D. Difusos e Coletivos

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DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS

Livros: Cssio Scarpinella (volume sobre processo coletivo) Hugo Nigro Mazilli (A defesa dos interesses difusos em juzo) Luiz Manoel Gomes Jr. (Curso de direito processual coletivo) Ricardo Barros Leonel (Manual do processo coletivo) Fredie Didier + Hermes Jr. (v. 4, da col. Didier). Material de apoio!!! + [email protected]

1) TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO

1. EVOLUO HISTRICO-METODOLGICA

1.1.

Gerao de direitos fundamentais

DIREITOS CIVIS E POLTICOS DIREITOS ECONMICOS E SOCIAIS DIREITOS DA COLETIVIDADE DIREITOS DA GLOBALIZAO

(A) DIREITOS CIVIS E POLTICOS (sec. XVIII e ss) Surgem com a finalidade precpua de se constiturem verdadeiras LIBERDADES NEGATIVAS, no sentido de negao do poder do Estado em favor da liberdade individual. Da se desenvolvem alguns direitos como liberdade, herana, direito a voto.

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Liberalismo e Iluminismo: para alcanar os fins buscados, chegouse a um abandono total do Estado, deixando de existir limites ao capitalismo e aumentando significativamente as diferenas econmico-sociais entre as pessoas.

(B) DIREITOS ECONMICOS E SOCIAIS (sec. XIX) Surge numa tentativa de corrigir os desequilbrios provocados pelo perodo anterior, buscando uma retomada da atuao estatal atravs do que foi chamado LIBERDADES POSITIVAS. O fim passa a ser a igualdade.

Desenvolvem-se direitos tais como direito sade, saneamento bsico, etc.

(C) DIREITOS DA COLETIVIDADE (sec. XX e ss) Idia: de nada adianta garantir direitos aos indivduos se estes no o exercerem em respeito aos demais. Reconhece a existncia de direitos que transcendem o individualismo e s podem ser exercitados em coletividade. Fala-se aqui em ideal de fraternidade. Mola propulsora: sindicatos!

Surgem direitos como: das categorias profissionais, meio ambiente, patrimnio pblico, etc.

(D) DIREITOS DA GLOBALIZAO Tratam-se de direitos da transnacionalidade, que transcendem os limites entre Estados.

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1.2.Fases metodolgicas do Direito Processual Civil

Fase 1: SINCRETISMO ou CIVILISMO (D. Romano at +- 1868) Caracterstica principal: havia uma absoluta confuso metodolgica entre direito material e o direito processual (o processo era um apndice do direito material, sem qualquer autonomia). Idia: s tem ao quem tem direito. Metfora (cf. Gajardoni): o processo era o direito material pronto para a Guerra.

Fase 2: AUTONOMISMO (+- 1868 ...) Von Bulow: escreveu, em 1868, uma obra sobre a Teoria das Excees, concluindo que a relao jurdica material (bilateral) distinta da relao jurdica processual (relao jurdica autnoma exercida contra o Estado para que este interfira). O processo passa a ser visto como um fim em si prprio. J A Metfora (cf. Gajardoni): o processo era o guerreiro. B

A

B

Crtica: esta autonomia acabou por cegar o processualista, que passou a discutir em excesso o processo, esquecendo-se da relao jurdica material.

Fase 3: INSTRUMENTALISMO (+- 1950 at hoje)

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Sem perda da autonomia, deve o direito processual preocupar-se com o direito material: o processo deve ser um instrumento de ACESSO JUSTIA.

Garth + Cappelleti (obra: Acesso Justia): deve haver o resgate dos verdadeiros fins do processo (reaproximao do processo com o direito material). S atravs do direito material que o processo pode promover o acesso justia. Para tanto, seria necessrio observar 3 ONDAS RENOVATRIAS: (a) TUTELA AOS POBRES (hipossuficientes).

Da, surgem: defensoria pblica, assistncia judiciria gratuita (L. 1.060/50), etc.

(b)

Necessidade de COLETIVIZAO DO PROCESSO.

(c)

EFETIVIDADE DO PROCESSO

Ao contrrio das anteriores (j amplamente implantadas em todo o mundo), esta 3 fase ainda est em andamento. No Brasil, tem-se o exemplo do projeto de lei do novo cdigo de processo civil.

Sobre a 2 onda COLETIVIZAO DO PROCESSO

Promoo da REPRESENTAO EM JUZO dos direitos metaindividuais: Garth e Cappelleti visualizaram a necessidade de se tutelarem 3 situaes da vida que, at ento, no eram tuteladas pelo sistema de um modo geral:

(1) DIREITOS DE TITULARIDADE INDETERMINADAS H direitos que no tm quem os defenda, por serem de todos, a exemplo do meio ambiente, a moralidade, etc. A tutela criada pela coletivizao do processo se d com a definio de quem deve titularizar/defender tais direitos.

(2) BENS

E

DIREITOS

INDIVIDUAIS

CUJA

TUTELA

INDIVIDUAL

NO

FOSSE

ECONOMICAMENTE ACONSELHVEL

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 4

Em alguns casos, a tutela individual do direito individual economicamente invivel; no entanto, a leso considerada coletivamente (embora seja ela individualizada) justifica a provocao do Poder Judicirio.Ex: dficit de alguns ml de leite em cada caixinha = no interessante ao consumidor individual a discusso, mas o ser no conjunto.

(3) BENS ou DIREITOS CUJA TUTELA COLETIVA SEJA RECOMENDVEL DO PONTO DE VISTA DO SISTEMA Cada leso individual poderia ser tutelada individualmente (viabilidade econmica). Todavia, mais vivel para o sistema (e no para o jurisdicionado em si), que estas aes sejam reunidas em uma s ao coletiva.

MOLECULARIZAO DOS CONFLITOS Kazuo Watanabe Os processos devem ser molecularizados, reunidos (idia contrria atomizao dos conflitos), para que se obtenha deciso nica, singular.

Mesmo os divisveis (os interesses supraindividuais que a Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor batizou de interesses individuais homogneos) podem, se originados de uma fonte comum, merecerem um tratamento idntico: ao invs de vrias demandas (atomizao dos conflitos, como falou o Professor Kazuo Watanabe), opta-se por uma nica demanda, no se fechando a via da formao de litisconsrcio e concebendo uma eficcia da coisa julgada in utilibus: a molecularizao dos conflitos (Kazuo Watanabe, mais uma vez).

CONCLUSO: At ento, o direito civil clssico era incapaz de tutelar estas 3 situaes ( j que ), desenhado para solucionar conflitos individuais. O processo coletivo, portanto, conforme Garth e Cappelleti, nasce em virtude da inadequao do direito processual individual para a tutela de interesses metaindividuais. [ CPC]

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 5

INCOMPATIBILIDADES: O critrio de legitimidade no processo individual o de legitimidade ordinria. - As regras de coisa julgada individual so incompatveis com o processo coletivo. - Etc.

Obs. O CPC no ser utilizado em incompatibilidade j mencionada. processo coletivo, seno subsidiariamente, dada a

Veja que o processo coletivo no disputa espao com o processo individual: este tem um fim egostico, j aquele tem fim altrustico.

1.3. O processo coletivo no BRASIL

No Brasil, o processo coletivo surge com a AO POPULAR (desde as ordenaes do Reino), mas no tem grandes repercusses, a ponto de ser desconsiderada como no histrico do processo coletivo brasileiro.

Lei 6.938/81 lei do meio ambiente: trouxe a ACP Esta lei de fato considerada o marco inicial do processo coletivo no Brasil.

Lei 7.347/85 LACP + CF/88: consolidao do processo coletivo brasileiro.

CDC/90: potencializao do processo coletivo.

CODIFICAO No ano 2000, houve uma tentativa de se elaborar um CBPC (Cdigo Brasileiro de Processos Coletivos), dando ao processo coletivo uma legislao prpria e afastando, definitivamente o CPC do tema.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 6

Dois foram os projetos elaborados neste sentido: um pela USP, titularizado pela prof. Ada Pelegrini, e outro pela UERJ/UNESA, tendo sua frente Alosio Mendes). Em 2009, o MJ reuniu uma comisso de juristas (Ada, Alosio, Gajardoni, etc.) que, em princpio, concluiu pela grande dificuldade de conformao de um CBPC (difcil aprovao no Congresso, por ex), preferindo transformar a LACP em lei geral para processo coletivo, promovendo nela algumas alteraes, que hoje so objeto do Projeto de Lei 5139/09.

2. NATUREZA JURDICA DOS DIREITOS METAINDIVIDUAIS

A clssica dicotomia PBLICO x PRIVADO no se presta classificao dos direitos metaindividuais. Defende-se, portanto, a inadequao desta diviso ao Direito brasileiro: segundo Gregorio Assagra, Nery Jr., e outros, a summa divisio deve ser entre COLETIVO x INDIVIDUAL.

D. D. SUMMA DIVISIO:

aproximao em razo da grande carga de interesse social. a tutela de tais direitos no envolve, necessariamente, o Poder Pblico.

D.

Coletivo

/

D. Individual

CONCLUSO: a natureza dos direitos coletivos uma NATUREZA PRPRIA.

No entanto, preciso ter em mente que o PROCESSO COLETIVO, embora tenha natureza prpria, um processo de interesse pblico primrio.

PRIMRIO interesse da sociedade, bem geral INTERESS E PBLICO SECUNDRIO interesse do Estado, o que o Estado acha que oDIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 7

Estes interesses deveriam, em princpio ser coincidentes, mas nem sempre o so.

Por esta razo, na maioria das vezes ser o Estado colocado como ru nas aes coletivas. No mesmo sentido, aqui que se encontra justificativa para a interveno do Poder Judicirio nas aes de polticas pblicas.

3. CLASSIFICAO DO PROCESSO COLETIVO

3.1. Quanto aos sujeitos PROCESSO COLETIVO ATIVO a titularidade da ao da coletividade. PROCESSO COLETIVO PASSIVO a coletividade r.

Existe processo coletivo passivo? 1 corrente: NO ADMITE a ao coletiva passiva no direito Brasileiro. Defensores: Hugo Nigro Mazzili, Dinamarco, Arruda Alvim, Marcelo Abelha, Dinamarco. Argumentos: 1. Inexistncia de texto legal expresso; 2. No h indicao legislativa expressa quanto ao representante adequado; 3. Pelo regramento da coisa julgada, a CJ coletiva no pode prejudicar direitos individuais (tendo em vista a extenso da deciso coletiva situaes individuais cf. art. 103, CDC)

2 corrente: ADMITE a ao coletiva passiva no direito Brasileiro. Defensores: Fredie Didier Jr., Ada Pelegrini, Pedro Lenza, Gajardoni. Argumentos:1. No subsistem os argumentos da corrente contrria:

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 8

a. A atribuio de legitimao extraordinria no precisa constar de texto expresso, basta que seja retirada do sistema jurdico. Ademais, art. 81 do CDC apenas menciona defesa, no restringindo o plo processual. b. Em princpio, podem atuar no plo passivo todos os co-legitimados previstos em lei, cabendo ao juiz, no caso concreto, verificar a adequao do representante. Em se tratando de processo coletivo passivo incidental, o legitimado passivo ser a entidade que promoveu a demanda principal. c. H proposta no Projeto de Cdigo Modelo de Processos Coletivos para a Ibero-Amrica: CJ com efeito erga omnes quando o interesse for indivisvel e possibilidade de afastamento da CJ das esferas individuais em casos de interesses divisveis.

2.

A no observncia da conveno coletiva de consumo (art. 107, CDC) implicar em lide coletiva de pode gerar uma demanda judicial em que as entidades de proteo ao consumidor apaream no plo passivo;

3.

Art. 83, CDC para a defesa dos direitos coletivos lato sensu so admissveis todas as espcies de aes.

4.

S com este entendimento se explica a ao rescisria de sentena proposta pelo ru da ao coletiva ativa originria, o MS contra ato judicial ou cautelar incidental propostos pelo ru em ao coletiva.

5.

A Justia do Trabalho h muito admite discusso de conveno coletiva de trabalho (sindicato = plo passivo).

6.

Inadmitir esta ao importa em violao ao direito de ao daquele que pretenda exercer um direito seu contra um grupo (pode se defender mas no poder demandar).

7.

Ex: ao do MP em virtude de greve (da polcia federal): h coletividade no plo ativo e passivo.

O problema desta corrente definir quem representa a coletividade passiva. GAJARDONI: a questo de fato controvertida e a resposta no muito convicta, que seja: por uma questo de sistemtica, seriam legitimados os sindicatos e associaes de classe.

3.2. Quanto ao objeto

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Processo coletivo ESPECIAL so as aes de controle ABSTRATO de constitucionalidade (ADI, ADC, ADPF). Processo coletivo COMUM so todas as aes para a tutela dos interesses metaindividuais que no se relacionam ao CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE. So aes de processo coletivo comum: Ao Civil Pblica (Lei 7.347/75); Ao Coletiva (CDC para a tutela de direitos individuais homogneos); Ao Popular (Lei 4.717/65); Ao de Improbidade Administrativa (AIA L .8.429/92) no ACP!!!!!; Mandado de Segurana Coletivo (MSC).

Nome dado por alguns para indicar a ACP trazida pelo CDC. Gajardoni, Ada e outros no utilizam esta expresso, entendendo que a ACP gnero e a ao trazida pelo CDC uma de suas espcies

4. Principais PRINCPIOS DE DIREITO PROCESSUAL COLETIVO COMUM No afastam constitucionais!!!!! os princpios

4.1. INDISPONIBILIDADE (gnero)

MITIGADA

AO

COLETIVA

Art. 5, p. 3 - L. 7.347 em caso de desistncia infundada ou abandono da ao por associao legitimada, o MP ou outro legitimado assumir a titularidade ativa.

O objeto do processo coletivo no pertence ao autor da ao, mas coletividade. Logo, o autor da ao coletiva no pode dela simplesmente desistir. Processo individual: autor desiste = extino da ao Processo coletivo: autor desiste = no extino, mas sucesso processual.

ATENO: A lei fala na impossibilidade de desistncia INFUNDADA. Portanto, sendo fundada a desistncia, possvel ser a extino do processo.

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4.2. INDISPONIBILIDADE DA EXECUO COLETIVA

Art. 15, L. 7.347 Decorridos 60 dias do trnsito em julgado da sentena condenatria, sem que a associao autora lhe promova a execuo, dever faz-lo o MP, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. Art. 16, LAP - Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicao da sentena condenatria de segunda instncia, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execuo. o representante do Ministrio Pblico a promover nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave.

Uma vez obtida a condenao do ru, obrigatria a execuo da sentena, caso no haja cumprimento voluntrio. Fundamento: evitar corrupo. indisponibilidade ABSOLUTA e no mitigada! 4.3. INTERESSE MRITO JURISDICIONAL NO CONHECIMENTO DO

Este princpio interpretativo e no tem previso legal.

Idia: Deve haver uma maior flexibilizao das regras sobre a admissibilidade da ao, a bem da anlise do mrito do pedido. A extino do processo sem julgamento do mrito deve ser, sempre, evitado! Motivo: o processo coletivo trabalha com interesse pblico primrio.

4.4. PRIORIDADE NA TRAMITAO

Trata-se de princpio implcito, sem previso legal expressa. Idia:

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Um processo coletivo resolve a situao muito mais pessoas que um processo individual. Por esta razo, deve o juiz dar preferncia ao julgamento do processo coletivo em detrimento do processo individual.

Obs. H prioridades expressas na lei que prevalecem sobre essa preferncia principiolgica, quais sejam (em ordem): HC MS HD Idoso

Transporte in utilibus da coisa julgada coletiva! 4.5. MXIMO COLETIVA BENEFCIO DA TUTELA JURISDICIONAL

Por este princpio, o sistema estabeleceu que a coisa julgada coletiva s BENEFICIA os indivduos, nunca os PREJUDICA. Dispositivos legais: Art. 103, CDC 3 Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, no prejudicaro as aes de indenizao por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste cdigo, mas, se procedente o pedido, beneficiaro as vtimas e seus sucessores, que podero proceder liquidao e execuo, nos termos dos arts. 96 a 99. 4 Aplica-se o disposto no pargrafo anterior sentena penal condenatria. Art. 104. As aes coletivas, previstas nos incisos I e II e do pargrafo nico do art. 81, no induzem litispendncia para as aes individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior no beneficiaro os autores das aes individuais, se no for requerida sua suspenso no prazo de trinta dias, a contar da cincia nos autos do ajuizamento da ao coletiva.

Se a ao coletiva for procedente, a sentena pode ser executada individualmente. Se, todavia, for improcedente, o indivduo poder ajuizar ao individual.

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EXCEO: Art. 94. Proposta a ao, ser publicado edital no rgo oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuzo de ampla divulgao pelos meios de comunicao social por parte dos rgos de defesa do consumidor.

4.6. MXIMA EFETIVIDADE DO PROCESSO COLETIVO ou ATIVISMO JUDICIAL

Tal como os princpios anteriores, este tambm no tem previso legal expressa. Decorre do sistema. Nos moldes deste princpio, a doutrina amplia os poderes do juiz na conduo e na soluo do processo coletivo: o juiz tem funes extraordinrias que superam os limites daqueles impostos no processo individual. Posio proativa do Juiz em funo da maior efetividade do processo coletivo.

(a) O juiz pode flexibilizar as regras processuais e procedimentais da tutela coletiva: pode o juiz adequar o instrumento (processo) ao direito material em debate.Ex: ampliao de prazos, converso de uma ao coletiva em outra, etc.

(b) Possibilidade de controle das polticas pblicas pelo Poder Judicirio (interveno restrita IMPLEMENTAO DE DIREITOS E PROMESSAS FUNDAMENTAIS DA CF/88).

Obs. RESERVA DO POSSVEL Entende o STF que a defesa com base na reserva do possvel no vlida quando se tratam de promessas constitucionais (ncleo mnimo de direitos / garantias do indivduo).

Ex: a CF garante creches para crianas de 6 anos de idade. Se o municpio recebe verbas e, no lugar de criar creches, decide criar uma praa ou um chafariz, o Poder Judicirio poder intervir. O mesmo acontece no caso do direito sade assegurado pela CF.

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(c)

Poderes instrutrios mais acentuados.

(d) Possibilidade de o Juiz desvincular-se do pedido/causa de pedir (o juiz pode permitir a alterao dos elementos da demanda aps o saneamento do processo ao contrrio do que dispe o art. 264, CPC -, sempre permitindo a ampla defesa e o contraditrio).

4.7. MXIMA AMPLITUDE ou ATIPICIDADE ou NO TAXATIVIDADE DO PROCESSO COLETIVO

Art. 83, CDC. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este cdigo so admissveis todas as espcies de aes capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

QUALQUER AO PODE SER COLETIVIZADA!!!Ex: reintegrao de posse coletiva (invaso de reserva ambiental), ao declaratria de inexistncia de dbito coletiva.

4.8. AMPLA DIVULGAO DA DEMANDA

Art. 94, CDC. Proposta a ao, ser publicado edital no rgo oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuzo de ampla divulgao pelos meios de comunicao social por parte dos rgos de defesa do consumidor.

Idia: Proposta uma ao coletiva, deve ser dada a ela publicidade. Estabelece a maior publicidade quanto propositura da ao coletiva (edital), possibilitando a interessados o ingresso no processo.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 14

EUA: fair notice

Crticas: 1. Este princpio estabelece a publicidade da ao, e no do resultado dela (que seria de muito maior utilidade aos interessados). 2. Uso da expresso litisconsortes = como no so legitimados para a ao, no podem os indivduos ser litisconsortes, no mximo assistentes litisconsorciais.

4.9. INTEGRATIVIDADE COLETIVO

DO

MICROSSISTEMA

PROCESSUAL

Lei Deficientes LIA LACP art.21

ECA

NORMAS DE REENVIO a uma aplica-se todas as regras da outra!

CDC art. LAP90

E. Cidade aplicao integrativa

E. Idoso CPC aplicao subsidiria

Para entender:

Existem 2 leis principais para o processo coletivo: LACP e CDC. Estas leis so NORMAS DE REENVIO, uma vez que ambas trazem dispositivos que trazem para o seu corpo a aplicao da outra.

Art. 21, LACP 21. Aplicam-se defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabvel, os dispositivos do Ttulo III da lei que instituiu o Cdigo de Defesa do Consumidor. (Includo Lei n 8.078, de 1990) Art. 90, CDC Aplicam-se s aes previstas neste ttulo as normas do Cdigo de Processo Civil e da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inqurito civil, naquilo que no contrariar suas disposies.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 15

Alm destas leis principais, como no h uma codificao do processo coletivo, o legislador acabou por fazer incluir em diversas leis captulos especficos sobre o tema (ECA, Est. Idoso, etc.)

O microssistema que se formou apresenta-se ABERTO, ou seja, o ncleo se comunica, e as leis especiais se comunicam com o ncleo central e entre si!

TEORIA DO DILOGO DAS FONTES NORMATIVAS Aplicao INTEGRATIVA (e no subsidiria): h uma interpenetrao recproca de todas as leis que tratam do processo coletivo. preciso conhecer todas as leis e aplic-las conjuntamente.

O CPC no compe o microssistema processual coletivo. O CPC, neste caso, no tem aplicao integrativa, mas apenas subsidiria.

EXEMPLOS: (A) Possibilidade de inverso do nus da prova (art. 6, CDC) em qualquer processo coletivo. (B) Aplicao das regras de reexame necessrio da LAP (art. 19) s demais aes coletivas, salvo MS coletivo (que tem disciplina prpria).REsp 1.108.542-SC PROCESSUAL CIVIL. AO CIVIL PBLICA. REPARAO DE DANOS AO ERRIO. SENTENA DE IMPROCEDNCIA. REMESSA NECESSRIA. ART. 19 DA LEI N 4.717/64. APLICAO. 1. Por aplicao analgica da primeira parte do art. 19 da Lei n 4.717/65, as sentenas de improcedncia de ao civil pblica sujeitam-se indistintamente ao reexame necessrio. Doutrina. 2. Recurso especial provido.

4.10. PRINCPIO DA ADEQUADA LEGITIMAO COLETIVA

REPRESENTAO

ou

DO

CONTROLE

JUDICIAL

DA

Diversamente do sistema da class action do Direito Norte-Americano, no Brasil no qualquer indivduo que pode ajuizar ACP, vez que o legislador PRESUMIU quem so os representantes adequados da coletividade, ao elencar no art. 5 da LACP os legitimados para a propositura de aes coletivas.

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Art. 5o Tm legitimidade para propor a ao principal e a ao cautelar: (Redao dada pela Lei n 11.448, de 2007). I - o Ministrio Pblico; II - a Defensoria Pblica; III - a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios; IV - a autarquia, empresa pblica, fundao ou sociedade de economia mista; V - a associao que, concomitantemente: a) esteja constituda h pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteo ao meio ambiente, ao consumidor, ordem econmica, livre concorrncia ou ao patrimnio artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico.

A grande discusso, entretanto, que h na doutrina brasileira se, sem prejuzo do controle legislativo da representao, poderia tambm o juiz, tanto quanto no sistema norte-americano, fazer o controle judicial, reconhecendo no caso concreto a falta de representao e legitimidade do autor coletivo.

So 2 as posies, e no h posio dominante:

(1) exceo das associaes, NO possvel o CONTROLE JUDICIAL da representao adequada, uma vez que esta OPE LEGIS (decorre da lei presuno legal). Quanto s associaes h exigncias (constituio ano e pertinncia temtica) passveis de controle pelo juiz. Nelson Nery Jr.

(2) Sem prejuzo do controle legislativo, tambm POSSVEL o controle judicial da adequada representao de todos os legitimados. O controle OPE LEGIS e OPE JUDICIS. Desse modo, poderia o juiz afastar a presuno legal no caso concreto. Critrios para o controle judicial: Finalidade institucional do rgo (pertinncia temtica). Ada P. (Gajardoni).

Exemplo:DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 17

Para a 1 corrente, o MP legitimado em qualquer caso. Para a 2 corrente, o MP s ter legitimidade para aes coletivas se esta se enquadrar em uma de suas finalidades, trazidas pelo art. 127, CF:1. 2. 3. 4.

Defesa Defesa Defesa Defesa

da ordem jurdica do regime democrtico dos interesses sociais dos interesses individuais indisponveis

Ex: TV a cabo retira um canal e no reduz o preo. O MP legitimado?

4.11.

PRINCPIO DA PARTICIPAO

Explicao da Ada Grinover: quando tenho um processo individual, o jurisdicionado participa do processo, no processo por meio do contraditrio, ou seja, por manifestaes (junta prova e documentos). A participao do cidado se d no processo pelo contraditrio. No processo coletivo a participao da populao no no processo, mas pelo processo. Pois, uma ao coletiva uma maneira dos jurisdicionados e do cidado participarem da administrao. Est se tutelando algo que de toda a populao. A participao do povo se d pelo processo. O judicirio no se elege e para ter ele legitimo preciso que haja uma participao popular, assim, pela existncia do processo coletivo h a participao popular e h a participao popular no processo coletivo. A participao popular se d pelo ajuizamento da ao coletiva.

5. OBJETO DO PROCESSO COLETIVO

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 18

Art. 81, CDC. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vtimas poder ser exercida em juzo individualmente, ou a ttulo coletivo. Pargrafo nico. A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste cdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste cdigo, os transindividuais, de natureza indivisvel de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrria por uma relao jurdica base; III - interesses ou direitos individuais homogneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.

O que o processo coletivo tutela so os DIREITOS OU INTERESSES META ou TRANS ou PARAINDIVIDUAIS (ou seja, que transcendem um nico indivduo) Obs. Existe discusso acadmica se devemos tutelar interesses e direitos. Direito o interesse tutelado pela norma. Interesse uma pretenso no tutelada pela norma. A diferena acadmica, no mbito da lei no faz diferena pois ela tutela os dois.

5.1.

CLASSIFICAO

Os direitos/interesses tutelados pelo processo coletivo dividem-se em:

NATURALMENTE COLETIVOS DIFUSOS DIREITOS ou INTERESSES TRANS ou META INDIVIDUAIS (art. 81, CDC) ACIDENTALMENTE COLETIVOS

indivisibilidade do objeto

COLETIVO S

divisibilidade do objeto

INDIVIDUAIS HOMOGNEOS

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 19

DIREITOS x INTERESSES Pela Teoria Geral do Direito, estes termos so utilizados em acepes distintas: legal). INTERESSE uma pretenso no tutelada pela norma. DIREITO interesse tutelado pela norma (interesse que tem previso

Para a tutela coletiva, essa distino no tem grandes repercusses, uma vez que o caput do art. 81 menciona os dois dando-lhes tratamento idntico.

TRANS ou META INDIVIDUAIS So expresses sinnimas. Significam a transcendncia ao mbito individual, sua superao.

5.1.1. NATURALMENTE COLETIVOS Tm como trao caracterstico a indivisibilidade do objeto. Isso significa que a leso a um integrante da comunidade lesa a todos, de modo que a deciso deve ser uniforme para todos os prejudicados.

TODOS GANHAM OU TODOS PERDEM

Ex: meio ambiente, patrimnio pblico.

Tem os mesmos efeitos do litisconsrcio unitrio (deciso nica). Mas, cuidado: no se trata aqui de litisconsrcio.

(a) Naturalmente coletivos -

DIFUSOSDIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 20

So os interesses mais abstratos possveis. Atendem a um nmero de pessoas que no se tem como precisar e dentro do grupo tutelado no se chega ao consenso, pois existe alta conflituosidade interna. O que une esses sujeitos so meras circunstncias de fato.

CARACTERSTICAS:

Titulares so indeterminados e indeterminveis nunca se saber quem soos titulares dos direitos difusos.

Vnculo: os sujeitos so ligados entre si por circunstncias de fatoextremamente mutveis. No h relao jurdica entre os titulares.

Alta conflituosidade interna. Durao efmera = passageira. Alta abstrao.

EXEMPLOS: meio ambiente; moralidade administrativa; propaganda enganosa.

(b) Naturalmente coletivos CARACTERSTICAS:

COLETIVOS STRICTO SENSU

Os sujeitos tambm so indeterminados. So, porm, DETERMINVEIS porgrupo, por categoria.

Vnculo: os sujeitos so unidos por circunstncias jurdicas (existncia de relaojurdica base entre os titulares e a parte contrria). Este vnculo pode se dar entre os titulares, ou entre eles e a outra parte.

Baixa conflituosidade interna. Menor abstrao.

EXEMPLO: (1) Questes relacionadas consrcio. (2) OAB defendendo direito de advogados honorrios em atuaes em que fazem as vezes da defensoria pblica. (3) Smula 643 do STF: o MP tem legitimidade para promover ACP cujo fundamento seja ilegalidade de reajustes de mensalidades escolares os sujeitos so determinveis pelo grupo alunos de determinada escola e mantm relao jurdica com a escola (e no entre si).

5.1.2. ACIDENTALMENTE COLETIVOS:

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 21

Tm como trao marcante a divisibilidade do objeto, ou seja, uma parcela da categoria pode ganhar enquanto outra pode perder. No necessrio que haja deciso igual para todos da categoria.

So DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGNEOS trata-se de um direito individual, muito difundido na sociedade, ou seja, muita gente tem. aes repetitivas

Na essncia, so interesses individuais (cada um tem o seu, e exatamente por ser divisvel, cada indivduo tem parcela do bem ou direito tutelado). Tantos so os indivduos que possuem o bem tutelado que se pode dizer que esse direito compacto na sociedade, interesse homogneo. Os interesses acidentalmente coletivos so individuais, mas por ter nmero excessivo de titulares homogeneizado na sociedade. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGNEOS.

Opo poltica do legislador: tratar coletivamente RAZES PARA A TUTELA COLETIVA PARA UMA PRETENSO QUE INDIVIDUAL pretenses de natureza individual.(1) Molecularizao dos conflitos (Kazuo Watanabe) (2) Economia processual - reduz custo e esforo de gasto do judicirio, pois, ao invs de

julgar vrios processos individuais, julgar um coletivo.(3) Reduo de custos (4) Segurana jurdica: evita decises contraditrias (5) Aumenta o acesso Justia

CARACTERSTICAS: Sujeitos indeterminados, mas, DETERMINVEIS. No entanto, esta determinao se d na fase de liquidao/execuo, e no como grupo. A pretenso dos sujeitos tem origem comum: a origem comum entre os titulares. H uma tese jurdica comum e geral a todos. Tem natureza individual, cada um pode entrar com ao para tutelar o interesse.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 22

Obs. Fredie Didier entende que se trata de direito coletivo, e no individual.

EXEMPLOS microvilar: tanta gente lesada fez com que o direito individual fosse homogeneizado na sociedade, da a tutela coletiva. caderneta de poupana e expurgos inflacionrios casos de recall por exemplo quando veculo est com defeito

5.2.

CONSIDERAES FINAIS SOBRE O OBJETO

5.2.1. Diferenciao entre direitos/interesses coletivos - 1 Na prtica, o mesmo fato pode ensejar aes coletivas para a tutela de todos estes interesses (natural ou acidentalmente coletivos), de modo que o que define se se trata de difuso, coletivo ou individual homogneo o direito afirmado da inicial, o caso concreto. Em outras palavras: no possvel, a no ser no caso concreto e conforme a alegao do autor, definir qual o interesse objeto da ao coletiva.

Exemplo: NELSON NERY Barco Bateau Mouche que afundou no rveillon de 1988. Este evento pode dar origem a pretenso difusa, coletiva e individual homognea: Ao para pedir indenizao: ao individual homognea. Associao de defesa do turismo de Angra dos Reis entra com ao para obrigar todas as embarcaes terem coletes salva vidas: ao coletiva. MPF ajuza ao para proibir todas as embarcaes do Brasil de andarem sem coletes salva vidas para todos: interesse difuso.

5.2.2. Diferenciao entre direitos/interesses coletivos - 2DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 23

Vrios autores tm extrema dificuldade na diferenciao prtica entre os interesses difusos e coletivos (Dinamarco), e entre os coletivos e individuais homogneos (Marcelo Vigliar).Ex: caso da mensalidade escolar se o MP entra com a ao, direito coletivo, se o pai entra com a ao individual.

Portanto, h zonas cinzentas.

Gajardoni no v dificuldades na distino entre difusos e coletivos. No entanto, ele realmente v problemas na diferenciao entre coletivos e individuais homogneos.

5.2.3. Surgimento Primeiro surgiram os direitos coletivos (stricto sensu), com os sindicatos. Em seguidas, passaram a ser tutelados os direitos difusos e, s ento, direitos individuais homogneos.

6. COISA JULGADA NO PROCESSO COLETIVO

6.1.

Introduo

COISA JULGADA qualidade dos efeitos da sentena, cf. lio de Liebman, qual seja, a imutabilidade.

PREVISO LEGAL: Art. 103 e 104, CDC Art. 16, LACP Art. 18, LAP

Essas regras no se aplicam ao MANDADO DE SEGURANA COLETIVO e IMPROBIDADE (pois ambos tm regras prprias).

O estudo da coisa julgada dividido em:

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 24

Limites objetivos da coisa julgada PROCESSO INDIVIDUAL: coisa julgada atinge a lide nos limites propostos, ou seja, dispositivo. O dispositivo diz se acolhe ou rejeita o pedido da causa de pedir (art. 468, CPC).

dispositiva.

PROCESSO

COLETIVO:

o

limite

objetivo

a

parte

Limites subjetivos da coisa julgada PROCESSO INDIVIDUAL: os limites subjetivos da coisa julgada so as partes: a coisa julgada se d entre as partes, seja ela benfica ou no (pro et contra). No beneficia e nem prejudica, todavia, terceiros. (art. 472, CPC).

PROCESSO COLETIVO: efeitos erga omnes ou ultra partes. Mas nem sem ocorrer a coisa julgada, que secundum eventum litis / secundum eventum probationis. A idia de processo coletivo a de negar o art. 472 do CPC, j que o princpio de que a coisa julgada atinge terceiros. O limite subjetivo deixa de ser previsto no art. 472 do CPC e passa a ser aqueles previstos nos arts. 103 e 104 do CDC, art. 16 da LACP, art. 18 da LAP.

6.2.

Regime jurdico da coisa julgada no PROCESSO COLETIVO

partes.

Coisa julgada secundum eventum litis: pode ser erga omnes, ultra

Coisa julgada secundum eventum probationis: tem relao com a prova, ou seja, faltando a prova no se tem coisa julgada. Este o regime jurdico da coisa julgada no proc. coletivo (secundum eventum litis).

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 25

6.3.

Quadro esquemtico

Regime da coisa julgada secundum eventum litis:

Deciso ser ERGA OMNES

Deciso ser ULTRA PARS

Deciso ser sem coisa julgada material Quando a improcedncia for por FALTA DE PROVAS o sistema altera o regime jurdico e estabelece que no haver coisa julgada MATERIAL. Efeito: no impede ajuizamento de OUTRA AO COLETIVA.

Deciso: PROCEDNCIA ou IMPROCEDNCIA (no importando o motivo, a deciso valer para todos legitimados coletivos) No direito difuso Efeito: a deciso impede OUTRA AO COLETIVA (e no individual).

A COISA JULGADA SECUNDUM EVENTUM PROBATIONIS.

Deciso: PROCEDNCIA ou IMPROCEDNCIA (Quando a ao for julgada procedente ou improcedente a deciso ser ultra partes limitada ao grupo interessado. Efeito: Impede o ajuizamento de outra ao coletiva (e no individual). Se a improcedncia da ao for por FALTA DE PROVAS no haver coisa julgada nada impede a repropositura da ao coletiva

No direito coletivo

Deciso: PROCEDNCIA ou IMPROCEDNCIA Efeito: qualquer que seja a deciso proferida, no mais se permitir repropositura de ao coletiva, mesmo por falta de provas. Por se tratar de interesse individual o legislador fecha o coletivo, porm permite que se ajuze ao individual.

No direito individual homogneo

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 26

6.4.

Observaes quanto ao quadro esquemtico

(1) H autores que no distinguem este fenmeno (ultra partes) com os efeitos erga omnes Antnio Gidi. Para Gidi, na verdade, em ambos os casos a deciso vale (atinge) os interessados (ex: no caso do microvilar a deciso s atinge as mulheres que tenham tomado a plula; no caso da poupana a deciso s vlida para aqueles que tm poupana).

(2) Aplicao do princpio do mximo benefcio da tutela jurisdicional coletivaA coisa julgada coletiva, em todos os interesses metaindividuais, nunca PREJUDICA as pretenses individuais, s as BENEFICIA.

No processo coletivo permite-se o TRANSPORTE IN UTILIBUS DA COISA JULGADA COLETIVA. CONCLUSO: mesmo improcedente a coletiva, nada impede o ajuizamento da ao individual.

EXCEO: Para Hugo Nigro Mazili, o art. 94 do CDC, que faculta a atuao do interessado como PARTE (litisconsorte), apesar de estar no captulo do direito individual homogneo, tambm se aplica ao direito coletivo (nunca, porm, para os difusos): Art. 94. Proposta a ao, ser publicado edital no rgo oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como LITISCONSORTES, sem prejuzo de ampla divulgao pelos meios de comunicao social por parte dos rgos de defesa do consumidor.

Estando a ao coletiva em andamento, o artigo 94 autoriza que o interessado venha ao processo na qualidade de LITISCONSORTE. Neste caso, o interessado se transforma em parte, de forma que a coisa julgada ir lhe atingir, seja para seu benefcio ou prejuzo.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 27

Se o interessado no entra na ao coletiva, por outro lado, a coisa julgada no o alcana para prejudicar, valendo para ele a idia de que se a ao foi ajuizada pelo MP, sem sua autorizao, no pode ser ele prejudicado. Obs. Ler arts. 103,1 a 3 do CDC: Art. 103, CDC 1 Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II no prejudicaro interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe. 2 Na hiptese prevista no inciso III, em caso de improcedncia do pedido, os interessados que no tiverem intervindo no processo como litisconsortes podero propor ao de indenizao a ttulo individual. 3 Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, no prejudicaro as aes de indenizao por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste cdigo, mas, se procedente o pedido, beneficiaro as vtimas e seus sucessores, que podero proceder liquidao e execuo, nos termos dos arts. 96 a 99.

(3) Coisa julgada x suspenso do processo individual

Entretanto, para que o autor da ao individual j proposta se beneficie da coisa julgada coletiva para direitos individuais homogneos (e, para alguns, tambm para os direitos coletivos - transporte in utilibus , dever requerer a SUSPENSO da sua ao ) individual (de objeto correspondente ao coletiva) em 30 dias a contar da cincia da existncia da ao coletiva.

Art. 104, CDC. As aes coletivas, previstas nos incisos I e II e do pargrafo nico do art. 81, no induzem litispendncia para as aes individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior no beneficiaro os autores das aes individuais, se no for requerida sua suspenso no prazo de trinta dias, a contar da cincia nos autos do ajuizamento da ao coletiva.

No efetuado o requerimento de suspenso, a coisa julgada coletiva no beneficiar.

a coletiva.

Concluso: a coisa julgada individual vale mais que

PRAZO: 30 diasDIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 28

Termo inicial: cincia, nos autos da ao individual, quanto existncia da ao coletiva. DEVER DE INFORMAR: o ru na ao individual o mesmo ru na ao coletiva e, sendo assim, tem o dever de informar ao autor individual quanto existncia do processo coletivo. Se no houver o aviso, ainda que o autor perca a ao individual, ele poder se beneficiar da procedncia da ao coletiva.

SUSPENSO: uma vez requerida, o processo ficar parado por prazo indeterminado, at o julgamento da ao coletiva.

(4) OBRIGATORIEDADE / FACULTATIVIDADE da suspenso do processo individual

A regra do CDC clara no sentido de que a suspenso do processo individual FACULDADE da parte, de modo que ela pode optar por prosseguir na ao individual (e no ser beneficiada pelo processo coletivo).

O STJ, entretanto, rompendo a facultatividade da suspenso da ao individual, entendeu que, ajuizada a ao coletiva atinente macrolide geradora dos processos multitudinrios (aes repetitivas), suspendem-se OBRIGATORIAMENTE as aes individuais j ajuizadas, no aguardo do julgamento da ao coletiva, o que no impede o ajuizamento de outras aes individuais.

REsp 1.110.549-RS RECURSO REPETITIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AO COLETIVA. MACRO-LIDE. CORREO DE SALDOS DE CADERNETAS DE POUPANA. SUSTAO DE ANDAMENTO DE AES INDIVIDUAIS. POSSIBILIDADE. 1.- Ajuizada ao coletiva atinente a macro-lide geradora de processos multitudinrios, suspendem-se as aes individuais, no aguardo do julgamento da ao coletiva. 2.- Entendimento que no nega vigncia aos aos arts. 51, IV e 1, 103 e 104 do Cdigo de Defesa do Consumidor; 122 e 166 do Cdigo Civil; e 2 e 6 do Cdigo de Processo Civil, com os quais se harmoniza, atualizando-lhes a interpretao extrada da potencialidade desses dispositivos legais ante a diretriz legal resultante do disposto no art. 543-C do Cdigo de Processo Civil, com a redao dada pela Lei dos Recursos Repetitivos (Lei n. 11.672, de 8.5.2008). 3.- Recurso Especial improvido.

A partir do momento que foi criado o sistema dos recursos repetitivos no tem mais sentido deixar processar as aes individuais que quando chegar no STJ sero julgadas por amostragem cuja deciso ser aplicada a todos. Ento para no usar indevidamente a mquina judiciria melhor suspender obrigatoriamente.

No REsp STJ decidiu que ajuizada ao coletiva atinente a macrolide geradora de processos multitudinrios, suspende-se obrigatoriamente as aes individuais no aguardo doDIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 29

julgamento da ao coletiva, o que de qualquer forma no impede o ajuizamento da ao individual. Se impedir ajuizamento da ao individual viola-se o direito de petio.

Qual o fundamento dessa deciso do STJ? Aplicao analgica do art. 543-C do CPC (recursos especiais repetitivos). interpretao criticada do ponto de vista da lei, mas de acordo com o sistema tem lgica.

Exemplo: expurgos inflacionrios das cadernetas de poupana.

CONCLUSO A luz do CDC facultativa a opo pela suspenso. Pelo STJ a suspenso obrigatria.

Graas ao STJ, tem-se, hoje, 2 modelos de suspenso das aes individuais no aguardo da ao coletiva: 1 SUSPENSO VOLUNTRIA art. 104, CDC. 2 SUSPENSO JUDICIAL art. 543-C, CPC.

(5) Julgamento da ao coletiva FIM DA SUSPENSOJulgada improcedente a ao coletiva para a tutela dos direitos individuais homogneos (e, para alguns, tambm dos direitos coletivos strito sensu), a ao individual suspensa retoma seu curso, e dever ser julgada. Entretanto, se a ao coletiva for procedente, h o transporte in utilibus da deciso, extinguindo-se a ao individual (falta de interesse de agir) ou convertendo-se a ao individual em liquidao e execuo.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 30

(6) Deciso coletiva supervenienteSe a ao individual j foi julgada improcedente, com trnsito em julgado, e posteriormente sobreveio uma ao coletiva procedente (difusos, coletivos, individuais homogneos), o indivduo pode se beneficiar?

Correntes: NO.

1.

Segundo a prof. Ada Pellegrini, a se interpretar o sistema ptrio, nota-se que este prefere a coisa julgada individual coletiva, j que a individual feita para o seu caso, melhor do que coisa julgada genrica. Logo, o indivduo no vai poder ser beneficiado com a ao coletiva procedente.

2.

SIM.

Hugo Nigri Mazili sustenta que o indivduo pode se beneficiar da ao coletiva procedente, sob 2 argumentos: a) Essa possibilidade preserva o princpio da igualdade, na medida em que preserva igual direito assegurado quele que no se prontificou a defender seu interesse individual tambm ao interessado que, diligente, o fez. b) O autor da individual desacolhida no teve a oportunidade de suspender a ao individual proposta (art. 104, CDC), vez que no havia ao coletiva quele tempo.

(7) COISA JULGADA SECUNDUM EVENTUM PROBATIONISNos processos difusos e coletivos (e no nos individuais) a improcedncia por FALTA DE PROVAS coisa julgada secundum eventum probationis no faz coisa julgada material e, portanto, sempre permite a propositura de nova ao coletiva de mesmo objeto.

Ajuizada uma nova ao coletiva, ele deve conter uma preliminar indicando qual a nova prova. Se no o fizer o autor, dever o juiz determinar a emenda, sob pena de indeferimento. A nova ao pode ser proposta, inclusive, por quem foi vencido na 1 ao. A possibilidade da nova propositura decorre da LEI, de modo que no necessrio que se declare na sentena a improcedncia por ausncia de provas.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 31

A verificao dos motivos da improcedncia (direito ou falta de provas) se far com base na fundamentao da sentena.

(8) J na ao coletiva para tutela dos interesses individuais homogneos, a improcedncia por QUALQUER FUNDAMENTO (inclusive por falta de provas) faz COISA JULGADA MATERIAL, impedindo o ajuizamento de nova ao coletiva, preservando-se, apenas, a pretenso individual. Quanto aos direitos individuais homogneos o sistema no adota a coisa julgada secundum eventum probationis. OPO POLTICA DO LEGISLADOR: os individuais homogneos protegem no a sociedade e sim ao indivduo; logo perdida a coletiva, acabada a coletiva, s permitindo a via individual. (9) H precedentes da Justia do Trabalho indicando que nas aes coletivas ajuizadas por sindicatos para a tutela dos interesses INDIVIDUAIS HOMOGNEOS (e, para alguns, tambm dos interesses COLETIVOS), a improcedncia obsta, inclusive, as pretenses individuais dos sindicalizados.

Esse precedente vai contra tudo o que foi dito at agora, j que a coisa julgada no in utilibus, e sim pro et contra.

FUNDAMENTO: a sindicalizao no obrigatria! Sendo assim, diz-se que o sindicato tem representao melhor do que qualquer outro interessado coletivo (afasta a idia de que o indivduo no pediu para ser representado).

(10)

Transporte in utilibus da sentena penal condenatria

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 32

Art. 103,4 do CDC: indica a possibilidade da utilizao da sentena penal condenatria nos mesmos moldes da sentena coletiva. o transporte in utilibus da sentena penal condenatria para o cvel. Art. 103, 4, CDC - Aplica-se o disposto no pargrafo anterior sentena penal condenatria. 3 Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, no prejudicaro as aes de indenizao por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste cdigo, mas, se procedente o pedido, beneficiaro as vtimas e seus sucessores, que podero proceder liquidao e execuo, nos termos dos arts. 96 a 99.

Ex: atravs de um processo coletivo, condena-se uma pessoa por crime ambiental. Um indivduo prejudicado (ex: pescador que vivia da pesca em rio poludo), com base nesta sentena penal, promove a liquidao e execuo no cvel. A sentena penal faz as vezes de sentena coletiva.

A execuo desta sentena s pode ocorrer contra o condenado e no contra terceiros. Para condenar co-responsveis civis teria que entrar com ao autnoma.

A sentena absolutria no crime, como regra, no veda nem a ao coletiva e nem apretenso individual.

Quando ficar provada a inexistncia do fato ou inexistncia da autoria, so hiptesesexcepcionais em que h simbiose entre jurisdio penal e civil (individual e coletiva).

(11)

Atomizao - inconstitucionalidadeArt. 16, LACP. A sentena civil far coisa julgada erga omnes, nos limites da competncia territorial do rgo prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficincia de provas, hiptese em que qualquer legitimado poder intentar outra ao com idntico fundamento, valendose de nova prova. (Redao dada pela Lei n 9.494, de 10.9.1997) Art. 2o-A., L. 9.494/97. A sentena civil prolatada em ao de carter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abranger apenas os substitudos que tenham, na data da propositura da ao, domiclio no mbito da competncia territorial do rgo prolator. (Includo pela Medida provisria n 2.180-35, de 2001) Pargrafo nico. Nas aes coletivas propostas contra a Unio, os Estados, o Distrito Federal, os Municpios e suas autarquias e fundaes, a petio inicial dever obrigatoriamente estar instruda com a ata da assemblia da entidade associativa que a autorizou, acompanhada da relao nominal dos seus associados e indicao dos respectivos endereos. (Includo pela Medida provisria n 2.180-35, de 2001)DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 33

A doutrina afirma que estes dispositivos so inconstitucionais e ineficazes, sob os seguintes argumentos:

1.

Foram eles inseridos no ordenamento jurdico ptrio por meio de MP violadora da regra constitucional da relevncia e urgncia. Cssio Scarpinella Bueno

2.

Os dispositivos so ineficazes porque no houve alterao concomitante do art. 103 do CDC, que no contem tal restrio. Idia do microssistema! Ada P. G.

3.

O legislador confundiu 2 institutos processuais distintos: coisa julgada X competncia. Haveria, portanto, inconstitucionalidade pela falta de razoabilidade. Nelson Nery Jr.

PARA OS TRIBUNAIS: - No STJ, h julgados entendendo pela inconstitucionalidade destes dispositivos. - O STF, todavia, no EREsp 293.407-SP (Corte Especial) e, mais recentemente, no REsp 399.357-SP, entendeu que pelo menos para os interesses individuais homogneos, estes 2 dispositivos so vlidos.

Entretanto, neste julgamento, restou em aberto a possibilidade de se sustentar que se o rgo jurisdicional superior apreciar a questo (TJ, TRF, STJ e STF) h expanso dos efeitos da deciso para o Estado e para o Brasil, o que poderia levar a parte vencida a no recorrer para, evitando este fenmeno, manter os efeitos da deciso nos estritos limites do rgo jurisdicional de 1 grau.

(12)

Relativizao da coisa julgada

Hoje j se fala no mbito do processo coletivo em relativizao da coisa julgada coletiva. Aplica-se o regime da relativizao da coisa julgada tambm ao processo coletivo. No processo coletivo essa teoria importante tendo-se em vista os avanos na rea de cincia e tecnologia. Ex em 98 se dizia que queimar cana no fazia mal ao meio ambiente, hoje provado que faz mal, ento tem que relativizar a coisa julgada tendo em vista a situao atual.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 34

(13)

Mandado de segurana coletiva

Tudo que se disse at agora no se aplica ao MS coletivo. MS coletivo tem regime prprio, arts. 21 e 22 da nova lei de MS.

7. RELAO ENTRE AS DEMANDAS

TEORIAS

No sistema brasileiro, o que define a relao entre demandas a teoria da TRPLICE IDENTIDADE (art. 301, , CPC identidade de elementos: partes pedido causa de pedir). Art. 301, CPC 1o Verifica-se a litispendncia ou a coisa julgada, quando se reproduz ao anteriormente ajuizada. 2o Uma ao idntica outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 35

3o H litispendncia, quando se repete ao, que est em curso; h coisa julgada, quando se repete ao que j foi decidida por sentena, de que no caiba recurso. 4o Com exceo do compromisso arbitral, o juiz conhecer de ofcio da matria enumerada neste artigo.

Essa teoria, no entanto, falha. E para suprir essas eventuais falhas, os Tribunais acabam invocando, por vezes, a teoria da IDENTIDADE DA RELAO JURDICA MATERIAL (o que importa o direito material em debate; uma teoria casustica).Ex: 3 irmos so proprietrios de um imvel, e apenas um deles ajuza ao contra invasores da terra. A ao julgada improcedente. Os outros 2 irmos ajuzam nova ao (autores diversos) para o mesmo propsito (pedido e causa de pedir repetidos). No h trplice identidade, mas h identidade da relao jurdica material.

IDENTIDADES ENTRE DEMANDAS

TEORIA DA TRPLICE IDENTIDADE TEORIA DA IDENTIDADE DA RELAO JURDICA MATERIAL

EFEITOS Quem define as conseqncias da identidade total ou parcial da demanda o sistema, de modo que ele pode dar solues distintas caso a caso (extino, reunio ou suspenso de processos). Trata-se de tpica opo poltica do legislador.

7.1.

Relao entre dois processos individuais em curso: PROCESSOINDIVIDUA L

X

PROCESSO INDIVIDUA L

Havendo identidade de elementos (partes, pedidos e causa de pedir), qualquer que seja a teoria adotada, esta identidade pode ser:

TOTAL: se isso acontecer no processo civil brasileiro tem-se a COISA JULGADA (se for coisa julgada de processo que j acabou) ou LITISPENDNCIA (se for coisa julgada de processo que no acabou) art. 301 e pargrafos do CPC.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 36

Conseqncia para o processo: a extino do processo.

COISA JULGADA IDENTIDAD E TOTAL (EXTINO ART. 267, V) LITISPENDNCIA

PARCIAL: apenas um ou outro elemento coincide. Tem-se ento a CONEXO ou CONTINNCIA. Arts. 103 e 104 do CPC. Conseqncia para o processo: se possvel haver reunio para julgamento conjunto art. 105 do CPC.

CONEXO IDENTIDAD E PARCIAL (reunio para julgamento conjunto, se possvel art. 105) CONTINNCIA

Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir. Art. 104. D-se a continncia entre duas ou mais aes sempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Art. 105. Havendo conexo ou continncia, o juiz, de ofcio ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunio de aes propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente.

7.2.

Relao entre processo individual e coletivo:

PROCESSO INDIVIDUA L

X

PROCESSO COLETIVO

IDENTIDADE TOTAL no possvel! Fundamento dessa impossibilidade: somente a causa de pedir pode coincidir. Partes (formalmente): sempre distintas Pedidos: sempre distintos, tendo em vista que o pedido da ao coletiva ou difuso/coletivo ou genrico (individuais homogneos).DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 37

Ex: na ao individual o pedido valor da indenizao X, na ao coletiva o pedido indenizar todas as mulheres vtimas do microvlar.

Art. 95. Em caso de procedncia do pedido, a condenao ser genrica, fixando a responsabilidade do ru pelos danos causados.

O que diz a lei:

II e III pendncia de ao para tutela de direitos coletivos e individuais homogneos - e no os difusos, cujo pedido diverso do individual.

Art. 104. As aes coletivas, previstas nos incisos I e II e do pargrafo nico do art. 81, NO INDUZEM LITISPENDNCIA PARA AS AES INDIVIDUAIS, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior no beneficiaro os autores das aes individuais, se no for requerida sua suspenso no prazo de trinta dias, a contar da cincia nos autos do ajuizamento da ao coletiva.

IDENTIDADE PARCIAL pode ocorrer exclusivamente quanto CAUSA DE PEDIR.

IDENTIDADE PARCIAL

CONEXO No acontecer porque: (1) As partes nunca sero iguais. (2) O pedido da ao coletiva no MAIOR, e sim DIFERENTE.

CONTINNCIA

Consequncia: Suspenso da ao individual requerida pela prpria parte (suspenso facultativa art. 104, CDC) ou determinada pelo juiz (suspenso judicial REsp 1.110.549/RS).

7.3.

Relao entre processos coletivos:

PROCESSO COLETIVO

X

PROCESSO COLETIVO

Qualquer tipo de coletiva pode relacionar entre si.

IDENTIDADE TOTAL possvel haver 2 aes coletivas iguais, idnticas.Ex: aes promovidas pelo MP e por associao de proteo ao meio ambiente.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 38

COISA JULGADA IDENTIDAD E TOTAL LITISPENDNCI

Importa em EXTINO.*

Correntes:

(1) Tereza Arruda Alvim Wambier sustenta que caso deextino de uma das aes, sendo facultado ao autor da ao extinta, entretanto, ingressar como litisconsorte na ao sobejante. [minoritria]

(2) Ada Pelegrini: as aes devero ser reunidas parajulgamento conjunto, desde que possvel. No sendo possvel a reunio (se, por ex., estiverem as aes em instncias distintas), deve haver a suspenso de uma das aes. [prevalece na doutrina e na jurisprudncia] *CUIDADO:

A coisa julgada secundum eventum litis pode permitir que uma segunda ao seja proposta. Art. 103, 3, CDC - Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, no prejudicaro as aes de indenizao por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste cdigo, mas, se procedente o pedido, beneficiaro as vtimas e seus sucessores, que podero proceder liquidao e execuo, nos termos dos arts. 96 a 99

IDENTIDADE PARCIAL Sendo possvel a identidade total, certamente tambm o ser a identidade parcial. Consequncia:

Segue a regra do processo individual, ou seja, a identidade parcial leva a REUNIO para julgamento conjunto ou SUSPENSO. 7.4. Critrio para unificao de demandas coletivas relacionadas PROCESSO COLETIVO 1 PROCESSO COLETIVO 2

preveno

CRITRIOS DE PREVENO:DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 39

(a) (b)

DESPACHO POSITIVO - ART. 106, CDC CITAO - ART. 219 DO CPC.

(c) PROPOSITURA - h 2 regras da legislao especfica (art. 2 da LACP e art. 5 da LAP) que estabelecem a regra da propositura como preveno.

A regra aplicvel a da PROPOSITURA, que regra do microssistema (doutrina). O art. 5 da LAP fala em JUZO UNIVERSAL DAS AES COLETIVAS, ou seja, o juiz que receber a ao prevento para todas as outras aes.Art. 2, LACP As aes previstas nesta Lei sero propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juzo ter competncia funcional para processar e julgar a causa. Pargrafo nico A propositura da ao prevenir a jurisdio do juzo para todas as aes posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Art. 5, LAP Conforme a origem do ato impugnado, competente para conhecer da ao, process-la e julg-la o juiz que, de acordo com a organizao judiciria de cada Estado, o for para as causas que interessem Unio, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Municpio. 1 Para fins de competncia, equiparam-se atos da Unio, do Distrito Federal, do Estado ou dos Municpios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurdicas de direito pblico, bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por elas subvencionadas ou em relao s quais tenham interesse patrimonial. 2 Quando o pleito interessar simultaneamente Unio e a qualquer outra pessoas ou entidade, ser competente o juiz das causas da Unio, se houver; quando interessar simultaneamente ao Estado e ao Municpio, ser competente o juiz das causas do Estado, se houver. 3 A propositura da ao prevenir a jurisdio do juzo para todas as aes, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos. 4 Na defesa do patrimnio pblico caber a suspenso liminar do ato lesivo impugnado.

Ateno! H julgados do STJ ignorando a regra da LAP e LACP, determinando a aplicao do art. 106 do CDC e 219 do CPC.

8. COMPETNCIA NAS AES COLETIVASDIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 40

(no se aplica o dito aqui ao MS coletivo, que tem regras prprias de competncia).

(a) CRITRIO FUNCIONAL ou HIERRQUICO: O critrio funcional ou hierrquico prev foro privilegiado, que nada mais do que a possibilidade de a pessoa ser julgada diretamente pelos tribunais.

Nas aes coletivas, a regra geral de que so todas elas ajuizadas em primeira instncia. Logo, NO H FORO POR PRERROGATIVA DE FUNO (lembrar que o MS no entra nessa regra), no importando o status da autoridade.

Observaes: Houve tentativa de se criar foro por prerrogativa para aes de improbidade administrativa, atravs do art. 84 do CPP (queria que o ru de improbidade fosse julgado pelo tribunal competente para julgar crime). O STF, porm, no julgamento da ADI 2797, declarou inconstitucional este dispositivo, sob o fundamento de que s a CR pode estabelecer foro privilegiado, isso no pode ser estabelecido por legislao infraconstitucional.

De acordo com Hugo Nigri Mazili nas aes coletivas que envolvem perda de cargo, a competncia para julg-la ainda de primeiro grau, mas o juiz no poder decretar tal sano se a CR previr forma diversa de desinvestidura. Ele adepto de que improbidade administrativa se aplica ao agente poltico (no a posio do STF). Ex presidente, governador, prefeito tem formas de desinvestiduras previstas na CR, logo o juiz da ao coletiva poder aplicar qualquer outra sano que no seja a perda do cargo.

O STF, entretanto, j indicou que, se for admitida a improbidade administrativa contra ministro do STF, s o prprio STF pode julg-lo. Seria exceo a regra de que o julgamento se daria em primeira instncia.PET 3211 - DF Questo de ordem. Ao civil pblica. Ato de improbidade administrativa. Ministrodo Supremo Tribunal Federal. Impossibilidade. Competncia da Corte para processar e julgar seus membros apenas nas infraes penais comuns. 1. Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ao de improbidade contra seus membros. 2. Arquivamento da ao quanto ao Ministro da Suprema Corte e remessa dos autos ao Juzo de 1 grau de jurisdio no tocante aos demais.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 41

(b) CRITRIO MATERIAL:

Este critrio trabalha com o assunto versado na ao. Por ele, j se sabendo que o julgamento ser em 1 instncia, busca-se estabelecer qual a Justia competente: justia eleitoral, do trabalho, federal e estadual.

Observaes:

Cabe ACP/ao coletiva na justia eleitoral? Sim, em princpio cabe, desde que a causa de pedir esteja relacionado ao art. 121 da CR/88 poderia ter competncia da justia eleitoral para julgar ACP.

H competncia da ACP na rea trabalhista para discutir meio ambiente do trabalho. Smula 736 do STF.Smula 736 do STF: compete justia do trabalho julgar as aes que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas segurana, higiene e sade dos trabalhadores.

Competncias das justias comuns: federal e estadual. Os critrios constitucionais para definir a competncia no so seguros, segundo a doutrina. O critrio o do interesse da parte.

- O que disciplina a competncia da justia federal o art. 109 da CR. Ele estabelece, por exemplo, que a JF julga causas que tiver interesse da Unio, autarquias federais e EP. Ex rio que corta 2 Estados rio da Unio. Poluio nesse rio, de quem a competncia para julgar a ao coletiva? Depende se o rgo da Uniao, IBAMA e diz que tem interesse,ai competncia da JF. Se o IBAMA falar que o dano foi s em parte do rio, a parte estadual, no vai ter interesse da Unio. Mangue vai depender do rgo vir e manifestar interesse , ai ser da JF, porm se no houver interesse a competncia da justia estadual.

- Smula 150 do STJ diz que quem define se h ou no interesse do rgo federal a prpria justia federal.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 42

Ex IBAMA fala que tem interesse, juiz estadual remete ao federal, juiz federal entende no ter interesse, ai remete os autos a justia estadual, o juiz estadual no vai poder suscitar o conflito de competncia, vai ter que julgar o caso.Sm 150, STJ: compete Justia Federal decidir sobre a existncia de interesse jurdico que justifique a presena, no processo, da Unio, suas autarquias ou empresas pblicas.

(c) CRITRIO VALORATIVO: Este critrio define, nacionalmente, a competncia dos juizados especiais. Em matria de aes coletivas, porm, um critrio intil, j que de acordo com o art. 3, I da lei 10259/01 no cabe nenhuma ao coletiva no mbito dos juizados especiais.

(d) CRITRIO TERRITORIAL: Critrio que define o LOCAL onde deve ser ajuizada a ao. - H duas posies: 1 corrente aplicvel a todos os interesses metaindividuais a regra do art. 93 do CDC: se o dano for local, a competncia do local do dano; se o dano for estadual ou regional, a competncia ser da capital do Estado; se o dano for nacional, a competncia ser da DF ou da capital de qualquer dos Estados envolvidos. a posio dominante. Art. 93. Ressalvada a competncia da Justia Federal, competente para a causa a justia local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de mbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de mbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Cdigo de Processo Civil aos casos de competncia concorrente. Obs. A smula 183 do STJ foi revogada (Compete ao Juiz Estadual, nas Comarcas que no sejam sede de vara da Justia Federal, processar e julgar ao civil pblica, ainda que a Unio figure no processo) Ela trazia uma hiptese de delegao da competncia da justia federal para a justia estadual. Agora ser julgado na justia federal, ainda que no haja sede da justia federal na cidade.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 43

- 2 corrente Realiza distino em relao ao tipo de interesse coletivo protegido. Quando se tratar de interesses difusos e coletivos, aplica-se a regra do art. 2 da LACP (local do dano). Nesse caso a doutrina entende que a competncia absoluta. Art. 2 As aes previstas nesta Lei sero propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juzo ter competncia funcional para processar e julgar a causa. Pargrafo nico A propositura da ao prevenir a jurisdio do juzo para todas as aes posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. (Includo pela Medida provisria n 2.180-35, de 2001)

Se se tratar de direitos individuais homogneos, aplica-se a regra do art. 93 do CDC (dano local, regional ou nacional). Diferente da primeira corrente, entende que a competncia relativa.

(e) A QUESTO DO ART. 16 DA LACP Art. 16. A sentena civil far coisa julgada erga omnes, nos limites da competncia territorial do rgo prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficincia de provas, hiptese em que qualquer legitimado poder intentar outra ao com idntico fundamento, valendo-se de nova prova. (Redao dada pela Lei n 9.494, de 10.9.1997) Se um juiz julgar uma causa, a deciso somente ter validade no territrio em que o magistrado possui competncia. O objetivo dessa restrio diminuir o alcance do processo coletivo. Ex.: juiz de Pitangui julgou sobre poupana. Sentena s vale na comarca de Pitangui.

Doutrina A doutrina, de modo uniforme, entende que esse dispositivo inconstitucional e ineficaz por violao proporcionalidade.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 44

O objetivo lgico do processo coletivo resolver os problemas de forma coletiva e essa previso individualiza a soluo dos conflitos. ineficaz porque no houve alterao dos arts. 93 e 103 do CDC. O legislador confundiu dois institutos jurdicos: competncia e coisa julgada. Alm disso, regra geral a sentena brasileira pode at valer no estrangeiro, mas se for proferida em sede de processo coletivo no valer na comarca vizinha.

Jurisprudncia A jurisprudncia, no mbito do STJ, est uniformizada no RESP 399.357. A Corte Especial entendeu que o dispositivo constitucional. A limitao territorial vlida, ou seja, o legislador pode prever que a deciso s vale no local em que foi proferida.

EMBARGOS DE DIVERGNCIA EM RESP N 399.357 - SP (2009/0093246-5) RELATOR : MINISTRO FERNANDO GONALVES EMBARGANTE : BANCO DE CRDITO NACIONAL S/A ADVOGADO : EDUARDO ARRUDA ALVIM E OUTRO(S) EMBARGADO : INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR IDEC ADVOGADO : MARCOS VICENTE DIEGUES RODRIGUEZ E OUTRO(S) EMENTA EMBARGOS DE DIVERGNCIA. AO CIVIL PBLICA. EFICCIA. LIMITES. JURISDIO DO RGO PROLATOR. 1 - Consoante entendimento consignado nesta Corte, a sentena proferida em ao civil pblica far coisa julgada erga omnes nos limites da competncia do rgo prolator da deciso, nos termos do art. 16 da Lei n. 7.347/85, alterado pela Lei n. 9.494/97. Precedentes. 2 - Embargos de divergncia acolhidos.

ACRDO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Segunda Seo do Superior Tribunal de Justia, na conformidade dos votos e das notas taquigrficas a seguir, por unanimidade, acolher os embargos de divergncia. Os Ministros Aldir Passarinho Junior, Nancy Andrighi, Sidnei Beneti, Luis Felipe Salomo, Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), Paulo Furtado (Desembargador convocado do TJ/BA) e Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ/AP) votaram com o Ministro Relator. Impedido o Ministro Massami Uyeda. Braslia, 09 de setembro de 2009. (data de julgamento)

Essa deciso deixou uma brecha: Art. 512 do CPC (efeito substitutivo do julgamento pelo Tribunal). Uma vez que o acrdo do Tribunal substitui a sentena, o que vai acontecer com a validade da deciso?DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 45

Ex.: deciso de SP reformada por um acrdo do TJSP (ocorre substituio da sentena pelo acrdo). A competncia territorial do TJSP o Estado de SP, assim, a deciso passa a valer para todo o Estado. Se a deciso for substituda por um acrdo do STF ou do STJ, a deciso passa a ser nacional. Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituir a sentena ou a deciso recorrida no que tiver sido objeto de recurso.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 46

9. LIQUIDAO E EXECUO DE SENTENA COLETIVA

9.1.

Interesses difusos e coletivos

Existem dois tipos / modelos de liquidao e execuo de sentena coletiva: EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO COLETIVA art. 15, LACP EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO INDIVIDUAL

9.1.1.

EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO COLETIVA

Art. 15. Decorridos sessenta dias do trnsito em julgado da sentena condenatria, sem que a associao autora lhe promova a execuo, dever faz-lo o Ministrio Pblico, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. (Redao dada pela Lei n 8.078, de 1990)

LEGITIMIDADE Autor Demais co-legitimados MP

O MP atua subsidiariamente!!! O que faculdade para os particulares e obrigatrio para o MP.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 47

COMPETNCIA A competncia para a execuo/liquidao ser do prprio juzo da condenao.

DESTINATRIO Os valores arrecadados so destinados a um FUNDO DE REPARAO de bens difusos e coletivos lesados. Art. 13, LACP - Havendo condenao em dinheiro, a indenizao pelo dano causado reverter a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participaro necessariamente o Ministrio Pblico e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados reconstituio dos bens lesados. Pargrafo nico. Enquanto o fundo no for regulamentado, o dinheiro ficar depositado em estabelecimento oficial de crdito, em conta com correo monetria. Lei 9.008/95 -

- So vrios fundos: um federal (L. 9.008/95) e vrios estaduais. - Alm disso, a verba de cada tipo de condenao ir para uma conta diferente. - Praticamente todos os fundos so parecidos. O mais importante saber a finalidade do fundo: REPARAO dos bens lesados (serve para reparar os bens, fazer campanhas educativas, etc.). Esse fundo tem-se mostrado um grande problema, pois muito difcil movimentar os valores depositados nesse fundo o $$ se torna verba pblica, e a sua movimentao passa a depender de lei oramentria.

Obs. Quando o dano lesar o patrimnio pblico, a destinatria do valor da condenao ser a Pessoa Jurdica lesada, e no o fundo.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 48

9.1.2.

EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO INDIVIDUAL decorrente da sentena coletiva Art. 103. Nas aes coletivas de que trata este cdigo, a sentena far coisa julgada: I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficincia de provas, hiptese em que qualquer legitimado poder intentar outra ao, com idntico fundamento valendo-se de nova prova, na hiptese do inciso I do pargrafo nico do art. 81; II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedncia por insuficincia de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hiptese prevista no inciso II do pargrafo nico do art. 81; III - erga omnes, apenas no caso de procedncia do pedido, para beneficiar todas as vtimas e seus sucessores, na hiptese do inciso III do pargrafo nico do art. 81. 1 Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II no prejudicaro interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe. 2 Na hiptese prevista no inciso III, em caso de improcedncia do pedido, os interessados que no tiverem intervindo no processo como litisconsortes podero propor ao de indenizao a ttulo individual. 3 Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985, no prejudicaro as aes de indenizao por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste cdigo, mas, se procedente o pedido, beneficiaro as vtimas e seus sucessores, que podero proceder liquidao e execuo, nos termos dos arts. 96 a 99. 4 Aplica-se o disposto no pargrafo anterior sentena penal condenatria.

Lembrar do transporte in utilibus da sentena coletiva art. 103 CDC Ex.: poluio em um Rio. O pescador individual pode pegar a sentena do difuso para executar o prejuzo que ele sofreu.

LEGITIMIDADE: vtimas ou seus sucessores.

LIQUIDAO DE SENTENA Para que as vtimas e sucessores recebam o dinheiro, antes da execuo, necessrio realizar liquidao da sentena genrica coletiva. Regra geral, a liquidao serve apenas para calcular o quantum, mas no processo coletivo essa liquidao serve para apurar o quantum e o an debeatur, ou seja, alm de apurar valores, essa liquidao exige a prova do dano e do nexo causal

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 49

Ex.: O pescador, antes de mais nada, dever provar que ele pescador naquele rio e s depois que ser calculado o valor do seu ressarcimento. por causa da necessidade de provar o an debeatur que alguns preferem o termo HABILITAO e outros a denominam LIQUIDAO IMPRPRIA.

DESTINATRIO DO VALOR DA INDENIZAO: vtimas e sucessores.

COMPETNCIA CONCORRENTE: So competentes para o processamento da pretenso individual o JUZO DO DOMICLIO DO LESADO (art. 101, I do CDC) ou JUZO DA CONDENAO (art. 98, 2, I do CDC).

A opo da vtima ou de seus sucessores.

Art. 101. Na ao de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e servios, sem prejuzo do disposto nos Captulos I e II deste ttulo, sero observadas as seguintes normas: I - a ao pode ser proposta no domiclio do autor; Art. 98. A execuo poder ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vtimas cujas indenizaes j tiveram sido fixadas em sentena de liquidao, sem prejuzo do ajuizamento de outras execues. (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995) [...] 2 competente para a execuo o juzo: I - da liquidao da sentena ou da ao condenatria, no caso de execuo individual;

9.2.

Interesses individuais homogneos

Existem dois tipos / modelos de liquidao e execuo:DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 50

EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO INDIVIDUAL art. 97, CDC EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO INDIVIDUAL COLETIVA EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO COLETIVA RESIDUAL

9.2.1. EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO INDIVIDUAL

Art. 97, CDC. A liquidao e a execuo de sentena podero ser promovidas pela vtima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82. Aplica-se, aqui, todo o exposto no tpico 9.1.2.

Legitimados: vtima e sucessores. necessrio realizar a denominada liquidao imprpria. O destinatrio do dinheiro a vtima ou seus sucessores e a competncia a do juzo da condenao ou do domiclio da vtima.

Honorrios AdvocatciosSmula 345 do STJ: so devidos honorrios advocatcios pela Fazenda Pblica nas execues individuais de sentena proferida em aes coletivas, ainda que no embargadas. Ver. Art 4 que dispe que nas aes individuais em execuo se no houver embargos interpostos pela Fazenda Pblica no ser devidos honorrios advocatcios.

9.2.2.

EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO INDIVIDUAL COLETIVADIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 51

Art. 98, CDC. A execuo poder ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vtimas cujas indenizaes j tiveram sido fixadas em sentena de liquidao, sem prejuzo do ajuizamento de outras execues. (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995) 1 A execuo coletiva far-se- com base em certido das sentenas de liquidao, da qual dever constar a ocorrncia ou no do trnsito em julgado. 2 competente para a execuo o juzo: I - da liquidao da sentena ou da ao condenatria, no caso de execuo individual; II - da ao condenatria, quando coletiva a execuo.

A execuo da pretenso individual coletiva a execuo das pretenses individuais j liquidadas, em conjunto. Ex.: vrias mulheres lesadas pela plula de farinha j liquidaram a sentena individual homognea e j sabem o valor da indenizao de cada uma delas. A elas optam por executar em conjunto ao invs de executar individualmente. LEGITIMIDADE: luz do art. 98 os legitimados so os arrolados art. 82 do CDC. Trata-se de hiptese de representao (age em nome das vtimas em defesa do direito das vtimas): esses rgos agem em nome das mulheres para executar valores que pertencem s mulheres.

Art. 82. Para os fins do art. 81, pargrafo nico, so legitimados concorrentemente: (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995) I - o Ministrio Pblico, II - a Unio, os Estados, os Municpios e o Distrito Federal; III - as entidades e rgos da Administrao Pblica, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurdica, especificamente destinados defesa dos interesses e direitos protegidos por este cdigo; IV - as associaes legalmente constitudas h pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este cdigo, dispensada a autorizao assemblear. 1 O requisito da pr-constituio pode ser dispensado pelo juiz, nas aes previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimenso ou caracterstica do dano, ou pela relevncia do bem jurdico a ser protegido.

DESTINATRIO $$: O destinatrio da indenizao a vtima ou seus sucessores. Marcelo Abelha diz que esta ao uma ao pseudo-coletiva (falsa ao coletiva), isto pois, a pretenso discutida individual.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 52

COMPETNCIA: A regra diferente: no obstante a pretenso seja individual, a execuo coletiva. Por isso somente competente o juzo da condenao.

9.2.3. (fluid recovery)

EXECUO / LIQUIDAO DA PRETENSO COLETIVA RESIDUAL

Art. 100, CDC. Decorrido o prazo de um ano sem habilitao de interessados em nmero compatvel com a gravidade do dano, podero os legitimados do art. 82 promover a liquidao e execuo da indenizao devida. Pargrafo nico. O produto da indenizao devida reverter para o fundo criado pela Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985.

CONCEITO Fenmeno a partir do qual, no havendo habilitados em nmero compatvel extenso dos danos, permite-se aos legitimados coletivos apurar o valor supostamente devido e execut-lo a bem no mais dos indivduos, mas sim da coletividade, sendo manejados para o fundo do art. 13 da LACP reparao fluda. Ex.: caso da plula de farinha. O juiz partiu do pressuposto de que aproximadamente 1500 mulheres foram lesadas e condenou o laboratrio a indeniz-las, mas apenas 50 executaram individualmente (dificuldade de prova, etc.). O valor que seria para as 1450 mulheres restantes no lucro do laboratrio, ser objeto dessa execuo.

Isso foi copiado do sistema norte americano: fluid recovery uma exceo, somente ocorre se as vtimas no aparecerem!!!

LEGITIMADOS: Aqueles do art. 82 do CDC e art. 5 da LACP, mas isso s depois de passados 1 ano legitimao condicionada.

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 53

DESTINATRIO DA INDENIZAO:

Fundo do art. 13 da LACP. No so as outras vtimas, porque no se sabe quem so elas. Art. 13, LACP - Havendo condenao em dinheiro, a indenizao pelo dano causado reverter a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participaro necessariamente o Ministrio Pblico e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados reconstituio dos bens lesados. Pargrafo nico. Enquanto o fundo no for regulamentado, o dinheiro ficar depositado em estabelecimento oficial de crdito, em conta com correo monetria.

COMPETNCIA: juzo da condenao. Art. 98, 2 do CDC. Art. 98. A execuo poder ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vtimas cujas indenizaes j tiveram sido fixadas em sentena de liquidao, sem prejuzo do ajuizamento de outras execues. (Redao dada pela Lei n 9.008, de 21.3.1995) 2 competente para a execuo o juzo: I - da liquidao da sentena ou da ao condenatria, no caso de execuo individual; II - da ao condenatria, quando coletiva a execuo. Critrios para estimativa do valor devido: - gravidade do dano - nmero de indivduos habilitados e indenizados

9.3.

Observaes finais

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 54

Se o dano for ao patrimnio pblico, o dinheiro no vai para o fundo, mas para o prprio patrimnio pblico.

No concurso entre a indenizao de pretenses coletivas e individuais, as pretenses individuais tm preferncia, depois as pretenses coletivas e sobrando dinheiro paga as pretenses difusas. Art. 99, CDC. Em caso de concurso de crditos decorrentes de condenao prevista na Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 e de indenizaes pelos prejuzos individuais resultantes do mesmo evento danoso, estas tero preferncia no pagamento. Pargrafo nico. Para efeito do disposto neste artigo, a destinao da importncia recolhida ao fundo criado pela Lei n7.347 de 24 de julho de 1985, ficar sustada enquanto pendentes de deciso de segundo grau as aes de indenizao pelos danos individuais, salvo na hiptese de o patrimnio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das dvidas.

Cria-se um compasso de espera da execuo em favor do fundo para aguardar a execuo das pretenses individuais, salvaguardando a ordem de pagamento preestabelecida.

PROBLEMA: Uma vez encaminhado o dinheiro para o fundo, pergunta-se o que seria feito se as vtimas aparecessem e, aps liquidao, efetuassem a execuo. O dinheiro no sairia do fundo, pois se trata de verba pblica contingenciada. Tampouco seria razovel exigir-se do devedor novo pagamento, no h soluo para este problema. Alguns, portanto, sustentam que uma vez indenizado o fundo prescreveriam as pretenses das vtimas, de modo que, aps isto, no poderia haver novas execues.

PRESCRIO E DECADNCIA: - Prescrio a perda da pretenso. - Decadncia a perda do direito material. Aplica-se para as pretenses constitutivas e pretenses potestativas.

Prescrevem as pretenses coletivas:

DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 55

1. AO POPULAR: art. 21 da Lei 4717/65 5 anos a partir do conhecimento do fato (idia de publicidade do fato) A pessoa jurdica poder entrar com a ao individual. Ex. o cidado possui 5 anos para ingressar na justia para tentar reverter um dano cometido contra o patrimnio publico, o que no significa que a pessoa jurdica no possa depois deste prazo ingressar individualmente para reverso fora do prazo de 5 anos.

2. AO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA art. 23 da Lei 8429/92 5 anos do fim do mandato/cargo em comisso e se tratar de funcionrios do quadro administrativo ser de 5 anos a partir do processo administrativo (sano).

3. MANDADO DE SEGURANA COLETIVA Lei 1201609 o prazo de decadncia ser de 120 dias.

4. AO CIVIL PBLICA no existe previso legal, assim 3 posies: 1 corrente: Seria uma das aes perptuas, sem prazo prescricional. No h interesse monetrio. Edis Milar

2 corrente: A prescrio da ACP definida pela pretenso de direito material subjacente (discutido) posio majoritria na doutrina. 3 corrente: O STJ aplica o microssistema, buscando o prazo de 5 anos na Lei da ao popular e na Lei da Ao de improbidade administrativa REsp 911961-SP

STJ porm, faz 2 ressalvas sustentando a imprescritibilidade da ACP: a) Quando tratar-se de dano ao Patrimnio pblico Resp 1107833 SP b) Quando tratar-se de Meio Ambiente Resp 1120117 - AC

2) AO CIVIL PBLICA

1. PREVISO LEGAL E SUMULAR

A ACP nasceu com o art. 14, 1 da Lei 6.938/81 (lei nacional do meio ambiente), que deu incio s discusses de ao civil pblica a cargo do MP. Sua preocupao era exclusivamente ambiental.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 56

Art. 14 - Sem prejuzo das penalidades definidas pela legislao federal, estadual e municipal, o no cumprimento das medidas necessrias preservao ou correo dos inconvenientes e danos causados pela degradao da qualidade ambiental sujeitar os transgressores: 1 - Sem obstar a aplicao das penalidades previstas neste artigo, o poluidor obrigado, independentemente da existncia de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministrio Pblico da Unio e dos Estados ter legitimidade para propor ao de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

O nome ACP deriva da idia de ao penal pblica. O MP passou ento a ter no apenas a ao penal pblica, mas tambm a ao civil pblica.

Surgiram vrios projetos para regulamentar esse artigo. O projeto elaborado pelo MP/SP (Milar) junto com o da Ada Pelegrini, Kazuo Watanabe e Dinamarco deu origem lei 7.347/85. Esta nova lei ampliou a abrangncia da ACP para alm dos interesses ambientais.

O advento da CR/88 reforou a ao civil pblica com seu art. 129, III. Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico: III - promover o inqurito civil e a AO CIVIL PBLICA, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

Em 1990, a ACP ganhou ainda mais fora com o CDC.

Obs. Pelo histrico, observa-se que a ACP veio ganhando fora. No entanto, tambm houve retrocessos, em geral por meio de MPs, tal como ocorreu com a insero do art. 16 (limite territorial das decises em ACP), depois convertido em lei.

Apesar dos 20 anos de vigncia da LACP, o tema tem apenas 2 smulas em vigor. Smula 643, STF: O ministrio pblico tem legitimidade para promoverao civil pblica cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.

Smula 329, STJ: O MP tem legitimidade para propor ao civil pblicaem defesa do patrimnio pblico.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 57

Os titulares do direito so identificados por categoria.

2. OBJETO DA AO CIVIL PBLICA

Tutela preventiva (inibitria ou de remoo do ilcito) ou ressarcitria (material e moral) dos seguintes bens e direitos metaindividuais: Meio ambiente Consumidor Bens de valor histrico cultural Qualquer outro direito metaindividual Ordem econmica Ordem urbanstica

Art. 1 Regem-se pelas disposies desta Lei, sem prejuzo da ao popular, as aes de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redao dada pela Lei n 8.884, de 11.6.1994) l - ao meio-ambiente; ll - ao consumidor; III ordem urbanstica; (Includo pela Lei n 10.257, de 10.7.2001) (Vide Medida provisria n 2.180-35, de 2001) IV a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico; V - por infrao da ordem econmica e da economia popular; (Redao dada pela Medida provisria n 2.180-35, de 2001) VI - ordem urbanstica. (Redao dada pela Medida provisria n 2.180-35, de 2001) Pargrafo nico. No ser cabvel ao civil pblica para veicular pretenses que envolvam tributos, contribuies previdencirias, o Fundo de Garantia do Tempo de Servio - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficirios podem ser individualmente determinados. (Includo pela Medida provisria n 2.180-35, de 2001) Art. 3 A ao civil poder ter por objeto a condenao em dinheiro ou o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer. Art. 11. Na ao que tenha por objeto o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, o juiz determinar o cumprimento da prestao da atividade devida ou a cessao da atividade nociva, sob pena de execuo especfica, ou de cominao de multa diria, se esta for suficiente ou compatvel, independentemente de requerimento do autor.DIREITOS DIFUSOS e COLETIVOS pg. 58

2.1.

TUTELA PREVENTIVA ou RESSARCITRIA - Marinoni

PREVENTIVA TUTEL AS RESSARCIT RIA

INIBITRI A DE REMOO DO ILCITO

As tutelas preventiva e ressarcitria se diferenciam no momento da atuao judicial frente o dano: TUTELA PREVENTIVA antes da ocorrncia do dano; EVITAR.

Se antes da ocorrncia do ilcito = tutela preventiva inibitria (evitar o ilcito). Se aps a configurao do ilcito = tutela preventiva de remoo (afastar o atoilegal e/ou danoso, evitando ou diminuindo o dano). TUTELA RESSARCITRIA = aps a ocorrncia do dano; REPARAR.

Ex.: importao de medicamento proibido. Tutela inibitria = impedir o ingresso d