14
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

Page 2: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

1

ANÁLISE DA BACIA HIDROGRÁFICA COMO RECURSO DIDÁTICO PARA O

APRENDIZADO DE GEOGRAFIA: ESTUDO DE CASO DA BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO SÃO JORGE, PONTA GROSSA/PR

Autor: Manoel Angelo Prochmann1

Orientador: Tiago Damas Martins 2

Resumo

Desde a antiguidade a humanidade mostra preocupação em conhecer os recursos hídricos do

planeta Terra. No entanto, nos últimos anos temos assistindo a verdadeiras tragédias

provocadas pela poluição e consequente degradação ambiental. A busca pela água potável

passa a ser desafio a ser enfrentado pela população mundial. Diante dessa situação as nações

começaram a reavaliar o verdadeiro valor da água e sua importância estratégica para o

desenvolvimento econômico e para a sobrevivência da humanidade. Contudo, o elevado

consumo de água e a contaminação de mananciais por diferentes agentes poluidores

prenunciam, num futuro próximo, sérios problemas aos recursos hídricos. A opção de estudar

o lençol subterrâneo e as fontes de água da Bacia do Rio São Jorge, na cidade de Ponta

Grossa, no Estado do Paraná, se deve ao fato de que a cidade a cada ano que passa aumenta

gradativamente o nível de poluição devido ao seu crescimento desordenado em sua

organização espacial o que, consequentemente, contribui para a contaminação das águas

subterrâneas do perímetro urbano. O objetivo foi diagnosticar a condição atual de degradação

dos recursos hídricos da Bacia do Rio São Jorge, por meio de uma pesquisa de intervenção

com alguns alunos do Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estadual Professor Meneleu

de Almeida Torres. Como estratégias de ação os alunos foram a campo e fizeram

levantamentos geográficos, cartográficos e de forma multidisciplinar, obtiveram dados

hidrogeológicos da região de estudo e, posteriormente, fizeram a análise descritiva e analítica

dos dados coletados. Como resultado podemos dizer que nesse contexto a contribuição dos

conhecimentos geográficos adquiridos nas saídas de campo possibilitou ao aluno o

desenvolvimento de uma consciência crítica que lhe amplia a visão dos conhecimentos

geográficos.

Palavras-chave: Recursos hídricos, Bacia Rio São Jorge, sustentabilidade hídrica

1 Formado em Geografia, com especialização em Educação Ambiental.

2 Professor do Departamento de Geociências/UEPG.

Page 3: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

2

Introdução

Tem-se assistido nas últimas décadas a uma acelerada expansão das edificações

urbanas nas cidades. Esse crescimento, que se mostra desordenado no município de Ponta

Grossa, estado do Paraná, durante décadas, vem determinando prejuízos contínuos ao bem

estar da população e, consequentemente, tem aumentado os problemas ambientais,

principalmente, no tocante à poluição hídrica dos seus mananciais.

A água de um manancial é resultado da drenagem da bacia correspondente e sua

qualidade será a resultante das ações que se realizarem no solo dessa bacia. Assim, as

atividades que se desenvolvem nas proximidades dos cursos d’água e os resultados do uso

incorreto da ocupação do solo das bacias hidrográficas causam a poluição dos recursos

hídricos e levam à degradação, as quais tendem a se agravar a médio e longo prazo.

Conforme, Lara (2003, p. 387), ''os mananciais de abastecimento são áreas especiais

onde a principal prioridade é o fornecimento de abastecimento de água de boa qualidade à

população''.

A busca por água potável passou a ser um grande desafio para a população mundial,

fazendo com que nações reavaliem o verdadeiro valor da água e sua importância estratégica

para o desenvolvimento econômico e para a sobrevivência da humanidade.

O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e

industriais são indicadores de graves problemas nos recursos hídricos urbanos.

A destruição dos mananciais em áreas que ocorrem as nascentes de corpos d’água,

que devem ser ocupadas com vegetação natural é um dos fatores da dificuldade de se obter

águas superficiais.

De acordo com Crea-PR (2002, p.21), “a água subterrânea é a alternativa do futuro”.

Enfatiza, ainda, que conforme dados estatísticos divulgados pelo IBGE (apud Crea-PR, 2002,

p.21) “no Brasil, 61% da população se abastecem com água subterrânea, distribuída da

seguinte forma: 43% por intermédio de águas tubulares, 12% por meio de poços e, 6% através

de fontes”.

Ainda para Magnoli, et al (1997, p. 232), ''muitas cidades já dependem da água

subterrânea para suprir as suas necessidades básicas”. Dessa forma, no dizer da autora, “o

excesso de poços e o bombeamento, dessa água, causam novas alterações no ciclo

hidrológico”. Para a autora, “grande parte dos rios depende do lençol freático para manter os

seus cursos e, o bombeamento em excesso, causa a diminuição da vazão fluvial” (MAGNOLI

et al, 1997, p. 232).

Page 4: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

3

De acordo com Agência Nacional da Água - ANA (2002, p. 22), ''O Estado do

Paraná, possui 45% do volume de águas subterrâneas do país. Boa parte da população, cerca

de 80% das sedes municipais, é abastecida pelos dez aqüíferos localizados no Estado do

Paraná.

A utilização de águas subterrâneas como alternativa para o futuro em relação às

águas superficiais é uma tendência cada vez mais forte. As necessidades de água aumentam

dia a dia, mas há, também, providências em relação às águas subterrâneas, no sentido de

manter a sua disponibilidade.

Embora a tecnologia tenha expandido a capacidade humana de encontrar novas

formas de obtenção e aproveitamento dos recursos hídricos (aqüíferos) para captar água, a

disponibilidade relativa tornou-se critica. E, para isso, é preciso um programa permanente e

coordenado de observações e estudos científicos.

As reservas de água doce são muito restritas no subsolo do que na superfície e,

justamente, por não serem vistas é possível que faça um juízo reduzido delas. Por ter a

exploração dessas águas subterrâneas uma importância muito grande, é preciso que ela não

seja utilizada de maneira desordenada. Por outro lado, quando se considera o problema da

qualidade da água, vê-se que também é necessária uma pesquisa científica.

Assim, procuramos integrar o trabalho com base nos documentos já existentes,

formando grupos de discussão, com o conteúdo administrado em sala de aula abordando

temas interdisciplinares como: Cartografia, Hidrografia, Geologia, Climatologia e introdução

à Geofísica.

Caracterização fisiográfica da área de estudo

A insistência do homem em ocupar a terra sem levar em conta o suporte

geoecológico vem provocando problemas ambientais de variadas grandezas. Desde a mais

remota antiguidade a humanidade vem se preocupando em conhecer os recursos Hídricos do

planeta.

No entanto, nos últimos anos temos assistindo a verdadeiras tragédias provocadas

pela poluição ambiental. A busca pela água potável passou a ser um grande desafio a ser

enfrentado pela população mundial. Diante dessa situação as nações começaram a reavaliar o

verdadeiro valor da água e sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico e

Page 5: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

4

para a sobrevivência da Humanidade.

Contudo, o elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgoto

doméstico e industrial prenunciam um futuro próximo com sérios problemas em relação aos

recursos hídricos. A opção de estudar o lençol subterrâneo e as fontes de água da Bacia do Rio

São Jorge no município de Ponta Grossa, no Estado do Paraná, se deve ao fato de que a

cidade, a cada ano que passa, aumenta gradativamente o nível de poluição devido ao seu

crescimento desordenado em sua organização espacial o que, conseqüentemente, contribui

para a contaminação das águas subterrâneas do perímetro urbano.

As Bacias Hidrográficas são apontadas “como a unidade ambiental mais adequada

para o tratamento dos componentes e da dinâmica das inter-relações concernentes ao

planejamento e à gestão do desenvolvimento, especialmente no âmbito regional”

(CARVALHO, 2005, p. 35).

Por Bacia Hidrográfica entende-se a área drenada por um determinado rio ou por um

sistema fluvial caracteriza a bacia de drenagem. Ainda para Christofoletti (1980, p.65), “os

rios constituem os agentes mais importantes no transporte dos materiais intemperizados das

áreas elevadas para as mais baixas e dos continentes para o mar”. Para o referido autor (1980,

p.65), “Os rios funcionam como canais de escoamento. O escoamento fluvial faz parte

integrante do ciclo hidrológico e sua alimentação se processa através das águas superficiais e

das subterrâneas”.

A água subterrânea, o lençol d’àgua, formado pela infiltração das águas superficiais,

é denominado lençol freático.

A Bacia Hidrográfica do Rio São Jorg (Mapa 1), está situada no município de Ponta

Grossa, Paraná, localizada na região dos Campos Gerais, a nordeste do perímetro urbano do

município, como mostra o mapa abaixo.

Page 6: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

5

Figura 1 – Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Rio São Jorge. Fonte: SILVA, H. C.;

PROCHMANN, M. A.; OLIVEIRA, S. de., 2005.

Segundo Rocha (1995, p. 20), ''A bacia do rio São Jorge, está localizada a 12 Km, a

leste da cidade de Ponta Grossa, no limite oriental dos Campos Gerais”, unidade fisiográfica

identificada como Segundo Planalto Paranaense.

Page 7: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

6

Ainda, segundo descreve Rocha (1995, p. 20), “As coordenadas geográficas,

aproximadas para as nascentes e a foz do rio são, respectivamente: 25º06'13''S/49º59'06''W e

25º01'29''S/50º04'00''W”.

Rocha (1995, p. 20), aponta que:

As nascentes localizam-se junto ao reverso da Escapa Devoniana, próximo

ao morro da Coroa, numa altitude aproximada de 1.100m, tendo sua foz

junto ao rio Pitangui em cota aproximada de 875m. Esta bacia compreende

superfície de drenagem de 2.671ha e está incluída nos mananciais de

captação de água para o abastecimento urbano de Ponta Grossa.

A seguir apresenta-se a vista da “nascente do Rio São Jorge”, área de reflorestamento

encobrindo a fonte (Figura 2).

Figura 2: Canal do Rio São Jorge próximo a sua nascente. Fonte: SILVA, H. C.; PROCHMANN, M.

A.; OLIVEIRA, S. de. 2005.

Esse curso d’água corre em direção norte-nordeste (NNO-SE), na maior parte de seu

trajeto ele está fortemente encaixado em seu leito, formando um total de 23 tributários

(pequenos cursos d’água que compõem sua bacia hidrográfica), de acordo com seu padrão de

drenagem é afluente do rio Pitangui e subafluente da Bacia do Rio Tibagi.

Page 8: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

7

Característica hidrogeológica da Bacia do Rio São Jorge

De acordo com a MINEROPAR (1990, p. 94), em estudo intitulado “Programa

Levantamento das Potencialidades Minerais dos Municípios”, “os aquíferos ocorrentes no

município de Ponta Grossa podem ser subdivididos, regionalmente, em três unidades

hidrogeológicas: Pré-Cambriana, Paleozóica e Cenozóica” (Figura 3).

Figura 3: Unidades Aquíferas do Paraná Fonte: MINEROPAR, 1990.

MINEROPAR (1990, p. 94), destaca que “A unidade Paleozóica é representada pelas

Formações Furnas e Formação Ponta Grossa do Grupo Paraná e pelos depósitos flúvio-

glaciais da Formação Campo do Tenente (Grupo Itararé)”.

A Bacia do rio São Jorge está inserida no Aquífero Furnas e, a área do afloramento

do aquífero corresponde a uma faixa contínua de direção NW-SE. A Formação Furnas é a

parte inferior do Grupo Paraná. No município, constitui a porção basal da bacia sedimentar do

Estado do Paraná com predominância de arenitos médios a grossos de coloração clara,

relativamente homogênios, com grãos angulosos a subangulosos, cimentados por caulinita e

Page 9: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

8

ilita (MELO, 2009).

Figura 4: Fonte: SILVA, H. C.; PROCHMANN, M. A.; OLIVEIRA, S. de. 2005,

A implementação

Estudos científicos têm mostrado que devido a essa problemática, hoje, o grande

desafio da humanidade é procura e o uso racional da água potável. Essa situação tem levado

as nações a reavaliar o verdadeiro valor da água e sua importância estratégica para o

desenvolvimento econômico e para a sobrevivência dos seres.

Está evidente que o uso indevido da água e a poluição dos mananciais por esgoto

doméstico e industrial prenunciam para um futuro próximo sérios problemas em relação aos

recursos hídricos.

Page 10: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

9

Um dos objetivos do ensino da Geografia é promover o conhecimento dosa fatores

que propiciam a poluição ambiental. Assim, a referida intervenção pedagógica na escola,

procurou desenvolver uma conscientização por parte dos alunos do 1º ano do Ensino Médio

do Colégio Meneleu de Almeida Torres sobre os recursos hídricos local, no perímetro urbano

e as relações e interrelações do homem com o espaço geográfico.

O estudo teve como foco referencial as superficiais e subsuperficiais da Bacia do Rio

São Jorge, no município de Ponta Grossa, no Estado do Paraná.

Esse estudo teve como justifica o fato de que a cidade, a cada ano, aumenta

gradativamente o nível de poluição devido ao seu crescimento desordenado em sua área

urbana o que, consequentemente, contribui para a contaminação das águas subterrâneas do

perímetro urbano. Toda a área onde está assentada a bacia do rio São Jorge integra o Aquífero

Furnas; manancial de águas subterrâneas na região da cidade de Ponta Grossa. Portanto, as

rochas areníticas da formação Furnas é área de recarga do Aquífero.

A interdependência dos vários elementos que compõem seu quadro físico, bem como

as relações de apropriação, que o homem estabelece com ele, definem o ambiente e suas

permanentes transformações. Portanto, conhecer esse espaço de vivência significa entender

seu funcionamento.

O Espaço Geográfico, objeto de estudo da Geografia, é dinâmico, não se apresenta

pronto e acabado. É necessário que o aluno compreenda essa dinamicidade do processo de

construção do espaço (CALLAI apud DCE, 2008).

As transformações do Espaço Geográfico podem ser percebidas através do estudo do

meio. Assim, o conhecimento geográfico resulta de um trabalho coletivo que envolve o

conhecimento de outras áreas. Decorre daí a necessidade de transcender seus limites

conceituais e buscar a interatividade com outras ciências sem perder sua identidade e

especificidade.

Procurou-se, nessa intervenção pedagógica, integrar a prática de campo que é de

fundamental importância no aprendizado de Geografia às áreas correlatas, como a Geologia e

a Geofísica. A aula de campo é um importante encaminhamento metodológico para analisar a

área em estudo (DCE, 2008). É na pratica de campo que os alunos poderão perceber e

aprender as diferentes maneiras que envolvem o estudo dessas ciências, tanto na área social

quanto na natural.

A Geografia procura explicar como os homens ocupam a superfície terrestre para

produzir a sociedade que existe hoje. Possibilita, ainda, prever como essa ocupação tenderá a

evoluir no futuro, o que dá margem às iniciativas de planejamentos e manejos do espaço

Page 11: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

10

geográfico.

Entende-se que na organização do espaço geográfico não basta, apenas, um

aprofundamento teórico, mas, também um contato direto do investigador com o campo de

estudo, com o intuito de: observar, identificar, reconhecer, localizar, perceber, compreender e

analisar o espaço geográfico e a dinâmica de sua organização, por meio do trabalho de campo.

Por isso, pode-se dizer que o trabalho de campo tem por objeto possibilitar a prática

dos conceitos utilizados na ciência geográfica através da observação direta do meio em que se

encontra. Vale apontar que o trabalho de campo é um instrumento didático-pedagógico

fundamental para o ensino da Geografia. É no campo que o aluno poderá perceber e apreender

os vários aspectos que envolvem o seu estudo, tanto Físicos quanto Humanos.

Rodrigues et al (2001, p. 36) afirma que “o trabalho de campo como recurso didático

é de primordial importância, porque oferece potencialidades formativas que devem ser

levadas em conta no processo ensino-aprendizagem como uma das técnicas pedagógicas mais

acessíveis e eficazes ao professor”.

Nesta proposta de intervenção pedagógica na escola o trabalho de campo com os

alunos aconteceu por meio de uma visita na região das proximidades do curso médio do Rio

São Jorge para observar as condições dos recursos hídricos dessa Bacia.

Vale salientar que no processo da referida intervenção, precisamos alterar alguns dos

nossos objetivos, devido a não permissão para nossa entrada na área a ser estudada – a

montante do Rio São Jorge. No entanto, os alunos puderam observar a região próxima a essa

montante. Essa observação da realidade, aliada aos conceitos teóricos estudados nas oficinas,

permitiu que os alunos fizessem uma reflexão sobre as condições da área próxima da

montante da Bacia Hidrográfica do Rio São Jorge.

No processo de intervenção pedagógica, os alunos envolvidos, tiveram, aos sábados,

alternadamente, oficinas práticas com o objetivo de ensiná-los a manusear os instrumentos,

tais como: GPS para foto-interpretação e observação e orientação topográfica, elaboração de

um peagâmetro para medir o PH da água (das fontes), Manuseio de resistivímetro, Multi-Test

(Omímetro) para a elaboração de um Log-Diagrama de sondagem elétrica para a confecção

de um mapa do lençol freático da região; Disco de Secchi para medir a turbidez (a

transparência da água). Esses instrumentos permitiram que fosse verificado de forma

superficial da área próxima à montante do Rio São Jorge.

Nessas oficinas os alunos foram orientados de como deveriam proceder na

observação da área em estudo e, como deveriam registrar as observações realizadas na prática

de campo. De posse dos registros, foram orientados em como interpretar os dados que

Page 12: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

11

emergiram por meio dos registros, os quais serão apresentados e discutidos a seguir.

As oficinas aconteceram da seguinte forma:

Primeiramente apresentou-se aos alunos do 1º ano do Ensino Médio, o projeto

“Análise da Bacia Hidrográfica como Recurso Didático para o Aprendizado de Geografia:

Estudo de Caso da Bacia do Rio São Jorge” para tomassem ciência do que iriam participar.

Em seguida, entregamos a eles os textos sobre o assunto que seriam lidos durante as oficinas.

Na primeira oficina os alunos assistiram ao filme “Aquária”. A estratégia objetivou

sensibilizá-los frente à temática abordada. Após esse primeiro momento, abrimos para a

discussão, momento em que os alunos puderam participar se posicionando criticamente sobre

o assunto, comentando o que sabiam sobre quíferos, perguntando e expondo suas

curiosidades.

Na 2ª oficina, os alunos entraram em contato com as fotos do rio São Jorge -

percurso comparando com o Google Earth, como ferramenta de apoio. Os alunos estudaram a

Bacia Hidrográfica do Rio São Jorge, observando as interferências do homem nessa região.

Na 3ª oficina iniciamos com os preparativos para a entrada no campo. Expusemos

sobre a importância de estudar o problema na sua realidade. A partir desse momento fomos

junto com os alunos criando uma metodologia para a coleta de dados no campo, o que

compreendeu o estudo do texto “Introdução à Cartografia: interpretando a Carta Topográfica

(Ministério do Exército Departamento de Engenharia e Comunicações-Diretoria de Serviços

Geográficos. Disposto em: Região Sul-Folha SG. 22.X.C.II/2 MI-2840/2. Nessa oficina além

da leitura do texto, houve discussão do que é uma Carta Topogáfica.

Na sequência da intervenção, 4ª oficina, a qual intitulamos de “Trilhas e Rumos”, os

alunos foram orientados a manusear o GPS e a Bussola, oficina prática.

A 5ª oficina, restringiu-se na Interpretação Geofisica, uma aula teórica sobre

Medição utilizando o Método da Resistividade (medição da resistência do solo e subsolo).

A 6ª oficina também foi teórica e abordou o tema “Medição Elétrica”, utilizando o

“Método da Resistividade”, (medição da Resistência do solo e subsolo) e “Métodos

Geoelétricos Aplicados a Hidrologia”.

A 7ª oficina “Circuitos eletrônicos” foi construído um mine alarme indicador de

umidade do solo.

A 8ª oficina “Medições Geoelétricas na Horta” de forma prática, os alunos foram ao

pomar da escola e lá aprenderam como utilizar o Resistivímetro-Amperimetro (Multíteste) e a

Page 13: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

12

Formula deWernner.

Após essas oficinas os alunos foram observar as proximidades da montante da Bacia

Hidrográfica do Rio São Jorge, está situada no município de Ponta Grossa, Paraná, localizada

na região dos Campos Gerais. Salientamos que a montante não foi observada in lócus, devido

a não permissão da nossa entrada nessa área, mas mesmo assim, os alunos puderam verificar e

colocar em prática as experiências vivenciadas durante as oficinas em sala de aula.

Percebemos que os alunos registravam de forma curiosa e atenciosa tudo o que viam e

acontecia com o uso dos aparelhos que levamos nessa prática.

Considerações finais

Essas estratégias de ação utilizadas com os alunos se justificam pelo prescrito nas

Diretrizes Curriculares Estaduais do Estado do Paraná (DCE, 2009), que apregoam a

necessidade de o professor de Geografia trabalhar a referida disciplina de forma que essa

venha a contribuir para o entendimento das inter-relações entre homem e natureza, homem e

sociedade. O objetivo esteve em esclarecer a importância dessas inter-relações para que o

aluno entenda o espaço de vigência e as contradições do mundo atual, levando-o a fazer uma

reflexão crítica sobre os problemas ambientais.

A presente proposta de intervenção pedagógica contribuiu para que os alunos

compreendesse melhor o valor do ensino de Geografia dentro da escola. Pois, quando o

aluno é levado a vivenciar experiências de situações reais ele se motiva e aprende com maior

facilidade aquilo que parecia ser difícil. Quando o professor solicitou aos alunos que

observassem a área próxima da montante da Bacia Hidrográfica do Rio São Jorge, permitiu

que esses vivenciassem experiências na prática de como se faz uma análise dos fenômenos

hídricos. Essas experiências, com certeza, contribuíram para que eles compreendessem a

necessidade da preservação do meio ambiente, mais especificamente a conscientização dos

recursos hídricos.

Page 14: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · O elevado consumo de água e a poluição dos mananciais por esgotos domésticos e industriais são indicadores de graves problemas nos recursos

13

Bibliografia

CARVALHO, S. M. O Diagnóstico Físico-Conservacionista – DFC Como Subsídio À

Gestão Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Quebra-Perna, Ponta Grossa – PR.

Presidente Prudente, 2004. 169f. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciência e

Tecnologia, Universidade Estadual Paulista.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blücher, 1980.

CREA-PR. Aquífero Guarani: a maior reserva subterrânea do planeta. Nov/Dez. 2002, p. 21.

MAGNOLI, D. et al. Geografia:Paisagem e território,Geografia Geral e do Brasil. 2 ed.

São Paulo: Moderna,1997.

MELO, M. S. Aquífero Furnas - urgência na proteção de mananciais subterrâneos em Ponta Grossa, Pr. Seminário internacional “Experiências de agendas 21: os desafios do nosso tempo”. Brasil: Ponta Grossa, Pr, 2009. Disponível em: http://eventos.uepg.br/seminariointernacional/agenda21parana/trabalho_cientifico/TrabalhoCientifico006.pdf. Acesso em: 13/05/2011.

MINEROPAR, Minerais do Paraná S/A. Gerência de fomento e economia mineral.

Levantamento das potencialidades minerais do município de Ponta Grossa. Curitiba,

1990.

MINEROPAR, Minerais do Paraná S/A. SUDERHA, 1998; SEMA, 2004; SRH-MMA,

Projeto Guarani, 2006. Elaboração: ATIGISUSUDERSA, 2007.

ROCHA, C. H. Ecologia da paisagem e manejo sustentável em bacias hidrográficas:

estudo do rio São Jorge nos Campos Gerais do Paraná. Curitiba, 1995, 176 p. Dissertação de

pós-graduação (Mestrado em Agronomia)-UFPR.

ROCHA, G. A. Um copo d água. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Rio Grande:

Unisinos.

SANTOS, D. P. dos. Física: dos experimentos à Teoria. 2 ed. São Paulo: Ibrasa, 1978.

SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da

Educação Fundamental da Rede de Educação Básica do Estado do Paraná-Geografia. Governo do Paraná: Departamento de Educação Básica. Curitiba, 2008.

SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do Estado do Paraná-Geografia. Governo do Paraná, Curitiba, 2008.

SILVA, H. C.; PROCHMANN, M. A.; OLIVEIRA, S. de. Proposta de Monitoramento

ambiental do Rio São Jorge: uma contribuição para a política ambiental de Ponta

Grossa. Ponta Grossa, 2005. Monografia. (Curso de Pós-graduação em Educação

Ambiental).