Custo Obras Dissertacao Final

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PAULO ROBERTO VILELA DIAS

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre. rea de Concentrao: Produo Civil

Orientador: Prof. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D.Sc.

Niteri 2002

PAULO ROBERTO VILELA DIAS

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre. rea de Concentrao: Produo Civil Aprovada em BANCA EXAMINADORA

Prof. Carlos Alberto Pereira Soares, D.Sc. (Orientador) Universidade Federal Fluminense

Prof. Wainer da Silveira e Silva, Ph.D. Universidade Federal Fluminense ____________________________________________________________ Prof. Orlando Celso Longo, M.Sc. Universidade Federal Fluminense

Prof. Romeu e Silva Neto, D.Sc. CEFET Centro Federal de Educao Tecnolgica de Campos

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Niteri 2002

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AGRADECIMENTOS

Agradeo aos professores do mestrado em Engenharia Civil da UFF pela dedicao demonstrada, especialmente, aos colegas prof. Vicente Custdio Moreira de Souza Coordenador da ps-graduao, ao prof. Orlando Longo que me incentivou a iniciar o curso e me apoiou durante todo o perodo do mesmo e muito calorosamente ao orientador deste trabalho prof. Carlos Alberto Pereira Soares pelos seus conselhos e incansvel dedicao.

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DEDICATRIA

Dedico aos meus anjos de guarda que muito bem me orientam nos momentos de meditao que antecedem o ato de escrever. Aos meus familiares, minha esposa Elizabeth, meus filhos Andreia, Pedro e Julia, meu pai Carlos em memria, minha me Iraide, meus irmos Carlos e Angela, meus sogros Lucio e Lucia e as tias Carmem, Marta e Narcisa pela pacincia e o amor a mim dedicados, que me confortam nos momentos difceis e me garante o nimo necessrio a vencer as barreiras da vida. Sinto o prazer do dever cumprido pela alegria que ofereo aos meus incentivadores e gostaria que servisse de exemplo para meus filhos, que vivem neste momento a vida acadmica, estando se graduando.

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SUMRIO

AGRADECIMENTOS................................................................................................4 DEDICATRIA.........................................................................................................5 SUMRIO.................................................................................................................6 LISTA DE TABELAS................................................................................................9 LISTA DE QUADROS............................................................................................10 INTRODUO:.......................................................................................................12 1.1 - CONSIDERAES PRELIMINARES............................................................12 2- ANLISE DAS METODOLOGIAS USUAIS DE ORAMENTAO DE OBRAS CIVIS.........................................................................................................17 2.1 - INTRODUO................................................................................................17 2.2- DEFINIO DE EMPREENDIMENTO OU PROJETO ..................................17 2.3- BASE DE CLCULO DO ORAMENTO NA CONSTRUO CIVIL.............19 2.4- FORMAO DO PREO DE VENDA DE SERVIOS DE ENGENHARIA, SEGUNDO GOLDMAN(1999)................................................................................25 2.4.5- PROJETO DE INSTALAES, COMPLEMENTARES E ESPECIAIS.......28 2.4.6 - ESPECIFICAES TCNICAS E DE ACABAMENTO DA OBRA.............28 2.5 MTODOS DE ORCAMENTAO...............................................................29 2.5.1- CLASSIFICAO GERAL DOS CUSTOS, SEGUNDO TRAJANO............31 2.6 CUSTO PADRO..........................................................................................36 2.7 DEFINIAO DO PREO DE VENDA DE SERVIOS..................................36 2.8- CONCEITO DE BDI DA CEF...........................................................................39 2.9 DEFINIAO DE BDI DA AESBE...................................................................41 2.10 DEFINIAO DE LDI SEGUNDO O DNER..................................................43

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2.11-DEFINIAO DE BDI SEGUNDO O DERSA...................................................50 2.12 DEFINIAO DE BDI DO TCU......................................................................55 2.13 COMPOSIOES DE CUSTO, SEGUNDO GOLDMAN..............................59 2.13.1- PLANEJAMENTO DAS COMPOSIES DE CUSTOS...........................59 2.13.2- ASPECTOS RELEVANTES.......................................................................60 3- METODOLOGIA PROPOSTA PARA ORAMENTAO DE OBRAS CIVIS...62 3.1- INTRODUO.................................................................................................62 3.2- DESCRIO SUMRIA DA METODOLOGIA................................................65 3.3- DEFINIES ADOTADAS.............................................................................66 3.3.1- CUSTO DIRETO...........................................................................................66 3.3.2- MOBILIZAO E DESMOBILIZAO DA OBRA......................................66 3.3.3- INSTALAO PROVISRIA DA OBRA......................................................67 3.3.4- SONDAGENS, ESTUDOS E PROJETOS...................................................67 3.3.5- ADMINISTRAO LOCAL...........................................................................68 3.3.6- LACI LUCRO, ADMINISTRAO CENTRAL, IMPOSTOS SOBRE A NOTA FISCAL.........................................................................................................69 3.3.6.1- Definio....................................................................................................69 3.3.6.2- Frmula de Clculo....................................................................................70 3.4 - Fluxograma da Oramentao.......................................................................89 3.5- LEVANTAMENTO DOS SERVIOS E SEUS QUANTITATIVOS ................94 3.5.1- Levantamento dos servios..........................................................................94 3.5.2- Planilha de servios e quantidades e oramento analtico..........................94 3.5.3 - Planilha de resumo do oramento ou oramento sinttico.........................94 3.6 - ELABORAO DAS COMPOSIES ANALTICAS DE CUSTOS DE SERVIOS..............................................................................................................95 3.6.1 - Definio de composio analtica de custos de servios..........................95 3.6.1.1 - Desenvolvimento do preenchimento da composio analtica................95 3.6.1.1.1 - Preenchimento da composio analtica por produo........................96 QUADRO 10: Composio do Custo Unitrio de Servio por Produo.............100 3.6.1.1.1 - Preenchimento da composio analtica simplificada.........................101 QUADRO 11 : Composio Simplificada de Custo Unitrio de Servio..............103 3.7- PESQUISA DE MERCADO ..........................................................................103 3.7.1 - Tabela de custo de mo-de-obra. Encargos sociais.................................104 3.7.1.1 - Tabela de custo de mo-de-obra...........................................................104 QUADRO 12 : Relao de Insumos.....................................................................106 QUADRO 13 : Tabela de Mo-de-Obra (Data).....................................................107 Fonte: O Autor.......................................................................................................107 3.7.1.2 - Encargos sociais.....................................................................................108 3.7.1.2.1- Metodologia de clculo do percentual de encargos sociais................109 3.7.2.1 - Materiais.................................................................................................119 QUADRO 14 : Mapa de Coleta de Preos de Materiais.......................................120 3.7.2.2- Sub-empreiteiros......................................................................................121 3.7.2.3- Valores de aquisio de equipamentos e veculos.................................121

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3.7.3 - Transportes................................................................................................122 3.8- METODOLOGIA DE CLCULO DO CUSTO HORRIO DE UTILIZAO DE EQUIPAMENTO....................................................................................................123 3.8.1- Definio.....................................................................................................123 3.8.2- Mtodo de clculo adotado.........................................................................123 QUADRO 15 : Custo Horrio de Utilizao de Equipamentos.............................139 3.9- METODOLOGIA DE CLCULO DA PRODUO DAS EQUIPES MECNICAS.........................................................................................................140 3.9.1- Conceitos bsicos.......................................................................................140 3.9.2- Produo das equipes................................................................................140 3.9.3 - Empolamento e fator de converso...........................................................141 3.9.4 - Modelo de planilha de produo das equipes mecnicas........................141 3.10- METODOLOGIA DE CLCULO DO CUSTO DE TRANSPORTE..............147 3.10.1- Introduo................................................................................................147 3.10.2 - Custo do transporte por hora...................................................................148 3.10.3 - Custo do transporte por quilmetro rodado.............................................148 3.10.4 - Mtodo de clculo do custo por quilmetro.............................................149 3.10.4.1 - Instrues para preenchimento do formulrio de clculo do custo por quilmetro..............................................................................................................149 3.10.5.1 - Instrues para preenchimento do formulrio de clculo do custo por ms........................................................................................................................156 3.10.6.1.1 - Transporte local.................................................................................161 TABELA 16 : Velocidade em Transporte Local...................................................162 TABELA 17 : Velocidade em Transporte em rea Urbana.................................162 TABELA 18 : Velocidade em Transporte Comercial...........................................163 3.10.7 - Momento de transporte............................................................................164 3.10.8- APRESENTAO DO CUSTO DO TRANSPORTE................................165 CONCLUSO.......................................................................................................166 5 BIBLIOGRAFIA..............................................................................................168

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Percentuais de valores de aquisio adotados pelo SICRO para representar o valor residual dos equipamentos .............................................50 TABELA 2 : Depreciao e Juros Expresso como um percentual do Valor de Aquisio do Equipamento................................................................................126 TABELA 4 : Vida til de Equipamentos .....................................................131 TABELA 6: Coeficientes de Proporcionalidade de Manuteno...................133 TABELA 7: Quilometragem mdia percorrida por ms..................................150 TABELA 8: Consumo por Litro de Combustvel.............................................151 TABELA 9: Capacidade de Carter e Vida til do leo...................................151 TABELA 12: Capacidade do Reservatrio de Cmbio...................................152 e Vida til do leo.............................................................................................152 TABELA 11: Periodicidade de lavagem..................................................153 TABELA 12: Consumo de Pneus e ..................................................................153 Vida til dos Pneus.............................................................................................153 TABELA 13: Coeficientes de manuteno (k).................................................154 TABELA 14: Vida til dos amortecedores (AM)..............................................155

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 10: Composio do Custo Unitrio de Servio por Produo......100 QUADRO 11 : Composio Simplificada de Custo Unitrio de Servio.......103 QUADRO 12 : Relao de Insumos...................................................................106 QUADRO 13 : Tabela de Mo-de-Obra (Data)...................................................107 QUADRO 14 : Mapa de Coleta de Preos de Materiais...................................120 QUADRO 15 : Custo Horrio de Utilizao de Equipamentos.......................139 TABELA 16 : Velocidade em Transporte Local...............................................162 TABELA 17 : Velocidade em Transporte em rea Urbana............................162 TABELA 18 : Velocidade em Transporte Comercial......................................163

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LISTA DE SIGLAS NBR Norma Brasileira PMI Project Management Institute TCU Tribunal de Contas da Unio BDI Benefcios e Despesas Indiretas LDI Lucro e Despesas Indiretas ISS Imposto Sobre Servios ISSQN Imposto Sobre Servios de Qualquer Natureza COFINS Contribuio Financeira e Social PIS Programa de Integrao Social IRPJ Imposto de Renda sobre Pessoa Jurdica CSLL Contribuio Social sobre o Lucro Lquido CPMF Contribuio provisria sobre a Movimentao Financeira CEF Caixa Econmica Federal DNER Departamento Nacional de Estradas e Rodagem SICRO Sistema de Custos Rodovirios DER Departamento Estadual de Estradas e Rodagem LACI Lucro, Administrao Central e Impostos sobre a Nota Fiscal, inclusive Despesas Financeiras ICMS Imposto sobre a Circulao de Mercadorias e Servios IPI Imposto sobre Produtos Industrializados INSS Instituto Nacional de Seguridade Social SESI Servio Social da Indstria SESC Servio Social do Comrcio SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial SENAC Servio Nacional de Aprendizagem Comercial INCRA Instituto Nacional de ColonizaO E Reforma Agrria SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio a Pequena Empresa IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veculos Automotores

INTRODUO:

1.1 - CONSIDERAES PRELIMINARES

O tema mais controvertido na engenharia civil certamente preo de servios, uma vez que as tcnicas a serem adotadas so bastante desconhecidas. Solues para problemas tcnicos so normalmente encontradas, porm, muitas vezes difcil obter-se a soluo quando o mesmo de origem de custo. O oramento de obra tem enfoques diferente para a construtora, para o projetista, para o rgo contratante dos servios e ainda, para a entidade auditora, como comum em nosso Pas. Da a necessidade que o oramento de uma construo seja elaborado de maneira clara, objetiva e transparente. O tema escolhido para dissertao foi imaginado a partir de pesquisa involuntria com mais de 6.000 profissionais que participaram do curso Oramento de Obras oferecido pelo autor, em todo o Pas, ao todo foram mais de 90 repeties, bem como, outros 7.000 profissionais em seminrios, palestras e eventos realizados pelo IBEC Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos.

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Participaram profissionais de toda as reas envolvidas em construo, ou seja: . Empresas particulares (construtores, projetistas etc); . rgos pblicos contratantes e . rgos auditores (Tribunais de Contas da Unio e Estaduais, Procuradorias etc). Observou-se que por desconhecimento ou pelo fato das empresas prestadoras de servio terem o vcio de tentar ocultar a maneira como calculou o oramento e, principalmente, o BDI, tornou a metodologia atualmente empregada pouco transparente e gerou seu descrdito perante os rgos contratantes e auditores pblicos. Assim, a proposta visa especificamente deixar totalmente transparente o clculo do oramento permitindo anlise eficaz dos contratos pelos interessados, mesmo aps sua concluso. 1.2 - OBJETIVO O objetivo principal do mtodo de oramentao proposto garantir total transparncia na apresentao de uma proposta de preos de servios de engenharia civil e, principalmente, garantir aos rgos auditores, no decorrer da construo ou aps sua concluso poderem realizar as auditagens de forma clara e precisa. 1.3 - JUSTIFICATIVA A presente dissertao beneficia todas as categorias interessadas no oramento de empreendimentos de engenharia, anteriormente citados, ou seja, construtores, projetistas, rgos contratantes e auditores, uma vez que permite anlise objetiva e transparente dos elementos do preo ofertado.

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Embora mais direcionado para obras pblicas, ser de grande valia para empresas particulares adotarem esta metodologia, com a mesma eficcia. Empresas prestadoras de servios de engenharia sem nenhum senso crtico de suas atitudes permanecem vivas no mercado atual em funo da fragilidade da metodologia adotada para apresentao de proposta de preos. Estas empresas convivem de maneira impune no mercado atual face as grandes facilidades que encontram na gesto administrativa exigida. Enquanto que, com o modelo proposto, exigir-se- que as empresas mantenham equipes capacitadas para elaborao de oramento e acompanhamento dos contratos. 1.4 - METODOLOGIA Visando atingir os objetivos propostos adotamos a seguinte metodologia na elaborao da dissertao: a) Pesquisa 1- Identificao e anlise dos elementos essenciais necessrios da oramentao em bibliografia existente sobre o assunto e nas caractersticas das empresas de construo civil. 2- Realizao de pesquisas informais em empresas particulares, rgos pblicos e rgos auditores visando levantar forma como atuam e como gostariam de atuar. A pesquisa bibliogrfica pautou-se no acesso ao acervo de diversas fontes pblicas e particulares, tais como, Biblioteca Nacional, Bibliotecas de Universidades, Bibliotecas de rgos Pblicos, Normas e Manuais Tcnicos e consulta a pginas da internet.

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b) Desenvolvimento Visando alcanar os objetivos propostos o trabalho foi estruturado da seguinte maneira: . Captulo 1 Introduo Faz a introduo ao tema e apresenta o objetivo, a justificativa e a metodologia utilizada no trabalho; . Captulo 2 Anlise das Metodologias Usuais de Oramentao de Obras Civis Mostra as definies correntes das variveis a serem adotadas por diferentes entidades e autores e avalia os mtodos atualmente empregados para oramentos na construo civil. . Captulo 3 Metodologia Proposta para Oramentao de Obras Civis Apresenta a metodologia proposta para a elaborao de oramentos de obras de modo transparente e objetivo. . Captulo 4 Concluso Apresenta as concluses e faz as recomendaes necessrias ao emprego correto da metodologia proposta. . Bibliografia Apresenta a bibliografia consultada durante a realizao do trabalho.

2- ANLISE DAS METODOLOGIAS USUAIS DE ORAMENTAO DE OBRAS CIVIS

2.1 - INTRODUO Neste captulo apresentada a definio de oramento de

empreendimentos de engenharia, o gerenciamento do custo de obras, suas implicaes legais no caso de obras pblicas e seu engajamento na poltica de elaborao de propostas de preos de prestao de servios de engenharia, tambm feita uma anlise de algumas premissas bsicas fundamentais para obter-se a acurcia no trabalho oramentrio, bem como avaliao dos mtodos usualmente empregados pelos profissionais e empresas de Construo Civil do Pas. Apesar de existirem pouqussimas diferenas, trataremos, principalmente, de obras pblicas, porm as citaes em quase toda sua totalidade servem para os casos de autoconstruo (incorporao de empreendimentos etc).

2.2- DEFINIO DE EMPREENDIMENTO OU PROJETO A definio de projeto de engenharia que nos parece mais correta a apresentada pelo PMI - Project Management Institute em seu PMBOK - Project Management Body of Knowledge (2000), que se tornou uma norma padro ANSI American National Standards Institute, que a seguinte:

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Empreendimento temporrio com o objetivo de criar um servio nico. a) Temporrio porque apresenta incio e fim previsveis; b) Restringidos por recursos limitados: . Dinheiro (oramento) . Tempo (apresenta incio e fim) e . Recursos materiais, humanos e equipamentos. c) Executados por pessoas e; d) Planejados, executados e controlados.

Assim, pode-se classificar uma obra de construo civil como um empreendimento do ponto de vista do PMI, uma vez que ela se enquadra exatamente nestas condies. Alm de ser item determinante da definio de empreendimento, Gerenciamento de Custos, tambm uma das nove reas de conhecimento em que se divide a gerncia de um projeto, segundo o mesmo PMI. O Gerenciamento de Custos dos projetos inclui os processos que visam assegurar que o projeto ser concludo dentro do oramento aprovado e consta de: Planejamento dos recursos tem por objetivo determinar quais os recursos (pessoas, equipamentos e materiais) e em que quantidade devem ser utilizados para executar as atividades do projeto; Estimativa de custo desenvolver uma aproximao dos custos dos recursos necessrios para executar as atividades do projeto; Oramento de custos alocar as estimativas de custos globais aos itens individuais de trabalho; Controle de custos e anlise do progresso fsico objetiva controlar as mudanas no oramento do projeto e acompanhar a evoluo do

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progresso financeiro, isto , monitorar o previsto x realizado do empreendimento. Interessa especialmente, neste trabalho, os itens referentes ao planejamento dos recursos e a de oramento de custos. A gerncia do custo do projeto consiste, fundamentalmente, nos custos dos recursos necessrios implementao das atividades do projeto.

2.3- BASE DE CLCULO DO ORAMENTO NA CONSTRUO CIVIL Uma base slida para a elaborao do oramento de uma construo , principalmente, o projeto executivo de todas etapas da obra (arquitetura, fundaes, estruturas, terraplenagem, pavimentao, instalaes, telecomunicaes etc) e especificaes rgidas dos servios a serem executados. Quanto ao projeto, a administrao pblica adota a Lei N 8.666/93, que regulamenta o artigo 37, inciso XXI da Constituio Federal, institui normas para licitaes e contratos da Administrao Pblica e d outras providncias. Bem como, as alteraes posteriores devem ser adotadas como orientao bsica de licitaes e contratos. As leis e decretos a serem seguidas so: . Lei N 8.666/93 datada de 21/06/1993 . Lei N 8.883/94 datada de 08/06/1994 . Lei N 9.648/98 datada de 28/05/1998 . Lei N 9.854/99 datada de 27/10/1999 . Decreto N 3.555/2000 datado de 08/08/2000 e atualizado pelos Decretos 3.693 de 20/12/2000 e 3.784 de 06/04/2001 Na Seo II DAS DEFINIES, artigo 6 - Para os fins da Lei 8.666/93, considera-se: obra toda construo, reforma, fabricao, recuperao ou ampliao, realizada por execuo direta ou indireta. No nosso

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caso s interessa a execuo indireta, que segundo o inciso VIII deste mesmo artigo define como: a que o rgo ou entidade contrata com terceiros, sob qualquer das seguintes modalidades: empreitada por preo global, empreitada por preo unitrio, tarefa e empreitada integral. servio - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administrao, tais como: demolio, conserto, instalao, montagem, operao, conservao, reparao, adaptao, manuteno, transporte, locao de bens, publicidade, seguro ou trabalhos tcnico-profissionais; obras, servios e compras de grande vulto aquelas cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alnea c do inciso I do artigo 23 desta Lei, ou seja, nesta data este valor acima de R$ 1.500.000,00. Cabe ressaltar, que a Lei n 8.666 de 21 de junho de 1993, que regulamenta as licitaes no pas, define em seu artigo 7, que as licitaes para execuo de obras e para prestao de servios obedecero seguinte sequncia executiva: 1- elaborao do projeto bsico; 2- elaborao do projeto executivo e 3- execuo das obras e servios. E acrescenta, no pargrafo 1 deste artigo: a execuo de cada etapa ser obrigatoriamente precedida da concluso e aprovao, pela autoridade competente, dos trabalhos relativos s etapas anteriores, exceo do projeto executivo, o qual poder ser desenvolvido concomitantemente com a execuo das obras e servios, desde que tambm autorizado pela Administrao.

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Entretanto, como esta mesma Lei no pargrafo 1 deste artigo 7 anteriormente descrito permite que o projeto executivo seja elaborado simultaneamente com a execuo das obras, abre um precedente perigoso e simplista que define um pssimo ambiente para a gesto do contrato. Enquanto que no pargrafo 2 deste mesmo artigo 7 define, entre outras situaes, principalmente que as obras e os servios somente podero ser licitados quando: IIIHouver projeto bsico aprovado pela autoridade competente e disponvel para exame dos interessados em participar do processo licitatrio e Existir oramento detalhado em planilhas que expressem a composio de todos os seus custos unitrios. Apesar da lei se referir possibilidade de se elaborar o edital apenas com o projeto bsico, imperioso para a boa performance das empresas prestadoras de servios que seja apresentado o projeto executivo (vide seqncia desejada na prpria lei). O item II refere-se a detalhamento do oramento que expressem os custos unitrios, logo temos que definir a existncia de projeto bsico (no mnimo) que permita a elaborao dos custos dos servios. Cita-se com freqncia os termos projeto bsico e executivo, assim vejamos o que esta lei define em seu artigo 6 - Seo II DAS DEFINIES, prev: IX Projeto Bsico Conjunto de elementos necessrios e suficientes, com nvel de preciso adequado, para caracterizar a obra ou servio, ou complexo de obras ou servios objeto da licitao, elaborado com base nas indicaes dos estudos tcnicos preliminares, que assegurem a viabilidade tcnica e o adequado tratamento do

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impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliao do custo da obra e a definio dos mtodos e do prazo de execuo, devendo conter os seguintes elementos: a) b) Desenvolvimento da soluo escolhida de forma a fornecer viso global da obra e identificar todos os seus elementos construtivos com clareza; Solues tcnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de reformulao ou de variantes durante as fases de elaborao do projeto executivo e de realizao das obras e montagem; c) Identificao dos tipos de servios a executar e de materiais e equipamentos a incorporar obra, bem como suas especificaes que assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar o carter competitivo para a execuo; d) Informaes que possibilitem o estudo e a deduo de mtodos construtivos, instalaes provisrias e condies organizacionais para a obra, sem frustrar o carter competitivo para a sua execuo; e) Subsdios para a montagem do plano de licitao e gesto da obra, compreendendo a sua programao, a estratgia de suprimentos, as normas de fiscalizao e outros dados necessrios em cada caso; f) O oramento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de servios e fornecimentos propriamente avaliados; X Projeto Executivo O conjunto dos elementos necessrios e suficientes execuo completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas. Apesar da lei se referir possibilidade de se elaborar o edital apenas com o projeto bsico, imperioso para a boa performance das empresas prestadoras de servios que seja apresentado o projeto executivo (vide seqncia desejada na prpria lei).

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Ao se analisar estas definies pode-se assegurar que a Lei n 8.666 falha ao definir de forma aparentemente clara o que Projeto Bsico, enquanto a definio de Projeto Executivo insuficiente, inclusive cita normas a serem pesquisadas na ABNT. Entretanto, este rgo no tem qualquer norma sobre o tema. Tem-se conhecimento de manuais elaborados pela Administrao Pblica Federal que no so utilizados e tampouco citados nas licitaes governamentais, nos trs nveis do poder (federal, estadual e municipal). Entretanto, deveriam fazer parte integrante dos editais, uma vez que definem, da melhor maneira oficial existente, as especificaes de projeto e de construo, so eles: . Manual de Obras Pblicas Edificaes; Prticas da SEAP Secretaria de Estado da Administrao e Patrimnio Secretaria de Logstica e Tecnologia da Informao, inclusive com aspecto bem assemelhado com o antigo Decreto 92100, tambm de mbito federal.

. Manual de Projeto; . Manual de Manuteno e . manual de Construo. Estes manuais apresentam como principal defeito no formular exigncias tais como: tolerncia de erro topogrfico, ou de acabamento de alvenaria ou de revestimento etc. C) AS FORMAS DE CONTRATAO DE SERVIOS PBLICOS As formas de contratao de acordo com o art. 10 da Lei 8.666/93 das licitaes so as seguintes: a) Empreitada por preo global; b) Empreitada por preo unitrio;

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c) Tarefa; d) Empreitada integral. Conforme previsto na SEO II - DAS DEFINIES da Lei 8.666/93, temse para as formas mais comuns de contratao, o seguinte: Empreitada por preo global quando se contrata a execuo da obra ou servio por preo certo ou total; Empreitada por preo unitrio quando se contrata a execuo da obra ou servio por preo certo de unidades determinadas.

A interpretao de cada uma destas modalidades de contratao de servios deve seguir o seguinte: PREO GLOBAL o escopo dos servios e os produtos a serem

desenvolvidos devero estar adequadamente definidos, devendo existir projeto executivo de nvel tcnico compatvel. PREO UNITRIO - quando o escopo dos servios no est

adequadamente definido ou no existe projeto executivo. inadequado, quando no exista projeto executivo, adotar a modalidade de contratao do tipo preo global. Assim, por exemplo, em servios de reformas ou recuperao estrutural, tem-se o caso tpico de contratao por preo unitrio. Pode-se, quando necessrio adotar o sistema misto (preo global e unitrio) em um mesmo contrato, isto , no caso uma fundao em estaca pode ser medido em metros e o restante da construo, havendo projeto adequado, pode ser por preo global. Sabe-se que a grande maioria dos Tribunais de Contas Estaduais e o prprio TCU (Tribunal de Contas da Unio), sempre que existe alterao no escopo do projeto entende que o oramento da construo deve ser revisado,

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obrigando a existncia de medio dos servios executados, assim sendo invalida a distino entre contratao por preo unitrio e global, em obras pblicas. Conclui-se que a forma nica de contratao deveria ser por Preo Unitrio, pois, faz justia a ambos os envolvidos com a efetivao de medies fsicas dos servios e depende menos da qualidade das informaes existentes sobre o empreendimento no Edital e aceito pelos rgos auditores.

2.4- FORMAO DO PREO DE VENDA DE SERVIOS DE ENGENHARIA, SEGUNDO GOLDMAN(1999) De acordo com o exposto anteriormente, pode-se discutir a formao do preo dos servios de engenharia, sob a tica da qualidade das informaes da construo. Em anlise realizada dissertao apresentada por Goldman, na pgina 10, tem-se:

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Projetos e Especificaes para o Planejamento:

Para a perfeita execuo do planejamento de custos de empreendimento necessrio que se conhea o projeto em seus mnimos detalhes e que se tenha acesso aos materiais necessrios a este planejamento, entre outros , citou: Projetos: 2.4.1- Projeto de Arquitetura O projeto arquitetnico completo para o planejamento de custos aquele que no permite dvidas com relao execuo seja do ponto de vista das elevaes seja dos acabamentos de cada compartimento. material bsico para o adequado planejamento de custos o fornecimento do projeto arquitetnico legal (para aprovao deste na Prefeitura) e o projeto executivo com todos os detalhes necessrios boa execuo. 2.4.2- Projeto Definitivo formado pelos seguintes elementos: Plantas, cortes e elevaes:

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Plantas, cortes e elevaes esclarecendo todos os pormenores de que se constituir a obra a ser executada. Determinao, com a assistncia dos autores dos projetos da estrutura e das instalaes, da distribuio dos elementos do sistema estrutural e dos pontos de distribuio de redes hidrulica, sanitria, eltrica, telefnica, de ar condicionado, elevadores, etc. Detalhes: Desenhos de todos os pormenores necessrios execuo da obra, em escala adequada sua interpretao exata: esquadrias, portas e armrios (com as respectivas quantidades), elementos de composio e proteo da fachada, soleiras, peitoris, elementos divisrios especiais, elementos vazados, pisos especiais, revestimentos especiais, cobertura (telhados, terraos, tipo de impermeabilizao, etc), forros, elementos decorativos, etc. No tocante garagem deve haver indicao do nmero de vagas e situao dos carros ou barcos. Elementos Urbansticos (inclusive paisagismo) No caso em que a soluo de problemas urbansticos no demandar a elaborao de projeto de urbanismo, as indicaes dos elementos urbansticos relacionados com a construo de edificao devem fazer parte integrante do projeto definitivo. Os elementos relativos ao paisagismo devem constar de perfis transversais das vias e praas, locao e detalhamento do arruamento e indicao da arborizao. Compreendem plantas, cortes, elevao, com indicao de lagos, bancos, muretas, balaustradas, fontes, degraus, etc., assim como uma lista de todas as espcies de vegetais e o local onde podem ser encontradas. Plantas para Execuo: Conjunto de plantas resultante da coordenao do projeto definitivo de arquitetura e dos projetos geotcnicos, de estrutura e instalaes, inclusive especiais, com indicao de especificaes necessrias para execuo. Estas plantas devem conter sempre as reas e permetros dos diferentes compartimentos. Alm do projeto arquitetnico, usual que o arquiteto elabore o caderno de especificaes de acabamentos e equipamentos do empreendimento. Na sua forma mais completa, deve ser apresentada como um caderno de encargos, onde alm da identificao das especificaes de acabamentos dos

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ambientes, fica caracterizada a metodologia e os processos de como sero preparados e aplicados na obra (Guedes, 1982). 2.4.3- PROJETO GEOTCNICO Segundo a NBR 12.722/1992, consiste na orientao (anlise, clculo e indicao de mtodos de execuo) dos seguintes servios: Mecnica dos solos e obras de terra desmonte e escavao; rebaixamento do lenol d gua subterrneo; aterros; reaterros; estabilidade de taludes naturais e artificiais; escoramento, arrimo e ancoragens (do prprio terreno e/ou de terreno vizinho ou logradouro); drenagem superficial e profunda e injees no terreno. Fundaes: escolha do tipo, cota de assentamento (caso de fundao rasa ou especial); comprimento dos elementos (caso de fundao profunda ou especial); taxas e cargas admissveis pelo terreno para fundao. O projeto geotcnico consta de: Plantas de localizao das obras de terra, sistemas de rebaixamento de lenol, drenagem superficial e profunda, arrimos e fundaes e injees; Cortes e sees do terreno, mostrando as camadas do solo interessadas por aquelas obras; Detalhes de projeto das diversas obras de terra, sistemas de rebaixamento de lenol, drenagem superficial e profunda, arrimos, fundaes e injees; Esquemas de orientao da execuo do projeto; Memria justificativa e Memria de clculo (no caso de problemas excepcionalmente complexos ou a pedido dos interessados). 2.4.4- PROJETO DE CLCULO ESTRUTURAL um projeto extremamente importante ao planejamento de custos uma vez que ser responsvel pela obteno dos custos de infra-estrutura e supraestrutura da obra. Segundo a NBR- 12.722/1992, no caso de se tratar de concreto armado, o projeto estrutural deve compreender: Locao e carga nos pilares da fundao; Caractersticas dos materiais empregados;

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Plantas de formas de todo o projeto estrutural nas quais devem constar as seguintes indicaes: Qualidade do concreto, e a qualidade dos aos empregados; tipos de acabamentos especiais constantes do projeto arquitetnico (concreto aparente, liso ou aplicado, etc); contra flecha e sobrecargas especiais; qualquer outra indicao que torne mais claro o projeto estrutural e as limitaes de uso. Desenhos de armao de todos os elementos do projeto estrutural; Detalhes em escalas adequadas, para a correta interpretao do projeto estrutural, de acordo com a NBR-7191.

2.4.5- PROJETO DE INSTALAES, COMPLEMENTARES E ESPECIAIS

Seguem o mesmo critrio de qualidade e rigor tcnico dos demais projetos que no queremos nos alongar em maiores comentrios sobre o tema. No adianta tecer comentrios sobre outros projetos, at porque nossa viso do oramento vai alm da dissertao em tela, que aborda apenas o subsetor de edificaes. O importante afirmar que a qualidade e acurcia dos oramentos dependem fundamentalmente dos projetos existentes.

2.4.6 - ESPECIFICAES TCNICAS E DE ACABAMENTO DA OBRA

As especificaes tcnicas e de acabamento so fatores importantes para o planejamento e a execuo do empreendimento. Elas incidem diretamente em: Custos de construo (oramento detalhado da obra); Mtodos construtivos para execuo dos servios; Prazo tcnico da obra e Padro de acabamento do empreendimento.

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As especificaes tcnicas devem ser definidas ainda na fase de planejamento. So aquelas que explicitam mtodos e tcnicas para a execuo dos servios de construo, descritos ou no nos projetos. Estas informaes so primordiais para a elaborao do oramento da obra e para o acompanhamento fsico-financeiro. A falta destas informaes leva o oramentista a fazer consideraes a respeito das caractersticas tcnicas que, muitas vezes, fogem bastante da realidade construtiva.

2.5 MTODOS DE ORCAMENTAO De acordo com o Trajano, 1985, os oramentos na construo civis tm se mantido distncia dos mtodos da Engenharia de Produo desenvolvida pela Engenharia Fabril, tenha mais uma vez, desenvolvido mtodos prprios de apropriao e anlise de custos, bem como de oramentao; mtodos esses muito ligados ao processo de execuo da obra, ao tipo de obra e ao estgio de detalhamento do projeto, constituindo-se, por vezes, em mtodos oramentrios totalmente autnomos, isto , absolutamente independentes mesmo quando referentes a etapas diferentes da mesma obra. Trajano, ainda cita, na pgina 4 da referida publicao, a indstria da construo civil se diferencia da indstria fabril, basicamente pela no repetitividade de seus produtos. Enquanto na indstria fabril os produtos so em grande quantidade, relativamente de pequeno valor, de pequenas dimenses e estocveis, na construo civil eles so nicos (estrada, barragem, conjunto habitacional), de grande valor relativo, de grandes dimenses e no estocveis (a no ser, por extenso de conceito, as habitaes no vendidas).

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Disso decorre que a empresa fabril tem uma fbrica imvel onde os materiais e a mo de obra entram sempre pelo mesmo lugar e percorrem sempre os mesmos caminhos, e os produtos saem pelo mesmo lugar o que no ocorre com a empresa de construo. Ainda, segundo Trajano, empresa de construo monta uma fbrica transitria (o canteiro de servio) no local de cada produto (a obra), fbrica essa que basicamente uma montadora, recebendo uma enorme diversidade de materiais e componentes que percorrem caminhos variados no espao e no tempo. Essa fbrica, inicialmente perifrica ao produto, desloca-se

progressivamente para dentro deste medida que construdo, fluindo atravs da parte j executada do produto (obra), os materiais, a mo de obra, e os equipamentos necessrios execuo da parte restante. Este fato ocasiona um layout de execuo excessivamente mutvel, exigindo uma atividade de planejamento e controle da produo muito atenta e atuante a fim de: obter boa produtividade da mo de obra e evitar todo tipo de perda quer de materiais por aquisio em excesso ou manuseio inadequado, quer de mo de obra por paralisaes de servio, ineficincia etc. A palavra custo o termo genrico utilizado para referir-se a qualquer gasto, seja ou no monetrio, aplicado na produo de um bem ou servio. Podese definir tambm custo como sendo um esforo econmico despendido na consecuo de um produto. Como produo de qualquer bem ou servio se faz atravs da utilizao de diversos insumos usualmente categorizados em matrias primas, mo de obra direta e atividades indiretas o custo deste bem ou servio ser um somatrio dos custos de todos os insumos congregados em sua produo.

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Trajano na pgina 7, considera ainda, como caractersticas dos custos industriais, de um modo geral as empresas de construo civil funcionam atravs de dois grandes sistemas administrativos: O da Administrao Central que concentra toda a infra-estrutura necessria ao funcionamento da empresa, e. O da produo que atinge a todos os produtos (sejam eles projetos ou construes). Assim, o custo industrial pode ser dividido tambm nesses dois tipos de custos: Custos Empresariais que so os formados nas atividades relativas administrao central da empresa, de modo geral independente do volume de produo. Custos de Produo que so formados no desenvolvimento das atividades de produo dos produtos, envolvendo todos os materiais necessrios execuo dos produtos e todas as atividades necessrias ao processamento dos mesmos. Nesse sentido, apresenta-se abaixo um Quadro sinttico com um esquema geral de classificao de custos o qual analisa-se a seguir:

2.5.1- CLASSIFICAO GERAL DOS CUSTOS, SEGUNDO TRAJANO

CUSTOS EMPRESARIAIS CUSTOS DE PRODUO

Administrativos Comerciais Tributrios Financeiros Quanto identificao Com o produto ou parte dele Quanto ao volume de produo

Diretos Indiretos Fixos Variveis Semi-variveis

Interessa-nos em especial a definio do Professor Trajano quanto aos Custos Diretos e Indiretos, ou seja:

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Custos Diretos so aqueles que podem ser identificados ou relacionados direta e exclusivamente com o produto em execuo, ou parte dele, podendo desse modo, serem apropriados diretamente. So eles: materiais diretos e mo de obra direta. Custos Indiretos so aqueles que no se relacionam diretamente com um produto ou parte dele, ou que no convm que sejam imputados diretamente, por razes econmicas ou dificuldades prticas de apropriao. Desse modo devem ser apropriados separadamente e imputados aos produtos atravs de mtodos de rateio. O Mtodo Oramentrio dos Custos Unitrios, cujo princpio o da constncia do custo unitrio ou o de sua independncia do volume de produo utiliza a idia de Operaes Unitrias. Operaes Unitrias, segundo Foust1, so as aes que geram mudanas essencialmente fsicas, produzidas nos materiais ao longo de um processo de produo. As aes que introduzem modificaes no produto ou em suas partes podem ser decompostas em Operaes Unitrias, conceituadas como aquelas que introduzem somente uma alterao em cada aplicao. Desse modo, so operaes unitrias: - Cavar - Serrar - Furar - Peneirar - Cortar

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Foust, A.S. et alii Princpios de Operaes Unitrias 8 a ed. Mxico Continental 1975, cap. 1.

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Essas so operaes tpicas equivalentes s de usinagem mecnica. Tambm se pode considerar como unitrios os diversos tipos de operaes de montagem, entendida como operao de juntar peas ou componentes sem alterao dos mesmos, a qual caracterizada por verbos tais como: - Juntar - Aplicar - Unir Assim, so operaes de montagem: Colocao de armaduras e do concreto nas formas; Execuo de alvenaria, revestimento e pavimentao; Colocao de esquadrias e vidros e Montagem de instalaes eltricas e hidrulicas. Cada uma das operaes unitrias realizadas num material determinado, por um certo mtodo (manual ou mecnico), e atravs de determinada ferramenta, pode ter seu custo avaliado com certo rigor, o qual guarda grande semelhana da mesma operao quando realizada em peas diversas e em ocasies diferentes. Assim, se um processo construtivo puder ser todo decomposto em aes cujos custos foram perfeitamente quantificados, ento o custo total do processo ser a soma dos custos de todas as aes envolvidas. Esse mtodo pode ser estendido s aes administrativas e de controle. Entretanto, como essas aes so indiretas em relao ao produto sob sua ao,a dificuldade reside no estabelecimento da maneira prtica e econmica de ratear seus custos de modo a imput-los corretamente aos produtos a elas submetidos. Ainda, segundo Trajano, na pgina 100, os mtodos de oramentao, que so as maneiras de se estabelecer o custo de um produto, podem ser:

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. Processo de Correlao e, . Processo de Quantificao. O Processo de Correlao baseia-se na estimao do custo por correlao com um ou mais variveis de mensurao da dimenso do produto em questo, enquanto o Processo de Quantificao baseia-se na estimao do custo atravs do levantamento das quantidades dos insumos necessrios ao processo de produo do produto. O Processo de Quantificao, se desdobra no mtodo de Quantificao de Insumos e de Composio de Custo Unitrio. O Mtodo da Composio de Custo Unitrio baseia-se primeiramente no desdobramento do produto em conjuntos ou partes que seja o resultado de servios especficos, os quais resultem da ao de operrios especializados sobre certos materiais. Em segundo lugar, baseia-se na hiptese da proporcionalidade constante entre o custo total de um servio e a sua quantidade, isto , na constncia do seu custo unitrio ou, de outra maneira, supe que o custo total de um servio seja igual ao produto de sua quantidade (medio ou cubao) pelo custo de produo de uma unidade do servio. Como essa funo linear no tem ordenada na origem, conclui-se que os custos fixos no esto explicitados, isto , se considerados, esto diludos pela quantidade de referncia do intervalo de validade da correlao custo total e quantidade total de servio, como se fossem custos variveis. Esse aspecto introduz um erro o qual, nos servios em que h grande incidncia de custos fixos, faz com que os custos totais previstos sejam menores que os reais para quantidades de servio abaixo da quantidade de referncia, ou seja, abaixo daquela tomada como base para clculo do custo unitrio. Em contraposio, para quantidades de servios maiores que a quantidade de referncia, o custo orado ser maior que o real. H que se registrar ainda a necessidade de se incorporar ao custo de cada unidade de produo ou servio, no s o custo direto, como tambm todos os indiretos necessrios a essa produo, quer sejam materiais ou mo de obra

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indireta, equipamentos ou transportes. No se pode esquecer tambm de considerar taxas adicionais sobre materiais e mo de obra para fazer face aos diversos tipos de perdas. Outro aspecto de suma importncia a analisar o da semelhana dos modelos. Evidentemente, quando se fala em custo unitrio de um produto, pressupe-se a definio precisa desse modelo para que se possa aplicar o mtodo apenas a produtos que sejam caracterizados ou identificados como semelhantes. Para isso necessria a definio de uma srie de parmetros que possibilitem uma rpida e simples identificao do modelo a ser adotado. Assim, conclui Trajano, que os conceitos da Teoria da Produo podem e devem ser aplicados na anlise e apropriao dos custos na construo civil, porm, essa aplicao levar em conta as caractersticas bsicas da construo civil de indstria que produz poucos produtos, no repetitivos e de grande porte; e para cuja produo, a empresa monta uma fbrica (o canteiro de obras) em torno de cada produto, canteiro esse que apresenta um layout extremamente mutvel ao longo da obra. Disso decorre o desenvolvimento peculiar de tcnicas de Engenharia de Produo aplicveis construo civil, que temos denominado de Produo Civil. Alm do que, os autores de construo civil, regra geral, tratam os oramentos do ponto de vista casustico, isto , analisam e desenvolvem tcnicas para a gerao de oramentos de certo tipo de obra, executada por determinado processo construtivo, e quase nunca se refere a oramento de projeto. Procuramos demonstrar que o oramento de produto a partir de um fluxograma de processo obedece a regras gerais e uniformes.

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2.6 CUSTO PADRO De acordo com o definido pelo engenheiro civil Ivaldo M. Silva, em sua pgina da internet www.alternex.com.br/~imsilva, custo padro o custo unitrio do produto, pr-determinado, obtido a partir de estudos pormenorizados da utilizao dos materiais, da mo de obra e dos equipamentos que so imputados s unidades fsicas produzidas. Para se determinar o custo padro preciso ter conhecimento perfeito do produto, do processo de utilizao de cada recurso e demais custos indiretos.

2.7 DEFINIAO DO PREO DE VENDA DE SERVIOS Segundo o livro Uma Metodologia de Oramentao para Obras Civis, de autoria do engenheiro civil Paulo Roberto Vilela Dias-2001, pgina 13, o oramento das construes ou dos servios de engenharia civil igual soma do custo direto, do custo indireto e do resultado estimado do contrato (lucro previsto). Custo direto Custo indireto + Lucro Previsto -----------------------------Preo de Venda Tem-se, ainda, que a soma do custo indireto e do resultado geram o percentual de BDI Benefcio e Despesas Indiretas (este termo originou-se do ingls Budget Difference Income), quando se divide esta adio pelo custo total direto da obra. % BDI = ( Custo Indireto Total + Resultado Estimado ) Custo Direto Total No BDI apenas o resultado estimado no custo efetivo do contrato. Tanto o custo direto quanto o custo indireto so sempre calculados por projeto ou oramento, enquanto que o lucro estimado em funo de caractersticas

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prprias de cada empresa. Geralmente representado por um percentual que varia de 5 a 12% do faturamento. Apesar de no ser clara esta definio pode-se dizer que custo direto aquele obtido pela soma dos insumos que ficam incorporados ao produto, isto , escavao, concreto, formas, armao, instalaes (eltricas, hidro-sanitrias) etc, atravs dos consumos dos itens de custo facilmente mensurveis na unidade de medio e pagamento de cada um destes custos unitrios dos servios. Por exemplo, para o caso do concreto simples os insumos diretos so as horas empregadas de pedreiro, servente, betoneira e vibrador de imerso e dos materiais em funo do trao exigido (m de areia, m de brita, kg de cimento e, eventualmente, de algum aditivo). Outra maneira de se definir o custo direto considerar todos os servios constantes da planilha de quantidades e preos, se fornecida pelo cliente ou mesmo quando formulada pelo oramentista. Enquanto que o custo indireto representado pelos itens de custo que no so facilmente mensurveis nas unidades de medio dos servios, isto , engenheiro, mestre de obra, outras categorias profissionais, veculos de passeio e de carga de apoio, contas das concessionrias (energia, gua, correio, telefone e etc) e outros, que so normalmente considerados por ms ou aqueles calculados sobre o custo total ou sobre o preo final (faturamento), ou seja, administrao central, impostos (ISS, COFINS, PIS, CPMF, CSLL e IRPJ) ou juros sobre capital investido. Custo Direto Total ............... CD + Custo Indireto Total ............... CI Custo Total da Obra + Lucro .. ..................................... L Preo de Venda Final da Obra O custo direto total corresponde a:

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Custo Direto Total = ( custo direto do servio x quantidade do servio ) Assim, o BDI calculado exclusivamente para permitir determinar o preo unitrio de venda de cada servio que ser considerado, conforme a composio de custo apresentada posteriormente, como sendo: Preo Unitrio de Venda do Servio = Custo Unitrio Direto do Servio x % BDI onde: BDI igual percentagem calculada entre o (custo total indireto + resultado estimado) dividido pelo custo total direto do contrato. O BDI calculado exclusivamente para permitir calcular o preo unitrio de venda a partir do custo unitrio direto do servio (conhecido a partir da composio unitria de custo unitrio). Deve-se ressaltar, no clculo do preo de venda dos servios de engenharia, que os itens de custo, impostos sobre o faturamento (i%) e o lucro (l%), so percentuais conhecidos a partir do prprio preo de venda (ou faturamento), assim temos : Custo Total da Obra + Impostos sobre o Faturamento + Resultado Estimado ( ou Lucro ) Preo de Venda ( PV ) Sendo que: Impostos s/ a Nota Fiscal = PV x i% Lucro Previsto Assim, temos que: PV = CUSTO TOTAL + Impostos s/ a Nota Fiscal + Lucro Previsto Tambm podemos escrever a frmula da seguinte maneira: PV = CUSTO TOTAL + PV x i% + PV x l% , ou: PV = CUSTO TOTAL + PV x ( i% + l% ) ,ou ainda : = PV x l% e

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PV - PV x ( i% + l% ) = CUSTO TOTAL , e ainda: PV ( 1 - ( i% + l% ) ) = CUSTO TOTAL , e : Desta forma, existe a obrigao de se adotar a seguinte frmula para calcular corretamente o preo de venda do servio: Preo de Venda ( PV ) = CUSTO TOTAL ( 1 ( i% + l% ))

2.8- CONCEITO DE BDI DA CEF Segundo entendimento da CEF Caixa Econmica Federal, criadora do sistema SINAPI - Sistema Nacional de Preos e ndices para a Construo Civil, cabe salientar que este sistema tem por objetivo efetuar oramento analtico e anlise oramentria de projeto-tipo e projetos especficos na rea de fomento (habitao, saneamento e infra-estrutura urbana) e efetuar o acompanhamento de preos, de custos e de ndices da construo civil na rea de fomento, e assim, temos as seguintes definies: Nos oramentos, dois componentes determinam o preo final de uma obra: os custos diretos e o BDI (Benefcios e Despesas e Indiretas), onde: Custos diretos so aqueles que ocorrem especificamente por causa da execuo do servio objeto do oramento em anlise e Despesas indiretas so gastos que no esto relacionados

exclusivamente com a realizao da obra em questo. BDI o percentual correspondente s despesas indiretas e ao lucro, aplicadas ao custo direto de um empreendimento (materiais, mo de obra e equipamentos). O Tribunal de Contas da Unio, no trabalho de Andr Luiz Mendes e Patrcia Reis Leito Bastos, adotado como fonte pela CEF nestas consideraes,

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considerou que, conceitualmente, o BDI definido como um percentual aplicado sobre o custo direto para chegar ao preo de venda a ser apresentado ao cliente. Como despesas indiretas definiu aquelas feitas pela construtora em funo da obra, que no esto diretamente relacionadas a ela. Devem ser computadas no BDI, as seguintes: . Despesas Financeiras remunerao do capital de giro; . Administrao Central toda a estrutura necessria para a execuo de atividades especficas de direo geral da empresa como um todo, de forma que sejam alcanados os objetivos empresariais da construtora; . COFINS e PIS incidem sobre o faturamento da empresa; . CPMF incide sobre o faturamento (pagamentos de mo de obra, materiais e manuteno da estrutura da empresa); . ISS sobre servios prestados, considerando-se a mo de obra; . Taxa de Seguros e Riscos e Imprevistos e . Mobilizao e desmobilizao (em obras habitacionais deve ser lanada como direta)- transportar pessoal e equipamentos at o local da obra e, ao final dos trabalhos, retorn-los para o ponto de origem. . Lucro TCU sugere ... que pode-se considerar que uma margem de lucro entre 7,0% e 8,5% estaria perfeitamente adequada aos valores atualmente praticados no mercado da construo civil. No entendimento do TCU, so despesas incorretamente consideradas como indiretas: . IRPJ o imposto de renda incide sobre o lucro lquido. DNER e Governo de So Paulo no mais adotam Imposto de Renda no BDI. Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido;

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. Administrao Local (despesa direta) somatrio de salrios e encargos dos componentes da equipe tcnica e de apoio no incidentes nos custos dos servios. Devem ser lanados na administrao do canteiro e . Taxas e emolumentos e ferramentas e equipamentos custo direto da obra. A CEF conclui: Em sntese o BDI deve contemplar to somente os gastos que contabilmente so classificados como despesas indiretas, quais sejam: .administrao central; ISS; PIS; COFINS; CPMF; Despesas Financeiras e Seguros e Imprevistos. Outros gastos devem ser includos analiticamente na planilha oramentria como custo direto.

2.9 DEFINIAO DE BDI DA AESBE A AESBE - Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais, no Manual para Oramentao de Obras de Saneamento define: Preos Os preos das unidades definidas na relao quantitativa sero aqueles orados, e aprovados. Os mesmos cobriro todos os custos previstos na composio e regulamentao de preos e todas as despesas diretas e indiretas. A medio dos servios ser feita de acordo com os critrios prestabelecidos na regulamentao de preos e especificaes. Benefcios e Despesas Indiretas a taxa percentual determinada pela contratante que incide sobre todos os preos unitrios compostos pela mo de

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obra, encargos sociais e trabalhistas, materiais e equipamentos incluindo os tributos necessrios e fretes. Salvo condies contrrias expressas no contrato, remunera as despesas a seguir relacionadas: a) Equipe administrativa da sede da empresa composta por: diretoria, engenheiro, chefe de escritrio, encarregado de compras, auxiliar de escritrio, contador, datilgrafo, etc; b) c) Equipe administrativa de campo, composta por: engenheiro, mestre de obras, encarregados, apontador, vigia, fiscal de obras e etc. Despesas na sede da empresa e no canteiro de obras com: aluguis, impostos, taxas, licenas, tarifas de energia eltrica e de gua, telecomunicaes, materiais de consumo e limpeza, veculos para transporte de pessoal na obra, proviso e suprimentos de gua e energia eltrica no canteiro, transporte local, manuseio, guarda e administrao na obra, ferramentas, equipamentos de transportes para execuo dos servios, tais como, andaimes, equipamentos de proteo individual e de segurana, higiene, sinalizao contra acidentes de trabalho e de trnsito, alojamento e alimentao de pessoal e outras despesas no discriminadas e no remuneradas parte ou no remunerado como insumo na composio de preo unitrio. d) e) Acompanhamento topogrfico da obra, exceto se previsto na composio de preos unitrios e Lucro, seguros e riscos. A AESBE, ainda define, que o oramento a relao discriminada de servios com as respectivas unidades, quantidades, preos unitrios e valores parciais e totais, resultantes das somas dos produtos das quantidades pelos preos unitrios.

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2.10 DEFINIAO DE LDI SEGUNDO O DNER Segundo o Manual de Custos Rodovirios e a adequao do sistema informatizado SICRO do DNER, objeto do Contrato PG - 154/96-00, tem-se as seguintes definies: A formao do preo de venda ou preo total de uma obra, em geral, e das obras rodovirias, em particular, apresentam, na sua origem, estrutura assemelhada seguinte: Estrutura de Custos: Custo Direto dos Servios Custo da Administrao Local Mobilizao e Desmobilizao Canteiro e Acampamento Eventuais Despesas Financeiras Administrao Central Margem Impostos sobre o faturamento ----------------------------------------------Preo de Venda Onde: Custo Direto dos Servios representa o somatrio dos custos dos insumos (equipamentos, materiais e mo de obra) necessrios realizao dos servios de todos os itens da planilha; Custo da Administrao Local representa todos os custos locais que no so diretamente relacionados com os itens da planilha e, portanto, no so considerados na composio dos custos diretos. Inclui itens como: Custo da Estrutura Organizacional (pessoal), seguros e garantias de Obrigaes Contratuais e Despesas Diversas. Mobilizao e Desmobilizao a parcela de mobilizao compreende as despesas para transportar, desde sua origem at o local aonde se

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implantar o canteiro de obra, os recursos humanos, bem como todos os equipamentos e instalaes (usinas de asfalto, centrais de britagem, centrais de concreto, etc) necessrios s operaes que a sero realizadas. Esto, tambm, a includas as despesas para execuo das bases e fundaes requeridas pelas instalaes fixas e para sua montagem, colocando-as em condies de funcionamento. Como, de um modo geral, a desmobilizao de equipamentos e instalaes se faz a fim de transport-los para uma nova obra, no ser prevista parcela especfica para este fim, com vistas a evitar dupla remunerao; Canteiro e Acampamento esta rubrica tem por finalidade cobrir os custos de construo das edificaes e de suas instalaes (hidrulicas, eltricas, esgotamento) destinadas a abrigar o pessoal (casas, alojamentos, refeitrios, sanitrios, etc) e as dependncias necessrias obra, (escritrios, laboratrios, oficinas, almoxarifados, balana, guarita, etc), bem como dos arruamentos e caminhos de servio. Eventuais um percentual aplicado ao custo para cobertura de despesas no previstas; Despesas Financeiras resultam da necessidade de financiamento da obra por parte do executor. Esta necessidade ocorre sempre que os desembolsos mensais acumulados forem superiores s receitas acumuladas. As despesas financeiras decorrentes de inadimplncia do Contratante, por serem eventuais, no podem ser consideradas na estimativa de custos; Administrao Central a parcela do Preo total que corresponde quota parte do custo da Administrao Central do executor, a ser absorvido pela obra em tela; Margem uma parcela destinada a remunerar os fatores da produo do executor que intervm na obra, tais como: capital aplicado em equipamento, capacidade administrativa, conhecimento tecnolgico e risco

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do negcio, bem como de prover recursos para o pagamento de impostos sobre o resultado e Impostos Incidentes sobre o Faturamento so, no ano de 1997: o ISS(quando devido, e de acordo com as alquotas estabelecidas pelas Prefeituras Municipais), o PIS, o COFINS e a CPMF.

Muitos dos itens de custo que, nas obras rodovirias, so correntemente classificados como indiretos no tm, a rigor, esta caracterstica conceitual. De fato, sob a tica dos rgos rodovirios, DNER e DERs, somente os custos relativos sua prpria administrao seriam indiretos. Todos os demais itens do custo de construo poderiam ser perfeitamente apropriados a uma rodovia especfica ou a um de seus sub-trechos, caso assim se desejasse. J, sob o ponto de vista do Executor da obra, os custos indiretos, propriamente ditos, se limitariam queles referentes parcela da administrao central da empresa a serem absorvidos pela obra em questo, pois, como no caso precedente, todos os demais podem ser a ela atribudos sem ambigidade.

Na prtica, no isso que ocorre. A classificao do custo de um servio como direto ou indireto est apenas relacionada sua incluso ou no na respectiva planilha de preos a serem cotados por ocasio da licitao da obra. Todos os itens da planilha de preos, para os quais so requeridas cotaes especficas e cujo pagamento se far de acordo com alguma forma de medio, so considerados como custos diretos. Os itens de servios que no constarem da planilha sero classificados como indiretos e, conseqentemente, vo integrar o LDI (Lucro e Despesas Indiretas) (BDI na linguagem mais comum), sendo, portanto, rateados sobre os custos diretos.

Em termos da realidade concreta dos empreendimentos rodovirios, a distino entre custos diretos e indiretos est, portanto, vinculada relao de itens de servio que o rgo rodovirio responsvel pela obra esteja disposto a fiscalizar e, conseqentemente, a medir e pagar de forma individualizada.

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Existe outro aspecto importante a considerar, decorrente das ponderaes acima: o fato que determinado item seja considerado como custo indireto no impede que seu valor seja orado de forma analtica. Ao contrrio, sempre que possvel, devem ser buscados parmetros que permitam chegar a seu valor atravs de procedimentos analticos para, ento, verificar sua incidncia percentual. O procedimento corrente, que justamente o oposto, em que se busca chegar ao valor do item aplicando um percentual convencional sobre o total dos custos diretos ou sobre o preo final da obra, pode levar a distores, visto que, dependendo das circunstncias, essa incidncia, para alguns dos itens usualmente includos no LDI, pode ter flutuaes importantes que no sero percebidas. Assim sendo, a metodologia oramentria deve ser independente da forma adotada para o pagamento dos diferentes itens de servio, a fim de que se possam elaborar oramentos consistentes e confiveis.

O tratamento de itens de servio, para efeito de pagamento, como se fossem custos indiretos, deriva de certa comodidade do Contratante. Calculado seu valor, transformado em percentual dos demais custos e includo no LDI, cessam, por parte deste, as preocupaes com a medio efetiva dos quantitativos realizados. Essa comodidade no ocorre, entretanto, sem inconvenientes. Toda vez que a norma adotada para o pagamento de determinado item se desvincula da lei de formao de seus custos, geram-se possibilidades de distores que podem conduzir a valores finais, pagos por esse item, inteiramente inadequados, ou seja, inferiores ou superiores ao que corresponderia sua justa remunerao. Esse desajustamento provocado, basicamente, porque nem todos os itens de servio tm a mesma lei de formao de custos. Assim, sempre que se adotam formas de remunerao atreladas a quantidades de trabalho realizado para itens cujos custos sejam fixos ou cresam com os prazos de execuo da obra, est-se criando a possibilidade de uma inadequao no valor pago em relao a seu custo. o que ocorre, por exemplo, quando se rateiam sobre os custos diretos - pagos segundo quantidades realizadas - os custos de mobilizao e desmobilizao de equipamento ou de

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construo de instalaes de canteiros de obra que so itens que tm custos fixos. O mesmo acontece com os custos da administrao local do Executor, que so proporcionais ao tempo de durao da obra. Se ocorrerem variaes, em relao ao inicialmente previsto, nos quantitativos de servios arrolados como itens do custo direto, a remunerao dos itens indiretos tambm variar, sem que necessariamente seus custos tenham se alterado nas mesmas propores.

Alm disso, todo servio cuja remunerao includa no LDI tem seu retorno distribudo por todo o prazo de realizao da obra, diferentemente dos servios que geram custos diretos, os quais so pagos na poca em que so realizados. Essa situao pode configurar um financiamento por parte do Executor, o que obriga estimativa e incorporao de nus financeiro ao preo de venda ou a ajustes nos preos dos itens da planilha.

A reduo desses tipos de incertezas e, conseqentemente, dos contingenciamentos com que o executor se resguarda dos riscos que delas decorrem, s poder ocorrer se os contratantes das obras rodovirias buscarem retirar do LDI, e passarem a encarar como itens do custo direto, todos servios passveis desse tratamento, e de formular normas para seu pagamento que sejam compatveis com suas respectivas estruturas de custos. Conclui-se, portanto, que, por ocasio da elaborao do oramento da obra e, posteriormente, do preparo das planilhas de preo a serem includas nos editais de licitao, todos os itens passveis de serem considerados como custos diretos devero ser classificados como tais, cabendo, naturalmente, ao rgo rodovirio estabelecer esse enquadramento em suas Normas de Medio e Pagamento, em funo de sua experincia, convenincia, capacidade de fiscalizao, caractersticas da obra e das condies de sua realizao. O Manual de Custo do DNER define, ainda o seu conceito de LDI:

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Com base nessas consideraes foi construdo o quadro a seguir, em que so demonstrados os valores das incidncias dos diferentes itens sobre o Preo Total ou Preo de Venda da obra (PV), sobre seu Custo Direto (CD) e sobre o prprio LDI. Alm disso, procedeu-se, tambm, a abertura do valor considerado como Margem, destacando a carga tributria sobre ela incidente.

A relao entre o Preo Total ou Preo de Venda (PV) e o Custo Direto (CD) constitui o fator de LDI (Lucro e Despesas Indiretas), que expresso por: PT fator de LDI = CD

O LDI em percentagem, dado pela expresso: PT LDI (%) = ( CD Da aplicao do fator de LDI aos custos unitrios diretos resultam os preos unitrios de venda. - 1) . 100

Dos clculos efetuados, resulta para LDI o percentual de 22,95% sobre o Total de:

Custos Diretos, sendo conveniente lembrar que nestes devem ser includos a Administrao Local do Executor, as despesas com Canteiro e Acampamento, e a Mobilizao e Desmobilizao de pessoal e equipamento que, no caso, passariam a ser tratados como itens do Custo Direto e, sobre os quais tambm incide o LDI.

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Os custos relativos a uniformes, equipamentos de segurana, alimentao e transporte de pessoal sero considerados como integrantes dos Adicionais sobre Mo-de-Obra, por estarem diretamente relacionados com a fora de trabalho empregada e por serem previstos, em muitos casos, nas prprias convenes coletivas de trabalho.

Ainda, segundo o Manual SICRO do DNER, tem-se sobre a aplicao do valor residual nos custos de propriedades dos equipamentos, o seguinte: ao se pretender atribuir ao valor residual dos equipamentos um percentual de seu Valor de Aquisio, verifica-se que o mercado de mquinas usadas distingue tipos de equipamentos e marcas. Existem algumas de maior aceitao e procura, outras menos procuradas e, mesmo, as de interesse imediato nulo. H, tambm, variao de valor, conforme a regio em que se deseja negociar. Certos equipamentos, principalmente de pequeno porte, ao final de sua vida til, tm apenas valor de sucata. A existncia de mercado consumidor ativo, melhora o valor residual do equipamento; aqueles que tiverem procura nesse mercado, tero cotao mais elevada. Esses fatores so dinmicos e variam ao longo do tempo. Com apoio na pesquisa a seguir, o SICRO adotou os seguintes percentuais do valor de Aquisio dos Equipamentos para a estimativa de seu Valor Residual:

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Tabela 1 - Percentuais de valores de aquisio adotados pelo SICRO para representar o valor residual dos equipamentos Valor TIPO DE EQUIPAMENTO Acabadora de concreto com forma deslizante Aquecedor de fluido trmico Aquecedor de material termoplstico Bate estacas de gravidade Betoneira Bomba para concreto ou argamassa Caldeira de asfalto rebocvel Caminho basculante Caminho basculante para rocha Caminho betoneira Caminho carroceria de madeira Caminho tanque Campnula de ar comprimido Carregadeira de pneus Carrinho de mo Cavalo-mecnico com reboque Central de concreto Chata 25m3 c/rebocador Compressor de ar Compressor de ar para pintura com filtro Conjunto de britagem Conjunto moto bomba Distribuidor de agregados Distribuidor de asfalto em caminho Distribuidor de concreto Distribuidor de lama asfltica montado em caminho Equipamento distribuidor de LARC (Microflex) Draga de suco para extrao de areia Equipamento. para hidrosemeadura Escavadeira hidrulica Esmerilhadeira de disco Espalhadora de concreto Estabilizadora e recicladora a frio Extrusora Fbrica de pr-moldados - guarda-corpo Fbrica de pr-moldados mouro Fbrica de pr-moldados para pavimentao Residual (%) 10,0 10,0 15,0 15,0 10,0 10,0 10,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 10,0 20,0 5,0 20,0 10,0 15,0 15,0 15,0 10,0 5,0 10,0 20,0 10,0 20,0 20,0 15,0 20,0 20,0 5,0 10,0 20,0 10,0 10,0 10,0 10,0 TIPO DE EQUIPAMENTO Mquina universal para corte de chapa Martelete rompedor 28 a 33kg Martelo perfurador rompedor Microtrator com roadeira Moto-serra Motoniveladora Motoscraper Perfuratriz de esteira Crawler-drill Perfuratriz manual Placa vibratria com motor diesel Prensa excntrica Recicladora de pavimento a quente Rgua vibratria Retroescavadeira Roadeira em trator de pneus Roadeira mecnica Rolo autopropulsor vibratrio Rolo compactador de pneus autopropulsor Rolo compactador de pneus rebocvel Rolo compactador esttico de 3 rodas 14t Rolo compactador p-de-carneiro tamping Rolo compactador p-de-carneiro rebocvel Rolo Tandem esttico Rolo Tandem vibratrio Seladora de juntas Serra circular Serra de juntas Serra de disco diamantada para junta Soquete vibratrio Talha de guincho manual Tanque de estocagem de asfalto Texturizadora e lanadora meteorolgica Transformador de solda Trator uniloader com vassoura Trator agrcola (de pneus) Tratores de esteira acima de 200 kW Valor Residual (%) 15,0 5,0 5,0 20,0 5,0 20,0 15,0 5,0 5,0 5,0 15,0 10,0 5,0 20,0 20,0 5,0 10,0 15,0 10,0 15,0 15,0 10,0 15,0 10,0 10,0 5,0 10,0 10,0 5,0 5,0 10,0 10,0 5,0 20,0 20,0 15,0

c/estao

2.11-DEFINIAO DE BDI SEGUNDO O DERSA O DERSA DESENVOLVIMENTO RODOVIRIO DE SO PAULO, assim definiu a questo: Na formulao do preo final de um servio, define-se que: Pr = CD x BDI, Onde:

Pr = valor a pagar-se pela execuo de um servio, dentro de determinadas condies comerciais e especificao tcnica.

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CD = Custo Direto todo gasto envolvido na execuo do servio, perfeitamente caracterizado, identificado e quantificado de forma a poder ser diretamente apropriado como custo de fase especfica do servio. Ex: Mo-de-obra operacional, materiais e equipamentos, transportes e demais insumos utilizados, especificamente nos servios.

BDI = Benefcio e Despesas Indiretas correspondem a uma taxa que incide sobre os custos diretos dos servios, resultando no preo final.

A metodologia de clculo da taxa de BDI que incidir sobre os custos do servio para que se obter o preo final de venda tratada a seguir.

Para o presente trabalho, conceitua-se os seguintes componentes do BDI:

a) Custos e Despesas Indiretas

Os Custos Indiretos so todos os gastos envolvidos diretamente na execuo dos servios, que podem ser caracterizados e quantificados, mas no so passveis de serem apropriados a uma fase especfica, a exemplo de supervisor, preposto para acompanhamento do contrato, etc.. As Despesas Indiretas, embora associadas execuo de servios, no esto relacionadas especificamente com o servio e sim com a natureza da empresa, ou seja, so gastos devidos estrutura organizacional da empresa que resultam no rateio entre os diversos contratos que a empresa detm, a exemplo de gastos com a Administrao Central, Local, despesas securitrias, que so gastos com seguros legais, tais como seguro de responsabilidade civil, e outras necessrias, de acordo com o escopo do servio a ser executado.

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Para o aprovisionamento dos custos e despesas indiretas adotou-se o percentual de:

0,50% para cobrir o Seguro Responsabilidade Civil e 13,50% para remunerar os demais custos e despesas que, entre outros compreendem: Remunerao da estrutura administrativa central

Funcionrios administrativos Comunicaes e transportes Depsitos / almoxarifados centrais Aluguel, manuteno e conservao da sede. Despesas com gua, luz e telefones e impostos. Materiais de escritrio Manuteno de equipamentos de escritrio

Remunerao da estrutura administrativa local

Superviso tcnica e administrativa Vigilncia Topografia e medies Controle tecnolgico Refeies e alojamentos Materiais de consumo de escritrio Transporte de equipamentos, materiais e pessoas.

b) Lucro

O lucro no BDI representado por uma taxa incidente sobre o total geral dos custos e despesas, excludas as despesas fiscais. Tendo em vista as consideraes anteriormente citadas, a taxa de lucro que est sendo utilizada de 7,0%.

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c.1) Despesas Fiscais

As Despesas Fiscais so gastos relacionados com o recolhimento de contribuies, impostos e taxas que incidem diretamente no faturamento, tais como PIS, COFINS, CSLL, ISSQN, etc.

I) PIS/PASEP Programa de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico Contribuintes: so contribuintes do PIS segundo as regras vigentes as pessoas jurdicas de direito privado de fins lucrativos e as que lhes so equiparadas pela legislao do Imposto de Renda. Base de Clculo: relativamente aos fatos geradores ocorridos a partir de 01.02.99, a base de clculo da contribuio a receita bruta mensal, assim entendida a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurdica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificao contbil adotada para as receitas (art. 3 da Lei n 9.718/98). Alquota: A alquota do PIS/PASEP de 0,65% (art. 8, inciso I, da Lei n 9.715/98). Empreitadas ou fornecimentos contratados com entidades governamentais: No caso de construo por empreitada ou de fornecimento a preo prdeterminado de bens ou servios, contratados por pessoa jurdica de direito pblico, empresa pblica, sociedade de economia mista ou suas subsidirias, o pagamento da contribuio poder ser diferido, pelo contratado, at a data do recebimento do preo (art. 7 da Lei n 9.718/98). Isso significa que as receitas provenientes desses contratos podem ser computadas na base de clculo da contribuio no ms do efetivo recebimento.

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II) COFINS Base de Clculo: a base de clculo da COFINS devida a partir do ms de fevereiro de 99 (a ser paga a partir do ms de maro de 99) composta pela totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurdica, independentemente da atividade exercida e da classificao contbil das receitas. Alquota: 3% (trs por cento), para fatos geradores ocorridos a partir de 01.02.99 (contribuio mensal a ser paga a partir de maro de 99). d) ISSQN Contribuintes: O ISSQN referente prestao de servios o exigido pelo Municpio do estabelecimento prestador ou na falta de estabelecimento, o do domiclio do prestador. Alquota: Para o presente trabalho foi adotado a alquota vigente no Municpio de So Paulo, que de 5%. importante ressaltar que existem Municpios que concedem incentivos fiscais; portanto a adoo da alquota de 5% conservadora.

e) Frmula para clculo do BDI: (1 + a/100) . (1 + b/100) BDI = -----------------------------------, onde: (c - T/100) a: percentual dos custos e despesas indiretas; b: percentual admitido do lucro. c: percentual de despesas fiscais.

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2.12 DEFINIAO DE BDI DO TCU

Em recente estudo do TCU - Tribunal de Contas da Unio, de autoria dos profissionais ANDR LUIZ MENDES e PATRCIA REIS LEITO BASTOS, sobre BDI, tem-se o seguinte: Na elaborao dos oramentos de obras, existem dois componentes que juntos determinam o preo final de uma obra: os custos diretos e o BDI. O primeiro determinado em funo das especificaes dos materiais e das normas de execuo dos servios constantes nos projetos, nos memoriais descritivos e no caderno de encargos. O segundo um componente aplicado sobre o custo direto com vistas a contemplar as despesas indiretas e o lucro da construtora. Segundo estudo apresentado pelo TCU, elaborado pelos profissionais Conceitualmente, denomina-se Benefcios ou Bonificaes e Despesas Indiretas (BDI) a taxa correspondente s despesas indiretas e ao lucro que, aplicada ao custo direto de um empreendimento (materiais, mo-de-obra, equipamentos), eleva-o a seu valor final. Esta taxa tanto pode ser inserida na composio dos custos unitrios como pode ser aplicada ao final do oramento, sobre o custo total. Dessa forma, o preo de execuo de um servio de construo civil (preo de venda ou valor final) igual ao custo da obra mais o percentual de BDI. O tema BDI - Benefcios e Despesas Indiretas vem sendo alvo de freqentes questionamentos quando da anlise dos oramentos na construo civil. Alm de problemas com relao duplicidade de contagem, ou seja, gastos que so cobrados na planilha de custos e tambm includos no BDI, h a dificuldade em se estabelecer quais despesas podem ser definidas como indiretas e quais valores de cada componente do BDI so considerados aceitveis.

A base de aplicao da taxa percentual de BDI o custo direto orado, e o preo final da obra obtido somando-se a esses custos diretos a parcela correspondente ao BDI, ou seja, para se obter o valor total de um servio de construo civil deve ser aplicada a seguinte relao matemtica:

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PV = PC X ( 1 + BDI). Onde, PV = Preo de Venda , PC = Custo Direto e BDI = Benefcios e Despesas Indiretas. Em artigo publicado pela revista Construo, n 2168, de 18/08/89, o engenheiro Maahiko Tisaka, ento Presidente do Instituto de Engenharia, esclarece que o valor do BDI , portanto, apresentado como uma frao do custo direto e pode ser expresso em porcentagem ou em frao decimal. Tambm segundo publicao da PINI sobre composio de BDI a taxa de BDI na construo informa o percentual de acrscimo em relao ao custo direto para se obter o preo de venda da construo. Na mesma linha, a Secretaria de Governo e Gesto Estratgica do Estado de So Paulo, ao desenvolver estudo sobre BDI, embasou-se no seguinte conceito O BDI Benefcios e Despesas Indiretas, corresponde a uma taxa que incide sobre os custos dos servios, resultando no preo final. O prprio Tribunal de Contas da Unio, ao apreciar a matria no TC 006793/1999-12, considerou que conceitualmente, o BDI definido como um percentual aplicado sobre o custo direto para chegar ao preo de venda a ser apresentado ao cliente.

No resta dvida, portanto, que a frmula de clculo aqui apresentada a que deve ser adotada.

Ao se elaborar um oramento de uma obra civil, todos os servios a serem executados (fundaes, paredes de alvenaria, revestimentos etc.) so relacionados e seus custos apurados na denominada planilha oramentria. H,2

Dec. 255/1999 TCU 1 Cmara

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no entanto, despesas feitas pela construtora em funo da obra, mas que no esto diretamente relacionadas a ela. Essas so computadas no BDI como despesas indiretas.

Tem-se observado que, na prtica dos oramentos, no h consenso quanto classificao dos diversos dispndios como custo direto ou despesa indireta. O que se encontra so inmeras proposies diferentes sobre o que poderia ser considerado como despesa indireta. Para dirimir essa polmica sobre que espcie de gasto pode ser classificada como despesa indireta, prope-se a anlise do tema luz do livro Contabilidade de Custos do conceituado Eliseu Martins. Segundo os preceitos da contabilidade de custos, so custos de produo aqueles gastos incorridos no processo de obteno de bens e servios destinados venda. No se incluem nesse grupo as despesas financeiras e as de administrao. No so includos tambm como custos diretos os fatores de produo eventualmente utilizados para outras finalidades que no a de fabricao de bens (servios) destinados venda. Essa definio contbil de despesa serve como critrio para incluso dos gastos ou na planilha oramentria ou na taxa de BDI, conforme sejam considerados, respectivamente, custos diretos ou despesas indiretas. Em resumo, custos diretos so aqueles que ocorrem especificamente por causa da execuo do servio objeto do oramento em anlise, e despesas indiretas so os gastos que no esto relacionados exclusivamente com a realizao da obra em questo. H que se considerar tambm que, para a anlise de oramentos da construo civil, melhor que a maior parte possvel dos itens de despesas esteja relacionada na planilha oramentria, e no includa no BDI.

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Isso por dois motivos: o primeiro que poucos so os rgos que exigem, nos editais de licitao, que os proponentes apresentem a composio analtica do BDI, o que dificulta sua anlise; segundo, porque a insero de determinada despesa no BDI pode gerar distores de preos de eventuais aditivos contratuais. Tome-se o exemplo de uma obra em execuo na qual o item administrao local foi includo no BDI. Suponha-se que, por uma mudana da especificao de algum material, o custo dessa obra seja acrescido em 12%, e que tal alterao no tenha gerado qualquer dificuldade da execuo (superviso tcnica diferenciada ou dilatao do prazo da obra). Ora, se o BDI contempla, por exemplo, 10% a ttulo de administrao da obra, esse percentual ir incidir sobre o custo adicional (12%) sem que tenha havido o correspondente incremento de despesa para a construtora, ou seja, a obra ir custar, imotivadamente, 1,2% mais caro para o contratante. O ideal, portanto, que s sejam includos no BDI aqueles itens que no possam, de forma alguma, ser includos na planilha de custos, por no estarem relacionados diretamente ao servio que est sendo prestado. O que acontece freqentemente, contudo, que devido falta de um critrio tcnico adequado na definio dos gastos que devem compor o BDI, os mais diversos itens do oramento so computados, indevidamente, como despesas indiretas. Tem-se observado que os oramentos na construo civil tm includo no BDI, alm da margem de lucro, os seguintes gastos: administrao central, despesas financeiras, tributao (ISS, CPMF, IRPJ, COFINS, CSSL, PIS), mobilizao e desmobilizao do canteiro, riscos, seguros, contingncias, administrao local, taxas e emolumentos, dentre outros.

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A anlise feita a seguir de cada um desses gastos prope-se a permitir a classificao adequada do que seja realmente despesa indireta, bem como quais os percentuais aceitveis para cada item.

2.13 COMPOSIOES DE CUSTO, SEGUNDO GOLDMAN

De acordo com Goldman, 1999, na pgina 32, temos o seguinte:

2.13.1- PLANEJAMENTO DAS COMPOSIES DE CUSTOS

A composio de custos de um determinado servio de construo a unio de todos os insumos, ou seja, materiais, mo de obra e meios de produo que atuam diretamente nesta atividade. Nos oramentos as composies de servios so apresentadas sob a forma de composies de custos, onde cada um de seus insumos apresenta um ndice de consumo por unidade de servio, que multiplicado pelo respectivo custo unitrio resulta no valor unitrio do insumo para a execuo da unidade daquele servio. As composies de custos foram desenvolvidas no sentido de facilitar e agilizar o trabalho do oramentista. As composies permitem calcular todas as quantidades e custos dos insumos componentes de uma atividade, apenas com base no levantamento das quantidades do servio em projeto e nos preos unitrios dos insumos. Para que essas composies possam espelhar a realidade e permitir um planejamento de custos adequado, necessria a adoo de composies que se enquadrem realidade do processo construtivo relativa a determinada atividade. As composies de custo adotadas pelo mercado da construo so obtidas por:

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- Apropriaes de servios feitas pelo empreendedor em diversas obras; - Revistas tcnicas especializadas; - Livros tcnicos sobre composies de custo; - Cadastro de composies de empresas de consultoria especializada em planejamento e gerenciamento de construo e - Composies de fabricantes e fornecedores de materiais e empresas especializadas prestadoras de servios de construo. 2.13.2- ASPECTOS RELEVANTES

Para uma montagem adequada das composies de custo das atividades de construo considerou-se que o profissional responsvel pela sua elaborao deve levar em conta os seguintes aspectos: 1- Conhecimento profundo do processo executivo da atividade. Isto ocorre atravs da experincia profissional e de consultas aos materiais bibliogrficos como cadernos de encargos; 2- O ttulo da composio deve apresentar uma discriminao clara e detalhada da atividade e sua respectiva unidade de medida, enfatizando consideraes importantes sobre o processo construtivo e suas caractersticas, medidas, traos e espessura. 3- A relao completa dos materiais, ferramentas e equipamentos que compem o servio, a sua unidade de medida e o consumo unitrio em relao unidade desta atividade. Devem ser mencionadas claramente as consideraes de perdas de materiais. 4- A relao completa de mo de obra direta empregada, sua unidade de apropriao e a respectiva produtividade. importante enfocar quais os servios que compem a atividade (transporte horizontal, transporte vertical, preparo de materiais, aplicao dos materiais). Deve ser destacada a taxa de encargos sociais considerada para efeito do clculo do custo total de mo de obra.

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5- Informaes claras do processo de levantamento das quantidades e dos critrios de medies adotadas para as obtenes dos ndices de consumos e produtividade da atividade apropriada.

3- METODOLOGIA PROPOSTA PARA ORAMENTAO DE OBRAS CIVIS

3.1- INTRODUO Para a elaborao de oramentos consistentes de servios de engenharia, entende-se que algumas premissas devam prevalecer. Assim, a proposta de metodologia de elaborao de oramentos de servios de engenharia, considera os seguintes elementos:

a) Seqncia Executiva da Prestao de Servios de Engenharia

Deve-se obedecer a seqncia executiva para a prestao de servios de engenharia prevista no artigo 7 da Lei 8.666/93, ou seja: Elaborao do projeto bsico; Elaborao do projeto executivo e Execuo das obras e servios.

Considera-se absolutamente correta esta seqncia executiva dos servios de engenharia, portanto, inadmissvel adotar o texto proposto no pargrafo 1 do mesmo artigo, principalmente em contrataes por preo global, isto , executar o projeto executivo concomitantemente com a execuo dos servios. Desta forma, estamos levando em conta somente o estipulado no caput do artigo 7, sendo exigida a apresentao no edital de licitaes do projeto executivo da construo.

b) Forma de Contratao de Servios de Engenharia

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Tendo em vista as restries que os rgos auditores de servios de engenharia tem feito ao emprego da contratao por preo global, exigindo a alterao do escopo do contrato sempre que houver mudana fsica na execuo dos servios, as prprias condies estipuladas nos editais de licitaes pblicas, geralmente inadequadas, bem como, as caractersticas das obras no Pas, quase sempre iniciadas com projetos incompletos ou em virtude das alteraes praticadas no escopo dos servios durante a vigncia do contrato, observa-se que a maneira mais justa para as partes de contratao de obras pblicas por preo unitrio.

c) Especificaes Tcnicas Rgidas

As especificaes tcnicas devem considerar todos os servios existentes no projeto, ser claras e objetivas e incluir a forma de medio e pagamento de cada servio para garantir ao construtor totais condies de elaborar seu preo unitrio com base neste documento.

d) Mtodo de Oramentao a ser Adotado

A metodologia de elaborao do custo da obra a ser utilizado deve continuar sendo o Mtodo Oramentrio dos Custos