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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2008
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
HÉLIO SALDANHA JÚNIOR
JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ
PONTA GROSSA – PR2008
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
HÉLIO SALDANHA JÚNIOR
JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ – JOCOP’S
Material Didático-Pedagógico elaborado para definir diretrizes de ação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE Secretaria de Estado da Educação do Paraná através do Núcleo Regional de Ponta Grossa, em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson
PONTA GROSSA - PR2008
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................4
ESPORTE......................................................................................5
ESPORTE ESCOLAR.......................................................................9
JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ.....................................................12
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................18
REFERÊNCIAS.............................................................................19
INTRODUÇÃO
O tema esporte sempre se faz presente na pauta das discussões no
seio da sociedade, quer seja de caráter informal, no dia-a-dia ou de maneira
formal por ocasião de eventos científicos. O encadeamento de discussões
que permeia o tema esporte faz com que o mesmo assuma uma posição
crescente e de destaque, pois despertam emoções, paixões e interesses
diversos instando nas pessoas uma transformação substancial.
No ambiente educacional as atividades práticas das aulas de
educação física ao longo dos anos tem pautado no esporte como o seu
principal fio condutor. Denominado de esporte escolar traz como um dos
seus princípios básicos o desempenho esportivo.
Neste sentido, o objetivo central do presente estudo apresentado em
forma de caderno temático visa à reflexão e o debate á respeito da
concepção formulada e praticada referente aos Jogos Colegiais do Estado do
Paraná.
A problemática central que permeou este estudo procura refletir o
entendimento de que apesar da mudança de paradigmas no tocante aos
aspectos metodológicos e organizacionais, os Jogos Colegiais do Paraná
continuam a ser referência esportiva no contexto escolar brasileiro.
ESPORTE
A importância da atividade esportiva no âmbito da sociedade pode ser
contextualizada desde os primórdios da civilização. Inicialmente centrado
nos povos egípcios, assírios, hebreus e babilônios que o tinham com
finalidades religiosas e militares e posteriormente com os chineses com o
desenvolvimento do Kung-Fu.
A civilização grega traz em sua história um envolvimento “sui
generis” com a atividade física e com o esporte. Historiadores nos dão
conta que o povo grego no afã de aprimorar e desenvolver a força física e
do culto ao corpo sistematizam a prática do desporto aliado a cultura e a
educação. Esta importância do esporte para o povo grego pode ser
observada nas reflexões feitas pelo filosofo Sócrates.
Nenhum cidadão tem o direito de ser um amador na matéria de adestramento físico, sendo parte de seu ofício, como cidadão, manter-se em boas condições, pronto para servir ao Estado sempre que preciso. Além disso, que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ter visto a beleza e sem ter conhecido a força de que seu corpo é capaz de produzir. (www.multirio.rj.gov.br)
Além de Sócrates outros filósofos gregos abordaram sobre a
importância do esporte na formação do ser humano. Aristóteles e
Hipócrates reconheceram também o valor dado aos exercícios físicos e ao
esporte. As reflexões desses conduziam para a máxima de que a educação
do corpo deveria preceder a do intelecto.
A importância dada ao esporte pelo povo grego pode ser observada
até nos dias atuais por ocasião da organização dos Jogos Olímpicos, o qual é
considerado como a manifestação máxima do desporto mundial. Os Jogos
Olímpicos permaneceram vivos até a conquista de Grécia pelos romanos em
456 A.C. perdendo assim a sua finalidade precípua de integração.
Na Idade Média a prática das atividades físicas e do desporto vive um
novo processo de estagnação em virtude dos ditames estabelecidos pela
igreja. A máxima estabelecida neste período para a humanidade era
centrada na purificação da alma e não ao culto e desenvolvimento do corpo.
Como não há mal que sempre dure, no período da Renascença (século
XVI e XVII), a prática de atividades físicas e do desporto volta à tona, ainda
de forma incipiente. A redescoberta da importância da atividade física e do
desporto configura-se a partir do século XVIII quando advém a
sistematização da Educação Física na Europa.
Com o advento da ginástica alemã, a qual traz em seu contexto uma
valorização do processo nacionalista, da ginástica sueca com objetivos
terapêuticos e preventivos, do método calistênico e posteriormente do
método natural de Joinvile Le Pont.
Problemas extra-esportivos, vivenciados pela humanidade, trazem
novamente conseqüências danosas para o esporte. As duas guerras
mundiais, com o cancelamento de três edições dos Jogos Olímpicos nos
anos de 1912, 1940 e 1944. A guerra fria onde a máxima de que o
“importante é competir” dão lugar às ideologias políticas. O esporte de
rendimento, os processos de profissionalização de atletas, o marketing
esportivo, passam a fazer parte da vida esportiva transformando os
paradigmas até então praticados, ampliando desta maneira o conceito de
esporte.
Neste aspecto o Brasil teve o seu momento relevante quando o
selecionado brasileiro de futebol sagrou-se tri Campeão na copa do mundo
realizada no ano de 1970 no México, no bojo desse processo foi
desenvolvida a política do “esporte para todos". O País ganha "uma nova
ordem social" na perspectiva da descoberta de talentos, pois se pretendia
fazer parte da vanguarda esportiva mundial e entrar para o seleto grupo
dos países desenvolvidos.
Esta busca pelo esporte competitivo pode ser observada,
particularmente, em clubes, nas categorias de base, com a especialização
precoce, não sendo casos generalizados e, nas escolas, com as turmas de
aula treinamento.
A questão mercantilista percebe o avanço do esporte rendimento e
passa a usá-lo na divulgação de produtos para venda. No Brasil um dos
primeiros fatos ocorreu em 1938, com o lançamento do chocolate diamante
negro numa homenagem ao atleta Leônidas da Silva – artilheiro da Copa do
Mundo de Futebol.
A presença do esporte rendimento como um dos meios de divulgação
e promoção de produtos transforma os conceitos de esporte. Passa a ser
considerando como esporte espetáculo. Equipes passam a ser patrocinadas,
eventos esportivos recebem apoio dos mais diversos setores da economia
mundial com o intuito de divulgar seus produtos, atletas passam a ser
garotos-propaganda, as redes de TV criam programas esportivos em suas,
enfim é o envolvimento do esporte de rendimento no processo de
globalização.
O esporte ao pertencer à indústria do entretenimento, setor
responsável pela maior movimentação de dinheiro e pelo maior número de
empregos no mundo registra um movimento financeiro algo em torno de
US$ 1 trilhão. Trata-se hoje de uma das mais lucrativas indústrias do
planeta.
A evolução do processo esportivo tem acompanhado os mais diversos
ditames dos avanços tecnológicos e mercadológicos, no que tange a
material esportivo, formas de treinamento, patrocínios, marketing tornando-
o mais atraente para o consumo.
A atividade esportiva nos dias de hoje apresenta em seu contexto
esportivo, educacional e social conexões importantes dentro de sua
estrutura organizacional.
Para os profissionais da área do esporte vem se tornando cada vez
mais instigante e desafiador acompanhar o seu desenvolvimento.
Discutir sobre a importância da atividade esportiva no âmbito da
sociedade, dentro de um contexto permeado pelo avanço de novos recursos
tecnológicos, novas concepções de treinamentos, a busca da maximização
do valor do desempenho do atleta e que torna as competições esportivas
um espetáculo.
Paes (2006) justifica este interesse crescente pelo esporte:
O fator responsável pelo significativo aumento da demanda esportiva refere-se ao esporte espetáculo, ao assim declarar que “observa-se hoje que a adesão ao esporte cresce de forma nunca antes verificada. Sendo assim, buscando proporcionar ao
praticante uma melhor convivência com o fenômeno, faz-se necessário dar ao esporte um tratamento pedagógico”. (2006: p.35)
Ao analisar a colocação feita por Paes visualiza-se que o esporte está
presente no cotidiano, inserido em associações, clubes esportivos,
entidades especializadas em esportes e principalmente na escola. Pode ser
contextualizado em três vertentes. A primeira delas refere-se ao esporte-
desempenho, objetivando o rendimento dentro de uma obediência às regras
existentes para cada modalidade esportiva; a segunda ao esporte-
participação, na qual sua finalidade é o bem estar e participação do
praticante; e a terceira vertente ao esporte educação, que possui uma meta
de caráter formativo.
Pode-se considerar que esporte praticado na escola ainda é a base
para iniciação esportiva em função de que o mesmo e é uma atividade de
formação, de saúde de prevenção de distorções sociais (violência, uso de
drogas), uma vez que, trata essencialmente, do ser humano e de suas
relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo em que vive.
Devido à importância do esporte ele é embasado legalmente pela
Constituição Federal de 1988 que em seu artigo 217, estipula “É dever de o
Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de
cada um, observados: (...) II - A destinação de recursos públicos para a
promoção prioritária do desporto educacional” (...).
A presença do esporte na escola tem como objetivo a formação do
cidadão para atuação direta na sociedade. Assim democratizar o acesso à
prática e à cultura do esporte como instrumento educacional, visando o
desenvolvimento integral das crianças e adolescentes como meio de
formação da cidadania, melhoria da qualidade de vida e correção de
distorções sociais, torna-se indispensável na escola.
ESPORTE ESCOLAR
Quando se aborda e discute o modo como o esporte vem sendo
trabalhado no contexto escolar, as divergências surgem. A ênfase dada ao
desempenho técnico-mecânico e a competitividade dentro e fora das aulas
são os principais quesitos que têm ocasionado esta problematização.
A procura por campeões tem levado à especialização precoce inibindo
o desenvolvimento do potencial psicomotor das crianças dentro das escolas.
Oliveira ao se referir ao esporte na escola destaca que este sofre
influências da tendência tecnicista “[...] As influências tecnicistas fazem
com que a atividade do jogo esteja sistematicamente voltada para o
desempenho e para os resultados de alto rendimento” (1986, p. 77).
Mesmo assim, muitos professores e pesquisadores da área têm
travado diversas batalhas em favor do esporte como parte importante e
integrativa do conteúdo das aulas de Educação Física, na tentativa de
resgatar o seu valor educativo.
Teodorescu afirma que o conhecimento e a prática do desporto são
atos culturais importantes na Educação Física e esta se apresenta como um
componente essencial para o desenvolvimento integral do ser humano
através da educação:
O conhecimento e a prática do desporto constituem atos de cultura: a cultura desportiva – tal como a cultura física – representam domínios da cultura material e espiritual universal. Ao mesmo tempo, o desporto constitui um excelente meio da Educação Física, componente importante e inseparável da educação geral e multilateral característica do mundo contemporâneo (1984, p. 15).
Atentos ao processo esportivo no contexto da escola Shigunov e
Pereira destacam o papel do esporte no processo ensino aprendizagem.
A partir da entrada na escola, os desportos coletivos poderão desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento corporal e social da criança, desde que se relacionem com os fatores gerais da educação, numa exploração organizada e lúdica,
direcionada para os objetivos multidisciplinares, características do processo ensino-aprendizagem atualmente proposto e visando ao desenvolvimento das potencialidades, bem como à integração na vida em sociedade. (1993, p. 89)
Com respeito às atitudes e procedimentos dos profissionais da área de
Educação Física, relacionados à aplicação das técnicas das modalidades
esportivas, Gonçalves destaca:
O professor ao procurar que o aluno desenvolva habilidades técnicas e desportivas, deve ter sempre presente à unidade da expressão corporal: a intrínseca ligação da execução do gesto e do desempenho no esporte com a realidade existencial do aluno - temores, bloqueios, aspirações, fantasias, formas de se relacionar com outros. (1994, p. 163).
Com relação ao caráter lúdico do esporte na escola, Cagigal (1981, p.
154) afirma: “O esporte, em toda sua variada dimensão, desde o espetáculo
mundial até o anônimo esforço individual, deve reter-se para cima de toda
sua condição lúdica”.
Cagigal (1981, p. 189) entende que para se desenvolver o valor
educacional do esporte, e que este contribua com a aquisição de atitudes
para as pessoas viverem melhor consigo mesmas e com os outros, devem
ser observadas algumas regras: jogar; dar asas à necessidade humana de
movimento; por em ação o corpo e espírito (podendo somar também o
psíquico); estimular o esforço orgânico; habituar-se à superação pessoal;
restabelecer o equilíbrio psicossomático (geralmente perdido pelo hábito
sedentário); aprender experimentalmente (sem experimentos nem testes) a
rica alternativa da tensão distensão; expressar estados internos; praticando
o ócio; atuar em equipe; vincular os interesses particulares aos do grupo;
aprender que o jogo da vida sempre tem adversário; aceitar a derrota;
comunicar-se com a linguagem simples de movimentos e habilidades
universais inteligíveis; liberar-se.
O desenvolvimento de atitudes representa um imperativo humano
para as relações sociais. O esporte escolar, dentro de sua especificidade
pode desenvolvê-las em seu contexto o que representa o valor educacional
do esporte. Principalmente nos dias atuais em que o fenômeno esportivo
tem se caracterizado pela constante e crescente visibilidade.
Freire (1991) afirma que os professores deveriam estar realmente
preocupados com o desenvolvimento das características humanas. Ao invés
de tentar eliminar o caráter competitivo dos jogos e que deveriam procurar
compreendê-lo e utilizá-lo para valorizar as relações ao afirmar: “Creio ser
mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do que
nunca competir” (1991, p.153).
Ao analisar as colocações feitas pelos autores observa-se a
importância dada ao esporte dentro da escola, com ênfase à maneira de
condução deste conteúdo nas aulas de Educação Física. O lúdico aparece
como fator determinante, para que o esporte possa realmente fazer parte
no desenvolvimento da criança e também a participação de todos os alunos
nas atividades desenvolvidas, possibilitando a criatividade e a
espontaneidade.
JOGOS COLEGIAIS DO PARANÁ
A história do desporto no Paraná tem demonstrado que as atividades
esportivas sofrem variações de um período ao outro, estabelecendo
configurações complexas e suscetíveis de diferentes interpretações.
Entre estas configurações esportivas, um fato que merece ser
analisado, expondo a sua evolução histórica, as circunstâncias, as suas
formas de ligação e de associações de como se fez presente na história do
esporte paranaense é os Jogos Colegiais do Paraná (JOCOP’S).
Os JOCOP’S, evento máximo do desporto estudantil, tiveram a sua
origem no ano de 1953, por ocasião das festividades alusivas a
emancipação política do estado do Paraná. Nesta sua primeira edição,
realizada na cidade de Curitiba, contou com a participação de alunos
oriundos de estabelecimentos de ensino de seis municípios paranaenses:
Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa.
Os JOCOP’S ao longo dos anos foi ampliando gradativamente a sua
estrutura organizacional, quer seja, pelo considerável aumento no número
de participantes ou ainda pela inclusão de novas modalidades. Nos anos
noventa chegou a ser considerado como um dos principais jogos escolares
do Brasil.
Um dos fatores relevantes para este sucesso foi à implantação de
treinamentos em contra turno na escola pública, desta forma os professores
montavam seus grupos específicos, visando os Jogos Colegiais.
Finck (1995) enfatiza o importante papel da escola ao oferecer este
tipo de atividade, tanto nas aulas de Educação Física como nos
treinamentos esportivos, e destaca a dificuldade encontrada pela grande
maioria das crianças, principalmente no que diz respeito ao acesso a clubes
sócio esportivos. Desta forma, ela pode escolher a modalidade desportiva de sua
preferência e praticá-la adequadamente. E complementa:
O esporte como o meio mais rico e simples instrumento
pedagógico na Educação Física Escolar, que pode incutir no
educando a vontade de crescer enquanto indivíduo, dando-lhe a
sensação de que sua situação social não é final e pode num
determinado momento, ser revertida. (Finck, 1995, p. 53)
Apesar de sua crescente importância, os jogos não aconteceram no
período de 1999 a 2002, em virtude de seu cancelamento por parte do
então Governo Estadual, trazendo prejuízos para o sistema esportivo do
estado na formação de atletas e principalmente como um meio de inclusão
social.
A determinação de interromper a realização os jogos trouxe à baila
uma série de reflexões sobre a sua importância no contexto educacional,
esportivo e social do estado, que vão desde o afastar a criança da
marginalização, das drogas e da prostituição até a sua manutenção na
escola, além de oportunizar uma formação mais democrática à criança.
Alheio a quaisquer manifestações sobre o seu cancelamento,
poderíamos até dizer que foi um período negro na história do desporto
estudantil. Tal afirmativa sustenta-se no retrocesso que o estado teve na
questão de formação de novos atletas e, por conseguinte, na participação
em eventos esportivos nacionais voltados para o desporto estudantil.
Em 2003 o governo do estado retoma a realização dos JOCOP’S, sendo
os principais objetivos (SEED, 2008. p8):
I Promover o desporto, através de jogos que envolvam várias modalidades esportivas, dando oportunidade de participação a um número de alunos, despertando o gosto pela prática dos esportes, com fins educativos e formativos.II Congregar os alunos das várias regiões do estado, propiciando o estímulo recíproco, intercâmbio social, a vivência e reflexo sobre os aspectos positivos do esporte, contribuindo para situar a escola como centro cultural, desportivo e formativo da comunidade.III Propiciar a oportunidade para o surgimento de novos talentos esportivos, enfatizando os valores educacionais dos jogos colegiais do Paraná.IV Favorecer o desenvolvimento global dos alunos e sua integração na sociedade.V Proporcionar atividades que contribuam para o aprimoramento psicomotor dos alunos.VI Estimular a participação dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) de várias idades:VII Favorecer aos alunos a aquisição de experiências que venham enriquecer seus conhecimentos e facilitar sua relação com o meio, contribuindo desta forma para o exercício da cidadania.
Este retorno busca a integração da comunidade paranaense
colocando lado a lado jovens de escolas públicas e privadas, moradores de
assentamentos rurais e de reservas indígenas, portadores de necessidades
especiais, jovens de diferentes credos e etnias do Paraná.
Aliado a isto a Secretaria de Estado da Educação estabelece nas
Diretrizes Curriculares para a Educação Física a valorização da prática do
esporte como um fator determinante na formação do aluno.
Garantir aos alunos o direito de acesso e de reflexão sobre as práticas esportivas, além de adaptá-las à realidade escolar, devem ser ações cotidianas na Rede pública de ensino. Nesse sentido, a prática pedagógica de Educação Física não deve limitar-se ao fazer corporal, isto é, ao aprendizado única e exclusivamente das habilidades físicas, destrezas motoras, táticas de jogo e regras. Ao trabalhar o conteúdo estruturante esporte, os professores devem considerar os determinantes histórico-sociais responsáveis pela constituição do esporte ao longo dos anos, considerando a possibilidade de recriação dessa prática corporal (SEED, 2008: p.33).
Nuzman, ao abordar sobre a importância do esporte na escola,
destaca que o “COB considera que a prática esportiva é um dos melhores
caminhos para a orientação sadia dos jovens na nossa sociedade e a escola
é o melhor celeiro para a descoberta de valores” (2000, p.14).
Bracht & Almeida (2003: p. 94) consideram que esse discurso seria a
retomada da idéia da pirâmide esportiva, “[...] subordinando, mais uma vez,
o desporto escolar àquilo que é de interesse do esporte de alto rendimento.
[...] Em outras palavras, a subordinação da Educação Física à política
esportiva”.
Ao analisar a colocação de Nuzman e de Bracht & Almeida
poderíamos contextualizar os JOCOP’S como um projeto a principio redentor
para as aulas de Educação Física, uma vez que seria por meio deste que ela
se reintegraria à lógica do sistema esportivo (de rendimento).
De acordo com Montagner (1993, p. 36), do ponto de vista geral,
seria importante que a escola voltasse a desenvolver o esporte com essa
ênfase, pois seria um segmento que poderia fornecer esse serviço às
crianças e jovens impossibilitados de freqüentar os clubes e que não
possuem grande talento desportivo. Isto diminuiria a tendência elitizante do
esporte atual.
No caso especifico dos JOCOP’S tem despertado os estudantes
paranaenses para a prática desportiva e promovem o seu desenvolvimento
físico, construindo valores e levando à prática de hábitos saudáveis.
Atento a esta manifestação por parte da comunidade estudantil onde
os espaços escolares se transformam em espaços de formação e
treinamento de alto nível, o atual governo investiu cerca de R$ 2,5 milhões
para sua realização no ano de dois mil e oito, nas diversas regiões do
Estado, cerca de quatrocentos e cinqüenta mil estudantes participam desta
competição (SEED, Jornal Educação, 2008, p. 31).
Ao analisar a participação das escolas e municípios jurisdicionados ao
Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa (região dos Campos Gerais)
referentes aos anos de 2005 a 2007-, constatamos:
ANO DE 2005
Modalidades
DisputadasNaipe Faixa Etária
AtletismoBasquetebol
FutebolFutsal
HandebolTênis de mesa
Voleibol
Xadrez
Masculino
e
Feminino
14 anos – Grupo B
17 anos - Grupo A
Participantes CampeõesEscolas Públicas 20 05
Escolas Particulares 14 11
ANO DE 2006
Modalidades
DisputadasNaipe Faixa Etária
AtletismoBasquetebol
FutebolFutsal
HandebolTênis de mesa
Voleibol
Xadrez
Masculino
e
Feminino
14 anos – Grupo B
17 anos - Grupo A
Participantes CampeõesEscolas Públicas 21 10
Escolas Particulares 11 21
ANO DE 2007
Modalidades
DisputadasNaipe Faixa Etária
AtletismoBasquetebol
FutebolFutsal
HandebolTênis de mesa
Voleibol
Xadrez
Masculino
e
Feminino
14 anos – Grupo B
17 anos - Grupo A
Participantes CampeõesEscolas Públicas 27 09
Escolas Particulares 10 09
Partindo do ano de dois mil e cinco houve um aumento significativo na
participação de escolas públicas, sendo que a participação de escolas
particulares se manteve.
Apesar do aumento de participação das escolas públicas nos JOCOP’S
no período analisado, observamos que as escolas particulares obtiveram
resultados mais expressivos, chegando ao topo do pódio 41 vezes, sendo
que as escolas públicas apenas obtiveram 24 primeiros lugares.
Nos anos oitenta nas escolas da rede pública estadual eram
oferecidas as denominadas aulas treinamento, funcionando fora do horário
normal das atividades curriculares. Estas atividades eram desenvolvidas
por professores de Educação Física, responsáveis pela formação das
respectivas turmas de treinamento, que visavam o aprendizado e/ou
aperfeiçoamento da modalidade preferida, sendo que o objetivo principal
era centrado na participação dos Jogos Escolares Municipais, Regionais e, na
fase final do Estado, caso a escola obtivesse classificação.
Devido à importância dos JOCOP’S para os alunos das escolas públicas
como foi exposto, as aulas treinamento seriam importantes que fossem
retomadas?
Diante do apresentado, fica mais uma vez evidente a necessidade de
trabalharmos junto aos professores da Rede Pública Estadual para a partir
da análise dos Jogos Colegiais no Paraná, repensarmos nossa atuação como
professores de Educação Física, especialmente na forma de trabalhar o
Esporte da Escola, na rede pública.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude do desenvolvimento histórico, social e cultural das
sociedades o esporte tem assumido um papel de destaque. A influência da
mídia e do mercado tem procurado orientar uma concepção de esporte
pautada no individualismo, na competitividade e no máximo rendimento
dos atletas.
De acordo com os principais documentos que orientam o esporte
escolar no Paraná o ele deve servir de instrumento para a participação
social e contribuir para a formação integral dos alunos.
Os Jogos Colegiais do Paraná trazem esta concepção. O que
pretendemos problematizar para a reflexão e debate entre os profissionais
de Educação Física nas escolas é a forma como os Jogos vêm sendo
interpretados pelos professores e como os desenvolvem em suas práticas
escolares. Como devemos interpretar os resultados obtidos pelas escolas
públicas? Como os alunos percebem suas participações nos Jogos Colegiais?
Estas são questões que norteiam o tema e que devem relacionar-se à
concepção dos Jogos Colegiais. O presente Caderno Temático visa contribuir
para este debate.
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PARANÁ ESPORTES, Regulamento geral dos jogos oficiais do Paraná, Jogos Colegiais do Paraná, 2007, p. 5
SEED, Coletânea dos Jogos Colegiais do Paraná, 2005, 2006 e 2007
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http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/livro_e_diretrizes/diretrizes/diretrizeseducacaofisica72008.pdf
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http://www.multirio.rj.gov.br/portal/area.asp?box=N%F3s+da+Escola&area=Na+Sala+de+Aula&objeto=na_sala_de_aula&id=71630. 30/11/2008.
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