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“ Das Tradições à Inovação” Projecto Educativo 2006/2009 PROJECTO EDUCATIVO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MONFORTE Triénio 2006 – 2009

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“ Das Tradições à Inovação”

Projecto

Educativo

2006/2009

PROJECTO EDUCATIVO

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MONFORTE

Triénio 2006 – 2009

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Elaboração: Junho/Julho de 2006

Apreciação na reunião do Conselho Pedagógico de: 20 de Julho de 2006

Aprovação na reunião do Conselho Pedagógico de: 17 de Outubro de 2006

Aprovação na reunião da Assembleia de: 30 de Janeiro de 2007

Comissão elaboradora:

Amélia Belo, Carmen Torres, José Luís de Matos e Luís Pargana

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ÍNDICE

1. Introdução: conceito, âmbito e parcerias

2. Caracterização do meio;

3. Forças dinâmicas do presente;

4. Comunidade educativa e escolar;

5. Caracterização do Agrupamento Vertical;

6. Identificação de problemas;

6.1 Caracterização da comunidade de Etnia Cigana;

7. Objectivos do Projecto;

8. Iniciativas a desenvolver no âmbito do Projecto Educativo;

9. Ocupação de Tempos Livres:

9.1. Objectivos Gerais;

10. Actividades de enriquecimento curricular no 1ºciclo;

11. Avaliação do projecto;

12. Anexos.

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1. INTRODUÇÃO: CONCEITO, ÂMBITO E PARCERIAS

Tornar significativas as aprendizagens é a busca incessante da escola contemporânea.

Formar cidadãos competentes, activos e participativos obriga à concertação de estratégias educativas

eficazes, nas diversas áreas que consubstanciam o Currículo escolar. Obriga, sobretudo a que a Escola

reflicta sobre os contextos e sobre os alunos, em situação, de forma a que os processos de

ensino/aprendizagem promovam o sucesso educativo em função dos objectivos definidos para cada grau e

nível de ensino.

Definir os fins últimos da educação e perspectivar os processos e metodologias que permitam a sua

prossecução é o objectivo de um Projecto Educativo de Escola, enquanto documento aglutinador de todo

um Agrupamento de Escolas, mobilizador de uma Comunidade Educativa que integra alunos, professores,

pais e encarregados de educação e todos os outros agentes educativos, tanto da comunidade escolar como

do meio envolvente, em sentido lato.

Partindo de um rigoroso conhecimento do meio e de uma correcta identificação dos problemas o Projecto

Educativo é, por excelência, o documento propiciador das abordagens curriculares integradas e da

articulação entre as diversas escolas que constituem o Agrupamento, abrindo caminhos para os projectos

curriculares que venham a ser desenvolvidos.

Nesse sentido, o Projecto Educativo do Agrupamento de Escolas de Monforte identifica as questões do

multiculturalismo como uma das características mais fortes da sua população escolar, constatando-se,

simultaneamente, uma riqueza educativa em potência mas também dificuldades reais e objectivas para o

sucesso educativo global e integrado de todas as crianças e jovens.

Este obstáculo resulta da grande heterogeneidade das turmas, mais marcada no 1º ciclo do ensino básico,

da exigência acrescida para a diferenciação de estratégias educativas para as quais nem sempre se

conseguem mobilizar os recursos necessários e mais adequados e pela dificuldade em lidar com origens

sociais e culturais tão diversificadas, quer pelo insuficiente conhecimento dessas realidades, quer pela

dificuldade objectiva em tornar essa diferença num recurso pedagógico facilitador das aprendizagens.

Importa, assim, desenvolver estratégias que tornem acessível à escola o conhecimento das traves mestras

da cultura envolvente, dos costumes e tradições que caracterizam o multiculturalismo da comunidade

escolar de Monforte, de modo a tornar esse conhecimento num potencial recurso educativo que enquadre

as estratégias e metodologias pedagógico-didáticas de cada área curricular e extracurriculares do

Agrupamento.

As tradições culturais de Monforte, nas suas mais diversas expressões (desde as lendas, danças e cantares,

artes populares e artesanais, etc.) representam um manancial de informação a explorar para o

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enquadramento dos processos educativos, estimulando abordagens contextualizadas e metodologias de

trabalho-projecto.

Mas, a abordagem das tradições e formas de expressão artística e cultural em geral deve contemplar tanto

as culturas dominantes como as minoritárias, favorecendo o enriquecimento cultural que deriva do

contacto entre diferentes culturas e incrementando a curiosidade científica, a pesquisa e os valores da

tolerância. Por outro lado, a abordagem da tradição só alcança sentido pleno quando impregnada de uma

intencionalidade de inovação que lhe confira um significado actual e ligado à vida e exigências do nosso

tempo.

Assim, uma abordagem ao património colectivo que são, por exemplo, os “Bonecos de Santo Aleixo”, ou

o estudo e recriação dos usos e costumes étnicos ciganos, que em Monforte têm uma presença importante

pela dimensão que essa comunidade tem na vila, deve ser enquadrada por metodologias inovadoras, como

por exemplo o recurso às novas tecnologias de comunicação, que confira significado e pragmatismo às

aprendizagens, numa óptica contemporânea de aquisição e aplicação de conhecimentos.

Postos estes considerandos surge assim justificado o tema “Tradições e Inovação” como chapéu agregador

de todas as abordagens educativas a desenvolver no Agrupamento de escolas de Monforte. Particular

significado está contido na forma plural da palavra “tradição”, pluralidade que sustenta a singularidade da

“inovação” que se pretende para os processos de ensino aprendizagem a desenvolver.

Identificam-se, de seguida, os três grandes eixos integradores das abordagens curriculares nas escolas do

Agrupamento de Monforte:

Em primeiro lugar a abordagem das tradições.

Inclui-se neste item o levantamento e estudo das mais relevantes expressões culturais do concelho de

Monforte, desde o artesanato à tauromaquia, passando pelo teatro, pela música etnográfica, entre outras

expressões artísticas e culturais e, pelo seu elevado significado identitário, os “Bonecos de Santo Aleixo”.

Por outro lado, a tolerância para com as culturas minoritárias, e valorização do seu conteúdo pedagógico,

recomenda um tratamento específico das manifestações étnicas ciganas, introduzindo-as de forma

sistemática nas abordagens curriculares e rentabilizando-as como estratégia pedagógica motivadora e

integradora para todos os alunos

Por fim, a utilização das novas tecnologias de informação e comunicação, enquanto instrumento de

recolha de informação e produção de conhecimento, deve ser uma ferramenta privilegiada para as

estratégias pedagógico-didácticas em todas as áreas curriculares, eliminando a iliteracia funcional e

conferindo um carácter pragmático e inovador aos processos de ensino-aprendizagem.

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Estes três eixos de abordagem das aprendizagens implicam o estabelecimento de algumas parcerias que

contribuam para a sua concretização.

Em primeiro lugar a parceria com a Escola superior de Educação para realização de um Plano de

Formação na área das novas tecnologias que garanta uma eficaz rentabilização dos equipamentos do

Agrupamento.

Também na área do multiculturalismo esta Instituição de Ensino Superior será parceiro privilegiado tendo

em conta a sua experiência e antecedentes, nomeadamente a implementação de projecto de mediação

sócio-cultural experimentado no Agrupamento em anos anteriores. Mas, para a abordagem da cultura

cigana instituições como o Instituto das Comunidades Educativas ou projectos como o Projecto Nómada

assumirão um papel fulcral no estabelecimento de parcerias profícuas e propiciadoras/conducentes ao

sucesso educativo.

Já no que às expressões culturais dominantes diz respeito, a parceria com o Município de Monforte

assume um papel incontornável tanto para a sustentabilidade do

projecto como, principalmente, para a estreita articulação entre a escola e os agentes culturais locais.

Destaca-se o caso dos “Bonecos de Santo Aleixo”, ícones do teatro de marionetas populares oriundo da

freguesia de Santo Aleixo e que presentemente foram recuperados e são pertença do Centro Dramático de

Évora (CENDREV), entidade a convidar para o estabelecimento de parceria que permita a recuperação e

recriação desta forma máxima de fazer teatro de marionetas, bem enraizado na tradição popular de Santo

Aleixo.

2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO

A ocupação humana da vila de Monforte remonta ao período Neolítico, tendo sido realizada através de

pequenas comunidades agro-pastoris.

Mais tarde, já na época romana, segundo alguns autores terá sido um pequeno opidium, ficando como

legado patrimonial a “Villa” Lusitano-Romana, a Torre de Palma (século II a IV d.C.), estradas, pontes e

vias, das quais se destaca a Via Imperial Romana que ligava Lisboa (Olissipo) a Mérida (Emérita

Augusta), que era a capital da província Lusitana. Ao longo da Idade Média, foi invadida por muçulmanos

e castelhanos, sendo local de batalhas que marcam a nossa história. O nosso concelho recebeu duas cartas

florais, uma em 1257 e a outra, já no período do Renascimento em 1512, ambas com o objectivo de fixar a

população a fim de a proteger contra as invasões.

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Entre os séculos XVI e XVIII, durante a Idade Moderna, registou-se a construção de novas igrejas e a

reformulação de outras edificadas durante a Época Medieval, reflectindo o forte sentido religioso. Por

outro lado, verificou-se o enriquecimento de várias famílias nobiliárquicas locais que edificaram belas

casas setecentistas, modificando o traço medieval de ambos os centros urbanos, com maior incidência na

vila de Monforte, surgindo várias casas brasonadas.

Por sua vez, o século XIX ficou fortemente associado e condicionado pela extinção das Ordens Religiosas

em 1834, da qual resultou o declínio do Mosteiro do “Bom Jesus da Vila de Monforte” e posterior venda

em hasta pública do seu património rural e urbano. Em termos político-administrativos o ano de 1895 foi

adverso para o Concelho de Monforte que foi totalmente extinto como realidade político-administrativa

autónoma, transitando a sua tutela administrativa para o Concelho de Arronches. Contudo, esta extinção

durou apenas cerca de três anos e a 13 de Janeiro de 1898 o Concelho de Monforte foi restaurado,

voltando à sua posse a Freguesia de Monforte. A Câmara Municipal de Monforte em 1898 tomou uma

decisão que alterou para sempre o traçado morfológico da zona mais nobre desta localidade situada no

interior da muralha; ou seja, o alargamento e embelezamento da antiga Praça Pública de Monforte.

Actualmente, o concelho de Monforte, tal como todos os outros, possui uma componente essencial que

conduz ao desenvolvimento local – as pessoas. Como tal, torna-se necessário constatar qual o seu

potencial demográfico e quais as suas principais características. Em termos populacionais, o município de

Monforte evoluiu segundo duas fases distintas. A primeira fase decorreu entre 1864 e 1950 e caracterizou-

se por um contínuo crescimento da população. Nesta fase o número de habitantes passou de 3800 para os

8295 efectivos, o que corresponde a um aumento na ordem dos 118 %. Na base deste crescimento

estiveram as elevadas taxas de natalidade que se traduziram em saldos fisiológicos positivos. A segunda

fase compreendida entre 1960 e 2001, pelo contrário, corresponde a um decréscimo acentuado dos

efectivos populacionais. Este decréscimo deve-se, sobretudo, à mudança de mentalidades e de

comportamentos que se verificaram em todo o país, que contribuíram para a quebra das taxas de

natalidade e de mortalidade tendo como consequência a diminuição dos saldos fisiológicos.

Relativamente às freguesias do município podemos observar um comportamento semelhante ao verificado

no município. O número de habitantes, em todas as freguesias, aumentou até 1950 e decresceu desde

então. A única excepção apontada é a freguesia de Assumar que aumentou somente sete indivíduos face a

1991, perfazendo em 2001, um total de 687 indivíduos. É ainda de salientar a freguesia de Monforte que,

desde 1864, se destaca das restantes freguesias por possuir maiores quantitativos populacionais (em 1940

apresenta 3264 habitantes). Porém, esta freguesia é também a que, relativamente às outras, tem perdido

mais população. Desde 1940 até 2001, Monforte já perdeu 2016 habitantes, ou seja, cerca de 62 % da sua

população.

Esta diminuição da população relaciona-se directamente com a mudança de mentalidades e

comportamentos que ocorreram em Portugal a partir da segunda metade do século XX, e teve,

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indubitavelmente, influência na população. A entrada da mulher no mercado de trabalho, o prolongamento

da idade escolar, os custos de educação que um filho acarreta são alguns dos factores que condicionaram

fortemente o comportamento da natalidade. Por outro lado, os melhores cuidados de saúde prestados às

populações contribuíram para o aumento da esperança média de vida e, consequentemente, para reduzir o

número de óbitos. A diminuição da natalidade e da mortalidade ocorreu nos mais diversos municípios e,

naturalmente, no de Monforte.

3. FORÇAS DINÂMICAS DO PRESENTE

A vila de Monforte está situada numa eminência junto à margem esquerda da Ribeira Grande, pertencente

ao distrito de Portalegre. É um concelho formado por quatro freguesias, Monforte, Santo Aleixo, Assumar

e Vaiamonte, e ainda, o lugar dos Prazeres, ocupando uma extensão territorial de 420Km2, totalizando

cerca de 3393 habitantes (dados do censos de 2001) e apresentando uma densidade populacional de cerca

de 8 habitantes por km2, e que se encontra em decréscimo.

A sua principal actividade económica é a agricultura, destacando-se também a criação de gado Bovino e

Equino, esta última de grande relevância em todo o concelho e região, devido à tradição Tauromáquica,

que data dos finais dos século XIX, bem como a produção vinícola, de onde provêm vinhos de

reconhecida qualidade.

No sector secundário há a realçar a importante indústria de extracção de granito.

A nível turístico, dispõe de amplas potencialidades na área ambiental, cultural e cinegético, com boas vias

de acesso, nomeadamente o IP2.

A cultura, a religião e o desporto também têm grande relevo no concelho de Monforte ao longo do ano. A

nível cultural existem várias exposições de pintura, artesanato e artes decorativas na Galeria Municipal,

bem como concertos e desfiles de moda. Destaca-se ainda a Monforfeira, que como o próprio nome

indica, consiste numa feira bianual, que recebe visitantes de toda a região, assim como de vários pontos do

país. Nela são apresentadas as indústrias, o comércio, o artesanato da região, além de espectáculos de

música e dança, e as tradicionais garraiadas e touradas, que tão bem caracterizam o concelho. A nível

religioso existem algumas celebrações de realce, como são os seguintes exemplos: a Festa Popular e

Religiosa em honra de Nossa Senhora dos Milagres na freguesia de Assumar; a Festa Popular e Religiosa

em honra de Nossa Senhora do Parto em Monforte; a Festa Popular e Religiosa em honra de Santo Aleixo

em Santo Aleixo; a Festa Popular e Religiosa em honra de Nossa Senhora das Neves em Vaiamonte; e,

por fim, a Romaria e Festa Religiosa em honra de Nossa Senhora dos Prazeres, no lugar dos Prazeres, que

coincide com o feriado municipal, comemorado na segunda-feira de Pascoela.

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No âmbito desportivo e cultural existem associações que se dedicam à divulgação da cultura, desporto e

tradições do concelho de Monforte. São exemplos, a Associação Cultural de Desportiva de Santo Aleixo,

a Associação de Criadores do Rafeiro do Alentejo, o Centro Social de Santo António em Vaiamonte, o

Futebol Clube Monfortense, o Sporting clube Assumarense, o Centro Comunitário de Monforte

(equipamento da autarquia), a Sociedade Filarmónica Monfortense, que é sede do tão conhecido grupo de

música tradicional portuguesa “Seara Jovem”, grupo de Forcados e os Bombeiros Voluntários de

Monforte. É de destacar a importância da nova Biblioteca Municipal, inaugurada em Janeiro de 2006, que

integra a rede de bibliotecas públicas, e surge como uma mais valia no apoio escolar, podendo ser um

contributo para fomentar o gosto pela leitura, além de acolher um vasto programa de actividades, devido à

sua estrutura arquitectónica.

A nível de equipamentos desportivos, o concelho de Monforte, possui três campos de futebol, um pavilhão

gimnodesportivo, dois courts de ténis, duas piscinas municipais, sendo uma descoberta e outra coberta, e

três campos polidesportivos nas freguesias. Durante todo o ano decorrem várias provas desportivas

inseridas nos Campeonatos Distritais de Futebol e Atletismo, bem como Torneios de futebol de Salão e de

Badminton e também corridas de cães da raça galgo. O concelho é ainda palco privilegiado de uma das

mas importantes provas do Campeonato Nacional de Todo o Terreno, a famosa Baja de Portalegre,

participando em provas e organização de eventos dos Jogos do Norte Alentejano.

Monforte tem também muito para dar a nível do artesanato, podendo encontrar uma grande diversidade de

trabalhos nos mais variados materiais, sendo o Posto de Turismo da Câmara Municipal um dos locais

privilegiados para nos encontrarmos com mostras de artesanato da região, pois tem vindo a recolher, ao

longo dos anos, alguns dos mais importantes trabalhos dos artesãos do concelho, dos quais se destacam

trabalhos elaborados em cortiça, madeira, pedra, chifre, bunho, pele e lavores femininos. É da freguesia de

Santo Aleixo que são originários os famosos Bonecos de Santo Aleixo, que consistem em títeres de varão,

manipulados por cima, à semelhança das grandes marionetas do Sul de Itália e do Norte da Europa, mas

diminutos – de vinte a quarenta centímetros. Os Bonecos de Santo Aleixo, actualmente, propriedade do

Centro Dramático de Évora, são manipulados por “uma família”, constituída por actores profissionais, que

garantem a permanência do espectáculo, assegurando assim a continuidade desta expressão artística

alentejana. Conhecidos e apreciados em todo o país, devido a frequentes deslocações aos locais onde

tradicionalmente se realizava o espectáculo, os Bonecos de Santo Aleixo participaram também em muitos

certames internacionais fora do país (Espanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Grécia, Moçambique,

Alemanha, Macau, China, Índia, Tailândia, Brasil, Rússia, México e França) e são anfitriões da Bienal

Internacional de Marionetas de Évora – BIME que se realiza desde 1987. Os Jogos florais XIII e o Teatro

Amador que já vai da VI mostra de Teatro.

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4. COMUNIDADE EDUCATIVA E ESCOLAR

A maioria da população do município de Monforte detém apenas o 1º ciclo do ensino básico, porém, a

situação é ainda mais preocupante quando se verifica que os analfabetos com 10 ou mais anos e a

população sem nenhum nível de ensino representa 22 % e 28 % da população residente, respectivamente.

É de destacar que são, sobretudo, as mulheres que menos habilitações possuem nestes níveis. Porém, é o

sexo feminino que se destaca no ensino superior: 82 mulheres contra 64 homens.

O nível de ensino atingindo pela população residente é diferente entre as freguesias do Concelho de

Monforte. Deste modo, constatou-se que Assumar apresenta a maior percentagem de analfabetos com 10

ou mais anos contabilizando 227 indivíduos nesta situação. Santo Aleixo e Vaiamonte são as freguesias

que detém o maior número de efectivos sem nenhum nível de ensino - 260 e 229 -, respectivamente,

ultrapassando em ambos os casos os 30 % da população residente. Pelo contrário, Monforte apresenta os

melhores níveis de ensino, nomeadamente, no 3º ciclo; Secundário e Superior. No caso do ensino superior,

Monforte tem mais de 5 % da população residente, correspondendo a 141 indivíduos a frequentar este

nível de ensino destacando-se, claramente, das restantes freguesias.

Relativamente à comunidade escolar, os alunos no 2º e 3º ciclos aparecem distribuídos por nove turmas,

duas por cada nível, à excepção da turma do 9º ano. Além dos alunos pertencentes ao concelho de

Monforte, existe uma minoria oriunda de países de leste, e outra, bastante maior e de grande impacto, que

é a de etnia cigana. Todos eles coexistem de forma harmoniosa e enquadrada no sistema educativo e na

comunidade escolar e educativa. Porém, devido às características específicas do povo cigano, torna-se

imperioso que o Projecto Educativo de Escola enfoque uma das suas linhas de acção para esta comunidade

minoritária, pois possuem hábitos culturais, sociais e profissionais diferentes. Gradualmente, e com o

apoio da Câmara Municipal de Monforte, têm vindo a habitar residências fixas, no entanto, devido às suas

características de nómadas, dependendo da época do ano, são obrigados a deslocarem-se sazonalmente,

para Espanha, onde trabalham nos campos agrícolas, já no concelho de Monforte, além de se dedicarem à

agricultura, também têm grande impacto a nível dos mercados e feiras.

Analisando os dados relativos ao ano lectivo 2005/2006, o corpo docente, apesar de na sua

maioria, 82%, pertencer ao concelho ou região, muitos docentes têm de fazer viagens superiores a um raio

de mais 30km para se deslocarem para o seu local de trabalho. Já os restantes, 18%, provêm de outras

zonas do país, obrigando-os a alugarem casa e a fazerem longas viagens no fim-de-semana. Todo o corpo

de docente possui qualificações para a docência, sendo profissionalizado, além de possuir mais de dois

anos de tempo de serviço, à excepção de um professor do 1º ciclo.

No que concerne ao factor estabilidade, 24% do corpo docente é contratado, entrando, na sua

maioria, em horários incompletos, devido à insuficiência de horas lectivas. Porém, mantém-se motivado,

uma vez que o órgão de gestão, completa a maioria dos horários incompletos no primeiro mês de aulas.

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Como é de prever, anualmente, a mesma percentagem de professores contratados é renovada, exigindo um

período de adaptação ao meio escolar e ao meio envolvente, o que inviabiliza a continuidade e

desenvolvimento da missão da Escola, constantes do Projecto Educativo, obrigando a pelo menos um

período de aulas de adaptação. Esta situação de instabilidade profissional poderá ser atenuada com a

anunciada colocação plurianual de professores durante o triénio 2006/2009.

Relativamente à faixa etária onde se encontram os docentes deste agrupamento, podemo-la

considerar diversificada, tendo 35% idades compreendidas entre os 35 e os 40 anos, 20% tem entre 40 e

45 anos, 16% tem entre 45 e 58 anos e os restantes 29% têm idades compreendidas entre os 25 e os 35

anos, sendo neste grupo que se encontram a maioria dos contratados e professores deslocados.

O corpo não docente é oriundo do concelho de Monforte. As suas habilitações literárias são variadas,

sendo os mais novos os que possuem maiores habilitações. O relacionamento inter pares com o pessoal

docente e com os alunos é bastante satisfatório, sendo que as eventuais situações de conflito são de

imediato resolvidas.

5. CARACTERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE MONFORTE

Jardins de Infância e Escolas de 1º Ciclo

O Jardim de Infância de Monforte funciona na antiga Escola Primária Adães Bermudes. Este localiza-se

no Jardim da Vila. Neste estabelecimento funcionam duas salas de actividades, uma com 19 crianças e

outra com 18, ambas com crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 5 anos. Ambas são

espaçosas e com bastante iluminação natural e artificial e bom arejamento. Estão equipadas com dois

aparelhos de ar condicionado, que fazem o aquecimento e o arrefecimento dos espaços, cedidos pela Junta

de Freguesia e colocados em cada sala de aula no ano lectivo 2003/2004.

Tem contígua, ainda outra sala de menores dimensões com iluminação artificial que serve para uso da

equipa educativa e também para os atendimentos aos encarregados de educação. Junto a esta sala existe

uma casa de banho para adultos. No corredor comum às salas encontram-se também duas casas de banho

para as crianças.

Relativamente ao espaço exterior – o recreio – é um amplo espaço descoberto, vedado, com algumas

árvores, o chão é de terra batida, existindo também um espaço acimentado e um tanque de areia. Como

estruturas podemos referir: dois baloiços, um escorrega, ferros para trepar e uma casinha em plástico

rígido, com dimensões adequadas ao tamanho das crianças.

O interior e o exterior deste espaço pedagógico foi todo remodelado no ano lectivo 2001/2002, ficando

com um aspecto muito agradável, confortável e muito bem apetrechado de mobiliário e material

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pedagógico. O espaço exterior foi todo remodelado no ano lectivo 2005/2006, sendo todo o chão coberto

por um piso aborrachado. No ano lectivo 2005/2006 o espaço exterior sofreu alterações tendo em vista a

melhoria de condições de segurança para as crianças.

Neste Jardim de Infância trabalham duas auxiliares de educação pertencentes ao quadro da Câmara

Municipal de Monforte e duas animadoras.

A Escola Básica I de Monforte insere-se no Agrupamento Vertical de Escolas e Jardins de Infância do

Concelho de Monforte. É um estabelecimento de ensino, tipo Plano dos Centenários, com quatro salas de

aula, apoiadas pela antiga cantina escolar onde funcionam o bar e a sala de convívio. Decorrem aqui as

aulas de duas das três turmas do 1º ciclo de Monforte, decorrendo as aulas da terceira turma na escola-

sede.

O Jardim de Infância de Assumar encontra-se localizado num edifício construído de raiz, inaugurado em

2002/2003, onde existe uma sala que acolhe catorze crianças com idades compreendidas entre os 3 os 6

anos.

O edifício da Escola Básica I de Assumar pertence ao Plano dos Centenários, é composto por duas salas

de aula em funcionamento, dois halls de entrada, dois alpendres cobertos, sete casas de banho, uma

pequena arrecadação e um pátio descoberto, de terra batida, amplo, com algumas árvores e baloiços. As

salas de aula são amplas, dispõem de boa iluminação natural. O aquecimento das mesmas é deficiente, o

mobiliário existente é novo e o estado geral do edifício é razoavelmente bom e adequado às necessidades.

A Escola Básica de Santo Aleixo é um estabelecimento de ensino composto por dois edifícios separados

por um campo de jogos. O edifício de cima é composto por duas salas de aula, nas quais funcionam o 1º

ciclo. No edifício de baixo, existe unicamente uma sala de aula ocupada pelo Jardim de Infância. Em

ambas as estruturas existe um espaçoso hall de entrada, neste momento utilizado para fins diferentes, um

deles para diversificados fins, e, o outro, destina-se a um espaço de trabalho e convívio para os docentes e

auxiliares de acção educativa do estabelecimento.

Além dos espaços acima mencionados o estabelecimento possui seis casas-de-banho, três para cada

edifício, sendo que uma delas é utilizada actualmente como arrecadação, já que não existe nenhum espaço

destinado para esse efeito.

Em ambas as construções existem dois alpendres e ao redor delas um amplo espaço exterior onde se

podem encontrar dois equipamentos característicos de parque infantil, estando um deles inactivo, o

baloiço.

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Compõe também o estabelecimento de ensino um outro edifício escolar, tipo Plano dos Centenários, com

duas salas de aula, onde funcionam respectivamente o refeitório e as actividades de tempos livres. Este

espaço fica a cerca de 850m da escola. Todo o espaço escolar foi intervencionado no ano lectivo

2005/2006 sofrendo consideráveis melhorias. Foi acrescentado ao espaço existente uma sala multiusos,

que serve de refeitório e de sala de apoio às actividades curriculares e um anfiteatro no exterior, onde

todas as crianças fazem as suas apresentações.

O Jardim de Infância de Vaiamonte funciona numa casa de habitação, onde estão inscritas vinte crianças

de idades compreendidas entre os 3 e os 6 anos.

O edifício em questão é já muito antigo, no entanto, oferece condições de segurança mínimas. Neste

momento, os problemas com os quais se depara são as paredes e o tecto que necessitam de restauro. O

edifício é constituído por uma sala de actividades, uma sala pequena onde se encontram os audiovisuais,

os sanitários são interiores e constituídos por duas sanitas e um lavatório. O espaço exterior é constituído

por um pátio pequeno em cimento.

Neste ano lectivo trabalham no Jardim de Infância uma educadora, uma auxiliar da acção educativa e no

período da manhã, durante duas horas, uma animadora.

Também a Escola Básica I de Vaiamonte, à semelhança das outras escolas do concelho, está integrada no

Agrupamento Vertical de Escolas de Monforte e é frequentada por trinta crianças.

O edifício escolar é do tipo Plano dos Centenários. Tem duas salas de aula, dois halls, uma arrecadação de

pequenas dimensões, instalações sanitárias pouco satisfatórias, um pequeno pátio coberto, onde chove, e

um pátio de recreio vedado com as grades de alumínio que oferecem garantia de segurança aos alunos.

Existia um refeitório nas instalações do Jardim de Infância de Vaiamonte, que servia simultaneamente os

alunos do 1º ciclo e Jardim de Infância desta localidade e para o qual existe um trabalho de parceria entre

as auxiliares dos dois estabelecimentos de ensino, durante a hora de refeição. No final do ano lectivo

transacto, as refeições começaram a ser servidas no Centro Comunitário, por oferecer melhores condições.

Existe ainda neste estabelecimento de ensino uma Biblioteca Infantil, de referir que, por iniciativa da

Biblioteca Municipal de Monforte, se desloca à escola, quinzenalmente, uma equipa da referida biblioteca,

com o propósito de facultar aos alunos interessados a requisição de livros para poderem ler em casa.

Quanto ao aquecimento e arrefecimento das salas, o mesmo é feito através de dois aparelhos de ar

condicionado, estando um em cada sala de aula, gentilmente oferecido pela Junta de Freguesia de

Vaiamonte.

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6. IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS

• Existência de um significativo número de alunos com carências sócio-económicas;

• Desinteresse e desmotivação pelas actividades/tarefas propostas e pelo estudo em geral, que se

associam à existência de interesses divergentes dos do meio escolar e a fracas perspectivas de futuro;

• Ausência de hábitos e métodos de trabalho;

• Dificuldades na atenção/concentração;

• Falta de autonomia;

• Dificuldades no domínio da língua portuguesa, oral e escrita, que prejudicam as aprendizagens nas

outras áreas de aprendizagem, curriculares e não curriculares;

• Desadequação dos comportamentos e atitudes, no contexto da sala de aula;

• Deficiências no relacionamento pessoal entre discentes/discentes, discentes/docentes e

discentes/não docentes;

• Carência de regras e princípios básicos de convivência social, tais como o espírito de grupo,

entreajuda, tolerância e solidariedade;

• Falta de assiduidade;

• Afastamento do meio familiar no acompanhamento e envolvimento nas actividades escolares e

extracurriculares;

• Grandes dificuldades na integração do elevado número de crianças de etnia cigana*.

* Em anexo, segue a «Caracterização da Comunidade Cigana».

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7. OBJECTIVOS DO PROJECTO

• Desenvolver actividades/tarefas de acordo com os interesses e necessidades dos alunos,

envolvendo-os na organização das mesmas;

• Facultar contactos e experiências com o meio extra-escolar;

• Sensibilizar os alunos para a importância do conhecimento e cultura escolares na sociedade actual,

perspectivando uma futura integração profissional;

• Promover o gosto pela prática regular de exercício físico;

• Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e aprendizagem adequadas com os objectivos

definidos;

• Proporcionar a realização de actividades de forma autónoma e responsável;

• Favorecer a auto-estima;

• Incentivar a correcta comunicação, escrita e oral, da língua portuguesa;

• Desenvolver a consciência cívica e moral;

• Proporcionar situações que permitam desenvolver o espírito de cooperação, solidariedade,

tolerância e respeito mútuo;

• Sensibilizar os alunos para a necessidade de preservar o património cultural e natural;

• Adoptar medidas de reforço para todos os alunos que necessitam;

• Investir no apoio ao aluno com necessidades educativas e/ou de saúde especiais, nomeadamente,

através de protocolos com entidades empresariais, visando a integração destes alunos na vida activa;

• Responsabilizar toda a escola, individual e colectivamente, pelo respeito de normas e regulamentos

definidos, garantindo o seu cumprimento;

• Promover a formação contínua de docentes e não docentes;

• Solicitar a presença e acompanhamento permanente dos pais e encarregados de educação na

comunidade escolar e na formação integral dos seus educandos;

• Fomentar a participação activa dos Encarregados de Educação, proporcionando experiências entre

os vários elementos da comunidade educativa, conducentes a uma participação integradora;

• Trazer à escola sede os alunos das freguesias rurais, de modo a combater o isolamento, situação

que poderá acontecer com as actividades extra-curriculares;

• Apoiar os alunos do pré-escolar e do 1ºciclo nas actividades de enriquecimento curricular e

assegurar formação adequada para os diferentes ciclos;

• Rentabilizar os diversos instrumentos de aprendizagem e avaliação, investindo nas novas

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC);

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• Respeitar e valorizar a especificidade da cultura cigana, de forma a conseguir-se uma verdadeira

integração dos alunos desta etnia;

• Contribuir para o sucesso multicultural, valorizando a interculturalidade.

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8. INICIATIVAS A DESENVOLVER NO ÂMBITO DO PROJECTO EDUCATIVO

• Plano de Acção para a Matemática;

• Produção e disponibilização de conteúdos em página web (correspondente ao site da escola),

potenciando o espaço disponibilizado pela FCCN;

• «Jornal digital»; «Galeria virtual» e «Chat das línguas» (potenciando o Programa eTwinning);

• Candidatura à RBE (Rede de Bibliotecas Escolares);

• Plano Nacional de Leitura – a trabalhar localmente nas escolas – em colaboração com a Câmara

Municipal;

• Projecto da Internet nas escolas do 1º ciclo;

• Projecto das escolas rurais (Assumar).

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9. OCUPAÇÃO DE TEMPOS LIVRES

O principal objectivo do prolongamento de horário, surge pela necessidade de dar resposta às

famílias que trabalham e têm horários incompatíveis com os do Jardim-de-infância/Escola do 1º ciclo.

Pretende-se um espaço de situações estimulantes, onde a actividade lúdica seja uma constante. É

através destas actividades que as crianças interiorizam conhecimentos, regras e vivências positivas para a

sua vida futura. Assim, pretende-se organizar e ocupar os tempos livres das crianças, melhorando a sua

qualidade de vida.

9.1. Objectivos Gerais

• Criar um espaço de convívio e promover o associativismo;

• Favorecer o espírito de cooperação;

• Dar às crianças momentos de concentração;

• Proporcionar alegria e momentos diferentes a cada criança;

• Dar a conhecer regras de convivência social;

• Desenvolver a harmonia;

• Promover o trabalho organizado em grupo;

• Educar para a cidadania;

• Favorecer uma construção pessoal assentes em valores da iniciativa, da criatividade e da

persistência.

Tendo em vista o bom funcionamento e consequente uniformização de procedimentos a fim de

proporcionarmos as melhores condições de bem estar e sucesso educativo às crianças, devem ser

adoptados alguns procedimentos constantes que poderão, sempre que necessário, ser consultados nas

orientações internas dos tempos livres.

De referir, ainda que, para o próximo ano lectivo (2006/2007), todas as escolas do 1ºciclo pertencentes ao

agrupamento se candidataram ao programa «Educação/Emprego» - Despacho conjunto nº942/99 -,

colocação de Animadores e Mediadores Culturais para que, assim, se possam satisfazer as necessidades

sociais da comunidade e aproximar as famílias de outros parceiros.

A educação pré-escolar poderá usufruir da componente de apoio à família (prolongamento de

horário, refeições) a partir de um acordo a celebrar, anualmente, entre a Câmara Municipal e a D.R.E.A.

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10. ACTIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR NO 1ºCICLO

O alargamento e a generalização da escola a tempo inteiro são fundamentais para tornar os

horários dos estabelecimentos de ensino mais compatíveis com as necessidades das famílias,

proporcionando novas oportunidades de aprendizagem aos alunos desse nível de ensino. Assim, todas as

escolas do 1ºciclo terão que assegurar aos seus alunos actividades de enriquecimento curricular, no

próximo ano lectivo.

Estas actividades são asseguradas pelos agrupamentos, em parceria com as entidades promotoras,

que podem ser autarquias, associações de pais e as IPSS:

Os planos de actividades têm que incluir, obrigatoriamente, o Inglês para o 3º e 4º ano (135

minutos) e o Estudo Acompanhado (90 minutos).

Além destas duas actividades obrigatórias, os planos poderão, ainda, incluir a Educação Musical, a

actividade física e desportiva e expressões artísticas.

As escolas dispõem de uma margem de autonomia para gerir as 10 horas semanais de

prolongamento de horário, tirando partido dos recursos existentes a nível local.

A supervisão pedagógica de todas as actividades definidas cabe aos professores titulares de turma,

devendo ser realizada no âmbito da componente não lectiva de estabelecimento (2 horas), de acordo com

os seguintes objectivos:

• Programação das actividades;

• Acompanhamento das actividades através das reuniões para os respectivos dinamizadores;

• Avaliação da sua realização;

• Realização das actividades de apoio ao estudo;

• Reuniões com os encarregados de educação.

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11. AVALIAÇÃO DO PROJECTO

A avaliação tem por finalidade fornecer informações à escola sobre o trabalho desenvolvido no tocante à

planificação, aplicação e avaliação das medidas de acção no quadro do desenvolvimento do «Plano de

Melhoria da qualidade da Escola».

A avaliação deve ser permanente, formalizada no final de cada ano lectivo e no final da vigência do

mesmo, através de mecanismos de consulta à comunidade educativa e tratamento dos mesmos

(questionários, entrevistas, outras formas).

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12. ANEXOS

Anexo 1: CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE CIGANA

Para se poder trabalhar com a comunidade cigana, que tanta implantação tem neste concelho, é

necessário conhecer a sua cultura para percebermos o insucesso escolar que se verifica nas crianças

ciganas. Só conhecendo essa cultura, tão própria, será possível trabalhar-se para uma integração que,

apesar de difícil e trabalhosa, é possível e necessária.

Passemos, então, a uma caracterização sumária desta comunidade:

Para já, são comunidades que têm como valor máximo a família. Tudo gira em torno da família,

todos agem em função da família, contribuindo para o bem comum, formando uma unidade

organizacional muito rígida.

O conceito de família nas comunidades ciganas vai muito além do conceito com que, normalmente,

lidamos, englobando não uma célula familiar, mas várias, indo, por vezes, até à quarta geração,

abrangendo tios, primos, cunhados, avós, etc. E é neste seio que as crianças são educadas, recebendo os

ensinamentos culturais e a sabedoria ancestral que lhes permite garantir a unidade do grupo.

Os laços de união entre os ciganos são sobejamente conhecidos: quando existe alguém enfermo, em caso

de mortes, casamentos e, ultimamente, quando um familiar sai da prisão definitivamente ou tem uma saída

precária. No caso de internamento familiar, o cigano nunca é deixado só e, em caso de velório, os

familiares ocorrem de todos os lados, inclusive do estrangeiro. Hoje o recurso ao telemóvel permite

acelerar todo o processo do funeral (a mensagem chega mais depressa!). Antes, e para que os familiares

pudesse estar presentes no acto, o corpo era mantido em casa mais tempo do que o desejável. Com o

casamento, apesar do espírito oposto, o ajuntamento é o mesmo.

Estes acontecimentos, que podem durar dias ou semanas, são, quase sempre, motivos para a não

comparência das crianças na escola. Acrescente-se o facto de, por vezes, se fazerem promessas individuais

que são cumpridas religiosamente: deixar de fumar, não beber bebidas alcoólicas, não cortar a barba, não

se lavar durante determinados períodos de tempo, etc.

É normal um cigano não escrever, nem ler o nome de um ente querido entretanto falecido - todos os

objectos dos defuntos são destruídos ou deitados fora.

Outro aspecto a considerar no afastamento das jovens ciganas da escola é a questão da pureza feminina

que estas jovens mantêm até ao casamento, o que as leva ao matrimónio ainda muito novas – os pais

retiram-nas da escola temendo determinados ensinamentos e aculturações.

Para o cigano, só dois tempos contam: o passado e o presente. Procuram viver o dia-a-dia sem

preocupações com o que virá, respondendo sempre a curto prazo, o que se reflecte nas expectativas em

relação à escola.

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Apesar de alguns projectos de integração, continua a verificar-se uma grande apatia pelo estudo e pela

escola, em geral. Como têm sobrevivido até hoje sem a necessidade premente do saber escolar, existe um

certo medo de que a escola destrua a sua cultura ancestral.

Outra das razões da fraquíssima assiduidade das crianças ciganas deve-se ao facto de cedo começarem a

participar nas tarefas familiares.

Viremo-nos para a escola e o que esta (não) faz para a compreensão e posterior integração destes jovens: a

escola está pensada em torno de uma cultura livresca, virada para uma classe média, urbana e recheada de

valores católicos, nada preparada para receber grupos étnicos.

É necessário pensar-se em formar professores para trabalharem com grupos étnicos diferenciados. Aqueles

deverão possuir um alto sentido profissional e vocacional, pois trabalhar ou cooperar com minorias é

bastante exigente, quer a nível pessoal, quer a nível de preparação profissional que exige um trabalho

constante de investigação-acção. Esta investigação é, sobretudo, no campo do conhecimento da cultura

cigana: ninguém conseguirá respeitar a cultura cigana se não a conhecer e, principalmente, compreender e

se, no desempenho das funções docentes, não a utilizar como mais um instrumento de motivação e

apelação dos ciganos para a escola.

Há que valorizar a cultura cigana e trazê-la à escola: falando da história deste povo, dando a conhecer os

seus costumes e tradições, tentar a escrita da sua própria língua, o caló.

Trabalhar com estes grupos requer, mais do que com quaisquer outros, o estímulo da autoconfiança – o

cigano também tem orgulho e não gosta de errar e, muito menos, de merecer a chacota dos pajos. Vendo

valorizados os seus aspectos mais positivos pela escola, mais esta será um meio para a sua inserção na

comunidade maioritária.

Muitas vezes, os ciganos mais jovens sentem dificuldades em comunicar com os parceiros na língua

portuguesa pois lidam, diariamente, com dois ou três dialectos no seio das suas famílias: o caló, o

castelhano e o português. Seria interessante as crianças da maioria serem estimuladas a aprender um

pouco sobre a língua e cultura ciganas.

Aspecto fundamental será o de respeitar o direito à diferença («A indiferença à diferença, torna a diferença

maior», Perrenoud, 1985), reconhecendo que cada sociedade tem os seus próprios valores, as suas formas

de conduta. Mesmo que estas pareçam ridículas aos olhos da maioria. Por trás de algumas destas condutas

e tradições estão a sobrevivência das comunidades ciganas, ao longo de séculos, apesar de todas as

perseguições a que foram sujeitos e das discriminações ainda hoje existentes. A primeira fase da educação

formal, a pré-primária, ainda não reúne todas as condições para que seja frequentada por muitas crianças,

tendo em conta os horários praticados, muitas vezes incompatíveis com os horários dos pais. Este aspecto

também faz com que a frequência de crianças ciganas nos jardins-de-infância seja insignificante ou nula.

Outra das causas que afasta as crianças ciganas dos jardins-de-infância tem a ver comum aspecto a que as

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mulheres ciganas ainda estão muito agarradas, o abandono dos filhos em tão tenra idade. O medo da

aculturação também é uma constante.

Outro aspecto que contribui para a auto-exclusão é o facto dos ciganos serem tratados como todos os

outros. É usual escutar-se os professores que trabalham com crianças ciganas dizerem: “Eu trato todos os

alunos da mesma maneira”; “Para mim são todos iguais” . Nada mais falso. Todos são diferentes, cada

caso é um caso e os de origem cigana, por todas as condicionantes impostas pelos colegas, pelos vizinhos

e mesmo por determinadas autoridades, terão que ter um tratamento muito mais carinhoso e

individualizado do que qualquer outro aluno em situação “normal”. Já não basta o ter que estar, a maior

parte das vezes, horas encerrado numa sala de aula, para quem a liberdade é um valor sagrado, e ainda ter

que escutar todos os dias histórias da Páscoa, do Natal, História de Portugal, etc. etc., não se tendo em

conta que o cigano é criado ao ar livre, sem compromissos, sem regras muito rígidas de horários e que é

detentor de uma cultura completamente diferente. Os saberes adquiridos pelas crianças ciganas são muito

concretos, são-lhe transmitidos pela via oral e nada têm a ver com aquilo que a escola lhe quer impor ou

transmitir, ele procura algo que lhe sirva para o seu dia a dia. Pretende-se com isto alertar todos os

docentes que os ciganos não podem ser tratados como payos, a escola terá de repensar toda a sua orgânica

em função da permanência das crianças ciganas, terá de se tornar mais atractiva, mais activa e diferente.

Com esta vertente do nosso Projecto Educativo pretende-se contribuir para o sucesso da escola

multicultural, valorizando a interculturalidade, não se devendo perder de vista as aquisições nos campos

emocional, social e motivacional que devem merecer prioridade sobre as aquisições mais formais. Outro

aspecto a ser considerado é a construção de materiais mais adaptados às comunidades ciganas, sobretudo

textos que tenham a ver com as suas tradições, a sua história e os seus costumes e crenças. O recurso a

metodologias activas e participativas é o caminho mais correcto e mais profícuo. A escola que pretende

uma pedagogia intercultural, terá sempre de recorrer a uma pedagogia de relações humanas. Será a

estratégia mais produtiva, visto que as pessoas são a razão da existência da Escola. Qualquer que seja a

instituição de ensino onde existam grupos étnicos, deverá abandonar de uma vez por todas a cultura

livresca e urbana de Escola e terá de deixar de idealizar os discentes como um grupo homogéneo, oriundo

da classe média. Outra das metodologias a pôr em prática é o método da discussão, onde alunos e

comunidade educativa devem ser envolvidos e implicados em todo o planeamento e execução da

actividade escolar e educativa, ou seja, devem ser actores com papéis bem definidos na preparação,

consecução e implementação do Projecto Educativo de Escola ou de Agrupamento.