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D-2 vs Sandvik 14C28N vs 440A Este é mais um dos testes do Cabral; na verdade não se pode chamar de teste comparativo já que as variáveis eram inúmeras, desde o tipo de aço, geometria das lâminas e até dos fios. E ainda teve uma pequena “trapaça” adicionada às variáveis! D-2 vs Sandvik 14C28N vs 440A01.JPG (86.39 KiB) Mas devo afirmar que pude tirar conclusões interessantes apesar de na verdade estarmos comparando laranjas, pêras e maçãs! Explicando o teste: como já puderam acompanhar em testes anteriores, desenvolvi o meu teste padrão de corte de toucinho comum para fazer torresmo. Nos testes originais eram 15 kg de toucinho, com cada faca cortando e picando 7,5kg e depois se avaliando os fios. Hoje, no supermercado havia um toucinho comum sem gordura, ou seja, só a pele; não tive dúvida e comprei 16kg ( na verdade era o estoque restante ). As mantas de pele estavam bastante uniformes, pois foram processadas por máquinas de aparar e não por açougueiros com facas, o que resultou em mantas de mais ou menos 40x30cm e com espessura muito uniforme.

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D-2 vs Sandvik 14C28N vs 440A

Este é mais um dos testes do Cabral; na verdade não se pode chamar de testecomparativo já que as variáveis eram inúmeras, desde o tipo de aço, geometria daslâminas e até dos fios. E ainda teve uma pequena “trapaça” adicionada às variáveis!

D-2 vs Sandvik 14C28N vs 440A01.JPG (86.39 KiB)

Mas devo afirmar que pude tirar conclusões interessantes apesar de na verdade estarmoscomparando laranjas, pêras e maçãs!

Explicando o teste: como já puderam acompanhar em testes anteriores, desenvolvi omeu teste padrão de corte de toucinho comum para fazer torresmo. Nos testes originaiseram 15 kg de toucinho, com cada faca cortando e picando 7,5kg e depois se avaliandoos fios.

Hoje, no supermercado havia um toucinho comum sem gordura, ou seja, só a pele; nãotive dúvida e comprei 16kg ( na verdade era o estoque restante ).

As mantas de pele estavam bastante uniformes, pois foram processadas por máquinas deaparar e não por açougueiros com facas, o que resultou em mantas de mais ou menos

40x30cm e com espessura muito uniforme.

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O fato de não ser um teste comparativo de um tipo de aço contra outro, é porque asgeometrias das lâminas e dos fios em si eram bem diferentes, mas era o que eu tinha.

Talvez a única coisa em comum nas 3 facas fosse o desbaste de alívio de 10 graus decada lado. A Kershaw Field Knife em aço Sandvik 14C28N está com um fio de 15

graus de cada lado e tem uma dureza 61/62 HRC. A Gerber Big Rock em aço 440A estácom um fio de 20 graus de cada lado e tem uma dureza de 58 HRC. A minha D-2“custom” inicialmente estava com um fio polido de 25 graus de cada lado e tem umadureza de 60/61 HRC.

Pensando um pouco à frente, destinei 5Kg de toucinho ( pele ) para cada faca e deixei1Kg de reserva para um teste dentro do teste. Apesar de 5kg obviamente serem menosque 7,5kg dos testes originais, acredito que exigiram muito mais dos fios já que eram sóde pele e por isso mesmo um meio muito mais abrasivo que o toucinho com gordura.

As mantas eram enroladas como se fosse um rocambole e eram cortados rolinhos de

cerca de 2cm de largura que depois eram desenrolados e colocados de 2 a 2 ou de 3 a 3e fatiados em pedaços entre 2 e 3cm. Tudo isto sobre uma tábua de jacarandá.

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Iniciei pela manhã com a Kershaw. Um corte suave, preciso e que não demandavaesforço. Tem que ser levado em conta que apesar da geometria da faca e de seu fio de

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15 graus de cada lado ( 30 inclusos ) favorecerem e muito o corte, o tamanho reduzidoda faca e seu pouco peso eram fatores desfavoráveis.

Por causa da Kershaw fui obrigado a introduzir um outro fator estranho ao teste: hastescerâmicas ultra-finas para reassentar o fio ( ok, reconheço que deve haver algum nível

de afiação propriamente dita, diferente do que ocorre com uma chaira em aço liso, masa chaira que tenho tem dureza de 59/60 HRC e portanto menos dura que a Kershaw, por isso de uso não recomendado ).

Por volta dos 2kg notei que tinha que fazer mais força para fatiar a pele, e como aKershaw estava com um fio de 15 graus de cada lado e neste tipo de tarefa de corte seusa muito o push e o slice cut e por conseqüência muita carga lateral é imprimida ao fio,

 julguei ( acertadamente ) que estivesse havendo um rolamento do fio.

Foram apenas 2 passadas de cada lado no mesmo ângulo do fio ( 15 graus ). A força ou peso empregados com certeza não ultrapassaram 300g ( sensação ). Na primeira passada

era perceptível um “kârrrrrrr”; a segunda por outro lado era suave como estivesse passando em vidro. Sinal claro que o fio realmente estava rolado/virado.

Mais 1kg e apenas uma passada nas hastes cerâmicas; novamente mais 1kg e outra passada e aí foi-se até o fim ( mais 1kg ).

O fio foi então avaliado sob magnificação de 20x e nenhum dente foi encontrado; haviaum pequeno sinal de reflexo de luz ( indício de início de rolamento ), mas quenecessitava muita atenção para ser percebido. A faca fatiava papel fino de bula deremédio e rapava cabelo mas longe de ser suave. Bastou mais uma única passada nashastes ultra-finas e o fio matador estava de volta.

Com a Gerber Big Rock tive para efeito de padronização incluir as mesmas passadasnas hastes cerâmicas, e devo dizer que a melhora no fio após as passadas era

 perceptível. Ao fim, apresentava 2 pontos de cerca de 0,5cm cada que refletiamclaramente a luz e mascavam no papel. Também rapava cabelo no restante da lâmina,mas longe de ser suave.

Passei uma vez nas hastes cerâmicas, e os pontos “cegos” permaneceram, mas odesempenho do restante da lâmina ficou muito bom. Passei então 5 vezes de cada ladonas hastes e ainda assim permaneceram os pontos “cegos”. Isto de certa forma prova

que estas hastes ultra-finas basicamente reassentam e dão polimento ao fio, sendo seuefeito de afiação existente, porém bastante restrito.

Por último a faca “custom” em D-2 com o fio original de 25 graus de cada lado e polido. No primeiro rolete de pele a sensação era de estar usando um sabre de luz, detão fácil que foi o corte! Porém após fatiar o primeiro rolete, foi muito perceptível amudança no corte. Era necessário muito mais força para fatiar as peles. As hastescerâmicas foram usadas da mesma forma e nos mesmos intervalos das outras duasfacas, porém nenhum melhora perceptível no fio se deu. Ele se manteve do mesmo jeitoaté o fim dos 5 kg.

 Nenhum dente visível, sem reflexão perceptível de luz, fatiava papel fino ( com slice cut) e rapava cabelo mas de forma desagradável. Uma passada nas hastes cerâmicas não

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alterou este quadro.

Usando então as hastes cerâmicas mais grossas ( coarse, em torno de 500 ou 600 grit ),refiz o fio primário para 20 graus de cada lado. Para minha surpresa, este novo fio maisagudo não apresentou os microdentes que me fizeram aumentar o ângulo do fio na

 primeira afiação para 25 graus de cada lado. Ao menos eles não eram visíveis sobmagnificação de 20x. Fatiava papel fino e rapava cabelo sem problema.

Fui então ao corte do 1kg restante de pele. Não foi como a sensação do sabre de luz docorte inicial anterior, mas foi muito mais eficiente e confortável do que o corte que seestabeleceu após a “decadência” do fio inicial. E o mais interessante: este fio muito bomse manteve durante todo o corte deste 1kg de pele.

Sob magnificação de 20x, nenhum dente foi percebido. Apesar de a sensação de corteser de uma nano-serra, estes “nano-dentes” não são visíveis sob a magnificação de 20x.Fatiou papel sem problema e rapou cabelo como antes de cortar o 1 Kg de pele.

 Na verdade havia uma diferença que se podia perceber: a metade anterior da lâminamais usada no fatiamento da pele não era capaz do push cut no papel fino, mascando emalguns pontos; já a porção posterior da lâmina era capaz do push cut sem mascar.

Só vamos deixar claro que este push cut não é igual ao dos outros aços com fios polidos, pois é perceptível que apesar da lâmina cortar o papel basicamente sem semover, há uma sensação de “aspereza”.

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Este teste, apesar de todas a s variáveis, me confirmou algumas assertivas. É ageometria quem corta! A diferença no poder de corte entre o fio de 25 graus de cadalado da faca em D-2 e o fio de 20 graus de cada lado é absurdo!

O fio de 15 graus de cada lado da Kershaw foi o mais eficiente. O fio de 20 graus decada lado da faca em D-2 e da Gerber eram igualmente eficientes no corte, entretanto ofio menos polido do D-2 era mais agressivo e “mordia” melhor nas peles.

Os aços mais duros não apresentaram deformações permanentes que comprometessem ofio de suas facas. O aço com menor dureza apresentou uma deformação permanente( provavelmente um misto de desgaste e achatamento ou deformação plástica ) quecomprometeu o fio.

O aço 440A é mais do que adequado para as tarefas de uma faca. Sua facilidade dereafiação é algo importante a ser levado em conta. Seu resultado um pouco inferior asoutras duas facas se deu basicamente por sua menor dureza ( 58 HRC ) e não por ele ser 

um aço “inferior”.

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 Notar que esta dureza dita inferior ( 58 HRC ) é mais ou menos o padrão de várias facasde renome e portanto talvez não diferissem muito em desempenho desta faca de Gerber.É claro que aços com mais carbonetos em volume e talvez tamanho fossem menossusceptíveis à deformação plástica que ocorreu no fio desta faca devido aos repetidosimpactos na tábua de jacarandá ( que é uma madeira de lei, leve e dura ).

Mesmo com muitas variáveis acho que os amigos podem tirar conclusões próprias einteressantes deste teste de corte.