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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
MATA DE ARAUCÁRIASRecuperação e preservação da Mata dos Pinhais ou Mata de Araucárias
Autor: Cezar Daniel Milléo1
Orientadora: Eloiza Cristiane Torres2
* Mosaico “Paisagens do Paraná”
1 Professor licenciado em Geografia pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa (atual UEPG), com especialização em Sociedade, Ecologia e Meio Ambiente pela UFPR / FAFIPAR / CAEDRHS (Guaraqueçaba-PR,), discente do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
2 Professora Doutora em Geografia, docente da Universidade Estadual de Londrina – UEL, orientadora deste trabalho.
RESUMO
Este artigo pretende apresentar as várias etapas que fizeram parte das atividades propostas no trabalho previsto no Plano de Ação do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009, direcionando uma ação conjunta a um dos ecossistemas em fase de quase extinção, mediante situações que problematizem a forma como está sendo degradada a Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais, apresentando soluções e fórmulas para sua recuperação, mediante o gerenciamento integrado dos ecossistemas que ocupam áreas do espaço geográfico de nossa região, conhecendo mais de perto a problemática que envolve esta espécie vegetal do nosso estado, envidando ações individuais e coletivas num esforço comum com vistas à sua recuperação e preservação, compreendendo o valor e importância da nossa participação como agentes indispensáveis no processo de preservação de nossas florestas, trabalhando conhecimentos específicos da Geografia, com os quais se possa ler e interpretar criticamente questões sócio-ambientais, políticas, econômicas e culturais no espaço geográfico ocupado por esta espécie florestal tão ameaçada. Neste sentido, o trabalho de conscientização desenvolvido nas escolas e na comunidade de influência local, através de professores, alunos e todos os cidadãos, é de grande importância, pois só a consciência humana será capaz de preservar o meio ambiente e, consequentemente, a própria humanidade.
Palavras-Chave: Desmatamento; Recuperação; Preservação; Ecossistemas.
ABSTRACT
This article aims to present the various steps that were part of the activities proposed in the work envisaged in the plan of action of the Educational Development Programme – PDE 2009, targeting a joint action to an ecosystems in near extinction by situations that problematizem how being degraded the Araucaria forest or Kills dos Pinhais, presenting solutions and formulas for your recovery, through the integrated management of ecosystems that occupy areas of geographic space of our region, knowing more closely the problems involving this species of our State, making individual and collective actions in a common effort with a view to their recovery and preservation, understanding the value and importance of our participation as essential actors in the process of preserving our forestsworking knowledge of geography with which they can read and interpret critically socio-environmental issues, political, economic and cultural rights in the geographical area occupied by this species as threatened forest. In this sense, the awareness developed in schools and in the community of local influence, through teachers, students and all citizens, is of great importance, because only the human
2
consciousness is able to preserve the environment and, consequently, humanity itself.
Keywords: Deforestation; Recovery; Preservation; Ecosystems.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo visa apresentar uma preocupação eminente sobre a
questão ambiental. Assim sendo, buscamos o entendimento das formas pelas quais
os alunos do ensino médio do CEEBJA Ivaiporã, na disciplina de Geografia, ensino
coletivo, composta por 20 alunos, em diferentes faixas etárias, onde o projeto foi
desenvolvido, entende tal questão. Concluímos que estes poderiam colaborar ativa e
diretamente na realização e divulgação dos benefícios que esta prática poderia
oferecer às pessoas envolvidas no processo. Como resultado, pudemos observar
que os alunos perceberam e incorporaram a proposta de desenvolverem o trabalho
apresentado, pois foram muito receptivos à exposição das propostas e amostragem
dos objetivos a serem atingidos, demonstrando curiosidade e empolgação. O ponto
positivo deste envolvimento teve como resultado maior proporcionar a inclusão do
conteúdo nos materiais didáticos da SEED e o seu aproveitamento pelos demais
alunos e professores, principalmente na disciplina de Geografia, despertando o
interesse em multiplicar a idéia de preservação e conservação dos remanescentes
desta Mata que já foi uma das mais importantes do nosso estado e, em extensão, do
nosso país.
2 APLICAÇÃO DO TRABALHO
Com a intenção de lançar as primeiras idéias sobre a necessidade e
possibilidades de se realizar um trabalho de preservação e recuperação da espécie
vegetal em questão, foi feito um pequeno retrocesso no tempo, mostrando aos
alunos que ao longo da história o homem construiu, inventou e produziu muitas
3
coisas de acordo com suas necessidades, utilizando os recursos oferecidos pela
natureza. Na prática, este trabalho foi desenvolvido em sala-de-aula, em cinco aulas
especialmente preparadas e motivadas com o auxilio de farto material audiovisual,
tendo como foco principal o PowerPoint para uso na TV Pendrive, com imagens
locais e da região do Vale do Ivaí, onde se faz presente alguns remanescentes da
Mata dos Pinhais, material este disponibilizado para as escolas da rede estadual de
ensino, para uso em sala de aula, colaborando com a atividade pedagógica dos
professores quando estiverem tratando desta temática, contribuindo, desta forma, no
processo de divulgação da idéia de preservar e recuperar a mata de araucárias,
utilizando como apoio diferentes vídeos disponibilizados no YouTube e outros, cuja
temática direcionada ao tema desenvolvido ilustrou sobremaneira todo o trabalho
realizado, como os vídeos “Mata dos Pinhais” e “O Pinheiro do Paraná – Floresta
com Araucárias”, primeiramente mostrando o que é esta floresta, como se apresenta
e onde se localiza; na sequência, trabalhamos os vídeos “Desmatamento”, onde
enfatizamos o processo de destruição que vem ocorrendo em toda a cobertura
vegetal que cobre o nosso território brasileiro, destacando, a seguir, em especial, “A
evolução do desmatamento ocorrido no Estado do Paraná, de 1890 a 1997”. Como
forma de ilustração do que se pode fazer como forma de preservação da espécie,
utilizamos o vídeo “Plantando árvores no Bosque do Papa em Curitiba”, documento
que registra o trabalho feito nesta área histórica e de preservação ambiental,
complementado pelo vídeo “Plante você também essa idéia”, mostrando que se
pode fazer o aproveitamento econômico de forma racional, sem prejuízo da espécie.
Para conhecimento e participação dos professores das escolas da rede
estadual de ensino do trabalho em questão, atuamos como docente no curso de
aperfeiçoamento pedagógico da SEED, organizado pelo NRE Ivaiporã, o DEB
Itinerante, onde fizemos a apresentação do material audiovisual – PowerPoint que
produzimos dentro da temática do Caderno Temático que organizamos, e ainda
fizemos uso dos vídeos utilizados em nossas aulas, disponibilizando o material a
todos os interessados.
Após as aulas, através de uma conversa informal com os alunos, seguida de
uma exposição oral com auxílio dos recursos do material didático em power-point,
algumas questões foram levantadas com a intenção de diagnosticar o quanto eles
tinham conhecimento da devastação que vem ocorrendo com o desmatamento e
extinção da Mata dos Pinhais, e o quanto eles poderiam fazer para dar um basta a
4
este processo, revertendo esta situação, contribuindo na recuperação da Mata das
mais diferentes formas, colocando em prática tudo o que fora apresentado nas
aulas.
Ao final, concluiu-se, após várias análises, que com o passar do tempo o
espaço geográfico, a paisagem, foi sendo modificada, e que em muitas sociedades
do passado os homens utilizavam a natureza somente para retirar dela o necessário
à sua sobrevivência, como os alimentos, madeiras, fibras de tecido e outras,
possibilitando que ela fosse pouco modificada.
Nos séculos passados, com início em meados de 1860, um modelo de civilização se impôs, alicerçado na industrialização. A exploração dos recursos naturais se intensificou muito e adquiriu outras características, cuja base é a produção e o consumo em larga escala, pondo em risco a sua renovação. ROSA; STIPP; FERNANDES. A questão ambiental no ensino fundamental no Col. Est. João Sampaio - Vila Yara – Londrina - PR. - um estudo de caso. 2002. v. 11. p. 298.
3 DESENVOLVIMENTO
Um trabalho de pesquisa foi proposto aos alunos tendo como temática a
exploração da madeira ocorrida na região do Vale do Ivaí e áreas próximas, da qual
faz parte a cidade de Ivaiporã, e suas conseqüências para o meio ambiente. Como
resultado, concluiu-se que, de maneira geral, a exploração da madeira no Estado do
Paraná teve seu início por volta de 1780, com grande destaque para as florestas de
Araucárias que, juntamente com outras espécies arbóreas, cobriam o Estado e, num
período de 100 anos, cerca de 80% dessa cobertura vegetal foi derrubada e utilizada
das mais diferentes formas, explorada economicamente para fornecer madeira para
construção de casas, igrejas, cercas, pontes, estábulos e outros, bem como ainda
extrair e serrar esta madeira para exportação. De toda essa enorme riqueza natural
de floresta formada pela árvore símbolo do Paraná e que inspirou o nome da capital
do Estado, CURITIBA (“terra de muitas araucárias” ou “imensidão de pinheiros”),
restou apenas 1% do total.
Considerando-se que a Araucária é uma árvore que se adapta melhor às
regiões de temperaturas mais baixas, estabelecemos os meses de junho e julho, na
5
transição do outono/inverno para iniciarmos a organização e implantação de um
viveiro de mudas, a ser instalado nas dependências da Escola (CEEBJA), com a
participação efetiva de 20 alunos da disciplina de Geografia, ensino Coletivo, em
parceria com a Prefeitura Municipal e do IAP – Instituto Ambiental do Paraná
(Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) de Ivaiporã, que nos forneceram
orientação e material para execução desta atividade.
Na prática, complementamos o trabalho com as atividades de campo, uma
vez que nossa preocupação é tentar, dentro das possibilidades, colaborar no
processo de preservação dos remanescentes dessa espécie tão importante, bem
como contribuir para sua recuperação, através de ações que envolvam o plantio de
mudas e outras formas eficientes para atingir nosso objetivo.
Quando muitos geógrafos brasileiros se referem ao sul do Brasil é comum se
lembrar da Mata dos Pinhais, também conhecida como Mata de Araucárias ou
Floresta dos Pinhais, formação vegetal típica da região. Antigamente, antes que a
lavoura de café e cereais cobrisse as terras paranaenses, sua presença era tão
comum que os índios chamaram de CURITIBA toda uma extensa região.
As imagens da época em que o Paraná ainda não era totalmente ocupado e a
predominância na paisagem era apenas de uma cobertura vegetal heterogênea
destacam, entre as inúmeras espécies vegetais, o pinheiro-do-paraná (araucaria
angustifolia), eleita como a árvore símbolo do estado. Árvore típica da região, a
Araucária é uma espécie ameaçada de extinção que ainda continua sendo
explorada ilegalmente, após uma ocupação territorial intensa, devido a boa
qualidade da madeira, e que vive rodeada de muitas outras espécies, como a
imbuia, o cedro, o pau-ferro, a peroba, que têm alto valor comercial, e que são
impiedosamente derrubadas para atender às necessidades econômicas dos
colonizadores e da construção de uma nova forma de ocupação, sem a
preocupação de preservar essa riqueza natural.
Originalmente a área ocupada pelas araucárias no Brasil era de mais de 20
milhões de hectares. Hoje quase tudo foi devastado, ocorrendo impunemente a
degradação de um recurso natural que impulsionou a economia paranaense durante
décadas, pois ainda encontramos madeireiras que cortam araucária livremente, mas
pior do que isso é que os reflorestamentos com araucária são insignificantes se
comparados com os milhares de hectares reflorestados anualmente com pinus e
Eucalyptus.
6
A forma como os recursos naturais e culturais brasileiros vêm sendo tratados e a falta de articulação entre ações sistemáticas de fiscalização, legislação e implantação de programas específicos, induz muitos grupos a deixar áreas devastadas, o que custará caro à sociedade em geral. ROSA; STIPP; FERNANDES. A questão ambiental no ensino fundamental no Col. Est. João Sampaio - Vila Yara - Londrina-PR. - um estudo de caso. 2002. v. 11. p. 300.
Para Dias (1991), promover o plantio de árvores nativas de sua região
(frutíferas, medicinais, ornamentais, etc.); organizar equipes que possam trabalhar
na sua manutenção; informar à comunidade a importância social, econômica,
cultural, ética e ecológica daquelas árvores e das demais, são ações importantes e
necessárias na defesa da questão ambiental em nosso país.
Precisamos reverter estas situações, fazer a nossa parte, dar nossa
contribuição, estimulando estudos que visem a sua regeneração natural, pois
acreditamos que a ampliação deste ecossistema permitirá o retorno da fauna e do
equilíbrio perdido.
Para Dias (1991), muitos países em desenvolvimento têm lutado com
problemas ambientais, tais como desertificação, crescimento desordenado de áreas
urbanas e poluição industrial. Nesse contexto, o desmatamento representa um dos
problemas mais graves, uma vez que produz consequências perigosas para a
população humana e para a preservação da flora e da fauna. Tem sido responsável
por um grande número de inundações, pela erosão de terras produtivas e pelo
declínio do potencial hidroelétrico. Também tem resultado na destruição de espécies
de plantas e animais, em alguns casos desestabilizando irreversivelmente os
ecossistemas dos quais dependem a vida humana e a riqueza genética da biosfera.
Cerca de 25 mil espécies de plantas e mais de mil espécies de animais estão
ameaçadas de extinção.
Junte-se a estes fatos as conseqüências desta exploração e retirada da
cobertura vegetal e seus reflexos para o meio ambiente, provocando o aquecimento
e empobrecimento do solo, o aumento da poluição, o assoreamento dos rios e o
aumento da temperatura do ar.
No Paraná, a Mata de Araucárias ainda sofre a ameaça de extinção total,
restando apenas alguns trechos de preservação localizados, situados em diferentes
7
pontos do estado. No município de Manoel Ribas, na região central do estado, na
reserva indígena da FUNAI, ocupada por índios kaingangs, uma pequena parcela
desta mata faz parte de sua reserva florestal. Em contrapartida, no município
vizinho, Pitanga, uma bonita e extensa área preservada, conhecida popularmente
como “Mata da Viúva”, apresenta espécimes de alto porte e em quantidade que
merece ser destacada. Sendo Ivaiporã uma região onde prevalece a prática
econômica da agricultura e, em menor espaço, da pecuária, e por estar nosso
município bem próximo a Manoel Ribas e Pitanga, a possibilidade de um projeto
bem sucedido é grande, através de um intenso trabalho de conscientização e
envolvimento, articulados com ótimas idéias e soluções práticas para amenizá-los.
A história de Ivaiporã registra que, para existir, determinou a derrubada e
queimada de uma extensa área de pinheirais que ocupavam a paisagem natural
daquela parte do território. A região do Município de Ivaiporã iniciou seu ciclo
colonizador no final da década de 40, quando as terras, consideradas as mais férteis
do país, passaram a atrair a atenção de desbravadores que vieram de todos os
recantos em busca de melhores condições de vida. Antes da denominação atual
teve outras referências como Queimada, Cruzeiro, "SAPECADO", Ivainópolis e,
finalmente, Ivaiporã, cujo nome, de origem indígena, significa: IVAI = Rio, PORÃ =
Bonito. O nome "SAPECADO" surgiu devido a paisagem do local onde teve início a
cidade demonstrar a aparência de uma extensa área de queimadas, deixando a
mostra uma imensa quantidade de resíduos sapecados, sistema utilizado para
limpar a área onde estavam sendo edificadas as primeiras construções que deram
origem à povoação.
Conforme Mattos (1994), no Brasil, especialmente na região Sul, tem-se
excelentes condições para o cultivo de florestas.
Além das vantagens edafoclimáticas e da disponibilidade de terras, o Brasil se
destaca atualmente como um dos países que oferecem o melhor clima de
investimento em negócios florestais na América Latina.
Para Mattos (1994), há uma crescente demanda por madeira no Brasil e no
mundo. Só no Brasil, estima-se que o consumo anual de madeira, para todos os fins,
oscile entre 250 e 300 milhões de m³, dos quais aproximadamente um terço é
proveniente de florestas plantadas que ocupam menos de 1% da área total do
território nacional. Mattos (1994), acrescenta ainda que é possível que a madeira
proveniente de florestas plantadas de araucária tenha remuneração compensatória
8
no longo prazo se os plantios atingirem escala suficiente para garantir o
abastecimento, principalmente, de segmentos industriais que utilizam toras de
elevado calibre, já que se trata de uma madeira diferenciada em relação às das
espécies exóticas, inclusive no que se refere ao aspecto ambiental.
Dos pinheirais é que vive a indústria nacional do pinho e derivados. Caso o ritmo da exploração se mantenha sem alteração, a vida dos pinheirais catarinenses talvez se prolongue apenas por mais 50 anos. SANTOS; Lindalvo Bezerra. Tipos e Aspectos do Brasil. IBGE, 1966.
Calcula-se que do ano de 1930 até hoje, no Brasil, cerca de 100 milhões de
árvores da espécie foram derrubadas, deixando a araucária à beira da extinção.
Hoje, ela é considerada o bioma mais devastado do país. Menos de 1% guarda as
características da floresta primitiva. No Paraná, restam apenas 0,8% de
remanescentes em estágio avançado de recuperação, fato decorrente das
atividades produtivas desenvolvidas há várias décadas, especialmente na extração
de madeira, ocupação agropecuária e na produção de resinas.
4 FOTOS ILUSTRATIVAS
O Rotary Club Ivaiporã organizou, em parceria com um proprietário rural, associado do clube, uma área cedida que ficou definitivamente destinada ao plantio de árvores nativas da região, área esta que recebeu o nome de “Bosque do Rotary”, quando foram plantadas 100 mudas, em comemoração aos 100 anos de Rotary International. A cada ano, no mês de fevereiro, no domingo, os rotarianos e suas famílias se reúnem e é feito o plantio de mais uma nova árvore, pelas mãos do presidente em exercício naquele ano, simbolizando mais um ano de existência de Rotary, ao mesmo tempo em que são replantadas as mudas que não conseguiram
9
sobreviver, num importante e necessário trabalho de preservação ambiental, com destaque para a recuperação dos mananciais e fontes de água existentes nas propriedades rurais.Nas fotos acima, o rotariano presidente, Cezar Daniel Milléo, professor PDE, autor deste artigo, plantando uma muda de araucária no Bosque, agora com 106 árvores plantadas (são 106 anos de Rotary), em fevereiro de 2007, e ao lado de uma araucária, em fase de crescimento, já em pleno desenvolvimento.
Rotarianos do Rotary Club Ivaiporã e familiares no agradável e utilíssimo trabalho de preservação da natureza, plantando árvores e recuperando os mananciais de água
(2007).
Nos centros urbanos ainda se vê a sobrevivente árvore Araucária como parte da ornamentação natural nos jardins das casas ou isoladas na paisagem,
resistindo ao desmatamento e aos interesses econômicos do homem. (Paisagem urbana: Vila João XXIII - Ivaiporã – PR.)
Foto: Prof. PDE Cezar D. Milléo
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Araucárias plantadas alinhadas à margem da rodovia PRC 466, altura do km 105, próximo ao trevo secundário de acesso à cidade de Ivaiporã – PR.
... e, na mesma propriedade rural, as araucárias se destacam na paisagem da lateral
da estrada que dá acesso à sede da fazenda, Fotos: Prof. PDE Cezar D. Milléo
* Mosaico “Paisagens do Paraná”, com destaque para a árvore símbolo do Estado, criação do artista plástico Marcelo Lisboa Marques (Licenciado em Artes –
Faculdades Claretiano), montado no CEEBJA Ivaiporã, em 2008, onde atua como professor PSS.
Fotos: Prof. PDE Cezar D. Milléo
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Utensílio artesanal criado para cortar as sementes do Pinheiro-do-Paraná,
conhecidas como pinhões, que, crescidas e maduras servem de alimento para o homem, sendo, também, muito apreciados pelos animais da floresta.
O popular "pinhão" das festas juninas era uma das bases da alimentação dos indígenas e colonos do sul.
Fotos: Prof. PDE Cezar D. Milléo
Visita feita ao Viveiro de Mudas do IAP Ivaiporã, localizado na Vila Nova Porã, para
conhecer as técnicas de formação de mudas de árvores frutíferas e nativas. Fotos: Prof. PDE Cezar D. Milléo
Assim, buscamos apresentar informações que possibilitam despertar no aluno
interesse pelo tema proposto e apropriar-se também dos recursos e vantagens que
esta iniciativa pode lhe oferecer, observando que todo esse processo se desenvolve
no “lugar” em que esses alunos estão inseridos. De acordo com KOZEL (1996), a
idéia de lugar, relacionada apenas a localização dos fenômenos no espaço físico,
12
está cada vez mais distante, mas ainda corresponde a uma abordagem muito
utilizada nos estudos geográficos. As diretrizes escolares conceituam lugar como o
espaço onde o particular, o histórico, o cultural e a identidade permanecem
presentes.
A razão do processo educacional é o estudante, por isso parece interessante
que o conteúdo que o professor escolher para a realização de um trabalho deste
porte deve estar ligado à vida dos alunos e à realidade em que vivem. Permitir e
criar condições para que ele trabalhe com a sua realidade próxima, para conhecer o
lugar em que vive e construir os conceitos necessários, tanto para aprendizagens
futuras, como para que possa começar a exercitar o processo de compreensão e
uma melhor adaptação ao mundo em que vive.
Considerando-se que a geografia é uma disciplina, o estudo geográfico deve
considerar o aluno e a sociedade em que vive, não podendo ser algo distante da
realidade do mesmo.
A escola é um local privilegiado para a realização da Educação Ambiental, desde que se dê oportunidades à criatividade. ROSA; STIPP; FERNANDES. A questão ambiental no ensino fundamental no Col. Est. João Sampaio - Vila Yara - Londrina-PR. - um estudo de caso. 2002. v. 11. p. 301.
Na sala de aula, o professor pode planejar essas situações considerando a
própria leitura da paisagem, a análise e o trabalho com a representação do espaço.
O importante seria toda a comunidade escolar participar de projetos assim,
visitando locais de tratamento de água, rios poluídos, realizando observações,
estimulando estudos que visem a sua regeneração natural, pois acredita-se que a
ampliação deste ecossistema permitirá o retorno da fauna e do equilíbrio perdido.
Sendo nosso município parte integrante de uma região essencialmente rural, a
possibilidade de um projeto bem sucedido é grande, visto que a maioria dos alunos
tem consciência do problema e ótimas idéias para amenizá-los.
Para CAVALCANTI (1998), a importância da Geografia para a vida dos alunos
é o ponto de partida para se refletir sobre a construção dos conhecimentos
geográficos. Há um consenso entre os estudiosos da prática de ensino de que esse
papel é o de prover bases e meios de desenvolvimento e ampliação da capacidade
13
dos alunos de apreensão da realidade sob o ponto da espacialidade, a compreensão
do papel do espaço nas práticas sociais e a configuração do espaço.
O propósito deste trabalho é apresentar as atividades e as experiências que
aconteceram no decorrer do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE
2009, desenvolvido em quatro etapas no decorrer dos anos 2009 e 2010. Na
primeira etapa foram cumpridas as atividades estabelecidas pela Secretaria de
Estado da Educação – SEED, em parceria com a Universidade Estadual de Londrina
- UEL, que nos capacitou, contribuindo com a nossa atualização e reformulação
teórica necessárias ao desenvolvimento das atividades estipuladas. Na segunda
etapa tivemos como atividade principal a elaboração do Plano de Trabalho, sob a
orientação da Profª Drª Eloiza Cristiane Torres. Na terceira etapa foi nossa
responsabilidade orientar um Grupo de Trabalho em Rede – GTR, trabalho virtual
que possibilitou a troca de experiências ao longo de sua duração. Na quarta etapa
foi elaborada e feita a aplicação do Material Didático (Caderno Temático) em
consonância com o objeto de estudo constante no Plano de Trabalho, e, finalmente,
foi feita a implementação por parte dos professores participantes do GTR nas suas
respectivas escolas de atuação, adequando o mesmo às características de cada
município e realidade local, isto porque cada região, a seu modo e intensidade,
valorizam fatos e acontecimentos que as diferem de outras em sua formação.
No transcorrer de nossa participação no PDE, no primeiro ano tivemos a
oportunidade de participar de atividades ofertadas pela UEL. Para nos auxiliar na
construção do Plano de Trabalho, do Material Didático e do presente Artigo
Cientifico contamos com os Encontros de Orientação, programados e realizados nas
dependências da Universidade, as quais possibilitaram o desenvolvimento destas
atividades com indicação de leituras e troca de idéias sobre o tema abordado, a
fundamentação teórica necessária para o embasamento cientifico e levantamento de
dados junto aos órgãos públicos, contidos nestes trabalhos. Além destes encontros,
participamos de Cursos de extensão, de atividades práticas no Laboratório de
Informática da UEL, e orientações sobre o uso da Biblioteca. Com o objetivo de
compreender conteúdos de astronomia, realizamos dia 17 de março de 2010, uma
visita ao Planetário de Londrina e Observatório Astronômico da UEL, que possui fins
acadêmicos, educativos e culturais, para conhecer o projeto “Ambientes de Apoio à
Educação Informal de Difusão e Ensino-Aprendizagem em Educação Científica”,
coordenado pela Profª Drª Rute Helena Trevisan, docente do Departamento de
14
Física da UEL, visita esta programada e orientada pela Profª Drª Eloiza Cristiane
Torres, orientadora deste trabalho, que nos proporcionou ainda uma esclarecedora
aula de campo na Fazenda Bimini, localizada na PR-170, entre Rolândia e Porecatu,
a 35 km de Londrina, dia 16 de março de 2010, com o objetivo de discutir as práticas
em Educação Ambiental, sob a brilhante orientação dos proprietários da fazenda,
Daniel e sua mãe, Srª Rute Steidle, onde pudemos observar, in loco, um
maravilhoso trabalho acrescido de muita dedicação e desprendimento com o
objetivo de trabalhar e difundir métodos e meios para a preservação ambiental,
trabalho este que encantou a todos que participaram neste dia tão produtivo e de
grande aprendizado, para que possamos realizar um projeto de multiplicação de
idéias e atitudes que visem, cada vez mais, melhorar a qualidade de vida de todos
os seres vivos, preservando o meio ambiente em que vivemos.
Transformar, preservar, comunicar, criar e brincar são os verbos mais
conjugados na Fazenda Bimini, propriedade da família Steidle, localizada na cidade
de Rolândia, próxima de Londrina. Lá são realizados programas de educação
ambiental com atividades criativas que mostram uma história de transformação com
simplicidade, durante um belo passeio indicado para crianças e público infanto-
juvenil. Criada em 1936 por um casal de imigrantes alemães – numa região coberta
de mata virgem onde onças atacavam animais domésticos –, a fazenda prosperou
com a cultura do café até a década de 1970. O nome do local dado pelos
fundadores foi inspirado em um poema de Heinrich Heine, no qual Bimini era a ilha
onde jorrava a fonte da eterna juventude. A partir da década de 1990, a terceira
geração de fundadores da propriedade decidiu levar a sério o significado de nome
Bimini e começou a procurar uma maneira sustentável de desenvolver os negócios e
preservar a natureza. Desde então, a família Steidle realiza um amplo programa de
educação ambiental informal, com o apoio de educadores, ONGs e de entidades
como a Embrapa-Florestas (de Colombo-PR) e a Universidade Estadual de
Londrina. Os visitantes da fazenda conhecem os arboretos (uma coleção de plantas)
botânico e florestal – com mais de 260 diferentes espécies, o plantio do palmito
juçara, o paiol que virou galeria de artes e o prédio da antiga máquina de beneficiar
café – hoje transformado em local de encontros, aprendizagem, fóruns de discussão
e reflexões. Ao ver a parte externa do grande barracão não é possível imaginar a
beleza, a história e a generosidade que estão lá dentro. Trilhas, pinturas,
brincadeiras e a vivência de criativas “histórias da natureza” complementam as
15
atividades do local. Mais do que aprender, no “paraíso” Bimini as crianças são
estimuladas a falar e se expressar durante as experiências, que trabalham a emoção
e a construção de elos com a natureza e a cultura regional. A arte também é outra
forma de estimular a sensibilidade das crianças após o passeio. Mas isso é apenas
um recorte da amplitude da transformação apresentada na Fazenda Bimini. O
trabalho em 2005 foi premiado com o primeiro lugar na categoria Humanidade do
Prêmio Ambiental von Martius, da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha
de São Paulo.
A Educação Ambiental, quando usada por pessoas qualificadas, se torna uma arma poderosa contra aqueles que da natureza se aproveitam de forma ilícita, só pensando em tirar proveito dos seus recursos naturais, sem dar nada em troca. ROSA; STIPP; FERNANDES. A questão ambiental no ensino fundamental no Col. Est. João Sampaio - Vila Yara - Londrina-PR. - um estudo de caso. 2002. v. 11. p. 298.
Destaque-se a participação nos Encontros de Área ofertados pela SEED, que
nos oportunizaram a troca de experiências com os demais colegas da nossa e de
outras áreas de atuação pedagógica, os Seminários Temáticos, e, ainda, o
treinamento específico para a utilização do MOODLE, a plataforma em que ocorreu
o curso, tendo como docentes os colegas professores que fazem parte do CRTE /
NRE Ivaiporã, preparando-nos para que tivéssemos condições de participar
ativamente da produção de um curso virtual (GTR), à distância, como atividade de
formação e integração para os professores da rede pública estadual, através do
Portal da Educação.
CONCLUSÃO
Ao concluir este trabalho, queremos enfatizar que ao abordarmos o tema
“Recuperação e preservação da Mata de Araucárias”, tínhamos como intenção
maior contribuir de alguma forma no processo de desta importante espécie vegetal
que, de maneira até mesmo absurda e arbitrária vem sendo devastada para atender,
16
apenas e tão somente, aos interesses econômicos daqueles cuja única preocupação
é retirar da natureza, pura e simplesmente, tudo o que ela produz, sem pensar em
repor o que foi destruído, para dar continuidade à existência destes elementos
naturais, o que pode muito bem ser feito de maneira controlada, organizada, através
de um remanejamento ecologicamente correto, atendendo, assim, a todas as
necessidades sem chegar ao processo de desmatamento total.
Sabedores de que muitas das questões aqui registradas já foram
pesquisadas e até mesmo abordadas por diversos pesquisadores e estudiosos do
assunto em pauta, citados ou não nas fontes referenciais, ou mesmo outros que não
tivemos a oportunidade de conhecê-los, podemos afirmar com convicção que não
consideramos este um trabalho pronto e acabado, e que talvez sirva para aqueles a
quem possa interessar em inserir novas pesquisas, sugestões ou até mesmo novos
enfoques.
No que se refere ao proposto pelo projeto que desenvolvemos anteriormente,
o trabalho possibilitou a realização de atividades práticas, discussão sobre o tema e
apresentação de um resumo final em forma de PowerPoint,com exposição oral, a
inserção dos textos produzidos para discussão e aprofundamento junto ao Grupo de
Trabalho em Rede – GTR 2009/2010, a elaboração de um Caderno Temático com o
tema, a implementação pedagógica do tema junto ao CEBJA Ivaiporã, ensino médio,
no primeiro semestre de 2010, com destaque para a possibilidade de um importante
trabalho interdisciplinar, levando o aluno a refletir sobre sua participação no
processo conservacionista, até mesmo divulgando e ampliando o leque de pessoas
interessadas e empenhadas na preservação desta mata que já ocupou a maior parte
do território paranaense e, em extensão, da região sul brasileira.
Considerando a realidade apresentada e o conteúdo específico do tema Mata
dos Pinhais para a disciplina de Geografia, ficou clara a importância do mesmo
como um instrumento útil para ler e entender o mundo, para exercitar a cidadania e
formar o cidadão.
No entanto, o professor deve ir além de um conhecimento estático, deve
passar a idéia de movimento, por meio do qual as pessoas, ao construírem a
sociedade, produzam um espaço com suas marcas.
Os alunos demonstraram boa vontade e interesse principalmente ao final da
pesquisa e da exposição de motivos feitas em sala de aula, conseguindo se
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apropriar de conhecimentos significativos, reafirmando a importância da
necessidade de se conhecer o espaço local, e de preservá-lo.
As situações de aprendizagem criadas permitiram que os alunos pudessem
fazer múltiplas comparações e buscar explicações para a construção do
pensamento e organização das formas como proceder para a execução prática do
que se pretende fazer, na realidade, em benefício da natureza.
Participar deste programa foi uma oportunidade única, o que nos
proporcionou a oportunidade de rever conceitos e atualizar nossa metodologia e
nossa prática pedagógica, pois nos levou a um contato maior com novas formas de
capacitação, tão necessárias, proporcionadas pela Secretaria de Estado da
Educação do Paraná - SEED.
AGRADECIMENTOS
À Secretaria de Estado da Educação - SEED e Governo do Estado do Paraná pelo empenho, formatação e legalização do PDE.
À Coordenação e Orientação da Profª Doutora Eloiza Cristiane Torres,
UEL/Londrina, pela paciência, perseverança e intervenções na elaboração dos
trabalhos que realizamos como discentes do PDE.
Artigo apresentado como trabalho final, ao Programa de desenvolvimento Educacional – PDE 2009 / SEED-PR, sob a Orientação da Professora Doutora Eloiza Cristiane Torres, Departamento de GEOGRAFIA – Universidade Estadual de Londrina – UEL.
REFERÊNCIAS
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental - Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia, 1991, p. 146.
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MATTOS, João Rodrigues. O pinheiro brasileiro. 2. ed. Sta. Catarina: Princesa, 1994, 225p, v,1.
ROSA, N. V.; STIPP, N. A. F.; FERNANDES, M. O. A. Revista Deptº Geociências – UEL. A questão ambiental no ensino fundamental no Col. Est. João Sampaio - Vila Yara - Londrina-Pr. um estudo de caso. Londrina. v. 11. p. 298/301. 2002.
SOURIENT, l.; RUDEK, R.; CAMARGO, R. Geografia – Interagindo e percebendo o Paraná. Ed. do Brasil. v. 1. 2000?
KOZEL, S., FILIZOLA, R. Memórias da Terra o Espaço Vivido. São Paulo, FTD, 1996.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Papirus Editora Campinas, SP. 1998.
SANTOS; Lindalvo Bezerra. Tipos e Aspectos do Brasil. IBGE, 1966.
Documentos consultados:
Atlas Climatológico do Brasil - Ministério da Agricultura, Era Verde? – Ecossistemas brasileiros ameaçados - Zysman Neiman – 18. edição - Atual
http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/A20pinhao.html (acesso 20 fevº/2010)
http://www.ipef.br/identificacao/araucaria.angustifolia.asp (acesso em 20 fevº 2010)
http://sites.uol.com.br/mpcatell/arauc.html (acesso 20 fevº 2010)
www.planetazul.pt/edicoes1/planetazul/dicionario.aspx
www.agronline.com.br/artigos/artigo.php ?
http://www.planetalondrina.com.br/cont/contFull.asp?nrseq=3041&categoria=102
http://www2.uel.br/cce/mct/planetario/sobreoplanetario.htm
www.londrina.pr.gov.br/museudearte
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Sugestões de vídeos disponíveis sobre o tema:
– “Mata dos Pinhais” – http://www.youtube.com/watch?v=cxWbVqw-Yzo
– “O Pinheiro do Paraná – Floresta com Araucárias” – http://www.youtube.com/watch?v=mh59DAsz9j4
– “Desmatamento” – http://www.youtube.com/watch?v=zDK8qY0EKoo&feature=related
– “A evolução do desmatamento ocorrido no Estado do Paraná, de 1890 a 1997” – http://mais.uol.com.br/view/k06529h8uvfa/desmatamento-no-estado-do-paran-
0402316ED4A15326?types=A&
– “Plante você também essa idéia” – http://www.youtube.com/watch?v=zsDzpA-GuWXg
– “Plantando árvores no Bosque do Papa em Curitiba” – http://www.youtube.com/watch?v=F2OuuQPkYX0&feature=related
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