Curso EFNT

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1. Introduo1.1 Desenvolvimento dos Navios-Tanque 1.1.1 Navios Petroleiros Muito antes, em 1861, o embarque de leo era feito em navios convencionais dentro de barris. O Elizabeth Watts foi o primeiro petroleiro, vela, a cruzar o Atlntico, da Filadlfia a Londres, com petrleo transportado em barris. O Atlantic foi o primeiro navio a transportar leo em seus pores (1863) e j possua casco de ferro. Essas embarcaes eram de madeira e, portanto, no eram adequadas para transporte de produtos inflamveis. Como praticamente no se conheciam os riscos dessa carga para o ser humano, a falta de segurana era muito grande. O primeiro navio que se pode chamar de navio-tanque foi o Zoroaster, construdo em 1878. Em 1886, foi construdo o Gluckauf, cuja utilizao era especificamente o transporte de petrleo e que j possua dispositivos de segurana de um petroleiro.

Projeto dos primeiros navios petroleiros

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No sculo 20, consolidou-se a indstria do petrleo e, paralelamente, a navegao a servio dessa indstria. Durante a 1 Guerra Mundial, verificou-se a importncia do transporte de petrleo pelo mar. Da em diante, os estaleiros passaram a introduzir em seus projetos de navios-tanque importantes modificaes e a antepara longitudinal que era colocada no plano diametral foi substituda por duas anteparas longitudinais, da surgindo os tanques centrais e laterais.

Diagrama de um petroleiro de 1950

No final de 1941, os Estados Unidos entraram na 2 Guerra trazendo transformaes radicais no mundo do petrleo quando foram construdos navios do tipo T2, com 16.500TPB (toneladas de porte bruto). A necessidade de transportar maiores quantidades de carga levou construo de grandes petroleiros como os VLCCs e ULCCs. Nos petroleiros atuais, as acomodaes, as praas de mquinas e casas de bombas so situadas totalmente r, ficando o convs principal para os tanques de carga, tanques de resduos e de lastro e seus apndices. Alguns possuem bomba de carga instalada em cada tanque, ficando na casa de bombas, principalmente, o sistema de lastro.

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Evoluo dos navios-tanque

Algumas cargas qumicas, pelo tipo de construo dos tanques e sistema de carga, podem ser transportadas em determinadas espcies de navios petroleiros. O transporte de petrleo e derivados, devido presena de gases inflamveis e txicos, feito sob rigorosas normas internacionais, mormente as convenes SOLAS e MARPOL, que tm recebido constantes emendas com o objetivo de cobrir todas as situaes de riscos identificadas nessa atividade. A qualificao e o treinamento das pessoas envolvidas passaram a ser mais exigentes para aumentar a segurana operacional e da preveno da poluio conforme o STCW 95 em seu Captulo V. A construo de navios de casco duplo foi desenvolvida com o propsito de evitar poluio do meio ambiente nos casos de coliso e encalhe. O Cdigo Internacional de Gerenciamento para Segurana Operacional e Preveno da Poluio (ISM Code) passou a ser obrigatrio a partir de 1 de julho de 1998 para todos os navios-tanque de 500 GRT ou mais e traz medidas que envolvem as tripulaes e o pessoal da empresa em terra para atingir seus objetivos. No Brasil, a 2 Guerra Mundial mostrou a necessidade de uma indstria nacional de explorao, refino e transporte de petrleo, apesar da promessa dos pases aliados de manter o abastecimento interno. No perodo de 1939 a 1945, com o afundamento de vrios navios mercantes na costa brasileira, acarretando prejuzos com a perturbao da importao de derivados de petrleo, ficou clara a necessidade da auto-suficincia em petrleo, seu transporte e refino de leo cru para o bem da segurana interna da nao.

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Em 13 de maro de 1949, o presidente Dutra sancionou a lei n 650 autorizando crditos especiais ao Conselho Nacional do Petrleo (CNP), viabilizando projetos e materiais para a construo de refinarias e compra de navios-tanque. Em 25 de abril de 1950, pelo decreto n 28.050, foi criada a Frota Nacional de Petroleiro FRONAPE, subordinada ao CNP. Em 03 de outubro de 1953, com a lei n 2004, foi criada a Petrleo Brasileiro S/A PETROBRAS, qual a FRONAPE foi anexada. Hoje, por questes administrativas, a PETROBRAS criou a subsidiria TRANSPETRO, atualmente com 56 navios, num total de mais de 3.000.000 de TPB, quando foram construdos navios modernos, aumentando o desenvolvimento tecnolgico da empresa. H projeto para a construo de 22 navios para renovao e modernizao da frota que contar com unidades da mais alta tecnologia. Em 21 de abril de 2006, com a plataforma P-50 j em operao, foi anunciada ao mundo a auto-suficincia do Brasil em petrleo.

1.1.1.1 Tipos de navios petroleiros Os navios para transporte de petrleo e seus derivados, de acordo com o tipo de carga a transportar, esto divididos em: Navio de leo cru Oil tankers; Em geral navios de grande porte, tipo VLCC (very large crude carriers), destinados ao transporte de leo cru em grandes lotes dos terminais de produo at aos portos onde esto as grandes refinarias.

Navio de leo cru (DP com BLS)

Navio de derivados claros e escuros Product tankers (Navio de Produto);

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Os navios que transportam claros ou limpos so navios menores dedicados ao transporte de produtos destilados como a gasolina, o querosene e o leo diesel, que so cargas que contm poucos resduos. Os navios que transportam escuros ou sujos so navios similares em tamanho aos de produtos claros e se destinam ao transporte de leos combustveis pesados e outros produtos residuais. Os navios transportadores de produtos claros e escuros podem alternar seu tipo de carga, de claro para escuro ou vice-versa e at transport-los simultaneamente, quando devem ser seguidos os procedimentos corretos de limpeza dos tanques que suportem essa troca. Conforme a Conveno MARPOL, o navio-tanque designado no IOPP Certificate (International Oil Pollution Prevention Certificate) como navio transportador de produtos claros e escuros so proibidos de transportar leo cru, enquanto o navio transportador de leo cru somente poder transportar produtos claros e escuros se em seu IOPP ele estiver claramente identificado como transportador de leo cru e produtos.

Navio de produto

Navios Dedicados; So navios empregados apenas para o transporte de determinado tipo de produto, como, por exemplo, o betume, ou como navios de estocagem ou aliviadores de plataformas. De acordo com o tamanho em TPB (tonelada de porte bruto) e conforme o Tanker Handbook, esto divididos em: General Purpose Mdium Range Large Range 1 (LR1) Large Range 2 (LR2)-8-

16.500 a 24.999 25.000 a 49.999 45.000 a 79.999 80.000 a 159.999

Very Large Crude Carrier (VLCC) Ultra Large Crude Carrier (ULCC)

160.000 a 320.000 Mais de 320.000

Os VLCCs e ULCCs transportam grandes quantidades de leo cru. Os demais, por serem menores e de menores calados, so mais versteis na sua utilizao.

ULCC Jahre Viking

Os LR1 e LR2 esto divididos em transportadores de produtos claros e transportadores de produtos escuros. Os navios de claros costumam ser de menos do que 50.000TPB e podem possuir tanques revestidos (pintados) e sistema de carga que permitem o carregamento de at 12 produtos diferentes. Os LR2 com mais de 100.000TPB so normalmente utilizados para transportar leo cru, podendo alternar para produtos escuros desde que equipados com adequado sistema de limpeza de tanques. Os VLCCs esto divididos em trs tipos: leo cru. Navios petroleiros convencionais de grande porte exclusivamente para o transporte de leo cru em tanques centrais e laterais. Navios combinados Navio combinado um navio-tanque projetado para transportar leo cru ou carga slida nos pores. Os dois tipos principais so os Oil/Bulk/Ore (OBO) e os Ore/Oil (O/O) OBO Ore/Bulk/Oil Carrier O navio OBO capaz de carregar em seu mximo deadweight quando aplicado no comrcio como navio de minrio com carga de minrio de alta concentrao. Tambm classificado para transportar outros tipos de carga seca, tais como gro e carvo.-9-

Seus pores se estendem de um lado ao outro, ocupando toda a boca do navio. Em alguns casos, esses pores podem ser laterais. Possuem tanques elevados e inferiores, alm de possurem duplo fundo. O leo ou a carga seca so transportados nos pores. O leo pode ser transportado tambm nos tanques elevados ou nos tanques laterais, se houver. Tanques laterais para resduos oleosos so normalmente instalados a r dos pores de carga. Lastro segregado pode ser carregado nos tanques elevados ou nos inferiores e nos tanques de duplo fundo. As redes de carga e lastro so instaladas no duto da quilha ou em dois tneis localizados em ambos os bordos da linha de centro e separados pelo fundo duplo.

Navios para leo cru (OBO Ore/Bulk/Oil Carrier)

Os navios transportadores de leo cru e minrio (O/O Ore/Oil Carrier) Os navios O/O so projetados para carregar em seu mximo deadweight quando aplicado no comrcio como um navio-tanque e tambm quando carregando minrio de alta concentrao. Este navio no normalmente designado para carregar cargas leves. O minrio transportado somente nos pores centrais enquanto que o petrleo pode ser carregado tanto nos centrais como nos laterais. Os tanques so construdos estendendo-se at aproximadamente a metade da boca do navio. Os tanques laterais convencionais so ligados s anteparas dos pores, reforando as sees longitudinais e permitindo laterais lisas nos pores centrais. Os pores so construdos sempre sobre duplos fundos e possuem escotilhas inteiras, com um sistema de selagem similar ao dos navios OBO, que possibilitam o carregamento e a descarga do minrio quando retiradas. As redes de carga so normalmente instaladas nos tanques laterais enquanto que as redes de lastro so instaladas nos tanques de duplo fundo. Quando as redes de carga passam atravs de tanques de lastro permanente, a possibilidade de poluio causada por falha na rede deve sempre ser lembrada.

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Diagrama de um O/O

Navio transportador de leo cru e minrio (O/O Ore/Oil Carrier)

1.1.2 Navios Qumicos O transporte de cargas qumicas teve incio com o rpido crescimento das indstrias qumicas aps a 2 Guerra Mundial.

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As cargas eram transportadas em navios de carga seca em frascos ou tambores e, quando havia maiores quantidades, estas eram transportadas a granel, nos duplo-fundos desses navios. Com o aumento da demanda de produtos qumicos no mundo, ficou evidente a necessidade de um novo tipo de navio para essa finalidade. O primeiro navio qumico saiu da converso do petroleiro americano do tipo T-2 que havia sido construdo para a guerra. Na converso, foram colocadas anteparas para proporcionar mais e menores tanques alm da instalao de sistemas de redes e foram adicionadas mais bombas de carga. A primeira converso desse tipo foi feita em 1948 no R.E. Wilson de 9.073 GRT. Alm dos navios convertidos, que eram navios qumicos relativamente grandes, navios menores especialmente projetados para o transporte de cidos, como o cido sulfrico, foram construdos no incio dos anos 1950, com tanques fabricados com ligas de ao, portanto, reforados para suportar cargas com densidades superiores a 2kg/litro. Pelo alto grau de pureza e sensibilidade das cargas qumicas, sujeitas a contaminao, foram desenvolvidas tcnicas para o revestimento dos tanques de ao doce. O primeiro navio qumico especialmente projetado foi o noruegus M/T Lind, entregue em 1960, e que tambm foi o primeiro a vir equipado com tanques de ao inoxidvel.

Navio qumico

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Diagrama de um navio qumico

Os navios qumicos modernos possuem grande nmero de tanques e so projetados para transportar uma grande variedade de cargas. Para isso, os tanques so divididos em tanques de ao inoxidvel, tanques revestidos com pintura epxi ou silicato inorgnico de zinco. Cada tanque est equipado com bombas de profundidade e sistema segregado de redes. Um sistema de lastro segregado instalado para garantir que o lastro no contaminar a carga. Os navios qumicos so engajados em dois tipos de comrcio: dedicated ou parcel trade. Viagem dedicada (dedicated service) usualmente significa que o navio est dedicado para certos tipos de produtos e transportam a mesma carga a cada viagem. Isto pode significar menor custo, uma vez que pode no ser necessrio preparar os tanques para receber a carga seguinte, o que tambm significar menos riscos operacionais pelo menor manuseio do sistema de limpeza e condicionamento dos tanques.- 13 -

Navios engajados em viagens parceladas (parcel service), manuseiam vrios lotes em menores quantidades para vrios portos. Estas viagens podem necessitar de operaes simultneas de descarregamento, lavagens de tanques e carregamento, o que envolve maiores riscos operacionais pelo constante manuseio das cargas, sistema de limpeza e condicionamento de tanques, alm de que os horrios so diversos e podem ser, muitas vezes, adversos, necessitando de uma tripulao bem-treinada e descansada.

1.1.3 Navios Transportadores de Gases Liquefeitos a Granel (navios de gs) O transporte de gs por navios teve incio no final dos anos 20, transportando butano e propano em vasos de presso na temperatura ambiente. O desenvolvimento de tcnicas de refrigerao e de metais resistentes a baixas temperaturas possibilitou o transporte de gases liquefeitos a temperaturas inferiores temperatura ambiente. Por volta de 1959, navios semipressurizados entraram em operao e gases liquefeitos puderam ser transportados a uma presso menor, conseguida atravs da diminuio da temperatura do produto. Por volta de 1963, navios totalmente refrigerados para LPG, LNG e alguns gases qumicos entraram em operao transportando a carga presso atmosfrica. Os tipos de navios para transporte de gases liquefeitos so conhecidos, geralmente, pelo tipo de carga que esto autorizados a transportar. Navios para LPG Gs liquefeito de petrleo; Navios de LEG Gs etileno; Navios de LNG Gs natural liquefeito; Navios de Cloro; Navios LEG/LPG/Qumicos.

Navio de gs - GLP

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Diagrama de um navio para GLP

1.2 Tipos de Carga 1.2.1 Petrleo O petrleo uma mistura de compostos orgnicos que so constitudos, em sua maioria, de hidrocarbonetos associados a pequenas quantidades de nitrognio, enxofre e impurezas diversas, mas que no alcanam 5%. A composio do petrleo varia de acordo com a formao geolgica do solo do qual extrado. encontrado em jazidas terrestres e nas plataformas continentais, ou seja, nos rios e oceanos. Dependendo do tipo de petrleo, os leos bsicos extrados tero composio qumica diversa e caractersticas bem definidas e sua classificao, segundo a sua base, constituda de: PARAFNICOS: constitudos, em sua maior parte, por hidrocarbonetos de cadeia aberta; NAFTNICOS: predomina em sua composio o ciclopetano, como hidrocarboneto em cadeia fechada, sendo a matria prima ideal para a composio de lubrificantes; AROMTICOS: sua caracterstica a predominncia do benzeno em sua composio. Hidrocarboneto o nome comum dado s substncias compostas somente por elementos de hidrognio e carbono. O petrleo cru, ou simplesmente petrleo no estado natural, a mistura de hidrocarbonetos associados a pequenas quantidades de enxofre, nitrognio, oxignio e impurezas diversas. Os componentes dessa mistura, nas condies ambientais de temperatura e presso, so substncias que, em funo do nmero de tomos de carbono que constituem suas respectivas molculas, so gases, lquidos ou slidos. Cada um dos hidrocarbonetos constitudos do petrleo recebe a denominao da frao de petrleo e cada uma dessas fraes tem propriedades fsicas e qumicas distintas.- 15 -

O processo inicial utilizado nas refinarias para separao dos componentes da frao de leo cru a destilao. Esse processo se aplica para a separao dos hidrocarbonetos mais leves dos mais pesados, entre seus pontos moleculares. Para um composto com um grande nmero de tomos de carbono, utiliza-se um processo denominado craqueamento, quando essas molculas so divididas e tm seus tomos reorganizados. As impurezas presentes no leo cru, tais como o enxofre, oxignio e outras, so indesejveis nos produtos, da a necessidade da eliminao destas durante o processo de refino. Os produtos escuros, assim chamados devido ao seu aspecto, so tambm conhecidos como sujos devido aos resduos e sedimentos que deixam nas anteparas e fundo dos tanques. Esses produtos so descarregados temperatura ambiente ou aquecidos de acordo com as especificaes de cada produto. Os produtos claros (gasolina automotiva, gasolina de aviao, querosene, querosene de aviao, leo diesel, leo combustvel, etc.) so assim chamados devido ao seu aspecto e cor. So tambm chamados de limpos por no deixarem sedimentos e praticamente nenhuma borra no fundo do tanque. No precisam ser aquecidos e so descarregados temperatura ambiente. Os produtos claros so muito sensveis e, portanto, sujeitos a contaminao. leo significa o petrleo em qualquer forma, incluindo leo cru, leo combustvel, resduos oleosos, sobras e produtos refinados, exceto os petroqumicos. Os tipos de petrleo so definidos como: PETRLEO (petroleum): leo cru ou petrleo bruto e seus derivados lquidos; PETRLEO CIDO (sour crude oil): leo cru que contm aprecivel quantidade de sulfeto de hidrognio (gs sulfdrico) e/ou mercaptans. Nota: nos manuais de segurana da PETROBRAS, o leo considerado cido quando o teor de H2S superior a 5,4 g/m3 ou excede 6.000 ppm; PETRLEO NO-VOLTIL (non-volatile petroleum): petrleo cujo ponto de fulgor, determinado pelo mtodo de teste em vaso fechado, igual ou maior do que 60C; PETRLEO VOLTIL (volatile petroleum): petrleo cujo ponto de fulgor, determinado pelo mtodo de teste em vaso fechado, menor do que 60C. Exemplos de produtos transportados por petroleiros: leo cru, gasolina, leo diesel, QAV (querosene de aviao), nafta, leo combustvel, etc.

1.2.2 Produtos Qumicos As cargas transportadas pelos navios qumicos esto listadas no IMO Bulk Chemical Codes (IBC Code). Alm dessas cargas, este tipo de navio tambm pode transportar vrios outros produtos lquidos que no so considerados como produtos- 16 -

qumicos, tais como: sucos de frutas, gua, leos vegetais e animais, produtos claros derivados do petrleo e leos lubrificantes. Um navio qumico pode transportar produtos qumicos perigosos e todas as cargas transportadas por um navio de produtos, porm, um navio de produtos est limitado a transportar derivados de petrleo e cargas qumicas que no estejam identificadas no cdigo IBC como perigosas. As cargas dos navios qumicos podem ser divididas em quatro grupos distintos: Petroqumicos; lcool e carboidratos; leos animais, vegetais e gorduras; e Produtos qumicos inorgnicos. As cargas petroqumicas so produtos orgnicos derivados totalmente ou parcialmente do leo cru, do gs natural ou da hulha (carvo), tais como: Solventes; Aromticos; Produtos refinados. Os lcoois e os carboidratos so produtos produzidos a partir da fermentao, tais como: Licores; Vinhos; Melao. leos vegetais, animais e gorduras so produtos derivados de sementes de plantas e da gordura de animais, inclusive de peixes, tais como: leo de soja; leo de algodo; leo de girassol; Sebo; leo de baleia. Os produtos qumicos inorgnicos so produtos que no tm origem orgnica, tais como: cido sulfrico; cido fosfrico;- 17 -

cido ntrico; Soda custica. A maioria das cargas dos navios qumicos pertence ao grupo dos petroqumicos. PRODUTOSPHENOL SODIUM HYDROXIDE SOLUTION ACRYLONITRILE METHYL ALCOHOL ACETIC ACID SULPHURIC ACID TOLUENE DIISOCYANATE NITRIC ACID PALM OIL ETHYLENE GLYCOL METHYL ETHYL KETONE CARBON TETRACHLORIDE ETHYLENE DICHLORIDE FURFURAL ACETONE TOLUENE BENZENE XYLENE

SINNIMOS SIGLASCAUSTIC SODA SOLUTION ACN METHANOL SFA TDI

MEK CTC EDC

TOL BNZ

Cargas transportadas por navios qumicos

1.2.3 Gases Liquefeitos De maneira geral, o gs liquefeito a forma lquida de uma substncia que na temperatura ambiente e presso atmosfrica seria um gs. definido pelos cdigos de gs da IMO como uma substncia que tem presso de vapor superior a 2.8bar na temperatura de 37.8 oC As cargas transportadas pelos navios gaseiros esto relacionadas no IMO Gas Carrier Code (IGC Code). Estas cargas esto divididas em quatro grupos, quais sejam: Gs liquefeito natural, GLN (Liquefied natural gas, LNG); Gs liquefeito de petrleo, GLP (Liquefied petroleum gas, LPG); Gs eteno liquefeito, ETENO LIQUEFEITO (Liquefied ethylene gas, LEG); Gases qumicos e outras substncias (Chemical gases and certain other substances). O GLN um gs natural liquefeito que tem suas impurezas removidas e seu principal componente o metano. O gs liquefeito de petrleo (GLP) o nome comum dado aos gases do petrleo, principalmente o propano e o butano. Este gs produzido a partir do leo cru- 18 -

processado nas refinarias como um subproduto de plantas de produtos qumicos, de fontes naturais de gs ou do leo cru nas plataformas de produo. O gs eteno liquefeito produzido do craqueamento do GLP. Os gases qumicos formam um grupo de gases liquefeitos produzidos atravs de processo qumico, tais como: o cloro, a amnia e o monmero de cloreto de vinila (VCM). Outras substncias, como o xido de propileno e o acetaldedo, so substncias que se encontram na faixa entre um gs liquefeito e um produto qumico e so transportadas em navios de gs. Os gases podem ser liquefeitos por dois processos: Liquefao por remoo do calor; Liquefao por pressurizao. A liquefao de gases em navios que no so totalmente pressurizados feita pela remoo do calor. O calor removido da carga at sua liquefao chamado de calor latente de condensao. Cargas autorizadas para navios transportadores de gs liquefeito, conforme os cdigos de gs da IMO e o respectivo tipo de navio transportador: PRODUTOSAcetaldehyde Ammonia anhydrous Butadiene Butane Butylenes Chlorine Propane Propylene Methane

TIPO DE NAVIO2G 2PG 2G 2PG 2G 2PG 2G 2PG 2G 2PG 1G 2G 2PG 2G 2PG 2G

1.3 Terminologia e Definies ACOLCHOAMENTO (padding): introduo e manuteno do tanque de carga e sistema de redes associadas com gs inerte, outro gs, vapor ou lquido, o qual separa a carga do ar atmosfrico; ADIABTICA: a variao em volume de lquido ou gs sem perda ou ganho de calor envolvido; ADMINISTRAO: o governo do pas no qual o navio est registrado. AGENTE OXIDANTE: um elemento ou composto capaz de adicionar oxignio ou remover hidrognio. AGENTE REDUTOR: um elemento ou composto capaz de remover oxignio ou adicionar hidrognio;- 19 -

AIR-LOCK: uma rea de separao usada para manter reas adjacentes com uma presso diferencial, como por exemplo, "air lock" do compartimento de motores eltricos de um navio de gs que usado para manter a segregao de presso entre uma zona de perigo de gs sobre o convs exposto e o compartimento de motores eltricos que deve ser pressurizado e sem perigo de conter gs. ANALISADOR DE OXIGNIO: um instrumento usado para medir a concentrao de oxignio, em percentual por volume. ANALISADOR DE OXIGNIO (Oxygen Analyser/Meter): instrumento para determinar o percentual de oxignio numa amostra da atmosfera de um tanque, tubulao ou compartimento; ANESTESIA: a perda total de sensibilidade e conscincia ou perda de fora ou tato sobre uma rea limitada da pele; PROVA DE EXPLOSO ("Explosion Proof"): um equipamento eltrico definido e certificado como sendo prova de exploso quando est encerrado em um invlucro capaz de reter no seu interior a exploso de uma mistura de gs de hidrocarboneto com ar ou de outra qualquer mistura gasosa inflamvel. Deve ser capaz, tambm, de impedir a ignio de uma mistura inflamvel fora do invlucro, seja por centelha ou chama resultante de exploso interna, seja por elevao da temperatura do invlucro em conseqncia de exploso interna. O equipamento deve ser capaz de funcionar a uma temperatura externa tal que a atmosfera inflamvel circundante no possa ser por ela inflamada; REA DA CARGA: aquela parte do navio que contm o sistema de armazenamento da carga, casa de bombas de carga e de compressores e inclui a rea do convs sobre o comprimento e a boca total do navio, que fica acima do sistema de armazenamento da carga. REA DE RISCO (Hazardous Area): uma rea em terra que, para fins de instalao e uso de equipamento eltrico, considerada perigosa. Tais reas de risco so classificadas em ZONAS DE RISCO, em funo da probabilidade da presena de uma mistura de gases inflamveis; REA PERIGOSA (Dangerous Area): uma rea num petroleiro que, para os fins de instalao e uso de um equipamento eltrico, considerada perigosa. aquela na qual o vapor de carga pode estar presente, contnua ou intermitente, em concentraes suficientes para criar uma atmosfera inflamvel ou uma atmosfera perigosa para as pessoas. ATERRAMENTO (Earthing ou Grounding): a ligao eltrica de um equipamento ao corpo principal da terra para garantia de que ele seja mantido no mesmo potencial da terra. A bordo de um navio, a ligao feita estrutura metlica principal do navio, que est com o mesmo potencial da terra devido condutividade do mar; ATMOSFERA DEFICIENTE DE OXIGNIO: uma atmosfera que contm menos do que 21% de oxignio. AUTO-IGNIO (Auto-Ignition): a ignio de material combustvel, no iniciada por fogo ou por centelha, quando a temperatura do material tiver sido elevada at um ponto em que uma combusto espontnea ocorra e se mantenha;- 20 -

AUTO-REAO: a tendncia que um produto qumico tem de reagir com ele mesmo, comumente resultando em polimerizao ou decomposio; BARREIRA PRIMRIA: uma estrutura interna projetada para conter a carga quando o sistema de armazenamento da carga tiver uma barreira secundria. BARREIRA SECUNDRIA: o elemento externo de um sistema de armazenamento da carga que resiste ao lquido. projetada para proporcionar conteno temporria de um vazamento de lquido atravs da barreira primria evitando assim a queda da temperatura da estrutura do navio a um nvel seguro. BLEVE (Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion): significa exploso de vapor expandido de um lquido em ebulio. associado ruptura de um vaso de presso que contm gs liquefeito e est submetido a um incndio. BLS: Bow Loading System Sistema de Carregamento pela Proa; BOIL-OFF: o vapor produzido acima da superfcie da carga lquida devido evaporao causada por ingresso de calor, ou ento o vapor produzido acima da superfcie de um lquido em ebulio. BOMBA DE PROFUNDIDADE: um tipo de bomba de carga centrfuga comumente encontrada a bordo de navios gaseiros. A fora motriz , em geral, um motor eltrico montado no topo do tanque de carga e que aciona, atravs de um eixo de transmisso longo, a bomba que est localizada no fundo do tanque. A rede de descarga envolve o eixo de acionamento e os mancais do eixo so resfriados com a prpria carga lquida que est sendo bombeada. BOMBA DE RECALQUE (Booster Pump): uma bomba usada para aumentar a presso de descarga de uma outra bomba (bomba de carga principal). BOMBA SUBMERSVEL: um tipo de bomba de carga centrfuga comumente instalada em navios gaseiros e terminais, no fundo de um tanque de carga, ou seja, com o motor acionador, impelidor e mancais totalmente submersos quando o tanque contm a carga lquida a granel. BORRIFO DE GUA: a gua dividida em pingos grossos atravs de dbito obtido por meio de esguicho especial; BTW (Butterworth): um dos fabricantes das Mquinas de Jato Rotativo. CALOR ESPECFICO: a relao entre a capacidade trmica de uma substncia e aquela da gua. Para um gs, o calor especfico em presso constante maior do que em volume constante. CALOR LATENTE DE FUSO: a quantidade de calor necessria para mudar o estado fsico de uma substncia de slido para lquido sem variar a temperatura. CALOR LATENTE DE VAPORIZAO: a quantidade de calor necessria para mudar o estado fsico de uma substncia de lquido para vapor sem variar a temperatura. CARGA INIBIDA: uma carga que contm inibidor;

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CATALISADOR: uma substncia que inicia ou varia a velocidade de uma reao sem que seja quimicamente alterada; CAVITAO: um processo que ocorre dentro do impelidor de uma bomba centrfuga quando a presso na entrada do impelidor cai abaixo da presso de vapor do lquido que estiver sendo bombeado. As bolhas de vapor que so formadas entram em colapso, com uma fora de impulso considervel nas regies de maior presso no impelidor. Alm do rudo caracterstico, pode haver avaria no impelidor. CCC: Centro de Controle de Carga; CCM: Centro de Controle de Mquinas; CENTELHA INCENDIRIA: uma centelha com temperatura e energia suficientes para produzir a ignio de um gs inflamvel. CIANOSE: uma descolorao azulada da pele, particularmente prximo face e extremidades, que ocorre, usualmente, quando o sangue no adequadamente oxigenado pelos pulmes; CERTIFICADO DE CONFORMIDADE (Fitness): um certificado emitido pela Administrao de um pas, confirmando que a estrutura, equipamentos, acessrios, arranjos e materiais utilizados na construo de um navio de gs cumprem com os cdigos de gs da IMO. Esta certificao pode ser emitida, em nome da Administrao, por Sociedades Classificadoras aprovadas. CERTIFICADO DE DESGASEIFICAO (Gas Free Certificate): certificado emitido por uma pessoa responsvel autorizada atestando que, na ocasio em que um tanque, compartimento ou recipiente foi inspecionado, estava na condio de desgaseificado para uma finalidade especfica; CHAMA ABERTA (Naked Lights): chama ou fogo ao ar livre, cigarros, charutos, cachimbos ou outros artigos de fumantes quando acesos ou quaisquer outras fontes de ignio no-protegidas, equipamentos eltricos ou outros equipamentos capazes de produzir centelhas quando em uso, e lmpadas eltricas desprotegidas; CICLO DE RELIQUEFAO TIPO CASCATA: um processo por meio do qual o boil-off dos tanques de carga condensado em um trocador de calor, no qual o lquido circulante um gs refrigerante tal como o Freon 22. O gs refrigerante passa atravs de um condensador convencional que resfriado com gua do mar. CO2: Dixido de Carbono; COEFICIENTE DE EXPANO CBICA: o aumento fracionado em volume para 1oC de aumento na temperatura; COFFERDAM: um espao que isola duas anteparas ou conveses de ao que so adjacentes. Este espao pode ser um espao vazio ou um tanque de lastro. COMBUSTO ESPONTNEA: a inflamao de um material realizada por reao qumica (exotrmica), produzindo calor dentro do prprio material sem exposio a uma fonte externa de ignio.

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CONDICIONAMENTO DA CARGA: significa a manuteno da quantidade de carga sem perdas indevidas, o controle da presso dos tanques de carga dentro dos limites de projeto e da temperatura de carga que se deseja. CONDIO DE INERTE (Inert Condition): condio em que o teor de oxignio em qualquer ponto da atmosfera de um tanque foi reduzido a 8% ou menos, em volume, pela adio de gs inerte; COW: Crude Oil Washing Limpeza de tanques com a prpria carga; CRIOGENIA: o estudo do comportamento dos materiais em temperaturas muito baixas. DENSIDADE DO LQUIDO: a massa por unidade de volume de uma substncia sob condies especficas de temperatura e presso. DESGASEIFICAO: a introduo de ar fresco em um tanque, compartimento ou recipiente para remover gs txico, inflamvel ou inerte, ao nvel exigido para um propsito especfico, como por exemplo: entrada de pessoas, trabalhos a quente, etc.; DESGASEIFICADO ou LIVRE DE GS (Gas Free): um tanque, compartimento ou recipiente considerado como desgaseificado ou livre de gs quando nele houver sido introduzida uma quantidade de ar suficiente para baixar o teor de qualquer gs inflamvel, txico ou inerte at o nvel exigido para uma finalidade especfica, como, por exemplo, trabalho a quente, entrada de pessoas etc.; DETECTOR DE ABSORO QUMICA (toxmetro): um instrumento usado para deteco de gases ou vapores txicos que trabalha sob o princpio de uma reao entre o gs e o agente qumico que existe no aparelho; DETENTOR DE CHAMAS (corta-chamas): um dispositivo usado nas redes de suspiros a fim de impedir a passagem das chamas para dentro de espaos fechados; DOMO DO TANQUE: a extenso ascendente de uma parte do tanque de carga; EEBD: Emergency Escape Breathing Device Mscara de Fuga; EFEITO DE FORMAO DE ONDAS: so formaes de ondas que podem ocorrer na superfcie do lquido em um tanque de carga em decorrncia dos movimentos do navio; EFEITO TXICO AGUDO: efeito no homem resultante da exposio de curta durao a altas concentraes de compostos ou vapores txicos; EFEITO TXICO CRNICO: o efeito cumulativo sobre uma pessoa ocasionado por exposies prolongadas a baixas concentraes ou por exposies intermitentes a altas concentraes de compostos ou vapor txico; EFEITO TXICO SISTMICO: o efeito de uma substncia ou seu vapor sobre aquelas partes do corpo humano com o qual ele no est em contato. Isso pressupe que a absoro tenha ocorrido; ENDOTRMICO: um processo que acompanhado por absoro de calor.- 23 -

EQUIPAMENTO APROVADO: equipamento resultante de um projeto que tenha sido testado e aprovado por uma autoridade apropriada tais como a administrao ou Sociedade Classificadora. Esta autoridade deve ter certificado esse equipamento como sendo seguro para uso em uma atmosfera perigosa especfica; EQUIPAMENTO DE RESPIRAO TIPO FILTRO: um aparelho que consiste de mscara e filtro substituvel, atravs do qual o ar txico succionado pelo esforo de respirao do usurio, sendo os elementos txicos absorvidos. EPI: Equipamento de Proteo Individual; ESD: Emergency Shutdown Parada de Emergncia; ESPAO DE PORO ou PORO: o espao fechado pela estrutura do navio na qual est situado o sistema de armazenamento da carga. ESPAO ENTRE BARREIRAS: o espao entre uma barreira primria e uma barreira secundria de um sistema de armazenamento de carga, mesmo que parcialmente ou completamente ocupado por isolamento ou outro material. ESPAO OU ZONA COM PERIGO DE GS: um espao ou zona dentro da rea da carga que no preparado ou equipado com arranjos aprovados para assegurar que sua atmosfera seja mantida em condies seguras durante todo o tempo, ou um espao fora da rea da carga atravs do qual passa tubulao que possa conter produtos lquidos ou gasosos, exceto se forem instalados arranjos aprovados para evitar qualquer escapamento de vapor do produto para o interior da atmosfera deste espao. ESPAO SEGURO OU SEM PERIGO DE GS: um espao no-designado como espao com perigo de gs. EXOTRMICO: o processo que acompanhado por evoluo de calor. EXPLOSMETRO (Explosimeter): um instrumento para medir a composio de misturas de gs de hidrocarbonetos/ar que, em geral, d o resultado sob a forma de percentual do limite inferior de inflamabilidade (LII); FAIXA INFLAMVEL (Flammable Range): a faixa de concentraes de gs de hidrocarbonetos no ar entre os limites inferior e superior de inflamabilidade. Misturas compreendidas entre tais limites so capazes de inflamar-se e de queimar-se; FAIXA INFLAMVEL OU EXPLOSIVA: a faixa de concentraes de gs combustvel no ar, na qual a mistura inflamvel. a faixa entre o LII e o LSI. FISPQ: Folha de Informao de Segurana de Produto Qumico; GS DE HIDROCARBONETOS (Hydrocarbon Gas): um gs composto exclusivamente de hidrocarbonetos; GS DE PETRLEO (Petroleum Gas): gs que se desprende do petrleo. Os hidrocarbonetos so os componentes principais dos gases de petrleo, mas estes podem tambm conter, em pequena escala, outras substncias tais como sulfeto de hidrognio (gs sulfrdico) ou alcanos de chumbo. (Nota: alcano um hidrocarboneto da srie CnH2n+2);- 24 -

GS INERTE (Inert Gas): um gs ou mistura gasosa, como a dos gases das chamins dos navios, que contm um teor de oxignio insuficiente para manter a combusto de hidrocarbonetos; GS LIQUEFEITO: um lquido que tem uma presso de vapor saturado que excede a 2,8bar absolutos na temperatura de 37,8 graus centgrados, bem como outras determinadas substncias especificadas nos cdigos da IMO. GS LIQUEFEITO DE PETRLEO (GLP): consiste principalmente de butano e propano, que podem ser embarcados separadamente ou como mistura de ambos. GS NATURAL LIQUEFEITO (GNL): um gs cujo principal constituinte o metano. HIDRATOS: so substncias cristalinas e brancas como a neve, formadas em certas presses e temperaturas por hidrocarbonetos que contm gua. a interao entre a gua e os hidrocarbonetos. H2S: Gs Sulfdrico ou Sulfeto de Hidrognio; ICS: International Chamber of Shipping Cmara Internacional de Navegao; IGS SGI: Inert Gas System Sistema de Gs Inerte; IMO: International Maritime Organization Organizao Martima Internacional; INDICADOR DE GS COMBUSTVEL (Explosmetro): um instrumento destinado deteco de uma mistura de gs combustvel com ar e que, usualmente, mede sua concentrao em funo do limite inferior de inflamabilidade (LII ou LIE). Um nico instrumento no apresenta confiabilidade para todos os vapores combustveis; INERTIZAO (inerting): a introduo de gs inerte em um espao a fim de reduzir o teor de oxignio a um nvel em que a combusto no pode ser mantida, obtendo-se a condio de inerte; INFLAMVEL: o que capaz de entrar em ignio e queimar no ar. O termo "gs inflamvel" usado para indicar uma mistura de vapor e ar dentro da faixa inflamvel; INGESTO: o ato de introduzir uma substncia dentro do corpo humano atravs do sistema digestivo; INIBIDOR DE CARGA: uma substncia usada para prevenir ou retardar a deteriorao da carga ou uma reao qumica potencialmente perigosa. Uma carga que contm um inibidor uma carga inibida. INIBIDORES DE HIDRATOS: so aditivos para certos gases liquefeitos capazes de baixar as temperaturas nas quais os hidratos so formados. Os mais comuns so: metanol, etanol, isopropil lcool, etc. INTRINSICAMENTE SEGURO (Intrinsically Safe): um circuito eltrico ou parte dele intrinsecamente seguro se qualquer centelha ou qualquer efeito trmico produzido em operao normal (isto , pelo fechamento ou abertura de circuito) ou acidentalmente (como, por exemplo, por curto-circuito ou falha de aterramento) incapaz, sob condies de testes prescritas, de produzir ignio de uma determinada mistura de gases.- 25 -

ISGOTT: International Safety Guide for Oil Tankers & Terminals Guia Internacional de Segurana para Petroleiros e Terminais; ISOTRMICAS: so as mudanas que um gs sofre atravs de uma srie de variaes de presso e/ou volume, sem mudar sua temperatura. LIMITE DE TOLERNCIA ou TLV (Threshold Limit Value - TLV): a concentrao mdia ponderada em tempo de uma determinada substncia qual trabalhadores em geral podem ficar expostos, repetidamente, dia aps dia, numa jornada normal de trabalho de oito horas, ou 40 horas semanais, sem sofrer conseqncias prejudiciais sade. LQUIDOS CORROSIVOS: so lquidos que corroem os materiais normais de construo a uma taxa muito excessiva. Geralmente eles causam srios danos ao tecido humano e aos olhos; LQUIDOS DE GS NATURAL: so fraes lquidas encontradas em associao com o gs natural. Os mais tpicos so: etano, butano, propano e pentanos adicionais. LQUIDO GERADOR DE ESPUMA (Foam Concentrate ou Foam Compound): o lquido bsico concentrado recebido do fornecedor a fim de ser diludo e processado para produzir espuma; LOT: Load on Top Carregamento sobre Carga Remanescente; MANIFOLD: conjunto de tubulaes (tambm chamadas redes) para recebimento de carga dos terminais e distribuio nos tanques do navio. Tambm por onde a carga dos tanques bombeada para os terminais nas operaes de descarregamento; MQUINAS DE JATO ROTATIVO: equipamento que ganha movimentos circulares sob a presso do lquido que est sendo utilizado sobre ele, lanando este lquido em fortes jatos constantes. Destina-se lavagem de tanques e operaes COW; MARPOL: International Convention for the Prevention of Pollution from Ships Conveno Internacional para Preveno da Poluio Martima por Navios; MARVS: o ajuste mximo permissvel da vlvula de alvio de presso de um tanque de carga. MSDS: Material Safety Data Sheet Ficha de Informao de Segurana do Produto; NEBLINA DE GUA: so gotculas muito finas de gua, geralmente, debitadas em presses muito altas atravs de um esguicho de neblina; NORMAM: Normas da Autoridade Martima; OCIMF: Oil Companies International Marine Forum Forum Martimo Internacional das Companhias de Petrleo; ODME: Oil Discharge Monitoring Equipment - Equipamento de Monitorao da Descarga de Misturas Oleosas, ou simplesmente, Monitor de Lastro;

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ODORIZANTE: um composto de odor desagradvel que adicionado ao GLP para prover um cheiro caracterstico. Para esse propsito comumente so usados compostos de enxofre (Ethyl Mercaptan). OPERAO DE CARGA: significa qualquer operao a bordo do navio que envolva o manuseio da carga lquida ou vapor de carga incluindo a transferncia de carga; PERMISSO PARA TRABALHO (Work Permit): um documento emitido por uma pessoa responsvel, permitindo que um determinado trabalho seja feito durante um perodo de tempo especificado em uma rea definida. PERXIDO: um composto formado pela combinao qumica de vapor ou lquido de carga com o oxignio da atmosfera ou de outra fonte. Estes compostos, em alguns casos, podem ser altamente reativos e instveis e constituem um risco potencial. PETRLEO (Petroleum): leo cru (ou petrleo bruto) e seus derivados lquidos; PETRLEO CIDO (Sour Crude Oil): leo cru contendo aprecivel quantidade de sulfeto de hidrognio (gs sulfdrico) e/ou mercaptans (nota: nos manuais de segurana da PETROBRAS, o leo considerado cido quando o teor de H2S superior a 5,4g/m3 ou excede 6.000ppm); PETRLEO NO-VOLTIL (Non-volatile Petroleum): petrleo cujo ponto de fulgor, determinado pelo mtodo de teste em vaso fechado, igual ou maior do que 60C; PETRLEO VOLTIL (Volatile Petroleum): petrleo cujo ponto de fulgor, determinado pelo mtodo de teste em vaso fechado, menor do que 60C; PICOS OU ONDAS DE PRESSO: um fenmeno gerado em um sistema de tubulao quando existe qualquer variao na taxa de fluxo do lquido na linha. O pico de presso pode ser perigosamente elevado se a variao na taxa de fluxo muito rpida e as ondas de choque resultantes podem avariar o equipamento de bombeio e causar ruptura das tubulaes e dos equipamentos associados. PLANTA DE GS INERTE (Inert Gas Plant): equipamento instalado especialmente para produzir, resfriar, purificar, pressurizar, monitorar e controlar o fornecimento de gs inerte para o sistema dos tanques de carga; POLIMERIZAO: a unio qumica de duas ou mais molculas de um mesmo composto para formar uma molcula maior de um novo composto chamado de polmero. Por esse mecanismo, a reao pode tornar-se autoconduzida, fazendo com que o lquido torne-se mais viscoso e at mesmo formar uma substncia slida. Usualmente, essa reao exotrmica. PONTO DE EBULIO: a temperatura na qual a presso de vapor de um lquido igual presso ao qual o lquido est submetido. Esta temperatura varia com a presso. PONTO DE CONDENSAO (Ponto de Orvalho): a temperatura na qual o vapor d'gua est presente em um gs saturado e comea a condensar. PONTO DE FLUIDEZ (Pour Point): a mais baixa temperatura na qual um petrleo permanece fluido;- 27 -

PONTO DE FULGOR (Flashpoint): a mais baixa temperatura na qual um combustvel lquido libera vapor suficiente para formar, prximo superfcie do lquido, uma mistura inflamvel com o ar. PPM: Parte por Milho; PRESSO CRTICA: a presso de vapor saturado na temperatura crtica, ou seja, a presso mnima necessria para liquefazer um gs naquela temperatura. PRESSO PARCIAL: a presso exercida por um dos constituintes da mistura vapor/gs como se os demais constituintes no estivessem presentes. Geralmente essa presso no pode ser diretamente medida, porm, pode ser obtida por anlise do gs ou do vapor e calculada pelo uso da lei de Dalton. PRESSO DE VAPOR: a presso exercida pelo vapor acima do lquido em uma dada temperatura; PRESSURIZAO ADICIONAL DE GS INERTE (Topping up): introduo de gs inerte em um tanque j em condio de inerte, com o objetivo de elevar a presso no tanque a fim de evitar qualquer entrada de ar; pH: um indicador arbitrrio da acidez de uma soluo. Sua faixa prtica varia de 0 a 14. O pH 7 indica neutralidade absoluta. O pH 1 representa acidez elevada (cido sulfrico) enquanto que o pH 13 alcalinidade elevada (soda custica); PURGA (Purging): introduo de gs inerte no interior de um tanque j na condio de inerte com o objetivo de: (1) reduzir ainda mais o teor de oxignio existente, e/ou (2) reduzir o teor de gases de hidrocarbonetos a um nvel abaixo do qual no possa haver combusto, se, subseqentemente, for introduzido ar no tanque; QAV: Querosene de Aviao; ROLLOVER: o fenmeno em que a estabilidade de duas camadas estratificadas de lquido perturbada por uma variao em suas densidades relativas, resultando em uma mistura espontnea e rpida das camadas e, no caso de gases liquefeitos, acompanhada por um aumento na evoluo do vapor. SBT: Segregated Ballast Tanks Tanques de Lastro Segregado; SISTEMA DE ARMAZENAMENTO (Sistema de Conteno de Carga): o arranjo para conter a carga incluindo, se instalado: as barreiras primria e secundria, isolamento associado, espaos entre barreiras e estruturas que forem necessrias para suportar esses elementos. SISTEMA DE DISTRIBUIO DE GS INERTE (Inert Gas Distribution System): conjunto de tubulaes, vlvulas e acessrios existentes com a finalidade de distribuir gs inerte da planta de gs inerte para os tanques de carga, de expelir gases para a atmosfera e de proteger os tanques contra presso ou vcuo excessivos; SISTEMA DE GS INERTE (Inert Gas System - IGS): uma planta de gs inerte e um sistema de distribuio de gs inerte, juntamente com os dispositivos para evitar fluxo- 28 -

regressivo dos gases da carga para os compartimentos de mquinas, os instrumentos de medio fixos ou portteis e os dispositivos de controle; SISTEMA HERMTICO PARA GASES (Vapour Lock System): equipamento adaptado nos tanques que permite a medio e amostragem da carga sem desprendimento de gases/presso; SISTEMA DE SUSPIRO DOS TANQUES: o sistema de redes e vlvulas associadas instaladas para evitar presso anormal e/ou vcuo excessivos nos tanques de carga; SMPEP: Ship Marine Pollution Emergency Plan Plano de Emergncia do Navio para Combate a Poluio por leo; SOLAS: International Convention for the Safety of Life at Sea Conveno Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar; SOLUBILIDADE: a quantidade mxima da substncia que se dissolver em uma dada quantidade de gua, em determinada temperatura. Ela expressa em nmero de gramas da mesma por 100 gramas de gua. Quando se trata de lquido dissolvendo-se em outro lquido, usa-se o termo MISCIBILIDADE. SOPEP: Ship Oil Pollution Emergency Plan Plano de Emergncia do Navio para Combate a Poluio por leo; STCW: Standards of Training Certification and Watchkeeping Conveno Internacional sobre Normas de Treinamento de Martimos, Expedio de Certificados e Servio de Quarto; STS: Ship to Ship Transfer Transferncia de Navio para Navio; SUBLIMAO: a transformao de slido em gasoso sem que haja a fuso (naftalina). A importncia da sublimao que poder existir sobre o slido vapor suficiente para combusto. Neste caso, o ponto de fulgor poder ser menor do que o ponto de congelamento; SULFETO DE FERRO PIROFRICO (Pyrophoric Iron Sulphide): sulfeto de ferro capaz de ter uma rpida oxidao exotrmica, com incandescncia quando exposto ao ar, incandescncia essa que capaz de inflamar misturas combustveis de ar/gs de hidrocarbonetos; SURTO DE PRESSO EM TUBULAO (Pressure Surge): um aumento sbito na presso de um lquido numa tubulao, gerado por uma brusca reduo da velocidade do fluxo; TELA CORTA-CHAMAS: um dispositivo porttil ou fixo, feito de uma ou mais malhas de arame resistentes corroso, usado para impedir que centelhas penetrem por aberturas do convs ou para impedir, por um curto perodo de tempo, a passagem das chamas, embora permitindo a passagem do gs; TEMPERATURA CRTICA: a temperatura acima da qual um gs no pode ser liquefeito apenas por presso.

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TENDNCIA HIGROSCPICA: a tendncia de uma substncia para absorver a umidade do ar; TOMADAS DE CARGA: flanges das redes que recebem os mangotes ou braos nos terminais para as operaes com a carga; TOP ou TOPS (Topping Off): operao de completar o carregamento de um tanque at uma ulagem determinada; TXICO (Toxic): venenoso para a vida humana; TRABALHO A FRIO (Cold Work): trabalho que, ao ser executado, no possa gerar uma fonte de ignio; TRABALHO A QUENTE (Hot Work): trabalho envolvendo fontes de ignio ou temperaturas suficientemente altas capazes de causar a ignio de uma mistura de gases inflamveis. Inclui qualquer trabalho que exija uso de soldas, de equipamentos de queima ou de solda, de maaricos, de certas ferramentas movidas por energia externa, de equipamento eltrico porttil que no seja intrinsecamente seguro ou que no esteja encerrado em recipiente certificado como prova de exploso, de equipamentos de jato de areia ou de motores a combusto interna; TUBO DESLIZANTE (Slip Tube): um dispositivo de medio restrito, usado para determinar a interface do lquido com o vapor durante a tomada das ulagens dos tanques semi ou totalmente pressurizados. ULAGEM (Ullage): distncia vertical entre a superfcie de um lquido e o teto (ou uma marca de referncia) do tanque em que ele est contido; UEL: Upper Explosivity Limit Limite Superior de Explosividade; VLVULA DE VCUO/PRESSO (Pressure/Vaccuum Relief Valve - P/V Valve): dispositivo que possibilita o fluxo de pequenas quantidades de misturas de vapor, ar ou gs inerte, fluxo este conseqente de variaes trmicas num tanque de carga; VECS: Vapour Emission Control System Sistema de Controle da Emisso de Vapor. VENENO: uma substncia muito txica que, se inalada, ingerida ou absorvida atravs da pele, produz um efeito srio ou fatal.

1.4 Regras e Regulamentos O transporte de petrleo, produtos qumicos e gases liquefeitos regulamentado, internacionalmente, observando-se critrios de segurana e preveno da poluio atravs de convenes adotadas pela Organizao Martima Internacional (IMO). O resultado esperado que no ocorram acidentes que possam acarretar leso s pessoas, danos propriedade, poluio do meio ambiente e interrupes de processo. Os requisitos dessas convenes so suplementados por recomendaes, especificaes e cdigos adotados pela IMO. As convenes adotadas para o transporte seguro de petrleo, cargas qumicas e gases liquefeitos por navios so:- 30 -

1. Conveno Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS) 1974, como emendada; 2. Conveno Internacional para a Preveno da Poluio por Navios, 1973, como modificada pelo Protocolo 1978 (MARPOL 73/78), como emendada; 3. Conveno Internacional sobre Normas de Treinamento de Martimos, Expedio de Certificados e Servio de Quarto, como emendada. Todos os navios de 500GRT ou superior devem cumprir o Cdigo ISM (Cdigo Internacional de Gerenciamento para Operaes Seguras e Preveno da Poluio), que parte integrante da Conveno SOLAS, compondo o Captulo IX. Os mais importantes cdigos e padronizaes referentes ao transporte de produtos qumicos por navios so os Cdigos IBC e BCH. Estes cdigos contm regras especficas para a construo e equipamentos de navios qumicos, assim como para o manuseio e transporte de produtos. Alm disso, os navios qumicos devem possuir um Manual de Procedimentos e Arranjos (P & A Standards), cujo manual aprovado pelas Sociedades Classificadoras e contm detalhamentos de toda a planta de carga, alm de procedimentos especficos operacionais. Para os navios transportadores de gases liquefeitos, os cdigos e padronizaes para o modelo, construo e outras medidas de segurana so encontrados nos Cdigos de Gs da IMO (IMOs Gas Carrier Codes).

1.5 Regulamentos Nacionais Exemplos Code Federal Regulations (CFR USA); NORMAM 01 Cap. 5 Seo I: Transporte de Cargas Perigosas; Regras das Sociedades Classificadoras: ABS, BV, DNV, LR, etc.

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2 Caractersticas das Cargas2.1 Fsica Elementar O conhecimento das propriedades fsicas e qumicas das cargas transportadas por navios-tanque e dos perigos e aes a serem tomadas em caso de emergncia necessrio para o transporte e manuseio seguros dessas cargas. Transformaes qumicas so as transformaes de materiais estudadas no campo da qumica. Aprender a produzir o fogo talvez tenha sido a primeira transformao qumica realizada pelo homem. Ao tentar queimar determinadas rochas e minerais, o homem percebeu que alguns deles se transformavam, pelo calor, em novos materiais como, por exemplo, os minrios de cobre. A argila depois de cozida perdia gua e endurecia, fato que permitiu a fabricao de tijolos e utenslios para armazenar gua e alimentos. Transformao significa mudana, alterao, modificao. Quando se pretende estudar um corpo ou um conjunto de corpos a fim de verificar se ele est se transformando, deve-se isolar esse corpo ou conjunto de corpos para melhor estud-lo, constituindo-se, desta forma, um sistema. Quando, em um dado momento, damos a descrio completa de um sistema, estamos definindo o estado dele naquele momento. Cor, cheiro, brilho, sabor, dureza, volume, forma, massa e temperatura so algumas observaes usadas para a descrio que define o estado do sistema. Quando descrevemos completamente um sistema em dois momentos diferentes, chamamos a primeira descrio de estado inicial e a segunda de estado final. Se observarmos alguma diferena ao compararmos os estados inicial e final, dizemos que o sistema se transformou. Vejamos, por exemplo, o que acontece com o acar de cana quando ele aquecido em uma panela durante o tempo necessrio para queim-lo. Antes do aquecimento, o estado inicial da poro de acar apresenta-se como um slido branco, com sabor doce, inodoro e solvel em gua. No estado final, depois que o acar ficou completamente queimado, teremos um slido preto, amorfo, com sabor amargo, inodoro e insolvel em gua. Nas transformaes qumicas, os materiais que constituem o sistema antes e depois da ocorrncia da transformao no so os mesmos.

a) Estados de Agregao Os estados de agregao so tambm denominados estados fsicos ou fases da matria, que so: slido, lquido e gasoso. No estado slido, a fora de coeso maior do que a fora de repulso fazendo com que o corpo apresente forma prpria e volume constante. No estado liquido, as foras de coeso e de repulso so aproximadamente iguais, fazendo com que o corpo no tenha forma prpria, embora mantenha o volume constante. No estado gasoso, a fora de coeso menor do que a de repulso, o que faz com que o corpo no tenha forma prpria nem volume constante. As mudanas de estados fsicos so:- 32 -

Fuso (slido para lquido); Vaporizao (lquido para gasoso); Condensao ou liquefao (gasoso para lquido); Solidificao (lquido para slido); Sublimao (slido para gasoso e vice-versa).

b) Ponto de fuso e ponto de ebulio So propriedades fsicas freqentemente usadas para identificar os vrios materiais puros. J sabemos que os materiais so encontrados em trs estados fsicos que so definidos pela temperatura em que eles se encontram. A gua encontrada normalmente no estado lquido, porm, conhecemos o gelo que a gua no estado slido e o vapor dgua que a gua no estado gasoso. Quando colocamos gelo em um copo, depois de algum tempo, o gelo derrete transformando-se em gua na sua forma lquida. Essa mudana de estado fsico recebe o nome de fuso. A fuso do gelo ocorre quando o ambiente fornece calor suficiente para que o gelo passe para o estado lquido. A temperatura na qual ocorre a fuso de uma substncia pura recebe o nome de ponto de fuso. Qualquer que seja a quantidade ou a procedncia de uma substncia pura, seu ponto de fuso ser sempre o mesmo. O ponto de fuso serve tambm para classificar os materiais em duas categorias: as substncias e as misturas. A fuso de material slido puro ocorre em temperatura constante e os materiais que se comportam dessa maneira recebem o nome de substncias puras ou simplesmente substncias. A sacarose, o oxignio, o ferro e a vitamina C so exemplos de substncias. Quando os materiais slidos so misturas, a temperatura ao final da fuso diferente da temperatura no incio dessa transformao. Elas se caracterizam por apresentar uma faixa de temperaturas onde ocorre a fuso. O ponto de fuso, sozinho, no suficiente para diferenciar as substncias das misturas. Existem misturas chamadas eutticas, que apresentam temperatura constante durante a fuso. O ponto de ebulio outra propriedade usada para identificar substncias, particularmente, no estado lquido. Ao aquecer um lquido, quando ele atinge uma determinada temperatura, comea a ferver, ou seja, entra em ebulio transformando-se em vapor. Essa transformao fsica do lquido em vapor chamada de vaporizao. A temperatura na qual ocorre a ebulio de um lquido chamada de ponto de ebulio. A gua pura, por exemplo, ao nvel do mar, entra em ebulio a temperatura de 100C. Nas mesmas condies, se dois materiais puros tm pontos de ebulio diferentes, ento, eles so materiais. Diferenciar materiais lquidos por meio da comparao de seus pontos de ebulio uma importante aplicao dessa propriedade. Quando um material lquido constitudo de uma nica substncia, sua ebulio ocorre em uma nica temperatura, como por exemplo, a gua, a acetona, o ter, etc.- 33 -

Quando os materiais lquidos so misturas, a temperatura ao final da ebulio diferente da temperatura no incio dessa transformao. As misturas se caracterizam por apresentar um faixa de temperatura onde ocorre a vaporizao, enquanto que as substncias mantm uma nica temperatura durante essa mudana de estado fsico. Existem misturas lquidas chamadas misturas azeotrpicas, cujas misturas apresentam ponto de ebulio constante, como o lcool comprado em supermercados, que contm 96% da substncia lcool etlico e 4% de gua. O ponto de fuso e o ponto de ebulio so duas importantes propriedades que, se analisadas em conjunto, servem para caracterizar e classificar os diferentes materiais.

Estado de agregao ilustrado em um diagrama de temperatura e presso. Um gs (A) pode ser liquefeito pela remoo de calor ou pelo aumento da presso

c) Densidade absoluta do lquido uma propriedade fsica empregada quando o ponto de fuso e o ponto de ebulio no puderem ser usados para caracterizar as substncias e diferenci-las das misturas. Qualquer poro, de qualquer material, possui massa e tem volume. Quando estabelecemos a razo entre a massa e o volume da poro de um determinado material, essa razo recebe o nome de densidade ou massa especfica desse material. A expresso matemtica da densidade : densidade = massa / volume.- 34 -

importante notar que, quando temos volumes iguais de materiais diferentes, o material de maior densidade apresenta maior massa. Isto significa que a massa e a densidade so grandezas diretamente proporcionais. Quando temos massas iguais de materiais diferentes, o material de menor densidade apresenta o maior volume, o que significa dizer que a densidade e o volume so grandezas inversamente proporcionais.

d) Densidade relativa do lquido a relao entre o peso de um volume de uma substncia na temperatura t1 e o peso de igual volume de gua doce em uma temperatura t2. A densidade relativa inclui o efeito do deslocamento do ar. Apresentamos a seguir algumas densidades relativas da gua: 4C = 1000; 15C = 0,9982; 20C = 0,9913.

e) Densidade do vapor o peso do vapor comparado com o peso de igual volume de ar, ambos em condies normais de temperatura e presso. Assim, a densidade de 2,9 significa que o vapor 2,9 vezes mais pesado que igual volume de ar, sob as mesmas condies fsicas.

f) Presso de vapor a presso exercida pelo vapor na superfcie do lquido a uma determinada temperatura. expressa como presso absoluta.

g) Presso parcial a presso exercida por um dos constituintes da mistura de gs e vapor como se os demais constituintes no estivessem presentes. Geralmente essa presso no pode ser medida diretamente, porm, pode ser obtida pela anlise do gs ou vapor e calculada utilizando-se a lei de Dalton.

h) Viscosidade A coeso molecular a causa do atrito interno, isto , da resistncia ao deslocamento de camadas de molculas lquidas uma sobre as outras. Como a viscosidade traduz de certo modo uma resistncia ao escoamento, pode ser expressa e medida pelo tempo que o lquido leva para escoar-se pelo gargalo de um frasco de dimenses pr-estabelecidas, ou seja, pelo tempo no qual se escoa um dado volume. Assim, o grau de viscosidade tem o nome do idealizador do frasco ou viscosmetro. Nos Estados Unidos, usa-se o Saybolt Seconds Universal (SSU), para viscosidades mdias e Seconds Saybolt Furol (SSF), para viscosidades altas. Na indstria de automvel, a viscosidade dos leos dada em unidades SAE (Society of Automotive Engineers). A viscosidade de muitos lquidos diminui com o aumento da temperatura.- 35 -

2.2 Qumica Elementar 2.2.1 Estrutura dos Hidrocarbonetos O leo cru uma mistura de um grande nmero de diferentes molculas de hidrocarbonetos. Estas molculas so chamadas de leves ou pesadas de acordo com o nmero de tomos de carbono que as formam. O petrleo cru, ou petrleo no estado natural, a mistura de hidrocarbonetos associados a pequenas quantidades de enxofre, nitrognio, oxignio e impurezas diversas. As impurezas presentes no leo cru tais como o enxofre, nitrognio, oxignio e as outras impurezas so indesejveis nos produtos, da a necessidade da eliminao destas durante o processo de refino. Os componentes dessa mistura, nas condies ambientais de temperatura e presso, so substncias que, em funo do nmero de tomos de carbono que constituem suas respectivas molculas so gases, lquidos ou slidos. Cada um dos hidrocarbonetos constitudos do petrleo recebe a denominao da frao de petrleo. Cada uma dessas fraes tem propriedades fsicas e qumicas distintas. As molculas muito leves como as do metano, butano e propano so gases sob condies atmosfricas normais. As molculas muito pesadas como as do asfalto so slidas sob condies atmosfricas normais. As molculas intermedirias tais como as do leo diesel so lquidos sob condies atmosfricas normais.

Representao da estrutura dos hidrocarbonetos

O processo inicial utilizado nas refinarias, para separao dos componentes da frao de leo cru, a destilao. Esse processo se aplica separao dos hidrocarbonetos mais leves dos mais pesados, entre seus pontos moleculares. Para um composto com grande nmero de tomos de carbono, utiliza-se um processo denominado craqueamento, quando essas molculas so divididas e tem seus tomos reorganizados. Gasosos Lquidos Slidos at 6 tomos de carbono, por molcula; at 25 tomos de carbono, por molcula; mais do que 25 tomos de carbono, por molcula.

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2.3 Propriedades fsicas do petrleo, produtos qumicos e gases liquefeitos transportados por navios a) Ponto de Fulgor a mais baixa temperatura na qual um lquido libera vapor suficiente para formar uma mistura inflamvel com o ar, prximo superfcie do lquido ou dentro de um aparelho especfico usado para sua determinao atravs de teste de laboratrio.

b) Volatilidade No estado lquido, as molculas de uma substncia esto muito mais prximas da outra do que no estado gasoso, causando por isso uma atrao maior entre as molculas. O fato de existir uma maior atrao entre as molculas de um lquido no impede que elas se movimentem, umas em relao s outras, nem que vibrem continuamente. Algumas delas possuem energia de movimento suficiente para escapar da superfcie do lquido. A esse fenmeno dado o nome de evaporao. Existem lquidos cuja taxa de evaporao muito grande, ou seja, evaporam com muita facilidade, tais como o ter, a acetona e a gasolina. Quando um lquido evapora facilmente, dizemos que um lquido muito voltil. Se comparado com o ter, por exemplo, lquidos como a gua e o mercrio so considerados de baixa volatilidade.

c) Presso de vapor saturado a presso na qual o vapor est em equilbrio com o lquido a uma determinada temperatura.

d) Relao entre presso de vapor e temperatura O conjunto de molculas de um lquido que evapora exerce presso em todas as direes inclusive sobre a superfcie do prprio lquido. Essa presso recebe o nome de presso de vapor do lquido a uma determinada temperatura. Lquidos distintos tm presso de vapor diferente a uma determinada temperatura. temperatura de 25C, a maioria dos lquidos evapora lentamente. Se colocarmos 100ml de gua num recipiente, cobrirmos este recipiente com uma placa de vidro e mantivermos a temperatura da gua constante durante vrias horas, observaremos que, aps esse intervalo de tempo, o volume do lquido praticamente no variar e que a presso de vapor da gua depois desse mesmo intervalo de tempo permanecer constante, apesar de a evaporao prosseguir. A explicao desse fenmeno que h sempre um certo nmero de molculas que esto evaporando enquanto outras retornam ao estado lquido. O fato do volume do lquido manter-se constante e o espao acima dele estar saturado de molculas na fase gasosa quer dizer que existe um vaivm ininterrupto de molculas passando de uma fase outra.- 37 -

Estabelece-se uma situao de equilbrio entre o lquido e seu vapor. No se observa nenhuma transformao macroscpica porque os dois fenmenos ocorrem ao mesmo tempo e com a mesma velocidade. Quando a temperatura de um lquido aumenta porque o calor fornecido aumentou a energia cintica mdia das molculas do lquido. Isso faz crescer o nmero de molculas que deixam a fase lquida e passam para a fase gasosa, de modo cada vez mais rpido medida que aumenta a temperatura. Nesse caso, a presso de vapor aumentar rapidamente. A presso de vapor de um lquido s depende da temperatura em que ele se encontra. A uma dada temperatura, a presso de vapor do lquido torna-se igual presso atmosfrica. Nesse momento, o lquido comea a ferver e essa temperatura conhecida como temperatura de ebulio desse lquido. Desse modo, a temperatura de ebulio de um lquido a temperatura na qual a presso de vapor desse lquido torna-se igual presso atmosfrica. Considera-se como ponto de ebulio de um lquido puro a temperatura em que a presso de vapor do lquido se iguala presso atmosfrica ao nvel do mar, isto , vale 1atm ou 760mmHg. A presso atmosfrica varia na razo inversa da altitude. Por causa disso, a temperatura de ebulio de um lquido varia de lugar para lugar.

e) Inflamabilidade a capacidade dos gases de uma substncia ou mistura entrar em ignio e queimar quando misturados com o ar em determinadas propores. Se houver falta ou excesso de gs, a mistura no queima. As propores que limitam a possibilidade de queima so expressas percentualmente em volume de gs no ar e denominadas de limite inferior de inflamabilidade (LII) e limite superior de inflamabilidade (LSI). Esses limites variam em funo dos diversos componentes dos gases das cargas. Para o petrleo, na prtica, a faixa varia de um valor mnimo do LII de cerca de 1% em volume de gs no ar at um valor mximo do LSI de cerca de 10% em volume de gs no ar.

f) Limite Inferior de Inflamabilidade ou Explosividade (LII ou LIE): a concentrao de um gs de hidrocarboneto no ar abaixo da qual no existe hidrocarboneto suficiente para suportar uma combusto.

g) Limite Superior de Inflamabilidade ou Explosividade (LSI ou LSE): a concentrao de um gs de hidrocarboneto no ar acima da qual no existe ar suficiente para suportar e propagar a combusto.

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h) Faixa Inflamvel ou Explosiva aquela faixa limitada pelas concentraes mxima (LSI ou LSE) e mnima (LII ou LIE) de vapor no ar que formam misturas inflamveis (explosivas).

Comportamento dos lquidos inflamveis

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Faixas de explosividade e limites

i) Temperatura de Auto-Ignio (temperatura de ignio autgena) a mais baixa temperatura a qual um slido, lquido ou gs necessita ser elevado para causar uma combusto auto-sustentada sem ser iniciada por uma chama ou centelha.

j) Combusto espontnea a combusto que acontece quando a caracterstica do material causa produo de calor (exotrmico), reaes qumicas e ignies que ocorrem sem ajuda de chama, centelha ou calor excessivo.

l) Reatividade

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Possveis reaes fsicas ou qumicas que podem ocorrer durante o manuseio e transporte de determinadas cargas tornando-se num risco adicional.

m) Toxicidade. Efeito de uma substncia ou seu vapor ao corpo humano por contato ou por absoro pela pele, pulmo ou estmago, produzindo manifestaes indesejveis imediatas ou tardias.

n) Corrosividade So lquidos que corroem os materiais normais em um grau excessivo. Usualmente tambm causam srios riscos para o tecido humano e para os olhos.

o) Limite de Odor a mais baixa concentrao de gs ou vapor, comumente expressa em ppm, por volume no ar, que uma pessoa pode perceber pelo odor. um parmetro que relaciona homem com a carga.

p) Sensibilidade ao Odor a facilidade que um produto tem de ser contaminado por odores estranhos. um parmetro que relaciona uma carga com outra carga. Alguns produtos so muito sensveis a odores estranhos, usualmente aqueles provenientes de cargas anteriormente transportadas no mesmo tanque. Exemplos: glicis, leos animais e vegetais, melao, etc.

2.3.1 Amostras So necessrias as coletas de amostras das cargas para anlise em laboratrio das propriedades qumicas e fsicas das cargas. Nos navios qumicos, essas amostras so coletadas a bordo depois de iniciado o carregamento e quando a quantidade no tanque est em cerca de 1 p no fundo do tanque, que a quantidade suficiente para mergulhar o saca-amostras. No caso dos petroleiros, a quantidade de petrleo no tanque bem maior, chegando a um ou dois metros, dependendo do que foi estabelecido entre o pessoal do navio e do terminal. Nos navios de gs, essas amostras so retiradas em garrafas que resistem a altas presses e baixas temperaturas quando so conectadas atravs de mangueiras aos pontos de amostragem instalados nos domos dos tanques.- 41 -

Essa retirada de amostras necessria para se saber que a carga chegou ao tanque dentro de sua correta especificao e, caso positivo, o carregamento ser continuado. No porto de destino, antes do descarregamento, so retiradas amostras para se saber se a carga chegou dentro da especificao que foi entregue a bordo no porto de origem.

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3 Toxicidade e Outros Perigos3.1 Toxicidade das Cargas em Geral e seus Efeitos Produtos qumicos diferentes afetam o corpo humano de diversas maneiras. A definio de venenoso e a classificao de veneno no so uniformes em todo o mundo. Podemos definir como veneno uma substncia que prejudicial ao ser humano ou ao ambiente. Uma substncia classificada como veneno se existir o risco de morte ou dano corporal srio aps a ingesto, inalao ou contato com a pele. A intoxicao pode ocorrer durante as exposies crnicas quando o trabalhador se expe continuamente a baixas concentraes de vapores durante longos perodos. Essa exposio, geralmente, ocorre durante o manuseio normal das cargas. A exposio aguda advm da exposio por curtos perodos a concentraes elevadas de vapores da carga, geralmente, decorrentes de acidentes. A toxicidade de uma substncia , usualmente, expressa em termos de valores da dose letal (LD50) e, s vezes, da concentrao letal (LC50). Esses valores so obtidos atravs de testes com animais e representam as doses, expressas em mg/kg de peso corporal, em que morrem 50% dos animais submetidos s sries de testes. Estes nmeros do uma indicao aproximada do grau de toxicidade de uma substncia. Vrias espcies de animais tm sensibilidades diferentes, o que proporciona alguns problemas na aplicao do resultado para o ser humano. Na indstria, o efeito de uma exposio prolongada a baixas concentraes de uma substncia de fundamental importncia e expresso em TLV.

3.2 Perigo de Incndio Para que um incndio tenha incio, necessrio haver, simultaneamente, os trs elementos que constituem o chamado tringulo do fogo, que so: Oxignio; Combustvel; Fonte de ignio.

Tringulo do fogo - 43 -

Portanto, oxignio e fontes de ignio devem ser eliminados dos tanques quando material inflamvel estiver presente na forma de vapor da carga. O vapor da carga e as fontes de ignio devem ser eliminados do convs e de outras reas com perigo de gs onde houver oxignio. Quando um vapor inflamvel misturado ao oxignio, uma mistura explosiva pode estar se formando. O petrleo gera facilmente vapores inflamveis, sendo estes vapores o maior fator do incio de incndios.

Faixa explosiva em relao concentrao de oxignio e dos gases de hidrocarbonetos - 44 -

A volatilidade a capacidade de um lquido evaporar-se, ou seja, gerar vapor ou gs e depende da temperatura e da estrutura molecular do lquido em questo, podendo gerar gases pelo aquecimento, agitao ou escoamento. A volatilidade do petrleo e seus derivados definida pelo seu ponto de fulgor. Produtos com ponto de fulgor acima de 60C so considerados no-volteis e os com ponto de fulgor abaixo desse valor so considerados volteis. O ponto de fulgor (flash point) a mais baixa temperatura em que um lquido libera gs suficiente para formar uma mistura gasosa inflamvel prxima da superfcie do lquido. Esta temperatura determinada em laboratrio com aparelhagem padro e uso de procedimentos determinados. A temperatura de auto-ignio a temperatura mnima para a qual necessrio elevar um slido, lquido ou gs para que se inicie o processo de combusto espontnea sem a presena de uma fonte externa de ignio. As faixas de inflamabilidade do petrleo e seus derivados situam-se entre um LII de 1% e um LSI de 10% em volume de gases de hidrocarboneto na atmosfera. As fontes de ignio advm de: Calor direto; Centelhas; Energia qumica; Energia eltrica; ou Descargas eletrostticas. Para evitar incndios em navios-tanque, devem ser seguidos certos comportamentos, entre os quais: manter fontes de ignio fora da rea da carga, uma vez que pode ocorrer presena de gases inflamveis; evitar que gases inflamveis entrem em espaos onde existam fontes de ignio como os espaos das acomodaes, as praas de mquinas, cozinhas, refeitrios, etc. A introduo de gs inerte nos tanques de carga reduz o oxignio a um nvel onde no haver mistura inflamvel. Esse valor no deve ser superior a 8% de oxignio por volume. Ficando a superfcie do lquido coberta por um colcho de gs inerte pressurizado, evitar o contato da carga com o oxignio do exterior evitando incndio. Um perigo adicional na indstria do petrleo a formao de sulfeto de ferro pirofrico. Em uma atmosfera livre de oxignio, onde esteja presente o H2S (gs sulfdrico ou sulfeto de hidrognio) ou, especificamente, quando a concentrao de sulfeto de hidrognio exceder a de oxignio, os xidos de ferro, comumente conhecidos como ferrugem, podem ser transformados em sulfeto de ferro (FeS). Quando o sulfeto de ferro exposto ao ar, ele se oxida, voltando condio de xido de ferro, com a formao de enxofre livre ou de gs dixido de enxofre (SO2). Essa oxidao pode ser acompanhada por uma considervel gerao de calor, de tal forma que algumas partculas podem tornar-se incandescentes. Essa oxidao exotrmica (que libera calor), acompanhada de incandescncia, denominada oxidao pirofrica. O- 45 -

sulfeto de ferro pirofrico pode produzir calor suficiente para causar a ignio de misturas inflamveis de hidrocarbonetos. Antes da introduo de plantas de gs inerte em navios, esse risco no era considerado, uma vez que a atmosfera dos tanques de carga de navios convencionais, sem sistema de gs inerte, possui oxignio suficiente para evitar a formao do sulfeto de ferro pirofrico. O emprego de sistemas de gs inerte em navios petroleiros aumentou a possibilidade da formao de depsitos pirofricos, porm, enquanto os tanques permanecerem inertizados, no haver perigo de ignio causada por reao exotrmica pirofrica. O perigo reside em permitir o ingresso de ar em atmosferas inertizadas de forma no-controlada. Dessa forma, imperativo que os tanques sejam mantidos inertizados e, quando for necessria a sua desgaseificao, essa operao deve ser realizada de forma controlada, no admitindo a passagem da atmosfera do tanque pela faixa de mistura inflamvel. No caso de ocorrer incndio durante as operaes com navios de gs, o mtodo mais efetivo de controlar um incndio em cargas de gs eliminar a fonte de vazamento do gs. As principais fontes de emisso de vapores inflamveis esto, de alguma forma, ligadas aos tanques de carga ou s redes de carga. As mais provveis fontes de vapores inflamveis encontradas a bordo podem ser as seguintes: Vazamentos atravs de bombas; Flanges mal-apertados ou gaxetas inadequadas; Mangotes com furos ou ruptura por excesso de presso; Vlvulas de alvio de presso; Bocas de ulagem ou de lavagem dos tanques abertas durante as operaes de carregamento, limpeza ou antes do incio da descarga. O uso de gs inerte nos tanques de carga permite reduzir o teor de oxignio no permitindo que se forme uma mistura inflamvel. Tambm pode ser usado para cobrir uma superfcie de carga inflamvel dentro de um tanque, formando uma camada de material inerte e evitando que o oxignio entre em contato com o vapor inflamvel da carga. Remover os materiais inflamveis dos navios-tanque normalmente no possvel, o que os torna presentes em quase todas as atividades relacionadas. Gases dos navios-tanque, misturados com o ar em determinadas propores, podem entrar em ignio e queimar e, para eliminar riscos de incndio ou exploso em um navio-tanque, necessrio impedir que uma fonte de ignio e uma atmosfera inflamvel estejam presentes simultaneamente num mesmo lugar. Como pode haver a possibilidade de escape de gases inflamveis para outras reas, necessrio que todos colaborem para que se mantenham sob controle todas as fontes de ignio da rea da carga e para que esses gases no invadam espaos onde- 46 -

naturalmente existem fontes de ignio, tais como: o espao das acomodaes, os espaos de mquinas, cozinha, refeitrios, etc. Pessoalmente, todos devem cumprir as regras existentes a bordo relativas ao fumo, conduo de fsforos e isqueiros, ao uso de luzes desprotegidas, ao uso de fiaes eltricas ou outros equipamentos que possam gerar calor ou centelhas em determinadas reas, colaborando para evitar incndios.

3.3 Perigos sade 3.3.1 Efeitos txicos Os principais perigos sade so: Contato com pele; Ingesto do lquido; Inalao; Compostos de chumbo contidos na carga. O contato com a pele causa irritao e dermatites, uma vez que o produto remove a oleosidade natural que protege a pele. A ingesto de lquidos de petrleo causar grande desconforto estomacal e nuseas. Inalar gs de petrleo pode causar narcose, que uma depresso do sistema nervoso central. Os sintomas incluem dor de cabea e irritao dos olhos com diminuio dos reflexos e da noo de responsabilidade e com tontura semelhante embriaguez. Inalar esses gases em altas concentraes pode levar paralisia, insensibilidade e morte. O odor de misturas de gases de petrleo muito varivel e, em alguns casos, pode inibir o sentido do olfato. A inibio do olfato mais provvel e particularmente sria se a mistura contiver o gs sulfdrico (H2S). O gs sulfdrico ou sulfeto de hidrognio (H2S) um gs mais pesado que o ar, incolor e com odor caracterstico de ovo podre. altamente txico e corrosivo, podendo ser fatal mesmo quando inalado em baixa concentrao. Gases de hidrocarboneto so provenientes do petrleo e derivados e possuem hidrognio e carbono em sua composio. Certas cargas podem emanar vapores capazes de: Excluir o oxignio do ambiente; Formar uma mistura explosiva quando misturados com o ar atmosfrico; Intoxicar por inalao ou por absoro pela pele; Determinadas cargas podem ser corrosivas para o tecido humano e at para a estrutura do navio e seus equipamentos.- 47 -

Lquidos corrosivos podem tornar-se inflamveis e produzir gases inflamveis por reao a certos tipos de materiais. No caso de ser necessrio prestar primeiros socorros a algum, siga tambm as seguintes recomendaes que no constam das folhas de informao: No socorra uma vtima se no estiver em segurana para fazer isso; No tente fazer mais do que o necessrio; No demore em chamar algum e informe o comandante; No entre em espaos confinados a no ser que seja um membro treinado da equipe de resgate. Cumpra os procedimentos de segurana previstos. Considere que, mesmo havendo oxignio, o vapor de certas cargas em concentrao suficiente pode excluir o oxignio mesmo no sendo txico, podendo causar asfixia.

3.3.2 Deficincia de Oxignio A quantidade de oxignio contido no ar atmosfrico de aproximadamente 21% por volume. Nos espaos confinados, h grandes chances deste percentual ser inferior em razo dos contaminantes respiratrios que podem ser encontrados nestes ambientes, cujos contaminantes podem ser mais pesados do que o ar, formando bolses que se constituem em risco de vida para as pessoas desavisadas. Os contaminantes respiratrios podem ser relacionados como: Vapores da carga (gs sulfdrico, vapores de hidrocarbonetos); Partculas em suspenso; Fumaa de soldas; Nvoas de tintas; Combusto, etc.; Tambm pode haver deficincia de oxignio causada por: Oxidao exposta; e Presena de gs inerte, etc. Em certas condies, alguns gases podem descender, tornando a rea do convs perigosa devido a: Presena de gases em concentraes prejudiciais; Deficincias de oxignio.

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Nestas condies, todas as operaes no-essenciais devem ser paradas e somente o pessoal necessrio deve permanecer no convs para tomar as precaues pertinentes. O sintoma da deficincia de oxignio a asfixia. As pessoas reagem de forma diferente ante a deficincia de oxignio, porm, se o percentual de oxignio cair a menos do que 16% por volume, qualquer pessoa sofrer as graves conseqncias resultantes dessa deficincia.

3.3.3 Toxicidade do Gs Inerte O principal perigo associado ao gs inerte o baixo teor de oxignio que contm, porm, nele tambm pode haver gases txicos. Sendo um gs incolor e mais pesado do que o ar, pode formar bolses invisveis em espaos inferiores dos compartimentos que no possuam ventilao ou extrao. Antes de entrar nesses espaos necessrio cumprir procedimentos especficos que, entre outros, indicar que a ventilao e/ou extrao devem ser acionadas, ou os dois, se houver.

3.4 Perigos ao Meio Ambiente3.4.1 Poluio 3.4.1.1 Poluio Marinha Significa a introduo, pelo homem, direta e indiretamente, de substncias ou de energia no meio marinho, incluindo os esturios, sempre que a mesma provoque ou possa vir a provocar efeitos nocivos, tais como: danos aos recursos vivos e vida marinha, riscos sade do homem, entrave s atividades martimas, incluindo a pesca e as outras utilizaes legtimas do mar, alterao da qualidade da gua do mar no que se refere a sua utilizao e deteriorao dos locais de recreio. (UNCLOS 1982- United Nations Convention Lake, Ocean and Sea).

3.4.1.2 Poluio Ambiental Decorre da presena, lanamento ou liberao nas guas, no solo ou no ar, de qualquer forma de matria ou energia, com intensidade, quantidade, concentrao ou caractersticas em desacordo com os padres de qualidade ambiental estabelecidos por legislao, ocasionando interferncia prejudicial biota e aos usos preponderantes das guas, ar e solo.

3.4.2 Navios-Tanque, transporte ambientalmente correto e seguro O transporte por navios-tanque utiliza poucos recursos naturais e causa pequena degradao ambiental. Os gases poluentes emitidos pelas chamins desses navios so- 49 -

em quantidade bem menores do que os de veculos de transporte terrestre, embora as emisses de gases de carros e caminhes sejam bastante controladas. O monxido de carbono da exausto dos navios cerca de 1/10 do que emitido por veculos motorizados, e a proporo quanto a hidrocarbonetos de cerca de 1/8. O trfego martimo no agride tanto o meio ambiente, uma vez que no h construo de rodovias, trilhos de trem, aeroportos ou a poluio sonora provocada pelos mesmos. No existe exausto de gases sobre as propriedades, no ocorre a destruio de florestas e h pouco distrbio de hbitats naturais.

3.4.3 Poluio Operacional e Poluio Acidental A poluio operacional aquela causada por emisses para o meio ambiente resultantes de atividades normais das empresas, cujas emisses so controladas e devem obedecer a nveis aceitveis internacionalmente. A poluio operacional leva o trabalhador exposio ocupacional crnica que pode trazer efeitos malficos em longo prazo sua sade, principalmente, se as medidas de controle no forem seguidas. A acidental a poluio resultante de acidentes que ocorreram por motivos noprevistos e que devem ser investigados para que se possam tomar medidas que venham a evitar sua repetio. A poluio acidental pode causar exposio aguda do trabalhador, trazendo danos imediatos a sua sade. A emisso acidental de vapor da carga em velocidade menor do que a emisso operacional certamente formar uma nuvem densa de vapor que, sendo mais pesada do que o ar, poder retornar para a rea da carga e adjacncias, tornando-se um srio risco sade e um risco de incndio. A poluio causada por navios normalmente resulta de: coliso, encalhe, vazamento operacional, descarte indevido de lixo, limpeza de tanques e descargas noautorizadas para o mar, etc. Desse modo, a poluio da atividade martima s ocorrer se os procedimentos operacionais no forem cumpridos, se os equipamentos no receberem sua correta manuteno para que no falhem e se as pessoas no estiverem devidamente treinadas e conscientes das suas responsabilidades na execuo das diversas tarefas a bordo.

3.5 Perigos da Reatividade Especial considerao deve ser dada possibilidade de produtos qumicos sofrerem reaes fsicas e qumicas durante o manuseio e transporte, fazendo com que seja criado um risco adicional. Uma reao qumica pode produzir calor acelerando a reao, pode causar a liberao de grande volume de vapor e/ou aumento de presso, bem como pode causar a formao de vapores inflamveis e prejudiciais. Em princpio, os maiores perigos decorrentes de uma reao qumica so aqueles perigos relativos a incndios e riscos sade.- 50 -

Os principais tipos de reao que devem ser levados em considerao so: Auto-reao; Reao com o ar; Reao entre produtos; Reao com a gua. Reao com a luz; Reao com o calor; e Com outros materiais.

3.6 Perigos de Corrosividade Determinadas cargas podem ser corrosivas para o tecido humano e at mesmo para a estrutura do navio e seus equipamentos. Os lquidos corrosivos podem tornar-se inflamveis e produzir gases inflamveis se tiverem contato com certos tipos de materiais. Prticas de trabalho seguro devero ser seguidas para evitar o contato com cargas corrosivas e roupas de proteo adequadas devero ser usadas, alm de serem tomadas precaues adicionais durante o manuseio destas cargas. Para determinadas cargas corrosivas, os tanques e o sistema de carga so fabricados com material especial.

3.6.1 Perigos do Gs Liquefeito As cargas de gs liquefeito so transportadas no seu ponto de ebulio ou muito prximos a este. Este ponto de ebulio varia na faixa de 162C para o metano e 0C para o butano. As baixas temperaturas das cargas, se em contato com a pele, podem provocar queimaduras destruindo a pele e o tecido quando em contato direto com a carga ou vapor. Podem tornar o ao quebradio se a carga entrar em contato abrupto com ele. Nas operaes de carregamento, a temperatura das paredes internas do tanque no deve estar diferente da temperatura da carga em mais de 15 C por ocasio do carregamento. Esses gases vaporizam facilmente porque esto temperatura de ebulio. Estes vapores podem ser inflamveis, txicos ou ambos e em determinada concentrao podem excluir o oxignio e causar asfixia, independente de serem txicos ou no. Misturas explosivas podem ser produzidas quando certas quantidades de vapores das cargas estiverem misturadas no ar. Os vapores de algumas cargas podem ser txicos quando inalados ou quando absorvidos pelo corpo atravs da pele. Alguns vapores podem ser custicos e podem danificar o tecido humano.- 51 -

Os vapores de algumas cargas podem ser reativos e a reatividade acontece por diversas maneiras. Todas as informaes sobre as cargas so encontradas nas MSDS de cada produto (FISPQ Folha de Informao de Segurana de Produto Qumico) As informaes contidas devem ser seguidas por todos para que possam se proteger da agressividade inerente s caractersticas das cargas que sero transportadas.

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4 Controle dos Perigos4.1 Folhas de Informao de Segurana da Carga (MSDSFISPQ) As informaes relativas s cargas que sero manuseadas so essenciais para a segurana do navio e da tripulao. Essas folhas devem ser mantidas em local pblico, antes do carregamento dessas cargas, para o conhecimento de todas as pessoas. As cargas no devero ser recebidas se no houver suficientes informaes disponveis para um manuseio e transporte seguro e essas informaes so fundamentais para o plano de carregamento do navio. Todas as pessoas envolvidas nas operaes devero familiarizar-se com as cargas estudando as MSDS ou outras folhas de informaes fornecidas pelos terminais. As aes a serem tomadas nas emergncias so facilmente identificadas nestas folhas.

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Pgina 01/08 da MSDS da Amnia - 54 -

4.2 Mtodos de Controle dos Perigos dos Navios-Tanque Os principais perigos que envolvem as diversas atividades dos navios-tanque podem ser divididos nas seguintes categorias: incndio, sade, meio ambiente, reatividade e corrosividade. Para a preveno dos perigos sade, devem ser tomadas as seguintes precaues: Controle rigoroso nas entradas em casa de bombas, tanques de carga e lastro, espaos vazios e outros espaos confinados, cumprindo os procedimentos especficos para entrada e permanncia em espaos confinados; Usar roupas de proteo adequadas s tarefas; Descontaminar as roupas utilizadas em contato com as cargas depois do uso; Monitorar continuamente a atmosfera dos espaos onde h servios em andamento contra vapores de petrleo e gases txicos. O sistema mecnico de ventilao da casa de bombas deve ser capaz de manter o ar em movimento durante todo o tempo em que estiver funcionando e os dampers flaps com comando a distncia - devem estar funcionando corretamente para no obstruir o ar para o espao. O sistema de ventilao dos tanques de carga reduz o risco do vapor da carga ir para as reas sem risco de gs. Durante o manuseio das cargas, o vapor dessas cargas formado na superfcie do lquido direcionado para a atmosfera atravs das linhas de ventilao at as torres de ventilao. Esse siste