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SILVANA MARIA DE SOUZA
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1. INTRODUÇÃO
A dança afro chegou ao Brasil no período Colonial, trazida pelos africanos
que retirados a força do seu país, adentraram aqui trazendo só o que podiam
carregar, sua forma de viver e sua cultura. Esse estilo de dança foi primeiramente
registrado, nas manifestações religiosas africanas, ao se instalar aqui essa cultura
não ficou imóvel, o que é normal, sofreu várias mutações até se tornar esse misto
contemporâneo.
Revoltados pela forma como foram arrancados de seu país de origem e com
o descaso que eram tratados pelos senhores de engenho no Brasil, os negros nunca
aceitaram passivamente a escravidão, se rebelavam como podiam, planejavam
estratégias de fuga, a desobediência programada, a sabotagem na plantação, a
demora no cumprimento dos afazeres. A capoeira, por exemplo, muitas vezes ficou
escondida, por iniciar como uma luta disfarçada em dança, ela se camuflou
inicialmente através da cultura, como naquela época ninguém tinha interesse sobre
a cultura negra, a não ser o próprio negro ninguém notava que aquela simples
dança, brincadeira e ritual era na verdade a luta marcial dos escravos, que se
ocultava para poder permanecer ativa, esta também era uma aspecto da
insubordinação.
Foi no ímpeto das revoltas e das fugas que surgiram os quilombos, locais que
se organizavam e viviam os negros fugidos. Sozinhos ou em grupos, sempre haviam
tentativas de fugas dos negros, que ao escapar procuravam um lugar escondido,
onde pudessem viver em liberdade e praticar livremente a sua cultura. A cultura se
sobressaia fortemente nas tribos quilombolas, já que não existiam senhores de
escravo para proibir seus feitos, eles se expressavam livremente com danças, rituais
religiosos, com a capoeira, cantos e oferendas.
Esclarecidos os conceitos de dança, cultura e quilombo e fazendo a junção
das três vertentes para chegar a um denominador comum. O trabalho intitulado
Dança Afro nos Quilombos de Alagoinhas: identificação da existência de uma
herança cultural objetiva verificar a existência da cultura e da dança afro nos
quilombos do Catuzinho e Buri na cidade de Alagoinhas e quais os vestígios da
herança deixada pelos quilombolas. Indaga o seguinte problema: Qual a herança
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histórico-cultural da dança afro existente nos quilombos Catuzinho e Buri na cidade
de Alagoinhas?
Diante dos fatos a pesquisa deseja averiguar a permanência e o
desenvolvimento desta cultura nos quilombos do Catuzinho e Buri na cidade de
Alagoinhas. O universo escolhido para a realização da pesquisa, como já falado,
foram os remanescentes de quilombos Catuzinho e Buri, que ficam localizados na
zona rural do município de Alagoinhas.
O interesse pelo objeto de estudo surgiu a partir de uma conversação na
mesa redonda realizada na disciplina de Corpo e Cultura, disciplina do componente
curricular do curso de Licenciatura em Educação Física, através dessa atividade
ampliou-se o conhecimento sobre a cultura e por estar trabalhando com o conteúdo
dança no momento, resolvi fazer a junção das duas vertentes, chegando assim ao
meu tema.
A pesquisa contribui veemente para a desmistificação dos modelos e padrões
vinculados ao fenômeno dança. Através disso, expõe um maior conhecimento sobre
as possibilidades do dançar, aguçando a vontade de todos que queiram usufruir
dessa cultura corporal. Esse tema promove a sociabilidade e a transformação dos
conceitos tradicionais contidos na dança afro, oportunizando todos a conhecer mais
sobre a cultura, os costumes e as praticas corporais e populares da região.
O Estudo acompanhou os grupos de dança do Catuzinho e Buri, em suas
atividades corriqueiras, apresentações, ensaios, criando assim um vínculo com o
ambiente estudado, o que possibilitou a observação não-participante. Na sua
formação o trabalho teve caráter qualitativo. Como complemento na coleta de dados
utilizou a entrevista semi-estruturada que foi realizada somente com os
coordenadores dos grupos de dança. Ao fim do processo de observação foi feita a
análise de conteúdo onde os dados foram interpretados, juntamente com os
recursos bibliográficos.
Após a introdução no capítulo seguinte foi feita uma explanação referente aos
Quilombos, iniciamos falando do que seria o quilombo na visão do negro e na dos
senhores, depois foi feita uma síntese desses conceitos, relatando assim a visão do
negro que vivenciou aquela realidade, e a dos Senhores que impôs a sua autoridade
naquele ambiente. Ao final o capítulo encerra com o decreto responsável pela
regulamentação legal dos remanescentes de quilombos e as suas cláusulas.
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No terceiro capítulo faz-se uma trajetória histórica da dança, iniciando dos
primórdios até os dias atuais e perpassando por várias civilizações. Falando da sua
relevância e seu sentido em cada ambiente e época. Ao final do capítulo se faz um
breve apanhado da importância da dança como componente da Cultura Corporal na
Educação Física.
O quarto capítulo aborda a relação do tradicional e o contemporâneo na
cultura. Fala referente a sobreposições das culturas, das culturas de minoria e as de
maioria. Das representações culturais na atualidade. E no encerramento do capítulo
discorre sobre a “folclorização” da dança e cultura popular, enfatizando a priorização
da mesma no ambiente escolar.
Dando continuidade ao trabalho, os capítulos conseqüentes descrevem os
procedimentos metodológicos, relatam as observações feitas em campo e sinalizam
as considerações finais.
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2. QUILOMBOS: ASPECTOS CONCEITUAIS
O que vem a ser um Quilombo? Essa é a pergunta que várias pessoas fazem
ainda nos dias atuais, e a reposta desencadeia vários conceitos. Por não existir um
único ponto de vista, em geral, tentamos nesse estudo distinguir o que seria o
quilombo para o negro que viveu naquele ambiente e para o “Senhor” que o
observou pela sua visão e seus interesses. Em seguida, discorreremos sobre o que
se intitula quilombo e como se dá seu reconhecimento nos dias atuais.
A resposta dada abaixo retrata como eram vistos os quilombos naquela época:
Quilombo era "toda habitação de negros fugidos que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados nem se achem pilões neles", segundo resposta do Rei de Portugal a consulta do Conselho Ultramarino datada de dois de dezembro de 1740 (MOURA 1987, p.16).
A afirmação acima mostra que para os reis e senhores esses núcleos eram
ajuntamentos em sua maioria de negros fugidos, que escapavam dos cativeiros. Na
visão dos mesmos, os negros tinham que os servir e por obrigação trabalhar para
garantir o que comer. Eles achavam que isso era o suficiente para sua sobrevivência
e quando acontecia o caso de um dos negros fugir, eram encarados como ingratos.
Para o negro a visão de um Quilombo era diferente, eles que conheciam as
privações, o sofrimento e as punições que recebiam, algumas vezes somente pelo
fato de vivenciar sua cultura através da dança, dos cantos, ou da capoeira. Viam
aquele lugar como um paraíso, onde tinham o direito de exercer sua liberdade em
paz, um lugar onde poderiam trabalhar para si mesmo e viver do seu sustendo.
Já que os brancos definiam o Quilombo como esconderijo dos escravos que
conseguiam fugir dos Senhores. Para os negros era um local de difícil acesso, onde
poderiam se beneficiar da mata para viver, da terra para plantar e colher. E onde
podiam regressar a seus costumes e origens africanas: dançar, cantar, cultuar
religião, orixás, sem serem perseguidos.
Hoje podemos dizer que a cultura dos negros é um dos nossos maiores
legados, muito do que carregamos não só na herança genética, mas generalizando
nos costumes, crenças e culinária, herdamos dessa cultura, sabendo da
abrangência da história e do legado negro e tendo em vista a carência de registros
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literários nessa área é importante que sejam feitos mais estudos nesse âmbito, a fim
de evidenciar essa cultura por vezes escondida. Não temos noção, na grande
maioria dos casos, da importância do reconhecimento dessa cultura para
distinguirmos melhor nossas origens. “O quilombo é uma constante histórica e a sua
importância social é muito maior do que já foi computada pelos nossos historiadores
e sociólogos” (MOURA apud MENDONÇA, 1987 p.17).
Pode-se dizer que o quilombo tinha existência provisória, pois se descobertos,
os quilombolas tinham que fugir para outro esconderijo, sem deixar vestígios, se
eram pegos sofriam fortes torturas, com chibatadas, mutilação de membros ou
podiam pagar até com a própria vida, tendo por muitas vezes seus corpos expostos
em praça pública para intimidar os que desejavam vivenciar o sonho de uma
comunidade quilombola.
Se o quilombo ainda permitia alguma convivência, embora incômoda e perigosa com o sistema, as revoltas significavam ruptura absoluta e quase sempre trágica para os escravos nelas envolvidos (REIS e SILVA, 1989, p.9).
A cultura é algo tão forte que mesmo sem querer ou sem sentir, ela está
inerente ao ser humano, sendo carregada no seu íntimo para onde quer que vá,
mesmo que ao longo dos tempos os costumes não permaneçam imunes as
mudanças. Mesmos distantes da terra de origem, os negros carregavam consigo as
tradições e costumes. Pois sempre existe, uma cultura que persistir e prevalecer
dentro de nós. O trecho abaixo explica um pouco da interação do ser humano com
cultura:
Mais tarde, nas Américas, demonstrou-se até que ponto estas concepções estavam bem enraizadas no pensamento africano. Aí, sempre que algum grande grupo de africano conseguia escapar à escravatura e reconstruir a sua vida em liberdade, procurava imediatamente orientação na sua própria cultura. No Brasil, os antigos escravos quilombos, e ainda mais as famosas república de Palmarés do século dezassete, apoiavam-se em leis e costumes retirados principalmente dos povos bantos do Oeste. As associações candomble de certas cidades brasileiras eram, e até certo ponto ainda são profundamente africanas no conteúdo embora exóticas na forma (DAVIDSON, 1969, p.55).
Mesmo com todas as perseguições e humilhações sofridas pelos escravos,
algumas comunidades remanescentes de quilombos conseguiram manter-se viva
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em seus costumes e seu território. Os locais que hoje se intitulam remanescentes de
quilombos, estabeleceram a sua permanência de várias formas, através de
heranças, doações, ocupações de territórios despovoados, inclusive compra. Hoje
esses ambientes perduram com uma ambigüidade de sentidos, o de garantir sua
sobrevivência, e o de fortalecer e preservar a sua cultura, o que não é simples. Nos
dias atuais os quilombos querem ser respeitados e reconhecidos socialmente, não
como uma comunidade afastada e remota, e sim como parte constituinte da
sociedade que estão inseridos.
Para se definir uma comunidade como Quilombola é necessário uma certidão
de auto-reconhecimento, que é possível conseguir com o cumprimento das
cláusulas do decreto 4.887/03, que trata de regulamentar e reconhecer terras
remanescentes de quilombos através de alguns critérios pré-estabelecidos. Veremos
o seu desenvolvimento abaixo.
O decreto 4.887/03 regulamenta titulação de terras quilombolas, publicação
no Diário Oficial nº 227, de 21/11/2003.
O Presidente da República decreta, em uso de suas atribuições, contidas no
art. 84 da Constituição e em ação conjunta com o presente no art. 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, que:
A partir do decreto 68, disposto acima, serão ditados os procedimentos para
a titulação dos ambientes povoados pelos remanescentes das comunidades dos
quilombos, que se encarregarão de definir, reconhecer e demarcar esses territórios,
devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Para os descendentes dos quilombolas serem reconhecidos legalmente é
necessário considerar as clausulas do decreto que alegam: os grupos étnico-raciais
devem se auto-atribuir um passado histórico, cobertos de relações territoriais
características, com certeza de ter uma herança negra enraizada em um histórico de
sofrimento e exploração.
Os órgãos responsáveis por encontrar, reconhecer, demarcar e titular terras
povoadas por descendentes de quilombos são, o Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), com o auxilio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA).
A garantia dos direitos territoriais e a regularização de posse das terras dos
remanescentes dos quilombos são reconhecidas pela Secretária Especial de
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Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), da Presidência da República,
assessorada pelo MDA e o INCRA que age nos limites de sua autoridade legal.
Para certificar os direitos de regularização territoriais é necessário ainda que
seja assegurada a preservação da herança cultural encontrada nas comunidades
quilombolas, cabe ao Ministério da Cultura mediante a Fundação Cultural dos
Palmares atuar em parceria e auxiliando o MDA e o INCRA, assim como para
auxiliar as tarefas processuais, caso haja contestação ao método de assimilação e
reconhecimento contidos no decreto.
O decreto assegura também, que durante todo o processo de
reconhecimento, pode e deve ter um representante dos remanescentes da
comunidade quilombola, para participar de todas etapas juntamente com a gestão
administrativa.
Sem definição preestabelecida de acordo com a cultura popular dos
Quilombos um ambiente repleto de manifestações culturais e sociais refletidas na
influência africana. Partindo para a vertente da cultura corporal os costumes e a
garra do povo africano, se habituavam a comemorar todos seus acontecimentos
com a dança em plena diversidade de ritmos, sons e movimentos, a transmissão da
cultura é passada para os dias atuais e a dança como forma de expressão é trazida
nessa cultura de modo predominante, se destacando em rituais de todos os tipos.
Sendo assim, no próximo capítulo discutiremos a trajetória histórica e cultural da
dança até os dias atuais.
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3. A DANÇA E SUA HERANÇA CULTURAL
Através do movimento corpóreo realizamos vários atos, possuímos
habilidades corporais que podem passar despercebidas, pelo fato de não
explorarmos mais os fenômenos motores. Dentre as diversas culturas corporais está
à dança, que por ser uma manifestação instintiva do ser humano, não se sabe ao
certo qual a sua origem. Porém, expressamo-nos corporalmente desde o
nascimento, daí a associar a expressão corpórea com os sinais sonoros leva pouco
tempo, na verdade cada indivíduo executa isso ao seu tempo, mas ainda na
infância. Ao fazer essa associação o individuo passa a conhecer a dança. Há relatos
que nos primórdios as pessoas dançavam para se aquecer, outros dizem que
dançavam para conquistar o sexo oposto, diz-se também sobre a dança em rituais,
para cultuar religiões e espíritos ancestrais, enfim são muitas as considerações
lançadas em prol desta vertente, mas o que não se pode contestar é que, desde a
existência humana existe dança, por isso é considerada uma das mais antigas
formas de arte.
A dança fazia parte de todos os acontecimentos importantes da sociedade, como nos nascimentos e funerais, nas colheitas e nas homenagens de caráter místico (religioso) que se prestavam aos elementos da natureza, o Sol, o Fogo, a Chuva e a Terra, consideradas seres supremos. Esses momentos eram celebrados com intensa participação corporal, em que o corpo era pintado ou tatuado e cheio de emoção, expressava, nos movimentos de dança, seus sentimentos (BREGOLATO, 2000, p.67).
A dança é introduzida no contexto histórico civilizacional como uma das
manifestações mais antigas. No período paleolítico ela já existia, época em que o
homem agia instintivamente, já havia sinais da dança executada naquele ambiente
que se mostrava através das pinturas que existiam nas paredes e nas rochas.
A respeito do histórico da dança diz Silva (2005) que a dança manifestou-se
inicialmente na era primitiva, sendo utilizada em rituais de oferendas, invocações,
celebração, atração do sexo oposto, assim como era retratado nas pinturas das
cavernas pré-históricas.
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Segundo a autora o homem paleolítico, desenhava acreditando que aquela
pintura podia se profetizar, que aquela realidade fosse acontecer, nesse intuito ele
desejava exercer domínio sobre a natureza. A dedução de dança que se tem,
relacionada a esses poucos desenhos é que eles traziam uma pratica simples, com
poucos movimentos, na maioria das vezes repetidos, com imitações, que
aconteciam geralmente em círculos.
Nas organizações civilizacionais egípcias, a dança segundo Silva (2005)
possuía traços religiosos, era representada por mulheres, em épocas de colheitas e
cheias do rio Nilo e em festejos que venerassem os deuses Ísis e Osíris. Já na
Grécia a dança estava atrelada a representações cênicas, aliada com a poesia,
assim originou-se à tragédia. Que Homero dizia ser danças realizadas em
casamentos, em sua origem eram circulares, só homens dançavam e intitulavam-se
como choreia. Em Esparta, aconteciam nos festejos de Dionisus, uma variedade de
dança nomeada de Emméleia, essas danças eram em veneração aos Deuses.
Nelas reproduzia-se o movimento das guerras, de combate e proteção. As mulheres
consideradas virgens, só podiam se apresentar em cerimônias mais simples, sem
platéia.
Ainda segundo Silva (2005), em Roma a dança tinha uma valorização menor
que na Grécia, por isso as representações eram poucas, também estavam mais
ligadas a religião, com rituais de purificação das terras e por uma colheita ou em
reverencia ao deus Marte, eram feitas dança de soldado.
Até o inicio da Idade Media, Silva (2005) afirmava que os camponeses ainda
dançavam em rituais, em colheitas, nascimento, em reverências. A partir do século
XI, as danças populares assumiram uma postura de mudança, principalmente nas
camponesas. Em certos funerais as pessoas entoavam cantos que culminavam em
danças, era uma dança que desencadeava um êxtase que era contagioso, em
questão de minuto as pessoas estavam em procissões, cantando, dançando e se
jogando pelo chão. Houve esse fato na Inglaterra, Alemanha e Itália, espalhando-se
mais tarde por quase toda Europa. Eram conhecidas como danças macabras, ou
dança da morte. Ao mesmo momento a dança dos camponeses perseveravam em
sua prática no século XV, essa dança desenvolvia-se em duplas, em movimentos
circulares e lineares, em quadrilhas, agitadas e eufóricas, praticadas em ocasiões de
comemoração.
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De acorde com Silva (2005) as danças acabaram chegando aos castelos
feudais na França e na Itália, em meados do séc. XV e XVI e assumiram alguns
formatos que por tempos ficou inerente a ela, como os palhaços ou bobos da corte
que misturavam danças e acrobacias em números engraçados. Quando ela foi
trazida para os castelos como entretenimento dos nobres no séc. XV na França e
Itália, ela passou a ter um sentido de espetáculo. O termo “ballet” passou a ser
pronunciado (do Italiano, que significar bailar, dançar) e depois daí foi sofrendo
mudanças até se transformar no que é nos dias atuais.
Pode-se perceber que a cultura usada como referência nas citações dos
parágrafos passados tem influência européia, pois no seu discurso histórico da
dança em nenhum momento pronunciou a dança afro ou folclórica. A única dança
tida como popular pronunciada nesse discurso foi a camponesa, é como se para
algumas camadas sociais e trajetórias históricas, essas danças de caráter popular
não existissem, muitas vezes pelo fato de não serem conhecidas ou negligenciadas
existencialmente.
Apesar de várias referências sobre a importância da dança na sociedade, poucos foram os estudos que se dedicaram a compreender a dança com elementos afro-brasileiros e seu simbolismo, assim como também escrever sobre profissionais que contribuíram e contribuem para a valorização desta arte (OLIVEIRA, 2006, p.81).
Oliveira (1991) apresenta uma visão ampla da cultura e da dança oriunda do
povo negro, em seu discurso ela a discorre com grande propriedade. Ela explica que
nos festejos em meio a era do escravismo a dança no Brasil exibia características
místicas ou lúdicas. Os negros escravizados de várias etnias interagiam a partir das
manifestações culturais, através de cantos, danças religião, dentre essas
manifestações a religião que prevalecia era o candomblé.
Segundo a autora ainda nos dias atuais há quem queira justificar a dança afro
como dança dos Orixás, Voduns e Inkises. Entretanto essa fala decorre da
ignorância ou amnésia das pessoas referente a existência das danças criadas por
negros católicos (Moçambique), por negro e índio (caboclinhos), por negro escravo
(capoeira), também como por negro e branco.
Ela afirma que o poder do movimento da dança afro provém de três pontos
energéticos, sendo eles: cabeça, tronco e pés. A Dança afro geralmente é exercida
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com os pés diretamente ao chão, sem sapatos, o povo africano acreditava que a
isenção desse contato bloqueava a energia vinda da terra. Nessa dança a mudança
dos ritmos é ministrada pelos aparelhos de percussão, estimulando o corpo a
expressar-se diversamente em formas.
Alguns princípios dos passos e características da Dança Afro são:
- Pés paralelos e descalços (quando fora do chão ficam dobrados). - Coluna ereta (sem rigidez) inclinada para a frente ou lados. - Quadris relaxados para trás. - Movimentos requebrados, soltos e independentes. - Ritmo variado, rico, percutido em contratempo com os pés no chão. - Pouquíssimas mudanças de níveis (OLIVEIRA, 1991, p. 20).
Ainda com Oliveira (1991), dizia no seu discurso que no ocidente a concepção
que se tinha de Balé era o de ser uma dança com um desenvolvimento coreográfico
original, criada pelo homem que tinha um querer interminável de novas formas de se
expressar. Porém fazendo uma relação com as danças afro brasileiras, da mesma
forma, requer e retém bastante criatividade coreográfica e as formas de movimentos
de expressão corporais são amplas e criadas pelo homem, sendo assim as danças
afro brasileiras, podem se comparar ao Balé.
Se no ocidente a dança tem como objetivo a graça, a beleza e a autêntica estética, assim como uma grande criação coreográfica, partindo de uma simples idéia, na comunidade religiosa do Candomblé, aprende-se ainda mais a cantar e a dançar, como se aprende a falar. Nesta religião cada passo evoca um ritmo, e cada canção está relacionada com a estória e com a evolução coreográfica tal e qual nas comunidades rurais africanas (OLIVEIRA, 1991, p.22).
Assim Oliveira (1991) contava que o negro se educou ao longo dos anos,
entendendo que seu corpo era impróprio para as danças clássicas, que seus quadris
eram avantajados, seus pés chatos. Foi assim que o negro se aproximou ainda mais
das danças folclóricas ao longo dos anos, como: samba (proveniente da palavra
africana semba, que significa umbigada), maculelê e capoeira.De acordo com ela,
nas décadas de 60 e 70 a dança afro já existia na Bahia, porém sem o exibicionismo
e sem apelação turística dos dias atuais, mais voltada a sua prática cultural.
Em meio à década de 80, Oliveira (1991) expõe que começam a aparecer
escolas em Salvador, oferecendo cursos de dança afro ao público, fazendo-se
21
pensar que existe uma técnica para sua realização, em alguns lugares existem até
módulos para esses cursos. Antes disto, a dança do negro se encontrava nas
periferias, nos terreiros nos locais remanescentes de quilombos, onde eram
desenvolvidas as culturas populares. A sua visibilidade social começou através de
Mercedes Baptista. Numa de suas apresentações Mercedes Baptista, foi vista pela
antropóloga, dançarina e coreógrafa norte-americana, Katherine Dunham, que após
o espetáculo ofereceu uma bolsa de estudos a Mercedes em New York em sua
academia onde era professora de dança. Depois de estudar nos Estados Unidos,
Mercedes resolveu voltar e desenvolver as danças folclóricas e de origem negras
nas academias. Ela resolveu utilizar a dança afro em espetáculos, e dessa forma
nasceu Balé Afro brasileiro, e ficou conhecida historicamente como a “Mãe do Balé
Afro”.
Ainda seguindo o pensamento de Oliveira (1991) vários movimentos
aconteceram ao mesmo tempo na Bahia na década de 60, em Salvador foram
criados os grupos folclóricos, Viva Bahia e Olodum. Grupos estes, que desenvolviam
e demonstravam a cultura e a expressividade através da dança com influencia
africana.
O Candomblé, a Puxada de Rede, o Maculelê, a Capoeira, o Samba de Roda, entre outras danças, eram, e ainda hoje são, as manifestações mais exploradas pelos grupos que se dedicam à atividade (OLIVEIRA, 1991, p.33).
Contanto, segundo Oliveira (1991) pode-se dizer que o grupo Viva Bahia foi
responsável pela disseminação da Dança Afro. Para o desenvolvimento coreográfico
do espetáculo eram chamadas as pessoais da própria comunidade, mais velhas ou
experientes, que carregavam a tradição cultural da dança, aprendida com seus
antepassados. Então surgiram outros grupos folclóricos na Bahia, dando
continuidade aos trabalhos e modernização as indumentárias, dando novas cores ao
balanço e nova cara a nossa cultura, mas sem perder a essência.
22
3.1 A Cultura Corporal da Dança no Âmbito da Educação Física
Antigamente dançava-se por vários motivos, dependendo da cultura e da
civilização a qual se pertencia, vários rituais, cerimônias, manifestações envolviam
dança. Porém, como diz a citação abaixo, a dança vem passando por diversas
modificações, na contemporaneidade ela possui um sentido diferente, o ser humano
encontrou o contentamento, o prazer, a entrega e os benefícios inerentes a dança e
agora a pratica mais por uma satisfação pessoal. É importante que essa
manifestação continue sendo difundida, nesse sentido, para que todos, sem
distinções, tenham acesso a essa cultura corporal e passem por essa experiência ao
longo de sua formação ao menos uma vez, e assim possam decidir praticá-la ou
não.
A dança vem sofrendo profundas e significativas transformações: a técnica, os conteúdos e a pesquisa do movimento corporal assumem novas perspectivas e estão sendo redimensionados para participarem efetivamente da formação histórico-cultural da criança, do adolescente e de todo ser humano (FERREIRA, 2008, p. 100/101).
Segundo Soares (1992) e outros:
Na perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal, a dinâmica curricular no âmbito da Educação Física, tem características bem diferenciadas das da técnica anterior. Busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como forma de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (SOARES e outros p.38).
Vemos hoje a necessidade de incluir novos paradigmas a Educação Física e
romper com velhos conceitos, as culturas corporais expostas acima pelos autores,
são formas criativas e estimulantes de trabalhar o conteúdo da Educação Física.
Entre elas está a dança, essa cultura corporal é pouco explorada, principalmente no
ambiente escolar. Porém é inegável a necessária importância da dança nesse
campo, haja visto que ela trabalha o conteúdo da Educação Física numa perspectiva
23
mais descontraída e inovadora, estimulando assim o desenvolvimento e a
participação dos alunos nas atividades.
Faz-se necessário o resgate da cultura brasileira no mundo da dança através da tematização das origens culturais, sejam do índio, do branco ou do negro, como forma de despertar a identidade social do aluno no projeto de construção da cidadania (SOARES e outros 1992,p.83).
Por se encontrar como a uma das maiores expressão cultural que se tem, a
dança demonstra um amplo destaque no que diz respeito ao social, tornando-a
assim um ato popular que desencadeia naturalmente o envolvimento dos praticantes
nessa cultura corporal. A linguagem corporal que é passada através da dança tem
valor substancial na aprendizagem do indivíduo, por conta de tocar o íntimo da
pessoa, aguçando assim a sua sensibilidade. Essa cultura deve ser introduzida no
desenvolvimento humano desde a infância, pois ela esta e sempre esteve envolvida
em várias vertentes sociais.
Considera-se a dança uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem. Pode ser considerada como linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções da afetividade vivida nas esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, hábitos, da saúde, da guerra etc.(SOARES e outros 1992, p.82).
Não esquecendo que a dança é uma das manifestações corporais que mais
evidencia a cultura, no próximo capítulo decorreremos sobre a cultura e suas
transformações ao longo dos tempos.
24
4 CULTURA: O TRADICIONAL E O CONTEMPORÂNEO
Recentemente, tem sido amplo o debate sobre o tema cultura, na busca pelo
sentido desta palavra nos vem vários questionamentos. Como ela é compreendida?
Como ela se modifica? Como esse conhecimento perpassa pelas gerações? Ao
longo deste capítulo discutiremos a relação que tem o tradicional e o
contemporâneo, dentro disto, tentaremos explanar esses questionamentos.
Quando discutimos o termo Cultura, vem a mente inúmeras situações,
pensamos nos muitos caminhos que nos conduziram até aqui, as mutações que
houveram no sentido das coisas até chegarem ao que são, os diferente tipos de
organizações que já existiram na sociedade, a significância e a amplitude que tem
nesse universo são indescritíveis, como diz esse trecho:
A riqueza de formas das culturas e suas relações falam bem perto a cada um de nós, já que convidam a que nos vejamos como seres sociais, nos fazem pensar na natureza dos todos sociais e que fazemos parte, nos fazem indagar das razões da realidade social de que partilhamos e das forças que as mantêm e as transformam (SANTOS, 1994, p.9).
Apesar da pluralidade cultural existente em nosso país, há culturas que
prevalecem em relação a outras, sendo seguidas por toda uma civilização, que crê e
respeita esses preceitos culturais e os defende de todas as formas cabíveis. De fato
as culturas não devem ser imortalizadas, no entanto deve-se ter o conhecimento
dessa cultura para o ser humano poder identificar sua origem. As culturas de
minoria, chamadas culturas populares, são em grande parte sobreposta, pelo fato da
categoria de classe favorecer a maioria, as que obtêm mais poder, mais organizadas
politicamente e mais fundamentadas no capitalismo.
As tradições e as leis são culturais, são criadas por grupos, que possuem mais poder e prestígio para fazer valer sua vontade. Esses interesses particulares são colocados como leis para todos os outros (GUARESCHI, 2007, p.96).
Dentro dessa perspectiva, surge a necessidade de evidenciar cada vez mais
a cultura popular, pois ela nos remete a nossa acanhada origem, aquela que se
esconde nas muitas facetas da sociedade contemporânea. Reconhecer e difundir
25
essa cultura esse legado é de suma importância para as gerações futuras, para que
tenham oportunidade de conhecer o que foi e em que se transformou nossa
sociedade. Entretanto não cabe a nós eternizar as culturas de minoria,
principalmente as que procederam da indigência ou da exploração, pois pela lei
natural das coisas, nada fica imutável ao tempo, as coisas vão se transformando, e
assim deve ser, porém essa cultura faz parte da construção histórica de uma
civilização e deve ser lembrada como tal, essa diversidade cultural não pode passar
despercebida no episódio histórico-social.
Assim, tanto no estudo de culturas de sociedades diferentes quando das formas culturais no interior de uma sociedade, mostrar que a diversidade existe não implica concluir que tudo é relativo, apenas entender as realidades culturais no contexto da história de cada sociedade, das relações sociais dentro de cada qual e das relações entre elas. Nem tudo que é diverso o é da mesma forma. Não há razão para querer imortalizar as facetas culturais da miséria e da opressão. Afinal, as culturas movem-se não apenas pelo que existe, mas também pelas possibilidades e projetos do que pode vir a existir (SANTOS, 1994, p.20).
De acordo com Santos (1994) a sociedade coexiste culturalmente através de
aspectos desiguais. As influências estrangeiras demonstram que a disparidade de
poder acaba estabelecendo influência em todos os setores, os quais acabam
categorizando a sociedade. Estes aspectos são típicos da contemporaneidade não
se pode cogitar a hipótese de explanar a cultura, sem remeter-se as
dessemelhanças encontradas. Cabe-se somente evidenciar os problemas e procura
soluções para os mesmos
Mesmo com a cultura de maioria contrapondo alguns preceitos da cultura
popular, podemos dizer que não existe cultura melhor ou pior que outra, existe sim,
demonstrações culturais mais socializadas e também atos históricos e reais que
desencadearam situações de imposição cultural.
[...] Não há superioridade ou inferioridade de culturas ou traços culturais de modo absoluto, não há nenhuma lei natural que diga que as características de uma cultura a façam superior a outras [...] (SANTOS, 1994, p.16/17).
Na concepção de Santos (1994) muitos acreditam que a cultura somente
refere-se às representações artísticas, a dança, o canto, artes cênicas. Em outros
26
momentos, ao questionar a cultura contemporânea ele se remete aos meios de
comunicação de massa. Isso quando não está ligado aos mitos e crendices, aos
cultos, aos cultos e religiões, ao vestuário ou comidas, a linguagem.
Porém ele se remete a cultura de uma forma mais abrangente, focando os
aspectos que caracterizam o ser humano ou a humanidade. A amplitude de sentidos
não deve afetar o foco real, devemos nos importar com o que desencadeou essa
amplitude e localizar as teorias onde essa variedade se apóia. Através disso ele
coloca que deve fechar as lacunas e procurar o real significado da concepção
cultural, como se deu seu desenvolvimento, só assim, entendemos o verdadeiro
sentido da cultura.
Sendo assim ele acredita que a cultura é a generalização de fatos que
distinguem a forma de existir de uma sociedade, grupos ou povoações, tudo que se
relacionam com o cotidiano de uma sociedade é cultura.
Dentro da vertente existencial da sociedade, podemos dizer que os
conhecimentos culturais são passados de gerações para outras de forma relativa,
dada a importância que essa cultura exerce no local em que ela está inserida, assim
como os traços tradicionais e contemporâneos se fundem ao longo dos tempos.
Uma cultura pode ser conservada ao longo dos tempos, porém, ao viver essa cultura
nos dias atuais sempre vamos incorporar a ela traços o qual convivemos no
presente. Assim a cultura tradicional e a contemporânea sempre vão carregar algo
uma da outra, por que vivemos em dinamicidade e sendo assim podem se modificar
a qualquer instante.
[...] se a cultura não mudasse, não haveria o que fazer senão aceitar como naturais as suas características e estariam justificadas assim as suas relações de poder (SANTOS, 1994, p.83).
A diversidade cultural da sociedade é incalculável, porém, dentro de nosso
país também são estabelecidas de várias divisões. No interior de nossa sociedade
existem diversas formas culturais distintas / desconhecidas pelas pessoas que a
povoam, elas são vistas como culturas equívocas, fora do comum, isso acontece
com as comunidades que ficam mais afastadas dos centros urbanos, como grupos
indígenas, comunidades rurais, quilombos, grupos religiosos isolados, ciganos,
ripes.
27
Essas culturas são incomuns as da maioria levando em consideração que
essa multiplicidade cultural fez-nos o que somos, devemos respeitar as culturas
internas, pois ela nos ajudará a entender o sentido da diversidade existente em
nosso país. Estas culturas são muitas vezes remotas, até escondidas, mas se
encontram dentro de um país ativo, em constantes transformações, atualizações.
O reconhecimento da cultura popular como patrimônio histórico de nossa
sociedade é absolutamente necessário, porém esse sentimento e esse
reconhecimento deve ser internalizado naturalmente no indivíduo ao longo da sua
formação através do conhecimento. A escola tem um papel importantíssimo na
disseminação dessa cultura, pois é um lugar onde se viabiliza o saber, sabemos que
as instituições de ensino são em grande parte responsáveis pelo conhecimento que
carregamos conosco, nada mais justo que a cultura popular venha ter seu espaço no
ambiente escolar.
Referente a este assunto, o Presidente da República, Luís Inácio Lula da
Silva, em uso de suas atribuições sancionou a lei 10.639 em 9 de janeiro de 2003,
alterando a lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, afim de incluir obrigatoriamente o ensino da temática História e
Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares em todo Brasil. Este acontecimento
gerou a necessidade de verbalização dessa cultura no espaço escolar, a fim de
facilitar o processo de ensino-aprendizagem do aluno em relação as culturas
populares.
Segundo Abib (2004), a cultura popular não se encontra atrelada ao processo
de educação formal, acabam se distanciando destes procedimentos, por conta disto
não acontecem com tempo regular, com conteúdo programado, não tem um
cronograma de atividades nesse âmbito, porém, não se deve esquecer sua
relevância, pois essa cultura introduz o sujeito em uma realidade diferente da que é
oferecida na formal e possibilitar uma maior flexibilidade na sua execução.
As culturas populares são caracterizadas como não-formais, e por isso muitas
vezes acabam sendo descriminados pelos responsáveis em validar os processos
formais, por ser uma cultura de minoria oriunda de comunidades, não sendo
implantadas com freqüência e instabilidade nas intuições de ensino.
Abib (2004), diz ainda, que nunca houve uma legitimação da cultura popular
no currículo da educação formal. Segundo ele, as manifestações populares são
demonstradas de forma folclóricas, em festejos que acontecem uma ou duas vezes
28
no ano. Esse fato denota o preconceito com que essa cultua é tratada, pois nas suas
palavras essa é a “herança de uma racionalidade eurocêntrica”, que ainda exercem
influência sobre os processos formais pedagógicos, ainda que haja ambientes que
estejam sendo beneficiados com programas de incentivo a essa vertente.
29
5 METODOLOGIA
O presente trabalho tem como objeto a análise da dança afro nos quilombos
de Alagoinhas, trata-se de um estudo de cunho qualitativo, por lidar com relações
humanas, esse conteúdo não pode ser quantificado, pois não se encaixa com o
sentido social da pesquisa, que se volta para a natureza dos sentidos, atos e
realizações do comportamento humano.
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 1994, p.21).
Essa pesquisa foi desenvolvida a partir de um Estudo Comparativo de Caso,
possui caráter descritivo. Este tipo de estudo tende analisar não só um caso, mas
dois ou mais fazendo uma relação comparativa entre os mesmos. O Estudo de caso
se propõe a observar e entender determinados fenômenos. E a partir desse
entendimento, avaliar uma dada realidade em um determinado local, não
generalizando o estudo, ele se apega a uma delimitada porção ou um caso particular
do ambiente, visando propiciar uma dimensão ampla de um problema ou mostrar
indícios de acontecimentos que impactam em uma realidade. No parecer
comparativo a análise deve abranger os casos definidos na pesquisa, este tipo de
estudo permiti evidenciar diferentes situações em múltiplos ambientes.
Um aspecto interessante do Estudo de Caso é o de existir a possibilidade de estabelecer comparações entre dois ou mais enfoques específicos, o que dá origem aos Estudos Comparativos de Caso. O enfoque comparativo enriquece a pesquisa qualitativa, especialmente se ele se realiza na perspectiva histórico-estrutural (TRIVIÑOS, 1928, p. 136).
Por este estudo ser de cunho social a abordagem foi feita com base na
Sociologia Compreensiva, pois trata-se de uma analise das representações culturais
no ambiente do quilombo, ao qual pertence os determinados grupos de dança com
30
descendência africana. Essa corrente frisa a analise das relações e ações humanas
através da realidade social em que os indivíduos estão inseridos.
De acordo com Minayo (1994) os autores que trabalham com essa vertente
não estão interessados em quantificar, eles desejam identificar, entender e explanar
a manifestações sociais que são dispostas através de tradições e costumes, saberes
relacionados ao acúmulo de conhecimento absorvidos com o tempo, realidades de
ambientes a partir da influência humana, ele acredita que não se pode separar o
social do natural, haja visto que no seu entendimento um completa o outro.
Num embate frontal com o Positivismo, a Sociologia Compreensiva propõe a subjetividade como o fundamento do sentido da vida social e defende-a como constitutiva do social e inerente à construção da objetividade nas ciências sociais (MINAYO, 1994, p.24).
Referente ao espaço e sujeitos da pesquisa, o estudo foi realizado no
ambiente do Catuzinho e Buri, distritos do Município de Alagoinhas. Afastados da
urbanização da cidade, ficam localizados na zona rural.
Reconhecido como remanescente de quilombo no ano de 2004, pela
Fundação Cultural dos Palmares (FCP), o Catuzinho tem uma população que vive
basicamente da produção rural e principalmente da agricultura familiar ou de
subsistência. Nessa comunidade os registros que se tem de danças com
descendência africana é o Samba de Roda. A partir do Samba surgiu o Grupo de
Samba Estrela do Catuzinho, contendo cerca de 30 componentes, alguns fixos
outros simpatizantes, nesse grupo são encontrados criança, jovens e idosos, não
existe uma faixa etária definida. Existia lá também a dança afro, porém o grupo
formados por jovens meninas não teve continuidade por falta de incentivo.
Segundo a Coordenadora de Reparação Social da (Secretaria Municipal de
Assistência Social) SEMAS, Marizélia Soares dos Santos, a comunidade do Buri se
encontra nos dias atuais em processo de reconhecimento de remanescente de
quilombos. Seus habitantes, em sua maioria, ainda nos dias atuais subsistem
através da agricultura, da culinária por meio de iguarias como Beiju, pé de moleque,
bolacha de goma, farinha de mandioca e outras. Nessa comunidade o registro de
dança que se tem também é o Samba de Roda, o grupo que pratica essa cultura
corporal é conhecido como Samba de Roda do Buri, é composto por jovens e
adultos, porém prevalecem os jovens, tem cerca de 20 componentes.
31
As comunidades quilombolas referidas acima são afastadas da região central
do município de Alagoinhas, bem característicos de quilombo, suas particularidades
são a sobrevivência das raízes culturais destacados pelo tradicionalismo, as
manifestações sociais, essas comunidades vem mostrando a dança como um
patrimônio cultural. Além disso, mantém no seu cotidiano características não muito
diferente dos seus primórdios. Articulam-se como podem em grupos que são
formados no intuito de melhorar a qualidade de vida da comunidade, a participação
maciça nas causas sociais, o interesse na divulgação dos diversos produtos
confeccionados pela população local, demonstra a união e a solidariedade contida
entre as pessoas nesses ambientes.
O que fica claro dentro destes quilombos, é a capacidade que o quilombola
tem em nutrir a essência de sua raiz africana revelada pela culinária, pelas histórias,
pelo saudosismo e pelas manifestações culturais completadas no batuque dos
tambores, nas palmas, no canto e na alegria do povo que dança com amor em
respeito aos seus ancestrais e com grande preocupação em mostrar através da
dança que ainda reside em alagoinhas à cultura afro-brasileira com costumes
tradicionais típicos dos quilombos.
Na coleta de dados utilizou-se a observação não participante visando um
comportamento humano natural, relacionado ao cotidiano da comunidade, nesse
intuito não foram feitas intervenções, para que o individuo continuasse vivenciando
comodamente as suas atividades rotineiras. Este tipo de observação possibilita a
analise do ambiente, grupo ou pessoa sem alterar a natureza dos fatos neles
existentes, avaliando assim a legítima situação local, social, histórica e cultural sem
deformações na realidade encontrada.
[...] o observador é não participante: aparece como um elemento que “vê de fora”, um estranho, uma pessoa que não está envolvida na situação, como, por exemplo, um professor interessado em conhecer o comportamento dos alunos na hora do recreio e que os observa de
uma janela (RUDIO, 2009, p.43).
Na análise dos dados a pesquisa foi dividida em dois momentos, o primeiro se
refere observação que foi feita aos grupos, a partir dos ensaios e apresentações dos
mesmos que foram acompanhados. As observações aconteceram com o
seguimento das atividades rotineiras dos grupos, no Buri foram realizados três
32
encontros formais, estes foram registrados por meio de filmagens e fotografias e no
Catuzinho foram realizados quatro encontros formais, também registrados da
mesma forma, não esquecendo os encontros informais que aconteceram de forma
espontânea ao longo da pesquisa nos dois espaços. O que foi observado nos
encontros foi registrado no diário de campo.
A entrevista semi-estruturada foi utilizada como complemento na coleta, ela
possibilita uma maior liberdade ao indivíduo na sua execução, e permiti uma ampla
flexibilidade aos novos questionamentos que surgem ao decorrer da mesma.
Transformando o ambiente propício a uma conversação mais aberta no sentido das
formalidades, obtendo assim de forma espontânea uma liberdade no discurso do
entrevistado. A partir disso pode-se ter um conteúdo maior nas informações contidas
na conversação, que poderiam passar despercebidas pelo pesquisador se às
questões fossem pré-estabelecidas sem flexibilidade. Essa liberdade que o autor
relata abaixo consiste na essência dessa técnica, pois, existe a possibilidade de
serem acrescentados novos contextos, dependendo do entrevistado, podem ser
levantadas questões complementares ao assunto discorrido.
Entrevista semi-estruturada: fica entre os dois extremos discutidos. O entrevistador pergunta algumas questões em uma ordem pré-determinada, mas dentro de cada questão é relativamente grande a liberdade do entrevistado (MOREIRA, 2002, p.55).
A entrevista semi-estruturada foi analisada em quatro categorias sendo essas:
Identificação do Entrevistado, Envolvimento com a Dança, Desenvolvimento da
Dança na Comunidade e a Relação do Tradicional e o Contemporâneo. As mesmas
foram aplicadas a cinco sujeitos, sendo três do Catuzinho e dois do Buri. A fim de
manter sigilo em relação aos nomes dos sujeitos, os mesmos ficaram identificados
como: (ES), (MC), (GN), (MI), (AC), disponíveis nessa ordem, todos os indivíduos
responderam as perguntas de espontânea vontade, contendo a assinatura dos
mesmos no termo de consentimento livre esclarecido.
A análise dos dados da pesquisa foi feita a partir da análise de conteúdo.
Seguindo o pensamento de Minayo (1994), na análise de conteúdo temos a
capacidade de resolucionar questionamentos dispostos no estudo e nos certificar de
conceitos preestabelecidos antes mesmo da pesquisa de campo. Podemos também
depois da análise fazer a comparação real do que foi dito no discurso e descobrir
33
alguma contradição que poder ser abordada. Sendo assim a análise de conteúdo e a
investigação são complementos unidos um ao outro nesse sentido. Essa análise
pode se dá de várias formas indo da avaliação de uma grande obra até um simples
depoimento e acolhe tanto o método qualitativo quanto o quantitativo. Ainda para a
autora a análise de conteúdo permite analisar as entrelinhas do que foi dito. Por isso
é uma das técnicas que mais se utiliza em pesquisas qualitativas.
[...] através da analise de conteúdo, podemos encontrar respostas para questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipótese). A outra função diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado (MINAYO, 1994, p.74).
A análise dos dados se deu de forma sistemática depois dos primeiros
passos, contidos acima se desenvolveu a análise de conteúdo que foi feita a partir
da categorização do discurso contido nas entrevistas realizadas com os
coordenadores dos grupos de dança, foram emitidos sentidos as respostas contidas
na entrevista sendo priorizada sempre a fala que mais se repetia. No segundo
momento com a observação, foi gerado um capitulo, sendo ele: O que foi visto nas
Comunidades, a fim de destacar e esclarecer as observações feitas no campo de
pesquisa.
A categorização consiste na organização dos dados de forma que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir deles. Isso requer a construção de um conjunto de categorias descritivas [...] (GIL, 2002, p.134).
Para manter sigilo referente aos sujeitos da pesquisa, os mesmos, foram
identificados como: AS, MC, GN, MI e AC. A entrevista foi realizada com os
coordenadores dos grupos de dança e a observação se deu com acompanhamento
das atividades rotineiras dos grupos, no Buri foram realizados três encontros
formais, estes foram registrados por meio de filmagens e fotografias e no Catuzinho
foram realizados quatro encontros formais não esquecendo os encontros informais
que encontros de forma espontânea ao longo da pesquisa.
Na primeira categoria referente a Identificação do Entrevistado, notou-se que
a maior parte dos coordenadores, sendo três em sua totalidade tem formação no
magistério, tendo os dois restante segundo grau completo. Na segunda categoria
34
que é o envolvimento com a dança quando os entrevistados foram questionados
sobre com se deu o seu envolvimento com a dança a maioria disse que se deu
desde a infância sendo esses três sujeitos ES, MG e GN os outros dois disseram
que foi quando começaram a freqüentar a comunidade, no segundo questionamento
onde se questionou o tipo da dança que é trabalhada na comunidade os cinco
sujeitos; ES, MC, GM, MI e AC responderam unanimidade que era o Samba de
Roda sendo que três desses: GN, MI e AC cogitaram a presença que houve a
presença da dança afro, mas que esse grupo não teve continuidade. Ainda na
mesma categoria perguntou-se a quanto tempo os entrevistados trabalhavam com a
dança três deles responderam, entre cinco á sete anos ES, GN e AC.
Na categoria, Desenvolvimento da Dança na Comunidade o primeiro
questionamento; como surgiu o grupo; três pessoas acreditam que foi como resgate
cultural MC, MI e AC, sendo que os outros dois acreditam que surgiu como uma
proposta de lazer; ao perguntar quem fundou o grupo três pessoas, MI, MC e AC
responderam que foi a comunidade em conjunto, os outros dois citaram nomes de
parentes, no último questionamento desta categoria foi perguntado, em quem eles
se inspiraram, a resposta foi unânime, os cinco ES, MC, GN, MI e AC, afirmaram ter
sido nos ancestrais.
Em a Relação do Tradicional e o Contemporâneo, essa categoria
desencadeou quatro perguntas uma delas foi qual a diferença da dança de hoje com
a de antigamente, os sujeitos tiveram respostam diferentes, porem só um deles (MI)
respondeu referente a dança, os outros fugiram do tema, quando questionados se
tinha figurino e se ele era baseado no tradicional ou no contemporâneo, os três
responderam no contemporâneo e dois disseram ser no tradicional porém os dois
últimos disseram ter traço contemporâneo na dança afro quando era realizado lá ao
se perguntar o que mudou na dança de antigamente para os dias atuais três
pessoas disseram ser mudou a maneira de vestir, a ginga e instrumentos GN, MI e
AC e quando questionou-se o que prevaleceu no grupo que não pode ser alterado a
resposta homogênea foi a manutenção da cultura e do tradicionalismo não pode ser
alterados onde AS, MC, GN, MI e AC responderam da mesma forma.
Essa ultima categoria não foi planejada, porém surgiu ao longo das
discussões chama-se Auxilio Governamental tinha como questionamento qual o
apoio político que eles recebiam para o desenvolvimento das atividades, todos
responderam que não recebia nenhum tipo de incentivo financeiro.
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Os dados coletados os dados para pós-entrevista foram interpretados,
juntamente com o auxílio dos recursos bibliográficos. Esse instrumento contribuiu
para a análise do grupo e das vertentes culturais.
36
6 O QUE FOI VISTO NO CAMPO
Neste capítulo será disposta a relação dos elementos presentes no campo de
pesquisa através da observação. Nele tentaremos mostrar não só o ambiente dos
quilombos como também todos os espaços e situações que a pesquisa nos levou.
Iniciaremos descrevendo os encontros com os grupos de Samba de Roda e os
locais onde os mesmos aconteceram.
O primeiro encontro com o grupo de samba de roda do Buri, se deu durante a
Semana de Arte: Encontro de todas as linguagens do Agreste ao Litoral Norte, que
aconteceu entre os dias 21 e 28 de maio, foi um encontro a fim de juntar e
evidenciar as várias linguagens artísticas da cidade, oportunizando a população o
acesso a cultura com preços populares. Esse encontro aconteceu no Centro de
Cultura de Alagoinhas, no dia 21 de maio de 2010, sendo que o grupo fez a abertura
das apresentações.
Figura 1 - Grupo de Samba de Roda do Buri no Centro de Cultura.
Figura 2 - Tocadores do Buri, acompanhando o Samba com palmas.
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O segundo acompanhamento ao grupo foi feito no dia 25.05.2010, Durante o
evento Africae, que foi preparado a fim de receber e homenagear o Embaixador e o
Ministro do Congo aqui em Alagoinhas, esse evento foi organizado pela Prefeitura,
juntamente com a SECEL (Secretaria de Cultura Esporte e Lazer) e a SEMAS
(Secretaria Municipal de Assistência Social), no intuito de formar uma aliança do
Congo com Alagoinhas, abordando a troca de saberes econômicos e culturais.
Nessa noite apresentaram-se no Horto Neandertal, o Samba de Roda do Buri, como
também os grupos Filhos do Congo e a Capoeira Filhos de Maré.
Figura 3 - Samba de Roda do Buri no Horto Neanderthal.
Figura 4 - Homenageados da noite no Horto, (da esquerda para direita) Ministro do Congo, Prefeito de Alagoinhas e Embaixador do Congo.
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O terceiro acompanhamento ao grupo de samba de roda do buri aconteceu
no dia 29 de agosto de 2011, Alagoinhas participou da XI Caminhada do Folclore de
Feira de Santana, com uma comissão de 70 pessoas, membros de grupos de
capoeira, o Samba de Roda do Buri e outras entidades da região.
Figura 5 – Caminhada do Folclore em Feira, Baianas à frente Grupo do Buri atrás.
Figura 6 - Uma das Cantadoras do Samba do Catuzinho, na própria Comunidade
O primeiro encontro com o grupo de Samba Estrela do Catuzinho aconteceu
no dia 16.10.10, na própria comunidade do Catuzinho, O Samba foi programado pra
acontecer a noite em um espaço chamado Bar de Alex. Além da participação do
grupo também contou com a presença das pessoas da comunidade e de outros
remanescentes de quilombos.
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Figura 7 - Crianças na Roda de Samba da Comunidade Catuzinho.
O segundo encontro foi no dia 23.10.10, à noite, em um Terreiro de
Candomblé na Cidade de Alagoinhas, no Bairro de Alagoinhas velha, onde o Grupo
de Samba Estrela do Catuzinho, juntamente com os freqüentadores do terreiro,
praticaram a cultura através de canto, dança e religião.
Figura 8 - Mãe de Santo do Terreiro na Roda de Samba.
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Figura 9 - Altar dos Santos no Terreiro de Candomblé
O terceiro acompanhamento ao Grupo de Samba Estrela do Catuzinho,
aconteceu no km 12, Ba 110, a Caminho de Inhambupe, conhecido como “Os 12” ,o
local também é visto pela comunidade como remanescente de quilombo, porém não
é regulamentado ainda. Este samba aconteceu no Espaço Bernadino, no dia
13.11.10, ele fica localizado a beira da estrada, o Grupo foi convidado pra sambar na
comemoração de um aniversário.
Figura 10 - Tocadores do Estrela do Catuzinho no Km 12.
Quarto acompanhamento se deu no dia 12.12.2010, ao grupo foi no próprio
Catuzinho, onde o grupo A Estrela do Catuzinho, se reuni a cada 2º domingo do mês
onde as seguintes questões foram abordadas: as futuras apresentações, as
despesas com transporte, lugares onde serão realizadas as apresentações,
retrospectivas do ano de 2010, pontos a serem mudados no grupo, ensaio das
cantigas e a busca pelo samba de raiz. Ficaram marcados três Sambas, nas
comunidades do Cangula, Tombador, e Rio Branco. Na reunião encontra-se em
massa as pessoas mais velhas do grupo.
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Figura 11 - Reunião do Grupo na Comunidade do Catuzinho.
Figura 12 - Grupo do Catuzinho na gravação do DVD.
Pude perceber que no samba de roda do Catuzinho existem alguns costumes
inerentes a dança, sendo utilizados três tipos de samba. Que são: o Chula, o
Santamarense e o Batuque. No Chula e no Santamarense, quando o cantor esta
em ação, o grupo não pode entrar na roda pra sambar, pode somente acompanhar
com palmas, assim que terminam as cantorias trios ou duplas de mulheres podem
entrar pra sambar ao ritmo dos instrumentos, os homens dançam depois, também
em trios ou duplas. O Batuque é o ritmo mais agitado, onde os tocadores animam o
povo, o cantor canta e a platéia responde, nesse momento todos podem entrar na
roda sambando, porém cada sexo por vez, mulheres primeiro e depois homens. Já
no Buri foi encontrado um samba mais solto e descontraído em relação ao
tradicionalismo, onde a qualquer momento podiam entrar pessoas na roda, de
ambos os sexos, sem estipular quantidade eles não fazem a separação dos ritmos
42
do samba e tocam a qualquer momento os vários ritmos existentes, as pessoas que
geralmente iam observar as apresentações acabavam entrando na roda também
Em relação ao ambiente das apresentações, foi visto que no Catuzinho, o
grupo costuma se apresentar em Comunidade quilombolas e muitas vezes na
própria comunidade, em vários acontecimentos, aniversários, rezas, ou festejos sem
motivos específicos, nessa vertente a dança estava mais voltada para o lazer. Já no
Buri no período da pesquisa tiveram uma apresentação na Comunidade, sendo que
todas as outras aconteceram no centro da cidade em épocas festivas ou abertura de
eventos, nessa vertente o Grupo trabalha mais com a divulgação da cultura através
da dança espetáculo.
O samba de roda ocorre em todo o Estado da Bahia. Apresenta inúmeras variações que parecem estar relacionadas com aspectos ecológicos, históricos e socioeconômicos das diferentes regiões do Estado (LIMA e outros, 2004, p.17).
Sobre o figurino pôde-se observar que o figurino do Catuzinho é mais voltado
para o tradicional, as saias rodadas ainda vão até o pé, porém essa vestimenta não
é usada com freqüência pelo grupo, eles preferem ir para o samba com ropas
normais da atualidade, somente usando o figurino em apresentações de maior
vizibilidade social, como na gravação do DVD. O grupo do Buri costuma sempre se
apresentar com seu figurino, porém ele é mais voltado para o contemporâneo, as
saias são rodadas mais já se encontram no joelho e as blusa são personalizada e
rentes ao corpo.
A religião, sobre ela o grupo do catuzinho afirma ter uma relação indireta com
a mesma, hoje seus componentes são de religiões variadas, e eles não estabelecem
rituais durante suas apresentações, porem como esperam convite para levar o
samba para os locais, geralmente são chamados para Terreiros de Candomblé, e a
religião nunca foi empecilho para que deixassem de sambar. No buri os
coordenadores afirmam que nos dias atuais na há envolvimento com a religião,
houve sim antigamente, que toda reza terminava em samba, ou todo samba
terminava em reza.
O samba também acontece depois de festas de candomblés de rito nagô ou angola, em alguns casos, já como tradição institucionalizada e, em outros casos, como algo espontâneo que
43
pode acontecer ou não a depender do ânimo das pessoas (LIMA e outros, 2004, p.19).
Em relação à faixa etária dos participantes foi visto que no Catuzinho, há
participação de todas as classes, porém, destaca-se a presença de anciãos e
crianças. Interessante é que geralmente os sambas do Catuzinho costumam
começar a noite e terminar pela manhã e todos, sem distinções, acompanham o
samba até terminar. No buri isso muda, existem no grupo adultos, jovens e anciãos,
porém a prevalência maior das sambadeiras é de jovens, sobressai nesse aspecto o
sexo feminino, sendo que os homens se encarregam de tocar, geralmente o tempo
das apresentações é mais curto, durando o tempo necessário para sua
apresentação.
É significante a ligação que o samba consegue entre todas as faixas etárias e entre os sexos, como também o fato de que formas de samba são ligadas, de uma ou outra maneira [...] (LIMA e outros, 2004, p.21).
Os dois grupos afirmaram cada um do seu jeito, que a inspiração para o
samba veio dos seus antepassados e descendentes, que o samba está no sangue,
e na sua execução se encontram em estado de euforia total, sem cansaço, sem
dores, sem problemas, frase dita por uma componente do Samba de Roda do Buri,
Nathy: “eu sambo com pé no chão até o dia amanhecer, na hora eu não sinto nada”.
Visto o reflexo da sobrevivência de uma cultura afro brasileira, grupos
organizados em prol de um objetivo em comum, pois toda comunidade quilombola
sabe sua história de luta pra sobreviver e manter a sua cultura, sobretudo o grande
valor sociocultural que as manifestações dessa uma origem têm e o quanto se faz
necessário demonstrar e disseminar a competências dessas comunidades.
Naturalmente encontra-se nos quilombos o empirismo a flor da pele a partir
das experienciais vividas, que valem mais do que dados, nesse sentido, são
utilizados dentro do ambiente dos quilombos plantas medicinais que servem de
remédio, como também uma invejável culinária típica dos remanescentes dos
quilombos, a forte ligação com os dogmas e preceitos religiosos com maior força o
catolicismo que se aproxima através da dança como o samba de roda que
antigamente acontecia nas rezas, pois os ritmos e os movimentos eram em
reverência a Santos, isso revela que os ancestrais quilombolas tinham respeito e
existe um tradicionalismo por parte dos moradores condizendo com a sua realidade.
44
Não se pode dizer que a cultura seja algo independente da vida social, algo que nada tem a ver com a realidade onde existe. Entendida dessa forma, cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social [...] (SANTOS, 1994, p.44).
Relatos evidenciaram a presença da cultura na comunidade quilombola desde
a infância, eles carregam o Samba de Roda e o tradicionalismo preservando-os nos
quilombos. As gerações se envolvem de modo geral tanto senhores idosos como
crianças e jovem de diversas faixas etária que é grande maioria, disseminam a
cultura local para que se tenha o devido reconhecimento social e seus valores
seculares.
Nos dias atuais a cultura do samba de roda é desenvolvida na comunidade
como método de lazer entre os jovens que revelam gostar da dança e entre outros é
uma forma de demonstrar os valores culturais da comunidade com interesse de
promoção da igualdade racial entre os projetos sociais que envolvem a comunidade
quilombola, ou seja, vêem o samba como um produto de resgate cultural na
comunidade.
Há uma preocupação no sentido de fazer manter essa cultura de geração
para geração, então a comunidade quilombola também troca experiências entre as
diversas comunidades de mesma matriz, com promoção de eventos e encontro
dentro da comunidade para apresentação do grupo de samba de roda, pois existe a
necessidade de manutenção da tradição e acreditam que se deixarem de praticar
essa cultura morrerá e o processo de disseminação deve ser de berço de pais para
filhos, por isso, nesses encontros desenvolvem figurinos ligados ao contemporâneo
sem perder tradicionalismo das cores vivas e chamativas, para atrair o publico mais
jovem assim como os cantos e instrumentos são misturados em modernos e
arcaicos, o que já denota a preocupação vigente em dar seguimento a tradição
cultural.
Estas comunidades possuem líderes que fazem toda a organização no
sentido de planejar, elaborar de projetos e eventos, representação comunitária,
desenvolvimento de figurinos, dentre outras necessidades do grupo, pois querem ser
vistos como um grupo organizado e antes, segundo alguns relatos, não eram ou não
se caracterizavam como tal e acabava gerando descrédito tanto dentro da
comunidade como fora, hoje eles se encontram cientes da necessidade dessa
organização.
45
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A trajetória histórica da dança é repleta de sentidos e significados dentro das
civilizações humanas. Ela se transforma a cada época e cultura. O registro da dança
no contexto geral, na maioria das vezes está baseada na visão européia, porém,
resta-nos a pergunta: Como ficam os registros e a história da danças e da cultura
populares?
Geralmente quando se fala na história da dança, não se encontra inclusa as
populares, e quando se acha um material ou registro dessa cultura corporal, é em
um livro específico dessa temática. Resumindo a dança tida como popular sempre
se encontrou marginalizada e discriminada na sociedade por conta de suas origens.
Porém, não são vistos incentivos nesse âmbito. Nas escolas, a cultura e a dança
popular ou com descendência africana só são vistas em épocas folclóricas. Se a
cultura existencial do indivíduo não é cultivada e nem internalizada dentro dele, ao
longo de sua formação, ela não vai se destacar na vida do sujeito.
Nessa perspectiva foi encontrado nos ambientes remanescentes de
quilombos pesquisados a cultura e a dança afro, de modo predominante na
comunidade. E as heranças deixadas permanecem bem conservadas, nos diálogos
dos quilombolas, nas lembranças deles, na vivência da cultura, em tudo que é visto
naquele ambiente, sempre são encontrados, vestígios de uma comunidade
quilombola que mantêm um tradicionalismo em seu costumes. O empirismo ainda é
forte, mas aliado aos saberes contemporâneos e a mídia, sofrem uma dada
influência, mas que não abrange a todas as pessoas das comunidades.
O desenvolvimento e a disseminação da dança na comunidade acontecem,
de forma aliada uma a outra, as duas vertentes acontecem ao mesmo tempo nas
comunidades, as pessoas costumam aprender e respeitar essa cultura corporal
desde a infância. O colégio existente na comunidade do Catuzinho, por já serem
reconhecidos remanescentes de quilombos, recebe um material diferenciado,
através de periódicos que abordam a herança cultural negra e sua intervenção na
formação da comunidade. No buri também encontram-se periódicos nesse sentido,
porém em menor quantidade e menos detalhados.
No âmbito da educação física, essa cultura corporal ainda se encontra, pouco
difundida e cabe a nós profissionais e/ou professores de Educação Física,
46
trabalharem essa possibilidade em nossos conteúdos, já que é uma pratica
agradável e satisfatória em seus resultados, pois qualquer atividade que envolva a
dança, no ambiente escolar ou nos vários ambientes que a mesma pode ser
praticada, gera uma compreensão corporal, desencadeia a expressividade e a
criatividade do movimento, aflora estímulos desconhecidos nos sujeitos, mexe com o
íntimo e a sensibilidade e provoca a aprendizagem de forma lúdica e espontânea.
A pesquisa colabora fortemente com a quebra dos paradigmas vinculados ao
elemento dança, seja ele em qualquer vertente. A partir disso, demonstra um amplo
conhecimento sobre as possibilidades do dançar, envolvendo a todos que desejem
desfrutar dessa cultura corporal. Esse também promove a sociabilização dos
conceitos culturais e tradicionais contidos na dança afro, desenvolvendo uma
aproximação histórica com a mesma.
Movidos também pela necessidade de abordar a cultura regional
alagoinhense através da dança, a fim de favorecer o conhecimento desse legado a
comunidade com o auxílio da pesquisa, essa pesquisa contribui com essa produção
literária para a cidade de Alagoinhas, instigando a construção de novas obras nesse
âmbito, por acreditar que existe uma certa carência de estudos acadêmicos nesta
área. Além disso pesquisa quis aproximar a comunidade acadêmica da comunidade
rural, visando sociabilizar ambas para que futuramente, sejam realizados mais
estudos, projetos e pesquisa nesse âmbito, enriquecendo assim os dois ambientes.
E em fim aflorando o desejo das pessoas de conhecer mais e praticar a dança afro,
para que desfrutarem do contentamento e dos atributos inerentes a mesma.
É preciso construir uma ação de permanência e disseminação dessa cultura,
para tanto são colocadas as seguintes sugestões: que através desse estudo a
comunidade acadêmica se aproxime da comunidade rural a fim de interagir nesse
rico e extenso campo; a partir da evidência dada, os governantes devem se dedicar
mais a questão da subsistência e da preservação cultural quilombola; trabalhar mais
as danças populares, a fim de demonstra e incorporar aos sujeitos sociais parte de
sua origem cultural; que se realizem mais pesquisas nesse âmbito para socializar
mais produções no contexto social.
47
REFERÊNCIAS
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Disponível em: http://www.grupomel.ufba.br/textos/download/cultura_popular_educacao_lazer.pdf. Acesso em 30/01/2011.
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concepção históricocríticasocial; v. 1) DAVIDSON, Basil. Os Africanos: Uma Introdução à sua História Cultural. Av.
Duque de Ávila, 69, r/c. Esq.- Lisboa. Edições 70, 1969. Título original: The Africans. Na Entry to Cultural History. Todos direitos para a Língua Portuguesa reservados por Edições 70, Lisboa, Portugal. Tradução de Fernanda Maria Tomé da Silva.
DECRETO 10.639. Altera a Lei no 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10. 639.htm. Acesso em 31/01/2011. DIÁRIO OFICIAL. Decreto 4.887/03, que regulamenta titulação de terras
quilombolas. Disponível em: <http://www.midiaindependente.org/eo/red/2003/11/ 268702.shtml>. Acesso em: 30 de mai. 2010.
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MOREIRA, Daniel Augusto. O Método Fenomenológico da Pesquisa. São Paulo, editora Pioneira Thomson, 2002.
48
MOURA, Clóvis. Os quilombos e a rebelião negra. 3ª ed., São Paulo, editora Brasillense, 1987. (Coleção tudo é história) OLIVEIRA, Nadir Nóbrega. AGÔ ALAFIJU, ODARA! A presença de Clyde Wesley
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TRIVIÑOS, Augusto Nivaldo Silva. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 1ª ed. São Paulo, editora Atlas, 1928.
49
APÊNDICE A
50
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Silvana Maria de Souza, estudante do curso de Licenciatura em Educação Física
da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Campus ll, estou em processo de construção
da minha monografia de conclusão de curso. O meu estudo será sobre a dança afro nos
quilombos de Alagoinhas: identificação da existência de uma herança cultural. Para tanto,
devo acompanhar e observar as atividades dos grupos de dança e realizar entrevistas com
os coordenadores dos mesmos, nos quilombos do Catuzinho e Buri em Alagoinhas.
Comprometo-me com o sigilo em relação aos nomes do(s) sujeito(s).
( ) Aceito participar da pesquisa.
( ) Não aceito participar da pesquisa.
_______________________________________
Assinatura do (a) participante da pesquisa
51
APÊNDICE B
52
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO- CAMPUS II
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
1. IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
1.1. Nome?
1.2. Idade?
1.3. Formação?
1.4. Atuação?
2. ENVOLVIMENTO COM A DANÇA:
2.1. Como se deu seu envolvimento com dança?
2.2. Que tipo de dança é trabalhada na comunidade?
2.3. A quanto tempo você trabalha com a dança?
3. DESENVOLVIMENTO DA DANÇA NA COMUNIDADE:
3.1. Como surgiu o grupo?
3.2. Quem fundou?
3.3. Em quem vocês se inspiraram?
4. A RELAÇÃO DO TRADICIONAL E O CONTEMPORÂNEO:
4.1. Qual a diferença da dança de hoje com a de antigamente?
4.2. Vocês usam figurino? Ele é baseado no tradicional ou no contemporâneo?
4.3. O que mudou na dança de antigamente para os dias atuais?
4.4. O que prevalece ou prevaleceu no grupo que não pôde ser alterado?
53
APÊNDICE C
54
TABELA DE CATEGORIAS
CATEGORIA NÚCLEO DE SENTIDOS QUANTIDADE
Identificação do
Entrevistado
Formação Magistério
3
Envolvimento Com a
Dança
Desde a infância 3
Se trabalhada na comunidade o Samba de Roda 4
Contato com a dança entre 5 e 7 anos 3
Tem envolvimento com a religião 3
Desenvolvimento da
Dança na Comunidade
Como um resgate cultural 3
Fundação dos Grupos por todos da Comunidade 3
Inspiração vinda de descendentes e ancestrais 5
A Relação do
Tradicional e o
Contemporâneo
A dança se encontra mais solta e aberta, sem
censuras.
1
Figurino mais voltado pro contemporâneo 3
Mudou a maneira de vestir, a ginga e
instrumentos
3
A manutenção da cultura e do tradicionalismo
não pode ser alterados
5
Auxílio Governamental
Sem incentivo econômico financeiro
5
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ANEXOS
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