24
PROCESSO Nº TST-AIRR-3497-40.2010.5.04.0000 A C Ó R D Ã O (8ª Turma) GMDMC/Rb/rv/mm AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1 – DANOS MORAIS E MATERIAIS. NEXO CAUSAL. A decisão regional teve por supedâneo o exame do contexto fático-probatório dos autos e, sendo a Corte a quo soberana na valoração das provas, não é possível seu reexame nesta instância recursal extraordinária, nos termos da Súmula nº 126 desta Corte. 2 – ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. REINTEGRAÇÃO. Não se impulsiona a revista quando o acórdão regional se encontra em consonância com pacífica jurisprudência desta Corte, consubstanciada no item II da Súmula nº 378 do TST. Óbice da Súmula nº 333/TST e do art. 896, § 4º, da CLT. 3 – PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. A percepção pela reclamante de benefício previdenciário pago pelo INSS não é incompatível com a indenização decorrente da responsabilidade civil do empregador, a qual se constitui em garantia constitucional assegurada pelo artigo 7º, XXVIII, da Constituição da República, ao dispor que o seguro acidentário não exclui o cabimento da indenização, nos casos de dolo ou culpa do empregador. 4 – DANOS MORAIS. ÔNUS DA PROVA. Nos casos em

Dano Moral-AIRR_34974020105040000_1305950827332

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Dano Moral

Citation preview

A C R D O

PROCESSO N TST-AIRR-3497-40.2010.5.04.0000

fls.14PROCESSO N TST-AIRR-3497-40.2010.5.04.0000

A C R D O

(8 Turma)GMDMC/Rb/rv/mmAGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1 DANOS MORAIS E MATERIAIS. NEXO CAUSAL. A deciso regional teve por supedneo o exame do contexto ftico-probatrio dos autos e, sendo a Corte a quo soberana na valorao das provas, no possvel seu reexame nesta instncia recursal extraordinria, nos termos da Smula n 126 desta Corte. 2 ESTABILIDADE PROVISRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. REINTEGRAO. No se impulsiona a revista quando o acrdo regional se encontra em consonncia com pacfica jurisprudncia desta Corte, consubstanciada no item II da Smula n 378 do TST. bice da Smula n 333/TST e do art. 896, 4, da CLT. 3 PENSO MENSAL. BENEFCIO PREVIDENCIRIO. CUMULAO. A percepo pela reclamante de benefcio previdencirio pago pelo INSS no incompatvel com a indenizao decorrente da responsabilidade civil do empregador, a qual se constitui em garantia constitucional assegurada pelo artigo 7, XXVIII, da Constituio da Repblica, ao dispor que o seguro acidentrio no exclui o cabimento da indenizao, nos casos de dolo ou culpa do empregador. 4 DANOS MORAIS. NUS DA PROVA. Nos casos em que o dano decorre de acidente do trabalho ou de doena profissional, esta Corte tem entendido que o dano moral se verifica in re ipsa (a coisa fala por si mesma), ou seja, presumido. Assim, sua prova seria prescindvel. Dessa forma, para o deferimento de indenizao a esse ttulo, necessrio apenas que se comprovem a leso e o nexo de causalidade. Precedentes. Agravo de instrumento conhecido e no provido.Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n TST-AIRR-3497-40.2010.5.04.0000, em que Agravante BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. e Agravada SUSANA MARIA MARCHESE.

O Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4 Regio, pelo despacho de fls. 380/382, denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo reclamado, com fulcro no 4 do artigo 896 da CLT e nas Smulas 296 e 378 do TST.Inconformado, o reclamado interpe agravo de instrumento s fls. 2/8, insistindo na admissibilidade da revista.

Apresentada contraminuta s fls. 392/396.

Desnecessria a remessa dos autos Procuradoria-Geral do Trabalho, nos termos do art. 83 do Regimento Interno do TST. o relatrio.

V O T OI - CONHECIMENTOO agravo de instrumento tempestivo (fls. 2 e 380), est subscrito por advogado regularmente habilitado (fls. 199/201, 202 e 9) e encontra-se devidamente instrumentado, com o traslado das peas essenciais exigidas pela Instruo Normativa 16/99 do TST, razes pelas quais dele conheo.

II MRITO

O Tribunal Regional do Trabalho da 4 Regio deu provimento ao recurso ordinrio da reclamante para reintegr-la ao emprego e condenar o reclamado ao pagamento dos salrios e demais vantagens legais e contratuais; penso mensal no percentual de 67,5% dos salrios pagos poca; e indenizao de danos morais em R$20.000,00. Seus fundamentos:

Ao deslinde do feito, importa averiguar se as leses da reclamante so relacionadas s suas atribuies funcionais, estabelecendo-se, a, o nexo causal.

Na defesa, o reclamado afirmou que a reclamante nunca esteve afastada para o trabalho por motivo de doena, estando sempre apta nos exames peridicos realizados pela empresa. Disse que as leses alegadas pela reclamante no so condizentes com seu histrico mdico. Disse que a reclamante no realizava atividades de digitao, nem sofria presso por metas com a freqncia necessria ao surgimento da doena. Alegou a inexistncia de movimentos repetitivos na funo da reclamante e que ela trabalhava somente oito horas. Defendeu que o acidente de trabalho deve ser reconhecido pelo rgo previdencirio ou via judicial, junto Justia Comum, o que no ocorreu, na espcie, no tendo a reclamante direito estabilidade provisria, at porque o ajuizamento da ao e a emisso da CAT foram posteriores demisso, em 07.12.2005.

Diga-se, desde logo, que o reclamado no juntou aos autos o histrico mdico da reclamante na empresa, nem todos os exames peridicos que deveriam ter sido realizados no decorrer do contrato (fls. 24 e 168/169). Tambm no se verifica a existncia de cartes-ponto a demonstrar que a reclamante nunca esteve afastada do trabalho por motivo de doena, como alegado em defesa.

Ao contrrio, verifica-se, pelos documentos das fls. 164/167 (registro de ausncias), ainda que limitados ao perodo de 1993 a 1996, que a reclamante esteve afastada por motivo de doena, com atestado mdico. E, conforme o ASO, datado de 27.03.1998, documento acima indicado, constante da fl. 24, havia risco ergonmico nas atividades da reclamante. No prprio ASO demissional (fl. 18) indica que a reclamante estava aguardando investigao de doena mediante laudo com nexo causal.

Quanto ao risco ergonmico, j havia sido constatado no PCMSO do reclamado (fl. 265). No PCRRE (Programa de Controle de Riscos de Relacionados Ergonomia), h como recomendaes gerais para a empresa implantar programa de ginstica laboral (fl. 243), o que no restou demonstrado pelo reclamado.

No que se refere aos exames mdicos e atestados mdicos, a documentao juntada aos autos vasta, o que passa, por ora, a se examinar.

O atestado mdico da fl. 11, da Mdica Marlete Fritz Hauck (Traumatologia e Ortopedia), a qual tambm assina o atestado da fl. 10 (com os mesmos Cid), demonstra a incapacidade da reclamante para o trabalho, por quinze dias (Cid: M65-9; M54-2; M71-9), a partir de 23.11.2005, quando ela ainda estava em atividade no banco. A CAT da fl. 54, emitida pelo sindicato, informa o acidente do trabalho na data de 23.11.2005. Nos documentos das fls. 515/516 encontram-se atestados com afastamento da reclamante, um, por quinze dias, a partir de 08.12.2005, e outro por tempo indeterminado, a partir de 07.12.2005.

Os exames datados de 12.12.2005, fls. 519/520, demonstram leses ortopdicas.

Na fl. 25, o mdico psiquiatra Paulo Gabbardo Rafainer atesta a incapacidade da reclamante para o trabalho em 25.01.2006. Na fl. 12, o mdico fisiatra Andr Luiz Franzen Moll noticia, em 15.02.2006, o tratamento da reclamante na clnica Medfisio e a necessidade de seu prosseguimento. Na fl. 16, a mdica fisiatra Luciane F. Balbinot informa atendimento, em 27.03.2006, prestado reclamante. H relatrio e parecer da mdica Jaqueline Cunha Campello, para fins de percia junto ao INSS, datado de 24.04.2006, com diagnstico de avaliao da reclamante, com as seguintes doenas (entre as quais se incluem leses ligadas ao trabalho): bursite, tendinite crnica, epicondilite, sndrome do tnel do carpo, cervicalgia miofascial e transtorno afetivo bipolar (fl. 57). Notam-se os exames mdicos demonstrando algumas das leses retrorreferidas fls. 67/71.

Nas fls. 360/362, h exames acusando leses ortopdicas em 01.08.2006 e, nas fls. 528/529, outros exames com leses (em 12.12.2006). Nas fls. 425/440, verifica-se vrios exames e atestados referindo-se s mesmas leses no perodo de maro a agosto de 2007, inclusive com parecer de outra mdica (Luciana Nussbaumer) encaminhando a reclamante percia do INSS.

Mais exames e atestados das leses em 2008 (fls. 503/511 e 642/646).

Pelos documentos das fls. 19/22 e 28/29, verifica-se que a reclamante entrou em benefcio previdencirio de auxlio-doena em 23.12.2005, o qual foi prorrogado at 20.04.2006.

No ofcio do INSS datado de 25.01.2007 (fl. 405), foi informado que o benefcio mencionado cessou em 26.07.2006, tendo iniciado outro quatro dias depois (n 5174592346), em 31.07.2006 (com Cid M659 sinovite e tenossinovite), com cessao prevista em 31.03.2007. O documento da fl. 331, ratificando a informao do ofcio, demonstra prorrogao de benefcio at 30.12.2006. O documento da fl. 525 prorroga o benefcio 5174592346 at 19.08.2007.

Ressalta-se que a reclamante discute junto Justia Estadual, na Vara de Acidente do Trabalho, a converso de benefcio previdencirio de auxlio-doena para benefcio previdencirio de acidente de trabalho (fl. 623).

Assim, no somente h prova da incapacidade da reclamante atestada pelo prprio rgo previdencirio nos perodos de 23.12.2005 a 26.07.2006 e de 31.07.2006 a 19.08.2007, mas antes do primeiro perodo, em 23.11.2005, at 22.12.2005, quando ela estava vinculada ao reclamado. Os atestados mdicos e os exames so vlidos a demonstrar a incapacidade da reclamante antes da despedida, principalmente porque o reclamado no juntou os cartes-ponto e o histrico mdico do perodo (no aspecto, refere-se que nem os registros de ausncias foram juntados, como acima j destacado).

A impossibilidade da prestao de servios por motivo de doena, como se viu acima, suspende o contrato de trabalho, considerando que as leses persistem na reclamante at a poca da prolao da sentena, o que possibilita a despedida somente aps o trmino da licena.

Registra-se que a emisso da CAT, conforme estabelece o 2 do artigo 22 da Lei 8.213/91, no de competncia exclusiva do empregador, pois, pode faz-lo o prprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical, o mdico que o est tratando, ou at mesmo qualquer autoridade pblica. No caso, o sindicato, ao qual pertence o autor, emitiu-a, encaminhando-o ao INSS, como se viu acima.

Da prova testemunhal, consubstanciada pelos depoimentos de Ediana e Aline Maria, depreende-se que a reclamante trabalhava em torno de 12 horas dirias, sob presso, para atender as metas do banco, com atividades repetitivas no preenchimento de contratos, cadastro e defesa de clientes e abertura de contas, manualmente e, aps, no computador (at com dois computadores), bem como o prprio acesso e manuseio do computador e atendimento de telefone, sem condies adequadas para a execuo do trabalho e sem ginstica laboral.

Disse a testemunha Ediana que a reclamante trabalhava s vezes (certa poca) com a tala na mo at para no perder muito tempo de trabalho com licena (fl. 322). Disse que ela e a reclamante procuraram mdico juntas uma vez e fizeram fisioterapia. Disse que comunicava as leses para o mdico quando dos exames peridicos mas ele no anotava a observao. Disse que por LER fazia fisioterapia sem apresentar atestado ao banco.

Como se v, a reclamante apresentava leses ortopdicas no decorrer do contrato de trabalho, utilizando tala na mo, o que se agravou no final do contrato. Diga-se que nem os atestados ASO servem como prova da aptido da reclamante ao trabalho porque o mdico omitia informaes dos empregados, principalmente se considerado que mesmo no aguardo de investigao de doena do trabalho a reclamante foi avaliada como apta ao trabalho.

No aspecto, cabe sinalar o laudo da perita assistente da reclamante juntado nas fls. 480/501, que faz uma anlise minuciosa das leses, exames e atividades da reclamante, o que, em conformidade com o restante da prova produzida, deve ser acolhido.

Destaca-se que a reclamante iniciou no banco em 1987, trabalhando como caixa at 1998, quando promovida para gerente de contas at o final do contrato, despedida em 2005 com 40 anos de idade.

O conjunto probatrio, considerada toda a documentao acima referida, a prova testemunhal e o laudo da perita assistente, faz prova bastante da existncia de nexo causal entre as leses e as atividades laborais da reclamante, caracterizando a doena profissional, equiparada ao acidente do trabalho, principalmente porque as leses iniciaram-se bem antes da despedida ocorrida em 07.12.2005.

Ao contrrio do decidido na origem, o laudo pericial (fls. 448/455 e 471/474) bastante frgil para elucidar as leses da reclamante, principalmente porque contraria os prprios exames juntados aos autos, matria inclusive sem controvrsia, e sem considerar as condies de trabalho, conforme acima examinadas. No demonstrou o perito sequer, de modo satisfatrio, quais seriam as outras causas das leses.

Ainda que o reclamado tenha juntado documentos relativos a manual de instrues e o Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho (fls. 181/215), no h prova de que ele tenha adotado prticas de orientao aos empregados quanto aos riscos ergonmicos do trabalho, tais como cursos e palestras.

No h dvida quanto s leses da reclamante, as quais esto documentadas de forma extensiva nos autos, at mesmo, nos exames mdicos peridicos feitos pela reclamada, nos quais j era apontada a presena de risco ergonmico.

Alusivamente ao nexo causal, reitera-se que a prova bastante a demonstrar que as condies e metodologia de trabalho empregada no banco contriburam para o aparecimento ou, de qualquer forma, para o agravamento das leses.

O fato de ter a reclamante trabalhado com tala no exerccio de suas atividades aumenta a responsabilidade do reclamado, por no ter encaminhado ela ao servio mdico, com o respectivo tratamento a evitar o agravamento das leses, principalmente porque ao empregador compete resguardar a integridade fsica de seus empregados, reclamem, eles, ou no.

No se pode deixar de mencionar que o nexo causal deveria, de qualquer forma, ser reconhecido, pela aplicao, ao caso, da Teoria do Risco, em decorrncia do enquadramento das atividades do banco no grau 3 do anexo V do Regulamento da Previdncia Social item 6422-1/00, considerando que cabia ao reclamado fazer prova de que as atividades da reclamante no produziram as leses constatadas nos autos, nus do qual no se desincumbiu.

irrelevante a constatao exata e precisa da data ou do fato gerador especfico do surgimento da doena, porque a prova demonstra que ou a reclamante no teria estas doenas, ou elas no seriam to graves, antes de iniciar a trabalhar para o reclamado. No caso, tem-se como marco inicial das leses a data de 23.11.2005, conforme restou demonstrado acima.

Dispe o artigo 118 da Lei n 8.213/91: "O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mnimo de doze meses, a manuteno do seu contrato de trabalho na empresa, aps a cessao do auxlio-doena acidentrio, independentemente de percepo de auxlio-acidente".

O artigo 19 da Lei 8.213/91 estabelece que: "Acidente do trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa ou pelo exerccio do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho." A doena profissional, para os fins legais, equivale ao acidente do trabalho (artigo 20 da lei citada).

A inexistncia de gozo de auxlio-doena acidentrio no impede o reconhecimento do direito. Isso porque a ocorrncia e a caracterizao do acidente de trabalho independem de gozo de benefcio previdencirio, nos termos dos artigos 19, 20, 21, 22, 23, 59 e 60 da Lei n 8.213/91, principalmente quando a doena profissional constatada aps o rompimento do contrato de trabalho.

Esse o entendimento da Smula n 378, nos seguintes termos: ESTABILIDADE PROVISRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI N 8.213/91. CONSTITUCIONALIDADE. PRESSUPOSTOS. I constitucional o artigo 118 da Lei n 8.213/91 que assegura o direito estabilidade provisria por perodo de 12 meses aps a cessao do auxlio-doena ao empregado acidentado. II So pressupostos para a concesso da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqente percepo do auxlio-doena acidentrio, salvo se constatada, aps a despedida, doena profissional que guarde relao de causalidade com a execuo do contrato de emprego.

Reconhecida a doena profissional como acidente do trabalho, com o contrato de trabalho da reclamante suspenso em decorrncia de permanecerem suas leses (no h prova nos autos, em contrrio), bem como o direito estabilidade, nula a despedida da reclamante, devendo ser reintegrada ao emprego.

No que pertine causa das leses, entendendo-se pela possibilidade de concausa superveniente, ensina Sergio Cavalieri Filho, em sua obra Programa de Responsabilidade Civil, 7 ed. ATLAS, 2007, p. 58:

Em outras palavras, concausas so circunstncias que concorrem para o agravamento do dano, mas que no tm a virtude de excluir o nexo causal desencadeado pela conduta principal, nem de, por si ss, produzir o dano. (...). Como tudo na vida, o dano surge da coincidncia de vrias circunstncias e decorre, portanto, de causas diversas. Basta que o autor seja responsvel por uma delas, sempre que desta provenha o dano, estabelecida a sua relao com as demais. Exemplo: a leso pode ser leve, mas acarretar graves conseqncias, merc da constituio anmala da vtima. Por tais conseqncias responde o autor da leso (Martinho Garcez Neto, ob. Cit. P.50).

A obrigao de indenizar o dano surge, portanto, da caracterizao da sua existncia e nexo de causalidade com as atividades exercidas em favor de seu empregador, bem como da omisso deste em prevenir o evento danoso ou o seu agravamento.Alm dos danos materiais demonstrados acima, diga-se que a relao jurdica de emprego deve ser norteada pelo respeito dignidade do prestador de servios, honra e aos direitos da personalidade.

O prejuzo evidente, face natureza do dano, sendo a responsabilidade decorrente do simples fato da violao, dano in re ipsa. A reparao do dano moral, por sua vez, vem compensar o lesado pelo prejuzo sofrido e sancionar o lesante, como medida educativa.

O suporte ftico encontra-se previsto nos artigos 186, 187 e 927 do Cdigo Civil, ensejadores do dever de reparar, que dispem:

Art. 186. Aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito.

Art. 187. Tambm comete ato ilcito o titular de um direito que, ao exerc-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econmico ou social, pela boa-f ou pelos bons costumes.

Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo.

Configurada a ofensa honra do empregado, sua dignidade humana, de forma individual, causadores de dano moral, o empregador deve responder pelos danos, com o pagamento de indenizao, como preceituado nos artigos 5, incisos V e X, da Constituio Federal e no artigo 186 do Cdigo Civil, acima mencionado.

Em sendo assim, merece reforma a sentena para reintegrar a reclamante ao emprego, com pagamentos dos salrios e demais vantagens legais e contratuais, em conformidade com os documentos das fls. 136 e seguintes (e inicial, letra a, fl. 06), ressalvado eventual reconhecimento do perodo como benefcio previdencirio pelo rgo correspondente. Merece reforma, ainda, para condenar o reclamado ao pagamento de penso mensal e indenizao por danos morais.

1.1 Valor da indenizao material. O dano em si (existncia e nexo causal) j foram examinados na presente deciso, restando apenas examinar os critrios do valor da indenizao a ttulo de danos materiais.

A indenizao por dano material balizada pelos prejuzos materiais efetivamente sofridos, ou seja, a indenizao deve equivaler exatamente ao que a vtima perdeu (dano emergente) ou deixou de ganhar (lucro cessante).

No caso, a reclamante postulou somente penso mensal, pela reduo da capacidade laboral.

No que tange penso mensal, o art. 950 do atual CC visa a compensar reduo de renda decorrente de inabilitao para o trabalho (lucro cessante).

A prova da incapacidade laborativa da reclamante, conforme se depreende do laudo da perita assistente (fls. 492/493) e dos exames juntados aos autos, considerando o longo tempo de durao da enfermidade, de 67,5%.

Em sendo assim, deve o reclamado responder pelo pensionamento mensal enquanto perdurar as leses da reclamante e a reduo de sua capacidade laboral, tendo seu incio na poca em que restaram caracterizadas as leses.

D-se, pois, provimento ao recurso para condenar o reclamado ao pagamento de penso mensal no percentual de R$67,5% dos salrios pagos poca, includas as demais vantagens salariais na forma do pedido de letra d da inicial.

1.2. Dano moral. No que se refere ao dano moral sofrido pela reclamante, a incapacidade, mormente a dos autos, que ultrapassa o mdio grau, foi resultado da falta do reclamado em tomar medidas preventivas na sade e segurana de seus empregados, principalmente se considerado o fato de ter a reclamante extensa jornada de trabalho, com tarefas repetitivas junto ao computador, inclusive por ter trabalhado com tala.

Ainda no haja prova de sequelas definitivas decorrentes das leses, considera-se o grau de culpa do reclamado de mdio a responder pelo abalo moral sofrido pela reclamante, em decorrncia da reduo de sua capacidade laborativa no percentual de 67,5%.

Portanto, para a fixao de indenizao por dano moral deve ser considerada a intensidade do dano, o grau da culpa e a capacidade financeira do devedor, pois, pela sua funo dissuasria, a condenao deve servir de desestmulo ao comportamento gerador de dano a outrem.

Nesses termos, arbitra-se o valor da indenizao por danos morais em R$ 25.000,00.

D-se provimento ao recurso para condenar o reclamado ao pagamento de indenizao de danos morais em R$25.000,00. (fls. 325-verso/330-verso grifos apostos)

E, ao acolher os embargos de declarao opostos pela reclamante e pelo reclamado, complementou:

EMBARGOS DE DECLARAO DA RECLAMANTE1. Dano moral. Valor fixado. Alega a embargante erro material quanto ao valor fixado para a indenizao de dano moral.

A Turma decidiu em fixar o valor em R$20.000,00, o que, por equvoco, na fundamentao, constou em R$25.000,00.

O erro, ao contrrio do alegado pela embargante, ocorreu na fundamentao. Configura-se contradio da deciso quando a fundamentao no est em conformidade com o dispositivo.

Assim, d-se provimento parcial aos embargos de declarao para fazer constar da fundamentao como R$20.000,00 o valor fixado para a indenizao de dano moral.

[...]

EMBARGOS DE DECLARAO DO RECLAMADO

[...]

3. Reintegrao ao emprego e compensao. Requer a embargante a compensao de valores pagos na resciso, considerada nula, e a limitao da reintegrao ao prazo limite do perodo da estabilidade provisria, em face da aptido laboral. A questo relativa s leses da reclamante est clara e fundamentada na deciso embargada. Restou decidido, em conformidade com a prova produzida, permanecerem as leses da reclamante, no havendo prova em sentido contrrio. Qualquer reexame de documento ou limite da reintegrao, como pretendido pela embargante, no possvel por este meio processual.

No que tange compensao, restou omissa e contraditria a deciso, porquanto matria expressa de defesa e das contrarrazes (fl. 665) e no apreciada no acrdo. Autoriza-se a compensao dos valores pagos na resciso (fl. 172) com as parcelas deferidas em decorrncia da reintegrao. (fls. 357-verso/358)1 DANOS MORAIS E MATERIAIS. NEXO CAUSAL.O reclamado, s fls. 362/365 e 367/370, pugna pela reforma do acrdo regional, sustentando que no h prova de sua culpa e que a doena suportada pela reclamante no detinha nexo causal com o trabalho no reclamado. Alega que a deciso regional, contrria prova pericial, violou o artigo 20, 1, alneas a, b e c, da Lei n 8.213/91. Transcreve, ainda, arestos para o confronto jurisprudencial.

Sem razo.

O Tribunal Regional consignou expressamente que:O conjunto probatrio, considerada toda a documentao acima referida, a prova testemunhal e o laudo da perita assistente, faz prova bastante da existncia de nexo causal entre as leses e as atividades laborais da reclamante (...). (fl. 327-verso)Note-se que a deciso regional teve por supedneo o exame do contexto ftico-probatrio dos autos e, sendo a Corte a quo soberana na valorao das provas, no possvel seu reexame nesta instncia recursal extraordinria, nos termos da Smula n 126 desta Corte.

Esclarece-se, ainda, que o julgador no est adstrito ao laudo pericial, podendo emanar seu convencimento de forma contrria. Basta que exponha seus motivos de forma clara, formando sua convico com outros elementos ou fatos provados nos autos, nos termos do artigo 436 do CPC.

2 ESTABILIDADE PROVISRIA. ACIDENTE DE TRABALHO. REINTEGRAO.O reclamado, s fls. 365/366, sustenta que a reclamante no tem garantida a estabilidade provisria, por no ter gozado de auxlio-doena acidentrio. Fundamenta a revista em violao do art. 118 da Lei n 8.213/91 e em divergncia jurisprudencial.Sem razo.Conforme se constata do acrdo transcrito, o Regional, examinando o conjunto ftico-probatrio, constatou a comprovao, aps a despedida, da doena profissional (LER) que guarda relao de causalidade com as funes exercidas pela reclamante quando se ativava no reclamado.

E, no tocante estabilidade provisria, expressamente registrou:A inexistncia de gozo de auxlio-doena acidentrio no impede o reconhecimento do direito. Isso porque a ocorrncia e a caracterizao do acidente de trabalho independem de gozo de benefcio previdencirio, nos termos dos artigos 19, 20, 21, 22, 23, 59 e 60 da Lei n 8.213/91, principalmente quando a doena profissional constatada aps o rompimento do contrato de trabalho. (fl. 328-verso)Verifica-se, pois, que o Regional, de forma fundamentada, concluiu que a reclamante, mesmo no tendo percebido o supracitado benefcio previdencirio, faria jus estabilidade, nos termos da jurisprudncia pacfica deste Tribunal Superior, consubstanciada na parte final do item II da Smula 378.

Verifica-se, pois, que o Tribunal Regional decidiu a controvrsia em consonncia com a jurisprudncia pacificada desta Corte Superior, consubstanciada na parte final do item II da Smula n 378 do TST, in verbis:

ESTABILIDADE PROVISRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI N 8.213/1991. CONSTITUCIONALIDADE. PRESSUPOSTOS

I - constitucional o artigo 118 da Lei n 8.213/1991 que assegura o direito estabilidade provisria por perodo de 12 meses aps a cessao do auxlio-doena ao empregado acidentado.

II - So pressupostos para a concesso da estabilidade o afastamento superior a 15 dias e a conseqente percepo do auxlio-doena acidentrio, salvo se constatada, aps a despedida, doena profissional que guarde relao de causalidade com a execuo do contrato de emprego.

Nesse contexto, estando a deciso recorrida em harmonia com a jurisprudncia pacificada do TST, descabe cogitar de violao de dispositivos legais ou constitucionais, de contrariedade sumular ou de divergncia jurisprudencial, uma vez que j foi atingido o fim precpuo do recurso de revista, que a uniformizao da jurisprudncia.

3 PENSO MENSAL. BENEFCIO PREVIDENCIRIO. CUMULAO.O reclamado, s fls. 366/367, aduz que contribui mensalmente para o financiamento do SAT Seguro de Acidentes do Trabalho, entendendo, assim, estar eximido de qualquer responsabilidade previdenciria ou civil por acidentes do trabalho ou doenas profissionais. Fundamenta a revista em violao do art. 7, XXVIII, da Constituio Federal e em divergncia jurisprudencial.

Sem razoO art. 121 da Lei n 8.213/91 claro ao distinguir, em matria de acidente de trabalho, o benefcio previdencirio da indenizao por danos materiais decorrentes da responsabilidade civil. Veja o teor do referido dispositivo:

Art. 121. O pagamento, pela Previdncia Social, das prestaes por acidente do trabalho no exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem. (grifos apostos)No mesmo sentido, o artigo 7, XXVIII, da Constituio da Repblica distingue o seguro contra acidente de trabalho da indenizao por dano moral ou material decorrente de dolo ou culpa do empregador.

Nesse diapaso, entende-se que no h bice legal na cumulao do recebimento de indenizao decorrente da responsabilidade civil do empregador com aquela que o empregado acidentado recebe da Previdncia Social; tratando-se de garantia constitucional assegurada pelo artigo 7, XXVIII, da Constituio da Repblica, ao dispor que o seguro acidentrio no exclui o cabimento da indenizao, nos casos de dolo ou culpa do empregador.

A cobertura securitria que enseja o recebimento do benefcio previdencirio encontra fundamento na teoria da responsabilidade objetiva (teoria do risco) e independe, portanto, da caracterizao de culpa ou dolo por parte do empregador, enquanto as reparaes decorrentes da responsabilidade civil, de natureza subjetiva, dependem da comprovao da ilicitude, culpa ou dolo, na conduta do patro.

Nesse sentido, ensina Teresinha Lorena Saad, in A indenizao devida ao acidentado do trabalho Revista de Previdncia Social, v. 20, n. 183, 1996, p. 111, ao afirmar que:

Quando uma vida ceifada ou uma invalidez determinada, prematuramente, e de modo definitivo, pela conduta negligente ou imprudente daquele que tem a obrigao de zelar pela segurana fsica do seu empregado, a responsabilidade migra para o campo do direito comum, levando para o passivo da empresa toda a dimenso do dano e a indenizao conseqente. Indeniza o empregador no pelo risco (elemento intrnseco de seu empreendimento), pois esse ressarcido dentro das fronteiras securitrias, mas pela ilicitude da sua conduta.

No se pode olvidar, por outro lado, que o trabalhador e a empresa contribuem para a Previdncia Social, com o intuito, entre outros, de financiar os benefcios acidentrios.

Convm, ainda, trazer baila a lio do magistrado e professor Sebastio Geraldo de Oliveira, in Indenizaes por acidente de trabalho ou doena ocupacional, Ed. LTr, 3 ed., 2007, p. 84, in verbis:

Uma vez fixada a diretriz constitucional pela cumulao, ficou superada tambm a pretenso do empregador de compensar a parcela recebida pela vtima, ou seus dependentes, da Previdncia Social, porquanto o deferimento de um direito no exclui, nem atenua o outro. O seguro acidentrio destina-se a proteger a vtima e no diminuir ou substituir a obrigao do empregador de reparar o dano causado pelo acidente ocorrido por sua culpa ou dolo. O fato gerador da indenizao no foi, a rigor, o exerccio do trabalho, mas o ato ilcito do patro.

oportuno lembrar que o acidentado que ficou com invalidez permanente tambm contribua para a Previdncia Social e poderia, depois de aposentado por tempo de contribuio, exercer outra atividade remunerada, o que no mais ocorrer pelo advento do acidente. Pode at acontecer que o acidentado j esteja aposentado, mais continuava em atividade, no havendo razo lgica para determinar a compensao do valor daquele benefcio previdencirio. Vale registrar, ainda, a situao do empregado domstico, que nem mesmo est acobertado pelo seguro de acidente do trabalho, mas, quando for acometido de qualquer incapacidade laboral em razo de acidente em servio, recebe os benefcios do INSS, no havendo porque se falar em compensao.

Conclui-se, assim, que a indenizao devida pelo empregador autnoma em relao aos direitos concedidos pelo seguro do acidente de trabalho, razo pela qual cabvel a cumulao e sem nenhuma deduo ou compensao, inexistindo, na hiptese, a figura do bis in idem, porque os benefcios previdencirios so pagos em razo dos riscos normais do trabalho, enquanto a indenizao prevista no artigo 7, XXVIII, da Constituio da Repblica tem como fato gerador o comportamento ilcito do empregador, que concorreu para a ocorrncia do evento danoso, com dolo ou culpa.

Para corroborar tal entendimento, citam-se os seguintes precedentes desta Corte Superior, in verbis:

RECURSO DE EMBARGOS. EMBARGOS. INDENIZAO POR DANO MATERIAL E BENEFCIO PREVIDENCIRIO - CUMULAO. No h impedimento legal no percebimento concomitante do benefcio previdencirio relativo ao auxlio-acidente permanente e de penso a ttulo de dano material pelo ilcito praticado pela empregadora. O percebimento do benefcio previdencirio no implica a excluso, em absoluto, da reparao pelo dano material causado ao reclamante em decorrncia de ilcito praticado pela empresa, por se tratar de verbas de natureza e fontes distintas, no havendo se falar em pagamento apenas dos valores relativos diferena pela perda salarial. Embargos conhecidos e desprovidos. (E-RR - 25800-58.2006.5.03.0051, Relator Ministro: Aloysio Corra da Veiga, Data de Julgamento: 29/4/2010, Subseo I Especializada em Dissdios Individuais, Data de Publicao: 7/5/2010)

I - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE INDENIZAO POR DANOS MATERIAIS - BENEFCIO PREVIDENCIRIO CUMULAO. A indenizao por danos materiais e o benefcio previdencirio no se confundem e possuem naturezas distintas, estando a cargo de titulares diversos. Assim, no h bice sua cumulao. (...) (RR - 24600-75.2008.5.17.0012, Relator Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, Data de Julgamento: 30/3/2011, 8 Turma, Data de Publicao: 1/4/2011)

(...) DANOS MATERIAIS. PENSO MENSAL E BENEFCIO PREVIDENCIRIO. CUMULAO. POSSIBILIDADE. O artigo 121 da Lei n 8.213/91 claro, ao distinguir entre a reparao dos prejuzos materiais, decorrentes de acidente do trabalho, e o benefcio previdencirio percebido pela vtima. No mesmo sentido, o artigo 7, XXVIII, da Constituio Federal, segundo o qual o seguro contra acidente de trabalho, mantido pelo empregador, no o exime de indenizar os danos sofridos pelo empregado acidentado. O Supremo Tribunal Federal tambm j pacificou a questo, ao editar a Smula n 229. De fato, os benefcios tm natureza distinta: um tem carter previdencirio; o outro reparao civil, decorrente de ato ilcito. Portanto, no h bice cumulao dos institutos. Ilesos os artigos 884 e 885 do Cdigo Civil. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (AIRR - 51341-46.2005.5.21.0013, Relator Ministro: Pedro Paulo Manus, Data de Julgamento: 17/11/2010, 7 Turma, Data de Publicao: 26/11/2010)

(....) INDENIZAO POR DANOS MATERIAIS CORRESPONDENTE PENSO MENSAL. CUMULAO COM O BENEFCIO PREVIDENCIRIO. No h impedimento legal na percepo concomitante do benefcio previdencirio relativo ao auxlio-acidente e de penso a ttulo de dano material pelo ilcito praticado pela empregadora. O recebimento do benefcio previdencirio no implica a excluso, em absoluto, da reparao pelo dano causado ao reclamante em decorrncia de ilcito praticado pela empresa, notadamente quando caracterizada sobejamente sua culpa na ocorrncia do evento danoso, por se tratar de verbas de natureza e fontes distintas. Recurso de revista no conhecido. (....) (RR - 93700-69.2006.5.15.0004, Relator Ministro: Augusto Csar Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 30/3/2011, 6 Turma, Data de Publicao: 8/4/2011)

(...) ACIDENTE DO TRABALHO. PENSO VITALCIA E BENEFCIO PREVIDENCIRIO - CUMULAO. Nos termos do art. 121 da Lei 8.213/91, -O pagamento, pela Previdncia Social, das prestaes por acidente do trabalho no exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem-. Portanto, conforme disposto no referido artigo, perfeitamente possvel cumulao dos proventos de aposentadoria por invalidez decorrente de acidente do trabalho com a indenizao por dano material, tendo em vista a natureza jurdica diversa das parcelas. Precedentes da SBDI-1. No conhecido. (...) (RR - 64400-80.2008.5.09.0094 , Relator Ministro: Emmanoel Pereira, Data de Julgamento: 2/3/2011, 5 Turma, Data de Publicao: 18/3/2011)

Assim, estando a deciso recorrida, nesse ponto, em consonncia com a iterativa, notria e atual jurisprudncia desta Corte Superior, no h falar em violao do dispositivo invocado pelo reclamado, tampouco em divergncia jurisprudencial, diante do bice do artigo 896, 4, da CLT e da Smula n 333 desta Corte.

4 DANOS MORAIS. NUS DA PROVA.O reclamado, s fls. 370/376, pugna pela reforma do acrdo regional, sustentando que no h prova objetiva dos danos de natureza moral, no sendo vlida mera presuno. Fundamenta a revista em violao dos arts. 818 da CLT e 5, II, V e X, da CF e em divergncia jurisprudencial.Sem razo.Nos casos em que o dano decorre de acidente do trabalho ou de doena profissional, esta Corte tem entendido que o dano moral se verifica in re ipsa (a coisa fala por si mesma), ou seja, presumido. Assim, sua prova seria prescindvel. Dessa forma, para o deferimento de indenizao a esse ttulo, necessrio apenas que se comprovem a leso e o nexo de causalidade.

Corroborando esse posicionamento, citam-se alguns precedentes: E-RR-109040-47.2005.5.12.0012, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, SBDI-1, DEJT 4/6/2010; ED-RR-816513-56.2001.5.15.5555, Redator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, SBDI-1, DEJT 23/10/2009.

Na presente hiptese, restaram efetivamente comprovados a leso e o nexo de causalidade.Nesse contexto, no se vislumbra violao dos artigos 818 da CLT e 5, II, V e X, da CF, restando superada a divergncia jurisprudencial colacionada.Ante o exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento e negar-lhe provimento.Braslia, 04 de maio de 2011.Dora Maria da Costa

Ministra Relatora