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Da Ordem Econômica e Financeira Eros Roberto Grau aponta para o fato que, foram transportados para o bojo do título VII da CF/88, os preceitos dos arts. 1.º, 3.º, 7.º a 11, 201, 202, 218 e 219, bem como, entre outros, os preceitos do art. 5.º, inc. LXXI, do art. 24, inc. I, do art. 37, incs. XIX e XX, do § 2.º do art. 103, do art. 149 e do art. 225, ou seja: a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1.º, inc. III) e como fim da ordem econômica (art. 170, caput); os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1.º, inc. IV) e a valorização do trabalho humano e da livre iniciativa como fundamentos da ordem econômica (art. 170, caput); a construção de uma sociedade livre, justa e solidária como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3.º, inc. I); a garantia do desenvolvimento nacional como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3.º, inc. II); a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3.º, inc. III); a redução das desigualdades regionais e sociais também como princípio da ordem econômica (art. 170, inc. VII); a liberdade de associação profissional ou sindical (art. 8.º); a garantia do direito de greve (art. 9.º); a sujeição da ordem econômica aos ditames da justiça social (art. 170, caput); a soberania nacional, a propriedade e a função social da propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor, a defesa do meio ambiente, a redução das desigualdades regionais e sociais, a busca do pleno emprego, o tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte (todos princípios enunciados nos incs. do art. 170); 1

Da Ordem Econômica e Financeira

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Da Ordem Econômica e FinanceiraEros Roberto Grau aponta para o fato que, foram transportados para o bojo do título VII da CF/88, os preceitos dos arts. 1.º, 3.º, 7.º a 11, 201, 202, 218 e 219, bem como, entre outros, os preceitos do art. 5.º, inc. LXXI, do art. 24, inc. I, do art. 37, incs. XIX e XX, do § 2.º do art. 103, do art. 149 e do art. 225, ou seja:

a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1.º, inc. III) e como fim da ordem econômica (art. 170, caput); os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa como fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1.º, inc. IV) e a valorização do trabalho humano e da livre iniciativa como fundamentos da ordem econômica (art. 170, caput); a construção de uma sociedade livre, justa e solidária como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3.º, inc. I); a garantia do desenvolvimento nacional como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3.º, inc. II); a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3.º, inc. III); a redução das desigualdades regionais e sociais também como princípio da ordem econômica (art. 170, inc. VII); a liberdade de associação profissional ou sindical (art. 8.º); a garantia do direito de greve (art. 9.º); a sujeição da ordem econômica aos ditames da justiça social (art. 170, caput); a soberania nacional, a propriedade e a função social da propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor, a defesa do meio ambiente, a redução das desigualdades regionais e sociais, a busca do pleno emprego, o tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte (todos princípios enunciados nos incs. do art. 170); a integração do mercado interno ao patrimônio nacional (art. 219), além de outros preceitos que não são expressamente enunciados em normas constitucionais explícitas

Fundamentos da ordem econômica Livre iniciativa: art. 1º, IV , in fine, CF/88.

• Ref. não só a iniciativa privada, mas também a iniciativa cooperativa ou associativa, a autogestionária e pública.• Sua finalidade é propiciar dignidade a todos, segundo ditames da justiça social.

Valorização social do trabalho: art. 1º, IV , CF/88• Ref. ao trabalho deve fazer jus uma contrapartida monetária que o torne materialmente digno... (Ives Gandra e Celso Bastos).

Princípios Gerais da Atividade EconômicaO art. 170 da CF/88 elenca os princípios balizadores da atividade econômica, objetivando a dignidade da pessoa humana, a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa (art. 1º, IV) (ref. a liberdade de indústria, comercio, de contrato e a livre concorrência), como forma a atender/buscar a justiça social.

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São eles os princípios I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Alterado pela EC 42/03) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Alterado pela EC 06/95) Parágrafo único - É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

- Soberania Nacional A CF pretende que as decisões econômicas fundamentais sejam emitidas com base no interesse nacional ,de maneira independente em relação a outros paises e a organismos internacionais.(Araujo e Nunes Jr)Propriedade privada e função social da Propriedade Propriedade privada é a aquela que se insere no processo produtivo. obs. Art. 5º, XXIII, Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – CF Desapropriação; Restrições da Propriedade por Interesse Privado

- Livre concorrência art. 170, IV Desdobramento da livre iniciativa; uma vez consagrada a livre concorrência como um princípio da ordem econômica (inc. IV do art. 170), princípio que a livre iniciativa deve respeitar, a Constituição estabelece uma distinção entre livre iniciativa e livre concorrência. Declarando-se, portanto, que a livre concorrência é um princípio ao qual a livre iniciativa deve se submeter.

- Defesa do consumidor Dupla previsão na CF/88: • Principio ordem econômica ;• Direito fundamental - art. 5º, XXXII;• Defesa: consumidor parte mais vulnerável. obs.: Art. 1º, Direitos do Consumidor - Código de Defesa do Consumidor - CDC - L-008.078-1990 ; Art. 5º, XXXII, Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - CF; Sistema Nacional de Defesa do Consumidor - D-002.181-1997

- Defesa do meio ambiente

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Meio ambiente deve ser aliado ao progresso econômico e vice versa, tem-se daí o chamado desenvolvimento sustentável. o legislador procurou evidenciar que o desenvolvimento sustentável é um princípio norteador. Vivemos num mundo capitalista, onde tudo tem preço, há o lucro, e no art. 170, VI da CF, da ordem econômica e financeira, encontramos a defesa do meio ambiente como um princípio balisador dessa ordem econômica, com o fim de assegurar à todos, existência digna. Com a EC 42/05 – temos o principio da proporcionalidade.ver art. 225, CF; Lei 6938/81 LPNMA; Lei 9605/98.

- Redução das desigualdades sociais e regionais Art. 3º, III –objetivos da RFB; Busca do chamado bem estar social; A intervenção estatal na economia deve ser marcada pelo critério de equidade, quer na atuação por serviços diretamente prestados á população, quer incentivos ou fomentos de caráter econômico.

- Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte Lei 9137/96- Regime tributário das microempresas; e Lei 9841/99 – Estatuto da microempresa.

Buscando a existência digna, conforme os ditames da justiça social, é que devem ser compreendidos e harmonizados os demais princípios expressos no artigo 170 da Constituição.

Intervenção estatal na economia A CF/88 traz esta intervenção de 2 maneiras:

O Estado como agente econômico; O Estado como agente normativo regulador

- O Estado como agente econômicoO art. 173 da CF que ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.A lei deve disciplinar o estatuto jurídico da empresa estatal que exerça atividade econômica privada , dispondo especialmente sobre:

I - sua  função  social  e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II - a sujeição  ao  regime    jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;(ver Art. 22, XXVII, União – CF) IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V - os mandatos, a  avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.

Assim, a exploração direta da economia pelo Estado pode dar-se de 2 formas :

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• Sob o regime de monopólio;• Sob o regime de competição. (Eros Grau)

O monopólio estatal entra na ressalva do art. 173, somente pode ocorrer diretamente de normas constitucionais, como p. ex., as hipóteses dos arts. 21, XXIII, e 177. (Araujo e Vidal Jr)A finalidade do dispositivo abaixo é assegurar o regime de competição entre empresas públicas e privadas, que disputem o mesmo segmento de mercado. § 1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (Alterado pela EC-000.019-1998) II - a sujeição  ao  regime  jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

Logo esta regra não se aplica as empresas estatais eu explorem atividade econômica sob regime de monopólio.Embora as empresas estatais (públicas ou economia mista) sob regime de competição sejam submetidas ao regime jurídico das empresas privadas, devemos fazer 2 observações: A origem pública dos recurso para sua constituição e funcionamento faz com que não sejam passiveis de falência, mas só de penhorabilidade de seus bens; A admissão do empregado deve realizar-se por meio de concurso publico(art. 31, caput, I e II).

Imperativos de segurança nacional – art. 173 A lei que deve definir os imperativos de segurança nacional é de competência (material e legislativa) da União (arts. 21, II, III, IV, V, VI e XXII, e 22,III, XXI e XXVIII). Em caso de interesse coletivo,a competência é concorrente da União, Estados , DF (art. 24, I e V – legislar sobre direito econômico, produção e consumo) e Municípios (art. 30, I e V – interesse local, e II –competência suplementar, no que couber).

- O Estado como agente normativo regulador Essa intervenção tem dois propósitos básicos:

• Preservar o mercado dos vícios do modelo econômico; e• Assegurar a realização dos fins últimos da ordem econômica (vida digna e justiça social).

O art. 174 – dispõe que o Estado exercerá na forma da lei, as funções de: fiscalização, Incentivo, e Planejamento

A função de fiscalização Tem por finalidade a supervisão do mercado, especialmente para os fins identificados no art. 173, parágrafo 4º, CF/88:• Repressão do abuso do poder econômico que vise a um dos seguintes objetivos: Dominação de mercados; Eliminação da livre concorrência; Aumento arbitrário dos lucros.

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A função de incentivo Essa atividade administrativa pode assumir diversas formas, desde financiamento sob condições especiais até estímulo fiscais. Ver art. 165, § 2º – ref. política das agencias oficiais de fomento. A CF/88 indicou algumas atividades que devem ser objeto de incentivo por parte do estado, p .ex.: o cooperativismo e o associativismo (art. 174, § 2º), as microempresas e as empresas de pequeno porte (art. 179) e o turismo (art. 180).

A função de planejamento É aquele de caráter estrutural – visão macroeconômica, porém não incompatível como o planejamento regional. Art. 174, § 1º, - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. O plano econômico deve apresentar as seguintes características:

• Formulação de previsões a partir de uma diagnóstico da situação presente;• Fixação de objetivos a atingir;• Escolha e ordenação dos meios para atingimento deste fim. (Manoel Afonso Vaz, apud Araujo e Vidal Jr)

A competência para elaboração destes Planos é da União, conf. art. 21, IX.

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