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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ - UENP
CAMPUS JACAREZINHO – PARANÁ - PR.
ROSILENE DIAS BATISTA
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
UNIDADE DIDÁTICA
IBAITI, PARANÁ
2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP
CAMPUS JACAREZINHO – PARANÁ - PR
DESCOBRINDO A MAGIA DOS CONTOS E LENDAS AFRICANAS
Material Didático-Pedagógico elaborado para utilização durante o processo de implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola referente ao Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da Educação, sob orientação da Professora Ma. Viviane Araújo Alves da Costa Pereira.
IBAITI, PARANÁ
2009
Sumário
DESCOBRINDO A MAGIA DOS CONTOS E LENDAS AFRICANAS. .............................. 3
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 3
1 CONHECENDO A LEI 10.639/03 .................................................................................... 4
2 O UNIVERSO MÁGICO DAS NARRATIVAS DE ORIGEM AFRICANA .......................... 8
2.1 SIKULUME................................................................................................................................. 11
2.2 O PAPAGAIO QUE NÃO GOSTAVA DE MENTIRAS ......................................................... 12
2.3 ESTOU VOLTANDO... (um conto africano) .......................................................................... 14
3 O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS ................................................................................. 15
4 A NARRATIVA ORAL E AS BONECAS ABAYOMI ....................................................... 19
5 TRABALHANDO COM TEXTOS NARRATIVOS EM SALA DE AULA ......................... 20
5.1 SUGESTÕES DE TEXTOS NARRATIVOS .......................................................................... 22
5.1.1 A herança maldita (conto moçambicano). ........................................................... 22
5.1.2 O segredo das tranças (conto angolano) ............................................................ 23
5.1.3 A origem da morte (narrativa africana) ................................................................ 25
5.1.4 A raposa e a águia (narrativa africana) ................................................................ 26
6 TRABALHANDO COM O TEATRO EM SALA DE AULA ............................................. 28
6.1 ALGUMAS ATIVIDADES QUE PODEM SER TRABALHADAS EM SALA DE AULA .... 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 334
3
DESCOBRINDO A MAGIA DOS CONTOS E LENDAS AFRICANAS.
APRESENTAÇÃO
A preocupação primordial no setor Educacional brasileiro é atender todos os
educandos, independente da classe social que pertença. Infelizmente as escolas públicas
em nosso país ainda não oferecem um ensino que proporcione todas as condições
necessárias para que se estabeleça um elo significativo entre aprendizagem, integração e
a socialização. O aluno necessita ter mais proximidade da figura do professor, pois é este
que reforçará a crença de que é no ambiente escolar que se estabelece uma relação
pessoal significativa com o saber, e ainda, é neste local que o jovem encontra uma
oportunidade exclusiva de aprendizagem e conhecimento, para que assim possa inserir-
se socialmente.
É neste ambiente que se favorece a construção de valores, o respeito à
diversidade cultural, social e étnico-racial, a criticidade e o exercício da cidadania.
No intuito de ultrapassar barreiras e o preconceito racial nas dimensões
educacionais, a fim de que seja banida do meio social ao qual pertencemos, foi criada a
Lei Federal nº 10.639/03 de 09 de janeiro de 2003, que determina que o ensino da Cultura
Africana e Afro-brasileira seja incluído no currículo das Escolas Públicas e Particulares em
todo o território brasileiro. Porém, a implementação da referida lei tornou-se bastante
dificultosa para o professor, devido à falta de materiais nesta área e também pelo
despreparo e insegurança do educador, que vê nesta implementação mais um dos
entraves para sua prática pedagógica ainda centrada no conteúdo curricular.
Imbuídos pelo desejo de ofertar subsídios que auxiliem o professor a vencer os
obstáculos desta caminhada, favorecendo a interação e a concretização do
conhecimento, buscamos desenvolver este trabalho.
Nesta produção didático-pedagógica, o educador encontrará textos que poderão
auxiliá-lo na compreensão do universo da narrativa africana e sugestões de atividades de
compreensão de textos que abordam a magia dos contos e lendas deste povo.
4
1. CONHECENDO A LEI 10.639/03
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora, ano: 2010).
5
Para se normatizar o Sistema Estadual de Ensino do Estado do Paraná, foram elaboradas
Normas Complementares às Diretrizes Curriculares Nacionais, que consta a Lei
10.639/03, a qual estabelece que o ensino de História e Cultura Afro- brasileira e Africana
e a Educação das Relações Étnico-raciais seja obrigatório no currículo oficial da Rede de
Ensino. Para tanto, constituiu-se uma Comissão Temporária Especial, designada pela
portaria nº 08/06- CEE, de 17 de maio de 2006, formada pelos conselheiros Romeu
Gomes Miranda, Marília Pinheiro Machado de Souza, Lygia Lumina Pupatto, Maria
Tarcisa Silva Bega e Domenico Costella.
Pelo parecer nº03/2004, o Conselho Nacional de Educação regulamentou a
alteração à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, estabelecida na Lei
10639/03, que busca o cumprimento dos preceitos legais, como os artigos 3º e 5º.
Art. 3º, V – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação;
Art. 5º, I – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...).
Embora já tenham se passado alguns anos, a implementação da Lei Federal
10.639/03 ainda se constitui em uma grande dificuldade. Principalmente por parte dos
professores, que se encontram, de certa forma, despreparados para enfrentar os
conceitos pré-estabelecidos em relação ao assunto, uma vez que ainda se enfrenta o
preconceito e o racismo nas dimensões educacionais, tendo maior foco nas escolas
públicas.
Sabemos que o resgate da cultura africana e afro-brasileira muito tem a contribuir
para o refreamento das diversas manifestações de racismo, principalmente no ambiente
escolar e consequentemente na sociedade. É preciso que haja um ―olhar‖ direcionado
para este segmento e que se concretize na realidade o que é estabelecido na Lei Federal.
Segundo Hélio Santos (2006), o diálogo apresentado nas escolas, direcionam para
os padrões europeus, tendo sempre a raça branca como exemplo de beleza, inteligência,
anulando os negros, como se esses fossem insignificantes e não pertencessem a
sociedade, a própria mídia tende a direcionar os conceitos, alimentando preconceitos e
discriminação. O fato de a cultura de nosso país ter recebido grande contribuição do povo
africano é esquecido ou propositalmente ignorado. São raras as vezes que nos
deparamos com modelos negros em cartazes, ilustrações de livros e revistas, quando
encontramos são em situações de desvalorização, que muitas vezes deixam
subentendido que o branco é sempre superior ao negro.
6
A história narrada nas escolas é branca, a inteligência e a beleza mostradas pela mídia também o são. Os fatos são apresentados por todos na sociedade como se houvesse uma preponderância absoluta, uma supremacia definitiva dos brancos sobre os negros.[...] (SANTOS apud. SEED, 2006, p. 22).
É preciso que se enfrente os conceitos racistas estipulados por uma sociedade
impregnada ainda pelos padrões europeus do séc XIX, banindo teorias discriminatórias e
o racismo camuflado que ainda teima em existir, transformando teorias ultrapassadas e
perdidas no tempo.
Buscar formas de se combater o preconceito e a exclusão é tarefa de todos,
principalmente dos envolvidos na Educação. O primeiro passo foi dado, cabe a todos os
brasileiros tornarem-se unidos nesta caminhada pela busca de respeito e direito à
cidadania igualitária, independente de etnia, sociedade e cultura.
O advento da Lei n.°10.639/03 foi um grande passo. A seguir, a aprovação pelo Conselho Nacional de Educação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, foi um mergulho de cabeça na questão, estabelecendo passos, ritmos, princípios e programas. Alguns ainda poderão dizer que isto é um racismo às avessas, que todos sempre tiveram direito à educação, que tudo é uma questão de mérito, etc, Mentira ou mistificação; de várias formas, direta ou indiretamente, velada ou abertamente, os negros-descendentes têm sofrido um processo de constrangimento e exclusão. (SEED, 2006, p. 22)
É passada à hora de fazer valer a Lei Federal 10.639/03 nas escolas públicas e
particulares, pois é neste segmento que deve se iniciar o combate às injustiças. Cabe ao
professor consciente de sua importância na sociedade, buscar meios que auxiliem a
prática para implementação da lei e, desta forma, transformar conceitos e tabus criados
no decorrer da história, ficando as injustiças do passado para serem relembradas como
atos vergonhosos e dignos de desprezo.
Ao proporcionar ao educando o contato com o universo das narrativas africanas,
poderemos oportunizar um pouco de conhecimento da cultura e literatura pertencente a
este povo, tornando mais próximo do aluno o universo até então desconhecido, ofertando
ao leitor uma entrada nesse fantástico mundo de magia e riqueza cultural, criando mais
uma forma de se promover uma educação participativa e consequentemente de maior
qualidade.
Todo educador tem a incumbência de conhecer a Lei Federal 10.639/03 e aplicá-la
em seu plano de trabalho letivo, para que desta forma possa conseguir incluir a cultura
7
africana e afro-brasileira nas escolas e nos meios sociais, resgatando o valor deste povo
na formação do nosso país.
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora, ano: 2010).
8
2. O UNIVERSO MÁGICO DAS NARRATIVAS DE ORIGEM AFRICANA
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora, ano: 2010).
9
Desde as épocas mais remotas, os povos narravam suas aventuras, crenças e
mitos, espalhando a tradição oral ao longo dos tempos, funcionando como um dos
principais meios de transmissão da cultura e do conhecimento de geração a geração. Há
muito, pesquisadores buscam a origem das narrativas, porém é impossível determinar
com exatidão o seu início.
O homem é um ser em constante transformação e partindo da necessidade de
levar suas histórias para outros povos e perpetuá-las no tempo encontrou na narrativa um
meio de concretizar seus ideais. Ao contar suas façanhas, suas conquistas e memórias,
foi possível buscar explicações para muitos de seus questionamentos, principalmente
sobre sua própria origem, crenças, sonhos e incertezas. É por isso que muitas narrativas
misturam o real e o imaginário. Como afirma Costa Rosário em seu trabalho A narrativa
africana de expressão oral:
Ao ler ou ouvir uma narrativa, o indivíduo estará apto a compreender que os
conflitos apresentados podem aproximar-se de seu próprio universo, levando-o a
refletir sobre situações por ele vividas. Ao mesmo tempo, o leitor tem ciência de
que a narrativa apresenta um universo simbólico, o que lhe permite criar um
distanciamento entre o mítico e o real, necessário para a reflexão de situações
que o indivíduo enfrenta no dia a dia, na sociedade em que interage. (ROSÁRIO,
p.41, ano: 1989).
No ensino fundamental, a criança tem proximidade com textos que abordam vários
gêneros narrativos, porém as vertentes mais trabalhadas são os contos, as lendas e as
fábulas pelo fato de serem narrativas curtas e instigarem o leitor com a magia de suas
histórias, seus personagens, mitos e símbolos, e ainda por conterem, na maioria das
vezes, um fundo moral que pode ser aplicado às situações cotidianas na vivência do
leitor. Os textos narrativos de origem africana apresentam um rico universo, nos quais a
magia das histórias contadas de geração a geração trazem expostas a cultura e origem
desse povo.
Os povos africanos criaram suas narrativas, que para eles tiveram um
grande papel cultural, e perduram até os dias atuais. Como a escrita ainda não havia sido
desenvolvida, toda a cultura era transmitida oralmente, de pais para filhos e entre os
demais da tribo à qual pertenciam, formando assim uma parte muito importante na
literatura oral. Nosso folclore inclui muitas histórias africanas que foram trazidas pelos
escravos e incorporadas em nossa cultura.
É tempo de conhecer essas maravilhosas histórias narradas que há muito ficaram
10
adormecidas ou caídas no esquecimento. Ao resgatar essas narrativas, encontraremos
uma forma de fazer com que os adultos e crianças reflitam sobre os ensinamentos e
cultura deste povo e sua contribuição para a cultura brasileira.
Segundo Lourenço Joaquim da Costa Rosário, em seu trabalho A narrativa africana
de expressão oral, as narrativas podem ser identificadas:
1. Animais pequenos: representam um papel antropomórfico, em que pela
esperteza vencem a força bruta de outros animais maiores e estúpidos.
2. Pessoas fracas, abandonadas ou desprezadas: que com sua força de vontade,
luta, inteligência, coragem e heroísmo, algumas vezes ajudados por mágicos,
triunfam em situações de perigo.
3. Monstros comedores de gente: aterrorizam povoações inteiras, mas acabam por
ser vencidos e mortos. Esses monstros representam o canibalismo praticado por
algumas tribos e os mitos que amedrontam os povos africanos.
4. Pessoas e/ou animais: através do comportamento dos quais se aborda questões
ligadas ao comportamento, ética e moral, premiando quem os cumpre e castigando
os que transgridem.
(RÓSARIO, disponível em
http://cvc.instituto camoes.pt/index.php?option=com_docman&task=cat view&gid=54 &
Itemid =69 - acesso em 10 de junho de 2010).
A mistura do real e imaginário, das criaturas míticas misturadas a seres reais que
no desenrolar da narrativa tomam formas como se realmente vivessem em nosso mundo
em épocas longínquas é o que seduz o leitor, tecendo fios de encantamento, provocando-
o em seu íntimo, despertando seus medos, dúvidas e incertezas que adormecidas pelo
tempo ressurgem a procura de alimento para a alma, que poderá saciar ou instigar ainda
mais a sede do conhecimento. Ao entrar em contato com a diversidade de narrativas,
principalmente os contos que falam sobre a criação do mundo, seus deuses e orixás,
passamos a entender a crença do povo africano e o politeísmo o qual seguem e nos
permitiremos compreender que os tabus criados e as críticas feitas a esse povo são
inverdades, e que se trata de um vasto e rico universo a ser explorado, muitas vezes
ofertando soluções para as dúvidas que eventualmente surgem sobre a origem e
contribuição do povo africano na formação da cultura brasileira.
Inúmeros são os caminhos que podemos percorrer através da leitura, mergulhar
nesse mundo de magia é uma oportunidade que deve ser aproveitada por todos nós. Para
iniciar essa fabulosa viagem, temos como sugestão o conto Sikulume, adaptação de Julio
Emílio Braz.
11
2.1 SIKULUME
Fonte: Rosilene Dias Batista (ilustração da própria autora, ano: 2010).
Este conto é um bom exemplo de narrativa em que a personagem principal é
desprezada e considerada estúpida pelos demais de sua tribo, inclusive pelo seu próprio
pai. Com bravura, esperteza e ajuda de magia, o jovem Sikulume vence as dificuldades e
acaba sendo considerado um herói, inclusive salvando seu povo de um terrível monstro.
Nesta narrativa africana, podemos perceber muitas semelhanças com os contos de fadas
tradicionais, como no momento em que Sikulume é engolido pelo monstro e de dentro do
mesmo consegue matá-lo e resgatar sua tribo ainda com vida. Isto acontece em algumas
Numa aldeia bem no meio da floresta, vivia um homem muito pobre e muito, mas
muito velho. Sem filhos ou esposa, de seu não possuía nada além da cabana e de
umas poucas cabeças de gado das mais magras. Num certo dia de sol, ele sentou-se
junto de seus animais e pôs-se a contemplar distraidamente alguns pássaros que iam
e vinham no alto das árvores, ao longo de um pequeno riacho, nas trilhas cintilantes.
Encantou-se com suas plumagens vistosas, as longas caudas em várias cores e os
brilhantes penachos no alto da cabeça.
Nunca havia visto pássaros como aqueles e, depois de algum tempo, correu
para a aldeia em busca do chefe. Encontrando-o, contou-lhe sobre o que vira.
(...)
(Fragmento do conto ―Sikulume‖, retirado do livro Sikulume e outros contos africanos. Adaptação de
Júlio Emílio Braz; ilustrações de Luciana Justiniani. Rio de Janeiro: Pallas, 2005 in FNDE 2006.
Disponível em http://books.google.com.br/)
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versões dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho e a avó, que são resgatadas
de dentro da barriga do Lobo Mau, Pinóquio, Soldadinho de Chumbo e outros.
A leitura dramatizada é uma forma agradável de trabalhar este conto, pois o
professor poderá fazer as vozes das personagens ou solicitar para que os alunos o
façam. Desta maneira o texto terá vida e será mais atraente para o aluno.
Outra estratégia de explorar a leitura seria dar uma pausa a cada trecho da
narrativa em que a personagem desenvolve uma ação de impacto e solicitar aos alunos
que façam a ilustração a fim de concretizar o ato, conferindo vida a narrativa.
2.2 O PAPAGAIO QUE NÃO GOSTAVA DE MENTIRAS
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora, ano 2010).
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Esta fábula aborda a relação humana com a verdade, qualidade muito valorizada entre o
povo africano. Além disso, o Odidé (papagaio cinzento africano), é considerado um
animal sagrado entre os povos da África Central e Ocidental. Entre os povos mais antigos,
há muitas fábulas envolvendo esta ave, que também é símbolo de realeza por causa de
suas penas vermelhas na ponta da cauda.
Para que os alunos participem ativamente pode-se levar a gravura de um papagaio
para colorir e produzir um texto descritivo. Também pode ser feito colagem usando
recursos como papel colorido ou crepon amassado e sementes para preencher a gravura.
Após realizar a atividade, colocá-las em um varal para que todos possam observar o que
fizeram.
O papagaio africano, conhecido como Odidé, é todo cinzento e possui um leque de
penas vermelhas na cauda.
Uma mulher muito mentirosa que tinha um papagaio desses ensinou-o a falar,
criando assim um grande problema.
O pássaro falante não gostava de mentiras e, logo que ouvia uma,
desmascarava o mentiroso, contando a verdade.
O papagaio se tornou tão inconveniente para ela que, depois de algum tempo, a
mulher resolveu dá-lo a outra pessoa.
(...)
(Fragmento do conto ―O papagaio que não gostava de mentiras‖, retirado da obra O papagaio que não
gostava de mentiras e outras fábulas africanas. Autor Adilson Martins, ilustração Luciana Justiniani Hees.
Rio de Janeiro : Pallas, 2008).
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2.3 ESTOU VOLTANDO... (um conto africano)
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora, ano 2010).
Nesta narrativa, o autor aborda o tráfico de escravos, relatando momentos vividos
pela personagem de um jovem angolano, capturado por mercadores de escravos. Relata
desde a captura do jovem até o atingir da velhice. Conta sobre o trajeto no navio negreiro,
os dias de sofrimentos e castigos no engenho e na lavoura, as fugas quase sempre
frustradas, a conquista de chegar ao quilombo. No desenrolar da narrativa, o autor nos
Um jovem angolano caminhava solitário pela praia. Parou por alguns instantes para
agradecer aos deuses por aquele momento milagroso: o deslumbramento de sua terra
natal. O silêncio o fez adormecer em seu âmago, despertando inesperadamente com o
bater das ondas sobre as pedras. De repente, surgiram das matas homens estranhos
e pálidos que o agarraram e acorrentaram. Sua coragem e o medo travaram naquele
momento uma longa batalha... Ele chamou pelos seus pais e clamou pelo seu Deus.
(...)
(Fragmento do conto ―Estou voltando...‖; parte integrante do livro O Anjo e a Tempestade, autor
Agamenon Troyan, Ed. Nelpa, São Paulo SP.)
15
apresenta acontecimentos e conquistas históricas, além de abordar a morte da
personagem com delicadeza, mostrando que na cultura africana esta temática representa
muito mais que o final de uma trajetória.
É um conto muito rico em relatos e bastante instigante. Sua leitura oportuniza o
trabalho com o poema Navio Negreiro do poeta Castro Alves. Pode-se fazer a leitura do
poema e ensaiar um jogral. Outra sugestão seria a produção de uma história em
quadrinhos relatando os momentos vividos pela personagem do conto.
3 O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora, ano 2010).
A literatura é considerada uma arte, e cada vez que a palavra se manifesta de
forma criativa, percebemos o mundo literário em evidência, pois esta não abrange
16
somente a escrita, mas a oralidade, a forma de expressão, a continuação da história
humana e do mundo. Contar histórias é uma prática bastante antiga e o homem
encontrou na mesma uma forma de relatar suas conquistas, façanhas, viagens, crenças e
sonhos, e desta maneira espalhar por todos os povos e épocas seus conhecimentos e
descobertas, para que se conheça o passado, entenda o presente, compreenda os
acontecimentos e prepare-se para o futuro, a fim de que possa vivenciar as
transformações, compreender e colaborar positivamente ou criticamente com os
acontecimentos que ainda possam surgir.
Contar histórias é tão prazeroso quanto escrever e é nesta arte da manifestada de
várias formas que o escritor desenvolve o ofício de ser artista da palavra, mas é na
oralidade que se encontra uma delicada aliada na aprendizagem e na formação do
caráter e valores humanos.
Devido à evolução tecnológica, a literatura escrita e oral está cada vez mais
distante dos adolescentes e jovens que encontram nos jogos virtuais e outros, maior
sedução, deixando grandes maravilhas empoeirando nas prateleiras das bibliotecas,
simplesmente pelo fato de que a literatura é vista como forma de avaliação, e quando
solicitada pelo professor, é imposta e não feita de maneira espontânea, e ainda, não a
contento do conhecimento do aluno, que muitas vezes não entende o que está escrito,
pelo fato de não fazer parte do mesmo universo, estilo e época da obra lida.
A literatura abre portas para o conhecimento, é através dela que buscamos
entender a evolução da humanidade, o nosso agir, a história do passado e do presente,
renovamos e tecemos conceitos. O mundo literário é vivo e está presente em nossas
vidas não só no ambiente escolar, mas em nosso cotidiano. Por esse motivo, devemos
valorizá-lo e incentivar a sua prática.
Um bom começo para que o aluno tome gosto pela arte de contar histórias, é
solicitar que ouçam as histórias narradas pelos seus avós ou pessoas antigas da
comunidade, a fim de se familiarizarem com esta prática. E no ensejo também poderão
surgir narrativas de origem africana, afro-brasileira e indígena. Há um vasto material que
possibilitará ao educador buscar apoio para desenvolver esta prática, podendo trabalhar
com narrativas do próprio meio em que convive ou fora dele.
A indústria cinematográfica oferece uma enorme gama de recursos que podem
facilitar o trabalho do professor ao abordar a temática das narrativas, principalmente
aquelas que apresentam temas sobre conflitos humanos, sociais, raciais, morais e
religiosos.
Dentre os filmes em DVD que abordam o tema da contação de histórias, temos:
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Narradores de Javé – Direção Eliane Café.
Uma história encantadora, que se passa num pequeno vilarejo denominado Javé,
lugar pacato, de pessoas simples e humildes, acostumadas a viver com o pouco que
tinham, grande parte dos moradores eram analfabetos. O que desencadeia a ação da
narrativa é a ameaça do vilarejo desaparecer sob as águas de uma hidrelétrica. Os
moradores ficam apavorados e decidem lutar para que o trágico incidente não
aconteça. Para tanto, os moradores decidem escrever um dossiê, a fim de
documentar a história de Javé, no entanto mal sabiam escrever e ler seus próprios
nomes.
Decididos, resolvem encontrar uma pessoa capacitada para ser o escrivão,
durante muitas discussões é designado o nome de Antônio Biá, pessoa estranha que fora
banida pela sociedade local, porém o único que sabia ler e escrever. Na construção deste
dossiê, inicia-se uma batalha narrativa entre os contadores e o escrivão, na tentativa de
buscar a melhor maneira de sensibilizar as pessoas envolvidas no projeto da hidrelétrica e
consequentemente salvar Javé da extinção.
Escritores da Liberdade- Direção Richard LaGranese, produção Danny De
Vito, Michael Shamberg e Stacey Sher.
O filme aborda o preconceito e a violência dos bairros e escolas de classes menos
desenvolvidas. Uma advogada em início de carreira decide ser educadora e encontra
emprego em uma escola com alunos rejeitados pela sociedade. Imbuída por ideais
inovadores tenta mudar a prática pedagógica defasada, não ensinando somente o
conteúdo, mas também a construção de valores. No decorrer da história, ela fica
conhecendo um pouco da vida de cada aluno através de uma atividade por ela solicitada.
Nesta tarefa ela pede que os alunos escrevam um diário, desta forma ela toma
conhecimento das batalhas que os jovens enfrentam com relação à discriminação racial,
violência social e familiar, criminalidade e envolvimento com drogas. Para complementar a
professora os instiga ainda mais, ao solicitar a leitura do livro O Diário de Anne Frank, ao
ler a obra, os alunos se deparam com cenas e conflitos em comum a situações
vivenciadas Por eles em seu cotidiano.
O Contador de Histórias – Direção Luiz Villaça.
Baseado na história do mineiro Roberto Carlos Ramos, o filme retrata como o afeto pode
romper barreiras e transformar a realidade, além disso o universo da contação de
histórias é mostrado de maneira fantástica e encantadora. Roberto é um menino pobre
que desde pequeno tem talento especial para imaginar e transformar em histórias
acontecimentos de seu cotidiano e experiências frustradas em fantásticas narrativas. Aos
18
seis anos é deixado pela mãe na FEBEM, pois a mesma quando assiste a propaganda na
TV, acredita que é uma escola para carentes. Aos treze anos de tanto tentar fugir, é
classificado como irrecuperável na entidade. No entanto, sua vida começa a mudar
quando na entidade chega uma pedagoga francesa chamada Margherit Duvas (Maria de
Medeiros), que vem ao Brasil para desenvolver uma pesquisa, logo ela encontra Roberto
e sente um forte desejo de estudar seu comportamento e sua aptidão para contar
histórias. Encanta-se por Roberto que representa uma incógnita. Determinada a entender
o que se passa, tenta se aproximar do menino, que a princípio reluta, mas depois de uma
experiência traumática, procura Margherit para que esta o abrigue. Uma história
sensibilizadora, capaz de nos levar a reflexão quanto a nossa própria forma de encarar o
indivíduo avesso a sociedade.
Roberto Carlos Ramos formou-se pedagogo e está entre os dez melhores contadores de
história do mundo!
Kiriku e a Feiticeira – Direção Michel Ocelot.
Trata-se de uma narrativa africana, que tem o poder de encantar ao espectador
independente da faixa etária que pertença. O filme narra a história de um pequeno
menino chamado Kiriku, que teve sua aldeia destruída e seus pais devorados por
uma feiticeira maldosa. Entre as terríveis maldades da feiticeira está o fato de que
a mesma secou a fonte de água do lugar, deixando todos serem castigados pela
fome e a sede. Kiriku possui dons especiais e nasceu com a missão de salvar seu
povo. Encontrando amigos e seres míticos, Kiriku parte em busca de soluções para
salvar seu povo. É nesta jornada que a narrativa encanta o espectador.
Encontramos nesse filme um bom exemplo do universo mágico e repleto de
encantos das narrativas africanas.
Estes são filmes que oferecem subsídios para professores e alunos
compreenderem o universo da narrativa oral e sua contribuição para a formação do ser
humano centrado, crítico, participativo na sociedade que convive.
Através do ato de contar histórias, podemos valorizar a cultura dos países que
influenciaram na formação da nossa cultura e costumes brasileiros, tendo como destaque
o povo africano.
19
4. A NARRATIVA ORAL E AS BONECAS ABAYOMI
Fonte: Rosilene Dias Batista (Bonecas confeccionadas pela autora ano: 2010).
As bonecas abayomi são africanas, mais comuns na África do Sul. Não se sabe ao
certo sua origem. A arte de confeccioná-las é bem antiga e o significado do nome vem da
junção de duas palavras (abay= encontro e omi= precioso). Portanto abayomi significa
encontro precioso. E realmente poder ter contato com uma abayomi é uma preciosidade.
No Brasil, são feitas como bonecas de pano, a partir do aproveitamento de sobras
de tecido. São feitas apenas com nós ou linhas enroladas, sem uso de cola ou costura e
com mínimo uso de tesoura. Geralmente são pequeninas, mas podem atingir 1,50m, são
sempre negras, porque representam personagens da mitologia, de circo, figuras do
cotidiano, orixás, conto de fada e manifestações folclóricas e culturais. Não há marcação
dos olhos, nariz e boca. Talvez seja para que desperte a reflexão de que somos todos
diferentes e segundo a crença, iguais para o Nosso Criador.
Conta-se que na África antiga as bonecas Abayomi eram usadas como amuleto
para proteção espiritual. Nos porões dos navios negreiros e ao chegarem ao Brasil as
mães rasgavam um pedaço da barra das saias para fazer as bonecas para as crianças
brincarem, para tornar menos traumatizante a viagem, fortalecer a auto-estima e
preservar os costumes.
Aqui no Brasil, há muitos grupos de artesãos que adotam a prática da confecção
destas bonecas, inclusive para que sirvam de propagação da cultura africana e afro-
brasileira.
Unindo as narrativas orais à dramatização, usando as Bonecas Abayomi como
20
personagens que por mãos de um ator executam movimentos vitais, é possível criar uma
atmosfera de encantamento ao contar lendas e fábulas do povo africano.
Desta forma, encontramos nestas bonecas mais um recurso para que possamos
levar a leitura com prazer e arte para sala de aula. Além disso, o próprio aluno será o
artesão de sua boneca, o que fará despertar a sensibilidade pela arte e o gosto pelo
artesanato simples, porém repleto de beleza, resgate cultural e identitário.
Ao se trabalhar a arte da contação de histórias unida à dramatização de contos e
lendas africanas com auxílio das bonecas abayomi, pode-se estimular as relações de
cooperação, harmonia e generosidade, elevar a auto-estima, valorizar a identidade afro-
brasileira, possibilitar a superação das desigualdades e ressaltar a memória cultural
brasileira.
5. TRABALHANDO COM TEXTOS NARRATIVOS EM SALA DE AULA
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora, ano 2010).
Trabalhar com literatura é uma das atividades mais prazerosas que o educador
pode encontrar, pois é no desenvolver das atividades que o amor pela arte da palavra irá
aflorar e propiciar de maneira prazerosa, a compreensão da visão de mundo e exploração
das potencialidades do ser humano como sujeito transformador e construtor da
sociedade.
Segundo Antônio Candido:
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A literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade. (CANDIDO, 1995- apud Cosson. 2006. p.15).
É através da literatura que nos aproximamos da nossa história e de suas
transformações, sem ela não entenderíamos nossa própria origem. Nela as palavras se
transformam, se modificam, se misturam, num saber individual e coletivo.
Rildo Cosson relata em seu livro intitulado Letramento Literário: Teoria e Prática, a
fábula da pedra de Bolonha:
Havia nessa cidade uma pedra mágica. Durante o dia, escura e opaca, absorvia a luz e tudo que a circundava. À noite, transmudava-se em brilho iluminando a tudo e a todos com a luz que recolhera anteriormente. Assim funciona o texto literário em relação aos saberes que guarda a cada escritura, mas sem aprisionar dentro de si. Ao contrário, libera-os com brilho a cada leitura. (mencionada por Roland Barthes em Aula, 1980, apud Cosson. 2006, p. 17).
Segundo Cosson, a literatura tem o poder de se metamorfosear em todas as
formas do discurso, pois ela nos relata o que fomos, o que somos e o que seremos. Sua
magia nos transporta para vários lugares, várias épocas, mantendo um diálogo entre leitor
e escritor, tornando o mundo compreensível, repleto de cores, sabores e formas. É
preciso que a literatura ocupe um lugar especial nas escolas e que seja vista como uma
forma de expansão de conhecimentos, experiências e expressão do ser humano.
Ao trabalharmos com narrativas em sala de aula, estaremos fortalecendo neste
espaço uma forma de aproximação dos alunos com o mundo mágico da leitura, tornando-
os leitores e apreciadores do mundo literário.
Ao inserir o educando no universo das histórias narradas tanto orais ou escritas,
oportunizaremos a exploração de suas potencialidades na linguagem e na escrita, sendo
possível permitir abertura de um portal entre o mundo real e o imaginário, local em que a
magia e a beleza criam formas majestosas capazes de envolver culturas e transformar as
visões de mundo.
Ao levar os contos e lendas para serem lidos e interpretados, devemos ter o
cuidado de não torná-los maçantes e também verificar se não estão fora do universo de
compreensão do aluno. Uma das formas de tornar o trabalho com textos prazeroso é
explorar os que sejam interessantes ao educando, realizando leitura oral, leitura em grupo
e dramatização dentre outras.
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5.1 SUGESTÕES DE TEXTOS NARRATIVOS
Como sugestão, apresentaremos alguns fragmentos de textos narrativos e
atividades relacionadas aos mesmos, que podem ser acolhidas pelo professor. Para ter
acesso aos textos, o professor deverá consultar as obras citadas ao final de cada
fragmento ou pesquisar na internet.
5.1.1 A herança maldita (conto moçambicano).
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da
própria autora, ano 2010).
ATIVIDADES
Houve um período em que muitos moçambicanos, na era do Apartheid, o
regime segregacionista da África do Sul, emigravam para trabalhar no Djone, como
apelidavam o país vizinho, em busca de fortuna.
Anos depois, Muzila, um desses emigrantes, desiludido, retornou à aldeia
natal, seguindo a trilha de outros trabalhadores contratados para as minas de carvão,
os chamados magaíças. Na mala de papelão grosseiro, trazia apenas alguns
pertences, além de sonhos e ilusões desfeitos.
A África do Sul não era o seu lugar. No país, dominado por uma minoria
branca, os negros viviam em barracos de zinco e papelão, sob constante vigilância.
Não tinham liberdade de opinião e expressão, eram tratados com desprezo e sem
direitos. Nas estações de trem, os vagões e os banheiros eram separados pela cor da
pele. Diziam que nas cidades a discriminação era muito pior.
Cansado de tanta humilhação e sofrimento, Muzila meteu o pé na estrada de
volta ao seu chão, no interior de Moçambique.[...]
(...)
(Fragmento retirado do conto ―A herança maldita‖, da obra O segredo das tranças e outras histórias
africanas. Autor Rogério Andrade Barbosa. Ed. Scipione, São Paulo – SP, 2008).
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1) Qual o motivo dos moçambicanos saírem em busca de trabalho no Djone?
2) Como se vivia na África do Sul? E no interior de Moçambique?
3) Explique o que era o nbele?
4) De acordo com o desenrolar dos acontecimentos, é possível perceber o caráter de
Muzila. Descreva-o.
5) Quais ensinamentos é possível perceber na narrativa?
6) Se você pudesse mudar o final da história, como ela terminaria?
7) Pesquise, com a ajuda da professora, o que foi o Apartheid.
8) A história é narrada em terceira pessoa. Imagine que você é Muzila e que se
arrependeu de ter enganado sua família, narrando a história em primeira pessoa e crie
um novo desfecho para a narrativa.
9) Escolha a parte da história que você mais gostou e faça a ilustração.
10) Escreva uma carta para Muzila, aconselhando-o a mudar seu comportamento e para
encerrá-la, use o provérbio que encerra a narrativa.
5.1.2 O segredo das tranças (conto angolano)
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora ano: 2010)
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ATIVIDADES
1) Qual o motivo de Katchiungo fugir de sua aldeia para viver com Naué?)
2) Quais os perigos que muxito (floresta cerrada) apresentava para Katchiungo e sua
família?
3) Em um trecho do texto, as personagens comem mukunza. Você conhece este
alimento? Faça uma pesquisa e encontre outras comidas típicas deste povo e que são
mantidas em nossa alimentação.
4) Mbanza é o tribunal do soba. Em nossa sociedade, quem exerce função semelhante
ao soba?
5) Desvende o segredo das tranças. Caso encontre dificuldade, reúna-se com um colega
e solicite ajuda do seu professor.
6) Escolha um trecho do texto e faça a ilustração.
7) No último parágrafo do texto, há um comentário sobre a morte. Você concorda com a
afirmativa? Justifique.
8) É costume do povo africano tratar os idosos com respeito e consideração. Como o
Naué, jovem mãe que ficara viúva muito cedo, dirigiu-se à casa de Katchiungo
com
o bebê amarrado às costas. O homem, que já possuía três mulheres, vinha insistindo
com ela para que se casassem. Naué, então, deu-lhe um ultimato:
— As suas esposas são invejosas e não gostam de mim. Sou mais nova e, de
acordo com os costumes, terei de fazer tudo o que elas mandarem. Se você não
quiser me seguir, vou embora hoje mesmo com Mutenga, meu filho – ameaçou,
cansada de viver no mesmo Kimbo, a aldeia onde nascera.
Katchiungo, ultimamente, andava chateado com o mau humor e com as
constantes makas (discussões) entre suas mulheres. Por isso, seduzido pela beleza
de Naué, resolveu aventurar-se com ela para um lugar bem distante.
(...)
(Fragmento retirado do conto ―O segredo das tranças‖, da obra O segredo das tranças e outras
histórias africanas. Autor Rogério Andrade Barbosa. Ed. Scipione, São Paulo – SP, 2008)
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idoso é tratado em nossa sociedade?
9) Você já presenciou ou tomou conhecimento a respeito de situações de violência ou
que discriminam o idoso? Se você respondeu afirmativamente, faça o relato do que
você tomou conhecimento e qual sua opinião a respeito.
10) Você acha que o soba agiu corretamente? O que ele deveria ter feito?
5.1.3 A origem da morte (narrativa africana)
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora ano: 2010)
Dizem que a lua enviou um inseto aos homens com a seguinte ordem:
— Vá e diga aos homens que, da mesma forma que eu morro e com a minha
morte retorno à vida, eles também morrerão e com a morte voltarão a viver.
O inseto partiu para levar a mensagem, mas no meio do caminho encontrou a
lebre, que ao vê-lo passar tão apressado, não resistiu à tentação de pará-lo [...]
(…)
(Fragmento do conto ―A origem da morte‖, retirado do livro Sikulume e outros contos africanos.
Adaptação de Júlio Emílio Braz; ilustrações de Luciana Justiniani. Rio de Janeiro: Pallas, 2005 in FNDE
2006).
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ATIVIDADES
1) Você conhece alguma fábula que explica a origem da característica de um animal?
Escreva em seu caderno e depois conte para seus colegas.
2) É possível retirar alguma lição ou moral desta história?
3) Reescreva a fábula, só que desta vez quem deverá narrar é o inseto; desta forma a
narrativa será em primeira pessoa.
4) A Lua estava certa ao castigar a lebre? Justifique.
5) Qual lição podemos tirar desta fábula?
5.1.4 A raposa e a águia (narrativa africana)
Fonte: Rosilene Dias Batista (Ilustração da própria autora ano: 2010).
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Atividades
1) A raposa e a águia agiram certo em fazer uma promessa tão séria? Justifique.
2) Você já prometeu algo sério a um amigo? Conseguiu cumprir o prometido?
3) Transforme o texto em uma história em quadrinhos. Não se esqueça de usar o recurso
dos balões.
4) É possível retirar outra moral desta fábula? Caso tenha respondido afirmativamente,
escreva a moral que se pode construir. Se você respondeu negativamente, justifique sua
resposta.
5) Produza uma fábula usando como final a moral da história: Quem nos seus próprios
pais não se fia, num mar de dores acaba um dia.
Praticando Artesanato
Agora que você já sabe a história das bonecas Abayomi, reúna-se em grupo e
coloque seu lado artesão em prática. Para isto, é só vocês escolherem uma das
narrativas trabalhadas e produzir as bonecas Abayomi das personagens. Caso vocês não
queiram trabalhar com essas lendas, seu grupo poderá pesquisar outras lendas africanas
para fazer as bonecas.
Depois de confeccionar as bonecas, dê vida a elas fazendo a dramatização da
A raposa e a águia andavam unidas por uma grande amizade e, para a selar, fizeram a
seguinte promessa: qualquer coisa que uma pedisse, a outra, fosse o que fosse
lhe daria sem exigir nada em troca.
Um dia, a raposa disse ao filho:
— Vai e diz à águia que o teu pai precisa de uma pena para arranjar a flecha.
O miúdo saiu a correr, mas no caminho encontrou um animal muito matreiro que
se chamava Karematoko.[...]
(...)
(Trecho retirado das fábulas Africanas. Fonte: Fábulas Africanas, Autores Vários, Editorial Além-Mar,
Lisboa, 1991 Cópia de http://cdhumanos-rbblogspot.com/2008/12/fbulas-africanas).
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fábula ou conto escolhido.
Você vai precisar dos seguintes materiais:
Retalhos de tecidos coloridos
Retalho de tecido na cor preta
tesoura
linha
Não é necessário o uso de agulhas, pois como já vimos anteriormente, as bonecas eram
amarradas com linha ou com tirinhas do próprio tecido. Bom trabalho!
6. TRABALHANDO COM O TEATRO EM SALA DE AULA
Fonte: Rosilene Dias Batista(Ilustração da própria autora, ano:2010).
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Toda arte é uma forma de expressão, e o ser humano pode usar da mesma para
exercitar de modo concreto a criatividade de que lhe é peculiar. Uma das artes mais
usadas na Educação é o teatro, pois trata-se de um veículo de transformação social, e é
nesse fato que o educador buscou subsídio para unir o aprender ao divertir-se, tornando a
aprendizagem agradável e prazerosa.
É na escola que o educando aprende a conviver com o outro e consigo mesmo,
descobrindo-se em uma sociedade em constante transformação. O trabalho com o teatro
é fundamental, pois temos nesta arte a estimulação do conhecimento, a percepção da
individualidade e do convívio em sociedade.
Para a criança, segundo Claparéde, ―o jogo é o trabalho, é o bem, é o dever, é o
ideal de vida, é a única atmosfera na qual seu ser psicológico pode respirar e
consequentemente, pode agir‖. (CLAPARÉDE apud REVERBEL,1997, p.34)
Nas situações de imitação, criação ou recriação desenvolvidas durante as
atividades propostas, o professor tende a conhecer seus alunos e descobrir a
individualidade de cada um, bem como sua relação e aceitação no convívio com o grupo
social a que pertence. Ao dramatizar, o aluno se posiciona entre dois mundos – o interior
e o exterior, e é nesse posicionamento que se dá a aprendizagem.
Como nos afirma Reverbel (1997, p.38) ―imitando, criando ou recriando, o aluno
descobre seus dois mundos – o interior e o exterior. É do encontro desses dois mundos
que nasce a expressão‖. Ao conhecer esses dois mundos, o aluno tornará concreto o que
lhe parecia abstrato, aproximando o texto do seu contexto, as experiências imaginadas
das vivenciadas.
Desenvolver atividades que oportunizem ao educando renovar as chamas da sua
criatividade e imaginação é promover caminhos para que o indivíduo reconheça a si
mesmo e ao outro,a fim de imperar o respeito às diversidades, o reconhecimento da
importância da cultura entre os povos e a conscientização de que cada indivíduo tem
direito a viver dignamente na sociedade a que pertence.
Cabe ao professor promover atividades que possam envolver, seduzir, instigar o
aluno a participar ativamente, mostrando vivacidade, contentamento, prazer em realizar o
que lhe foi proposto.
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6.1 ALGUMAS ATIVIDADES QUE PODEM SER TRABALHADAS EM SALA DE AULA
Fonte: Rosilene Dias Batista (Foto tirada pela própria autora, ano: 2010).
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As atividades apresentadas como sugestão oferecem oportunidades de explorar o
conhecimento do jovem, percebendo a si mesmo e ao outro, de forma a desenvolver a
expressão corporal, a escrita e a oralidade, a integração com o grupo, a percepção dos
sentidos e o desenvolvimento dos valores humanos.
Atividade 1- Boneco Dançarino (trabalhar a percepção do som e perceber a influência
dos sons africanos na música brasileira)
Colocar os alunos em círculo.
Utilizar músicas que explorem os sons africanos, ou samba, ou Maracatu, ou
ainda o Olodum.
Pedir para que os alunos venham, um a um, ao centro do círculo e comecem
a se movimentar de acordo com o som, os demais alunos deverão imitar o
movimento do colega. Quando todos já tiverem participado, solicitar que
misturem os movimentos realizados e dancem.
Atividade 2- O feitiço pode virar contra o feiticeiro. (trabalhar os valores, salientando
que o que não desejamos para nós não devemos desejar aos outros. Há uma certa
tendência no educando, principalmente o adolescente, em desenvolver nesta atividade,
movimentos que agridem a boneca, a surpresa está quanto os papéis são invertidos, daí
o nome feitiço contra o feiticeiro).
Formar um grande círculo.
Pedir para que um aluno venha ao centro
Dar uma boneca de pano ao aluno e solicitar para que ele faça algum movimento
com a boneca.
Depois do movimento feito, orientar o aluno para que não se esqueça do que fez a
boneca.
Solicitar que o aluno passe a boneca para o colega da direita e este deverá realizar
outro movimento com a boneca e assim sucessivamente.
Ao chegar no último participante, após este ter feito o movimento com a boneca,
revelar que cada um deverá vir ao centro e realizar o movimento como se fosse a
boneca.
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Atividade 3- Imitando os bichos e a natureza.
Em círculo, mostrar aos alunos figuras de animais ou elementos que pertençam à
natureza e pedir que imitem o comportamento dos mesmos em seu habitat:
macaco, elefante, leão, gato, flor se balançando ao vento e outros.
Recortar figuras pertencentes a este universo e colar em palitos, produzindo
fantoches.
Criar diálogos entre os fantoches abordando temas referentes ao Meio Ambiente e
sua preservação.
Atividade 4- Dramatizar uma fábula. (Reconhecer o valor da contação de histórias)
Contar aos alunos uma fábula e explicar o termo ―griot‖ (significa contador de
histórias; os griot na antiguidade eram considerados verdadeiras bibliotecas vivas,
eram poupados até de irem à guerra.
(http://www.cereja.org.br/arquivos_upload/lucia_helena_sueli_rocha.pdf) Quando
um griot morria era como se uma biblioteca tivesse sido destruída.
Sugestão: O macaco e o crocodilo.
O macaco e o crocodilo, Fábulas do mundo todo. São Paulo: Editora Melhoramentos,
2004.p.35-36. Disponível em http://SARESP.fde.sp.gov.br/2005
Confeccionar máscara de macaco e de crocodilo em cartolina, EVA, sulfite,
saquinhos de papel e outros.
Imitar as ações do macaco e o crocodilo enquanto se reconta a história.
Atividade 5- Pesquisadores
Pesquisar palavras ou expressões africanas e colocá-las no quadro
Explicar o significado das mesmas.
Dividir os alunos em pequenos grupos e escolher algumas para serem encenadas
em forma de mímica ou de acordo com a criatividade do aluno. Exemplo: neném,
moringa ,angu (imitar um neném tomando água na moringa e comendo angu).
Como ponto culminante dessa atividade, o professor poderá pedir para os alunos
pesquisarem sobre comidas africanas, aproveitando para servir uma deliciosa
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canjica.
As atividades realizadas em sala de aula poderão ser apresentadas para a
comunidade escolar se os alunos concordarem. Outro item importante é que se
porventura algum aluno se negar a participar de alguma atividade, este não deverá ser
forçado, o professor poderá solicitar que ele seja seu ajudante nas atividades.
Há muitas formas de se trabalhar com o teatro, o professor pode dar asas à
imaginação, e não deverá esquecer jamais que o maior universo de criatividade está no
próprio aluno, que tem sede de saber, mas deve ser instigado à aprendizagem, uma vez
que está acostumado a viver na mesmice das coisas o que lhe provoca tamanha
frustração, pois quando se espera o novo, recebe-se o velho e antiquado método de
ensino. Cabe ao educador buscar formas de inovar a prática, desafiando o indivíduo a
procurar respostas para os questionamentos que fazem parte de seu universo e aos que
por ventura possam surgir.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUTORES Vários, Fábulas africanas, Editorial Além-Mar, Lisboa, 1991.
BONECAS ABAYOMI - http://pt.wikipedia.org/wiki/Abayomi acesso em 14/06/2009.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
BARBOSA, Rogério Andrade. O segredo das tranças e outras histórias africanas, São
Paulo: Scipione, 2008.
BRAZ, Júlio Emílio. Sikulume e outros contos africanos/ adaptação de Júlio Emílio
Braz; ilustração de Luciana Justiniani. Rio de Janeiro: Pallas, 2005.
Fábulas Africanas, Autores Vários, Editorial Além-Mar, Lisboa, 1991. Cópia
http://cdhumanos-rbblogspot.com/2008/12/fbulas-africanas). Acesso em 16/03/2010
MARTINS, Adilson. O papagaio que não gostava de mentiras e outras fábulas
africanas/ Adilson Martins; ilustração de Luciana Justiniani Hees. 1. ed. Rio de
Janeiro : Pallas, 2008.
REVERBEL,Olga Garcia- Um caminho do teatro na escola- São Paulo: Scipione, 1997.
(Pensamento e Ação no Magistério).
ROSÁRIO. Lourenço Joaquim da Costa – A narrativa africana de expressão oral -
http://cvc.instituto-camoes.pt/index.php?option=com_docman&task=cat view&gid=54 &
Itemid =69 acesso em 20/04/2010
O macaco e o crocodilo, Fábulas do mundo todo. São Paulo: Editora Melhoramentos,
2004.p.35-36.http://SARESP.fde.sp.gov.br/2005 acesso em 20/04/2010.