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1 CURSO Delegado de Polícia Federal Nº 20 DATA 06/09/16 DISCIPLINA Direito Administrativo PROFESSOR Flávia Campos MONITOR(A) Bruna Ribeiro Guimarães AULA 05 Sumário 1.2. Agentes Públicos de Direito (continuação) 2. Normas constitucionais aplicáveis aos agentes públicos 2.1. Cargo, emprego e função pública 2.2. Concurso Público Recapitulação Na aula passada foi ministrado o tema poderes administrativos. Em seguida, iniciamos o estudo da matéria de agentes públicos. Os agentes públicos são subdivididos em agentes públicos de fato e agentes públicos de direito. O agente público de fato, por sua vez, é subdividido em duas espécies: o agente de fato putativo e o agente de fato necessário. Os agentes públicos de direito apresentam 4 subespécies. Na última aula foram estudados os militares e os particulares em colaboração. Hoje serão estudados os agentes políticos e os agentes administrativos. 1.2. Agentes Públicos de Direito (continuação) Agente Políticos Agente políticos são pessoas que exercem função política. A doutrina discute quem são os agentes que exercem função política. Vejamos: Corrente ampla: é a corrente defendida por Ely Lopes Meireles. Para ele existem 4 pessoas que são consideradas agentes políticos. São eles: os detentores de mandato eletivo, auxiliares do chefe do Poder Executivo (ministros e secretários municipais e estaduais), magistrados e membros do Ministério Público.

CURSO Delegado de Polícia Federal Nº 20 DATA 06/09/16 ... · Recapitulação Na aula passada foi ministrado o tema poderes ... uma vez que o Decreto Estadual 3.348/2008, ... e de

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CURSO – Delegado de Polícia Federal Nº 20

DATA – 06/09/16

DISCIPLINA – Direito Administrativo

PROFESSOR – Flávia Campos

MONITOR(A) – Bruna Ribeiro Guimarães

AULA 05

Sumário

1.2. Agentes Públicos de Direito (continuação)

2. Normas constitucionais aplicáveis aos agentes públicos

2.1. Cargo, emprego e função pública

2.2. Concurso Público

Recapitulação

Na aula passada foi ministrado o tema poderes administrativos. Em seguida, iniciamos o

estudo da matéria de agentes públicos. Os agentes públicos são subdivididos em agentes

públicos de fato e agentes públicos de direito.

O agente público de fato, por sua vez, é subdividido em duas espécies: o agente de fato

putativo e o agente de fato necessário.

Os agentes públicos de direito apresentam 4 subespécies. Na última aula foram estudados

os militares e os particulares em colaboração. Hoje serão estudados os agentes políticos e os

agentes administrativos.

1.2. Agentes Públicos de Direito (continuação)

Agente Políticos

Agente políticos são pessoas que exercem função política.

A doutrina discute quem são os agentes que exercem função política. Vejamos:

Corrente ampla: é a corrente defendida por Ely Lopes Meireles. Para ele existem 4 pessoas que

são consideradas agentes políticos. São eles: os detentores de mandato eletivo, auxiliares do

chefe do Poder Executivo (ministros e secretários municipais e estaduais), magistrados e

membros do Ministério Público.

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Corrente restritiva: é a corrente defendida por José dos santos Carvalho filho e Celso Antônio

Bandeira de Melo. Para eles, são agentes políticos os detentores de mandato eletivo e os

auxiliares do chefe do poder executivo.

Não existe uma corrente majoritária acerca do tema, entretanto, o STF na decisão do RE

228977/SP entendeu que os magistrados são agentes políticos. Dessa forma, acerca dos

magistrados, não há dúvidas, eles são agente políticos.

OBSERVAÇÃO: A súmula vinculante nº 13 proibiu o nepotismo.

Súmula Vinculante 13: a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou

por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma

pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo

em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e

indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

A proibição do nepotismo já era aplicada à esfera do Poder judiciário em razão da

Resolução 12 do CNJ. Após a edição desta Súmula, o entendimento passou a vigorar no âmbito

de todas as esferas do poder.

Logo após essa manifestação do STF, o governador do Paraná nomeou seu irmão como

secretário Estadual. Esta situação foi levada ao STF na reclamação 6650/PR. Na decisão desta

reclamação, o STF entendeu que para nomeação a cargo político não é preciso respeitar a

súmula vinculante 13. Entretanto, é preciso que o agente nomeado ao cargo político possua

conhecimento técnico acerca das funções que serão desempenhadas em razão daquele cargo.

Reclamação 6650/PR

1. Trata-se de reclamação, com pedido de medida liminar, ajuizada por Eduardo Requião de Mello e

Silva, irmão do Governador do Paraná, Roberto Requião de Mello e Silva, contra decisão prolatada

pelo Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública, Falências e Concordatas do Foro Central da

Comarca da Região Metropolitana de Curitiba/PR nos autos da Ação Popular 2.424/2008. A decisão

impugnada na presente reclamação suspendeu, em 11 de setembro de 2008, o ato de nomeação do

reclamante para o cargo de Secretário Estadual de Transportes (Decreto Estadual 3.348/2008). O

reclamante sustentou, em síntese, a ocorrência de afronta à Súmula Vinculante nº 13, porquanto os

secretários estaduais são, em verdade, agentes políticos, razão pela qual o seu caso não se

subsumiria às hipóteses preconizadas na referida súmula. 2. O eminente Ministro Cezar Peluso, nos

termos do art. 38, I, do RISTF, com fundamento na jurisprudência desta Corte, deferiu, em 24 de

setembro de 2008, o pedido de liminar (fls. 67-69). 3. Dessa decisão foi interposto agravo regimental

por José Rodrigo Sade (fls. 90-101), em que requereu a reconsideração da decisão ou a imediata

submissão do recurso ao Plenário do Supremo Tribunal Federal. 4. O Plenário do Supremo Tribunal,

por maioria de votos, negou provimento ao agravo regimental (DJE 21.11.2008). 5. O Ministério

Público Federal, às fls. 283-284, manifestou-se pela perda de objeto da presente reclamação, uma

vez que o Decreto Estadual 3.348/2008, por meio do qual o Governador Roberto Requião de Mello

e Silva promoveu a nomeação de seu irmão Eduardo Requião de Mello e Silva para o cargo de

Secretário de Estado de Transportes e, também, designou-o para responder, cumulativamente, sem

remuneração, pela autarquia denominada Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina -

APPA, foi revogado pelo Decreto Estadual 4.106/2009, tendo o Governador nomeado o seu irmão

para exercer o cargo de Secretário da Representação do Estado do Paraná em Brasília. 6. Entendo

que assiste razão ao Ministério Público Federal, dado que a propositura da presente reclamação se

deu contra a decisão prolatada pelo Juízo de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública, Falências e

Concordatas do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba/PR nos autos da

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Ação Popular 2.424/2008, que afastou o ora reclamante do cargo de Secretário de Estado dos

Transportes. Todavia, o Decreto 3.348/2008, ato atacado na Ação Popular 2.424/2008, foi revogado

pelo Decreto Estadual 4.106/2009. 7. Ante o exposto, com fundamento no art. 267, VI, do Código de

Processo Civil, extingo o presente processo, sem resolução de mérito, por perda superveniente do

interesse processual do reclamante. Publique-se e arquive-se. Brasília, 3 de agosto de 2009.

Ministra Ellen Gracie Relatora. (STF - Rcl: 6650 PR, Relator: Min. ELLEN GRACIE, Data de

Julgamento: 03/08/2009, Data de Publicação: DJe-148 DIVULG 06/08/2009 PUBLIC 07/08/2009).

Nesta mesma época foi encaminhada ao STF a reclamação 6702/PR para discutir a

nomeação de um conselheiro do Tribunal de Contas. O governador do Estado do Paraná nomeou

seu parente para ser Conselheiro do Tribunal de Contas. O STF entendeu que Conselheiro do

Tribunal de contas é função administrativa e, portanto, a nomeação para este cargo deve respeitar

a súmula vinculante 13.

Reclamação 6702

Trata-se de reclamação constitucional ajuizada por José Rodrigo Sade, por afronta a Súmula

Vinculante 13 desta Suprema Corte, contra decisão do Juiz de Direito Substituto da 4ª Vara da

Fazenda Pública, Falências e Concordatas do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de

Curitiba, Paraná, que manteve, initio litis, no bojo de ação popular movida pelo reclamante, a posse

de Maurício Requião de Mello e Silva, irmão do Governador do Estado, Roberto Requião de Mello e

Silva, no cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas local, para o qual foi por este nomeado. Na

Sessão Plenária de 4/3/2009, esta Corte deu provimento ao recurso de agravo regimental para

deferir a liminar requerida de maneira a sustar, de imediato, os efeitos da nomeação de Maurício

Requião de Mello e Silva para o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas até o julgamento da

Ação Popular 52.203/08, ajuizada pelo reclamante perante o Juízo de Direito da 4ª Vara da Fazenda

Pública, Falências e Concordatas do Foro Central da Região Metropolitana de Curitiba. O acórdão

recebeu a seguinte ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL.

DENEGAÇÃO DE LIMINAR. ATO DECISÓRIO CONTRÁRIO À SÚMULA VINCULANTE 13 DO STF.

NEPOTISMO. NOMEAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DO CARGO DE CONSELHEIRO DO TRIBUNAL

DE CONTAS DO ESTADO DO PARANÁ. NATUREZA ADMINISTRATIVA DO CARGO. VÍCIOS NO

PROCESSO DE ESCOLHA. VOTAÇÃO ABERTA. APARENTE INCOMPATIBILIDADE COM A

SISTEMÁTICA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRESENÇA DO FUMUS BONI IURIS E DO

PERICULUM IN MORA. LIMINAR DEFERIDA EM PLENÁRIO. AGRAVO PROVIDO. I - A vedação

do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma vez que decorre

diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da Constituição Federal. II- O cargo de

Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná reveste-se, à primeira vista, de natureza

administrativa, uma vez que exerce a função de auxiliar do Legislativo no controle da Administração

Pública. III- Aparente ocorrência de vícios que maculam o processo de escolha por parte da

Assembleia Legislativa paranaense. IV - À luz do princípio da simetria, o processo de escolha de

membros do Tribunal de Contas pela Assembleia Legislativa por votação aberta, ofende, a princípio,

o art. 52, III, b, da Constituição. V- Presença, na espécie, dos requisitos indispensáveis para o

deferimento do pedido liminarmente pleiteado. VI- Agravo regimental provido (fls. 211-231). Às fls.

114-137, o Estado do Paraná e Maurício Requião de Mello e Silva opõem embargos declaratórios

contra o supracitado acórdão. Em 12/3/2009, não conheci dos embargos opostos antes da

publicação formal do acórdão ocorrido (fls. 186-187). Após, com a publicação do acórdão em

30/4/2009 (fl. 232), novos embargos declaratórios foram intempestivamente opostos em 11/5/2009

(fls. 234-257). Às fls. 260-261, o Estado do Paraná e Maurício Requião de Mello e Silva noticiam a

perda de objeto desta reclamação. É o breve relatório. Decido. Examinados os autos, verifico que a

decisão objeto desta reclamação não subsiste. Com efeito, o Juízo reclamado prolatou decisão de

mérito e julgou parcialmente procedente a ação popular para declarar a nulidade do Decreto

Estadual 3.044/2008 pelo qual o segundo requerido foi nomeado antes mesmo da existência de

vaga para o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (fl. 270 - grifei). Tal situação

mostra-se apta a configurar a perda superveniente de objeto desta ação constitucional. Isso posto,

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julgo prejudicada esta reclamação. Prejudicado, em consequência, o exame dos embargos

declaratórios opostos às fls. 234-257. Comunique-se. Publique-se. Brasília, 4 de novembro de 2009.

Ministro RICARDO LEWANDOWSKI – Relator. (STF - Rcl: 6702 PR, Relator: Min. RICARDO

LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 04/11/2009, Data de Publicação: DJe-210 DIVULG

09/11/2009 PUBLIC 10/11/2009)

Agentes administrativos / servidores públicos em sentido amplo: agentes administrativos são

pessoas que exercem a função pública com caráter profissional. A doutrina subdivide esses

agentes em três. Vejamos:

Servidores temporários (artigo 37, IX, CR88):

Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para

atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

Os servidores temporários se submetem ao regime jurídico temporário/especial. São

pessoas que exercem função pública por tempo determinado em virtude de necessidade

temporária e de excepcional interesse público. Ex: agentes do IBGE que fazem o

censo. O censo é realizado de 10 em 10 anos e dura 4 meses.

Este regime tem como característica a pluralidade normativa, ou seja, cada ente federativo

irá criar sua própria lei. A lei que rege os servidores temporários da união é a lei 8.745/93.

Para a contratação de servidores temporários não é necessária a realização de concurso

público. Segundo a doutrina é preciso apenas realização de processo seletivo objetivo, o

que visa garantir os princípios da moralidade e da impessoalidade.

O foro competente para julgar as causas em que estejam de um lado o servidor temporário

e de outro o Estado é a Justiça Comum. O STF se posicionou neste sentido no informativo

807.

Informativo 807, STF

Contratação de servidores temporários e competência – 2: A justiça comum é competente para

processar e julgar causas em que se discuta a validade de vínculo jurídico-administrativo entre o

poder público e servidores temporários. Esse o entendimento do Plenário que, em conclusão e por

maioria, deu provimento a agravo regimental e julgou procedente pedido formulado em reclamação

ajuizada com o objetivo de suspender ação civil pública proposta pelo Ministério Público do

Trabalho perante vara trabalhista. No caso, o “parquet” pretendia a anulação de contratações e de

credenciamentos de profissionais — ditos empregados públicos — sem a prévia aprovação em

concurso público. Alegava-se afronta ao que decidido pelo STF na ADI 3.395 MC/DF (DJU de

10.11.2006), tendo em conta que o julgamento da lide competiria à justiça comum — v. Informativo

596. O Colegiado asseverou que a orientação firmada na decisão paradigma seria no sentido de

competir à justiça comum o julgamento de litígios baseados em contratação temporária para o

exercício de função pública, instituída por lei local em vigência antes ou depois da CF/1988. Isso

não atrairia a competência da justiça trabalhista a alegação de desvirtuamento do vínculo. Assim, a

existência de pedidos fundados na CLT ou no FGTS não descaracterizaria a competência da justiça

comum. Por fim, o Tribunal deliberou anular os atos decisórios até então proferidos pela justiça

laboral e determinar o envio dos autos da ação civil pública à justiça comum competente. Vencidos

os Ministros Marco Aurélio (relator) e Rosa Weber, que negavam provimento ao agravo.

Não é possível a contratação de servidor temporário se a necessidade for permanente. Ex:

tentativa do Estado do Rio Grande do Norte em contratar advogados para desempenhar

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como servidor temporário a função de defensores público. Esse foi o entendimento do STF

no informativo 524.

Informativo 524, STF

Contratação Temporária de Advogado e Exercício da Função de Defensor Público: Por vislumbrar

ofensa ao princípio do concurso público (CF, art. 37, II), o Tribunal julgou procedente pedido

formulado em ação direta ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, para

declarar a inconstitucionalidade da Lei 8.742/2005, do Estado do Rio Grande do Norte, que dispõe

sobre a contratação temporária de advogados para o exercício da função de Defensor Público, no

âmbito da Defensoria Pública do referido Estado-membro. Considerou-se que, em razão de

desempenhar uma atividade estatal permanente e essencial à jurisdição, a Defensoria Pública não

convive com a possibilidade de que seus agentes sejam recrutados em caráter precário. Asseverou-

se ser preciso estruturá-la em cargos de provimento efetivo, cargos de carreira, haja vista que esse

tipo complexo de estruturação é que garante a independência técnica das Defensorias, a se refletir

na boa qualidade da assistência a que têm direito as classes mais necessitadas.

Em contrapartida é possível a contratação de servidor temporário para resolver problema

de acúmulo de serviço. Esse entendimento foi manifestado pelo STJ no Informativo 560.

Informativo 560, STJ

DIREITO ADMINISTRATIVO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDOR PÚBLICO PARA

ATIVIDADES DE CARÁTER PERMANENTE.

Ainda que para o exercício de atividades permanentes do órgão ou entidade, admite-se a

contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional

interesse público (arts. 37, IX, da CF e 2º da Lei 8.745/1993) – qual seja, o crescente número de

demandas e o elevado passivo de procedimentos administrativos parados junto ao órgão, que se

encontra com o quadro de pessoal efetivo completo, enquanto pendente de análise no Congresso

Nacional projeto de lei para a criação de vagas adicionais.

Servidor celetistas: são os empregados públicos.

Respeitam, em regra, a CLT, mas também respeitam algumas normas de direito público,

como, por exemplo, a realização de concurso público e submissão ao teto remuneratório.

O Celetista precisa prestar concurso público, mas nunca adquire estabilidade. Apesar de

não ter estabilidade, o STF entende que a dispensa precisa ser motivada (informativo 699,

STF).

Informativo 699, STF

ECT: despedida de empregado e motivação – 7: Servidores de empresas públicas e sociedades de

economia mista, admitidos por concurso público, não gozam da estabilidade preconizada no art.

41da CF, mas sua demissão deve ser sempre motivada. Essa a conclusão do Plenário ao, por

maioria, prover parcialmente recurso extraordinário interposto pela Empresa Brasileira de Correios e

Telégrafos - ECT contra acórdão do TST em que discutido se a recorrente teria o dever de motivar

formalmente o ato de dispensa de seus empregados. Na espécie, o TST reputara inválida a

despedida de empregado da recorrente, ao fundamento de que “a validade do ato de despedida do

empregado da ECT está condicionada à motivação, visto que a empresa goza das garantias

atribuídas à Fazenda Pública” — v. Informativo 576.

O celetista submete-se ao teto remuneratório, salvo se a empresa estatal for independente

(art. 37, XI e §9º, CR).

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Submete-se também à regra da não acumulação de cargos (art. 37, XVI e XVII, CR).

A competência para processar e julgar a demanda entre o celetista e a empresa estatal é a

Justiça do Trabalho (art. 114, I, CR).

Servidor estatutário: é o servidor público em sentido estrito. Ele ocupa cargo público dentro

de pessoas jurídicas de direito público e submete-se à lei/estatuto própria. Tem como

característica a pluralidade normativa. O servidor público federal possui o estatuto federal

(Lei 8.112/90). Os demais Estados da federação possuem seu próprio estatuto.

A competência para julgar ação entre o estatutário e a administração pública é da Justiça

Comum.

2. Normas constitucionais aplicáveis aos agentes públicos (arts. 37 a 41, CR)

2.1. Cargo, emprego e função pública (art. 37, I, CR)

Art. 37, I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que

preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da

lei;

Cargo público é o “local” a ser ocupado por um servidor estatutário.

Emprego público é o “local” a ser ocupado por um servidor celetista.

Função pública é a atividade a ser exercida pelo agente público. Não é possível que haja

cargo ou emprego sem função pública. Entretanto é possível que haja função pública sem que o

agente ocupe cargo ou emprego. E o que ocorre, por exemplo, com o agente de fato e o servidor

temporário.

Para ocupação de cargos, empregos e funções públicas pelo estrangeiro é necessário que

haja previsão legal.

Classificações do cargo público:

Quanto à progressão na carreira:

Cargo isolado: cargo público isolado é aquele que não permite a progressão funcional. Não

há divisão por classes. Ex: Ministro de Estado.

Cargo de carreira: o cargo de carreira é aquele que permite progressão na carreira. Há

divisão por classes. Ex: Delegado Federal.

Classificação de acordo com a segurança no serviço público:

Cargo em comissão: cargo de livre nomeação e livre exoneração (exoneração ad nutum).

Cargo efetivo: é o cargo que possibilita a estabilidade. Para adquirir estabilidade devem

ser preenchidos alguns requisitos. Sendo preenchidos os requisitos da estabilidade, o

servidor só perderá o cargo em 4 hipóteses: sentença judicial transitada em julgado,

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processo administrativo disciplinar, reprovação na avaliação periódica de desempenho e

sendo extrapolado o limite de gastos com pessoal.

Cargo vitalício: é o cargo que possibilita a vitaliciedade. O servidor que adquire

vitaliciedade só perde o cargo público através de sentença judicial transitada em julgado.

São servidores vitalícios os magistrados, os membros do MP e os membros do Tribunal de

contas.

2.2. Concurso Público (art. 37, II e III, CR)

Art. 37, II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em

concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a

complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações

para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez,

por igual período;

O concurso pode ser realizado por provas (são realizadas apenas as provas) ou provas e

títulos (devem ser realizadas provas e comprovados os títulos). Não é possível concurso público

só de títulos. Segundo o STF, na decisão do informativo 757, os títulos não podem ter caráter

eliminatório, apenas classificatório.

Informativo 757, STF

CNJ: concurso público e prova de títulos: A 1ª Turma, por maioria, concedeu mandados de

segurança para cassar decisão do CNJ que referendara a reprovação dos ora impetrantes em

concurso público de provas e títulos realizado para o preenchimento de vagas em serventias

extrajudiciais. Na espécie, discutia-se a possibilidade de — em razão do estabelecimento de

determinado critério de cálculo das notas atribuídas aos candidatos —, se atribuir caráter

eliminatório à prova de títulos no referido certame. De início, a Turma, por maioria, rejeitou

preliminar suscitada pela Ministra Rosa Weber quanto à impossibilidade de conhecimento dos

mandados de segurança, visto que impetrados em face de deliberação negativa do CNJ. A

suscitante afirmava que as deliberações negativas do CNJ, porquanto não substituíssem o ato

originalmente questionado, não estariam sujeitas à apreciação por mandado de segurança

impetrado diretamente no STF. O Colegiado entendeu, porém, que a jurisprudência do STF

distinguiria as situações em que o CNJ adentrasse, ou não, na matéria de fundo. Asseverou,

ademais, que, mesmo no campo administrativo, sempre que houvesse competência recursal, a

decisão do órgão recursal substituiria a decisão do órgão “a quo”. Vencidos a suscitante e o Ministro

Dias Toffoli. No mérito, a Turma afirmou que as provas de títulos em concurso público para

provimento de cargos públicos efetivos na Administração Pública, em qualquer dos Poderes e em

qualquer nível federativo, não poderiam ostentar natureza eliminatória. A finalidade das provas

seria, unicamente, classificar os candidatos, sem jamais justificar sua eliminação do certame.

Vencida, também no mérito, a Ministra Rosa Weber, que indeferia os mandados de segurança.

O concurso pode ter validade de até 2 anos prorrogável 1 única vez por igual período

(artigo 37, III, CR/88). Este é o tempo que a AP tem para nomear os aprovados naquele concurso.

Acabado o prazo, a AP não pode mais nomear, ela deverá fazer novo concurso.

A contagem do prazo de validade é iniciada a partir da homologação do concurso (RMS

33719/SP, STJ).

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RMS 33719/SP, STJ

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO

PÚBLICO. ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO. HOMOLOGAÇÃO DO RESULTADO FINAL.

TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. PUBLICAÇÃO.

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. ABERTURA DE NOVO CONCURSO NO ÚLTIMO DIA DE

VALIDADE. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO.

1. O ato de homologação do resultado final do concurso público só produz efeitos a partir de sua

publicação; data a partir do qual se inicia o prazo de validade do certame.

2. Nos termos do art. 37, IV, da Constituição Federal, a abertura de novo concurso, enquanto

vigente a validade do certame anterior, confere direito líquido e certo a eventuais candidatos cuja

classificação seja alcançada pela divulgação das novas vagas.

A prorrogação do prazo de validade é ato discricionário da administração pública. Esta foi

a decisão do STF no RMS 23788.

RMS 23788

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. APROVAÇÃO

NA PRIMEIRA ETAPA E NÃO- APROVEITAMENTO NA SEGUNDA. DIREITO ADQUIRIDO:

INEXISTÊNCIA.

A prorrogação do concurso é ato discricionário da Administração, a teor do inciso III do artigo 37 da

Carta de 1988. Recurso não provido.

A prorrogação do prazo de validade do concurso público deve ser feita antes do fim do

prazo inicial, conforme entendimento do STF. Se o prazo inicial é de até dois anos, a prorrogação

do prazo de validade deve ser feita dentro deste prazo de dois anos. A doutrina entende que não

sendo feita a prorrogação neste prazo, o concurso morre (informativo 345, STF).

Informativo 345, STF

Concurso Público: Prorrogação Irregular: Por ofensa ao art. 37, III da CF, a Turma reformou acórdão

do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia que, considerando regular a prorrogação do prazo de

validade de concurso de auditor fiscal, ocorrida dois anos depois de escoado o primeiro biênio,

reintegrara os recorridos no cargo de auditor fiscal. Levou-se em conta, na espécie, o fato de que, a

não-prorrogação do certame após o prazo de dois anos da homologação do resultado, implicou a

perda da validade do concurso, não sendo possível, assim, o restabelecimento, pela administração,

de concurso público já decaído. Ressaltou-se, ademais, à vista do disposto na primeira parte do

Enunciado 473 da Súmula do STF, a inexigibilidade de processo administrativo anteriormente à

dispensa de candidatos nomeados de modo irregular, haja vista a divergência entre o ato de

nomeação dos recorridos e as normas disciplinadoras do concurso público previstas na Constituição

(CF, art. 37, III: "o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma

vez, por igual período.").

A habilitação técnica para o concurso público é exigida na data da posse. Ex: exigência de

ser o candidato bacharel em direito para ocupar o cargo ou emprego público. Este é o

entendimento do STJ manifestado na súmula 266.

Súmula 266, STJ: o diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na

posse e não na inscrição para o concurso público.

É possível que determinados concursos públicos apresentem como requisito para ingresso

na carreira determinado limite mínimo ou máximo de idade. Entretanto, deverá haver relação com

as atribuições do cargo. Este é o entendimento do STF manifestado na súmula 683.

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Súmula 683, STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do

art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a

ser preenchido.

Em respeito à presunção de inocência, a existência de inquérito policial ou ação penal não

transitada em julgado, em regra, não pode servir como óbice à participação no concurso. Essa

matéria foi objeto de discussão no informativo 741 do STF.

Informativo 741, STF

EMENTA: CONCURSO PÚBLICO. AGENTE PENITENCIÁRIO. INVESTIGAÇÃO SOCIAL. VIDA

PREGRESSA DO CANDIDATO. EXISTÊNCIA DE REGISTROS CRIMINAIS. PROCEDIMENTOS

PENAIS DE QUE NÃO RESULTOU CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO.

EXCLUSÃO DO CANDIDATO. IMPOSSIBILIDADE. TRANSGRESSÃO AO POSTULADO

CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII). RECURSO

EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.

A exclusão de candidato regularmente inscrito em concurso público, motivada, unicamente, pelo

fato de existirem registros de infrações penais de que não resultou condenação criminal transitada

em julgado vulnera, de modo frontal, o postulado constitucional do estado de inocência, inscrito no

art. 5º, inciso LVII, da Lei Fundamental da República. Precedentes.

DECISÃO: Reconsidero a decisão ora agravada, restando prejudicado, em consequência, o exame

do recurso contra ela interposto. Passo, desse modo, a apreciar o presente agravo. E, ao fazê-lo,

observo que o recurso extraordinário em questão foi interposto contra acórdão que, proferido pelo E.

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, está assim ementado:

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE AGENTE

PENITENCIÁRIO. CANDIDATO ELIMINADO NA FASE DE INVESTIGAÇÃO SOCIAL.

INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA COM TRÂNSITO EM JULGADO.

IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DE CANDIDATO. PRECEDENTES DO STF E DESTA CORTE

DE JUSTIÇA.

No mérito, é entendimento consolidado, quer no Supremo Tribunal Federal, quer nesta Corte de

Justiça que a fase de investigação social deve ser realizada com temperança, haja vista que o

princípio da presunção de inocência deve suplantar as situações em que o candidato não tenha

ainda sentença condenatória.

É permitida a realização de exame psicotécnico, entretanto, de acordo com a súmula

vinculante 44, ele deve ser realizado se houver previsão em lei e no edital. Deve, ainda, respeitar

critérios objetivos e ser possibilitado o recurso do resultado.

Súmula vinculante 44: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a

cargo público.

É vedada a exclusão do concurso de candidatos que possuam tatuagens, salvo em

situações excepcionais. As tatuagens não podem ferir princípios da administração pública, como,

por exemplo, a moralidade. Este é o entendimento do STF manifestado no RE 898450.

RE 898450, STF

EMENTA: REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO.

CONCURSO PÚBLICO. EDITAL. REQUISITOS. IMPEDIMENTO DO PROVIMENTO DE CARGO,

EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA DECORRENTE DA EXISTÊNCIA DE TATUAGEM NO CORPO

DO CANDIDATO. AFERIÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA ESTATAL DE QUE A

TATUAGEM ESTEJA DENTRO DE DETERMINADOS PARÂMETROS. ARTS. 5º, I E 37, I E II DA

CRFB/88. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.

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Casos de inexigibilidade de concurso público:

Cargo em comissão (art. 37, II, CR):

Art. 37. II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em

concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a

complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações

para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

Quinto constitucional (art. 94, CR);

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos

Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério

Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de

reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em

lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao

Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para

nomeação.

Ministros do STF (art. 101, § único, CR):

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre

cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de

notável saber jurídico e reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo

Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado

Federal.

Ministros do STJ (art. 104, § único, CR):

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo

Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de

sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a

escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre

desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo

próprio Tribunal;

II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,

Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

Membros do Tribunal de Contas (art. 73, §1º e 2º, CR):

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito

Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no

que couber, as atribuições previstas no art. 96.

§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que

satisfaçam os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

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III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de

administração pública;

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija

os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois

alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal,

indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e

merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.

Ministros do TST (art. 111-A, CR):

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros,

escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos,

nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado

Federal (...)

Ministros do TSE (art. 119, II, CR):

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros,

escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de

notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Ministros do STM (art. 123, § único, CR):

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados

pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo

três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três

dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira,

e cinco dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre

brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos

de efetiva atividade profissional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da

Justiça Militar.

Art. 198, § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes

comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo

público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos

específicos para sua atuação.

Agentes comunitários de saúde (art. 198, §4º, CR):

Art. 198. § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes

comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo

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público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos

específicos para sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006).

Ex combatentes da Segunda Guerra Mundial (art. 53, I, ADCT):

Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas

durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de

1967, serão assegurados os seguintes direitos:

I - aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso, com estabilidade;

Aprovação X nomeação no concurso Público

A aprovação em concurso público, em regra, traz mera expectativa de direito à nomeação.

Entretanto, existem 4 situações em que o aprovado deixa de ter expectativa de direito e passa a

ter direito subjetivo à nomeação. São elas:

Aprovado dentro do número de vagas previsto no edital: ler RMS 20718 do STF;

ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO - CONCURSO - APROVAÇAO DE

CANDIDATO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS EM EDITAL - DIREITO LÍQUIDO E

CERTO À NOMEAÇAO E À POSSE NO CARGO - RECURSOPROVIDO.

1. Em conformidade com jurisprudência pacífica desta Corte, o candidato aprovado em concurso

público, dentro do número de vagas previstas em edital, possui direito líquido e certo à nomeação

e à posse.

2. A partir da veiculação, pelo instrumento convocatório, da necessidade de a

Administração prover determinado número de vagas, a nomeação e posse, que seriam, a

princípio, atos discricionários, de acordo com a necessidade do serviço público, tornam-se

vinculados, gerando, em contrapartida, direito subjetivo para o candidato aprovado dentro

do número de vagas previstas em edital.

Aprovado preterido na ordem classificatória: súmula 15, STF;

Súmula 15/STF: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à

nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.

Contratação temporária/precária para o mesmo cargo.

Surgimento de novas vagas quando houver atuação arbitrária e imotivada da administração

pública: novas vagas ou novo concurso não geram automaticamente direito subjetivo à

nomeação, salvo se houver atuação arbitrária e imotivada da administração pública.

(Informativo 811, STF).

Concurso público: direito subjetivo à nomeação e surgimento de vagas – 4: surgimento de novas

vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do

certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora

das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por

parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público

capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de

validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à

nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: a) quando

a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; b) quando houver preterição na

nomeação por não observância da ordem de classificação; e c) quando surgirem novas vagas, ou

for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de

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candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima. Essa a

tese que, por maioria, o Plenário fixou para efeito de repercussão geral. Na espécie, discutia-se a

existência de direito subjetivo à nomeação de candidatos aprovados fora do número de vagas

previstas no edital de concurso público, no caso de surgimento de novas vagas durante o prazo de

validade do certame. Em 14.10.2014, a Corte julgou o mérito do recurso, mas deliberara pela

posterior fixação da tese de repercussão geral — v. Informativo 803. O Ministro Luiz Fux (relator)

destacou que o enunciado fora resultado de consenso entre os Ministros do Tribunal, cujo texto fora

submetido anteriormente à análise. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que se manifestava contra o

enunciado, porque conflitava com as premissas lançadas pela corrente vitoriosa no julgamento do

recurso extraordinário. Aduzia que a preterição se caracterizava quando, na vigência do concurso,

convocava-se novo certame, a revelar a necessidade de se arregimentar mão de obra.

*Informativo 808, STF – o candidato que toma posse em virtude de decisão liminar (posse

precária), não terá direito a permanecer no cargo se a decisão final não confirmar a liminar. Não

há que se falar em fato consumado pois o STF entendeu que a posse precária não gera

expectativa de direito ou direito adquirido.

Informativo 808, STF

Concurso público e nomeação precária: O candidato que toma posse em concurso público por força

de decisão judicial precária assume o risco de posterior reforma desse julgado que, em razão do

efeito “ex tunc”, inviabiliza a aplicação da teoria do fato consumado em tais hipóteses. Assim a

Primeira Turma concluiu o julgamento, por maioria, ao negar provimento a recurso ordinário em

mandado de segurança no qual se pretendia a incidência da teoria do fato consumado, bem como a

anulação da portaria que tornara sem efeito nomeação para o cargo de auditor-fiscal do trabalho.

Na espécie, a candidata participara de segunda etapa de concurso público, mediante deferimento

de liminar, com sua consectária posse no cargo. Após mais de 15 anos, em julgamento de mérito,

denegara-se a ordem e, por conseguinte, o Ministério do Trabalho editara ato em que tornada sem

efeito respectiva nomeação — v. Informativo 688. De início, a Turma salientou que o STF

reconhecera a existência de repercussão geral cuja tese abrangeria a circunstância contemplada no

presente feito (RE 608.482/RN, DJe de 2.5.2012). Explicou que as particularidades da situação em

apreço conduziriam para a não aplicação da teoria do fato consumado. A recorrente tivera sua

participação na segunda etapa do concurso assegurada por decisão judicial que, ao final, fora

reformada (denegada) e transitara em julgado, sem que ela ajuizasse ação rescisória. A pretensão

da ora recorrente, portanto, já estaria fulminada na origem. É certo que sua nomeação somente fora

implementada por força de decisão proferida nos autos de outro processo proposto pela impetrante

(ação de obrigação de fazer), no qual obtivera, em última instância, decisão favorável. Todavia,

essa segunda demanda guardaria nítida relação de dependência com aquela que transitara em

julgado e lhe fora desfavorável. Portanto, seja pela aplicação do entendimento firmado em

repercussão geral, seja pelas particularidades processuais que envolvem o caso concreto, a Turma

entendeu não ser possível aplicar a teoria do fato consumado. Vencido o Ministro Luiz Fux (relator),

que, com base no princípio da proteção da confiança legítima, dava provimento ao recurso

ordinário, a fim de assegurar a permanência da recorrente no cargo.

2.3 Estabilidade (artigo 41, CR/88)

É a segurança no serviço público. É aplicável aos servidores públicos que ocupam cargo

público efetivo (servidor estatutário).

Requisitos para a estabilidade:

Estágio probatório: período de 3 (três) anos de efetivo exercício. Embora a Lei 8.112 preveja o

prazo de 2 anos, aplica-se o prazo constitucional de 3 anos.

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Aprovação na avaliação especial de desempenho: após o fim do período probatório de 3 anos,

o servidor será submetido à avaliação de desempenho. Após a aprovação da avaliação, o

servidor adquire estabilidade.

Art. 41, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação

especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.

Conforme decisão do STF, se a administração não realiza a avaliação especial de

desempenho ocorrerá a aprovação tácita.

Adquirindo estabilidade, a perda do cargo pode ocorrer apenas em 4 (quatro) situações (artigo

41, CR/88).

Sentença judicial transitada em julgado (art. 41, §1º, I, CR);

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para

cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

Processo administrativo disciplinar, garantida a ampla defesa (art. 41 §1º, II, CR);

Art. 41. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa

Reprovação na avaliação periódica de desempenho (art. 41, §1º, III, CR): periodicamente o

servidor estável será avaliado.

Art. 41. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei

complementar, assegurada ampla defesa.

A administração pública excede o limite de gastos com pessoal (artigo 169, CR/88);

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal

e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo

fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios adotarão as seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e

funções de confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis.

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para

assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o

servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos

Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da

redução de pessoal.

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização

correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço.