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Daniel e Apocalipse

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A ESCATOLOGIA DE DANIEL Capítulo 1 de Daniel O estudo verso a verso do livro de Daniel tem como objetivo revelar a história deste jovem hebreu que, com 18 anos de idade, foi levado preso à Babilônia e se tornou oficial do governo do Império Babilônico comandado pelo Rei Nabucodonosor, sob a bênção e direção de Deus. O livro também nos revela como Deus protegeu e abençoou a vida deste jovem que foi sempre fiel aos princípios bíblicos. Foi usado pelo Senhor para revelar o significado de muitas profecias e nos dar grandes lições sobre o trato de Deus com os governantes e negócios deste mundo e Sua soberania na condução da História. O livro é dividido em duas partes: os capítulos de 1 a 6 revelam a parte histórica e os capítulos de 7 a 12 a parte profética. Os primeiros seis capítulos apresentam o conflito sobrenatural entre as forças do bem e do mal. Os demais revelam a tentativa humana de estabelecer um domínio mundial, perseguindo-se inclusive o povo de Deus. Vale lembrar que este estudo é livre de qualquer opinião pessoal ou interpretações religiosas. Todos os significados de versos, datas e símbolos são retirados da própria Bíblia, confirmados pela história da humanidade. Quem foi Daniel? Daniel era um jovem hebreu a quem Nabucodonosor, rei do império babilônico, levou como escravo de Jerusalém para Babilônia, no ano 605 a.C. no início dos setenta anos de cativeiro do povo de Israel. Junto à corte do rei, Daniel e mais três amigos hebreus destacaram-se por seus conhecimentos gerais. Deus permitiu que Daniel e seus companheiros fossem levados presos à Babilônia para que, vivendo em uma nação de idólatras, pudessem representar o Seu caráter. Nascido de uma família judaica de alto nível e exilado para a Babilônia no fim de sua adolescência, durante toda sua vida adulta Daniel desempenhou tarefas de estadista e consultor governamental.

Os contatos diários com a política internacional fizeram com que seus escritos assumissem características de extraordinária praticidade. Foi, sem dúvida, marcante a forma como Deus conduziu as coisas, de tal modo que esse jovem prisioneiro viesse a tornar-se o principal conselheiro do próprio rei que o levara

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para o cativeiro. Daniel 1:1 - No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. Nabucodonosor invadiu Jerusalém pela primeira vez no ano 605 a.C. Nos anos 597 e 586 a.C. seus exércitos invadiram a palestina novamente, sendo que nesta última ocasião, a cidade de Jerusalém foi destruída, inclusive o templo de Salomão. Daniel e seus companheiros estavam entre os presos da primeira invasão (605.a.C.). Daniel 1:2 - O Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da Casa de Deus; a estes, levou-os para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e os pôs na casa do tesouro do seu deus. Após décadas de advertências, o Senhor permitiu a escravidão de Israel a fim de que Seu povo pudesse experimentar a diferença entre servir o Deus verdadeiro e servir ao paganismo. Também como punição pelas constantes apostasias de Israel. Na época, o povo de Deus vivia em total desobediência (Deut. 28-30). Os moradores de Judá se achavam tragicamente cauterizados em seus pecados. Muitos foram os pecados de Israel. Estes são revelados pelo profeta Jeremias nos versos: 9:14; 17:19-27; 22:1-5; 28. Resumidamente foram: desonestidade, injustiça com os pobres, assassinato, transgressão do sábado, perseguição aos verdadeiros profetas, manifestação de favores para com os profetas que prometiam prosperidade sem condenar simultaneamente o pecado, e a adoração a Baal. A adoração a Baal envolvia uma série de “preferências sexuais” – antes do casamento, fora do casamento, homossexual e bestial. Até mesmo depois de “entregar” os judeus a seus inimigos, Deus lhes concedeu uma nova oportunidade. Prometeu que, depois de 70 anos de cativeiro, Ele tomaria providências para tornar possível o regresso deles à sua terra natal (Jeremias 25:11-12; 29:1). Mesmo depois da haver “entregue” o reino de Judá como um todo, Deus permaneceu ao lado de Daniel como indivíduo. Deus tinha em mente que seu povo se tornasse “luz dos gentios”. O Senhor almejava que eles testemunhassem perante outras nações acerca de Sua bondade e da sabedoria de Suas leis. Foi o Senhor quem entregou Israel nas mãos de Nabucodonosor. O rei, porém, atribuiu a seus deuses a vitória sobre Jerusalém; até colocou uma parte dos vasos sagrados do templo na casa do seu próprio deus, como reconhecimento da vitória obtida sobre o Deus de Israel. O principal deus da Babilônia era “Marduk”.

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O fato dos hebreus estarem cativos em Babilônia, e de os vasos da casa de Deus terem sido postos no templo dos deuses de Babilônia, era orgulhosamente citado pelos vencedores como evidência de que sua religião e costumes eram superiores à religião e costumes dos hebreus. Daniel 1:3 - Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, Daniel 1:4 - jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. Daniel 1:5 - Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante do rei. Daniel 1:6 - Entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Entre os presos foram escolhidos alguns “jovens sem nenhum defeito”, para que fossem educados para ocupar importantes posições no governo de Nabucodonosor. Com objetivo de serem plenamente capacitados para a carreira, o rei deu ordens para que aprendessem a cultura e a língua dos caldeus e que, por três anos, lhes fossem asseguradas as vantagens incomuns da educação fornecida aos príncipes do reino. Jerusalém ficava a aproximadamente 1.500 quilômetros de Babilônia. Provavelmente Daniel teve que andar a pé ao longo dessa estrada, acompanhando o exército, numa média de 25 quilômetros por dia. Isso significa que a viagem deve ter durado aproximadamente dois meses. A primeira visão que se tinha, ao longe, da cidade era exatamente a Torre de Babel. Daniel 1:7 - O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego. Os nomes de Daniel e seus companheiros foram mudados para nomes que representavam divindades caldéias. Os hebreus tinham o costume de dar nomes aos seus filhos com significados especiais, normalmente nomes que representavam traços de caráter. O nome Daniel significava “Deus é o meu juiz”; o de Ananias “Dom do Senhor”; Misael significava “Aquele que pertence a Deus” e Azarias quer dizer “Quem Jeová ajuda”.

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O rei não compeliu os jovens hebreus a renunciarem a sua fé em favor da idolatria, mas esperava alcançar isto gradualmente. Dando-lhes nomes significativos de idolatria, levando-os diariamente à íntima associação com costumes idólatras e sob a influência de sedutores ritos do culto pagão, ele esperava induzi-los a renunciar à religião de sua nação e unir-se ao culto dos babilônios. Tendo chegado ao colégio, os jovens descobriram que deveriam comer o alimento e beber o vinho que se servia na mesa do rei. Nabucodonosor pensava estar fazendo o melhor possível pelo bem-estar deles. Mas ocorre que a maior parte daquela comida era oferecida aos ídolos de Babilônia. O ato de comê-la constituía uma espécie de comunhão com os falsos deuses (Êxo. 34:15; I Cor.8:7; 10:14-22). Ingerir aquela comida era como oferecer homenagens aos deuses de Babilônia. Participar dos alimentos do rei, significava estar ao lado do paganismo e desonrar os princípios da lei de Deus. Por outro lado, Daniel e seus amigos sabiam que suas faculdades físicas e mentais seriam afetadas pelo uso do vinho (Lev.10:1-11). Daniel 1:8 - Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se. Daniel poderia ter encontrado diversas desculpas plausíveis para violar os princípios divinos, mas não hesitou. A aprovação de Deus é mais importante do que os favores do rei. Ele decidiu permanecer firme em sua integridade, apesar das conseqüências. Daniel 1:9 - Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos. Daniel 1:10 - Disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que, pois, veria ele o vosso rosto mais abatido do que o dos outros jovens da vossa idade? Assim, poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei. Daniel 1:11 - Então, disse Daniel ao cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: Daniel 1:12 - Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber. Daniel 1:13 - Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos. Daniel 1:14 - Ele atendeu e os experimentou dez dias.

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Daniel 1:15 - No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei. Daniel 1:16 - Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes. Daniel mostrou que tinha integridade de caráter, mantendo-se fiel a Deus e aos princípios aprendidos em sua infância, mesmo em terra estranha e sob a influência dos princípios pagãos. Quantos transgridem os princípios de conduta para não serem mal vistos pelos amigos ou pela sociedade! É importante observar que os jovens não permitiram que sua fidelidade nas convicções os tornasse arrogantes e descorteses. De modo muito polido, solicitaram ao chefe dos eunucos que lhes concedesse uma simples dieta vegetariana durante 10 dias.

Daniel 1:17 - Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos. Daniel 1:18 - Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. Daniel 1:19 - Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei. Daniel 1:20 - Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino. Nos tempos bíblicos a palavra profeta não significava meramente uma pessoa capaz de predizer o futuro. Certamente os profetas bíblicos predisseram o futuro, e predições eram a especialidade de Daniel; mas a palavra profeta significa basicamente “uma pessoa que fala em nome de outra”. Os profetas da Bíblia falavam em nome de Deus. Eles tinham de comunicar a outros qualquer mensagem que, através do Espírito Santo, Deus lhes enviasse. Por sua fidelidade, os quatros jovens foram altamente recompensados por Deus. O rei havia estipulado prazo para que os jovens aprendessem “a cultura e a língua dos caldeus”. Ao final do prazo, o rei em pessoa os submeteu a um teste geral. O resultado foi que eles alcançaram avaliação dez vezes melhor do que a dos

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demais sábios do reino. Em razão disso, imediatamente eles “passaram a assistir diante do rei”, ou seja, receberam posições de responsabilidade no governo. Esse conhecimento não foi obra do acaso. Foi o resultado de estudo sob a orientação divina. É bom lembrar que, entre os sábios da antiguidade, destacava-se Confúcio que até hoje é respeitado como um grande filósofo. Ele foi contemporâneo de Daniel (551-479 a.C.). Portanto, na corte de Babilônia estavam reunidos representantes de todas as terras, homens do mais alto talento e dotados da cultura mais vasta que o mundo poderia oferecer; não obstante, entre todos eles, os jovens hebreus não tiveram competidor. Para obter a graça de Deus, precisamos desempenhar nossa parte. Sua graça é dada para operar em nós o querer e o efetuar, mas nunca como substituto de nosso esforço. Assim como Deus chamou Daniel para testemunhar por Ele em Babilônia, Ele nos chama para sermos testemunhas Suas no mundo hoje. Tanto nos menores como nos maiores negócios da vida, Ele deseja que revelemos aos homens os princípios do Seu reino. Muitos estão esperando que uma grande obra lhes seja levada, ao mesmo tempo que perdem diariamente oportunidades para revelar fidelidade a Deus nas pequenas coisas. Daniel foi fiel em tudo, e Deus o abençoou. Daniel 1:21 - Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro. Daniel viveu na Babilônia até 538 a.C., ou seja, aproximadamente a época em que se cumpriram os setenta anos da profecia de Jeremias 29:10. Uma das primeiras providências de Ciro, após a tomada de Babilônia, foi a emissão de um decreto que permitia a todos os exilados e descendentes o retorno a suas respectivas pátrias de origem, se assim o desejassem. Desse modo, não apenas aos judeus, como também aos demais povos que haviam sido escravizados por Nabucodonosor, foi concedida a liberdade. Mais tarde Ciro permitiu também que retornassem aos seus países de origem todos os deuses que haviam sido tomados por Nabucodonosor. No caso dos judeus, que evidentemente não possuíam uma imagem do Deus verdadeiro como objeto de adoração, este decreto significou o retorno de todos os utensílios sagrados do templo e até mesmo a promessa de reconstruir o templo de Jerusalém às expensas do Império. Daniel viveu por muito mais tempo ainda. Sua última visão está datada com o terceiro ano do reinado de Ciro (Dan.10:1), sendo que nessa ocasião o profeta deveria estar com aproximadamente 87 anos de idade. Nessa ocasião, o profeta Daniel já se encontrava demasiadamente idoso para valer-se da

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oportunidade de retornar à Palestina. Este capítulo mostra Deus em ação. Deus “entrega” os judeus com o propósito de abrir-lhes os olhos para as conseqüências de sua rebelião. O objetivo era conduzi-los a um melhor estilo de vida. Deus “concedeu” a Daniel o auxílio necessário para transformar um jovem exilado num competente administrador público e conselheiro. Por meio dos quatro jovens hebreus, Deus pôde cumprir Seu propósito. A vida de Daniel e seus companheiros é uma demonstração do que o Senhor fará pelos que buscam de todo o coração realizar o Seu propósito.

Capítulo 2 de Daniel A História da humanidade relata que milhares de pessoas sempre quiseram conhecer o futuro. A busca contínua pelo que virá atravessa os séculos e nos dias de hoje é alvo constante de especulações de todas as partes. Muitos, no desespero de conhecer o amanhã, procuram o sentido da vida nos lugares errados e com as fontes erradas. Quantas páginas você gastaria para escrever a história da humanidade? Historiadores afirmam que precisariam em torno de seis mil livros para contar nossa História. Daniel 2 revela o passado, o presente e o futuro em apenas nove versos. Deus apresentou um esboço da história do mundo, cobrindo um período de 2.500 anos, desde os tempos de Daniel até os nossos dias. Em Sua Palavra, Deus revelou o futuro para todos Seus filhos sem qualquer distinção, a fim de que tivéssemos tempo de nos preparar para o que logo virá. Deus Revela o Futuro Daniel 2:1 – “No segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve este um sonho; o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono”. No ano 603, a.C. Nabucodonosor, rei da Babilônia, preocupado acerca do futuro teve um sonho impressionante, mas que ao acordar, esqueceu. E por isso ficou muito perturbado. Daniel 2:2 – “Então, o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que declarassem ao rei quais lhe foram os sonhos; eles vieram e se apresentaram diante do rei”. Daniel 2:3 – “Disse-lhes o rei: Tive um sonho, e para sabê-lo está

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perturbado o meu espírito”. Imediatamente, o rei mandou convocar ao palácio um grande grupo de “homens sábios” do reino. O problema é que ele não conseguia se lembrar de nenhum detalhe do sonho que lhe parecia de primordial importância. Treinados e sustentados pela corte, os sábios diziam estar sempre em contato com os deuses. Possuíam um verdadeiro estoque de interpretações para sonhos. Eles sempre tinham respostas para tudo; sempre na expectativa pelas ricas recompensas que receberiam. Mas, normalmente, extraíam previamente as informações suficientes para formar uma base para interpretações falsas, de caráter unicamente humano. Assim, se tão-somente o rei pudesse contar-lhes o sonho, o resto seria fácil. Daniel 2:4 – “Os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação”. Daniel 2:5 – “Respondeu o rei e disse aos caldeus: Uma coisa é certa: se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas monturo”; Daniel 2:6 – “mas, se me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, prêmios e grandes honras; portanto, declarai-me o sonho e a sua interpretação”. Daniel 2:7 – “Responderam segunda vez e disseram: Diga o rei o sonho a seus servos, e lhe daremos a interpretação”. Daniel 2:8 – “Tornou o rei e disse: Bem percebo que quereis ganhar tempo, porque vedes que o que eu disse está resolvido”, Daniel 2:9 – “isto é: se não me fazeis saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois combinastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude a situação; portanto, dizei-me o sonho, e saberei que me podeis dar-lhe a interpretação”. Daniel 2:10 – “Responderam os caldeus na presença do rei e disseram: Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; pois jamais houve rei, por grande e poderoso que tivesse sido, que exigisse semelhante coisa de algum mago, encantador ou caldeu”. Daniel 2:11 – “A coisa que o rei exige é difícil, e ninguém há que a possa revelar diante do rei, senão os deuses, e estes não moram com os homens”. Daniel 2:12 – “Então, o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios da Babilônia”.

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Daniel 2:13 – “Saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos”. Os argumentos utilizados pelos “sábios” foram frágeis demais. Quando os adivinhadores insistiram para que o rei primeiro lhes contasse o sonho acabaram tocando num ponto delicado da questão. Nabucodonosor se irou. Se eles se reconheciam incapazes de lhe contar o sonho, seriam igualmente incapazes de lhe dar a interpretação correta. Foi neste momento que o rei perdeu a paciência e os entregou aos cuidados do chefe da guarda, com ordens de executá-los. Daniel 2:14 – “Então, Daniel falou, avisada e prudentemente, a Arioque, chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios da Babilônia”. Daniel 2:15 – “E disse a Arioque, encarregado do rei: Por que é tão severo o mandado do rei? Então, Arioque explicou o caso a Daniel”. Daniel 2:16 – “Foi Daniel ter com o rei e lhe pediu designasse o tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação”. Daniel 2:17 – “Então, Daniel foi para casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros”, Daniel 2:18 – “para que pedissem misericórdia ao Deus do Céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia”. O jovem Daniel pediu um prazo para dar a solução ao sonho do rei. Conseguido o prazo, foi para casa, e junto com seus companheiros rogou a Deus misericórdia a fim de que não perecessem. Tanto em situações de emergência como em tempos normais, Daniel era um homem de oração. Há momentos, no entanto, em que há necessidade de companhia e comunhão na oração. Unidos em espírito, os jovens dobraram os joelhos rogando a Deus que, lá de cima, viesse a resposta. Grande parte do tempo solicitado foi gasto em oração ao único Deus que poderia prover a resposta. A oração é mais do que algo necessário todos os dias, a oração é algo que se precisa o dia todo. Deus Honra a Fé de Daniel

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Daniel 2:19 – “Então, foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; Daniel bendisse o Deus do céu”. Daniel 2:20 – “Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder”; Daniel 2:21 – “é Ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes”. Daniel 2:22 – “Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz”. Daniel 2:23 – “A ti, ó Deus de meus pais, eu Te rendo graças e Te louvo, porque me deste sabedoria e poder; e, agora, me fizeste saber o que Te pedimos, porque nos fizeste saber este caso do rei”. A primeira coisa que Daniel fez ao receber a revelação foi glorificar o Deus dos Céus. Muitas pessoas agem como cristãos quando se trata de pedir a bênção a Deus, mas agem como ateus quando se trata de agradecer-Lhe pelas bênçãos concedidas. O exemplo de Daniel nos mostra que devemos ser fiéis em todos os momentos. Daniel 2:24 – “Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para exterminar os sábios da Babilônia; entrou e lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia; introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação”. Daniel intercedeu por aqueles homens e o rei lhes poupou a vida. Quantas vezes os injustos são beneficiados pela presença dos justos! Se apenas dez justos pudessem ser encontrados em Sodoma, a multidão de perversos seria poupada por causa deles. Mesmo assim os perversos ridicularizam e perseguem exatamente aqueles, por meio de quem muitas vezes, suas vidas são poupadas. Daniel 2:25 – “Então, Arioque depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação”. Arioque tentou dar a Nabucodonosor a impressão de que ele estivera procurando alguém para interpretar o sonho do rei e, como resultado de sua diligente busca, finalmente encontrara. Ele estava ansioso para obter alguma vantagem do que aconteceria a seguir. Daniel 2:26 – “Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua interpretação?” O rei parecia estar questionando a habilidade de alguém tão jovem e

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inexperiente poder fazer aquilo que os seus veneráveis sábios não conseguiram. Daniel 2:27 – “Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei”; Daniel 2:28 – “mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas”: Na presença do rei, Arioque atribuiu a si mesmo a totalidade do mérito de haver encontrado a Daniel. Por outro lado, o jovem hebreu nenhum mérito reclamou para si próprio, dispensando qualquer crédito pessoal pela revelação. Uma orientação sábia nos adverte: “Cuide dos pensamentos; eles se tornam palavras. Cuide das palavras; elas se tornam ações. Cuide das ações; elas se tornam hábitos. Cuide dos hábitos; eles se tornam caráter. Cuide do caráter; ele determina o seu destino”. Daniel estava preparado para responder às perguntas do rei terrestre a respeito do sonho porque havia se comunicado primeiro com o Rei Celestial. Devemos aplicar o mesmo princípio às nossas atividades na vida diária, se queremos ser vitoriosos. Daniel não sentiu vergonha de confessar o seu Deus diante do rei. Mas explicou que não possuía qualquer sabedoria nem conhecimento superior como razão para o que diria ao rei. Atribuiu a revelação e sua explicação completamente a Deus. O Senhor revelou a Daniel o significado do sonho de Nabucodonosor, e assim o disse: Daniel 2:29 – “Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser”. Daniel 2:30 – “E a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua mente”. Daniel 2:31 – “Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível”. Daniel 2:32 – “A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris, de bronze”;

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Daniel 2:33 – “as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro”. Daniel 2:34 – “Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou”. Daniel 2:35 – “Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande montanha, que encheu toda a Terra”. O rei nunca havia ouvido um milagre como esse. Ali estava alguém que podia tornar explícitas as particularidades de um sonho sem que tivesse recebido nenhuma pista de ninguém. Na antiguidade, as pessoas desenvolviam a adoração pública ajoelhando-se aos pés das imagens de seus deuses. Algumas dessas imagens eram muito grandes. Talvez tenha sido por essas duas razões que Deus decidiu revelar os eventos futuros ao rei pagão, utilizando a figura de uma imensa e deslumbrante estátua. Daniel 2:36 – “Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos ao rei”. Daniel 2:37 – “Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória”; Daniel 2:38 – “a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça de ouro”. Esta declaração torna evidente que a cabeça simbolizava o poderoso e magnífico império babilônico, rico em ouro. Mas a despeito de sua glória, este império devia passar. Daniel 2:39 – “Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra”. O segundo reino seria a Medo-Pérsia, representada pelo peito e dois braços de prata da estátua – um império mundial proveniente da união entre medos e persas. Em 539 a.C o general persa, Ciro, derrotou o império babilônico e estabeleceu a segunda potência universal. O profeta de Deus antecipou o destino infeliz de Babilônia, enquanto essa ainda era a metrópole mais importante do mundo, sem qualquer perspectiva de ser destruída por agentes humanos. Em Isaías 45:1 temos uma profecia que, além de citar o nome de Ciro, menciona detalhes de como ele conquistaria a cidade de Babilônia.

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Duzentos anos mais tarde, em 331 a.C, a Medo-Pérsia caía diante das forças da Grécia comandadas por Alexandre, o Grande. Este império é representado pelo ventre e quadris de bronze. Este também daria lugar a um outro reino universal. Daniel 2:40 – “O quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiúça; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele fará em pedaços e esmiuçará”. O ferro simbolizava o tremendo poder do “quarto reino” da terra. O ferro é mais forte do que o ouro, a prata e o bronze. As duas pernas simbolizavam o quarto império. Roma Oriental e Ocidental. Depois da morte de Alexandre, seu império se enfraqueceu e foi dividido entre facções rivais, até que finalmente em 168 a.C, na batalha de Pidna, o "Império do Ferro", esmagou a Grécia. De Roma Aos Dias Atuais O Império Romano foi o que mais durou, o mais extenso e o mais poderoso. O imperador romano, César Augusto, era quem governava quando Jesus nasceu por volta de 2000 anos atrás. Cristo e os apóstolos viveram durante o período representado pelas pernas de ferro. Daniel 2:41 – “Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo”. Daniel 2:42 – “Como os dedos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro, assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil”. Daniel 2:43 – “Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro”. Aqui fica claro que não surgiria novamente um novo e grande império, mas divisões do quarto. Durante o quarto e o quinto séculos da era cristã, mais especificamente em 476 da era atual reinos bárbaros vindo do norte, invadiram o decadente império romano, destruindo as barreiras. Finalmente, dez das tribos ganharam a maioria do território ocidental de Roma, e dez nações distintas e independentes se estabeleceram dentro das fronteiras da Europa. Os dedos representavam as nações que deram origem à Europa atual. A História confirma que os reinos que resultaram da divisão do Império Romano foram os seguintes: Francos (França), anglo-saxões (Inglaterra), alemanos (Alemanha),

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suevos (Portugal), visigodos (Espanha), burgundos (Suíça), lombardos (Itália) e os vândalos, hérulos e ostrogodos que mais tarde foram destruídos. Daniel disse: “Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão uns aos outros, assim como o ferro não se mistura com o barro”. Durante anos muitos homens tentaram unir esses reinos novamente para formar um quinto império mundial, mas, todos fracassaram. Os casamentos deram-se especialmente entre as casas reinantes. Quando irrompeu a 1ª Guerra Mundial, quase todos os monarcas da Europa eram parentes. A rainha Vitória da Inglaterra era chamada a “avó da Europa”, pois quase todos os reis pertenciam à sua dinastia. O rei da Espanha, o czar da Rússia, o rei da Inglaterra, o imperador da Alemanha, etc., todos eram parentes. Nesta guerra brigaram entre si: tios, sobrinhos e avós. O resultado foi que quase todos os reinos caíram e foram substituídos por repúblicas. Alguns governantes tentaram em vão unir as nações da Europa: Carlos Magno, Luís XIV e Napoleão Bonaparte da França; Carlos V da Espanha; Guilherme II e Adolf Hitler da Alemanha. Todas tentativas frustradas. Hitler foi o último que tentou unificar as nações da Europa através da 2ª Guerra Mundial (1939 –1945). A História nos revela que todo seu exército foi derrotado pelo frio da Rússia. Através da Natureza, Deus mostrou que nem Hitler, nem ninguém atrapalhariam seu plano. A profecia se mantém em pé: não se uniram! Esta profecia nos garante que não haverá o quinto império mundial. Os impérios abrangidos pela estátua histórica foram quatro: Babilônia (605 – 539 a.C.); Medo-Pérsia (539 – 331 a.C.); Grécia (331 – 168 a.C.) e Roma (168 a.C – 476 a.D.). Foram estes os quatro impérios mundiais. Qualquer livro de História confirmará a seqüência e as datas. O notável cumprimento desta profecia constituiu uma prova evidente de que efetivamente “há um Deus nos Céus” que dirige todo o Universo, inclusive esta Terra. Daniel 2:44 – “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre”, Daniel 2:45 – “como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação”.

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Estes reis são as divisões que surgiram com a queda do império romano – as atuais nações da Europa Ocidental. Vivemos no tempo destas nações, no tempo representado pelos dedos dos pés da estátua e por isso concluímos que o estabelecimento do Reino de Deus está próximo. A figura mais importante no capítulo 2 de Daniel não é Nabucodonosor, nem Daniel, tampouco a estátua. É a Pedra. Quem é a pedra? – A Bíblia deixa claro que a pedra representa Jesus Cristo (Is 28:16; I Co 10:4; Ef 2:20). O próprio Jesus confirmou isso em Lucas 10:17-18, usando o mesmo símbolo de Daniel. Ele disse a Seu próprio respeito: “A pedra que os construtores rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra, angular”. Aqui, Jesus Se refere a Si próprio como sendo a pedra angular de Isaías. E prossegue: “Todo o que cair sobre esta pedra, ficará em pedaços [ou seja, converter-se-á]; e aquele sobre quem ela cair, ficará reduzido a pó”. A pedra que reduz a pó é a pedra sobrenatural de Daniel. É importante relembrar que a pedra sobrenatural não feriu a estátua em sua cabeça de ouro (Babilônia), ou em seu peito de prata (Medo-Pérsia), tampouco em seu ventre e coxas de bronze (Grécia), ou mesmo nas pernas de ferro (Roma). A Bíblia diz que ela feriu a estátua nos pés e dedos, e que seria “nos dias destes reis”, ou seja, em nossos dias, que o Deus do Céu estabeleceria um reino que jamais será destruído. Daniel 2:46 – “Então, o rei Nabucodonosor se inclinou, e se prostrou rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem oferta de manjares e suaves perfumes”. Daniel 2:47 – “Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério”. Daniel 2:48 – “Então, o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitos e grandes presentes, e o pôs por governador de toda a província da Babilônia, como também o fez chefe supremo de todos os sábios da Babilônia”. Daniel 2:49 – “A pedido de Daniel, constituiu o rei a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província da Babilônia; Daniel, porém, permaneceu na corte do rei”. Durante algum tempo, Nabucodonosor sentiu-se influenciado a reverenciar o único e verdadeiro Deus. A revelação do futuro do mundo fez com que um rei pagão se prostrasse em reverência ao Rei dos reis. Não há mais como negar o poder de Deus a autenticar cada linha das

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Escrituras Sagradas. Nela se podem ver as próprias digitais do Senhor. O fato de que o sonho de Nabucodonosor se cumpriu ao pé da letra nos dá a garantia de que a parte que ainda falta [a pedra] também se cumprirá. A volta de Cristo a este mundo é o último evento desta profecia a se cumprir. A História do mundo move-se para o glorioso alvo do quinto reino universal – O REINO DE DEUS. Por centenas de anos a prece “Venha o Teu Reino” tem sido pronunciada por milhões de pessoas. Quando esta prece for respondida, a longa e escura noite de tragédias e tristezas terá o seu fim para sempre. O eterno sonho de todo homem – paz e segurança – se tornará realidade, assim como o sonho de Jesus, que sempre foi o de morar conosco. “O maior motivo pelo qual Deus nos revelou o breve futuro é simplesmente por que Ele nos ama e quer que cada um de nós esteja preparado para viver em seu reino eterno”. Capítulo 3 de Daniel Este capítulo de Daniel ensina uma lição de grande importância para nós, cristãos que vivemos no início do terceiro milênio. A profecia bíblica revela que já se aproxima uma inaceitável prova de fogo! Daniel 3:1 – “O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha sessenta côvados de altura e seis de largura; levantou-a no campo de Dura, na província da Babilônia”. Por algum tempo, depois da visão de Daniel 2, Nabucodonosor foi influenciado pelo temor de Deus. Mas a prosperidade que alcançou o seu reino o encheu de orgulho, e ele retornou à adoração dos seus antigos ídolos. Depois da revelação que Nabucodonosor era “a cabeça de ouro”, o rei começou a refletir sobre o assunto. De certa maneira ele gostou do que ouviu, mas o restante da interpretação do sonho passou a incomodá-lo. Ficou ressentido com as palavras: “e, depois de ti, se levantará outro reino...” e decidiu reescrever a profecia. Como acontece com muitos, hoje em dia, ele decidiu fazer a Palavra de Deus se ajustar aos seus interesses. Então mandou construir uma imagem semelhante àquela do sonho, só que inteiramente de ouro. Na verdade, ele estava dizendo a Deus: “Meu reino permanecerá para sempre. Não haverá outro império de prata ou bronze”. Nabucodonosor não queria aceitar a determinação de Deus. A imagem foi erguida por homens, feita de ouro maciço, com sessenta

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côvados de altura, por seis de largura [o côvado real babilônico tinha cerca de 60 cm]. A Bíblia relata que o número seis representa imperfeição, rebeldia, desobediência. O número sete, por sua vez, é símbolo de perfeição. Daniel 3:2 – “Então, o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para que viessem à consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado”. Daniel 3:3 – “Então, se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para a consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado”. Muitas autoridades compareceram no dia de sua inauguração. A imagem podia ser vista à vários quilômetros de distância. Daniel 3:4 – “Nisto, o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas”: Daniel 3:5 – “No momento em que ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor levantou”. Daniel 3:6 – “Qualquer que se não prostrar e não a adorar será, no mesmo instante, lançado na fornalha de fogo ardente”. A pena de morte por não curvar-se diante da imagem que simbolizava Babilônia como um reino eterno, todo-poderoso, parece ser bastante severa, mas os monarcas em qualquer tempo nunca aceitaram desafios à sua autoridade. O rei não admitia que alguém desafiasse seu poder e autoridade e os oficiais sabiam que ele falava sério. Nabucodonosor, ordenou a todos os mais ilustres líderes das nações que compunham seu império a se curvarem e adorarem a imagem. Um rei soberano e poderoso baixou um decreto universal e exigiu obediência compulsória de todas as nações da Terra. Todos foram forçados a adorar. A questão central aqui, portanto, foi a adoração forçada e a conseqüência para quem não a adorasse. Será que algo parecido poderá acontecer novamente? Talvez a história de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego no campo de Dura seja uma maquete, uma miniatura do que Deus está revelando para os nossos dias.

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Paralelo entre Daniel 3 e Apocalipse 13 A profecia diz que nos últimos dias outra imagem será erguida para forçar a adoração. Haverá inicialmente um boicote econômico universal e, depois, um decreto de morte contra todos aqueles que se recusarem a adorar a besta e sua imagem. A imagem de ouro no campo de Dura era um sinal evidente da autoridade de Babilônia. A adoração da imagem representava um culto a Babilônia. Haverá um sinal, marca ou símbolo da autoridade da besta perto do fim. Aqueles que não concordarem em receber este sinal terão que desafiar a morte, mantendo inabalável sua lealdade a Deus. Daniel 3:7 – “Portanto, quando todos os povos ouviram o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério e de toda sorte de música, se prostraram os povos, nações e homens de todas as línguas e adoraram a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado”. Mas em meio a multidão, havia três jovens judeus que permaneceram em pé, ignorando a música e a imponente imagem. Daniel 3:8 – “Ora, no mesmo instante, se chegaram alguns homens caldeus e acusaram os judeus”; Daniel 3:9 – “disseram ao rei Nabucodonosor: Ó rei, vive eternamente!” Daniel 3:10 – “Tu, ó rei, baixaste um decreto pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a imagem de ouro”; Daniel 3:11 – “e qualquer que não se prostrasse e não adorasse seria lançado na fornalha de fogo ardente”. Daniel 3:12 – “Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província da Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti, a teus deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste”. Diante de uma multidão tão vasta, o rei provavelmente não poderia ter visto que três jovens ainda estavam de pé, e alguns homens foram a ele para informar-lhe. Esses caldeus, provavelmente, estavam com inveja pelas honras dadas aos três hebreus, e alegremente aproveitaram a oportunidade para denunciá-los. Daniel 3:13 – “Então, Nabucodonosor, irado e furioso, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E trouxeram a estes homens perante o rei. Daniel 3:14 – “Falou Nabucodonosor e lhes disse: É verdade, ó Sadraque,

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Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei?” Para alguns pode até passar despercebido, mas há uma grande lição aqui. O fato de o rei perguntar aos jovens: “é verdade” nos ensina que, quando alguém vem até nós e nos conta algo negativo sobre alguém, devemos, como Nabucodonosor, perguntar diretamente para a pessoa se aquilo é verdade. Muitos problemas de relacionamento seriam resolvidos se seguíssemos essa lição. Daniel 3:15 – “Agora, pois, estai dispostos e, quando ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a imagem que fiz; porém, se não a adorardes, sereis, no mesmo instante, lançados na fornalha de fogo ardente. E quem é o deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” Talvez os jovens não estivessem prontos, insinuou Nabucodonosor. “Agora, pois, estais dispostos...” Já tolerei uma vez, mas quando a música tocar novamente quero o rosto de vocês no chão, retrucou o rei. Daniel 3:16 – “Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder”. Há coisas que, em meio às crises, não precisamos pensar a respeito. Tem coisas que devem ser resolvidas antecipadamente. Os jovens já tinham a resposta, e não ficaram sequer tentados a mudar de idéia. Esta é outra lição maravilhosa que aprendemos. Não deixar para decidir alguns assuntos na hora. Nossos princípios devem estar à frente de qualquer escolha do dia a dia. Para que, quando formos questionados sobre algo, possamos nos mostrar fiéis como Daniel e seus amigos. Antes de irem à dedicação da estátua, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego tomaram firme decisão: “Seremos fiéis a Deus, custe o que custar”. A decisão foi tomada anteriormente. Disseram mais ao rei: “Não estamos indecisos. Vossa Majestade não precisa nos dar um dia ou dois para pensarmos na questão. Já fizemos nossa escolha”. E nós, já escolhemos? Daniel 3:17 – “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei”. Daniel 3:18 – “Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste”. Os jovens hebreus cresceram obedecendo aos Dez Mandamentos. Podiam até recitá-los de memória. “Não farás para ti imagem de escultura... não te encurvarás a elas nem as servirás” (Ex 20:4 e 5). Por isso, eles disseram “não” ao rei. Incondicionalmente, “não”. Os Dez Mandamentos não são negociáveis. Está chegando a hora em que muitos

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de nós teremos de enfrentar provações e nossa fé a Deus será provada. Há pessoas que pensam que a fé é algum tipo de mágica. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego disseram: “Sabemos que nossa fé em Deus pode nos levar à fornalha ardente”. Uma coisa é certa: a fé não nos livra do fogo, mas leva-nos através dele. O cristianismo não é uma espécie de amuleto da sorte para “atrair bons fluídos” e fazer com que as coisas sempre caminhem bem. Fé é uma forte confiança em Deus quando as coisas vão mal. Mesmo conhecendo a conseqüência da decisão que tomaram, os jovens mantiveram-se firmes aos seus princípios. Que testemunho! Daniel 3:19 – “Então, Nabucodonosor se encheu de fúria e, transtornado o aspecto do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, ordenou que se acendesse a fornalha sete vezes mais do que se costumava”. Daniel 3:20 – “Ordenou aos homens mais poderosos que estavam no seu exército que atassem a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os lançassem na fornalha de fogo ardente”. Daniel 3:21 – “Então, estes homens foram atados com os seus mantos, suas túnicas e chapéus e suas outras roupas e foram lançados na fornalha sobremaneira acesa”. Daniel 3:22 – “Porque a palavra do rei era urgente e a fornalha estava sobremaneira acesa, as chamas do fogo mataram os homens que lançaram de cima para dentro a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego”. Daniel 3:23 – “Estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa”. Atualmente, não temos grandes imagens como a que o rei construiu, mas existem conceitos de todo tipo. Alguns deles são costumes sociais e da moda. O mundo ordena que nos curvemos diante deles. A fé genuína pode custar tudo aquilo a que damos muito valor. Daniel 3:24 – “Então, o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa, e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo? Responderam ao rei: É verdade, ó rei”. O Quarto “Homem” Daniel 3:25 – “Tornou ele e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”.

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Três homens foram lançados no fogo, mas um quarto homem entrou lá e ninguém estava se queimando. Esta foi a recompensa aos jovens que foram fiéis, mesmo em face da fornalha ardente. Jesus se fez presente ao lado deles. Que emoção devem ter sentido aqueles rapazes! Foram lançados na fornalha amarrados, e a única coisa que se queimou foram as cordas que imobilizavam suas mãos. Agora estavam livres, andando dentro do fogo. Quando Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, confiantes em Deus, passaram pelas chamas ardentes da fornalha, Deus os estava ensinando a cantar uma canção na escuridão, treinando-os a terem fé, ânimo e coragem. Não foi porque Deus não os amava que foram parar na fornalha, mas porque viu neles algo muito valioso que teria de ser refinado pelas chamas do sofrimento. Quando estivermos passando pelo fogo das dificuldades da vida, devemos nos lembrar de que o fogo queimará apenas as cordas que nos algemam a este mundo. Devemos nos lembrar de olhar através da fumaça, das chamas, das lágrimas, e veremos o Filho de Deus ao nosso lado. Mesmo dentro da fornalha, Deus não nos abandona. Daniel 3:26 – “Então, se chegou Nabucodonosor à porta da fornalha sobremaneira acesa, falou e disse: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Então, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do meio do fogo”. Daniel 3:27 – “Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os governadores e conselheiros do rei e viram que o fogo não teve poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles”. Daniel 3:28 – “Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus”. Nabucodonosor viu que os jovens hebreus possuíam algo que ele não tinha. Eles tinham um Deus que os salvara. Então o rei fez uma confissão pública, buscando exaltar o Deus do Céu acima de todos os outros deuses: Daniel 3:29 – “Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro deus que possa livrar como Este”. Os seres humanos não aprendem fácil. O rei fez um novo decreto para

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obrigar as pessoas a adorar, desta vez, ao Deus dos jovens hebreus. Errou novamente. Deus nunca impõe obediência. Ele deixa todos livres para escolher a quem servir. Jesus bate à porta de nosso coração, e nos dá o livre-arbítrio para escolhermos abrir, ou não. Daniel 3: 30 – “Então, o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na província da Babilônia”. O aspecto mais importante deste capítulo é a quarta pessoa dentro da fornalha. É o nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo! São vários os testemunhos que temos de que vale a pena confiar em Deus. Quando dissemos não para este mundo e sim para Deus, podemos e vamos enfrentar provações, mas assim como os jovens hebreus na Babilônia, nós sentiremos a proteção e o cuidado pessoal de Deus. Capítulo 4 de Daniel Este capítulo do livro de Daniel consiste em um testemunho de Nabucodonosor. O desejo do Rei era que o mundo todo soubesse o que lhe aconteceu, e foi ele próprio que contou a história de sua conversão. Daniel 4:1 – “O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e homens de todas as línguas, que habitam em toda a Terra: Paz vos seja multiplicada!” O Rei inicia como se estivesse escrevendo uma carta formal, então se apresenta e endereça a carta para “todos os povos... que habitam em toda a Terra”. Daniel 4:2 – “Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo”. Daniel 4:3 – “Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração”. Nabucodonosor sentiu que precisava contar a história de como Deus transformou a sua vida. Todo ser humano tem uma história única e distinta. Deus pode transformar a vida daquele, cujo cérebro está intoxicado pelo álcool; daquele que caiu no fundo do poço no mundo das drogas; de alguém que vive uma vida imoral, que tem problemas sérios de caráter e conduta, e também daquele que vai à igreja, mas vive apenas uma religião formal, de meras aparências. Cada história é diferente e Deus pode transformar qualquer situação. O rei não conseguia se conter e, na falta de palavras para descrever a atuação de Deus em sua vida, disse: “Quão grandes são os seus sinais e quão poderosas as suas maravilhas!” Ele fala dos milagres que havia

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acabado de experimentar. Deus fala a Nabucodonosor Daniel 4:4 – “Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa e feliz no meu palácio”. A vida tem curvas bem fechadas, montanhas, subidas íngremes, descidas escorregadias, cruzamentos perigosos e trilhas de dificuldades. A vida pode sofrer uma mudança radical num piscar de olhos. Um telefonema no meio da noite, uma consulta médica, uma carta, uma curva traiçoeira numa noite chuvosa, uma demissão inesperada na pior hora... e tudo muda. Nabucodonosor estava muito bem em seu palácio, sem qualquer interesse em Deus e nas coisas eternas. Mas uma noite Deus resolveu manifestar- Se na vida dele. Daniel 4:5 – “Tive um sonho, que me espantou; e, quando estava no meu leito, os pensamentos e as visões da minha cabeça me turbaram”. Deus já falou com muitas pessoas por meio de sonhos. No Antigo Testamento, há vários exemplos. No Novo Testamento, a esposa de Pilatos também ouviu a voz do Senhor, através de um sonho. (Mt 27:19). Em todas as épocas Deus usa diferentes meios para Se comunicar com o Seu povo. Nos tempos de Daniel, eram os sonhos. Nos tempos de Jesus, eram as parábolas. Hoje, Ele nos fala – principalmente – através da Sua Palavra: “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e luz, para os meus caminhos” (Salmo 119:105), dizia Davi. O próprio Jesus, ao questionar a dureza de coração de muitos religiosos da época, reafirmou a importância da Bíblia, a Palavra de Deus, como nossa fonte maior de comunicação, normatização da conduta e vida cristã e meio de nos conduzirmos para a vida eterna ou salvação: “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim” (João 5:39). Resumindo este ponto do nosso estudo: É sempre Deus quem determina o meio ou forma de comunicação. Em cada época da História um meio, forma ou meio de comunicação tem sempre prevalecido – sem, é lógico, excluir as outras possibilidades. O problema ocorre quando as pessoas deixam de lado a Bíblia e apegam-se ferrenhamente a essas outras “fontes” secundárias de revelação (sonhos, visões, etc.) e delas retiram ensinos, práticas ou doutrinas contrárias à Palavra de Deus. Para estas pessoas, cai bem a seguinte recomendação de Martinho Lutero:

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“Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos e nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir.” Daniel 4:6 – “Por isso, expedi um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios da Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho”. Daniel 4:7 – “Então, entraram os magos, os encantadores, os caldeus e os feiticeiros, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber a sua interpretação”. Mais uma vez, o Rei convoca os magos para decifrar seu sonho. Mas, assim como não conseguiram revelar o significado do sonho relatado em Daniel 2, neste também não obtiveram sucesso. Daniel 4:8 – “Por fim, se me apresentou Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo”: Daniel 4:9 – “Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil; eis as visões do sonho que eu tive; dize-me a sua interpretação”. Daniel não precisou ser intimado. Como primeiro-ministro, ele tinha acesso contínuo à presença do rei. Logo que os sábios da corte falharam, Daniel entrou em cena para testemunhar em favor da superioridade de Deus sobre os deuses pagãos. Daniel 4:10 – “Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava olhando e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande”; Daniel 4:11 – “crescia a árvore e se tornava forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da Terra”. Daniel 4:12 – “A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela”. Desta vez, Deus usou uma árvore imensa para simbolizar o rei. Uma árvore que esparramava os seus galhos por toda a Terra e parecia alcançar o Céu. Essa árvore era tão alta que podia ser vista de qualquer parte do globo. Seu imenso tamanho e seus ramos mostravam uma influência poderosa. Daniel 4:13 – “No meu sonho, quando eu estava no meu leito, vi um vigilante, um santo, que descia do céu”,

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Daniel 4:14 – “clamando fortemente e dizendo: Derribai a árvore, cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus ramos”. Daniel 4:15 – “Mas a cepa [o tronco], com as raízes, deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo. Seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja, com os animais, a erva da terra”. Nada havia de assustador no sonho, até esse ponto. Mas agora vem a parte aterrorizante do sonho. O rei ficou impressionado com a aparência de “um santo que descia do céu” e dava ordens em voz alta para derrubar a árvore e cortar os seus galhos. Apenas o tronco devia permanecer no solo amarrado “com cadeias de ferro e bronze”. Daniel 4:16 – “Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ela sete tempos”. Daniel 4:17 – “Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles”. Daniel 4:18 – “Isto vi eu, rei Nabucodonosor, em sonhos. Tu, pois, ó Beltessazar, dize a interpretação, porquanto todos os sábios do meu reino não me puderam fazer saber a interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos”. Revelação Sombria e Aterrorizante Daniel 4:19 – “Então, Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o turbavam. Então, lhe falou o rei e disse: Beltessazar, não te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos”. “Atônito” é uma palavra que significa “sem palavras ou sem reação”. Daniel esteve nessa condição por uma hora, não porque tivesse algum problema para interpretar o sonho, mas porque era difícil para ele ser o portador de terríveis notícias para o rei. Ficou ponderando como poderia dar a mensagem da melhor maneira possível. Daniel ficou perturbado pela seriedade da situação. O rei percebeu que Daniel estava relutante e que seu aspecto tinha mudado ao sentar-se, estupefato, diante dele. Então, encorajou Daniel a não hesitar em tornar conhecido o significado do sonho, não importando as conseqüências. Daniel então decide revelar o significado.

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Daniel 4:20 – “A árvore que viste, que cresceu e se tornou forte, cuja altura chegou até ao céu, e que foi vista por toda a Terra”, Daniel 4:21 – “cuja folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos as aves do céu faziam morada”, Daniel 4:22 – “és tu, ó rei, que cresceste e vieste a ser forte; a tua grandeza cresceu e chega até ao céu, e o teu domínio, até à extremidade da Terra”. Daniel 4:23 – “Quanto ao que viu o rei, um vigilante, um santo, que descia do céu e que dizia: Cortai a árvore e destruí-a, mas a cepa com as raízes deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; seja ela molhada do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ela sete tempos”, Daniel contou ao rei o que Deus lhe estava revelando, ou seja, que se Nabucodonosor não modificasse os seus caminhos, sua mente sofreria de uma enfermidade por sete anos. Ele começaria a se comportar como se fosse um animal, até o ponto de ser enxotado para o campo, onde passaria a comer capim. Mas, como o tronco da árvore preservado na terra, o seu direito de exercer o governo seria mantido; e tão logo retornasse o seu perfeito juízo e desde que reconhecesse a liderança divina, o reino lhe seria devolvido. Daniel 4:24 – “esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor”: Daniel 4:25 – “serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer”. A condição descrita por Daniel é conhecida entre os psiquiatras como licantropia (ou síndrome do homem-lobo). Essas síndromes eram bastante comuns nos séculos passados, quando até mesmo pessoas instruídas viviam em contato bastante íntimo com seus animais. Trata-se de um estado mental em que a pessoa chega a pensar que é um animal, e começa agir como tal. O Dr. David Yellowlees, que foi presidente da Associação Médico-Psicológica da Inglaterra, escreveu que o quadro clínico de Nabucodonosor era psicose maníaco-depressiva aguda. Ele disse: “A psicose maníaco-depressiva aguda, em suas formas extremas, exibe todas as espécies de hábitos degradantes, tais como se despir totalmente ou rasgar as roupas, comer imundícies e lixo de todas as espécies, fazer gestos selvagens e violentos, ataques, ruídos com grunhidos, e a mais completa desconsideração para com a decência pessoal”.

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“Esses sintomas meramente demonstram a aberração como um todo, e de maneira nenhuma, indicam uma condição sem esperança. Pelo contrário, são vistas com mais freqüência nos casos em que há recuperação”. – The Pulpit Comentary, vol.13, pág.147. Apelo Divino Para a Mudança Foi dado ao rei um período de um ano para que se arrependesse de seus pecados e voltasse os olhos a Deus. Em todos os tempos, Deus, sempre, antes de executar uma sentença, nos avisa. Aponta o erro, roga e implora. Nínive teve um período de experiência de 40 dias. Por meio de Noé, o mundo recebeu 120 anos de aviso antes de vir o dilúvio. O mundo tem tido anos de aviso sobre a Segunda Vinda de Cristo. O Rei foi advertido, mas não forçado, porque Deus respeita nosso livre-arbítrio. Daniel 4:26 – “Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu, depois que tiveres conhecido que o Céu domina”. Daniel 4:27 – “Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e põe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniqüidades, usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranqüilidade”. Cerca de trinta anos antes, Daniel havia dito ao rei: “O Deus do céu [te] conferiu o reino” (Dn 2:37 e 38), mas Nabucodonosor havia erguido uma imagem toda de ouro para declarar sua independência do Altíssimo. Em outras palavras, ele havia recusado aceitar a soberania de Deus. Agora, Deus o aconselhava a refletir. O rei teria uma nova oportunidade para aprender essa lição. O rei tinha o império mais poderoso do seu tempo, no qual podia experimentar a idéia de se sentir como um deus. Mas os resultados de tomar o lugar de Deus são sempre os mesmos: caos e ruína. Desde os tempos mais antigos do grande conflito, quando Satanás tentou pela primeira vez ser Deus (Is 14:12-14), até o surgimento do homem do pecado (II Tess 2:3-4), a humanidade, de uma forma ou de outra, sempre quis ser Deus. A primeira tentação estava arraigada na mentira de que poderíamos ser “como Deus”. A serpente sugere que o homem pode ser “como Deus” – não no caráter – mas no poder de determinar as regras morais. O ser humano nunca gostou de ouvir alguém dizer o que deve fazer. Queremos decidir as coisas por nós mesmos. Achamos que isso é o

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pleno exercício do livre arbítrio. Contudo, o livre arbítrio está em escolher o que fazer; não em estabelecer o que é certo ou errado. Prescrever as regras morais é atributo exclusivo de Deus. No relato da criação, Deus estabelece as regras do que o primeiro homem e a primeira mulher podem ou não podem fazer no jardim. A humanidade não é soberana. Esta era a lição que Nabucodonosor precisava aprender. O sonho veio como advertência para aquele que ainda negava a soberania de Deus. O Juízo Divino é Aplicado Daniel 4:28 – “Todas estas coisas sobrevieram ao rei Nabucodonosor”. Daniel 4:29 – “Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia”, Daniel 4:30 – “falou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” Daniel 4:31 – “Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino”. Daniel 4:32 – “Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer”. Daniel 4:33 – “No mesmo instante se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor; e foi expulso de entre os homens e passou a comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves”. Passados os 12 meses que o Senhor havia concedido a Nabucodonosor, o rei continuava vivendo da mesma forma. Então, as palavras orgulhosas do rei o reduziram à miséria. Nabucodonosor olha para o seu reino e diz: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?” Vivia no auge da arrogância. O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda. A maldição caiu sobre o rei enquanto ainda se vangloriava desdenhosamente. A visita de Deus para ele foi terrível. Perdeu tudo de que se orgulhava. Perdeu o trono, o reino, o palácio, o poder, a majestade, a glória e até mesmo o respeito próprio. Ele foi retirado do convívio social, pois estava agindo como animal. Seu cabelo cresceu como penas, as unhas ficaram parecidas com garras de

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pássaro. Ficou nu, andando como animal irracional sobre quatro patas. Comia capim como boi. Sete anos se passaram com Nabucodonosor nessas condições animalescas. A história deste homem poderoso nos deixa uma grande verdade para meditar: o resultado de seu esforço em tornar-se alvo de adoração, foi rebaixar-se ao nível dos animais. Daniel 4:34 – “Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração”. Passados os sete anos de insanidade, o Rei teve seu coração transformado. “Eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu”. Deus o tocou. Fez o que ele nunca conseguiria fazer por si mesmo. Deus o transformou. Ao levantar os olhos ao céu, Nabucodonosor foi milagrosamente transformado. O impossível aconteceu. Aquilo que não se pode explicar, a não ser pela fé.O rei conheceu de perto a misericórdia de Deus e Sua disposição para perdoar e restaurar. Reconheceu também que o único reino eterno é o de Deus. Daniel 4:35 – “Todos os moradores da Terra são por Ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, Ele opera com o exército do céu e os moradores da Terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” Daniel 4:36 – “Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, para a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou extraordinária grandeza”. Daniel 4:37 – “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico ao Rei do Céu, porque todas as Suas obras são verdadeiras, e os Seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba”. Quando alguém se afasta da misericórdia de Deus, aproxima-se da insanidade. Quando se aproxima de Deus, começa a progredir como criatura pensante e inteligente. Através do seu testemunho público, Nabucodonosor reconheceu afinal a autoridade de Deus. Seu desejo de render glória a Deus demonstra que o outrora orgulhoso rei não pensava mais que era maior do que o Rei dos reis. Muitos sofrem de insanidade espiritual e não sabem. O pecado desequilibra a mente e faz com que homens e mulheres ajam mais como

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animais do que como seres humanos. Existe algo fundamentalmente errado dentro de cada um de nós chamado pecado. A única solução para o homem desesperado para sair desta condição (animalesca) é levantar os olhos para o céu. Não há outra saída. A salvação vem do alto. A exemplo do rei Nabucodonosor, podemos olhar para o céu e sentir agora mesmo que Deus pode nos transformar. Unicamente Ele pode nos transformar. Só temos de olhar para o céu e buscá-lo com fé. O último registro do rei Nabucodonosor foram suas palavras de louvor a Deus. Ele pede que o mundo todo ouça o seu testemunho. “Estive cego, mas agora vejo”. Capítulo 5 de Daniel Este capítulo retrata uma experiência que o rei Belsazar, que, segundo estudiosos, era filho de Nabonido e neto de Nabucodonosor, viveu. Assim, como muitos de nós, hoje, Belsazar ignorou o conhecimento da Palavra e pecou contra Deus. Ele tinha acesso e conhecimento do testemunho que seu avô dera no passado, pois este documento fazia parte dos arquivos do império, para que todos tivessem acesso e evitassem incorrer no mesmo erro cometido por Nabucodonosor, mas, Belsazar preferiu ignorar. Daniel 5:1 – “O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil”. Este capítulo começa com um grande salão de festas e um jantar para mil convidados. Os reis no mundo antigo eram conhecidos por seus banquetes exagerados. Nestas festas, normalmente aconteciam grandes orgias e bebedeiras. Mas, nesse caso, o momento era totalmente inadequado; enquanto Belsazar bebia com seus convidados, do lado de fora, o exército de Ciro mantinha a cidade cercada. Os muros de Babilônia eram invulneráveis e invencíveis. Tinham quase 120 metros de altura e 30 metros de largura – tão largos que seis bigas (aquelas famosas charretes romanas) podiam correr lado a lado, no topo dos muros. Num momento em que eram requeridos planejamento e preparação, Belsazar pensava unicamente em festas e bebedeiras. Ignorava o perigo e desprezava as orientações e advertências humanas – como está acontecendo, hoje, com muitos em meio ao cumprimento dos sinais indicando a Volta de Jesus.

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Afronta ao Verdadeiro Deus Daniel 5:2 – “Enquanto Belsazar bebia e apreciava o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tirara do templo, que estava em Jerusalém, para que neles bebessem o rei e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas”. Daniel 5:3 – “Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas”. Daniel 5:4 – “Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra”. Belsazar era neto de Nabucodonosor, mas o chamava de pai por ser seu sucessor no reinado. Daniel se refere a Nabucodonosor como pai de Belsazar e algumas pessoas pensam mesmo que o jovem rei seja filho do grande imperador da Babilônia. Jesus, por exemplo, é chamado de filho de Davi (Mat. 9:27). Sucede que Davi viveu cerca de 1000 anos antes de Cristo. É que a palavra “pai”, nos idiomas semitas, pode se referir também a qualquer antepassado, não só ao pai imediato. Belsazar misturou o sagrado com o profano ao ordenar que fossem trazidos os “candelabros e os utensílios de ouro”. Setenta anos antes, o rei Nabucodonosor foi a Jerusalém e confiscou os candelabros e todos os utensílios de ouro do templo, inclusive os vasos e taças usados no serviço do Senhor. Esses objetos sagrados foram confeccionados durante a construção do tabernáculo judeu. Nesse templo os israelitas louvavam e adoravam a Deus. No templo construído por Salomão, o serviço prosseguiu por séculos, com os objetos de ouro tratados com a mais alta reverência. Agora, os idólatras babilônios usam as mesmas taças em uma festa pagã. Esse foi o último desafio do imoral Belsazar, porque há uma linha que Deus traçou na areia. Existe um limite onde Deus diz: “Você pode ir até aqui em seu desafio, e não mais além”. O ato audacioso de Belsazar – mandar buscar vasos sagrados do templo judeu para serem usados como utensílios de farra e bebedeira – seria considerado sacrilégio mesmo aos olhos de um pagão. Com absoluto escárnio e desdém para com os judeus e seu Deus, o rei embriagado ordenou que os vasos do templo deles fossem usados, de maneira que pudesse fazer deboche do nome do Deus dos judeus. Daniel 5:5 – “No mesmo instante apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do candeeiro, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via os dedos que estavam escrevendo”.

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Daniel 5:6 – “Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro”. Em meio àquela festa pagã, a mão de Deus começou a escrever na parede palavras estranhas, com letras de fogo. O rei ficou branco como um fantasma. Seus joelhos tremeram ao ver uma mão sem corpo rabiscar palavras misteriosas na parede do palácio. Daniel 5:7 – “O rei ordenou, em voz alta, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e os feiticeiros; falou o rei e disse aos sábios da Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, trará uma cadeia de ouro ao pescoço e será o terceiro no meu reino”. Daniel 5:8 – “Então, entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação”. Belsazar não aprendeu a lição com a experiência de seu avô, Nabucodonosor. Repetiu o mesmo erro. O rei escolheu novamente os astrólogos e sábios do reino para decifrar a escrita. Mas, mesmo lendo o que estava escrito na parede, eles não conseguiram traduzir a mensagem. Daniel 5:9 – “Com isto se perturbou muito o rei Belsazar, e mudou-se-lhe o semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados”. Daniel 5:10 – “A rainha-mãe, por causa do que havia acontecido ao rei e aos seus grandes, entrou na casa do banquete e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante”. Alguns registros históricos dizem que Nabucodonosor tinha uma filha casada que deu à luz a Belsazar. Os estudiosos, contudo, estão divididos sobre se a rainha era a mãe de Belsazar ou sua avó, a esposa de Nabucodonosor. As notícias da confusão na sala de banquetes e da perplexidade dos sábios chegaram aos aposentos da rainha-mãe. Com pressa, ela foi até lá para ver o que podia fazer. Era o último recurso, depois do fracasso dos sábios da corte. Ela não esteve presente na farra dos bêbados, estando sóbria e apta para dar um bom conselho. A rainha lembrou-se de outras ocasiões em que os sábios foram desacreditados publicamente. Lembrou-se de um homem que tivera sucesso quando os demais falharam. Daniel 5:11 e 12 – “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai, se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria como a sabedoria dos deuses; teu pai, o rei Nabucodonosor,

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sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus e dos feiticeiros, porquanto espírito excelente, conhecimento e inteligência, interpretação de sonhos, declaração de enigmas e solução de casos difíceis se acharam neste Daniel, a quem o rei pusera o nome de Beltessazar; chame-se, pois, a Daniel, e ele dará a interpretação”. A essa altura, Daniel deveria estar com cerca de 85 anos de idade. Por 70 anos viveu ele nesse reino e conheceu os tempos épicos de Babilônia. Daniel 5:13 – “Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?” Daniel 5:14 – “Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham luz, inteligência e excelente sabedoria”. Daniel foi introduzido na presença do rei. Ele não fora convidado para a festa. Ele não se sentiria confortável ali, e faria com que todos se sentissem incomodados. Ele entrou no salão com dignidade. Estava apto a dar ao rei a mensagem direta do Deus de Israel, cujos vasos sagrados o soberano havia tão atrevidamente profanado. Daniel 5:15 – “Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os encantadores, para lerem esta escritura e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras”. Daniel 5:16 – “Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solucionar casos difíceis; agora, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço e serás o terceiro no meu reino”. Belsazar demonstrou não estar totalmente convencido do talento de Daniel, ao dizer: “Se puderes ler esta escritura”. Oficialmente, o pai de Belsazar, Nabonido, ainda era o rei de Babilônia. Belsazar, como co-regente, era o segundo no comando. Portanto, ele só podia oferecer o terceiro lugar a quem pudesse interpretar a escrita na parede. Daniel 5:17 – “Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outrem; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação”. Se o caráter do rei não estivesse tão impregnado do materialismo, ele não teria falado de recompensas num momento como aquele. Daniel recusou sua proposta com desdém, mostrando sua total falta de interesse nas coisas deste mundo. Daniel Revela o Juízo Divino

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Daniel 5:18 – “Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino e grandeza, glória e majestade”. Daniel 5:19 – “Por causa da grandeza que lhe deu, povos, nações e homens de todas as línguas tremiam e temiam diante dele; matava a quem queria e a quem queria deixava com vida; a quem queria exaltava e a quem queria abatia”. Daniel 5:20 – “Quando, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória”. Daniel 5:21 – “Foi expulso dentre os filhos dos homens, o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens e a quem quer constitui sobre ele”. O que Daniel disse podia custar-lhe a vida, mas, mesmo assim, ele o fez. Ele era profeta de Deus e tinha uma mensagem de verdade para dar. Recapitulando a história de Nabucodonosor, Daniel lembrou ao rei Belsazar quem era o Deus Altíssimo, que havia concedido a Nabucodonosor, e também a Belsazar, a autoridade para governar Babilônia. Ele assinalou que ao final da loucura de Nabucodonosor, o rei reconheceu que “o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele”. Daniel 5:22 – “Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que soubesse de tudo isto”. Daniel 5:23 – “E te levantaste contra o Senhor do Céu, pois foram trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, e os teus grandes, e as tuas mulheres, e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, destes louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste”. Embora conhecesse em detalhes o que acontecera ao seu avô, Belsazar deixou de aprender pela experiência de Nabucodonosor. Seu avô tinha sido orgulhoso, mas se arrependeu a tempo e se tornou filho de Deus. Belsazar, por outro lado, escolheu deliberadamente desafiar a lei e a autoridade de Deus e recusou humilhar-se. Seu pecado, então, era grande, e o juízo, iminente. Por que Belsazar aceitou tão mansamente as palavras de Daniel, as quais poderiam ser consideradas traição pelos que o rodeavam? A resposta é simples: o “terror de Deus” (Gênesis 35:5) estava sobre todos. Quando um profeta de Deus toma conta da situação, como fez Daniel naquela ocasião, não há poder capaz de causar dano, ou de fazer oposição à sua mensagem.

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Daniel 5:24 – “Então, da parte dele foi enviada aquela mão que traçou esta escritura”. Daniel 5:25 – “Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM”. Daniel 5:26 – “Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino e deu cabo dele”. Daniel 5:27 – “TEQUEL: Pesado foste na balança e achado em falta”. Daniel 5:28 – “PERES: Dividido foi o teu reino e dado aos medos e aos persas”. Em aramaico, a inscrição consistia em uma série de quatro palavras. O aramaico, assim como o hebraico, era escrito só com consoantes. As palavras a serem lidas dependiam das vogais que fossem acrescentadas. Para os sábios, as letras M N M N T Q L P R S N não faziam sentido. Daniel leu em voz alta: “mene, mene, tequel, parsim” e então deu a interpretação: “contado, contado, pesado e dividido”. (“Parsim” é o plural de “peres” e pode ser entendido: no singular como “dividido” e no plural como equivalente à pronúncia de “persas”. A repetição da primeira palavra é uma ênfase solene, como as palavras de Jesus: “em verdade, em verdade” no Novo Testamento (João 3:11; 5:24). Pesado e achado em falta – Estas terríveis palavras de destruição condenam todos os que, como Belsazar, negligenciam as oportunidades dadas por Deus. Se a nossa vida, como a de Belsazar, fosse colocada em uma balança (nossa vida em um prato e a lei de Deus no outro), teríamos um resultado melhor? E mesmo que o resultado fosse melhor, seria suficiente? Afinal, a vida de quem – mesmo do cristão mais santo – poderia resistir diante da Lei de Deus? (Rom. 3:23). Nesse sentido, não somos tão diferentes de Belsazar. Mas existe uma diferença crucial: a nossa fé em Deus. Há um tempo para tudo (Ecles.3:1-2). Devemos tomar as decisões importantes enquanto há tempo. A Última Noite de Babilônia Esta foi a última noite de Babilônia e do rei Belsazar. Eles encheram a taça da sua iniqüidade. As demonstrações acumuladas de pecado dessa nação atingiram um ponto onde Deus disse: “Basta!” Os babilônios cruzaram a linha-limite que Deus traçara. Daniel disse: “Pesado foste na

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balança e foste achado em falta”. A misericórdia de Deus se esgotou. Ninguém será julgado por deixar de fazer aquilo que não sabia. Mas por não ter feito o que já tinha conhecimento. Daniel 5:29 – “Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e lhe pusessem cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem que passaria a ser o terceiro no governo do seu reino”. Daniel 5:30 – “Naquela mesma noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus”. A história confirma que os babilônios estavam participando de uma grande festa quando os exércitos de Ciro atacaram a cidade, e, pegos totalmente de surpresa, foram incapazes de defender a cidade. Ciro pôde entrar em Babilônia sem qualquer batalha. A gloriosa cabeça de ouro da profecia de Daniel 2 teve um fim sem glória e desprezível. Deus tratou Belsazar como um indivíduo responsável. Permitiu que o rei tomasse suas próprias decisões e sofresse os resultados de sua livre escolha, ao retirar dele a proteção especial que lhe outorgara. Belsazar não queria saber de Deus em sua vida, de modo que o Senhor respeitou sua decisão, simplesmente Se afastando. Relutantemente Deus o “entregou” ao poder de seus inimigos. Daniel 5:31 – “E Dario, o medo, com cerca de sessenta e dois anos, se apoderou do reino”. Normalmente o rio Eufrates apresentava baixo fluxo em Outubro. Historiadores informam que naquela noite do banquete fatídico, Ciro reduziu ainda mais o volume do rio, desviando temporariamente o seu curso. Soldados penetraram por debaixo do muro em águas que não lhes atingiam mais que os joelhos. Descobriram que os portões do rio ainda se achavam abertos, ganharam acesso às ruas e mataram os guardas que de nada suspeitavam. Exatamente como predissera a profecia, a cabeça de ouro cedera lugar ao peito e braços de prata. Como Babilônia este mundo está chegando ao fim. Os juízos de Deus logo se abaterão sobre este planeta impenitente, e o mundo viverá sua última noite. Alguns pedirão um pouco mais de tempo, mas não poderão ser atendidos. A Babilônia moderna terá a mesma sorte que teve a antiga cidade, e todos que recusarem sair dela serão destruídos também. Apesar das experiências de seu avô, com as quais Belsazar estava familiarizado, o rei decidiu desafiar o Deus do Céu e sofreu as conseqüências. A sabedoria dos pais ou dos avós nem sempre pode ser transmitida às gerações seguintes. O destino eterno de cada pessoa depende de suas próprias escolhas.

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Algumas pessoas entendem que a ignorância significa recusar obter o conhecimento disponível sem assumir qualquer responsabilidade. Ignorar é desconhecer a verdade por absoluta falta dos recursos disponíveis para conhecê-la. Somos responsáveis por buscar a verdade. Recusar-se a fazê-lo equivale a negar o conhecimento. Não saber é muito diferente de não querer saber (Atos 17:30; Oséias 4:6). A pessoa verdadeiramente ignorante deseja trocar a ignorância pelo conhecimento. A teimosamente ignorante tenta não ser atingida pela verdade, mas fracassa. Então, siga o conselho de Isaías: “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto”. Capítulo 6 de Daniel Fé Inabalável na Cova dos Leões O capítulo anterior termina com a morte do rei Belsazar e a queda de Babilônia. O ouro dá lugar a um metal de menor valor. Levanta-se um poder, que é representado na imagem de Daniel 2 pelo peito e braços de prata, que suplanta o império da Babilônia, a Medo Pérsia. Ciro é citado na profecia como a vara na mão do Senhor para a punição de Babilônia. Ele tinha apenas 25 anos de idade quando conquistou o império. Seu tio, Dario, que tinha 62 anos, se tornou o primeiro governante. Daniel 6:1 e 2 – “Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino; e sobre eles, três presidentes, dos quais Daniel era um, aos quais estes sátrapas dessem conta, para que o rei não sofresse dano”. Daniel 6:3 – “Então, o mesmo Daniel se distinguiu destes presidentes e sátrapas, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava em estabelecê-lo sobre todo o reino”. Dario reorganizou o governo na forma de república, fazendo dele o mais democrático de todos os reinos da Antiguidade. Cento e vinte sátrapas (governadores) eram subordinados a três presidentes, ou primeiros-ministros. Cada um desses presidentes, um dos quais era Daniel, tinha 40 príncipes a ele subordinados. O problema começou quando Dario fez de Daniel o chefe dos presidentes, o que suscitou a inimizade dos outros dois. Altos cargos no governo não eram novidade para Daniel. Ele foi posto na corte de Nabucodonosor quando ainda era bastante jovem, tendo alcançado elevadas posições, as quais ele manteve durante a maior parte das dinastias babilônicas e persas.

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É interessante notar que Dario aproveitou um homem de influência política do governo anterior. Por trás de tudo, naturalmente, estava Deus. Inveja & Perseguições Daniel 6:4 – “Então, os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achá-la, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa”. Vemos aqui outra manifestação do primeiro pecado de Lúcifer no Céu, quando desejou uma posição que não era sua. Satanás não pode ver a prosperidade de um filho de Deus, sem procurar destruí-lo. A inveja ardia no coração dos colegas babilônios de Daniel. Estavam decididos a derrubá-lo, e passaram a observar cada movimento dele, na esperança de encontrar algo que desacreditasse sua autoridade. No entanto, não conseguiam encontrar “falta alguma em Daniel”. Daniel 6:5 – “Disseram, pois, estes homens: Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus”. Quando não conseguiram encontrar nada no caráter nem nas atividades profissionais de Daniel, que pudessem usar para desacreditá-lo diante do rei, os governadores se voltaram para a sua religião. Sendo que não havia conflito aparente entre a sua vida religiosa e o cumprimento dos seus deveres, eles tiveram que inventar um. Os hábitos religiosos de Daniel eram bem conhecidos: ele era um homem de oração. Esse foi então o ponto em que decidiram atacá-lo. Daniel 6:6 – “Então, estes presidentes e sátrapas foram juntos ao rei e lhe disseram: Ó rei Dario, vive eternamente!” Daniel 6:7 – “Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governadores concordaram em que o rei estabeleça um decreto e faça firme o interdito que todo homem que, por espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões”. Daniel 6:8 e 9 – “Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito e assina a escritura, para que não seja mudada, segundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar. Por esta causa, o rei Dario assinou a escritura e o interdito”. Os presidentes e os governadores pediram uma audiência urgente com o rei e disseram: “Todos os presidentes do reino se reuniram e resolveram

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que não adoraremos outro deus, ou a qualquer homem, a não ser a ti, ó rei!” Porém, Daniel não havia sido consultado, pois se tratava de um complô contra ele. No Império Medo-Persa, quando uma lei era aprovada, nem mesmo o rei tinha poderes para revogá-la. A lei era o mestre, e uma vez assinada, todos deviam servi-la. Por essa razão, os inimigos de Daniel foram ao rei e propuseram que ele editasse uma lei proibindo a adoração de qualquer outro que não fosse ele mesmo, o rei. Podia parecer estranho que um rei pudesse emitir um decreto mediante o qual todas as pessoas devessem orar tão-somente a ele durante 30 dias, mas em tempos antigos os reis eram freqüentemente tratados como deuses. Esse decreto particular pode até mesmo ter parecido razoável a muitas pessoas, pois foi interpretado como uma espécie de teste de lealdade, designado como forma de unir a todos sob o novo líder. Daniel 6:10 – “Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto, onde havia janelas abertas do lado de Jerusalém, três vezes por dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como costumava fazer”. Ao tomar conhecimento do decreto, logo Daniel viu que não era a honra do rei que estava sendo defendida ou exaltada; percebeu as más intenções dos seus companheiros ao querer destruí-lo; mas nem por isso se atemorizou. Daniel jamais permitiria que a fidelidade a Dario interrompesse seu relacionamento com Deus. Daniel sabia que Deus tinha estado com ele durante 70 anos no império babilônico. Tinha plena consciência e certeza de que Deus lhe tinha dado capacidades para servi-lo, quando ainda adolescente. Sabia também que havia sido Deus que o ajudara a passar nos testes diante do rei Nabucodonosor, e que lhe dera inteligência, conhecimento e capacidade. Ele sabia que foi Deus quem lhe deu a interpretação do sonho do rei. Testemunhara o livramento de seus amigos Sadraque, Mesaque e Abedenego da fornalha ardente. Daniel sabia que fora Deus que o ajudara a manter o reino unido por sete anos, enquanto Nabucodonosor estava sob a ação da terrível insanidade licantrópica, comendo grama como um bovino. Ele sabia que tinha sido Deus que o fizera interpretar o sonho do juízo e aquela grande árvore, no capítulo 4 de Daniel. Estava plenamente convicto de que havia sido Deus que lhe permitira interpretar a escrita na parede e quem o tinha posto como primeiro presidente no reino medo-persa. Tinha certeza de que Deus estaria com ele nos momentos cruciais

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que enfrentaria. Sua fé não vacilaria agora, pois ele fazia de Deus a fonte de sua força e energia. As janelas do seu quarto eram abertas na direção de Jerusalém e, ao ajoelhar-se, Daniel virava o rosto naquela direção. Os conspiradores conheciam bem os hábitos de Daniel e não tiveram dificuldade em vê-lo orando, em atitude de direta violação à ordem do rei. Fé Posta à Prova Se quisesse, Daniel poderia ter deixado de orar pelo curto período do decreto. Afinal, 30 dias passam rápido. Ele poderia até orar secretamente. Ele poderia fechar as janelas. Não necessitaria ajoelhar-se para orar. Ele poderia orar na cama, em silêncio, sem que ninguém soubesse. Mas não! Daniel estava em uma terra pagã, onde a religião vigente era a idolatria. Sentiu que era sua incumbência demonstrar, mais uma vez, o poder do seu Deus. Sentiu que precisava mais uma vez testemunhar. Não seriam as conspirações de seus inimigos que mudariam seu relacionamento com Deus. É preciso compreender como a nossa fidelidade a Deus pode afetar e influenciar a vida dos outros. O fato de que Daniel se dispusesse a orar sob aquelas circunstâncias, já é digno de nota; o que mais impressiona, porém, é que ele “dava graças”. Mesmo tendo diante de si a perspectiva da cova dos leões, Daniel dava graças. Pense no que isto significa! Daniel conhecia as promessas de Deus. “Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmo 46:1). “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra” (Salmo 34:7). Aos 85 anos de idade aproximadamente, Daniel ora para que Deus o ajude a enfrentar a cova dos leões, tal como o ajudou nas outras ocasiões de sua vida e ora para que, por intermédio da sua fidelidade em momento de risco de vida, o rei Dario fosse levado a aceitar o Senhor. Quando iniciamos a oração dando graças a Deus, nossa fé é reforçada e os problemas que serão apresentados nos parecerão passíveis de solução. Deste modo, estaremos em condições de orar com fé, e não em dúvida. Deus ouve a oração de fé. Daniel 6:11 e 12 – “Então, aqueles homens foram juntos, e, tendo achado a Daniel a orar e a suplicar, diante do seu Deus, se apresentaram ao rei, e, a respeito do interdito real, lhe disseram: Não assinaste um interdito que, por espaço de trinta dias, todo homem que fizesse petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse: Esta palavra é certa, segundo a lei dos

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medos e dos persas, que se não pode revogar”. Daniel 6:13 –“ Então, responderam e disseram ao rei: Esse Daniel, que é dos exilados de Judá, não faz caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste; antes, três vezes por dia, faz a sua oração”. Os acusadores fingiram desapontamento. Aparentavam-se chocados pelo fato do “mal-agradecido, exilado e judeu” mostrar tanta deslealdade para com o rei. A verdade é que Daniel era mais leal ao rei do que qualquer um deles. Tinha mais respeito pelo rei do que todos eles, juntos. Daniel 6:14 – “Tendo o rei ouvido estas coisas, ficou muito penalizado e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e, até ao pôr-do-sol, se empenhou por salvá-lo”. Somente agora Dario compreendeu a razão do decreto. Mas nada podia fazer, após ter assinado o decreto. A lei dizia que nem mesmo o rei podia modificá-la, e se ele o fizesse, seria deposto. Mesmo assim o rei trabalhou até o sol se pôr, tentando encontrar uma maneira de salvar a vida de Daniel. Mas havia um obstáculo jurídico irremovível. Por causa da pressa em assinar o decreto, Dario havia caído na cova que ele mesmo cavara. Seus bajuladores o fizeram de tolo. Em vez de ser deus por um mês, estava sendo marionete por um dia. Daniel 6:15 – “Então, aqueles homens foram juntos ao rei e lhe disseram: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto que o rei sancione se pode mudar”. Aqueles homens sabiam que o rei pretendia livrar Daniel daquela situação. Mas, pelo fato do rei estar legalmente impedido de voltar atrás em seu decreto, havia apenas uma única hipótese de Daniel escapar da morte: somente se voltasse atrás e obedecesse ao decreto. Entretanto, todos sabiam que não havia a menor possibilidade disso acontecer. Não porque fosse arrogante, mas porque havia um princípio em jogo. E Daniel não era homem de ceder quando se tratava de um princípio. Livramento Maravilhoso Daniel 6:16 – “Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel e o lançassem na cova dos leões. Disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, que Ele te livre”. Daniel 6:17 – “Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; selou-a o rei com o seu próprio anel e com o dos seus grandes, para que nada

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se mudasse a respeito de Daniel”. Daniel 6:18 – “Então, o rei se dirigiu para o seu palácio, passou a noite em jejum e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono”. Por todos os relatos, Daniel é um dos poucos personagens sobre quem a Bíblia não registra nada de negativo. Mas isso não o livrou da cova dos leões. Deus permitiu que homens ímpios chegassem a realizar o seu propósito; mas isto foi para que pudesse tornar o livramento do Seu servo mais marcante e tornar ainda mais visível a derrota dos inimigos da justiça. Após determinar que Daniel fosse jogado vivo na cova dos leões, o rei Dario foi para casa naquela noite com a consciência pesada, porque sabia que não houvera sido justo com o seu fiel servidor. A Bíblia diz que ele não conseguiu se alimentar, não quis ouvir música, como de costume, e perdeu o sono. Estava em seu magnífico palácio e não conseguia dormir. Naquele momento, Daniel estava numa cova escura e imunda. Com a cabeça recostada sobre uma pedra, ele adormece tranqüilo. O rei, por sua vez, não conseguia dormir nem um minuto. Isso nos ensina que não é a casa em que vivemos que nos permite dormir sossegado. É a paz concedida por Deus que nos faz dormir. A paz é algo interior. Alguns imaginam que obtendo bens materiais, alcançarão segurança e paz. Mas a verdadeira paz é concedida por Deus. Não surpreende que Daniel, apesar de lançado cruelmente numa cova de leões, tenha sentido a paz de Deus em seu coração e nada temeu, porque sabia que havia agido honestamente. O rei, contudo, apesar de habitar num belíssimo palácio, gozando de toda segurança, conforto e luxo, não podia dormir. Quando se conhece a Deus, Ele proporciona paz ao coração. Ele nos capacita a enfrentar as situações difíceis da vida com confiança. Se a nossa paz não depende do que está acontecendo ao redor, mas do que sucede em nosso coração; se o reino de Deus está bem arraigado no íntimo e Jesus vive dentro de nós, então, somente então, sentiremos a verdadeira paz. Daniel 6:19 e 20 – “Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei e foi com pressa à cova dos leões. Chegando-se ele à cova, chamou por Daniel com voz triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?” Daniel 6:21 – “Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive eternamente!” Daniel 6:22 – “O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca aos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum”.

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Daniel 6:23 – “Então, o rei se alegrou sobremaneira e mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus”. Os inimigos de Daniel ficaram alegres, quando o viram ser lançado na cova dos leões. E o rei se entristeceu muito por isso. Porém, no dia seguinte pela manhã, ao sair da cova vivo sem um arranhão sequer, Daniel e o rei se alegraram, enquanto a alegria dos inimigos se transformou em terror. A parte realmente importante na história de Daniel não é o livramento. Mesmo se os leões houvessem retalhado o seu corpo, ainda assim ele teria triunfado. Deus não livrou João Batista, Estevão e tantos outros. Milhares de cristãos morreram como mártires. Nem sempre a vitória é completa nesta vida, mas a promessa de Deus é de vitória para a vida eterna. Daniel 6:24 – “Ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova, e já os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos”. A morte dos familiares dos conspiradores pode parecer um ato bárbaro da parte do rei. Mas é preciso compreender que, com freqüência, ataques injustos aos fiéis seguidores de Deus têm trazido ruína e destruição aos seus autores. Esses acabam recebendo o destino cruel que haviam planejado (Gálatas 6:7). Vimos no capítulo anterior que Belsazar foi condenado com justiça, pelo fato de que ele decidira pecar mesmo sabendo tudo a respeito da experiência de Nabucodonosor. Os homens que tentaram liquidar Daniel assim procederam mesmo sabendo de sua inocência. À semelhança de Belsazar – e de tantas outras pessoas que vivem nos dias de hoje – esses homens “não acolheram o amor da verdade” (II Tess.2:10). Daniel 6:25 – “Então, o rei Dario escreveu aos povos, nações e homens de todas as línguas que habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada!” Daniel 6:26 e 27 – “Faço um decreto pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque Ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o Seu reino não será destruído, e o Seu domínio não terá fim. Ele livra, e salva, e faz sinais e maravilhas no céu e na terra; foi Ele quem livrou a Daniel do poder dos leões”. Daniel 6:28 – “Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa”. Como Nabucodonosor, Dario ficou tão impressionado com o triunfo de

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Daniel, que fez um testemunho público para todo o mundo. A vida de Daniel é uma lição de que Deus pode nos livrar, qualquer que seja a circunstância. Nosso Deus é um Deus dos impossíveis e a vitória ao lado dele, é certa. A vida eterna está ao alcance de todo aquele que crer em Cristo como salvador e senhor de sua vida. Quando os leões da vida, ou os leões da tentação, ou da depressão, do ressentimento, estiverem lhe amedrontando, não tema, confie, sinta paz em seu coração. Deus é o maior domador de leões. Talvez, você esteja se sentindo no fundo da cova, cercado por feras famintas. Erga os olhos para o alto e confie em Deus! Capítulo 7 de Daniel Através do sonho de Nabucodonosor relatado no capítulo 2, Deus revelou a história dos povos deste mundo até a segunda vinda de Jesus. A compreensão desta revelação é necessária para entender as profecias dos capítulos 7 a 12, do livro de Daniel. O capítulo 7 relata uma visão que Daniel teve no primeiro ano do rei Belsazar, ou seja, aproximadamente 50 anos depois que Nabucodonosor recebeu a visão da imagem do capítulo 2. Provavelmente foi ao redor do ano 553 a.C. (o livro de Daniel não possui uma ordem cronológica). Este capítulo amplia detalhes apresentados no capítulo 2 e ainda oferece elementos novos como as características do poder religioso que decide afrontar a soberania e a autoridade de Deus e o julgamento que ocorre no Céu, antes de volta de Jesus. Daniel 7:1 – “No primeiro ano de Belsazar, rei da Babilônia, teve Daniel um sonho e visões ante seus olhos, quando estava no seu leito; escreveu logo o sonho e relatou a suma de todas as coisas”. A morte de Belsazar foi descrita no capítulo 5. Se os capítulos do livro de Daniel estivessem colocados em ordem cronológica, o capítulo 7 viria antes do capítulo 5. A razão pela qual os capítulos não estão colocados em ordem cronológica é que as partes históricas do livro (capítulos 1, 3, 4, 5 e 6) deviam ficar juntas e os capítulos proféticos numa seção própria. Daniel 7:2 – “Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande”. Mar – Freqüentemente, a palavra mar é usada na Bíblia, em sentido profético, para simbolizar povos e nações da Terra (Apoc. 17:15). Ventos – São símbolos para guerras e conflitos entre nações (Jer. 25:31-33; 49:36-37). Assim, esta profecia representava guerras e conflitos envolvendo os habitantes da Terra.

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Daniel 7:3 – “Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar”. Em Daniel 2, quatro metais foram usados para representar os reinos políticos que comandaram a história do mundo. Agora, os mesmos reinos são representados por quatro animais: Babilônia (ouro/leão); Medo-Pérsia (prata/urso); Grécia (bronze/leopardo); Roma (ferro / animal terrível). Os quatro animais são imagens monstruosas. Nos próximos versículos são apresentadas as características de cada um deles. Daniel 7:4 – “O primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe foi dada mente de homem”. Assim como o ouro é o principal dos metais, o leão é o rei dos animais. As asas de águia simbolizam a rapidez com que o leão realizou suas conquistas. Em poucos anos, Nabucodonosor tornou-se senhor da maior parte do mundo conhecido. Daniel 7:5 – “Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne”. Menos nobre do que o leão, o urso ilustra a deterioração progressiva, que é uma das características da estátua de Daniel 2. O urso se levantou de um lado, o que representa a dualidade das duas raças dominantes: os medos e persas. O urso tinha três costelas na boca, representando as três nações que os medos e persas tiveram que abater para dominar o mundo: Babilônia, Lídia e Egito. A Veloz Expansão Grega Daniel 7:6 – “Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio”.

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Leopardo – Observem a precisão da profecia bíblica. Quem submeteu e liquidou a Medo-Pérsia? A voz da história confirma: Grécia. E por que a Grécia foi comparada a um leopardo? (Dan.8:21; 11:2). O leopardo é conhecido por sua rapidez e agilidade. Embora menor, o leopardo não tem medo de atacar um leão ou urso. Um leopardo com 4 asas – Se você quisesse tornar o leopardo mais rápido, o que faria? Colocaria asas nele. Assim fez Deus para predizer a rápida ascensão de Alexandre, o Grande: um leopardo com asas. Nada na história do mundo pode ser comparado à velocidade com que Alexandre vencia as nações. O leopardo precisou ter asas para simbolizar tamanha rapidez. Com apenas 30 mil homens, a Grécia conquistou a Pérsia, com 600 mil. O leopardo tinha 4 cabeças – O império de Alexandre foi dividido entre seus quatro generais: Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco. A profecia não advinha, afirma: “será assim!” O conflito entre o bem e o mal – Deus passou rapidamente por esses animais ou bestas, porque quer que a nossa concentração esteja posta no conflito que envolve a verdade, a justiça e a Sua lei eterna. 7 – “Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres”. Um animal terrível e espantoso O quarto animal era tão diferente dos demais que o profeta não pôde encontrar nada na natureza para descrevê-lo. Você se lembra de qual nação derrotou a Grécia? Claro, Roma. O império romano, por sua vez, foi dividido em 10 partes. Note que os dentes de ferro do animal monstruoso equivalem às pernas de ferro da imagem de Daniel 2. Os pés da imagem de Daniel 2 possuíam 10 dedos, o quarto animal tinha 10 chifres. Os 10 dedos da imagem correspondem às 10 divisões de Roma, assim como os 10 chifres do quarto animal também representam as nações européias que emergiram do Império Romano. As dez divisões do império romano são identificadas na história como os Germanos, Ostrogodos, Visigodos, Francos, Vândalos, Suevos, Burgúndios, Hérulos, Anglo-saxões e Lombardos. A novidade do capítulo 7 – A fase final da visão do capítulo 2 é a queda da pedra que destruiu a imagem, estabelecendo o reino de Cristo. No capítulo 7, acontece algo novo. O profeta fala sobre o mesmo tema do capítulo 2, mas acrescenta novos detalhes à visão. No capítulo 7, há uma

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ênfase aos acontecimentos que ocorrerão em nossos dias, antes da volta de Cristo (a pedra). Um Novo Poder no Cenário Mundial 8 – “Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava com insolência”. Surge nessa profecia um novo poder – Nos últimos dias da história, surgiria o poder chamado de “Chifre Pequeno” ou “Ponta Pequena”. Se os 10 chifres representam a divisão do império romano, o Chifre Pequeno representa um poder que se levantaria entre esses dez, diante do qual três deles seriam completamente destruídos. Que poder é esse representado pelo Chifre Pequeno? Os três chifres arrancados – A profecia declara que três dos primeiros chifres que surgiram do império romano foram arrancados. As nações exterminadas foram: os Hérulos, os Vândalos e os Ostrogodos. A História confirma a profecia – Até este ponto, a História tem seguido fielmente a profecia, como um mapa preciso. Deus falou sobre a Babilônia e Medo-Pérsia, mencionou nominalmente o rei Ciro, descreveu a Grécia, falou sobre Alexandre, o Grande, referiu-Se aos quatro generais da Grécia. Disse que a Grécia também cairia e que Roma governaria o mundo. Revelou as dez divisões do império romano, o que realmente aconteceu no período de 351 a 476 d.C. Então, vamos seguir com a profecia em busca da identificação do Chifre Pequeno. 9 – “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente”. O Ancião de Dias – Tronos são assentos de reis. Temos aqui uma descrição da cena de um julgamento. O Juiz do Universo é descrito como uma pessoa. A expressão “Ancião de Dias” significa que Ele existe desde a eternidade. Sua veste é branca como a neve, indicando sua pureza e perfeição. Seu cabelo é como a lã pura, significando idade avançada, autoridade patriarcal e sabedoria. Seu trono é de fogo ardente. O fogo purifica, esteriliza e destrói toda corrupção. A pureza de Deus é absoluta. As rodas indicam mobilidade. Deus é onipresente. 10 – “Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros”. Um julgamento

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Multidões de anjos estão presentes. A julgar pelos símbolos e imagens fornecidos, o julgamento não ocorre na Terra, mas no Céu. Assentou-se o tribunal Há um tempo determinado para esse julgamento, quando os livros são abertos. “Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um Varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-O dentre os mortos.” (Atos 17:31). 11 – “Então, estive olhando, por causa da voz das insolentes palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o animal foi morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado”. 12 – “Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e um tempo”. A destruição do animal terrível A atenção de Daniel volta-se do Céu para a Terra. Aqui ele chama a atenção para a destruição final do animal, o qual é atirado às chamas. O Juiz da Terra pronunciou o veredicto final. 13 – “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até Ele”. 14 – “Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído”. O Filho do Homem Está claro que essa passagem não se refere a um mero ser humano. Trata-se da pessoa de Jesus como nosso Sumo Sacerdote, intercedendo por nós diante do Ancião de Dias, no santuário celestial. Logo, o reino eterno, que não passará e jamais será destruído, lhe será entregue. 15 – “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro de mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram”. 16 – “Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e me fez saber a interpretação

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das coisas”: Daniel queria entender a visão – Estava ansioso para saber o futuro do povo de Deus. Ele não conseguia entender o significado da visão. Então, Deus providencia para que ele entenda. 17 – Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra”. 18 – “Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade”. 19 – “Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas unhas eram de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava”; O enigma do quarto animal Daniel não teve dificuldade para entender o significado dos três primeiros animais. Leão, urso e leopardo eram animais conhecidos para ele. Mas o quarto animal era algo que ele nunca tinha visto antes. 20 – “e também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia mais robusto do que os seus companheiros”. 21 e 22 – “Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra contra os santos e prevalecia contra eles, até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino”. 23 – “Então, ele disse: O quarto animal será um quarto reino na Terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a Terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços”. 24 – “Os dez chifres correspondem a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis”. 25 – “Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo”. Identificação e características específicas: Quando surgiu esse poder? – Do império romano dividido, ou seja, logo depois de 476 d.C. (v.24). Emerge dentre as 10 nações européias.

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“será diferente dos primeiros” (v.24) – Não importa o que seja, esse chifre não é igual aos outros, que são apenas poderes políticos. A diferença: seria um poder político-religioso. Objetivo: lançar por terra a verdade de Deus (Dan. 8:12). “Proferirá palavras contra o Altíssimo” (v.25) – O que significa? Quer dizer colocar a si mesmo na posição de Deus, usurpar a autoridade de Deus. Esse é o mesmo poder que Paulo antecipou “que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (II Tess.2:4). Você conhece algum poder religioso surgido do império romano que se autodenomine o representante de Deus na Terra? “O papa é de tão grande dignidade e tão exaltado, que não é um mero homem, mas é como se fosse Deus e o vicário de Deus.” – “De modo que, se fosse possível que os anjos errassem, ou que pudessem pensar de maneira contrária à fé, eles poderiam ser julgados e excomungados pelo papa.” – “O papa é como se fosse Deus na Terra, único soberano dos fiéis a Cristo, o maior rei dos reis, tendo plenitude de poder.” Lucius Ferraris, em sua Prompta Bibliotheca, vol.VI, pág.26-29. “Estou diante de um homem vestido de branco, com uma cruz no peito. Não posso deixar de ver que este homem, que chamam de papa (pai em grego), é em si um mistério, um sinal de contradição. Até mesmo uma provocação, um ‘escândalo’, segundo aquilo que para muitos é o bom senso. Com efeito, diante de um Papa é preciso escolher. O chefe da Igreja Católica é definido pela fé como: ‘Vigário de Jesus Cristo’. Ou seja, é considerado o homem que na Terra representa o Filho de Deus, que ‘faz as vezes’ da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Isto é o que afirma cada papa de si mesmo. E os católicos acreditam nisto e, por isso, o chamam Santidade”. – João Paulo II, Cruzando o Limiar da Esperança, pág. 27. Observação: Este livro é de autoria de João Paulo II, apenas foi composto através de entrevistas dadas ao jornalista italiano Vittorio Mesori. Essas declarações, e muitas outras que poderiam juntar-se a elas, expressam o que cada sumo-pontífice romano fala acerca de si mesmo; é como eles são vistos e como se vêem perante o mundo: “Nós (papas), ocupamos na Terra o lugar do Deus Todo-Poderoso”. – Leo VIII, em 20 de junho de 1894. “Magoará os santos do Altíssimo” (v.25) Cruzadas, massacres e perseguições de todos os tipos foram usados para tentar compelir a todos para que se subjugassem a esse poder religioso na Idade Média. Você sabe dizer qual foi o poder religioso que produziu a chamada Inquisição? “Julgada pelos padrões contemporâneos, a inquisição, especialmente do

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modo como ocorreu na Espanha, já no final da Idade Média, pode ser classificada apenas como sendo um dos capítulos mais tenebrosos na história da igreja.” – New Catholic Encyclopedia, arts. “Inquisição”. “Cuidará em mudar os tempos e a lei” (v.25) Você é capaz de identificar o poder religioso que mudou a lei de Deus escrita em Êxodo 20:3-17? Esse poder retirou o segundo mandamento, para permitir a prática da adoração de imagens. E para que, com a extinção do segundo, os mandamentos continuassem a ser dez, houve a divisão do décimo mandamento em dois. Não bastasse, alterou o quarto mandamento, substituindo o sábado pelo domingo. “O papa pode modificar a lei divina, uma vez que o seu poder não é o de homem, mas de Deus, e ele age em lugar de Deus sobre a Terra...” Prompta Bibliotheca, 8 volumes, art. “Papa, II”. “Um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (v.25) – Aqui um tempo equivale a um ano (Dan.11:13). Assim, essa expressão se refere a três anos e meio ou 42 meses. Considerando que em profecia cada dia é contado como um ano (Núm.14:34), temos então o período de 1.260 anos. Esse período da profecia começou a contar a partir do decreto de Justiniamo, em 538 d.C., quando ele investiu o bispo de Roma como o líder de todas as igrejas. Exatamente 1.260 anos após essa data, o general Berthier entrou em Roma, aprisionou o Papa e o levou para a França, onde viria a morrer em exílio. 26 e 27 – “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim. O reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão”. 28 – “Aqui, terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram, e o meu rosto se empalideceu; mas guardei estas coisas no coração”. Jesus já havia profetizado: “Em vão, porém, Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mar.7:7). Daniel viu o leão, o urso, o leopardo e o animal terrível; viu os dez chifres e o chifre pequeno; viu a apostasia, o abandono da verdade em toda a Terra; viu a rebelião contra a lei de Deus. Então ele olhou para o Céu e o que viu? Viu um julgamento. Observou que um pouco antes da vinda de Cristo, haverá um último chamado, um chamado de retorno para a Bíblia, um chamado para a verdade. Um chamado para a obediência, um chamado para a santa lei de Deus.

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Prezado leitor, você está sendo chamado pelo próprio Deus a fazer parte deste grupo que lhe presta obediência voluntária, movida pelo amor, e que respeita e observa os Seus santos mandamentos: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12). Capítulo 8 de Daniel O juízo e a restauração da verdade A visão de Daniel 8 é o clímax das apresentações simbólicas do livro. O contexto histórico mostra que o capítulo está falando do santuário no Céu, onde Cristo agora é o nosso Sumo Sacerdote (Heb. 8:1-2). As questões-chave reveladas aqui não giram ao redor de alguma batalha militar na qual exércitos pagãos profanam o santuário terrestre. O alcance do capítulo vai muito além de qualquer batalha localizada, terrestre, política ou militar. Ao contrário, as questões são espirituais; este capítulo é uma visão diferente do grande conflito, envolvendo um vasto sistema religioso que se ergueu em oposição à verdade de Cristo. O interesse principal nesta visão é mostrar – na Terra – a época da restauração da verdade deitada por terra (versos 10-12), e – no Céu – o início do juízo investigativo (purificação do santuário celestial). As três mensagens angélicas em Apocalipse 14:6 focalizam a restauração da verdade no tempo determinado. Daniel 8:1 – “No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma visão depois daquela que eu tivera a princípio”. Essa visão ocorreu dois anos depois da visão de Daniel 7. Babilônia ainda teria alguns anos de vida antes da sua queda, mas não foi difícil para um homem como Daniel ver que os seus dias estavam contados. Daniel estava idoso e permanecera no cativeiro por aproximadamente 55 anos. Sabia que os 70 anos do cativeiro profetizados por Jeremias acabariam em breve, e ele desejava ver a restauração prometida. A visão que tivera dois anos antes ainda era bem presente em sua mente. Estava bastante ansioso por ver como a nova visão complementava a antiga, e quais outras impressões receberia. Daniel 8:2 – “Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio Ulai”. A passagem não diz se ele estava realmente em Susã ou se foi

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transportado para lá em visão. Seria o povo deste país que, em curto tempo, capturaria Babilônia. Ele estava profeticamente sendo levado para o futuro, para a época do império medo-persa. Daniel 8:3 – “Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último”. Daniel 8:4 – “Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia”. Daniel 8:5 e 6 – “Estando eu observando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os olhos; dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o seu furioso poder”. Nesta profecia o carneiro e o bode são usados como símbolos. Dois animais que eram usados no ritual do santuário. No santuário hebreu, uma vez ao ano, acontecia uma festa especial, a festa da purificação do santuário. O cordeiro e o bode eram animais usados para um sacrifício especial feito no último dia da festa da purificação do templo, no dia do julgamento. Quando utiliza o cordeiro e o bode, Deus quer chamar nossa atenção para o ‘fim dos tempos’, o juízo final, a ‘purificação do santuário’. A descrição identifica claramente o carneiro representando o Império Medo-Persa (verso 20). Como Babilônia está em seus últimos dias, já agonizante, ela nem sequer é mencionada nessa profecia. Os dois chifres do carneiro representam os medos e persas. Os medos vieram primeiro, mas os persas tornaram-se os membros dominadores dessa união. O bode é identificado no verso 21 como sendo o rei da Grécia. Com séculos de antecedência, a profecia identifica a Grécia como o império que subjugaria a Medo-Pérsia. O bode andava sem tocar no chão (ou seja, ele voava), demonstrando a velocidade das conquistas de Alexandre, o Grande. Daniel 8:7 – “Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe resistir; e o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o carneiro do poder dele”. Daniel 8:8 – “O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do céu”. Essa descrição não deixa dúvida acerca da completa vitória de Alexandre

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sobre os medo-persas. A Pérsia foi totalmente esmagada. A Ponta Pequena Daniel 8:9 – “De um dos chifres [deles] saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa”. “De um deles” – O texto original [hebraico] não diz “de um dos chifres”, como acontece em nossa versão em português. O original diz “de um deles”. Portanto, o chifre pequeno de Daniel 8, deveria surgir de um dos quatro ventos. Ou seja, deveria aparecer em um dos quatro pontos cardeais. Num estudo superficial das escrituras sagradas alguns leitores cometem o equívoco de afirmar que o chifre pequeno de Daniel 8 seria o rei, Antíoco Epifânio. Porém, Antíoco Epifânio não atende às especificações proféticas: 1) Chifres se referem a reinos, não a indivíduos; 2) Ele não “cresceu muito”, em comparação com o império medo-persa e a Grécia; 3) Ele não destruiu o templo de Jerusalém; 4) Jesus referiu-Se à abominação da desolação como algo futuro (Mat.24:15). Antíoco Epifânio morreu quase 200 anos antes de Cristo fazer essa declaração. Roma pagã atende a todas as especificações: 1) Roma sucede à Grécia em Daniel 2 e 7. É lógico que Roma também devesse seguir à Grécia em Daniel 8; 2) Roma levantou-se do oeste, encaixando-se assim na descrição de um poder vindo dos quatro ventos; 3) O império romano dominou o Oriente Médio, “para a terra gloriosa” (Daniel 8:9); 4) Roma “engrandeceu-se até ao príncipe do exército” (Daniel 8:11); 5) Roma tornou em ruínas o lugar do santuário, em 70 d.C., e terminou permanentemente os sacrifícios que ali ocorriam. Daniel 8:10 - Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do exército e das estrelas lançou por terra e os pisou. O exército e as estrelas, quando usados num sentido simbólico concernente aos eventos que ocorrem na Terra, são referências ao povo de Deus e seus líderes. No verso 13, veremos como Roma esmagou tanto o santuário como o exército debaixo de seus pés. Muitos cristãos foram

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sacrificados sob o poder de Roma. Daniel 8:11 – “Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo”. Daniel 8:12 – “O exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das transgressões; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou”. De acordo com a profecia, o sacrifício diário (contínuo) seria tirado. Satanás não conseguiu desfazer o plano da salvação através de Roma pagã pelo meio político (morte de Jesus, destruição do templo, perseguição, etc.). Procurou então outro meio: a religião. Introduzindo um sistema falso de adoração, procurou desviar a atenção do ser humano do verdadeiro e único Mediador (I Tim. 2:5). Este contínuo Mediador é Jesus. A contínua intercessão de Jesus foi substituída pela intercessão sacerdotal do clero romano. Todas as qualificações e atribuições inerentes a Cristo, o papado passou a atribuir-se a si mesmo. O sistema de adoração e culto ao verdadeiro Deus através do “contínuo” (Jesus), o intercessor no santuário celestial, foi substituído por um sistema falso de adoração chamado de: “abominação assoladora” ou “transgressão assoladora”. Roma pagã literalmente destruiu o templo, no ano 70 d.C., acabando para sempre com seus serviços religiosos. A profecia de Jesus, que não ficaria pedra sobre pedra (Mat. 24:2), foi cumprida. Daniel 8:13 – “Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?” Daniel 8:14 – “Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. Daniel ouve dois anjos conversando. Um faz uma pergunta e o outro dá a resposta. A conversa foi registrada em benefício de toda a humanidade. Até quando a verdade será lançada por terra? Até quando vai durar esse estado de abandono da verdade e imposição de um sistema falso de culto ao verdadeiro Deus? A resposta do anjo estabelece uma data profética depois da qual este estado de sacrilégio teria o seu fim. No final de “duas mil e trezentas tardes e manhãs”, a verdade do evangelho jogada “por terra” por Roma eclesiástica, como enfatiza o versículo 12, seria restaurada e proclamada com toda força, como nos dias dos apóstolos.

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Sabendo que em linguagem profética um dia equivale a um ano (Eze.4:6; Num.14:34), temos então que após dois mil e trezentos anos o santuário seria purificado. Naturalmente, Daniel entendia que o termo santuário referia-se ao templo de Jerusalém, que havia estado em desolação desde a invasão de Nabucodonosor. O Santuário Terrestre No santuário hebreu, as ovelhas eram sacrificadas no pátio, sobre o altar dos holocaustos. Cada dia os pecadores vinham ao pátio para sacrificar animais. O sangue das vítimas era levado para o Lugar Santo, que é o primeiro compartimento do Santuário. Mas, apenas uma vez ao ano o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo do Santuário, para realizar um cerimonial muito solene. Ele fazia isso no último dia do ano judaico, chamado Yom-Kippur. Esse era um dia muito especial, o “Dia da Expiação”. O que acontecia no dia da purificação do santuário terrestre está relatado em Levítico 16:29-33. Esse era um dia de julgamento para o povo hebreu, o dia do juízo. Como antigamente os pecados do povo eram transferidos simbolicamente para o santuário terrestre, mediante o sangue da oferta pelo pecado, assim nossos pecados foram, de fato, transferidos para o santuário celestial, mediante o sangue de Cristo. E, como a purificação típica do santuário terrestre se efetuava mediante a remoção dos pecados pelos quais se poluíra, conseqüentemente a purificação do santuário celeste deve efetuar-se pela remoção, ou apagamento, dos pecados que ali estão registrados. Isso necessita um exame dos livros de registro para determinar quem pelo seu arrependimento dos pecados e fé em Cristo, tem direito aos benefícios de Sua expiação. Assim, assistido por anjos, nosso Sumo Sacerdote entra no Lugar Santíssimo e ali comparece à presença do Ancião de Dias, conforme descrito em Dan. 7:9-14, para realizar a obra do juízo investigativo, que deve ocorrer antes de Sua vinda para resgatar Seu povo. Quando se encerrar a obra do juízo investigativo, o destino de todos terá sido decidido, ou para a vida ou para a morte eterna. O tempo de graça finaliza pouco antes do aparecimento do Senhor nas nuvens do Céu. Santuário Celestial

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O santuário terrestre não era um fim em si mesmo, mas um símbolo de algo muito maior. Ele foi construído de acordo com um tabernáculo maior (Heb.9:11-12; Êxo.25:8-9; Heb.8:5; Atos 7:44). O tabernáculo terrestre foi construído de acordo com um modelo, sendo sombra do celestial. Os sacrifícios do Antigo Testamento eram tipos do sacrifício maior do novo concerto. Seus sacerdotes eram tipos do nosso Senhor, em Seu mais perfeito sacerdócio. Seu ministério era desempenhado para ser um exemplar e sombra do ministério do nosso Sumo Sacerdote no Céu. O santuário onde eles ministravam era uma imagem do verdadeiro santuário no Céu, onde o nosso Senhor desempenha o Seu ministério. Na ilha de Patmos, João recebeu uma visão por meio da qual lhe foi permitido olhar através dos portões do Céu. Ele viu sete lâmpadas de fogo ardendo diante do trono (Apoc.4:5), um altar de incenso e o incensário de ouro (Apoc.8:3), e a arca do concerto de Deus (Apoc.11:19). Viu não apenas os móveis do santuário; viu o próprio templo. O Céu pode ser purificado? – Hebreus afirma: “Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão. Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores” (Heb. 9:22-23). Em conexão com as ações do “chifre pequeno”, temos o período de 2.300 anos que estipula o prazo para o início da restauração da verdade lançada por terra e a purificação do santuário celestial. Na visão do capítulo 7, Daniel presenciou o juízo a ser realizado lá no Céu, após o período de supremacia de Roma papal. No capítulo 8, é descrito o tempo exato em que esse juízo deveria ocorrer (após os 2.300 anos). Daniel 8:15 – “Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se me apresentou diante uma como aparência de homem”. Daniel 8:16 – “E ouvi uma voz de homem de entre as margens do Ulai, a qual gritou e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão”. Daniel queria muito entender o real significado da visão e Deus respondeu sua oração ordenando ao anjo Gabriel que a explicasse para ele. Daniel 8:17 – “Veio, pois, para perto donde eu estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim”. Daniel 8:18 e 19 – “Falava ele comigo quando caí sem sentidos, rosto em

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terra; ele, porém, me tocou e me pôs em pé no lugar onde eu me achava; e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim”. Foi assegurado a Daniel que a visão era para o tempo do fim. As grandiosas verdades proféticas reveladas ao profeta apontavam para os últimos dias da Terra. Daniel 8:20 e 21 – “Aquele carneiro com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia; mas o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei”; Daniel 8:22 – “o ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas não com força igual à que ele tinha”. O cumprimento detalhado dessa profecia, escrita enquanto a Babilônia ainda era um império florescente, sustenta a afirmação de que a Bíblia foi inspirada por Deus. O império medo-persa e a Grécia constituem apenas a parte preliminar da profecia. Em sua parte principal, essa profecia nos guiará para entender a atuação nociva do poder político-religioso que sucedeu àqueles impérios. E foi exatamente o que aconteceu ao povo de Deus quando foi perseguido pela Roma eclesiástica, o poder que iria “destruir os santos do Altíssimo” (Dn.7:25). Daniel 8:23 – “Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem, levantar-se-á um rei de feroz catadura e especialista em intrigas”. Daniel 8:24 – “Grande é o seu poder, mas não por sua própria força; causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo”. Grande é o seu poder: “E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade” (Apoc. 13:2). Daniel 8:25 – “Por sua astúcia nos seus empreendimentos fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e destruirá a muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas será quebrado sem esforço de mãos humanas”. Por sua “astúcia” em promover ardilosos “empreendimentos”, faria “prosperar o engano”. Esse poder religioso assim se caracteriza por ter lançado a “verdade por terra” (II Tess. 2:9-12). A essência da sua doutrina é, pois, o “engano”. Cristo seria igualmente atingido pelo sacrilégio de Roma-papal manifestado na pretensão de ser o Seu representante na Terra. A melhor

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tradução de “anticristo” significa “no lugar de Cristo”. “Levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes” – Isso se cumpriu de duas maneiras distintas: 1) Sob o poder romano que o Príncipe dos príncipes foi condenado à morte e crucificado. 2) Por séculos, Roma eclesiástica suprimiu a verdade bíblica, substituiu o plano divino da salvação por um plano falso, e perseguiu os que recusaram submeter-se a sua autoridade. “Será quebrado sem esforço de mãos humanas” – Essa referência indica que o poder do “chifre pequeno” será destruído pela volta de Jesus. A estátua de Daniel 2 foi destruída por uma pedra cortada “sem mão” (Dn.2:34). Essa Pedra “esmiuçará e consumirá” todos os poderes terrestres. Falando do futuro do chifre pequeno, Daniel diz: “Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Dn.7:26). Isso ocorrerá ao se encerrar o Dia da Expiação celestial, quando a Terra será tomada dos inimigos de Deus, e os mansos a herdarão (Mat. 5:5). Daniel 8:26 – “A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes”. Essa é mais uma referência à visão das 2.300 tardes e manhãs (Dn. 8:14). O anjo explicou os símbolos da visão para Daniel, mas não disse nada acerca desse período de tempo. Tudo o que ele disse foi que ela apontava para um tempo no futuro distante. Daniel 8:27 – “Eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias; então, me levantei e tratei dos negócios do rei. Espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse”. Daniel teria que esperar por futuras instruções para entender a visão. No próximo capítulo, a data exata do início do julgamento no céu é revelada, assim como a restauração das verdades bíblicas por um povo descrito nas profecias.

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Capítulo 9 de Daniel Súplica e Entendimento Ao terminar a visão de Daniel 8, o profeta estava deprimido e angustiado; abalado com aquilo que lhe fora revelado e completamente desorientado. Treze anos se passaram e parte da sua interpretação do sonho de Nabucodonosor estava se cumprindo diante dos seus olhos. Babilônia foi finalmente derrotada. O império medo-persa já estava governando o mundo. Daniel foi apontado como conselheiro dos presidentes, sentenciado a passar uma noite na cova dos leões e salvo pela poderosa mão de Deus. Naquele mesmo ano, o anjo Gabriel veio até ele com a explicação da visão que o deixara tão perplexo. Daniel 9:1-2 – “No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos”. Os medo-persas derrotaram Babilônia em 539 a.C. Daniel era prisioneiro desde 605 a.C, quando tinha 17 anos. Então, no tempo do capítulo 9, Daniel deveria ter 83 ou 84 anos de idade. Nem o dom de profecia fez com que Daniel negligenciasse o estudo das Escrituras. Como primeiro-ministro da mais preeminente nação da Terra, ele nunca estava ocupado demais para deixar de passar tempo com a Palavra de Deus. Na adolescência, Daniel tinha ouvido Jeremias pregar e sabia que esse profeta era inspirado por Deus. As promessas de Deus, por meio de Jeremias, eram muito importantes para ele. A firme crença de Daniel era de que o Senhor cumpriria a promessa para o Seu povo, quando disse: “Assim diz o Senhor: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a Minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar” (Jeremias 29:10). Daniel já estava no cativeiro por quase setenta anos e, de acordo com os escritos de Jeremias, esse cativeiro devia estar chegando ao fim. Mas Daniel estava confuso por causa de uma discrepância entre sua visão e os escritos de Jeremias. Em sua visão, ele tinha visto um longo período de 2.300 anos antes do santuário ser purificado. Isso é o que lhe tirava o sono, enquanto cuidava dos negócios do rei. Este assunto sempre estava presente em suas orações. Daniel 9:3-4 – “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza. Orei ao SENHOR, meu Deus, confessei e disse: ah! Senhor! Deus grande e temível, que guardas a

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aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos;” Daniel reconhecia a majestade de Deus. Os exemplos mostram que os homens mais próximos de Deus, de todos os tempos, foram os que demonstraram maior respeito ao mencionarem o Seu nome sagrado. Daniel 9:5 – “temos pecado e cometido iniqüidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;” Daniel 9:6 – “e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a todo o povo da terra”. Daniel não culpou os perversos reis de Israel, ou o povo idólatra. Ele disse “pecamos”. Quis identificar-se com o povo, a quem amava profundamente. Ele compartilhava as conseqüências da idolatria, mesmo sem ter participado dela. Era como Moisés, que não somente estava disposto a interceder pelo seu povo – a despeito da maneira como eles o haviam tratado – mas também estava pronto a morrer com eles. “Tornou Moisés ao Senhor e disse: Ora, o povo cometeu grandes pecados, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, senão, risca-me, peço-Te, do livro que escreveste” (Êxodo 32:31-32). Daniel entendeu a importância da confissão como uma parte da oração. “Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá” (Salmo 66:18). Daniel 9:7 – “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha, como hoje se vê; aos homens de Judá, os moradores de Jerusalém, todo o Israel, quer os de perto, quer os de longe, em todas as terras por onde os tens lançado, por causa das suas transgressões que cometeram contra ti”. Daniel 9:8 – “Ó SENHOR, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti”. Daniel 9:9-10 – “Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos temos rebelado contra Ele e não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para andarmos nas Suas leis, que nos deu por intermédio de Seus servos, os profetas”. Daniel 9:11 – “Sim, todo o Israel transgrediu a Tua lei, desviando-se, para não obedecer à Tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra Ti”.

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Daniel 9:12 – “Ele confirmou a Sua palavra, que falou contra nós e contra os nossos juízes que nos julgavam, e fez vir sobre nós grande mal, porquanto nunca, debaixo de todo o céu, aconteceu o que se deu em Jerusalém”. Daniel 9:13 – “Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do SENHOR, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniqüidades e nos aplicarmos à Tua verdade”. A Lei da Causa e Efeito Daniel 9:14 – “Por isso, o SENHOR cuidou em trazer sobre nós o mal e o fez vir sobre nós; pois justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as suas obras que faz, pois não obedecemos à sua voz”. Quando qualquer pessoa, qualquer família, qualquer nação, consciente e voluntariamente deixa os caminhos do Senhor, perde as bênçãos e a proteção divina. Em conseqüência, sua vida se enche de problemas, sofrimentos e destruição, que não existiriam caso não tivessem escolhido ignorar as determinações de Deus. Assim, é a rebeldia humana que retém a mão de Deus e dá ao diabo a permissão para nos causar problemas e sofrimentos que, em outra situação, ele não poderia causar. Algumas vezes, Deus nos ensina através do sofrimento o que não aprenderíamos em momentos de alegria. Alguém já disse que só olhamos para cima quando estamos lá embaixo. É muito melhor aprender na alegria do que na dor. Daniel 9:15 – “Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o Teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a Ti mesmo adquiriste renome, como hoje se vê, temos pecado e procedido perversamente”. Daniel 9:16 – “Ó Senhor, segundo todas as Tuas justiças, aparte-se a Tua ira e o Teu furor da tua cidade de Jerusalém, do Teu santo monte, porquanto, por causa dos nossos pecados e por causa das iniqüidades de nossos pais, se tornaram Jerusalém e o Teu povo opróbrio para todos os que estão em redor de nós”. Daniel 9:17 – “Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do Teu servo e as suas súplicas e sobre o Teu santuário assolado faze resplandecer o rosto, por amor do Senhor”. Daniel 9:18 – “Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade que é chamada pelo Teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a Tua face fiados

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em nossas justiças, mas em Tuas muitas misericórdias”. Daniel 9:19 – “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome”. A Resposta Divina à Oração Daniel 9:20 – “Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o pecado do meu povo de Israel, e lançava a minha súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus”. Daniel 9:21 – “Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem Gabriel, que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à hora do sacrifício da tarde”. Indiscutivelmente, Daniel está se referindo à visão do capítulo anterior. As duas únicas visões anteriores foram a interpretação do sonho de Nabucodonosor e a visão de Daniel 7. Mas não há menção ao anjo Gabriel em nenhuma dessas visões. Daniel 9:22 – “Ele queria instruir-me, falou comigo e disse: Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido”. O anjo estava prestes a explicar sobre o tempo da purificação do santuário, no final do capítulo 8, quando aconteceu algo com Daniel (Dan.8:27). Daniel desmaiou e adoeceu. Por amor a nós, muitas vezes Deus aguarda que tenhamos suficiente condição e entendimento para receber Suas respostas e revelações. O anjo já havia explicado para Daniel a parte do significado da visão que ele era capaz de compreender. Agora, ele volta para complementar sua explicação, esclarecendo o assunto que estava causando tanta preocupação a Daniel. Daniel 9:23 – “No princípio das tuas súplicas saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão”. Gabriel veio ajudar Daniel a entender qual era “o sentido”. A que sentido, ou assunto, estava ele se referindo? Era aquilo que, na visão anterior, Daniel não tinha entendido. Sobre o carneiro, o bode e o chifre pequeno Daniel compreendeu, o que não entendeu foi a parte acerca dos 2.300 dias. Daniel 9:24 - Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos.

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Quando a Bíblia fala de um dia comum, quer dizer um período literal. Está escrito em Gênesis sobre manhã e tarde como compondo um dia completo de 24 horas. Jonas passou três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim Jesus estaria “no ventre da terra” durante o mesmo período. Jesus morreu na sexta-feira e no terceiro dia ressuscitou. Em Daniel e Apocalipse quando se trata de profecias, fica claro que um dia representa um ano. O povo de Daniel eram os judeus. Quantos dias tem uma semana? Sete. Setenta vezes sete são 490 dias-proféticos, ou anos. Assim, os 490 anos da primeira parte da profecia deveriam aplicar-se ao povo judeu. A primeira parte dos 2.300 anos se refere aos judeus. A expressão “para fazer cessar a transgressão” descreve de maneira apropriada a persistente rejeição de Israel aos mandamentos de Deus, culminando com a rejeição e crucifixão do Messias esperado. O cumprimento de tudo o que foi profetizado ao fim das 70 semanas, atestaria a autenticidade da visão, colocando um selo de confirmação na profecia. Um selo é um documento de autenticidade. Daniel 9:25 – “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semana e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos”. O anjo Gabriel dividiu o período de 70 semanas em três partes: 7 semanas (49 anos); 62 semanas (434 anos) 1 semana (7 anos). O ponto de partida é identificado como “a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. Daniel estava prisioneiro em Babilônia há 70 anos e estava preocupado em saber quando o povo seria libertado para voltar a Jerusalém e reconstruir a cidade, os muros, o templo e adorar a Deus em paz. Então Gabriel começou com um evento que era muito importante para Daniel. O tempo deveria ser contado a partir da ordem para restaurar Jerusalém até o Ungido, o Príncipe. Quem é o Ungido? Jesus, sem sombra de dúvida. A explicação de Gabriel é clara. A partir do decreto para reedificar Jerusalém transcorreriam 7 e mais 62 semanas (de anos) até o Cristo, o Messias. Ainda restaria mais 1 semana profética para completar as 70 semanas anunciadas. Assim, desde o decreto para restaurar Jerusalém até o Messias, Jesus, transcorreriam 483 anos (7 + 62 semanas). Na realidade, foram baixados três decretos; o terceiro deles foi expedido

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por Artaxerxes e era muito importante porque permitia aos judeus não só partir, como também restabelecer a adoração a Deus. Isso ocorreu em 457 a.C. A partir daí, deveriam ser contadas as 69 semanas até o Messias e mais uma, para completar os 490 anos. Assim, partindo de 457 a.C., se somarmos mais 483 anos chegaremos ao ano 27 d.C., porque não existe o ano zero. Precisamente nesse ano Jesus Cristo, o Messias, foi batizado, ou ungido pelo Espírito Santo (Luc.3:1 e 21). Daniel 9:26 – “Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas”. No ano 70 d.C. a cidade de Jerusalém foi destruída por Tito Vespasiano. A Bíblia previra de forma milimétrica que o santuário terrestre seria destruído. Daniel 9:27 – “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele”. Os Eventos da Última ‘Semana’ Sessenta e nove das setenta semanas determinadas para o povo judeu haviam passado. Faltava a última semana. Uma semana profética, ou sete anos, que teriam início em 27 d.C. Se somarmos 27 com 7 chegaremos ao ano 34 d.C. No meio desse período, a Bíblia diz: “e na metade da semana”, o Messias seria crucificado. A metade da semana são três anos e meio. Se somarmos três anos e meio a partir do outono de 27 d.C. chegaremos à primavera de 31 d.C, data em que Jesus foi crucificado. No final desses 490 anos, em 34 d.C., os judeus selariam seu destino como povo de Deus. Logicamente que como indivíduos poderiam fazer parte do povo de Deus que viria depois. Qualquer pessoa, muçulmano, indiano, judeu, cristão, só é salvo através do sangue de Cristo. Mas os judeus não seriam mais a nação escolhida após 34 d.C. Em 34 d.C., Estevão, o primeiro mártir cristão, foi apedrejado. Os líderes judeus rejeitaram o evangelho e esse passou a ser disseminado entre os gentios. Podemos ler essa história no livro de Atos, quando o sumo sacerdote fez um discurso no apedrejamento de Estevão, renunciando a fé cristã, rejeitando a Jesus como o Messias. Em 34 d.C., o evangelho passou a ser pregado aos gentios e a primeira parte dessa profecia se cumpriu.

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Os primeiros 490 dos 2.300 anos findaram em 34 d.C. Essa fração do grande período de 2.300 anos referia-se ao povo de Daniel e à primeira vinda de Cristo. A última parte diz respeito ao moderno povo de Deus e à segunda vinda de Cristo. Deus usou um acontecimento que pudemos constatar – a primeira vinda de Cristo – para que compreendêssemos aquilo que não podemos ver – a segunda vinda de Cristo. Ora, se os acontecimentos da primeira parte da profecia se cumpriram pontualmente, obviamente os eventos da segunda parte também hão de se cumprir. “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado” (Dan.8:14). Conforme vimos, as 70 semanas são apenas a primeira parte de um período mais longo, do qual elas foram tiradas. Quatrocentos e noventa anos foram amputados dos 2.300 anos. Isso nos deixa com 1.810 anos para cumprir a segunda parte da profecia. Como os 490 anos terminaram em 34 d.C., se somarmos mais 1.810 anos, chegaremos ao ano de 1844. Mas, alguém poderá dizer: “Nada aconteceu em 1844 que se encaixe na descrição da profecia!” A profecia disse que, em 1844, o santuário seria purificado. Isso não pode ser uma referência ao santuário de Jerusalém, o qual foi destruído em 70 d.C. Só pode ser uma referência ao santuário, “o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Heb.8:2). Esse é o santuário que está no Céu (Heb. 9:11; Apoc.4:5; 8:3; 11:19). A purificação do santuário no Antigo Testamento fazia referência ao Dia da Expiação, que prefigurava o dia do julgamento. Como poderia o julgamento começar em 1844? A Bíblia não ensina que ele ocorrerá no tempo da segunda vinda de Cristo? Somente olhando para o conjunto, o contexto das profecias de Daniel, é que podemos encontrar uma resposta para essa pergunta. Tivemos uma prévia do julgamento no capítulo 7 de Daniel. Note as seguintes expressões: “Continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias Se assentou” (Dan.7:9). “Assentou-se o tribunal, e se abriram os livros” (Dan.7:10). “E eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-Se ao Ancião de Dias” (Dan.7:13). Temos aqui um retrato do Ancião de Dias (Deus, o Pai) tomando assento e abrindo os livros. O Filho do Homem (Jesus) vem com as nuvens dos céus (não nas nuvens, como em Sua segunda vinda), mas com as nuvens) e aparece diante do Ancião de Dias. O capítulo 8 de Daniel continua o tema. A purificação do santuário, portanto, é o mesmo evento do julgamento de Daniel 7. Mais luz é lançada sobre o assunto quando lemos o capítulo 14 de Apocalipse. Temos ali a proclamação do evangelho eterno, e a mensagem

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pregada é: “Temei a Deus e daí-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo” (Apoc.14:7). Essa mensagem não diz que a hora do Seu julgamento será no futuro, mas que ela está no presente. O evangelho está sendo pregado depois de haver chegado o tempo do julgamento. É dito que o dia da volta de Cristo não é conhecido nem pelos anjos do Céu (Mat. 24:36). Mas sobre a hora do julgamento é dito: “Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um Varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-O dentre os mortos” (Atos 17:31). Segundo a mesma profecia (Dan.8:9-14), desde 1844, Deus tem restaurado para o mundo a verdade sobre as Escrituras. A verdade que foi perdida durante os séculos, que foi obscurecida por tradições e doutrinas humanas. A verdade de que somos salvos somente por Cristo e que nossas boas obras não nos podem salvar. A verdade de que em qualquer preocupação ou dificuldade que enfrentarmos, precisamos não de um sacerdote terreno, mas de Jesus, nosso Sumo Sacerdote celestial. A verdade de que se nós O amarmos, permitiremos que Ele mude nossos corações e escreva Sua lei em nosso interior. Se estivermos vivendo no tempo do fim desde 1844, então isso é mais do que 150 anos! Mas devemos nos lembrar de que Noé pregou a destruição pelo dilúvio durante 120 anos. A Terra está sendo julgada por 150 anos, porque o dilúvio final está chegando. Nos últimos 150 anos, a mensagem de Deus tem sido anunciada ao mundo enquanto o tempo se escoa. Estamos nos aproximando da Grande Crise, do fim do mundo, da volta de Cristo, dos últimos momentos que precedem a eternidade. As Fases do Julgamento Final: • O julgamento antes da volta de Cristo – Esse é o tempo em que o Filho do Homem vem ao Ancião de Dias, purifica o santuário e investiga os livros (Dan.7:9-14, 27 e 27; Dan.8:14). • O julgamento na segunda vinda – O Filho do Homem separa as ovelhas dos bodes (Mat.25:31-46). • O julgamento durante o milênio – Os santos sentarão nos tronos e o julgamento será entregue a eles, ao examinarem os registros (Apoc.20:4; I Cor.6:2 e 3). • A sentença final para os ímpios – No final do milênio, os ímpios serão sentenciados ao castigo final (Apoc.20:4 e 12). • A execução – Após a sentença final, os perdidos serão lançados no lago de fogo (Apoc.20:12). Que encorajamento para os cristãos de hoje é saber que nosso

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Representante está diante do trono da graça intercedendo em nosso favor! “Por isso, também pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Heb.7:25). Capítulo 10 de Daniel Por trás dos bastidores O capítulo 10 é uma espécie de introdução a quarta grande profecia do livro de Daniel relatada nos capítulos 11 e 12. Estes três capítulos formam uma unidade. Setenta anos se passaram desde que Daniel e seus amigos foram forçados a deixar Jerusalém. Daniel tinha a idade avançada, mas ainda cumpria seus deveres nas cortes daquele governo estrangeiro. Ciro havia emitido um decreto permitindo que os filhos de Israel voltassem e reconstruíssem os muros e o templo de Jerusalém. Daniel não voltou com eles, possivelmente por causa da idade, ou porque sentiu que podia ajudar mais o seu povo usando sua influência na corte suprema do rei da Pérsia. Os samaritanos haviam oferecido seus serviços para a reconstrução de Jerusalém. Por causa da sua idolatria, a oferta foi recusada. Como vingança, começaram a fazer oposição à obra de reconstrução, de acordo com a descrição encontrada nos livros de Esdras e Neemias. Como resultado da oposição, a obra de reconstrução teve que parar. Era tempo de Páscoa, mas o templo ainda estava em ruínas. Os judeus continuavam como prisioneiros após os 70 anos, por isso Daniel orou por três semanas e jejuou. Daniel 10:1 – “No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome é Beltessazar; a palavra era verdadeira e envolvia grande conflito; ele entendeu a palavra e teve a inteligência da visão”. A nova visão mencionada ocorreu “no terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia”. Foi cerca do ano 535 a.C. e “envolvia grande conflito”. A crise devia ser muito grande, pois Daniel sentiu uma profunda tristeza durante três semanas. Daniel 10:2-3 – “Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas inteiras”. Daniel está outra vez de joelhos! Todos os seus problemas eram resolvidos com oração! Como um jovem na corte de Nabucodonosor, ele

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encontrou a solução para uma situação aparentemente sem esperança por meio da oração. Deus respondeu aquela oração, dando-lhe uma visão do que fora o sonho do rei. Quando ameaçado de ir parar na cova dos leões, ele orava três vezes ao dia com as janelas abertas. Deus respondeu sua oração fechando a boca dos leões. Quando preocupado com a profecia de Jeremias sobre a restauração de Jerusalém, ele orou, confessando seus pecados e os do povo. Deus enviou o Seu maior anjo, Gabriel, para responder aquela oração. Em todos os momentos Daniel buscava ao Senhor. É um exemplo de fé para nós. Daniel 10:4-6 – “No dia vinte e quatro do primeiro mês, estando eu à borda do grande rio Tigre, levantei os olhos e olhei, e eis um homem vestido de linho, cujos ombros estavam cingidos de ouro puro de Ufaz; o seu corpo era como o berilo, o seu rosto, como um relâmpago, os seus olhos, como tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como o estrondo de muita gente”. Comparando a visão que Daniel teve com a de João na ilha de Patmos (Apoc.1:13-16), é evidente que o Ser glorioso que ele viu às margens do rio Tigre, não era outro senão Jesus Cristo, o Filho de Deus. Daniel 10:7 – “Só eu, Daniel, tive aquela visão; os homens que estavam comigo nada viram; não obstante, caiu sobre eles grande temor, e fugiram e se esconderam”. A mesma experiência de Paulo no caminho de Damasco (Atos 9:7). A visão que Daniel teve foi sobremaneira grandiosa e sobrenatural que os seus companheiros, presentes na ocasião, ficaram tão aterrorizados que fugiram para se esconder. Daniel 10:8-9 – “Fiquei, pois, eu só e contemplei esta grande visão, e não restou força em mim; o meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo-a, caí sem sentidos, rosto em terra”. O efeito da visão em Daniel foi o mesmo que nos outros mortais a quem fora dado um vislumbre da Divindade. Na ilha de Patmos, João “caiu a seus pés como morto” (Apoc.1:17). No Monte da Transfiguração, Pedro, Tiago e João, “caíram sobre o seu rosto e tiveram grande medo” (Mat.17:6). Daniel 10:10-11 – “Eis que certa mão me tocou, sacudiu-me e me pôs sobre os meus joelhos e as palmas das minhas mãos. Ele me disse: Daniel, homem muito amado, está atento às palavras que te vou dizer; levanta-te sobre os pés, porque eis que te sou enviado. Ao falar ele

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comigo esta palavra, eu me pus em pé, tremendo”. O mesmo privilégio de Daniel, ao ser reconhecido como homem muito amado é estendido a cada um de nós, que temos em Jesus o Salvador e Senhor de nossas vidas. Daniel 10:12 – “Então, me disse: Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim”. Quando Pedro, Tiago e João caíram com temor sobre seus rostos no Monte da Transfiguração, a Bíblia diz: “Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais!” (Mat.17:7). Na ilha de Patmos, quando João viu Jesus e caiu a Seus pés como morto, também ouviu dEle: “Não temas” (Apoc.1:17). A oração de Daniel foi ouvida desde o momento em que se pôs de joelho e a pronunciou. Ele não tinha qualquer evidência de que suas orações estavam sendo ouvidas. Mas seguia em súplica em todos os momentos, mantendo assim, sua fé inabalável. Que notícia! Assim também acontece com as nossas orações. Elas são ouvidas imediatamente no Céu. E a partir daí dá-se início a um processo que os próximos versículos nos revelam: Por trás dos bastidores Temos, agora, uma visão privilegiada do que acontece por detrás dos bastidores. Toda oração sincera é ouvida no Céu, muito embora a resposta pareça demorar mais do que podemos compreender. Daniel orou três semanas antes que a resposta viesse, ainda que o anjo lhe tivesse garantido que suas palavras foram ouvidas desde o primeiro dia. Deus ergueu o véu e mostrou a Daniel as realidades do mundo invisível – o conflito entre as forças do bem e do mal. Na Bíblia, somente em Daniel 10 encontramos uma explicação tão completa quanto ao processo da oração. Este processo não aconteceu só com Daniel, mas acontece até hoje, toda vez que elevamos nossas orações ao Senhor. Daniel 10:13 – “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia”. Daniel 10:14 – “Agora, vim para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo nos últimos dias; porque a visão se refere a dias ainda distantes”.

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Satanás: O príncipe deste mundo É fundamental para a compreensão dessa passagem que não percamos de vista o contexto em que essa visão foi dada. Deus queria restabelecer Seu povo em Jerusalém e moveu o coração de Ciro para que emitisse um decreto ordenando a reconstrução do templo. É Deus quem “remove os reis e estabelece os reis” (Dan.2:21). Através de Isaias, cerca de 150 anos antes, Deus já havia profetizado que Ciro favoreceria Israel (Isa. 44:28; 45:1), a quem Deus escolhera para cumprir o Seu propósito. Enquanto isso, Satanás procurava frustrar o plano divino junto aos reis da Medo-Pérsia. Os vizinhos de Judá estavam tentando influenciar o rei da Pérsia a retirar a sua ajuda e a revogar sua ordem para reconstruir Jerusalém. Quando Satanás tentou Jesus, o Salvador disse: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (João 12:31). Satanás é o príncipe deste mundo, assim como naquele contexto, era o príncipe do reino da Pérsia. A Batalha entre o bem e o mal Pelo fato de ele haver se oposto a um anjo de Deus durante três semanas, devemos concluir que se tratava de um anjo mau. II Ped.2:4 fala dos anjos que pecaram e foram expulsos do Céu. Paulo disse que os deuses adorados pelas nações de seu tempo, na realidade eram demônios (I Cor.10:20). Paulo também revelou que nossos verdadeiros inimigos não são pessoas comuns, feitas de “carne e sangue”, mas que em verdade são “principados” e “potestades”, as “forças espirituais do mal” e os “dominadores deste mundo tenebroso” (Efésios 6:12). Por três vezes Jesus identificou a Satanás como “príncipe” (João 12:31; 14:30 e 16:11). Algumas versões bíblicas apresentam o texto de Dan.10:13 fazendo referência ao “anjo príncipe do reino da Pérsia”. Portanto, Satanás estava impedindo que as orações de Daniel fossem respondidas, porque estava influenciando a mente do rei Ciro para não deixar os israelitas voltarem para sua terra. Por isso, Daniel orou e enquanto ele orava, suas orações subiram a Deus, e no mesmo instante Deus mandou o anjo Gabriel para influenciar a mente de Ciro. “Mas o príncipe do reino da Pérsia [Satanás] me resistiu por vinte e um dias”. O que aconteceu foi que Satanás entrou em luta com o anjo Gabriel, para impedir que ele dissipasse a escuridão e a mente de Ciro

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pudesse ser aberta e o rei da Pérsia tivesse a oportunidade de tomar sua decisão livremente. Gabriel iria afastar todas as influências más que possuíram a mente de Ciro. Mas quando ele começou a fazer isso, Satanás apresentou-se pessoalmente, porque não queria que o povo de Israel voltasse para Jerusalém para adorar o verdadeiro Deus. Neste ponto, travou-se um terrível combate na mente de Ciro. As forças do bem contra as forças do mal; as forças de Cristo enfrentando as forças de Satanás. Essa batalha aconteceu na mente de Ciro, exatamente como acontece em nossa mente. Porém, as orações de Daniel trouxeram ajuda celestial para resolver o problema. Satanás continua exercendo grande influência sobre este mundo e sobre a mente de todas as pessoas que permitem serem comandadas por ele. Ele continua fazendo de tudo para atrapalhar os planos de Deus e muitas vezes, influencia a mente de pessoas que são usadas para atrapalhar também que orações sejam respondidas. Livre-arbítrio Deus respeita nossa liberdade de escolha. Ele nunca manipula a vontade. Nunca coage. Daniel orou e suas preces subiram até Cristo no Santuário Celeste. O Senhor Jesus disse a Gabriel: “Eu respeito a oração de Daniel e sua liberdade de escolha, mas também respeito o livre arbítrio de Ciro.” Por essa razão, nosso Senhor enviou Seu Espírito Santo para trabalhar na mente de Ciro. Deus pode olhar para Satanás e dizer: “Eu preciso respeitar a liberdade de escolha de Daniel e ele está orando por Ciro. Então irei dobrar Meus anjos e enviarei grandes fontes de força espiritual para abrir a mente do rei”. Não há contradição entre a atividade de Deus na História e a liberdade humana. Sua vontade pré-ordenada não anula a liberdade humana. A pessoa é livre para tomar decisões (Josué 24:15; I Reis 18:21). Mas qualquer decisão traz consigo os seus resultados inevitáveis. A pessoa pode escolher servir à vontade divina dentro do curso de eventos determinados por Deus. As profecias descrevem o plano universal de Deus para a humanidade e para o Seu povo e, portanto, são incondicionais. Como Senhor soberano da História, Ele a dirige, sem violar a escolha ou o livre-arbítrio humano, em direção a um objetivo em particular, isto é, o estabelecimento do Seu reino eterno na Terra. Em conseqüência, a profecia tem um elemento de determinismo a partir do fato de que o plano de Deus triunfará apesar de qualquer oposição.

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Os versículos relatam que, embora Satanás e Cristo estivessem trabalhando pela mente do rei persa, nenhum deles podia forçá-lo. O livre-arbítrio humano, embora seja um dos maiores dons que recebemos, custou um preço terrível: a morte de Jesus na cruz. Se não tivéssemos livre-arbítrio, não poderíamos ter pecado, e se não tivéssemos pecado, não teria havido cruz, porque não haveria necessidade dela. Assim, de muitas formas, a cruz é o maior exemplo não só da realidade do livre-arbítrio humano, mas das conseqüências de abusarmos dele. O conhecimento divino a respeito daquilo que os homens irão fazer, não interfere em suas decisões efetivas, assim como o conhecimento que um historiador possui sobre os atos passados das pessoas não interfere naquilo que elas fizeram. O conhecimento antecipado de Deus penetra no futuro sem alterá-lo. A presciência de Deus jamais viola a liberdade humana. A oração abre um novo caminho Em cada mente existe uma guerra, em cada coração existe uma luta e anjos bons e maus combatem a fim de conquistar a vida espiritual dos filhos de Deus. Mas, quando oramos, abre-se uma avenida para que os anjos bons desçam em maior número para trazer a luz e a verdade. Percebeu? Se Daniel tivesse interrompido suas orações já nos primeiros dias, a batalha estaria perdida. Nisso reside a importância de se manter sempre em oração, esperando no Senhor as respostas. Elas certamente virão. Em Daniel 2, Deus respondeu à oração de Daniel concedendo a interpretação do sonho de Nabucodonosor. Em Daniel 6, Deus enviou um anjo para livrá-lo dos leões. Em Daniel 9, Ele enviou a mais exaltada de Suas criaturas, o anjo Gabriel. Agora, em Daniel 10, Deus enviou o Seu próprio Filho. Deus sempre irá além. Sempre nos dará mais do que aquilo que pedimos. Quando oramos a Deus por nós mesmos ou por terceiros, um processo é desencadeado no céu. O anjo confirmou que todas as orações são ouvidas na hora em que a pronunciamos, e a partir daí são comissionados anjos e meios para que as respostas venham de acordo com o plano de Deus. Mas, Satanás, que é o príncipe deste mundo nos conhece muito bem, sabe exatamente nossas condições, o que nos faz cair, nossas fraquezas e sempre irá tentar atrapalhar, juntamente com seus outros anjos caídos, os propósitos de Deus em nossas vidas. A boa nova é que assim como Satanás influencia nossas mentes com seus anjos, Deus, Miguel e os santos anjos, também têm esta missão. Ao

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lado de Miguel, a vitória é certa. Quem é Miguel? Miguel desceu em auxílio ao anjo Gabriel, liderando todas as tropas celestes, e derrotou Satanás. Quem quer que seja Miguel, conclui-se que Ele é mais poderoso do que Satanás. Vamos ver algumas passagens bíblicas para identificá-lo. O nome “Miguel” é mencionado em apenas cinco lugares (Dan.10:13 e 21; 12:1; Judas 9; Apoc.12:7). Antes de lermos esses textos é bom lembrar um detalhe importante: todas as vezes que o nome Miguel é mencionado, o contexto é de um confronto pessoal com Satanás. O nome Miguel é um nome de guerra. Em Apoc.12:7-9 verifica-se que Miguel é suficientemente poderoso, tinha anjos ao Seu lado e autoridade para expulsar a Satanás do Céu. Em Judas 9 constatamos que Miguel tinha poder para derrotar Satanás e ressuscitar Moisés. No idioma hebraico, o nome Miguel significa uma pergunta: “Quem é igual a Deus?” E quem é o único que é igual a Deus? Claro, só pode ser Cristo Jesus. Devemos ficar felizes ao saber que Aquele que é como Deus pode expulsar Satanás do Céu e da nossa vida. O Arcanjo A palavra arcanjo significa “comandante e chefe dos anjos”. Uma das funções de Cristo é comandar os anjos, como se pode ver em I Tess.4:16 e 17. Nessa passagem é-nos dito que Ele virá com voz de arcanjo. Ele virá comandando os anjos, como alguém superior. O termo grego ‘arch’ significa superioridade, primazia, preeminência e também o que comanda, que chefia. O fato de que o Arcanjo é o chefe dos anjos, não faz dele um ser criado. A Bíblia apresenta apenas um arcanjo, e este é Miguel. Por ocasião da segunda vinda, é a voz do Arcanjo que assinala a ressurreição dos mortos, de acordo com I Tess.4:16. E de acordo com João 5:28 e 29, é a “voz do Filho de Deus” que provoca a ressurreição dos mortos. Daniel 12:1-4 diz que, quando Miguel Se erguer no tempo do fim, “muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão”. Miguel, o Arcanjo cuja voz irá despertar os mortos, é Jesus, o Filho de Deus e nosso Salvador. Pelo fato de ser tanto Deus quanto um Anjo (o Mensageiro muito especial enviado à Terra pelo Pai), Ele é inevitavelmente o Chefe dos anjos – o Arcanjo. Uma dimensão maior do grande conflito

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O capítulo 10 não se limita ao conflito existente durante o império Medo-Persa. Possui uma dimensão muito maior, pois o anjo explicou ao profeta que “a visão se refere a dias ainda distantes” e o capítulo 11 continua a mencionar a seqüência do “conflito” no império Medo-Persa e o seu desenvolvimento até a vinda de Cristo. O assunto em jogo é, na verdade, todo o futuro da humanidade. Daniel 10:15 – “Ao falar ele comigo estas palavras, dirigi o olhar para a terra e calei”. Outra vez Daniel ficou abismado, não somente com o poder de seres celestiais com quem ele estava se comunicando, mas com o impressionante conceito de um conflito cósmico envolvendo longo período de sofrimento para aqueles a quem ele amava. A profecia de 2.300 anos o havia deixado abalado, e agora lhe era dito: “A visão é ainda para muitos dias”. Daniel 10:16 – “E eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; então, passei a falar e disse àquele que estava diante de mim: meu senhor, por causa da visão me sobrevieram dores, e não me ficou força alguma”. Daniel 10:17 – “Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque, quanto a mim, não me resta já força alguma, nem fôlego ficou em mim”. Daniel sentiu outra vez o toque celestial, e recuperou a fala. A magnitude da profecia deixou-o sem fôlego. Ele disse: “Por causa da visão me sobrevieram dores”. A que visão ele estava se referindo? Daniel 10:18-19 – “Então, me tornou a tocar aquele semelhante a um homem e me fortaleceu; e disse: Não temas, homem muito amado! Paz seja contigo! Sê forte, sê forte. Ao falar ele comigo, fiquei fortalecido e disse: fala, meu senhor, pois me fortaleceste”. Pela terceira vez, Daniel foi chamado de “muito amado”. Em três ocasiões Daniel quase sucumbiu ante a glória divina. Três vezes foi encorajado. Por alguns momentos até deixou de respirar. Por fim, foi “fortalecido” pela palavra de Deus. Daniel 10:20-21 – “E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia. Mas eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade; e ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe”. Aqui, o anjo está falando sobre um outro conflito entre ele e o “príncipe da Pérsia”. Vemos em Esdras 4:4-24 que essa luta continuou por muito tempo, depois da visão.

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Nos capítulos 2, 7 e 8 de Daniel foi predito que o domínio do mundo pelos gregos seria o próximo grande marco profético. Isso agora é reiterado. “Ninguém há que esteja ao meu lado contra aqueles” O anjo que está falando com Daniel anuncia que ele e Miguel assumem toda a responsabilidade sobre as coisas deste mundo. Assim, se pudermos dizer como o anjo que somente Miguel está ao nosso lado nesta batalha, que apenas olhos espirituais podem ver, é como dizer que estamos do lado mais poderoso e certamente vitorioso. O fato de sabermos que Miguel é Jesus, nos faz relembrar que o foco principal das profecias de Daniel não é Antíoco Epifânio e nem o anticristo. O foco repousa sempre sobre Jesus Cristo. Jesus é a pedra fundamental de Daniel 2. Ele é o Filho do Homem que vem sobre as nuvens em Daniel 7. Ele é o Messias e Príncipe que foi cortado na profecia das setenta semanas, e que não obstante faz com que Seu concerto prevaleça. Satanás também dirige o seu exército de anjos caídos (Apoc.12:7) e “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (I Ped.5:8). Cada cristão deveria ser um Daniel e orar regular e sistematicamente para que Jesus (Miguel) envie os Seus anjos para lutar com os demônios que diariamente tentam manter o controle da nossa mente e do lar em que vivemos. Uma vez que as “hostes espirituais da maldade” tentam nos controlar, Paulo insiste em que todos os cristãos se revistam da “armadura de Deus” (Efés.6:12-18). Ele acrescenta, no verso 18: “vigiando com toda perseverança”. Os anjos de Satanás são decididos e teimosos. Um deles resistiu a Gabriel durante três semanas. Não fosse a constante oração de Daniel e teria sido derrotado. Em meio a provações e lutas devemos elevar nossas orações a Miguel que, estando ao nosso lado, vencerá qualquer batalha.

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Capítulo 11 de Daniel Babilônia Atual: Destruição Eterna O capítulo 11 de Daniel cobre com detalhes o longo período da história da Pérsia, da Grécia e de Roma, primeiro a imperial, depois a eclesiástica. Mas essa última visão tem mais a ver com o tempo do fim do que as anteriores. Os livros de Apocalipse e Daniel possuem duas características semelhantes: repetição e progressão. Abaixo uma pequena síntese sobre as visões de Daniel: Daniel 2 nos conduz à divisão e queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C. Daniel 7 se estende até o ano de 1798, o início do tempo do fim; Daniel 8 e 9 juntos desvendam o maior período profético da Bíblia, os 2300 anos (457 a.C – 1844 d.C.), indicando o período da primeira vinda de Cristo, Seu batismo (27 d.C.), o ano da Sua morte (31 d.C.), o início do tempo dos gentios (34 d.C.), e o ano em que começaria o Julgamento no Céu (1844), a purificação do Santuário Celestial. A pergunta feita em Daniel 8:13 é dupla: “até quando o santuário de Deus e o Seu exército, [Sua igreja], seriam pisados”, isto é, quando ocorreria a restauração do santuário e do povo de Deus? A resposta de Deus também é dupla. Em Daniel 8:14, Deus responde a primeira parte da pergunta, que diz respeito à restauração do santuário em 1844. A segunda parte da pergunta diz respeito à restauração do povo de Deus e é respondida na visão de Daniel 10 a 12. I – Os quatro reis da Pérsia Daniel 11:1-2 – “Mas eu [Gabriel], no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei para o fortalecer e animar. Agora, eu te declararei a verdade: eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte por suas riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia”. Quatro outros reis surgiriam na Pérsia depois de Ciro, foram eles: Cambises (530-522 a.C.) filho de Ciro; Falso Smérdis (522 a.C.) um impostor que governou por 7 meses; Dario I (522-486 a.C.) Ciro e Dario I fizeram decretos para reconstruir o templo de Jerusalém.Xerxes (486-465 a.C.) o Assuero do livro de Ester. O filho de Xerxes, Artaxerxes, foi quem emitiu o terceiro e último decreto para “restaurar e reconstruir Jerusalém” (Esdras 7). II – A Grécia e Alexandre, o grande Daniel 11:3-4 – “Depois, se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio e fará o que lhe aprouver. Mas, no auge, o seu reino será quebrado e repartido para os

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quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado e passará a outros fora de seus descendentes”. A Grécia de Alexandre foi o reino que predominou após a Medo-Pérsia. No capítulo 7, existem quatro cabeças no leopardo, representando as quatro divisões do reino de Alexandre. Em Daniel 8, havia quatro chifres para representar essa divisão. Aqui, no capítulo 11, são quatro ventos, ou quatro pontos cardeais. Sabemos que o império de Alexandre foi dividido entre os seus quatro generais: Lisímaco, Cassandro, Ptolomeu e Seleuco. Um deles, Ptolomeu, instalou-se ao Sul. Exatamente no Egito, que bem simboliza o ateísmo, ou um poder antagônico a Deus. “Mas o Faraó respondeu: Quem é o Senhor para que eu ouça a Sua voz, e deixe ir a Israel?” (Êxodo 5:2). III – As lutas entre o Rei do Norte e o Rei do Sul Daniel 11:5 – “O rei do Sul será forte, como também um de seus príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará, e será grande o seu domínio”. Daniel 11:6 – “Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a filha do rei do Sul casará com o rei do Norte, para estabelecer a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu braço, e ele não permanecerá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e bem assim os que a trouxeram, e seu pai, e o que a tomou por sua naqueles tempos”. Daniel 11:7 – “Mas, de um renovo da linhagem dela, um se levantará em seu lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte, e entrará na sua fortaleza, e agirá contra eles, e prevalecerá”. Daniel 11:8 – “Também aos seus deuses com a multidão das suas imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro levará como despojo para o Egito; por alguns anos, ele deixará em paz o rei do Norte”. Daniel 11:9-10 – “Mas, depois, este avançará contra o reino do rei do Sul e tornará para a sua terra. Os seus filhos farão guerra e reunirão numerosas forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza do rei do Sul”. Daniel 11:11-12 – “Então, este se exasperará, sairá e pelejará contra ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande multidão, mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele. A multidão será levada, e o coração dele se exaltará; ele derribará miríades, porém não prevalecerá”. Daniel 11:13 – “Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo multidão maior do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes provisões”. Os versos 5 a 13 relatam as lutas entre o rei do Norte, representado pela antiga Babilônia, e o rei do Sul, representado pelo Egito. A Babilônia era governada

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pelos Seleucidas e o Egito pelos Ptolomeus. Em Daniel 11:5-13 os Ptolomeus possuíram a Palestina na primeira parte do período (Dan.11:5), contra os Seleucidas. Os reis do Norte e do Sul são mencionados em razão de suas respectivas posições geográficas em relação à cidade de Jerusalém, território de Israel. Babilônia era o poder do norte e o Egito, o poder do Sul. Mas, o Egito significa muito mais do que rei do Sul. Está ligado a uma rebelião desafiadora e ateísta, assim como Babilônia é mais do que uma invasão procedente do norte. É um falso poder espiritual situado ao norte. Isso ficará mais claro adiante. IV – Roma pagã [imperial] entra em cena Daniel 11:14 – “Naqueles tempos se levantarão muitos contra o rei do Sul; também os dados à violência dentre o teu povo [os prevaricadores do teu povo] se levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão”. Daniel 11:15 – “O rei do Norte virá, levantará baluartes e tomará cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir”. Daniel 11:16 – “O que, pois, vier contra ele fará o que bem quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas mãos”. Daniel 11:17 – “Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será para a sua vantagem”. Daniel 11:18 – “Depois, se voltará para as terras do mar e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar-lhe o opróbrio e ainda fará recair este opróbrio sobre aquele”. Daniel 11:19-20 – “Então, voltará para as fortalezas da sua própria terra; mas tropeçará, e cairá, e não será achado. Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará passar um exator [arrecadador de tributos] pela terra mais gloriosa do seu reino; mas, em poucos dias, será destruído, e isto sem ira nem batalha”. Alguns comentaristas vêem Roma aparecendo pela primeira vez no verso 16, mas o Comentário Bíblico Adventista, vol.4, pág.869, parece favorecer o conceito de que Roma é mencionada a partir do verso 14 como “os prevaricadores do teu povo”. Nos versos 15 e 16 Roma se torna o rei do Norte após dominar os Seleucidas e penetrar na Palestina, “a terra gloriosa”. Em 63 a.C., Roma tomou Jerusalém e permaneceu na terra gloriosa. “E [o rei do Sul] lhe dará uma jovem em casamento” – Os comentaristas geralmente têm aplicado esse verso a Cleópatra, rainha do Egito. Roma invade o Egito com Júlio César e Cleópatra foi colocada sob a proteção romana, tornando-se amante de Júlio César.

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As características do verso 20 são os que mais claramente identificam Roma na seqüência histórica – Nesse verso é dito que na glória deste grande reino que derrotou a Medo-Pérsia e a Grécia, surgiria um arrecadador de tributos. Lucas 2:1 diz: “Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado”. Que nação governava o mundo nos dias de Jesus? Roma. Quem baixou o decreto ordenando o recenseamento? César Augusto. De onde ele era? Era romano. Jesus nasceu nos dias de César Augusto, que era conhecido como o “arrecadador de impostos”. Além do mais, César Augusto morreu assim como predito: “sem ira nem batalha”. V – A morte de Jesus Daniel 11:21-22 – “Depois, se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente e tomará o reino, com intrigas. As forças inundantes serão arrasadas de diante dele; serão quebrantadas, como também o príncipe da aliança”. O “homem vil” que sucedeu a César Augusto foi Tibério César (14 d.C – 37 d.C.). Reconhecido por sua crueldade atacou Jerusalém, e participou, ao lado dos judeus, da morte do Príncipe da aliança eterna, Jesus Cristo. Foi sob o reinado de Tibério que o profeta declarou que o Príncipe da aliança seria quebrantado [crucificado]. Também em Daniel 9:25-27 nos é dito que o Príncipe Ungido firmaria aliança com muitos por uma semana. A morte de Jesus em 31 d.C. selou a aliança. VI – Constantino – o concerto de engano Daniel 11:23 – “Apesar da aliança com ele, usará de engano; subirá e se tornará forte com pouca gente”. Depois de identificar os três primeiros Césares: Júlio, Augusto e Tibério, e de indicar o tempo do nascimento e morte de Jesus, a narrativa profética segue o curso da história dando destaque ao concerto de engano entre a igreja cristã e o governo romano, no tempo do imperador Constantino. O casamento da Igreja com o Estado, do cristianismo com o paganismo, esse foi o maior de todos os enganos. A suposta conversão de Constantino foi oficialmente anunciada em 323 d.C., quando exaltou o cristianismo, elevando-o à posição de religião do Estado. Constantino sempre foi um fiel devoto do deus Sol. A primeira Lei Dominical exigindo a observância do primeiro dia da semana, Sunday (venerabili die solis) foi instituída por Constantino, no ano 321 d.C. A História mostra como os ídolos pagãos foram simplesmente transformados em imagens de santos cristãos e os feriados do paganismo foram introduzidos na igreja como dias santos. Daniel 11:24 – “Virá também caladamente aos lugares mais férteis da província e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais: repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo”.

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Daniel 11:25 – “Suscitará a sua força e o seu ânimo contra o rei do Sul, à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha com grande e mui poderoso exército, mas não prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele”. Daniel 11:26-27 – “Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o exército dele será arrasado, e muitos cairão traspassados. Também estes dois reis se empenharão em fazer o mal e a uma só mesa falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque o fim virá no tempo determinado”. Daniel 11:28-30 – “Então, o homem vil tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração será contra a santa aliança; ele fará o que lhe aprouver e tornará para a sua terra. No tempo determinado tornará a avançar contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na primeira, porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; voltará, e se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado a santa aliança”. No verso 30 a expressão “se indignará contra a santa aliança” revela o início da transição de Roma pagã, Roma dos Césares, para o poder eclesiástico que domina o restante da profecia. Pela introdução de doutrinas esse poder eclesiástico romano começou a “desprezar a santa aliança”. Uma nova Roma surge das cinzas da antiga Roma pagã. Depois que o imperador Constantino mudou a capital do império de Roma para Constantinopla, o bispo de Roma [o papa] reclamou o trono dos Césares e a própria cidade de Roma como a capital de um império eclesiástico, que deveria suplantar o antigo. O papado continuou conquistando força e poder até que a nova Roma se tornou muito mais poderosa do que o império romano pagão em seu esplendor. A nova Roma reclamou domínio sobre as mentes humanas, controlando reis, impondo leis e aprisionando milhões, com uma opressão mais radical do que qualquer imperador alcançou. Foi durante esse tempo que a profecia de Paulo sobre a “apostasia” foi cumprida, e o “homem do pecado” entrou no templo, ou igreja de Deus, e destronou o Espírito Santo, “querendo parecer Deus” (II Tess.2:4). Capelas foram dedicadas a anjos, os dias santos foram multiplicados, as cerimônias supersticiosas foram introduzidas. Encantamentos e amuletos dos mais variados foram usados em nome de Jesus, vigílias e banquetes para mortos foram celebrados, os relicários dos santos foram adorados. A profecia de Daniel 11 tem uma característica marcante que é a notável transição de um poder para outro, usando o mesmo símbolo. Por exemplo: No início do capítulo (versos 5-13) o rei do Norte é a Babilônia (Seleuco) e o rei do Sul, o Egito (Ptolomeu). E a história deste período é em grande parte uma luta pela posse da Palestina. Os Ptolomeus possuíram a Palestina na primeira parte do período, e depois os Selêucidas a possuíram. Mais tarde a Palestina caiu nas mãos de Roma. Nos versos 15 e 16, Roma se torna o rei do Norte após dominar os Selêucidas e penetrar na Palestina, a terra gloriosa (verso 16). O rei do Sul continuou sendo o Egito.

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E depois de Constantino, Roma eclesiástica ou papal, se torna o rei do Norte, enquanto o Egito continua sendo o rei do Sul, simbolizado pelo ateísmo. Em Daniel 7, logo após o animal terrível de dez chifres [Roma], vemos o surgimento do chifre pequeno. Esse poder político-religioso surgiu para desvirtuar a verdade de Deus; obscurecer a devida observância dos Dez Mandamentos e perseguir o povo de Deus. VII – O domínio de Roma papal Os versos 31 a 39 falam sobre as atividades do rei do Norte. Agora representado por Roma papal. Apresenta a extensão da apostasia, perseguições ao “povo santo”, intervenção na política, guerra contra Deus, etc. Por outro lado, em meio a apostasia e rebelião, o povo de Deus se manteve fiel (vs.32-35). Por causa da sua fidelidade a Deus, os cristãos foram cruelmente perseguidos. A Inquisição quase exterminou o povo santo. Jesus fez referência ao estabelecimento da “abominação assoladora” como sendo algo terrível que aconteceria (Mat.24:15), a ponto tal que “se os dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria”. Daniel 11:31 – “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora”. Somente lugares e coisas sagradas podem ser profanados. O santuário é profanado quando o ministério sacerdotal de Cristo é substituído por uma falsificação humana. Ao estabelecer um sacerdote humano como intercessor entre Deus e os homens, quando se sabe que Cristo é o único que pode fazer essa sagrada intercessão (I Tim.2:5). Dessa forma, o “sacrifício diário [contínuo]” é tirado. O santuário é profanado ainda quando um sistema de indulgências e penitências é estabelecido para se alcançar a salvação. Em Daniel 8:11 é o poder religioso simbolizado pelo chifre pequeno quem “deita abaixo” (profana) o lugar do santuário de Deus e “tira os sacrifícios diários”. A Bíblia retrata Roma eclesiástica como um poder que maravilharia o mundo (Apoc.13:3). Em Daniel 8:13, esse poder é chamado de “transgressão assoladora”. Aquilo que profana lugares e coisas santas é chamado de abominação (Ezequiel 8). Em Mat. 24:15 e Mar.13:14, Jesus faz menção à “abominação assoladora”, mencionada pelo profeta Daniel, como sendo um sistema falso de adoração. Mas Jesus deixa claro que esse fato ocorreria em um tempo futuro. Daniel 11:32 – “Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo”. Isso implica em que se escondiam atrás de uma falsa aparência, disfarce e ocultação de fatos reais, motivos, intenções e sentimentos fingidos. Os que abandonaram as Escrituras pensaram mais nos decretos da igreja e nas decisões dos concílios do que nas Escrituras. Foram pervertidos pelas “lisonjas” do chefe da igreja, que os confirmava com posições, homenagens e honras trazidas pelas riquezas.

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A apostasia nunca foi universal. Sempre há os que mantém a tocha da verdade acesa com heroísmo e fidelidade. A igreja os rotulou de hereges. Daniel 11:33 – “Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo”. Esse tempo de crueldades aponta para os 1.260 dias [anos] profetizado em Daniel 7:25, em que o poder eclesiástico do chifre pequeno perseguiria os santos do Altíssimo. Daniel 11:34-35 – “Ao caírem eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas. Alguns dos sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se dará ainda no tempo determinado”. Daniel 11:36 – “Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito”. O verso 36 estabelece uma clara relação com os capítulos 7 e 8 de Daniel e Apocalipse 13, quando utiliza expressões como: Este rei O uso do pronome demonstrativo “este” mostra que a profecia está se referindo ao mesmo poder eclesiástico, e não a um novo poder. Fará segundo a sua vontade – Isso indica um domínio universal, sem qualquer oposição. Em Apoc.13:4, nos é dito sobre esse mesmo poder religioso chamado de “a besta”, que “ninguém poderá batalhar contra ela”. Essa profecia indica que no final dos tempos uma falsa religião irá crescer em popularidade e predominância. Se engrandecerá sobre todo deus Essa linguagem soa familiar para qualquer um que tenha estudado a descrição de Paulo sobre o “mistério da iniqüidade” (II Tess.2:4). Em Dan.8:11 é o poder religioso simbolizado pelo chifre pequenoquem se engrandece até o “Príncipe do exército”, porque tem a pretensão de mudar Sua lei eterna. Falará coisas incríveis contra Deus Em Dan.7:25 o chifre pequeno é quem profere blasfêmias contra o Altíssimo. Até que se cumpra a indignação Quando é que isso ocorrerá? Será imediatamente antes da ressurreição dos justos. A ira de Deus será derramada sobre a Terra, “porque aquilo que está determinado será feito”. Daniel 9:27 usa linguagem semelhante: “Até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele”.Um dos propósitos principais da visão de Daniel é revelar o destino final do poder eclesiástico romano.

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Daniel 11:37-38 – “Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá. Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis”. Todos os governos civis dependem de força. Temos aqui um retrato de um sistema religioso fazendo algo que os pais da igreja nunca fizeram. Ele depende de força, munição e armas para perseguir seus objetivos e manter o seu poder. O papado se uniria ao Estado e dependeria da espada e das fortalezas de César, em vez da poderosa espada do Espírito, a Palavra de Deus. Uma vez Napoleão Bonaparte disse: “Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos grandes impérios; mas de que dependia a nossa genialidade? Do uso da força. Jesus fundou seu império fundamentado apenas no amor e, até hoje, milhões se dispõem a morrer por Ele”. – Bertrand`s Memoirs, Paris, 1844. Suntuosos templos foram construídos; doações para esses novos deuses estranhos viriam a ser a maior fonte de renda da igreja. Esses deuses eram – e ainda são – honrados “com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis”. Daniel 11:39 – “Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio”. VIII – O conflito final entre o papado [o falso sistema religioso] e o ateísmo Daniel 11:40 – “No tempo do fim, o rei do Sul [o ateísmo] lutará com ele, e o rei do Norte [o papado, o falso sistema religioso] arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e passará”. Jerusalém, no Oriente Médio, sempre representou o povo de Deus. Jerusalém era onde o templo de Deus ficava. No Velho Testamento, o Egito, rei do Sul, freqüentemente atacava Jerusalém. O Egito disse: “Quem é Deus?”, revelando sua postura ideológica ateísta. O rei do Sul aqui é símbolo do ateísmo em suas diferentes formas e o maior sistema ateu dos últimos dias é o comunismo. A queda do comunismo num período de tempo tão curto seria algo inacreditável, mais isso aconteceu. A profecia prevê a predominância da religião sobre o ateísmo, nos últimos dias. Babilônia, por sua vez, era o falso poder religioso, mas passou sua bandeira para Roma. Então, Roma passou a simbolizar a religião falsificada. A profecia diz que, pouco antes do fim, o rei do Norte [o papado, o falso sistema religioso] e o rei do Sul [o ateísmo] iriam entrar em conflito, e o primeiro iria dominar. Daniel 11:41 – “Entrará também na terra gloriosa, e muitos sucumbirão, mas do seu poder escaparão estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom”.

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No tempo do fim a “terra gloriosa” não é mais uma referência à Palestina, mas sim, à Igreja Remanescente de Deus. Ao ser feito o último convite divino para aceitar o plano da salvação (Apoc.18:1-4), muitos dentre os considerados ímpios (Edom, Moabe), escaparão do poder da apostasia, isto é, sinceros que estão em outras igrejas e que aceitarão o plano da salvação na derradeira hora. Contudo, a fúria das perseguições será outra vez de tal maneira que muitos “sucumbirão”. Daniel 11:42-44 – “Estenderá a mão também contra as terras, e a terra do Egito não escapará. Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão. Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será perturbado e sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos”. Nos últimos dias da nossa história, o sinal da besta será imposto. Nos últimos dias a falsa religião se expandirá, mas Deus terá homens e mulheres fiéis a Seu lado. Eles sentem os rumores do Oriente e vêem a glória da vinda do Filho de Deus. Seus olhos não estão voltados para a perseguição, o decreto de morte, as sanções econômicas, mas ao santuário celestial onde Jesus Cristo se encontra intercedendo, e contemplam a glória da vinda de Deus. Mas os rumores do Oriente e do Norte, do trono de Deus, vão atrapalhar o poder da besta. E ela “sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos”. Ela ouve rumores do Oriente, percebe o Espírito de Deus sendo derramado e constata um grande reavivamento da fé, por isso precisa fazer alguma coisa. No exercício de seu poder emite um decreto de morte. Quer destruir a muitos. IX – A destruição final do falso sistema religioso Daniel 11:45 – “Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. O chifre pequeno e o rei do Norte aparentemente representam o mesmo poder terrestre. Em Daniel 7, o destino atribuído ao chifre pequeno é o de ser “morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado pelo fogo”, uma vez “que se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Dan.7:11 e 26). Em Daniel 11:45, o rei do Norte dos últimos dias irá armar “as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. O “glorioso monte santo” parece ser uma metáfora para o templo de Jerusalém que, por sua vez, simboliza o santuário celestial. Como conseqüência desta usurpação, o rei do Norte será punido – à semelhança do chifre pequeno de Daniel 7, que é figura paralela do rei – de tal modo que “chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. E assim termina a abominação papal – em perpétua desolação.

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Quanto aos eventos precisos que acompanharão o cumprimento desta profecia, a sabedoria parece sugerir que não os conheceremos até que eles ocorram efetivamente. Nem sempre o propósito da profecia é prover conhecimento prévio de eventos futuros específicos. Muitas profecias bíblicas têm sido concedidas com a intenção de que elas venham a ser compreendidas – e assim contribuam para o fortalecimento da fé – apenas depois de seu cumprimento. Foi por isso que Jesus falou o seguinte a respeito de uma predição que envolvia Sua própria Pessoa: “Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais” (João 14:29). Compare com João 13:19 e 16:4. Nos últimos dias, Jesus, o rei do Oriente – assim como Ciro, o rei do Oriente veio e subjugou Babilônia antiga, libertando Israel e levando-o de volta e Jerusalém – virá como Rei dos reis, Senhor dos senhores, e o Céu será iluminado com a Sua glória. Em Sua vinda, os fiéis seguidores deixam o planeta Terra e sobem para os céus para viver com Ele para sempre. Nenhum poder terreno pode lutar contra o poderoso Rei dos reis.

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Capítulo 12 de Daniel A Promessa Final O livro de Daniel tem um ponto de partida e suas profecias, reveladas pelo anjo Gabriel, começam em Babilônia, passando à Medo-Pérsia, Grécia, Roma, destruição do império romano, Igreja apóstata romana, o julgamento de Deus no Céu, o fim de todas as coisas e culminando com a volta de Cristo. Cada profecia de Daniel, não importa onde comece, acaba com a volta de Cristo, finda com o retorno de nosso Senhor. Assim, o livro de Daniel nos enche de esperança. Daniel 12:1 – “Nesse tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro”. É importante notar que os capítulos 10, 11 e 12 constituem uma visão, não três. Todas as profecias de Daniel revelam o fato de que o falso sistema religioso romano será o ator principal na cena de encerramento do Conflito dos Séculos. O último verso de Daniel 11 termina com as palavras: “Mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. É nessa hora que Miguel assume o comando. A identidade de Miguel já foi revelada: Cristo (nome usado por Jesus em momentos de guerra direta contra Satanás). Daniel 7 mostra que o Filho do Homem entra onde se acha o trono de Deus e Miguel Se assenta para o início do julgamento. Miguel Se levanta no fim do julgamento. O que isso significa? Na profecia de Daniel 11:2-3, “levantar-se” significa tomar o poder ou governar. Quanto terminar o julgamento, Miguel tomará o reino que a Ele pertence. A grande tribulação Quando Miguel Se levantar, haverá um tempo de angústia sem precedentes. Em Mateus 24:1, lemos acerca de uma tribulação sem comparação antes e depois. Esse foi o tempo de angústia experimentado pelo povo de Deus durante o período da dominação papal. Por 1260 anos, o povo de

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Deus foi perseguido e oprimido. Mas essa não é a tribulação sobre a qual Daniel falou. A tribulação mencionada em Mateus é uma tribulação que cai sobre a igreja. O povo de Deus passa por essa tribulação, e por causa deles mesmos, ela é abreviada (Mat. 24:22). O tempo de angústia descrito por Daniel não é um tempo de perseguição religiosa, mas de calamidade internacional. A expressão “qual nunca houve, desde que houve nação” mostra que esse é um tempo de angústia sobre as nações, e não sobre a igreja. Esse é o tempo de angústia que inclui as últimas pragas de Apocalipse 16 e dá desfecho à história deste mundo com a vinda de Jesus para destruir os Seus inimigos. No fim dessa tribulação, serão libertos todos aqueles cujos nomes estiverem no livro da vida. Daniel 12:2 – “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”. Esta não pode ser a descrição da ressurreição que ocorre na segunda vinda de Cristo (I Tess.4:16), quando todos os justos mortos, de todas as épocas, são ressuscitados. Nessa ressurreição, “muitos” são despertados do pó da Terra. Entre eles, estão pessoas perversas que são despertadas para “vergonha e horror eterno”. Isso não pode ser referir à primeira ressurreição, da qual diz a Bíblia: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele os mil anos”.(Apoc.20:6). Também não pode se referir à segunda ressurreição, descrita em Apoc.20:5, em que é dito que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos”. A segunda ressurreição exclui os justos que ressuscitaram na primeira, e nenhum daqueles que dela participarem gozarão a vida eterna. Duas ressurreições Há um intervalo de mil anos entre a ressurreição dos justos e a ressurreição dos ímpios. Todos eles vivem no mesmo mundo, são sepultados na mesma terra; mas, quanto ao tempo da ressurreição, haverá enorme separação. A ressurreição aqui mencionada não se encaixa com a descrição de nenhuma das duas ressurreições.

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Quando Jesus estava diante de Caifás, o sumo-sacerdote, Ele declarou: “Vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mat.26:64). Como poderia Caifás, que logo viria a morrer, ser testemunha ocular da segunda vinda de Cristo? No livro de Apocalipse nos é dito: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O verá, até quantos O traspassaram” (Apoc.1:7). É evidente que, para Caifás e outros verem o Cristo crucificado vindo nas nuvens com poder e glória, deverá ocorrer uma ressurreição preliminar, especial, no momento em que Cristo estiver voltando. Alguns que se esforçaram e sofreram por causa da esperança da vinda do Salvador, mas que morreram sem vê-lo, serão ressuscitados para testemunhar as cenas desse glorioso evento que tanto esperaram. (vide Apoc.14:13). Porém, os que zombaram dele e O ridicularizam em Sua agonia de morte, serão ressuscitados como parte do seu castigo. Caifás estará entre os que não poderão suportar a majestade e o esplendor de Jesus, e clamarão para que as rochas e as montanhas caiam sobre eles (Apoc.6:16 e 17). Mas existem outros, como diz Isaías, que olham para cima e dizem: “Este é o nosso Senhor, o qual aguardávamos. Ele nos salvará”. Daniel 12:3 – “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente”. Paulo diz: “Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles.” (I Cor. 3:19). Quando Cristo voltar, muitos que se consideram sábios e cultos estarão entre os que clamarão para as rochas e as montanhas caírem sobre eles. A recompensa final não será dada com base na sabedoria ou no conhecimento mundanos. O Céu não julga de acordo com os padrões mundanos. Quem refulgirá como as estrelas, sempre e eternamente? Não serão aqueles a quem o mundo engrandece, exalta e aplaude. O louvor do mundo passa como a brisa da manhã. As promessas de Deus duram para sempre. Deus chama de sábios “os que a muitos conduzirem à justiça”. “O fruto do justo é árvore da vida, e o que ganha almas é sábio” (Prov.11:30). “Sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados” (Tiago 5:20).

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Daniel 12:4 – “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará”. Em Daniel 8:26, é dito ao profeta: “Preserva a visão, porque se refere a dias ainda muito distantes”. Essas visões não foram compreendidas adequadamente pela igreja primitiva. Não que Deus tenha ocultado arbitrariamente essas verdades dos cristãos das eras passadas. Algumas profecias são mais bem compreendidas depois que muitos dos seus detalhes são cumpridos. Vivendo depois dos eventos os estudiosos da Bíblia podem olhar a História passada e ver como essas coisas aconteceram de acordo com o predito, vantagem que só os que vivem “no tempo do fim” poderiam ter. O verso sugere que o conhecimento das profecias aumentaria. “Muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará” (texto conforme versão Almeida Revista e Corrigida) se refere mais especificamente à pesquisa das profecias para conhecer o seu verdadeiro significado. Ele aponta para os que, de maneira persistente, dedicada e meticulosa, estudam as visões. Somente esses que “correm de uma parte para outra”, ou “pesquisam” no livro de Daniel – e outros livros da Bíblia, entenderão suas verdades. Essa profecia está sendo cumprida agora, por todos os que estudam a palavra. A grande contribuição de Apocalipse 10 é apresentar a implicação de que, antes de os sábios chegarem a compreender completamente, eles enfrentariam compreensões errôneas! Eles haveriam de “comer” as profecias abertas de Daniel com grande satisfação, apenas para descobrir que a sua alegria inicial se converteria em tristeza, seu regozijo em desapontamento. Daniel 12:5 – “Então, eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado”. Aqui, Daniel vê dois visitantes celestiais, além daquele que fala com ele. Acontece um diálogo que o ajuda a entender coisas que não podiam ser apresentadas por meio de símbolos. Daniel 12:6 – “Um deles disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas maravilhas?” Daniel 12:7 – “Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu e

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jurou, por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão”. Amplia-se a compreensão das profecias Em Daniel 8:13 e 14, é usado um método semelhante de revelar uma profecia – o de perguntas e respostas. Essas perguntas e respostas aqui parecem ser um resumo dos importantes elementos fornecidos em visões anteriores. Miguel ergueu as mãos e pronunciou um juramento solene. Quando o Filho de Deus jura pelo Deus vivo, a mensagem que segue é importante. Nesse caso, a mensagem era que ao final dos 1260 anos de Daniel 7:25, a luz iria brilhar sobre as profecias do tempo do fim. O período de tempo mencionado aqui é repetido várias vezes em Daniel e Apocalipse. Ele se refere aos 1260 anos da supremacia do paganismo romano em sua forma religiosa e à perseguição ao povo de Deus. A expressão “estas maravilhas” se refere às coisas que Daniel vira no capítulo 11, que, por sua vez, eram simplesmente uma explicação dos assuntos do capítulo 8. A resposta da pergunta sobre quando aconteceriam às maravilhas é dada em duas partes. O tempo da destruição do poder do povo santo, que é um período de tempo definido de 1260 anos, e o tempo quando “se cumprirão estas maravilhas”, que é um período cuja época não está determinada. O período definido de 1260 anos terminou em 1798, e agora vivemos em um período que não foi medido. Daniel 12:8 – “Eu ouvi, porém não entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas?” Daniel 12:9 – “Ele respondeu: Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim”. Era como se Deus afirmasse: “Não se preocupe Daniel, tudo está em minhas mãos”. O propósito da visão era revelar o que aconteceria com o povo de Deus nos últimos dias. Somente esse povo poderia entender o seu significado. Qualquer um que não passasse pelas perseguições dos últimos dias não poderia compreender inteiramente as visões do livro de Daniel.

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Assim, Miguel (o homem vestido de linho) declinou completamente de responder a segunda pergunta, e esse fato é sem dúvida muito significativo. Respondeu apenas: “Vai, Daniel”. Daniel não estava vivendo no tempo do fim; portanto, não necessitava compreender os detalhes daquilo que ocorreria apenas no tempo do fim. A resposta de Miguel nos ensina que a profecia é concedida para fins práticos. Ela não é provida para satisfazer a curiosidade desnecessária, não importa quão espiritual possa ser. Daniel 12:10 – “Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão”. Temos aqui o segredo do verdadeiro conhecimento. As Escrituras podem ser compreendidas somente por um povo puro e santificado. As escamas da descrença e da ignorância são removidas milagrosamente dos olhos e coisas que antes não eram entendidas são desvendadas em todo o seu significado. Daniel 12:11 – “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias”. Aqui, um novo período profético é introduzido. O começo desse período não é claramente definido. É simplesmente dito que é um “tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora”. A maior parte dos comentaristas sugere que, embora a “abominação desoladora” fosse estabelecida plenamente em 538 d.C. – o início dos 1260 anos – um importante evento ocorrido antes preparou o caminho para o que aconteceu em 538. A conversão de Clóvis, rei dos Francos, ao catolicismo e a sua aliança com o bispo de Roma em 508 d.C., como primeiro poder civil a unir-se à igreja de Roma, lançando a união da Igreja com o Estado, foi um acontecimento vital para a instalação da abominação desoladora da grande apostasia – a farsa do homem. Nesse caso, ambas as profecias – a dos 1260 anos e a dos 1290 anos – terminaram em 1798. Daniel 12:12 – “Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias”. Outro período profético, 45 dias/anos mais longo do que o anterior. Quando começa esse período? Embora não haja uma indicação direta, deve haver alguma conexão entre esse período e o de 1290 dias/anos do verso anterior. Se os dois períodos começam ao mesmo tempo –

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em 508 d.C. – esse período termina em 1843. O que aconteceu nesse ano? O início do grande movimento religioso profético de restauração da verdade de Deus. Por isso, é prometida uma bênção (“bem-aventurado”) aos que esperam e chegam a esse tempo. Agora, estamos em condições de explicar a imagem de Nabucodonosor e seus metais, a seqüência das quatro bestas, o surgimento e progresso do chifre pequeno, os eventos das setenta semanas, o começo e o fim dos 2300 dias/anos. Daniel 12:13 – “Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança”. A obra de Daniel estava completa. Daniel estava com 90 anos de idade quando Deus disse “chegou a hora de descansar”. Deus prometeu a este fiel servo que não falharia em dar-lhe sua recompensa por uma vida inteira de absoluta fidelidade. Daniel sabia, sem dúvida, que estaria com Deus na eternidade. Esta mesma promessa também nos pertence. Tomar parte dela depende exclusivamente de nossas escolhas.

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O APOCALIPSE & VOCÊ Apocalipse, Capítulo 1 A Bíblia é um livro que deve ser estudado com a mente aberta e o coração puro e receptivo. O Apocalipse é um livro que utiliza muitos símbolos, porém, todos eles são explicados pela própria palavra de Deus. Para compreender o Apocalipse, é preciso ter em mente que ele é um resumo de toda Bíblia. Portanto, para entendê-lo é preciso consultar o Velho Testamento, inclusive o livro profético de Daniel e o restante do Novo Testamento. Eis aqui uma pequena tabela de conversão dos símbolos usados no Apocalipse. Toda vez que você ler os seguintes símbolos: Entenda-se: Animal = Rei ou Reino - Daniel 7:17, 17 e 23 Mulher = Igreja - Efésios 5:23 e 32 Água = Povos - Apocalipse 17:15 1 Dia = 1 ano - Ezequiel 4:6 e 7. Números 14:34 Ventos = Guerras - Jeremias 51:1-5 Chifres = Poder, Rei ou Reino - Apocalipse 17:12. Daniel 8:21 e 22/ 7:14 Tempos = Anos - Daniel 11:13 Dragão = Diabo - Apocalipse 12:9 Cordeiro = Jesus Cristo - João 1:29 Cauda = Falso Profeta - Isaías 9:15 Estrelas = Mensageiros - Apocalipse 12:4 (anjos) Daniel 12:3 (pregadores) Apocalipse = Revelação - Apocalipse 1:1 Apocalipse 1: 1-3: "Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João Seu servo. O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto. Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo". Revelação de quem? Deus deu a Jesus Cristo uma revelação. O Senhor então entregou a mensagem ao anjo Gabriel e este notificou ao servo João. Esta foi a ordem seguida. Para quem? Seus servos. O que é um servo? É alguém que serve a um Senhor.

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Gostaria de enfatizar a importância desta passagem. O próprio Deus deu a revelação para Jesus para que, através de Gabriel, chegasse a João, o qual foi escolhido para transmitir a mensagem a mim e a você. Fica claro, portanto, que esta mensagem é para uma categoria especial de pessoas. São elas, os servos de Deus. Portanto, não importa se você é rico ou pobre, se é ignorante no assunto, culto, inteligente. Você não terá dificuldade em compreender este livro, se realmente tiver um coração receptivo e for um servo de Deus. A Revelação é para você. Revelação sobre o quê? João foi escolhido por Deus para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer. Apoc. 1:2: "O qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto". Esta passagem confirma porque João, com 85 anos de idade, foi escolhido para escrever o livro. Ele escreveu sobre tudo aquilo que viu. Apoc. 1:3: "Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo". Creio que esta seja uma das poucas, senão a única passagem bíblica em que é oferecida uma benção tríplice. Os versos também mostram que existem três estágios espirituais para todo o servo que queira conhecer as revelações de Apocalipse. Primeiro nível: "Aqueles que lêem": São os servos que lêem a palavra, a conhecem, dedicam tempo para seu estudo; Segundo nível: "Aqueles que ouvem": São os servos que se permitem ficar em silêncio para ouvir a voz de Deus falar ao seu coração; Terceiro nível: "Aqueles que guardam": São os que já leram, já ouviram e agora praticam em suas próprias vidas todas as verdades bíblicas. Apoc. 1: 4-6: "João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono. E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados. E nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai; a Ele glória e poder para todo o sempre. Amém". Confirmação da Santa Trindade Divina saudando o povo de Deus. Quem são os sete espíritos que estão diante do trono? Sabemos que o número sete na Bíblia representa a perfeição divina, a plenitude. Aqui o sete é usado de maneira simbólica. Sete = Número simbólico que representa a perfeição. Espíritos = Espírito Santo de Deus.

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O verso declara Jesus como o primogênito dentre os mortos. A referência é para afirmar que Jesus foi a pessoa mais importante que já experimentou a morte. Apoc. 1:7: "Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém". Neste texto, temos a primeira promessa em Apocalipse sobre a volta de Jesus. Temos, também, a referência de como será sua vinda. Essa passagem traz a afirmação de que todas as pessoas que estiverem vivas O verão. Também ressuscitarão no dia da volta do Senhor, aqueles que o traspassaram (todos que tiveram participação direta ou indiretamente em sua morte). Os mortos em Cristo também se levantarão dos túmulos para presenciar sua volta. Apoc. 1:8: "Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso". Alfa é a primeira letra do alfabeto grego, ômega a última. Isso quer dizer que Deus se intitulou como sendo o início e o fim de tudo. Que promessa maravilhosa Deus faz aqui, que esperança é saber que, por maior que sejam os problemas pelos quais passamos ou vamos enfrentar, eles têm uma data certa para acabar! Apoc. 1:9: "Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo". João confessa que é nosso irmão, que foi como um de nós, cheio de problemas e provações. Aliás, ele estava preso e isolado, aos 85 anos de idade, na ilha de Patmos justamente por causa da palavra de Deus. Ele que andava com Jesus, chamado de apóstolo amado, não foi poupado das injustiças deste mundo. Muitos acreditam que seguir a Jesus é assinar uma apólice de seguro, porém aqui fica claro que mesmo João, o discípulo amado, foi alvo de injustiças e provações. Porém, ele seguiu em frente, olhando para o alto, pois sabia que havia de cumprir o propósito pelo qual foi criado. Apoc. 1: 10: "João diz: Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta". A real explicação para esta afirmação é que, no momento da revelação, o Espírito Santo de Deus levou a mente de João para um estado onde pudesse compreender a visão e a mensagem que iria receber. Sua alma não saiu do seu corpo e foi para algum lugar do além. Não. A Bíblia é enfática em afirmar que a vida não existe se corpo e alma não estiverem juntos. Mas o Espírito Santo impressionou a mente de João, afim de que pudesse ver.

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João disse que sua visão foi "no dia do Senhor". Eis apenas algumas das diversas passagens bíblicas que afirmam que dia é esse: Isaías 58: 12 a 14: "E os que de ti procederem edificarão as antigas ruínas; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar. Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras. Então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse". Êxodo 20: 10 e 11: "Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor, os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou". Lucas 4:16: "Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler". Enquanto Cristo viveu na Terra, guardou e santificou o sábado, o único dia da semana que recebe este selo especial da aprovação divina: "Dia do Senhor". Apoc. 1: 10 a 14: "E ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta. Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro". João viveu com Jesus durante anos. Tinha um íntimo relacionamento com o Senhor. Por que então o verso cita que ele precisou se virar para trás para ver quem falava com ele? Jesus esteve na terra como um homem, assim como João. Ele não O reconheceu porque a voz de Jesus mudou. Jesus apareceu a João glorificado, como o próprio Deus. Com uma voz cheia de poder. Que sete igrejas são estas? Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia representam os períodos e fases das igrejas de Deus na terra, desde a crucificação de Jesus e a morte dos apóstolos. O que eram os sete castiçais de ouro? Símbolo usado para descrever as

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sete igrejas. Apoc. 1:20 - O mistério dos sete castiçais de ouro que viste, são as sete igrejas. O texto trata da primeira revelação que João teve. E sua tradução é a seguinte: João ouviu Jesus falando com ele, afirmando ser o início e o fim. Jesus deu ordem para que João escrevesse tudo aquilo que visse e então mandasse para as sete igrejas, ou seja, para todos os períodos da igreja de Deus na Terra. João disse que ao se virar, viu sete castiçais de ouro, ou seja, as sete igrejas. E, no meio desses períodos, um em especial que refletia o caráter de Jesus Cristo. Apoc. 1:13 a 15: "No meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo. E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas". As vestes usadas por Jesus eram as mesmas que os sacerdotes do Antigo Testamento usavam quando estavam oficiando no santuário. O relato da descrição das roupas deixa claro que, assim como existia um santuário terrestre, existe também o celestial, no qual Jesus está ministrando como sacerdote. Voz de muitas águas = voz como de grande multidão. Apoc. 1: 16: "E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece". Sete estrelas = Apoc. 1:20: "O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra são os anjos das sete igrejas. Mensageiros das Igrejas. O recado aqui é para os dirigentes de Igrejas quanto à responsabilidade de pregar a palavra de Deus: a Verdade. Jesus tem em Sua mão direita os mensageiros da Sua palavra e os sustenta com ela. O que é a espada aguda de dois fios que saía da boca de Jesus? Hebreus 4:12: "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" Logo, o significado do verso é o seguinte: Jesus sustenta em Sua mão direita os mensageiros de Sua Palavra, de Sua boca sai toda Palavra de Deus - tão penetrante que, quando temos um coração receptivo, entra no íntimo da nossa mente e é capaz de mudar as intenções do coração. Apoc. 1: 17 e 18: "E eu, quando vi, caí a Seus pés como morto; e Ele pôs

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sobre mim a Sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último. E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno". Todo e qualquer ser humano no estado de pecador, não pode ver a Deus. Com João não foi diferente. Não conseguia enxergar a glória de Deus e então desmaiou. Mas Jesus o levantou com Sua mão direita e disse-lhe: "Não temas, Eu sou o primeiro e o último". Jesus também se refere como aquele que morreu, mas que hoje está vivo para todo o sempre. Jesus é o único que tem a chave da morte e das sepulturas, só Ele pode dar vida aos mortos. Apoc. 1: 19: "Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer". Jesus chama a atenção de João para que ele continue escrevendo tudo que diante dele tem se revelado, pois é chegada a hora de mostrar a todos seus servos tudo que há de acontecer. Para que ninguém seja enganado pela operação da mentira, todos tenham a oportunidade de tomar a sua decisão de forma livre e consciente, é preciso que estas verdades eternas sejam reveladas ao mundo. Apoc. 1:20: "O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas". O capítulo termina com Jesus revelando o significado das sete estrelas e dos sete castiçais.

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Capítulo 2: Cartas de Jesus às 7 igrejas Os capítulos 2 e 3 de Apocalipse revelam o conteúdo de cartas que o próprio Jesus ditou ao apóstolo João às 7 igrejas. Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. No estudo anterior vimos que estas 7 igrejas representam os períodos pelos quais a Igreja de Deus passou. Nas cartas, encontramos o retrato da relação de Cristo com as diferentes fases da Igreja ao longo da era Cristã. Através das cartas, Jesus faz elogios, censuras, exortações, advertências e promessas ao seu povo, desde sua crucificação até os dias de hoje. As 7 igrejas estavam localizadas na Ásia e a primeira delas, Éfeso, foi fundada pelos próprios Apóstolos. Você vai notar que ao terminar o conteúdo das cartas, Jesus diz: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas..essas palavras confirmam que as mensagens expressas por Cristo é para todos os seus seguidores. São mensagens de Jesus para mim e para você. I - A igreja de Éfeso Éfeso era uma importante cidade na província romana da Ásia. O que fazia da cidade uma atração mundial era o famoso templo de Diana, a denominada "deusa da fertilidade" dos efésios. A maioria das pessoas que viviam na cidade adorava deuses pagãos. Paulo fundou uma igreja cristã em Éfeso e João viveu ali algum tempo. A carta de Cristo dirigida à igreja de Éfeso representa a mensagem que Ele tinha para o primeiro período da igreja cristã. O Período relacionado à igreja de Éfeso vai do ano 31 d.C ao ano 100 d.C. A palavra Éfeso significa "desejável". Essa palavra descreve o caráter e a condições espirituais da igreja cristã em sua primeira etapa. Por muitas razões era a igreja apostólica "desejável" aos olhos de Deus: 1) Foi fundada diretamente por Cristo 2) Era totalmente fiel aos princípios fundamentais de doutrina de Cristo 3) Possuía o poder sem limites do Espírito Santo 4) Deu o mais poderoso testemunho em favor de Jesus 5) Suas obras missionárias foram inigualáveis. 30 anos foi o tempo em que os Apóstolos pregaram o evangelho de Jesus por várias partes do mundo. Apoc.2:1 - "Ao anjo da igreja de Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na mão direita as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:" Anjos - Mensageiros Sete estrelas - anjos (mensageiros ou emissários) das sete igrejas Sete candeeiros - Sete igrejas

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Jesus faz menção sobre Ele mesmo como sendo o autor das mensagens que seu apóstolo João escreveu. Apoc.2:2 - "Conheço as tuas obras e o teu trabalho e a tua perseverança, e que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são e os achastes mentirosos." "Eu sei as tuas obras" - Elogio de Jesus aos Seus seguidores; é um incentivo para se apegarem às boas obras e renunciarem as más. Nada passa despercebido por Ele. Ainda no tempo dos apóstolos, começaram a se manifestar os "maus", dentro da igreja. Ananias e sua esposa Safira foram os primeiros que de alguma maneira queriam mudar os ensinos de Jesus, mas houve muitos deles. Porém Jesus aprova a perseverança dos que criam em seu nome em manter as leis e ensinos puros e retos. Apoc.2:3 - "Tens perseverança e por causa do meu nome sofreste e não desfaleceste" A igreja apostólica foi muito perseguida pelos judeus e pelos romanos. Nero incendiou Roma em 19 de Julho de 64. Os historiadores falam com indignação da crueldade de Nero para com os cristãos, sempre incessantemente perseguidos. A perseguição implacável durou 4 anos, até a morte de Nero. Embora perseguidos os cristãos eram pacientes e conformados, pois sabiam em Quem criam. Outro elogio de Jesus diz respeito ao trabalho missionário de Sua igreja. O trabalho missionário do período de Éfeso foi o mais grandioso de toda a história da igreja. Os apóstolos caminharam pelos quatro cantos do mundo para pregar o evangelho. Apoc. 2:4 - "Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor". Jesus, em seu amor, repreende seu povo sempre que necessário. A gloriosa igreja que em apenas 30 anos evangelizou o mundo é, por fim, acusada da perda do primeiro amor. Não é o caso que a igreja não amasse mais a Deus, a Jesus e a Sua verdade. Mas já não era aquele primeiro amor. A discussão de assuntos sobre doutrinas sem importância ocupou o tempo que devia ser usado para pregar o Evangelho. Foi nessa hora crítica da igreja que João foi isolado na ilha de Patmos. Quase todos os outros apóstolos já estavam mortos. E, até os nossos dias, o cristianismo sente falta do primeiro amor, do primeiro entusiasmo. A história ainda se repete. Quantos cristãos aceitam o evangelho com fervor e entusiasmo, para depois, com o correr do tempo, esfriarem, e se deixarem tomar pelo desânimo. Jesus nos chama de volta, nos chama para a beleza do primeiro amor.

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Apoc.2:5 - "Lembra-te de onde caíste! Arrepende-te e pratica as primeiras obras. Se não te arrependeres, brevemente virei a ti e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres". Uma admoestação e uma advertência - Deus não estava alheio à gravidade do perigo. Deus apela para que todo cristão faça três coisas: Lembrar-se do momento ou circunstância que o fez se separar das verdades bíblicas; Arrepender-se e praticar as primeiras obras de fé e fervor. Se a igreja não voltasse às primeiras obras o candeeiro seria retirado. Isso significava que Jesus privaria a igreja da luz e das bênçãos do evangelho, para confiá-las a outras mãos. Como cristãos devemos verificar se estamos ou não sob a influência do "primeiro amor". A indiferença é a pior coisa na vida espiritual. A proposta de Jesus é transformação de vida. Apoc.2:6 - "Tens, porém, a teu favor, que odeias as obras dos nicolaítas, as quais Eu também odeio". Os nicolaítas faziam parte de uma seita fundada por Nicolau, da Antioquia. Se diziam cristãos, mas consideravam normal o adultério e outras práticas odiadas por Deus. Eles achavam que a fé em Jesus os liberava da obediência aos Dez Mandamentos. Cristo sempre se preocupava em não apenas apontar os erros, mas em oferecer a cura. Apoc.2:7 - "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe -ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus". "Quem tem ouvidos" - A advertência é para todos! Mas, vencer o que? O que há para ser vencido? O pecado. A promessa ao vencedor é bem clara: participação "da árvore da vida que está no paraíso de Deus". Duas pessoas apenas, da família humana - Adão e Eva - provaram da árvore da vida, quando ainda em estado de inocência e pureza. O acesso à árvore da vida foi uma das maiores perdas do homem. Mas Jesus assegura devolver essa bênção ao vencedor. II - A igreja de Esmirna Esmirna é uma das cidades mais antigas do mundo. Atualmente é chamada Izmir, e é a terceira maior cidade da Turquia. Fica ao norte de Éfeso, numa linha da baía do Mar Egeu, Grécia. O Período relacionado à

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igreja de Esmira vai do ano 100 d.C ao ano 313 d.C. A palavra esmirna significa "mirra", "perfume" ou "cheiro suave". Compreendemos que a igreja, no segundo período de sua história, seria esmagada por perseguições de seus adversários; porém, na opressão, liberaria o suave perfume da fidelidade e do amor a Jesus. Apoc.2:8 - "Ao anjo da igreja de Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, o que foi morto e reviveu". Jesus faz menção sobre Ele mesmo como sendo o autor das mensagens que seu apóstolo João escreveu. Apoc.2:9 - "Conheço a tua tribulação e a tua pobreza, mas tu és rico, e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são sinagoga de Satanás". "Eu sei as tuas obras", é a frase de Cristo em cada uma das sete cartas, antes de referir-Se à condição da igreja em cada período. Por si só esta frase constitui uma denúncia ou um elogio às obras de cada cristão. É muito importante que cada cristão medite nesta frase dirigida à igreja e analise sua condição espiritual. A pobreza que enriquece - Jesus diz à igreja que sabia de sua pobreza material, mas que ela era rica, pois tinha muita fé. Falsos judeus - A acusação de Cristo de que na igreja de Esmirna havia falsos judeus, equivale a dizer que havia nela falsos cristãos. Afirmou Jesus que esses pertenciam à "sinagoga de Satanás". Apoc.2:10 - "Não temas as coisas que estás para sofrer. Escutai: o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais provados, e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, a dar-te-ei a coroa da vida". Sabemos que nas profecias das Sagradas Escrituras, um dia equivale a um ano. Em vez de dias literais, temos aqui dez anos proféticos de perseguição contra a igreja do período de Esmirna. Essa perseguição sem trégua durou dez anos, de 303 e 313, durante o governo do imperador Diocleciano. Foi a maior perseguição que a igreja cristã recebeu durante o domínio da Roma pagã, o Imperador não queria apenas matar todos os cristãos, mas acabar com o Cristianismo na face da Terra. Apoc.2:11 - "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. O que vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte". Pela primeira vez no Apocalipse é feita uma menção à segunda morte. Só o cristão vencedor não passará pela experiência da segunda morte.

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Mas o que é a segunda morte? Segundo uma citação de um autor desconhecido: "É o resultado da persistência do homem em pecar voluntariamente". Todos os ímpios serão ressuscitados para a segunda morte ou condenação. Entretanto, aos fiéis, Jesus garantiu a vitória sobre a segunda morte. Capítulo 2 de Apocalipse, Segunda Parte III - A igreja de Pérgamo Pérgamo era uma cidade universitária, famosa pelos seus mestres na arte de curar. Tinha uma biblioteca com 200 mil rolos. Esses rolos eram feitos de pelica, uma forma refinada de couro. Pérgamo, é uma modificação da palavra pelica. O rei de Pérgamo recebia o título de "Pontífice Máximo", que significa: "o Edificador da Grande Ponte". Nisto vemos uma semelhança com a torre de Babel, cujo propósito era alcançar o céu por esforços humanos. Quando o rei de Pérgamo entregou seu reino aos romanos, todo este culto foi transferido para Roma. Assim, o título "Pontífice Máximo" foi absorvido pelo cristianismo romano. Pérgamo tornou-se, assim, um elo entre a antiga Babilônia e a moderna Roma. O período relacionado à igreja de Pérgamo foi de 313 d.C a 538 d.C. A palavra Pérgamo significa "exaltação", "elevação", porque a própria cidade estava edificada 1000 pés acima do nível do vale. Este significado descreve o caráter e a vida espiritual da igreja em seu novo período. Apoc. 2:12: "Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: Isto diz Aquele que tem a espada afiada de dois gumes. Jesus Se apresenta à igreja deste período como uma espada de dois gumes. Espada "palavra de Deus que penetra até a medula", diz Paulo, "que interpreta os pensamentos e intenções do coração" (Heb.4:12). Apoc. 2:13: "Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás. Contudo, reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita". É a terceira vez que Jesus diz estar a par das obras de Sua igreja. Esta carta é uma veemente denúncia. Jesus sabia que a igreja estava se aliando ao mundanismo, dando início à apostasia. Deste período da igreja de Pérgamo, de 313 a 538, ou de Constantino a Justiniano, em que ela foi considerada Igreja Imperial, disse Jesus que ela

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habitava no "trono de Satanás". Jesus lamentava que Sua igreja escolhesse para sede a mesma cidade onde estava o trono de Satanás, a cidade dos Césares - Roma. Conivência Com o Erro Apoc.2:14: "Todavia, tenho algumas coisas contra ti; Tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, levando-os a comer das coisas sacrificadas aos ídolos, e praticar a prostituição". A doutrina de Balaão pode ser resumida como idolatria pagã. Como o paganismo não podia vencer a igreja, então fez amizade com ela. Assim, paulatinamente, as práticas e cerimônias pagãs foram sendo introduzidas aos poucos no cristianismo, para amenizar as perseguições. Dessa forma, o cristianismo passou a freqüentar as cortes e palácios dos imperadores, trocando a simplicidade de Cristo e de seus apóstolos pela pompa e orgulho dos sacerdotes; em lugar dos mandamentos de Deus, entraram teorias e tradições humanas. Assim como fez com Balaão, Satanás corrompeu a igreja através de uma aliança com o mundo. Na pessoa de Constantino, a igreja subiu ao trono dos Césares e reinou como uma rainha. Houve uma mútua transigência e tolerância entre o cristianismo e o paganismo. Por causa da influência pagã, o cristianismo mudou tanto que se tornou um paganismo batizado. Apoc. 2:15: "Assim tens também alguns que seguem a doutrina dos nicolaítas". Apoc. 2:16: "Arrepende-te, pois! Se não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca". A igreja foi chamada ao arrependimento, ao abandono das doutrinas de Balaão e dos nicolaítas: a idolatria e a prostituição da verdade. Apoc. 2:17: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe". Quando qualquer pessoa entre os gregos era acusada de crimes contra o Estado e era julgada pelos cidadãos, eles votavam por absolvição com uma pedra branca; e por condenação, com uma pedra preta. Cristo, o único juiz do Seu povo, ao prometer dar aos vencedores uma pedra branca, está lhes dando a certeza da absolvição.

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IV - A igreja de Tiatira Das sete cartas, esta foi a mais longa. A cidade de Tiatira estava localizada numa região estratégica para muitos negócios. Tinham como fonte de renda uma brilhante tintura vermelha, conhecida como púrpura. Pode ser considerada a Igreja da Idade Média. O período relacionado a Tiatira foi de 538 d.C até 1517 d.C. A palavra Tiatira significa "sacrifício", "dificuldade", que bem descreve a situação da igreja em sua quarta etapa. A igreja foi perseguida de morte pelo papado romano, principalmente no movimento chamado de inquisição. Apoc. 2:18: "Ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes a latão reluzente:" Cristo Se apresenta à Sua igreja neste período, pela primeira vez e a única em todo o Apocalipse, como "Filho de Deus", exatamente porque sabia que o lugar do Filho de Deus seria usurpado por aquele que se apresentaria como Seu substituto na terra. A igreja não deveria trocar de Senhor. Apoc. 2:19: "Conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas do que as primeiras". Jesus elogia Seu povo. Foi o período que precedeu à grande obra da Reforma. Reconhecido também por "Igreja do Deserto", época das grandes perseguições de Roma papal, contra o povo de Deus. Neste tempo adverso, a igreja cristã manifestou fé, paciência e consagração. A história dos Valdenses é uma prova disso. Rejeitando a supremacia dos papas, eles mantinham a Escritura Sagrada como única autoridade suprema e infalível. Escondidos nas montanhas e em cavernas, dedicavam-se a copiar as Escrituras, capítulo por capítulo, versículo por versículo. Por isso, a palavra de Deus foi conservada através dos séculos. Seguidores de Jezabel Apoc.2:20: "Mas tenho contra ti que toleras a Jezabel, mulher que se diz profetisa. Com o seu ensino ela engana os meus servos, seduzindo-os a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas aos ídolos". Na igreja de Pérgamo havia os que seguiam a doutrina de Balaão - idolatria e prostituição. Na igreja de Tiatira, é mencionado haver uma mulher ensinando e enganando também com idolatria e prostituição.

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Mas, quem era a Jezabel da época da igreja de Tiatira? A mulher é empregada nas profecias como símbolo de igreja. Se a profecia fala que a igreja verdadeira é simbolizada por uma mulher virgem e pura, então aquela mulher que ensina a mentira para enganar só pode representar uma igreja falsa. Conseqüentemente, a Jezabel de Tiatira representa uma falsa igreja que ensina idolatria e prostituição das doutrinas de Cristo. A Jezabel, do antigo Testamento, praticou várias obras detestáveis aos olhos de Deus: 1) Ela se casou com o rei Acabe e tornou-se rainha de Israel; 2) Por ser filha de um rei pagão, ela introduziu a idolatria entre o povo de Deus; 3) Proibiu o verdadeiro culto a Jeová; 4) A adoração ao Sol tomou o lugar da adoração a Jeová; 5) Trouxe sacerdotes pagãos para Israel; 6) Perseguiu até à morte os verdadeiros servos de Deus; 7) Os que se recusavam a deixar de adorar a Deus eram mortos (I Reis 16-21). Diante disso, é de se perguntar: Quem foi a Jezabel, ou a igreja, que, nos séculos do período de Tiatira, introduziu na Igreja Cristã a idolatria, que proibiu o verdadeiro culto a Deus, que tinha um grande número de sacerdotes sob suas ordens e que perseguiu os servos de Deus que se opunham à sua autoridade? Apoc. 2:21: "Dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua imoralidade, mas ela não quer se arrepender". A profecia diz que Deus concedeu um tempo para que essa igreja, a Jezabel, se arrependesse de sua prostituição espiritual, mas não se arrependeu. Todo afastamento dos princípios fundamentais de Cristo é prostituição e apostasia. Apoc. 2:22: "Portanto, lançá-la-ei num leito de dores, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita". Apoc. 2:23: "Ferirei de morte a seus filhos. Então todas as igrejas saberão que Eu sou aquele que esquadrinha os rins e os corações, e darei a cada um de vós segundo as vossas obras". Apoc. 2:24: "Digo-vos, porém, a vós, os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga não porei sobre vós". Todo desvio da doutrina correta é considerado adultério. Como

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conseqüência, todos os que persistirem voluntariamente com essa igreja na idolatria e prostituição, após receberem o pleno conhecimento da verdade, terão que enfrentar as sete pragas que serão estudadas no capítulo 16. Os "filhos" de Jezabel são evidentemente os adeptos desta falsa igreja. Estes, se não se arrependerem a tempo, como assegura a profecia, conhecerão a segunda morte, porque serão julgados e condenados segundo as suas próprias obras e não segundo as obras de Cristo. Um Depósito Sagrado Apoc. 2:25: "O que tendes, retende-o até que eu venha". A eterna verdade do evangelho de Cristo foi confiada à Sua igreja nesta Terra. Por nada no mundo a igreja pode descuidar deste patrimônio. O desejo de Cristo é que Seus seguidores defendam a verdade à todo custo. Apoc. 2:26: "Ao que vencer, e guardar até o fim as minhas obras, Eu lhe darei autoridade sobre as nações," Apoc. 2:27: "e com vara de ferro as regerá, quebrando-as como são quebrados os vasos de oleiro; assim como também recebi autoridade de meu Pai." Apoc. 2:28: "Também lhe darei a estrela da manhã". A estrela da manhã é Jesus (Apoc. 22:16). Ele oferece a Si mesmo, para ser a nossa companhia. Apoc. 2:29: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas". Durante a Idade Escura, cada região da Europa esteve sob a inspeção direta da igreja. Não somente reis em seus tronos, mas até pessoas comuns, em suas próprias casas, se submetiam ao poder de Roma. A igreja colocou-se entre o rei e os seus súditos, pais e filhos, maridos e mulheres. Os segredos dos corações eram abertos no confessionário. A igreja ensinou que as pessoas eram salvas pelas boas obras. Penitência e indulgências tiraram o pão de muitas bocas. Um forte governo, com um domínio como jamais foi visto, assentou-se no trono.

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Capítulo 3 de Apocalipse V - Igreja de Sardes Sardes foi fundada no século 12 a.C. No passado, foi a capital da antiga monarquia lídia, um dos reinos mais ricos reinos do mundo antigo. A antiga cidade de Sardes foi construída sobre um platô de rochas que se erguiam a 500 metros da planície. Era considerada uma fortaleza impenetrável; mas, em 1402, foi invadida e destruída por Tamerlane e nunca mais voltou a ser reconstruída. O período relacionado à igreja de Sardes vai do ano 1517 d.C. ao ano 1821 d.C. Pouco mais de 300 anos. A palavra Sardes quer dizer: remanescentes ou "aqueles que estão escapando". Apocalipse 3:1: "E Ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto". Jesus se identifica como o Espírito Mensageiro. Mais uma vez, deixa claro que é onisciente e conhece todas as obras do Seu povo. Sardes teve um bom começo, pois carregava a bandeira das verdades bíblicas, trouxe o espírito da Reforma. Começou com uma história de glória e terminou em completa ruína. I João 5:12: "Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida". Jesus se referiu a Sardes como Igreja que "tens nome de que vives, e estás morto" porque o povo daquela época estava aos poucos se afastando de Jesus Cristo. Apocalipse 3:2-3: "Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei". A estratégia de Satanás, que antes era a perseguição contra o povo de Deus, passou a ser unir-se com a Igreja. Foi neste período, após a Reforma de Martinho Lutero que houve uma proliferação de denominações religiosas. Jesus está pedindo para o povo guardar a verdade, mas Satanás percebeu que ele poderia entrar na igreja e deturpar a doutrina, causando assim separação e confusão. Sardes simbolizava a igreja da Reforma, cobrindo os séculos XVI, XVII e a maior parte do século XVIII. O protestantismo foi fundado com um protesto contra as doutrinas e práticas corruptas do romanismo, mas a

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falta de conhecimento das Escrituras produziu debilidade espiritual e conformidade com o mundo. Apocalipse 3:4-5: "Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso. O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos". As pessoas que não se contaminaram, eram aquelas que, mesmo em meio à confusão de diversas denominações, se mantiveram fiéis à Palavra de Deus. Jesus afirma que estes fiéis ganhariam vestes brancas e teriam seus nomes registrados no Livro da Vida. Apocalipse 19:8: "E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos". Os fiéis herdarão a Justiça de Cristo. Apocalipse 3:6: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas". Todo ser humano, deve estar e ouvir o que Deus diz em Sua Palavra. VI - Igreja de Filadélfia Filadélfia se localizava em uma vasta colina, entre dois vales férteis. Esta igreja recebe elogios e nenhuma falha é mencionada contra ela. Esse tempo significa um período missionário, quando pregadores falavam sobre a mensagem de um grande despertamento religioso. O período relacionado à igreja de Filadélfia vai do ano 1821 d.C. ao ano 1844 d.C. Período mais curto entre todos os outros. Apocalipse 3:7: "E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre". Jesus se identifica como Aquele que tem a chave de Davi. Quer dizer Aquele que tem toda autoridade e poder. Apocalipse 3:8: "Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o Meu nome". Jesus afirma que, para aqueles que se mantivessem fiéis, abriria uma porta e ninguém fecharia. Mas que porta é esta? Apocalipse 11:19: "E abriu-se no Céu o templo de Deus, e a arca da Sua aliança foi vista no Seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva". Porta da graça, salvação. Não era uma porta para o Céu, mas uma porta aberta no Céu. No santuário celestial, onde Jesus ministrava no lugar

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santo, foi aberta uma porta e Ele passou ao lugar santíssimo. Neste momento da história, através da nova luz, novas verdades foram apresentadas, como por exemplo, a guarda de todos os 10 Mandamentos apresentados em Êxodo 20. Quando a porta no Céu se abriu, as portas das igrejas protestantes se fecharam. Compromisso Com a Verdade Apocalipse 3:9: "Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: Eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que Eu te amo". Jesus está se referindo aos que dizem ser Seus seguidores, mas não são. O grande perigo atual está nas igrejas que pregam 95% da verdade. Por que basta ocultar os 5% restantes, que esta igreja automaticamente deixa de ser a de Cristo. Lembre-se sempre que para saber se você está no lugar certo é preciso que a Igreja pregue 100% das verdades bíblicas. Apocalipse 3:10: "Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra". Promessa de Deus para os filhos fiéis que iriam passar por aflições. Tempo de angústia. Deus promete proteção na hora da dificuldade. Apocalipse 3:11: "Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa". Primeira vez no Apocalipse que Jesus coloca sua volta como fato iminente. Não é mais apenas uma promessa, mas o próprio filho de Deus fala com clareza que Sua volta está próxima. Apocalipse 3:12: "A quem vencer, Eu o farei coluna no templo do Meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do Meu Deus, e o nome da cidade do Meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do Meu Deus, e também o Meu novo nome". Aqui, Jesus promete ao filho fiel e vencedor três bênçãos especiais. Apocalipse 3:13: "Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas". Ouçam o que Deus diz! Sigam a Palavra de Deus! Sigam a Verdade! É isso o que nos recomenda a Testemunha Fiel, Jesus. VII - Igreja de Laodicéia Laodicéia era uma cidade muito rica. A confiança em suas riquezas era tanta, que seus habitantes não aceitaram ajuda de Roma para reconstruir a cidade depois de um terrível terremoto que a destruiu. Sua riqueza vinha principalmente do comércio e dos juros bancários.

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O período relacionado à igreja de Laodicéia vai do ano 1844 d.C. até os dias de hoje. Isso significa que as mensagens de Jesus para este período são para mim e para você. A mensagem é para nós, que levamos a bandeira das verdades bíblicas. Povo cristão que guarda os 10 Mandamentos e quem têm o testemunho de Jesus. Apocalipse 3:14: "E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus". Jesus se apresenta como o princípio da criação de Deus. A palavra usada no original, em grego, foi Arché, que significa: "origem ou agente da criação". Apocalipse 3:15-16: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente. Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca". Só estes dois versículos dariam um belo sermão, tamanha a importância do seu conteúdo. Jesus começa a mensagem com palavras extremamente fortes. Ele diz conhecer tudo o que eu e você fazemos. Jesus conhece o que está em nosso íntimo. Ele conhece as intenções do nosso coração. Em seguida, Ele diz que não somos frios, nem quentes, somos pessoas mornas. Afirma também que preferiria uma das duas condições, menos a mornidão. Uma Severa Condenação e Apelo Jesus está falando aqui sobre a mornidão espiritual, em que vivemos nos dias de hoje. Estamos dentro da Igreja, guardamos os 10 Mandamentos, temos o testemunho de Jesus, cremos em Sua volta; mas, por acharmos que estamos com a bandeira da verdade, não precisamos mais trabalhar e nos comprometer com a pregação do Evangelho. A mensagem aqui é para todos os cristãos nominais. Aqueles que falam muito bonito, mas que vivem contrários aos ensinos da Palavra. São os cristãos de bancos, que ouvem as lindas pregações e louvores, mas que não falam mais de Deus para ninguém. São os cristãos que se tornaram indiferentes espiritualmente. Jesus usa uma série de adjetivos fortes e negativos para se referir ao povo morno. É um recado para todos aqueles que se acham bons a ponto de não precisarem de Deus. São aqueles que dizem ser conhecedores da verdade, arrogantes e presunçosos. A mensagem é para as pessoas que tem a pretensão de imaginar ser algo que não são. Fria: É um estado desconfortável o bastante para saber que há algo errado. São as pessoas que desconhecem as verdades bíblicas, que

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vivem a vida conforme a sua vontade. Quente: Esta condição representa uma igreja pronta a fazer o bem. Repleta do primeiro amor, do temor, adoração. Cheia de louvor, alegria e sabedoria. Morna: Mistura de quente e frio. Mistura de mundanismo e religião, o que é nauseante para Cristo. Religiosa o bastante para não desprezar o Seu nome, mas mundana demais para assumir uma posição firme e unida ao lado dEle. O problema não é doutrinário, mas comportamental. É uma mensagem de Deus para todo cristão que se encontra nesta condição de mornidão, acordar. É o chamado para um despertamento espiritual! É um severo ataque ao conformismo religioso e à acomodação laodicena! Apocalipse 3:17: "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu". Aos presunçosos e arrogantes, Jesus os coloca nas condições de: Desgraçados: Dignos da misericórdia de Deus; Miseráveis: Dignos de pena; Pobres: Pobreza espiritual, falta de dedicação, trabalho, oração; Cegos: Falta de visão. Cega para as necessidades alheias, para a necessidade da pregação do evangelho; Nus: despidos, desprovidos das vestes de glória e beleza que devem adornar a igreja de Deus; Apocalipse 3:18: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas". Através do Seu inexplicável amor, Jesus dá a receita para os que necessitam de cura. Chama Seu povo para comprar dEle ouro e roupas brancas. Jó 23:10: "Porém Ele sabe o meu caminho; provando-me Ele, sairei como o ouro". Jesus nos convida a nos purificarmos e a refinarmos a nossa fé. Apocalipse 19:8: "E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos". Os fiéis herdarão a Justiça de Cristo. Jesus nos chama para nos despirmos de nossa própria justiça e vestirmos a Sua. Atos 10:38: "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e

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com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele". O colírio é o Espírito Santo. Efésios 1:18: "Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos". O trabalho do Espírito Santo é iluminar nossa mente, abrir nossos olhos para que enxerguemos o que Deus tem para nos mostrar. Apocalipse 3:19: "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te". A repreensão de Deus são expressões de amor; porque, através delas, Ele espera que nós voltemos para Sua verdade. Não Deixe Jesus Fora de Sua Vida! Apocalipse 3:20: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo". Um dos mais lindos versículos da Bíblia. É interessante notar que anteriormente Jesus também fala de uma porta. Mas Ele tinha a chave para abri-la. Aqui Jesus afirma que Ele está à porta e precisa bater, logo, entende-se que Ele está do lado de fora. Esta porta representa o meu e o seu coração. Jesus está ali, a todo o momento, batendo para que nós possamos abrir. Jesus não força a entrada pela porta do nosso coração. Ele valoriza nossa liberdade de escolha. Respeita nosso livre arbítrio. Apocalipse 3:21: "Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono". Os que abrirem o coração a Jesus estarão ao lado dEle no Céu. Apocalipse 3: 22: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas". Povo meu, ouça! Atenda ao clamor do Espírito Santo! Aceite os apelos e advertências solenes da Palavra de Deus! Aceite o chamado, meigo e suave, de Jesus!

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Capítulo 4 de Apocalipse A visão do Trono de Deus Depois de Jesus ter apresentado a João as mensagens que tinha para todos os períodos de Sua igreja aqui na Terra, Jesus o convida para contemplar o Trono de Deus no Céu. Neste capítulo, João teve o privilégio de ver a habitação do Rei dos reis, presenciou toda a Glória de Deus no Trono Eterno. Desde 1844, data que se iniciou o último período da igreja de Deus na Terra, Laodicéia, está acontecendo um julgamento no Céu. É esta cena que João é convidado a contemplar. Apocalipse 4:1: "Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer". João viu uma porta no Céu. É importante lembrar que no capítulo 1 de Apocalipse, ele viu uma porta, mas esta do capítulo 4 se refere à porta pela qual Jesus passou do lugar Santo para o Santíssimo em 1844. Outros profetas bíblicos tiveram a mesma oportunidade de João. Isaías viu anjos cantando, Ezequiel contemplou uma cena com brasas de fogo, tochas. Estevão, pouco antes de morrer, pôde ter uma vista da sala do trono de Deus. Apocalipse 4:2-3: "E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda". Justiça Mesclada Com Misericórdia O livro de Hebreus confirma a existência de um santuário no céu. O apocalipse o menciona 14 vezes como estando localizado lá. O trono de Deus, o qual está no interior do Templo Celestial é mencionado 40 vezes. João, através de uma visão, contemplou o trono de Deus no Céu e diz ter visto alguém sentado no trono. Por que ele não reconheceu quem estava lá? Sabemos que, no estado pecaminoso que o homem se encontra, é impossível ver a Deus. Porém, o apóstolo tenta descrever o que viu, usando o jaspe e a sardônica, que representam um brilho cristalino. Seu brilho retrata a santidade de Deus. O arco íris que João viu é o mesmo que representa a promessa de Deus de Sua misericórdia infalível. Foi um sinal de concerto entre Ele e Seu povo, ao afirmar que jamais haveria um novo dilúvio sobre a Terra. O arco

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íris no céu denota um concerto da graça de Deus. A certeza que isto nos dá é que Deus continua no comando do mundo. Ele ainda não efetuou sua justiça, mas em breve o fará. Ele tem o controle de todas as coisas. A Identidade dos 24 Anciãos Apocalipse 4:4: "E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro". Existem duas maneiras pelas quais o ser humano pode chegar ao Céu. Trasladação: Somente dois homens, de acordo com a Bíblia, foram para o céu desta maneira: Elias e Enoque. Ressurreição: Moisés foi ressuscitado e levado para o céu, logo após sua morte e sepultamento. Estudiosos da Bíblia crêem que os 24 anciãos, vistos no Céu, são pessoas santas e justas que viveram em todas as épocas na terra. Podem ser aqueles que ressuscitaram com Cristo e, com Ele, subiram como as primícias da Sua vitória no Calvário (Mateus 27:50-53 e Efésios 4:8). Indicativos do Grande Julgamento Apocalipse 4:5: "E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus". João contemplou basicamente a mesma cena quando Deus entregou a Moisés, no monte Sinai, as tábuas com os 10 mandamentos. Relâmpagos e trovões são símbolos do julgamento divino. Retratam todo poder e glória de Deus, remetem à solenidade do acontecimento. Figuras da Ação do Espírito Santo Sete é o número da perfeição. O texto diz que as sete lâmpadas de fogo são os sete espíritos de Deus. A obra completa do Espírito Santo é representada em suas múltiplas operações investigando todas as coisas, atuando em todos os lugares. Outras Representações Celestiais Apocalipse 4:6: "E havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro

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animais cheios de olhos, por diante e por detrás". Quem são os quatro seres viventes? Isaías 6:1-2: "No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam". São Serafins. Uma categoria de anjos. Apocalipse 4:7: "E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando". Os quatro animais representam aspectos de Jesus destacados pelos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João nos Evangelhos. Leão: 28 vezes no Livro de Apocalipse, Jesus é chamado de Leão por João, referindo-se ao Leão da tribo de Judá. Aquele que é Rei dos Reis. Bezerro: Marcos mostra toda humildade de Jesus através da figura do Novilho. É um animal de serviço, Jesus veio à Terra para servir. Representa este aspecto do ministério de Jesus. Homem: Lucas mostra o lado humano de Jesus. O chama de "Filho do Homem". Águia: Creio que se fosse nos dias de hoje, João usaria algo como um avião a Jato, para representar Jesus. A idéia é apresentar Jesus como quem tem visão privilegiada. Alguém capaz de chegar aos altos céus. O primeiro capítulo de João apresenta Jesus como Deus. Lado Divino. Ele está muito acima de tudo o que podemos ver ou compreender. Adoração Contínua Apocalipse 4:8: "E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir". João contempla toda a adoração e louvores prestados a Deus, por seus anjos. Uma adoração de 24 horas, ininterrupta. Apocalipse 4:9-11: "E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre. Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de

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receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade são e foram criadas". Deus está no controle deste mundo. Todos os anjos que vivem com Ele há séculos entoam louvores e cânticos de honra e glória. Os 24 anciãos se prostram perante o Criador de todo o universo. Louvam a Deus pelo motivo que, atualmente, milhares se esquecem: A Criação. Jesus é a figura central do louvor dos anjos. Louvam porque O conhecem intimamente, convivem com Ele há séculos e vivem impressionados por seu amor e justiça. Deus é exaltado porque é o Criador e Doador de toda a vida. Capítulo 5 de Apocalipse Este novo capítulo encerra a continuação da visão precedente, no lugar santíssimo do santuário celestial. O tema central apresentado é um livro selado com sete selos. Uma só pessoa, em todo o universo de Deus, foi achada digna de abrir o livro e remover os seus sete selos. Ao ter sido encontrada a pessoa digna, denominada de “Leão da Tribo de Judá”, a divindade e toda a criatura, na vastidão universal sem fim, promoveu um coro inigualável de louvor e honra ao Todo-Poderoso e a Seu Filho, Jesus. O livro de Jó fala de uma comemoração que ocorreu no Céu por ocasião da criação do mundo, quando miríades de anjos deram o seu louvor em um hino para a criação: “Quando as estrelas da alva juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus” (Jó 38:7). Em Apocalipse 5, temos outro concerto ainda mais bonito. É o hino da redenção. Apoc.5:1: “Vi na mão direita do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos”. João fala sobre um livro que estava na mão de Deus. O livro não tinha a forma como hoje conhecemos. Na verdade, eram rolos em papiro ou pergaminho escritos “por dentro e por fora”, ou seja, dos dois lados. O livro continha uma nova seqüência profética em sete partes, como no caso das sete igrejas. Cada parte estava fechada com um selo. Apoc. 5:2: “Vi também um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro, e de lhe romper os selos?” Apoc. 5:3: “E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele”.

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Apoc. 5:4: “E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele”. O anjo não pergunta “quem é capaz” de abrir o livro, mas “quem é digno”. O universo inteiro ficou em silêncio. Diante desse silêncio, João chora copiosamente. Se não aparecer alguém digno de abrir o livro e romper-lhe os selos, todas as promessas dos profetas, todas as esperanças do povo de Deus, todas as mensagens dos apóstolos terão sido em vão. João desconhece o conteúdo do livro. Ele fica tão preocupado que chora. Os querubins, os serafins, os 24 anciãos e as hostes angelicais param de cantar e, silenciosamente, esperam até que alguém tome o rolo da mão de Deus, e quebre os sete selos. Apoc. 5:5: “Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores! Olha, o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos”. Apoc. 5:6: “Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes, e entre os anciãos, em pé, um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados por toda a terra”. Apoc. 5:7: “E veio e tomou o livro da mão direita do que estava assentado no trono”. O leão, além de ser o rei dos animais, é o mais poderoso deles e o único invencível. Jesus é chamado assim porque é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Procedeu da tribo de Judá, que era a tribo líder do povo de Deus no Israel. A raiz é quem sustenta uma planta. Assim, Cristo era o sustentáculo de Davi como rei de Israel. O reino de Davi era um emblema do futuro reino de Cristo. Cristo venceu a todos os Seus inimigos e foi então capacitado “para abrir o livro e desatar os seus sete selos”. Jesus é apresentado perante João sob os símbolos do “Leão da tribo de Judá”, e de um “Cordeiro” como havendo sido morto. Estes símbolos representam a união do poder onipotente e do sacrifício do amor. O Cordeiro não foi abatido pela morte, mas triunfou sobre ela. Novamente o número sete representando uma unidade em sua plenitude. Os sete chifres simbolizam plenitude de poder – onipotência. Os sete olhos simbolizam plenitude de conhecimento – onisciência. Por isso, os 7 chifres e os 7 olhos são os 7 espíritos de Deus – onipresença. Apoc. 5:8: “Logo que tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e

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quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”. Apoc. 5:9: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos, porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação”. Apoc. 5:10: “Para o nosso Deus os fizeste reino e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra”. Jesus é digno, não apenas porque viveu uma vida santa, mas “porque foste morto”. Ele foi feito pecado por nós. Houve uma substituição. Ele recebeu em Seu corpo a punição, para que pudéssemos ser conduzidos a Deus. A redenção tem as suas raízes no passado, mas sua plena realização está no futuro. O preço de nossa redenção foi pago quando nosso Senhor morreu na cruz. Mas a nossa redenção só se completará quando Jesus vier pela segunda vez. Este mundo deve ser recuperado e entregue outra vez ao povo de Deus: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”. Esta herança está no futuro. “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima” (Luc. 21:28). Quando Adão pecou, ele cedeu todos os direitos sobre este mundo. E a herança não somente saiu de suas mãos, mas das mãos de toda a sua posteridade. Satanás se declara senhor do mundo. Porém, por todo esse tempo, os verdadeiros donos têm estado à espera de que o Remidor tome o livro selado e reassuma a herança perdida. Antes, porém, que o inimigo e sua semente possam ser despejados e os verdadeiros herdeiros reinstalados em sua propriedade, tem de haver uma completa verificação de todos os argumentos e alegações. Isso exige a abertura dos livros no Céu. Esses livros devem ser examinados antes que a sentença seja proferida. Antes que o nosso Senhor volte em glória e poder para receber Sua igreja, todo caso terá sido decidido, pois Ele traz consigo o Seu galardão “para dar a cada um, segundo a sua obra” (Apoc. 22:12). Em todo julgamento há três fases: (1) a investigação; (2) a sentença; (3) a execução da sentença. No grande tribunal do Céu, são evidentes essas mesmas fases. Antes da sentença, deve haver uma investigação de cada caso. Não porque Deus necessite disso, pois Ele sabe todas as coisas, mas para que todo o Universo possa conhecer a justiça e a correção da sentença.

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O apóstolo Paulo diz: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo” (II Cor.5:10). Cristo “há de julgar os segredos dos homens” (Rom. 2:16). “Porquanto [Deus] tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do Varão que destinou” (Atos 17:31). Este Homem não é outro senão Jesus Cristo, pois Ele próprio declara de Si mesmo: “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo”. “E deu-Lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem” (João 5:22, 27). Assim, Jesus é ao mesmo tempo nosso Advogado e Juiz. Sabemos, pois que, para um advogado nos representar, é preciso que lhe demos uma procuração. Jesus Cristo será o juiz no dia do julgamento pelo qual todos iremos passar, mas Ele só será nosso advogado se hoje lhe entregarmos uma procuração. Apoc. 5:11: “Então olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos seres viventes, e dos anciãos; e o número deles era milhões de milhões e milhares de milhares,” Apoc. 5:12: “proclamando com grande voz: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber a glória, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”. Apoc. 5:13: “Então ouvi a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e a todas as coisas que neles há, dizerem: “Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o poder para todo o sempre”. Apoc. 5:14: “E os quatro seres viventes diziam: Amém. E os anciãos prostraram-se e adoraram”. Ao mover-Se o Remidor, exibindo o título de propriedade da posse alienada, irrompeu-se um novo canto diante do trono: “Digno é o Cordeiro que foi morto”. Os anjos, os 4 seres viventes e os 24 anciãos compreendem claramente o que significa o livro nas mãos do Cordeiro – o Remidor celestial. O cântico de glória é para Aquele que é digno de toda honra e louvor. O juízo investigativo teve início em 1844 e a sentença será dada quando Jesus retornar.

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Capítulo 6 de Apocalipse No capítulo anterior, vimos o Cordeiro tomar o livro selado da mão de Deus, sob uma aclamação nunca antes vista no Universo. Neste, vamos vê-Lo abrir os selos, um por um. O capítulo 6 trata dos seis primeiros selos, o sétimo é explorado no capítulo 8 de Apocalipse. João visualiza cenas. Assim, como em outros capítulos, a simbologia é bastante utilizada. É importante citar que a seqüência profética e simbólica dos sete selos relaciona-se com o mesmo terreno coberto pela profecia das sete igrejas, mas dando ênfase a outros eventos. As profecias do Apocalipse não são sucessivas; mas repetitivas; isto é, elas são reafirmadas cobrindo os mesmos períodos de tempo. Os sete selos, por exemplo, e as sete trombetas, cobrem o mesmo período das sete igrejas. O princípio de interpretação profética, destacado pelo próprio Senhor Jesus, é que somente quando a profecia encontra o seu cumprimento é que pode ser plenamente compreendida. Três vezes Jesus disse isso no cenáculo: “Eis que vos tenho dito antes que aconteça, para que quando acontecer possais crer” (João 14:29, 13:19 e 16:4). O propósito do cumprimento das profecias é de fortalecer nossa fé. Os quatro cavalos e suas diferentes cores – conforme descrito nos quatro primeiros selos – representam as quatro primeiras fases da igreja cristã (Éfeso, Esmirna, Pérgamo e Tiatira). Os quatros cavaleiros do Apocalipse: O PRIMEIRO SELO Apoc. 6:1: “Vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres viventes dizer, como se fosse voz de trovão: Vem!” Apoc. 6:2: “Olhei, e vi um cavalo branco. O seu cavaleiro tinha um arco, e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo, e para vencer”. O cavalo branco simboliza pureza e vitória. Cristo é o cavaleiro. Nos dias em que o Apocalipse foi escrito, o cavalo era o meio mais rápido de comunicação (como o e-mail, hoje). Além disso, a cavalaria era a principal arma de guerra. Cavalo, portanto, é símbolo do poder e da rapidez necessários à pregação do evangelho; tarefa incumbida à igreja de Deus. A cor branca era símbolo de vitória sobre o inimigo. A mesma figura é aplicada na profecia que menciona a Segunda Vinda triunfal de Cristo, que o apresenta vindo à terra vestido de branco e

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cavalgando um cavalo branco. O primeiro cavalo, de cor branca, é uma alusão aos triunfos da igreja apostólica, no período de 34 a 100 dC. A igreja cristã era pura na doutrina, porque foi conduzida diretamente por Cristo. O arco que o cavaleiro trazia, nos dias antigos, era uma arma de ataque; um poderoso instrumento de guerra. A grande munição dos exércitos daquele tempo eram as flechas. Ao sair para a batalha, o cavaleiro recebe uma coroa. Enquanto os vencedores deste mundo recebem a coroa somente após a vitória, Cristo, o cavaleiro do primeiro selo, recebe a coroa antecipadamente, como evidência segura de Sua vitória. Há poder na mensagem do evangelho. A conquista não é por meio de argumentos. Jesus não disse: “Vocês são Meus advogados”. Jesus disse: “Vocês são Minhas testemunhas”. É por isso que a mensagem revolucionou o mundo. O SEGUNDO SELO Apoc. 6:3: “Quando o Cordeiro abriu o segundo selo, ouvi o segundo ser vivente dizer: Vem!” Apoc. 6:4: “Então saiu outro cavalo, vermelho. Ao seu cavaleiro foi dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros. Também lhe foi dada uma grande espada”. O cavalo vermelho simboliza sangue, corrupção e pecado. O cavaleiro representa o Império Romano pagão. O segundo selo apresenta a igreja em estado de corrupção. A cor vermelha, em se tratando de vida espiritual, simboliza o pecado. “Ainda que os vossos pecados sejam vermelhos como o carmesim...” (Isa.1:18). A igreja incorporou doutrinas pagãs e abandonou a pureza da verdade. Este período do segundo selo, de corrupção dos princípios básicos da igreja, estendeu-se do ano 100 ao ano 313 dC. Milhões morreram quando o Império Romano tentou varrer o cristianismo da face da terra. A perseguição contra cristãos foi seguida de muitas mortes, porém, por causa do sangue de muitos mártires, o cristianismo crescia a cada dia. Os cristãos primitivos não tinham liberdade como nós temos, hoje, de ir à igreja prestar culto a Deus. Ser cristão, era um crime punido com a morte. Conta-se que no Concílio de Nicéia, em 325 d.C, quase todas as pessoas apresentavam algum tipo de mutilação, resultado da perseguição. O tempo do cavalo vermelho foi o tempo em que os pagãos perseguiram

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intensamente os cristãos. O TERCEIRO SELO Apoc. 6:5: “Quando o Cordeiro abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: Vem! Olhei, e vi um cavalo preto. O seu cavaleiro tinha uma balança na mão”. Apoc. 6:6: “E ouvi uma como que voz no meio dos quatro seres viventes, que dizia: Uma medida de trigo por um denário, e três medidas de cevada por um denário, e não danifiques o azeite e o vinho”. O cavalo preto simboliza luto e trevas espirituais. O cavaleiro representa o Imperador Romano. O cristianismo já não era mais ilícito. Era popular. As pessoas eram incentivadas a tornarem-se cristãs. Mas o cristianismo já não era mais puro. Não era mais branco. Era tão corrupto que foi representado por um cavalo preto. As doutrinas pagãs tomaram o lugar das doutrinas verdadeiras e puras da igreja primitiva. Foi durante esse período que a igreja começou a dominar o Estado ou o governo (313 a 538 dC). A partir daí, não eram mais os pagãos que perseguiam os cristãos. Eram os cristãos que passaram a perseguir os pagãos. A balança é o símbolo da justiça. A utilização desse símbolo demonstra que a Igreja e o Estado estariam unidos para exercer a autoridade judicial. Isso foi verdade entre os imperadores romanos desde Constantino até Justiniano, quando ele entregou a mesma autoridade judicial ao bispo de Roma. Nesta visão, João viu uma balança na mão do cavaleiro. “Uma medida de trigo por um denário; e três medidas de cevada por um denário”. Deus havia ordenado que o pão da vida devia ser de graça. Mas agora estava sendo vendido. Neste período, a religião tornou-se um negócio. O trigo representa a pura verdade do evangelho de Cristo; enquanto a cevada, representa as tradições e erros que penetraram na igreja. Em razão de sua escassez, o trigo era vendido por valor maior do que a cevada. Três medidas de cevada eram vendidas pelo mesmo preço de uma medida de trigo. E até hoje, este estado de coisas perdura no chamado cristianismo nominal. Aquele que apresenta ao mundo, evidentemente, mais “cevada” do que “trigo”; ou seja, mais erros tradicionais do que verdades fundamentais. Nas Escrituras Sagradas, o azeite é símbolo do Espírito Santo, enquanto o vinho representa o sangue de Cristo. A expressão: “Não danifiques o

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azeite e o vinho” reclama que não se pode invocar o nome de Cristo e do Espírito Santo, quando se prega o erro e a “tradição dos homens” em lugar da verdade de Deus. O QUARTO SELO Apoc. 6:7: “Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente, que dizia: Vem!” Apoc. 6:8: “Olhei, e vi um cavalo amarelo. O seu cavaleiro chamava-se Morte, e o inferno o seguia. Foi-lhes dado poder sobre a quarta parte da terra para matar com a espada, com a fome, com a peste e com as feras da terra”. O cavalo amarelo simboliza a morte. O cavaleiro é representado pelo Papado. Na verdade, a palavra grega que designa a cor deste cavalo é “chloros”, que é um esverdeado pálido. A cor da morte. Foi durante os 1.260 anos da perseguição que os templos pagãos viraram igrejas cristãs. Mas o povo verdadeiro de Deus teve que fugir para as montanhas a fim de adorar o seu Deus. Não eram mais pagãos perseguindo cristãos. Não eram mais cristãos perseguindo pagãos. Agora, eram cristãos perseguindo e matando outros cristãos. A Roma cristã não crucificava pessoas como a Roma pagã fazia. A Roma cristã as queimava vivas. A Roma pagã torturava criminosos por roubarem, mas a Roma cristã torturava cristãos por lerem e seguirem a Bíblia. No período do quarto selo, que foi de 538 a 1517 dC, foi dado ao cavaleiro que monta o cavalo amarelo, ou tem as rédeas da igreja em suas mãos, o nome de “Morte”. Esta é uma prova real da carnificina que foi a Inquisição. O papado efetuou uma grande chacina e levou multidões à sepultura. Inferno, ou “hades”, designa o lugar dos mortos ou sepultura. O QUINTO SELO Apoc. 6:9: “Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram”. Apoc. 6:10: “E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Soberano, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” Apoc. 6:11: “E foram dadas a cada um deles compridas vestes brancas, e

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foi-lhes dito que repousassem ainda por pouco tempo, até que se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos, como também eles foram”. O quinto selo é uma sucessão do quarto e estende-se do período que vai do ano 1517 a 1755, d.C. No quarto selo, vimos os terríveis extermínios do papado contra o povo de Deus. O quinto selo nos mostra o quadro das testemunhas de Deus e de Seus Filhos mortos pela espada papal. Para entender o que significam as “almas debaixo do altar” é preciso responder a 4 perguntas: 1) O que significa o termo “alma”? A palavra “alma”, do nosso texto, vem do grego “psyche” e é mencionada 103 vezes no Novo Testamento. “Psyche” é traduzido em inúmeras passagens por “pessoa”. Por exemplo, referindo-se aos convertidos no Pentecostes, é dito que: “naquele dia agregaram-se quase 3000 almas” (psyche) Atos 2:41. Fica claro que João teve a visão das próprias pessoas dos mártires das perseguições papais do quarto selo, e não supostas almas desincorporadas. 2) Existe algum altar de sacrifícios no Céu? Por outro lado, no Céu não existe um altar para sacrifícios. Por isso, a expressão de João de que viu “debaixo do altar as almas dos que foram mortos”, no período da perseguição papal, deve ser entendida como uma afirmativa de que eles estão debaixo da terra, ou em seus sepulcros. 3) Pode haver espírito de vingança no Céu? Não podemos imaginar que o espírito de vingança possa dominar de tal maneira as mentes das almas no Céu a ponto de fazer com que, a despeito da alegria e da glória do Céu, elas não ficassem satisfeitas enquanto não vissem a vingança praticada contra os seus inimigos. Será que há lugar para ódio, no coração dos habitantes do Céu? Com certeza que não; nunca, jamais! 4) Por que essas almas estariam clamando por vingança? Se a idéia popular que coloca essas almas no Céu fosse verdade, seus perseguidores estariam queimando num suposto inferno. Por que essas almas estariam clamando por vingança? Que vingança maior poderiam querer?

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O sangue clama por vingança é a mesma expressão usada no livro de Gênesis. O sangue de Abel clama por vingança (Gên. 4:9 e 10). O clamor figurado dos milhões e milhões de mártires do quarto selo, longe está de afirmar que eles estejam no Céu. É apenas um alerta de que Deus punirá, no tempo certo, os seus inimigos. O que João viu – numa visão simbólica – foi o clamor de justiça que será satisfeito no devido tempo. “A voz do sangue do teu irmão clama a Mim desde a Terra” (Gen.4:10). E, por acaso, sangue tem voz? É evidente que se trata de uma linguagem figurada. As vestes brancas comprovam o caráter daqueles que foram covardemente martirizados, não porque fossem criminosos, mas “por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram”. A frase repouso por pouco tempo é outra evidência de que não poderiam estar no Céu, mas em seus sepulcros onde deveriam permanecer mais um pouco. O SEXTO SELO Apoc. 6:12: “Olhei, enquanto ele abria o sexto selo. Houve um grande terremoto. O sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue”. Apoc. 6:13: “As estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes”. Apoc. 6:14: “O céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola, e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares”. Apoc. 6:15: “Os reis da terra, os grandes, os chefes militares, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes,” Apoc. 6:16: “e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro!” Apoc. 6:17: “Pois é vindo o grande dia da ira deles, e quem poderá subsistir?” João visualiza a abertura do sexto selo, onde estão descritos os sinais da iminente volta de Jesus. A linguagem que antes era simbólica passa a ser literal. Os escritores do Velho Testamento, e o próprio Cristo, falaram muitas vezes de grandes sinais no Universo físico, no Sol, na Lua, nas estrelas e

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na Terra. Esses sinais seriam indicações especiais da volta de nosso Senhor. No século 18, em 1º de Novembro de 1755, na cidade de Lisboa, capital de Portugal, ocorreu o maior terremoto de toda a história. A maior parte da cidade foi destruída em apenas 6 minutos. Abalou outras cidades da Europa e da África. O dia escuro ocorreu no dia 19 de Maio de 1780, no Estado de Connecticut. Na noite seguinte ao dia escuro, a Lua se mostrou vermelha como sangue. Na noite de 12 de Novembro de 1833, uma tempestade de estrelas cadentes irrompeu sobre a Terra. A América do Norte recebeu o maior impacto deste chuveiro de estrelas. De acordo com a profecia descrita em Apocalipse 6, estamos vivendo entre os versos 13 e 14. Os eventos do verso 13 já ocorreram. Os próximos acontecimentos no programa de Deus estão descritos no verso 14. O Céu se retira como um rolo. Cada montanha e ilhas serão removidas. João descreve que haverá um tempo em que as pessoas irão correr e se esconder. Numa grande reunião, irão desejar que os montes caiam sobre elas, pois não conseguirão encarar a face com Deus. Estas pessoas são todos aqueles que, infelizmente, não dedicaram suas vidas a Deus. Não reconheceram Jesus como Salvador, Senhor e Advogado. Mas ainda há tempo. É preciso tomar uma decisão, a escolha deve ser imediata.

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Capítulo 7 de Apocalipse O assunto é tão importante que Deus abriu um parêntesis, antes de falar sobre o sétimo selo, para mostrar a João que, antes da volta de Jesus, existirá um povo especial responsável por realizar uma obra profética mundial. O capítulo sete apresenta informações adicionais particulares concernentes ao sexto selo. João visualiza esta cena antes de o céu retirar-se como um livro que se enrola e, depois dos sinais no Sol, na Lua e nas estrelas. Isso ocorre entre os versos 13 e 14 de Apocalipse 6. Apoc. 7:1: “Depois destas coisas, vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.” Os quatro cantos da Terra denotam os quatro pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste. Isso significa que esses anjos têm toda a Terra para cuidar. Os anjos são agentes sempre presentes nos negócios da Terra. Aqui fica claro que Deus lhes confiou uma poderosa obra: reter os quatro ventos da Terra. Isto é uma profecia a cumprir-se imediatamente antes da Segunda Vinda de Cristo. Na Bíblia, ventos significam comoção política, agitação, guerras (Dan.7:2, 3, 16 e 17; Isa.17:12-14; Jer.49:35-37). Não fosse pelos quatro anjos segurando os ventos, a civilização se auto-destruiria. Os anjos do mal estão agitando os ventos das guerras. Os acontecimentos internacionais falam em voz alta de que se aproxima o momento decisivo em que os ventos serão soltos, e se implante o caos total. Simultaneamente, ao serem soltos os ventos, virão as sete últimas pragas preditas no capítulo 16. Mas, a obra dos anjos de segurar os ventos, tornará possível a realização de uma outra obra muito especial, que será descrita nos versos seguintes. O tempo da graça divina por um mundo caído e ingrato terá se esgotado para sempre. Multidões que estão recebendo e rejeitando o convite da misericórdia estarão excluídas da salvação que desprezam. Agora, porém, é o tempo da decisão. Apoc. 7:2: “Vi outro anjo subir do lado do sol nascente, tendo o selo do Deus vivo. Ele clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar,” Apoc. 7:3: “dizendo: Não danifiques a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos selado nas suas testas os servos do nosso Deus.” A Bíblia usa as palavras “sinal” e “selo” de maneira intercalada. Em

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Gen.17:11, é dito que a circuncisão era um “sinal”. Em Rom. 4:11, ela é mencionada como sendo um “selo”. O selo é uma marca distinta que torna o povo de Deus diferente. Segundo as Escrituras, o selo de Deus é o sábado (Ex. 31:16-17; Ezeq.20:12, 20). Os 10 mandamentos são a Lei de Deus. Para uma lei ser autêntica, é necessário que ela tenha três características. Nome do Legislador; Função e Território. O quarto é o único mandamento onde é possível encontrar estas três características. Êxodo 20: 8 a 11: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou”. Nome do Legislador: Deus Sua função: Criador Território: Terra A expressão “selado nas suas testas” quer dizer que haveria um povo que teria consciência da importância de guardar e santificar o sábado, que é o selo de Deus. Como se trata de uma obra de evangelização, esse anjo deve representar, sem dúvida, um movimento mundial que deverá chamar a atenção dos homens para o selo de Deus. O anjo é tão-somente o portador do selo. Mas, o Selador deve ser Aquele que é o único capaz de convencer os homens a aceitar o selo de Deus. O Espírito Santo é quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo. Em outras palavras, Ele convence o mundo sobre a transgressão da lei, porque pecado também é a transgressão da lei. Só guardar o Sábado não garante o selamento, é preciso ser santificado. Somente depois de seus pecados serem apagados, por Jesus no santuário celestial, é que os Seus servos poderão receber o “selo do Deus vivo”, pois o Sábado, como vimos, é um sinal de “santificação” (Ezeq.20:20). Apoc. 7:4: “E ouvi o número dos que foram selados, e eram cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel.” Apoc. 7:5: “Da tribo de Judá, doze mil foram selados; da tribo de Rúben, doze mil; da tribo de Gade, doze mil;” Apoc. 7:6: “da tribo de Aser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manasses, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de

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Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil;” Apoc. 7:8: “da tribo de Zebulom, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamin, doze mil.” Com certeza, esta profecia não trata do Israel – que foi condenado, como nação, por ter rejeitado o Filho de Deus. Quem são, então, os 144 mil? Os 144 mil representam um símbolo do Israel espiritual, a Igreja de Deus. O número 144 (12 tribos de Israel x 12 apóstolos) simboliza o povo de Deus de todos os tempos (Apoc. 21:12-14), por isso o número 144 é multiplicado por 1.000. Os 144 mil é um grupo especial de pessoas que estarão no Céu. Apoc. 7:9: “Depois destas coisas olhei, e vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e perante o Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos.” Apoc. 7:10: “Clamavam com grande voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.” Apoc. 7:11: “Todos os anjos estavam em pé ao redor do trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus,” Apoc. 7:12: “dizendo: Amém. Louvor e glória e sabedoria e ação de graças e honra e poder e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.” Apoc. 7:13: “Então um dos anciãos me perguntou: Estes que estão vestidos de branco, quem são eles e de onde vieram?” Apoc. 7:14: “Respondi-lhe: Senhor, Tu o sabes. Disse-me Ele: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” Apoc. 7:15: “Por isso, estão diante do trono de Deus e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono estenderá o Seu tabernáculo sobre eles.” Apoc. 7:16: “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede. Nem Sol nem calor algum cairá sobre eles.” Apoc. 7:17: “Pois o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.”

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O profeta contempla todos os santos salvos, “de todas as nações, e tribos, e povos e línguas”, de todos os séculos da história do mundo. Todos trajarão uma vestimenta única: as vestes brancas, simbólicas da justiça do Salvador. Ostentarão palmas em suas mãos como emblemas da grande vitória alcançada sob o poder de Jesus. Esta multidão incontável é composta dos que “vieram da grande tribulação”. Todos os cristãos passam por tribulações para entrar no reino de Deus (Atos 14:22). A Bíblia fala sobre o tempo de angústia “qual nunca houve, desde que houve nação” (Dan.12:1). Nem fome, nem sede. Isso mostra que eles passaram fome e sede. Nas sete últimas pragas, os pastos, com todos os frutos e a vegetação, ficam secos (Joel 1:18-20), e os rios e fontes tornam-se em sangue (Apoc.16:4-7). Nesse tempo, a dieta de justiça será reduzida para pão e água, e isso será certo (Isa.33:16). Nas pragas, o Sol recebe poder para “abrasar os homens com fogo” (Apoc.16:8-9). Os justos serão protegidos dos seus efeitos mortais. Deus tem muitos filhos espalhados ao redor do mundo. São encontrados em todas as igrejas e até mesmo fora das igrejas. Sua mensagem de selamento está indo depressa a todas as terras, reunindo aqueles cujo coração é perfeito para com Ele. Aqueles que estão diante do trono louvam e servem a Deus de dia e de noite porque “Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima”.

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Capítulo 8 de Apocalipse Os capítulos 8 e 9 apresentam a terceira cadeia histórica do livro. O tema central é a abertura do sétimo selo. Uma nova corrente profética, composta de sete trombetas. Nas profecias, os toques de trombetas são emblemas de guerra; e, nesta revelação, o teor da profecia já indica isso mesmo. Aliás, trata-se de guerras de conquista e aniquilamento, movidas por poderes levantados contra o império mais opressor da história do mundo: o Império Romano. Apoc. 8:1 – “Quando ele abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu por cerca de meia hora.” Que acontecimento será este que fará com que cessem os coros e as orquestras celestiais por quase meia hora? Em Sua segunda vinda, Jesus virá acompanhado de todos os anjos do Céu. Assim sendo, haverá silêncio no Céu, enquanto não regressarem com os salvos de todos os tempos. A meia hora de silêncio no Céu não será literal, mas profética, como o resto do Apocalipse. Para sabermos o tempo exato de quase meia hora profética, temos que dividir um dia profético por vinte e quatro horas. Um dia profético equivale a um ano, ou melhor, dito – vinte e quatro horas proféticas. E, mais ainda, o ano profético compreende 360 dias literais. Agora, para termos o tempo exato de “quase meia hora” profética, teremos que em primeiro lugar, dividir 360 dias por 24 horas. E o resultado da operação será 15 dias. Quer dizer que uma hora profética equivale a 15 dias literais. Então, meia hora profética equivale a 7 dias e meio. Como a profecia não fala em meia hora, ou 7 dias e meio, mas em “quase meia hora”, isto é exatamente 7 dias (uma semana). Eis o tempo que Jesus levará para vir buscar os salvos e regressar ao Céu. Apoc. 8:2 – “E vi os sete anjos que estavam em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.” Profeticamente falando, trombeta é símbolo de guerra ou de graves acontecimentos políticos. Como as 7 igrejas revelam a condição interna e os 7 selos a condição externa da igreja cristã, as 7 trombetas demonstram evidentes guerras ou juízos que desabariam sobre os seus opressores, a começar com os primeiros que foram os romanos: Roma-Pagã Ocidental e Roma-Cristã Oriental. Apoc. 8:3 – “Vejo outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro. Foi-lhe dado muito incenso, para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono.”

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Apoc. 8:4 – “E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos.” Antes dos sete anjos saírem de diante de Deus para cumprirem a sua missão, uma nova cena é apresentada na visão. Um novo anjo surge, não com trombeta, mas com um incensário de ouro, pondo-se “junto ao altar”. No Céu, há um único altar, aliás, o do incenso, que se encontra no primeiro compartimento ou lugar santo do santuário. Mas quem é o anjo que se apresentou junto do altar para ministrar o incenso? Um anjo comum não pode exercer funções de sacerdote, pelo fato de um sacerdote ser um mediador entre o pecador e Deus, e os anjos jamais foram designados como tais. O Mediador entre o pecador e Deus é um só – Jesus Cristo. Daí o anjo ministrante da visão ser o próprio Senhor Jesus, não só porque já O vimos noutra visão ministrando no santuário, mas porque a revelação O apresenta também como um anjo, o “anjo do concerto”. Se pudéssemos ser transportados ao santuário de Israel, veríamos ali o sacrifício contínuo (diário) dos sacerdotes. Todos os dias, um deles tirava fogo do altar e, enchendo o incensário, queimava o incenso. Enquanto a fragrância permeava o acampamento, ela servia como um chamado à oração. Em um dia do ano, o Dia da Expiação, o trabalho era desempenhado apenas pelo sumo sacerdote. Enquanto ele oferecia o incenso sobre o altar, a congregação, em atitude solene, do lado de fora do santuário, dedicava-se à oração. Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote celestial, ainda faz intercessão por nós no santuário celestial. Nossas orações sobem até Ele como suave incenso. Apoc. 8:5 – “Então o anjo tomou o incensário, encheu-o de fogo do altar e o lançou sobre a terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos.” O mesmo fogo do altar, que produz a nuvem de incenso que sobe para Deus com as orações dos santos, é lançado na Terra, produzindo efeitos tremendos. A mesma graça que absolve o pecador, torna-se condenação ao ímpio. Para os justos, o ato do lançamento do fogo do altar sobre a Terra indica que a obra da mediação terminou. Não mais será oferecido incenso pelas orações. Por pouco tempo, os justos terão que viver sem mediação até o aparecimento do seu Senhor para arrebatá-los da Terra. E para os ímpios, que desprezaram o amor de Deus, indica o fechamento definitivo da porta da graça. Por isso, após o lançamento do fogo do altar sobre a Terra, seguem-se “vozes e trovões, relâmpagos e terremotos”, anunciando a recompensa dos ímpios. As mesmas cenas são descritas noutras visões do Apocalipse.

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Apoc. 8:6 – “Então os sete anjos que tinham sete trombetas prepararam-se para tocar.” Nos tempos bíblicos, a trombeta era usada para convocar grandes reuniões do povo (Lev. 23:4), ou para anunciar a aproximação de uma grande calamidade ou guerra. As sete trombetas anunciariam guerras ou juízos que desabariam sobre os opressores de todos os tempos da igreja de Deus na Terra. Segundo as profecias bíblicas na era cristã, o inimigo do povo de Deus é Roma. Primeiro, a pagã. Depois, a cristã. E, por último a papal. Por isso: As quatro primeiras trombetas se referem ao colapso da Roma-Pagã, no Ocidente; As duas seguintes: a derrota da Roma-Cristã, no Oriente; A sétima: o colapso da Roma-Papal e de todos os persistentes inimigos da igreja de Deus. A profecia de Daniel 2 fala acerca da divisão do Império Romano (representado pelas pernas de ferro) através da divisão da Europa (representada pelos pés e dedos). Cada trombeta que soou era como uma martelada na estátua de Daniel 2. Até 1844, data em que a mediação através da apresentação do incenso fora realizada no lugar santo do santuário, Roma foi, indiscutivelmente, o poder inimigo único da igreja de Cristo, sendo que, deste ano para cá, outros poderes fizeram-se também abertos adversários da igreja de Cristo, os quais cairão pelo toque da sétima trombeta, com o resto de Roma. Apoc. 8:7 – “O primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, que foram lançados na terra. Foi queimada a terça parte da terra, e terça parte das árvores, e toda a erva verde. Naqueles dias, quando João recebeu a revelação, somente três partes da Terra eram conhecidas: 1) A Europa, tendo Roma por capital; 2) A Ásia, ou Oriente, tendo Constantinopla por sede; 3) A África, tendo Cartago por cidade líder. Esta era também a tríplice divisão do Império Romano naqueles dias. É por isso que as primeiras trombetas indicam essas três partes da Terra, quando não eram ainda conhecidas a América e a Oceania, que completam hoje as cinco partes, ou cinco continentes do mundo. Portanto, aqueles três continentes compunham todo o Império Romano. Sucede que o Império Romano foi dividido em três partes entre os três

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filhos de Constantino: Constâncio ficou com a Ásia; Constantino II ficou com parte da Europa; Constante, ficou com a Itália e a África. Assim, cada uma dessas divisões do Império Romano representava uma terça parte do mundo então conhecido, como mencionado na profecia. A primeira trombeta: Alarico e os visigodos Alarico, com seus visigodos, foi o primeiro terrível inimigo de Roma a atacá-la. Ele continuou os ataques até que quebrou a espinha do poder romano. Seus constantes ataques eram como granizo estilhaçando a estátua de Daniel 2. A cidade de Roma foi cercada no ano 410, d.C. Alarico costumava atacar pelas montanhas, queimando tudo que encontrava pelo caminho. Cidades inteiras e vilas foram queimadas, e o sangue escorreu pelas ruas. Apoc. 8:8 – “O segundo anjo tocou a trombeta, e foi lançado no mar como que um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar.” Apoc. 8:9 – “E morreu a terça parte das criaturas viventes que havia no mar, e foi destruída a terça parte dos navios.” A segunda trombeta: Genserico e os vândalos O primeiro ataque foi por terra; o segundo, pelo mar. Os exércitos germanos de Genserico, rei dos vândalos, atacaram Roma. A segunda trombeta trata de uma batalha naval. Eles causaram tanto estrago que até hoje utilizamos a expressão vandalismo. Genserico caiu sobre Roma como uma montanha em chamas, deixando destruição desde Gibraltar até a foz do Nilo. Os vândalos levaram os candelabros dourados que Tito saqueara do templo de Jerusalém. Os ataques de Genserico, fiéis à profecia, foram quase todos pelo mar. Em uma noite, ele destruiu metade dos navios que pertenciam a Roma, na batalha de Cartago, destruindo 1.113 navios e matando mais de 100.000 homens. Apoc. 8:10 – “O terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios,e sobre as fontes das águas;” Apoc. 8:11 – “o nome da estrela era Absinto. A terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, que se tornaram amargas.”

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A terceira trombeta: Átila e os hunos (os bárbaros) O primeiro ataque ao Império Romano foi feito por terra, o segundo pelo mar e o terceiro pelo rio. Na expressão “a terça parte dos rios” está claro que a “grande estrela” iria cair sobre os rios Danúbio e Reno que abastecem os principais rios do continente. O terceiro ataque foi feito pelos hunos sob o comando de Átila, cujo apelido era “O Flagelo de Deus”. Enquanto Genserico e os vândalos atacavam pelo mar, a invasão dos bárbaros, chefiados por Átila, começou pelo rio Danúbio destruindo tudo o que encontravam pelo caminho. Átila se gabava de que onde ele pisava a grama não crescia mais. Ele veio pelos grandes rios: o Reno (na França e na Itália), o Pó e o Danúbio. A batalha mais importante foi na França, ou Gália, como era chamada, no ano 451 d.C. No total, 300.000 homens morreram nessa batalha, e ali a Europa foi separada da Ásia. Tão subitamente como apareceu, Átila desapareceu. Esse mistério foi comparado a um meteoro que aparece de repente como uma grande estrela cadente e então desaparece. Muitas pessoas morreriam nos rios e riachos daquela parte da terra, como se uma estrela sinistra caísse nas águas e elas se tornassem amargas como o absinto. O absinto é uma planta muito amarga e que exala um cheiro forte e penetrante, como amargas foram as conseqüências da queda da “grande estrela” na região prevista pela profecia. Apoc. 8:12 – “O quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, a terça parte da lua e a terça parte das estrelas, de modo que a terça parte deles se escureceu. A terça parte do dia não brilhou, e semelhantemente a da noite.” Apoc. 8:13 – “Enquanto eu olhava, ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra! Por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que ainda vão tocar.” A quarta trombeta: Odoacro e os hérulos Soa a quarta trombeta, e finalmente a Roma Ocidental desaba por inteiro. Outro exército da Alemanha, chamada de Germânia, vai para a Itália. As tribos dos hérulos, lideradas por Odoacro, um dos generais de Átila, começaram o ataque. Esses lenhadores da Germânia penetraram bem no coração do Império Romano, tiraram o rei do trono e Odoacro colocou a coroa em sua própria cabeça. As “luzes” de Roma começavam a se apagar. O imperador era referido como o sol, e os senadores e cônsules como as estrelas.

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Em primeiro lugar, o imperador foi destronado, de acordo com a profecia de que o sol se apagaria. Os senadores e cônsules continuaram a brilhar por mais um tempo, e então a escuridão cobriu totalmente a rainha das nações – Roma. A queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476, sob a espada de Odoacro, deu por encerrada a história do que foi o cruel império de ferro. Roma perdeu a glória que desfrutou por mais de doze séculos, de 753 a.C a 476, d.C, de ser a metrópole do mundo. Então, segundo a profecia, se fez noite completa no Ocidente romano. A idéia parece ser que os astros seriam feridos durante a terça parte do tempo em que brilhavam, e não que a terça parte deles seria ferida de maneira que brilhariam com dois terços do seu brilho. Portanto, uma terça parte do dia e uma terça parte da noite se escureceriam. Esta figura, aplicada às divisões do governo romano, pode descrever a extinção sucessiva dos imperadores, senadores e cônsules. A queda total da supremacia de Roma no Ocidente, determinada pelos sucessos das quatro primeiras trombetas, ocasionou uma completa nova ordem de coisas na Europa ou no Ocidente. Surgiram novas formas de governo, novos países, novos líderes políticos, novas leis, novas línguas e novos costumes. Foi, por assim dizer, fundado um novo continente que constituiu a Europa Moderna de nossos dias. É anunciado que as últimas três trombetas seriam mais severas do que as primeiras que já tinham soado. Acontecimentos ainda de conseqüências mais terríveis e maior alcance tomariam lugar. A quinta e a sexta trombetas deram fim ao Império Romano do Oriente, e a sétima trombeta, que ainda não aconteceu, marcará o fim do império mundial dos reinos da força.

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Capítulo 9 de Apocalipse Árabes e Turcos cumprem as profecias No capítulo anterior acompanhamos a queda de Roma-Ocidental pelos acontecimentos ligados às quatro primeiras trombetas. Agora, no nono, apreciaremos a queda de Roma-Oriental ou do que ainda restava daquela dominação. Há muitas informações históricas neste contexto e é preciso seguir a linha do tempo para compreender as revelações que virão nos próximos capítulos. Vamos entender que as profecias da quinta e sexta trombetas são comprovadamente cumpridas pelos Árabes e Turcos. Três principais fatores comprovam, sem contestação, que estes povos cumpriram, sem saber, os juízos de Deus descritos nas duas trombetas. São eles: 1) Os símbolos nelas contidos que somente a estes povos podem ser aplicados; 2) o testemunho histórico que não deixa quaisquer dúvidas de que o islamismo, através destas duas nações, cumpriu precisamente a profecia; 3) a apresentação profético-matemática referente ao tempo de supremacia destes dois poderes maometanos. Os árabes enfraqueceriam o império romano, causando dano a todos quantos recusassem reconhecer o profeta da Arábia e seus ensinos. Os turcos, porém, atormentariam e matariam “a terça parte dos homens” numa investida de conquista do poder dos bizantinos infiéis ao Islã. Mas, a parte mais gloriosa desta profecia, reside no fato de que, ao tempo dos terríveis sucessos destas duas trombetas, haveria um povo com o “sinal de Deus” “nas suas testas”, pelo que, segundo a revelação, seria protegido pela providência. Apoc. 9:1 – “O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra. Foi-lhe dada a chave do poço do abismo.” Na seqüência das sete trombetas encontramos duas estrelas que caem. A primeira, Átila, como vimos no toque da terceira trombeta, caiu sobre a região dos rios e fontes do império do Ocidente. Mas, esta outra estrela que nos é apresentada na quinta trombeta, caiu na “terra”, o que indica que as conseqüências de sua queda teriam uma extensão mundial. A quinta e a sexta trombetas apontam para o poder maometano. Por isso, indubitavelmente essa estrela representa o fundador do islamismo ou maometismo: Maomé.

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Este líder nasceu no ano 570. Casou-se 15 vezes e teve 11 concubinas. O fundador islamita afirmava ter recebido a visita do anjo Gabriel, para lhe comunicar a elevada missão para a qual fora escolhido como profeta. Maomé tornou-se chefe político e espiritual da Arábia. O “poço do abismo” é a descrição do Deserto da Arábia, um lugar de morte. Maomé recebera de seus concidadãos a “chave” da autoridade para exercer o seu poder num caos, ou num ambiente caótico que era a Arábia dos seus dias. O estado em que se encontrava o seu país, ao impor-se como profeta, era realmente lamentável. Não havia governo central. Numerosas tribos com governos próprios, independentes, formavam a nação. A Arábia com a sua corrupção religiosa oriunda de vários cultos, principalmente, a idolatria, era, sem dúvida alguma, “o poço do abismo”, cuja “chave” autoridade foi entregue a Maomé, nos dias em que ele se ergueu ali como pretenso profeta de Allah. Apoc. 9:2 – “E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha, e com a fumaça do poço escureceram-se o sol e o ar.” Maomé se tornou ditador político e religioso, seguido e adorado por um país inteiro, levando seus súditos ao fanatismo a ponto de matar ou morrer. Este “fumo” mortífero é a religião maometana que emanou da Arábia. Um “fumo” que escureceu o “sol” da justiça de Cristo e o “ar” do evangelho, pois o ar é um elemento vital para manutenção da vida. Os principais ensinos do Alcorão Nega a divindade do Filho de Deus e coloca Maomé acima dEle; Nega a morte expiatória de Cristo e a obra regeneradora do Espírito Santo; Não encara o pecado como tal e a necessidade de perdão como indispensável; Nega, enfim, todo o plano da salvação como revelado no Evangelho de Cristo. Além de ser constituído de preceitos religiosos que contrariam as Sagradas Escrituras, o livro contém “evocações e promessas do mais requintado sensualismo”, “e da poligamia”. Na verdade a Arábia foi o “poço” que Maomé abriu e donde emanou sobre o mundo cristão o “fumo” de uma doutrina imoral inventada, como se fora uma revelação destinada a substituir todos os credos, inclusive o cristianismo. Maomé morreu em 8 de Junho de 632, aos 63 anos de idade. Quando morreu, quase todos na Arábia eram seguidores de sua religião. Visitar o

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sepulcro de Maomé é um dos deveres capitais do islamismo. Através dos séculos, seus seguidores o reverenciam e o adoram no seu túmulo como se fora em realidade profeta de Allah. A Propagação do Islamismo Apoc. 9:3 – “E da fumaça saíram gafanhotos sobre a terra, e foi-lhes dado poder, como o que têm os escorpiões da terra.” As doutrinas do islamismo se espalharam pelo Oriente Médio, que havia sido anteriormente cristão. Jamais o mundo viu um império e uma religião alcançar em tão pouco tempo um espaço territorial tão imenso. Pela rapidez com que agiam, os árabes foram comparados a espessas nuvens de gafanhotos invadindo o Oriente e o Ocidente, na tentativa de propagar pelo mundo inteiro a religião muçulmana. Pelo sofrimento que causa a ferroada do escorpião, ele simboliza o flagelo. Enquanto os árabes invadiam as nações como enxames de gafanhotos, injetavam, como escorpiões, a doutrina islâmica. Reduzidos economicamente à condição de miséria, despojados de seus bens pelos gafanhotos-escorpiões, os povos submetidos eram picados pela religião. Apoc. 9:4 – “Foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o selo de Deus.” As conquistas maometanas duraram até dois séculos depois da queda de Constantinopla em 1453. Portanto, desde o sétimo até ao décimo sétimo século, havia um povo que, segundo a revelação, tinha “nas suas testas o sinal de Deus”, ou o “selo de Deus”. Na explanação do capítulo sete ficou demonstrado que o selo de Deus é o santo Sábado do quarto mandamento da lei de Deus. A profecia destaca a proteção de Deus em favor dos que tinham o Seu sinal “nas suas testas”, isto é, os que observavam o repouso do Sábado. A ênfase desta profecia, contudo, está no fato de que os muçulmanos deveriam dirigir-se a uma classe de pessoas que não tinham “nas suas testas o selo de Deus”. Enquanto esses sofreriam com os ataques dos exércitos do Islã, aqueles seriam protegidos miraculosamente. Apoc. 9:5 – “Foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem. E o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem.” Apoc. 9:6 – “Naqueles dias os homens buscarão a morte e não a acharão; desejarão morrer, mas a morte fugirá deles.”

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Ainda que os muçulmanos atacassem constantemente Constantinopla, não conseguiram tomá-la, que era o seu objetivo principal. Entretanto, as constantes investidas dos gafanhotos-escorpiões causavam muito dano e tormento, conforme profetizado. Apoc. 9:7 – “A aparência dos gafanhotos era semelhante à de cavalos aparelhados para a guerra. Sobre as suas cabeças havia como que umas coroas semelhantes ao ouro, e os seus rostos eram como rostos de homem.” Apoc. 9:8 – “Tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes eram como os de leões.” A Bíblia revela uma descrição precisa do povo que cumpriria a profecia. “Seus rostos eram como rostos de homens” (os árabes usavam barba). “Tinham os cabelos como cabelos de mulher” (seus cabelos eram longos). “Possuíam coroas de ouro” (esses guerreiros usavam turbantes amarelos ou adereços dourados). “Seus dentes eram como dentes de leão” (eles eram destemidos lutadores e eram movidos pela força irresistível do fanatismo religioso). Apoc. 9:9 – “Tinham couraças como couraças de ferro, e o ruído das suas asas era como o ruído de carros de muitos cavalos que correm ao combate.” Segundo o Alcorão, um dos dons divinos aos árabes são as couraças. Feitas de ferro e aço foram difundidas pelos árabes por todo o mundo para propagar a nova religião. Ao avançarem compactos como as ondas de gafanhotos, usavam as couraças para imitar o ruído das suas asas, semelhante ao barulho de carros puxados por muitos cavalos. O detalhe é tão fiel que parece até que os guerreiros árabes tinham conhecimento da profecia. Apoc. 9:10 – “Tinham caudas e aguilhões semelhantes às dos escorpiões,e nas suas caudas tinham poder para danificar os homens por cinco meses.” Cinco meses – 5 meses x 30 dias = 150 dias proféticos = 150 anos Nesta parte da História foram os turcos otomanos, que se tornaram adeptos do islamismo. cumpriram essa parte da profecia, relativa ao período de tormento de 150 anos imposto ao governo civil do Império do Oriente. Os turcos arrebentaram a supremacia árabe ao aportarem na Ásia Ocidental. Início: 27 de Julho de 1299 – Na Batalha de Bafeu, os otomanos invadiram o território do Império do Oriente.

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Término: 27 de Julho de 1449 – O último imperador grego, Constantino XII, tomou o trono com a permissão do sultão do Império Otomano. Apoc. 9:11 – “Tinham sobre si como rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom, e em grego, Apoliom.” O termo “anjo”, do grego “aggelos”, é a aplicação não só para designar um anjo real, como também a pessoa com missão religiosa especial. Deste modo, o “anjo do poço do abismo”, chamado também de “rei” do maometismo, é, sem nenhuma dúvida, o próprio Maomet, fundador do islamismo. “Abadon” e “Apoliom”, do hebraico e grego, cujo significado é “destruidor”, é aplicado aqui a Maomé. Embora tenha inspirado a chamada “guerra santa”, cuja característica principal era a destruição, na verdade, o maior poder destrutivo deste anjo dos maometanos, são os seus ensinos contidos no Alcorão, que encobrem o evangelho de Cristo aos povos árabes e aos demais povos que aceitaram o islamismo. O Domínio Turco Apoc. 9:12 – “Passado é já um ai; depois disso vêm ainda dos ais.” A palavra “ai”, quando utilizada na Bíblia, indica sofrimento. Desse modo, “três ais” significam muito sofrimento. Apoc. 9:13 – “O sexto anjo tocou a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus,” Apoc. 9:14 – “a qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que estão presos junto ao grande rio Eufrates.” Apoc. 9:15 – “E foram soltos os quatro anjos que estavam preparados para aquela hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens.” O altar aqui é o mesmo altar do incenso referido em Apoc. 8:3. Esta voz só pode ser de Quem oficiava junto ao altar de ouro ou do incenso, que é Cristo. Antes do toque da primeira trombeta, Ele aparece junto ao altar do incenso; e, antes do toque da sexta trombeta, Ele ali ainda está oficiando em favor das orações do Seu povo. Ao invadirem a Ásia Ocidental, os turcos fundaram quatro sultanatos nas imediações do rio Eufrates: (1) Bagdad, em 1055; (2) Icônio, em 1064; (3) Damasco e (4) Alepo, ambos em 1079. São estes os anjos que deveriam ser soltos no momento do toque da sexta trombeta. Com a união destes quatro sultanatos, todo o povo turco estava agora unido numa só dinastia – a otomana – e posteriormente num só sultanato,

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o de Constantinopla. De acordo com o versículo 15, o poder da Turquia, como nação real, iniciou sua marcha em 27 de Julho de 1449, quando Constantino XII reconheceu a supremacia turco-otomana ao submeter sua eleição ao consentimento do sultão. Desta data em diante, os turcos eram senhores do Império do Oriente, embora faltasse derrubar o pouco dele que ainda restava. Usando o princípio de que um dia profético equivale a um ano, dá para calcular o tempo dessa profecia. Analisando de trás para diante, temos o seguinte cálculo: 1 ano = 12 meses x 30 dias = 360 dias = 360 anos 1 mês = 30 dias = 30 anos 1 dia = 1 dia = 1 ano = 1 ano 1 hora = 360 dias divididos por 24 = 15 dias ------------------- 391 anos e 15 dias Esse é o tempo apontado na profecia, segundo o qual a Turquia exerceria, como potência política, o seu poder independente numa das mais estratégicas regiões do mundo civilizado. Acrescentado 391 anos e 15 dias a 27 de Julho de 1449, a profecia apontou também que o Império Turco cairia em 11 de Agosto de 1840. A queda de Constantinopla em 29 de Maio de 1453 livrou o Ocidente e o Oriente para sempre do longo martírio imposto pelos orgulhosos Césares. Visigodos, vândalos, hunos, hérulos, árabes e turcos, exatamente conforme havia determinado a profecia bíblica, fizeram ruir em escombros a cruel tirania duma raça que arruinou o mundo por mais de 16 séculos. Com a queda de Constantinopla, a Turquia assumiu o comando sobre todo o território do Império Romano do Oriente formado pelos seguintes países: Toda a Ásia Menor, Síria, Mesopotâmia, Pérsia, Iraque Arábia, Palestina, Trácia, Romênia, Bulgária, Hungria, Grécia, Albânia, Bósnia, Sérvia, ilhas do mar Egeu, Creta, além de ter incorporado também a seu império o Egito, a Etiópia e a Líbia. Desse modo, a Turquia matou politicamente a terça parte dos homens ou conquistou todos os seus domínios. Mas, embora pelo raciocínio lógico humano tudo levasse a crer no contrário, as conquistas turcas tiveram fim. O outrora invicto poder chegou afinal a ponto de desmoronar-se frente às influências das nações européias. Através de um documento histórico datado exatamente de 11 de Agosto de 1840, o sultão Maomé Ali foi deposto, dando fim ao poderio otomano em Constantinopla, com a incrível exatidão indicada na profecia. Apoc. 9:16 – “O número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos

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milhões (miríades de miríades). Eu ouvi o número deles.” Simboliza um número indefinido muito grande. Miríades é empregado na Bíblia quanto se trata de um número tão grande que não dá para precisar. Apoc. 9:17 – “E assim vi os cavalos nesta visão: os seus cavaleiros tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre. As cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões, e de suas bocas saíam fogo, fumaça e enxofre.” Apoc. 9:18 – “Por estas três pragas foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre, que saíram das suas bocas.” Apoc. 9:19 – “O poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas; pois as suas caudas eram semelhantes a serpentes, e tinham cabeças, e com elas causavam dano.” No caso dos turcos, a referência a “couraças” só pode ser simbólica dada a impossibilidade de fazer-se couraças com mescla de fogo, jacinto e enxofre. Mas é fato que três eram as cores que compunham as “couraças” dos guerreiros turcos: (1) Fogo, ou cor vermelha; (2) jacinto, ou cor azul; (3) enxofre, ou cor amarela. Eram exatamente estas três cores que predominavam no uniforme do exército turco. Ferozes e astutos como leões, os turcos demonstraram ser mais desumanos do que os árabes. Os cavalos vomitavam “fogo, fumaça e enxofre”. Sem dúvida, aqui a profecia faz alusão ao emprego de armas de fogo pelos exércitos turcos. Precisamente, naquela época é que se iniciara o uso da pólvora e das armas de fogo nas guerras. O resultado da detonação duma arma de fogo é realmente uma chama de fogo, uma nuvem de fumaça e um cheiro forte de enxofre. Fogo, fumaça e enxofre são, portanto, as três pragas que os turcos usariam para matar a terça parte dos homens. Uma advertência rejeitada Apoc. 9:20 – “Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas mãos, para deixarem de adorar aos demônios, e aos ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que não podem ver, nem ouvir, nem andar.” Apoc. 9:21 – “ Nem se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.” “Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas”, isto é, pelas armas de fogo da cavalaria turca, são os demais governantes cristãos europeus e seus súditos, aos quais a desolação turca não

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alcançou. Eles não encararam o terrível ataque turco com um flagelo merecido pelo Império do Oriente, como prêmio por seus pecados e de sua detestável idolatria, que era odiada com ódio mortal pelos maometanos. “Não se arrependeram” do culto dos “demônios”, como é considerada a idolatria pelas Sagradas Escrituras. Nem tão pouco “se arrependeram” dos seus “homicídios”, de suas “feitiçarias”, de suas “prostituições” e “de seus furtos”. Eis o quadro do cristianismo apresentado na profecia! Um cristianismo sem Cristo, odiado de morte pelos conquistadores muçulmanos. Deus não se agrada daqueles que não aprendem as lições que Seus juízos lhes ensinam. Antes da visão das trombetas sobre os árabes e os turcos, a advertência foi clara – “ai! ai dos que habitam sobre a terra”. Mas o cristianismo nominal daqueles dias do avanço maometano, nem um caso fez, como hoje também não faz, das advertências do céu. Nem antes nem depois dos açoites dos árabes e turcos se arrependeu de sua idolatria e de seus homicídios e maldades. O castigo, as “pragas” maometanas, não o induziu a melhorar a conduta e a moralidade. A lição foi desprezada com grave perda para a vida moral e espiritual. E assim caíram os dois Impérios, as duas Romãs cristãs – Ocidental e Oriental – a primeira pelas mãos dos visigodos, vândalos, hunos e hérulos, e a outra, sob o comando muçulmano dos árabes e turcos.

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Capítulo 10 de Apocalipse O capítulo dez revela um grande despertamento religioso. A verdadeira igreja de Cristo, por longos séculos foi perseguida pela igreja romana, sendo dizimada pelos tribunais da inquisição, por cruzadas e por inúmeras chacinas. Porém, a queda do poder do papado em 1798, trouxe uma nova era para o cristianismo, e o mundo foi sacudido por uma mensagem poderosa, exatamente como anunciado nesta profecia. Está inserida como um parêntesis entre a sexta e a sétima trombetas, devendo, portanto, cumprir-se antes do toque inicial da sétima trombeta, isto é, antes de 1844. Apocalipse 10:1 – “Vi outro anjo forte descendo do céu, vestido de uma nuvem. Por cima da sua cabeça estava o arco-íris; o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo”. Seis vezes, no Apocalipse, a mensagem enviada do Céu é simbolizada por um anjo. Mas a descrição deste anjo é mais gloriosa do que a dos outros: “O seu rosto era como o Sol”. A semelhança da descrição com a de Cristo em Apoc.1:13-16, indica que este anjo seja Cristo. Quando transfigurado diante dos discípulos, o rosto de Cristo “brilhava como o Sol” (Mat. 17:2). Ele é chamado “o Mensageiro do concerto” (Mal.3:1), e “o Anjo que me redimiu” (Gên. 48:16). Em Daniel 12:1 e 7, Jesus é apresentado como Miguel. Mas se Miguel é identificado como o Arcanjo, seria Cristo, então, um anjo? O Arcanjo não é um anjo. Ele é o chefe dos anjos. O presidente dos Estados Unidos é o comandante-em-chefe do exército, mas não é um soldado. Cristo é um mensageiro. Ele não é um ser criado, como um anjo. Outra evidência de que o Anjo forte é Jesus está em I Tess.4:16. Ali nos é dito que é a voz do Arcanjo que despertará os mortos, por ocasião da primeira ressurreição. Em João 5:25, nos é dito que é a voz do Filho de Deus que despertará os mortos. O arco celeste é símbolo do concerto e a “nuvem” é também sinal da divindade, pois uma nuvem sobre o acampamento de Israel era evidência da presença de Deus como guia de Seu povo. Um Movimento Mundial de Pregação Apocalipse 10:2 – “e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra”. A expressão um pé na terra e o outro no mar indica que a mensagem

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deste Anjo é de âmbito mundial, o que significa o início de um movimento religioso de extensão mundial. Que livro aberto pode ser este? Parece haver apenas uma resposta, pois, até onde se saiba, a única parte das Escrituras que foi fechada ou selada foi uma porção do livro de Daniel. Ao profeta foi ordenado: “Fecha estas palavras e sela este livro até o tempo do fim. Muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará”.(Dan.12:4). Uma vez que esta parte do livro de Daniel foi fechada somente até o tempo do fim, segue-se naturalmente que nesse tempo do fim ele seria aberto. Dois acontecimentos asseguram a época em que o livrinho de Daniel deveria ser aberto: 1) O advento do “tempo do fim”; 2) a era da multiplicação da ciência. Quando chegou o “tempo do fim” predito por Daniel? No próprio livro deste profeta encontramos a resposta. Em Daniel 11:30-35, temos a introdução da potência papal como poder perseguidor do povo de Deus. O versículo 35 declara que o povo de Deus seria perseguido, por dito poder, “até o tempo do fim”, o que quer referir-se até ao fim da supremacia temporal do papado ocorrido em 1798, quando a França revolucionária lhe tirou o poder e aprisionou o papa reinante, Pio VI. Prova mais incontestável de que o “tempo do fim” chegou com o fim da supremacia temporal do papado em 1798, temos ainda em Daniel 12:7, onde é esclarecido que o povo de Deus seria perseguido até completar-se o período de “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, ou sejam 1260 anos de supremacia temporal de Roma papal, em realidade findos em 1798. Isso pareceu estranho a Daniel, e ele diz: “Eu ouvi, mas não entendi”(Dan.12:8). Não era possível que Daniel entendesse quando escreveu, porque certos acontecimentos tinham de ocorrer primeiro. Por isso, pediu explicação ao anjo, e este lhe disse: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim”(Dan.12:9). Mas “no tempo do fim”, foi garantido que alguns entenderiam. Disse o anjo: “Nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dan.12:10). Outra evidência que confirma o início do “tempo do fim” em 1798 é o desenvolvimento marcante da ciência. A ciência que hoje conhecemos começou a se “multiplicar” exatamente a partir de 1798, quando, não temos dúvida em afirmar, o selo do livro de Daniel foi removido, dando início a um grande movimento religioso que se dedicaria ao estudo aprofundado das profecias relativas ao “tempo do fim”. Apocalipse 10:3 – “e clamou com grande voz, como quando ruge o leão. Tendo clamado, os sete trovões fizeram soar as suas vozes”.

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Apocalipse 10:4 – “E quando os sete trovões fizeram soar as suas vozes, eu ia escrevê-las; mas ouvi uma voz do céu, que dizia: Sela o que os sete trovões falaram, e não o escrevas”. Apocalipse 10:5 – “Então o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão direita ao céu”, Apocalipse 10:6 – “e jurou por Aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora”. É possível identificar semelhança entre o anjo do capítulo 10 com o primeiro anjo do capítulo 14. Ambos conduzem uma mensagem de graça e de juízo. Ambos proferem sua proclamação com poderosa voz. Ambos exaltam a Deus como Criador dos céus, da terra, do mar e tudo o que neles há. Assim, o anjo do capítulo 10 é o mesmo primeiro anjo do capítulo 14, onde é apresentada sua obra de extensão mundial e a sua mensagem da hora do juízo. Não haveria mais demora, ou em outra versão não haveria mais tempo. Esta expressão indica que o movimento que este anjo representa está diretamente ligado ao “tempo do fim”, já que, depois dele, não haveria outro, segundo a profecia. E não há dúvida de que o movimento predito neste capítulo surgiu depois de 1798, e no final da profecia dos 2.300 dias proféticos de Dan.8:14, concluída em 1844. Esse movimento, portanto, deve ser identificado como surgido entre 1798 e 1844, porque não encontramos na Bíblia outra profecia de tempo que se estenda além de 1844. Apocalipse 10:7 – “mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver prestes a tocar a sua trombeta, se cumprirá o mistério de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos.” O “mistério de Deus”, ou o “segredo de Deus”, como também é chamado nas Escrituras, é o grande plano da salvação em Jesus Cristo (Efés. 3:3-6). Jesus Cristo é o único meio de salvação, não apenas para os gentios, mas também para os judeus. “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mat. 24:14). O anjo do Apocalipse 10, em seu juramento, proclama que “nos dias da voz do sétimo anjo”, se cumpriria “o mistério ou segredo de Deus”. Quer dizer isto que, de 1844 até o final, seria consumada a obra de pregação do evangelho a todo o mundo. Essa obra não foi consumada na Velha Dispensação chamada Mosáica, por incredulidade do antigo povo de Deus que por isso mesmo foi rejeitado como Seu povo. Também não foi consumada na era cristã até antes de 1844, porque o cristianismo deixou de cumprir a sua missão, apostatando. Mas seria

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consumada de 1844 ao final, na voz do sétimo anjo, o que implica em dizer que um movimento mundial tomaria lugar desta data em diante, proclamando o “mistério de Deus” e consumando a obra da redenção entre as nações, através da pureza do evangelho isento de erros e tradições humanas. E este movimento predito surgiu em 1844, exatamente depois do primeiro movimento que findou nesta data, ter abrangido todo o mundo, e logo terminará a sua tarefa. Fim do Mais Longo Período Profético Apocalipse 10:8 – “Então a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra”. O livro que é aberto na visão de João é o mesmo que foi selado nas visões de Daniel. Por quanto tempo deveria ele ficar selado? Daniel 12:7 diz que deveria ser por 1260 anos. O livro de Daniel está sendo aberto nos últimos dias. Profecias que antes não eram entendidas, agora o são. Nem tudo no livro de Daniel foi selado, Nabucodonosor sabia quem era a cabeça de ouro na imagem de Daniel. Havia muitas coisas que foram entendidas. O que realmente confundiu Daniel naquelas visões foram as profecias de longo tempo. Sobre elas, ele disse: “Espantei-me acerca da visão”.As profecias que o deixaram confuso foram as 70 semanas, os 1260 dias e os 2300 dias, proféticos, ou seja, um dia equivalente a um ano. A profecia revelada em Daniel 8:14 diz: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”. Em Daniel 9:25, a explanação relativa à primeira parte dos 2300 anos nos diz que este grande período profético iniciar-se-ia com “a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. E esta ordem, dada aos judeus que eram cativos no Oriente ao tempo da dominação mundial da Pérsia, foi emitida pelo rei Artaxerxes, na última parte do ano 457, antes de Cristo. Contando desta data inicial, os 2300 anos alcançaram a última parte do ano de 1844, quando então a verdade seria restaurada pela pregação e o santuário seria purificado. Segundo o ritual do santuário do antigo Israel, a purificação do santuário significava a remoção simbólica dos pecados do povo de Deus do santuário, através de um sacrifício especial, oferecido sempre no dia 10, do sétimo mês judaico, correspondendo a outubro do nosso calendário. O santuário de Israel, erguido por Moisés conforme o modelo que lhe fora mostrado por Deus, era uma figura do verdadeiro santuário que existe no céu, onde Cristo ministra por Sua igreja desde que para lá ascendeu, depois de Sua ressurreição.

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Desse modo, a purificação simbólica do santuário de Israel realizada pelo sumo-sacerdote uma vez ao ano, era emblema da purificação do santuário celeste que Cristo devia se realizar a partir do final dos 2300 anos, ou seja: Depois de 1844. Como no santuário terrestre os serviços diários eram efetuados no lugar santo e a purificação no lugar santíssimo, de modo idêntico, Cristo, desde que ascendeu ao céu, efetuou Sua obra de intercessão no lugar santo do santuário celestial até 1844. Nesta data, em outubro, Ele deixou o lugar santo e penetrou no lugar santíssimo para efetuar a purificação do santuário, ou seja, a remoção dos pecados de Seu povo. Esta obra de purificação continuará até o fechamento da porta da graça, quando estará concluída a purificação do santuário celestial e Jesus voltará para executar o juízo. Como os servos de Deus entenderam a purificação do santuário na profecia de Daniel? A resposta histórica é esta: Eles entenderam que o santuário a ser purificado no final dos 2300 anos, em 1844, era a própria terra e que, para que isto pudesse ser realizado, Jesus deveria voltar naquele ano e atear fogo e enxofre ao mundo para purificá-lo da maldade humana. Como chegaram à conclusão de que a terra seria o santuário a ser purificado? Simplesmente pelo fato de, em 1844, não haver mais santuário na terra e desconhecerem a doutrina do santuário celestial, do qual o santuário terrestre era uma cópia. O fato de conceberem, pelo livro de Daniel, que Jesus voltaria em 1844 para purificar a terra e salvá-los é que cumpre a profecia de ter o profeta achado o livrinho doce como o mel ao tomá-lo da mão do anjo e comê-lo. Nada mais doce para eles do que ter a indicação do ano da volta de Jesus e estarem, como pensavam eles, diante da concretização de suas tão acalentadas expectativas quanto ao retorno do Senhor Jesus. O Desapontamento Previsto Na Profecia Inicialmente, Guilherme Miller, pastor da igreja batista de Nova York, começou a pregar que a volta de Jesus ocorreria no dia 22 de Outubro de 1844. O grande erro do movimento consistiu em não compreenderem seus dirigentes a natureza do acontecimento que tomaria lugar no fim do período profético dos 2300 anos, isto é, em Outubro de 1844. Apocalipse 10:9 – “Fui, pois, ao anjo, e lhe pedi que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma-o, e come-o. Ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel”. Apocalipse 10:10 – “Tomei o livrinho da mão do anjo, e o comi. Na minha boca era doce como mel, mas tendo-o comido, o meu ventre ficou

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amargo”. A expressão “toma-o e come-o” significa que a mensagem seria devorada: Plenamente assimilada, recebida. “Achadas as tuas palavras, logo as comi” (Jer.15:16). O anúncio da breve volta de Jesus foi recebido com grande entusiasmo. A alegria enchia o coração dos cristãos. Mas eles estavam condenados ao desapontamento. Quando a hora chegou e Jesus não apareceu, a fé dos crentes sofreu um golpe terrível. O que tinha sido doce como mel, agora se tornara amargo como fel, tal como dissera o anjo. Os discípulos de Cristo passaram por idêntica experiência. Poderia haver coisa mais trágica do que a morte de Jesus, para homens que haviam abandonado tudo, crendo que Ele era o Cristo? Quando eles desceram da cruz o corpo do seu Senhor, e o sepultaram, também sepultaram as suas esperanças. Sua obra, porém, não estava terminada. Na verdade, ela mal havia começado. Foi depois do seu grande desapontamento que os apóstolos realizaram sua maior obra. Na tarde após a ressurreição, lemos que o Senhor “abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Luc. 24:45). Desapontamentos humanos são, às vezes, desígnios divinos, e como os apóstolos, dezoito séculos antes, este grande desapontamento de 1844 provou-se ser uma bênção disfarçada. Uma mensagem maior precisava ainda ser dada ao mundo. Alguns, é certo, renunciaram à sua fé e deixaram a Palavra de Deus; mas, esse próprio desapontamento conduziu muitos outros a um estudo mais aprofundado da Bíblia. O Despertar de Um Novo Movimento Mundial Apocalipse 10:11 – “Então foi-me dito: Importa que profetizes outra vez acerca de muitos povos, nações, línguas e reis.” É notável como a profecia indica neste texto um novo movimento mundial constituído de crentes que participaram do grande desapontamento de 1844. Outra vez deviam levantar o clamor mundial da segunda vinda de Cristo, sem, no entanto, assinalarem uma nova data para o Seu aparecimento. Nova luz deveria incidir sobre o caminho dos pesquisadores da Palavra de Deus. Uma maior mensagem, abarcando profecias ainda não imaginadas, devia vir à luz como resultado daquele estudo. Aquela mensagem pregada até 1844, não era a mensagem final de Deus.

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Capítulo 11 de Apocalipse Em primeiro lugar, este capítulo nos apresenta um panorama do santuário de Deus e Seus adoradores. Em seguida, trata das perseguições contra a igreja de Cristo pelo papado, na Idade Média, e da humilhação das Escrituras Sagradas por este poder no mesmo período. A revolução francesa vem, a seguir, com seus tremendos horrores e sua decidida ação ateísta contra o santo livro de Deus, que por fim triunfa sobre seus inimigos. A sétima trombeta, com seus acontecimentos que porão fim ao império da maldade na Terra, é a grande visão deste capítulo. Porém, encontramos ainda a ira das nações modernas a despeito do anseio pela paz; o tempo do juízo e do merecido galardão aos santos; e o tempo da destruição dos que destroem a Terra. Por fim, descreve o profeta sua visão da “arca do concerto” de Deus, contendo o original da lei do Decálogo, visto no templo de Deus, cuja violação pelo mundo é apresentada como causa de sua próxima destruição. Apocalipse 11:1 – “Foi-me dada uma cana semelhante a uma vara, e foi-me dito: Levanta-te e mede o templo de Deus e o altar, e os que nele adoram”. O ato de medir algum objeto requer que seja dada atenção especial a ele. A ordem de medir o templo de Deus implica em dizer que a igreja deveria dar uma atenção especial ao santuário. O povo que constituiria o novo movimento mundial surgido do desapontamento de 1844 deveria estudar com mais cuidado a questão do santuário. E o santuário, no caso, só poderia ser o celestial, porque o templo de Jerusalém já havia sido destruído por Tito no ano 70 e João recebera a visão no ano 96. O verdadeiro povo de Deus é medido não de acordo com a sua estatura física, mas por um padrão do que é certo: Uma lei, o referencial da santidade: “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade”(Tiago 2:12). Apocalipse 11:2 – “Mas deixa o átrio que está fora do templo; não o meças, porque foi dado aos gentios. Estes pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses.” As nações européias (os “gentios”), no período de 42 meses, ou 1260 anos, coagidas pelo papado, pisariam a Igreja de Cristo no próprio átrio do santuário, onde o Senhor oficia como seu Sumo-Sacerdote. O que João estava para testemunhar e o que registrou para nós, era a

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batalha entre a Bíblia e o ateísmo. Essa batalha alcançou o clímax na Revolução Francesa. Os acontecimentos desta terrível revolução têm se repetido nas últimas décadas e vão se intensificar pouco antes da volta de Jesus. Apocalipse 11:3 – “E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.” Apocalipse 11:4 – “Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Senhor da terra”. Tem havido muita especulação quanto à identidade dessas duas testemunhas. Alguns procuram vê-las como literais, chegando mesmo a nomeá-las como Moisés e Elias. Mas toda a linguagem aí é figurativa. O verso 4 diz: “Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Senhor da terra.” Em Zacarias 4:11-14, as duas oliveiras representam a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus é sem dúvida uma luz. Diz o Salmo 119:105: “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para o meu caminho”. Onde não há Bíblia, há escuridão espiritual. Analisando conjuntamente os textos de Apocalipse e de Zacarias, os dois ressaltam que da oliveira verte o azeite, que é símbolo do Espírito Santo, enquanto que os castiçais são portadores de luz; a luz do evangelho de Cristo. Mas as Escrituras são mais do que uma luz; elas dão também testemunho da graça de Deus. Jesus declarou que as Escrituras do Velho Testamento testificavam dEle. Em Mateus 24:14 lemos: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, para testemunho a todas as nações”. A explicação mais satisfatória desta profecia é que as testemunhas são o Velho e o Novo Testamentos. É fora de dúvida que eles testificam de Cristo. “São estas [as Escrituras] que de Mim testificam”. (João 5:39). Assim, na linguagem simbólica do Apocalipse, os dois castiçais e as duas testemunhas são referências à Palavra de Deus. Durante 1260 anos, as duas testemunhas estão vestidas de pano de saco, um símbolo de obscuridade. Nos tempos bíblicos, o pano de saco era uma referência ao luto. Por que a Bíblia estava de luto? A Bíblia ficou escondida sob linguagens desconhecidas. Quem não lesse o hebraico ou o grego não podia ler a Bíblia. Antes da imprensa, a Bíblia, que era escrita à mão, custava tão caro que somente os que eram muito ricos podiam tê-la. Uma Bíblia custava mais do que uma fazenda. Os mestres eruditos das Universidades tinham acesso à Bíblia, mas não as pessoas comuns. As vestes de pano de saco durante 1260 anos indicam a humilhação a

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que as Escrituras foram submetidas naquele grande período de supremacia temporal do papado, acertadamente chamado Idade Escura. Apocalipse 11:5 – “Se alguém lhes quiser causar mal, das suas bocas sairá fogo e devorará os seus inimigos. Se alguém lhes quiser causar mal, importa que assim seja morto”. Apocalipse 11:6 – “Estas têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, quantas vezes quiserem”. Estas palavras evidenciam o poder das duas testemunhas – Velho e Novo Testamentos. Todos os seus inimigos, aqueles que pervertem os seus ensinos, serão consumidos com o fogo devorador que sairá de suas bocas (Malaquias 4:1). Pela Palavra de Deus, Elias fechou as janelas do céu de maneira que não choveu por três anos e meio. Pela Palavra do Senhor, Moisés transformou em sangue as águas do Egito. Assim, opor-se às duas testemunhas é um verdadeiro suicídio. A Revolução Francesa Na Profecia Apocalipse 11:7 – “Quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e os vencerá e matará”. Depois do papado humilhar por 1260 anos as duas testemunhas, ou seja, a Bíblia, um outro poder surge para fazer-lhe guerra. Na profecia, “besta” significa um reino ou um poder (Dan.7:17 e 23). Subir “do abismo” indica um poder ateu que surge da anarquia, do caos. Qual foi o poder anárquico que surgiu em torno do fim dos 1260 anos da supremacia papal, que terminou em 1798, e que guerrearia com as “duas testemunhas” ou as Sagradas Escrituras? Qualquer pessoa que conheça a história sabe que o novo poder, que se levantou neste período, foi a França revolucionária. Este poder, indicado na profecia, rejeitaria com violência as Escrituras Sagradas. Em 10 de Novembro de 1793, Bíblias foram juntadas em Paris, amarradas à cauda de um jumento e arrastadas pelas ruas da cidade. Quem fosse encontrado com uma Bíblia em casa era condenado à morte. As ruas de Paris ficaram inundadas de sangue com a morte de 50 mil pessoas, na noite de 11 de Setembro de 1793. Apocalipse 11:8 – “E os seus corpos jazerão na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado”. As duas testemunhas foram mortas pela França revolucionária “nas ruas

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da grande cidade”. Não há dúvida de que a grande cidade aludida é Paris. Nesta profecia, Paris é apresentada espiritualmente como “Sodoma e Egito”. Nenhum monarca já se aventurou a rebelião mais aberta e arrogante contra Deus do que o fez o rei do Egito. Foi no Egito que Faraó mostrou o seu ateísmo, dizendo: “Quem é o Senhor, para que eu obedeça a Sua voz?” (Êxo.5:2). E a licenciosidade de Sodoma era outra característica marcante de Paris. Como é possível que Jesus fosse crucificado em Paris? Literalmente, sabemos que isso não aconteceu. Mas, quando os seguidores de Cristo são perseguidos e mortos, Ele toma isto como sendo feito diretamente a Ele mesmo. Jesus mesmo dissera: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes”. Para a França crucificar a Jesus em Paris, devia fazer isto na pessoa de Seus seguidores. Assim foi Jesus crucificado na “grande cidade” da licenciosidade e do ateísmo nos tempos modernos. Podemos encontrar ateus em muitos países do mundo, inclusive nos Estados Unidos, Canadá, nos países da Europa e da América do Sul. Mas foi somente a França, como nação, que rejeitou a Palavra de Deus e toda a sua população celebrou o evento. Apocalipse 11:9 – “Homens de vários povos, tribos, línguas e nações verão os seus corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que sejam sepultados”. Muitos cristãos de outras nações, não compartilharam dos ímpios sentimentos dos revolucionários franceses na guerra ateísta contra a Bíblia. Ao contrário, protegeram suas nações do contágio da pestilenta atitude daqueles ateus sem escrúpulos. Eles não permitiram que as duas testemunhas fossem sepultadas, embora estivessem mortas por três anos e meio. Foi realizado um gigantesco esforço por parte dos verdadeiros cristãos para exaltação da Bíblia, tanto na França como em todas as demais nações da Terra. Apocalipse 11:10 – “Os que habitam na Terra se regozijarão sobre eles e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros, porque estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a Terra”. Temos aqui a alegria dos que odiavam as duas testemunhas que os atormentara pela reprovação de seus maus atos. Aqueles que estavam contentes com a escuridão. Conta a história que certa vez uma ajudante doméstica tinha sido chamada à atenção, pois não fizera um bom serviço na limpeza e arrumação do quarto. Então, ela replicou: “Quando eu limpei o quarto, estava escuro e não pude ver a sujeira. Foi o Sol que entrou pela janela

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que criou o problema”. A Bíblia era como o Sol, mostrando a imundície na vida das pessoas. É por isso que muitos não gostavam da luz. A Revolução Francesa se notabilizou pelo ódio contra o cristianismo e por sua violência. Durante esse período, aproximadamente 50 pessoas eram decapitadas por dia, por meio de um aparelho chamado guilhotina. Apocalipse 11:11 – “Depois daqueles três dias e meio o espírito da vida, vindo de Deus, entrou neles, e puseram-se de pé, e caiu grande temor sobre os que os viram”. Em 11 de Novembro de 1793, a Bíblia foi abolida na França por meio de decreto. Em Novembro de 1796, foi tomada uma resolução dando tolerância à Bíblia. Esta resolução não foi promulgada até Junho de 1797, cumprindo à risca o período de três anos e meio. Apocalipse 11:12 – “Então ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem, e os seus inimigos os viram”. A Bíblia foi exaltada e honrada como nunca. Antes de 1804, a Bíblia havia sido impressa e distribuída em 15 línguas. Hoje, porém, sua mensagem pode ser lida em mais de 1280 idiomas diferentes. Verdadeiramente as duas testemunhas “subiram ao céu em uma nuvem”. Apocalipse 11:13 – “Naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade. No terremoto foram mortos sete mil homens, e os demais ficaram atemorizados, e deram glória ao Deus do céu”. Este terremoto não é literal, mas simbólico, pois, desde o versículo sete, a profecia vem tratando da grande catástrofe que caiu sobre o povo francês com aquela revolução. O “terror” imposto pela revolução foi, na verdade, o “grande terremoto” moral que abalou toda a França. A França era um dos dez reinos representados pelos dez dedos da imagem de Nabucodonosor, um dos chifres do animal com dez chifres de Daniel (Daniel 7:24) e o dragão de dez chifres de João (Apocalipse 12:3). Com arrogância, a França desafiou todas as posições de autoridade, o que resultou na mais completa anarquia. Seus atos, os quais desonravam a Deus e desafiavam o Céu, encheram a França de cenas tão sanguinárias, tanta carnificina e horror, que até mesmo os próprios incrédulos tremeram e ficaram aterrorizados. Os “remanescentes” que conseguiram escapar dos horrores daquela hora “deram glória ao Deus do Céu”, não porque quisessem, mas porque o Deus do Céu fez com que “até a ira humana” O louvasse. Todo o mundo

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pode ver que os que fazem guerra contra Deus, cavam suas próprias sepulturas. Apocalipse 11:14 – “É passado o segundo ai; eis que o terceiro ai cedo virá”. Findou em 11 de Agosto de 1840, com a queda do Império Turco-Otomano, o segundo ai, referente a sexta trombeta. É, porém, surpreendente que o profeta colocasse o fim do segundo “ai” imediatamente depois de descrever as cenas proféticas da revolução francesa e não em seguida da queda do império turco, na sexta trombeta. Possivelmente, dada a importância da revolução francesa em suas relações com Deus e o cristianismo, é que ela figura como um parêntesis dentro da sexta trombeta. Conjuntamente, acompanha a advertência de que o terceiro “ai”, ou seja, a sétima trombeta, que começou a soar em 1844, logo haveria de vir. Apocalipse 11:15 – “O sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. Apocalipse 11:16 – “E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos, e adoraram a Deus,” Apocalipse 11:17 – “dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, porque tomaste o teu grande poder, e reinaste”. Apocalipse 11:18 – “Iraram-se as nações; então veio a tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos profetas; teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.” Apocalipse 11:19 – “Abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca da sua aliança foi vista no seu santuário. E houve relâmpagos, vozes e trovões, e terremoto e grande chuva de pedras”. A SÉTIMA TROMBETA Ao soar a sétima trombeta, grandes vozes no Céu anunciam o maior acontecimento da história do mundo: a intervenção de Cristo na Terra. As primeiras seis trombetas anunciaram e realizaram a queda de Roma Ocidental e Oriental, pelos visigodos, vândalos, hunos, hérulos, árabes e turcos. A sétima trombeta anuncia a queda total das nações e do poderio do homem no mundo, pela intervenção de Cristo.

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Uma vez mais, vemos o templo no Céu. A arca do Testamento é vista no lugar santíssimo. Os trovões, terremotos e grande saraivada representam o poder e a glória de Deus no Seu trono. Capítulo 12 de Apocalipse O Grande Conflito Apocalipse 12 revela por meio de símbolos o grande conflito dos séculos travado entre as forças do bem e as do mal, entre a luz e as trevas, entre a verdade e o erro. Seu simbolismo claro lembra, em primeiro lugar, a origem do mal para, depois, tratar da oposição cerrada à igreja de Cristo. O capítulo deixa muito claro que, na era cristã, os verdadeiros seguidores de Cristo não pertencem à igreja dominante, aliada aos poderes políticos da Terra; é um povo perseguido, fiel aos 10 Mandamentos de Deus e ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Segundo a ordem estabelecida na visão, a Igreja é apresentada num glorioso símbolo, revelando sua pureza, divina justiça e seu fundamento profético. O grande adversário da igreja segue-a numa guerra aberta contra ela, para, se possível, destruí-la. Usando os poderes apóstatas da era cristã, procura oprimir a igreja numa guerra sem tréguas, derramando-lhe rios de sangue, porém, sem conseguir fazê-la desaparecer do mundo. No fim do capítulo, são apresentadas as duas principais características que revelam a verdadeira igreja cristã. São elas: a fidelidade aos 10 Mandamentos de Deus e ao Testemunho de Jesus Cristo. Apocalipse 1:1 – “Viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça”. Mulher em profecia representa igreja. A igreja de Deus, pura, verdadeira, é representada por uma mulher virtuosa. Jer.6:2; Isa.54:5-6; Oséias 2:19-20; João 3:29; II Cor.11:2; Apoc.19:7-8. A igreja apóstata, corrupta, é representada por uma mulher de má conduta (prostituta). Apoc.17:5; Jer.3:1, 8; Eze.16:26-29; Isa.50:1. A verdadeira igreja de Cristo tem estado sempre vestida com o “Sol da Justiça” (Mal.4:2); Cristo é também “a Luz do mundo” (João 8:12; 9:5). A Lua não tem luz própria; ela é simples refletora da luz solar. Assim é também com a igreja. Não temos luz de nós mesmos, mas apenas refletimos a glória de Cristo, “o Sol da Justiça”. Isto foi revelado de modo

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claro no antigo santuário hebreu, cujo cerimonial era apenas “sombra dos bens futuros” (Heb.10:1). A igreja é aqui representada como estando em pé sobre a Lua, não como menosprezo ao Velho Testamento, a Moisés e aos profetas, mas tendo-os como fundamento. O significado aqui é que a igreja foi estabelecida sobre a Palavra de Deus. A coroa é símbolo de realeza. A igreja é chamada de “sacerdócio real” (I Pe.2:9). Doze é o número do reino de Deus. Havia doze tribos na igreja do Velho Testamento e doze é o número de apóstolos da igreja do Novo Testamento. Há doze fundamentos na Nova Jerusalém, e são doze as portas de entrada para a cidade. Haverá também doze tronos na igreja triunfante (Mat.19:27-28; Luc.22:28-30). Apocalipse 12:2 – “Ela estava grávida e gritava com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz”. Durante 4000 anos a Igreja desejou ver e ouvir o Messias, que era a ânsia da mulher por dar à luz. “Bem-aventurados”, disse Jesus, foram os discípulos que O viram e ouviram. “Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho” (Gal.4:4). O Inimigo de Deus é Desmascarado Apocalipse 12:3 – “Viu-se também outro sinal no céu: um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas.” Apocalipse 12:4 – “A sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra. O dragão parou diante da mulher que estava prestes a dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe devorasse o filho.” O dragão é o diabo, Satanás (Apoc.12:9). Mas, em seus ataques ao povo de Deus, ele tem sempre operado por intermédio de perseguidores terrenos, como o antigo Egito e Roma pagã, ambos representados nas Escrituras por este mesmo símbolo (Eze.29:2-4). Entre o dragão de Apocalipse 12 e o quarto animal de Daniel 7, há perfeita identificação. Ambos são terríveis e espantosos; ambos possuem 10 chifres, ambos estão ligados à história da igreja cristã. O quarto animal, segundo a profecia, é o quarto reino da Terra que, sem dúvida, é Roma pagã. Conseqüentemente, o dragão vermelho é Roma Pagã. O quarto animal, assim como o dragão vermelho representam o mesmo poder: Satanás com a “toga romana”. As sete cabeças representam o Império Romano e os dez chifres indicam a divisão nos reinos que constituiriam a Europa moderna. Vemos os dez

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chifres do quarto animal nas sete cabeças do dragão vermelho, o que comprova que o dragão e o quarto animal simbolizam o Império Romano que se dividiria em dez partes. Parte da força do dragão está em sua cauda, que representa a astuta maneira com que enganou a terça parte dos anjos, ou seja, a cauda do dragão representa a mentira e os enganos de Satanás. Conhecedor profundo das profecias messiânicas, Satanás vigiou o tempo do nascimento de Jesus, na esperança de tragá-Lo ao nascer. Que o Filho da mulher é Cristo não há dúvida já que Ele foi arrebatado para Deus e Seu trono (Apoc.12:5). Servindo-se de Herodes, como agente humano, Satanás intentou matar todos os meninos de dois anos para baixo, nascidos em Belém, para eliminar a Jesus entre eles. Os soldados batiam nas portas, invadiam as casas, arrancavam bebês dos braços de suas mães e os matavam a sangue frio diante dos olhos de seus pais. Cerca de seiscentos anos antes, o profeta Jeremias havia profetizado: “Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto e grande lamento: era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável por causa deles, porque já não existem” (Jer.31:15). Mas Deus não havia esquecido o Seu Filho unigênito. Homens sábios do Oriente levaram-Lhe presentes e, com o dinheiro, José viajou para o Egito com o menino Jesus. Apocalipse 12:5 – “Ela deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. Ele Se levantou para nossa justificação e, como Rei da justiça, ministra agora por nós diante do trono da graça (Heb.4:14; 8:1; 10:12). Quem ousa qualquer acusação contra os eleitos de Deus? Sendo justificados em Cristo, nada pode agora separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus (Rom.8:33-34). Apocalipse12:6 – “A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.” Frustrado ao tentar matar o Filho, o grande dragão vermelho volta o seu ódio contra a mãe. Ao ver-se vencido mais uma vez por Cristo e compreendendo que a morte do Filho de Deus assegurara a sua futura destruição no tempo certo, Satanás enfureceu-se sobremaneira e procurou vingar-se na mulher, a igreja. Mas a mulher escapa para o deserto, um lugar preparado por Deus, onde seria alimentada por 1260 dias (anos). A mulher teve que fugir das vistas dos agentes do dragão para um esconderijo seguro provido por Deus, para que ela pudesse subsistir, tal a ira de Satanás.

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O deserto nos faz lembrar do Israel do Antigo Testamento, quando ele escapou do Egito. Os israelitas ficaram no deserto por 40 anos, sendo alimentados fisicamente com o maná (Êxodo 16) e espiritualmente pelos Dez Mandamentos e os ensinamentos de Moisés. A idade escura durou de 538 até 1798. Durante esse período, existiu uma grande igreja mostrando sua autoridade, representada pelas catedrais. Não foi essa a Igreja que fugiu para o deserto, escondendo-se em cavernas e montanhas. Escondidos nas cavernas das montanhas, os verdadeiros crentes podiam adorar a Deus de acordo com os ditames de sua consciência. Vislumbres da Origem do Mal Apocalipse 12:7 – “E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam”, Apocalipse 12:8 – “mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus”. Apocalipse 12:9 – “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo o mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”. A guerra no céu não começou no fim dos 1260 dias, ou no tempo em que Jesus ascendeu ao Céu. Temos um parêntese aqui. O Antigo Testamento mostra que uma guerra começou há muito tempo (Eze.18:12-17; Isa.14:12-14). Jesus mesmo disse: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago” (Luc.10:18). Há entre os homens algumas hipóteses incorretas sobre a origem do mal. Alguns dizem que os homens criaram o mal. Mas, embora seja certo que eles praticam o mal, é também certo que eles não nasceram maus. Eles aprenderam com alguém a praticar o mal mesmo antes de terem consciência dele. Outros, mais ousados, dizem que foi Deus quem criou o mal. Outros afirmam que todos trazem a sua sina e o seu destino traçado por Deus e até mesmo a hora da morte. A isto perguntamos: Criou Deus homens para serem ladrões, assassinos, orgulhosos, imorais, etc.? Criou Deus Seus filhos para sofrer e depois matá-los sob as rodas de um trem, num dia que determinou para assim dar fim deles? Se Deus fizesse isso, Ele nunca seria Deus. Os que O acusam disso, deveriam pensar seriamente na responsabilidade que estão assumindo nesta decisão. Deus não é o autor do mal. Ele é o autor do bem. Aquele que deu o Seu próprio Filho para salvar a humanidade de perecer não pode ser considerado autor do mal. No entanto, é certo que o mal existe e os homens aprenderam a praticá-lo. E

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com quem aprenderam? O caráter do mal prova que ele é instigado. Na pista de aeromodelismo, o avião sem piloto porventura voa por si só? Não, alguém o comanda por controle remoto. Assim é o mal. Ele não é natural no homem. O homem não foi criado com ele nem para ele. Como no exemplo do avião, há alguém que está por trás da maldade, inspirando-a. Se o homem pode dirigir um avião sem tocá-lo com suas mãos, alguém pode dirigi-lo na prática do mal sem lhe pôr as mãos. Daí o homem executar o mal por alguém inteligente que, às ocultas, o induz a agir. A guerra não começou na Terra, mas no Céu. O pecado é um mistério. Ele não se originou na Terra, mas começou no Céu, quando Lúcifer instigou a rebelião entre os anjos. Como dirigente da hoste celestial, ele desafiou a soberania de Deus (Isa.14:12-15). Ele era “cheio de formosura”, perfeito no caráter, “até que se achou iniqüidade” nele (Eze.28:12-15). Embora fosse o mais honrado de toda a hoste angélica, ele teve inveja do Criador e, cobiçando-Lhe o trono, começou a semear a discórdia entre os anjos, provocando assim rebelião. Apocalipse 12:10 – “Então ouvi uma grande voz no Céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo. Pois já o acusador de nossos irmãos foi lançado fora, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.” Apocalipse 12:11 – “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; não amaram as suas vidas até a morte”. Apocalipse 12:12 – “Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar, porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta.” Estes versículos cumpriram-se inteiramente na crucificação de Jesus. Quando Jesus foi morto na cruz, Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o universo celestial. Revelara-se um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, Satanás perdeu a simpatia dos seres celestiais. Até a morte de Cristo, Satanás ainda ia às vezes ao Céu. Como vimos acima, sua intenção era acusar os filhos de Deus que haviam aceitado a salvação em Jesus. Aos anjos ali no Céu, Satanás acusou Abraão, Jacó, Jó, Moisés e o povo de Deus em geral. A morte de Cristo, porém, fechou para ele o Céu e ali não pode mais entrar para acusar os servos de Deus. Os que habitavam no Céu se alegraram ao ali não ser mais permitido o acesso de Satanás. Não veriam mais o indesejável pisar os átrios sagrados, para depor contra aqueles pelos quais o Filho de Deus dera

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Sua vida na cruz. A justiça de Deus no trato com o rebelde tinha sido reconhecida. Mas, “ai dos que habitam na terra e no mar, porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira”. A ira de Satanás contra os habitantes da Terra é uma vingança contra o Filho de Deus. Apocalipse 12:13 – “Quando o dragão se viu lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão”. Apocalipse 12:14 – “E foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente”. Satanás Persegue o Remanescente Fiel Desesperado por não poder vencer a Jesus na Terra e também por não ter mais acesso ao Céu, Satanás procura então se vingar na Igreja. Imediatamente, iniciou uma terrível perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém, empregando para tanto o próprio povo judeu e o famigerado rei Herodes Antipas. Depois, os imperadores romanos. Em seguida, após usar Roma-pagã contra a igreja, Satanás usou Roma-papal. Durante mais de 12 séculos a mulher permaneceu escondida no deserto. Apocalipse 12:15 – “Então a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pela corrente”. Água em profecia representa povo (Apoc.17:15). Durante a supremacia papal, diferentes povos foram usados no esforço de destruir o fiel e verdadeiro povo de Deus. As páginas da História estão manchadas com o sangue de amargas perseguições e impiedosos massacres. Mas tudo foi em vão; ao contrário, “o sangue dos mártires é semente da igreja”. O céu se rejubila na vitória dos santos sobre o poder do dragão. “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho” (Apoc.12:11). Mas o profeta observa que outra tentativa, e mais sutil, é feita para destruir a igreja. O inimigo lança de sua boca um dilúvio para arrastar a mulher. Com efeito, um dilúvio de falsos professores, saturados de evolucionismo e filosofias humanas, tem-se levantado para opor-se à verdade de Deus. Isto tem sido assim especialmente desde o fim dos 1260 anos. A água vinha da boca da serpente. O que ele não logrou por meio de exércitos e das perseguições, busca alcançar por meio de um exército de falsos educadores. Propaganda mentirosa e a “falsamente chamada ciência” (I Tim.6:20) alcançará o seu clímax na batalha final contra a verdade.

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Apoc.12:16 – “Mas a terra ajudou a mulher, abrindo a sua boca e engolindo o rio que o dragão lançara de sua boca.” A terra socorreu a mulher – Se as águas representam densa população, a terra seria bem o oposto. Áreas relativamente desabitadas foram descobertas, onde os cristãos encontravam alívio da perseguição. Eles fugiram para os vales montanhosos dos Alpes e para a América do Norte. A terra abriu a sua boca – Foi pela boca da serpente que as mentiras originais foram pronunciadas e, desde então, uma catarata de doutrinas falsas vem saindo da boca da serpente. Mas a terra engoliu muitas dessas águas através do estudo de arqueólogos e geólogos. Arqueólogos forneceram evidências, vindas da terra, que ajudam a estabelecer a precisão histórica da Bíblia. A geologia fornece evidências, como a ausência de fósseis-chaves, a presença de inconformidades e a intensa complexidade mesmo das mais simples formas de vida, que ajudam a expor a falácia do evolucionismo. Apoc.12:17 – “Então o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao restante de sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus, e mantêm o testemunho de Jesus.” Apoc.12:18 – “E o dragão parou sobre a areia do mar.” A obediência é o teste. O inimigo está irado com aqueles que ainda obedecem a Deus. Milhões de cristãos têm sofrido como resultado de sua obediência. Se você obedece a Deus, Satanás atacará de todos os lados. Há uma semelhança de linguagem entre este verso e o de Gênesis 3:15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. A promessa de Deus implicava hostilidade entre a mulher e Satanás, entre a semente da mulher e a semente de Satanás. A descendência da serpente significa que Satanás teria “filhos” que agiriam como ele. A mulher teria filhos também e Deus prometeu ajudar àqueles que desejassem resistir aos filhos do diabo. A igreja de Cristo do tempo do fim é considerada um “resto”, evidência de que não seria uma grande corporação, mas seria constituída de poucos membros em relação ao número de adeptos de igrejas anticristãs. Aqueles “que guardam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus” sentirão a ira do dragão. Observando estas duas características há um povo que se manterá fiel até o fim dos tempos. A Lei de Deus e o Testemunho de Jesus não podem divorciar-se. A verdadeira Igreja de Deus deve apresentar essas duas características apontadas na profecia.

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Deus está chamando pessoas que queiram mostrar de que lado estão. Nossa decisão determinará se somos parte da descendência da mulher ou da descendência da serpente. Capítulo 13 de Apocalipse – Parte I Apocalipse 13 é um capítulo extenso e repleto de nomes e figuras simbólicas. São muitos detalhes e dados históricos, por isso este estudo será dividido em duas partes. Nesta primeira, vamos tratar até o versículo 11 e na posterior até o final. A palavra “besta” é muito utilizada neste capítulo e, para não dar margem a especulações, sua identidade está revelada em Daniel 7:17. Besta dizer que é um poder dominante – civil ou eclesiástico. Todos os detalhes, como veremos, enquadram-se perfeitamente na história de dois poderes. Apocalipse 12:18 – “E o dragão parou sobre a areia do mar.” É ali que a terra e o mar se encontram. Este capítulo descreve duas bestas, uma que vem do mar e outra que vem da terra. Apocalipse 13:1 – “Eu vi subir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia”. Apocalipse 13:2 – “A besta que vi era semelhante ao leopardo e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão. O dragão deu-lhe o seu poder, o seu trono e grande autoridade”. Em profecia as águas do mar simbolizam “povos e multidões” (Apoc.17:15) e uma besta é símbolo de poder dominante – civil ou eclesiástico (Dan.7:17). O profeta viu levantar-se dentre as nações um poder que sobre elas exerceria o seu domínio. Tudo, em cada detalhe desta revelação, demonstra que essa besta não é um poder civil e sim eclesiástico. E certos pormenores não deixam dúvida de que se trata de Roma-papal, como sucessora de Roma-pagã. Leopardo, urso e leão são imagens que já vimos em Daniel 7, quando o profeta descreveu a história política do mundo, ainda por vir. Primeiro o leão (Babilônia), depois o urso (Pérsia), a seguir o leopardo (Grécia) e finalmente a besta de dez chifres (Roma). Todas estas características estão incorporadas nesta besta de Apocalipse 13, demonstrando que a Roma-papal possuía características do paganismo dos três reinos anteriores que a precederam. Nestes reinos o

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paganismo era a religião oficial. Os quatro reinos: Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma – no conjunto, possuíam sete cabeças e dez chifres (O leopardo possuía quatro cabeças, cada um dos outros três animais possuíam uma cabeça, e a quarta besta apresentava dez chifres: Ver Daniel 7). Dentre os dez chifres da quarta besta (Roma) surgiu um décimo primeiro elemento, o qual a princípio era um “chifre pequeno”, mas que veio a tornar-se um poder perseguidor poderoso e blasfemo. O dragão dá à besta o seu poder – “A vinda desse iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira”, (II Tess.2:9). Aqui ocorre a transferência do poder do dragão de Roma-pagã para a Roma-papal. O dragão – o diabo e Satanás (Apoc.12:9) – sempre opera por meio de reinos e instituições terrestres. O antigo Egito, por exemplo, foi comparado ao dragão (Eze.29:3). Quer dizer que o poder humano utilizado pelo dragão continuou o mesmo – o Império Romano – havendo tão somente sofrido uma metamorfose do paganismo declarado para o paganismo cristianizado. Roma-papal foi empossada pelo dragão no trono de Roma-pagã, na sede do Império Romano na cidade de Roma. Isso prova ter o dragão dado à besta o seu trono, ou o espaço físico de seu domínio; seu poder representado nas sete cabeças romanas e seu grande poderio ou domínio representado nos dez chifres, ou a Europa. Realmente, Constantino deu o seu trono para o papa. O trono dos Césares foi deixado vago. Foi nessa vaga que o papado se assentou. Aqui estão as palavras de um escritor católico: “E piedosamente subindo ao trono de César, o vicário de Cristo tomou o cetro diante do qual imperadores e reis da Europa se curvariam em reverência por muitas eras”.(American Catholic Quarterly Review, abril de 1911). Outros imperadores também outorgaram poder ao papado. Passo a passo, o Império Romano (o grande dragão vermelho) deu grande autoridade à igreja (a besta com corpo de leopardo), com o clímax ocorrendo em 538, quando os exércitos do império expulsaram os ostrogodos de Roma, o que iniciou o período de 1260 anos. Deste modo, o símbolo da besta representa o papado, que se sucedeu no poder, trono e poderio mantidos pelo antigo Império Romano. O Golpe Mortal e a Cura Apocalipse 13:3 – “Então vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas a sua chaga mortal foi curada. Toda a terra se maravilhou,

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seguindo a besta”, Apocalipse 13:4 – “e adoraram o dragão que deu à besta a sua autoridade, e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?”. A cabeça que foi ferida de morte era a cabeça do papado. Em 1798, durante a Revolução Francesa, sob ordens de Napoleão, o papa Pio VI foi preso pelo general Alexander Berthier. Em 1929, Benito Mussolini assinou um tratado devolvendo as terras ao Estado do Vaticano (Tratado de Latrão). Conforme a profecia, estava restaurado o poder temporal do papado. A ferida mortal de 1798 já estava cicatrizada. Embora restaurado ao poder temporal em 1929, o papado jamais se conformou com apenas os 44 hectares que compreendem o Estado do Vaticano. Mas nem mesmo com a Europa inteira, seu antigo domínio, se conforma o papado. As pretensões vão muito além. Reza a profecia que o papado almeja o domínio de “toda a Terra”, a totalidade do globo, todas as nações. Sentado no trono de um Estado, o menor do mundo, é o papa um soberano mundial cujos súditos espirituais se encontram em todas as nações da Terra. Assim, já podemos dizer, em parte, que “toda a terra se maravilhou seguindo a besta”. Tempo virá, porém, em que a profecia se cumprirá em toda a sua plenitude, e o poder temporal do papado será exercido em toda a Europa, como fora exercido no passado, e estender-se-á aos países católicos da América e de outros continentes. Não podendo receber Satanás uma adoração direta do mundo, recebe-a indiretamente por intermédio da besta. Satanás não poderia ter empregado idéia mais enganosa do que esta de receber homenagens de adoração do mundo, através de um poder denominado cristão. Este é o perigo da adoração da besta “semelhante ao leopardo”. Adorar um poder que recebeu autoridade do dragão significa cometer grave pecado contra Deus e o Céu. No entanto, o papado, na pessoa de seus pontífices, não só pretende adoração como a tem recebido de milhões de adeptos grandes e pequenos. Todo mundo sabe que o papado, e também seu clero em toda a Terra, exigem e recebem a adoração que só a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo pertencem de direito. De outro lado, multidões adoram Roma-papal, obedecendo a suas leis e dogmas. A um decreto seu, os expedientes governamentais, em toda a Terra, fecham suas portas, como também o comércio e a indústria detêm

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suas transações. As instituições de ensino, mesmo as protestantes, cerram suas portas. Sim, respeitando seus dias santificados, a Terra, em grande parte, está homenageando e curvando-se aos pés da besta. “Quem é semelhante à besta?” – Este é o desafio dos adoradores da besta. Jamais existiu outro poder comparável ao do papado, nem o dos soberanos das nações. O poder do papado é tão maior do que o das nações que exerce sua influência sobre elas. Os súditos do Vaticano são os próprios súditos das nações do mundo. Centenas de milhões de habitantes da Terra são mais fiéis a Roma do que às suas próprias nações. Por isso os seus adoradores orgulham-se em dizer: “Quem é semelhante à besta?”. “Quem poderá batalhar contra ela?” Esta pergunta é um desafio dos adoradores da besta a seus adversários. Nenhum poder terreno destruirá jamais o poder papal. Esse poder não cairá jamais pelo braço do homem. Porém, sua queda irreversível é apenas uma questão de tempo. Sua derrocada virá de cima, inesperada e segura. Deus logo ajustará contas com o poder que usurpou o Seu nome. O mundo vai se ver livre da intolerância do poder da besta “semelhante ao leopardo”. O Ataque Final da Besta aos Fiéis O papado não é uma democracia nem mesmo no seu Estado. Numa democracia o soberano é eleito pelo povo de seu Estado, para se tornar governante. Não se dá isto com o soberano do Vaticano. O papa, em seu Estado, não é eleito pelo povo católico. Este não comparece às urnas para elevá-lo ao trono. Nenhum católico do mundo, exceto os cardeais, elege o seu pontífice. O que o papa estabelece é executado. Ele domina suas consciências. E, quando no futuro restaurar completamente o seu domínio temporal, e ainda muito mais ampliado, veremos coisas e leis espantosas demandarem a Terra procedentes do trono de Roma. Apocalipse 13:5 – “Foi-lhe dada uma boca para proferir arrogâncias e blasfêmias, e deu-se-lhe autoridade para continuar por quarenta e dois meses”. Os 42 meses proféticos da dominação temporal do papado equivalem a 1260 anos, que foram contados da derrota dos ostrogodos em Roma (538), até a ferida mortal da Revolução Francesa (1798). Vemos assim que no ano 538 o catolicismo foi estabelecido por Justiniano como religião oficial do Estado, sendo proibidas todas as outras religiões. O bispo de Roma foi declarado a cabeça de todas as igrejas. O paganismo cedeu lugar ao papado. O dragão deu à besta “o seu

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poder, o seu trono e a sua autoridade”. E começaram então os 1260 anos da opressão papal. Apocalipse 13:6 – “E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo e dos que habitam no céu”. Se as palavras arrogantes da besta atingissem apenas os seus iguais na Terra e os seres celestiais comuns, isto ainda não seria tão grave. Porém, suas mais ofensivas palavras são dirigidas “contra Deus, para blasfemar do Seu nome, e do Seu tabernáculo”. Na verdade, uma blasfêmia só pode mesmo ser dirigida contra Deus. Em primeiro lugar, diz a profecia que a besta profere blasfêmias contra o nome de Deus. E quando é que um ser mortal blasfema do nome de Deus? Nos evangelhos encontramos uma indicação muita clara do que seja blasfemar contra o nome de Deus. Num dos debates entre Cristo e os judeus, estes Lhe responderam: “Não Te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo Tu homem, Te fazes Deus a Ti mesmo.” (João 10:30-33). A acusação dos judeus contra Jesus era falsa porque Ele realmente era e é Deus. Mas, quando um homem se intitula Deus e assume as prerrogativas de Deus e os títulos relativos à divindade, isto constitui verdadeiramente uma blasfêmia. Há no direito canônico papal uma proposição que estabelece: “O papa romano não ocupa o lugar de um mero homem, senão o do verdadeiro Deus neste mundo”. ... “O papa tem tão grande autoridade e poder que pode mesmo modificar, explicar ou interpretar as leis divinas”. Quando a igreja de Roma se arroga perdoar pecados de vivos e mortos, em desacordo com o ritual do templo celestial onde os pecados são perdoados somente pelo Filho de Deus, isto também é blasfêmia. Esta atitude desmantela a obra mediadora de Jesus no santuário e significa blasfemar “do Seu tabernáculo”. Apocalipse 13:7 – “Também foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los. E deu-se-lhe poder sobre toda tribo, língua e nação.” Aos que o papado perseguiu taxando-os de hereges, a profecia de Deus chama-os de santos. Logo que se iniciaram os 1260 anos de supremacia temporal do despotismo papal, os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e cultos estabelecidos pelo papa, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelos instrumentos de tortura, ou pela fogueira. Desencadeou-se a perseguição sobre o povo de Deus com maior fúria e o mundo se tornou um campo de batalha. Durante séculos a igreja de Cristo

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encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Diz a profecia: “A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada por mil duzentos e sessenta dias”.(Apoc.12:6). Os governos europeus, os quais se aliaram ao papado e estiverem sob seus pés por 1260 anos, consentiram e ajudaram-no a massacrar os seus povos em favor de Roma. A Besta Exige Adoração Apocalipse 13:8 – “E todos os que habitam sobre a terra a adorarão, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Apocalipse 13:9 – “Se alguém tem ouvidos, ouça”. Apocalipse 13:10 – “Se alguém deve ir para o cativeiro, para o cativeiro irá. Se alguém deve ser morto à espada, necessário é que à espada seja morto. Nisto repousa a perseverança e a fidelidade dos santos”. Em outras palavras, quem ainda tem consciência, ouça a advertência e abandone Roma e ponha-se sem temor ao lado da verdade divina. Quando o papa foi levado prisioneiro por Berthier, estas palavras foram cumpridas. O papado tinha feito milhões de cativos e aprisionados, e agora ele mesmo estava indo para o cativeiro. No futuro, uma outra espada predita cairá sobre o mesmo poder opressor, então para eliminá-lo para sempre do mundo. Apocalipse 13:11 – “Então vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro, mas falava como dragão”. A primeira besta, o papado, surgiu do mar, ou seja, de uma região onde havia muitas nações e povos. Portanto, a segunda besta que subiu “da terra” e não do mar, surgiu de um território desocupado e deserto. Uma região da Terra onde ainda não havia povos e nações. Que poder surgiu de forma pacífica (longe de povos e nações) ao tempo em que o papado recebeu o golpe mortal dos revolucionários franceses em 1798? A Europa, Ásia e África não só eram continentes habitados como sacudidos por guerras, não preenchendo os requisitos de territórios desertos e pacíficos de onde deveria surgir a segunda besta desta profecia. Na continuação do estudo deste capítulo vamos descobrir quem é este poder.

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Capítulo 13 de Apocalipse – II Parte Em 1492, Cristóvão Colombo aportou no continente americano, descobrindo-o para o resto do mundo. Foi, inquestionavelmente, na América solitária que se ergueu a nova besta, o novo poder que iria ter extraordinária influência no mundo. Apocalipse 13:11 – “Então vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro, mas falava como dragão”. Chifres, em Daniel e Apocalipse, são símbolos de poder governamental. Esta besta de dois chifres como de cordeiro usa seu poder governamental de uma maneira gentil, quase cristã. Os chifres não têm coroas como o grande dragão vermelho (Romã pagã) e a besta com corpo de leopardo (Roma papal). Isso indica que não haverá nem papa, nem rei, mas um poder democrático. O fato de ter dois chifres, neste caso, pode ser uma alusão às duas características principais dos Estados Unidos: a liberdade civil e a liberdade religiosa. Há três poderes religiosos no mundo. O paganismo abrange todas as nações não cristãs, o que compreende mais da metade da população da Terra. O catolicismo abrange as nações que compõem uma grande parte da cristandade e o protestantismo é outro grande poder religioso. A profecia fala sobre uma nação que representa um forte poder religioso, que não é nem o paganismo nem o cristianismo, e que é representado por uma besta com dois chifres que emerge da Terra. O Cordeiro Fala Como Dragão Um governo fala por meio de suas leis. De acordo com esta profecia, podemos estar preparados para enfrentar perseguições. O dragão foi um perseguidor implacável da igreja. O leopardo, que veio a seguir, também foi um poder perseguidor que ceifou a vida de milhões de cristãos durante os 1260 anos. Quando esta besta fala como um dragão, isso quer dizer que sua natureza muda de cordeiro para dragão, e que ela faz o mesmo tipo de obras do dragão – que veio antes dela. A “fala” da nação são os atos de suas autoridades legislativas e judiciárias. Quais serão os atos dos Estados Unidos através de seus dois órgãos – legislativo e judiciário – que representarão a voz do dragão? Antes de tudo tenhamos em vista que, em outros textos do Apocalipse, a besta semelhante a cordeiro é identificada como o “falso profeta” (Apoc.16:13; 19:20 e 20:10).

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Um falso profeta, segundo as Sagradas Escrituras, tem a pretensão de falar e ensinar matéria de religião em nome de Deus, quando em verdade sua mensagem é falsa. É em matéria de religião, portanto, que os Estados Unidos falarão, futuramente, “como o dragão”, através de suas autoridades legislativas e judiciárias. Apocalipse 13:12 – “Exercia toda a autoridade da primeira besta na sua presença, e fazia que a terra e os que nela habitavam adorassem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada”. A primeira besta da visão é o papado. Portanto, a autoridade que a besta de dois chifres irá exercer é o poder religioso arbitrário sobre as consciências. Chegará a ponto de exercer o poder perseguidor do papado contra todos quantos não se puserem em harmonia com seus ensinos em matéria de religião. E esse poder opressor será exercido pelos Estados Unidos na presença do papado. A profecia anuncia aqui a união dos Estados Unidos, como nação protestante, com o papado romano. O tempo se encarregará desta união. Não vai haver como deter o poder cada vez mais crescente do catolicismo nos Estados Unidos. Uma nação capaz de fazer com que “todas” as pessoas façam alguma coisa – com exceção unicamente dos seguidores de Deus – tem de ser necessariamente um país poderoso, um líder mundial. A declaração de que “a Terra e os que nela habitavam” deverão adorar a primeira besta, indica que a autoridade desta nação deve ser exercida pela imposição de alguma observância de natureza religiosa em homenagem ao papado. Somente em flagrante violação das garantias constitucionais de liberdade religiosa da nação americana, poderá qualquer observância religiosa ser imposta pela autoridade civil. Mas, a incoerência desse procedimento está contida no símbolo profético. Afinal, não é a besta semelhante ao cordeiro que fala como dragão? Assim é que a nação americana quebrará logo a barreira constitucional que diz respeito à liberdade religiosa, para exaltar o papado e perseguir os verdadeiros seguidores de Cristo. Leis serão promulgadas pelo Congresso americano, em exaltação do papado e seus dogmas. O Congresso e o Presidente provavelmente não decretarão a legislação inicial com o intuito de atingir a minoria que guarda os mandamentos de Deus, do mesmo jeito que Nabucodonosor não ergueu sua imagem de ouro com o propósito de lançar na fornalha os três amigos de Daniel. O rei até mesmo concedeu àqueles homens a oportunidade de modificarem sua postura. Porém, quando os três jovens hebreus responderam bravamente: “Não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste”, a ira do rei não conheceu

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limites (Dan.3:18). A Velha Mentira Reaparece Apocalipse 13:13 – “E fez grandes sinais, de maneira que até fogo fazia descer do céu à terra, à vista dos homens.” Em Apocalipse 16:13-14 é enfatizado que da boca do falso profeta, o protestantismo apostatado, como também da boca do dragão e da boca da besta, saem “espíritos imundos” ou “espíritos de demônios que fazem prodígios”. Em Apocalipse 19:20, é referido que o falso profeta “fizera os sinais, com que enganou...” Assim, os “grandes sinais” incluindo até “fogo descer do céu”, é obra exclusiva de demônios através da besta que subiu “da terra”, cujo objetivo é enganar as pessoas. Trata-se, portanto, de um poder sobrenatural que opera sob o controle de demônios enganadores. Que poder é esse? O espiritismo. Basta que a besta de dois chifres fale “como o dragão” – Satanás – para que nos certifiquemos de que todos os seus atos, que cumprem a profecia, sejam atos do próprio dragão e seus demônios expulsos do Céu. Verificou-se no Jardim do Éden a primeira sessão espírita havida na Terra. A serpente era o médium e o espírito que por ela atuara era Satanás. Não era possível que um espírito de morto atuasse através do animal, porque ninguém ainda havia morrido na Terra. Porém, em Apocalipse 12:9, temos a certeza de que Satanás foi o agente enganador invisível. Formação da Imagem da Besta Apocalipse 13:14 – “Por causa dos sinais que lhe foi permitido fazer na presença da besta, enganava os que habitavam na terra, e dizia-lhes que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia.” A imagem da besta deverá ser feita pela besta de “dois chifres semelhantes aos de um cordeiro” – os Estados Unidos. O fato de o versículo seguinte (15) dizer que a “imagem da besta”, ao ser formada, falará e matará, é evidência de que não se trata, como alguns entendem, de uma imagem do culto do catolicismo.

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Segundo Apocalipse 15:2, a “imagem da besta” é um poder contra o qual sairão vitoriosos os que estarão afinal no mar de vidro. Significando isso que, para saírem vitoriosos, terão de lutar contra esse poder. Trata-se, portanto, a “imagem da besta”, a ser formada pelos Estados Unidos, verdadeiramente de um poder perseguidor vindo da união da Igreja com o Estado. Segundo a profecia, a “imagem da besta” será realizada nos Estados Unidos como uma homenagem a Roma, em virtude de se propor exaltar o “sinal da besta” – o domingo – por uma lei constitucional. Assim, o protestantismo apostatado e o catolicismo conjugam suas forças num desmedido esforço marchando juntos para a consecução da “imagem da besta” em homenagem ao papado romano. Apocalipse 13:15 – “Foi-lhe concedido também que desse fôlego à imagem da besta, para que ela falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.” Como a “imagem da besta” é a união entre a Igreja e o Estado, em que a Igreja faz do Estado o seu servo, a Igreja terá o poder para falar e o Estado o dever de executar o que ela fala. Ou, podemos dizer também que o Estado falará não mais como um Estado civil livre, mas como um Estado religioso opressor que é a “imagem da besta”. É isto o que quer dizer: “E foi-lhe (ao Estado pelo dragão) concedido também que desse fôlego à imagem da besta, para que ela falasse”, e falasse como dragão. Sobre isto a profecia é muito evidente. A “imagem da besta”, revestida do poder da própria nação, falará contra os que se lhe oporem, isto é, contra aqueles que protestarão contra a união da Igreja e do Estado. Sua fala contra eles será de morte, dada a fidelidade deles aos mandamentos de Deus e a recusa da aceitação da “imagem da besta” e de suas imposições. Mas nenhum dos servos de Deus há de morrer pelas sentenças da “imagem da besta”. Deus os protegerá de modo a não lhes cair um só fio de cabelo da cabeça. Serão protegidos pelas legiões de santos anjos celestiais, pelo que não será executada contra eles a sentença de morte em razão da lealdade que manifestam à lei de Deus e ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles, reza a profecia, sairão “vitoriosos da besta, e da sua imagem” (Apoc.15:2). Esse futuro tempo será para eles a “angústia de Jacó”, e não “morte de Jacó”, pois este, ao atravessar sua grande crise, não morreu em decorrência de sua angústia.

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Controle Mundial & Imposição do Falso Dia de Guarda Apocalipse 13:16 – “E fez que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, lhes fosse posto um sinal na mão direita, ou na testa”, Apocalipse 13:17 – “para que ninguém pudesse comprar ou vender, senão aquele que tivesse o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome”. Em harmonia com o exposto acima, o “sinal da besta” é o sinal do papado, que é a “besta”. Portanto, como o papado é um poder religioso, seu sinal deve ser necessariamente uma instituição religiosa sua por meio da qual pretenda ser reconhecido no mundo como autoridade suprema. O apóstolo Paulo descreve o papado, na pessoa do papa, como “homem do pecado” que se arroga o direito de supremacia “contra tudo o que se chama Deus” ou revela o nome de Deus, “se adora” e se assenta “no templo de Deus”, a igreja, “querendo parecer Deus” (II Tess.2:3-4). Deste modo, pretende o papado destronar a Deus e ser olhado por toda a igreja como autoridade em lugar de Deus e acima de Deus, pois revela o apóstolo que se exalta “contra tudo o que se chama Deus”. Quando um poder pretende ter derrubado outro poder, trata imediatamente de modificar a lei daquele a quem destronou, por meio da qual ele exercia a sua autoridade. Estabelece então uma outra lei ou Constituição que revele a sua autoridade como novo soberano vencedor. E foi precisamente isto que o papado procurou realizar para exaltar-se a si mesmo acima de Deus, como usurpador dos direitos de Deus. Referindo-se às suas pretensões, o profeta Daniel menciona três coisas que o papado faria ao colocar-se acima de Deus: 1) “Proferirá palavras contra o Altíssimo”. 2) “Destruirá os santos do Altíssimo”. 3) “Cuidará em mudar os tempos e a lei” (Dan.7:25). Analise a lógica profética sobre um poder usurpador: 1) Fala contra o poder que derrubou. 2) Persegue e elimina os súditos do poder derrubado, se não simpatizarem com a nova ordem. 3) Muda a lei ou a Constituição do poder vencido. E não foi nada mais do que isto que o papado fez em relação a Deus. Dos três pontos, porém, o que a profecia mais destaca é o que trata da lei em que é dito que o papado – cuidará em mudar os tempos e a lei. A lei

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que o papado cuidaria em mudar não pode ser outra senão a lei de Deus. Pois jamais poderia ele exercer o despotismo religioso e colocar-se acima de Deus a menos que alterasse a lei divina, afastando dela a autoridade de Deus. Enquanto Daniel profetizara que o papado cuidaria em mudar a lei de Deus, nós hoje vemos a profecia cumprida. Assim, têm o cristianismo duas leis – a lei original, escrita pelo dedo do Criador e a lei adulterada pelo papado. A lei de Deus, que é a expressão do Seu próprio caráter, requer a obediência de Seus fiéis seguidores. A lei papal, que emana de Roma, exige fidelidade à vontade do papa. Ambos, o Deus do Céu e o deus de Roma exigem obediência às suas leis. A lei a que os homens obedecem revela o Deus que eles adoram e servem. Para que Deus não continuasse mais a reinar na Terra e sim o papado, era imprescindível que este poder afastasse da lei de Deus o preceito que expressa a Sua suprema autoridade e o substituísse por outro que revelasse, na lei, a suprema autoridade papal. Na lei de Deus, o preceito que expressa a Sua autoridade como legislador e soberano nos Céus e na Terra, é o quarto mandamento. Inquestionavelmente, o quarto mandamento, ordenando a santificação do sábado do sétimo dia, contém, por suas próprias expressões, a assinatura de Deus como legislador do Decálogo. Todo homem que acata o Sábado como dia de repouso divino e o observa conforme a ordenança do quarto mandamento, homenageia a Deus como Criador e O reverencia como seu Deus a quem unicamente adora e serve na Terra. Para que o papado pudesse colocar-se acima de Deus e o seu pontífice pretendesse ser deus na Terra, é evidente que deveria abolir especialmente o quarto mandamento que ordena a santificação do sábado do sétimo dia e apresenta a Deus como Criador, e substituí-lo por um outro dia de repouso semanal que designasse, não mais ao Criador como legislador da lei e supremo Deus nos Céus e na Terra, mas sim ao papa ou ao papado como “deus deste mundo” ou substituto de Deus entronizado em Roma. E, posto que a Bíblia chamada católica, a Vulgata, conserve intacto o quarto mandamento ordenando o repouso do sétimo dia, temos nos catecismos autorizados da Igreja católica uma lei, neles denominada de lei de Deus, em que o dia do repouso semanal original não é mais apresentado como dia de repouso. O primeiro dia da semana é definido nos catecismos como dia de repouso substituto do sábado do sétimo dia. E, esta mudança do dia de repouso, é expressamente confessada por autoridades católicas como obra real do papado em evidência de sua autoridade. Na transferência do repouso semanal do Sábado do sétimo dia para o

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primeiro dia da semana, o papado não fez nada mais nem menos do que substituir o sinal da autoridade suprema de Deus pelo sinal de sua própria autoridade como um falso deus sobre a Terra. Daí o domingo, na lei modificada do catecismo católico, ser o sinal do papado e como tal o “sinal da besta”. Ao ser alterada a Constituição Norte-Americana e o protestantismo apostatado tornar-se religião oficial do Estado, então a igreja obrigará o Estado a impor pela lei o “sinal da besta”, papado, isto é, a observância obrigatória do domingo. Perceba que o movimento do protestantismo norte-americano visa o mundo inteiro. Nisso, vemos o cumprimento da profecia, pois reza ela que a besta de dois chifres induzirá a “todos os que habitam sobre a Terra” a fazer uma “imagem à besta” pela exaltação do seu sinal. Para a “imagem da besta”, será indiferente estar o sinal na mão direita ou na testa; o que lhe importa é que todos ostentem a marca da apostasia papal. A mão direita é a mão da ação e a grande massa da nação submeter-se-á à imposição do repouso obrigatório do domingo, simplesmente por consideração de comodidade ou conveniência pessoal, sem com isso reconhecer nenhum fundamento religioso, mas dando, deste modo, indiretamente, o seu apoio a uma instituição religiosa e aceitando implicitamente a autoridade da besta imposta por sua imagem. Estes receberão o sinal na sua mão direita com a qual, indiretamente, apóiam as pretensões da besta e sua imagem. A outra classe será constituída pelos que espontaneamente se hão de submeter às suas imposições, mas pelo coração e pelo entendimento, crendo estar servindo e apoiando uma causa justa. Estes estarão identificados com a doutrina e por ela com o caráter da besta, tanto pelo coração como pela inteligência, e terão o sinal em suas testas. Portanto, por convicção ou não, todos serão obrigados, pelo protestantismo e Estado irmanados, a receberem o “sinal da besta”. Quando tudo isto suceder em breve, na América Protestante, agora livre, ficará assentado com toda a evidência que o ponto característico especial da besta e de sua imagem é a violação dos mandamentos de Deus. Os protestantes estão abrindo a porta para o papado, a fim de readquirir na América protestante a supremacia que perdeu no Velho Mundo. Os cristãos das gerações passadas observaram o domingo, supondo que em assim fazendo estavam a guardar o sábado bíblico; e, hoje, existem verdadeiros cristãos em todas as igrejas, que crêem sinceramente ser o domingo o dia de repouso divinamente instituído. Deus aceita a sinceridade de propósito de tais pessoas e sua integridade.

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A Imposição da Marca da Besta Quando, porém, a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma, honrará desta maneira ao papado mais do que a Deus. Prestará homenagem a Roma e ao poder que impõe a instituição que Roma ordenou. Adorará à besta e à sua imagem. Ao rejeitarem os homens a instituição que Deus declarou ser o sinal de Sua autoridade, e honrarem em seu lugar a que Roma escolheu como sinal de sua supremacia, aceitarão, de fato, o sinal de fidelidade para com Roma – “o sinal da besta”. E somente depois que esta situação estiver plenamente exposta perante o povo, e este seja levado a optar entre os mandamentos de Deus e os dos homens, é que, então, aqueles que continuam a transgredir hão de receber “o sinal da besta”. Mas ninguém deverá sofrer a ira de Deus antes que a verdade se tenha apresentado à consciência, e haja sido rejeitada. Há muitos que nunca tiveram oportunidade de ouvir as verdades especiais para este tempo. A obrigatoriedade do quarto mandamento nunca lhes foi apresentada em sua verdadeira luz. Aquele que lê todos os corações e prova todos os intuitos, não deixará que pessoa alguma que deseje o conhecimento da verdade seja enganada quanto ao desfecho da controvérsia. O decreto não será imposto ao povo cegamente. Cada qual receberá luz bastante para tomar inteligentemente a sua decisão. Temos assim que “o sinal da besta” e o sinal de Deus só serão impostos, quando o mundo for logo esclarecido de toda esta questão, como se acha predito em Apocalipse 18:1-4. Apocalipse 13:18 – “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é o número de um homem. O seu número é seiscentos e sessenta e seis”. O versículo anterior diz que a “besta” tem um nome e que seu nome encerra um número. Para encontrarmos o seu número é imprescindível sabermos antecipadamente o seu nome. Sendo a “besta” um poder, é evidente que o seu nome deve ser um título representativo do seu poder empregado pelo homem que a representa. Quer dizer ainda que esse homem e a “besta” que ele representa, pertencem a uma nacionalidade cujo sistema numeral é exemplificado em letras do seu próprio idioma (algarismos romanos). É assim que o número

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do seu nome é encontrado nas letras do seu nome. O homem, cujo nome revela o título do papado, é o seu representante pessoal – o papa. Há muitos nomes e títulos arrogados pelo papa, mas o mais significativo deles é “Vicarivs Filii Dei”, que significa “Substituto do Filho de Deus”. Este é o nome que se lê na tiara do papa. O número do seu nome: V I C A R I V S F I L I I D E I 5 1 100 0 0 1 5 0 0 1 50 1 1 500 0 1 = 112 + 53 + 501 = 666 A profecia diz que o “número da besta” é o “número de um homem”, o que revela que o poder papal não é divino ou de instituição divina, como ele pretende que seja, mas exclusivamente humano. O capítulo 13 de Apocalipse revela o poder e peculiaridades distintas do poder perseguidor. No próximo estudo, vamos conhecer as características daqueles que serão perseguidos; ou seja, os verdadeiros adoradores de Deus.

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Capítulo 14 de Apocalipse O capítulo 14 trata de três assuntos principais: Os 144 mil na glória, a tríplice mensagem angélica e a intervenção do Céu na Terra. Os detalhes deste capítulo, dentro de suas divisões, são de suprema solenidade. São eles: Predição da restauração do evangelho eterno, num movimento mundial e o anúncio da chegada da hora do juízo; A denúncia da queda da Babilônia espiritual ou do falso cristianismo; A mais grave e solene advertência jamais feita aos mortais contra a adoração da besta, de sua imagem e a recepção de seu sinal; Evidencia-se um povo que guarda os mandamentos de Deus e possui a fé de Jesus; É referida a colheita da Terra pela segunda vinda de Cristo; O juízo de Deus é executado no símbolo das uvas que são pisadas no lagar da Sua ira. Os 144.000 Apocalipse 14:1 – “Então olhei e vi o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil que traziam escrito na testa o seu nome e o nome de seu Pai”. De tudo quanto se diz sobre os 144 mil neste capítulo e nos capítulos sete e décimo quinto, temos muitas razões para crer que eles constituem os justos que estarão vivendo na Terra por ocasião da segunda vinda de Cristo. Eles são um grupo especial que foi selado com o “selo do Deus vivo”. Foram congregados de todas as nações. O nome de – Deus Criador – contido no mandamento do sábado é também aplicado ao Filho de Deus visto que Ele também é Deus e Criador dos Céus e da Terra. Assim, terão os 144 mil em suas testas o nome do Cordeiro e o nome do Pai. O monte Sião é citado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento como o trono de Deus. Apocalipse 14:2 – “E ouvi uma voz do Céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão. A voz que ouvi era como de harpistas, que tocavam com suas harpas”.

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A voz dos 144 mil triunfantes do monte Sião. Apocalipse 14:3 – “E cantavam um cântico novo diante do trono, e diante dos quatro seres viventes e dos anciãos. Ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que tinham sido comprados da terra.” Os 144 mil cantarão um “novo cântico” que está bem esclarecido no capítulo quinze. Este é um novo cântico, pois registra uma nova experiência. Ninguém senão os 144 mil, em toda a eternidade, poderá aprender este novo cântico; pois, será o cântico que expressará uma experiência pela qual jamais alguém terá passado em tempo algum além deles. E isto prova que todos os 144 mil terão idêntica experiência em um tempo único, definido, como relata Apocalipse 15:2-3. Apocalipse 14:4 – “Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois são virgens. Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram comprados para ser as primícias para Deus e para o Cordeiro.” Mulher em profecia significa igreja. Em Apoc.17:5, temos o quadro de uma mulher impura com suas filhas, as quais participam de sua mesma natureza corrompida. Esta mulher é chamada “Mistério, a Grande Babilônia”. As “mulheres” desta profecia são figuras das igrejas caídas, do mundo cristão, com as quais os 144 mil não estarão contaminados ou não terão com elas relação alguma no momento da segunda vinda de Cristo. Não quer isto dizer que nunca pertenceram antes a igrejas caídas. Lemos no capítulo dezoito que Deus faz um forte apelo a Seu povo, enganado, que está ainda na Babilônia espiritual, ou nas igrejas caídas, para que saia dela a fim de não participar de seus pecados. Ao deixar Babilônia, em atenção ao chamado de Deus, escapam da contaminação das falsas “mulheres” ou das falsas igrejas. Desta maneira, uma vez desligados das igrejas corrompidas, eles serão “virgens”, pois não estão praticando o adultério espiritual. A igreja que estará esperando pelo retorno do Mestre é descrita como dez virgens (Mat.25:1-13). São virgens porque têm a fé pura. Guardam os dez mandamentos de Deus e possuem a fé de Jesus (Apoc.14:12). As “lâmpadas” nas mãos das virgens são símbolo da Palavra de Deus (Sal.119:105). Mas, não basta possuir a lâmpada; é preciso ter, também, o óleo – uma profunda experiência cristã que vem por meio da presença do Espírito Santo de Deus. Apocalipse 14:5 – “Na sua boca não se achou engano; são irrepreensíveis”. Não se achou “mentira” em seus lábios. Não revelaram qualquer

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intimidade com a falsa mãe Babilônia e suas filhas prostitutas. Não adoraram a besta e sua imagem. Eles “não amaram a própria vida” “mesmo em face da morte” (Apoc.12:11). Eles seguem a Cristo, sem medo da morte. Eles O seguem na prosperidade e na adversidade, na alegria e na tristeza, na perseguição e no triunfo. Eles rejeitaram toda falsa doutrina e proclamaram a verdade de Deus. Na sua boca não se achou engano. Eis o caráter daqueles que hão de ser eternos. O Evangelho Eterno Apocalipse 14:6 – “Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua, e povo”. Simbolizando uma mensagem ou um mensageiro, este primeiro anjo representa um movimento de âmbito mundial; não alguma mensagem nova, mas a mesma mensagem do passado. Deus sempre teve apenas um único evangelho. O evangelho eterno nunca muda. Ele foi anunciado primeiro no Éden (Gen.3:15), depois para os filhos de Israel (Heb.4:1-2), e é proclamado de novo a cada geração. No capítulo oito, do livro de Daniel, está bem assentada a profecia de que Roma-papal lançaria por terra a pura verdade do evangelho e que trocaria pelas tradições de homens sem Deus. E esta ação da igreja de Roma determinou a apostasia do cristianismo, que redundou no surgimento do “homem do pecado” que se assenta “como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”, decretando dogmas religiosos em substituição aos do “evangelho eterno” de Deus. Também o protestantismo, que pretende ter-se afastado de Roma, tem aviltado de igual maneira a Bíblia, introduzindo novos erros em lugar do evangelho eterno. Porém, o primeiro anjo, “voando pelo meio do Céu”, a representar um movimento de Deus nestes últimos tempos, anuncia a restauração do “evangelho eterno”. A Mensagem do Primeiro Anjo Apocalipse 14:7 – “Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e daí-lhe glória, porque é chegada a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, a terra, o mar e as fontes das águas”. O que significa temer a Deus? “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Ecles.12:13). A declaração atesta haver um tempo pré-definido em que a hora do juízo chegaria. A mensagem do juízo seria proclamada no mundo

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imediatamente ao chegar o “tempo do fim”, em 1798. Desta data em diante, poderíamos esperar o anúncio da chegada da hora do juízo. Além disso, a hora do juízo chegaria quando o “evangelho eterno” fosse proclamado através de um grande movimento mundial “a toda nação, e tribo, e língua, e povo”, o que só poderia ser possível com o concurso da ciência, segundo anunciara o profeta (Dan.12:4). Desde o ano de 1844, segundo o profeta Daniel, iniciou-se o juízo no Céu. Enquanto no Céu, no santuário de Deus, se processa o juízo desde 1844, na Terra a mensagem do primeiro anjo adverte os homens sobre a sua realidade. Em seu sermão em Atenas, Paulo disse que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e creditou diante de todos” (Atos 17:31). Os que aceitam o “evangelho eterno” se distinguem dos demais ditos cristãos, exatamente por obedecerem aos mandamentos da lei de Deus. Sabem que não estarão obedecendo ao evangelho eterno desprezando esses mandamentos. Sabem que não serão perdoados, se insistirem na transgressão da lei divina, que é a norma do juízo pela qual serão afinal julgados. É unicamente o quarto mandamento do Decálogo que aponta “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”.(Êxo.20:8-11). O mandamento do sábado foi estabelecido por Deus com um propósito claramente definido, isto é, para que o homem se lembre perpetuamente de que Deus é o Criador do Céu, da Terra, do mar e de tudo quanto neles há. É pela observância do sábado que Deus espera ser reconhecido e adorado pelos habitantes do mundo como Criador, mantenedor e doador de todas as coisas. Antes do fim do mundo e da segunda vinda de Cristo, a partir de 1844, esta verdade deveria ser restabelecida na Terra segundo esta profecia. Em 1856, quando já o “evangelho eterno” estava sendo anunciado ao mundo há doze anos, por um povo remanescente especial, e Deus sendo dado a conhecer como Criador, surgiu Carlos Darwin com o seu livro intitulado “A Origem das Espécies”, em que contraria abertamente a doutrina criacionista do quarto mandamento da lei de Deus e do evangelho de Cristo. Uma vez que o registro bíblico da criação está sendo contrariado e uma vez que o sábado de Deus, um sinal do Seu poder criador foi posto de lado pela humanidade em geral, é vital que todas as pessoas, em todas as partes, sejam alertadas sobre essa questão crucial que tem a ver com a verdadeira adoração. A mensagem do primeiro anjo:

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> Abrange todas as pessoas; > Chama o homem para adorar a Deus (guardar os Seus mandamentos) > Anuncia a hora do juízo divino; > Chama o povo para adorar o Criador (guardar o sábado). A Mensagem do Segundo Anjo Apocalipse 14:8 – “Um segundo anjo o seguiu, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição.” A palavra Babilônia, ou Babel, quer dizer confusão. Ela teve sua origem com a cidade e a torre que o povo tentou construir na terra de Sinear, depois do dilúvio. Foi lá que as línguas do mundo foram confundidas. É um símbolo adequado para as igrejas populares e seculares, com suas centenas de diferentes seitas e doutrinas contraditórias. Apocalipse 12 fala sobre a mãe verdadeira, a igreja pura. Babilônia também é uma mãe; ela é chamada “a mãe das meretrizes” (Apoc.17:5). O grande pecado imputado à Babilônia é que “a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição”. Esta taça de veneno que ela oferece ao mundo representa as falsas doutrinas que propagou. Multidões têm bebido o vinho destas falsas doutrinas. A Mensagem do Terceiro Anjo Apocalipse 14:9 – “Seguiu-os ainda um terceiro anjo, dizendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão”, Apocalipse 14:10 – “também o tal beberá do vinho da ira de Deus, preparado, sem mistura, no cálice da sua ira. E será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro”. A mensagem é dada em alta voz e há quatro coisas que devem ser consideradas: Alerta contra a adoração da besta. O primeiro anjo convida para adorar “aquele que fez o Céu e a Terra”. O terceiro anjo alerta contra a adoração da besta. Deve haver, e há, uma diferença essencial. Se aceitarmos os ensinos e mandamentos da besta em vez da Palavra e da Lei de Deus, estamos adorando-a. Alerta contra a adoração da imagem da besta. Se cedermos à pressão do protestantismo apostatado, ao este dar a mão ao poder civil para impor a marca da besta, não seremos considerados verdadeiros adoradores do Criador. Alerta contra receber o sinal da besta. Nas derradeiras horas da crise, a

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marca papal da guarda do domingo será imposta pela lei civil. O alerta de Deus é proferido contra essa marca. Ao Deus chamar as pessoas para adorar o Criador, a questão sábado-domingo será claramente delineada. Alerta acerca da ira de Deus sobre aqueles que não ouvirem Seu aviso. Todos temos que escolher entre a ira do homem e a ira de Deus. É entre a obediência ao homem e a obediência a Deus que a decisão precisa ser tomada. Desde tempos passados até ao presente, a ira de Deus tem se manifestado, mas sempre permeada da Sua misericórdia. Mas quando ela for consumada nas sete pragas, não será acompanhada da misericordiosa graça. Assim, quando a substituição do sábado bíblico pelo domingo humano se tornar universal, Deus intercederá no mundo. Ele sairá de Seu lugar para punir os habitantes do mundo por suas iniqüidades. Apocalipse 14:11 – “A fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre. Não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome”. A expressão implica na afirmação de que receberão o castigo de Deus aqui na Terra, onde em verdade há dia e noite em sucessão contínua. Isaías usou a mesma figura de linguagem ao se referir à destruição dos antigos edomitas, quando disse que o fogo da destruição “nem de dia nem de noite se apagará; para sempre o seu fumo subirá; de geração em geração será assolada; de século em século ninguém passará por ela”.(Isa.34:10). Porém, não consta que os edomitas, destruídos na Terra, onde há dia e noite, estejam ainda ardendo no fogo da destruição. As expressões de Isaias e João enfatizam uma destruição total e irremediável e não uma continuidade de castigo interminável. Vemos que, enquanto houver qualquer partícula a queimar, os ímpios queimarão; transformadas estas em cinza, o fogo cessará. Os Verdadeiros Santos de Jesus, Dos Últimos Dias Apocalipse 14:12 – “Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Eis o traço marcante do povo de Deus do “tempo do fim”. O que indica sua firmeza em cumprir o propósito que Deus lhe confiou, em meio a um mundo ímpio e a um cristianismo decadente. Considerando os que guardam os dez mandamentos de Deus serem assim colocados em contraste com os que adoram a besta e sua imagem, e recebem o seu sinal, é claro que a guarda da lei de Deus, por um lado, e sua violação, por outro, deverão assinalar a distinção entre os adoradores de Deus e os da besta.

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A lei de Deus é a grande norma perante a qual todos os indivíduos deverão prestar suas contas no tribunal de Deus (Ecles.12:13-14). Saibam todos os homens que jamais serão justificados de seus pecados pelo sangue de Cristo, se não viverem em harmonia com os preceitos dos Seus mandamentos. Disse Paulo: “Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus; mas os que praticam a lei hão de ser justificados”(Rom.2:12-13). Apocalipse 14:13 – “Então ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanharão”. Em primeiro lugar, são bem-aventurados os mortos que morrem “no Senhor”; pois não há esperança após a morte a não ser que o morto tenha morrido “no Senhor”. Em segundo lugar, esta mensagem faz alusão a mortos “que desde agora morrem no Senhor”. “Desde agora” sugere dizer desde quando, ao ser proclamada a advertência final do terceiro anjo, aparecerem os fiéis de Deus que guardam os Seus mandamentos. E por que os mortos deste período serão bem-aventurados? Porque serão poupados de enfrentar as tribulações que vem pela frente. Enfatizada a Volta de Jesus Apocalipse 14:14 – “Olhei, e vi uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante a filho de homem, tendo na cabeça uma coroa de ouro, e na mão uma foice afiada”. Colocada nesta profecia em seguida à mensagem final do terceiro anjo, a segunda vinda de Cristo comprova que a última mensagem do terceiro anjo a precede imediatamente. O apóstolo Paulo afirma que Ele “aparecerá segunda vez, ...aos que O esperam para a salvação” (Heb.9:28). Sim, os que O esperam devem estar se preparando para esse dia. Mas o dia da volta de Cristo será o mais terrível dia para todos quantos recusaram a Sua salvação. Terão de sofrer as amargas conseqüências desta decisão. Terão que avaliar o quanto estiveram enganados. A coroa de ouro que Lhe dera o Pai forma um flagrante contraste com a de espinhos que Lhe deram os homens, na Terra, para zombarem de Sua realeza.

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A foice afiada representa a colheita do bom trigo, que é um símbolo dos justos que Jesus virá buscar. Apocalipse 14:15 – “Então outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, pois já a seara da terra está madura.” Apocalipse 14:16 – “E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi ceifada.” Apocalipse 14:17 – “Outro anjo saiu do templo, que está no céu, o qual também tinha uma foice afiada”. Apocalipse 14:18 – “Ainda outro anjo saiu do altar, o qual tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Lança a tua foice afiada e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as uvas estão maduras”. Apocalipse 14:19 – “E o anjo meteu a sua foice à terra e colheu as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus.” Apocalipse 14:20 – “E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios”. Segundo este capítulo de Apocalipse, há no mundo dois tipos de plantações distintas: A seara do Senhor e a vinha de Satanás. O trigo do Senhor e as uvas satânicas. O lagar onde as uvas eram espremidas e convertidas em vinho, nesta profecia, é um símbolo da destruição dos ímpios como uvas negras da vinha do adversário da justiça. A colheita do trigo e das uvas ocorrerá simultaneamente, por ocasião da segunda vinda de Cristo ao mundo.

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Capítulo 15 de Apocalipse Este capítulo encerra dois grandes fatos estreitamente ligados ao plano da salvação de Deus. O primeiro é uma introdução às sete pragas vindouras da ira de Deus, que assinalam o fim da graça divina. O segundo é uma grandiosa visão dos salvos vitoriosos, vistos num glorioso lugar denominado “mar de vidro”. A segunda parte do Apocalipse, que começa neste capítulo 15, apresenta as cenas preparatórias para a punição final e para a recompensa final. Os rebeldes impenitentes recebem as pragas e são sentenciados ao lago de fogo e enxofre. Os crentes fiéis são instalados em tronos e estabelecidos para sempre em seus lares na Nova Jerusalém. Os Juízos Finais de Deus Apocalipse 15:1 – “Vi no céu outro sinal, grande e admirável: sete anjos, que tinham as sete últimas pragas; porque nelas é consumada a ira de Deus”. Esta cena é uma das mais majestosas dentre as visões de Apocalipse. João não esconde a emoção que sentiu ao ter visto no Céu “outro sinal, grande e admirável”. Um novo grupo de sete anjos surge ante seus olhos. O primeiro grupo, o das sete trombetas, representa os vitoriosos guerreiros de Deus contra Seus inimigos desde Roma. O segundo grupo, que é o que agora vislumbramos, representa os mensageiros da ira de Deus sobre Seus inimigos vencidos. Esta expressão torna claro que outras pragas foram derramadas no passado. O antigo Egito recebeu o impacto direto de dez juízos especiais de Deus – dez tremendas pragas – relatadas no livro de Êxodo. Existem interessantes semelhanças entre as pragas do Egito (Êxo.7:20 a 12:30) e as sete últimas pragas. Nos dois casos, encontramos um rio, sangue, rãs, úlceras, granizo e ameaçadora escuridão. Mas não são a mesma coisa. As sete últimas pragas representam o clímax, ou limite superior da punição. E elas são derramadas “sem mistura” (Ap.14:10), ou seja, não-suavizadas pela misericórdia de Deus que em todas as ocasiões anteriores limitou o sofrimento. Ao final dos mil anos, haverá o derramamento de uma outra punição (Ap.20:11-15). Consumar implica em terminar. A consumação da ira de Deus nas sete últimas pragas não é uma revelação de ódio da parte de Deus pelos pecadores impenitentes, mas sim a manifestação da justiça de Deus sobre todos os que desprezam o imenso sacrifício da cruz. Uma Visão dos Vencedores Apocalipse 15:2 – “E vi como que um mar de vidro misturado com fogo, e os que tinham vencido a besta e a sua imagem e o número do seu nome,

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estavam em pé junto ao mar de vidro. Tinham as harpas de Deus”, O próprio profeta não achou palavras precisas para descrever o lugar que viu. Só estando lá se poderá ter uma visão exata do que seja um mar de vidro como cristal misturado com fogo. Os que já contemplaram o espetáculo de um pôr-do-sol à beira do mar, podem ter uma pálida idéia da glória que o profeta tentou descrever aqui. À medida que o Sol, como uma enorme bola de fogo, esconde-se atrás da linha do horizonte, o mar parece explodir em chamas de glória. As ondas são retocadas com um tom de vermelho e toda a cena é transformada numa mescla de muitas águas e fogo. Assim foi a visão que se abriu ante o profeta em Patmos, que ainda ouviu os sons de cânticos de vitória. Finalmente os santos estão no lar! Apocalipse 15:3 – “e cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos séculos”. Apocalipse 15:4 – “Quem não te temerá, ó Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo. Todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, pois os teus juízos são manifestos”. João captou os ecos de um poderoso hino que surge dos lábios daqueles que, pela graça, derrotaram o poder do inimigo. É o cântico de Moisés, pois este cântico transmite o louvor dos que, tal como os do antigo Israel no Mar Vermelho, foram milagrosamente libertos da iminente destruição. É, também, o cântico do Cordeiro, porque fala da vitória do povo de Deus sobre a morte e a sepultura. Será um cântico de experiência pessoal, e somente os que passaram por ela poderão unir suas vozes nesse louvor. A Manifestação da Ira Divina Apocalipse 15:5 – “Depois disto olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do testemunho”, Apocalipse 15:6 – “e os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do templo, vestidos de linho puro e resplandecente, e cingidos à altura do peito com cintos de ouro”. Apocalipse 15:7 – “Um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da ira de Deus que vive para todo o sempre.” O templo no Céu abre-se agora não para a proclamação de uma nova mensagem de graça, mas para dar saída aos sete mensageiros da destruição. Estes anjos receberam a terrível e solene incumbência de derramar as taças cheias da ira de Deus sobre as cabeças daqueles que persistentemente menosprezaram o convite da misericórdia divina.

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Vestidos com vestes emblemáticas da pureza e da fé estão preparados para cumprirem a terrível missão a eles confiada. Estes seres santos, que tantas vezes procuraram auxiliar os mortais na aquisição da gratuita salvação de Deus, são agora novamente enviados a eles, não mais para renovarem os apelos do Céu, mas para lhes dar aquilo que seus próprios atos voluntariamente determinaram. De um dos quatro seres viventes recebem as sete taças de ouro cheias da ira de Deus, sem a mínima mescla de misericórdia de que era acompanhada em outros tempos. O pecador terá que receber, sem qualquer clemência, a conseqüência que ele mesmo escolheu. Receberá não o que Deus para ele havia separado, porque isto decididamente rejeitou, mas aquilo que foi a sua própria escolha em desafio aos desígnios divinos. Apocalipse 15:8 – “E o templo se encheu de fumaça, procedente da glória de Deus e do seu poder, e ninguém podia entrar no templo, enquanto não se consumassem as sete pragas dos sete anjos”. Na dedicação do primeiro templo, o rei Salomão subiu numa pequena plataforma de bronze, ajoelhou-se, abriu os braços e fez uma grandiosa oração. Quando terminou, a glória do Senhor encheu o templo. “Os sacerdotes não podiam entrar na Casa do Senhor, porque a glória do Senhor tinha enchido a Casa do Senhor” (II Crôn.7:2). Aquela antiga manifestação de glória marcou o começo do ministério sacerdotal no templo de Salomão. A glória do tempo do fim, antevista em Apocalipse 15, logo marcará o término do ministério sacerdotal no santuário celestial. Os versos finais de Apocalipse 15 descrevem uma das mais arrebatadoras cenas de todo o livro. Quando os sete anjos saem com as taças da ira, a Escritura diz que até que sua obra seja concluída “ninguém podia entrar no templo”. Antes que as taças da ira sejam derramadas sobre os culpados, o convite de Deus será ouvido por toda pessoa sobre a Terra; a oportunidade do homem para a salvação terá passado, e a porta da misericórdia será fechada para sempre. As sete pragas serão derramadas sobre os que receberam o sinal da besta, e este sinal será aplicado pouco antes do aparecimento de Cristo em glória. Esses juízos cairão depois de haver Cristo terminado o Seu ministério em favor dos pecadores. Antes do derramamento das sete taças da ira de Deus, a porta da graça divina, aberta ao pecador por quase seis milênios, terá que se fechar para sempre. O fato de ninguém mais poder entrar no templo durante o

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lançamento das sete pragas, é indicativo de que não haverá mediador em prol do pecador durante o período em que elas serão lançadas na Terra; o templo encher-se-á com a fumaça da glória de Deus e de Seu poder. Multidões, infelizmente, ficarão do lado de fora como fizeram no tempo de Noé ao vir o dilúvio. A porta da arca salvadora, figura da porta da graça divina, fechou-se sem que as massas percebessem que haviam lavrado o próprio destino. Ainda há tempo! HOJE, ainda podemos achegar-nos “confiadamente junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia” (Heb.4:16). Apocalipse 15 fala a respeito de um tempo quando ninguém poderá entrar. Deus tem permitido que o tempo da graça continue para que todos, inclusive assassinos, torturadores e os piores criminosos, possam ter tempo e oportunidade para se arrepender. Mas, chegará a hora em que o tempo da graça terminará. Deus dirá: “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se” (Apoc.22:11). Quando a porta da graça se fechar, o povo de Deus estará tão arraigado na verdade que não será mais possível separá-lo dela. Esse povo já estará portando “o selo de Deus”. A vitória contra a besta e a sua imagem estará assegurada. O Que é Graça? Muitas pessoas desconhecem o que seja a graça, embora creiam que serão salvas por ela. Para esquivar-se de certas responsabilidades impostas pela vida cristã, com freqüência afirmam que estão agora na “dispensação da graça”, como se não houvesse graça nos tempos do Antigo Testamento. Se não houvesse graça antes da cruz, os que viveram antes dela não poderiam ser salvos, pois todos pecaram e o salário do pecado é a morte (Rom. 6:23). Que somos salvos pela graça, não há dúvida; mas, é claro que a graça não nos exime de todas as responsabilidades da vida cristã. Então, afinal, o que é a graça? Muitos dos que dizem ser salvos pela graça, não sabem explicá-la. Assim, Paulo define a graça: “Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2:11). Entendemos que a graça de Deus é o grande plano divino centralizado em Cristo, para salvação de todo pecador arrependido. Em outras palavras, é o evangelho de Cristo (Atos 20:24). Vê-se, pois, que graça e evangelho são sinônimos.

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Como podemos nos apoderar da graça? Diz Paulo: “...mediante quem [por Cristo] obtivemos entrada pela fé e esta graça...” (Rom.5:2). E, depois de nos apoderarmos da graça pela fé, somos justificados por ela dos nossos pecados: “Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rom.3:23-24). Mas, quem poderá, em verdade, ser justificado pela graça por meio de Cristo? Aqui está a resposta do apóstolo: “...mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rom.2:13). Ora, uma vez que é indispensável a fé para nos apossarmos da graça e necessária a observância da lei de Deus para sermos justificados por ela, concluímos que a fé e a lei estão unidas na salvação pela graça. É preciso, portanto, harmonizar a fé com a lei para nos apoderarmos da graça e da justificação, ambas indispensáveis para a salvação. Agora, sim, somos salvos pela graça através da fé, que nos conduz inexoravelmente a aceitar e observar a lei de Deus: “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé – e isto não vem de vós, é dom de Deus – não das obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efés.2:8-10).“Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes confirmamos a lei” (Rom.3:31). Resumindo: o pecador é perdoado e justificado pela graça do Salvador, não para continuar a violar a lei, mas para, daí em diante, viver em harmonia com ela. Nas palavras de Paulo: “Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porque não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Que diremos, pois? Havemos de pecar por não estarmos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum” (Rom.6:14-15). Quando Paulo afirma que não estamos “debaixo da lei”, ele quer dizer como meio de salvação, “pois é pela graça que sois salvos”. Ninguém é salvo pelas obras da lei. Não há qualquer dúvida quanto a isto. No entanto, ele deixa enfatizado que os que estão “debaixo da graça” não pecam contra a lei de Deus. Pelo contrário, vivem em harmonia com ela exatamente por estarem debaixo da graça de Deus. Por fim, o apóstolo apela para que todos nos acheguemos “com confiança ao trono da graça” (Heb.4:16). Disto compreende que a existência de um trono implica na existência de um reino, e a existência de um reino, implica na existência de uma lei do mesmo reino. Não pode assim existir um reino da graça sem a sua respectiva lei. Desse modo, os que pretendem viver no Reino da Graça eximindo-se de cumprir sua lei, não sabem realmente o que fazem.

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A graça de Deus é estendida a todos. O tempo de decidir é agora, aceite-a! Capítulo 16 de Apocalipse Antes de libertar Seu povo do cativeiro do Egito, Deus fez com que dez pragas terríveis caíssem sobre o poder opressor. Da mesma maneira, antes do segundo advento de Cristo, Deus fará cair sete tremendas pragas sobre os opressores de Seu povo. Elas serão derramadas sobre os que tomaram sua decisão com a besta, sua imagem e receberam o seu sinal e oprimiram o povo de Deus. As pragas serão o resultado da desobediência aberta aos Mandamentos de Deus. As sete pragas são luzes de advertência à civilização atual do grave perigo futuro. Trarão o cunho da ira de Deus, sem mescla de misericórdia, como desfecho da história de uma civilização que O desonra. Serão lançadas na Terra exatamente ao fechar-se a porta da graça. Todo aquele que as receber é digno delas, pois menosprezou o evangelho da graça que o poderia livrar do grande perigo; endureceu o coração face à mensagem de misericórdia e zombou do Salvador. Deus é amor. Embora o povo O amaldiçoe diante de Sua face, Ele continua a abençoá-lo, derramando Suas bênçãos, como o Sol e a chuva, tanto sobre justos como injustos (Mateus 5:45). Em breve, porém, a taça da ira de Deus ficará cheia e Ele, então, fará o que a Bíblia chama de Sua estranha obra (Isaías 28:21). É chamada assim porque Deus é amor (I João 4:8) e não tem prazer no castigo do ímpio (Ezequiel 18:32). Naquele dia, Deus protegerá o Seu povo. Ele diz: “Vai, pois, povo Meu, entra nos teus quartos e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira. Pois eis que o Senhor sai do Seu lugar, para castigar a iniqüidade dos moradores da Terra; a Terra descobrirá o sangue que embebeu, e já não encobrirá aqueles que foram mortos (Isaias 26:20-21). De acordo com a Bíblia, as sete pragas durarão um dia profético, ou seja, o período de um ano. “Por isso, em um só dia, sobrevirão os seus flagelos” (Apocalipse 18:8). Quando Ocorrerão as 7 Pragas

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Apocalipse 16:1 – “Então ouvi, vinda do templo, uma grande voz que dizia aos sete anjos: Ide, e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus”. Apocalipse 16:2 – “O primeiro saiu e derramou a sua taça sobre a terra, e apareceu uma chaga feia e dolorosa nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem”. As sete pragas serão derramadas na Terra logo após o fechamento da porta da graça. A mão misericordiosa que deteve a ira não poderá mais interceder. Será o chamado “tempo de angústia”, sem paralelo na história, predito por Daniel (Dan.12:1). As pragas são inteiramente literais. Cada praga perdurará até que todas sejam derramadas. Não haverá quem possa curar aquele que for ferido por esta praga da ira de Deus. É este o verdadeiro quadro da profecia de Zacarias: “E esta será a praga com que o Senhor ferirá a todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: a sua carne será consumida, estando eles de pé, e lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e lhes apodrecerá a língua na sua boca” (Zac.14:12). A primeira praga terá por alvo uma classe definida de pessoas. Ela cai sobre os que têm “o sinal da besta” e adoram “a sua imagem”. Assim a primeira praga será uma resposta categórica aos pretensos teólogos que, cheios de prevenção e aversão à lei de Deus, ensinam o povo a guardar o domingo, um dia que foi estabelecido por um imperador romano, e a rejeitar abertamente o selo de Deus, o santo Sábado. Estes senhores do falso púlpito sofrerão a ira de Deus, sem misericórdia. Antes da primeira praga cair sobre o seu alvo, anunciando o fechamento da porta da graça, a mensagem do terceiro anjo terá realizado a sua obra de advertência contra a adoração da besta, sua imagem e seu sinal. Portanto, antes que os anjos derramem as pragas, toda a família humana estará selada e dividida em duas classes de pessoas: Os que guardam os mandamentos de Deus (Apoc.12:17) Os que têm o sinal da besta (Apoc.14:9-10) Para cada praga, existe uma promessa para o povo de Deus. Não há tentação sem um escape. Não há ameaça sem uma promessa. Promessa de Deus aos Fiéis “Não te assustarás do terror noturno... nem da peste que se propaga nas trevas... Caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua direita; tu não serás atingido... Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda” (Sal. 91:5-10).

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Segunda Praga Apocalipse 16:3 – “O segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se tornou em sangue como de um morto, e morreram todos os seres viventes que estavam no mar.”. Esta segunda praga, que será lançada no mar, redundará numa catástrofe. Todas as águas salgadas do mundo tornar-se-ão em sangue de morto. É difícil conceber algo mais infeccioso do que o sangue de um morto. Após a morte, o sangue se transforma imediatamente. Basta dizer que todos os animais marinhos morrerão. Por certo um odor repugnante inundará a Terra, levado pelos ventos. Evidentemente, todo o tráfego internacional marítimo terá que ficar repentinamente paralisado. Terceira Praga Apocalipse 16:4 – “O terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se tornaram em sangue”. Apocalipse 16:5 – “Então ouvi o anjo das águas dizer: Justo és Tu, ó Senhor, que és e que eras, o Santo, porque julgaste estas coisas”; Apocalipse 16:6 – “porquanto derramaram o sangue de santos e de profetas, também Tu lhe deste sangue a beber; são merecedores disto”. Apocalipse 16:7 – “E ouvi uma voz do altar responder: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e justos são os Teus juízos”. Os rios e as fontes das águas constituem o alvo da terceira praga. Todas as águas tornar-se-ão em sangue de morto. Será uma calamidade mundial. Os reservatórios não conterão água potável, mas apenas “sangue como de um morto”. Promessa de Deus aos Fiéis Deus assegura proteção ao Seu povo: “Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas eu, o Senhor, os ouvirei, Eu, o Deus de Israel, não os desampararei” (Isaias 41:17). Quarta Praga Apocalipse 16:8 – “O quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-

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lhe permitido que abrasasse os homens com fogo”. Apocalipse 16:9 – “Os homens foram abrasados com grande calor, e blasfemaram contra o nome de Deus, que tem poder sobre estas pragas, mas não se arrependeram para lhe darem glória”. O sol, adorado pelos pagãos e pelo cristianismo apostatado, revoltar-se-á contra os seus adoradores, abrasando-os. Os infiéis continuarão blasfemando contra Deus. Eles não podem arrepender-se, porque o arrependimento é obra do Espírito Santo e, antes que as pragas caiam, o Espírito de Deus terá sido retirado da Terra. Promessa de Deus aos Fiéis Deus promete proteger Seu povo: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o Sol, nem de noite, a Lua” (Sal.121:5-6). Quinta Praga Apocalipse 16:10 – “O quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso. Os homens mordiam as suas línguas de dor”, Apocalipse 16:11 – “e por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram contra o Deus do céu, e não se arrependeram das suas obras”. O objetivo desta quinta praga é o trono da besta. Ao cair sobre o seu trono ficará constatado, mais do que nunca, que o seu poder pertence ao reino das trevas e está sob o controle do príncipe das trevas. Deus é um Deus de luz. A primeira coisa que Ele fez na criação do mundo foi criar a luz. Ele disse: “Haja luz”. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo”. Há uma semelhança entre estas pragas e as pragas que caíram no Egito. Foram juízos de Deus que caíram sobre um pequeno país, enquanto as sete últimas pragas afetam o mundo inteiro. Promessa de Deus aos Fiéis Quando o Egito estava em trevas, havia luz nas habitações dos israelitas. Deus não deixará o Seu povo na escuridão: “Mas para vós outros que

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temeis o Meu nome nascerá o Sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas...” (Mal. 4:2, p.p.). Sexta Praga Apocalipse 16:12 – “O sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente”. Por ocasião da queda da Babilônia literal, foi secando as águas do Eufrates que Ciro teve acesso à cidade. Quando a Babilônia espiritual cair, as águas (que são “povos, multidões, nações e línguas” Apoc.17:15) vão secar. Hoje, multidões enormes apóiam a “Babilônia”. A Babilônia moderna, profética, confia no seu “Eufrates” (o apoio da população mundial) de maneira tão ingênua quanto a antiga Babilônia confiou no seu Eufrates (o literal). Este apoio vai secar. Apocalipse 17:16 diz que os chifres (as nações de todo o mundo) se voltarão contra a meretriz. Milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo vão, de repente, perceber a hipocrisia de seus líderes espirituais e terão repugnância do clero, em quem depositaram sua confiança. Elas ficarão desiludidas e retirarão o apoio que deram ao falso sistema religioso conhecido como Babilônia. As Contrafações de Satanás Apocalipse 16:13 – “Então vi três espíritos imundos, semelhantes a rãs, saírem da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta”. Apocalipse 16:14 – “São espíritos de demônios que operam sinais e vão ao encontro dos reis de todo o mundo, a fim de congregá-los para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-poderoso”. O livro de Apocalipse fala sobre os três anjos de Deus que proclamam uma mensagem ao mundo. Os três espíritos imundos de Satanás proclamam uma falsa mensagem ao mundo. A Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) é imitada pelo dragão, a besta e o falso profeta, formando uma falsa e demoníaca trindade.Deus tem um trono e o Apocalipse fala sobre o trono da besta. No Calvário, Jesus recebeu uma ferida mortal e ressuscitou. A besta-leopardo recebe uma ferida mortal e é curada. Deus promete selar-nos com o selo de Deus. Satanás oferece o sinal da besta.

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A Batalha Final Que Precede a Volta de Jesus Apocalipse 16:15 – “Eis que venho como ladrão! Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para não andar nu, e não se veja a sua vergonha.” Apocalipse 16:16 – “Então congregaram os reis no lugar que em hebraico se chama Armagedom.” Armagedom – Uma das mais importantes encruzilhadas do mundo fica no vale do Megido. Essa região conhecida como o Armagedom é o ponto de encontro de três continentes. Uma estrada vai para o Egito e a África; outra leva para a Europa e uma terceira leva para a Ásia. Foi ali que as rivalidades dos grandes poderes mundiais colidiram. Ali foi o campo de batalha onde os maiores conflitos entre Israel e seus inimigos ocorreram. O Armagedom é um símbolo da última grande batalha que ocorrerá na Terra. Será muito mais do que uma ação militar em algum ponto do Oriente Médio. Será uma luta universal liderada por demônios, os quais reunirão todas as nações e as levarão a guerrear contra Deus. Será a última parte da grande controvérsia, iniciada muito tempo atrás por Lúcifer. E todos nós estaremos envolvidos. Assim, como não houve neutros nos dias de Noé, tampouco haverá neutros neste conflito. O Armagedom será, na verdade, uma luta entre o diabo e as nações ímpias de um lado, e Deus e Seu povo do outro. A batalha do grande dia de Deus Todo-poderoso terá fim, não pela supremacia de uma nação sobre outra ou de um grupo de nações sobre outro, mas pelo súbito aparecimento de Jesus Cristo ao vir em grande poder e glória. Os ímpios fugirão aterrorizados. Quando os santos que dormem forem despertados para a imortalidade, e os santos vivos tomados para encontrar o Senhor nos ares, os ímpios que recusaram a salvação fugirão aterrorizados, tão-somente para serem destruídos “com o resplendor de Sua vinda” (II Tess. 2:8). Que cena: Vitória para os santos, tragédia para os pecadores intransigentes! Promessa de Deus “Sê fiel até o fim, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apoc. 2:10 u.p.).

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Sétima Praga Apocalipse 16:17 – “O sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito”. Apocalipse 16:18 – “E houve relâmpagos, vozes, trovões, e um grande terremoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a Terra, tal foi o terremoto, forte e grande”. Apocalipse 16:19 – “A grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram. Deus se lembrou da grande Babilônia, para lhe dar o cálice do vinho da indignação da Sua ira”. Apocalipse 16:20 – “Todas as ilhas fugiram, e os montes não mais se acharam”. Apocalipse 16:21 – “E sobre os homens caiu do céu uma grande saraivada, pedras que pesavam cerca de um talento. E os homens blasfemaram contra Deus por causa da praga da chuva de pedra, porque a sua praga era muito grande”. A indignação da ira de Deus culminará numa tempestade mundial assoladora. Uma grande voz procedente do templo de Deus anunciará: “Está feito”. Está consumado o juízo sobre a última geração. Um horrível quadro se vê na Terra. Multidões estão cobertas de chagas; as águas se tornaram em sangue; o Sol abrasa como fogo; o reino da besta está em trevas; os exércitos das nações estão congregados no Armagedom. Por fim, o sétimo anjo terminará o quadro sacudindo violentamente todo o globo da Terra. Todas as cidades das nações ruirão como castelos de cartas. Todas as obras do homem desaparecerão para sempre. O verdadeiro nome desta grande cidade simbólica é “Babilônia”. Ela é formada de três partes, ou três distintos poderes mundiais: o dragão, a besta e o falso profeta. É a Babilônia espiritual que cairá. Promessa de Deus Para os fiéis discípulos de Deus, haverá plena proteção neste tempo futuro. O Salmo 91 lhes dá plena certeza do cuidado de Deus. E o profeta Joel diz: “O Senhor bramará de Sião, e dará a Sua voz de Jerusalém; os céus e a Terra tremerão. Mas o Senhor será o refúgio do Seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel” (Joel 3:16). A mão protetora de Deus estará sobre os fiéis que O amam de todo coração.

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Capítulo 17 de Apocalipse A Condenação da Falsa Igreja Mulher em profecia significa Igreja. O capítulo 12 de Apocalipse apresenta uma mulher cujos símbolos que a representam não deixam dúvidas quanto a ser a verdadeira Igreja de Deus. Mas, neste capítulo, uma outra mulher é apresentada. Uma mulher “vestida de púrpura e de escarlate e adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas”. Uma mulher, que tem em sua mão “um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição”. Uma mulher com a qual “se prostituíram os reis da Terra”; que embebeda os habitantes da Terra “com vinho da sua prostituição”; que “está embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus”. Uma mulher denominada de “a grande Babilônia, a mãe das prostituições e das abominações da terra”. Enfim, uma mulher “montada numa besta escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmias, e que tinha sete cabeças e dez chifres”. A profecia não deixa dúvidas de que esta mulher é a Igreja de Roma. Apocalipse 17:1 – “Veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e me disse: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas”. O apóstolo João descreve a cena em que um anjo se aproxima e o leva a uma visão da condenação da “A grande prostituta” – Assim é declarada esta Igreja porque foi infiel ao Senhor Jesus Cristo. Adulterou, tornando-se amante da idolatria. Apocalipse 17:2 – “Com ela se prostituíram os reis da terra, e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição”, Esta tem sido a história da igreja de Roma, desde o quarto século até nossos dias. Deixou de ser uma igreja para ser um Estado em meio aos Estados do mundo. Sua influência entre os governos da Terra, com raras exceções, é a mais poderosa de todas as influências humanas. E, como igreja, não está ligada ao Estado por afinidades espirituais, mas por finalidades políticas, isto é, para fazer do Estado um instrumento de sua política sob o véu da religião. Uma pessoa embriagada tem sua mente entorpecida pela ação do álcool. Perde-se a razão e o domínio próprio, e a mente se torna totalmente indefesa.

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Mas o que é, afinal, o “vinho da sua prostituição?” Sabemos que a “mulher” aqui é a igreja que se prostituiu por abandonar a verdade de Cristo. Portanto, é o seu corpo de falsas doutrinas que constitui o “vinho da sua prostituição”, com o qual “os habitantes da Terra se embebedaram”. Embriagadas com o vinho servido pela “grande prostituta”, as multidões da Terra não podem entender as verdades do evangelho. Suas mentes estão embotadas pelo vinho dos enganos da “grande Babilônia” e, por mais clara que seja a verdade de Cristo, seus olhos e ouvidos não podem vê-la e aceitá-la. Apocalipse 17:3 – “Então o anjo me levou em espírito a um deserto, e vi uma mulher montada numa besta escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e que tinha sete cabeças e dez chifres”. A mulher santa do capítulo 12, que representa a igreja de Cristo, foi vista nas alturas dos Céus. A mulher deste capítulo 17, a “grande prostituta”, foi vista no deserto, lugar da habitação dos demônios. A besta de cor escarlate sobre a qual a mulher está montada tem todas as características do dragão vermelho do capítulo 12 e muita semelhança com a besta do capítulo 13. O dragão, diz a profecia, é Satanás no controle do Império Romano, sendo também Roma-pagã. A besta do capítulo 13, que recebera poder do dragão, é Roma-papal, sucessora de Roma-pagã. Assim podemos ter uma idéia da besta sobre a qual a igreja de Roma fora vista “montada”. Blasfêmias são palavras que ofendem a Deus. A besta sobre a qual a mulher está montada age desta forma. Proclamar -se intermediário entre o povo e Deus e afirmar que pode perdoar pecados são algumas das blasfêmias cometidas por esta igreja prostituta. Mãe das Prostituições da Terra Apocalipse 17:4 – “A mulher estava vestida de púrpura e de escarlate, e adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas. Tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição”. Há mais de dois mil anos, João descreveu exatamente as cores das roupas usadas pelos líderes desta Igreja. Púrpura e escarlate são as cores predominantes na indumentária dos cardeais da igreja de Roma. Os adornos de “ouro, pedras preciosas e pérolas” mostram a riqueza desta igreja milenar. Cumprem-se, um a um, os detalhes da profecia.

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A igreja que se arroga ser depositária da verdade, serve em taça de ouro abominações e imundícias resultantes da sua prostituição. A aparência do que ela apresenta é bonita, atraente, reluzente: Grandes catedrais, as igrejas ou templos maiores e mais bonitos do mundo, entre todas as religiões (daí o ouro); mas, o conteúdo da taça de ouro é abominável: Falsas doutrinas, prostituições e adultérios (espiritualmente falando, na Bíblia, a idolatria é vista como traição a Deus – nosso Criador e Salvador). Apocalipse 17:5 – “E na sua testa estava escrito: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e das abominações da terra”. A testa é a sede da razão e da consciência. Isto significa que a liderança da igreja de Roma tem plena consciência do que a profecia diz a seu respeito. O apóstolo Paulo se referiu ao “mistério” da grande Babilônia, denominando-o de “mistério da injustiça” (II Tess. 2:7). Não era um mistério Roma-pagã perseguir a Igreja Cristã. Mas, uma igreja que se dizia cristã, embriagar-se “do sangue dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus”, isso é verdadeiramente um mistério. Comparando a igreja de Roma com a antiga Babilônia, a revelação faz uma drástica denúncia ao responsabilizá-la pela corrupção da fé cristã. A antiga Babilônia é reconhecida por dominar as consciências humanas, impondo a idolatria e uma religião que tinha por fundamento a salvação pelas obras ao invés da salvação pela fé instituída no plano de Deus. Desse modo, Roma é a Babilônia do Apocalipse. Quem são estas “prostitutas”, das quais a igreja de Roma é a mãe? As filhas são as igrejas protestantes que com ela comungam em muitos pontos de doutrinas. A Babilônia “mãe” e suas filhas são acusadas de provocarem a confusão reinante no seio do cristianismo, com suas centenas de denominações e falsas doutrinas. Apocalipse 17:6 – “Vi que a mulher estava embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus. Quando a vi, admirei-me com grande espanto”. Na Inquisição, os seguidores fiéis da palavra de Deus foram perseguidos e assassinados. Cada detalhe da profecia é comprometedor contra a igreja de Roma. A revelação de Deus denuncia esta instituição como anticristã. Apocalipse 17:7 – “Então o anjo me disse: Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a leva, a qual tem sete cabeças e dez chifres”. Por que João ficou admirado? Certamente não era em face da

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perseguição ao povo de Deus, afinal ele havia testemunhado a feroz perseguição do poder romano contra Jesus. A grande questão é que essa perseguição anterior vinha da Roma-pagã, inimiga declarada de Cristo. Agora, ele via uma igreja nominalmente cristã perseguindo cristãos verdadeiros. União Igreja & Estado Apocalipse 17:8 – “A besta que viste era e já não é, e subirá do abismo, e irá à sua destruição. Os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá [agora é]”. Aparentemente, este texto pode parecer um tanto confuso; mas, existe uma explicação lógica para o verso. Nunca é sábio ser dogmático quando se estuda profecias não cumpridas. Um princípio bíblico é claro: Jesus disse: disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais (João 14:29). Os acontecimentos, quando ocorrerem, sem dúvida esclarecerão muitas dessas passagens difíceis. Alguns estudiosos sustentam que se pode dizer que a besta, ou poder político do papado era de 538 a 1798; já não era de 1798 a 1929; mas que virá. A mulher representa o poder eclesiástico; a besta, o poder político. Neste símbolo, encontramos completa união entre igreja e o Estado, e todos cujos nomes “não estão escritos no livro da vida” ficam admirados ao testemunhar o surgimento e influência deste tremendo poder político-religioso descrito como “a besta que era, e que já não é, mas que virá”. Apocalipse 17:9 – “Aqui é necessário a mente que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está assentada.” A Bíblia revela o local ou sede da Igreja Prostituta: Roma, a cidade edificada sobre sete montes, chamada de “a cidade das 7 colinas”, denominadas: Aventino, Palatino, Quirinal, Viminal, Ceoli, Janículo e Esquilino. Assim, em primeiro plano, as sete cabeças apontam para a cidade de Roma. Apocalipse 17:10 – “São também sete reis. Cinco já caíram, um existe, o outro ainda não é chegado. Quando vier, convém que dure um pouco de tempo”. Em segundo plano, as sete cabeças da besta “são também sete reis”. Ao tempo em que esta profecia teve sua especial aplicação, cinco das sete cabeças da besta já haviam “caído”. Embora possa não ser sábio mostrar-se dogmático sobre a identificação dessas cabeças, é significativo que há sete diferentes e distintos poderes

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introduzidos nas Escrituras pelos símbolos proféticos. Estes estão claramente indicados: Babilônia (o leão, Dan.7:4); Pérsia (o urso, Dan.7:5); Grécia, o leopardo, Dan.7:6); Roma-pagã (a besta com dez chifres, Dan.7:7); Roma-papal, ou eclesiástica (a besta com sete cabeças de Apocalipse 13 e também a ponta pequena de Dan.7:8; Apoc.13:2, 5); Democracia ou os EUA (a besta com dois chifres que fará uma imagem à besta, Apoc.13:11-14) e a última grande confederação do mal (a besta escarlate, Apoc.17:3). Apocalipse 17:11 – “A besta que era e já não é, é o oitavo rei. Pertence aos sete, e vai à sua destruição”. O poder romano é um só, quer na fórmula pagã quer na papal; a besta é um único poder e suas sete cabeças a representam em toda a sua história. Desse modo, o poder revitalizado do papado é a sétima das sete cabeças da besta. E quando, por um breve tempo, a besta e o falso profeta unirem seus poderes, constituirão o “oitavo rei”. Apocalipse 17:12 – “Os dez chifres que viste são dez reis que ainda não receberam o reino, mas receberão a autoridade, como reis, por uma hora, juntamente com a besta.” Apocalipse 17:13 – “Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta.” Esses assim chamados reis têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Esta grande nova confederação de poder político e eclesiástico tem pouca duração (cerca de uma hora profética). Isaías 8:9-15 fala a respeito de uma confederação que existirá nos últimos dias, a qual equivale à declaração acerca de dez reis com apenas um propósito. Apocalipse 16:13-14 fala acerca de três espíritos imundos que reúnem os reis do mundo inteiro para a batalha do Armagedom. Apocalipse 17:14 – “Guerrearão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os que estão com ele, chamados eleitos e fiéis”. Apocalipse 17:15 – “Então o anjo me disse: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas.” Apocalipse 17:16 – “A besta e os dez chifres que viste são os que odiarão a prostituta, e a tornarão desolada e nua, e comerão as suas carnes, e a queimarão no fogo”. Um dia, os que foram enganados pelos falsos mestres religiosos terão um triste despertar, e se voltarão contra os que os ludibriaram. Eles ficarão furiosos pela maneira errônea com que foram orientados, e deixarão de apoiar a igreja de Roma.

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Apocalipse 17:17 – “Pois Deus lhes pôs no coração o realizarem o intento dele, concordando dar à besta o poder de reinar, até que se cumpram as palavras de Deus”. Apocalipse 17:18 – “A mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra”. Alguma forma de religião apostatada sempre tem sido usada pelo inimigo para manipular o poder civil, tentando atrapalhar os planos de Deus e criando dificuldade para Seu povo. Durante os tempos modernos o povo de Deus tem tido descanso de perseguições governamentais. Em breve, a ferida mortal estará plenamente curada e a besta vai recobrar todo seu poder e o mundo a seguirá. O falso profeta começará a falar como dragão e todos os outros eventos acontecerão sucessivamente. Nenhum filho fiel à Palavra de Deus será pego de surpresa; muito pelo contrário, o cumprimento das profecias bíblicas irá mais uma vez confirmar a fé em Jesus e em Sua breve e certa volta. Capítulo 18 de Apocalipse A queda de Babilônia Este grande acontecimento ocupa um lugar importante na profecia bíblica. Foram preditos mais de cem detalhes a respeito da queda da Babilônia literal. Muito antes que isso acontecesse, a Bíblia identificou os poderes que marchariam contra a Babilônia, quem comandaria os exércitos, como a cidade seria tomada e quais as condições na cidade no tempo da invasão. Agora, no capítulo 18, a profecia trata, em primeiro lugar, de um grande esforço para advertir o povo de Deus acerca da iminente queda da Babilônia espiritual. Em segundo lugar, o capítulo trata da condenação “da grande Babilônia” e do imenso espanto que isso causará aos que serão condenados com ela. Mas a Babilônia “mãe” não cairá sozinha. Suas filhas serão igualmente desmascaradas e destruídas. Apocalipse 18:1 – “Depois destas coisas vi descer do céu outro anjo que tinha grande autoridade, e a terra foi iluminada com o seu esplendor”. Ao anjo é dada grande autoridade por causa da importância da sua mensagem. Este anjo anuncia uma poderosa obra religiosa de âmbito mundial. É uma mensagem própria para o fim dos tempos, por duas

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razões: 1) Traz o anúncio da queda da Babilônia e de sua condenação; 2) Apresenta a iminência do derramamento das sete pragas descritas no capítulo 16. A queda da Babilônia é um evento público. A fim de que Seu povo esteja preparado para esta tremenda crise que virá, Deus está enviando Sua última mensagem de misericórdia. Todo o mundo será iluminado com a luz desta mensagem. Apocalipse 18:2 – “Ele clamou com poderosa voz: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e guarida de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e detestável”. Por ocasião da mensagem do terceiro anjo, a “mãe” e suas filhas serão denunciadas como igrejas caídas. E o pior: Como “morada de demônios e guarida (coito) de todo espírito imundo”. Seus ensinos são denunciados como resultantes da união espiritual (coito) com demônios e espíritos imundos. Se a pomba é o emblema do Espírito Santo, as aves imundas são emblemas da Babilônia espiritual. Apocalipse 18:3 – “Pois todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição. Os reis da terra se prostituíram com ela, e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância da sua luxúria”. Suas falsas doutrinas constituem o vinho da sua prostituição com o qual embriaga as nações da Terra. As falsas doutrinas são comparadas ao vinho porque entorpecem a mente e, assim, afetam a capacidade de discernir e de raciocinar de uma pessoa. Tal como o vinho, as falsas doutrinas retiram da pessoa sua capacidade de discernir o erro. Não fosse pela ação danosa deste vinho que mantém as nações embriagadas, multidões seriam convencidas e convertidas pelas verdades claras contidas na Palavra de Deus. Mas o vinho da Babilônia é chamado de “vinho da ira”. Por quê? O vocábulo grego “thumos” significa ira, ódio, raiva. É uma raiva criada pelas falsas doutrinas. Assim, quando os reis da Terra bebem deste vinho, são instigados pela cólera a irem contra os que não concordam com as heresias. Por isso, aquele que se nega a beber o vinho da Babilônia está marcado para pagar por sua ousadia. A Ordem Para Sair de Babilônia Apocalipse 18:4 – “Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, para que não incorras nas suas pragas”.

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Apocalipse 18:5 – “pois os seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela”. A expressão “sai dela” é um imperativo, ou seja, uma ordem. Babilônia não pode ser reformada, de acordo com as Escrituras. Só há um remédio: separar-se completamente dela. Assim como Ló foi chamado para fora de Sodoma, antes que ela fosse destruída por fogo e enxofre (Gên. 19:14-29), da mesma forma o povo de Deus é dirigido por uma voz que vem do Céu dizendo-lhe para sair de Babilônia, antes que ela caia. Quando a velha Babilônia do rio Eufrates estava perto de ser destruída pelos juízos de Deus, o Senhor enviou a Seu povo (Israel), que nela ainda estava, um solene aviso e conselho: “Fugi do meio de Babilônia...” (Jer.51:6). Os juízos de Deus estão prestes a cair na forma das sete últimas pragas, e todos que se recusarem a separar-se de Babilônia e de seus pecados serão destruídos com ela. Esta é a “voz do Céu” que ilumina toda a Terra: “Sai dela, povo meu”. Deus tem, e sempre teve, um povo em Babilônia. Mas a Sua mensagem tem iluminado toda a Terra, através da “voz do Céu”. Porém muitos que ficaram impressionados foram impedidos de compreender completamente a verdade, ou de lhe prestar obediência. Agora, os raios da luz penetram por toda a parte. A verdade pode ser vista em toda a sua clareza, e os sinceros filhos de Deus certamente se desvencilharão das amarras que os têm retido. Laços de família, relações na igreja, serão impotentes para detê-los. A verdade vale mais do que tudo. Deus tem filhos honestos e sinceros em Babilônia que apenas não receberam o conhecimento da verdade. Estão servindo a Deus no erro. Os honestos, que têm sido impedidos de ouvir a verdade, acabarão por recebê-la e a abraçarão com toda avidez e alegria. Quando os que “não creram na verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade”, forem abandonados para que recebam a operação do erro e creiam na mentira (II Tess.2:10-12), a luz da verdade brilhará então sobre todos os corações que se acham abertos para recebê-la e os filhos do Senhor atenderão ao chamado: “Sai dela, povo meu”. Assim, quando as pragas começarem a cair, não restará um justo sequer em Babilônia, como não restou em Sodoma. Ao ser a questão da obrigatoriedade da guarda do domingo amplamente divulgada, fazendo aproximar-se o fato há tanto tempo posto em dúvida, o

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apelo para a fuga de Babilônia produzirá um efeito que antes não seria possível produzir. Os que forem levados aos tribunais, defenderão destemidamente a verdade de Deus e muitos dos que os ouvirem serão levados a guardar os mandamentos de Deus. Assim, a luz chegará a milhares que, de outra forma, nada saberiam destas verdades. A obediência à Palavra de Deus será considerada rebeldia. Pais exercerão sua autoridade sobre os filhos crentes; patrões serão severos com empregados fiéis a Deus. Aqueles que se recusarem a guardar o domingo serão presos. O que agora possa parecer muito improvável deixará de ser, quando o Espírito Santo Se retirar da Terra. Apocalipse 18:6 – “Tornai a dar-lhe como ela vos tem dado; retribui-lhe em dobro conforme as suas obras. No cálice em que vos deu de beber, dai-lhe a ela em dobro”. Apocalipse 18:7 – “Quanto ela se glorificou, e em luxúria esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto. Diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e de modo algum verei o pranto”. Ela se orgulha de não ser viúva sem poder e abandonada, mas de ser rainha soberana. Seu desejo é sempre reinar, reinar sobre todas as consciências. Orgulhosa, ela pensa que está assentada não somente em um lugar elevado, mas também seguro. Tem grande capacidade de comando sobre muita gente. Apocalipse 18:8 – “Portanto, num mesmo dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome. Será queimada no fogo, pois forte é o Senhor Deus que a julga”. Trata-se aqui de um dia profético, ou um ano literal. Logo, a Babilônia terá um ano cheio de vingança do Céu. O Fim da Babilônia Religiosa Apocalipse 18:9 – “Os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, sobre ela chorarão e prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio”. Apocalipse 18:10 – “E estando de longe pelo temor do tormento dela, dirão: Ai! ai da grande cidade, Babilônia, a cidade forte! Numa só hora veio o teu juízo.” Os reis se lamentarão não por causa dos seus pecados, mas por causa

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do seu sofrimento, das conseqüências dos seus pecados. Como Caim, eles não ficam tristes por seus pecados, mas apenas pelo castigo. Derramam muitas lágrimas por causa de suas perdas. Apocalipse 18:11 – “E, sobre ela, choram e lamentam os mercadores da Terra, porque ninguém mais compra a sua mercadoria”. Apocalipse 18:12 – “mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e escarlate; todo tipo de madeira odorífera, e todo objeto de marfim, de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore”. Apocalipse 18:13 – “e canela, especiarias, perfume, mirra e incenso; e vinho, azeite, flor de farinha e trigo; e gado, ovelhas, cavalos e carros; e escravos, e até almas de homens”. Apocalipse18:14 – “O fruto que a tua alma cobiçava foi-se de ti. Todas as coisas delicadas e suntuosas foram-se de ti, e não mais as acharás”. Apocalipse 18:15 – “Os mercadores destas coisas, que com elas se enriqueceram, ficarão de longe, pelo temor do tormento dela, chorando e lamentando”. Os mercadores se lamentam por perderem mercadorias. Lamentam as perdas materiais. Entre as coisas que deixam de negociar encontram-se “até almas de homens”. Isso lembra o seu comércio com os cadáveres dos mortos nas chamadas “encomendas dos corpos” e missas de sétimo dia. Perdões, missas e indulgências enriqueceram a muitos. Apocalipse 18:16 – “Ai, ai da grande cidade, da que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlate, e adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas! Numa só hora foram assoladas tantas riquezas!”. Apocalipse 18:17 – “Todo piloto, e todo aquele que navega de navio, os marinheiros, e quantos negociam no mar, se puseram de longe”. Apocalipse 18:18 – “E, contemplando a fumaça do seu incêndio, clamavam: Que cidade é semelhante a esta grande cidade?” Apocalipse 18:19 – “E lançavam pó sobre as suas cabeças, e clamavam, chorando e lamentando: Ai, ai da grande cidade, na qual todos os que tinham navios no mar se enriqueceram à custa da sua opulência! Numa só hora foi assolada”. Se há algo que arranca um sincero grito de angústia das pessoas da nossa geração é tocar em seus bens materiais. Alguém já afirmou, ironicamente, que “a parte mais sensível do corpo humano é o bolso”.

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Todos esses símbolos referentes aos reis da Terra, aos mercadores e aos navegadores ligados a Babilônia, são força de expressão profética para demonstrar a total destruição de Babilônia e revelar que todos aqueles que a apoiaram e a ajudaram a difundir seus erros, nada poderão fazer para salvá-la dos juízos de Deus; pois estes mesmos perecerão para sempre, junto com ela. Apocalipse 18:20 – “Exulta sobre ela, ó Céu! E vós, santos e apóstolos e profetas! Deus contra ela vindicou a vossa causa”. Enquanto na Terra os súditos de Babilônia hão de lamentar sua queda e destruição, os Céus se alegrarão pelo seu desaparecimento. A destruição da Babilônia espiritual será motivo de grande alegria para o povo de Deus, tal como ocorreu com a destruição de Babilônia, no tempo de Israel. Apocalipse 18:21 – “Então um forte anjo levantou uma pedra qual uma grande mó, e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, a grande cidade, e nunca mais será achada”. Afundar uma enorme pedra no mar, antigamente, era símbolo de eterna destruição. Disse o profeta Jeremias: “Em tu chegando a Babilônia, verás e lerás todas estas palavras. E dirás: Senhor! Tu falaste a respeito deste lugar, que o havias de desarraigar, até não ficar nele morador algum, desde o homem até ao animal, mas que se tornaria em perpétuas assolações. E será que, acabando tu de ler este livro, o atarás a uma pedra e o lançarás no meio do Eufrates. E dirás: Assim será afundada Babilônia, e não se levantará” (Jer. 51:60-64). Apocalipse 18:22 – “E em ti não se ouvirá mais a voz de harpistas, de músicos, de tocadores de flautas e de clarins, nem artífice de arte alguma se achará mais em ti. Em ti não mais se ouvirá ruído de mó”. Apocalipse 18:23 – “A luz de candeia não mais brilhará em ti. A voz de noivo e de noiva não mais em ti se ouvirá. Os teus mercadores eram os grandes da terra. Todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias”. Apocalipse 18:24 – “E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra”. A destruição de Babilônia será completa. Será um retrato tremendo das cenas finais introdutórias do futuro Reino de Glória. A Terra será finalmente coberta pelo pleno conhecimento da salvação e a luz da verdade brilhará para sempre. A promessa é que “o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com Ele” (Apocalipse 17:14).

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Capítulo 19 de Apocalipse

Este capítulo descreve a vitória definitiva de Cristo sobre Babilônia, que é eternamente extinta, e também estende a todos os seres humanos, dois convites.

O primeiro é para as bodas do Cordeiro; o segundo para o banquete das aves de rapina. Cabe, a cada um de nós, decidir em que banquete vai estar. Aqui também se encerram as profecias que dizem respeito à batalha entre o bem e o mal, ou entre Cristo e Satanás.

A Vitória Final de Cristo

Apocalipse 19:1 – “Depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de numerosa multidão, que dizia: Aleluia! A salvação e a glória e a honra e o poder pertencem ao nosso Deus”.

Apocalipse 19:2 – “Pois verdadeiros e justos são os seus juízos. Julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.”

Apocalipse 19:3 – “E outra vez clamaram: Aleluia! E a fumaça dela sobe para todo o sempre”.

Apocalipse 19:4 – “Os vinte e quatro anciãos, e os quatro seres viventes, prostraram-se e adoraram a Deus, que está assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia!”

O Céu festeja a vitória de Cristo sobre “a grande prostituta” que corrompeu a Terra. Enquanto na Terra, os reis, os mercadores e os navegantes que seguiram a Babilônia gemerão três “ais”, os habitantes do Céu, pronunciarão três “aleluias”. Em todo o Novo Testamento não encontramos o termo “aleluia”, senão neste capítulo.

A salvação é uma atribuição exclusiva do Senhor.

Glória: Houve um tempo em que Deus parecia ter sido derrotado pelos poderes da Terra. O mundo parecia estar vencendo e os princípios de Deus tidos como ultrapassados e até motivo de chacota. Mas Seus inimigos de todos os tempos foram completamente derrotados.

Poder: Por algum tempo, o poder do mal parecia estar no comando da Terra. Mas, agora temos a certeza, a salvação, a glória e o poder pertencem ao Senhor. Seu nome é plenamente vindicado e glorificado pelos séculos dos séculos!

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Apocalipse 19:5 – “Então saiu do trono uma voz, que dizia: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que O temeis, assim pequenos como grandes”.

Apocalipse 19:6 – “Também ouvi uma voz como a de uma grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso”.

Depois do primeiro coro de alegria pela queda da Babilônia, uma voz do trono convidará os habitantes do Céu para um louvor ainda maior ao nome de Deus. Segundo o profeta, esse coro será como “a voz de uma multidão”.

Quando subjugar todos os Seus inimigos, então Ele reinará, em verdade, no mundo através de Jesus.

Apocalipse 19:7 – “Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória! Pois são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a Sua noiva se aprontou”.

Em Apocalipse 21:9, a noiva é definida como a Cidade Santa, a Nova Jerusalém. Em outras passagens, a igreja é chamada de noiva. Será uma contradição? A cidade é a noiva, mas uma cidade sem habitantes é apenas um amontoado de casas e ruas. São as pessoas que ocupam essas casas que fazem da cidade o que ela é. A cidade santa não é mencionada no Apocalipse como a noiva, até que os santos já a estejam ocupando.

Enquanto a noiva está se aprontando, o Noivo está preparando um lugar para ela (João 14:1-3). Durante o intervalo em que estão separados, a noiva deve ficar pronta.

Agora, ela é vista em toda a sua beleza – a beleza que irradia do Evangelho, que vem de Cristo. Ela está vestida “de linho finíssimo, resplandecente e puro. “Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Apoc.19:8).

Apocalipse 19:9 – “E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus”.

Terminando Seu ministério, Jesus vem perante o “Ancião de Dias” para receber o reino e o domínio pelos quais morreu (Dan.7:13). Isto representa, na realidade, as bodas do Cordeiro e ocorre antes que Ele volte a Terra para buscar os Seus súditos, os quais, arrebatados para encontrá-lo, são então levados para “as bodas do Cordeiro” na casa do Pai.

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Jesus disse: “Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor quando houver de voltar das bodas” (Luc.12:35 e 36). Ver também o livro O Grande Conflito, págs.426-428.

O Espírito da Profecia

Apocalipse 19:10 – “Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças isso! Sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus! Pois o testemunho de Jesus é o Espírito da Profecia”.

Somente Deus é merecedor da nossa adoração. A adoração a qualquer outro ser constitui idolatria.

O testemunho de Jesus é definido como o “Espírito de Profecia”. O Espírito, isto é, o Espírito Santo, é o inspirador do homem. A profecia é a revelação antecipada daquilo que está por acontecer. E o profeta é o agente humano que fala por inspiração.

O apóstolo Pedro esclarece bem isso, nestas palavras: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (II Pe.1:21).

Através do dom de profecia, Jesus tem Se comunicado com o homem, desde que ele caiu em pecado. O sonho de Jacó ilustra como o Filho de Deus Se tornou uma escada simbólica de acesso ao Céu e do Céu a Terra; do homem a Deus e de Deus ao homem.

Como, porém, o Mediador era em tudo semelhante a Deus, também Ele não podia comunicar-Se pessoalmente com o homem da parte de Deus. Foi então que surgiu a necessidade do Dom de Profecia, pelo qual o Mediador pode entender-Se perfeitamente com o homem e transmitir-lhe as revelações da vontade de Deus.

Surgiram os profetas. Eles foram escolhidos e preparados por Deus para a sagrada missão. Assim manifestou-se, por intermédio deles, o Testemunho de Jesus ou o Espírito de Profecia.

Desde a Sarça Ardente em que Deus falou a Moisés, toda a história de Israel está repleta de manifestações do Dom de Profecia.

Na jornada pelo deserto, nos dias de Josué, no período dos Juízes, na época dos reis do reino unido e do reino dividido, durante e depois do cativeiro, não faltou ao povo de Deus a luz da revelação do Dom de Profecia.

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Com freqüência era o povo de Israel instruído, aconselhado, repreendido e advertido por homens e até por mulheres que lhe falavam da parte de Cristo.

João Batista é o primeiro profeta no Novo Testamento. Foi exatamente ele que apresentou o Salvador como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

A Bíblia revela que o dom de profecia deveria permanecer até a segunda vinda de Cristo (I Cor.1:7; Efés. 4:8,11), sendo que o apóstolo Paulo o considera como o principal de todos os dons (I Cor.14:1).

Aos tessalonicenses, ele escreveu advertindo: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias” (I Tess.5:19-20).

Jesus, O Grande General Vitorioso

Apocalipse 19:11 – “Vi o céu aberto, e apareceu um cavalo branco. O seu cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e julga e peleja com justiça”.

O profeta contempla o Filho de Deus, deixando o Céu e dirigindo-Se a Terra num cavalo branco. Esta é uma cena apenas simbólica, pois Jesus não necessitou de cavalo para subir da Terra ao Céu e é evidente que não necessitará para voltar a ela.

A cena representa Jesus como um grande general apressando-Se com Seus exércitos para derrotar Seus inimigos nas planícies do Armagedom. O cavalo branco, nos dias desta visão, era um símbolo de vitória, de triunfo na guerra, o que assegura a vitória de Cristo sobre todos os Seus adversários.

Fiel e Verdadeiro: Nesta guerra de extermínio dos malfeitores, Jesus será “Fiel e Verdadeiro”. Ele cumprirá contra Seus opositores todas as advertências contidas antecipadamente nas profecias. Cumprirá infalivelmente tudo o que fora prometido em Sua palavra inspirada.

E ainda mais: Vai julgar os Seus renitentes perseguidores “com justiça”. Ele lhes fará uma guerra de juízo e justiça, para dar-lhes todas as retribuições merecidas por sua rebelião contra a Lei de Deus.

Apocalipse 19:12 – “Os seus olhos eram como chama de fogo, e sobre a Sua cabeça havia muitos diademas. Ele tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão Ele mesmo”.

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Como em Apocalipse 1:14 e 2:18, aqui é dito que os Seus olhos são “como chama de fogo”. A expressão significa que a onisciência divina observa tudo, capta até as más intenções do coração humano.

Os diademas que aparecem nesta visão estão sobre a mesma cabeça que recebeu na Terra uma coroa de espinhos. Por essa razão, com a cabeça coberta com os diademas de um vencedor, Cristo Se apresentará na última batalha contra os Seus inimigos.

Naquele dia Jesus terá um nome que só Ele o saberá. Conhecemos muitos de Seus nomes revelados nas Escrituras. Mas, um deles, o que Ele terá na guerra contra os Seus inimigos, é privativo dEle apenas.

Apocalipse 19:13 – “Estava vestido com um manto salpicado de sangue, e o nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus”.

Jesus virá para juízo e justiça. Isso está em harmonia com Suas vestes salpicadas de sangue preditas pelo profeta Isaias: “Pisei-os na Minha ira, e os esmaguei no Meu furor; o seu sangue salpicou as Minhas vestes, e manchei toda a Minha roupa.” (Isa. 63:3).

Esta impressionante figura de linguagem proclama a justiça de Deus sobre os que resistiram a todos os Seus insistentes apelos.

Eternamente, Jesus será “a Palavra de Deus”. Ele tem a mente do Pai. Tudo quanto Jesus realiza no Céu e na Terra, o Pai é quem faz por Seu intermédio. A mais perfeita união é aqui revelada. A Palavra de Deus é a expressão absoluta do que Cristo é.

Apocalipse 19:14 – “Seguiam-no os exércitos que estão no céu, em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro”.

Apocalipse 19:15 – “Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações. Ele as regerá com vara de ferro. Ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso”.

Três Símbolos de Juízo

A espada aguda: Quando Jesus falou no jardim, Seus inimigos caíram por Terra (João 18:5 e 6). Sua Palavra golpeia e mata. O poder é irresistível. A palavra falada de Deus é mais terrível em seus efeitos do que qualquer arma criada pelo homem.

A vara de ferro: É um símbolo do poder que Cristo exercerá sobre as nações rebeldes. “Ele mesmo as regerá”. Isso não quer dizer que Cristo governará as nações atuais, mas que Ele as destruirá –

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eliminará aqueles que se opuserem ao estabelecimento do Seu Reino (Sal. 2:9).

O lagar: É uma expressão que simboliza a justa ira de Deus que será exercida contra os transgressores.

Apocalipse 19:16 – “No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: Reis dos reis, e Senhor dos senhores”.

Apocalipse 19:17 – “Então vi um anjo em pé no sol, o qual clamou com grande voz a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos para a ceia do grande Deus”,

Apocalipse 19:18 – “para comerdes carnes de reis, carnes de poderosos, carnes de cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos os homens, livres e escravos, pequenos e grandes”.

O convite do anjo desta vez não é feito aos homens, porque já terão sido destruídos pelo resplendor da presença de Cristo. Mas será feito a todas as aves do Céu. O profeta Jeremias escreveu: “Serão os mortos do Senhor, naquele dia, desde uma extremidade da terra até a outra.” (Jer. 25:33).

Enquanto no Céu se realiza a “ceia das Bodas do Cordeiro”, na Terra, tomará lugar o banquete das aves do Céu. Aqueles que aceitaram o convite de Deus participarão da ceia juntamente com o Salvador, enquanto os que rejeitaram o mesmo convite proporcionarão, com seus próprios corpos, uma ceia às aves de rapina.

Deste modo, os que buscaram assassinar a Palavra de Deus, serão mortos por ela. Enquanto Cristo volta para o Céu levando consigo os remidos, as aves do Céu devoram os corpos dos que foram mortos.

Eles foram mortos pela espada aguda. Somente reviverão após mil anos, quando receberão os efeitos da eterna destruição.

Que fim humilhante para o orgulho, a pompa, o poder e a nobreza daqueles que decidiram desafiar o governo do Céu!

O Último e Desesperado Ataque dos Inimigos de Deus

Apocalipse 19:19 – “E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para guerrearem contra Aquele que estava montado no cavalo, e o Seu exército”.

Segundo a profecia, a besta se unirá aos reis da terra e seus exércitos “para guerrearem contra Aquele que estava montado no cavalo e o Seu exército”.

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Em Apocalipse 16:13 e 14, lemos que a besta, inspirada por espíritos de demônios, terá parte preponderante no preparo do Armagedom. Aqui é dito que ela estará ao lado dos que tentarão guerrear contra o Filho de Deus.

Apocalipse 19:20 – “E a besta foi presa, e com ela o falso profeta que diante dela fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta, e os que adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre”.

O falso profeta é plenamente identificado com a besta de dois chifres de Apocalipse 13, que é o protestantismo apostatado. Um falso profeta, para não ser desmascarado, introduz-se com um “Assim diz o Senhor”, sem que o Senhor lhe tenha incumbido de dar qualquer mensagem. O Senhor nada tem com ele.

Assim, ambos, a besta e o falso profeta, serão presos e desmascarados como poderes eclesiásticos inimigos de Cristo. E, afinal, serão lançados “vivos no lago de fogo que arde com enxofre”, no fim do milênio. O mundo estará eternamente livre deles.

Logo, a besta e o falso profeta – os dois grandes sistemas enganadores deste mundo – serão finalmente lançados no fogo consumidor de Deus, e os ímpios, por tanto tempo ousados e desafiadores, serão então destruídos “pelo resplendor de Sua vinda”.

Apocalipse 19:21 – “Os demais foram mortos pela espada que saía da boca do cavaleiro, e todas as aves se fartaram das suas carnes”.

Os dias em que vivemos são dias de preparo. Enquanto o povo de Deus está se preparando para encontrar o seu Senhor, as nações da Terra estão se preparando para a grande guerra que virá.

Os convites foram feitos. Para fazer parte das bodas do Cordeiro, é preciso estar vestido apropriadamente com as “vestes de justiça”. Para fazer parte do banquete das aves de rapina, basta continuar vestido com os “trapos de imundície”.

É tempo de decidir! Que roupa você usará? Roupa simboliza o caráter; que tipo de caráter você está desenvolvendo?

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Capítulo 20 de Apocalipse

O Milênio e a derrota de Satanás

O vigésimo capítulo de Apocalipse trata do fim da grande controvérsia entre o bem e o mal. Surge aqui o assunto do milênio, tema que se tornou um ponto de discussão no meio do cristianismo.

A teologia popular entende que o milênio ocorrerá na Terra, antes do segundo advento de Cristo, quando enfim Satanás é preso e milhões se converterão e serão salvos.

Aqueles, porém, que mantém a integridade da Bíblia, ensinam o contrário, isto é, que o milênio bíblico tomará lugar imediatamente depois da segunda vinda de Cristo, durante e depois do qual não haverá mais chance de salvação. A explanação da profecia do milênio, dirá de que lado está a verdade.

Apocalipse 20:1 – “Então vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na mão”.

Apocalipse 20:2 – “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e o amarrou por mil anos”.

Apocalipse 20:3 – “Lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e selou sobre ele, para que não enganasse mais as nações, até que os mil anos se completassem. Depois disto é necessário que seja solto, por um pouco de tempo”.

Esta cena ocorre depois da morte dos ímpios e da ceia das aves de rapina dos versos anteriores.

Esta cadeia ou corrente não é de ferro nem de aço. Não pode ser uma corrente literal porque um ser espiritual não pode ser preso por uma corrente material.

É uma corrente (ou cadeia) de circunstâncias, com cada um dos seus elos forjados por um evento sobre o qual o diabo e seus anjos não têm qualquer poder.

De acordo com o dito popular, “suas mãos estão atadas”. Ele não pode tentar os justos, pois estes já foram levados para o Céu. Não pode enganar os ímpios, pois eles estão todos mortos.

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A prisão de Satanás significa que ele estará privado de suas atividades, considerando que suas obras são executadas através dos seres humanos a quem ele usa como instrumentos.

Desta forma, durante mil anos ele estará circunstancialmente amarrado e inteiramente privado de utilizar os seres humanos em suas obras. O aprisionamento será para ele um duro castigo, visto que seu único deleite é utilizar os homens na prática do mal.

Dois eventos marcam o começo e o fim dos mil anos. No começo dos mil anos, Satanás é preso; no fim dos mil anos, ele é solto. Mil anos será um período literal de dez séculos.

O abismo onde Satanás será lançado é a própria Terra, transformada numa assolação completa pelas dramáticas cenas que ocorrerão na segunda vinda de Cristo.

As sete pragas, especialmente a sétima, transformarão a Terra num completo caos ou abismo, conforme a profecia. O profeta Jeremias dá conta da situação nestas palavras: “Observei a Terra, e vi que estava assolada e vazia” (Jer. 4:23). “Vi também que ... todas as suas cidades estavam derrubadas diante do Senhor” (Jer. 4:26).

Ainda não é o final definitivo, pois a descrição de Jeremias continua com estas palavras: “Assim diz o Senhor: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, não a consumirei” (Jer. 4:27).

Sem nenhuma dúvida, a Terra “assolada e vazia” será o abismo no qual Satanás será lançado por mil anos.

O mesmo termo hebraico “abussos” é empregado no Gênesis para dizer que a Terra “era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo” (Gên.1:2). A Terra voltará a ser como no princípio da criação – sem forma, vazia e na total escuridão. Um terrível abismo.

A Justiça Divina é Confirmada Perante o Universo

Apocalipse 20:4 – “Vi também tronos, e aos que se assentaram sobre eles foi-lhes dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem nas mãos. Reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos”.

Os justos estarão no Céu, reinando com Cristo. A eles “foi dado o poder de julgar”. Por que esse julgamento é necessário, se o seu

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destino já está decidido? Paulo diz: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (I Cor.6:2-3).

O juízo, portanto, do qual os santos tomarão parte juntamente com Cristo, no Céu, durante o milênio, é o juízo dos ímpios e dos anjos caídos. Este juízo será somente para regular a pena que devem receber os ímpios e os anjos maus, segundo suas obras.

Esse julgamento não é para dar informações a Deus. Ele já sabe mais a nosso respeito do que nós mesmos. Ocorre que uma pessoa infeliz no Céu estragaria o paraíso, deixando todos infelizes. Todo o conflito começaria de novo. Deus vai certificar-Se de que todos tenham confiança em Sua justiça.

Os livros serão abertos e os justos terão mil anos para examinar esses livros. Quando terminar o julgamento, todo o Universo saberá que nenhum pecador se perdeu sem que lhe fosse dada uma oportunidade.

Nenhuma pessoa será condenada por algo que não conhecia, mas cada alma perdida estará perdida porque não andou pela fé, dentro da luz que recebeu.

A razão por que os santos tomarão parte no juízo dos ímpios e dos anjos, é que estarão presentes quando Deus sobre eles exercer o Seu juízo executivo. Depois disso, Deus apagará de suas mentes toda lembrança que cause sofrimento (Apoc.21:4).

Ao chegarmos no Céu, teremos três grandes surpresas:

Vamos encontrar pessoas que achávamos que não estariam lá. De acordo com a nossa opinião, não eram boas pessoas. Se dependesse de nós, estariam perdidas. Mas Deus sabia de algo acerca dessas pessoas que não sabíamos.

Pessoas que tínhamos certeza de que estariam lá, mas, na verdade, não estarão. É o tipo de gente a respeito de quem poderia ser dito: “Se alguém for para o Céu, é esta pessoa”...

Mas Deus conhece algo acerca dessas pessoas que nós não sabemos. Nós julgamos pela aparência exterior, Deus julga pelo coração. Ele conhece o íntimo de cada pessoa, os motivos interiores que levam às ações.

A terceira surpresa, ao chegarmos ao Céu, é ver que nós mesmos estamos lá e que o conflito finalmente terminou: Estamos salvos.

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João vê também no Céu aqueles que muito sofreram por sua fé. Menciona primeiro os mártires das perseguições do papado na Idade Média, “que foram degolados pelo Testemunho de Jesus e pela Palavra de Deus”. Em segundo lugar, o profeta vê os santos vitoriosos do derradeiro conflito – contra a besta, sua imagem e seu sinal.

Apocalipse 20:5 – “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se completassem. Esta é a primeira ressurreição”.

Apocalipse 20:6 – “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição. Sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos”.

O milênio começa com a ressurreição dos justos e termina com a ressurreição dos ímpios. Os que ressuscitam no começo desse período são levados para a vida eterna. Os que ressuscitam no fim vivem por pouco tempo, antes de morrerem para sempre.

Que contraste com aqueles que ressurgiram na primeira ressurreição! Os justos estavam revestidos de imortal juventude e beleza. Os ímpios trazem os traços da doença e da morte.

Os ímpios saem da sepultura exatamente como foram para ela, com a mesma inimizade contra Cristo, e com o mesmo espírito de rebelião.

Não terão um novo tempo de graça para arrependimento. Para nada aproveitaria isso. Sempre serão os mesmos. O caráter deles permanecerá imutável.

A Destruição Final dos Ímpios

Apocalipse 20:7 – “Quando se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão”

Apocalipse 20:8 – “e sairá a enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, a fim de ajuntá-las para a batalha”.

A ressurreição dos ímpios, no final do milênio, é a chave que “destranca as portas” do cativeiro de Satanás.

Gogue e Magogue: Estes termos simbólicos são adaptados dos nomes dos inimigos de Israel (Ezequiel 38:2). Aqui, eles representam todos os inimigos de Deus de todas as gerações.

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Os mortos perdidos são ressuscitados com a voz de Jesus. Os dois grupos ouvem a Sua voz com mil anos de diferença. Jesus disse: “Não vos maravilheis disto, pois vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida, e os que praticaram o mal, para a ressurreição da condenação” (João 5:28-29).

Apocalipse 20:9 – “Subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade querida. Mas desceu fogo do céu, e os consumiu”.

O Apocalipse focaliza duas cidades: Babilônia e a Nova Jerusalém. A cidade querida é a esposa do Cordeiro, um símbolo da Igreja cristã. João vê esta poderosa cidade descendo em toda a sua glória. Ela desce no local da antiga Jerusalém (Apoc.21:2, Zac.14:5 e 6).

Sob o comando de Satanás, os ímpios surgem de todos os pontos da Terra para atacar a cidade de Deus. O pecado lhes deixou acostumados a pensar de maneira irracional.

A expressão “e os consumiu” não significa que irão queimar vagarosamente, mas que num ato serão consumidos, assim como o papel que é queimado.

Apocalipse 20:10 – “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta. De dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.

Quando as cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas, elas foram punidas como o “fogo eterno” (Judas 7). As palavras “eternamente” e “para sempre” não estão relacionados com a duração do castigo e sim, com os seus efeitos (Mal.4:1 e Sal.37:10). O salário do pecado é a morte (Rom. 6:23) e, jamais, o tormento eterno.

Apocalipse 20:11 – “Então vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele. Da presença dele fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles”.

Apocalipse 20:12 – “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. Abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras”.

A razão por que o Livro da Vida será aberto no juízo executivo dos ímpios, é para que todo o Universo saiba que alguns ímpios chegaram a ter seus nomes inscritos neste livro, mas, por vontade própria e

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consciente deslealdade posterior, foram riscados. “Aquele que pecar contra Mim, a este riscarei Eu do Meu Livro”.

Apocalipse 20:13 – “O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o além deram os mortos que neles havia, e foram julgados cada um segundo as suas obras.”

Apocalipse 20:14 – “Então a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte”.

Apocalipse 20:15 – “E todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo”.

A trágica história do pecado chega ao fim. Pecado e pecadores não mais existem. Toda a Terra estará livre da maldição do pecado e os justos serão felizes pela eternidade, em um mundo renovado.

No próximo capítulo conheceremos as maravilhas indescritíveis da Nova Jerusalém.

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Capítulo 21 de Apocalipse

Este capítulo apresenta o estabelecimento do reino de Deus na Terra e uma sumária descrição da cidade de Deus, a Nova Jerusalém. Deus prometeu: “Eis que crio novos céus e nova Terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Isaias 65:17). A própria lembrança do pecado estará apagada. Ainda soam as palavras de Jesus: "Vou prepara-vos lugar ...e vos receberei para Mim mesmo, para que onde Eu estou estejais vós também" (João 14:3). Em meio às confusões do mundo atual, essas palavras trazem nova esperança e grande conforto. Elas nos dizem que dias melhores certamente virão. Deus promete que a angústia do pecado nunca mais retornará. "Não se levantará por duas vezes a angústia!" (Naum 1:9). "E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor porque as primeiras coisas passaram" (Apocalipse 21:4). A Nova Capital do Universo Algumas pessoas consideram o Céu como uma fantasia infantil. Não sabem o que é, nem onde está. Apenas fazem idéia de que seja um bom lugar. Outros pensam nele como algo místico, irreal, onde os anjos sentados sobre nuvens estão a tocar suas harpas. Apocalipse 21:1 – “Então vi um novo céu e uma nova terra, pois já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”. Os Santos conhecerão a razão do mar não existir na nova Terra. Apocalipse 21:2 – “Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, ataviada como uma noiva para o seu noivo”. João olha para o Céu e vê algo simplesmente indescritível. Uma enorme cidade flutua majestosamente no ar, e desce até tocar a

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Terra. Apocalipse 21:3 – “E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens. Deus habitará com eles, e eles serão o Seu povo, e o próprio Deus estará com eles, e será o seu Deus”. O grande sonho de Deus é morar com os homens. Nosso pequenino planeta, o único que permitiu a entrada da maldição do pecado, é a única mancha escura na gloriosa criação de Deus. Logo este planeta será honrado acima de todos os outros mundos do Universo de Deus. Por quê? Porque “Deus habitará com eles”. Apocalipse 21:4 – “Deus enxugará de seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, pois já as primeiras coisas são passadas”. Deus promete um tempo em que não haverá mais dor, nem sofrimento. Até qualquer lembrança que pudesse causar sofrimento será apagada da nossa memória. Apocalipse 21:5 – “E o que estava assentado no trono disse: Faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, pois estas palavras são verdadeiras e fiéis”. Deus não fará coisas novas, mas fará novas todas as coisas. É a mesma Terra renovada. O Éden será restaurado. Nós nos reconheceremos? Os discípulos de Jesus O reconheceram após a Sua ressurreição. Maria O reconheceu perto do sepulcro, por Sua voz familiar, quando a chamou pelo nome (João 20:14 e 16). Jesus foi reconhecido pelos dois discípulos no caminho de Emaús, quando viram o modo em que Ele abençoou o pão (Lucas 24:13-35). Visto que "seremos semelhantes a Ele", os redimidos certamente serão reconhecidos pelo tom de voz, por seus traços familiares e características individuais de personalidade; as marcas do pecado serão removidas, mas lá nos conheceremos e nos compreendemos melhor do que nesta vida.

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"Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face; agora conheço em parte, então conhecerei como também sou conhecido". I Cor.13:12. Apocalipse 21:6 – “Disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida”. Os Habitantes da Nova Jerusalém Apocalipse 21:7 – “Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele será Meu filho”. A herança da nova Terra é prometida somente aos vencedores. Os seres humanos começam projetos e deixam inacabados. Deus nunca abandona um projeto ou o deixa incompleto. Sua promessa é: “Estou plenamente certo de que Aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus” (Fil.1:6). Apocalipse 21:8 – “Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte”. Os medrosos – São os que temem ser ridicularizados pelos amigos por causa da palavra de Deus. Temeram perder seu prestígio social ou talvez seu emprego, e assim hesitaram aceitar a verdade de Deus. Não eram criminosos, assassinos, adúlteros ou bêbados. Eram covardes – temiam fazer o que é certo. Obedecer a Deus requer coragem. Estar ao lado da verdade custa alguma coisa. Abandonar maus hábitos requer sacrifício e oração. O pecado exige um alto preço. Mas que terrível preço pagarão os que rejeitarem o convite de Deus! Os incrédulos – A descrença deixará muita gente de fora da eternidade. Os eruditos ateus estarão entre eles. Sem fé é impossível agradar a Deus.

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Os homicidas – “Não Matarás”. Êxodo 20:13 Os adúlteros – “Não adulterarás”. Êxodo 20:14 Os feiticeiros – “Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor teu Deus” (Deuterenômio 18:9-13). Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? Acaso a favor dos vivos consultará os mortos”? (Isaías 8:19). Os idólatras – “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20:3-4). Tudo que tem lugar no coração do homem, que está acima de Deus, é idolatria. Só Deus é digno de adoração. Os mentirosos – “Aquele que diz: Eu conheço-o, (Jesus) e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (I João 2:4). A Glória da Nova Jerusalém Apocalipse 21:9 – “Então veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas pragas, e me disse: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro”.

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Apocalipse 21:10 – “E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus”. Apocalipse 21:11 – “Ela brilhava com a glória de Deus, e o seu brilho era semelhante a uma pedra preciosíssima, como o jaspe cristalino”. Apocalipse 21:12 – “Tinha grande e alto muro com doze portas, e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel”. Apocalipse 21:13 – “Do lado do oriente tinha três portas, do lado do norte três portas, do lado do sul três portas, do lado do poente três portas.” Apocalipse 21:14 – “O muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. Apocalipse 21:15 – “Aquele que falava comigo tinha uma cana de ouro para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro”. Apocalipse 21:16 – “A cidade era quadrangular, o seu comprimento era igual à sua largura. Mediu a cidade com a cana e tinha ela doze mil estádios de comprimento, e a largura e a altura eram iguais.” A extensão de doze mil estádios equivale aos quatro lados da cidade e não a cada lado dela; pois é dito que o anjo mediu a cidade, referindo-se a seu todo. Este era o método antigo de medir as cidades, determinando-se assim a circunferência ou o perímetro delas. Em atenas, o estádio era equivalente a 185 metros e 25 centímetros. Fazendo o cálculo, concluiremos que a Nova Jerusalém medirá 2.223 quilômetros, ou seja, cerca de 555 quilômetros de cada um de seus lados. Apocalipse 21:17 – “Ele mediu o seu muro, e era de cento e quarenta e quatro côvados, segundo a medida de homem, que o anjo estava usando”. A altura do muro é de 144 côvados. O côvado era uma antiga medida

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de comprimento avaliada em 66 centímetros. 144 vezes 66 centímetros, totalizam 95 metros, que é, portanto, a altura do muro. Como o muro é de jaspe como cristal, pode-se ver de fora o interior da cidade. Apocalipse 21:18 – “O muro era construído de jaspe, e a cidade era de ouro puro, semelhante a vidro límpido”. As pessoas dão muito valor ao ouro. Para muitos, o ouro é mais importante do que tudo, incluindo a família e até mesmo Deus. Muitos arriscam perder a vida eterna por causa do ouro. Os salvos, entretanto, deram mais importância a Deus. Valorizaram muito mais as coisas espirituais do que as materiais. Por isso, terão ouro a seus pés. Apocalipse 21:19 – “Os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento era de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda”; Apocalipse 21:20 – “o quinto, de sardônica; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópaso; o décimo primeiro, de jacinto; o décimo segundo, de ametista”. Apocalipse 21:21 – “As doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma só pérola. A praça da cidade era de ouro puro, como vidro transparente”. Apocalipse 21:22 – “Nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro”. Apocalipse 21:23 – “A cidade não necessita nem do sol, nem da lua, para que nela resplandeçam, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada”. Apocalipse 21:24 – “As nações andarão a sua luz, e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra”. Por “nações” podemos entender as nacionalidades dos salvos. Estes

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andarão a luz da cidade como reis, já que reis todos serão, pois reinarão com Cristo eternamente. As Atividades dos Salvos Apocalipse 21:25 – “As suas portas não se fecharão de dia, e noite ali não haverá”. Apocalipse 21:26 – “E a ela trarão a glória e a honra das nações”. Que atividades os salvos terão no céu? O profeta Isaias escreveu: "Eles edificarão casas, e nelas habitarão: plantarão vinhas, e comerão do seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do Meu povo será como a da árvore, e os Meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas mãos" (Isaías 65:21-22). O trabalho é uma benção. O que seria a eternidade na ociosidade? Foi Deus quem deu aos nossos primeiros pais, a tarefa de cultivar e guardar o jardim do Éden. Por certo, era uma tarefa muito agradável que lhes dava prazer, pois só depois da entrada do pecado é que se fatigavam para ganhar o pão (Gênesis 3:17). No Éden restaurado, Deus dará ao homem outra vez ocupação física. O trabalho não será cansativo, mas agradável. Contribuirá para o bem-estar. Os salvos se alegrarão ao contemplar os frutos do seu trabalho. Teremos toda a eternidade para a prática da pesquisa. Será possível conhecer e desvendar todos os mistérios do universo. Haverá também crescimento espiritual. Aos santos será dada oportunidade de estudar os atributos do santo caráter de Deus, em especial o Seu amor e a Sua graça. A escritura diz ser intento de Deus "mostrar nos séculos vindouros [na eternidade] a suprema riqueza da Sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus" (Efésios 2:7).

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Assim, na Nova Terra os salvos aprenderão mais a respeito do amor e perfeição de Deus. Quando mais conhecerem o Seu caráter, mais O amarão pela eternidade; e quanto mais O amarem, mais felizes serão. Apocalipse 21:27 – “E não entrará nela coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira, mas somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”. Ruas de ouro, portas de pérola, muros de jaspe. Assim como Adão alegrava-se no jardim do Éden, também os salvos se alegrarão com os frutos do paraíso. Quando o Senhor restaurar a Terra, nenhum de seus habitantes dirá “estou doente”, pois os que ali habitarem serão perdoados de sua iniqüidade (Isaías 33:24). O deserto se tornará em pomar, e os filhos de Deus habitarão em moradas de paz e em moradas bem seguras (Isaías 32:15-18). Então, quando a maldição for removida, as árvores do campo darão o seu fruto, a terra produzirá suas colheitas, e o Senhor lhes dará uma planta memorável (a árvore da vida) através da qual eles serão preservados para sempre (Ezequiel 34:27-31). Não admira que Paulo tenha dito: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam (I Cor. 2:9). Quer você habitar por toda a eternidade nesta cidade? O convite já foi feito! Basta você aceitar e se preparar para nela entrar. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mat. 5:8)

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Capítulo 22 de Apocalipse

Neste último capítulo, encontramos promessas, bem-aventuranças, certeza sobre o conteúdo do livro, declaração de que o Apocalipse não é um livro selado, conselhos a justos e a ímpios, o caráter dos que não herdarão o reino de Deus, títulos de Jesus, um ardoroso chamado do Espírito Santo e da Nova Jerusalém, advertências sobre acrescentar algo ao santo livro ou tirar-lhe alguma coisa, a certeza da volta de Jesus, dada por Ele mesmo, a última oração da Bíblia e a graça do Senhor sobre todos os crentes. Vejamos: Apocalipse 22:1 – “Então me mostrou o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro”. A fonte do rio vem do trono de Deus. Todas as coisas boas da nossa vida provém inteiramente de Deus. Apocalipse 22:2 – “No meio da sua praça, em ambas as margens do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês. E as folhas da árvore são para a cura das nações.” A árvore da vida é a mesma do Éden (Gênesis 2:9). Está “no meio da sua praça [da Nova Jerusalém], em ambas as margens do rio”. “As folhas da árvore são para a cura das nações”. Isso não quer dizer que na nova Terra haverá doentes que necessitem de tratamento, mas que a árvore possa conter certo tipo de vitaminas ou enzimas que previnem o envelhecimento. Seu poder curativo previne todo tipo de doença. Apocalipse 22:3 – “Ali nunca mais haverá maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão”. O pecado foi destruído e nunca mais retornará. A raça humana já terá experimentado suas terríveis conseqüências. Deus promete que, ao destruir o pecado, “Ele mesmo vos consumirá de todo; não se levantará por duas vezes a angústia” (Naum 1:9). Apocalipse 22:4 – “e verão a sua face, e na sua testa estará o Seu nome”. Neste mundo de pecado, não temos o privilégio de ver a face de Deus. Mas na Nova Terra, viveremos tão perto dEle que poderemos olhar para a Sua face.

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Está será a coisa mais importante da Nova Terra; tudo o mais, embora maravilhoso, será secundário, comparado a esta visão real. O Seu nome estará em nossa fronte, pois estaremos selados com o selo do Deus vivo. Apocalipse 22:5 – “Ali não haverá mais noite. Não necessitarão de luz de lâmpada, nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará. E reinarão para todo o sempre”. Apocalipse 22:6 – “Disse-me o anjo: Estas palavras são fiéis e verdadeiras. O Senhor, o Deus dos espíritos dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer”. Toda a revelação está concluída. E o anjo pôs o selo de autenticidade divina ao dizer: “Estas palavras são fiéis e verdadeiras”. Apocalipse 22:7 – “Eis que venho sem demora! Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro”. A volta de Jesus é iminente. Ele está chegando para estabelecer seu reino eterno e morar com os vitoriosos. Apocalipse 22:8 – “Eu, João, sou quem ouviu e viu estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que me mostrava essas coisas, para adorá-lo”. No versículo seis, foi o anjo que deu o seu testemunho sobre a autenticidade da profecia. Agora, é a vez de João dizer: “sou quem ouviu e viu estas coisas”. Apocalipse 22:9 – “Então ele me disse: Olha, não faças isso! Sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”. Ao ser concluída a inspiração do Apocalipse, João ficou tão emocionado que se ajoelhou diante do poderoso anjo. É a segunda vez que ele comete o mesmo erro, e a segunda vez que lhe chamam a atenção (Apocalipse 19:10). O céu proclama que só Deus é digno de adoração. Apocalipse 22:10 – “Disse-me ainda: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque próximo está o tempo”. O próprio significado da palavra “Apocalipse”, ou seja, “Revelação”, já exprime não ser ele um livro selado, fechado, ou incompreensível. Este é um livro aberto para todos aqueles que desejam conhecer o plano de Deus com um

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coração puro e receptivo. Apocalipse 22:11 – “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda”. Apocalipse 22:12 – “Eis que cedo venho! A minha recompensa está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”. Esses versículos assinalam o fim do tempo da graça, que ocorre imediatamente antes da segunda vinda de Cristo. Há os que ensinam que haverá um tempo de graça depois de Sua segunda vinda. Mas, em nenhum lugar das Escrituras existe qualquer sugestão a esse respeito. Não haverá uma segunda chance. Ao voltar Jesus, Ele mesmo declara: “A minha recompensa está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”, o que constitui uma evidência de que não haverá graça após a Sua segunda vinda. Ao Jesus terminar Sua obra sacerdotal, então aqueles que são justos, continuarão justos, porque todos os seus pecados foram definitivamente apagados. Mas, aqueles que são ímpios, continuarão ímpios, porque não haverá mais Sacerdote no santuário celestial para interceder por eles. Portanto, a decisão de entregar sua vida a Jesus, aceitá-lo como Salvador e Senhor, deve ser tomada antes dEle deixar o lugar santíssimo do santuário celestial. Apocalipse 22:13 – “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim”. Apocalipse 22:14 – “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes [no sangue do Cordeiro] para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas”. Em algumas traduções encontramos “bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos”. Outras traduções dizem: “aqueles que lavam as suas vestes”. Qual a tradução correta? Como as palavras do idioma grego são muito parecidas, não podemos estar certos de como era o original. Enrique Alford comenta o assunto da seguinte maneira: “A diferença que há nos textos é curiosa. É a diferença que há entre as frases: “poiountes tas entolas autou”, e “plunontes tas stolas auton”. Com relativa facilidade, essas frases podem tomar-se uma pela outra. Em vista

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de que as palavras se parecem de forma tão surpreendente, não é estranho que se encontre esta divergência. O fato é que ambas as traduções são aceitáveis. Somente aqueles que lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro são capazes de guardar Seus mandamentos. A obediência nunca é a base da graça; mas a graça de Deus é a única base para a nossa obediência. Foi a desobediência que motivou a saída dos nossos primeiros pais do Éden e os privou de desfrutar da árvore da vida. E é somente através do sacrifício de Cristo, o qual resulta numa vida de submissão e obediência, que qualquer ser humano poderá entrar na cidade e ter direito à árvore da vida. Apocalipse 22:15 – “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo aquele que ama e pratica a mentira”. A Bíblia deixa claro que a Nova Jerusalém não é para todos. Os que amam mais o pecado do que a Deus não podem ser incluídos entre os que habitarão a cidade de Deus. A expressão “os cães” é usada na Bíblia para se referir aos “maus obreiros”. Paulo diz: “Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! (Filipenses 3:2). Apocalipse 22:16 – “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente Estrela da Manhã”. A estrela da manhã é a infalível guia dos navegantes; e, nós, que navegamos nos mares desta vida, temos em Jesus a Estrela que aponta o caminho a seguir. Apocalipse 22:17 – “O Espírito e a noiva dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”. A última ordem de Deus para Noé, logo antes do dilúvio, foi: “Entra na arca, tu e toda a tua casa” (Gên.7:1). Um apelo semelhante é feito para toda a humanidade hoje. Este é o último convite de Deus para o povo que almeja ser salvo. Ele usa seres humanos como instrumentos no serviço cristão e, através destas pessoas, Ele estende o convite a você. Apocalipse 22:18 – “Eu advirto a todo aquele que ouvir as palavras da profecia

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deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro”. Apocalipse 22:19 – “E se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste livro”. O recado de Deus é uma solene advertência aos que adulteram a Sua Palavra, colocando em risco a destino eterno de pessoas. Apocalipse 22:20 – “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Vem, Senhor Jesus”. No último adeus de Cristo à Sua igreja, Ele faz a Sua última promessa: “Certamente, venho sem demora”. Não é apenas o anúncio de algum evento profético. É a voz autorizada de Cristo que ouvimos. Eis a essência da esperança do povo de Deus de todos os séculos. Da certeza dessa promessa têm vivido Seu povo. “Amém. Vem, Senhor Jesus”. E ajuda-nos a estarmos prontos para recebê-lo! Apocalipse 22:21 – “A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém”. A graça é um ponto de encontro, Lugar onde os fardos se espalham no chão, Onde todo que chega cansado, Tranqüilo descansa o seu coração. A graça se explica em uma cruz, Lá eu posso entender o que o Céu me traduz, A morte era a minha sentença, Mas agora sou livre em Jesus. Graça simples assim, Perdão se recebe, se aceita e fim, Pecado não se explica, Pecado se paga, E cristo pagou por mim. Havia imensa separação, Entre a raça caída e o Deus do perdão, Mas a graça fechou o abismo, E sem hesitar estendeu-nos a mão.

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Mostrou-nos a estrada de volta, À casa do Pai onde iremos morar, Nos dá a esperança que move, A certeza que Cristo em breve virá. Graça simples assim, Perdão se recebe, se aceita e fim, E Cristo pagou por mim. O hino composto por Daniel Salles, cantado pelo quarteto Arautos do Rei traduz perfeitamente a beleza e o magnífico significado da graça de Jesus. É esta graça que João estende aos filhos de Deus. O dom gratuito de Jesus Cristo oferece esperança a todos aqueles que almejam a vida eterna. Ao aceitarmos Jesus como Salvador e Senhor de nossas vidas, cada um de nós oferece a Ele a oportunidade de efetuar Sua maior proposta: Transformação de vida, refinamento do caráter e o verdadeiro sentido de ser um discípulo. Como conseqüência, nos é garantida, pelos méritos de Jesus, a vida eterna ao lado do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Durante várias semanas, estudamos aqui verso por verso o livro de Apocalipse. São Revelações que Deus concedeu ao apóstolo João para que ele as transmitisse a todos nós. A importância de conhecer a verdade é que, através dela, desfrutamos da maravilhosa liberdade que Deus nos concede.