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Das Bandeiras ao Século do Ouro em Minas Gerais Por Thiago Luís Magalhães Silva Revisado por Sara Glória Aredes

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Das Bandeiras ao Século do Ouro em

Minas Gerais

Por Thiago Luís Magalhães Silva

Revisado por Sara Glória Aredes

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Refletindo sobre a imagem e seu título Pense sobre o título

da figura. O que ele sugere sobre o que faziam o Coronel Afonso Botelho e seus seguidores?

Agora, observe a imagem. O que aconteceu a essas pessoas?

Quem seriam os responsáveis por isso?Figura: Cenas da expedição do Coronel Afonso

Botelho de Sampaio Souza - 1768-1773.

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Breves comentários

A imagem tem por tema uma expedição feita rumo ao interior do Brasil, já na segunda metade do século XVIII.

Os homens que a fizeram estavam procurando conhecer o território da colônia. Seu contato com os índios, inicialmente amistoso, tornou-se hostil.

Muitos deles pereceram. Outros homens, porém, muito antes desses cujas imagens

você viu, fizeram outras expedições. O que será que os movia? O que encontraram? Tiveram a

mesma sorte dos que acompanharam o Coronel Afonso Botelho?

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Uma primeira (e parcial) resposta:

Não havia prata a esperar do futuro, mas, exatamente quando a Coroa [portuguesa] estava perdendo a esperança de encontrar ricos depósitos argentíferos naquela região [das Minas Gerais] (...), alguns paulistas venturosos encontraram ouro de aluvião em escala até então sem precedentes, e tiveram início as primeiras grandes corridas do ouro.

BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil, 2 ed. SP: Companhia Editora Nacional, 1969, p. 52.

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A Descoberta e o Povoamento das Minas

Leia os documentos e responda às questões que se seguem:

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“Passando pelo sertão, [os paulistas] deram com uma aldeia neste distrito do Rio das Mortes, a que chamam Cataguases, onde prendendo muito gentio [isto é, índio pagão] do beiço e orelhas furadas, estes falaram perguntando por que os perseguem; se era pelo que traziam no beiço e nas orelhas, que os largassem, que lhes iam mostrar. Não levados os paulistas desta oferta, nunca deixaram de os prender (...)”

As expedições pelos sertões feitas pelos paulistas são apontadas como as responsáveis pelo descobrimento do ouro.

Qual era a motivação primeira delas, segundo o texto?

Com base no texto, responda:

MONTEIRO, John Manoel. Os caminhos da memória: paulistas no Códice Costa Matoso. Varia História, Belo Horizonte – Departamento de História da FAFICH (21) : 86-99, julho 1999, p. 92

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Sobre os Bandeirantes...

A expressão bandeirante refere-se aos aventureiros, especificamente aos paulistas, que participaram de expedições armadas pelo interior do Brasil entre os séculos XVI e XVIII. Inicialmente, as Bandeiras eram organizadas para combater estrangeiros e indígenas, depois se dedicaram ao apresamento e cativeiro de índios e à busca de minas auríferas e pedras preciosas.

VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil colonial, 1500/1808. RJ: Objetiva, 2000, p. 64-66.

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Algumas opiniões sobre o descobrimento das Minas

Leia os trechos a seguir:

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“[...]um conjunto de bandidos de todas as nações, que pouco a pouco formaram uma grande cidade e uma espécie de República, onde eles têm como lei

não reconhecer ao governador de forma

alguma”.

“De fato, desde meados do século XVII, diversos

observadores sublinharam a suposta autonomia e rebeldia

dos colonos de São Paulo, sobretudo em função de sua

franca desobediência às leis do Reino referentes à liberdade

dos índios”

MONTEIRO, John Manoel. Os caminhos da memória: paulistas no Códice Costa Matoso. Varia História, Belo Horizonte. Departamento de História da FAFICH (nº 21): 86-99, julho 1999, p. 94.

François Froger, viajante francês, referindo-se aos paulistas, em fins do século XVII. Citado em: MONTEIRO, John Manoel. Os caminhos da memória: paulistas no Códice Costa Matoso. Varia História, Belo Horizonte – Departamento de História da FAFICH (nº 21) : 86-99, julho 1999, p. 95

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Segundo as opiniões apresentadas, caracterize:

1. os paulistas;

2. de que forma se dava o relacionamento destes com o governo real.

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Discurso de posse do governo de São Paulo, de 04

de setembro de 1717:

D. Pedro Miguel de Almeida Portugal,

Conde de Assumar, governador da

Capitania de São Paulo e Minas Gerais entre 1717 e 1721.

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[...] tal foi a minha vaidade que Sua Majestade me mandasse governar estes seus nobres vassalos [...] Tendo por súditos uns homens cujas ações fazem da memória borrar as da antigüidade mais intrépidas, e na presente era fazem incrível, e quase parecer fabulosa a fé mais apurada (...): testemunha tão vastas campinas, hoje ocupadas de melhor gente, sendo para ânimos tais, e para tanto esforço pequeno obstáculo não saber o Norte aos caminhos agrestes, e fragosos, sendo pouco para tal interpidez acometer serras asperíssimas, espessos bosques nunca penetrados, e combater ora com feras inumanas, ora com feras racionais. Deixo fomes, sedes, inclemências, solidões, perigos tantas vezes experimentados para descobrir a El-Rei nosso senhor vários países tão ricos, e tão opulentos, que hoje são as pedras, que com mais esplendor adornam a sua (sic) real diadema.

Apud SOUZA, Laura de Mello e. Norma e conflito: aspectos da História de Minas no Século XVIII. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999 , p. 35 e 39-40.

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Reflita:

• De que forma o Conde de Assumar descreve os paulistas?

• Que adjetivos ele usa para defini-los?

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Atividades

1. Compare a opinião do Conde de Assumar sobre os paulistas com as duas primeiras caracterizações apresentadas. Quais as semelhanças e/ou diferenças?

2. Quais poderiam ser as intenções do novo governador ao fazer tamanhos elogios aos homens de São Paulo?

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“A mistura é de toda condição de pessoas: homens e mulheres;

moços e velhos; pobres e ricos; nobres e plebeus;

seculares, clérigos e religiosos de diversos institutos, muitos dos

quais não têm, no Brasil, convento nem casa”.

ANTONIL, A. J. Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas (1711). Apud HOLANDA, Sérgio Buarque de (direção). História geral da civilização brasileira (A época colonial). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001 tomo I, v. 2, p. 266.

Segundo o testemunho do padre Antonil:

O que se pode dizer sobre o povoamento das minas? Que tipo de população se dirigiu para elas?

Eram populações homogêneas, do ponto de vista social?

Sobre o povoamento:

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• Segundo o relato, que tipo de atitude tinham os frades que chegavam à região das minas?

• Em que tipo(s) de atividade(s) econômica(s) se envolviam os clérigos, de acordo com o texto?

Sobre os religiosos que às Minas chegaram:

COELHO, José J. Teixeira. Instrução para o governo da capitania de Minas Gerais. Apud BOSCHI, Caio. Como os filhos de Israel no deserto? (ou a expulsão de eclesiásticos em Minas Gerais na primeira metade do séc. XVIII). Varia História, Belo Horizonte – Departamento de História da FAFICH (21): 119-141, julho 1999, p.123.

“Os frades de diversas religiões, levados pelo

espírito do interesse, e não do bem das almas,

acrescentaram em grande parte o número do povo;

eles, como se fossem seculares, se fizeram

mineiros e se ocupavam em negociações e em adquirir

cabedais [riquezas] por meios ilícitos, sórdidos e

impróprios do seu estado”.

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As relações entre o Clero e o Estado português

“[...] por carta de 9 de novembro de 1709, D. João V [rei de Portugal] ordenara ao governador [da capitania de São Paulo e Minas Gerais] Antonio de Albuquerque que emprestasse ajuda e apoio ao bispo do Rio de Janeiro e ao arcebispo da Bahia na prisão e despejo de clérigos ociosos existentes no território da região mineradora.”

BOSCHI, Caio. Como os filhos de Israel no deserto? (ou a expulsão de eclesiásticos em Minas Gerais na primeira metade do séc. XVIII). Varia História, Belo Horizonte – Departamento de História da FAFICH UFMG (21) : 119-141, julho 1999, p. 120.

No período colonial, foi proibida, em Minas Gerais, a instalação de Ordens regulares. Além disso, o Estado português tentou reduzir ao máximo o número de religiosos, garantindo apenas o corpo eclesiástico necessário ao socorro das almas nestas regiões.

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“(...) seguiu-se logo a escandalosa relaxação dos costumes, como sucede sempre àqueles [clérigos] regulares que, abandonando a sua comunidade, não observam os seus institutos; entram logo a perturbar a vida dos povos, (a)conselhando-os para não pagarem a Sua Majestade os direitos que lhe são devidos e descompondo os governantes e ministros nos púlpitos [tribuna de pregação], até que, ultimamente, passaram a ser os principais chefes do levante de Minas.”

COELHO, José J. Teixeira. Instrução para o governo da capitania de Minas Gerais. Apud. BOSCHI, Caio César. Como os filhos de Israel no deserto? (ou a expulsão de eclesiásticos em Minas Gerais na primeira metade do séc. XVIII).V aria História, Belo HorizonteDepartamento de História da FAFICH UFMG (21) : 119-141, julho 1999, p. 124

• As possíveis razões para que o Estado português desejasse controlar o trânsito e a permanência de religiosos nas áreas mineiras.

Identifique no texto:

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O Padroado e o Clero em Minas Gerais

No sistema do Padroado, a Igreja instituía um indivíduo ou instituição como padroeiro de certo território. Em outras palavras, o escolhido se tornava a autoridade máxima da Igreja nestes locais.

Como a Igreja e o Estado português estavam ligados por este regime, logo os clérigos da colônia estavam submetidos diretamente à administração secular metropolitana e, em última instância, ao rei de Portugal.

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“Das Minas e seus moradores bastava dizer (...): que é habitada de gente intratável, sem domicílio, e ainda que está em contínuo movimento, é menos inconstante que os seus costumes: os dias nunca amanhecem serenos: o ar é um nublado perpétuo: tudo é frio naquele país, menos o vício, que está ardendo sempre. Eu, contudo, reparando com mais atenção na antiga e continuada sucessão de perturbações, que nela se vêem, acrescentando que a terra parece que evapora tumultos: a água exala motins: o ouro toca desaforos: destilam liberdades os ares: vomitam insolências as nuvens: influem desordens os astros: o clima é tumba da paz e berço da rebelião: a natureza anda inquieta consigo, e amotinada lá por dentro, é como no inferno”.

[D. Pedro de Almeida, Conde de Assumar]. Discurso Histórico e Político sobre a sublevação que nas Minas houve no ano de 1720.

• Com base no documento apresentado, qual o grande desafio posto às autoridades portuguesas no governo das minas nos primeiros tempos da colonização?

• Como o Conde de Assumar, governador das Minas Gerais, via sua população?

A autoridade Portuguesa no território das Minas:

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Guerra dos Emboabas, 1707 - 1709

• Essa guerra, em linhas gerais, envolveu paulistas e emboabas (indivíduos provenientes do reino ou de outras partes da colônia) numa disputa pela supremacia, pelo poder político e de influência sobre a região mineira. • Acabou com a vitória dos emboabas e causou a expulsão de muitos paulistas que, vendo derrotada sua antiga supremacia nas minas, foram buscar outras terras para desbravar – acabaram descobrindo as minas na região de Goiás e Mato Grosso – ou voltaram para seus locais de origem.• Logo após o fim do conflito, em 1709, a Coroa decidiu criar a Capitania de São Paulo e Minas Gerais, separando-a do Rio de Janeiro, confiando a Antônio de Albuquerque, ex-governador do Rio, o governo da nova capitania.

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“Esta resolução [a vitória] tomada pelos emboabas no Rio das Mortes e do Arraial novo [atual Caeté, MG], ainda que agitada pela cegueira de sua compaixão, sempre foi a que deu princípio para ao diante todo o país das Minas e Serra Acima [São Paulo] conhecer verdadeiramente ao seu senhor, até então menos conhecida sua grandeza e pouco temida sua justiça”.

OLIVEIRA, José Alves de. História do distrito do Rio das Mortes. Apud. MONTEIRO, John Manoel. Os caminhos da memória: paulistas no Códice Matoso. Varia História, Belo Horizonte – Departamento de História da FAFICH UFMG (21): 86-99, julho 1999, p. 99.

• Quem é o senhor mencionado no documento, ao qual os paulistas deveriam temer?

• O que aponta o documento sobre a efetividade da autoridade do governo colonial na região das Minas, até a Guerra dos Emboabas?

Responda:

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“Se a coroa pensou que poderia controlar os

paulistas, não foi sob tais ilusões que lidou com os Emboabas. A metrópole

gastou décadas seguintes tentando estabelecer o controle e mantê-lo.”

RAMOS, Donald. O Códice Matoso: reflexões. Varia História, Belo Horizonte – Departamento de História da FAFICH UFMG (21): 17-32, julho 1999, p. 30.

Do ponto de vista do governo, havia um problema a ser solucionado, não importa se contra paulistas ou emboabas. Qual era ele?

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Organização político-administrativa

Leia e compare os textos a seguir:

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No ano de 1711, a Coroa fundou as primeiras vilas no território das Minas Gerais: Nossa Senhora do Carmo (atual Mariana, em abril), Vila Rica (Ouro Preto, em julho) e Vila Real de Sabará (também em julho). A ereção de vilas levou à instalação das câmaras, “entidades de governo local com autoridade legítima, cujos representantes” podiam tornar-se “vozes para a expressão dos colonos.” Em 1714, foram criadas as primeiras comarcas, divisão administrativo-judiciária.

“Verdadeiro corpo estranho enquistado na colônia, o Distrito [Diamantino] vivia isolado do resto do país, e com uma organização sui generis; não havia governadores, câmaras ou orgãos administrativos. Havia apenas o Intendente e um corpo submisso de auxiliares, que eram tudo aqui ao mesmo tempo, e que se guiavam unicamente por um Regimento que lhes dava a mais ampla e ilimitada competência.”

RUSSEL-WOOD, A. J. R. Identidade, etnia e autoridade nas Minas Gerais do século XVIII: leituras do Códice Matoso. Os caminhos da memória: paulistas no Códice Matoso. Varia História, Belo Horizonte -UFMG (21),1999 p.117.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. RJ: Nova Aguilar, 2002, p. 1281.

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Sobre a vida política na áreas mineiras

• Identifique, no primeiro texto, funções assumidas pelas Câmaras das Vilas.

• Faça uma comparação entre a vida política apresentada no primeiro texto e no segundo, que trata especificamente do Distrito Diamantino. Que elementos estão ausentes neste último?

Voltar aos textos

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“Sendo a terra que dá ouro esterelíssima de tudo que se há mister para a vida humana, e não menos estéril a maior parte dos caminhos das minas, não se pode crer o que padecera[m] ao princípio os mineiros por falta de mantimentos, achando-se não poucos mortos com uma espiga de milho na mão, sem terem outro sustento.”

ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. (1711). Apud. BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil. 2 ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional,1969.

O padre Antonil aponta um problema recorrente nos primeiros anos da colonização das minas. Qual seria este?

O abastecimento das Minas e a economia mineira

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O povoamento da região mineira se deu de forma intensa. Nas primeiros anos do século XVIII, a densidade demográfica da região crescia em proporções nunca antes observadas em nenhuma outra parte das colônias de Portugal. Correram para lá gente de todo tipo e de várias procedências, levadas pelo desejo de enriquecimento fácil prometido pelas fartas e ricas jazidas de ouro. Tudo isto numa área de difícil acesso, onde inexistiam redes comerciais e viviam, até o século XVII, apenas pequenas populações que produziam basicamente para subsistência.

• Que relação pode haver entre essas informações e o problema apontado pelo padre Antonil?

Para você analisar:

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“No período posterior a 1725 (...) a capitania de Minas Gerais passa a contar com um importante setor agropecuário, e os caminhos velhos e novos garantem o abastecimento via Santos, Parati e Rio de Janeiro. Além disso, na década de 1730, começam a ser construídas as rotas com Goiás, e a atividade fluvial, através do rio São Francisco, é intensificada.”

VENÂNCIO, Renato Pinto. Comércio e fronteira em Minas Gerais colonial. In FURTADO, Júnia F. (org.). Diálogos Oceânicos. BH: UFMG, 2001.

• Que tipo de comércio se estabeleceu neste momento nas minas? Qual a sua orientação: mercado interno ou externo?

• Qual a extensão deste comércio? Quais são as regiões que negociam entre si?

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Caminhos Novos e Velhos (veja mapa no próximo slide)

• Caminho Velho: ligava o Rio das Mortes e o arraial de Vila Rica aos portos de Santos (SP) ou Parati (RJ), passando pelo interior de São Paulo.

• Caminho Novo: ligava os sertões das minas ao Rio de Janeiro, passando pelos rios Paraíba, Irajá e Iguaçu.

• Havia ainda o Caminho dos currais do sertão, ligando as Minas à Bahia.

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Pelos chamados caminhos da Bahia (Caminho do Sertão), de São Paulo (Caminho Velho) e do Rio de Janeiro (Caminho Novo), várias mercadorias entravam nas Minas Gerais, dos séculos XVII ao XIX.

À esquerda, Caminho Velho e Caminho Novo e, acima, ponte, no Caminho Novo, no trecho mineiro

Mapa dos Caminhos

Novo e Velho

Caminho Novo

Caminho Velho

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“Com a implantação de engenhos de açucar em Minas Gerais e a considerável demanda urbana, passou a haver um tipo especial de propriedade territorial, diferente dos grandes latifúndios monocultores do litoral. A Fazenda de Minas, muitas vezes, combinava o engenho de açucar com a mina, ou esta última com a pecuária. Muitos latifúndios de Minas tinham lavra aurífera, grande lavoura e engenhos de açúcar e de farinha.”

• As diferentes atividades econômicas desenvolvidas pelas fazendas de Minas.

O que diferenciava as fazendas mineiras, em geral, daquelas situadas no litoral brasileiro?

Relacione:

MAXWELL, Kenneth. As Causas e o contexto da Conjuração mineira. In FURTADO, 2001, p. 395.

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Translado do seqüestro feito ao Vigário Carlos Correia de Toledo, 1789

[fragmentos]*

UM ESTUDO DE CASO

* Autos da Devassa da Inconfidência Mineira. Brasília: Câmara dos deputados; Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas

Gerais, 1982, v. 6, 69-76.

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Segue a relação de parte dos bens do padre prisioneiro:

“(...) Vila de São José, Minas, e Comarca do Rio das Mortes, em casas de morada do Reverendo Carlos C. de Toledo e Melo, Vigário colado desta paróquia. (...)”

“uma morada, de casas terras assoalhadas e forradas, cobertas de telha, com quintal murado de taipa, e piçarrão, cavalariças, e mais oficinas, sitas na Rua do Sol”

“(...) uma fazenda de cultura (...), um cavalo baio, bom, alguns escravos, e criações (...), uma lavra na Aplicação São Tiago, em que é sócio com o Doutor Monoel Rodrigues Pacheco e Morais, cuja lavra está aberta e nela trabalham atualmente alguns escravos (...), uma forja de ferreiro, (...) um torno grande, um caixão grande de botar fubá para a mesma fábrica (...).

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Com base no trecho do documento:

• Identifique a que segmento social pertencia o dono dos bens.

• Identifique os bens relacionados.

• Relacione as atividades econômicas a que se dedicava o referido vigário.

• A partir desse exemplo, a que conclusão se pode chegar sobre a economia mineira da segunda metade do século XVIII? Ela se resumiu à mineração?

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CRONOLOGIA

1693 - 1695

Descoberta das primeiras minas

1707 – 1709 Guerra dos Emboabas

SÉCULO XVII SÉCULO XVIII

POVOAMENTO INTENSO

Fortalecimento da autoridade da Coroa

1720 – Criação da Capitania de Minas Gerais

PERÍDO ÁUREO DA MINERAÇÃO - ATÉ CERCA DE 1750

1789 – ConjuraçãoMineira

DIVERSIFICAÇÃO ECONÔMICA

1700 1750 1800

Fins da década de 1720Descoberta dos Diamantes

1762/ 1763Primeira Derrama

Século XVIIBandeiras paulistas

1725 – Instalação da primeira Casa de Fundição nas Minas Gerais.