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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
JOVENS DO ENSINO MÉDIO: QUE EXPECTATIVAS POSSUEM QUANTO AO
MERCADO DE TRABALHO E FUTURO PROFISSIONAL?
Autora: Sonia Maria Alves Machado1
Orientador: Fábio da Silva Rodrigues2
RESUMO
As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, a globalização, os avanços da tecnologia, trazem novos desafios para todos, em foco os jovens que pretendem se inserir no mercado de trabalho. O objetivo deste estudo foi conhecer as expectativas e as dificuldades desses jovens, em relação à inserção no mercado de trabalho e ao seu futuro profissional. Para tanto a metodologia utilizada na coleta de dados foi através de questionário semiestruturado, com 20 jovens do ensino médio noturno do Colégio Estadual “Olavo Bilac” – Ensino Fundamental e Médio de Itambé-Pr. O presente artigo apresenta os resultados obtidos por meio da Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED). Como resultado verificou se que apesar das dificuldades vividas pela maioria dos jovens em conciliar trabalho e estudo, os alunos estudados apresentaram elevada autoestima e acreditam no estudo para ter sucesso na vida. A maioria deles se inseriu no mercado de trabalho movido pela necessidade de obter renda, mesmo não sendo bem remunerados. A falta de capacitação profissional e preparo para encarar o mercado de trabalho é a maior dificuldade encontrada na busca de um emprego. Alguns pretendem realizar um curso profissionalizante ao termino do Ensino Médio na esperança de conquistarem um emprego melhor. Procurando contribuir para uma prática educativa que favoreça o aluno, foi produzido um material pedagógico que poderá auxiliá-los nesta busca.
Palavras-chave: Evasão Escolar; Mercado de Trabalho; Futuro Profissional.
1Professora PDE da Rede Pública Estadual, Graduada em Ciências Contábeis e Especialista em
Educação Especial e Psicopedagogia Institucional. 2 Professor Assistente (DAD/UEM), Graduado em Administração, Especialista em Economia e Gestão
do Agronegócio e Mestre em Agronegócios.
2
1. INTRODUÇÃO
A inserção no mercado de trabalho para obtenção da renda, a falta de
motivação para os estudos, a falta de um projeto profissional, contribuem em grande
parte com os altos índices de evasão escolar nas escolas de ensino médio. Partindo
da perspectiva de que esses jovens encontram dificuldades de conciliar estudo e
trabalho, muitos se evadem, outros se dedicam pouco ao estudo e/ou passam a ter
um rendimento escolar baixo, comprometendo assim seu futuro profissional. Urge
então a necessidade de se pensar alternativas que mudem esta realidade, fazendo
com que esses jovens abram os olhos e dirijam-se a reflexões eficazes que regerão
as suas vidas no futuro.
Estudos recentes da Fundação Getúlio Vargas-FGV-RJ, na pesquisa “Você
no Mercado de Trabalho” divulgada em 09/10/2008, revela que quando mais cedo
for à inserção do jovem no mercado de trabalho maior o risco do subemprego, o que
dificultará sua ascensão profissional. (NERI, 2008). E a pesquisa “Motivos da
Evasão Escolar” divulgada em 15/04/2009 diz que 40,3% dos jovens de 15 a 17
anos evadem, deixam de estudar por falta de interesse pela escola, e 27,1% pela
necessidade de trabalhar. (NERI, 2009).
Segundo Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), “apenas 45% dos jovens
brasileiros concluem o ensino médio e, destes, aproximadamente 60% o fazem em
situação precária – noturno e/ ou supletivo”.
Optou-se por trabalhar o tema da relação entre jovens, trabalho, escola e
profissão, por ser muito complexo e discutido nas escolas públicas estaduais, sendo
preocupação constante na política educacional brasileira, merecendo assim um
esforço de reflexão mais aprofundado.
Neste contexto, a educação, mais significativamente a escola, precisa
acompanhar as mudanças e dar sua contribuição. Assim, frente a tantas mudanças
ocorridas no mundo, especialmente na área educação e trabalho, os jovens têm em
suas mãos uma difícil tarefa: a preparação para mercado de trabalho.
Logo este estudo teve como objetivo norteador conhecer as expectativas e as
dificuldades dos jovens do ensino médio noturno em relação à inserção no mercado
de trabalho e ao seu futuro profissional, propondo intervenções práticas por meio do
3
material didático elaborado durante o Programa de Desenvolvimento Educacional
PDE 2009.
O ensino médio para muitos jovens é um momento de grandes planos e
expectativas sobre qual caminho seguir: inserir-se no mercado de trabalho ou
continuar os estudos.
Após conhecer as expectativas e as dificuldades dos jovens do Ensino Médio
noturno, foi produzido um Material Didático Pedagógico no formato de um Caderno
Pedagógico com informações básicas para os jovens do ensino médio que buscam
orientações específicas para uma inserção e/ou reinserção no mercado de trabalho.
Ao produzir este material pedagógico a intenção foi a estimular a liberdade e
a criatividade do professor que o utilizar, pois as atividades poderão ser aplicadas
aos mais diversos componentes curriculares.
A Produção Didático Pedagógica – Caderno Pedagógico utilizado como
apoio à Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi
necessário por diversas razões: por sua função primordial de informar e alertar os
jovens que trabalham, quanto à importância e necessidade de uma educação formal,
para obter conhecimentos, questionar, opinar, entender, decidir, resolver, ser ético e
participativo o que lhe permitirá ir ao encontro de seus anseios futuros; por priorizar
informações, orientações a esses alunos que lhe assegure uma inserção adequada
no mercado de trabalho.
Foi utilizada uma metodologia específica que apresentou revisão teórica com
abordagem dos principais conceitos teóricos que embasaram o desenvolvimento do
trabalho, sendo necessário a pesquisa em livros, revistas e sites. Para a elaboração
do material didático foi realizada coleta de dados junto aos alunos, através de
questionário semi-estruturado e analise de documentos escolares obtidos junto à
secretaria da escola.
Após tal análise foi estruturado o caderno pedagógico apoiado em atividades
com abordagens diversas, incluindo atividades com vídeos, músicas, filmes,
discussões e conversas. A maior parte das atividades foram feitas coletivamente
para que os alunos desenvolvessem habilidades de convivência em grupo e de
cooperação.
4
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 JUVENTUDE E EMPREGABILIDADE
O ciclo vital que vai do nascimento à morte, compreende uma sucessão de
fases distintas. A juventude é um fenômeno da modernidade, compreendido como
uma fase de transformações biológicas, psicológicas, intelectuais e de inserção no
universo social e político. Novaes (2002, p.46-47), apresenta o seguinte a respeito:
[...] fala-se como se em todas as sociedades as etapas de vida – infância, adolescência, juventude, maturidade – fossem bem demarcadas e da mesma maneira. Porém, além do fato de a ideia de “etapas da vida” ser uma produção de um processo histórico, há diferenças entre os jovens que são contemporâneos e vivem em uma mesma sociedade. Entre os jovens brasileiros há diferenças muito importantes em decorrência do pertencimento a classes sociais distintas, das relações de gêneros, de estilos de vida, de local em que se habita, e outras diferenças tantas que nos levam a pensar até que a ideia de “juventude” é uma palavra vazia. De fato, o termo por si só não designa uma problemática comum a todos que se encontram com a mesma idade biológica. O lugar social que pessoas jovens ocupam na sociedade influi, portanto, nas maneiras como elas são ou não pensadas como jovens.
O termo juventude deve ser usado quando se focaliza a categoria social,
como faixa da população, como geração no contexto histórico ou como atores no
espaço público. Não devemos pensar nos jovens de uma forma homogênea. Para
Faraco, os jovens em comum, só têm a idade, e para ele só faz sentido falar de
juventude, quando se colocam as questões para a condição juvenil.
Estudo, trabalho, namoros, “baladas e curtições” – tudo isso faz parte da condição juvenil hoje, diferenciando-se de outros momentos históricos e indicando a singularidade dessa fase da vida em relação a outras etapas. Mas trata-se de uma moldura geral. Em seu interior as vivências concretas dos jovens são diversas, dadas pelas inúmeras diferenças que atravessam a sociedade brasileira (FARACO, 2004, p.21).
5
A maneira de ser do jovem, a situação perante a vida, perante a sociedade,
ou seja, a “condição juvenil”, para Dayrell (2009, p.17):
Refere-se, ao modo como uma sociedade constitui e atribui significado a esse momento do ciclo de vida, no contexto de uma dimensão histórico-geracional, mas também à sua situação, ou seja, o modo como tal condição é vivida a partir dos diversos recortes referidos às diferenças sociais – classe, gênero, etnia, etc.
A Juventude, período de mudanças, experimentações, perdas e conquistas,
que começa com as mudanças biológicas da puberdade e termina, quando se
conclui a inserção no mundo adulto, é compreendida como um tempo de construção
de identidades e de definições de projetos futuro e, “requer estrutura adequada para
seu desenvolvimento integral, para suas buscas, para a construção de seu projeto
de vida e sua inserção na vida profissional, social, religiosa etc.” (CNBB, 2007, p.24).
A visão moderna sobre a juventude tornou a escolaridade uma etapa
essencial à condição da passagem para a maturidade e, o retardamento da entrada
dos jovens no mundo do trabalho, garantia de melhor passagem para a vida adulta.
[...] é importante considerar que a modernidade, ao instituir novas concepções sobre a infância, a adolescência e a juventude, instituiu, também, os modos de sua socialização para além da família, situando a escola como uma de suas agências privilegiadas (SPÓSITO, 2004, p.76).
Sob a ótica de Enguita (1989, p.150), existe uma relação entre as ações
cometidas pela escola e as da empresa.
Os hábitos de obediência e docilidade engendrados na sala de aula têm um alto valor de retorno em outros contextos. No que concerne à sua estrutura de poder, as salas de aula não se diferenciam muito das fábricas ou das oficinas, estas onipresentes organizações em que se gasta uma parte tão grande de nossa vida adulta. Portanto, pode realmente dizer-se da escola que é uma preparação para a vida [...].
6
O autor explica que (1989 p.151), a escola é a primeira instituição, após o
convívio familiar, e através das relações sociais “crianças e jovens são preparados
para inserir-se de forma não conflitiva no mundo da produção adulta através da
experiência, que a escola lhes faz vivenciar” […].
Uma escolaridade mais extensa e melhor é fundamental para aumentar as
chances de inserção no mercado de trabalho cada vez mais restrito e competitivo,
mas segundo Pochmann (2007, p. 40) “a educação, embora seja cada vez mais
necessária, não é mais suficiente para garantir ao jovem o sucesso merecido ao
longo de sua trajetória de vida”, ou seja, por si só, a escolaridade não tem
funcionado mais como mecanismo de mobilidade social.
Hoje a educação formal e a qualificação são situadas como elementos da
competitividade, reestruturação produtiva e da “empregabilidade” (FRIGOTTO, 2008,
p. 15).
Para que os países não desiguais se ajustassem ao mundo globalizado e à
reestruturação produtiva foi necessário investimentos em educação e formação
profissional que "desenvolvam habilidades básicas no plano do conhecimento, das
atitudes e dos valores, produzindo competências para gestão da qualidade e,
consequentemente, para a empregabilidade" (FRIGOTTO, 2008, p. 45).
2.2 A INSERÇÃO DO JOVEM NO MERCADO DE TRABALHO
As transformações no mundo do trabalho efervescente e dinâmico e o
avanço tecnológico, ocasionado pela atual realidade do mundo moderno, exigem
cada vez mais mudanças rápidas na sociedade, pois a mesma não está
acompanhando o ritmo dessas transformações, profissões estão desaparecendo e
outras estão surgindo, tornando o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e
cada vez mais excludente. Neste contexto, os jovens têm sido os mais atingidos.
Muito se tem discutido o impacto das mudanças no mundo do trabalho... O que se tem observado é o fato de essas mudanças, ainda que atingindo toda sociedade, repercutirem diferentemente para adultos e jovens. Observa-se que, mesmo em situações de retomada de crescimento econômico, a oferta de empregos, ou mesmo de postos de trabalho, se dá
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de forma diferenciada, favorecendo a população adulta. Em síntese, deve-se reconhecer que a condição dos jovens se altera, bem como o significado a ele atribuído, apreensível apenas quando se leva em conta o conjunto mais amplo de transformações na sociedade (LIMA, 2004, p.95.).
No Brasil, para Pochmann (2007, p.10) a estrutura social formada pela
enorme desigualdade econômica, marcada pelos altos índices de pobreza,
analfabetismo e violência e o caminho seguido pela economia nacional, seriam as
razões para a perda de otimismo e enfraquecimento das expectativas de sucesso
dos jovens. Para o autor,
Jovens em condições de inserção no mercado de trabalho superiores às dos pais, em termos de escolaridade e formação profissional, encontram-se frustrados em virtude de desemprego recorrente, ou desolados diante da ocupação de baixa remuneração, que os impede de alçar a independência econômica (POCHMANN, 2007, p.24).
Ainda que os jovens tenham escolaridade mais elevada do que seus pais,
encontram obstáculos de inserção no mercado de trabalho, em consequência da
condição social e econômica de suas famílias, da desigualdade de oportunidade de
formação, experiência de trabalho, necessidade de conciliar escola e trabalho, entre
outros.
A desigualdade, no Brasil, tinha como contrapartida a mobilidade social, isto
é, os filhos dos pobres se estudassem, podiam ser menos pobres do que seus pais,
e os filhos dos ricos poderiam ficar ainda mais ricos. Uma escolaridade mais extensa
e melhor é fundamental para aumentar as chances de inserção, disputar colocações
num mercado de trabalho cada vez mais competitivo e restrito.
Spósito (2004) sobre as transformações estruturais que provocaram o
desassalariamento e o desemprego e provocaram o aparecimento de uma nova
crise social:
[...] a educação escolar como ferramenta essencial para a sobrevivência do indivíduo moderno no mundo (habilidades, conhecimentos e saberes, competência para uma melhor participação na esfera pública e afirmação de sua autonomia como sujeito), produz uma enorme crise das possibilidades de mobilidade social ascendente via escola, pela escassa capacidade de
8
absorção no mundo do trabalho dessa população escolarizada (SPÓSITO, 2004, p.78,79).
De acordo com Pochmann (2007) o jovem deve adiar a sua inserção no
mercado de trabalho, pois isso possibilitará a ele a ampliação da escolaridade e a
melhor preparação para disputar melhores oportunidades de trabalho e renda.
O primeiro emprego representa uma situação decisiva sobre a trajetória futura do jovem no mercado de trabalho. Quanto melhores as condições de acesso ao primeiro emprego, proporcionalmente mais favorável deve ser a sua evolução profissional. O ingresso precário e antecipado do jovem no mundo do trabalho pode marcar desfavoravelmente o seu desempenho profissional (p.13).
A trajetória futura do jovem no mercado de trabalho depende, em grande
medida, do primeiro emprego.
2.3 EXPECTATIVAS DOS JOVENS EM RELAÇÃO À ESCOLA E AO FUTURO
PROFISSIONAL
A geração atual de jovens, “tem uma enorme perplexidade diante do futuro”,
em relação à transformação do Ensino Médio que:
de direito social e subjetivo em capital humano ou num pacote de competências ditadas pelo mercado – num contexto de aumento exponencial do desemprego e precarização do trabalho – torna os jovens cada vez mais céticos em relação à promessa integradora da escola (FRIGOTTO, 2009, p.26).
A educação básica composta por educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio e tem por finalidade segundo a Lei de Diretrizes e Base da Educação
Nacional, (Lei n°9394/96), “desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação
comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
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progredir no trabalho e em estudos posteriores” (Art. 22). Está última finalidade deve
ser desenvolvida essencialmente no Ensino Médio, etapa final da educação básica,
que segundo o Art.35 da LDBEN visa “[...] a preparação básica para o trabalho e a
cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se
adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamentos
posteriores” (BRASIL, 1999, p.43,46).
Entende-se que a função da escola é preparar os alunos com
conhecimentos básicos sobre as profissões e sobre qual é a perspectivas para o
ingresso no mercado de trabalho.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio considera a
necessidade do desenvolvimento de competências básicas tanto para o exercício da
cidadania quanto para o desenvolvimento de atividades profissionais.
De que competências se está falando? Da capacidade de abstração, do desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao contrário da compreensão parcial e fragmentada dos fenômenos, da criatividade, da curiosidade, da capacidade de pensar múltiplas alternativas para a solução de um problema, ou seja, do desenvolvimento do pensamento divergente, da capacidade de trabalhar em equipe, da disposição para procurar e aceitar críticas, da disposição para o risco, do desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicar-se, da capacidade de buscar conhecimento. Estas são competências que devem estar presentes na esfera social, cultural, nas atividades políticas e sociais como um todo, e que são condições para o exercício da cidadania num contexto democrático
(BRASIL, 1999. p.24).
Sobre o conceito de competência, Fleury (2004, p.28):
[...] o conceito de competências é pensado como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desempenho, na medida em que há também um pressuposto de que os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e na personalidade das pessoas; nessa abordagem considera-se a competência, portanto, como um estoque de recursos que o individuo tem.
Para o Parecer da Câmara de Educação Básica (CEB) n°15/98, do
Conselho Nacional de Educação (CNE), que definiu as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) a formação básica,
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a ser buscada no Ensino Médio se realizará mais pela constituição de competências, habilidades e disposições de condutas do que pela quantidade de informações. Aprender a aprender, a pensar, a relacionar o conhecimento com dados da experiência cotidiana, dar significado ao aprendido, captar o significado do mundo, fazer a ponte entre a teoria e a prática, fundamentar a crítica e lidar com o sentimento que a aprendizagem desperta (BRASIL, 1999, p. 87).
Para muitos jovens o ensino médio é considerado o final do percurso da
escolarização, pois a necessidade do trabalho prevalece ao projeto escolar, de
maneira geral para Dayrell (2009, p. 9) pode-se afirmar que,
[...] o universo escolar configura-se para muitos jovens por uma ambiguidade caracterizada pela valorização do estudo como uma promessa futura, uma forma de garantir um mínimo de credencial para pleitear um lugar no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que supre uma possível falta de sentido que encontram no presente.
De acordo com Corti (2009, p.14 e15), “os anseios e as expectativas do
público jovem que hoje tem acesso ao Ensino Médio não estão mais restritos à
entrada na universidade [...]”.
Um dos maiores desafios dos jovens na atualidade é o desenvolvimento e a
implementação de um Projeto de Vida, que segundo Ramos (2004, p.39), “se
constrói pelas múltiplas relações sociais, na perspectiva da emancipação humana,
que só pode ocorrer à medida que os projetos individuais entram em coerência com
um projeto social coletivamente construído.” Com isso:
Na construção de novas perspectivas para o ensino médio unitário – como momento histórico da formação de sujeitos individuais e coletivos, que congrega em si a síntese do diverso -, o trabalho, a ciência e a cultura são princípios estruturantes e devem ser resgatados como meio para a compreensão e a transformação do mundo atual (RAMOS, 2004, p.51).
O tempo de escola como preparação para o futuro, como tempo da projeção
das potencialidades e promessas que se realizarão na etapa seguinte da vida,
11
também vale apenas para parte dos estudantes, embora seja esta a expectativa que
quase todos nutrem em relação ao Ensino Médio (FARACO, 2004, p.80).
Um dos motivos do aumento nas matrículas no ensino médio, “é a busca de
maior escolaridade para atingir melhores empregos, formais e regulamentados”
(OLIVEIRA, 2004, p.163).
Para Gentili (2005), a educação é um investimento em capital humano
individual, no entanto, as possibilidades de inserção de um indivíduo no mercado de
trabalho dependem da posse de um conjunto de saberes, competências que o
habilitam para a competição eficiente no mercado de trabalho.
Na acepção conservadora que domina seus usos (e abusos), a empregabilidade desempenha uma função simbólica central na demonstração do caráter limitado e aparentemente irrealizável dessa promessa na sua dimensão econômica: a escola é uma instância de integração dos indivíduos ao mercado, mas nem todos podem ou poderão gozar dos benefícios dessa integração já que, no mercado competitivo, não há espaço para todos (GENTILI, 2005, p. 52).
A clientela do ensino médio, principalmente do noturno, são trabalhadores
ou buscam, de imediato, ingressar no mercado de trabalho. Os que já estão
inseridos chegam à escola, cansados pela jornada de trabalho, resultando “num
grande índice de evasões, reprovações, desistências, fato que contribui para a
formação de um contingente de força de trabalho cada vez mais desqualificado, pois
o que se aprende na escola nada tem a ver com o que se vive no mundo do capital”
(CARVALHO, 1986, p. 05).
2.4 EVASÃO ESCOLAR: ONDE ESTÁ A MOTIVAÇÃO DO ALUNO
TRABALHADOR
Para o jovem, a difícil tarefa de conciliar trabalho e escola, tem sido uma
questão que precisa ser enfrentada, Oliveira (2004, p.169) assinala que:
12
Não é possível pensar em ambas como inconciliáveis. As análises que identificam, no mercado de trabalho, a principal razão para justificar a evasão ou o abandono precoce da escola, ou então o ingresso precário nos estudos, ou sua pouca dedicação pelos alunos trabalhadores, em geral tendem a reforçar atitudes paternalistas de flexibilizar as relações escolares, os tempos e os conteúdos em favor de uma maior adequação à realidade do aluno.
Muitos jovens que estudam e trabalham, retornam a escola, após terem se
afastado por um tempo, em razão da necessidade precoce de um trabalho
remunerado, para sua sobrevivência. Para Kuenzer (2005), muitos dos que vivem do
trabalho, retornam ou permanecem no sistema de ensino, tendo que conciliar escola
e trabalho, não só por condição de vida, mas também pelo ingresso no mercado de
trabalho. Isso porque segundo a autora:
No capitalismo o trabalho se manifesta histórica e concretamente como produtor de mercadorias que geram riqueza para o capital, enquanto o trabalhador troca a sua força de trabalho por alguma forma de retribuição financeira que é a condição necessária para lhe assegurar alguma condição de vida e de cidadania (KUENZER, 2005, p.40).
O desemprego entre os jovens vem aumentando em função da baixa
escolarização. A evasão, o abandono escolar e as altas taxas de repetência, aliados
às condições socioeconômicas hipotéticas que os jovens enfrentam, são causas
desse nível educacional baixo.
O aluno que cursa o ensino médio no período noturno, muitas vezes é
aquele que está acima da idade regular e que já conviveu com o estigma do
fracasso escolar, e ou por fatores de ordem econômica estão inseridos no mercado
de trabalho. Na pesquisa de Krawczyk (2004, p.147), ficou visível que a demanda do
ensino noturno é bastante complexa.
De um lado, os discentes trabalham e buscam trabalho não só para sua sobrevivência e da sua família, mas também pelo desejo de ter certa independência financeira [...]. De outro, a clientela do noturno está formada não só por alunos que trabalham ou buscam trabalho, mas também por jovens mais afeitos ao “clima descontraído” ou que escolhem o ensino nesse turno para poder ter “mais tempo livre” para fazer outras coisas.
13
O autor fala também das percepções dos docentes e dirigentes escolares
sobre o perfil do aluno que frequenta o ensino noturno.
Ainda que todos considerem que os estudantes do noturno, que trabalham ou buscam trabalho, tem menor poder aquisitivo e que muitos não têm tempo de estudar, alguns interlocutores declaram também que esse grupo de alunos é mais maduro e interessado que o do diurno, porque não quer perder tempo. Em contrapartida, outros docentes enfatizam que os alunos do noturno costumam chegar tarde (porque saem tarde do trabalho), têm pouco interesse nos estudos, tratam a escola como um espaço para encontrar amigos e vêm apenas em busca do diploma. (KRAWCZYK, 2004, p.147).
Na maioria das vezes os altos índices de evasão escolar entre jovens, são
causados pela necessidade de inserção antecipada no mercado de trabalho,
relacionada à falta de condição econômica. Contudo o fator motivacional é primordial
para que o estudante não abandone a escola, e desempenhe seu papel social de
forma positiva, seja qual for sua posição na vida.
Motivação explica Vergara (1999, p.42), “é uma força, uma energia, que nos
impulsiona na direção de alguma coisa” [...] que “nasce de nossas necessidades
anteriores”.
Sabe-se que para Maslow, o homem se motiva quando suas necessidades
são supridas de forma hierárquica, sua teoria diz que o homem faz o que faz por
causa das suas necessidades e enumera estas, que foram conhecidas como a
pirâmide de Maslow: necessidades de autorrealização, necessidades de estima,
necessidades de afiliação, necessidades de segurança e necessidades fisiológicas
(FIORELLI, 2004).
Figura 01: Pirâmide de Maslow
Fonte: Criação da autora
14
Necessidades Fisiológicas: sobrevivência, alimentação, vestuário;
Necessidades de Segurança: proteção, estabilidade no emprego;
Necessidades Sociais: aceitação, amizade, sentimento de pertencer;
Necessidades de Estima: autoconfiança;
Necessidades de Autorrealização: criatividade, autodesenvolvimento.
A motivação é essencial para uma aprendizagem efetiva. Estudar é
desenvolver a capacidade de analisar e compreender. Permite ao estudante uma
visão mais crítica do mundo.
Que sujeito é esse? O que ele espera do futuro? Que expectativas possui
quanto ao mercado de trabalho, à escola, ou ao futuro profissional? Que motivações
fazem parte da vida desse jovem?
Com base nestas questões e instigados pelo desejo de explorar mais
profundamente esse tema, a proponente teve como meta discutir estes assuntos e
propor alternativas de melhoria da situação apresentada por meio das atividades
apresentadas na Produção Didático Pedagógica- Caderno Pedagógico.
3. METODOLOGIA
A revisão teórica limitou-se à apresentação dos principais conceitos teóricos
necessários ao desenvolvimento deste trabalho, realizado através de pesquisas em
livros, revistas e sites, pois
É um aprofundamento do estudo sobre o assunto, e em particular sobre o tema. Trata-se de buscar nos autores e obras que tratam do mesmo tema ou temas próximos, suas contribuições no sentido de proporcionar ao pesquisador oportunidades de empreender de forma mais sistematizada suas reflexões sobre o tema em estudo (TOZONI-REIS, 2005, p. 68).
Em relação ao processo da pesquisa utilizou-se a abordagem qualitativa, a
fim de compreender a realidade estudada, pois os dados e as informações
15
não podem ser tratados apenas como números ou códigos registrados em uma máquina qualquer, mas sim pela análise da profundidade, conteúdos e significados que representam, bem como sob o ponto de vista do pesquisador e dos estudiosos do problema investigado (CAPELLÃO, 2008, p.23).
Para Capellão (2008, p. 19) “Método e estratégia não podem deixar de ser
lembrados, pois deles dependem os resultados esperados ou aqueles que
buscamos quando da realização de um projeto de pesquisa”.
A Pesquisa foi realizada com 20 alunos do Ensino Médio Noturno do Colégio
Estadual “Olavo Bilac” – Ensino Fundamental e Médio, município de Itambé-Pr,
visando conhecer as expectativas e dificuldades desses jovens, em relação à
inserção no mercado de trabalho.
A pesquisa de campo em Educação, portanto, caracteriza-se pela ida do pesquisador ao campo, aos espaços educativos para a coleta de dados, com o objetivo de compreender os fenômenos que nele ocorrem e, pela análise e interpretação desses dados, contribuir pela produção de conhecimentos, para a construção do saber educacional e dos processos educativos (TOZONI-REIS, 2005, p. 30).
Pois, de acordo com a Professora Marilia Freitas de Campos Tozoni-Reis
(2005, p. 10) “A pesquisa qualitativa defende a idéia que, na produção dos
conhecimentos sobre os fenômenos humanos e sociais, nos interessa muito mais
compreender seus conteúdos do que descrevê-los, explicá-los”.
A coleta de dados foi feita através de questionário semiestruturado e análise
de documentos escolares, obtidos junto à secretaria da escola. Os dados obtidos
foram organizados, tabulados e posteriormente lançados em tabelas e gráficos, para
serem analisados mais facilmente.
Cada modalidade de pesquisa (bibliográfica, de campo, documental ou pesquisa-ação, entre outras) exige um conjunto de técnicas e instrumentos de pesquisa (leitura sistematizada, observações, entrevistas, questionários, planejamento participativo, etc.) para coleta de dados que se adaptem melhor à fonte de dados: autores e obras, a realidade social, os documentos, os sujeitos participantes, entre outras (TOZONI-REIS, 2005, p. 71).
16
Esta pesquisa além dos dados coletados também contou com a colaboração
dos professores de Disciplinas Técnicas no GTR – Grupo de Trabalho em Rede, que
muito contribuíram para o desenvolvimento deste em um trabalho conjunto e
integrado, através de suas opiniões e experiências vividas.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
O maior problema enfrentado por esta instituição no ensino noturno é a
evasão. A demanda do noturno é composta por alunos que trabalham durante o dia,
muitos efetivam sua matrícula, mas não conseguem conciliar trabalho e estudo e
desistem dos que ficam poucos mostram interesse por aprender e a maioria é
desinteressada e apática, o que faz com que haja um grande número de
repetências.
4.1 Horário de chegada às aulas
O não cumprimento do horário das aulas pelos alunos é outra questão que
merece atenção, 40% dos alunos entrevistados chegam sempre atrasados na
primeira aula e costumam sair mais cedo quando estão cansados ou com sono.
Figura 02: Rendimento Escolar Fonte: Colégio Estadual “Olavo Bilac”- Ensino Fundamental e Médio. Itambé/2010.
17
4.2 Rendimento Escolar de acordo com o Relatório Final de 2009 e 2010
Quanto ao rendimento escolar dos alunos do Colégio nos dois anos
precedentes: 2009 e 2010 com relação à aprovação, reprovação e abandono,
constatou-se que em 2009, 69% dos alunos foram aprovados, em 2010 este índice
foi de 75,6%. Em relação à aprovação dos alunos os índices obtiveram melhoras a
cada ano. Com relação à reprovação no ano de 2009, 9,2% dos alunos foram
reprovados e no ano de 2010, 14,1%, nota-se que a cada ano esses índices foram
aumentando.Quanto ao número de abandono em 2009 o índice foi de 21,8% e em
2010 foi de 10,3%. Percebe-se uma diminuição no índice de abandono, ou seja, a
evasão escolar está sendo reduzida no decorrer dos anos.
4.3. Nível Sócio Econômico dos Educandos
RENDA FAMILIAR
15,0%
28,2%
56,8%
ATÉ 1 DE 1 A 3 MAIS DE 3
Figura 03: Renda Familiar Fonte: Colégio Estadual “Olavo Bilac”-Ensino Fundamental e Médio. Itambé/2010.
18
O nível socioeconômico dos educandos do Estabelecimento corresponde a
atual situação econômica do país, pois em torno de 71,8% das famílias apresentam
baixa renda, ou seja, recebem de um a três salários mínimos e apenas 28,2%
recebem mais de três salários mínimos, fato este que incentiva o jovem na busca de
emprego.
4.4 Motivos que levam os educandos a trabalharem
Movidos pela necessidade de ajudar nas despesas de casa a maioria dos
entrevistados conseguiu uma oportunidade de emprego na região, trabalham oito
horas por dia e ainda enfrentam uma hora de ida e volta para casa. Acreditam que
vale a pena o esforço, pois estudar é importante para ter mais oportunidades no
mercado de trabalho.
Principal motivo por estar trabalhando Frequência Percentual
Necessidade de ajudar nas despesas de casa 12 60%
Independência financeira 06 30%
Porque o trabalho é importante 02 10%
Total 20 100%
Tabela 01: Principal motivo por estar trabalhando Fonte: Questionário aplicado durante a pesquisa
4.5 Importância dos estudos
O mercado de trabalho atual além de buscar mais trabalhadores com
experiência exige também mais escolaridade. Quando perguntados da importância
de estudar, 65% dos alunos atribuíram ao estudo melhores oportunidades no
mercado de trabalho, ou seja, melhores cargos e salários.
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Importância do estudo: Frequência Percentual
Ter mais oportunidade no mercado de trabalho 13 65%
Ser melhor como pessoa e como profissional 06 30%
Ser uma pessoa mais crítica 01 05%
Total 20 100%
Tabela 02: Importância do Estudo Fonte: Questionário aplicado durante a pesquisa
4.6. Planos e expectativas em relação ao futuro profissional após o término do
Ensino Médio
No entanto, de acordo com o gráfico abaixo a maior expectativa desses
jovens após o Ensino médio é fazer um curso profissionalizante, para conseguir um
lugar de destaque na carreira que pretendem seguir, pois cursar o Ensino Superior
além de muito mais caro é mais extenso.
Figura 4 – Planos após o término do Ensino Médio Fonte: Questionário aplicado durante a pesquisa
Se capacitar para desempenhar uma determinada função é de suma
importância, pois aumenta o acesso as oportunidades de emprego e renda no
mundo do trabalho atual, competitivo e exigente.
20
4.7 Maiores dificuldades enfrentadas em relação à inserção no mercado de
trabalho
Entre as dificuldades de inserção no mercado de trabalho está a falta de
capacitação comum índice de 40% dos entrevistados, que afirmam ter muitas vagas
no mercado o que faltam são pessoas habilitadas para suprir essas vagas.
Dificuldades enfrentadas em relação à inserção no mercado de trabalho
Frequência Percentual
Falta de capacitação profissional 08 40%
Falta de experiência 07 35%
Falta de vagas no mercado de trabalho 04 20%
Preconceito por ser jovem 01 05%
Total 20 100%
Tabela 03: Dificuldades enfrentadas em relação à inserção no mercado de trabalho Fonte: Questionário aplicado durante a pesquisa
4.8 Número de alunos que trabalham com carteira assinada
O gráfico abaixo mostra que apenas 30% dos entrevistados trabalham com
carteira assinada, 70% exerce um trabalho sem carteira assinada, informal, sem
vínculos ou benefícios fornecidos pela empresa.
Figura 5 – Alunos que trabalham com carteira assinada Fonte: Questionário aplicado durante a pesquisa
21
4.9 Conhecimento das exigências do mercado de trabalho
Diante das novas exigências do mercado de trabalho se faz necessário
saber como preparar um bom currículo, se comportar em uma entrevista de
emprego, ou seja, há um conjunto de práticas e estratégias para se conquistar um
espaço no mercado de trabalho. A maior parte dos alunos entrevistados não sabe
como se preparar e atender as expectativas do mercado de trabalho.
Figura 6: Você sabe Fonte: Questionário aplicado durante a pesquisa
Com base nestas questões, e com as contribuições dadas pelos professores
no GTR foi produzido o material pedagógico em forma de caderno pedagógico o
qual foi implementado junto aos alunos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há que se considerar os pontos positivos e negativos das ações, onde a
proposta foi repensada conforme a participação dos mesmos no desenvolvimento
das atividades.
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As atividades que exigiam o uso da Internet do Laboratório de Informática –
Paraná Digital foram adequadas em forma de apostila, pois enfrentamos problemas
com a conexão da mesma.
Todas as atividades foram planejadas e as que exigiam o uso da TV
Pendrive (Vídeos, Músicas, Filmes) ocorreram normalmente, de maneira satisfatória.
Para atingir os objetivos, foi criada uma metodologia específica, apoiada em
atividades com abordagens diversas, incluindo atividades com vídeos, músicas,
filmes, discussões, conversas. Todas as atividades foram feitas coletivamente para
que os alunos pudessem desenvolver habilidades de convivência em grupo e de
cooperação. Mesmo diante de todas as naturais dificuldades impostas para a
aplicação de algo novo, como possíveis dificuldades de infraestrutura, tempo,
resistências e outras que se apresentou, o projeto conseguiu atingir seus propósitos.
As atividades de orientação para inserção no Mercado de Trabalho ofereceu
aos participantes do projeto a possibilidade de amenizar ansiedades e esclarecer
dúvidas sobre o mundo profissional, e trocar experiências, propiciando assim
aprendizagens consideradas relevantes às suas vidas, tanto pessoal como
profissional.
A execução das atividades junto aos alunos foi uma oportunidade para
exercício da autopercepção, troca de experiências e aquisição de informações que
os auxiliarão no momento da inserção e/ou reinserção no mercado de trabalho.
A implementação do projeto através das atividades contidas no material
didático – caderno pedagógico mostrou-se relevante tanto em seu aspecto
pedagógico como social, já que combina elementos importantes para o aprendizado
dos alunos do ensino médio, bem como o prepara para inserção, reinserção ou
ainda redireciona os jovens estudantes no mercado de trabalho, o que amplia a
interação entre os elos aluno-escola-sociedade.
O projeto atingiu seus objetivos iniciais, na medida das condições
possibilitadas para a realização deste. As limitações naturais de resistências,
pertinentes ao ser humano, bem como outras de caráter material, tais como
infraestrutura, são barreiras que dificultam, mas não impedem a aplicação de algo
novo. O processo de mudanças, sobretudo cultural, demanda algumas décadas de
persistência, dedicação, troca de experiências e aprendizado contínuo, que passa
pelas dimensões da família, enfim da sociedade como um todo.
23
Porém, ao finalizar este trabalho trago um trecho da contribuição dada por
um colega no GTR-2010:
“Concordo que as mudanças ocorridas no mundo do trabalho trouxeram novos desafios para todos, inclusive para os jovens educandos, cuja maior dificuldade é a preparação para o mundo do trabalho. O conteúdo apresentado é pertinente na medida da necessidade da inserção do jovem no mercado de trabalho e da realidade do próprio mercado de trabalho, pontos fundamentais para seu sucesso profissional, pois no contexto atual, há realmente uma dificuldade do jovem em conciliar trabalho e escola, o que leva a outro problema, que é a relação entre a evasão escolar e a necessidade de trabalhar. Claro que o papel da escola não deve limitar-se somente à preparação para o trabalho, a formação deve encontrar-se contida no conjunto da instrução intelectual, física e tecnológica. Partindo do princípio que a escola deve preparar o aluno para o mundo do trabalho e dar a habilitação necessária para o exercício da cidadania e sendo a escola o local propício para a formação e preparação do indivíduo para o mundo em volta dele, percebo que alguns comentários se fazem necessários (baseados em opiniões dos colegas): A escola tem acompanhado estas mudanças? A escola tem condições, estrutura, material humano para acompanhar estas mudanças? Qual a contrapartida que podemos esperar de nossos alunos? Será que a escola está atendendo as necessidades ou os interesses dos alunos? A falta de motivação tem raízes que passam somente pela escola ou também pela família? A quem cabe a responsabilidade pelo aluno ter um projeto profissional: escola, família ou ambos? É interessante ao jovem abandonar a escola e optar por um emprego onde ele tem pouca ou nenhuma qualificação em detrimento da qualificação profissional que ele encontra em muitas escolas? Assim, se o projeto de intervenção pretende identificar os fatores que contribuem para os altos índices de evasão escolar, além da dificuldade de conciliar trabalho com estudo, o que contribui para o aumento da evasão, além de conhecer as expectativas e dificuldades dos jovens do ensino médio, em relação à inserção no mercado de trabalho e ao futuro profissional, ele deve responder primeiramente a estas questões.” (OLIVEIRA, 2010).
A partir deste tópico inicial, fica difícil apontar alternativas para o caso em
questão, sem antes ir fundo nas questões apresentadas. Assim, o projeto deve ter
um início, mas está longe de ter um final, pois somente após a análise criteriosa dos
fatores apontados é que poderemos chegar a alternativas concretas para minimizar
e até mesmo resolver o problema da inserção dos jovens no mercado de trabalho e
suas expectativas.
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6. REFERÊNCIAS
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