lei complementar; b)de código; c)de iniciativa popular; d)de Comissão; e)relativos a matéria que não possa ser objeto de delegação, consoante o §
1º do art. 68 da Constituição Federal; f)oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham sido aprovados
pelo Plenário de qualquer das Casas; g)que tenham recebido pareceres divergentes; h)em regime de urgência;
III -‐ realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; IV -‐ convocar Ministro de Estado para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, ou conceder-‐lhe audiência para expor assunto de relevância de seu ministério; V -‐ encaminhar, através da Mesa, pedidos escritos de informação a Ministro de Estado; VI -‐ receber petições, reclamações ou representações de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas, na forma do art. 253; VII -‐ solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VIII -‐ acompanhar e apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer, em articulação com a Comissão Mista Permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal; IX -‐ exercer o acompanhamento e a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, em articulação com a Comissão Mista Permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal; X -‐ determinar a realização, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, de diligências, perícias, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal; XI -‐ exercer a fiscalização e o controle dos atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta; XII -‐ propor a sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa, elaborando o respectivo decreto legislativo; XIII -‐ estudar qualquer assunto compreendido no respectivo campo temático ou área de atividade, podendo promover, em seu âmbito, conferências, exposições, palestras ou seminários; XIV -‐ solicitar audiência ou colaboração de órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional, e da sociedade civil, para elucidação de
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matéria sujeita a seu pronunciamento, não implicando a diligência dilação dos prazos. § 1º Aplicam-‐se à tramitação dos projetos de lei submetidos à deliberação conclusiva das Comissões, no que couber, as disposições previstas para as matérias submetidas à apreciação do Plenário da Câmara. (Parágrafo com redação dada pela Resolução nº 58, de 1994) § 2º As atribuições contidas nos incisos V e XII do caput não excluem a iniciativa concorrente de Deputado.
12. Observem inicialmente a prescrição contida no caput deste artigo.
É ali que encontramos a quem se direcionam essas competências: As Comissões
Permanentes (todas as competências) e as Comissões Especiais (apenas as que
forem aplicáveis)13.
13. Além disso, de acordo com a temática de cada Comissão, ela deve
discutir e votar as proposições sujeitas à deliberação do Plenário que lhes forem
distribuídas. Essa distribuição acontece por despacho do Presidente da Câmara
dos Deputados que analisa a matéria de cada proposição e determina qual
caminho ela deve percorrer entre os órgãos legislativos.
14. A segunda competência, e talvez a mais relevante, diz respeito a
capacidade que esse órgãos tem de discutir e votar os projetos de lei, dispensada
a competência do Plenário. Lembramos que Plenário é um “órgão colegiado”
composto pela totalidade dos 513 deputados que se reúnem para deliberar sobre
as matérias de competência da Câmara dos Deputados.
15. Ao estabelecer que existem projetos de lei que podem dispensar a
aprovação do Plenário, tramitando apenas nas comissões, o Regimento agiu de
maneira inversa, estabelecendo quais matérias não podem ser analisadas por
esse procedimento. Em tempo, denomina-‐se Poder Conclusivo a capacidade que
as Comissões possuem para analisar, discutir e votar projetos de lei dispensando
a competência do Plenário.
16. Não podem ser alvo do poder conclusivo os projetos de lei
complementar; de código; de iniciativa popular; de comissão; relativos a
matérias que não possam ser objeto de delegação, previstas no §1º do art. 68 da
Constituição Federal; oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham
13 A Comissões Especiais são espécies de comissões temporárias que serao estudadas oportunamente.
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sido aprovados pelo Plenário de qualquer das Casas; que tenham recebido
pareceres divergentes e as em regime de urgência.
17. Todos os projetos que não se enquadram nas vedações anteriores
podem tramitar de maneira conclusiva pelas comissões. Ocorrer que a
Constituição Federal faz previsão de um recurso para que a matéria que tenha
tramitado conclusivamente seja levada a discussão ao Plenário da casa.
18. O recurso contra tramitação conclusiva deve ser apresentado em
até 5 sessões, subscrito por, ao menos, 1/10 dos membros da casa e deve indicar
qual o objeto apreciado conclusivamente que deverá ser alvo de discussão e
votação pelo Plenário.
19. Outras competências importantes dizem respeito a atividade de
controle e fiscalização exercida pela Câmara dos Deputados, que acaba
concentrada no âmbito das Comissões.
2 -‐ COMISSÕES PERMANENTES:
20. Tratando especificamente das Comissões Permanentes, o RICD
prevê que “o número de membros efetivos das Comissões Permanentes será fixado
por ato da Mesa, ouvido o Colégio de Líderes, no início dos trabalhos de cada
legislatura.”
21. Como de costume, deve-‐se observar, sempre que possível, o
principio da proporcionalidade partidária e demais critérios e normas para a
representação das bancadas.
22. Nenhuma Comissões terá mais de doze centésimo nem menos de
três e meio centésimos do total de deputados, desprezando-‐se a fração. Este é o
texto regimental que esta expresso no §2º do art. 25 o RICD. Então, em regra,
uma comissão permanente pode ter no máximo 61 vagas e no mínimo 17 vagas.
23. Ocorre que a 54º Legislatura (que vai de 2012 as 31 de janeiro de
2015) tem disposições especiais para a composição de suas comissões
permanentes. A Resolução nº 21, de 2013, alterou o número de comissões
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permanentes da Casa, de 20 para 21 Comissões Permanentes). Já a Resolução nº
12, de 2012, alterou o limites máximo de membros efetivos em uma comissão
permanente, passando a ser treze centésimos, totalizando 66 vagas.
24. Lembramos que nesse cálculo, não é levado em conta o número
total de membros da casa (513) e sim o número de membros da casa menos os
cargos titulares da Mesa (que não podem ter assento em Comissão Permanente),
totalizando 506 vagas disponíveis.
25. Em regra, um parlamentar pode ser titular de apenas uma
Comissão Permanente. Essa vedação visa evitar que o parlamentar assuma
obrigações maiores do que pode desempenhar e pretende melhorar a qualidade
das deliberações desses órgãos colegiados. Porém, o RICD trás algumas exceções
de Comissões Permanentes que não entram nesse cálculo de acumulação
indevida.
26. O §2º do Art. 26 aponta que a Comissão de Legislação Participativa
(CLP) e a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado
(CSPCCO) podem ser titularizadas em conjunto com outras comissões e suas
vagas não entram na divisão originária estudada anteriormente. As Resoluções
12/2012 e 22/2013 previram que, até 31 de janeiro de 2015, essa exceção deve
ser aplicada à Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da
Amazônia (CINDRA) e à Comissão de Cultura (CCULT).
27. Ou seja, é possível a acumulação de titularidade de comissões
permanentes por parlamentar. O Ato da Mesa nº 87/2013 estabelece que o total
de vagas titulares nas comissões permanentes é de 584, além das 7 vagas da
Mesa. Dessa forma, segundo consta no Curso de Regimento Interno, 2º Edição, a
distribuição das vagas seria realizada da seguinte forma: 20 vagas para a CCULT
+ 20 vagas para a CINDRA + 18 vagas para CLP + 20 vagas para CSPCCO + 506
vagas distribuídas entre as demais comissões permanentes, totalizando as 584
vagas titulares.
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28. Conforme já citado, a distribuição das vagas nas comissões
permanentes será organizada pela Mesa, logo após a fixação da respectiva
composição numérica e deve ser mantida durante toda legislatura.
29. Observem com atenção que o § 2º do art. 26, determina que
nenhum deputado poderá fazer parte, como membro titular, de mais de uma
comissão permanente. Essa regra encontra as exceções já mencionadas: a
Comissão de Legislação Participativa (CLP), a Comissão de Segurança Pública e
Combate ao Crime Organizado (CSPCCO) e, durante a 54º Legislatura, a Comissão
de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA) e a
Comissão de Cultura (CCULT).
30. Mesmo que o Deputado não esteja filiado, momentaneamente, a
uma legenda partidária, a ele é assegurado (como a todos os Deputados) o
direito de integrar, como titular, ao menos uma comissão. Ainda quando este
Deputado não possa concorrer às vagas existentes pelo cálculo da
proporcionalidade.
31. Essa regra se aplica aos chamados “partidos nanicos”, com
pequena representação na Casa e que, pelo critério da proporcionalidade
partidária, acabam ficando fora da divisão inicial das vagas. Como a todos os
membros é assegurada ao menos uma vaga como titular, mesmo que o partido
não obtenha direito direto a vaga em nenhuma Comissão, o Deputado pode
requerer o seu lugar que será avaliado pelos critérios estabelecidos no
Regimento Interno.
32. Essa divisão dos números de vagas aos Partidos e Blocos
parlamentares é realizada com base nos critérios estabelecidos no art. 27, a
saber: Art. 27. A representação numérica das bancadas em cada Comissão será estabelecida com a divisão do número de membros do Partido ou Bloco Parlamentar, aferido na forma do § 4° do art. 8° deste Regimento, pelo quociente resultante da divisão do número de membros da Câmara pelo número de membros da Comissão; o inteiro do quociente assim obtido, denominado quociente partidário, representará o número de lugares a que o Partido ou Bloco Parlamentar poderá concorrer na Comissão. (“Caput” do artigo com redação dada pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor a partir de 01/02/2007)
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§ 1º As vagas que sobrarem, uma vez aplicado o critério do caput, serão destinadas aos Partidos ou Blocos Parlamentares, levando-‐se em conta as frações do quociente partidário, da maior para a menor. § 2º Se verificado, após aplicados os critérios do caput e do parágrafo anterior, que há Partido ou Bloco Parlamentar sem lugares suficientes nas Comissões para a sua bancada, ou Deputado sem legenda partidária, observar-‐se-‐á o seguinte: I -‐ a Mesa dará quarenta e oito horas ao Partido ou Bloco Parlamentar nessa condição para que declare sua opção por obter lugar em Comissão em que não esteja ainda representado; II -‐ havendo coincidência de opções terá preferência o Partido ou Bloco Parlamentar de maior quociente partidário, conforme os critérios do caput e do parágrafo antecedente; III -‐ a vaga indicada será preenchida em primeiro lugar; IV -‐ só poderá haver o preenchimento de segunda vaga decorrente de opção, na mesma Comissão, quando em todas as outras já tiver sido preenchida uma primeira vaga, em idênticas condições; V -‐ atendidas as opções do Partido ou Bloco Parlamentar, serão recebidas as dos Deputados sem legenda partidária; VI -‐ quando mais de um Deputado optante escolher a mesma Comissão, terá preferência o mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas. § 3º Após o cumprimento do prescrito no parágrafo anterior, proceder-‐se-‐á à distribuição das demais vagas entre as bancadas com direito a se fazer representar na Comissão, de acordo com o estabelecido no caput, considerando-‐se para efeito de cálculo da proporcionalidade o número de membros da Comissão diminuído de tantas unidades quantas as vagas preenchidas por opção.
33. Conforme já afirmado, a divisão de vagas é feita com base no
resultado proclamado pela Justiça Eleitoral e deve permanecer inalterado por
toda a Legislatura.
34. Definida, na 1ª (primeira) sessão legislativa de cada legislatura, a
representação numérica dos Partidos e Blocos Parlamentares nas Comissões, os
Líderes comunicarão à Presidência, no prazo de 5 (cinco) sessões, os nomes dos
membros das respectivas bancadas que, como titulares e suplentes, as
integrarão; esse prazo contar-‐se-‐á, nas demais sessões legislativas, do dia de
início dessas.
35. O Presidente fará, de ofício, a designação se, no prazo fixado, a
Liderança não comunicar os nomes de sua representação para compor as
Comissões, nos termos do § 3º do art. 45.
36. Juntamente com a composição nominal das Comissões, o
Presidente mandará publicar no Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da
Ordem do Dia a convocação destas para eleger os respectivos Presidentes e Vice-‐
Presidentes, na forma do art. 39.
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2.1 -‐ SUBCOMISSÕES E TURMAS:
37. Também importante, precisamos examinar como se organizam as
comissões permanentes para que melhor possam desempenhar suas atribuições.
Em regra, uma Comissão pode constituir subcomissões permanentes ou/e
subcomissões especiais.
38. As subcomissões permanentes são constituídas por proposta da
maioria absoluta dos membros do colegiado e tem como membros os próprios
componentes (parte deles), sendo reservada parte das matérias do respectivo
campo temático ou área de atuação.
39. Por sua vez, as subcomissões especiais podem ser constituídas por
proposta de qualquer um dos membros do órgão colegiado para desempenhar
atividades específicas ou para o trato de assuntos definidos no respectivo ato de
criação.
40. Nenhuma comissão permanente poderá contar com mais de 3
subcomissões permanentes e de três subcomissões especiais em funcionamento
simultâneo. Dessa forma, é possível, por exemplo, a existência de 3 subcomissões
especiais e 2 subcomissões permanentes trabalhando simultaneamente em uma
Comissão.
41. No funcionamento dessas subcomissões devem ser observados, no
que couber, as disposições regimentais referente ao funcionamento das
comissões permanentes, que trataremos a seguir.
42. O plenário da comissão deve fixar o número de membros de cada
subcomissão, respeitando ainda o princípio da representação proporcional, e
definindo as matérias reservadas para cada subcomissão, bem como os objetivos
e metas das subcomissões especiais.
43. Quanto as Turmas é necessário muita atenção, pois o Regimento
prevê que “as Comissões Permanentes que não constituírem Subcomissões
Permanentes poderão ser divididas em duas Turmas, excluído o Presidente,
ambas sem poder decisório.”
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44. Observem que uma Comissão pode contar com Subcomissão
Especial e mesmo assim, ser dividida em Turmas. O que se veda é a presença
simultânea de Turmas e Subcomissões Permanentes, pois na prática, ambas
possuem a mesma finalidade: aumentar o critério de especialização e eficiência
no trato das matérias submetidas ao colegiado.
45. Outro elemento importante é que o verbo “poderão” expressa uma
possibilidade e não uma obrigação. Caso o colegiado decida pela divisão em
Turmas, o presidente da comissão não participa de nenhuma das duas Turmas
criadas. Por obvio, nem as turmas, nem as subcomissões, possuem poder
decisório.
46. Deve presidir à turma um vice-‐presidente da comissão,
substituindo-‐o o membro mais idosos, dentre os de maior número de
legislaturas. Os membros de uma turma são suplentes preferenciais da outra,
respeitada a proporcionalidade partidária, ou seja, em regra, apenas membros
do mesmo partido ou bloco parlamentar podem se substituir.
47. As turmas podem discutir os assunto que lhes forem distribuídos,
desde que presentes mais da metade dos seus membros. A matéria que for
apreciada concluirá por um relatório que estará sujeito à deliberação do plenário
da respectiva comissão. Dessa forma, as decisões finais são tomadas sempre pela
totalidade da composição, na figura do plenário da Comissão.
48. Transcrevemos abaixo a listagem das comissões permanentes
atuais e seu respectivo campo temático: Art. 32. São as seguintes as Comissões Permanentes e respectivos campos temáticos ou áreas de atividade: I -‐ Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural: a) política agrícola e assuntos atinentes à agricultura e à pesca profissional, destacadamente: 1 -‐ organização do setor rural; política nacional de cooperativismo; condições sociais no meio rural; migrações rural-‐urbanas; 2 -‐ estímulos fiscais, financeiros e creditícios à agricultura, à pesquisa e experimentação agrícolas; 3 -‐ política e sistema nacional de crédito rural; 4 -‐ política e planejamento agrícola e política de desenvolvimento tecnológico da agropecuária; extensão rural; 5 -‐ seguro agrícola; 6 -‐ política de abastecimento, comercialização e exportação de produtos agropecuários, marinhos e da aquicultura;
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7 -‐ política de eletrificação rural; 8 -‐ política e programa nacional de irrigação; 9 -‐ vigilância e defesa sanitária animal e vegetal; 10 -‐ padronização e inspeção de produtos vegetais e animais; 11 -‐ padronização, inspeção e fiscalização do uso de defensivos agrotóxicos nas atividades agropecuárias; 12 -‐ política de insumos agropecuários; 13 -‐ meteorologia e climatologia; b) política e questões fundiárias; reforma agrária; justiça agrária; direito agrário, destacadamente: 1 -‐ uso ou posse temporária da terra; contratos agrários; 2 -‐ colonização oficial e particular; 3 -‐ regularização dominial de terras rurais e de sua ocupação; 4 -‐ aquisição ou arrendamento de imóvel rural por pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras e na faixa de fronteira; 5 -‐ alienação e concessão de terras públicas; II -‐ Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional: a) assuntos relativos à região amazônica, especialmente: 1 -‐ integração regional e limites legais; 2 -‐ valorização econômica; 3 -‐ assuntos indígenas; 4 -‐ caça, pesca, fauna e flora e sua regulamentação; 5 -‐ exploração dos recursos minerais, vegetais e hídricos; 6 -‐ turismo; 7 -‐ desenvolvimento sustentável; b) desenvolvimento e integração da região amazônica; planos regionais de desenvolvimento econômico e social; incentivo regional da Amazônia; c) desenvolvimento e integração de regiões; planos regionais de desenvolvimento econômico e social; incentivos regionais; d) planos nacionais e regionais de ordenação do território e de organização político-‐administrativa; e) assuntos de interesse federal nos Municípios, Estados, Territórios e no Distrito Federal; f) sistema nacional de defesa civil; política de combate às calamidades; g) migrações internas; III -‐ Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática: a) desenvolvimento científico e tecnológico; política nacional de ciência e tecnologia e organização institucional do setor; acordos de cooperação com outros países e organismos internacionais; b) sistema estatístico, cartográfico e demográfico nacional; c) os meios de comunicação social e a liberdade de imprensa; d) a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão; e) assuntos relativos a comunicações, telecomunicações, informática, telemática e robótica em geral; f) indústrias de computação e seus aspectos estratégicos; g) serviços postais, telegráficos, telefônicos, de telex, de radiodifusão e de transmissão de dados; h) outorga e renovação da exploração de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; i) política nacional de informática e automação e de telecomunicações; j) regime jurídico das telecomunicações e informática; IV -‐ Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania: a) aspectos constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa de projetos, emendas ou substitutivos sujeitos à apreciação da Câmara ou de suas Comissões; b) admissibilidade de proposta de emenda à Constituição; c) assunto de natureza jurídica ou constitucional que lhe seja submetido, em consulta, pelo Presidente da Câmara, pelo Plenário ou por outra Comissão, ou em razão de recurso previsto neste Regimento;
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d) assuntos atinentes aos direitos e garantias fundamentais, à organização do Estado, à organização dos Poderes e às funções essenciais da Justiça; e) matérias relativas a direito constitucional, eleitoral, civil, penal, penitenciário, processual, notarial; f) Partidos Políticos, mandato e representação política, sistemas eleitorais e eleições; g) registros públicos; h) desapropriações; i) nacionalidade, cidadania, naturalização, regime jurídico dos estrangeiros; emigração e imigração; j) intervenção federal; l) uso dos símbolos nacionais; m) criação de novos Estados e Territórios; incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Estados ou de Territórios; n) transferência temporária da sede do Governo; o) anistia; p) direitos e deveres do mandato; perda de mandato de Deputado, nas hipóteses dos incisos I, II e VI do art. 55 da Constituição Federal; pedidos de licença para incorporação de Deputados às Forças Armadas; q) redação do vencido em Plenário e redação final das proposições em geral; V -‐ Comissão de Defesa do Consumidor: a) economia popular e repressão ao abuso do poder econômico; b) relações de consumo e medidas de defesa do consumidor; c) composição, qualidade, apresentação, publicidade e distribuição de bens e serviços; VI -‐ Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio: a) matérias atinentes a relações econômicas internacionais; b) assuntos relativos à ordem econômica nacional; c) política e atividade industrial, comercial e agrícola; setor econômico terciário, exceto os serviços de natureza financeira; d) sistema monetário; moeda; câmbio e reservas cambiais; e) comércio exterior; políticas de importação e exportação em geral; acordos comerciais, tarifas e cotas; f) atividade econômica estatal e em regime empresarial; programas de privatização; monopólios da União; g) proteção e benefícios especiais temporários, exceto os de natureza financeira e tributária, às empresas brasileiras de capital nacional; h) cooperativismo e outras formas de associativismo na atividade econômica, exceto quando relacionados com matéria própria de outra Comissão; i) regime jurídico das empresas e tratamento preferencial para microempresas e para empresas de pequeno porte; j) fiscalização e incentivo pelo Estado às atividades econômicas; diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado; planos nacionais e regionais ou setoriais; l) matérias relativas a direito comercial, societário e falimentar; direito econômico; m) propriedade industrial e sua proteção; n) registro de comércio e atividades afins; o) políticas e sistema nacional de metrologia, normalização e qualidade industrial; VII -‐ Comissão de Desenvolvimento Urbano: a) assuntos atinentes a urbanismo e arquitetura; política e desenvolvimento urbano; uso, parcelamento e ocupação do solo urbano; habitação e sistema financeiro da habitação; transportes urbanos; infra-‐estrutura urbana e saneamento ambiental; b) matérias relativas a direito urbanístico e a ordenação jurídico-‐urbanística do território; planos nacionais e regionais de ordenação do território e da organização político-‐administrativa; c) política e desenvolvimento municipal e territorial; d) matérias referentes ao direito municipal e edílico;
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e) regiões metropolitanas, aglomerações urbanas, regiões integradas de desenvolvimento e microrregiões; VIII -‐ Comissão de Direitos Humanos e Minorias: a) recebimento, avaliação e investigação de denúncias relativas a ameaça ou violação de direitos humanos; b) fiscalização e acompanhamento de programas governamentais relativos à proteção dos direitos humanos; c) colaboração com entidades não-‐governamentais, nacionais e internacionais, que atuem na defesa dos direitos humanos; d) pesquisas e estudos relativos à situação dos direitos humanos no Brasil e no mundo, inclusive para efeito de divulgação pública e fornecimento de subsídios para as demais Comissões da Casa; e) assuntos referentes às minorias étnicas e sociais, especialmente aos índios e às comunidades indígenas; regime das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios; f) preservação e proteção das culturas populares e étnicas do País; IX -‐ Comissão de Educação: a) assuntos atinentes à educação em geral; b) política e sistema educacional, em seus aspectos institucionais, estruturais, funcionais e legais; c) direito da educação; d) recursos humanos e financeiros para a educação; e) (revogada); f) (revogada); (Inciso com redação dada pela Resolução nº 21, de 2013) X -‐ Comissão de Finanças e Tributação: a) sistema financeiro nacional e entidades a ele vinculadas; mercado financeiro e de capitais; autorização para funcionamento das instituições financeiras; operações financeiras; crédito; bolsas de valores e de mercadorias; sistema de poupança; captação e garantia da poupança popular; b) sistema financeiro da habitação; c) sistema nacional de seguros privados e capitalização; d) títulos e valores mobiliários; e) regime jurídico do capital estrangeiro; remessa de lucros; f) dívida pública interna e externa; g) matérias financeiras e orçamentárias públicas, ressalvada a competência da Comissão Mista Permanente a que se refere o art. 166, § 1º, da Constituição Federal; normas gerais de direito financeiro; normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para a administração pública direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; h) aspectos financeiros e orçamentários públicos de quaisquer proposições que importem aumento ou diminuição da receita ou da despesa pública, quanto à sua compatibilidade ou adequação com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual; i) fixação da remuneração dos membros do Congresso Nacional, do Presidente e do Vice-‐Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos membros da magistratura federal; j) sistema tributário nacional e repartição das receitas tributárias; normas gerais de direito tributário; legislação referente a cada tributo; l) tributação, arrecadação, fiscalização; parafiscalidade; empréstimos compulsórios; contribuições sociais; administração fiscal; XI -‐ Comissão de Fiscalização Financeira e Controle: a) tomada de contas do Presidente da República, na hipótese do art. 51, II, da Constituição Federal; b) acompanhamento e fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, incluídas as sociedades e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, sem prejuízo do exame por parte das demais Comissões nas áreas das respectivas competências e em articulação com a Comissão Mista Permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal;
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c) planos e programas de desenvolvimento nacional ou regional, após exame, pelas demais Comissões, dos programas que lhes disserem respeito; d) representações do Tribunal de Contas solicitando sustação de contrato impugnado ou outras providências a cargo do Congresso Nacional, elaborando, em caso de parecer favorável, o respectivo projeto de decreto legislativo (Constituição Federal, art. 71, § 1º); e) exame dos relatórios de atividades do Tribunal de Contas da União (Constituição Federal, art. 71, § 4º); f) requisição de informações, relatórios, balanços e inspeções sobre as contas ou autorizações de despesas de órgãos e entidades da administração federal, diretamente ou por intermédio do Tribunal de Contas da União; XII -‐ Comissão de Legislação Participativa: a) sugestões de iniciativa legislativa apresentadas por associações e órgãos de classe, sindicatos e entidades organizadas da sociedade civil, exceto Partidos Políticos; b) pareceres técnicos, exposições e propostas oriundas de entidades científicas e culturais e de qualquer das entidades mencionadas na alínea a deste inciso; XIII -‐ Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável: a) política e sistema nacional do meio ambiente; direito ambiental; legislação de defesa ecológica; b) recursos naturais renováveis; flora, fauna e solo; edafologia e desertificação; c) desenvolvimento sustentável; XIV -‐ Comissão de Minas e Energia: a) políticas e modelos mineral e energético brasileiros; b) a estrutura institucional e o papel dos agentes dos setores mineral e energético; c) fontes convencionais e alternativas de energia; d) pesquisa e exploração de recursos minerais e energéticos; e) formas de acesso ao bem mineral; empresas de mineração; f) política e estrutura de preços de recursos energéticos; g) comercialização e industrialização de minérios; h) fomento à atividade mineral; i) regime jurídico dos bens minerais e dos recursos energéticos; j) gestão, planejamento e controle dos recursos hídricos; regime jurídico de águas públicas e particulares; XV -‐ Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional: a) relações diplomáticas e consulares, econômicas e comerciais, culturais e científicas com outros países; relações com entidades internacionais multilaterais e regionais; b) política externa brasileira; serviço exterior brasileiro; c) tratados, atos, acordos e convênios internacionais e demais instrumentos de política externa; d) direito internacional público; ordem jurídica internacional; nacionalidade; cidadania e naturalização; regime jurídico dos estrangeiros; emigração e imigração; e) autorização para o Presidente ou o Vice-‐Presidente da República ausentar-‐se do território nacional; f) política de defesa nacional; estudos estratégicos e atividades de informação e contra-‐informação; g) Forças Armadas e Auxiliares; administração pública militar; serviço militar e prestação civil alternativa; passagem de forças estrangeiras e sua permanência no território nacional; envio de tropas para o exterior; h) assuntos atinentes à faixa de fronteira e áreas consideradas indispensáveis à defesa nacional; i) direito militar e legislação de defesa nacional; direito marítimo, aeronáutico e espacial; j) litígios internacionais; declaração de guerra; condições de armistício ou de paz; requisições civis e militares em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; m) outros assuntos pertinentes ao seu campo temático; XVI -‐ Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado:
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a) assuntos atinentes à prevenção, fiscalização e combate ao uso de drogas e ao tráfico ilícito de entorpecentes ou atividades conexas; b) combate ao contrabando, crime organizado, seqüestro, lavagem de dinheiro, violência rural e urbana; c) controle e comercialização de armas, proteção a testemunhas e vítimas de crime, e suas famílias; d) matérias sobre segurança pública interna e seus órgãos institucionais; e) recebimento, avaliação e investigação de denúncias relativas ao crime organizado, narcotráfico, violência rural e urbana e quaisquer situações conexas que afetem a segurança pública; f) sistema penitenciário, legislação penal e processual penal, do ponto de vista da segurança pública; g) políticas de segurança pública e seus órgãos institucionais; h) fiscalização e acompanhamento de programas e políticas governamentais de segurança pública; i) colaboração com entidades não-‐governamentais que atuem nas matérias elencadas nas alíneas deste inciso, bem como realização de pesquisas, estudos e conferências sobre as matérias de sua competência; XVII -‐ Comissão de Seguridade Social e Família: a) assuntos relativos à saúde, previdência e assistência social em geral; b) organização institucional da saúde no Brasil; c) política de saúde e processo de planificação em saúde; sistema único de saúde; d) ações e serviços de saúde pública, campanhas de saúde pública, erradicação de doenças endêmicas; vigilância epidemiológica, bioestatística e imunizações; e) assistência médica previdenciária; instituições privadas de saúde; f) medicinas alternativas; g) higiene, educação e assistência sanitária; h) atividades médicas e paramédicas; i) controle de drogas, medicamentos e alimentos; sangue e hemoderivados; j) exercício da medicina e profissões afins; recursos humanos para a saúde; l) saúde ambiental, saúde ocupacional e infortunística; seguro de acidentes do trabalho urbano e rural; m) alimentação e nutrição; n) indústria químico-‐farmacêutica; proteção industrial de fármacos; o) organização institucional da previdência social do País; p) regime geral e regulamentos da previdência social urbana, rural e parlamentar; q) seguros e previdência privada; r) assistência oficial, inclusive a proteção à maternidade, à criança, ao adolescente, aos idosos e aos portadores de deficiência; s) regime jurídico das entidades civis de finalidades sociais e assistenciais; t) matérias relativas à família, à mulher, à criança, ao adolescente, ao idoso e à pessoa portadora de deficiência física ou mental; u) direito de família e do menor; XVIII -‐ Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público: a) matéria trabalhista urbana e rural; direito do trabalho e processual do trabalho e direito acidentário; b) contrato individual e convenções coletivas de trabalho; c) assuntos pertinentes à organização, fiscalização, tutela, segurança e medicina do trabalho; d) trabalho do menor de idade, da mulher e do estrangeiro; e) política salarial; f) política de emprego; política de aprendizagem e treinamento profissional; g) dissídios individual e coletivo; conflitos coletivos de trabalho; direito de greve; negociação coletiva; h) Justiça do Trabalho; Ministério Público do Trabalho; i) sindicalismo e organização sindical; sistema de representação classista; política e liberdade sindical; j) relação jurídica do trabalho no plano internacional; organizações internacionais; convenções;
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l) relações entre o capital e o trabalho; m) regulamentação do exercício das profissões; autarquias profissionais; n) organização político-‐administrativa da União e reforma administrativa; o) matéria referente a direito administrativo em geral; p) matérias relativas ao serviço público da administração federal direta e indireta, inclusive fundacional; q) regime jurídico dos servidores públicos civis e militares, ativos e inativos; r) regime jurídico-‐administrativo dos bens públicos; s) prestação de serviços públicos em geral e seu regime jurídico; XIX -‐ Comissão de Turismo e Desporto: a) política e sistema nacional de turismo; b) exploração das atividades e dos serviços turísticos; c) colaboração com entidades públicas e não-‐governamentais nacionais e internacionais, que atuem na formação de política de turismo; d) sistema desportivo nacional e sua organização; política e plano nacional de educação física e desportiva; e) normas gerais sobre desporto; justiça desportiva; XX -‐ Comissão de Viação e Transportes: a) assuntos referentes ao sistema nacional de viação e aos sistemas de transportes em geral; b) transportes aéreo, marítimo, aquaviário, ferroviário, rodoviário e metroviário; transporte por dutos; c) ordenação e exploração dos serviços de transportes; d) transportes urbano, interestadual, intermunicipal e internacional; e) marinha mercante, portos e vias navegáveis; navegação marítima e de cabotagem e a interior; direito marítimo; f) aviação civil, aeroportos e infra-‐estrutura aeroportuária; segurança e controle do tráfego aéreo; direito aeronáutico; g) transporte de passageiros e de cargas; regime jurídico e legislação setorial; acordos e convenções internacionais; responsabilidade civil do transportador; h) segurança, política, educação e legislação de trânsito e tráfego. XXI -‐ Comissão de Cultura: a) desenvolvimento cultural, inclusive patrimônio histórico, geográfico, arqueológico, cultural, artístico e científico, acordos culturais com outros países; b) direito de imprensa, informação e manifestação do pensamento e expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação; c) produção intelectual e sua proteção, direitos autorais e conexos; d) gestão da documentação governamental e patrimônio arquivístico nacional; e) diversões e espetáculos públicos; f) datas comemorativas; g) homenagens cívicas. (Inciso acrescido pela Resolução nº 21, de 2013) Parágrafo único. Os campos temáticos ou áreas de atividades de cada Comissão Permanente abrangem ainda os órgãos e programas governamentais com eles relacionados e respectivo acompanhamento e fiscalização orçamentária, sem prejuízo da competência da Comissão Mista Permanente a que se refere o art. 166, § 1º, da Constituição Federal. (Artigo com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004)
3 – COMISSÕES TEMPORÁRIAS:
49. A comissões temporárias podem ser de três tipos diferentes:
especiais, de inquérito ou externas. São constituídas por número variável de
membros, que devem ser previstos no ato de criação do colegiado ou no
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requerimento de sua constituição. São designados pelo Presidente, por indicação
dos líderes, ou independentemente desta se, no prazo de quarenta e oito horas
após a criação da comissão, o líder não fizer suas escolhas.
50. Deve-‐se observar o princípio da proporcionalidade partidária e o
rodízio entre as bancadas não contempladas, de tal forma que todos os partidos
ou blocos parlamentares possam fazer-‐se representar. A participação do
Deputado em comissão temporária deve se dar sem prejuízo de suas funções nas
comissões permanentes.
3.1 – COMISSÕES ESPECIAIS
51. Quanto as comissões especiais, podemos dizer que são órgãos de
extrema importância na realização do processo legislativo. O art. 34 traz três
hipóteses em que elas devem ser constituídas: no caso de proposta de emenda à
Constituição, no caso de projeto de código e quando a proposição versar matéria
de competência de MAIS DE três Comissões, in verbis: Art. 34. As Comissões Especiais serão constituídas para dar parecer sobre: I -‐ proposta de emenda à Constituição e projeto de código, casos em que sua organização e funcionamento obedecerão às normas fixadas nos Capítulos I e III, respectivamente, do Título VI; II -‐ proposições que versarem matéria de competência de mais de três Comissões que devam pronunciar-‐se quanto ao mérito, por iniciativa do Presidente da Câmara, ou a requerimento de Líder ou de Presidente de Comissão interessada.
52. Porém, ao longo do texto regimental, outras três hipóteses são
aventadas, a saber: para modificação ou reforma do Regimento Interno da
Câmara dos Deputados, conforme disposto no art. 216; no caso de processo nos
crimes de responsabilidade do Presidente e Vice-‐presidente da República e
ministro de Estado, quando conexos, nos termos do art. 218; e uma hipótese
mais genérica, que prevê a criação de comissão especial sempre que o presidente
da Câmara assim determinar, nos termos do art. 17, I, m.
53. Pelo menos metade dos membros titulares da comissão especial
constituída para dar parecer sobre o mérito de matérias, nos termos do art. 34,
II, do RICD, devem ser constituída por membros titulares das comissões
permanentes que deveriam ser chamadas a opinar sobre a proposição em causa.
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54. Neste caso, caberá a comissão especial o exame de admissibilidade
e do mérito da proposição principal e das emendas que lhe forem apresentadas.
3.2 -‐ COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO
55. Chegamos ao exemplo maior do exercício da atividade de
fiscalização que pode ser exercida pelo Congresso Nacional, e em especial, pela
Câmara dos Deputados.
56. As comissões parlamentares de inquérito (CPI) tem assento
constitucional e nos dizeres de Gilmar Mendes “(...) são concebidas para viabilizar
o inquérito necessário ao exercício preciso do poder de fiscalizar e de decidir,
entregue ao Legislativo”.14
57. Da Constituição extraímos seus elementos básicos: Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 3º -‐ As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
58. Pois bem, uma CPI pode ser criada no âmbito da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal ou de forma mista, tendo entre seus membros
Deputados e Senadores. Aqui nos interessa a CPI criada pela Câmara dos
Deputados.
59. A CPI pode ser criada por requerimento de um terço do membros
da Casa. Observem que este requisito básico é uma forma de privilegiar o direito
das minorias. Isso foi assim consignado pelo STF no Mandado de Segurança nº
24.831, Relatoria do Ministro Celso de Mello, de 22/6/2005, “afronta o direito
público subjetivo (...) assegurado às minorias legislativas de ver instaurado o
inquérito parlamentar, com apoio no direito de oposição, legítimo consectário do
princípio democrático”.
14 MENDES, Gilmar, Curso de Direito Constitucional, 8º Edição, pág. 851
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60. Por outro lado, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados faz
previsão expressa de um limite ao número de CPIs em funcionamento
simultâneo na casa: 5. Após a criação da quinta CPI, as demais que forem
solicitadas só podem ser criadas por projeto de Resolução, que deve ser
deliberado em Plenário, in verbis: Art. 35, § 4º Não será criada Comissão Parlamentar de Inquérito enquanto estiverem funcionando pelo menos cinco na Câmara, salvo mediante projeto de resolução com o mesmo quórum de apresentação previsto no caput deste artigo.
61. Essa previsão regimental foi alvo da AI-‐MC. 1.635/DF. Julgada em
25/9/1997, sob relatoria do Ministro Maurício Corrêa, que admitiu a validade
dessa limitação, muito embora não prevista nem na Constituição Federal, nem na
Lei nº 1.579/52, que permanece perfeitamente aplicável aos feitos das CPIs.
62. Quanto ao objeto, deve ser determinado. O próprio RICD nos traz a
definição de “fato determinado”, sendo considerado o “acontecimento de
relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e
social do país, que estiver devidamente caracterizado no requerimento de
constituição da comissão”.
63. Outro ponto importante é que toda CPI, como comissão
temporária, deve ter prazo certo. A Constituição não fixa qual é o tempo exato
para se considerar o “prazo certo”, porém, o RICD o faz: 120 dias prorrogável
pela metade.15
64. Ocorre que existe decisões do STF aplicando o art. 5º, §2º da Lei.
Nº 1.579/52, considerando que as CPIs podem ter sua duração estendida por
toda a Legislatura em que foi criada, somente chegando ao seu término, por
decurso de prazo, ao término da referida legislatura. Essa decisão foi tomada, por
exemplo, no MS nº 24.831, de Relatoria do Ministro Celso de Mello, em
22/6/2005.
65. Por bem, “recebido o requerimento, o Presidente o mandará a
publicação, desde que satisfeitos os requisitos regimentais; caso contrário,
15 Art. 35, §3º do RICD.
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devolvê-‐lo-‐á ao Autor, cabendo desta decisão recurso para o Plenário, no prazo
de cinco sessões, ouvida a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania”.
66. É possível que uma CPI atue durante o recesso parlamentar, visto
as peculiaridades de sua atuação e a necessidade de produção de provas que
podem perecer caso demorem a ser realizadas.
67. A Comissão Parlamentar de Inquérito terá sua composição
numérica indicada no requerimento ou projeto de criação e no ato de criação
constarão a provisão de meios ou recursos administrativos, as condições
organizacionais e o assessoramento necessários ao bom desempenho da
Comissão, incumbindo à Mesa e à Administração da Casa o atendimento
preferencial das providências que a Comissão solicitar.
68. Transcrevemos agora o art. 36 do RICD, que nos apresenta as
prerrogativas de ações que uma CPI pode realizar ao longo de suas
investigações: Art. 36. A Comissão Parlamentar de Inquérito poderá, observada a legislação específica: I -‐ requisitar funcionários dos serviços administrativos da Câmara, bem como, em caráter transitório, os de qualquer órgão ou entidade da administração pública direta, indireta e fundacional, ou do Poder Judiciário, necessários aos seus trabalhos; II -‐ determinar diligências, ouvir indiciados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar de órgãos e entidades da administração pública informações e documentos, requerer a audiência de Deputados e Ministros de Estado, tomar depoimentos de autoridades federais, estaduais e municipais, e requisitar os serviços de quaisquer autoridades, inclusive policiais; III -‐ incumbir qualquer de seus membros, ou funcionários requisitados dos serviços administrativos da Câmara, da realização de sindicâncias ou diligências necessárias aos seus trabalhos, dando conhecimento prévio à Mesa; IV -‐ deslocar-‐se a qualquer ponto do território nacional para a realização de investigações e audiências públicas; V -‐ estipular prazo para o atendimento de qualquer providência ou realização de diligência sob as penas da lei, exceto quando da alçada de autoridade judiciária; VI -‐ se forem diversos os fatos inter-‐relacionados objeto do inquérito, dizer em separado sobre cada um, mesmo antes de finda a investigação dos demais. Parágrafo único. As Comissões Parlamentares de Inquérito valer-‐se-‐ão, subsidiariamente, das normas contidas no Código de Processo Penal.
69. Algumas ressalvas importantes: a primeira refere-‐se ao parágrafo
único, acima transcrito. As CPIs devem observar as normas contidas no Código
de Processo Penal, isso acontece, ao por exemplo, intimar testemunha ou
acusado à depor perante a CPI.
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70. Porém, o que causa maiores confusões é justamente o termo
“poderes de investigação próprios das autoridades judiciais”, que consta do §3º
do art. 58 da CRFB/88. O que afinal pode uma CPI fazer? A resposta encontra-‐se
relativamente pacificada entre a doutrina e a jurisprudência.
71. Uma CPI pode: “determinar diligências necessárias, convocar
Ministros de Estado, tomar depoimentos de qualquer autoridade, ouvir
indiciados e testemunhas, estas sob compromisso, requisitar informações e
documentos de órgãos públicos, transportar-‐se para qualquer lugar em que
considere necessário estar”.16
72. Além disso, o STF tem entendido que as comissões “podem
decretar a quebra do sigilo bancário de pessoas por ela investigadas”17 pois essa
garantia não estaria submetida a reserva de jurisdição. Outros precedentes
afirmam ser possível, inclusive, a quebra do sigilo fiscal e telefônico dos
investigados.18
73. Muito cuidado com os termos “sigilo telefônico” e “sigilo das
comunicações telefônicas”. Enquanto o primeiro, que é passível de quebra pelas
CPIs, representa apenas a relação de números para os quais o individuo
telefonou, com as respectivas datas e horário das ligações, o segundo, refere-‐se
ao famigerado grampo telefônico. Nesse caso (do grampo), é necessário ordem
judicial, motivada, em inquérito policial ou ação penal, nos termos da CRFB/88,
estando afastado das competências de uma CPI.
74. Por fim, ao término dos seus trabalhos a CPI não julga, não
condena e não manda prender ninguém (exceto no caso de desacato). O art. 37
do RICD trás o rol do providências que devem ser observadas pelos
parlamentares, a saber: Art. 37. Ao termo dos trabalhos a Comissão apresentará relatório circunstanciado, com suas conclusões, que será publicado no Diário da Câmara dos Deputados e encaminhado:
16 Mendes, Gilmar, ob citada, pág 857. 17 MS 23.452 18 MS 23.452
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I -‐ à Mesa, para as providências de alçada desta ou do Plenário, oferecendo, conforme o caso, projeto de lei, de decreto legislativo ou de resolução, ou indicação, que será incluída em Ordem do Dia dentro de cinco sessões; II -‐ ao Ministério Público ou à Advocacia-‐Geral da União, com a cópia da documentação, para que promovam a responsabilidade civil ou criminal por infrações apuradas e adotem outras medidas decorrentes de suas funções institucionais; III -‐ ao Poder Executivo, para adotar as providências saneadoras de caráter disciplinar e administrativo decorrentes do art. 37, §§ 2º a 6º, da Constituição Federal, e demais dispositivos constitucionais e legais aplicáveis, assinalando prazo hábil para seu cumprimento; IV -‐ à Comissão Permanente que tenha maior pertinência com a matéria, à qual incumbirá fiscalizar o atendimento do prescrito no inciso anterior; V -‐ à Comissão Mista Permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal, e ao Tribunal de Contas da União, para as providências previstas no art. 71 da mesma Carta. Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, III e V, a remessa será feita pelo Presidente da Câmara, no prazo de cinco sessões.
75. Últimas observações relevantes sobre as CPIs é que a Câmara dos
Deputados, com base nas decisões emitidas pelo STF e nas disposições
regimentais, exige que a criação da CPI seja feita por prazo determinado, de até
120 dias, sendo prorrogável por pedidos sucessivos, mesmo que SUPERIRORES
A METADE DO PRAZO, ou seja, contra a disposição regimental expressa que
determina que cada prorrogação deve ser feita pela metade do prazo previsto no
ato de criação.
3.3 COMISSÕES EXTERNAS:
76. Passamos então a analisar as Comissões Externas. São comissões
que podem ser instituídas pelo presidente da Câmara, de ofício ou a
requerimento de qualquer deputado, para cumprir missão temporária
autorizada e que estarão sujeitas a deliberação do Plenário sempre que
importarem ônus para a Casa.
77. O RICD considera missão autorizada aquela que implicar o
afastamento do parlamentar pelo prazo máximo de oito sessões, se exercida no
país, e de trinta sessões, se desempenhada no exterior, para representar a
Câmara nos atoa a que esta tenha sido convidada ou a que tenha de assistir.
78. Como exemplo de Comissões Externas em funcionamento na Casa
podemos citar a Comissão Externa sobre o Incêndio em Roraima, sobre o Sistema
Penitenciário do Rio de Janeiro e o Conflito do Parque Nacional do Iguaçu.
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79. Lembrando que as atribuições dos parlamentares nas comissões
temporárias se dão sem prejuízo das participações nas comissões permanentes.
4 – ORGANIZAÇÃO DAS COMISSÕES
4.1 – PRESIDÊNCIA
80. Logo após constituídas, o presidente da Câmara deve convocar as
comissões permanentes em até cinco sessões, para a instalação de seus trabalhos
e a eleição dos respectivos presidentes e vice-‐presidentes. Cada comissão terá
um presidente e três vice-‐presidentes (designados de primeiro, segundo e
terceiro vice-‐presidentes), que devem ser eleitos por seus pares, com mandato
até a posse dos novos componentes eleitos no ano subsequente, sendo vedada a
reeleição.
81. Devem ser observados, no que couber, os ditames previstos no art.
7º do RICD e estudados neste trabalho quando comentamos sobre a eleição da
Mesa. Presidirá a reunião de eleição o último presidente da comissão, se reeleito
deputado ou se continuar no exercício do mandato, e, na sua falta, o deputado
mais idoso, dentre os de maior número de legislatura.
82. Lembramos que, em regra, os membros de uma Comissão são
designados pelos Líderes dos Partidos Políticos e/ou dos Blocos Parlamentares a
que as vagas pertençam. Como as eleições ocorrem anualmente, um Deputado
pode continuar como membro de determinada comissão permanente pelos
quatro anos da legislatura, porém não poderá se reeleger como presidente
daquele colegiado.
83. A escolha dos vice-‐presidentes deverá obedecer os seguintes
critérios: legenda partidária do presidente; ordem decrescente da votação
obtida.
84. Importante salientar que os membros suplentes não poderão ser
eleitos presidente ou vice-‐presidente da comissão. Membro suplente aqui, pode
ser entendido em duas acepções: a primeira, como membro titular do cargo de
parlamentar que, porém, não é membro titular da comissão; a segunda é o caso
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do parlamentar que não desempenha a atividade parlamentar como titular, esta
convocado temporariamente devido a impedimento de outro parlamentar no
exercício do próprio mandato.
85. O art. 40 nos apresenta as regras de substituição, sucessão e as
hipóteses em que devem ser realizadas novas eleições: Art. 40. O Presidente será, nos seus impedimentos, substituído por Vice-‐Presidente, na seqüência ordinal, e, na ausência deles, pelo membro mais idoso da Comissão, dentre os de maior número de legislaturas. § 1º Se vagar o cargo de Presidente ou de Vice-‐Presidente, proceder-‐se-‐á a nova eleição para escolha do sucessor, salvo se faltarem menos de três meses para o término do mandato, caso em que será provido na forma indicada no caput deste artigo.
86. Em caso de mudança de legenda partidária, o presidente ou vice-‐
presidente da comissão perderá automaticamente o cargo que ocupada, devendo
ser substituído ou sucedido nas formas previstas no art. 40, acima transcrito.
87. Figura impar é o Presidente de Comissão. O art. 41 elenca um
extenso rol de competências, que abaixo citamos, fazendo aqui, algumas
considerações iniciais.
88. O Presidente de uma Comissão pode ser relator de matérias
submetidas ao crivo daquele órgão colegiado, porém, no momento da discussão
dessa matéria, ele deverá deixar a presidência da Comissão, assumindo um dos
seus vice-‐presidentes, por toda a deliberação da matéria.
89. Além disso, é competência do Presidente designar os relatores e os
relatores substitutos, distribuindo as matérias sujeitas a parecer, podendo
inclusive, avocar essa competência delegada.
90. O presidente exerce primordialmente o controle dos trabalhos
dentro da Comissão. O cargo ganha notória importância pelo poder de agenda,
afinal, a ele compete a organização da pauta da ordem do dia da Comissão,
observado os critérios estabelecidos no RICD. Podemos dizer que, no final, o
presidente da Comissão pode acelerar ou retardar a tramitação de processos de
acordo com a sua conveniência. Citamos então, todas as competências elencadas
no regimento:
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Art. 41. Ao Presidente de Comissão compete, além do que lhe for atribuído neste Regimento, ou no Regulamento das Comissões: I -‐ assinar a correspondência e demais documentos expedidos pela Comissão; II -‐ convocar e presidir todas as reuniões da Comissão e nelas manter a ordem e a solenidade necessárias; III -‐ fazer ler a ata da reunião anterior e submetê-‐la a discussão e votação; IV -‐ dar à Comissão conhecimento de toda a matéria recebida e despachá-‐la; V -‐ dar à Comissão e às Lideranças conhecimento da pauta das reuniões, prevista e organizada na forma deste Regimento e do Regulamento das Comissões; VI -‐ designar Relatores e Relatores-‐substitutos e distribuir-‐lhes a matéria sujeita a parecer, ou avocá-‐la, nas suas faltas; VII -‐ conceder a palavra aos membros da Comissão, aos Líderes e aos Deputados que a solicitarem; VIII -‐ advertir o orador que se exaltar no decorrer dos debates; (Inciso com redação adaptada aos termos da Resolução nº 25, de 2001) IX -‐ interromper o orador que estiver falando sobre o vencido e retirar-‐lhe a palavra no caso de desobediência; X -‐ submeter a votos as questões sujeitas à deliberação da Comissão e proclamar o resultado da votação; XI -‐ conceder vista das proposições aos membros da Comissão, nos termos do art. 57, XVI; XII -‐ assinar os pareceres, juntamente com o Relator; XIII -‐ enviar à Mesa toda a matéria destinada à leitura em Plenário e à publicidade; XIV -‐ determinar a publicação das atas das reuniões no Diário da Câmara dos Deputados; XV -‐ representar a Comissão nas suas relações com a Mesa, as outras Comissões e os Líderes, ou externas à Casa; XVI -‐ solicitar ao Presidente da Câmara a declaração de vacância na Comissão, consoante o § 1º do art. 45, ou a designação de substituto para o membro faltoso, nos termos do § 1º do art. 44; XVII -‐ resolver, de acordo com o Regimento, as questões de ordem ou reclamações suscitadas na Comissão; XVIII -‐ remeter à Mesa, no início de cada mês, sumário dos trabalhos da Comissão e, no fim de cada sessão legislativa, como subsídio para a sinopse das atividades da Casa, relatório sobre o andamento e exame das proposições distribuídas à Comissão; XIX -‐ delegar, quando entender conveniente, aos Vice-‐Presidentes a distribuição das proposições; XX -‐ requerer ao Presidente da Câmara, quando julgar necessário, a distribuição de matéria a outras Comissões, observado o disposto no art. 34, II; XXI -‐ fazer publicar no Diário da Câmara dos Deputados e mandar afixar em quadro próprio da Comissão a matéria distribuída, com o nome do Relator, data, prazo regimental para relatar, e respectivas alterações; XXII -‐ determinar o registro taquigráfico dos debates quando julgá-‐lo necessário; XXIII -‐ solicitar ao órgão de assessoramento institucional, de sua iniciativa ou a pedido do Relator, a prestação de assessoria ou consultoria técnico-‐legislativa ou especializada, durante as reuniões da Comissão ou para instruir as matérias sujeitas à apreciação desta. Parágrafo único. O Presidente poderá funcionar como Relator ou Relator substituto e terá voto nas deliberações da Comissão.
91. O art. 43 apresenta importante vedação que incide durante a
tramitação legislativa: “nenhum deputado poderá presidir reunião de comissão
quando se debater ou votar matéria da qual seja autor ou relator”. Além disso,
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não poderá o autor de uma proposição ser dela designado como relator, mesmo
que substituto ou parcial.
92. Os presidentes das comissões permanentes podem se reunir com o
Colégio de Líderes sempre que isso soe conveniente ou necessário e por
convocação do Presidente da Câmara. Na reunião seguinte, cada presidente deve
comunicar no Plenário da Comissão o resultado da reunião com o Colégio de
Líderes.
93. Gostaria, neste momento, de apontar um detalhe interessante, que
espero que você, um leitor atento tenha observado. Enquanto falávamos sobre o
Plenário da Câmara dos Deputados, usávamos frequentemente o termo “sessão”
ou “sessão plenária”. Ao começarmos a tratar das Comissões, passamos a utilizar
o termo “reuniões”. Essa é uma diferença fundamental, que você não deve se
confundir. É a diferença entre uma questão correta ou incorreta.
94. Na esfera da Câmara dos Deputados, existe essa diferenciação:
para os trabalhos legislativos realizados pela totalidade dos membros da casa,
dá-‐se o nome de “Sessão”. Lembramos que já vimos, ao início deste trabalho,
quais são os tipos de sessões que a CD realiza. Quanto as comissões, elas podem
realizar reuniões ordinárias ou extraordinárias, que serão estudadas
oportunamente.
95. Sempre que um membro de Comissão não puder comparecer às
reuniões, deverá comunicar o fato ao seu Presidente, que fará publicar em ata a
escusa. Se, por falta de comparecimento de membro efetivo, ou de suplente
preferencial, estiver sendo prejudicado o trabalho de qualquer Comissão, o
Presidente da Câmara, a requerimento do Presidente da Comissão ou de
qualquer Deputado, designará substituto para o membro faltoso, por indicação
do Líder da respectiva bancada.
96. Cessará a substituição logo que o titular, ou o suplente
preferencial, voltar ao exercício. Em caso de matéria urgente ou relevante,
caberá ao Líder, mediante solicitação do Presidente da Comissão, indicar outro
membro da sua bancada para substituir, em reunião, o membro ausente.
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97. De acordo com o Regimento, as vagas nas comissões podem surgir
decorrentes de término do mandato, renúncia, falecimento ou perda do lugar.
Além disso, perde a vaga na comissão o membro que reter em seu poder papéis
da comissão após o apelo do presidente da Câmara para sua devolução,
conforme previsto no art. 57, XX, c e também por infidelidade partidária, ao
ocorrer a desvinculação da bancada pela qual o parlamentar obteve direito a
vaga (art. 232).
98. Além disso, existe o critério da assiduidade: o deputado que não
comparecer a cinco reuniões ordinárias consecutivas ou a um quarto das
reuniões, intercaladamente, durante a sessão legislativa, perde o lugar no
colegiado. Obviamente, salvo por motivo de força maior, comunicado por escrito
à comissão.
99. A perda do lugar deve ser declarada pelo Presidente da Câmara,
em virtude de comunicação do presidente da Comissão. Observem bem este
dispositivo pois, em regra, as pessoas tendem a confundir as competências.
Apesar de comandar os trabalhos das comissões, em regra, não é o presidente da
Comissão que declara a existência de vaga.
100. A vaga na comissão deve ser preenchida por designação do
presidente da Câmara, no interregno de três sessões, de acordo com a indicação
feita pelo líder do partido ou de bloco parlamentar a que pertence o lugar. No
caso de inércia, a designação será feita de ofício pelo presidente,
independentemente dessa comunicação.
5-‐ REUNIÕES:
101. Primeira regra importante que não pode ser ignorada: em
nenhum caso as reuniões das comissões podem coincidir seu horário com o
da Ordem do Dia da sessão ORDINÁRIA ou EXTRAORDINÁRIA da Câmara
dos Deputados ou do Congresso Nacional.
102. Em regra, as comissões devem se reunir na sede da Câmara dos
Deputados, em dia e hora prefixados, podendo as suas reuniões terem caráter
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ordinário ou extraordinário: ordinariamente, a reunião ocorre de terça a quinta-‐
feira, a partir das nove horas; já as reuniões extraordinárias devem ser
convocadas pela respectiva presidência, de ofício ou por requerimento de um
terço dos seus membros.
103. Observem que a regra regimental determina que as reuniões
devem ocorrer na sede da Câmara dos Deputados, porém, essa imperativa é
absoluta. As Comissões Parlamentares de Inquérito podem se reunir em ponto
diverso, inclusive fora de Brasília, se assim afigurar-‐se necessário.
104. As reuniões das comissões temporárias não deverão ser
concomitantes com as reuniões ordinárias das comissões permanentes e, no caso
de reuniões extraordinárias, dispões o regimento que devem ser “anunciadas
com a devida antecedência, designando-‐se, no aviso de sua convocação, dia, hora,
local e objeto da reunião. Além da publicação no Diário da Câmara dos Deputados,
a convocação será comunicada aos membros da Comissão por telegrama ou aviso
protocolizado”.
105. Frise-‐se que o RICD não estabelece qual o prazo de duração das
reuniões, predizendo apenas que elas devem durara “o tempo necessário ao
exame da pauta respectiva, a juízo da presidência”. Essa discricionariedade é
limitada pois como vimos, a reunião não pode invadir o horário predestinado a
ocorrência da Ordem do Dia das sessões plenárias ordinárias ou extraordinárias.
106. Vimos que as reuniões devem ocorrer, ordinariamente, as terças a
quintas-‐feiras. As reuniões de terça e quarta-‐feira devem destinar-‐se,
exclusivamente, a discussão e votação de proposições, salvo se não houver
nenhuma matéria pendente de deliberação. Nesse caso, outras atividades podem
ser desenvolvidas pelo órgão colegiado.
107. A pauta da Ordem do Dia das reuniões deve ser organizada com
base nos critérios estabelecidos no Capítulo IX do Título V do RICD que serão
trabalhados em tópico separado, devido a sua importância, complexidade e
detalhamento para um bom entendimento.
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108. Esse é o principal motivo da existência da disputa parlamentar
pela presidência das principais comissões da Casa. Ao exercer esse cargo, o
Deputado passa a deter o chamado poder de agenda. Apesar dos critérios
preestabelecidos pelo RICD, existe ampla margem de atuação para a definição
dos assunto que serão debatidos no órgão colegiado. Dessa forma, o presidente
pode acelerar ou retardar a deliberação de projetos de acordo com critérios
subjetivos, ressalvados os prazos fixados pelo Regimento.
109. Encerrada a hora dos trabalhos, o presidente anunciará a Ordem
do Dia da reunião seguinte, dando ciência da pauta respectiva às lideranças e
distribuindo-‐se os avulsos com antecedência mínima de pelo menos 24 horas.
110. Por fim, as reuniões podem ser públicas ou secretas. Em regra, elas
são públicas, podendo ocorrer o acompanhamento dos trabalhos do colegiado
por qualquer pessoa interessada, desde que sua conduta seja compatível e não
atrapalhe as deliberações.
111. Já as reuniões secretas pode ocorrer por motivos
predeterminados, estabelecidos no RICD, ou por deliberação do órgão. Deliberar-‐
se-‐á, preliminarmente, nas reuniões secretas, sobre a conveniência de os
pareceres nelas assentados serem discutidos e votados em reunião pública ou
secreta, e se por escrutínio secreto.
112. Os motivos que determinam, independentemente de deliberação,
que as reuniões aconteçam de maneira secreta, estão elencados no art. 48, a
saber: Art. 48. As reuniões das Comissões serão públicas, salvo deliberação em contrário. § 1º Serão reservadas, a juízo da Comissão, as reuniões em que haja matéria que deva ser debatida com a presença apenas dos funcionários em serviço na Comissão e técnicos ou autoridades que esta convidar. § 2º Serão secretas as reuniões quando as Comissões tiverem de deliberar sobre: I -‐ declaração de guerra, ou acordo sobre a paz; II -‐ passagem de forças estrangeiras pelo território nacional, ou sua permanência nele; III – (Revogado pela Resolução nº 57, de 1994)
113. Somente deputados e senadores poderão assistir às reuniões
secretas. Os ministros de Estados, quando convocados, ou as testemunhas
chamadas a depor participarão dessas reuniões apenas o tempo necessário.
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114. A ata da reunião secreta, acompanhada dos pareceres e emendas
que foram discutidos e votados, bem como dos votos apresentados em separado,
depois de fechados em invólucro lacrado, etiquetado, datado e rubricado pelo
Presidente, pelo Secretário e demais membros presentes, será enviada ao
Arquivo da Câmara com indicação do prazo pelo qual ficará indisponível para
consulta.
6 – OS TRABALHOS DAS COMISSÕES:
115. As matérias recebidas pela Câmara dos Deputados são
despachadas, em regra, pelo Presidente da Câmara. Esse despacho deve
determinar quais comissões vão analisar a proposição e qual a sequência, além
do que, pode determinar a Comissão Especial que deve substituir o parecer
individual das comissões quando estejam afetas a mais de 3 órgãos colegiados
para se pronunciar quanto ao mérito.
116. As comissões a que forem distribuídas uma proposição tem a
liberdade de estudá-‐las em reunião conjunta. Esta reunião ocorre por acordo
entre os respectivos presidentes e deve contar com um só relator ou relator
substituto. Os trabalhos serão dirigidos pelo presidente mais idoso dentre os de
maior número de legislaturas.
117. Esse procedimento é adotado, por expressa previsão regimental,
no caso das Comissões Especiais criadas na forma do inciso II do art. 34 (mais de
3 comissões de mérito); e no caso de proposição aprovada, com emendas por
mais de uma comissão, a fim de harmonizar o respectivo texto na elaboração da
redação final. Esse caso somente deve ocorrer por iniciativa da Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania, se esta assim achar necessário.
118. Existe a previsão para adoção de relator-‐geral e dos relatores-‐
parciais no caso de reuniões conjuntas. Esse é o dizer do §2º do art. 49, a saber:
“Na hipótese de reunião conjunta, é também facultada a designação do Relator-‐
Geral e dos Relatores-‐Parciais correspondentes a cada Comissão, cabendo a estes
metade do prazo concedido àquele para elaborar seu parecer. As emendas serão
encaminhadas aos Relatores-‐Parciais consoante a matéria a que se referirem.”
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119. O quórum para início dos trabalhos vai variar com o objetivo da
reunião. Se não houver matéria para deliberação ou se destinar apenas ao
“conhecimento, exame ou instrução de matéria de natureza legislativa,
fiscalizatória ou informativa, ou outros assuntos de alçada da comissão”, a reunião
pode ser iniciada independentemente do número de membros (“qualquer
número”); já se existe qualquer uma das matérias sujeitas a deliberação,
elencadas no art. 50 do RICD, o quórum para início da reunião será de, pelo
menos, metade de seus membros.
120. Para efeito da contagem do quórum de abertura da reunião,
quando necessário, o comparecimento do Deputado é verificado pela sua
presença na Casa (não necessariamente no recinto onde ocorre a reunião). Já
para verificação do quórum de votação, a presença deve se dar, necessariamente,
no local da reunião.
121. As reuniões das Comissões possuem um script básico, um roteiro
que deve ser seguido e que determina a sequência dos seus trabalhos, a saber:
inicia-‐se i)pela discussão e votação da ata da reunião anterior; ii)expediente;
iii)Ordem do dia.
122. Durante o expediente deve ser dado conhecimento da sinopse da
correspondência e outros documentos que tenham sido recebidos pelo órgão,
além da agenda da comissão. Nesse momento, devem também serem
comunicadas quais matérias foram distribuídas a quais relatores.
123. Durante a Ordem do Dia, a sequência dos trabalhos deve ser: a) conhecimento, exame ou instrução de matéria de natureza legislativa, fiscalizatória ou informativa, ou outros assuntos da alçada da Comissão; b) discussão e votação de requerimentos e relatórios em geral: c) discussão e votação de proposições e respectivos pareceres sujeitos à aprovação do Plenário da Câmara; d) discussão e votação de projetos de lei e respectivos pareceres que dispensarem a aprovação do Plenário da Câmara.
124. Essa ordem não é absoluta e pode ser alterada pela comissão a
requerimento de qualquer um de seus membros, para tratar de matéria em
regime de urgência, de prioridade ou de tramitação ordinária, ou ainda no caso
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de comparecimento de ministro de Estado ou de qualquer autoridade, além da
realização de audiências públicas que se mostrem necessárias.
125. A todos os deputados é franqueada a participação nos trabalhos e
debates de qualquer comissão de que não seja membro, nesse caso, o
parlamentar não terá direito a voto, porém, terá direito a voz.
126. As Comissões Permanentes poderão estabelecer regras e
condições específicas para a organização e o bom andamento dos seus trabalhos,
observadas as normas fixadas neste Regimento e no Regulamento das
Comissões, bem como ter Relatores e Relatores substitutos previamente
designados por assuntos.
127. Mister se faz identificar e caracterizar algumas figuras citadas
correntemente ao longo deste capítulo: a) Relator: é o Deputado que tem por incumbência analisar a matéria e redigir o parecer que será discutido e votado pelo Plenário da Comissão, que pode adotá-‐lo, na integra ou parcialmente, ou rejeitá-‐lo. b)Relator Substituto: é o Deputado que tem por incumbência analisar a matéria e redigir o parecer no caso de demora injustificada do relator ou no caso do parecer apresentado por ele restar vencido em Plenário, ou seja, se o colegiado firmar entendimento diverso do adotado pelo relator original da matéria. c)Relator-‐parcial: é o Deputado encarregado de relatar parte de uma determinada proposição. Quando a matéria é longa e complexa, é lícito ao presidente da Comissão dividi-‐la em blocos e indicar relatores específicos para cada um desses blocos. O parecer aqui redigido deve ser enviado ao relator-‐geral da matéria e não diretamente ao Plenário da Comissão. d)Relator-‐geral: tem como principal função agrupar e consolidar os pareceres apresentados pelos relatores-‐parciais. Deve apresentar em Plenário um único parecer para que seja discutido e votado.
128. Apesar de ainda não comentado aqui, por requerer um tópico
apartado, existem, basicamente, três regimes de tramitação das matérias na
Câmara dos Deputados: Regime de Urgência, Regime de Prioridade e Tramitação
Ordinária.
129. Regime de tramitação é o nome que se dá ao conjunto de
características especificas que regem a tramitação de determinada matéria
durante o processo legislativo. Assim são definidas, entre outros elementos, a
forma de apreciação, a ordem na pauta do dia, o prazo que os parlamentares têm
para apresentação de emendas, o tempo que cada proposição deve tramitar nas
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Comissões ou em Plenário e a necessidade ou não de observar o interstício
regimental.
130. No momento, nos interessa saber que as Comissões dispõe de
cinco sessões para apreciar as matérias em regime de urgência, dez sessões para
as matérias em regime de prioridade e quarenta sessões quando se tratar de
matéria em regime de tramitação ordinária. Além disso, o órgão tem o mesmo
prazo da proposição principal para analisar as emendas apresentadas ao projeto
em Plenário da Câmara; e aqui resta uma diferença fundamental: enquanto
aqueles prazos citados anteriormente correm individualmente para cada
comissão, este último prazo (para análise de emendas) corre em conjunto para
todas as comissões. Este é um dos motivos para o RICD sugerir que essas
emendas sejam apreciadas em reunião conjunta, por proposta da CCJC.
131. O relator dispões de metade do prazo concedido à comissão para
oferecer o seu parecer. Esse prazo pode ser prorrogado por até a metade, exceto
para as matérias em regime de urgência, desde que seja feito requerimento
fundamentado pelo relator e assim decidido pelo presidente da Comissão.
132. Esgotado o prazo destinado ao relator sem a apresentação do
referido parecer, o presidente da comissão pode avocar a proposição (caso em
que deve redigir o parecer e funcionar como relator) ou designar outro membro
para relatá-‐la no prazo improrrogável de duas sessões, se em regime de
prioridade e de cinco sessões, se em regime de tramitação ordinária. Art. 42, §4º Esgotados os prazos previstos neste artigo, poderá a Comissão, a requerimento do Autor da proposição, deferir sua inclusão na Ordem do Dia da reunião imediata, pendente de parecer. Caso o Relator não ofereça parecer até o início da discussão da matéria, o Presidente designará outro membro para relatá-‐la na mesma reunião ou até a seguinte. § 5º A Comissão poderá, mediante requerimento de um terço de seus membros, aprovado pela maioria absoluta da respectiva composição plenária, incluir matéria na Ordem do Dia para apreciação imediata, independentemente do disposto nos parágrafos anteriores, desde que publicada e distribuída em avulsos ou cópias. Não havendo parecer, o Presidente designará Relator para proferi-‐lo oralmente no curso da reunião ou até a reunião seguinte. § 6º Sem prejuízo do disposto nos §§ 4º e 5º, esgotados os prazos previstos neste artigo, o Presidente da Câmara poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer Deputado, determinar o envio de proposição pendente de parecer à Comissão seguinte ou ao Plenário, conforme o caso, independentemente de interposição do recurso previsto no art. 132, § 2º, para as referidas no art. 24, inciso II.
134.
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