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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · Filosofia com habilitação em História. Orientadora: Isabel Aparecida Bilhão, ... Na tradição africana, a fala, ... com a revolta dos negros

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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A VIDA DOS AFRO-BRASILEIROS:

UMA HISTÓRIA QUE DEVE SER CONTADA

(UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO COLÉGIO ESTADUAL FRANCISCO FERREIRA BASTOS)

Artigo realizado como conclusão à participação no PDE do Estado do Paraná período 2009-2011

Professor PDE: Manoel dos Santos Vidal, Professor de História do Colégio Estadual Francisco Ferreira Bastos, graduado em Filosofia com habilitação em História. Orientadora: Isabel Aparecida Bilhão, Doutora em História, Professora Adjunta do Departamento de História da UEL.

RESUMO: Este artigo visa uma reflexão sobre a história da África, como pioneira em muitos

conhecimentos científicos e filosóficos. Com a chegada dos europeus, no século XV, esse

continente sofreu muitos conflitos, porque o tráfico de escravos negros era uma grande fonte

de lucro. A escravidão no Brasil foi uma guerra cotidiana, que causou sofrimentos e morte. O

racismo é histórico, velado e institucional, mas também surgem elementos de resistência,

organização, formas de lutas e suas culturas, não apenas no passado, mas também no presente.

A implementação do projeto foi uma possibilidade de refletir e valorizar a importância da

etnia africana na formação cultural brasileira.

Palavras-chave: África, escravidão, racismo, resistência e cultura.

ABSTRACT: This article aims a reflection about the History from Africa as pioneer in much

scientific and philosophic knowledge. With the arrival of Europeans in the century XV, this

continent suffered many conflict, because the traffic of Negro slaves was a big source of

profit. The slavery in the Brazil was a quotidian war that caused suffering and death. The

racism is historical, dissembled and institutional, but also arise elements of resistance,

organization, forms of contest and their culture, no just in the past, but also in the present. The

performance of this project, was a possibility for to reflect and to value the importance of

African ethnic in the Brazilian cultural formation.

Key words: Africa, slavery, racism, resistance and culture.

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1. INTRODUÇÃO

O PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) caracterizado pela formação

continuada tem como principal objetivo a reinserção dos professores da rede nas Instituições

de Ensino Superior. A integração do Ensino Superior com as escolas públicas estaduais de

Educação Básica tem como intuito a superação da dicotomia entre teoria e prática, presentes

na formação dos professores da Educação Básica, promovendo assim, um espaço para a

construção coletiva do saber. Os professores são produtores de conhecimento, neste sentido,

aplicamos o projeto de intervenção pedagógica (cultura afro-brasileira: uma abordagem de

resgate), com o objetivo de refletir sobre a história da África; o sofrimento na escravidão e

resistência; o processo de exclusão e racismo do passado e ainda presentes no dias de hoje. O

principal objetivo deste projeto é ir ao encontro às reais necessidades dos problemas

enfrentados na escola como evasão e discriminação étnico-raciais ainda presentes nos

estabelecimentos de ensino públicos do Paraná.

A importância de se estudar a história de africanos e de afro-descendentes está

relacionada às profundas relações que guardamos com a África. No geral, somos frutos dos

encontros e confrontos entre diferentes grupos étnicos como indígenas, europeus, africanos e

outros.

Entendemos que história do Brasil e história da África estão intimamente relacionadas,

cabendo ao professor ampliar a discussão sobre, por exemplo, a escravidão, introduzindo

elementos da história dos africanos, de sua cultura e não tratá-los como simples mercadoria,

que enriquecia europeus e tiveram seu trabalho explorado à exaustão no Brasil antes e após a

independência política.

Nessa perspectiva, não podemos tratar a questão africana apenas do ponto de vista da

escravidão, como se fosse uma questão isolada e superada pela assinatura da Lei Áurea, em

1888. Um ponto de partida para ampliar nossa visão e tentar superar as visões estereotipadas

sobre o tema é procurar recuperar os elementos da resistência negra, suas formas de luta e de

organização, sua cultura, não apenas no passado, mas também no tempo presente.

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2. ÁFRICA ANTES DOS EUROPEUS

Durante a implementação do projeto na escola, abordamos a história da África, antes

da chegada dos europeus, refletindo a sua grandeza cultural e complexidade, principalmente

das regiões que trouxeram centenas de milhares de africanos para o Brasil como escravos, e

que muito contribuíram para a formação da cultura brasileira, como por exemplo, a congada,

ritmo e bailado de origem congolesa. A África foi pioneira em muitos conhecimentos

científicos e filosóficos. No século XV, havia na África, império e reinos organizados (Mali e

Congo). A cidade de Tombuctu, no império de Mali, possuía 150 escolas e uma universidade,

com milhares de estudantes vindos de vários lugares. “Os professores eram bem pagos e

podiam dedicar todo o seu tempo ao ensino e à pesquisa” (MAESTRI, 1988 p. 29). Nesta

linha rejeitamos toda a representação ideológica da África como um lugar atrasado, primitivo,

sujo, inóspito, cheio de animais ferozes.

A história africana se fundamenta na tradição oral, e nenhuma tentativa de conhecer a

história e o espírito dos povos africanos terá validade a menos que se apóie nessa herança de

conhecimentos de toda espécie, pacientemente transmitidos de boca a ouvido, de mestre a

discípulo, ao longo dos séculos. Essa herança ainda não se perdeu e reside na memória da

última geração de grandes depositários, de quem se pode dizer são a memória viva da África.

Entre as nações modernas, onde a escrita tem precedência sobre a oralidade, onde o

livro constitui o principal veículo da herança cultural, durante muito tempo julgou-se que

povos sem escrita eram povos sem cultura. Felizmente, esse preconceito infundado começou a

desmoronar após as duas últimas guerras, graças ao notável trabalho realizado por alguns dos

grandes etnólogos do mundo inteiro.

Para alguns estudiosos, o problema todo se resume em saber se é possível conceder à

oralidade a mesma confiança que se concede à escrita quando se trata do testemunho de fatos

passados. Não é esta a maneira correta de se colocar o problema. O testemunho, seja escrito

ou oral, no fim não é mais que testemunho humano, e vale o que vale o homem. E nesta

questão sobre as fontes orais, afirma o historiador Dhiogo José Caetano:

A utilização de fontes orais não se limita a uma simples questão e consciência e vontade; o uso sistemático e fontes orais na pesquisa histórica são relativamente recentes, portanto seus aspectos técnicos e de ordem metodológica, ainda bastante polêmica. Trabalhar com fontes orais implica o

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respeito a uma serie e regras metodológicas que o historiador utiliza para produzir informações convenientes contrastadas sobre estrutura, funcionamento e transformação as sociedades humanas. O pesquisador que utiliza fontes orais tem de estar em condições de argumentar, a todo o momento sobre o caráter representativo da origem da informação obtida. O uso de fontes orais nos permite um aprofundamento na história de grupos sociais que, por razões diversas, estiveram marginalizados ou quase ausentes das fontes documentais escritas, de outro lado, nos permite penetrar na percepção do processo histórico feito por indivíduos ou grupos concretos. (CAETANO, 2009, www.webartigos.com/articles/29043/1/O.../p.html).

A criança aprende primeiro a falar e só depois a escrever. Depois da oralidade nasce a

escrita. Os primeiros arquivos ou bibliotecas do mundo foram o cérebro dos homens. Antes de

colocar seus pensamentos no papel, o escritor ou o estudioso mantém um diálogo secreto

consigo mesmo. Antes de escrever um relato, o homem recorda os fatos tal como lhe foram

narrados ou, no caso de experiência própria, tal como ele mesmo os narra.

Na tradição africana, a fala, que tira do sagrado o seu poder criador e operativo,

encontra-se em relação direta com a conservação ou com a ruptura da harmonia no homem e

no mundo que o cerca. Por esse motivo a maior parte das sociedades orais tradicionais

considera a mentira uma verdadeira lepra moral. Na África tradicional, aquele que falta à

palavra mata sua pessoa civil, religiosa e oculta. Ele se separa de si mesmo e da sociedade.

Seria preferível que morresse, tanto para si próprio como para os seus.

O chantre do Komo, Dibi de Kulikoro, no Mali, cantou em um de seus poemas rituais:

A fala é divinamente exata, convém ser exato para com ela. A língua que falsifica a palavra vicia o sangue daquele que mente. O sangue simboliza aqui a força vital interior, cuja harmonia é perturbada pela mentira. "Aquele que corrompe sua palavra, corrompe a si próprio", diz o adágio. Quando alguém pensa uma coisa e diz outra, separa-se de si mesmo: Rompe a unidade sagrada, reflexo da unidade cósmica, criando a desarmonia dentro e ao redor de si (HAMPATÉ BÂ, 1997, p.187).

Agora podemos compreender melhor em que contexto mágico-religioso e social se situa

o respeito pela palavra nas sociedades de tradição oral, especialmente quando se trata de

transmitir as palavras herdadas de ancestrais ou de pessoas idosas. O que a África tradicional

mais preza é a herança ancestral. O apego religioso ao patrimônio transmitido exprime-se em

frases como: "Aprendi com meu Mestre", "Aprendi com meu pai", "Foi o que suguei no seio

de minha mãe". Neste sentido escreve o filósofo e doutor em educação, Eduardo David de

Oliveira:

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A palavra aparece visceralmente ligada a Força Vital. O detentor primordial da palavra é o preexistente, assim como é ele o detentor daquela. A palavra, com efeito, muitas vezes aparece nas cosmogonias africanas como um subsídio fundamental para a criação do mundo e neste caso é portadora da “força” que anima e vitaliza o mundo. O homem, por sua vez, ao ser criado, recebe a Força Vital e o poder da palavra, que são equivalentes, visto que a palavra é concebida como uma energia capaz de gerar coisas. (OLIVEIRA, 1972. p. 45).

3. RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO

A vida sob a escravidão no Brasil era uma guerra cotidiana, silenciosa, não-declarada,

mas nem por isso menos violenta. O processo que levou ao fim da escravidão foi longo e

difícil. Longo porque durou quase todo o século XIX e difícil porque envolveram fugas

arriscadas, formação de quilombos, revoltas urbanas de escravos, repressão e disputas na

justiça. Enquanto durou a escravidão, houve resistência. Os escravizados resistiam por meio

da força, da desobediência, da fuga e até mesmo da busca de autonomia cultural, isto é, da

liberdade de poder cantar, dançar e orar à sua maneira. Os historiadores, João José Reis e

Eduardo Silva (1989) propõem uma nova e instigante abordagem para essa questão,

desenvolvida no livro “Negociação e Conflito”, de que entre a passividade absoluta e a

agressividade cega, que alguns historiadores acostumaram atribuir ao escravo, havia uma

posição intermediária: a da negociação. Segundo esses autores:

Uma das tecnologias mais complexas da época, a fabricação de açúcar não seria simplesmente viável sem uma negociação, um acordo sistêmico qualquer, entre senhores e escravos. O risco de sabotagem, que era enorme, e a necessidade de conhecimentos técnicos específicos. A sabotagem era um perigo constante: Fagulhas de fogo nos canaviais, limão nas tachas, dentes quebrados na moenda – tudo podia arruinar a safra. Na verdade, a produção açucareira exigia destreza e arte: O problema nunca se limitava simplesmente a quantidade ou a produtividade dos trabalhadores, mas dependia também de suas qualidades e de sua cooperação (REIS e SILVA, 1989. p. 18).

O historiador Sidney Chalhoub (1988) em seu artigo “Medo branco em almas

Negras”, explica que havia, também no Rio Janeiro, o medo dos comerciantes, dos

administradores das cidades e dos fazendeiros, da possibilidade de um levante em massa dos

negros contra os seus algozes, a exemplo do que aconteceu em Salvador, com a revolta dos

negros de Malês. O nome Malês foi devido a que os líderes da revolta pertenciam a uma

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religião mista de elementos africanos e muçulmanos. Neste contexto afirmou o historiador

Alfredo Boulos Júnior:

Nem todos os rebeldes eram malês. Muitos praticavam outra religião e só participaram da revolta movidos pela esperança de uma vida melhor. Os negros, escravos ou libertos, eram explorados no trabalho, desprezados por sua cor e perseguidos por causa de suas religiões Todos entraram no Brasil como escravo. Tinham motivo de sobra para deixar de lado diferenças de origem e de religião e lutar contra seus opressores (BOULOS, 2006. p. 211).

Com facas, espadas e lanças enfrentaram os soldados do governo, que possuíam

armas de fogo: espingardas, pistolas e garruchas. Lutaram durante toda a madrugada do dia 25

de janeiro de 1835. Queriam tomar o governo da Bahia e por fim na exploração e nas

divisões. O governo sufocou a rebelião e em março de 1835. Centenas de escravos libertos

foram mandadas de volta para África (BOULOS, 2006).

3.1. Zumbi dos palmares

Entre tantos líderes que lutaram para libertação dos escravos, Zumbi, nascido em

Alagoas, no ano de 1655, foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares que morreu

lutando por liberdade e igualdade. A palavra Zumbi, ou Zambi, vem do africano quimbundo

“nzumbi”, e significa, grosso modo, “duende”. No Brasil, Zumbi significa fantasma que,

segundo a crença popular afro-brasileira, vagueia pelas casas a altas horas da noite.

O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares,

Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns)

formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas brasileiras. Ele ocupava uma

área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de

Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas. Zumbi,

com quinze anos, retornou ao seu local de origem. E se tornou conhecido pela sua destreza e

astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos

anos. Palmares sempre tirou o sono dos senhores de engenho luso-brasilieros e das

autoridades portuguesas. Para eles:

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Palmares era um mau exemplo para os escravizados. Os poderosos enviaram expedições conta o quilombo. As primeiras expedições oficiais contra Palmares foram derrotadas pelos quilombolas. A guerra prolongou-se por dezenas de anos. As autoridades decididas a vencer a forte resistência palmarina contrataram o mercenário Domingos Jorge Velho para comandar a destruição de Palmares (BOULOS, 2009, p. 22).

Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos

Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a

capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por

Antonio Soares. Zumbi foi surpreendido pelo cap. Furtado de Mendonça em seu reduto

(talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resistiu, mas foi morto com 20 guerreiros quase

dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e

levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública,

visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi. Maria

Izabel Bebela Ramos de Siqueira escreveu um artigo trazendo detalhes sobre a morte de

Zumbi:

1695, 20 de Novembro: Zumbi, então aos 40 anos, foi traído e denunciado por um antigo companheiro Antonio Soares, ele é localizado pelo capitão Furtado de Mendonça, preso, tem a cabeça cortada, salgada e levada, com o pênis dentro da boca, ao governador Melo de Castro. Ainda no, mesmo ano, D. Pedro II de Portugal premia com 50 mil réis o capitão Furtado de Mendonça por haver matado e cortado a cabeça do negro dos Palmares, Zumbi (SIQUEIRA, 2000).

Zumbi é hoje, para a população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data

de sua morte (20 de novembro de 1695) foi adotada como o dia da Consciência Negra. As

comemorações deveriam ir além da exploração folclórica. A capoeira faz parte de uma cultura

de resistência. E, a partir dela, também podemos falar sobre outras formas de resistência como

dos quilombolas que fugiam da escravidão, a resistência religiosa com o sincretismo entre

santos católicos e orixás, a resistência na literatura como nas poesias de Castro Alves e Solano

Trindade e nas obras de Machado de Assis, Lima Barreto, Abdias do Nascimento, Joel Rufino

e tantos outros. (http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/zumbidospalmares.htm).

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3.2. A abolição dos escravos se configurava irreversível

O sociólogo Lúcio Kowarick, em seu livro: “Trabalho e vadiagem” (1994) analisa que

a escravidão estava materialmente condenada, era um processo em andamento que já não

tinha mais volta, a abolição se configurava irreversível. Os escravos resistiam à escravidão

por meio da força, da desobediência, da fuga e até mesmo da busca de autonomia cultural.

Mas houve, também no Brasil, o movimento abolicionista, liderado por pessoas

inconformadas com a escravidão, que ganhou forças na segunda metade do século XIX. A

campanha pelo o fim da escravidão era feita por meio de passeatas, comícios e outras

manifestações públicas. Participavam do movimento políticos de família tradicional, como

Joaquim Nabuco, homens livres e membros das classes populares, como o jornalista negro

José do Patrocínio, o engenheiro André Rebouças e o advogado baiano Luís Gama.

Por volta de l807, a Inglaterra proibiu o comércio de africanos para suas colônias e

passou lutar contra o tráfico negreiro. Como os países onde vigorava a escravidão, entre eles o

Brasil, não tomavam providências para punir os traficantes de escravos, conforme desejavam

os ingleses, o Parlamento inglês decidiu agir:

Em 1845 aprovou uma lei chamada Bill Aberdeen. Essa lei autorizava os navios ingleses a prender ou bombardear os navios negreiros e a levar os contraventores para serem julgados na Grã-Bretanha. No entanto, nos anos subseqüentes a essa lei, continuou bastante ativo o tráfico de escravos para o Brasil. Os ingleses chegaram a invadir águas brasileiras para prender navios negreiros. Acuado, o governo brasileiro aprovou em 1850 a Lei Eusébio de Queirós, que proibia definitivamente a entrada de africanos escravizados no Brasil. O tráfico negreiro passava a ser considerado, a partir de então, um ato de pirataria e como tal seria julgado (BOULOS, 2006, p. 11).

De acordo com a pesquisa de Boulos (2006), só restou à princesa Isabel e seus

conselheiros aprovar a Lei Áurea, declarando extinta em 13 de maio de 1888. A lei libertou

700 mil escravos, cerca de 5% da população brasileira, composta na época por 15 milhões de

pessoas. Neste sentido, a libertação dos escravos não foi uma dádiva da princesa ou um

presente das elites. Foi uma conquista através das lutas de resistências empreendidas pelos

escravos, do movimento abolicionista e as pressões internacionais.

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4. O RACISMO VELADO E INSTITUCIONAL

Segundo a historiadora Maria Luisa T. Carneiro, o racismo: “é uma doutrina que

afirma haver relação entre características raciais e culturais e que algumas raças são por

natureza, superiores a outras.” (CARNEIRO, 1996, p. 6).

Pode-se então perguntar: O que é racismo velado? É o preconceito racial, invisível

para muitos, principalmente para aqueles que não sofrem com ele. Os negros com baixa

escolaridade e pouca qualificação profissional, historicamente construída, foram obrigados a

aceitar os piores serviços e os mais baixos salários. Teorias trazidas da Europa afirmavam que

negros e índios eram “raças inferiores” que impediam o Brasil de tornar-se um país civilizado.

Já os brancos eram vistos como a “raça superior”. No início da industrialização brasileira, os

empresários preferiam dar emprego aos imigrantes europeus, alegando que os negros eram

preguiçosos, indisciplinados e não tinham experiência profissional. Hoje, provavelmente, os

negros, por serem apresentados em contexto de carência social, pouco aparecem nos cadernos

e seções de economia. Os personagens brancos ocupam espaços de prestígio social, os negros

tendem a ser apresentados em profissões menos qualificados. Faça um “experimento”: abra

um jornal de grande circulação e observe quantos negros “engravatados” aparecem nesses

espaços.

Atitudes preconceituosas não podem ser cometidas abertamente desde a constituição

de 1988, quando o racismo foi declarado crime inafiançável e imprescritível. A discriminação

não é fruto de atitudes (preconceitos) individuais, mas da lógica política, econômica e cultural

historicamente construída.

A história geralmente narrada na escola é branca, os fatos apresentados nos livros

didáticos mostram uma supremacia absoluta e definitiva dos brancos sobre os negros. No

livro de português da 6ª série, de Magda Soares (2002, p. 118) escolhido pelo PNLD

(Programa Nacional do livro Didático), distribuído em 2005 nas escolas públicas do Brasil, há

um texto do escritor Moacyr Scliar, “A glória do falso”, que traz como ilustração a figura de

um boneco, a representar um menino negro, com tênis nos pés, (cada pé de uma cor diferente)

fugindo. Diz a legenda: “Nike destrói 45 mil pares de tênis piratas”. A ilustração abre brechas

para várias interpretações: que o menino negro só use um tênis de marca tão famosa, se for

falso; representar o menino correndo, com ar ofegante, porque deve ter roubado o falso tênis

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e, portanto, está fugindo; Pode-se pensar que o autor tivesse escolhido a ilustração para

trabalhar a questão da naturalização da inferioridade do negro, do racismo e preconceito

presente nas mais variadas situações etc. Ledo engano. Nas sete páginas seguintes não há uma

questão sequer que leve os estudantes a refletirem ou debaterem o assunto.

Também poderíamos nos perguntar: O que é racismo institucional? É quando brancos

e negros com a mesma condição social e os mesmos anos de estudos recebem tratamento

diferente em órgãos públicos, como por exemplo, hospitais e escolas. Ao contrário do racismo

(preconceito) individual, quando alguém se acha superior ao outro por conta de sua raça, o

racismo institucional ocorre quando as estruturas e instituições, públicas ou privadas, de um

país, atuam de forma diferente em relação a determinados grupos em função de suas

características físicas ou culturais. Segundo o professor Hélio Santos (2001), os resultados

mais graves do racismo institucional podem estar no campo da segurança pública. Nos anos

1970, o chamado Esquadrão da Morte, que atuava no eixo Rio de Janeiro e São Paulo, matou

mais negros do que a polícia da África do Sul durante o regime do apartheid. No campo da

saúde, a expectativa de vida é menor e as taxas de mortalidade infantil e materna são mais

altas entre as crianças e mulheres negras do que de criança brancas, mesmo que elas

provenham de família com o mesmo padrão de renda.

5. O RACISMO INSTITUCIONAL NA HISTÓRIA.

Segundo o artigo do Frei Davi Santos, A Face Real da Lei Áurea, o primeiro ato

oficial foi a implantação da escravidão no Brasil. Através desta Bula papal (Dum Diversas)

endereçada ao rei de Portugal, Afonso V, o Papa Nicolau V, escreve sobre a escravização dos

povos das colônias:

... Nós concedemos, por estes presentes documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de invadir, buscar, capturar e subjugar os sarracenos e pagãos e quaisquer outros incrédulos e inimigos de Cristo, onde quer que estejam como também seus reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades... e reduzir suas pessoas à perpetua escravidão, e apropriar e converter em seu uso e proveito e de seus sucessores, os reis de Portugal, em perpétuo, os supramencionados reinos, ducados, condados, principados e outras propriedades, possessões e bens semelhantes... (NICOLAU V, 1554, APUD: SANTOS, 2003).

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A pesquisadora Silvia Hunold Lara, escreve na Revista Brasileira de História, em

edição especial em 1988: “Cem Anos da Abolição”. Ela faz uma análise do Bispo Azeredo

Coutinho, quando ele comenta sobre a Justiça do Comércio de Resgate dos Escravos da Costa

da África, de 1808, defendendo um tratamento mais humanitário aos escravos, orientava o

sustento e o vestuário necessários, tempo suficiente de sono e instrução dos cativos na

doutrina cristã e um castigo que não excedesse os limites da Justiça. Essas vozes

“humanitárias” e “benevolentes” que recomendavam cautela e moderação, não chegavam,

entretanto, a propor a quebra dessa ordem econômica. Exemplo clássico dessa “benevolência”

vem do jesuíta italiano residente na Bahia, Jorge Benci, que pregou um sermão, publicado em

1705, com o título, “Economia Cristã dos Senhores no governo dos Escravos”. Enfatizava que

os senhores deveriam proporcionar a seus escravos uma dupla pedagogia: orienta os senhores

e preconiza uma educação desdobrada em categorias a partir de três obrigações que o

senhor deve dar ao escravo:

O trabalho, o sustento e o castigo: e que todas três são igualmente necessárias, para que plena e perfeitamente satisfaça ao que como senhor deve ao servo. Porque sustentar ao servo sem lhe dar ocupação e castigo, quando o merece, é querê-lo contumaz e rebelde; e mandá-lo trabalhar e castigar, faltando-lhe com o sustento; é coisa violenta e tirana. Panis, et disciplina, et opus servo (Pão, disciplina e trabalho para o servo)... Os açoites são medicina da culpa; e se os merecerem os escravos em maior numero do que de ordinário se lhes devem dar, dêem-lhes por partes, isto é, trinta ou quarenta hoje, outros tantos aqui há dois dias, daqui a outros dois outros tantos; e assim dando-se-lhes por partes e divididos, poderão receber todo aquele numero, que se recebessem por junto em um dia, chegariam ao ponto de desfalecer dessangrados, ou de acabar a vida. Haja açoites, haja correntes e grilhões, tudo ao seu tempo e com regra e moderação devida, e vereis como em breve tempo fica domada a rebeldia dos servos; porque as prisões e os açoites, mais que qualquer outro gênero de castigos, lhes abatem o orgulho e quebram os brios. E tanto, que basta só que os veja o servo, para que reduza se meta a caminho e venha a obediência e sujeição do seu senhor (BENCIL, 1977, p. 51-52).

A Igreja Católica, com o papa Nicolau V e os sermões do jesuíta Jorge Bencil,

legitimam a escravidão e o sistema colonial. Seguindo em frente com a reflexão sobre o

racismo institucional, o império brasileiro também contribui com a exclusão sancionando uma

lei complementar à Constituição do Brasil, de 1824. Conforme esta legislação, os negros não

podiam freqüentar escolas. Juridicamente, o decreto agiu até 1889, com a Proclamação da

República. O decreto diz:

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LEI Nº 14 de 22 de dezembro de 1837. Capítulo I – DAS ESCOLAS DE INSTRUÇÃO PRIMÁRIA. Art. 3º – São proibidos de freqüentar as Escolas Públicas: § 2º– Os escravos, e pretos ainda que sejam livres, ou libertos (BARBOSA, 1987, p. 49).

5.1. A realidade educacional

Com efeito, a realidade educacional dos afro- descendentes no Brasil conclui-se como

exemplo de constrangimentos. Transcorridos 116 anos de liberação do trabalho escravo, a

realidade do analfabetismo permanece como impedimento à plena realização de cidadania

para milhares de afro-brasileiros. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(PNAD), de 2001, demonstram que nesta questão as desigualdades entre brancos e afro-

descendentes permaneceram significativas. Em 2001, as taxas de analfabetismo para pessoas

de 15 anos ou mais de idade – idade utilizada para comparação internacional – ainda são duas

vezes mais elevadas para os afro-descendentes, 18,0%, do que para os brancos, 8,0%. A

Região Nordeste apresenta as taxas mais expressivas, 26% dos afro-descendentes e 19% dos

brancos são analfabetos. As Regiões Sul e Sudeste, com as mais baixas taxas de

analfabetismo do país, respectivamente 7,1% e 7,5%, apresentam para a população afro-

descendente taxas de analfabetismo de 14,2% e 11,5%. Nas Regiões Sul e Sudeste, as

diferenças nas taxas de analfabetismo de brancos e de afro descendentes são, respectivamente,

de 8,4 e 6,1 pontos percentuais. A análise de gênero e recorte etário sobre o fenômeno do

analfabetismo da população afro descendente e branca revela outros contornos preocupantes.

Para a população com 10 anos ou mais de idade, verificamos que 8% dos meninos afro-

descendentes entre 10 e 14 anos estão na condição de analfabetos enquanto essa condição

atinge apenas a realidade de 2,4% dos meninos brancos. A taxa de analfabetismo dos meninos

afro-descendentes é quase quatro vezes mais elevada. Entre as meninas afro-descendentes na

faixa etária de 10 a 14 anos, 4,5% encontravam-se na condição de analfabetas enquanto essa

realidade atingia apenas 1,3% das meninas brancas. Ou seja, a taxa de analfabetismo das

meninas afro descendentes é, igualmente, quase quatro vezes mais elevada.

Essas informações nos levam a considerar o que alguns pesquisadores vêem

denominando como transmissão intergeracional das desigualdades educacionais entre brancos

e afro-descendentes no país. É essa transmissão que Henriques (2001), pesquisador do IPEA,

identificou em seu estudo “Desigualdade Racial no Brasil: Evolução das Condições de Vida

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na Década de 90”, “Sabemos que a escolaridade média dos brancos e dos negros tem

aumentado de forma continua ao longo do século XX. Contudo, um jovem branco de 25 anos

tem, em média, mais 2,3 anos de estudo que um jovem negro da mesma idade, e essa

intensidade da discriminação racial é a mesma vivida pelos pais desses jovens – a mesma

observada entre os seus avôs”. (Henriques, 2001, p. 27) Ao descrever o gráfico elaborado para

demonstrar esse caráter intergeracional de desigualdade, Henriques recorre a informações

referentes à escolaridade média dos adultos brancos e afro-descendentes de acordo com o ano

de nascimento. Henriques inicia a série histórica no ano de 1929 e a conclui no ano de 1974 –

ou seja, seis décadas depois, finalmente, diz ele:

Como podemos depreender do gráfico, a escolaridade média de ambas as raças cresce ao longo do século, mas o padrão de discriminação racial, expresso pelo diferencial nos anos de escolaridade, entre brancos e negros, mantém-se absolutamente estável entre as gerações. As curvas ali descritas parecem construídas com intencional paralelismo, descrevendo, com requinte, a inércia do padrão de discriminação racial observado em nossa sociedade (HENRIQUES, 2001, p. 27).

5.2. A Lei do Ventre Livre

O projeto da Lei do Ventre Livre foi proposto pelo gabinete conservador, presidido

pelo visconde do Rio Branco em 27 de maio de 1871. Por vários meses, os deputados dos

partidos Conservador e Liberal discutiram a proposta. Em 28 de setembro de 1871 a lei nº.

2040 após ter sido aprovada pela Câmara, foi também aprovado pelo Senado. Embora tenha

sido objeto de grandes controvérsias no Parlamento, a lei representou, na prática, um passo

tímido na direção do fim da escravatura. No dia 28 de Setembro de 1871, a Assembléia Geral

Decreta:

Artigo 1º. Os filhos da mulher escrava, que nascerem no Império desde a data desta lei, serão considerados de condição livre.§ 1º. Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais terão a obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá a opção ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos. No primeiro caso o Governo receberá o menor e lhe dará destino, em conformidade da presente lei.A indenização pecuniária acima fixada será paga em títulos de renda com o juro anual de 6%, os quase se considerarão extintos no fim de 30 anos. A declaração do senhor deverá ser feita dentro de 30 dias, a contar daquele em que o menor chegar á idade de oito anos; e, se a não fizer então, ficará

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entendido que opta pelo arbítrio de utilizar-se dos serviços do mesmo menor.§ 2º. Qualquer desses menores poderá remir-se do ônus de servir, mediante prévia indenização pecuniária, que por si ou por outrem ofereça ao senhor de sua mãe, procedendo-se á avaliação dos serviços pelo tempo que lhe restar a preencher, se não houver acordo sobre o quantum da mesma indenização(www.senado.gov.br/noticias/jornal/...jornal/.../encarte_abolicao.pdf).

A Lei do Ventre Livre (1871), "Toda criança que nascesse a partir daquela data

nasceria livre". Na prática, esta lei separava as crianças de seus pais, desestruturando a família

negra. Segundo frei Davi Santos (2003), no seu artigo, “A face Real da Lei Áurea”, comenta

que o governo abriu uma casa para acolher estas crianças. De cada 100 que lá entravam, 80

morriam antes de completar 1 ano de idade. Foi inventada com o objetivo de tirar a obrigação

dos senhores de fazendas de criar nossas crianças negras, pois, já com 12 anos de idade,

poderiam sair para os quilombos à procura da liberdade negada nas senzalas. Com a

determinação, surgiram os primeiros menores abandonados do Brasil. Em quase todas as

igrejas do país, os padres tocaram os sinos aplaudindo a assinatura desta lei.

5.3. Lei dos Sexagenários

A Lei dos Sexagenários, foi promulgada em 28 de setembro de 1885. Essa lei

concedia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. A lei beneficiou

poucos escravos, pois eram raros os que atingiam esta idade, devido a vida sofrida

que levavam. Os que chegavam aos 60 anos de idade já não tinham mais condições

de trabalho. Portanto, era uma lei que acabava por beneficiar mais os proprietários,

pois podiam libertar os escravos pouco produtivos. Sem contar que a lei apresentava

um artigo que determinava que o escravo, ao atingir os 60 anos, deveria trabalhar

por mais 3 anos, de forma gratuita, para seu proprietário.

Escutamos algumas interpretações da Lei do Sexagenário como sendo um

prêmio do "coração bom" do senhor para com o escravo que muito trabalhou. Na

verdade, essa foi a forma mais eficiente encontrada pelos opressores para jogar na rua

os velhos doentes e impossibilitados de continuarem gerando riquezas, surgindo,

assim, os primeiros mendigos nas ruas do Brasil.

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5.4. Teorias raciais

No Brasil os negros e mestiços eram vistos pela elite como pessoas preguiçosas e

indisciplinadas. Essa visão preconceituosa era reforçada por teorias trazidas da Europa,

segundo as quais os negros e os mestiços eram “raças inferiores” que impedia o Brasil de

tornar-se um país civilizado. Já os brancos eram vistos como a “raça superior”, única capaz de

criar uma civilização. Segundo a historiadora Maria Luisa T. Carneiro o racismo: é uma

doutrina que afirma haver relação entre características raciais e culturais e que algumas raças são, por

natureza, superiores a outras (CARNEIRO, 1996, p. 6).

Em: “O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil - 1870-

1930”, Schwarcz (1993) faz uma excelente incursão sobre a criação das primeiras instituições

científicas do país. O conteúdo teórico/doutrinário dos seus intelectuais mais proeminentes, a

influência deste pensamento sobre o ordenamento sócio-jurídico, econômico e político em

curso e como lograram, nesse conjunto de situações, introduzir e popularizar a noção de

atraso, perigo e desqualificação da parcela negra mestiça que compunha a grande massa da

população à época. Dado o momento, esta não foi uma experiência intelectual e política

desprezível em seu conteúdo e conseqüências. Levada a cabo em um momento de crucial

definição do destino da nação fim do trabalho escravo e proclamação da República esta

experiência terá conseqüências decisivas sobre o conjunto da população afro-descendente

tanto para sua parcela já livre como para a parcela recém liberta com o advento da abolição.

Na verdade deveríamos dizer que as idéias circulantes à época, e fortalecidas por seus

propagadores, tiveram, também, decisiva influência sobre os destinos da população branca

fosse a nacional ou a estrangeira, esta recém chegada na condição de imigrante. A cerca

destas teorias Schwarcz diz:

Nos museus etnológicos, institutos históricos, escolas de direito e medicina, a discussão racial assume um papel central sendo rica a análise de tais estabelecimentos, de respostas alternativas apesar de contemporâneas. A partir deles é possível rever os diferentes trajetos que uma doutrina percorre (SCHWARCZ, 1993, p.66).

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5.5. A Lei de Terras de 1850

Quase todo o litoral brasileiro estava povoado por quilombos. O sistema, percebendo o

crescimento do poder econômico do negro e que os brancos do interior estavam perdendo a

valiosa mão -de- obra para sua produção, decretou a lei da terra com um Ato Oficial: Lei de

Terras de 1850, Nº. 601 “... a partir desta nova lei as terras só poderiam ser obtidas através de

compra. Assim, com a dificuldade de obtenção de terras que seriam vendidas por preço muito

alto, o trabalhador livre teria que permanecer nas fazendas, substituindo os escravos”. A partir

daí o exército brasileiro passa ter como tarefa, destruir os quilombos, as plantações e levar os

negros de volta as fazendas dos brancos. O exército exerceu esta tarefa até 25 de outubro de

1887 quando um setor solidário ao povo negro cria uma crise interna no exército e comunica

ao Império que não mais admitirá que o exército seja usado para perseguir os negros que

derramaram seu sangue defendendo o Brasil na guerra do Paraguai. A lei de terras não foi

usada contra os imigrantes europeus. Segundo a coleção da “Biblioteca do Exército”, uma

considerável parcela de imigrantes recebeu de graça grandes pedaços de terras, sementes e

dinheiro. Isto veio provar que a lei de terras tinha um objetivo definido: tirar do negro a

possibilidade de crescimento econômico através do trabalho em terras próprias e

embranquecer o país com a maciça entrada de europeus.

Com a subida ao poder do partido Republicano, a industrialização do país passou a

ser ponto chave. A indústria precisava fundamentalmente de duas coisas: matéria-prima e

mão-de-obra. Matéria prima no Brasil não era problema. Quanto à mão de obra, o povo negro

estava aí, disponível! A mão de obra passou a ser problema quando o governo descobriu que

se o negro ocupasse as vagas nas indústrias, iria surgir uma classe média negra poderosa e

colocaria em risco o processo de embranquecimento do país. A solução encontrada foi

decretar, no dia 28 de junho de 1890, a reabertura do país às imigrações européias e definir

que negros e asiáticos só poderiam entrar no país com autorização do congresso (Ato oficial:

Decreto 528 – Das Imigrações Européias, de 28/06/1890). Esta nova remessa de europeus vai

ocupar os trabalhos nas nascentes indústrias paulistas e assim os europeus pobres são usados

mais uma vez para marginalizar o povo negro. Estes atos, na verdade, teriam como único

objetivo o embranquecimento do Brasil. Em outro decreto de 1945, mostra isso:

Atender-se-á, admissão dos imigrantes, a necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais

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convenientes da sua ascendência européia, assim como a defesa do trabalhador nacional (Decreto nº. 7.967, art. 2º, 18/09/1945).

6. A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA (CULTURA AFRO-

BRASILEIRA: UMA ABORDAGEM DE RESGATE)

Iniciamos a implementação do projeto trabalhando com os educandos dois textos de

Alfredo Boulos, “África negra: o Império do Mali e o Reino do Congo” (2006, p. 128 a 138).

E “Da África ao Brasil, o pesadelo dessa longa viagem”, do Nelson Piletti (2001, p. 135);

Exibimos dois filmes: “Quanto vale ou é por quilo”? E “Negro eu”; Mostramos também, dois

clipes musicais: “Racismo é burrice”, de Gabriel pensador e “Mama África” de Chico César;

O estudante interpretaram a poesia: “Mama África não morreu”, de Maria Eliana Pereira;

Encerramos a implementação do projeto, com um evento cultual e artístico.

6.1. Textos: de Alfredo Boulos e Nelson Piletti

Fizemos a leitura dos textos com os estudantes e depois produzimos interpretações por

escrito. Chegamos a uma conclusão com o texto (BOULOS, 2006), que no Império do Mali e

no Reino do Congo, no século XV, antes da chegada dos europeus, possuía uma agricultura e

um artesanato bastante desenvolvidos. No império de Mali, na cidade de Tombucto, possuía

150 escolas e também uma Universidade. Bem diferente da visão ideológica cheia de

preconceito, de que a África é um lugar atrasado, primitivo, sujo, inóspito, cheio de animais

ferozes, onde Tarzan e o Fantasma andam tentando civilizar e proteger. Destacamos a

importância do reino do Congo para os brasileiros, porque milhares de africanos trazidos para

o Brasil como escravos era destas regiões. E algumas festas brasileiras (como a congada) têm

ritmos e bailados de origem congolesa.

Analisamos também, que a chegada dos europeus à África causou muitos conflitos,

por encontrarem uma boa fonte de lucro: O tráfico de escravos negros. E sobre a travessia do

oceano atlântico da África ao Brasil, trabalhamos um texto do Nelson Piletti: “Da África ao

Brasil, o pesadelo dessa longa viagem” (2001, p. 135). Analisamos que, as viagens nos porões

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dos navios até o Brasil eram verdadeiras tragédias para os negros. Vinham amontoados,

acorrentados, maus alimentados, e com falta de higiene, adoeciam e morriam. Chegando ao

Brasil eles eram colocados à venda como escravos. Ficavam à mostra, em exposições nos

mercados. O escravo não era considerado um ser humano, e sim, uma mercadoria para

obtenção de lucro. Os estudantes ficaram impressionados porque refletiram que ninguém

merece ser tratado com tamanha brutalidade e violência, a qual foram submetidos os

africanos, com todo o processo de escravidão.

6.2. Filmes: “Quanto Vale ou é Por Quilo”? E “Negro Eu”.

O filme: “Quando vale ou é por quilo?”. É uma produção de Patrick Leblanc e Luís

Alberto Pereira. Direção de arte: Renata Tessari. Assistimos ao filme com os educandos e

fizemos o debate. Explicamos que o filme faz uma analogia entre o artigo comércio de

escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade

de fachada. O capitão-do-mato do século XVII capturou os escravos fugitivos em troca de

uma recompensa em dinheiro. Arminda, uma negra descobre um super faturamento na

compra de computadores e precisa ser eliminada, Candinho, um jovem negro torna-se

matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver, mata Arminda, uma mulher

honesta e trabalhadora. O filme nos leva a refletir que, o ser humano quanto mais dividido

estiver, em detrimento ao interesse da coletividade caminhará para a sua ruína. Após assistir

ao filme, os estudantes produziram um texto, relatando as partes que mais lhe chamaram a

atenção. O filme “Negro eu”, do programa: TV Pirata, da rede Globo. Assistimos e

analisamos que esta produção, faz uma reflexão sobre pessoas que são negras e não se

aceitam enquanto tal. Para ter sucesso, vivem padrões culturais dos brancos e evitam

conviver com as pessoas da mesma etnia negra. O filme mostra uma família negra rica, que

faz parte da elite. Quando o filho quer assumir a sua condição de negro, abraçando a cultura

afro-brasileira, é rejeitado pela sua família, devido aos padrões dominantes dos brancos e

rejeitam a sua própria etnia, o rapaz não é compreendido, mas rejeitado pelos seus pais.

Fizemos esta reflexão com os estudantes, em seguida foi elaborada uma história em

quadrinhos com o tema: “Orgulho em ser negro”. Depois foram expostos os trabalhos no

mural da escola.

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6.3. Clipes musicais: “Racismo é burrice” e “Mama África”.

Trabalhamos a letra da música e apresentamos o clipe musical: “Racismo é burrice”,

com os estudantes, e refletindo sobre o texto, nos chamou a atenção, que não é a cor da pele

que nos torna melhor ou pior, mas sim o preconceito e a discriminação. E que o Brasil é a

mistura de muitas etnias, ou seja, multirracional. Alerta para olharmos a nossa historia, os

nossos ancestrais, com raras exceções somos todos mestiços. O racismo no Brasil é

camuflado, escondido e muitas vezes passa de pai para filho em forma de piada, porque tem

mais graça, e às vezes somos racistas se saber a razão. Por isso, o racismo é uma grande

burrice. Depois de trabalhar a letra e apresentar o clipe aos estudantes, pedimos que

produzissem um texto com o tema: “Racismo”. E relatassem se já presenciaram alguma

atitude racista e o que pensam sobre o assunto.

Em seguida analisamos a letra da música e apresentamos o clipe: “Mama África”, de

Chico César. A reflexão da letra e música nos traz a mente, a figura de uma mulher negra,

mãe solteira que trabalha muito, como empacotadeira e no vai e vem do trabalha para a casa,

cuida com carinho do seu neném. E apesar do cansaço e dos contratempos, segue a vida

fazendo história da sua etnia negra, superando as dificuldades. Em seguida os estudantes

ensaiaram uma dança para apresentar no dia da consciência negra.

6.4. A poesia: “Mama África não morreu”

A poesia foi lida e interpretada, e entendemos a sua mensagem que, relembra o

sofrimento da escravidão, mas repudia quaisquer tipos de tirania e mantém a esperança que

um dia o negro será tratado decentemente. Porque a voz nunca foi silenciada e relembra

alguns heróis como: Zumbi, Luther King, Rosa Parks, Milton Santos, Chica da Silva e outros,

que lutaram muito, alguns pagando com a própria vida, para irromper o grito da liberdade.

Após termos trabalhado a poesia, os estudantes fizeram uma pesquisa bibliográfica sobre os

personagens nela citados. E também, ensaiamos alguns estudantes a interpretação da poesia e

foi apresentada no dia da festa, da consciência negra.

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6.5. Evento cultural e artístico

No dia da consciência negra 20/11/2010, foi antecipada para dia 19 de novembro, que

é numa sexta feira. Neste dia fizemos uma festa com comidas típicas africanas, com ficção de

cartazes, declamações de poesias, teatro, danças, cantos e música. Neste dia de festa, os

professores se envolveram. E cada disciplina contribuiu com atividades, proporcionando uma

interdisciplinaridade. Trouxemos um grupo musical de samba, para animar o evento. Alguns

membros da comunidade participaram, foi um momento de confraternização e valorização da

cultura brasileira com raízes africanas.

7. CONCLUSÃO

No convívio com os professores e estudantes há vários anos, percebemos que parte

significativa deste grupo, desconhece a base do pensamento racista que, consequentemente,

originou o racismo. A ideologia de superioridade e inferioridade entre os grupos

humanos ainda permanece ativa em muitos pensamentos. Diante disso, surgiram algumas

indagações: por que essa ideologia ainda está presente no pensamento de muitas

pessoas? Como ela foi historicamente construída? Com este artigo propomos algumas

reflexões na intenção de: “desvendar alguns conceitos, pode nos ajudar a rever nossos “pré-

conceitos” (Brandão, 2006, p. 20). Observamos ainda a falta de interesse pela temática étnico-

racial, pela maioria dos educadores, mesmo com determinação da lei federal de colocar em

prática na sala de aula o ensino da história e da cultura afro-brasileira. Muitas escolas se

limitam nas datas comemorativas, por exemplo, 13 de maio, dia da libertação dos escravos e

20 de novembro, data da morte de Zumbi, que comemora o dia da consciência negra. Nestes

dias era comum fazer uma dança, trazer um grupo de capoeira, servir uma feijoada, tirar

algumas fotos e isso era tudo. Era o faz de conta que a lei estava sendo cumprida.

Infelizmente, mesmo na esfera da educação, ainda precisamos recorrer à Lei nº.

10.639/03 para justificar iniciativas relacionadas à desconstrução das categoriais raciais que

organizam o imaginário e os espaços sociais brasileiros. Infelizmente, precisamos da

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regulação legal para fazer com que percebamos o quanto estávamos, estamos, e, certamente,

estaremos, ainda que por algum tempo, envoltos pela vergonhosa discriminação racial.

Mas, afora a legislação, o individualismo não nos permite perceber o quanto

antiéticos, portanto também discriminatórios, são certos posicionamentos, enunciados e

práticas. Tão naturalizados, irrefletidos, quase reflexos, incorporados, que não nos damos

conta do que falamos, fazemos, do modo como olhamos ou reagimos frente às diferenças.

A escola por excelência é formadora de opinião e local de cidadania. Nesse sentido,

tem papel fundamental de esclarecer sobre as diferenças existentes na sociedade e combater o

preconceito étnico-racial. Do contrário, a Lei 10.639/03 estará sempre engavetada, porque,

desde 2003, estabelece a obrigatoriedade no país, do ensino da história e cultura afro-

brasileiras, nas escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental e Médio.

O projeto desenvolvido no Colégio Estadual Francisco Ferreira Bastos, no ano passado

(2010), foi mais uma tentativa de fazer com que estudantes, professores e a comunidade local,

refletissem sobre a importância de conhecer e valorizar a história e a cultura afro-brasileira.

Decidimos esse ano mudar a forma de abordar o Dia da Consciência Negra, celebrado no dia

20 de novembro. Há vários dias os professores, pedagogos e aproximadamente 500

estudantes, do ensino fundamental e médio do colégio, mobilizaram-se para apresentar os

frutos dos trabalhos desenvolvidos durante o ano, uma série de pesquisas sobre: costumes,

música, vocabulário, culinária e a influência do africano na cultura brasileira. Organizamos

também no ano passado (2010), a equipe multidisciplinar conforme a resolução do governo

estadual 3399/2010. E estamos coordenando, um curso de formação para professores,

funcionários e membros da comunidade, com certificação da SEED. As iniciativas

representam uma ação localizada, mas que pretende contribuir para o cumprimento da Lei

10.639/03 e promover a discussão sobre a questão racial na escola pública.

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8. REFERÊNCIAS

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