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CUSTOS DA QUALIDADE NO SETOR DE
USINAGEM DE UMA EMPRESA METAL
MECÂNICA
Daiane Maria De Genaro Chiroli (UTFPR)
Katia Abbas (UEM)
Fernanda Cavicchioli Zola (UEM)
Franciely Velozo Aragao (UEM)
A partir do nível de competição, as empresas devem investir em
elementos que agreguem valor aos produtos ou serviços por estes
oferecidos, e a qualidade é um fator essencial. Deste modo, mensurar
os custos da qualidade é fator essencial, por fornecer subsídios para
tomada de decisão dos gestores, possibilitando identificar as causas
das falhas existentes no processo de produção ou prestação dos
serviços, de modo a maximizar a eficácia das ações desenvolvidas na
empresa. Dentre desse contexto, o presente artigo tem como objetivo
mensurar os custos da qualidade gerados na produção do setor de
usinagem de uma empresa metal mecânica por meio de apontamentos e
análise das causas que derivam esses custos. Como resultados,
destaca-se a utilização de folhas de apontamento que contribuiu para a
identificação dos custos da não qualidade, o que permitiu agir nas
causas dos problemas, conduzir melhorias, reduzir custos e aumentar a
produtividade.
Palavras-chave: Qualidade, custos da qualidade, metal mecânico.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
No atual ambiente competitivo, onde a competição é global, o mercado define os preços dos
produtos, os ciclos de vida dos produtos são curtos, os produtos são customizados, os avanços
tecnológicos são generosos e os sistemas de produção são flexíveis (CARNEIRO, 1994), a
qualidade é um fator essencial que envolve todos os processos da empresa (MARTINS;
COSTA NETO, 1998).
A imagem da qualidade dos produtos ou serviços é, em tempos atuais, um fator chave na
decisão de compra. Segundo Moori e Silva (2003) os produtos e serviços devem “encantar” e
até “dar prazer” aos clientes de forma a mantê-los, o que somente é possível por meio da
oferta de produtos e de serviços com qualidade. Evidentemente, há uma equação ou trade-off
entre o valor que os clientes percebem que estão obtendo e o preço que estão dispostos a
pagar (CHRISTOPHER, 1999 apud MOORI,; SILVA, 2003).
Segundo Feigenbaum (1994), o objetivo da indústria competitiva é fornecer produtos ou
serviços de qualidade com menores custos de produção, a partir da avaliação dos custos que
são inerentes no processo produtivo da qualidade. Garvin (2002) enfatiza que qualidade e
custo possuem uma relação inversa entre elas, ou seja, custos associados a melhorias da
qualidade são proporcionalmente menores que a economia resultante com retrabalho,
sucateamento e despesas com garantias. Este modo de pensar é amplamente difundido no
Japão e isto explica a busca e dedicação que os japoneses têm em relação à “melhoria
contínua”, ou seja, qualidade é sinônimo de falta de defeito.
Apenas no início de 1980 que a qualidade emergiu como uma prioridade competitiva
(FAWCETT; CALANTONE; ROATH, 2000). Porém, em relação aos custos da qualidade,
Riccio, Sakata e Segura (1999) constataram que os estudos nacionais envolvendo este tema se
iniciaram apenas no ano de 1996.
Melo, Souza e Araújo (2012), ao referirem-se à importância da mensuração dos custos da
qualidade, ressaltam que as informações resultantes fornecem subsídios para tomada de
decisão dos gestores, tais como onde investir. Além disso, possibilitam identificar as causas
das falhas existentes no processo de produção ou prestação dos serviços, de modo a
maximizar a eficácia das ações desenvolvidas na empresa.
O tema custos da qualidade corresponde a um dos artefatos da Gestão Estratégica de Custos
(GEC). Shank e Govindarajan (1997) citam que a GEC corresponde a uma análise dos custos
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vista sob um enfoque mais amplo, onde os dados são utilizados no desenvolvimento de
estratégias superiores para que a empresa consiga atingir e manter uma vantagem competitiva
sustentável. Porém, segundo Souza e Collaziol (2006) este artefato é adotado com menos
intensidade em empresas brasileiras.
Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo mensurar os custos da qualidade gerados na
produção do setor de usinagem de uma empresa metal mecânica por meio de apontamentos e
análise das causas que derivam esses custos.
Além desta introdução, este artigo está dividido em mais quatro seções. A segunda seção
apresenta a revisão literatura que discorre sobre os custos da qualidade, ressaltando suas
classificações. Em seguida, a terceira seção apresenta a metodologia do trabalho. A quarta
seção apresenta a identificação e mensuração dos custos da qualidade em uma empresa metal
mecânica. Por fim, a quinta seção apresenta as considerações finais do estudo.
2. Custos da Qualidade
Embora a busca por qualidade nas empresas ter se tornado comum, é importante que os custos
da qualidade sejam mensurados (RUST; ZAHORIK; KEININGHAM, 1994). As informações
sobre custos da qualidade são importantes e úteis quando avaliadas e divulgadas em termos
financeiros (ROBLES JR., 2003).
Melo, Souza e Araújo (2012, p. 6) enfatizam que os custos da qualidade “são direcionadores
para reduzir os custos e melhorar a qualidade dos produtos da empresa, devendo ser
associados a um programa de redução de custos e de melhoria da qualidade”. Já, para Crosby
(1994), mensurar os custos da qualidade é imprescindível para averiguar se houve ou não
sucesso na implantação do programa de qualidade, ou ainda, segundo Rust, Zahorik e
Keiningham (1994, p. 94) “quantificar as consequências financeiras de problemas de
qualidade e identificar áreas para melhoria da qualidade e redução de custos”.
Schiffauerova e Thomson (2006, p. 9) ressaltam que identificar e mensurar os custos da
qualidade é crucial para a empresa que deseja atingir e sustentar uma vantagem
competitividade.
Em 1956 Feigenbaum propôs uma divisão dos custos da qualidade em custos de controle e
decorrentes de falhas no controle (FEIGENBAUM, 1994), que foi aceita pela tanto pela
literatura nacional quanto internacional. O referido autor classifica ainda os custos de controle
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em custos de prevenção e avaliação e o de falhas no controle em custos das falhas internas e
das externas, conforme figura 1.
Feigenbaum (1994) definiu que os custos da qualidade estão associados à criação e controle
da qualidade assim como avaliação e realimentação de conformidade com exigências em
qualidade, confiabilidade, segurança e também associados às consequências provenientes de
falha em atendimento a estas exigências, tanto no interior da fábrica (internos), como nas
mãos do cliente (externos).
Figura 1 – Classificação dos custos da qualidade
Fonte: Adaptado de Feigenbaum (1994)
Os custos de controle são associados às atividades para fornecer produtos ou serviços da
forma mais eficaz e dentro das especificações do projeto e do cliente, isto é, fazer certo da
primeira vez e todas as vezes. Geralmente, esses gastos geram um impacto menor que as
perdas com as falhas internas e externas, mas são essenciais para evitar que estas venham a
ocorrer futuramente (MIGUEL; ROTANDARO, 2005).
Os custos de prevenção referem-se às ações que visam assegurar que produtos ou serviços
defeituosos, ou seja, com qualidade inferior, não sejam produzidos. Este trabalho ocorre antes
de a atividade ser realizada. Robles Jr. (2003) elenca que os custos de prevenção envolvem:
equipamentos; tecnologia; treinamento para a qualidade; administração da qualidade;
manutenção preventiva da qualidade; treinamento dos colaboradores; relação com
fornecedores; desenvolvimento de sistemas de qualidade; revisão e atualização das instruções,
Custos de
Prevenção
Custos da Qualidade
Custos de Controle
Custos de
Avaliação
Custos das
Falhas Internas
Custos das
Falhas Externas
Custos das Falhas de
Controle
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especificações e procedimentos; e todos os esforços despendidos na fase de concepção para
garantir um produto ou serviço isento de defeitos, dentre outros.
Os custos com avaliação são os associados à verificação de nível de qualidade obtidos pelo
produto ou serviço durante ou logo após sua produção ou realização (MIGUEL;
ROTONDARO, 2005). São custos despendidos com atividades para assegurar que produtos
ou serviços que não estão em conformidade com os requisitos especificados não cheguem ao
cliente (ROBLES JÚNIOR, 2003). Robles Jr. (2003) elenca que os custos de avaliação
envolvem: equipamentos e suprimento utilizados nos testes e inspeções; avaliação de
protótipos; novos materiais; novas ferramentas; métodos e processos; planejamento das
inspeções; auto inspeção pelos colaboradores; avaliação dos produtos dos concorrentes;
custos da área de inspeção; testes de confiança; planejamento das inspeções; e teste de
inspeção de materiais comprados, dentre outros.
Já, os custos das falhas de controle são referentes à ocorrência de unidades ou componentes
defeituosos, sejam eles identificados na organização ou nas mãos do consumidor final
MIGUEL; ROTANDARO, 2005).
Os custos das falhas internas são decorrentes da produção de peças defeituosas ou mesmo
com falhas em atividades de projetos, compras, suprimentos e programação e controle da
produção (ROBLES JR., 2003). Segundo Alencar e Guerreiro (2004) os produtos ou serviços
não estão em conformidade com as necessidades do cliente. Assim, segundo Robles Jr.
(2003), são gastos que envolvem: retrabalho; redesenho; refugo e sucata; tempo perdido;
compra não planejada; manutenção corretiva; custos financeiros do estoque adicional para
suprir eventuais falhas; inspeção de lotes retrabalhados; e desconto nos preços de vendas de
produtos com defeitos, dentre outros. O quadro 1 apresenta as principais subcategorias das
falhas internas.
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Quadro 1 – Subcategorias de falhas internas
Refugo e sucataPerda líquida de trabalho, material e despesas resultantes de produto com defeito
que não pode ser reparado economicamente ou usado.
RetrabalhoCusto de correção de unidades não conformes, de modo que atinjam as
especificações.
RetesteCusto de reinspeção e reteste de produtos que foram retrabalhados ou
modificados.
Análise de falha Custo para determinar as causas das falhas dos produtos.
Tempo ociosoCusto de instalações de produção ociosas que resulta de produtos os quais não
correspondem às especificações.
DepreciaçãoDiferença de preço entre o preço normal de venda e qualquer preço de venda que
possa ser obtido para um produto que não corresponde às exigências do cliente.
Perdas de rendimentoCusto do rendimento do processo que está abaixo do que deveria atingir se o
controle fosse melhorado.
Fonte: Montgomery (2004)
E, os custos das falhas externas são os associados aos produtos com falta de qualidade já
expedidos pela empresa, ou seja, são todos os gastos relativos aos defeitos identificados pelo
cliente ou ainda em transporte (MIGUEL; ROTANDARO, 2005). Esses custos são gerados
por problemas ocorridos após a entrega do produto ao cliente, ou seja, associados a
devoluções, queixas e reclamações dos clientes (ROBLES JR., 2003). Segundo Robles Jr.
(2003), são gastos que envolvem: expedição e recepção; multas; refaturamento; garantias;
recall; retrabalho pós venda; bem estar do cliente; vendas perdidas; imagem da empresa,
dentre outros. O quadro 2 apresenta as principais subcategorias das falhas externas.
Quadro 2 – Subcategorias de falhas externas
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Adaptação à reclamaçãoTodos os custos de investigação e adaptação de reclamações justificadas
atribuíveis ao produto ou serviço não conforme.
Produto/material
devolvido
Todos os custos associados a recebimento, manuseio e reposição do produto
não conforme ou material que é devolvido.
Despesas de garantia Todos os custos envolvidos em serviços aos clientes sob contrato de garantia.
Custos de
responsabilidade
Custos ou prêmios que ocorrem como resultado de litígio sobre a
responsabilidade do produto.
Custos indiretos
Além dos custos de operação direta de falhas externas, há um número
significativo de custos indiretos que ocorrem por causa da insatisfação do cliente
com o nível de qualidade do produto entregue. Os custos indiretos podem refletir
a atitude do cliente em relação à empresa. Incluem os custos de perda de
reputação da empresa, perda de futuros negócios, e perda da participação no
mercado que inevitavelmente resulta da entrega de produtos e serviços que não
estão de acordo com as expectativas do cliente em relação à propriedade para o
uso.
Fonte: Montgomery (2004)
A utilização insatisfatória dos recursos com materiais, mão de obra e tempo em equipamentos
acarretam maiores custos e, consequentemente, gera uma qualidade insatisfatória
(FEIGENBAUM, 1994). Os recursos devem ser utilizados levando em consideração a
maximização da qualidade dos produtos/serviços oferecida aos clientes.
3. Metodologia
Quanto a sua natureza essa pesquisa é aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para
aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos (SILVA; MENEZES, 2001).
A abordagem do trabalho é tanto qualitativa como quantitativa. A abordagem qualitativa visa
características distintivas entre processos, indivíduos, fenômenos e outras variáveis, para
assim, poder a partir de técnicas de interpretação, descrever, decodificar, traduzir, e qualquer
outro termo relacionado com o entendimento e não com a frequência de ocorrência que ela
acontece (MARTINS, 2010). Já a abordagem quantitativa está relacionada à quantidade, ou
seja, refere-se ao fato de mensurar as variáveis de pesquisa e assim poder interpretar os
resultados obtidos (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2009; MARTINS, 2010).
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, o trabalho terá como base a pesquisa-ação, que
é uma pesquisa social com base empírica, realizada em estreita associação com uma ação na
resolução de um problema coletivo, onde pesquisador e participantes do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1988; GIL, 2002).
Assim, a natureza da pesquisa será aplicada, de acordo com a seguinte sequência:
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planejar a pesquisa-ação, ou seja, definir as tarefas, propósitos e dados a serem
coletados;
coletar dados relevantes à pesquisa;
analisar os dados coletados;
implantar ações para resolução do problema analisado;
avaliar os resultados e gerar relatórios informativos;
observar o setor de usinagem e mapear o processo através de entrevista com os
responsáveis e envolvidos no setor;
analisar e gerar propostas de melhorias;
separar os custos da qualidade no setor de usinagem.
4. Resultados e Discussão
A empresa, onde foi realizado o estudo, foi fundada em 1979 com o objetivo de fornecer
peças para reposição de implementos agrícolas como para-choque de tratores. Com o aumento
da competitividade no setor, seu foco passou a ser direcionado também a peças de
colheitadeiras de diversas marcas como New Holland, Massey Ferguson e CASE, dentre
outras, provocando aumento da demanda dos produtos e exigindo da empresa mais qualidade.
Com isso, itens como treinamentos, experiência profissional, técnicas, procedimentos,
máquinas, entre outros fatores, passaram a ser necessários para atender a demanda com
qualidade.
Os dados apresentados a seguir, foram coletados nos meses de no período de abril a agosto de
2013.
4.1. Caracterização do setor usinagem
O estudo ocorreu no setor de usinagem, devido ao elevado número de problemas relacionados
a falta de qualidade. Este setor tem grande influência no mix de produção da empresa, como
eixos, engrenagens, cubos entre outros.
O arranjo físico do setor é apresentado na figura 2, onde pode-se observar a disposição física
do equipamento industrial, incluindo o espaço necessário para movimentação de material,
armazenamento, mão de obra direta e indireta e todas as outras atividades e serviços
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dependentes, além do equipamento de operação e o pessoal que o opera. O setor possui sete
tornos CNC’s para usinagem de peças em aço ou ferro fundido, um centro de usinagem CNC
para fresamento, furação, rosqueamento e outras funções, três furadeiras de bancada
responsáveis pela furação e escareamento de furos, três geradoras de engrenagens para
fresamento dos dentes de engrenagens, e 10 colaboradores.
Figura 2– Arranjo físico (layout) do setor usinagem
A produção funciona basicamente com previsão de vendas realizada através do MRP, ou
funciona com o fluxo puxado. Os pedidos do mês são encaminhados ao departamento de
planejamento e controle da produção (PCP) que emitirá as ordens de fabricação aos setores
produtivos a fim de atender a demanda.
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4.2. Identificação do problema
O setor usinagem possui diversos processos que agregam valor a seus produtos, sendo esses
realizados por mão de obra que atuam na operação de máquinas e equipamentos. Assim, para
obter uma qualidade adequada e satisfatória para seus clientes o quadro de colaboradores da
empresa deve ser bem treinado para exercer suas tarefas com eficiência e eficácia. Contudo, a
rotatividade e a falta de treinamento fazem com que a qualidade dos produtos fique
comprometida.
Problemas como sucateamento, refugos, retrabalho, gastos com ferramentas e perda de
rendimento ou produtividade foram identificados na empresa. Contudo, não há nenhum
sistema que mensure esses custos, para assim proporcionar um controle e ajudar a gerar
soluções. Consequentemente, estes problemas estão influenciando no seu orçamento e
principalmente na imagem da empresa perante seus clientes. Os custos de controle e das
falhas de controle foram pré-identificados no setor de usinagem e são apresentados no
Diagrama de Ishikawa (Figura 3). Na elaboração desse diagrama, houve a participação de
todos os colaboradores do setor de forma a realizar um brainstorming, possibilitando que
todos pudessem expor suas ideias sobre as causas dos problemas. .
Figura 3 –Diagrama de Ishikawa
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A figura 3 aponta 26 causas para o efeito refugo, sucateamento e retrabalho, sendo que cerca
de 27% estão relacionados com mão de obra, 19% com medições, 15% com métodos e meio
ambiente, e máquina e material tem 11% das causas. A empresa não possui um software de
gestão adequado e técnicas de monitoramento e manutenção da qualidade de seus produtos e
processos. Devido a isso, é difícil a obtenção de dados históricos confiáveis, logo, para que se
possa mensurar e avaliar dados que o setor tem a oferecer para este estudo, foi necessário
desenvolver folhas de apontamento de refugos, retrabalhos ou mesmo de sucateamento do
produto ao longo de quatro meses (abril a agosto de 2013).
A elevada rotatividade de colaboradores na empresa influencia negativamente na qualidade
dos produtos, uma vez que a empresa acaba operando com um número de colaboradores sem
treinamento adequado deixando de ganhar em qualidade e produtividade. O sucateamento das
peças está ligado diretamente a falta de treinamento dos colaboradores, pois com pouco tempo
de experiência tarefas que poderiam ser feitas com facilidade acabam se tornando complexas.
Assim a ocorrência de sucatas e refugos de peças aumenta nesses casos consideravelmente.
Analisando os dados, verifica-se que os custos com esse tipo de problema geraram em abril
um prejuízo de R$ 4.350,00 para a empresa, cerca de 3,1% da produtividade do mesmo mês.
4.3. Propostas de folhas de apontamento
Para a realização do estudo foram criadas folhas de apontamento de refugo, produtividade,
gastos com ferramentas e retrabalhos para serem preenchidas pelos colaborados ou pelo líder
do setor (Quadro 3).
Quadro 3 – Apontamentos
ItensResponsável pelo
preenchimentoInformações
Refugo Colaboradores
Código do operador que realizou a operação, a data do refugo, o código do produto, a
quantidade de peças refugadas, o motivo/causa a qual o refugo foi gerado seja ele um erro de
operação, de processo, de medida ou de material.
Produtividade Líder do setor
Apontamento dos produtos que são finalizados no setor. Data em que foi finalizado o produto,
o código do produto, a quantidade de peças produzidas, o valor unitário de cada peça e o valor
total das peças produzidas.
Ferramentas Líder do setorApontamento das ferramentas que são utilizadas no setor. Código da ferramenta, a quantidade
de ferramentas utilizadas, o valor unitário de cada ferramenta e o valor total.
Retrabalho Colaboradores
Código do operador que realizou a operação, o código do produto, a quantidade de peças
retrabalhadas, o motivo/causa a qual o retrabalho foi gerado seja ele um erro de operação, de
processo, de medida, de material, entre outros, e também a data que ocorreu e o tempo que foi
necessário para realizar o retrabalho.
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4.4 Resultados de ações desenvolvidas na empresa
4.4.1. Custos com prevenção
A empresa, antes do estudo, investia pouco em relação a prevenção de custos da qualidade.
Com autorização da mesma, foram solicitados treinamentos de metrologia oferecidos por
parceiros para seus colaboradores. Foram realizadas reuniões periódicas a fim de
esclarecimentos e disseminação de informações a respeito dos processos e procedimentos aos
quais os colaboradores mais tinham necessidades. E, recorreu-se a uma empresa terceirizada
para dar manutenção nos equipamentos e maquinários. A tabela 1 apresenta o investimento
mensal incorrido com estes custos de prevenção.
Tabela 1– Custos com prevenção
Ações Valores
Treinamento R$ 800,00
Reuniões R$ 400,00
Manutenção de máquinas e equipamentos R$ 3.000,00
4.4.2. Custos com avaliação
Também foi realizado um investimento (Tabela 2) em Poka yoke, que é uma técnica simples e
não onerosa, onde o operador identifica os erros antes que estes se transformem em defeitos e
suas causas são eliminadas. O Poka yoke insere-se em equipamentos e suprimento utilizados
nos testes e inspeções
Tabela 2 – Custos com avaliação
Ações Valores
Dispositivos (Poka yoke) R$1.000,00
4.4.3. Custos com falhas internas
A partir dos apontamentos realizados pelos colaboradores foi possível mensurar os custos da
qualidade no setor de usinagem da empresa relacionados com falhas internas
(sucatas/refugos). Esses custos estão apresentados na tabela 3, que mostra uma redução
considerável nos índices de sucatas/refugos gerados no período aos quais os apontamentos
foram aplicados. Os dados revelam que os custos com sucatas/refugos caíram
aproximadamente 65% em quatro meses, período em que os investimento com prevenção e
avaliação foram feitos, ou seja, a empresa reduziu seus gastos de abril para agosto em cerca
de R$ 2.850,00.
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Tabela 3 – Custos com sucatas/refugos
Mês Valor
Abril R$ 4.350,00
Maio R$ 3.700,00
Junho R$ 2.650,00
Julho R$ 1.800,00
Agosto R$ 1.500,00
Na tabela 4 estão dispostos os dados apontados pelo líder do setor de usinagem, onde fica
evidente também a queda nos custos gerados pelo consumo de ferramentas pelo setor.
Mantendo-se um nível basicamente uniforme na produção, pode-se verificar que os custos
com ferramentas, proporcionados por um treinamento mais adequado, resultou em mais de
29% de economia.
Tabela 4 – Custos com ferramentas
Mês Valor
Abril R$ 5.350,00
Maio R$ 4.870,00
Junho R$ 4.380,00
Julho R$ 3.910,00
Agosto R$ 3.750,00
4.4.4. Custos com falhas externas
A partir dos apontamentos feitos pelos colaboradores foi possível mensurar os custos da
qualidade relacionados com falhas externas. A tabela 5 apresenta os apontamentos dos meses
de abril a agosto, estando inclusos os custos com retrabalho, que em sua essência são todos
enquadrados como falhas externas. Os dados revelam que houve uma redução de
aproximadamente 67% nos custos com retrabalhos, considerado um desempenho
relativamente bom.
Tabela 5 – Custos com retrabalho
Mês Valor
Abril R$ 7.550,00
Maio R$ 5.570,00
Junho R$ 4.620,00
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Julho R$ 3.700,00
Agosto R$ 2.450,00
Por fim, a partir dos dados gerados com sucatas/refugos, ferramentas e retrabalho mais a
produtividade dos meses abril a agosto, pode-se fazer uma relação dos custos da qualidade,
(Tabela 6).
Tabela 6 – Produtividade no setor de usinagem
Mês Valor
Abril R$ 140.000,00
Maio R$ 165.000,00
Junho R$ 168.000,00
Julho R$ 200.000,00
Agosto R$ 225.000,00
Com os dados proporcionados a partir dos apontamentos feitos pelos colaboradores e líder do
setor de usinagem, pode-se relacionar os custos da qualidade nesse período:
sucatas/refugos: redução de aproximadamente 65%;
custos com ferramentas: redução de aproximadamente 29%;
retrabalho: redução de aproximadamente 67%;
produtividade: aumento de aproximadamente 60% (Tabela 6).
Assim, os custos de falta de controle são inversamente proporcionais aos custos de controle,
assim com investimentos em controle (prevenção e avaliação) reduz custos de falhas internas
e externas.
5. Considerações finais
A literatura ressalta a importância das empresas oferecerem produtos com qualidade para seus
clientes. Autores tem reforçado em seus trabalhos a importância da mensuração dos custos da
qualidade, ou seja, que estes devem ser avaliados em termos financeiros.
O tema custos da qualidade é considerado um artefato da GEC, que corresponde à uma
análise dos custos com o objetivo de proporcionar à empresa alcançar e manter vantagem
competitiva frente aos concorrentes.
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O objetivo do trabalho – mensurar os custos da qualidade gerados na produção do setor de
usinagem de uma empresa metal mecânica – foi atingido. O trabalho proporcionou redução
dos custos e um aumento considerável da produtividade.
A proposta de folhas de apontamento no setor de usinagem de uma indústria metal mecânica
contribuiu, primeiramente, para a identificação dos custos que a falta de qualidade afetam na
produção da empresa e, consequentemente, na sua imagem. Essa etapa foi de suma relevância,
pois foi possível verificar os gargalos que originam custos, ou seja, identificaram-se as falhas
na qualidade.
Posteriormente, foram encontrados os efeitos e as causas das falhas potenciais e, para tanto, o
diagrama de causa e efeito forneceu informações que implicam nessas falhas. Por meio do
preenchimento das folhas de apontamentos e formulários criados para gerar dados, foram
identificadas todas as possibilidades de melhorias para o setor. Deste modo, foram
apresentadas atividades de treinamento, que possibilitaram aperfeiçoar o andamento do
processo, bem como foi realizado um investimento em Poka yoke para identificação de erros
antes que se transformem em defeitos.
Recomenda-se para futuros trabalhos a implementação de ferramentas de controle de
qualidade tais como a técnica de TQC (Total Quality Control) e ISO (International
Organization for Standardization).
REFERÊNCIAS
ALENCAR, R. C.; GUERREIRO, R. A mensuração do resultado da qualidade em empresas brasileiras. Revista
Contabilidade e Finanças, São Paulo, v. 15, n. spe, p. 07-23, jun. 2004.
CARNEIRO, Marcelo Piquet. Custeio baseado em atividades (ABC): uma proposta metodológica de controle
interno. Tese (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 1994.
FAWCETT; S.; CALANTONE; R. J.; ROATH, A. Meeting quality and cost imperatives in a global market.
International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, v. 30, n. 6, p.472 – 499, 2000.
FEIGENBAUM, A. V. Controle da qualidade total: gestão e sistemas. v.1, São Paulo: Makron Books, 1994.
GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva. 1. ed., Rio de Janeiro:
Qualitymark Ed., 2002.
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