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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
1
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
MARIA APARECIDA VIEIRA DE FREITAS
UNIDADE DIDÁTICA
APUCARANA - 2010
2
SUMÁRIO
1.IDENTIFICAÇÃO_______________________________________________ 03
2.TEMA _______________________________________________________ 03
3.TÍTULO______________________________________________________ 03
4.CONTEÚDOS BÁSICOS_________________________________________ 03
5.INTRODUÇÃO_________________________________________________ 04
6.OBJETIVOS___________________________________________________ 05
7.INVESTIGAÇÃO DO CONHECIMENTO PRÉVIO DOS ESTUDANTES SOBRE O REGIME MILITAR_____________________________________________05
8.UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA__________________________________ 11
9.ANOS REBELDES – ANOS DE CHUMBO___________________________ 13
10.CORAÇÃO DE ESTUDANTE____________________________________ 20
REFERÊNCIAS_________________________________________________ 32
3
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 ÁREA – História
1.2 PROFESSOR PDE – Maria Aparecida Vieira de Freitas
1.3 PROFESSOR ORIENTADOR – Prof. Dr. José Miguel Arias Neto
1.4 IES - Universidade Estadual de Londrina
1.5 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO - CEEBJA – Centro Estadual de
Educação – Professora Linda Eiko A. Miyadi – Apucarana.
1.6 PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO - Ensino Fundamental e Médio.
2. TEMA
Repressão estudantil na Ditadura militar.
3. TÍTULO
Coração de Estudante: Repressão e morte de
estudantes de Apucarana no período da Ditadura Militar,
entre os anos de 1968 e 1973.
4. CONTEÚDOS BÁSICOS
Relação de Poder - Censura durante a ditadura militar.
4
5. INTRODUÇÃO
“Sabemos que a tarefa do professor é transformar alunos capazes de
raciocinar historicamente, criticamente e com sensibilidade sobre a vida social,
material e cultural das sociedades”.1 O ensino de história, apesar de
seguidamente rediscutido, continua com sua prática centrada na história
tradicional, que valoriza a política, a economia, é linear e factual, representada por
heróis, excluindo a participação de indivíduos vinculados aos setores subalternos
da sociedade. Tende a não valorar as ações de pessoas comuns e de suas
comunidades. Entretanto, o ensino da história local resgata um enorme campo de
possibilidades, quando o conhecimento vai sendo construído na prática do
cotidiano e pelo próprio aluno, através de uma maior proximidade com as fontes.
Diante do exposto acima e considerando os desafios e dificuldades de
transformar as aulas de história, atraindo a atenção dos alunos e transformando o
quadro de apatia comum entre os estudantes de hoje, este trabalho tem como
objetivo norteador encontrar alternativas renovadas para nossa prática pedagógica
diária. Tal desafio será enfrentado atualizando as abordagens metodológicas e
propondo um enfrentamento responsável aos desafios educacionais, incluindo no
dia a dia escolar, textos, reflexões, músicas, vídeos, que contribuam para a
construção da consciência humana sobre a vida em sociedade, formando pessoas
cada vez mais críticas e atuantes em defesa da cidadania, isto é, respeito aos
semelhantes, às diferenças sociais e culturais que nos impulsiona a refletir sobre
o nosso estar no mundo analisando o homem, que é ao mesmo tempo indivíduo e
parte de uma sociedade. Assim, quem sabe, iniciar uma caminhada rumo a uma
escola que prepare melhor os indivíduos para o mundo globalizado no século XXI.
1SIMAN, Lana Mara de Castro. Inaugurando a história e construindo a nação. São Paulo:
Autêntica, 2004. p.83.
5
6. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo norteador, repensar o conceito de
cidadania expresso na prática política da juventude estudantil à época do regime
militar no Brasil. No contexto da pós-modernidade, será válida a tentativa de
soerguer a relevância histórica da ação dos estudantes opositores do regime
autoritário que deram a vida pela democracia, como o exemplo de Antonio dos
Três Reis e José Idésio Brianesi. O intuito está em despertar o senso crítico e a
verdadeira cidadania para que se entenda e interprete de forma mais organizada
os acontecimentos políticos do atual cenário nacional, tornando os alunos mais
críticos e participativos no processo de construção do conhecimento e formação
da consciência nacional.
7. INVESTIGAÇÃO DO CONHECIMENTO PRÉVIO DOS
ESTUDANTES SOBRE O REGIME MILITAR.
ATIVIDADES
1.Elaboração de um mapa conceitual sobre ditadura e democracia;
1.1. Os alunos escreverão um texto indicando o que pensam sobre democracia,
ditadura, suas características e diferenças;
1.2.O Professor realizará uma discussão em sala e todos, em conjunto, elaboram
um mapa com o conteúdo apresentado pelos alunos (papel Kraft, cartolina, etc);
1.3.Elaboração de mapa contendo conhecimentos prévios sobre o Regime Militar
no Brasil;
1.4.Fazer uma discussão em sala, procurando verificar o conhecimento que os
alunos possuem sobre o Regime Militar no Brasil;
1.5.Verifique se eles possuem conhecimento de eventos e fatos que ocorreram
durante o Regime Militar, no Paraná e em Apucarana.
1.6. Após a discussão solicite aos alunos uma redação que procure sintetizar as
discussões realizadas, incorporando aquilo que foi aprendido no debate.
6
VAMOS PENSAR UM POUCO !
DEMOCRACIA E CIDADANIA
A democracia é uma palavra utilizada recorrentemente, todavia, ao
contrário do que se possa imaginar, desconhecida. Queremos construir um
mundo democrático e buscamos formas de explicar e compreender a
democracia com vistas a aplicá-la. Na Grécia que viveu primeiramente e
efetivamente, a democracia, o povo era preparado para uma atividade
democrática. Eram excelentes oradores, tinham o dom da palavra e
capacidade de convencimento. A participação era direta. No caso da
democracia, participar significa tomar parte, tomar partido, tomar decisão.
Ser capaz de decidir. Isto é muito importante, pois não precisavam de
representantes, isto é de pessoas que falassem por eles. Para fazer valer
seu ponto de vista, o cidadão deve treinar e exercitar formas de diálogos e
debates, em busca de um sentido consensual para os problemas públicos.
Na democracia todos são como que “obrigados” a participar, tomar
parte e decidir. O povo grego desde a mais tenra idade era preparado para
uma vida prática democrática, muito embora fosse uma sociedade
escravocrata, onde apenas os cidadãos (mulheres, crianças e estrangeiros
eram impedidos de participar) tinham direito de participar dos de negócios
públicos. A preparação para sermos cidadãos nos dias atuais é de grande
importância para que tenhamos um exercício consciente da cidadania.
Os cidadãos democráticos reconhecem que não têm apenas
direitos, mas também deveres e, dentro desses deveres, o de lutar contra
tudo que afeta o conjunto da população como a violência, a degradação do
meio ambiente ou ações que afetam grandes conjuntos da população de
perfil sócio-econômico homogêneo como os menores abandonados, a fome,
a miséria, ou ainda ações que têm reflexos no cotidiano de todos os
cidadãos deixando-os indignados, como no caso da corrupção. 2
Em seu Dicionário de Política, Bobbio3 pontua que “por democracia se
foi entendendo um método ou um conjunto de regras de procedimento para
a constituição de Governo e para a formação das decisões políticas (ou seja,
das decisões que abrangem toda a comunidade) mais do que uma
determinada ideologia.”
2 Disponível em: http:/www.administradores.com.br/informe-se/artigo/democracia-essa-des-
c9nhecida/106..4/52010. Acesso em: 24 jun 2010.
3 BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PAQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: UnB, 2002. p.326.
7
ATIVIDADE
Através de uma pesquisa relate a diferença entre democracia direta e democracia
indireta ou representativa. Há alguma semelhança da democracia grega com a da
atualidade? Justifique.
GOVERNOS DEMOCRÁTICOS
Fonte:http: http://www.portalmemoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/media/2009RevistaAnistia01.pdf
Uma de suas principais funções dos governos democráticos é
proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e
de religião, julgamento justo e igual proteção legal; oportunidade de
organizar e participar plenamente na vida política, econômica e cultural,
discordar, denunciar sempre empenhados nos valores de tolerância,
cooperação e compromisso. Segundo Gandhi “a intolerância é em si uma
forma de violência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro
espírito democrático”. 4
4 Disponível em: http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2007/12/liberdade_imprensa.thumbnail.jpg.
Acesso em: 12 fev. 2010.
8
ATIVIDADE
Em sua opinião qual a importância da liberdade de expressão?
RESPONSABILIDADE DO CIDADÃO
Um dos principais deveres do cidadão é o respeito a lei. Pagar seus
impostos, aceitar a autoridade do governo eleito e respeitar os direitos dos que têm
pontos de vista diferentes. Assim sendo, as pessoas que não estão satisfeitas com
seus líderes, são livres para se organizarem e apoiarem pacificamente a mudança
ou tentar votar contra esses líderes em novas eleições no período próprio.
Há um ditado nas sociedades livres: “cada povo tem o governo que merece”.
Para que a democracia seja bem sucedida os cidadãos têm que ser ativos, não
passivos, porque sabem que o sucesso ou o fracasso do governo é
responsabilidade sua e de mais ninguém. Por outro lado, um governo democrático
entende que todos os cidadãos devem ser tratados de modo igual e que não há
lugar para a corrupção num governo democrático. 5
ATIVIDADES
a)Explique o ditado popular “cada povo tem o governo que merece”.
b)Com base nas leituras acima relate como deve se comportar um cidadão para
ter um governo democrático, evitando assim que se transforme em uma ditadura.
c)Voto é sinônimo de democracia?
5 Disponível em: http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/citizen.htm. Acesso em: 10 jul 2010.
9
AGORA LEIA O TEXTO A SEGUIR:
O ANALFABETO POLÍTICO
Bertolt Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel e do remédio dependem
das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e
estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua
ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de
todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das
empresas nacionais e multinacionais. 6
Com base na leitura feita e em sua capacidade reflexiva, responda:
1 – O que significa ser um analfabeto político?
2 – O que cada cidadão pode ou deve fazer para realmente participar das ações
sociais e políticas e das tomadas de decisões de sua comunidade? Dê exemplos
de participação social e o resultado dessa participação.
3 – Você participa da política? Como?
4 – Em sua opinião quais são as formas de participação na política?
6 BRECHT, Bertolt. O analfabeto político. Disponível em: www.comunismo.com.br/brecht.html. Acesso em:
23 maio 2010.
10
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Participar ou não da política? Esta é uma questão que deve ser
debatida entre os jovens. Na atualidade já tem havido uma discussão
relativamente ao direito de participação na esfera dos acontecimentos
políticos. Com efeito, muita gente prefere se ausentar dos debates políticos
por opção ou conveniência. Há também aqueles cidadãos que defendem o
voto facultativo nas eleições.
Para alguns estudiosos do assunto a participação indireta nos
acontecimentos políticos ocorre quando pago meus impostos, obedeço as
leis do meu país, presto o serviço militar, enfim sou cidadão ainda que de
forma passiva. Todos os pensamentos devem ser respeitados e devemos
permanecer cientes de que participar é preciso, mas isso se dá de diferentes
formas, segundo a opção de cada cidadão.
11
8. UM OLHAR SOBRE A HISTÓRIA
A década de 1960, no século passado, viveu um grande sonho
de que o mundo poderia mudar para melhor, isso ocorreu em face das
mudanças e da esperança de renovação em todo o mundo. As idéias
socialistas eram debatidas e admiradas por jovens estudantes,
principalmente as idéias dos grandes pensadores como:
Karl Marx – junto com Friedrich Engels, idealizadores do socialismo
científico no século XIX, que afirmavam que a sociedade capitalista é
injusta e que o proletariado deveria destruí-la através de uma
revolução. Wladmir Lênin, líder da Revolução russa, que deu origem
à União Soviética; Mao-Tse- Tung líder da Revolução Chinesa de
1948, que nos anos 60 e 70 foi o grande incentivador da mobilização
da juventude a favor de ideais revolucionários; Ernesto Che
Guevara, famoso por sua inteligência e bravura, grande guerrilheiro
da América Latina, que junto com Fidel Castro lutou na Revolução
Cubana tomando o poder em Cuba apoiado pela grande massa da
população.
ATIVIDADES
Pesquise e responda:
1- O que é “revolução”? Dê um exemplo de revolução que você
conhece.
2- Por que nos anos sessenta do século XX havia uma grande
esperança em mudanças?
3- Quem eram esses pensadores e líderes cujas idéias eram
admiradas por jovens estudantes no mundo todo?
4- Faça uma discussão em sala sobre o tema da Revolução e
depois construa um painel (cartolina) com os temas levantados.
12
ORIGEM DO GOLPE MILITAR DE 1964 NO BRASIL
lll
Fonte: http://www.ufpa.br/beirario/arquivo/beira38/fotos/charge1-jpg
Consoante se extrai do site http/tvcultura.com.br A crise política se arrastava
desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart,
que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart
(1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes,
organizações populares e trabalhadoras ganharam espaço, causando a
preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, os
banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada
do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar que neste período, o mundo vivia o
auge da Guerra Fria.
Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação
nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam o golpe
comunista.
Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o
partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe
de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o
Brasil enfrentava.
No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na
Central do Brasil. (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste
plano, Jango prometia mudanças radiais na estrutura agrária, econômica política e
educacional do país. Seis dias depois em 19 de março, os conservadores
organizaram uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a
“Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que reuniu milhares de pessoas
pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
13
Fonte:www.juventude.ptcuritiba.org.br/?tag=memorial-da-liberdade
O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No
dia 31 de março de 1964, as tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas.
Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os
militares tomam o poder. Em abril foi decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-
1). Este ato cassou mandatos políticos de opositores ao regime militar e tirou a
estabilidade dos funcionários públicos.
9. ANOS REBELDES - ANOS DE CHUMBO
A história do Brasil nos Anos Rebeldes foi marcada por um golpe militar. O
ano de 1964 inaugurou um longo período de autoritarismo e abusos de poder. O
país mergulhava numa longa noite de vinte anos.
Fonte: http://www.portalmemoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/media/Acervo%2068.pdf
14
A ditadura Militar foi um longo período da história brasileira em que as Forças
Armadas assumiram o controle de vários setores do poder público interrompendo o
diálogo democrático entre governo e sociedade. A partir de 1968, cassou-se
direitos de voto do cidadão às várias esferas do Executivo (presidente,
governadores e prefeitos de capitais), houve a limitação do poder Legislativo, a
censura aos meios de comunicação, a perseguição, exílio, tortura e morte, além de
decretos de vários Atos institucionais que passaram a vigorar no país, dando maior
poder aos militares (Rezende,1999:20003), culminando em 1968 com o AI -5 , o mais
rigoroso destes atos que marcou a consolidação do regime militar.
O golpe militar de 1964, implantado não por um caudilho, mas pelas próprias
forças armadas, inaugurou uma nova fase na história do Brasil, e contou com o
apoio de grande parte da classe média, partidos, mídia.
Na época justificavam-se as prisões em massa e as cassações de direitos
individuais e políticos , como uma forma de se voltar a constitucionalidade. Foram
terríveis os chamados “Anos de chumbo”, responsáveis pelo surgimento de uma
geração pouco comprometida, tendo assim realizado o objetivo alcançado pelos
militares, burguesia e Rede globo que contribuiu para o controle da população.7
ATIVIDADES
1-Qual o significado da palavra “ditadura”?
2 – Quais as diferenças entre regimes ditatoriais e regimes democráticos.
3 – Vivemos atualmente num país democrático onde podemos eleger nossos
representantes, tendo nossas liberdades respeitadas e podendo posicionar e
manifestar livremente? Justifique sua resposta.
4 - O que é um movimento social. Que movimento social contemporâneo você
conhece.
5 – Faça uma discussão com o tema “movimentos sociais” no Brasil
Contemporâneo.
7 Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/651-
2.pdf?PHPSESSID=2009050708274935. Acesso em: 18 maio 2010.
15
A DITADURA NO PARANÁ
No período anterior ao golpe de 1964, o Estado do Paraná era
governado pelo ex-general do Exército Ney Amintas de Barros Braga,
que defendeu a campanha da legalidade favorável ao cumprimento da
Constituição Nacional que garantia a posse de João Goulart, após a
renuncia de Jânio Quadros. Porém, demonstrou a sua simpatia pelos
golpistas quando, em 1º. de abril de 1964, declarou que o Brasil
estava livre, e que a partir daquele momento seria construído uma
democracia cristã no Brasil.
O primeiro governo militar comandado por Castelo Branco
nomeou Ney Braga para ser Ministro da Agricultura e Flávio Suplicy de
Lacerda para ser Ministro da Educação, sendo este o responsável
pela criação da Lei 4.464 de 09 de novembro de 1964 - Lei Suplicy -
que afirmava ser vedado aos órgãos de representação estudantil
qualquer manifestação ou propaganda de caráter político-partidário
bem como promover e apoiar ausência coletiva dos trabalhos
escolares, isto, é as greves. 8
Enquanto esses paranaenses faziam parte faziam parte do
governo federal, qualquer tipo de manifestação popular passou a ser
vigiada e nos anos seguintes os manifestantes foram vítimas de
violentas torturas pelos detentores do poder.
8 FAVERO, Maria de Lourdes. A UNE em tempos de autoritarismo. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1996, p.60.
16
Apesar do Estado do Paraná ser considerado um Estado
conservador de pessoas pacatas, boa parte da população era contra o
regime militar, especialmente as classes média e alta. As
manifestações populares, lideradas pelo movimento estudantil
ganharam forma e foram às ruas contra as medidas autoritárias e
arbitrárias dos representantes do regime militar
MOVIMENTO ESTUDANTIL:
UM SONHO QUE VIROU PESADELO
“Só vos peço uma coisa: se sobreviverdes a esta época, não vos esqueçais!
Não vos esqueçais nem dos bons e nem dos maus. Juntai com paciência as
testemunhas daqueles que tombaram por eles e por vós. Gostaria que todo
mundo soubesse que não há heróis anônimos. Eles eram pessoas que
tinham nomes, tinham rostos, desejos e esperanças”. 9
No Brasil, os jovens acreditavam mesmo na mudança e tinham
certeza de que não dava para esperar, porque a liberdade era limitada
e a democracia negada. Clamavam por justiça e direitos iguais e
faziam movimento de protesto através de passeatas por todo país.
Fonte: http://www.portalmemoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/media/Acervo%2068.pdf
9 FUCHIK, Julio. Testamento sob a força. São Paulo: Brasil debates, 1980.
17
Os jovens universitários viveram intensamente esses anos tumultuados da nossa
história. Para eles, em sua grande maioria da classe média o governo militar se
representou desde o início repressor e autoritário. Neste período o governo extinguiu a
UNE (União Nacional dos Estudantes), e propôs uma reforma universitária que culminaria
no ensino pago. Não bastasse isso, reprimiu com violência os protestos de jovens que até
então eram vistos como a futura elite do país. Em 1968, militantes e alunos das
universidades foram para as ruas reivindicar direitos, exigir mais liberdade e gritar “Abaixo
a Ditadura” As ruas transformaram-se em praças de guerras, havia confrontos entre
tropas de choques e estudantes, ocupação de universidades, embates sangrentos,
tumultos, mortes e feridos. Surgem líderes como Vladimir Palmeira, Luiz Travassos, José
Dirceu e José Arantes. 10
ATIVIDADE
2 – O que eram e para que foram criados os Atos Institucionais?
3 – Assista ao vídeo gravado com Milton Nascimento “Coração de Estudante”.
Visite o site: www.kboing.com.br
4 – Discuta a música e a letra. Professor: lembre-se que é necessário
contextualizar a produção desta fonte de modo que sejam analisados a letra e o
estilo musical para uma melhor compreensão do período.
MÚSICAS DE PROTESTO CONTRA A CENSURA MILITAR DO GOVERNO
11
Os artistas dos anos rebeldes se utilizaram de metáforas para driblar os
censores.
Metáfora é o emprego é um termo com significado de outro,em vista de uma
semelhança entre ambos.
10
FAVERO, Maria de Lourdes. A UNE em tempos de autoritarismo. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1996 .
11 Disponível em: http://www.radio.usp.br/programa.php?id=2&edicao=080510. Acesso em: 23 mar 2010.
18
Geraldo Vandré 11 Milton Nascimento 12
No contexto de repressão, indignação e rebeldia a música de
contestação ganhou espaço e a canção “pra não dizer que não falei das
flores”, de Geraldo Vandré, se tornou o hino das passeatas onde os
estudantes buscavam resistir ao autoritarismo e à falta de democracia.
A ditadura foi um golpe forte sobre a música brasileira. Num contexto
de rebeldia e repressão muitos artistas e compositores se engajaram na luta
dos jovens estudantes e passaram a produzir um estilo de música
denunciando o autoritarismo do sistema, fazendo da música um instrumento
de protesto, contestação e resistência.
Buscando maneiras de driblar a censura e protestar, passaram a utilizar
do uso de frases com duplo sentido, metafórico. Uma das músicas mais
fortes de protesto foi “Apesar de Você também de Chico, música dirigida ao
então Presidente Emílio Garrastazu Médici, fazendo menções ao AI-5 e suas
proibições. 13
ATIVIDADES
1. Com base no texto acima, faça um comentário sobre os poderes conferidos
pelo AI-5 ao presidente da República e quais foram as conseqüências para os
cidadãos brasileiros.
2. Pesquise a música “Cálice” de Chico Buarque, cantada por Milton Nascimento e
Chico Buarque.
3. Ouça a música e preste atenção à letra. Faça um texto interpretando esta
canção.
12
Disponível em: www.youtube.comwalch?v=26g1jag Acesso em: 22 jun. 2010. 13
MOREIRA, Silvia. Folhas. Cianorte, 2010.
19
4. Assista ao vídeo da música de Chico Buarque “Apesar de Você” e faça uma
análise procurando identificar as metáforas empregadas pelo compositor.
Visite os links:
http://www.youtube.com/watch?v=R7xRtSUunEY (Chico Buarque / Apesar de
Você. Ditadura Militar).
www.youtube.com/walch?v=n13vif5gc4k (Chico Buarque / Vai Passar)
www.youtube.com/walch?v=n13vif5gc4k (Chico Buarque / Cálice).
Em contra partida, para encobrir todas as violências cometidas durante a
ditadura, os militares investiam em propagandas destinadas a divulgar, junto à
maioria da população, imagens de um governo sério e competente e de um país
próspero e pacífico. Um dos slogans dessa propaganda dizia BRASIL: AMEI-O OU
DEIXE-O. Nesta época, uma marchinha, EU TE AMO, MEU BRASIL, da dupla Don e
Ravel, alcançou grande sucesso, transmitindo a imagem de um Brasil risonho e
sem conflitos. Pesquise a letra da música de Don e Ravel e a compare com a letra
de Chico Buarque na canção “Cálice”. Faça uma redação com suas conclusões.
Professor: em sala faça um painel verificando as conclusões a que chegaram os
alunos.
10. CORAÇÃO DE ESTUDANTE
OS MENINOS DE APUCARANA
Assim Milton Ivam Heller, autor de “Resistência Democrática e Repressão
no Paraná”, denomina o capítulo em que fala sobre estudantes que resistiram ao
regime militar. Entre eles Antonio dos Três Reis, José Idésio Brianesi, Geraldo
Magela e Antonio Narciso Pires de Oliveira.
MEMORIAL EM HOMENAGEM AOS JOVENS APUCARANENSES
QUE MORRERAM LUTANDO CONTRA O REGIME MILITAR
20
Arquivo pessoal
A concepção do memorial consiste no resgate da história de vida e luta
dos homenageados, mostrando às novas gerações o passado de luta de muitos
brasileiros. Ao perpetuar a lembrança de trajetórias, como a dos dois jovens de
Apucarana, o ministério federal acredita estar contribuindo para evitar que novos
episódios de violação dos direitos se repitam no Brasil. O projeto já existe há três
anos e teve início com a a exposição fotográfica “Direito à Memória e à Verdade –
A ditadura no Brasil (1964-1985)“, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Entre
os parentes dos homenageados presentes estiveram a irmã de “Brianezi”, Maria
Izabel Brianezi e os irmãos de Três Reis, Maria do Socorro de Oliveira e Baltazar
Eustáquio de Oliveira (Taquinho). 14
Arquivo pessoal
Os líderes estudantis apucaranenses, José Idésio Brianezi e Antônio dos
Três Reis de Oliveira, mortos durante a ditadura em 1970, têm agora sua luta pela
democracia eternizada em praça pública. Com a presença do Secretário de
Direitos Humanos da Presidência da República, ministro Paulo Vannuchi, do
governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), do prefeito de Apucarana, João
Carlos de Oliveira (PMDB), vice-prefeito de Apucarana, Waldemar Garcia,
14
Disponível em: www.apucarana.pr.gov.br. Acesso em: 21 jun. 2010.
21
presidente da Câmara de Vereadores de Apucarana, Mauro Bertoli (PTB), do
presidente do Grupo Tortura Nunca Mais no Paraná, Narciso Pires de Oliveira e
parentes dos homenageados, foi inaugurado nesta sexta-feira (14/05), na Praça
Semiramis Braga (Praça do Clube 28 de Janeiro), o memorial “Pessoas
Imprescindíveis”. Essa é uma homenagem a dois heróis que Apucarana ofereceu
ao Brasil, que condenaram a sociedade individualista, que se opuseram e lutaram
pela sociedade livre, igualitária, fraterna, uma sociedade de paz, onde é possível
as pessoas conviverem e respeitarem as diferenças, onde todos se dão as mãos”,
assinalou o Ministro Vannuchi. O memorial integra o projeto “Direito à Verdade e à
Memória, conduzido pelo Governo Federal desde 2006 com o objetivo de
recuperar e divulgar o que aconteceu durante a ditadura militar no Brasil -
1964/1985 -, período marcado pela violência e violações de direitos humanos.
“Tanto Brianezi, quanto Três Reis lutaram por um ideal de sociedade. Suas ações,
lutas, sonhos, estão realizados nas pessoas de hoje, que desfrutam de uma
democracia conquistada com muito sacrifício. Eles deram a vida, pagaram um alto
preço, para que hoje tenhamos um país onde possamos desfrutar de liberdade.
Eles deixaram o exemplo de que em hipótese alguma devemos nos curvar ou nos
calar diante injustiças, assinalou o prefeito João Carlos de Oliveira.
ANTONIO DOS TRÊS REIS DE OLIVEIRA
Uma vida pela liberdade e justiça
15 16
15 Disponível em: www.nunca mais-rj.org.br/Mdetalhes.asp. Acesso em: 29 maio 2010.
22
Aprovada a homenagem a estudante de Apucarana morto pela ditadura militar em
10 de maio de 1970 em São Paulo.
Esta homenagem que se presta ao estudante Antônio dos Três Reis de
Oliveira, é também uma homenagem que se presta a todos aqueles que
lutam contra a tirania, contra a opressão e pela defesa de seus ideais. É uma
homenagem ao inconformismo da juventude, que muitas vezes, ao longo da
história do Brasil, vem se levantando para pedir mudanças, para defender
um mundo mais justo e fraterno, ainda que isso exija grandes sacrifícios.
(Waldir Pugliesi)
TRÊS REIS É HOMENAGEADO NO CONGRESSO
“Líderes como Antonio dos Três Reis de Oliveira devem ser
permanentemente cultuados, como exemplo de dedicação à liberdade e ao
Brasil”, disse Luis Carlos Hauly.
O deputado comentou ainda que o estudante foi perpetuado em
Apucarana dando nome a um colégio considerado um dos mais modernos
do Paraná. Tal homenagem resgata a memória de um cidadão paranaense
que teve sua história de vida na defesa dos direitos humanos, combate à
censura e à repressão política, e defendia a ampla participação dos jovens
na política de nosso país. 17
A VOZ DO ESTUDANTE
Frases e textos produzidos aos 16 anos, por Três Reis no
programa dominical, na Rádio Difusora de Apucarana:
16 Disponível em: www.cidades.tribuna.com.br. Acesso em: 12 jun 2010. 17
KLEIN, Fernando. Três Reis é homenageado no Congresso. Disponível em:
www.cidades.tribunanews.com.br. Acesso em: 08 mar 2010.
23
“A nós compete lutar e fazer com essas crianças possam,
amanhã estudar, possam freqüentar um curso superior e que vivam
num país de moral elevado forte economicamente. Onde impere a
liberdade e a fraternidade, um país com a democracia em franco
aperfeiçoamento, um país, sobretudo, cristão”. 18
“Comportar como os rebanhos que aceitam as ordens e as
verdades sem análise crítica. O ponto mais importante que
aprendemos na escola é o ponto de interrogação. A interrogação que
quer saber o porquê dos acontecimentos, das suas verdadeiras
origens e a análise crítica das soluções possíveis. O ponto final só
deveria ser usado depois de se chegar às conclusões no processo do
conhecimento”. 19
“Um país não pode se intitular democrático se o cidadão que
nele vive está impedido de portar a sua verdadeira e plena identidade.
Não aquela identidade com fotografia em 3x4 que nos acompanha
como documento de existência. Mas a identidade de cidadão com
direito a liberdade de expressar seus pensamentos; com a liberdade
de ir e vir; liberdade de acesso ao trabalho e remuneração dignos;
com liberdade de acesso à moradia e saúde”. 20
“Eu gostaria de falar aqui neste programa aos colegas
estudantes, sobre um sentimento que nos diferencia e nos torna mais
humanos: A FRATERNIDADE. A irmandade de criaturas iguais,
independente de raça,, cor, idade ou religião, que se amam e se
ajudam mutuamente. Criaturas que conseguem sair do egoísmo que
aprisiona, para o amor que liberta; que conseguem sentir a dor ou
alegria do outro”. 21
18
OLIVEIRA, Baltazar Eustáquio de. Três Reis: uma vida pela liberdade. Curitiba, 2010. p.26 19 OLIVEIRA, Baltazar Eustáquio de. Três Reis: Uma vida pela liberdade. Curitiba. p.36. 20 Ibidem. p.26 21
Ibidem. p.27.
24
ANTONIO DOS TRÊS REIS
Antonio dos Três Reis nasceu em 19 de novembro de 1946, em
Tiros (MG), filho de Ageu de Oliveira e Cláudia Maria Abadia de
Oliveira. Morando em Apucarana, começou a lutar contra a ditadura
militar e foi dado por desaparecido na cidade paulista de Taubaté em
1970, quando tinha 26 anos. Em 1991, o nome de Antonio foi
encontrado nos arquivos do DOPS no Paraná identificado como
“falecido”. Três Reis fez o curso ginasial no Colégio Nilo Cairo e
estudou Ciências Econômica na Faculdade Estadual de Ciências
Econômicas de Apucarana. Era membro da União Paranaense de
Estudantes. Junto com José Idésio Brianesi, também assassinado
durante a ditadura, produzia programas para a rádio local. Ele foi
indiciado no Processo15/1968 por sua participação n. 30 Congresso
da União dos Estudantes (UNE), bem como no inquérito policial n.
9/1972.
Foi excluído de ambos em decorrência de sua morte. Segundo
denúncia de presos políticos de São Paulo, em documento datado de
março de 1976, Três Reis foi metralhado juntamente com Alceni Maria
Gomes da Silva, em 10 de março de 1970, em sua casa em Taubaté
(SP), por gentes da Operação Bandeirantes (Oban). Dias depois, em
21 de maio, foi enterrado como indigente no Cemitério da Vila
Formosa, em São Paulo. Noutro relatório do Ministério da Aeronáutica,
consta que “faleceu em 17 de maio de 1970, em Taubaté quando uma
equipe de segurança procurava averiguar a existência de um provável
aparelho, o que resultou na sua morte.
ATIVIDADES
1.Faça uma pesquisa sobre o movimento estudantil em Apucarana. Veja os jornais da época.
25
2.Procure descobrir uma pessoa que participou deste movimento e tente fazer uma entrevista com ela. 3.Professor: faça uma oficina em sala orientando a construção do processo de entrevista. Visite o link abaixo e obtenha um direcionamento para o trabalho: http://www.uel.br/pessoal/jneto/index.php?content=historiaoral.htm 4.A partir das entrevistas faça uma discussão entre memória e historia. Demonstre que a memória é uma fonte para a história. A história implica uma análise das fontes, portanto, do discurso da memória. 5.Faça uma pesquisa sobre a atuação de Antonio dos Três Reis no movimento estudantil em Apucarana e de sua atuação no programa de domingo “A voz do Estudante” na Rádio Difusora de Apucarana. 6.Faça uma análise das pesquisas realizadas. Os alunos devem elaborar um relatório final sobre o tema a partir de jornais, entrevistas, depoimentos e outros documentos.
VOCÊ CONHECE ESTE QUARTEL?
Arquivo pessoal
O 30º Batalhão de Infantaria Motorizado é a única Unidade
Militar do Exército existente em nossa região. Teve sua origem na 4ª
Companhia de Fuzileiros do 13º Regimento de Infantaria, atual 13º BIB
26
(Batalhão de Infantaria Blindada), com sede em Ponta Grossa Paraná.
Foi destacado para se instalar em Apucarana no dia 09 de setembro
de 1965, em terreno onde funcionava o pátio da Estação Ferroviária
Central do Paraná, até ser construída sua sede própria. A 11 de
janeiro de 1971, a 4ª Companhia de Infantaria é transferida para novas
e modernas instalações no Km 353, da “Rodovia do Café. Em 22 de
dezembro do mesmo ano, foi transformado em Batalhão através da
Portaria Ministerial nº 045.
Grande parte a repressão verificada no Paraná, em vinte anos
de autoritarismo, partiu do 30º Batalhão de Infantaria Motorizada,
sediada em Apucarana, sob o comando do capitão Ismar Moura
Romariz. Em relação à população foi a cidade paranaense que mais
teve presos políticos, afirmou Antonio Narciso Pires de Oliveira ex-
presidente do comitê Brasileiro de Anistia.
Em Apucarana formou-se um grupo de 19 pessoas, que se
uniram para lutar pela pátria, contra a ditadura militar que lhes havia
roubado a liberdade a que todo cidadão tem direito. Eles não se
intimidaram com as violências cometidas em nome da democracia e
da paz no país. Muitos acabaram sofrendo com as torturas e alguns
sacrificaram a própria vida. Além de Antonio dos Três Reis morto pela
ditadura militar, de Apucarana, também José Idésio Brianezi foi morto
durante o mesmo período pelos militares. 22
22
GALVÃO, Roberto Carlos Simões. A participação do Batalhão do Exercito de Apucarana na Repressão
Militar entre os anos de 1968 e 1979. Revista Partes. Disponível em: www.partes.com.br Acesso em: 12 jun
2010.
27
JOSÉ IDÉSIO BRIANEZI
Arquivo pessoal Arquivo pessoal
Era estudante de Química Industrial quando optou pela luta armada.
Foi assassinado pela equipe do delegado Renato D’Andrea, do DOI-COD
de São Paulo, o dia 14 de Abril de 1970. O relato a seguir foi de seu pai, o
motorista de taxi, José Paulino Brianesi.
28
Ele participava do movimento estudantil e de reuniões políticas,
que eu desconhecia na época, com pessoas, daqui e de fora. Depois
foi para São Paulo e a cada dois ou três dias ele telefonava para casa.
Fui a São Paulo e não o achei mais. Fui primeiro à casa da irmã , que
mora em São Paulo, onde ele ia todos os dias. Ela também estranhou
quando ele ficou uns oito dias sem aparecer. Procurei um advogado e
iniciamos a busca.
Fomos ao quarto onde ele morava, perto do aeroporto de
Congonhas e falamos com um rapaz que morava ao lado. Ele disse
que tudo foi tão rápido, que não deu tempo para ver nada. Derrubaram
a porta, metralharam o Idésio, em cima da cama, lendo um jornal.
Depois pegaram o corpo dele, jogaram em uma viatura e foram
embora. O dono do hotel ou pensão onde ele morava não quis falar
nada quando eu o procurei. Disse que só falaria perante a Justiça. 23
ATIVIDADE
a) Faça uma entrevista com parentes ou amigos que ainda vivem na cidade de
Apucarana sobre a atuação de José Idésio Brianesi no movimento estudantil em
Apucarana e seu envolvimento na luta contra a ditadura.
b) Em sala de aula fazer a análise da entrevista.
NARCISO PIRES
23
HELLER, Milton. Resistência democrática e repressão no Paraná. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1996. p.553.
29
Arquivo pessoal
Narciso pires discursando na homenagem aos jovens apucaranense
“Esta homenagem é mais que justa. Três Reis foi um jovem
que sonhou e lutou pela liberdade, por um mundo mais igualitário. Ele
começou sua luta contra a ditadura aqui em Apucarana. Tive a honra
de estar ao seu lado durante anos e quando fomos presos políticos em
1970” falou o presidente do Grupo de Tortura Nunca Mais Narciso
Pires de Oliveira.
Representante do “Tortura Nunca Mais” prestigiou a cerimônia
de inauguração do Colégio Antonio dos Três Reis em homenagem ao
jovem estudante morto na ditadura. O apucaranense e ex-combatente
do regime militar Narciso Pires de Oliveira, líder estudantil no mesmo
período de Antonio dos Três Reis fez um relato emocionado dos
detalhes da luta que ambos viveram no final da década de 60.
Hoje o presidente, do Grupo de Torturas Nunca Mais do Paraná,
Narciso Pires chegou a ser preso em 1968, depois que a sede da
União dos Estudantes de Apucarana foi invadida pelo exército e o
grupo se separou.
Três Reis e José Idésio Brianesi integraram a Aliança
Libertadora Nacional (ANL) e Pires seguiu para o Partido Operário
Comunista. Em sua fala Pires disse: “Três Reis foi um jovem que
aprendeu em Apucarana a importância de lutar pela liberdade e pela
democracia. Morreu lutando principalmente por um país mais humano,
este que foi o motivo central de sua luta”.
ATIVIDADE
30
1.Procure em jornais, revistas ou internet sobre a atuação de Narciso Pires, em
sua atuação como membro do Grupo “Grupo de Tortura Nunca Mais no Paraná.
2.Pesquise sobre outros participantes do movimento contra a ditadura na cidade
de Apucarana.
3.Componha uma narrativa sobre os acontecimentos do período ditatorial em
Apucarana, discutindo o significado das lutas passadas para a construção da
democracia no presente.
4.Fazer uma entrevista com pessoas que tenham participado do período da
ditadura militar, gravando os depoimentos.
5.Conclusões: aula do professor sobre o significado da democracia
contemporânea no Brasil.
REFERÊNCIAS
ARNS, Paulo Evaristo. Brasil: nunca mais. Petrópolis: Vozes, 1992.
BOBBIO, N.; PASQUINO, G.; MANTENUCCI, N. Dicionário de Política. Brasília:
UnB, 2002.
FAVERO, Maria de Lourdes. A UNE em tempos autoritarismo. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1996.
FUCHIK, Julio. Testamento sob a força. São Paulo: Brasil debates, 1980.
GASPARI, Élio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras,
2002.
HELLER, Milton Ivan. Resistência democrática e repressão no Paraná. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1996.
GALVÃO, Roberto Carlos Simões. A participação do Batalhão do Exercito de
Apucarana na Repressão Militar entre os anos de 1968 e 1979. Revista Partes.
Disponível em: www.partes.com.br Acesso em: 12 fev. 2010.
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KLEIN, Fernando. Três Reis é homenageado no Congresso. Disponível em:
www.cidades.tribunanews.com.br. Acesso em: 08 mar 2010.
MOREIRA, Silvia. Folhas. Cianorte, 2010.
OLIVEIRA, Baltazar Eustáquio de. Três Reis: uma vida pela liberdade. Curitiba,
2000.
SIMAN, Lana Mara de Castro. Inaugurando a história e construindo a nação.
São Paulo: Autêntica, 2004.
VIEIRA, Ildeu Manso. Memórias torturadas (e alegres) de um ex-preso político.
Curitiba: Imprensa Oficial, 1998.
www.kboing.com.br
http://acertodecontas.blog.br/wp-content/uploads/2007/12/liberdade_imprensa.thumbnail.jpg.
www.nuncamais-rj.org.br/mdetalhes.asp www.cidades.tribuna.com.br. www.apucarana.pr.gov.br www.ufpa.br/beirario/arquivo/beira38/fotos/charge1-jpg WWW.cidadaniaxbrasil.blogspot.com/
www.juventude.ptcuritiba.org.br/?tag=memorial-da-liberdade
www.google.com.br/images?hl=pt-&oq=&gs_rfai
www.presotto.zip.net/images/vergonha_00.jpg
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/651-2.pdf
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