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CURSO DE FORMAÇÃO DE AQUAVIÁRIOS MÓDULO GERAL CFAQ - II Manual do aluno MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO 1ª edição Rio de Janeiro 2003 Relacões Interpessoais O Meio Ambiente Aquaviário Higiene e Primeiros Socorros Saúde e Segurança no Trabalho

Curso Especial de Segurança Pessoal e Responsabilidades Sociais (ESRS)

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CURSO DE FORMAÇÃODE AQUAVIÁRIOS

MÓDULO GERAL

CFAQ - II

Manual do aluno

MARINHA DO BRASILDIRETORIA DE PORTOS E COSTASENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO

1ª edição

Rio de Janeiro2003

Relacões InterpessoaisO Meio Ambiente AquaviárioHigiene e Primeiros Socorros

Saúde e Segurança no Trabalho

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© 2003 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas

________ exemplares

Diretoria de Portos e CostasRua Teófilo Otoni, nº 4 - CentroRio de Janeiro, RJ20090-000http://www.mar.mil.br/~dpc/[email protected]

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto nº 1825, de 20 de dezembro de 1907

IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL

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Sumário

RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Introdução ........................................................................................................... 91 Relações humanas ............................................................................................. 91.1 Conceito de personalidade ................................................................................... 91.2 Influência da personalidade nos padrões de comportamento ..............................101.3 A Importância do comportamento humano como referencial no resultado do trabalho101.4 Causas do surgimento dos conflitos ....................................................................121.5 Características da boa comunicação no ambiente de trabalho ............................131.6 Ações preventivas para um bom relacionamento no trabalho ..............................14

2 Trabalho em equipe ..........................................................................................162.1 Características das equipes de trabalho..............................................................162.2 Aspectos importantes do trabalho em equipe ......................................................172.3 Cooperação e competição ..................................................................................192.4 A importância do indivíduo dentro de uma equipe de trabalho .............................24

3 Liderança...........................................................................................................253.1 Conceito..............................................................................................................253.2 Distinção entre Liderança e Chefia .....................................................................273.3 A importância do Líder na motivação de sua equipe ...........................................283.4 Valores do líder ...................................................................................................323.4.1 Higidez ................................................................................................................323.4.2 Caráter ................................................................................................................343.4.3 Cavalheirismo .....................................................................................................353.5 Aspectos fundamentais da liderança ...................................................................36

MEIO AMBIENTE AQUAVIÁRIO

Introdução .........................................................................................................391 Bacias fluviais brasileiras ................................................................................391.1 Bacia hidrográfica ...............................................................................................391.2 Características gerais da rede fluvial ...................................................................401.3 Bacias hidrográficas ...........................................................................................421.3.1 Bacias Principais ................................................................................................421.3.2 Bacias Secundárias ............................................................................................431.4 Hidrovia ...............................................................................................................441.5 Principais hidrovias .............................................................................................441.6 Eclusas ...............................................................................................................49

2 O litoral brasileiro ..............................................................................................502.1 Características gerais do litoral ...........................................................................502.2 Aspecto morfológico ...........................................................................................502.3 Características gerais do Atlântico Sul ................................................................512.4 Marés ..................................................................................................................512.4.1 Tipos de maré .....................................................................................................522.5 Correntes oceânicas ...........................................................................................53

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3 Aspectos meteorológicos ................................................................................553.1 Conceitos ............................................................................................................553.2 Circulação geral da atmosfera .............................................................................553.3 Sistemas de pressão ..........................................................................................563.4 Massas de ar ......................................................................................................573.4 1 Origens das massas de ar................................................................................573.4.2 Evolução das massas de ar ................................................................................593.5 Ventos locais .......................................................................................................603.6 Características climáticas predominantes do litoral brasileiro ..............................61

4 Biodiversidade ..................................................................................................624.1 Característica de plâncton ...................................................................................624.2 Ressurgência ......................................................................................................624.3 Cadeia alimentar marinha ...................................................................................634.4 Manguezais .........................................................................................................644.5 Defeso ................................................................................................................664.6 Áreas de proteção...............................................................................................66

5 Prevenção a poluição .......................................................................................685.1 Meio Ambiente ....................................................................................................685.2 Poluição ..............................................................................................................685.3 Principais poluentes ............................................................................................685.4 Fontes de poluição ..............................................................................................725.5 Órgãos responsáveis pela política ambiental .......................................................74

6 Aspectos econômicos do meio aquaviário ....................................................756.1 A importância das hidrovias ................................................................................756.2 A água como recurso natural ...............................................................................756.3 Potencial hídrico .................................................................................................766.4 Fontes alternativas de energia .............................................................................776.5 Pesquisa e prospecção de petróleo ....................................................................786.6 Atividade pesqueira ao longo do litoral brasileiro ................................................796.7 Atividade salineira ...............................................................................................806.8 Exploração turística nos balneários, praias e rios ................................................816.9 O mar como via de transporte .............................................................................81

7 Aspectos econômicos do meio aquaviário ....................................................827.1 Relevo submarino ................................................................................................827.2 Mar Territorial ......................................................................................................847.3 Zona Econômica Exclusiva ..................................................................................857.4 Zona Contígua .....................................................................................................85

HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS

1 Introdução .........................................................................................................891.1 Conceito de primeiros socorros ..........................................................................891.2 Transporte de um acidentado ..............................................................................91

2 Afogamento .......................................................................................................932.1 Procedimentos em caso de afogamento .............................................................93

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2.2 Procedimentos de massagem cardíaca ..............................................................942.3 Choque elétrico ...................................................................................................962.3.1 Procedimentos em caso de choque elétrico ........................................................972.3.2 Procedimentos de massagem cardíaca e respiração boca a boca .....................98

3 Fraturas, luxações e entorses .........................................................................993.1 Fratura ................................................................................................................993.2 Tipos de fraturas ..................................................................................................993.3 Técnicas para imobilização de membros fraturados ......................................... 103

4 Corpo estranho .............................................................................................. 1044.1 O que acontece ................................................................................................ 1044.2 No ouvido ......................................................................................................... 1044.3 Nos olhos ......................................................................................................... 1044.4 No nariz ............................................................................................................ 1044.5 Objetos engolidos ............................................................................................ 1044.6 Procedimentos ................................................................................................. 105

5 Parada cardiorrespiratória ............................................................................ 1065.1 Conceito........................................................................................................... 1065.2 Sintomas de uma parada cardiorrespiratória ................................................... 1065.3 Esquema da ressuscitação cardiorrespiratória básica ..................................... 106

6 Hemorragia ..................................................................................................... 1096.1 Conceito........................................................................................................... 1096.2 Procedimentos de primeiros socorros em caso de hemorragia ........................ 1096.3 Sangramentos internos..................................................................................... 1096.4 Sangramentos nasais ....................................................................................... 1106.5 Hemorragia externa .......................................................................................... 111

7 Queimaduras .................................................................................................. 1127.1 Classificação das queimaduras ....................................................................... 1127.2 Procedimentos ................................................................................................. 112

8 Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) ............................................. 1148.1 Definições das principais doenças ................................................................... 1148.2 Formas de prevenção das doenças ................................................................. 119

9 Drogas ............................................................................................................ 1209.1 Principais dependências químicas ................................................................... 120

SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO

1 Introdução à Segurança................................................................................ 1291.1 Conceito de Segurança .................................................................................... 1291.2 Segurança como necessidade das pessoas .................................................... 1311.3 O Riscos e suas Funções de Controle .............................................................. 1331.4 Perigo, dano, falha, defeito e perda .................................................................. 1371.5 Evento perigoso, evento indesejável e evento danoso ...................................... 138

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1.6 Acidente, incidente e quase-acidente ............................................................... 1391.7 A saúde como fator de segurança .................................................................... 142

2 Legislação do Brasil sobre Saúde e Segurança no Trabalho.................... 1442.1 Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ........................................................ 1442.2 Normas Regulamentadoras (NR) ...................................................................... 1532.3 Disposições contidas na NR-1 – Disposições Gerais ...................................... 1532.4 A Organização dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina

do Trabalho (SESMT) - NR-4 ............................................................................ 1552.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) - NR-5 ........................... 1562.6 Equipamentos de Proteção Individual (EPI) - NR-6 ........................................... 1582.7 Atividades e Operações Insalubres - NR-15 ..................................................... 1592.8 Atividades e Operações Perigosas - NR-16 ................................................... 1602.9 Trabalho a Céu aberto - NR-21 ......................................................................... 1602.10 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho - NR-24.............. 1612.11 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário - NR 30 ... 164

Bibliografia ................................................................................................................ 171

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RELAÇÕES INTERPESSOAIS

GERAL

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Introdução

O aspecto confinado das embarcações e os longos períodos em que, muitas vezes,estas se ausentam dos seus portos de origem são um constante desafio ao convívio eentendimento entre os integrantes de sua tripulação de forma a preservar as relaçõesinterpessoais em elevado nível, mantendo-se as relações hierárquicas e a disciplina quepermitam a atingir o objetivo a que se propuseram.

Esta matéria prevê conceitos básicos, que devem ser do conhecimento de todos abordo, para que seja possível transformar uma reunião de pessoas que irão tripular umaembarcação, numa equipe de trabalho consciente das dificuldades naturais imposta pelomeio aquaviário.

1 Relações humanas

1.1 Conceito de personalidade

A personalidade é um dos fenômenos mais complexos estudados pela ciência. Étalvez o mais fascinante, porque todos nós desejamos nos conhecer e conhecer outraspessoas com as quais convivemos. Saber o que em nós é comum a todas as pessoas e oque mais nos distingue delas, talvez seja o mais constante desejo do homem. Conhecernossas qualidades positivas e verificar nossos traços negativos é um trabalho diário quenos preocupa e incentiva. Enfim, a coisa mais importante para nós é a nossa personalidade.

Os conceitos vulgares de personalidade não coincidem com o utilizado pelosestudiosos do comportamento. O mais vulgar deles talvez seja este:“Personalidade é a impressão causada por você sobre outra pessoa”. Por exemplo, dizemos:José tem uma personalidade marcante. Para alguns isto não quer dizer nada. O que querdizer é que José tem certos traços de caráter que o distinguem das pessoas com quemconvive.

A personalidade é uma abstração. Ela é a soma de certas característicasmais ou menos estáveis de uma pessoa. O comportamento de uma pessoa numaentrevista, por exemplo, não revela todos os seus atributos, os seus traços. Asrelações constantes que temos com uma pessoa é que nos mostrarão a freqüênciade certos traços, os aspectos de sua personalidade. E apesar de um dia ela semostrar expansiva, faladora, continuaremos dizendo que é introvertida, fechada,voltada mais aos seus problemas que aos dos outros. Não é com os traçosvariáveis que julgamos os outros, mas com o mais ou menos estável. Se assimnão fosse, seria muito difícil o relacionamento social.

Portanto, definimos Personalidade como a soma de todas as característicascognitivas, afetivas e físicas de uma pessoa, tal como se manifestam e a diferenciam deoutras. É a integração de sete componentes: fisiologia, necessidades, interesses, atitudes,aptidões, temperamento e morfologia.

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1.2 Influência da personalidade nos padrões de comportamento

A personalidade influencia nos padrões de comportamento, porque é por meio dostraços de personalidade que uma pessoa se integra e se ajusta dentro dos grupos sociais,inclusive o grupo de trabalho. Um dos traços de personalidade mais importante e valorizadoem uma pessoa dentro do ambiente de trabalho é o que promove a adaptação e o ajustenas diversas situações que se apresentam no dia-a-dia.

As relações humanas compreendem as interações das pessoas numa amplavariedade de circunstâncias e situações sociais. As interações humanas podem seragradáveis e compensadoras, ou podem ser frustrantes e geradoras de conflito. Essasrelações envolvem pessoas de diferentes grupos étnicos, crenças religiosas ou políticas e,naturalmente, trabalhadores e seus chefes, quando se ocupam de situações e problemascom que se defrontam. O número de pessoas envolvidas, os assuntos em pauta, a disposiçãoe a competência dos participantes e o nível de respeito recíproco entre os indivíduos influemno resultado e na qualidade das relações humanas, bem como no nível de satisfação decada pessoa envolvida na situação.

Deve-se desenvolver uma forma para se adaptar a situações de trabalho e reduziros conflitos interpessoais desnecessários.

É necessário, portanto, que se compreendam as forças humanas e sociais existentesem um ambiente de trabalho.

Ao atingir a primeira fase da vida adulta, a maioria das pessoas já desenvolveu umsistema funcional de relações humanas. No entanto, a mesma pessoa que se sente confiantequanto aos seus relacionamentos pessoais com amigos e com a família, sente-se, às vezes,inseguro quanto ao seu comportamento em situações profissionais. Em todas as situaçõesem que uma pessoa precisa interagir, tendo em vista algum objetivo comum, existe apossibilidade da desorientação quando diversos pontos de vista e metas pessoais entramem conflito.

1.3 A Importância do comportamento humano como referencial no resultado dotrabalho

As relações humanas se aplicam amplamente às interações e à cooperação depessoas em grupos; aos superiores cabe o papel de manutenção de um nível aceitável desociabilidade com seus subordinados, como também de padrões aceitáveis de desempenhoprofissional. Portanto, as relações humanas significam a integração de pessoas em situaçõesque as motivem a trabalhar juntas produtiva e cooperativamente, com satisfação econômica,social e psicológica.

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Cada pessoa acaba se tornando seu próprio psicólogo quando analisa ocomportamento das outras. Se alcançarem sucesso em seus relacionamentos sociais,tendem a acreditar que suas práticas de “relações humanas” são eficazes e, assim,encontram pouca motivação para mudar seu comportamento ou sua perspectiva. Por outrolado, pessoas que não experimentam o sucesso ou a satisfação no trato social, podemacreditar que o defeito esteja nos outros, e não nelas mesmas; tal atitude é, muitas vezes,uma racionalização. Cada pessoa que contribui para o sucesso de um grupo deve serresponsável pelo próprio comportamento.

Embora algumas pessoas em situação de trabalho desejem ser responsáveis pelopróprio comportamento, não têm certeza sobre o que delas se espera em termos de relaçõeshumanas. Jovens empregados podem não compreender suas tarefas recém-designadasem grupos de trabalho. Podem ser inexperientes ou inseguros quanto à atuação correta eas responsabilidades que lhes são atribuídas. Empregados jovens ou inexperientes nãosão os únicos que encontram problemas de ajustamento no trabalho. Qualquer pessoa quemude de atividade ou função, em um grupo, defronta-se com um novo conjunto de “problemasde relações humanas”. A promoção para uma posição superior, com aumento deresponsabilidades e de autoridade, torna freqüente e necessária uma mudança decomportamento. Que comportamento deve ser esse? Como pode ser mais bem obtidauma mudança no comportamento desejado? Como se pode produzir impacto positivo?Qual é o estilo mais eficaz de liderança?

Atingir tais finalidades não é simples. Fatores sociais, psicológicos, organizacionaise físicos complicam a integração e a motivação das pessoas em grupos. Assim, torna-senecessário o desenvolvimento de uma quantidade de métodos e técnicas destinados aacomodar a integração dos trabalhadores em uma organização. Porém a complexidade doambiente profissional demonstra que os métodos em curto prazo, de eficiência nãocomprovada, e mais fantasiosos do que cuidadosamente pensados não serão suficientes.

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1.4 Causas do surgimento dos conflitos

O crescimento e o desenvolvimento de qualquer sistema têm como etapa de transiçãoos conflitos. Estes surgem principalmente pelo apego de algumas pessoas à situaçãovigente, seja por posse ou comodismo, criando resistência a efetuar mudanças. Isso nãoquer dizer que não existam mudanças sem conflitos. Portanto, entendemos por conflito oprocesso que se inicia quando uma das partes em interação percebe que a outra frustrouou está por frustrar suas necessidades ou objetivos.

As principais causas de surgimento de conflitos em uma equipe de trabalho, são:

• luta pelo poder;• desejo de êxito econômico;• recursos escassos;• marcadas diferenças culturais e individuais;• tentativa de autonomia;• direitos não atendidos/conquistados;• mudanças externas acompanhadas por tensões, ansiedade e medo;• necessidade de status;• exploração de terceiros (manipulação);• necessidades individuais não atendidas;• expectativas não atendidas;• carência de informação, tempo e tecnologia;• divergência de metas;• emoções não-expressas ou inadequadas;• obrigatoriedade de consenso;• meio ambiente adverso; e• preconceitos.

Toda pessoa procura se ajustar ou se adaptar quando enfrenta inibições e frustrações,com o objetivo de organizar-se e equilibrar-se diante das suas experiências e expectativasdo universo que a rodeia.

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Dentre os vários efeitos indiretos do conflito, o mais significativo é o aparecimentoda angústia, proveniente de ameaças ao auto-respeito, de sentimentos de culpa ou medode punição. Essa angústia leva a pessoa a apresentar vários mecanismos de defesa, quesão reações para abrandá-la ou evitá-la.

1.5 Características da boa comunicação no ambiente de trabalho

A eficácia da comunicação com os liderados depende do grau em que a liderançase empenha para manter uma cadeia aberta, honesta e abrangente. A eficácia resultanteda boa comunicação tornar-se-á um importante fator para o fortalecimento ou oenfraquecimento da equipe de trabalho.

Os líderes bem sucedidos no cumprimento de sua responsabilidade são os que secolocam no ponto de enfoque da cadeia de comunicação em sua equipe.

Uma informação somente pode ser passada quando ocorrem recepção e emissão,mantendo-se o “ruído” em um mínimo. Observar, ouvir e ler são tão essenciais à liderançaquanto demonstrar, falar e escrever.

Embora o intercâmbio de informações seja altamente influenciado por fatores nãoverbais como ansiedades e apreensões, atitudes e emoções, personalidade e tom de voz,grande parte da informação assume inevitavelmente uma forma de tirania das palavras.

As técnicas de comunicação são mais eficazes quando: (1) forem utilizadas emcombinação, ao invés de isoladamente; e (2) quando adequadamente harmonizadas coma situação e as pessoas envolvidas.

Cada situação do dia-a-dia de trabalho, principalmente em confinamentos dentro deembarcações, requer um método ou uma combinação de métodos mais aplicável. Paramostrar a alguns liderados o quanto aprecia sua cooperação, tudo o que o líder tem a fazeré dar-lhes ocasionalmente um tapinha nas costas. Outros, porém, podem necessitar defreqüente reafirmação verbal. Outros, ainda, somente acreditarão quando o líder o fizer porescrito. As comunicações que alcançam maior êxito são aquelas encaminhadas por líderesque conhecem muitas maneiras de transmitir suas idéias, instruções e atitudes.

Portanto, a comunicação eficiente por parte do líder deve ser isenta de preconceito,preferências e todos os demais sentimentos que podem prejudicar ou atrapalhar o bomambiente de trabalho.

Líder

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1.6 Ações preventivas para um bom relacionamento no trabalho

As ações preventivas para evitar o surgimento de conflitos são difíceis de seremtomadas, pois quando o conflito aflora, já está instalado nas pessoas que compõem umgrupo de trabalho. Compete ao líder observar constantemente o comportamento dosmembros da sua equipe de trabalho para, assim que detectar as atitudes citadas, assumirseu papel e solucioná-los logo no seu início.

As formas mais freqüentes de mecanismos de defesa e ajustamento das pessoassão:

• Agressão - surge geralmente quando as idéias de uma pessoa não são aceitasou quando a pessoa não é aceita pelo grupo. A agressão manifesta-se através de gestos,palavras ou ainda violência física.

• Obsessividade - caracteriza-se pela preocupação excessiva de detalhes semimportância. Ex: a limpeza freqüente de um armário, gaveta, a seqüência rígida numadiscussão, ser atendido sempre pela mesma pessoa em um determinado local comercial,etc.

• Compensação - é o mecanismo que imprime nova direção à motivação, ou seja,consiste em desviar ou substituir um objetivo que a pessoa não foi capaz de realizar poroutro, transferindo e dirigindo sua energia para este novo objetivo.

• Racionalização ou Autojustificação - ocorre quando, ao não conseguir realizaruma determinada tarefa, atribuímos uma explicação racional, aparentemente lógica, paraencobrir uma insatisfação emocional. O exemplo clássico deste mecanismo é a fábula daraposa e as uvas, em cujo texto o animal, por não conseguir alcançá-las, diz que as uvasestão verdes.

• Projeção - ocorre quando uma pessoa transfere seus próprios sentimentos parauma outra pessoa ou situação. Por exemplo, um marinheiro tem dificuldade de compreenderuma determinada explicação de um companheiro e joga a culpa em quem está explicandoou passando a informação.

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• Idealização - é o mecanismo utilizado sob a forma de supervalorização de simesmo, ou de algumas atitudes específicas, ou do grupo a que pertence, negando aocorrência de alguns fracassos ou limitações. Exemplo: uma equipe de vendas, com baixaprodução, ao perceber que seus concorrentes estão se sobressaindo, passa a supervalorizaras qualidades de seus vendedores ao invés de detectar as falhas do grupo.

• Fuga - é uma forma de reação em que há o afastamento do problema, fugindo dofato que provoca angústia. A pessoa desiste e evita a situação de conflito, excluindo, namaioria das vezes, a possibilidade de uma solução efetiva do problema. Exemplo: oabandono da escola por causa do fracasso escolar, o chefe da família que abandona suacasa diante dos problemas familiares.

• Apatia - ausência de sentimento, indiferença. Frente a uma situaçãoque causa angústia, a pessoa se torna desinteressada, desligada, construindouma parede que a separa do impacto da situação real.

• Negativismo - caracteriza-se por uma conduta habitual na qual seresponde, diante das mais diversas situações, de forma sempre negativa,derrotista. Exemplo: “Isto não vai dar certo...”; “Eu sei que não vou conseguir...”.

• Regressão - ocorre quando se adota uma conduta já vividaanteriormente, com “a esperança” de ser tratado da mesma forma, ou seja, quando umapessoa traumatizada procura retornar a um estágio anterior. Exemplo: uma criança quevolta a agir como bebê, quando é muito “cobrado” para ter atitudes adultas.

• Fantasia - caracteriza-se, basicamente, por “sonhar acordado”. É a formação deimagens mentais de cenas ou, com freqüência, de seqüências de eventos ou experiênciasque realmente não aconteceram ou que se passaram de modo consideravelmente diversodo fantasiado.

Esses mecanismos de defesa apresentam-se em todas as pessoas. Tornam-sesintomas de anormalidade apenas quando aparecem, numa pessoa, em quantidadeexcessiva.

Os mecanismos de defesa podem ter conseqüências benéficas ou prejudiciais parao ajustamento da pessoa. São benéficos quando diminuem a angústia, mantêm e acentuamo auto-respeito e ajudam a proteger o indivíduo de angústias e ameaças futuras. Comoresultado dessa proteção, a pessoa pode ser capaz de suportar o conflito, durante um períodosuficiente para provocar um ajustamento mais realista e mais eficiente ao problema. Mas aocorrência prolongada e excessiva dos mecanismos de defesa podem gerar efeitosprejudiciais ao ajustamento efetivo à vida.

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2 Trabalho em equipe

2.1 Características das equipes de trabalho

As principais razões que levam as pessoas a formarem equipes são, em primeirolugar, a necessidade, em segundo lugar o desejo de proximidade e, finalmente, os desafios.Equipes se constituem a partir da existência de interesses comuns que vão desde anecessidade de sobrevivência até os anseios de segurança, estima ou status. O desejo daproximidade física está ligado à atração que as pessoas exercem umas sobre as outras eà possibilidade que elas têm de confirmar suas crenças e valores. A interação social atendeà necessidade de reconhecimento, estruturação do tempo e outras carências humanas.

Os desafios fazem com que as pessoas se reúnam para tentar superar coletivamenteas dificuldades e são uma poderosa razão para a formação de equipes de trabalho. Noscampeonatos esportivos, podemos observar inúmeros exemplos de grupos de altacompetência movidos quase que exclusivamente pelos desafios. E não só os atletas estãoem busca da superação de seus recordes desportivos como os patrocinadores eorganizadores atrás de seus recordes econômicos. O público em geral assiste, torce eparticipa, movido pelo desejo de proximidade, o de pertencer e expressar-seemocionalmente, mesmo assistindo pela televisão.

São três os fatores básicos que fazem as pessoas se aproximarem:

1 - a existência de um objetivo comum;

2 - uma certa divisão de papéis ou de tarefas; e3 - a existência de algum tipo de relacionamento entre as pessoas.

No enfoque psicossocial surgirá, como fundamental para a existência de uma equipe,a presença de fatores sócio-afetivos de coesão que são:

1 - a existência de um alvo comum e visível para os membros da equipe;2 - a percepção da possibilidade de promover uma ação conjunta; e3 - o sentimento de “pertencer”.

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2.2 Aspectos importantes do trabalho em equipe

• aumenta a produtividade;• melhora a comunicação: o negócio de uma equipe é compartilhar informação e

delegar trabalho;• realiza tarefas que grupos comuns não podem fazer: há conhecimento demais

para que uma única pessoa possa saber de tudo;• faz melhor uso dos recursos: a equipe é a idéia do “just-in-time”, aplicada à estrutura

organizacional e ao princípio de que nada pode ser desperdiçado;• as equipes são mais criativas e eficientes na resolução de problemas: elas

invariavelmente sabem mais sobre comprimento, profundidade e largura de umaorganização do que a hierarquia piramidal;

• decisões de alta qualidade: a essência da idéia de equipe é o conhecimentocompartilhado, e sua conversão imediata para liderança compartilhada; e

• melhores produtos e serviços: as equipes permitem às organizações misturarpessoas com diferentes tipos de conhecimento sem que essas diferenças rompamo tecido da organização.

Nós somos criaturas sociais. Não apenas gostamos da companhia uns dos outros,mas também buscamos uns aos outros, situação após situação. Precisamos dessa interaçãoda mesma forma que necessitamos de ar, água e segurança.

Todos nós necessitamos de:• afeição;• afiliação;• reconhecimento;• troca de idéias; e• valorização pessoal.

Apesar da nossa tendência de pertencer a uma equipe, também não queremos mudarnossas vidas e prioridades individuais pelo bem do grupo sem um benefício pessoal.

Portanto, trabalhar em equipe ou pertencer a uma equipe significa saber manter umequilíbrio constante entre as necessidades da equipe e as necessidades individuais (aquelascoisas que cada um de nós deseja, coisas que nada têm a ver com equipes ou cargos).

Dez maneiras de manter a equipe integrada e motivada:

1 - ter um compromisso com as metas - a primeira coisa que todos os membrosde uma equipe eficaz fazem é definir aquilo que estão perseguindo, quais as metas e objetivosda equipe.

2 - demonstrar um interesse verdadeiro pelos outros membros da equipe - osmembros de equipes eficazes desenvolvem um interesse verdadeiro no bem-estar de outrosmembros de sua equipe.

3 - enfrentar conflitos - a única maneira de descobrir e resolver diferenças dentroda equipe é se abrir, reconhecer a discórdia e negociar uma solução.

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4 - escutar ativamente - escutar de forma ativa e enfática éimportante para qualquer um, esteja ou não em uma equipe. Éparticularmente importante para a comunicação aberta entre os membrosde uma equipe. Escutar enfaticamente significa ser sensível não só aoconteúdo da mensagem que a outra pessoa está transmitindo, mas àemoção por trás da mensagem. Significa entrar na cabeça e no coraçãodo outro.

5 - comunicar-se com clareza - quando você tiver algo bom a dizer, focalize o queé bom. Quando as notícias não forem tão boas, vá direto ao assunto. A melhor coisa é dizero que precisa ser dito. Esta é a maneira mais respeitosa de se conduzir o problema. Nãosonegue informações à equipe, lembre-se que a nossa mente preenche a lacuna cominformações negativas de nossa própria autoria.

6 - treinar a tomada de decisões - membros de equipes eficazes mostram osprimeiros rascunhos de suas decisões aos demais antes de agir.

7 - valorizar as diferenças individuais - é necessário e importante descobrir comousar as diferenças naturais para beneficiar os resultados da equipe.

8 - contribuir livremente com idéias - membros de equipes eficazes não guardamsuas idéias. Quando têm uma opinião sobre alguma coisa a expressam, mesmo que sejaapenas para apoiar a opinião de outro.

9 - fornecer “feedback” sobre o desempenho da equipe - é importante que todossolicitem “feedback” a outros membros da equipe.

10 - comemorar realizações - comemorar realizações ligadas a resultados de curtoprazo levanta o moral tanto pessoal como profissional da equipe.

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2.3 Cooperação e competição

Um dos processos mais necessários à obtenção de bons resultados na vida pessoal,social ou organizacional é, sem dúvida, o processo de cooperação.

É a cooperação que possibilita somar esforços em benefício de um objetivo comum.É, também, por meio da cooperação que podemos ultrapassar nossas próprias limitações,atingindo resultados que, sozinhos, não conseguiríamos. É, ainda, por meio da cooperaçãoque usualmente participamos na vida social, reforçando nosso senso de valor pessoal,satisfazendo necessidades pessoais e servindo às necessidades alheias.

A cooperação é, portanto, um processo básico e naturalmente esperado numa culturacomo a nossa, onde a complexidade dos problemas e das condições de vida torna asatisfação impossível, ou quase, apenas ao nível individual das exigências mais simples.

Em verdade, quase tudo que fazemos pressupõe a cooperação do outro. O pão quecomemos necessita do padeiro, do agricultor, do transportador e assim por diante; a vidanormal do lar não teria sentido sem a participação dos cônjuges e dos filhos, e tudo o maispode ser enquadrado no mesmo raciocínio.

Tal como as pessoas - e com mais forte razão - os grupos e organizações existemgraças à participação de seus membros. Nenhuma organização cumpre seus objetivos, senão é capaz de assegurar um nível satisfatório de participação, dirigido à consecução desuas metas.

Seria, portanto, natural que as pessoas e organizações desenvolvessem suacapacidade de cooperar, levando-a (pela prática continuada) a um ponto tal de maestria,que este problema pudesse ser considerado de menor importância. Mas isso não ocorrena prática.

Quando pesquisamos a natureza dos grandes problemas, quer laboriais querpessoais, quase sempre encontramos a afirmativa de que é difícil obter cooperação.

Os chefes reclamam que as pessoas, hoje em dia, parecem resistir à idéia decooperar; os clientes lamentam nos consultórios psicológicos que “ninguém me ajuda”, oualgo parecido; e as empresas e as pessoas carecem de cooperação para satisfazer suasnecessidades e muitas vezes têm problemas sérios que assumem aspectos de crise.

Cooperar significa, essencialmente, “operar com”, isto é, trabalhar lado a lado ouunindo esforços, para a obtenção de um resultado comum. Assim dito, parece bastantesimples o processo, e de fato o é. Apenas surgem reações devido a alguns aspectos que

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essa dinâmica envolve e para as quais nem sempre voltamos a nossa atenção, gerandoproblemas variados.

Examinemos algumas das dimensões que o processo envolve. Comecemos porobservar que a cooperação não pode ser um processo unilateral; é preciso, pelo menos,duas partes. Logo, não são apenas os meus problemas ou atributos que intervêm noprocesso, os atributos e problemas do outro são, pelo menos, tão importantes como osmeus.

Isso nos traz à mente uma dimensão básica: a das necessidades de ambas as partes.Quando alguém procura encontrar cooperação é porque necessita dela, mas quando prestacooperação também está satisfazendo alguma necessidade, talvez menos evidente, masnem por isso menos real. Nem sempre é fácil reconhecer as nossas ou as necessidadesalheias, e se eu não posso reconhecê-las, provavelmente eu não terei motivação suficientepara buscar ou dar cooperação. Isso exige, por conseguinte, um certo grau de sensibilidade,onde a empatia exerce papel relevante. É essa sensibilidade que nos permitirá ver osproblemas pelos olhos alheios, isto é, de acordo com o quadro de referência de quem estásendo afetado pelo problema e não por meio dos meus pontos de vista pessoais.

Quando percebemos as necessidades que a situação provoca, surge outra dimensão:a das possibilidades e limitações. A cooperação supõe uma estimativa de quais são asminhas possibilidades, e conseqüentemente, das minhas limitações, para atuarcooperativamente. Se eu não me vejo como capaz ou hábil, disponível ou preparado, eunão posso inclinar-me a cooperar. Se eu me vejo capaz, isso não garante minhapredisposição ou disponibilidade em cooperar, mas no caso inverso, é quase certo que eume sinta inibido. Muitas pessoas fazem dessa auto-estimativa uma defesa racional parasuas dificuldades pessoais de ajudar e cooperar. É que, freqüentemente, a cooperação dizrespeito menos às capacidades e conhecimentos técnicos do que à pura e simplesdisponibilidade pessoal, à boa vontade, ao estímulo, ao apoio e, algumas vezes, a umasimples palavra de incentivo. Muitas vezes, o que ocorre numa organização não é a falta dehabilidades disponíveis, mas a falta de um genuíno interesse, traduzida numa atmosferasem calor humano (frase típica: “eu já tenho os meus problemas, quem quiser que cuide dosseus”). Portanto, nós podemos nos autolimitar com rigor excessivo, bloqueando acooperação.

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Mesmo quando essa autolimitação não é excessiva, outra dimensão pode interferir:a da expectativa dos riscos a correr. Quando eu coopero com alguém - ainda que a pedidodesse alguém - eu me exponho a certos riscos: eu provavelmente serei avaliado, euprovavelmente revelarei algumas incertezas e áreas em que sou inseguro, eu provavelmentefacilitarei que o outro penetre um pouco na minha intimidade, e, não menos importante, euprovavelmente corro o risco de fracassar naquilo que esperam e eu mesmo espero de mim.Tais vivências podem ser exatamente ameaçadoras para certas personalidades,principalmente as mais inseguras. É verdade que o outro corre os mesmos riscos, mas issoem nada modifica a minha percepção. Logo, a cooperação envolve outra dimensão: a daconfiança. Sem confiança os riscos são maximizados; com confiança, são minimizados. Aconseqüência disso é que para haver cooperação é preciso, primeiro, desenvolver aconfiança, o que supõe a criação de uma atmosfera relativamente livre e não manipuladora,onde eu possa ser o que sou, sem necessidade de encobrir minhas falhas e me defendercontra o julgamento alheio. Ao contrário, quando, numa relação as pessoas se percebemreciprocamente empenhadas numa tarefa de ajuda mútua e onde vivenciam um clima deaceitação, então as possibilidades de cooperação são exploradas conjuntamente e osefeitos colaterais de auto-satisfação beneficiam a ambas as partes.

Finalmente, a última dimensão relevante diz respeito à capacidade individual de dare/ou receber ajuda. Freqüentemente pessoas que podem cooperar mantêm-se inativas (emprejuízo de suas próprias necessidades), como que à espera de que parta do outro o primeiropasso. Não é assim tão fácil iniciar a ação. Pedir a alguém que o ajude, significa a superaçãode alguma resistência interna - quando se descobre necessitando de outro - representadano próprio processo de pedir. Por isso, algumas pessoas podem se sentir diminuídas oumenos capazes aos seus próprios olhos (e consideram que também aos olhos de quem ésolicitado). Por outro lado, dar ajuda a alguém também permite distorções perceptivas -quando, por exemplo, vivencia-se que, em ajudando, estará humilhando ou deixando entenderque se considera mais capaz ou até superior ao ajudado.

Todas essas dimensões mostram que existem forças atuando sobre ambas as partesenvolvidas num processo de cooperação. As pessoas que buscam cooperar entre si nãosão, apenas, limitadas à natureza do problema ou dificuldades que buscam resolver atravésda cooperação. Elas são - em toda sua plenitude - pessoas, e, como tal têm necessidades,sentimentos e valores que influem poderosamente no processo de inter-relacionamentoatravés do qual se dá a cooperação. Daí porque as atitudes são tão importantes. Se, porexemplo, se espera que a relação com alguém seja difícil, porque ele vai provocarimpaciência, é muito provável que a pessoa se porte impacientemente, a despeito dequalquer reação objetiva da pessoa. A recíproca também é verdadeira.

À vista das condições e dimensões analisadas, não será difícil reconhecer umprocesso de cooperação dentro de um processo de competição. Mesmo diante de umobjetivo comum e ainda quando as partes se propõem a cooperar entre si, é fácil observaro surgimento de uma disputa (mais ou menos dissimulada, mas nem sempre), caracterizandoa competição.

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Competir não é um mal. Ao contrário, a competição não só é uma constante emnossa vida social como é, em certo sentido e dentro de certos limites, bastante benéfica.Acima de tudo a competição é uma poderosa fonte energética que motiva nossos esforçose dirige nossa conduta.

Não se trata, portanto, de julgar a competição declarando-a boa ou má, benéfica oumaléfica. Como muitas outras coisas, a competição pode ser bem usada ou não, pode serorientada positiva ou negativamente.

O que é perigoso no processo de competição é o seudesenvolvimento, dados os efeitos que acarreta. Nesse sentido, o queera cooperação transforma-se facilmente em competição e daí emconflito. Felizmente, também pode acontecer o inverso; isto é, do conflitochega-se à competição e desta à cooperação.

Na essência desses processos está um problema de percepção social: quando aspessoas (e o mesmo se verifica com grupos e organizações) deixam de perceber um objetivocomum e passam a perceber objetivos divergentes, na verdade elas não poderiam maisfalar de nós e deveriam falar em termos de eu e ele ou do nosso grupo “versus” o outrogrupo. Neste instante, desaparece a cooperação, se é que havia, e domina a competição.Aqui, o envolvimento emocional tende a dominar outros aspectos e, facilmente, os objetivosse transformam: o que, originalmente, era um objetivo comum passa a se constituir em doisobjetivos divergentes e, quase sempre antagônicos. Por isso, os grupos se comportamvisando, acima de tudo, derrotar o adversário; e até, algumas vezes, diante de certasdificuldades maiores, os grupos não se importam em vencer, contanto que o outro tambémnão vença. É um raciocínio do tipo “eu não me importo em perder, contanto que ele tambémperca”.

O pior é que grupos neutros, como, por exemplo, a empresa como um todo, sãoquase sempre os mais prejudicados, pois dependem e confiam na efetiva cooperação dosseus subsistemas.

No caso inverso - da competição à cooperação - o mesmo mecanismo básico ocorre:os objetivos parciais, que eram tidos como divergentes e antagônicos, passam a serpercebidos como um objetivo único e maior. O raciocínio, aqui, é do tipo “se eu me unir aele, ele vai lucrar, mas eu também vou”.

Vários experimentos têm demonstrado esses princípios, seja com base nos exercíciosde simulação feitos em laboratórios de desenvolvimento organizacional, seja com base nosfatos reais da vida. O que torna difícil a observação é que o processo de interação passarelativamente despercebido.

Por exemplo, se o pessoal envolvido na elaboração de um projeto industrial tiverdificuldades intergrupais com o pessoal de produção, estas pessoas podem (mais ou menosinconscientemente) não corrigir os erros que verificam no projeto original (plantas, esquemas,etc.). O produto final, de má qualidade, pode ser suficientemente visível, mas a falta deinteresse da equipe da produção (que ignorou o que era um erro, após constatá-lo) é muitodifícil de caracterizar. Por que? Esse interesse era, essencialmente, dependente de umaatitude e se traduzia numa decisão pessoal e não em algo que fosse formalmente de suaobrigação no trabalho.

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Pelo mesmo processo, às vezes, sonegam-se informações preciosas ou omitem-secertos dados (embora não o conjunto), etc. Já quando as equipes percebem a si mesmascomo integrantes de fato num trabalho conjunto, cujo resultado é mais nosso do que meu ouseu, então a cooperação emerge.

O mais difícil, contudo, é que nem sempre a competição é formalmente declarada oumesmo consciente. As equipes podem viver uma situação competitiva, experimentar umgrande envolvimento emocional, desenvolver todas as reações típicas já descritas e não sedarem conta de que estão competindo. Por exemplo, no caso anterior, entre o pessoal deprojeto e o pessoal de produção, o desejo de bater o inimigo era patente e provavelmentecada uma das equipes oponentes se via a si própria como boa e a outra como má, sem quepara isso fosse preciso reconhecer formalmente a situação.

Nessas situações seria muito útil trazer à tona os sentimentos, confrontar aspercepções e, a partir daí, trabalhar as dificuldades.

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2.4 A importância do indivíduo dentro de uma equipe de trabalho

A pessoa que trabalha em equipe sente-se motivada, mantendo sua auto-estima,pois a discussão e solução de problemas importantes invocam poderosas forças individuaisde auto-expressão e autodeterminação. O significado das decisões tomadas pela equipe,para seus participantes, é um dos fatores decisivos nas questões relacionadas à satisfaçãono trabalho e ao aumento da produtividade.

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3 Liderança

3.1 Conceito

Comumente se ouve falar que o mundo precisa de “líderes”! Ou que o mundo precisade “líderes” para evoluir... O mesmo ocorre em todas as organizações: diretorias estãosempre preocupadas em desenvolver seu pessoal nessa área. É comum vermos cursos deformação nas empresas, onde o tema “liderança” ocupa sempre o lugar de destaque.

• O que é Liderança?

• O que é ser líder?

• Todos podem ser líderes?

• Em que situações acontece a liderança?

Para responder a essas perguntas vamos primeiro investigar o que é ser líder.Consultando vários estudos a respeito, pudemos descobrir que a palavra líder tem a suaorigem localizada no povo Celta. Esse povo, muito antigo, tinha como característica principalser nômade. E, quando a caravana se deslocava de um lugar para outro, ia sempre à frenteum homem, ao qual chamavam de “líder”, que para eles significava “aquele que guia o grupo”.Essa palavra passou para a língua inglesa (leader) significando “indivíduo que se destaca”e chegou até nós da forma como atualmente conhecemos, só que modernamente temosvárias definições do termo líder, mas podemos adotar uma julgada a mais completa:

Líder é a pessoa que se destaca, que influencia e que consegue dos outros a adesãoespontânea às suas atitudes e idéias.

Os estudiosos não pararam aí e, estudando o ato de liderar relacionado com o grupo,descobriram mais uma palavra, “liderança”. Para essa palavra existem tantos conceitosquanto o número de pessoas que a estudaram. Sendo assim, temos:

1 - influência Interpessoal, exercida em determinada situação através da comunicaçãohumana, para alcançar objetivos comuns;

2 - é a atividade de influenciar pessoas a cooperar no alcance de um objetivo queconsiderem, por si mesmas, desejável;

3 - é a medida e grau de habilidade que uma pessoa tem de influenciar e serinfluenciada por um grupo na execução de uma tarefa comum.

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Dessas definições podemos concluir que:

• Liderança não é um fato individual. É o que estão a indicar as palavras, “outros”, “interpessoal”,“grupo”. Liderança ocorre, pois, em grupo, e o menor grupo possível é o constituído por duaspessoas.

• Ponto característico da liderança é influenciar. As palavras “influenciar” e “exercer influência”demonstram, sem dúvida alguma, em que consiste a ação de liderar.

• A liderança é exercida através do processo de comunicação.• Todas as definições se referem a um objetivo, isto é, determinada meta ou alvo a ser atingido.

Voltando aos nossos estudiosos: eles descobriram ainda um outro fator no processo deliderança, a “transitoriedade da liderança”, ou a “liderança situacional”; esses conceitos baseiam-seno fato de que um indivíduo não pode ser líder a todo o momento e em todas as situações. Portanto, deacordo com a exigência da situação aparece um tipo de líder.

Por exemplo: manhã de junho, em 1979. Numa das estações do metrô de São Paulo, umasenhora ficou com o pé preso entre um dos carros da composição e a plataforma; dois homenssustentavam-na para impedir que o peso do corpo tornasse ainda mais incômoda sua posição. Umdos caixas, ao tomar conhecimento da ocorrência, solicitou a um colega que fosse chamar os bombeiros;fechou seu guichê e desceu até a plataforma onde se encontrava a composição. Gritou aos passageiros,que se achavam no carro que prendia o pé da senhora, para que descessem (houve algum protesto,mas foi atendido) e se postassem ao longo dele.

Novo grito do caixa: empurrem! Foi obedecido; o carro inclinou-se, a mulher erguida e retirada.

No exemplo podemos verificar, sem dificuldades, que havia uma causa comum, a qual consistiana retirada da mulher da posição em que, por acidente, se achava. O desembaraço da vítima, além debeneficiá-la pessoalmente, deixou livre o trânsito à composição, o que era de interesse dos quehaviam de prosseguir em seu trajeto. O caixa, que se comportou como líder, compreendeu os desejose as necessidades do grupo, quase que totalmente inoperante antes de sua atuação e, antevendo asolução, influenciando o grupo sob forma de comando, fez com que os passageiros, isto é, seusseguidores, naquela situação presente, definissem também seus papéis (descessem e empurrassemo carro) e, afinal, desembaraçassem a mulher e a composição.

A partir desse contexto, podemos concluir que o processo de liderança exige:• uma causa comum, que dá unidade ao grupo, constituída pelo líder e seguidores;• o líder, a pessoa que se destaca e influencia os seguidores;• os seguidores, os integrantes do grupo, influenciados pelo líder;• a situação presente, na qual se definem os papéis dos componentes do grupo;

Liderar significa atrair, é convidar as pessoas a mover-se em uma certadireção, compreendendo-as e deixando-as usar suas competências.

Chefe: palavra de origem francesa que significa “CABEÇA”.

Para nós é aquele que dentro de uma organização tem uma posição formalmente definidae funções administrativas delimitadas pelas quais se responsabiliza. Geralmente o indivíduoque ocupa o cargo de chefia se destaca dos demais por uma série de privilégios dados pelaorganização, ou ele tem uma mesa maior que os outros ou usa roupas diferentes dos demais.

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3. 2 Distinção entre Liderança e Chefia

O líder influencia basicamente nas idéias.

O chefe, por exercer o comando, influencia nos atos ou no comportamento.

O líder não tem posição formal; às vezes, nem sabe que é líder.

O chefe tem consciência da sua posição que é reconhecida formalmente. O líder nãopossui autoridade formal, enquanto o chefe faz uso legítimo da autoridade.

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3.3 A importância do Líder na motivação de sua equipe

Equipes são as pessoas fazendo algo “juntas”

As equipes de trabalho aumentam a unidade e o sentimento de luta por um objetivocomum entre os trabalhadores de um mesmo setor. O trabalho em equipe lhes dá um sensomaior de identidade e um orgulho coletivo e contagiante em relação a seu desempenho. Aspessoas se sentem gratificadas e recompensadas quando são membros de uma equipevencedora. Além disso, o líder gastará menos tempo controlando o andamento do trabalho,atribuindo responsabilidades e arbitrando discordâncias entre pessoas que trabalham comounidades semi-autônomas.

Motivando as pessoas a darem o melhor de si

As pessoas motivadas não apenas fazem as coisas corretamente; elas fazem ascoisas certas e as fazem espontaneamente.

Os empregados tendem a refletir as características, valores, padrões e hábitos detrabalho de seu líder. Ou seja, eles não fazem o que você diz, mas o que você faz.

Para que você seja um modelo de atuação positiva:• chegue ao trabalho pontualmente;• seja pontual com os compromissos;• retorne os telefonemas prontamente;• respeite e siga as políticas, procedimentos e regras;• defina metas desafiantes para você mesmo;• dê apoio estrito aos padrões de qualidade;• dedique mais tempo e maiores esforços, quando necessário, para honrar seus

compromissos com os colegas de equipe;• demonstre lealdade exigindo reconhecimento pelas realizações de seu grupo e

levando-as ao conhecimento da alta gerência; e• certifique-se de dar a seus liderados a parcela justa de qualquer elogio que venha

para você.

Para motivar seus liderados

• Delegue autoridade - a delegação pode ser uma experiência estimulante ealtamente motivadora; dar autoridade às pessoas faz com que elas se sintam importantes,respeitadas, verdadeiras e valorizadas.

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• Faça elogios pelo trabalho bem feito - as pessoas sabem quando ultrapassamas expectativas e esperam que seus superiores hierárquicos reconheçam suas realizações.

• Amplie as tarefas das pessoas - os empregados aos quais são dadas maisresponsabilidades devem ser treinados para cuidar das tarefas adicionais, e eles certamenteesperam ser remunerados por esse aumento de responsabilidade. O fato de realizarem umconjunto de tarefas do início ao fim dá uma sensação de maior realização.

• Pratique a gerência participativa - permita que seus subordinados tenham vozativa nas decisões que afetam seus trabalhos ou a estrutura do trabalho em si.

• Pratique a rotação de cargos - treine os empregados na realização das diferentestarefas dentro de suas áreas, para que possam trocar responsabilidades e substituírem-seuns aos outros em caso de faltas ou férias. As pessoas que podem realizar diversas tarefassão mais valorizadas do que as que sabem realizar apenas uma.

Para ter sua equipe trabalhando motivada

Os líderes agregam valor obtendo mais do que o necessário a partir do que têm paratrabalhar: os recursos humanos e físicos existentes.

Os líderes projetam a energia, a motivação, o espírito e o estímulo para a tarefa.

Os líderes estão envolvidos, envolvem e investem os demais num desejo de melhorarsempre, continuamente.

Os líderes auxiliam na evolução e na mudança, orientando, facilitando e ajudando osoutros a esquematizar e a explorar os caminhos. Eles sabem que quando o medo dodesconhecido é a doença, o conhecimento e a comunicação são os remédios.

Os líderes usam de persuasão e perseverança,identificando os obstáculos, trazendo para si as pessoas queserviam de obstáculos, abrindo caminho, defendendo seupessoal. Barganham, negociam, trocam, mostram osbenefícios óbvios, usam influência de terceiros encontrandoapoio naqueles que têm força. São pessoas de “AÇÃO”.

Conseguem enxergar além do óbvio. Valorizam a busca de informação e a melhorescolha entre as alternativas viáveis. Passam grande parte do tempo na linha de frente,descobrindo que perguntas fazer, analisando situações e, especialmente, procurandoenvolver as pessoas que desempenharão um papel em qualquer implementação.

Mantêm a perspectiva. Mantêm seus olhos fixos na meta e proporcionam à equipeuma visão clara e objetiva das metas para orientar a análise e a ação.

Aprendizado crescente. Além de investigar e agir, comprometem aqueles ao seuredor com a necessidade de absorver o que está acontecendo e por quê. Mantêm o foco,isto é, a capacidade da equipe fixar sua atenção na meta ou tarefa e a integração, fazendocom que os membros da equipe acertem o passo com o cronograma.

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Direcionam energia para as oportunidades de sucesso, auxiliando os membros daequipe e também os demais a escolher os caminhos certos, estabelecendo as prioridadescertas. Juntos, focalizam seus esforços nas atividades altamente promissoras e nosresultados esperados.

Proporcionam a ligação entre tarefas. Auxiliam as pessoas a sentirem que estãotodas juntas, dando a todas a visão do todo, mostrando como a sua equipe e as outrascontribuem para o sucesso da empresa.

Influenciam a ação cooperativa, identificando e influenciando ativamente aqueles quetêm acesso aos recursos necessários para as tarefas que assumem, nunca fechando aporta para o que quer que seja, pois a cooperação futura pode ser importante.

Apóiam a criatividade. Precisam estar sempre ajustando, experimentando e testando;isso é melhoria contínua.

Tomam a iniciativa. Precisam ser ótimos executores, catalisadores que sabem pegaruma hipótese e transformá-la em ação. Rapidamente aproveitam uma oportunidade demelhoria, envolvendo os outros, sugerindo um plano e depois simplesmente o tocam parafrente.

Esquivam-se da negatividade. Procuram sempre acentuar o que é positivo, criandoum ambiente de trabalho agradável. Dão o exemplo e orientam para uma interação positivacom os outros. Ajudam a eliminar as regras e práticas punitivas ou protegem seu pessoalde seus efeitos. Se algum integrante da equipe acha que algo está ruim, ele lhe dá aoportunidade de melhorar as coisas.

Nunca se acomodam. Mantêm o espírito de melhoria, sempre.

Papéis importantes no desempenho da liderança

O líder tem que saber como conseguir que as pessoas trabalhem bem e com boavontade para aumentar a satisfação individual no trabalho e a eficiência da organização.Uma vez atingido um certo padrão de vida, é preciso mais do que dinheiro para aumentar acontribuição da pessoa.

Todo líder tem que:

1 - Fazer com que seus liderados se sintam valorizados:

• orientando sempre o trabalho dos liderados;

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• manifestando interesse pela vida dos liderados e por tudo o que eles julgamimportante;

• criando um clima de aprovação e cooperação;• assegurando-se de que todo liderado compreenda a importância de sua

contribuição para os objetivos da equipe; e• assegurando-se de que todo liderado entenda a função e a filosofia de sua

organização e por que o empenho é importante.

2 - Abrir caminho para o desenvolvimento:

• estabelecendo metas para todos;• dando treinamento no trabalho e fora dele;• providenciando quaisquer contatos internos e externos necessários;• solicitando aos liderados que treinem outros colegas em qualificações

especializadas que eles possam ter;• reestruturando ou agrupando tarefas para usar o máximo das qualificações dos

liderados.

3 - Reconhecer as realizações:

• elogiando e comunicando os êxitos individuais;• informando regularmente sobre o progresso da equipe;• com reuniões periódicas para acompanhar e aconselhar os liderados em seu

progresso rumo às metas; e• explicando os resultados e as realizações da empresa.

4 - Proporcionar desafio:

• estabelecendo e comunicando os objetivos da equipe;• dando liberdade para as pessoas assumirem maiores responsabilidades;• treinando de modo completo pelo menos um liderado; e• estimulando idéias e, quando for prático, permitindo que os liderados se

responsabilizem por sua implantação.

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3. 4 Valores do líder

3.4.1 Higidez

“Os fatores físicos e químicos são responsáveis pela origem, desenvolvimento eprogressão da vida.”

Cada tipo de vida, desde o mais simples vírus até a maior árvore ou o complexo serhumano, possui características funcionais próprias.

“O simples fato de que permanecemos vivos está quase além de nosso controle,pois a fome nos faz procurar alimento, e o medo a buscar abrigo. As sensações de frio noslevam a produzir calor e outras forças nos levam a procurar companhia e a reproduzir. O fatode sermos seres que sentem, que têm sentimentos e conhecimento é parte dessa seqüênciaautomática da vida; esses atributos especiais nos permitem viver sob condiçõesextremamente variáveis que, de outra forma, impossibilitam a vida”. Tratado de Fisiologia Médica Arthur C. Guyton, M.D. University of Mississipi School of Medicine.

O esquimó vive permanentemente em frígidas regiões circumpolares e a elas seadapta. Igualmente se adaptam os índios Waimiri-Atroari às cálidas regiões equatoriais emque vivem.

O aquaviário, diferentemente, encontra-se ora baseado junto às geleiras da Antárdida,ou nas águas que margeiam o canal de Suez; ora navegando nos rios da Amazônia, ou emágua isolada, às vezes inóspita, às vezes paradisíaca, como a ilha da Trindade. Para queuma pessoa trabalhe nessas condições é necessário que tenha muita saúde física. Issosem falar no estresse de quem se encontra sediado em megalópoles, ou de quem participade longas, monótonas, porém tensas travessias em comboios. Também para isso a pessoatem que ter uma excelente saúde mental.

Como vimos, para exercermos várias atividades profissionais é necessário saúde.Mas o que é saúde?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde é um estado de bem-estar físico,mental e social.

Nesse estado, a pessoa se encontra na plenitude de suas potencialidades somáticas.Tem apenas de preservá-las.

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O líder deve não só se preocupar com a própria saúde, mas também com a de seupessoal.

Para isso ele precisa zelar por si mesmo e pelo seu pessoal, mantendo-o com osvalores hígidos, que são:

• pensar, decidir e agir com mais clareza, precisão, destreza e rapidez;• ser resistente a condições adversas;• ser otimista e entusiasta;• conviver melhor em grupo.

É importante criar condições físicas e mentais favoráveis ao bem-estar do pessoal,lembrando-se de que os homens não são máquinas e precisam de trabalho, lazer e descanso.Tudo respeitando as circunstâncias e objetivando o cumprimento das atividades sob suasresponsabilidades.

O trabalho tem um ritmo próprio. O líder deve encontrar o seu e considerar e respeitaro dos outros. É preciso dosar as energias, usando-as adequadamente.

É fundamental ter sempre em mente que a saúde física e mental é oalicerce sobre o qual se constrói a pirâmide de todos os demais valores. Nãohá separação entre a saúde mental e a saúde física.

Portanto, todo líder deve manter-se em forma. Não relaxar de seucondicionamento físico.

Lembremos que:

• O sistema nervoso central compreende: encéfalo e medula espinhal.

• O encéfalo (cérebro) é o centro de controle do nosso corpo. Ele recebe, seleciona,interpreta e armazena sensações e informações recebidas dos nervos que seestendem por todo o corpo. Ele rege os processos do pensamento, sentidos emovimentos.

• O tronco cerebral liga o encéfalo à medula espinhal e contém os centros nervososque controlam a respiração e outras funções vitais.

• O cerebelo é responsável pelo equilíbrio, coordenação muscular e postura.

• Esse sistema, que é fantástico e ultradelicado, é o responsável pelo comando denós mesmos. Ele rege a nossa mente.

• A mente é o conjunto das faculdades intelectuais de uma pessoa e se expressapela maneira de pensar e julgar de cada um.

• A mente do líder influencia e freqüentemente rege as dos seus liderados.

• A mente do líder é, portanto, extremamente importante. Deve ser preservada. Afadiga, a incapacidade de concentração, a irritabilidade e a insônia são sinais dealerta. Alguma coisa não está indo bem.

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Exames de saúde completos e periódicos são indispensáveis, não só para o lídercomo para todo o seu pessoal. Atender ao acompanhamento e ao aconselhamento médicoé obrigação de todo líder.

• Uma boa condição física é o primeiro requisito para o aquaviário. Com bomcondicionamento físico, o aquaviário não só se sentirá bem, como apresentarámelhor desempenho em suas atribuições.

• O aquaviário precisa estar preparado para enfrentar tempos difíceis, pois podeter sua saúde mental bombardeada por vários tipos de vicissitudes.

A resistência do líder e sua capacidade de ultrapassar os limites sob condiçõesadversas poderão determinar a diferença entre o pleno êxito no cumprimento das missõesou na obtenção de resultados insatisfatórios, provocando o fracasso total de uma missão.

Em condições normais, o esforço do líder deve ser concentrado, visando contagiarpositivamente os seus liderados, em:

• dar o exemplo;• dedicar-se de corpo e alma ao trabalho; e• manter-se preparado para possíveis contingências, num desgaste físico e mental

intenso.

Por tudo isso é necessário e importante que o líder mantenha-se em forma.Não deve relaxar em seu condicionamento físico.

3.4.2 Caráter

Caráter ou integridade é um conjunto de valores éticos que apresenta comocomponente comum a verdade. É composto por:

• honestidade ou probidade;• sinceridade ou franqueza;• correção;• veracidade, legitimidade e autenticidade; e• lealdade e fidelidade.

O homem íntegro ou de caráter:• age com correção;• procura ser justo;• é leal;• é honesto consigo mesmo e com os outros;• trabalha em prol da instituição com desprendimento, sem visar vantagens pessoais;• não se autopromove;• tem senso de responsabilidade e de dever;• ama a verdade.• é inatacável;• confiável;

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• defensor dos princípios éticos; e• fiel a sua profissão.

Estes traços mentais e éticos funcionam como um conjunto complexo, que atribuifirmeza moral a quem os possui.

A pessoa deve agir sempre com integridade, para sempre se respeitar e exigirrespeito.

3.4.3 Cavalheirismo

Uma dos valores mais admirados nos homens é o cavalheirismo.

Para o trabalhador aquaviário este é um valor de extrema importância, principalmenteconsiderando que a trabalho em outros países, por exemplo, não só está representandoseu país, como também a organização a que pertence.

Cavalheirismo é sinônimo de educação esmerada, procedimento nobre, distinção,sentimentos elevados e tratamento cortês.

Um cavalheiro tem como lema não fazer aos outros o que não gostaria que lhefizessem.

O cavalheirismo é composto por:• respeito, que implica acatamento, deferência, consideração e justiça; e• tato, que implica habilidade, tino.

Considere que:• é possível dizer a alguém quase todas as coisas que se pretende, desde seja

com tato, pois com certeza levará em consideração o que ouviu;• dizer sim é mais fácil, não fere ninguém, mas é prejudicial, quando implica excesso

de tolerância;• dizer não exige muito mais cuidado, pois pode ferir alguém, ser injusto ou significar

apenas preconceito. Mas às vezes é absolutamente necessário dizê-lo;• deve-se transmitir com cautela tudo que porventura possa ferir os sentimentos dos

outros;• a cooperação, que significa ajuda, trabalho em equipe, solidariedade;• a cordialidade, que implica trato respeitoso e franco, amizade;• é desejável que o líder mantenha sempre uma atitude amistosa, comunicativa e

afável;• dedique a seu pessoal uma proteção firme, mas sem protecionismo;

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• a etiqueta, que significa o uso de um conjunto de regras, estilo ou convençõespraticadas por uma sociedade; e

• a compostura, que significa uso de maneiras indicativas de boa educação.

3.5 Aspectos fundamentais da liderança

Os líderes expressam de maneira emocional um profundo compromisso com seuspróprios valores e com os da equipe. Ao assumir uma posição de liderança não se podeesquecer que com ela também se assume responsabilidade e autoridade sobre o trabalhodesenvolvido por um grupo de pessoas. Deve-se ter sempre em mente que a confiança éum dos fatores mais importantes em um líder. Mas não vem com o cargo; é uma conquistapessoal, e depende da maneira como você consegue se relacionar com os outros. Paraconquistar o respeito é necessário que o líder tenha moral e caráter bem firme e coerentecom seus princípios e com os da organização que está representando. O verdadeiro líder éum bom comunicador e um bom ouvinte. Sempre pondera antes de tomar decisões,principalmente, quando estas envolvem outras pessoas.

Assume uma visão otimista, mas realista, reconhecendo as dificuldades de cadasituação que se apresenta, mas permanece fiel aos valores e metas da equipe.

Mantêm o entusiasmo e a energia para suportar as adversidades. O compromisso,ativo, reforça a energia que precisa para ultrapassar aquilo que pensa serem os seus limites.De fato, energia e compromisso são recíprocos: quanto mais energia sente, maiscompromisso sente; quanto mais compromisso, mais energia.

As emoções são uma forma de energia. O verdadeiro líder sente-se bem com o queestá fazendo, mergulha no caráter justo disso, e seus sentimentos aparecerão. As conotaçõesemocionais das palavras entregam a mensagem.

A equipe quer alguém que veja o quadro geral, alguém comprometido com os valoresda equipe.