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DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA DO TESTAMENTO 1 Conceito de Testamento.”O testemunho justo de nossa mente feito de forma solene para que valha depois de nossa morte”. Ulpiano. 2 Caracteres jurídicos 2.1 É negócio jurídico, porque o ato busca produzir determinado direito no campo jurídico; 2.2 Ato unilateral “é única a declaração de vontade que lhe dá vida, a do testador”; 2.3 Ato de última vontade ou - os efeitos do negócio só tem eficácia após a morte do testador; 2.4 Negócio jurídico revogável – As disposições patrimoniais são revogáveis até a morte do testador, somente as disposições de ordem pessoal como o reconhecimento de filho é irrevogável; 2.5 Ato solene- a manifestação da vontade do testador deve ser por meio de formalidades legais. São solenidades as ad substantiam e não meramente ad probation; 2.6 Ato personalíssimo – O ato deve ser elaborado unicamente pelo testador; 2.7 Gratuidade - Sendo as disposições testamentárias patrimoniais ou não, o ato é de natureza gratuita.Não se impõe ao beneficiado qualquer contraprestação. O encargo imposto no legado não lhe tira tal característica. 3 Capacidade testamentária. Tal capacidade não se confunde com a capacidade em geral para os atos da vida civil. Como todo negócio jurídico, requer para sua validade: agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Daí, para que seja válido o testamento é imprescindível a capacidade testamentária na forma ativa e passiva. A capacidade testamentária “é o conjunto de condições necessárias para que alguém possa, juridicamente, dispor de seu testamento, ou ser por ele beneficiado” . O art. 1860 regula a incapacidade ativa do testador. Cite-se a exemplo o indivíduo que tem capacidade para testar e não ter para receber, no caso de testemunhas do testamento (art. 1801, II), os que podem adquirir mas não podem transmitir – os menores de 16 anos (1860 parág. único), a pessoa jurídica, etc. A capacidade ativa deve ser verificada no momento da feitura do testamento se o agente possuía capacidade de entendimento do ato e seu alcance. A capacidade passiva rege-se pela regra genérica de que são capazes de receber por testamento todas as pessoas, físicas ou jurídicas, existentes ao tempo da morte do testador, não havidas como incapazes (arts.1798 e 1799), sendo excluídos animais e coisas inanimadas. Se o herdeiro ou legatário falecer antes do testador, o testamento será considerado caduco ou se torna ineficaz, muito embora possa o testador, prevendo a morte do beneficiário, declare que na ocorrência desse fato, o direito à sua sucessão passará aos descendentes.

DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

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DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

DO TESTAMENTO1 Conceito de Testamento.”O testemunho justo de nossa mente feito de forma solene para que valha depois de nossa morte”. Ulpiano.

2 Caracteres jurídicos 2.1 É negócio jurídico, porque o ato busca produzir determinado direito no campo jurídico; 2.2 Ato unilateral “é única a declaração de vontade que lhe dá vida, a do testador”; 2.3 Ato de última vontade ou - os efeitos do negócio só tem eficácia após a morte do testador; 2.4 Negócio jurídico revogável – As disposições patrimoniais são revogáveis até a morte do testador, somente as disposições de ordem pessoal como o reconhecimento de filho é irrevogável; 2.5 Ato solene- a manifestação da vontade do testador deve ser por meio de formalidades legais. São solenidades as ad substantiam e não meramente ad probation; 2.6 Ato personalíssimo – O ato deve ser elaborado unicamente pelo testador; 2.7 Gratuidade - Sendo as disposições testamentárias patrimoniais ou não, o ato é de natureza gratuita.Não se impõe ao beneficiado qualquer contraprestação. O encargo imposto no legado não lhe tira tal característica.

3 Capacidade testamentária. Tal capacidade não se confunde com a capacidade em geral para os atos da vida civil. Como todo negócio jurídico, requer para sua validade: agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Daí, para que seja válido o testamento é imprescindível a capacidade testamentária na forma ativa e passiva.

A capacidade testamentária “é o conjunto de condições necessárias para que alguém possa, juridicamente, dispor de seu testamento, ou ser por ele beneficiado”. O art. 1860 regula a incapacidade ativa do testador. Cite-se a exemplo o indivíduo que tem capacidade para testar e não ter para receber, no caso de testemunhas do testamento (art. 1801, II), os que podem adquirir mas não podem transmitir – os menores de 16 anos (1860 parág. único), a pessoa jurídica, etc.

A capacidade ativa deve ser verificada no momento da feitura do testamento se o agente possuía capacidade de entendimento do ato e seu alcance. A capacidade passiva rege-se pela regra genérica de que são capazes de receber por testamento todas as pessoas, físicas ou jurídicas, existentes ao tempo da morte do testador, não havidas como incapazes (arts.1798 e 1799), sendo excluídos animais e coisas inanimadas.

Se o herdeiro ou legatário falecer antes do testador, o testamento será considerado caduco ou se torna ineficaz, muito embora possa o testador, prevendo a morte do beneficiário, declare que na ocorrência desse fato, o direito à sua sucessão passará aos descendentes.

4 São absolutamente incapazes de adquirir por testamento:1) art. 1798/1799- o indivíduo não concebido até a morte do testador, salvo

se a disposição testamentária se referir à prole eventual; (in Mª. Helena Diniz p.172/174).

2) As pessoas jurídicas de direito público externo- LICC, art. 11, § 2º- porém tal incapacidade é relativa apenas à propriedade imóvel no Brasil e aos bens suscetíveis de desapropriação, salvo os prédios necessários ao estabelecimento das legações e consulados.

5 São incapazes relativamente de receber testamento, àquelas pessoas indicadas no art. 1801. Também ocupam destaque a incapacidade passiva as disposições testamentárias quando simulem a forma de contratos onerosos ou os contemplem por interposta pessoa: pai, mãe, filhos, isto é, do não legitimado a receber. Ex. O testador casado nomeia legatário o pai da sua amante, o filho da sua

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concubina, etc. A capacidade para suceder regula-se pela lei vigente no momento da abertura da sucessão e não ao tempo em que se fez o testamento.

4 Formas de testamento4.1 Formas ordinárias: a) Testamento público (arts.1.864 a 1.867 CC; arts. 1.128 e parágrafo único do CPC); b) cerrado- arts. 1.868 a 1.875 do CC e arts. 1.125 par. ún. e 1.127 e par. ún. do CPC.); c) particular/aberto ou hológrafo- arts.1.876 a 1880; arts. 1.1.26 a, 1.130 a 1.133 do CPC.

4.2 Formas especiais: a) Testamento marítimo ou aeronáutico – arts. 1.888 a 1.892 do CC.e arts. 1.134,I do CPC; b) Testamento militar - art.1.893, caput do CC; arts. 1.134 II, do CPC1.

5 Das Testemunhas Testamentárias. São instrumentárias, pois subscrevem o ato para o qual foram convocadas, intervindo ad probationem e ad solemnitate. Tem por função a fiscalização, assegurando a livre vontade do testador e sua identidade. A regra geral das incapacidades como testemunhas está definida no art. 228 do CC2.

6 Disposições Testamentárias 6.1 Princípios Gerais. Analisada a forma extrínseca do Testamento há se verificar a forma intrínseca (conteúdo) do testamento. Questões a serem suscitadas: O que pode ser expresso no conteúdo? Como pode dispor? Para quem? Até que limite? Qual a redação e seu sentido?

6.2 Interpretação da vontade do testador: Observar a real intenção do testador. São métodos de interpretação o estudo da redação; a concatenação lógica; as várias cláusulas em conjunto; o momento em que foi elaborado; o local, a época da vida do testador, seus amigos e desafetos; gostos e desgostos; amores/desamores, etc.

6.3 Função do intérprete (art. 1899) - Analisar o que o testador disse e o que realmente quis dizer3.

6.4 Disposições simples, Condicionais, Com Encargo, Por Certa Causa e a Termo: trata-se o art. 1897, do testamento como negócio jurídico, não sendo este a possibilidade de ser o testamento condicional ou a termo e sim a deixa testamentária. As cláusulas testamentárias é que podem se subordinar à condição, fim, modo ou motivo. A vontade em si do testador não poderá ser condicional. Ex. “Se eu morrer na operação que vou fazer...ou ...Assim disponho se não votar de minha viagem,... este testamento só é para atender-se se morrer antes de 2006”.

Estas declarações não são condições ou termos, são motivos de testar no momento em que se testa, e sem efeito jurídico. Não são válidas porque a vontade testamentária é ambulatória, podendo o testador manifestar assim quantas vezes desejar, revogando ou completando os testamentos anteriores, não necessitando recorrer às condições.

1 Questões: Havendo perda, extravio ou destruição voluntária do testamento há possibilidade de reconstituição? Quais são os requisitos essenciais ou formais extrínsecos das várias espécies de testamentos? O interessado está obrigado a elaborar o testamento no cartório de seu domicílio? Vide Lei 8.935/94 art. 8º. Quem poderá testar publicamente? O que é a cédula testamentária? O tabelião tem ciência do conteúdo do testamento cerrado? O que é o auto de aprovação? Após a execução do testamento cerrado com quem ficará guardado o testamento? Com quantos pontos será cosido o testamento cerrado? Se tal testamento for violado, qual será a conseqüência jurídica? Quem tem legitimidade para o testamento cerrado? O testamento militar comporta três formas. Descreva-as:2 Questões: 1-Em todas as formas ordinárias e especiais de testamentos exigem a presença de testemunhas, à exceção da forma excepcional descrita no art. 1879. Qual? 2-Os funcionários do cartório poderão testemunhar? 3- Qual é o momento da apreciação da incapacidade da testemunha? 3 Vide “Regras interpretativas das disposições testamentárias” in Maria Helena Diniz, ps. 261-267 – 23ª Ed.

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6.4.1 Nomeação pura e simples. Quando efetuada sem imposição de qualquer cláusula, limitação ou modificação, devendo produzir seus efeitos tão logo se abra a sucessão. Ex. Instituo Clarissa herdeira.

6.4.2 Nomeação Condicional. Quando submetida sua eficácia a evento futuro e incerto. (vide arts. 121, 122 CC). No entanto proíbe-se declarações como: Denise será herdeira, se meu marido concordar. De igual forma proíbe-se a deixa testamentária sujeita a condição ilícita: Instituo Polliana herdeira se ela não se casar. Também sob esse fundamento proíbe-se a imposição de certas condições como impor um sacerdócio, morar em determinado lugar, profissão, vez que deve ser respeitada a liberdade da pessoa.

6.4.3 Nomeação de herdeiro, ou legatário, para certo fim, ou mediante encargo.

Válida a disposição segundo o qual o herdeiro ou legatário nomeado ficará obrigado por certa dívida ou com encargo de levantar um mausoléu para o de cujus, ou alimentar determinada pessoa.

O encargo é coercitivo e não suspensivo e vem expresso por expressões assim definidas: para que, a fim de que, com a obrigação de... A condição é suspensiva e não coercitiva expressa pela partícula (Se).

6.4.4 Nomeação por certa causa. O testador não é obrigado a dar razões pelas quais favorece certa pessoa. Ex. Beneficiar a Joelvane porque esta lhe salvou a vida!

6.4.5 Nomeação a termo (art. 1898). O herdeiro nada tem a aguardar. Aberta a sucessão, independentemente de qualquer ato, é havido como sucessor. Entretanto se o testador prefixar data para juridicamente valer a disposição, ter-se-á por não escrita a estipulação.

6.5 Nulidade das disposições (arts. 1900/1901,1902). Favor testamentorum 6.5.1 Por captação (captatória) (artifícios, enganar, dissimular que é conquistar a afeição do testador- limita-se o interessado a conquistar a afeição do testador, predispondo-o, com sua dobrez, ao ato de benemerências.

6.5.2 Por sugestão – Por meio de atos positivos, o interessado influencia o testador, determinando-o a favorecer esta ou aquela pessoa.

6.6 Conteúdo do Testamento: disposições patrimoniais e pessoais (sem conteúdo jurídico e sim morais).6.6.1 Regras gerais: a) Todas as disposições concernentes ao elemento intrínseco do testamento emergem diretamente do ato causa mortis, sendo impossível a remissão a documento à parte, mesmo que autenticado; b) A instituição de legatário é sempre expressa, mas a de herdeiro pode ser expressa, quando constar no testamento, ou tácita, quando a lei assim o entende. Ex. art. 1788, 1906. c) O testamento comportará: na seara pessoal a nomeação de tutor para filho menor; reconhecimento de filho; educação da prole; recomendações relativas a funeral etc. Na ordem patrimonial terá como conteúdo: instituição de herdeiro ou legatário; substituições de herdeiros; deserdação; pagamento de obrigações civis ou naturais; gravames impostos a bem legado ou à legítima; perdão do indigno etc.;

6.7 Formas de nomeação de herdeiro e legatário: art. 1897 CC.

6.8 Cláusula de inalienabilidade (art. 1911). É um meio de vincular os próprios bens em relação a terceiro beneficiário, que não poderá dispor deles, gratuita ou onerosamente, recebendo-os para usá-los ou gozá-los; trata-se de um domínio limitado, motivo pelo qual a duração da proibição de alienar esses bens deixados a

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herdeiro ou a legatário não pode exceder a espaço de tempo superior à vida do instituído (in Maria Helena Diniz, p.218).4

6.8.1 São formas de imposição da cláusula: a) Por doação, vez que se trata de um contrato, e se firma na vontade das partes livremente manifestadas, podendo modificá-la e até rescindi-la, salvo direito de terceiros.b) Por testamento - Imposta a cláusula de inalienabilidade, após a morte do testador ela é irretratável e só será válida após a partilha. Antes da partilha o bem poderá ser alienado mediante alvará judicial nas hipóteses legais, ser hipotecado, e ainda pode o herdeiro oferecer bens próprios para sobre eles recair a cláusula restritiva, ficando assim livre o bem herdado.

6.8.2 Espécies de cláusulas de inalienabilidade:a) Temporária – quando limitada u certa sua duração. Ex. Enquanto viger sua menoridade!b) Vitalícia – quando tenha que vigorar durante a existência da pessoa beneficiada.

Não tendo estabelecido o tempo, interpretar-se-á este como vitalício. Com o óbito do favorecido extingue-se o ônus, devendo ser requerido ao juiz a sua extinção. O Código atual/02 não permite a inalienabilidade perpétua. Permite-se apenas a uma geração.c) Absoluta (total) – Quando o testador impõe impossibilidade de alienação em relação a qualquer pessoa.d) Relativa (parcial) - Possibilita alienação em certos casos, para certas pessoas, sob certas condições. Ex. Torna-se legítima a inalienabilidade relativa havendo anuência de terceira pessoa, como o cônjuge sobrevivente, ou o testamenteiro ou outra pessoa indicada pelo testador/doador.

O bem pode ser alienado, mas que seja substituído por outro (sob autorização judicial). O herdeiro pode renunciar à herança, porém, não poderá beneficiar terceiro fora do acervo. Poderão os credores por dívidas do de cujus acionar para o devido cumprimento da obrigação.

6.8.3 Efeitosa) Não vender, não doar, não permutar ou dar em pagamento. b) Permite-se, porém, a instituição de direitos reais de gozo: usufruto, uso, habitação. c) Não se admite a usucapião. d) O herdeiro poderá renunciar à herança para o acervo hereditário.e) Os credores não serão atingidos pela herança.

6.8.4 Exceções à cláusula:a) No caso de desapropriação por necessidade/utilidade pública;b) Execução por dívidas de impostos referentes aos próprios imóveisc) Extinção de condomínio – art. 635d) art. 1911 par. Ún.

7 Inexecução do testamento: Por revogação, rompimento, caducidade e a nulidade (absoluta ou relativa). 7.1 Revogação. Ato pelo qual o testador manifesta vontade oposta àquela que se encontra expressa na disposição testamentária (art.1.969). Nada obsta que um

4 Questões: 1) A cláusula de inalienabilidade implica sua impenhorabilidade e incomunicabilidade? 2) Poderá ser alienando os bens clausulados por conveniência econômica do herdeiro? 3) Poderá haver a sub-rogação das cláusulas restritivas? 4) O herdeiro beneficiário em testamento em bens clausulados pela inalienabilidade, poderá renunciar? Justifique. 5) O bem inalienável é impenhorável? (Súmula 49 STF e art. 1911 do CC). 6) Quais são as cláusulas testamentárias que podem ser estatuídas relativamente à legítima do herdeiro necessário? Poderá haver pluralidade de herdeiros em relação ao tópico acima: 6.4? Art. 1904, 1906. 7) Quais são as regras interpretativas das disposições testamentárias? 8) O testador que dispuser além de sua quota disponível, invalida o testamento? M. Helena p.236. 9) O que é redução pro rata? Art. 1967/1968 e 549.

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testamento particular se revogue por um público. A revogação pode ser: expressa/direta; tácita/indireta; total e parcial.7.2Rompimento. Considerado como revogação presumida/ficta ou legal. Ocorre por sua inutilização por perda de validade em certos fatos previstos em lei. Assim, o testamento não terá eficácia quer na instituição, quer nos legados e incidirá na regra contida no art. 1.973. 7.3 Caducidade. Será caduco o testamento que embora válido, não prevalecerá, se ocorrer obstáculo superveniente ao momento da testificação.7.4 Nulidade.Aplicam-se as normas dos arts. 166 e 171 do CC. Nulidade: arts. 167, 168, parág. único; 1.863;1900; 1.901 e 1.902. Anulabilidade: Arts. 138 a 142; 145 a 165; 177; 1.902;1.903 e 1.9075.

8 Testamenteiro8.1 Conceito. É a função da pessoa encarregada de fazer cumprir o testamento.É o executor testamentário.Tem como característica ser personalíssima, a intransmissibilidade e a indelegabilidade (art. 1.985).

8.2 Capacidade civil do testamenteiro. Pessoas naturais e não jurídicas que tenham capacidade civil para contrair obrigações.

8.3 Nomeação do testamenteiro (arts. 1.883);

8.4 Direitos e Obrigações do testamenteiro. Art. 1977; 1.797, III; 1.982; 1.980, 1ª parte; 1.983, parág. único; 1.979; 1.877; 1.978; 1.981; 1.497 e §§.; 1.980 e 1.9836.

FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO

I- TESTAMENTO PÚBLICO – arts. 1.864 a 1.867 do CC.; art. 1128 CPC.

1 Conceito. Ato aberto, no qual um oficial público exara a última vontade do testador, conforme seu ditado ou suas declarações espontâneas (manual ou mecanicamente), na presença de duas testemunhas.

2 Requisitos essenciais/formais/ extrínsecos: Art. 1864 e incisos.1º) Art. 1864, I - Ser escrito por tabelião ou seu substituto legal (tabelião, cônsul, oficial-maior do tabelionato, escrevente que esteja legalmente como substituto).

Deverá ser elaborado por escritura pública em Cartório ou mesmo fora dele estando no âmbito da atuação judiciária do oficial, em português, embora a lei não exija que o tabelião e as testemunhas conheçam a língua nacional, nesse caso deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, e não sendo possível, outra pessoa capaz poderá fazer, desde que a juízo do tabelião. Não há restrições quanto ao horário ou dias da semana.

O testador poderá escolher o tabelião de notas de sua preferência, vez que não está adstrito ao domicílio das partes ou do lugar da situação dos bens (Lei n. 8.935/94, art. 8º).

5 Questões: 1) Existe somente um caso que se impõe à irrevogabilidade do testamento. Qual? arts.1.609,III e 1.610. 2) O codicilo

revoga o testamento? 3) Reconhece o direito pátrio efeito repristinatório automático? 4) Cite exemplificando as hipóteses da revogação? 5) Descreva os casos de rompimento? 6) Quais são as hipóteses de caducidade testamentária? E qual o efeito jurídico?6 Questões: 1) Qual a natureza jurídica da Testamentaria? 2) Quais são as pessoas incapazes para tal função? 3) Quando deve ser

considerada a capacidade do testamenteiro? 4) Quais são as formas de nomeação do testamenteiro? 5)É necessária a aceitação do testamenteiro nomeado? 6) Quando o testamenteiro perderá a vintena? Art. 1.989; 1.796. 7) Quais são as hipóteses em que o testamenteiro poderá ser destituído da função?

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O testador poderá manifestar sua vontade oralmente, ou mesmo trazer minuta, apontamentos para ser copiado pelo notário que serão considerados o português coloquial, erros de linguagem, expressões regionais, mistura de vocábulos estrangeiros desde que compreensíveis e não prejudiquem o ato. Proíbe-se o testamento dialogado, não pode o testador limitar-se a responder às perguntas do tabelião e a responder por sinais ou acenos.

Embora a lei não tenha feito referência destacando como requisito essencial a data, a doutrina majoritária é no sentido de que trata-se de requisito fundamental, é condição a priori para o exame do testamento.

Os atos notariais são regidos pelo princípio da continuidade, contudo os partícipes podem interromper para descanso ou outra razão, recomeçando após tal interrupção desde que continuem as formalidades, devendo constar a suspensão no instrumento testamentário.

Ser presenciado por duas testemunhas idôneas. Estas deverão assistir estando presentes durante todo o ato, certificando a reprodução exata da vontade do testador por serem caracterizados fiscais do ato impostos por lei.

2º) Art. 1864, II - Ser lido o testamento pelo tabelião ou pelo oficial , ou pelo próprio testador, depois de lavrado.Essa leitura deverá ser efetivada na presença do tabelião ou oficial, o testador e as testemunhas em conjunto sendo imprescindível para a validade do ato.

3º) Art. 1864, III - Ser assinado o testamento pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.

Após as declarações do testador as testemunhas deverão assinar o ato, e se uma delas não apor sua assinatura, o testamento é inválido. Se o testador não puder (em razão de patologia- mal de Parkinson) ou acidente que lhe impeça o uso das mãos, ou não souber assinar, uma das testemunhas assinará a rogo, sendo de praxe o tabelião tomar as impressões digitais das partes. Se uma das testemunhas falecer antes de assinar o termo não aproveitará o testamento.

3 Legitimidade para testar publicamente: qualquer pessoa capaz que possa declarar de viva voz o testamento, o analfabeto, o surdo (art. 1866), o deficiente visual (art.1.867), nesse caso é exigível dupla leitura do testamento pelo oficial e a outra por uma das testemunhas designadas pelo testador.

Com a abertura da sucessão, o traslado ou certidão deverá ser apresentada em juízo (CPC art.1.125 a 1.129), no juízo do inventário, sendo lido na presença do beneficiário e dos interessados fazendo-se notificado em seguida o órgão ministerial. Não sendo verificado nenhum vício, o juiz ordenará o registro e o cumprimento do testamento, notificando o testamenteiro para assinar o termo de aceitação da testamentária. A contestação do testamento deverá ser proposta por via ordinária fora do processo de inventário.

II- TESTAMENTO CERRADO/MÍSTICO/SECRETO - arts. 1868 a 1875 CC

Carta sigilada

1 Conceito. É o escrito em caráter sigiloso, feito e assinado pelo testador por alguém a seu rogo, completado por instrumento de aprovação lavrado pelo tabelião em presença de duas testemunhas, que poderá ser manuscrita ou digitada (art. 1.868, parág. Único). É o que resulta de operação complexa de escrita particular e instrumento público de aprovação (in Caio Mário da Silva Pereira, p. 238). Abrange duas solenidades: a cédula e o auto de aprovação.

Somente permitido a quem possa ler (art. 1.872).

2 Requisitos Essenciais: art. 1868 e incisos:2.1 Da escrita – Art. 1868, I- A cédula testamentária será escrita pelo testador ou por outrem a seu rogo, ou seja, parente ou outra pessoa desde que não seja

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herdeiro ou legatário, ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro. A pessoa que redigir o testamento não poderá ter qualquer interesse na herança. Não poderá ser grafada em alfabeto Morse.

2.2 Quanto à data - a ser aposta na cédula, não é ela requisito do testamento, porque o auto de aprovação é que complementará, com a consignação da data neste. A data do instrumento de aprovação tem importância no sentido de apurar a competência do notário, a capacidade do testador, ou a anterioridade de outro testamento.

2.3 Decurso de tempo entre a feitura da cédula e sua aprovação não está definido legalmente, assim, em nada prejudica sua validade.

2.4 O idioma a ser redigido poderá ser o nacional ou estrangeiro, ainda que escrita por outrem (art. 1.871). A tradução far-se-á no momento da execução do testamento.

2.5 A entrega do instrumento, carta testamentária, deve ser entregue pelo próprio testador ao oficial, em presença de duas testemunhas, declarando que aquele é o seu testamento e que deseja sua aprovação. Sendo mudo ou surdo-mudo o testador deverá escrever no testamento assim:

“Este é o meu testamento, cuja aprovação peço.” O testador deverá datar, assinar o testamento e afirmar se foi por ele escrito ou por outro a seu rogo.

2.6 Art. 1.868, III- 1ª parte. .. Que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas”.

2.9 Do instrumento de Aprovação. Entregue ao tabelião a cédula, este lhe aporá o seu sinal iniciando o procedimento do auto de aprovação/autenticação.

O notário não terá conhecimento do conteúdo do testamento. Distribui o auto de aprovação em três etapas: 1º) Introdução, que qualifica os participantes, e consigna o local e a data; 2º) Confirmação, que atesta a entrega e assegura a autenticidade da cédula; 3º) Encerramento, com a leitura do instrumento e coleta das assinaturas. Toda cerimônia de aprovação far-se-á em ato contínuo. Formalizado o instrumento de autenticação, o notário o dobrará juntamente com o testamento, num só invólucro, que será por ele cosido (cinco pontos) fechado, e entregue ao testador, anotando-o no seu livro de registro próprio (art. 1.874).

Após a abertura da sucessão, o testamento secreto será aberto pelo juiz, na presença do apresentante e do escrivão, verificada a integridade da cédula. Em seguida, o juiz procederá a leitura do testamento e do auto de aprovação, lavrando-se um termo circunstanciado, do qual constará menção do estado em que a carta sigilar foi entregue.

Estando o instrumento testamentário sem vícios extrínsecos, sua conservação e incolumidade, o magistrado, após o parecer ministerial, será inscrito e mandado cumprir, intimando-se o testamenteiro para que assine o compromisso (art.1.125 e ss. do CPC). Da decisão do juiz poderá advir dos interessados ação própria para se discutir a validade do testamento. 2.10 Da Legitimidade: (art. 1.872). Quem puder ou souber ler: o surdo-mudo que puder ler, devendo ser registrado que nessa hipótese não caberá escrito a rogo (art.1.873). O cego não poderá testar por esta forma7.

TESTAMENTO PARTICULAR/PRIVADO/HOLÓGRAFO. arts. 1876/1880 CC

7 Questões: 1) O fato de não haver consignado na cédula testamentária, nem no auto de aprovação, o nome da pessoa que, a rogo do

testador, o “datilografou”, importará nulidade? (in Caio Mário da S. Pereira, p. 239).

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1 Conceito. Aquele escrito pelo próprio testador, ou redigido por meio de processo mecânico, que deverá ser lido por 3 testemunhas e assinado.

2 Requisitos2.1 Escrito de próprio punho pelo testador ou mediante processo mecânico. No primeiro caso exclui-se a possibilidade de se pedir a rogo. No segundo não há tal imposição podendo ser executado pelo testador ou por outra pessoa a rogo, bastando que o testador o assine.

A presença de emendas, rasuras, correções ou acréscimos por si só não invalidam o instrumento, se estiverem ressalvadas ou autenticadas com a firma ou rubrica do testador. A lei é mais severa quanto ao processo mecânico. O que for ilegível é inválido. Não validará o escrito em alfabeto Morse ou outra escrita convencional.

Poderá ser redigido em idioma estrangeiro, desde que as testemunhas o entendam (art. 1880), devendo ser assinado a cártula no momento de sua feitura para que seja auferida a sanidade do testador em relação a sua espontaneidade, porém, a sua falta não invalidará o ato, visto que não há previsão legal.

2.2 Presença de 3 testemunhas além do testador que deverão presenciar o ato, para que, ao serem ouvidas em juízo no processo de publicação, possam depor com perfeito conhecimento do assunto. Quando estas forem ouvidas em juízo e se esquecerem o conteúdo do testamento e de suas assinaturas, basta que confirmem serem suas as assinaturas, ato pelo qual será confirmado pelo juízo.

Convocadas as testemunhas para depor em juízo, e se nenhuma delas for encontradas, o testamento não validará, mesmo que não haja dúvidas sobre sua autenticidade. Porém, havendo a confirmação de somente uma das testemunhas: testemunha solitária – se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade (art. 1878, par. ún.), admitir-se-á a confirmação do negócio jurídico.

2.3 Leitura do testamento pelo testador perante todas as testemunhas, que logo em seguida assinarão. Não se permite assinatura a rogo.

2.4 Publicação em juízo do testamento (art.1.130 a 1.133 do CPC), mediante requerimento de herdeiro, legatário, ou testamenteiro, com a citação dos herdeiros legítimos que não requereram (daqueles a quem caberia a sucessão), do órgão ministerial, logo que falecer o testador (art. 1877).

No caso de emergência (art. 1.879), Testamento de emergência ou testamento particular excepcional - situação em que o testador se ver em casos extraordinários ou emergenciais (desastre, revolução, inundação, avião em pane, internação na UTI, seqüestro, epidemia, incêndio etc.) em situação anormal ou de risco de vida, em lugar ermo, sem testemunhas, impossibilitando a intervenção testemunhal, poderá este ser confirmado pelo juiz. O testador deverá circunstanciar tal situação especial.

Sobre a Legitimidade, necessário frisar que toda pessoa em regra, é capaz. O mudo poderá testar, limitando-se ao cego, ao analfabeto que não poderão formalizar esta espécie de testamento8.

TESTAMENTOS ESPECIAIS

I- Testamento Marítimo e Aeronáutico. Caracteriza-se tal modalidade testamentária em caso de emergência e a título provisório.

1.1 Testamento marítimo, é a declaração de última vontade feita a bordo dos navios nacionais, de guerra ou mercantes, em viagem, de acordo prescrição legal (art. 1.134 CPC). Poderá esta forma ser utilizada pela tripulação, pelos passageiros,

8 É necessário que o testador ao assinar a cártula escreva o seu nome todo? p. 246 in Caio Mário).

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desde que o navio esteja em viagem no mar ou em prolongado percurso fluvial ou lacustre (lago) (art. 1892).

1.2 Testamento aeronáutico aquele feito por quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, que, sendo, acometido de um mal súbito ou tendo piorado de moléstia de que é portador, desejar dispor de seus bens, exarando sua última vontade, perante pessoa designada pelo comandante na presença de 2 testemunhas (art. 1899).

2 Formas: 2.1 Conforme o testamento público – quando for lavrado pelo comandante ou, se aeronáutico, por pessoa por ele designado perante 2 testemunhas, que estejam presentes a todo o ato e que assinarão o instrumento logo após o testador, ou a rogo, e assim sendo declarar-se-á no momento da feitura do testamento. 2.2 Conforme testamento cerrado. O testador ou por outra pessoa a seu rogo, e entregue, em seguida, ao comandante perante duas testemunhas, que reconheçam e entendam o testador. O comandante após recebimento do ato, certifica-se o ocorrido, datando e assinando com o testador e as testemunhas.

3 Do Registro do testamento marítimo ou aeronáutico deverá ser feito no diário de bordo (art. 1888, par. ún.), que fará as vezes do livro de notas do tabelião.3.1 art. 1890. O testamento ficará sob a guarda provisória do comandante que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto ou aeroporto nacional, contra recibo averbado no diário de bordo, que é reconhecido como livro de notas.3.2 art. 1891- O testamento marítimo/aeronáutico, caducará (perderá sua eficácia), se o testador não morrer na viagem e nem nos 90 dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa elaborar pela forma ordinária, outro testamento.9

II_ Testamento Militar: Art. 18931 Conceito. É a declaração de última vontade feita por militares e (médicos, enfermeiros, repórteres ou correspondentes de guerra, engenheiros, telegrafistas, capelães, reféns, prisioneiros etc), a serviço das forças armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica em campanha, dentro ou fora do país, ou em praça sitiada ou com as comunicações interrompidas, não havendo tabelião ou seu representante legal.

2 Formas Correspondentes: a) Testamento público. Art. 1893 § § 1º, 2º e 3º.b) Testamento particular ou cerrado. Art. 1894 e par. ún. Escrito de próprio punho, datado e assinado por extenso pelo testador com a presença de 2 testemunhas. Apresentado o testamento aberto ou cerrado e autenticado pelo auditor ou oficial de patente, este, notará em qualquer parte do documento o lugar, dia mês e ano em que lhe for apresentado e esta nota será assinada por ele e as testemunhas.c) Testamento nuncupativo. Arts. 1130 a 1134 CPC. Art. 1896 CC, par. ún. Poderá utilizá-lo o Militar ou pessoa assemelhada que esteja em combate ou ferido no campo de batalha, confiando verbalmente suas últimas declarações a 2 testemunhas que deverão assinar e apresentar ao auditor.c.1. Caducidade do Testamento. Art. 1895.a) art. 1896, parág. Único. Não terá efeito se o testador não morrer na guerra; ou após 90 dias estando o testador em lugar que possa testar pela via ordinária e não o fizer, salvo a hipótese do art. 1894 par. ún., ou seja, anotação do auditor e subscrição de 2 testemunhas (art. 1.895).Não terá efeito se o testador não falecer na guerra.

Obs. As Testemunhas testamentárias são instrumentárias, pois subscrevem o ato para o qual foram convocadas, intervindo ad probationem e ad solenitatem,

9 Questões: 1)Estando o passageiro gravemente enfermo e ainda ancorado o navio em algum porto, poderá este utilizar desta espécie de testamento? 2) Estando ancorado o navio e o testador procurado o notário da cidade onde desembarcou e não sendo possível localizá-lo (por não haver naquela cidade um notário ou consulado brasileiro ou por não conhecer o idioma da região etc). Assim sendo, poderia utilizar-se do testamento marítimo? in Mª. Helena ps. 203 e 204)

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tendo um dever de fiscalização, assegurando a identidade do testador, a autenticidade e a liberdade da declaração de sua vontade e verificando se sua manifestação volitiva foi reproduzida com fidelidade na facção testamentária.

DIREITO DE ACRESCER – IUS ACCRESCENDI – art. 1941/1946

1 Conceito. A idéia se concentra na existência de duas ou mais aquinhoados, na mesma disposição. Na falta de aceitação de um dos beneficiários na nomeação feita, opera-se a transferência para os sucessores da outra classe, ou se o quinhão do faltoso vai beneficiar os demais instituídos. Esse direito só ocorre na sucessão testamentária. Pode ser verificado no direito das coisas quanto ao usufruto de condomínio (art. 1411); nos direitos autorais (Lei 9.610 art. 42) quando a obra foi executada em colaboração; nos direitos das obrigações art. 812.

2 Principais fundamentos 2.1 O direito de acrescer é decorrência da vontade presumida do testador. O testador nomeia herdeiros para toda a herança, ou para uma quota-parte dela, ou, então deixa a vários legatários a mesma coisa, ou parte dela. 2.2 Nos casos do direito de acrescer reputa-se o acréscimo como forçado. É o fundamento econômico da propriedade em que o direito procura coibir a fragmentação da propriedade.2.3 O direito de acrescer verifica-se entre co-herdeiros e co-legatários.2.4 Havendo instituições distintas e não conjuntas, os co-herdeiros não podem ver acrescidas sua cotas com a parte do herdeiro pré-morto.

3 Espécies de acrescimentoa) Re et verbis. Quando a mesma coisa era deixada a 2 ou mais pessoas, por um só frase, sem designação de partes. Ex. Deixo minha casa de tal rua a Jéssica e Larissa.b) Re tantum. Quando a coisa era deixada a pessoas diferentes, mas, por frases distintas. Ex. Deixo minha casa em tal rua à Michel. E no mesmo testamento um pouco mais adiante, o testador expressa ainda: deixo aquela mesma casa a Jonatas.c) Verbis tantum. Sempre que a mesma coisa era deixada a duas ou mais pessoas, na mesma frase, mas com designação das quotas de cada um: lego minha casa situada em tal rua a Jane Cristina e a Nayara Ruthe, metade para cada uma.

Tal direito de acrescer verificava-se nas duas primeiras conjunções, na segunda, com mais energia do que na primeira. Porém não ocorria na terceira forma, em que, de fato, não chegava a se operar a conjunção.

Atualmente no direito pátrio sucede o mesmo, veja a seguir:1 Direito de acrescer entre co-herdeiros (art. 1941)- quando vários herdeiros são convocados na mesma disposição testamentária, embora em quinhões indeterminados, os quais havendo renúncia por parte de um deles o seu quinhão será aditado aos quinhões dos outros co-herdeiros, salvo o direito do substituto. Exs.

1º) Deixo todos os meus bens a José Antunes e Lacerdino. Na falta de um deles (herdeiros instituídos), sua quota hereditária acresce a do sobrevivo.

2º) Deixo a André Prado e a Pablo Murilo, a porção disponível, ou a minha meação; igualmente, em tal hipótese, o testador institui herdeiro, e não legatário, porque está a transmitir fração ideal, abstrata do acervo, por morte de um dos herdeiros nomeados, sua parte acresce à do sobrevivente.

São requisitos para o acrescimento: I -nomeação dos herdeiros na mesma cláusula testamentária – conjunção (re

et verbis); II - a deixa compreende os mesmos bens, ou a mesma porção de bens (re

tantum), verificar-se-á direito de acrescer, se um deles, co-herdeiros, vem a faltar;

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III- ausência de quotas hereditárias determinadas, ou seja, se houver especificação da quota de cada um, não haverá direito de acrescer10.

2 Direito de acrescer entre co-legatários (art. 1942). Aos co-legatários competirá igualmente esse direito, quando nomeados conjuntamente a respeito de uma só coisa determinada e certa, ou quando o objeto do legado não puder ser dividido sem risco de desvalorização.

São requisitos para configurar o direito de acrescer: I- que exista disposição testamentária conjunta em favor de dois ou mais legatários; II- que a coisa legada seja uma só, determinada e certa, ou que se não possa dividir, sem risco de desvalorizar; III- que um dos co-legatários venha a faltar, em virtude de renúncia, exclusão, premoriência ou incapacidade, ou se a condição sob a qual foi instituído não se verificar.

Faltando um dos co-legatários, a que o testador não tenha dado substituto, a sua quota acresce à dos remanescentes, sujeita, aos mesmos encargos e obrigações que a oneravam (art. 1943, par. Ún.)

Codicilo

Enviado por Rosa Couto (PR) em 02-09-2008

Codicilo é ato jurídico unilateral de última vontade, necessariamente escrito, pelo qual o autor da herança pode dispor sobre o seu enterroe sobre valores de pequena monta.

A pessoa antes de morrer, escreve de próprio punho como gostaria que fosse seu enterro ou destina determinado valor para o patrocinio do mesmo

Home > Direito > Doutrina > Direito de Sucessão, por três maneiras: Herança, Legado e Partilha Direito de Sucessão, por três maneiras: Herança, Legado e PartilhaPublicado em: 10/11/2010 |Comentário: 0 | Acessos: 3,014 | Anúncios Google

10 Pergunta-se: Se um dos herdeiros aliena sua quota e posteriormente outro co-herdeiro vem a faltar. O adquirente será favorável

pelo direito de acrescer ou esse direito reverterá em proveito do alienante? R. Washington de Barros, p.220.

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1) DIREITO SUCESSÓRIO

Conceito: é o ramo do direito civil que regula a transmissão de direito após a morte e, o cumprimento da última vontade.

Na matéria em que vamos estudar agora, o estudo central é a transmissão de direitos, com o diferencial de que ela é regulamentada pela "causa mortis", ou seja, a a sucessão é regulada pela morte de alguém.

Essa matéria também regula que deve ser cumprida a vontade por transmissão de direito.

Ex: A fez testamento exigindo que fosse velado durante dez dias.

Assim, a última vontade do morto está relacionada com a transmissão de direito.

2) SUCESSÕES

Conceito: No sentido jurídico do vocábulo sucessão possui dois sentidos: 1° sentido lato, 2° sentido restrito. Pela 1° entendemos como uma substituição do sujeito de uma relação jurídica e pela 2° entendemos que significa a transmissão de direito por efeito da morte.

Ex: o filho não ocupa o lugar do pai, o filho adquire o lugar do pai.

A sucessão é o direito de aquisição da transmissão da herança.

No Código Civil Brasileiro a matéria de Sucessão está regulamentada pelos artigos 1784 a 1790 descritos abaixo.

Artigo 1784: aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Artigo 1785: a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.

Artigo 1786: a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade.

Artigo 1787: regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.

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Artigo 1788: morrendo a pessoa sem testamento, transmite-se a herança aos herdeiros legítimos; ao mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste sucessão legítima se o testamento caducar ou for julgado nulo.

Artigo 1789: havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.

Artigo 1790: a companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente a que por lei for atribuída ao filho; II – se concorrer com os descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III – se concorrer com outros parentes sucessíveis terá direito a um terço da herança; IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.

O direito a sucessões pode ser adquirido das 3 maneiras descritas abaixo: sendo elas Herança, Legado

1) HERANÇA

Conceito: é a universalidade de bens que o falecido transmite.

A herança é composta por vários direitos ( bens móveis e imóveis, dívidas e créditos bancários, etc...). Porém esse universo será determinado no processo cível de arrolamento dos bens deixados, e com o processo de inventário se determinará a partilha desses bens arrolados entre os herdeiros.

Os herdeiros são os titulares do direito da herança. Quando se falar em coerdeiros de uma herança significa que existe mais de um herdeiro.

Ex: o pai morre, deixando três filhos (A,B,C), sua herança porém será dividida entre os três, sendo 1/3 correspondente da herança para cada um.

Por herança se entende que seja o conjunto de bens deixados pelo de cujus, esta é indivisível até a sentença de partilha.

O herdeiro pode ceder uma parte alíquota do seu quinhão mas nunca um bem do acervo sem o consentimento dos demais. O conjunto de todos os bens deixados pelo de cujus é considerado na sua totalidade como bem imóvel para os efeitos legais até que seja feita a partilha, assim, mesmo que o acervo patrimonial transmitido pelo de cujus se componha totalmente de bens móveis, para a alienação, torna-se necessária a outorga marital ou uxória.

O vocábulo herança perante o Código de Processo Civil foi substituído por espólio. Espólio ou herança, ou ainda, acervo hereditário, representa os bens deixados pelo de cujus ao tempo de sua morte.

A herança é, portanto, o conjunto de bens deixados por alguém aos seus sucessores e pode abranger uma complexidade de bens que pode ir desde os imóveis, móveis, bens fungíveis, infungíveis, consumíveis, inconsumíveis, até os principais e seus acessórios.

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Integram a herança ou o patrimônio do sucedido, os direitos patrimoniais de valor econômico que, com o desaparecimento do seu dono, deverão ser transferidos, judicialmente, aos sucessores. São excluídos, entretanto, os bens não-patrimoniais, tais como os previdenciários, os securitários, os bens sem valor econômico, os bens personalíssimos como o direito à liberdade e à honra, também o usufruto, a habitação, as pensões etc. que são intransmissíveis a outrem.

Confira-se pelo seguinte aresto do STJ, voto vencido: "Por tratar-se de obrigação personalíssima, inadmite-se a transferência da responsabilidade por alimentos do falecido pai para o espólio, pois o art. 23 da Lei 6.515/77 quis permitir, ao remeter a questão ao art. 1.796 do CC, que a responsabilidade dos herdeiros pela dívida do de cujus refere-se apenas aos alimentos preexistentes e não a obrigação de prestar alimentos futuros, notadamente porque, nos termos do art. 396 et seq. do CC, podem os parentes exigir uns dos outros os alimentos de que necessitem para subsistir, inclusive para irmãos, sejam unilaterais ou germanos" (in RT 788/196).

A matéria descrita abaixo do código civil versa sobre a herança.

Artigo 1791 - A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.

Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.

Artigo 1792 - O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados.

Artigo 1793 - O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.

§ 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.

§ 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.

§ 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.

Artigo 1794 - O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.

Artigo 1795 - O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.

Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.

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Artigo 1796 - No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança.

Artigo 1797 - Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente:

I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;

Anúncios GoogleII - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;

III - ao testamenteiro;

IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.

2) LEGADO

Conceito: é um bem ou um conjunto de bens individualizados dentro da herança.

No legado o legatário sempre saberá o bem que irá receber, porque o bem foi anteriormente individualizado.

Ex: deixo para A, a casa na rua..., n°... (dentro do patrimônio, tira um bem e o individualiza).

No legado exigirá sempre a presença do testamento, sendo que deve existir a manifestação da vontade.

O titular do legado é o legatário, o morto é o testador. Uma pessoa pode ser HERDEIRO E TESTADOR.

"de cujus": é a pessoa morta

imposto "causa mortis" : é o imposto de 4% cobrado sobre o valor da herança deixada, ou seja soma-se todo o valor da herança deixada e em cima dessa valor calcula-se 4% que será o valor pago. Isso acontece porque a transmissão de direito a herança é tributada. Esse imposto é cobrado de cada filho, se tiver x número filhos, cada um paga o mesmo valor. E a partir de 1990 paga-se o imposto sobre bens móveis e imóveis. E incide multa de 10 a 20% sobre o imposto que não foi declarado.

A base de cálculo muda anualmente, ao ser corrigida terá um aumento.

Haverá uma saída quando a multa for maior do que o bem, pode-se entrar com uma ação de usucapião. Uma pessoa de sua confiança entra com ação de usucapião em próprio nome, e ela não contesta, sendo assim será decretada a revelia, decretando os

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fatos alegados como verdadeiros, assim ganhando a ação e depois faz um acordo e compra o bem por valor mais baixo.

No estado de São Paulo pode-se demorar 60 dias para abrir o inventário, passado os 60 dias terá multa mais o imposto "causa mortis", e essa multa pode variar, de acordo com a localidade em que se encontrar.

Legado é a disposição testamentária a título singular, pela qual o testador deixa a pessoa estranha ou não à sucessão legítima um ou mais objetos individualizados ou uma certa quantia em dinheiro.

Deve ser lícito, possível, economicamente apreciável e suscetível se alienação, podendo ser presente ou futuro, determinado ou determinável, corpóreo ou incorpóreo, e nada obsta que incida sobre prestação de fazer ou não fazer.

São espécies de legado, quanto à sua modalidade: a)legado puro e simples; b)legado condicional; c) legado a termo;d) modal ou com encargo; e) subcausa.

Quanto ao seu objeto: a) de coisa alheia; b) de coisa comum; c) de coisa singularizada; d) de universalidade; e) de coisa ou quantidade localizada; f) de crédito; g) de quitação de dívida; h) de alimentos; i) de usufruto; j) de imóvel.

Produz efeitos quanto à transmissão da propriedade e da posse; em relação de pedir o legado; relativamente aos frutos e juros da coisa legada; quanto à renda ou prestações periódicas que o herdeiro deverá pagar ao legatário, após a morte do testador; em relação à escolha do legado; concernentes aos riscos e às despesas com a entrega do legado; atinentes à entrega da coisa legada; quanto à aceitação e à renúncia do legado.

O direito de acrescer entre herdeiros e legatários consiste no direito do co-herdeiro ou co-legatário de receber o quinhão originário de outro co-herdeiro ou co-legatário, que não quis ou não pode recebê-lo, desde que sejam, pela mesma disposição testamentária, conjuntamente chamados a receber a herança ou legado em quotas não determinadas.

São eles, entre Co-Herdeiros: a) nomeação dos herdeiros na mesma cláusula testamentária para receber o acervo hereditário ou porção dele; b) incidência na mesma herança; c) ausência de determinação das quotas de cada um.

Entre Co-Legatários:a) nomeação conjunta dos co-legatários; b) legado deve recair em uma só coisa, determinada e certa, ou indivisível; c) ausência de um dos co-legatários, em razão de premoriência, renúncia ou exclusão da sucessão, desde que o testador não tenha nomeado substituto; d) legado de um só usofruto conjuntamente a 2 ou mais pessoas.

Não há direito de acrescer em caso de distribuição feita pelo testador, dos bens, designando a cada um dos nomeados a quota que lhe cabe na herança ou no legado, ou declarando que cada qual deverá partilhá-los por igual; nomeação de substituto ao herdeiro ou legatário constituído; declaração de nulidade ou anulabilidade da cédula testamentária.

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Substituição hereditária é a disposição testamentária na qual o testador chama uma pessoa para receber, no todo, ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em primeiro lugar, ou seja, quanto a vocação deste ou daquele cessar por qualquer causa.

Com relação aos princípios, deve ser capaz para ser instituído em primeiro lugar; podem ser dados substitutos a um só herdeiro ou um único substituto a muitos herdeiros; não é permitida a substituição de mais de um grau; é uma instituição condicional, que pode ser subordinada a outra condição, termo ou encargo; o substituto pode ser nomeado no mesmo testamento em que for feita a instituição ou em cédula testamentária posterior; deverá cumprir o encargo ou condição imposta ao substituto, exceto se o testador estabeleceu diferentemente.

São espécies: a) vulgar: consiste na indicação da pessoa que deve ocupar o lugar do herdeiro ou legatário, que não quer ou não pode aceitar a liberalidade; b) recíproca: é aquela em que o testador, ao instituir a pluralidade de herdeiros ou legatários, os declara substitutos uns aos outros; c) fideicomissária: consiste na instituição de herdeiro ou legatário, designado fiduciário, com a obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob condição preestabelecida, transmitir a uma outra pessoa, chamado fideicomissário, a herança ou o legado; d) compendiosa: é um misto de substituição vulgar e fideicomissária; é o que se verifica na hipótese em que o testador dá substituto ao fiduciário ou ao fideicomissário, prevendo que um outro não queira ou não possa aceitar a herança ou o legado.

A matéria abaixo descrita versa sobre legado no nosso código civil brasileiro.

Artigo 1912 - É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da sucessão.

Artigo 1913 - Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.

Artigo 1914 - Se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado.

Artigo 1915 - Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.

Artigo 1916 - Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à existente.

Artigo 1917 - O legado de coisa que deva encontrar-se em determinado lugar só terá eficácia se nele for achada, salvo se removida a título transitório.

Artigo 1918 - O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador.

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§ 1º Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo.

§ 2º Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento.

Artigo 1919 - Não o declarando expressamente o testador, não se reputará compensação da sua dívida o legado que ele faça ao credor.

Parágrafo único. Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e o testador a solveu antes de morrer.

Artigo 1920 - O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.

Artigo 1921 - O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida.

Artigo 1922 - Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testador.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado.

18. Revogação e do rompimento dos testamentosSendo o testamento um ato jurídico, para que possa produzir efeitos jurídicos, deverá satisfazer as condições genéricas (capacidade do testador, objeto lícito e possível, forma solene e consentimento válido), sob pena de nulidade e anulabilidade. Além disso, ainda existem causas que impedem o testamento de produzir seus efeitos jurídicos:

• Revogação

• Rompimento

• Caducidade

• Nulidade Absoluta ou Relativa

Revogação

Revogação é o ato pelo qual o testador, conscientemente, torna ineficaz o testamento anterior, manifestando vontade contrária à que nele se encontra expressa. Um testamento só pode ser revogado por outro, mesmo que de modalidade diversa (um testamento público pode revogar um cerrado; um testamento particular pode revogar um cerrado, etc.). O importante é que o novo testamento seja válido. No entanto é irrevogável o testamento na parte em que o testador reconhece filho havido fora do casamento.

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O testamento revogado não se restaura pelo fato deste ter sido revogado posteriormente (não há repristinação no testamento).

Um codicilo não pode revogar um testamento, mas este pode revogar o codicilo.

A revogação, quanto a sua extensão, pode ser classificada em:

a) total - o testamento superveniente retira a eficácia de todas as disposições testamentárias anteriores.

b) parcial - retira algumas das disposições, subsistindo as demais.

Já quanto à forma utilizada, pode ser classificada em:

a) expressa (ou direta) - declaração inequívoca, explícita do testador —» novo testamento revoga o anterior (pode ser total ou parcial).

b) tácita (ou indireta) —> quando o testador não declara que revoga o anterior, mas há incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo testamento ou em caso de dilaceração ou abertura do testamento cerrado, pelo testador, ou por outrem, com o seu consentimento, ou quando o testado alienar voluntariamente a coisa legada.

Rompimento

É a inutilização do testamento por perda de validade em razão da ocorrência de certos fatos previstos em lei. Exemplo: superveniência de descendente sucessível ao testador, que o não tinha ou não o conhecia quando testou ou quando o testamento foi feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. O testador não teria disposto de seus bens em testamento se soubesse da existência de algum herdeiro necessário. Também é chamado de revogação presumida (o testamento é chamado de rupto).

Caducidade

Ocorre a caducidade quando as disposições testamentárias não prevalecerão, embora válidas, pela ocorrência de obstáculo superveniente. Exemplo: herdeiro morreu antes do testador; herdeiro renuncia ou foi excluído; perecimento da coisa legada, etc. Caducará o testamento marítimo e o militar, três meses após o momento em que o testador podia testar de forma ordinária e não o fez.

Nulidade e Anulabilidade

O testamento pode ser anulado se contiver defeito leve ou grave. Pode atingir o testamento em sua totalidade (neste caso abre-se a sucessão legítima) ou em parte (prevalece a parte válida do testamento, abrindo-se sucessão legítima, se for o caso, quanto ao que for anulado).

a) Nulidade: incapacidade do testador; impossibilidade ou ilicitude do objeto; inobservância das formas legais e nulidade das disposições. Requerimento de qualquer interessado, do Ministério Público ou de ofício pelo Juiz.

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b) Anulabilidade: erro substancial na designação da pessoa do herdeiro, legatário ou da coisa legada; dolo; coação ou fraude. Requerimento apenas do interessado, respeitando o prazo decadencial de quatro anos.

19. TestamenteiroArt. 1976 do Código Civil. O testamenteiro é a pessoa encarregada de executar o testamento. Quando o testador nomeia um, este será o testamenteiro instituído. Caso o testador não tenha nomeado, o juiz nomeará um testador dativo, de acordo com uma ordem estabelecida por lei. Podem também haver mais de um testamenteiro, quando trabalham em conjunto (dois ou mais testamenteiros agindo ao mesmo tempo, podendo cada um ter uma função específica ou não) ou separados (testamentária sucessiva, apenas um atua, mas, havendo necessidade, é substituído pelos outros testamenteiros já nomeados).

Os atos do testador são pessoais e indelegáveis, podendo constituir formalmente um mandato para outro. Pode também o indicado recusar, já que não é obrigatório.

Extensão dos poderes: UNIVERSAL: posse e administração da herança. Deve requerer a abertura do inventário (o testador não pode ter herdeiros necessários). PARTICULAR: sem posse e administração da herança.

Obrigações: (a) propugnar pela validade do testamento. (b) Cumprir as disposições do testamento no prazo estabelecido pelo testador ou em até 180 dias após a aceitação da testamentária caso não haja prazo. (c) Fiscalizar o cumprimento das disposições testamentárias, podendo até se substituir a um herdeiro que não esteja cumprindo tais disposições. (d) Prestar contas. (e) O testamenteiro universal deve defender a posse de atos de turbação, esbulho e ameaça.

Remuneração: VINTENA, 20% ou 1/5 da herança deferida por sucessão testamentária, já que ele presta um serviço. Caso o testamenteiro também seja herdeiro ou legatário nomeado pelo testador, pode escolher entre receber a vintena ou a herança/legado. O que é herdeiro legítimo recebe normalmente a vintena.

Perda do Direito da Vintena: (a) Negligência, (b) Não cumprimento das disposições por dolo ou culpa, (c) Prestação de contas julgada negativamente.

Observação 1: O valor da vintena é de 5%, sendo que o testador ou o juiz pode fixar um valor menor do que os 5%, dependendo do grau de dificuldade e complexidade do cumprimento das disposições.

Observação 2: A vintena é paga ao final do cumprimento das atribuições do testamento, mas o testador pode pedir adiantamento