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DAVID BARRETO DE AGUIAR ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO MORRO DO FORNO, ARRAIAL DO CABO – RJ. Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Niterói 2005

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DAVID BARRETO DE AGUIAR

ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO MORRO DO FORNO, ARRAIAL DO CABO – RJ.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Ciência Ambiental da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre.

Niterói

2005

Aguiar, David Barreto de

Análise Socioambiental do Uso e Ocupação do Solo no Morro do Forno –

Arraial do Cabo, RJ/ David Barreto de Aguiar – Niterói: s.n, 2005.

123p. il 30cm

Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) Universidade Federal

Fluminense, 2005.

1. Diagnóstico Ambiental. 2. Uso e Ocupação do Solo. 3. Impactos

socioambientais. 4. Morro do Forno. 5. Parque Natural I. Título

CDD

DAVID BARRETO DE AGUIAR

ANÁLISE SOCIOAMBIENTAL DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO MORRO DO FORNO DO FORNO, ARRAIAL DO CABO – RJ.

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre.

Aprovada em julho de 2005.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Janie Garcia da Silva Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Cláudio Belmonte de Athayde Bohrer Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Alphonse Germaine Albert Charles Kelecom Universidade Federal Fluminense

Drª. Maria Helena Campos Baeta Neves Fundação Educacional da Região dos Lagos

Niterói 2005

i

À Fernanda, minha esposa e a Rachel minha filha pela ajuda, compreensão e dedicação em todos os momentos. À minha família, por tudo que me proporcionou para que eu pudesse concluir mais esta etapa tão almejada na carreira acadêmica.

ii

AGRADECIMENTOS

Aos meus orientadores, Profª. Drª. Janie Garcia da Silva e Prof. Dr. Cláudio Belmont de Athayde Bohrer – pela presença, dedicação e competência. Ao IBGE – pela cessão de dados estatísticos À Secretaria de Obras pela cessão de material cartográfico Aos pesquisadores do IEAPM, Drª. Maria Helena Campos Baeta Neves, Dr. Carlos Eduardo Leite Ferreira e do Biólogo Robson Pereira Pinto. Ao Sr. Ronaldo Martins Fialho – cabista, historiador local, pela cessão das informações históricas. À Ricardo, Solange e Hevelyn pela grande força. Ao amigo e Mestre Wanderson Jardim – cabista, antropólogo, pela sua grande força e conhecimento acadêmico repassado neste estudo. À Associação de Pequenos Produtores Rurais de Arraial do Cabo À Associação de Pescadores de Arraial do Cabo Aos Professores do PGCA e colegas de turma – pelos ensinamentos e reflexões. Ao povo de Arraial do Cabo, pela simplicidade e riqueza de saberes locais. E principalmente a Deus por me proporcionar este grande momento de realização acadêmica.

iii

“Em todos os lugares encontrei a sabedoria e a bondade do Criador, mas raramente vi qualquer inclinação por parte dos homens em fazer uso delas” (Kalm, 1977. p. 56)

iv

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. vii

LISTA DE QUADROS .......................................................................................................... viii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..................................................................................................... ix

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ........................................................ xi

RESUMO ................................................................................................................................. xii

ABSTRAT .............................................................................................................................. xiii

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 1

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 4

2.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 4

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 4

3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ................................................... 5

3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................................ 5

3.2. MEIO FÍSICO ................................................................................................................. 6

3.2.1. Clima ................................................................................................................. 6

3.2.2. Geologia ............................................................................................................ 7

3.2.3. Solos .................................................................................................................. 8

3.3. MEIO BIOLÓGICO ......................................................................................................... 9

3.3.1. Cobertura Vegetal ............................................................................................. 9

3.3.2. Fauna ............................................................................................................... 10

v

3.4. MEIO SÓCIO-ECONÔMICO ........................................................................................... 10

3.4.1. Histórico de Uso e Ocupação do Solo ............................................................ 10

3.4.2. Aspectos Sócio-Econômicos ........................................................................... 15

3.5. MEIO CULTURAL ........................................................................................................ 18

3.5.1. A População Nativa ........................................................................................ 18

3.6. O ENTORNO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................................................. 19

3.6.1. A Reserva Extrativista Marinha – Resex ........................................................ 19

3.6.2. Área Urbana .................................................................................................... 23

4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 26

4.1. ESTUDO DA COBERTURA VEGETAL ............................................................................. 26

4.1.1 Diagrama de Perfil ........................................................................................... 26

4.1.2 Método de Caminhamento ............................................................................... 27

4.2. MÉTODOS DE PESQUISA SOCIAL ................................................................................. 27

4.2.1 Entrevistas ........................................................................................................ 27

4.2.2 Estudo de Comunidades ................................................................................... 28

4.3. MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ......................................................................... 28

4.4. DETERMINAÇÃO DE FRAGILIDADE DO AMBIENTE ....................................................... 29

4.4.1. Etapas e Produtos Intermediários .................................................................... 29

4.5. ANÁLISE ESPACIAL DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................... 31

4.5.1. Evolução da Ocupação Humana ..................................................................... 31

5. RESULTADOS .................................................................................................................... 33

5.1. ANÁLISE DA COBERTURA VEGETAL ........................................................................... 33

5.1.1. Diagrama de Perfil .......................................................................................... 36

5.1.2. Método de Caminhamento .............................................................................. 39

5.1.3. Espécies relevantes ......................................................................................... 42

5.2. MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ......................................................................... 44

5.3. IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................................................. 51

5.3.1 Cobertura Vegetal ............................................................................................ 51

5.3.2 Introdução de Espécies .................................................................................... 57

5.3.3 Solo .................................................................................................................. 59

5.3.4 Lixo .................................................................................................................. 60

vi

5.3.5 Evolução dos Desmatamentos Ocasionados Pelas Atividades Rurais ............. 63

5.3.6 Análise Espacial das Ocupações na Área de Estudo ....................................... 65

5.3.7 Impactos ambientais na zona costeira .............................................................. 69

5.4. ANÁLISE DA FRAGILIDADE E DE POTENCIALIDADE ..................................................... 76

5.5. OCORRÊNCIA DE DOENÇAS ........................................................................................ 77

5.6. ATORES SOCIAIS ......................................................................................................... 78

5.6.1 A Empresa Proprietária da Área ....................................................................... 79

5.6.2 Ibama/Resex ..................................................................................................... 79

5.6.3 Apac – Associação dos Pescadores de Arraial do Cabo .................................. 80

5.6.4 Semma – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Arraial do Cabo .......... 81

5.6.5 Apprac – Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Arraial do Cabo ... 82

5.6.6 Quiosqueiros .................................................................................................... 89

5.7 ÁREAS PROTEGIDAS .................................................................................................... 90

5.7.1 Classificação e Zoneamento para à Área de Estudo ......................................... 93

6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 96

7. PROPOSTAS ....................................................................................................................... 98

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 100

9. ANEXOS ........................................................................................................................... 105

ANEXO I: DADOS SOCIOECONÔMICOS DO MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO CABO .................... 106

ANEXO II: ENTREVISTA COM O IBAMA ............................................................................. 107

ANEXO III: ENTREVISTA COM A APAC .............................................................................. 109

ANEXO IV: ENTREVISTA COM A SEMMA .......................................................................... 111

ANEXO V: ENTREVISTA COM A APPRAC ........................................................................... 114

ANEXO VI - AÇÃO CIVIL PUBLICA - N.º 2003.5108001077-4 ........................................... 117

ANEXO VII – EXEMPLO DE CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO REAL 72/04 .................... 120

10. GLOSSÁRIO ................................................................................................................... 122

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição da direção dos ventos em Arraial do Cabo entre 1971/80 .................... 7

Tabela 2: Espécies do Diagrama de perfil ............................................................................... 38

Tabela 3: Espécies encontradas pelo método de Caminhamento ............................................ 39

Tabela 4: Procedimentos insdequados e impactos ambientais na derrubada da mata ............. 57

Tabela 5: Espécies introduzidas ............................................................................................... 60

Tabela 6: Evolução dos desmatamentos .................................................................................. 69

Tabela 7: Matriz de dejetos e mudanças nas condições físicas costeiras na zona costeira ..... 73

Tabela 8: Matriz dos efeitos de resíduos e mudanças físicas nos ecossistemas marinhos ...... 75

Tabela 9: Correlação entre atividades e impactos na Zona Costeira ....................................... 77

Tabela 10: Descrição das doenças de maior incidência ........................................................... 80

Tabela 11: Classificação da população de Arraial do Cabo .................................................... 87

Tabela 12: Informações socioeconômicas sobre a população do Morro da Cabocla .............. 89

viii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Ecossistemas e organismos da Zona Costeira de Arraial do Cabo ......................... 23

Quadro 2: Categorias hierárquicas e classificação em relação à declividade do terreno.......... 30

Quadro 3: Classes de fragilidade de acordo com o tipo de solo .............................................. 30

Quadro 4: Graus de proteção relacionada ao tipo de Cobertura Vegetal ................................. 31

Quadro 5: Medições do terreno no trecho do Morro do Forno ................................................ 38

ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Localização geográfica da área de estudo .................................................................. 5

Figura 2: Distribuição de isoietas em relação ao decréscimo pluviométrico ............................. 6

Figura 3: Localização do Centro de Diversidade Vegetal (CDV) de Cabo Frio ....................... 9

Figura 4: Gruta dos índios ........................................................................................................ 12

Figura 5: Marina dos Pescadores e Porto do Forno .................................................................. 16

Figura 6: Atividade Principal do Trabalho ............................................................................... 17

Figura 7: Rendimento médio mensal da população cabista ..................................................... 18

Figura 8: Localização e os limites da RESEX ......................................................................... 20

Figura 9: Áreas de uso e atividades sócio-econômicas permitidas pela RESEX .................... 21

Figura 10: Zoneamento Ecológico-Econômico da RESEX ..................................................... 22

Figura 11: Rua Tomé de Souza, via principal do Morro da Cabocla ...................................... 24

Figura 12: Ocupações na encosta do Morro da Cabocla .......................................................... 25

Figura 13: Forma de medição do terreno por triangulação ...................................................... 27

Figura 14: Classificação da vegetação da área de estudo ........................................................ 33

Figura 15: Área de ecótono ...................................................................................................... 35

Figura 16: “Lagoa dos Quelônios”, área periodicamente alagada ........................................... 36

Figura 17: Diagrama de perfil num trecho de mata de encosta do Morro do Forno ................ 37

Figura 18: Cacto endêmico Pilosocereus ulei ......................................................................... 43

Figura 19: Espécie Croton migrans com ramos floríferos ....................................................... 44

Figura 20: Mapa Temático de Uso e Ocupação do solo da Área de Estudo – Parte I ............. 47

Figura 21: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estudo – Parte II ........... 48

Figura 22: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estudo – Parte III .......... 49

x

Figura 23: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estudo – Parte IV .......... 50

Figura 24: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estudo – Parte V ........... 51

Figura 25: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estudo – Parte VI .......... 52

Figura 26: Áreas degradadas por agricultura de subsistência .................................................. 53

Figura 27: Colonização de Panicum maximum (capim-colonião) ........................................... 54

Figura 28: Fumaça de incêndio proposital para retirada da vegetação .................................... 55

Figura 29: Área degradada pela criação de suínos ................................................................... 56

Figura 30: Estradas vicinais e trilhas ....................................................................................... 58

Figura 31: Área de restinga degradada por quiosque................................................................ 59

Figura 32: Erosão hídrica na trilha da Praia do Forno.............................................................. 61

Figura 33: Sulco causado pela erosão hídrica .......................................................................... 62

Figura 34: Acumulação e enterro de lixo em meio à vegetação .............................................. 63

Figura 35: Gerador de Energia elétrica de um quiosque........................................................... 64

Figura 36: Resíduos sólidos onde havia um quiosque ............................................................. 65

Figura 37: Áreas Degradadas pelos cultivos no Morro do Forno em 1998 ............................. 66

Figura 38: Áreas Degradadas pelos cultivos no Morro do Forno em 2000 ............................. 67

Figura 39: Evolução dos desmatamentos ................................................................................. 69

Figura 40: Visualização temporal dos desmatamentos ............................................................ 70

Figura 41: Principais doenças registradas de 1982 a dezembro de 2000 ................................. 79

Figura 42: Reunião da Associação dos Pequenos Agricultores do Morro do Forno ............... 85

Figura 43: Dinâmica populacional de Arraial do Cabo ........................................................... 88

Figura 44: alteração na paisagem causada pela antiga pedreira .............................................. 93

Figura 45: Proposta de Zoneamento do Parque Natural Municipal do Forno ......................... 97

xi

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

APAC – Associação dos Pescadores de Arraial do Cabo

AREMAC – Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo

ACRIMAC – Associação dos Criadores de Mexilhões de Arraial do Cabo

APPRAC – Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Arraial do Cabo

Art. – Artigo

CNPT – Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais

COMAP – Companhia Municipal de Administração Portuária

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Ind. – Indivíduo

NE – Nordeste

NO – Noroeste

OD – Oxigênio Dissolvido

ONG’s – Organizações Não-Governamentais

pH – Potencial Hidrogeniônico

PMAC – Prefeitura Municipal de Arraial do Cabo

S – Sul

SEMMA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SO – Sudoeste

UC’s – Unidades de Conservação

xii

RESUMO O presente estudo foi realizado na área conhecida como Morro do Forno, situado em Arraial do Cabo, litoral do Estado do Rio de Janeiro – Brasil. O lugar é protegido por diversos instrumentos legais e abriga em seu interior diversas espécies raras e endêmicas da fauna e principalmente da flora. Possui formações vegetais atípicas como a Savana Estépica ou Estepe Arbórea que, porém são inseridas no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio e conseqüentemente no Bioma de Mata Atlântica. Há anos o lugar vem sofrendo com a intensa ocupação desordenada, principalmente por atividades comerciais de quiosques à beira mar e também pelas atividades rurais de subsistência praticadas por populações que migraram para a cidade durante as décadas de 1960, 1970 e 1980 devido à oferta de empregos na construção civil e na indústria. Os objetivos da dissertação foram fornecer dados para os plano de manejo desta unidade de conservação. Diagnosticar o ambiente em questão, bem como os atores sociais envolvidos no processo e registrar as potencialidades e fragilidades ambientais do lugar. A metodologia utilizada consistiu desde a caracterização da área de estudo, observações, entrevistas, coleta e identificação de espécies da flora e até a elaboração de mapas temáticos. Foram identificadas 76 espécies, divididas em 33 famílias, sendo 9 spp da família Leguminosae. Registra-se a presença de muitas espécies vegetais cultivadas e introduzidas. Nota-se diversos impactos ambientais ligados aos desmatamentos como a forte erosão hídrica. Há grande deposição, incineração e enterro de lixo nas proximidades das barracas comerciais (quiosques) da Praia do Forno. Também prevê-se diversos impactos aos ecossistemas costeiros e sua biota. Estima-se que até o ano de 2008, a área já tenha perdido 43% de sua cobertura vegetal. Foram identificados os atores sociais e seus respectivos posicionamentos em relação à problemática da situação. Conclui-se que a área tem forte potencialidade para a prática do turismo ecológico, um dos pontos que fortalece a classificação de toda a área em Parque Natural Municipal do Forno. Propõe-se que sejam priorizadas as regularizações fundiárias do local e criação de outras alternativas econômicas sustentáveis para a população rural existente com vistas à preservação do local.

xiii

ABSTRACT

The present study it was through in the know area as “Morro do Forno”, situed in Arraial do Cabo, the coast of the State of Rio de Janeiro – Brazil. The place is protected by diverse legal instruments and mainly shelters in the interior diverse rare and endemic species of the fauna and of the flora. It possesses atypical vegetal informacion such as Steppe Savannah or Arborea Steppe that are inserted however in the Center of Vegetal Diversity of Cabo Frio and consequently in the Atlantic Forrest Bioma. For years the places comes suffering with the intense disordered occupation, mainly at commercial activities of kiosks to the side-sea and also the agricultural businesses of subsistence practiced by populations that migrated for the city during the decades of 1960, 1970 and 1980 due to it offers of jobs in the civil constrution and the industry. The objectives of the present study had been to suplly given the plans of the handling of these units of conservation, to diagnosis the environment in question, as well as the involved social actors in the process and to register the potentialities and ambient fragilities of the place. The used methodology consisted since the characterization of the area of study, comments, interviews, collects and identification of species of the flora until the elaboration of thematic maps. It had been classified 76 species and divided in 33 families, beins 9 species of the leguminoseae family. It is perceived many on ambient impacts to the deforestations as the strong hydric erosion. It has large deposition, incineration and burial of the garbage in the neighborhoods of the commercial tents (kiosks) of the Praia do Forno, also if it can foresee diverse impacts to coastal ecosystems and is biota. It is esteem that until the year of 2008, the area already has lost 43% of its vegetal covering. To the social actors and itis respective positioning about the problematic one of the situation had been identified. It is conclued that the area has a great potentiality for the practical one of the ecological tuorism, that the classification of all fortifies the area in Municipal Natural Park of the Forno. It is considered that agrarian regularizations of the place and criation of other sustainable economic alternatives for the existing agricultural population with to the local preservation are prioritized.

xiv

1 INTRODUÇÃO O Brasil é um dos países que possui a maior biodiversidade do mundo. Existem

duas importantes maneiras que podem resguardá-la. A primeira é o uso inteligente da terra

feito pelo homem, principalmente nas propriedades rurais e a segunda, é o sistema de áreas

protegidas e conservadas permanentemente, as unidades de conservação (UC’s). Portanto

esta última forma requer que o trabalho seja bem conduzido.

Para que tal objetivo seja alcançado é necessário que os governos e a sociedade

cumpram suas funções no que se refere à proteção dos recursos naturais. Atualmente, as

denominadas Organizações Não Governamentais (ONG’s) têm se destacado neste aspecto

buscando soluções efetivas, porém em relação aos governos observa-se o

comprometimento diferenciado em seus diversos níveis. Alguns estados desenvolvem

muitos programas de preservação ambiental, enquanto outros não têm a mínima

preocupação, transferindo sempre sua responsabilidade para o Governo Federal (VALLE,

2003).

O Rio de Janeiro é um dos Estados brasileiros, onde as áreas protegidas sofrem

grandes pressões ambientais decorrente principalmente da precária infra-estrutura de seus

órgãos ambientais, que outrora funcionavam de maneira mais efetiva, principalmente na

década de 1980, vários estudos de planejamento ambiental foram realizados na maioria dos

municípios fluminenses. Muitos destes estudos apontaram a necessidade de que diversos

governos municipais criassem unidades de conservação em acordo com a comunidade

local (FEEMA, 1988).

Um destes municípios é Arraial do Cabo, emancipado em 13 de maio de 1985 e que

através de sua Lei Orgânica promulgada em 5 de abril de 1990 em seus termos criou

diversas unidades de conservação (LOMAC, 1990). Este município, outrora distrito de

Cabo Frio, já abrigava em seu território uma indústria química estatal de grande porte que

2

significativamente foi transformando a dinâmica social do lugar desde a década de 1940

(PRADO, 2000). Pelos meados de 1970 também foi descoberto como potencialidade

turística, principalmente nas épocas de veraneio. Portanto, devido a estes dois ciclos

econômicos, o industrial e o turístico o lugar já sofria com diversos impactos ambientais

que serão mencionados nas seções posteriores.

No entanto julga-se que este breve intervalo entre a sua emancipação e a criação de

suas unidades de conservação foi insuficiente para implantação deste sistema, já que este

processo é tarefa árdua e como mencionado anteriormente necessita ser amplamente

discutido e integrado à comunidade local. Além deste relevante aspecto não se tem registro

de que essas unidades passaram por estudos ambientais aprofundados que apontassem uma

diretriz para suas classificações, pois não se encontram quaisquer registros dessa natureza.

Outra iniciativa que visava a ordenação do uso e ocupação do solo foi a criação de

seu Plano Diretor do município no ano de 1992 que se destacava por ser um dos primeiros

do Estado do Rio de Janeiro e que também foi responsável pela criação de mais áreas

protegidas no município. Somente os aspectos legais não são suficientes, para a proteção

efetiva das UC’s, outra questão não levada em consideração foi a propriedade da terra,

algumas áreas protegidas por lei não têm ainda sua situação fundiária regularizada,

principalmente pela falta de recursos financeiros do governo local.

É evidente que este processo de criação de UC’s sem a participação popular, bases

científicas, situação fundiária regularizada e falta de recursos financeiros para implantação

de planos de manejo e fiscalização somente poderia acarretar na pouca efetividade destas

unidades, sendo assim atingidas por ações antrópicas negativas de diversas origens e alvo

da impunidade.

Atualmente um dos pontos mais críticos está localizado nos distritos de Monte

Alto, Figueira e Pernambuca, em decorrência de ocupações irregulares em áreas de

vegetação fixadora de dunas na Restinga de Massambaba, ameaçando diversas áreas

protegidas. Estes assentamentos se situam em áreas de risco, devido a fortes ressacas que

sazonalmente invadem o local e que intensificaram-se com o asfaltamento da Rodovia RJ

102 no ano de 2002.

O atual Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC vem consolidar

uma série de normas e discussões acerca das unidades de conservação, suas diversas

categorias, sua forma de implementação e manejo. Dentre as modificações mais

significativas nesta Lei, podem ser citadas: reclassificação das unidades de conservação,

3

participação no processo de criação e gestão das unidades de conservação, reconhecimento

das populações tradicionais e novas diretrizes de gestão e alocação de recursos.

Considerando todos estes aspectos, nota-se a necessidade de uma nova leitura sobre

a funcionalidade das unidades de conservação no município de Arraial do Cabo. Escolheu-

se como alvo deste estudo o espaço que engloba a Ponta da Prainha, Ponta da Jararaca,

Morro e a Praia do Forno, sendo esta última protegida pela criação do Parque Municipal da

Praia do Forno, porém não foram criadas normas e restrições que culminam em respectivos

planos de manejos em todas as áreas mencionadas. A área de estudo foi escolhida por

apresentar atributos de grande relevância. Dentre os quais destacamos: A presença de

espécies raras e endêmicas da flora local que ainda foi pouco estudada, grande importância

histórica a nível nacional, sua localização que é próxima ao centro da cidade, a grande

demanda de atividades ligadas ao turismo e pelo seu entorno que apresenta diversos

núcleos urbanos que exercem fortes pressões sobre o ambiente.

4

2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL

• Contribuir com dados para a execução de um plano de manejo para o local e até

possíveis reclassificações destas unidades.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Diagnosticar o ambiente em questão, apontando suas fragilidades e potencialidades

ambientais;

• Detectar os impactos sócio-ambientais mais significativos e,

• Identificar os atores sociais inseridos no processo.

5

3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO 3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo se localiza no município de Arraial do Cabo, cidade litorânea

situado a extremo Leste do Estado do Rio de Janeiro, entre os pontos 22º 57’ 58’’ de

latitude Sul e 42º 01’ 40’’ de longitude Oeste. Trata-se de um acidente geográfico, uma

ponta de terra que avança em direção ao mar. Tal área foi composta pelas localidades do

Morro e Praia do Forno, Ponta da Jararaca e Ponta da Prainha (Figura 1).

N

EW

S

Morro do Forno

42ºW Pta. da Prainha

Arraial do Cabo

MG

23ºS ES

Área de Estudo BRASIL

RJPta. da Jararaca

RJSP

Figura 1: Localização geográfica da Área de

A cidade está localizada na Zona C

dos Lagos, com distância média de 180km d

é pela Rodovia RJ 140 (Rodovia Amaral Pe

0

Estudo.

osteira do Estado

a Cidade do Rio

ixoto), cortada p

1,5Km

Fonte: CIDE, 2004 (adaptado).

do Rio de Janeiro, na Região

de Janeiro. O principal acesso

ela RJ 102 (Rodovia Araruama

6

Cabo-Frio). Delimita-se ao Norte com o Município de Cabo Frio, ao Sul com o Oceano

Atlântico, ao Leste com o Oceano Atlântico e ao Oeste com o Município de Araruama.

Arraial do Cabo possui área total de 157,6 km². Dentro de sua jurisdição, além da

sede estão situados os distritos de Monte Alto e Figueira. Sua população foi contabilizada

no último Censo em 23.877 habitantes, possuindo então uma densidade demográfica da

151,5 hab/Km² (CIDE, 2000).

3.2 MEIO FÍSICO 3.2.1 Clima

O clima na área é considerado segundo o sistema de Koppen, uma variação do

clima árido quente (BSh), registrando uma temperatura média de 25ºC, oscilando

ligeiramente na primavera e no outono. A média das máximas registra 29ºC, no verão e

24ºC, no inverno, com máxima absoluta de 36,5ºC, no verão. A média das mínimas é de

22ºC, no verão e 19ºC no inverno com mínima absoluta de 12ºC (BARBIERI, 1984).

A Insolação é bastante alta, as médias anuais registram um número médio de

2.507h de insolação com pique máximo de 210/h/ano, no verão. A evaporação é de

894mm/ano (70-80mm/mês) e devido à proximidade do mar e à grande exposição dos

ventos úmidos, a umidade relativa do ar é sempre maior que 80% (GOMES, 2002).

Fonte: BRANDÃO, 2002.

Figura 2. Distribuição de isoietas em relação ao decréscimo pluviométrico.

7

A distribuição das precipitações está em torno de 800mm/ano, com menos de

80mm/mês. A estação chuvosa inicia-se no final da primavera e vai até janeiro; diminui em

fevereiro-março (60mm/mês) e chega a 40mm/mês de junho a agosto que correspondem à

estação seca. Arraial do Cabo é um dos municípios que apresenta os menores valores de

pluviosidade do Estado do Rio de Janeiro devido à diminuição das altitudes com o

desaparecimento dos maciços costeiros e pelo efeito causado pelo fenômeno da

Ressurgência. O balanço hídrico no solo é negativo durante o ano inteiro, ao contrário do

restante dos municípios que não estão situados na região de Cabo Frio e que apresentam

solos bem mais úmidos (ARAÚJO, 1997).

Com relação aos ventos, predominam o ano inteiro os ventos do quadrante NE com

freqüência em torno de 50% no verão onde apresentam maior regularidade e com

velocidade variando de 4 a 6m/s. Na primavera o Vento NE apresenta velocidade média

mais baixa (GOMES, 2002). No outono e no inverno aumenta a freqüência dos ventos S e

SO devido a passagens de frentes frias nesta época do ano.

Tal representação é demonstrada no quadro elaborado por (BARBIERI, 1984) na tabela 1: Tabela 1: Distribuição da direção dos ventos em Arraial do Cabo entre 1971/80.

Direção Verão (%) Outono (%) Inverno (%) Primavera (%)

Norte 16,0 23,8 24,6 16,3 Nordeste 50,0 24,6 36,2 41,7

Leste 5,0 5,0 5,0 7,6 Sul 7,4 11,7 6,5 8,3

Sudeste 6,6 5,3 5,8 9,1 Sudoeste 6,3 12,5 11,6 9,4

Fonte: BARBIERI , 1984.

3.2.2 Geologia

A área de estudo situa-se no Complexo Rochoso Cabo Frio compreendendo seus

pontais e ilhas. As rochas primitivas são muito antigas, remontando ao período arqueano

de aproximadamente 3,5 bilhões de anos (DOMINGUES, 1976). São ocorrências

individualizadas de rochas intrusivas alcalinas. Os componentes orográficos dessa região

exibem orientação NO-SE. O bloco Cabo Frio é muito arcaico, não tendo sido afetado por

fenômenos posteriores (PINTO, 1998).

8

A petrografia da área de estudo se resume em sua maioria de ortognaisses e

algumas ocorrências de nefelina sienito na parte correspondente ao Morro do Forno e de

traquito na parte conhecida como Fortaleza. Cumpre ressaltar que no Brasil são conhecidas

setenta e cinco ocorrências deste tipo de rochas, dessas vinte e cinco estão localizadas no

Rio de Janeiro, três em Arraial do Cabo compondo-se de associações de rochas plutônicas

representadas principalmente por estes sienitos e foiaitos, a saber: a Ilha do Cabo Frio,

Pontal do Atalaia e o Morro do Forno, sendo o último pertencente à área de estudo.

Em quase sua totalidade as rochas na área de estudo de maneira geral são gnaisses

granitizados um pouco claros, de granulação média e bastante decomposta culminando

num promontório de rochas intrusivas alcalinas que aflora em diversos pontos devido à

fina camada de solo e numa encosta com 160m de altitude e declividade em volta de 70%

(GOMES, 2002). Nota-se que a área de estudo possui grande diversidade em relação às

suas rochas por serem as mesmas oriundas de diferentes períodos geológicos (Figura 3).

Devido à idade destes ortognaisses, aproximadamente 1,8 bilhões de anos nota-se o grande

desgaste causado pelo intemperismo (GUERRA, 1978) fator este responsável pela

estrutura plana na parte mais alta do promontório, apresentando um aspecto como se fosse

“lixado” ao longo dos anos (SAVI, 2005).

3.2.3 Solos Na área de estudo encontram-se dois tipos significativos de solo. O primeiro é

denominado podzólico vermelho-amarelo que corresponde a toda área de relevo

fortemente ondulado recobrindo as formações rochosas, especificamente áreas de morros

(FEEMA, 1988). Estes morros são cobertos por uma capa de sedimento que varia de 60 cm

a 2m, demonstrando pouca espessura (PINTO, 1998) em meio a afloramentos rochosos que

ocorrem em encostas de declive acentuado onde a sucetibilidade a erosão é muito forte não

permitindo o desenvolvimento do solo que é desaconselhado para o uso agrícola e

ocupação urbana.

Além do tipo de solo acima mencionado a parte baixa abriga planícies litorâneas

arenosas de idade quaternária, conhecida também por Restinga que podem ser resultados

da ação conjunta de seguintes fatores: correntes de deriva litorânea, variações do nível

relativo do mar ou de armadilhas para retenção de sedimentos (SUGUIO & TESSLER

1984). Este tipo de solo tem baixa capacidade de retenção de umidade justamente por

serem de textura arenosa sem aptidão agrícola (FEEMA, 1988).

9

3.3 MEIO BIOLÓGICO 3.3.1 Cobertura Vegetal

A área de estudo apresenta grande importância no que tange a cobertura vegetal,

pois está inserida no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, um dos catorze

existentes no Brasil (ARAÚJO, 2003). Neste Centro encontram-se os três tipos de

Formações vegetais concernentes ao Estado do Rio de Janeiro: A Floresta Ombrófila

Densa localizada nas Serras mais afastadas do mar, A Floresta Estacional Semidecidual

que ocupa os tabuleiros, terras baixas não-marinhas, a Savana Estépica além das Serras

Litorâneas próximas ao mar e a Lagoa de Araruama. Nos grotões úmidos e nas vertentes

meridionais dessas serras concentram-se espécies típicas de formações ombrófilas

(URURAHY et al., 1983).

Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio

Formações Vegetais da Mata Atlântica

Limite do CDV de Cabo Frio

Cabo Frio23º 00’S

ARRAIAL DO CABO

Araruama Iguaba

São Pedro D’Aldeia

42º 00’W

Armação dos Búzios

Saquarema

Floresta Ombrófila Aberta

Floresta Ombrófila Densa 23º 40’S

Florestea Ombrófila Mista 1km 5km 10km

Floresta Ombrófila Mista

Floresta Estacional Decidual

Restingas, Manguezais, Campos de Altitude, Encravos de Cerrado e Zonas de Tensão Ecológica.

42º 30’W

Fonte: ARAÚJO, 1997 (adaptado).

ca

Figura 3: Localização do Centro de Diversidade Vegetal (CDV) de Cabo Frio.

As Formações Pioneiras ocupam as planícies de origem marinha, incluindo os

mpos de dunas, fluvio-marinha e aluvial, e campos de dunas. São constituídas por

10

manguezais, além de grande diversidade de fisionomias cobrindo os terraços marinhos, as

praias, as dunas e margens de lagunas (ARAÚJO, 2003). e sugerem uma semelhança

fisionômica com as Caatingas do Nordeste do Brasil onde alguns autores a classificam

como Savana Estépica (BIDEGAIN, 2002).

3.3.2 Fauna A fauna insere-se na Região Neotrópica, subdivisão Brasiliana, província Tupi de

Classificação zoogeográfica (PAULINO, 2000). Os animais que habitam a área de estudo

são típicos de seus ecossistemas. Sabe-se que nos ambientes de restinga existem condições

ecológicas análogas das zonas de distribuição dos organismos animais que ali se

estabelecem, onde quanto maior o porte da vegetação maior a diversidade. Na área de

estudo destaca-se o gênero Hylea (pererecas) e Leptagrion (lavadeiras) que vivem dentro

da bainha dos gravatás, o Liolaemus lutzae (lagrartinho-branco-da-praia), todos estes

ameaçados de extinção. Outro animal bastante encontrado é o crustáceo Ocypode quadrata

(maria-farinha). Na Lagoa da Praia do Forno é comum encontrar aves como Casmeridius

albus e Egretta thula (garça-branca-grande e pequena). Possivelmente aves migratórias

(fogem do rigor do hemisfério Norte no inverno) chegam até o local como os Charadrius

collaris e o C. semipalmatus (maçaricos migratórios) que utilizam a lagoa dos quelônios na

Praia do Forno para abrigo (FEEMA, 1988).

Na parte de morro, os dados faunísticos ainda são poucos conhecidos e estudados.

Na área de estudo verificou-se a existência em grande número do réptil Tropdurus

torquatus (calango-verde), aves como Crotophaga ani (anu-preto), Volatinia jacarina

(tiziu), Mimus gilvus (sabiá-da-praia), Arundinicola leucocephala (viuvinha) e

Ramphocelus bresilius (tié-sangue) ameaçado de extinção pela caça. São encontrados

ofídeos como Micrurus corallinus (cobra-coral) e a jararaca. Verifica-se também no local a

abundância de insetos e moluscos como caramujos nos pontos de maior umidade.

3.4 MEIO SÓCIO-ECONÔMICO 3.4.1 Histórico de Uso e Ocupação do Solo O processo de ocupação na se iniciou num período correspondente entre 6.000 e 10.000

anos A. P. fato este, comprovado pela existência de diversos sítios arqueológicos

conhecidos por “sambaquis” distribuídos por toda a Região dos Lagos. Estes povos

11

primitivos eram cercados por uma abundância de caça e pesca que utilizavam os recursos

naturais sem degradar ou dizimar o ambiente (HANSSEN, 1988). Algumas cidades da

Costa brasileira tiveram fundamental importância na história do Brasil, pois vivenciaram a

chegada das grandes explorações oriundas principalmente de países europeus como

Portugal, Espanha e Holanda no século XVI. Dentre essas cidades destacamos Porto

Seguro, Recife, Rio de Janeiro e Olinda. Pouco se sabe a nível nacional da importância que

Arraial do Cabo teve no processo de colonização do Brasil. Em 1503, o navegador

Florentino Américo Vespúcio a serviço da Coroa Portuguesa desembarca na Praia da Rama

em Arraial do Cabo com um contingente de 24 homens e 12 peças de artilharia. Estes 24

homens possivelmente seriam os mesmos que foram resgatados do naufrágio ocorrido com

a embarcação Nau Capitania em Fernando de Noronha (BERANGER, 2003). O navegador

os deixa em Arraial do Cabo com mantimentos suficientes para seis meses, assim

construindo a primeira benfeitoria do lugar, a Casa da Pedra e três anos depois a Igreja de

Nossa Senhora dos Remédios, onde seria realizada a Primeira Missa no Brasil em local

fechado. Neste ponto se iniciaria a exploração do pau-brasil na Região dos Lagos.

Nos limites da área de estudo se encontram pontos de grande relevância que

fizeram parte desta história. Um deles é a Ponta da Fortaleza que segundo o nome abrigou

um Forte situado a 40 metros de altitude, equipado com onze canhões. Possivelmente a

fundação deste Forte tenha acontecido em 1511, pois um de seus canhões, hoje abrigados

na Casa da Pedra sobre a responsabilidade da Fundação Roberto Marinho traz a gravura

44/1/14” que possivelmente poderia indicar a data de 14 de janeiro de 15441 (FIALHO,

2004).

Outro ponto situado na área de estudo é um paredão rochoso com uma fenda,

lembrando uma pequena caverna situada dentre a vegetação e próxima à praia, chamada

por alguns historiadores como “Gruta dos Índios” que segundo relatos poderia ter servido

de abrigo para os índios tamoios que habitavam o lugar na época do descobrimento

(FIALHO, 2004 – com. pess.). Portanto, este ponto ainda necessita de maiores estudos a

fim de que seja comprovada sua importância histórica.

1 Esta data também pode indicar algum feito do canhão, possivelmente algum confronto bem sucedido contra inimigos da Coroa Portuguesesa (FIALHO, 2004).

12

Figura 4: Gruta dos índios.

Desde o início do séc. XX, havia em Arraial do Cabo um certo alinhamento ou

disposição intencional das casas. As grandes famílias se distribuíam dentro de certo

perímetro com casas dispostas aleatoriamente. Nas vias principais, na estrada de rodagem,

as casas já tendiam ao enfileiramento de cada lado do caminho. A tradição portuguesa de

estabelecimento de povoados no Brasil sempre obedeceu à formação de largos

independentes ligadas por ruas estreitas. O Arraial do Cabo não fugiu a este planejamento,

se bem o que tenha feito de modo reduzido e confuso. Os charcos e alagados foram se

formando nas grandes chuvas acentuaram o atabalhoamento das ruas, fugindo-se das retas,

construindo-se onde possível, em grandes espaços, agrupando-se ao máximo em outros

lugares. Raramente as casas eram contíguas, deixando espaços que variavam de um ou dois

metros ou até mesmo falhas de 40 a 50 metros, nessa separação, cada casa ficava

individualizada, criando-se em torno da habitação uma área limpa, às vezes calçada, a

continuação da própria casa pelo uso que se dava (FONTENELLE, 1960).

Em 1943 foi fundada a Companhia Nacional de Álcalis. Os estudos para a

implantação da referida indústria química começaram em 1943 devido à sondagem de

grande quantidade de conchas na Lagoa de Araruama que serviria de matéria-prima para a

fabricação do produto (a barrilha) além da constatação de que existiam águas frias na Praia

13

Grande que seria utilizada para o resfriamento de seu maquinário, concluiu-se que Arraial

do Cabo seria o local perfeito para abrigar a estatal. O espaço físico destinado a Álcalis

conquistou 23km² dentro da Restinga de Massambaba, suprimindo grande extensão de

vegetação nativa.

Com o início da fase operacional da Àlcalis, desencadeou-se em Arraial do Cabo

uma explosão demográfica no município devido à necessidade de mão-de-obra qualificada

para atender as necessidades da empresa. Então o lugar passou a ser classificado como área

de atração, havendo grande fluxo migratório proveniente do Nordeste do Brasil, do Estado

do Espírito Santo e do Norte-Noroeste Fluminense.

Portanto pequenos núcleos urbanos foram surgindo na cidade que ficaram assim

distribuídos: Monte Alto e Figueira receberam pessoas oriundas de diversos pontos do país

que se dedicaram à atividade salineira, Na Praia do Pontal se instalou a vila dos

empregados da Álcalis, o Morro da Boa Vista recebeu operários de origem capixaba e

nordestina em menor escala. Os loteamentos que surgiam eram vistos como espontâneos

onde só antes havia restingas e lagoas, como o Loteamento Popular em 1960, Roça Velha

em 1966 e um outro que cobriu parte da Praia Grande em 1978, eles deram origem ao

bairro Canaã, onde a principal ocupação é nordestina e nortista. O bairro Tayo e

Macedônia reúne imigrantes de várias origens. O bairro do sítio, próximo à Praia dos

Anjos, é constituído de migrantes fluminenses de cidades próximas como Campos e

Miracema (PRADO, 2000). Pela carência de terrenos planos disponíveis para a ocupação

no centro urbano destas populações, inicia-se assim a ocupações irregulares das encostas

dos Morros da Boa Vista, parte Alta do bairro Canaã e Morro da Cabocla (DESAC, 2001),

sendo este último componente da área deste estudo.

A ocupação na área de estudo se deu de forma bastante complexa e seus

desdobramentos se estendem até os dias atuais, portanto em 1974 a Prefeitura Municipal de

Cabo Frio outrora proprietária da área cede o terreno de marinha situado na Praia do Forno,

Saco do Cherne e Ponta da Prainha, à propriedade particular. No ano de 1976 é dado o

aforamento deste terreno a uma empresa de refrigerantes, devido a isso a área passa a ser

conhecida da população como “Morro da Coca-Cola” que segundo relatos sempre manteve

cerca de arame liso por toda a divisa seca, localizada na vertente do Morro e voltada para a

cidade entre as praias do Forno e a Prainha de forma a evitar outras ocupações já que

14

diversos posseiros invadiram a faixa de terra localizada na Prainha, junto à rua de acesso à

área2.

Em 1981, o terreno de 2.583.500m² é adquirido por outra empresa, especializada

em empreendimentos imobiliários, não constatando nenhuma ocupação predatória em

momento algum desde o início de sua ocupação como proprietária e não autorizando a

ocupação total ou parcial das suas terras. Em abril de 1990 o município promulga sua Lei

Orgânica que cria diversas Unidades de Conservação e Áreas de Relevante interesse

Ecológico e Paisagístico. Dentre as Unidades, a área anteriormente mencionada se

transforma no Parque Municipal da Praia do Forno3.

Em 1997, o Batalhão de Polícia Florestal detecta atividades rurais de subsistência e

benfeitorias no Morro, além de barracas comerciais na orla da Praia do Forno, das quais

não eram de responsabilidade do proprietário do terreno se caracterizando como ocupações

irregulares (PINTO, 1998). Calcula-se que os primeiros indícios de desmatamentos no

Morro do Forno ocorreram há mais de trinta anos por moradores do Morro da Cabocla.

Ainda em 1997 a Prefeitura intensifica as ações fiscalizatórias no local e constata a

presença de 48 propriedades rurais acompanhadas de criação de animais para fins de

subsistência. Na orla a ocupação se dá através barracas comerciais (quiosques) já

perfazendo mais de quinze anos de instalação ilegal. Tais barracas se instalaram na faixa

onde está localizada a vegetação de restinga (PINTO, 1998).

Com o passar dos anos, os cultivos de subsistência acompanhada da criação de

animais foram requerendo mais áreas agravando assim os desmatamentos no Morro do

Forno. Durante anos poucas ações realizadas pelo Poder Público foram tomadas com o

intuito de coibir as degradações ambientais na área.

A ocupação das encostas gerou grande impacto negativo no esgotamento sanitário

contribuinte à bacia da Prainha, principalmente no Morro da Cabocla que prejudicou a

qualidade das águas da lagoa da Prainha que outrora era utilizada para pesca e recreação

(FEEMA, 1988). O canal de drenagem da Avenida da Liberdade, durante anos abrigou

despejos líquidos e lixos domésticos que comprometeram a qualidade das águas da Praia

dos Anjos. Portanto com as fortes chuvas e a fraca drenagem da cidade até hoje o problema

não foi totalmente resolvido. 2 Processo nº 003374/97 tendo como requerente Marina do Cabo – Empreendimentos Imobiliários S/A intitulado: Praia do Forno – Barracos Comerciais – Assoc. de Pequenos Agricultores - Desmatamentos 3 Não há conhecimento se a classificação da área na categoria como “Parque” da Leio Orgânica Municipal foi baseada em estudos sócio- ambientais, porém cita-se um fórum conhecido como Pró-Lei Orgânica dirigido pelo governo e entidades civis que outrora houveram discussões para a criação das UC’s.

15

A terceira fase da ocupação está associada ao desenvolvimento do turismo que

atingiu toda a região no início da década de 80. Esta atividade tem sido um fator decisivo

no processo de adensamento urbano nos dias atuais, notadamente por meio de invasões e

ocupações irregulares.

3.4.2 Aspectos Sócios Econômicos

As atividades econômicas desenvolvidas atualmente estão voltadas principalmente

para o setor Terciário, ou seja, são as ocupações ligadas à prestação de serviços que

alcança seu auge na estação de verão onde o turismo atinge maior intensidade, atraindo a

população economicamente ativa de várias partes do país. Além disso, o setor Secundário

também comporta contingente significativo de mão-de-obra, devido à existência da

Companhia de Álcalis que até o final da década de 80 foi a grande empregadora e a

principal responsável pelo desenvolvimento econômico na Região dos Lagos (HANSSEN,

1988).

Junto à área de estudo, localiza-se o Porto do Forno que atualmente é administrado

pelo município. Este assume grande importância para a economia local, tendo como

principal atividade à carga e descarga de gêneros alimentícios, principalmente sal e açúcar.

Ultimamente o Porto do Forno também tem sido ponto de desembarque de cruzeiros

turísticos que visitam principalmente a Praia do Forno. Além disso, várias têm sido as

tentativas de utilização do referido porto para prestar auxílio às atividades “off-shore” no

ramo petroquímico.

Ao lado do Porto do Forno se localiza a Marina Pública dos Pescadores (Figura 5)

Esta Marina serve de base para a atividade econômica do setor primária mais significativa,

a pesca.

16

sPorto do Forno

Figura 5: Marina dos Pescador

A atividade pesqueira p

local recebendo por dia várias t

vendido para redes de restaur

contabiliza um efetivo de 124

várias modalidades de pesca

socioeconômica em Arraial do

observados nas Figuras 6 e 7.

Marina dos Pescadore

es e Porto do Forno.

or muitos anos foi a principal fonte de renda da economia

oneladas de pescado que são comercializados na Região e

antes em grandes metrópoles brasileiras. A pesca ainda

0 pescadores e 400 embarcações que estão divididas em

(PRADO, 2000). Demais dados sobre a dinâmica

Cabo principalmente sobre trabalho e renda podem ser

17

Atividade Principal do Trabalho

4%14%

13%

13%

8%4%7%

12%

8%

3%

9%

0%

4%

1%

Agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e pesca Indústria extrativa e de transformação e distribuição de eletricidade,gás e água Construção Civil Comércio, reparação de veículos auto-motores,objetos pessoais e domésticos Alojamento e alimentação Transporte, armazenagem e comunicação Intermediação fin. e ativ. imobiliárias,aluguéis e serv. prestados às empresasAdministração pública, defesa e seguridade social Educação Saúde e serviços sociais Serviços domésticos Organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais Outros serviços coletivos, sociais e pessoais Atividade mal especificada

Figura 6: Atividade Principal do Trabalho

Fonte: IBGE, 2000.

18

13,66%

16,61%

9,53%

12,12% 8,55%

2,85%1,03%

35,65%

Rendimento mensal - População cabista

até 1 sal.1 a 2 sal.2 a 33 a 5 sal.5 a 10 sal.10 a 20 sal.mais de 20 sal.sem rendimentos

Figura 7: Rendimento médio mensal da população cabista

Fonte: IBGE

De acordo estudos antropológicos realizados em Arraial do Cabo que com vistas à

implantação da Reserva Extrativista Marinha, a pesca assume grande importância, pois é

atividade mais do que centenária utilizada como fonte de complementação de renda para

aqueles que trabalham tanto na indústria bem como aqueles ligados à prestação de serviços

(BRITTO, 1999).

Outra atividade quase não mencionada e menos difundida no local é a agricultura

sendo considerada como atividade economicamente inexpressiva (FEEMA, 1988).

3.5 MEIO CULTURAL 3.5.1 Aspectos Históricos 3.5.2 A População nativa

Quanto às características sociológicas e antropológicas do lugar consta que a

identidade social dos moradores de Arraial do Cabo está diretamente relacionada ao dito

que “ser cabista é ser pescador”. Tal identidade está ligada a uma série de representações

19

partilhadas pela comunidade, sobre ela mesma e sobre o espaço que ela ocupa, que se

constitui um elemento fundamental para sua estrutura social (BRITTO, 1999).

A atividade pesqueira é mais do que centenária. Inúmeros empreendimentos que se

instalaram no século passado em Arraial do Cabo como a as indústrias salineiras, a de

Álcalis e a do Turismo que pretendiam tornar os pescadores em operários para trazer-lhes a

“modernização” e o “progresso” porém não produziram o resultado que esperavam, mas,

foram assimilados por eles contribuindo para a expansão e capitalização de sua atividade

extrativista (KANT DE LIMA, 1997).

Devido à utilização racional dos recursos exercida por pescadores tradicionais de

Arraial do Cabo, os ecossistemas costeiros foram conservados em grande parte por esta

sociedade que possuem fortes vínculos culturais com esses ambientes, desenvolvendo

assim sistemas engenhosos de manejo dos recursos naturais (DIEGUES, 2001).

3.6 O ENTORNO DA ÁREA DE ESTUDO 3.6.1 A Reserva Extrativista Marinha Pelo mar a área de estudo se confronta com uma unidade de Conservação de Uso

Sustentável denominada Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo - RESEX. Ela

abrange uma área com mais de 3 milhas da Costa em direção ao mar (Figura 8) e foi a

primeira a ser implantada no Brasil em área marinha.

A principal finalidade da RESEX é garantir que a população tradicional continue a

utilizar racionalmente os recursos marinhos como já vem fazendo há muitos anos evitando

dentro de seus domínios a pesca predatória e outras atividades que prejudiquem o meio

ambiente marinho. Criada pelo governo Federal em janeiro de 1997 a Reserva Extrativista

Marinha de Arraial do Cabo está sob Responsabilidade do IBAMA tendo o apoio do

Conselho Nacional das Populações Tradicionais (CNPT). A administração da RESEX é

exercida pela Associação de Pescadores da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do

Cabo (AREMAC) que tem como uma de suas atribuições elaborar as normas de utilização

do espaço da Reserva Extrativista.

20

-42º18’ -42º15’ -42º12’ -42º09’ -42º06’ -42º03’ -42º00’ -41º57’

I.do Pontal Lagoa de AraruamaP-01 P-02

-22º57’ -22º57’

Pr. da Maçambaba P. da Prainha

ARRAIAL DO CABO I. dos Porcos

8 ,20

MIL

HA

S

I. dos Franceses -23º00’ -23º00’

3,48

MIL

HA

S 4 ,

80 M

ILH

AS

I. do Cabo Frio

OCEANO ATLANTICO

metros 1750 m 0 1750 m

-23º03’ -23º03’

P-04 P-03

-42º18’ -42º15’ -42º12’ -42º09’ -42º06’ -42º03’ -42º00’ -41º57’

Figu

apre

Res

RES

9.

ativ

men

a di

das

orga

Cas

ACR

de s

ra

se

er

E

id

ci

ve

f

n

so

I

eu

Limites da RESEX Pontos de Delimitação Sede Municipal

Fonte: MMA, 2004 (adaptado).

8: Localização e os limites da RESEX.

A comunidade científica colabora diretamente na administração da RESEX

ntando suporte técnico conforme à necessidade dos debates entre os sócios da

va. Uma das conquistas em meio às constantes assembléias entre os sócios da

X foi à elaboração do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) conforme a Figura

Este zoneamento demonstra as referidas áreas de uso bem como as respectivas

ades permitidas em diversas regiões da unidade de conservação. É importante

onar que a Enseada do Forno possui grande potencialidade para a Maricultura devido

rsos atributos ambientais como a disponibilidade de nutrientes, abrigo dos ventos e

ortes correntes (FERNANDES & VERGARA, 1982) onde já são cultivados

ismos marinhos como ostras Pecten sp. e Noripecten sp. (Coquilles Saint-Jacques) e

strea gigas e mexilhões (Perna perna). Esta atividade é desenvolvida pela

MAC, garantindo o sustento de aproximadamente 60 famílias, onde a grande maioria

s membros reside no Morro da Cabocla.

21

e Uso e atividades sócio-econômicas exercidas na RESE

s

Ativ

idad

es

Figura 9

Além d

náuticos. No p

realização da p

dCanoa

Área Marinha ProtegidaÁreas de Preservação

Megulho Profissional

Fonte: IBAMA - Arraial do Cabo, 2002 (adaptado).

: Áreas de uso e atividades sócio-econômicas permitidas pela RESEX.

esta atividade na Enseada do Forno é permitida a prática de esportes

onto denominado Saco do Cherne e Ponta da Prainha é permitida a

esca submarina conforme aponta a Figura 10.

22

Prai

a do

Po

ntal

Ilha do Pontal

Ilha

dos

Fra

nces

es

Prai

a G

rand

e Prainha

Ponta da Prainha

Saco do Cherne

Pesca Submarina Praia do Forno

Enseada da FornoPraia dos Anjos

Esportes Náuticos Maricultura Banco de Gorgônias

Ilha dos Porcos

BoqueirãoSantuário Ecológico da Pedra Vermelha

Ilha do Cabo Frio

Fonte: IBAMA, Arraial do Cabo, 2002 (adaptado)

Figura 10: Zoneamento Ecológico-Econômico da RESEX.

23

Além de garantir o estabelecimento das atividades tradicionais, a Reserva

Extrativista marinha de Arraial do Cabo, abriga ecossistemas e uma biota de grande

relevância (Quadro 1).

Quadro 1: Ecossistemas e organismos da Zona Costeira de Arraial do Cabo.

Áreas prioritárias para a conservação Importância

Biológica

Lagoas Costeiras Praias e Dunas Áreas úmidas costeiras (brejos) Costões rochosos Restingas Mamíferos marinhos Aves Costeiras e marinhas Teleósteos demersais e pequenos pelágicos Elasmobrânquios Bentos da Plataforma Continental Plâncton Plantas marinhas

Extrema Muito Alta Muito Alta Extrema Extrema Extrema Extrema Muito Alta Extrema Extrema Extrema Extrema

Fonte: MMA, 2002.

3.6.2. Área Urbana

Nos limites da área de estudo está localizado o núcleo urbano do Morro da Cabocla.

É importante mencionar que o local apresenta a maior densidade populacional do

município (IBGE, 2000), ultrapassando a marca de mais de mil domicílios. Tal área é

descrita pelo Plano Diretor local como:

“Art. 11 – (...) favelas que se caracterizam por agrupamentos de habitações irregulares decorrentes de invasões em áreas de domínio público ou privado e que se localizam nos Morros da Boa Vista e da Cabocla, conhecido popularmente como Morro da Coca-Cola.”

Conforme mencionadas nas seções anteriores áreas como esta que antes abrigavam a

vegetação nativa típica dos morros de Arraial do Cabo, foram ocupadas principalmente por

populações que migraram para Arraial do Cabo devido ao advento da industrialização.

24

Fonte: Acervo do Autor, 2004. Figura 11: Rua Tomé de Souza, via principal do Morro da Cabocla.

Porém PRADO (2000), afirma que a ocupação urbana desta localidade (Figura 11)

teve seu pico entre 1980 até 1983 por um fluxo de moradores oriundos da baixada

fluminense, motivados por fatores econômicos promissores, principalmente ligados ao

turismo.

Outro aspecto importante demonstrado pelo Plano Diretor está descrito no

Parágrafo Único deste mesmo artigo:

“As áreas de favelas citadas no caput deste artigo serão objetos de programas específicos de urbanização, (...) e das demais normas da Lei de Uso e Ocupação do Solo”.

Portanto, após 12 anos da promulgação do Plano Diretor e da Lei de Uso e

Ocupação do Solo, foram formalizados pelo Poder Público Municipal vários Contratos de

Concessão de Uso Real4 de 400 imóveis provenientes de ocupações irregulares diversos

documentos denominados que especificamente estão direcionados para fins de moradia

4 Estes terrenos não podem ser vendidos ou negociados para quaisquer outros fins senão ao de moradia.

25

conforme observado nos Boletins Informativos da Prefeitura onde constam todos atos

oficiais realizados pelo executivo5.

Nota-se que as ocupações irregulares no Morro da Cabocla avançam cada vez mais

em detrimento da vegetação nativa (Figura 12).

Figura 10: Vista do Morro da Cabocla e da Área de estudo.

LOCALIDADES

ÁREA DE ESTUDO

a

Figura 12: Ocupações na encost

O Morro do Forno, situa

Área de Risco que se configura p

5 Alguns dos Contratos de Concessão 67, 68, 69, 70, 71 e 72 de Boletins Info

Fonte: Satélite IKONOS, 2001(adaptado).

Morro da Cabocl

Sítio

Prainha

a do Morro da Cabocla

do na outra vertente é classificado pelo Plano Diretor como

or possuir terrenos frágeis e impróprios para a ocupação.

de Uso Real, utilizados para este estudo estão inseridos nas edições 66, rmativos da Prefeitura Municipal de Arraial do Cabo.

26

4. METODOLOGIA 4.1. ESTUDO DA COBERTURA VEGETAL 4.1.1. Diagrama de Perfil

Para o estudo da vegetação na área foi realizado o Diagrama de Perfil que é

utilizado para descrever comunidades que apresentam sua flora pouco conhecida, sendo

considerado puramente fisionômico-estrutural (MELO, 2002). Este método tem como

objetivo ilustrar detalhes da distribuição vertical das espécies num corte e assim

substituindo a fotografia. Para a elaboração do diagrama foram utilizados: duas estacas de

madeira, trena, altímetro, nível de bolha, equipamento para coleta de material arbóreo,

Papel milimetrado para desenho do perfil e papel vegetal para a arte final do desenho.

Foi escolhida uma área retangular de 30m de comprimento por 10 de largura

bastante representativa quanto ao estado de preservação da comunidade amostrada. Após a

escolha da área foram obtidos, numa tabela, diversos parâmetros dos indivíduos da

comunidade situados dentro do retângulo, a saber: altura total, circunferência na altura do

peito (DAP), altura do fuste até a primeira ramificação e diâmetro da copa.

Foi determinado o sentido da confecção do perfil da esquerda para a direita,

delimitando-se o ponto “0”. Foi medida a altitude no Ponto “0” com o auxílio do GPS. A

inclinação do terreno foi medida por triangulação, utilizando-se as varas métricas e um

nível de bolha conforme a figura 13, posiciona-se uma das varas na vertical e outra na

horizontal que terá a sua horizontalidade determinada pelo nível de bolha.

27

x

y1 b nível de bolha

varas métricas

x a

y Ponto “0”

4m 2m 0

Figura 13: Forma de medição do terreno por triangulação.

O comprimento da vara na posição horizontal foi definido com 2m, funcionando

também como intervalo entre as medições e retirados os parâmetros na posição vertical e

anotados em uma ficha.

No laboratório foi feita uma checagem das medições e a seguir cópias reduzidas do

diagrama de perfil com auxílio do papel milimetrado e logo depois de procedida a

confecção da arte final do desenho utilizando o papel vegetal.

4.1.2 Método de Caminhamento

Este método tem finalidade a realização de um levantamento qualitativo onde

constam as espécies mais representativas da flora na área de estudo com vistas a

complementar a classificação do tipo de vegetação estudada. As espécies foram

identificadas pelos seus nomes científicos e vulgares. Nesta etapa, utilizou-se chaves e

pranchas taxonômicas (JOLY, 1987; LORENZI, 2002). Além destes dois aspectos, as

espécies também foram distribuídas pela hierarquia taxonômica conhecida por Família.

Outro item indicado está no tipo de associação vegetal em que a espécie foi encontrada.

4.2 MÉTODOS DE PESQUISA SOCIAL 4.2.1 Entrevistas As entrevistas foram voltadas exclusivamente aos atores sociais envolvidos direta e

indiretamente com as questões socioambientais na área de estudo. Neste método de coleta

de informações foram feitas através de perguntas direcionadas, utilizando questionários

28

formulados com questões referentes à necessidade do problema apresentado. Dentre os

atores sociais selecionados para as entrevistas, escolheu-se: O órgão ambiental do governo

Federal - IBAMA; Um órgão voltado para a pesca - APAC; O órgão de Meio Ambiente da

Prefeitura local - Fundação do Meio Ambiente e a Associação dos Pequenos Agricultores

do Morro do Forno (ANEXOS II,III, IV E V).

A justificativa para se entrevistar o ator social APAC se dá por vários motivos: em

primeiro lugar pela importância do chamado “saber naturalístico” do pescador, que

possivelmente poderá identificar anomalias ambientais referentes ao uso e ocupação do

solo na área de estudo. Outro motivo relevante é por ser este um grupo tradicional do lugar

que depende dos recursos naturais para a sua subsistência. Porém o que se pretende

diagnosticar é se já existem ou se poderá surgir conflitos entre os pescadores artesanais e

outros atores sociais como os agricultores do Morro do Forno.

4.2.2 Estudo de Comunidades

Nesta parte do estudo a pesquisa foi elaborada com o material colhido segundo

técnicas comumente empregadas em Antropologia Social voltados para se estudar

comunidades e procurando manter durante o seu desdobramento, as linhas características

etnológicas da pesquisa, a causa original e básica que motivaram os fatos. Este método é

baseado na observação (FONTENELLE, 1960). Foram realizadas visitas a reuniões dos

agricultores do Morro do Forno e coletadas diversas informações desta comunidade ligada

diretamente à pesquisa proposta.

4.3 MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Para a confecção deste mapa foram utilizadas as folhas de número 04, 05, 08, 09, 11

e 12 do levantamento aerofotogamétrico cedido pela atual Secretaria de Obras do

Município. A fotografia foi feita no ano 2000 orientada no Datum Horizontal SAD 69 e no

Datum horizontal Marégrafo de Imbituba –SC. A projeção é dada em UTM Meridiano

Central 45ºW. Gr. No referido mapa, foram conservadas a Escala Gráfica e também a

Escala de 1:2000. Também utilizou-se as fotos aéreas e uma Imagem do satélite IKONOS

com as mesmas projeções.

29

Para maior embasamentos da localização geográfica, foram utilizados a Carta do

Brasil do IBGE folha SF 23-Z-B-IV-4 intitulada “Cabo Frio” na Escala 1: 50.000 e a Base

Cartográfica CIDE elaborada na Projeção Equivalente de Lambert na Escala 1:450. 000 da

coleção Mapas Interativos na Seção “Território” (CIDE, 2004)

Além disso, iniciou-se um exaustivo trabalho de campo que consistiu na verifcação

in loco das informações contidas no levantamento aerofotogamétrico e respectivamente

atualizadas. Necessitou-se subdividir o mapa em seis partes para melhor visualização e

compreensão neste estudo, cuja as classes ficaram assim definidas: Vegetação de Savana

Estépica, Vegetação de Restinga, Vegetação Paludosa, Mar, Lagoa, Afloramento Rochoso,

Praia – Cordão Arenoso, Solo Exposto, Ocupação Urbana, Ocupação de Quiosques, Área

Portuária e Área Histórica.

4.4 DETERMINAÇÃO DE FRAGILIDADE DO AMBIENTE Com base nos dados sobre o relevo, subsolo, solo, clima e uso da terra, além dos

levantamentos de campo realizados na área de estudo têm-se informações tanto para a

análise da potencialidade agrícola da área bem como da fragilidade natural do ambiente

através de diferentes categorias hierárquicas. Esta proposta está sob o prisma da Teoria dos

Sistemas, expressa por TRICART (1977), com a denominação de Unidades Ecodinâmicas

que visa ao planejamento ambiental obedecendo a critérios técnicos-científicos.

4.4.1 Etapas e produtos intermediários

Segundo (ROSS, 1993), a carta geomorfológica acompanhada da análise genética é

um dos produtos intermediários para construção da carta de fragilidade e sua execução

estabelece a concepção teórica e técnica das diferentes formas de relevo. Para a presente

análise utilizaram-se fotos aéreas na escala 1:2000 de todo o terreno obtidas em 2001.

Por se tratar de uma análise de maior detalhe utilizou-se as formas de vertentes e às

classes de Declividade já consagradas em estudos anteriores de Capacidade de

Uso/Aptidão agrícola associadas com os conhecidos valores críticos da geotecnia, do vigor

de processos erosivos e dos riscos escorregamentos/deslizamentos e inundações freqüentes

(ROSS, 1993). Estas classes são classificadas como: 1 < 3%; 2. 3 a 6%; 3. 6 a 12%; 4. 12 a

20%; 5. 20 a 30%; 6. 30 a 50% e 7. > 50%.

30

Devido às classes de até 6% apresentarem declividades muito baixas, ROSS (1993)

estabeleceu novo arranjo em categorias hierárquicas (Quadro 2):

Quadro 2: Categorias hierárquicas e classificação em relação à declividade do terreno.

Categorias Classificação 1 Muito Fraca – até 6%

2 Fraca – de 6 a 12%

3 Média – de 12 a 20%

4 Forte – de 20 a 30%

5 Muito Forte – Acima de 30%

Fonte: ROSS, 1993.

Para as classes de fragilidade ou erodibilidade do solo, os estudos basearam-se em

levantamentos feitos por BERTONI & LOMBARDI (1985) e antigas expedições de campo

do Projeto RADAM BRASIL (1983) considerando o escoamento superficial difuso e

concentrado das águas pluviais podem assim ser agrupados (Quadro 3):

Quadro 3: Classes de fragilidade de acordo com o tipo de solo.

Classes Tipos de Solo 1 - Muito Baixa Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho Escuro e Vermelho

Amarelo textura argilosa. 2 - Baixa Latossolo Amarelo e Vermelho amarelo textura média/argilosa 3 - Média Latossolo Vermelho amarelo, Terra Roxa, Terra Bruna,

Podzólico Vermelho-amarelo textura média/argilosa. 4 - Forte Podzólico Vermelho-Amarelo textura média/arenosa,

Cambissolos 5 -Muito Forte Podzolizados com cascalho, Litólicos e Areias Quartzosas.

A análise da proteção dos solos pela cobertura vegetal pas

fotos aéreas na Escala 1:2000, onde se considerou as manchas do

como: matas naturais, capoeiras, agriculturas de subsistência e

classificação baseou-se também em pesquisas realizadas por

estabelece uma hierarquia de graus de proteção aos solos

obedecendo em ordem crescente à capacidade de proteção (Quadr

Fonte: ROSS (1993).

sou pela interpretação de

s diferentes tipos de usos

área urbana. Para esta

CASSETI (1991) que

pela cobertura vegetal

o 4).

31

Quadro 4: Graus de proteção relacionada ao tipo de Cobertura Vegetal.

Graus Tipos de Cobertura Vegetal

1 - Muito Alta Florestas/Matas Naturais cultivadas com biodiversidade

2 - Alta

Formações arbustivas naturais com estrato herbáceo denso, formações arbustivas densas (mata secundária, cerrado denso ou capoeira densa). Mata Homogênea de Pinus densa. Pastagens cultivadas m baixo pisoteio de gado, cultivo de ciclo longo como o cacau.

3 - Média Culturas de ciclo longo em curva de nível/ terraceamento, forrageiras entre ruas, pastagens com baixo pisoteio, silviculturas de eucaliptos com sub-bosques de nativas.

4 - Baixa Culturas de ciclo longo de baixa densidade com solo exposto entre ruas, culturas de ciclo curto em curvas de nível.

5 - Muito Baixa a nula

Áreas desmatadas e queimadas recentemente, solo exposto por arado/ gradeação, solo exposto ao longo de caminhos e estradas, terraplenagens, culturas de ciclo curto sem práticas conservacionistas.

Fonte: ROSS, 1993.

Logo após se estabeleceua relação das variáveis objetivando uma classificação da

fragilidade potencial e emergente da área de estudo a partir de uma associação de dígitos,

onde cada um dos números representa um determinado peso variando de 1 a 5, do índice

mais fraco ao mais forte, ou do mais protegido para o menos protegido.

4.6 ANÁLISE ESPACIAL DA ÁREA DE ESTUDO 4.6.1 Evolução da ocupação humana

Esta etapa utilizou o Geoprocessamento como instrumento para confrontar as

informações obtidas em diferentes épocas e avaliar as mudanças e impactos ao longo do

tempo.

Dentro desse contexto, objetivou-se avaliar as mudanças temporais do uso e

ocupação do solo ao longo do tempo, buscando-se vários recursos, dentre eles, um estudo

de caso elaborado por ALMEIDA (2003). Utilizou-se também, um levantamento da

FIPAC, demonstrando as áreas das agriculturas de subsistência do Morro do Forno do ano

de 1998. Logo a seguir os dados obtidos nos referido estudos foram confrontados com

imagem de satélite IKONOS de 2000, além de fotos aéreas e um levantamento

aerofotogramétrico do mesmo ano. Através das informações, foi obtido um mapa temático

nos moldes do estudo anterior (ALMEIDA, 2003), dando sequência ao mesmo.

Através deste método, foram obtidas informações a respeito do crescimento

populacional e da ocupação do município e se estabelecer um paralelo entre as mudanças

32

ambientais ocorridas e as ações antrópicas decorrentes do tipo de crescimento adotado na

localidade. Com isso, pode elaborarar-se uma matriz de crescimento com base nas

informações obtidas e estabelecer-se as futuras consequências ambientais em relação à

continuidade do modelo de crescimento local.

Também foi realizado o Geoprocessamento que utiliza técnicas matemáticas e

computacionais para o tratamento da informação geográfica. A informação geográfica

apresenta uma natureza dupla: um dado geográfico possui uma localização geográfica

(coordenadas) e atributos descritivos (banco de dados).

As ferramentas computacionais para o Geoprocessamento chamadas Sistemas de

Informações Geográficas (SIG), permitiram realizar análises integrando dados de diversas

fontes ao criar bancos de dados geo-referenciados. No estudo de caso da Praia do Forno,

foi utilizado o SIG SPRING for Windows versão 3.3, desenvolvido pelo Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais (INPE). Os mapas temáticos obtidos para comparação são

provenientes das seguintes fontes:

♦ Trecho da carta IBGE 1/50000, baseada no levantamento aerofotográfico de 1966;

♦ Foto aérea levantamento DRM de 1976; e

♦ Imagem do satélite Landsat TM5 de 1994, WRS 216/76 (órbita ponto).

♦ Imagem do satélite IKONOS e foto área na escala 1: 2000, ambos do ano 2000.

Da carta IBGE e da foto aérea DRM foram extraídos mapas temáticos através da

interpretação visual, já as imagens de satélite Landsat e a do IKONOS foram classificada

por processamento automático. As bandas espectrais 3, 4 e 5, foram segmentadas e

posteriormente submetidas ao processo de classificação supervisionada, estabelecendo as

seguintes geoclasses: área de vegetação, área antropizada, água, praias e dunas.

Após o processamento das imagens, foi feita uma visita de campo à área estudada,

para estabelecer uma relação entre as informações obtidas.

Os parâmetros estatísticos retirados das duas amostras foram: Medidas de

tendência Central e de Dispersão.

33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 ANÁLISE DA COBERTURA VEGETAL Com relação à cobertura vegetal da área de estudo, detectou-se duas formações

vegetais principais (Figura 14), acompanhadas de algumas manchas menores mais de

grande significância como a de Restinga encontrada na Praia do Forno.

Oceano Atlântico

a

ePonta da Jararaca

N

EW

S

Ilha dos Porcos

Restinga Savana Estépica Floresta Estacional Mar Área Urbana Limites da área de estudo Fonte: CIDE, 2002 (adaptado).

Figura 14: Classificação da vegetação da área de estudo

Prainh

Morro do Forno

Saco do Chern

Fortaleza

34

• Floresta Estacional Semidecidual Vegetação sujeita a dupla estacionalidade climática, tropical chuvosa no verão,

seguida por estiagens acentuadas. Nesse tipo de vegetação, as porcentagens das árvores

caducifólias no conjunto situa-se entre 20 e 50% durante a época desfavorável (CIDE,

2000).

No local, este tipo de vegetação predomina em toda a vertente do Morro voltada

para a Prainha.

• Savana Estépica

A Estepe Arbórea é uma vegetação arbustiva que recebe os ventos marinhos

carregados de salsugem, a vegetação se torna baixa, densa e emaranhada com aparência

acinzentada e com muitos cactus, com alguns exemplares que ultrapassam quatro metros

de altura. Tal vegetação está adaptada à aridez do clima e aos fortes ventos. Alguns autores

como BIDEGAIN (2000) classificam-na como Savana Estépica. Esta vegetação é

predominante na área de estudo, abrangendo o Morro do Forno, Fortaleza, Ponta da

Jararaca e Saco do Cherne.

Tal formação desdobra-se em três tipos de associações vegetais: A Mata de

Encosta, Arbustiva de Encosta e a pertencente ao Costão Rochoso. A mata de encosta

compreende comunidades com até 5m de altura, possuindo muitas espécies raras e com

características peculiares, onde existem trechos com espécies denominadas rupícolas. Na

vegetação arbustiva de encosta, destacam-se alguns endemismos como o cactus

Pilosocereus ulei. Portanto nos Costões Rochosos a composição florística é pouco

conhecida, devido às grandes declividades.

Nota-se que há um “encontro” de todos os tipos de formação vegetal e ecossistemas

em área denominada ecótono (Figura 15). Nestas áreas a concentração da biodiversidade é

mais significativa, pois existe maior diversidade de hábitat e de alimento para as espécies

da fauna, principalmente aves e insetos são mais avistados no local.

35Mata de Encosta

Mata de encosta Arbustiva de encosta

Restinga

Área alagada

Vegetação rupícola

Figura 15: Área de ecótono

• Restinga

Ainda é encontrada na área de estudo a formação vegetal denominada restinga

formada originalmente por herbáceas, arbustos, árvores de pequeno porte, trepadeiras e

epífitas. As espécies encontradas na primeira faixa de praia exercem função de fixadoras

de areia possuindo um rápido crescimento. A formação vegetal logo a seguir apresenta um

aspecto arbustivo que se constitui numa espécie de barreira moldada pela ação dos ventos,

fenômeno conhecido por biazomorfose, com espinhos e arbustos de galhos rígidos. Nesta

área predomina a espécie Eugenia uniflora. Esta foramação tem seu limite determinado

por uma depressão onde se encontra uma vegetação rasteira (gramíneas e ciperáceas)

culminando numa área periodicamente alagada conhecida por “Lagoa dos Quelônios”

(Figura 16), que segundo relatos existiam alguns exemplares destes animais na área. A

razão para o surgimento destas áreas é devido ao lençol freático aparecer junto à superfície

somado à acumulação de águas de chuva após intensas precipitações (ARAÚJO, 1984).

36

Fonte: Acervo do autor, 2004.

Figura 16: “Lagoa dos Quelônios”, área periodicamente alagada.

5.1.1 Diagrama de Perfil O ponto da encosta do Morro do Forno onde foi elaborado o Diagrama de Perfil

está situado na posição S 22º 57” 741’ e W 42º 00” 819’. A altitude constatada no Ponto 0

com o auxílio do altímetro foi de 51m. Ao final do Perfil, registrou-se a altitude de 68m

(variação de 17m). Após a coleta dos parâmetros físicos da vegetação do Morro do Forno,

Ponta da Jararaca e Ponta da Fortaleza, obteve-se um breve perfil da vegetação da área

estudada (Figura 17). Neste ponto nota-se uma maior preservação da mata, com árvores de

porte maior devido às condições de umidade serem maiores pelos ventos que vêm do mar.

Uma das razões para que esta parcela da vegetação esteja preservada se dá pelo

difícil acesso à área, sendo a declividade acentuada um empecilho a qualquer tentativa de

ocupação.

37

(m)

25 1 3

45

209 8

89m2

2 10

172 7

15 12 11 7

1814 7

15 1 2

10 13 16 2

13 197

77

7 25 716

(m) 72m 30 25 20 15 10 10 0

Figura 17: Diagrama de perfil num trecho de mata de encosta rro do Forno.

4

do Mo

38

As medições por triangulação realizadas no terreno revelam que a vegetação do

Morro do Forno está distribuída numa encosta de acentuado declive (Quadro 5).

Quadro 5: Medições do terreno no trecho do Morro do Forno

Alt. x (m) 2 2 2 2 2 2 2

Alt. y (m) 0,60 1,14 1,06 0,96 0,94 1,02 1,76

Alt. x (m) 2 2 2 2 2 2 2

Alt. y (m) 1,07 1,20 2,72 1,36 0,62 1,56 0,86

No diagrama de perfil foram encontrados 40 indivíduos agrupados em 19 espécies e 13

famílias (Tabela 2).

Tabela 2: Espécies do Diagrama de perfil

Espécie (nº no Diagrama) Nº de ind. encontrados Família Ocotea sp. (7) 8 Lauraceae Pachystroma longifolium (2) 7 Euphorbiaceae Brasilopuntia brasiliensis (13) 3 Cactaceae Dichorisandra sp. (9) 2 Commeliana Parapiptadenia sp. (1) 2 Leguminosae Erythroxylum sp. (4) 2 Erythroxylaceae Croton sp. (16) 2 Euphorbiaceae Pseudobombax sp. (10) 1 Bombacaceae Clusia hilariana (11) 1 Guttiferaceae Bombacopsis sp. (12) 1 Bombacaceae Machaerium obovatum (5) 1 Leguminosae Senna pendula (14) 1 Leguminosae Schinus terenbinthifolius (8) 1 Anarcadiaceae Tabebuia serratifolia (15) 1 Bignoniaceae Pithecolobium tortum (17) 1 Leguminosae Inga sp. (6) 1 Leguminosae Eugenia (18) 1 Myrtaceae Desconhecida (3) 1 Leguminoae Desconhecida (19) 1 Desconhecida Totais ................................... 19 38 13

39

5.1.2 Método de Caminhamento Por esse método foram encontradas 76 espécies divididas em 33 famílias. Destaca-

se a família Leguminoseae com 9 spp., seguida de Cactaceae 7 spp., Bromeliaceae 7 spp.,

e Orchidaceae com 5pp. (Tabela 3). Tal padrão revela características das matas do

Hemisfério Sul, com muitas famílias, representadas por poucos indivíduos.

Tabela 3: Espécies encontradas pelo método de Caminhamento AE = Arbustiva de Encosta; AR = Arbustiva de Restinga; C = Costão Rochoso; HP = Herbácea Praiana; ME = Mata de Encosta; MR = Mata de Restinga . Famílias/Espécies Nomes populares Ambiente AIZOACEAE Sesuvium portulacastrum HP AMARANTHACEAE Althernantera maritima (Mart.) St. Hil. HP Blutaparon portulacoides (St. Hil.) Mear capotiraguá HP ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolius Raddi aroeira ME-AR Tapirira sp. ME-AR ARACEAE Anthurium comptum Schott copo-de-leite ME-AE BIGNONIACEAE Tabebuia sp. ipê-amarelo ME-AE

BOMBACACEAE Pseudobombax sp. paina AE BORAGINACEAE Cordia sp. ME

BROMELIACEAE Bilbergia amoena var. stolonifera Lindl. MR Bromelia antiacantha Bertol. AR Crypthanthus sinuosus ME Neoregelia cruenta (R. Grah.) L.B. Smith gravatá AE-ME Tillandsia gardneri var. Rupicola (Lindl.) AE-C Tillandsia neglecta Per. C Tillandsia stricta Soland AE Vriesea gigantea Gaud. ME Vriesea sucrei

40

CACTACEAE Cereus fernambucenscis Lem. juimbeba AE Cereus variabilis Pfeiff. cacto-bengala AE Epiphyllum sp. rainha-da-noite AE Opuntia sp. AE Pilosocereus arrabidae (Lem.) Byles Z. & Rowl. AE Pilosocereus ulei (K.Shum.von Gurke) cacto-da-cabeça-branca AE Pereskia aculeata Mill. ora-pro-nobis AE CYPERACEAE Cyperus sp HB-CAD COMMELINACEAE Dichorisandra thyrsiflora Mikan. AE-MR COMPOSITAE Desconhecida ME CONVOLVULACEAE Ipomea pes-caprae (L.)Sweet batateira HP Ipomea sp. AE CLUSIACEAE Clusia fluminensis Tr. & Pl. abaneiro-da-praia MR Clusia hilariana Schlecht. abaneiro-da-praia ME CRASSULACEAE Kalanchoe sp. saião-do-mato C ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum ovalifolium Peyr arco-de-pipa AE

EUPHORBIACEAE Cnidosculus sp. urtigão AE Croton migrans Casar maracanã ME-AE Pachystroma longifolium (Nees) I.M. Johnst. espinheira-santa ME

GRAMINEAE Panicum racemosum (Beauv.) Spreng. HP Sporobolus virginicus (L) Kunth. grama-da-praia HP LAURACEAE Ocotea sp. canela-do-mato AE

LEGUMINOSEAE Andira sp. angelim-da-praia ME Inga sp . ingá AR Canavalia rosea (Sw.) DC feijão-de-porco AR-MR

41

Caesalpinea sp. AR Chamaescrita flexuosa (L.) Greene AR Machaerium obovatum Kuhlm. Hoehne ME Mimosa sp. espinheiro AE Senna pendula (Willd.) Irwin & Barneby canudo-de-pito ME-MR Peixotoa sp. AR Pithecellobium tortum Mart. ME LILIACEAE Herreria salsaparrilha Mart. lírio-do-mato AE

MALPIGHIACEAE Byrsonima sericea DC. murici AR Heteropterys coleoptera A. Juss. AE Stigmaphyllum paralias A. Juss. AE MALVACEAE Abutilon sp. ME Desconhecida AE MELASTOMATACEAE Marcetia taxifolia (St. Hil.) DC HP

MYRTACEAE Eugenia uniflora L. pitanga AR Eugenia sp. grumixama AR Campomanesia guazumifolia (Camb.) Berg. guabiroba AE

NYCTAGINACEAE Bougainvillea spectabilis Willd. buganvile AE ORCHIDACEAE Cattleya guttata Lindl. orquídea AE Campylocentrum sp. ME Habenaria sp. ME Oeceoclades maculata L. ME Oncidium barbatum Vanilla chamissonis baunilia ME PALMAE Allagoptera arenaria (Gomes) O. Ktz. guriri AR PASSIFLORACEAE Passiflora mucronata (Lam.) Sessé & Moc. maracujá-do-mato AR

PIPERACEAE Piper sp. 1 ME Piper sp. 2 AR

42

POLYPODIACEA Acrostichum danaeafolium Langsd & Fisch. samambaia-do-mato ME Acrostichum 1 ME-R Acrostichum 2 ME-R RUBIACEAE Tocoyena sp. AR

SAPINDACEAE Cupania emarginata Camb. camboatá AE

5.1.3 Espécies relevantes

A evolução do conjunto de fatores abióticos da região de Cabo Frio, considerada na

escala de tempo geológico, a uma diferenciação de ambientes particularizados, ensejando a

individualização de biótopos com características ímpares. Como resultado a região possui

uma biota bastante diferente de outras homólogas do litoral fluminense (ARAÚJO, 1997).

Dessa forma encontram-se, categorias taxonômicas que ocupam nichos ecológicos

específicos, havendo muitos endemismos e espécies raras, ao lado de outras

particularidades biológicas extremamente ameaçadas pela fragmentação.

Entre os endemismos ameaçados destacam-se: as bromélias Tillandsia gardneri

var. rupicola Tillandsia neglecta, Vrisea sucrei, Cryptantus sinuosus e Billbergia amoena.

Dentre as espécies encontradas desta família encontradas na área de estudo, o grau de

endemismo atingiu 66% ou seja, extremamente alto. A leguminosa Machaerium obovatum

e o cacto Pilosocereus ulei, o “cacto-da-cabeça-branca” ou “cacto gigante” abundante em

toda a área do o Morro do Forno, especificamente na vertente da Fortaleza do Sururu,

podendo atingir 5m de altura (Figura 18).

43

Figura 18: Cacto endêmico Pilosocereus ulei.

As espécies raras registradas foram principalmente as orquídeas Cattleya guttata,

Campylocentrum sp, Habenaria sp, Oncidium barbatum e Vanilla chamissonis. A espécie

ameaçada de extinção é a bromelia Vrisea gigantea.

São encontradas ainda espécies de distribuição disjuntas, isto é ocorrem

descontinuamente ao longo de uma faixa de ecossistemas análogos, homólogos, de

fitofisiônomia idêntica embora não sejam absolutamente iguais como no caso dos

ecossistemas litorâneos. No local, encontra-se a espécie Croton migrans (Euphorbiaceae)

encontrada em Cabo Frio e no Recreio dos Bandeirantes no Rio de Janeiro. Tal espécie é

classificada como pioneira, sendo observado seu rápido crescimento em área que sofreram

perturbações ambientais (Figura 19).

Existem algumas espécies que marcam seu limite meridional na área de estudo

como a Clusia hilariana (Clusiaceae).

44

Fonte: Acervo do autor, 2004.

Figura 19: Espécie Croton migrans com ramos floríferos.

Registra-se ainda espécies com potencialidades econômicas como a Myrtaceae

Eugenia uniflora (pitanga) pois seu conteúdo de vitamina C é maior que o do limão

(FEEMA, 1988). Outras espécies apresentam madeiras de alto valor comercial podendo

funcionar como matrizes de produção como Tabebuia sp., Ocotea sp., Machaerium sp. e

Aspidosperma sp. De especial importância ornamental são as famílias Bromeliaceae,

Araceae, Orchidaceae, Cactaceae e Clusiaceae e Nyctaginaceae.

5.2 MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

De acordo com as observações estabelecidas nos mapas e nos trabalhos de campo,

nota-se o quadro atual de uso e ocupação da área de estudo (Figuras 20, 21, 22, 23, 24 e

25). No mapa podemos observar aspectos sócio-econômicos, ambientais e também

históricos. Foi identificada no mapa a área histórica situada na Ponta da Fortaleza, que

abriga ruínas do antigo forte português da época recente ao descobrimento do Brasil. Uma

das principais observações é o aumento das áreas desmatadas pelas ocupações irregulares e

atividades rurais no Morro do Forno, Ponta da Praia e Ponta da Jararaca (solo exposto).

LEGENDA

Savana Estépica Restinga

Vegetação Paludosa Mar

Lagoa Afloramento Rochoso Cordão Arenoso

Solo exposto Área Urbana Ocupação de quiosques

N

EW

S

Área Portuária

Área Histórica Convenções

Croqui 30 Escala Gráfica

Curva de nível Estrada de asfalto Caminh

Escala: 1:2000

20 Construção Estrada de terra

0 100m 200m

Figura 20: Mapa Temático de Uso e Ocupação do solo da Á stud rte Fonte: PMAC, 2000 (adaptado).

rea de E

o

I

o – Pa

46

LEGENDA

Convenções

Curva de nível Estrada de asf

Estrada de ter

Construção

20

30

Figura 21: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de

Savana Estépica

Restinga Vegetação Paludosa Mar

Lagoa Afloramento Rochoso

Cordão Arenoso Solo exposto

Área Urbana Ocupação de quiosques Área Portuária

N

EW

S

Área Histórica

Escala Gráfica Croqui

alto Caminho

ra

100m

200m 0

Escala: 1:2000

Estudo –

Fonte: PMAC, 2000 (adaptado). Parte II

47

LEGENDA

Savana Estépica

Restinga Vegetação Paludosa Mar

Lagoa Afloramento Rochoso

Cordão Arenoso Solo exposto Área Urbana

Ocupação de quiosques N

EW

S

Área Portuária

Área Histórica

Convenções Croqui Escala Gráfica 30

20

Curva de nível

Construção

Estrada de asfalto

Estrada de terra

Caminho 100m

200m 0

Escala 1:2000

Fonte: PMAC, 2000 (adaptado).

Figura 22: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estudo – II

Parte I

48

30 Curva de nível

Convenções

20

LEGENDA

Construção

Estrada de asfalto Caminho

Estrada de terra

N

EW

S

0 100m 20

0m

Escala Gráfica Croqui

Escala 1: 2000

Figura 23: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estu rte IV

Savana Estépica

aludosa

a

mento Rochoso

quiosques

Fonte: PMAC, 2000 (adaptado).

Área Histórica

Área Portuária

Ocupação de Área Urbana Solo exposto

Cordão Arenoso Aflora

LagoMar Vegetação P

Restinga

do – Pa

49

LEGENDA

Savana Estépica Restinga

Vegetação Paludosa Mar Lagoa

Afloramento Rochoso Cordão Arenoso

Solo exposto Área Urbana N

EW

SOcupação de quiosques

Área Portuária

Área Histórica

Croqui

Estrada de asfalto

Convenções

Construção

Curva de nível 20

30 Escala GráCaminho

100m 0

Estrada de terra Escala 1:2000

Fonte: PMAC, 200Figura 24: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de Estu rte V

fica 200m

0 (adaptado).

do – Pa

50

LEGENDA

Savana Estépica Restinga

Vegetação Paludosa Mar Lagoa

Afloramento Rochoso Cordão Arenoso Solo exposto

Área Urbana Ocupação de quiosques N

EW

SÁrea Portuária Área Histórica

Curva de nível Estrada de asfalto 20

30 Convenções

0 100m 200m

Escala Gráfica

Escala 1:2000

Croqui

Fonte: PMAC, 2000 (adaptado).

Caminho

Construção Estrada de terra

Figura 25: Mapa Temático de Uso e Ocupação do Solo da Área de E Pa

studo – rte VI

5.3 IMPACTOS AMBIENTAIS 5.3.1 Cobertura Vegetal vários pontos da área de estudo verifica-se a grande extensão dos

desmatam entam fortemente a vegetação local (Figura 26). Este dano

am da agricultura de subsistência seguidas de

ais e ocupações irregulares, inúmeras trilhas e estradas de terra

das atividades comerciais exercidas nos quiosques da praia do forno.

Em

entos que fragm

biental é de várias fontes, sendo as principais

várias criações de anim

Fonte: Acervo do autor: 2004.

Figura 26: Á

crescim

janelas de oportunidade para

sustentabilid

trocados estoques rem

hectare (form

pequena capacidade de supor

além

O processo de fragmentação florestal pode causar vários danos, dentre eles:

ento da desordem de um sistema, ampliando-se as possibilidades de formação de

que trocas indesejáveis ocorram, diminuindo o grau de

ento; perda de energia na forma de radiação térmica, são

anescentes de alta qualidade energética e grande biodiversidade por

seu clímax) por estoques de baixa qualidade energética e

te da biodiversidade por hectare (pasto composto por

reas degradadas por agricultura de subsistência.

ade de cada fragm

ações vegetais em

51

52

de espécies endêmicas e o rompimento das cadeias

volutivas e a eliminação de diversas espécies (CIDE - IQM VERDE/1997).

o local são classificadas como temporárias, portanto o terreno

ratura interna se

leva, a insolação passa a atingir estratos vegetais outrora protegidos. Uma maior

insolação no interior do novo fragmento propicia uma rápida colonização das suas bordas

por espécies mais adaptadas às novas condições microclimáticas impostas.

Invariavelmente, um processo de sucessão ecológica é desencadeado no interior do

fragmento florestal. O evento acima descrito é classificado como “efeito de borda”

(RICLKEFS, 1996). Como a vegetação existente se transforma em pasto, pode-se observar

cavalos criados pelos agricultores se alimentando desse vegetal em vários pontos situados

na área (Figura 27).

gramíneas); redução do número

e

As culturas feitas n

que foi desmatado e utilizado para a agricultura é posteriormente abandonado, ocasionando

assim o rápido crescimento da gramínea Panicum maximum, conhecida popularmente por

“capim-colonião”. Devido a este processo se instala dentro do ecossistema uma série de

alterações microclimáticas (SILVA, 1969). Quando maiores quantidades de luz atingem o

interior do fragmento florestal, a umidade decresce rapidamente e a tempe

e

Fonte: Acervo do autor, 2003.

Figura 27: Colonização de Panicum maximum (capim-colonião).

53

Nota-se que além do crescimento de Panicum maximum pelos desmatamentos,

encontrou-se outra fonte para o surgimento deste vegetal que é a utilização do fogo para

abertura de novas agriculturas e ocupações irregulares (Figura 28).

Fonte: Acervo do autor, 2004.

Figura 28: Fumaça de incêndio proposital para retirada da vegetação.

Segundo (HANSSEN, 1988), estes agricultores não têm conhecimento do que seja

uma verdadeira agricultura, ou seja, não existe nenhum tipo de prática conservacionista

para reduzir os impactos ambientais e aumentarem a sua produtividade. Conforme

(SANTILLI, 2005), citando a Constituição Nacional no seu art. 186:

“Art. 186 – A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundos critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos”: I – aproveitamento racional e adequado; II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”.

54

N

getação nativa e seus

spectivos impactos ambientais ocasionados pelos agricultores (Tabela 4).

Além das atividades agrícolas, a criação de animais contribui fortemente para a

supressão da vegetação no lugar (Figura 29). Um destes focos é a parte alta e plana do

Morro do Forno, onde a área está fortemente descaracterizada pela criação de suínos.

Também foram registrados mais um estábulo e uma criação de porcos na vertente do morro

voltada para a Prainha. A vegetação que recobre as áreas com forte declive se mantém

conservadas pela impossibilidade de continuidade dos referidos cultivos e criações de

animais.

ota-se claramente que as cutivos de subsistência no Morro do Forno, não se

adequam a esta normatização ferindo principalmente os itens I, II e IV supracitados. Foram

registrados os procedimentos utilizados para a retirada da ve

re

Vegetação preservada devido encosta íngrime

Fonte: Prefeitura Municipal de Arraial do Cabo, 2005.

Figura 29: Área degradada pela criação de suínos.

T

Outra causa da retirada de vegetação e das fragmentações está na grande quantidade

de trilhas secundárias e estradas que cada vez mais aumentam suas proporções. Uma das

razões para o surgimento de várias trilhas está diretamente ligado ao acesso dos pequenos

para construção de novas ocupações

regulares principalmente em direção à Ponta da Prainha (Figura 30).

abela 4: Procedimentos inadequados e impactos ambientais na derrubada da mata

PROCEDIMENTOS INADEQUADOS

agricultores até os locais de cultivo. Também é possível notar a abertura de estradas

vicinais com a finalidade de se transportar materiais

ir

o Derrubada de mata ou capoeira a foice ou machado. Quando o amontoado o

•amontoado de folhas, cipós, galhos e troncos está seco o roceiro queima.

Espera-se a primeira chuva e então se abrem covas rasas no chão pobre, adubado com cinzas. Para aipim rasga pequenos regos na superfície para milho ou feijão abre covas de poucos centímetros.

• O agricultor em geral plantar em terra nunca cultivada como isso derruba sempre mais um pedaço de vegetação nativa.

• Queima o capim cortado.

IMPACTOS AMBIENTAIS VERIFICADOS • Supressão da mata nativa • Possibilidade da propagação do fogo num dia de vento. Devido ao clima quente e

árido o fogo torna-se ainda mais devastador serapilheira.

• Aparecimento do capim colonião e de plant• O capim colonião impede a regeneração da mata destruída, pois cresce mais

rapidamente. • Enfraquecimento do solo • Erosão • Redução do fluxo gênico do fauna • Temperatura e turbidez da água do mar

queimando até a camada de

as ruderais e daninhas.

56

sado por quiosques comerciais instalados

ilegalm a do Forno. Os desmatamentos ocorrem para

poder abrigar inúm

egetação é retirada,

dificultando que o responsável seja autuado em fragrante por crime ambiental.

Figura 30: Estradas vicinais e trilhas

Na parte baixa, o desmatamento é cau

ente no interior da restinga da Prai

eros componentes de infra-estrutura destas barracas comerciais como

cercas, mesas, cadeiras, banheiros, depósitos e o próprio quiosque (Figura 31). Nota-se que

nem todas as mesas e cadeiras são ocupadas, exceto na alta temporada de verão. Uma das

formas de desmatamento é suprimir a vegetação, deixando uma pequena “moita” voltada

para a praia com a finalidade de não despertar a atenção do Poder Público. Após a

ampliação do espaço e das novas instalações de mesas e cadeiras, a v

57

Fonte: Acervo do autor, 2004.

Figura 31: Área de restinga degradada por quiosque.

Esta atividade comercial compromete grandemente o ecossistema de restinga do

e

a como

produtividade primária, disponibilidade de nutriente, ciclos hidrológicos e erosão,

alterando assim as condições de vida para todos os organismos daquela área. Existe a

possibilidade dessas plantas e animais exóticos da área, exercerem vários tipos de

interações que sejam danosas ao ecossistema local como a disseminação de sementes de

várias plantas exóticas através de animais que são criados no local como porcos e cavalos.

Ações antrópicas como incêndios podem favorecer uma sucessão ecológica por espécies

exóticas. A introdução desses organismos pode alterar o tipo ou qualidade dos serviços que

os ecossistemas naturais fornecem às sociedades humanas. Portanto a maioria das espécies

lugar, causando a fragm ntação e inviabilizando assim o “corredor natural” de várias

espécies de répteis como lagartos e também de inúmeros insetos.

5.3.2 Introdução de espécies exóticas

Um dos problemas detectados na área foi a introdução de diversas espécies

exóticas. As espécies introduzidas podem ter efeitos graves nos habitats nativos, contudo,

os efeitos de tais espécies são muitas vezes difíceis de predizer (RICKLEFS, 1993).

Portanto as espécies exóticas podem alterar as características no nível de ecossistem

58

introduzidas na área de estudo está diretamente ligada às agriculturas de subsistência

(Tabela 5).

Tabela 5: Espécies introduzidas

Espécie Nome vulgar Localização Causa da Introdução

Agave sp pita Encosta do M. Forno Ponta da Fortaleza

Desconhecida

Annona sp. fruta-de-conde Em toda a área Cultivo

Artocarpus sp. jaca Em toda a área Cultivo

Carica sp. mamão Em toda a área Cultivo

Casuarina esquitifolia

casuarina Em toda a área Cerca viva

Citrus sp. laranja Em toda a área Cultivo

Citrus sp. limão Em toda a área Cultivo

Citrus sp. mexirica Em toda a área Cultivo

Cocus nucifera coco-da-Bahia Em toda a área Cultivo

Cucurbita sp. abóbora Em toda a área Cultivo

Helianthus sp. girassol Em toda a área Ornamental

Leucena sp. leucena Em toda a área Cerca viva

Lycopersicum sp. tomate Em toda a área Cultivo

Manihot sp aipim Em toda a área Cultivo

Musa sp. banana Em toda a área Cultivo

Persea sp. abacate Em toda a área Cultivo

Psidium guayava goiaba Em toda a área Cultivo

Sechium sp. chuchu Em toda a área Cultivo

Sensevieria sp espada-de-são jorge Quiosques – P. Forno Ornamental

Solanum sp. batata Em toda a área Cultivo

Solanum sp. jiló Em toda a área Cultivo

Terminalia sp. amendoeira Praia do Forno e Ponta da Prainha

Desconhecida

Zea mays milho Em toda a área Cultivo

Convém ainda mencionar que em vários pontos, a área de estudo possui uma e

quantidade significativa de espécies exóticas como na Ponta da Fortaleza onde se nota a

grande presença de duas espécies a Agave sp e o Synadenium sp. respectivamente

59

conhecidas por “pita” e “bálso-fogo”. Nos lugares onde foi introduzido o Synadenium sp,

percebe-se a uma alteração que é a falta de vegetação herbácea e arbustiva característica do

local ao redor desse vegetal. endo considerada alta

em rel tamanho das espécies locais, ond sombreia tes,

interespe es

de estudo, n grande

m rilhas existe . Este fa grande

olo, a declividade do terreno e pela retirada de vegetação, tomando assim

preendido

eses de janeiro a m aior pluviosidade na região (BARBIERI, 1984).

ento do solo, interferindo na

de nutrientes que m ntém a produtividade do ambiente, alterando assim

sica do exposição lixiviam luz solar

96).

Este fato se deve ao porte da espécie, s

ação ao e a mesma os ambien

estabelecendo assim uma competição cífica prejudicando as pécies nativas.

5.3.3 Solo

Em grande parte da área ota-se diversos pontos que sofrem

erosão hídrica principal

fragilidade do s

ente nas t ntes (Figura 32) to se deve a

grandes extensões no terreno e se agravando principalmente nos período com

entre os m arço, de m

A derrubada da vegetação contribui para o empobrecim

estreita reciclagem a

a estrutura fí solo pela aos crescentes entos e

(RICKLEFS,19

03.

Erosão hídric ha da Praia do

Fonte: Acervo do autor, 20

Figura 32: a na tril Forno.

Portanto, a conservação da cobertura na área de estudo é fundamental para a

manutenção da fina camada de solo que varia entre 60cm e 2m intercalada por

afloramentos rochosos (PINTO, 1998). Observa-se no local que a vegetação é

60

constantemente suprimida em razão da abertura de novas trilhas e pelo constante pisoteio

de pessoas e animais, abrindo caminho para novas erosões expondo as rochas existentes

(Figura 33).

Fonte: Acervo do autor: 2003 Figura 33: Sulco causado pela erosão hídrica.

Em alguns trechos da área de estudo como o acesso a Ponta da Prainha, as trilhas

existentes se transformaram em verdadeiras pistas que dão acesso às criações de animais,

cultivos e das ocupações irregulares. Estas inúmeras trilhas e pistas têm contribuído para

uma acentuada fragmentação florestal, ameaçando diversas espécies da fauna nativa que é

constituída por espécies de pequeno porte como répteis e insetos em geral. Estes impactos

dificultarão as espécies animais desempenharem seus nichos ecológicos equilibradamente,

sendo isolados em pequenas manchas de vegetação dificultando a busca por alimento e

acasalamento, podendo assim empobrecer o fluxo gênico de muitas espécies levando

algumas ao processo de extinção.

5.3.4 Lixo

o Forno, grande quantidade de lixo.

ambém foi observada a presença desses detritos no entorno da trilha do Morro do Forno

Foi encontrada em quase toda a área de praia d

T

que acabam se depositando em meio à vegetação em terreno íngreme impedindo a coleta.

Estes resíduos são deixados também na orla por freqüentadores da praia e devido à ação do

vento são distribuídos em meio à vegetação de restinga que acompanha toda a orla da Praia

61

do Forno. Porém o problema mais grave, é oriundo de atividades comerciais exercidas no

local por ambulantes e principalmente pelos quiosques localizados no mesmo espaço. A

ação destes comerciantes tem sido a de descartar os resíduos sólidos em meio a grandes

oitas de vegetação de restinga em direção ao Morro do Forno, fora do alcance das vistas

dos freqüentadores da praia a fim de que suas atividades não sejam prejudicadas pela

acumulação destes resíduos. Devido a essa atitude grandes focos de lixo se formaram,

dentre estes alguns estão localizados próximo à “Lagoa dos Quelônios” (Figura 34),

atrapalhando a coleta realizada pelo Poder Público que é escoada por embarcações duas

vezes por semana. Nota-se também em diversos pontos o soterramento e a incineração

desses resíduos sólidos.

m

Figura 34: Acumulação e enterro de lixo em meio à vegetação.

-se também o excesso de objetos sem finalidade que vão se acumulando nos

uiosques e tendem a virar resíduos. Num destes quiosques foram encontrados até partes

de embarcações abando

Nota

q

nadas. A acumulação de tais objetos sem as devidas precauções,

servem de via para a proliferação de vetores de doenças diversas colocando em risco a

saúde dos freqüentadores da área.

Diversos fatores têm contribuído para o aumento da geração de resíduos em

decorrência dos quiosques, um deles é a presença de banheiros improvisados e energia

62

elétrica por ação de geradores (Figura 35) contribuindo para que o freqüentador da praia

permaneça mais tempo no local, aumentando assim a geração de resíduos sólidos.

Entre os quiosques existentes na área, um foi abandonado e incendiado

misteriosamente deixando sobre o cordão arenoso onde se encontrava instalado, diversas

estrutura em madeiras e ferro que não foram removidas podendo vir a envolver

freqüentadores da praia em acidentes (Figura 36).

Fonte: Acervo do Autor, 2004.

Figura 35: Gerador de Energia elétrica de um quiosque.

Por ano diversos eventos denominados “mutirões ecológicos” são realizados pela

sociedade para colaborarem na limpeza da área, muitos desses grupos são integrados por

rofissionais e organizações não-professores e alunos de escolas locais, mergulhadores p

governamentais.

63

Fonte: Acervo do autor, 2004.

Figura 36: Resíduos sólidos onde havia um quiosque.

5.3.5 Evolução dos desmatamentos ocasionados pelas atividades rurais De acordo com os dados de PINTO (1998) existiam 48 áreas degradadas pelos

cultivos de subsistência. Trabalhando-se com esses valores verificou-se que:

• Total de áreas degradadas pela agricultura = 120

• X = 2.504, 17

,14

Observa-se que as áreas degradadas somente pelos cultivos em 1998 já

correspondiam a 4,8% da área de estudo. Nesta época o cultivo alcançava em média 2504,

17m². O valor central da amostra, correspondente a Mi, foi de 2500 m², sendo o mesmo

valor encontrado para Mo, revelando que a amostra é apenas composta por um grupo com

suas variações, ou seja, a amostra é homogênea. No gráfico tem-se uma visualização dos

dados amostrados (Figura 37).

. 200 m² (correspondente a 12

campos de futebol)

• Mi = 2500

• Mo = 2500

• S² = 534.565

• S = 731

64

Áreas dos cultivos em 1998

4

16

10

4

22

8

10

12

14

16

18

1

quan

tidad

e

0 a 499500 a 9991000 a 14991500 a 19992000 a 24992500 a 29993000 a 3499

56

6

4

01

0m²

3500 a 39994000 a 4499

Figura :

álise foi realizada utilizando-se o levantamento aerofotográfico

do loc ano 2000, registrando-se as seguintes 79 áreas degradadas,

ocasion a te pelos cultivos, mais também associada a criação de animais e

ocupaç

a os dados contidos na tabela, obtive-se os seguintes resultados:

37 Áreas Degradadas pelos cultivos no Morro do Forno em 1998.

O mesmo tipo de an

al efetuado no

ad s não somen

ões irregulares.

Tr balhando-se

Total de áreas degradadas pela agricultura = 139.509 m² (139 campos de futebol)

• X = 1.765,94

• Mi = 1.180

• Mo = 600 e 1.000

• S² = 6.196.913,2

• S = 2.489,36

65

Figura 38: Áreas Degradadas pelos cultivos no Morro do Forno em 2000.

ota-se que num intervalo de dois anos, o total de áreas degradadas teve um

crescim

avendo uma sucessão ecológica nas mesmas. Por outro lado, Mo

o da

mo ra e

1998 para 2000, houve abandono de algumas agriculturas e novas áreas de mata nativa

fora desmatadas para novos cultivos. No gráfico tem-se uma visualização dos dados

amostrados (Figura 38).

5.3 s ocupações na área de estudo

apeamento temático foi uma estratégia fundamental para efeito

paração entre o que foi a paisagem área de estudo e de como ela se apresenta

Áreas dos cultivos em 2000

13

1819

76 6

4

10

1

3

01

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

1m²

quan

tidad

e

0 a 499500 a 9991000 a 14991500 a 19992000 a 24992500 a 29993000 a 34993500 a 39994000 a 44994500 a 49995000 a 54995500 a 5999mais de 6000

N

ento de 8,6%. A média das áreas degradadas em relação à análise anterior

decresceu para 1.765 m² (30%), enquanto o valor central representado por Mi foi de 1.180

m². A explicação para tal fato está relacionada ao abandono de algumas roças e

conseqüentemente foi h

apresenta dois valores 600m² e 1000m², demonstrando que há grupos diferentes dentr

st sendo a mesma classificada como heterogênea. Portanto a análise revela que da

m

.6 Análise espacial da

A Utilização do m

de com

66

registrado em fotografias recentes. Como mencionado na metodologia, a faixa temporal em

estudo tem nas décadas de 60, 70 e 90 intervalos que propiciam um levantamento de ações

ntrópicas.

Para efeito de diferenciação das paisagens observadas em cada representação

spacial seguiremos a seqüência temporal mais antiga até chegarmos a uma análise

tegrada ao mapa mais recente.

Na carta IBGE 1/50000, baseada no levantamento aerofotográfico de 1966 (Figura

9), observa-se que as áreas de encostas não apresentavam sinais de ocupação urbana na

rea de estudo, que no momento de composição da carta era um distrito de Cabo Frio

LMEIDA, 2003). O traçado de ocupação urbana estava limitado às áreas próximas a

ota zero e a vegetação no Morro do Forno ocupava uma área de 2.184.725 m2.

Na foto aérea de 1976 pode-se observar o avanço habitacional no Morro do Forno,

ue apresenta uma diminuição de cerca de 20% da sua cobertura vegetal, se comparado ao

apa IBGE (Figura 39).

O mapa temático feito a partir da imagem do satélite Landsat TM5 de 1994, WRS

216/76 ite a comparação quantitativa da diminuição da área de restinga do

orro do Forno, com uma queda de cerca de 30% da cobertura vegetal em relação à área

duas décadas, se deve à migração em massa para o município e por falta de terrenos em

áreas p

perdido 42,6% de sua cobertura vegetal (Tabela 6).

compactas são protegidas pelo

rau de declividade entre uma cota e outra, algumas manchas de ocupação antrópica

podem

a

e

in

3

á

(A

c

q

m

(Figura 39) perm

M

de 1966 (ALMEIDA, 2003). Esta retirada veloz da cobertura vegetal num espaço de quase

lanas. As encostas do morro da Cabocla foram ocupadas sem nenhum tipo de

instrumento de gestão repressivo, devido à inexistência de planejamento ou normas para

ambientais para a ocupação do lugar. Com relação à análise feita com parte de imagem

IKONOS 2000, composição colorida, e com a foto área do mesmo ano (Figura 40), nota-se

que os desmatamentos continuam ocorrendo porém com menor velocidade. Este fato

revela que as degradações atuais estão mais ligadas aos cultivos do que ocupação urbana

realizada por novos migrantes. Porém esta premissa não descarta a tendência de ocupação

urbana desordenada na área, revelada pelo grande número de ocupações improvisadas

(barracos) distribuídas em meio à vegetação. Assim sendo, o prognóstico para o ano de

2008 é que a área já tenha

As áreas do Morro do Forno que ainda se mantêm

g

ser percebidas ao longo do cordão arenoso da Praia do Forno que são os quiosques.

67

Tabela 6: Evolução dos desmatamentos

Ano Área territorial (m2) Área (Perdida) % Mantida

1966 6 2.184.725 ____ 100,0

1976 7 1.757.747 426.978 80,4

1994 8 1.519.876 664.846 69,5

1998 9 1.399.676 785.045 64,0

2000 1.380.367 804.354 63,1

200810 1.254.575 930.146 57,4

Fonte: (PINTO, 1998; ALMEIDA, 2003).

Estabelecendo um cenário tendencial com os dados acima, prevê-se que no ano de

2016 a área desmatada estará 1% maior do que a da cobertura vegetal original. (Figura 40).

Evolução dos desmatamentos 1998-2000

2.184.725

200820001998199419761966

1.254.5751.380.3671.399.676

1.757.7471.519.876

0

785045 804354 930146

664846

426978

Ano Área mantida Área Perdida

Figura 39: Evolução dos desmatamentos

6 Almeida (2003) 7 Almeida (2003) 8 Almeida (2003) 9 Pinto (1998)

Cenário futuro estimado. 10

68

Figura 40: Visualização temporal dos desma

r

o

vegetaçã

a

área alagad

s

a

r

o

a

a

s

área degradad

vegetaçã

área alagad

área degradad

1966

1976

1994

2000

ma

ma

areia/duna

areia/duna

tamentos Fonte: ALMEIDA, 2003.

5.3.7 Impactos ambientais na zona costeira Baseando-se nos tipos de uso encontrados na área de estudo foi possível mencionar

os possíveis impactos em que a área de estudo e seu entorno estariam recebendo direta e

tamente. Alguns impactos como d nas condições físicas da zona

costeira identificada neste estudo são apo o (Tabela 7).

As principais atividades costeiras detectadas foram: a existência de um Porto, a

ltura que é realizada em balsas na Enseada do Forno onstruções, onde são

consideradas as que foram edificadas de maneira irregular e improvisada próximas aos

cultivos em meio à vegetação e a atividade de Desenvolvimento Urbano ou dos núcleos

habitacionais que envolvem o Morro da Cabocla, Prainha, Sítio e parte da Praia dos Anjos.

Os principais dejetos das construções que causam efeitos de maior importância,

estão relacionados à produção de resíduos sólidos, dejetos sólidos inorgânicos, material de

dragagem, óleo e poluentes atmosféricos. Os efeitos de menor importância neste tipo de

des, são as condições de fu do e o transporte de sedimento. Portanto nesta análise

percebe-se que devido à fraca infra-estrutura do município na coleta e destinação dos

resíduos sólidos, o problema tende a se agravar no decorrer dos anos.

A atividade da maricultura, realizada na enseada do Forno traz como impacto de

e relevância, a questão dos odores provenientes do cultivo. De certa forma isto não

acarretará grandes impactos sobre a população devido à significativa distância que o

cultivo possui da orla não sendo detectado nenhum tipo de pertubação da comunidade e

vidades turísticas por este fato. Porém nota-se que em vários pontos dentre eles o

o em à vegetação de restinga, grande volume de

valvas de mexilhão descartadas após a retirada da carne dos moluscos causando impactos

estéticos e risco à comunidade devido à s r dade perfuro-cortante.

Quanto à atividade de Portos, constata-se que a mesma tem grande potencial

poluidor podendo comprometer as inúm do lugar e inviablizar

várias atividades como o Turismo. No que tange às m

local, uma das evidências já constatada foi a e de correntes da Praia

dos Anjos, devido à construção do mole conhecido por “ca te

m

Quanto ao desenvolvimento urbano, o mesmo tem se apresentado igual ao de várias

cidades, de maneira intensa e com grande velocidade, porém sem a infra-estrutura

necessária para suportar tal crescimento. Uma das evidentes referências dos impactos

indire ejetos e mudanças

s na matriz ntad

Maricu e a de c

ativida n

grand

das ati

Morro da Prainha e na P ioraia do Forn me

oprieua p

eras características estéticas

udanças nas características físicas do

modificação no regim

is do anel” significativamen

odificou o regime de correntes no local.

70

cipalmente voltado para o lado

pra citado. Nos dois

timos

trazidos pela avançada ocupação do Morro da Cabocla, prin

do bairro sítio, está nos períodos das fortes chuvas de verão, onde a água que descia do

morro com grande velocidade e transportando ampla quantidade de sedimentos, por muitos

anos afetou a comunidade que vive na parte plana da cidade devido ao entupimento das

galerias de águas em virtude da grande quantidade de sedimento su

úl anos foram feitas grandes reformas neste sistema de esgotamento que por hora,

amenizou o problema, porém não se sabe até quando este mecanismo de escoamento

pluvial irá suportar a drenagem com esta grande quantidade de água com sedimentos.

71

Tab

hum

ela 7: Matriz de dejetos e mudanças nas condições físicas resultantes de atividades

anas em áreas costeiras.

Construções

Agric. Intensiva

Maricultura

Hidroelétrica

Mineração

Indústria Metalúrgica

Indústria de Pescado

Indústria de Papel

Terminal de Petróleo

Portos

Dejetos U

rbanaos

Desenv. U

rbano

Dejetos e M

udan

Físicas

Atividade C

osteira ças

(x) X x X Esgotos

X Dejetos urbanos

X x X x X Res. sólidos

x x Resf. da água

x x x x x Dej. industriais

x x x x Dej. Sólidos org.

X x x x x X x X Dej. sol. inorg.

x x x Lama

X x x X (x) (X) Mat .de drag.

(x) x x Poeira

(x) x x X X Res. flutuante

x x (x) x x X Res. em geral

X (x) X (x) X Óleo

Legenda: x =Efeitos im x X (X) Pesticidas

X x x x x X Poluentes atm.

X x x (x) x x (X) Odores

x (x) x X X Ruídos

X x (x) x X x Circ. de água

X x X X Perfil da cota

X x X Ondas

(X) (x) x x (x) x x X x X Praias

(X) (X) (x) x (x) x (x) X Cond. de fundo

portantes; (x) = Efeitos menos im

portorantes. (em negrito: en

rados na área de estudo)

(X) (x) x x X (x) X Transp. de sed.

cont

Fonte: DIEGUES, 2001 (adaptado).

Além das mudanças nas condições físicas causadas pelas atividades humanas na

sistemas marinhos. Dentre os problemas de grande relevância

d ca se s nd s cá sa me ot e jetos n

principalme no lom ado ba do rro C cla is ocu ões gul

próxim a ul n po em sta õe ani as simpl co foss filtr

su douro.

Quanto aos resíduos sólidos, existem vestígios dos mesmos distribuídos nas

trilhas da Graçainha e da Ponta da Prainha. Estes resíduos são despejados por pessoas que

visitam a área e pelos agricultores que levam ração e outros teriais para as criações e e

cultivos, e vão deixando ao longo do caminho as embalagens que continham estes

m ai Po anto o ponto ma crít o no ue t ge ao xo, acontece na Praia do Forno

devido a ações como despejo, incineração enterro dos de riund des

c

lém dos pactos nci nado é vant apontar de

se ntos que carreiam morro à baixo em decorrência d atamento e da erosão

hídrica nos cultivos e trilhas (Tabela 8).

área de estudo, também é possível prever possíveis efeitos adversos que podem alterar a

strutura física dos ecose

esta

mi

ate

ome

dim

m-

as

a

nte

o c

co

ag

tivo

içõe

er

ão

pre

ur

ssu

rias

no

in

do

Mo

laç

nea

da

s s

nto

abo

tári

(esg

, po

o)

as

es

de

paç

mo

u

irre

a,

rba os,

ares

o e

ma

ri s. rt is ic q an li

e tritos o os das ativida

rciais dos quiosques.

A im me o s, rele e para o transporte

e o desm

73

Tabela 8: Matriz dos efeitos de resíduos e mudanças físicas nos ecossistemas marinhos

s

os e nças s

Salinidade

Turbidez

Cor

Tem

peratura

pH

OD

DB

O

Nutrientes

Metais

Subst. Dissolvida

Microorganism

os.

Fauna/Flora

Produção primária

Erosão

Sedimentação

Efeito

ResíduMudaFísica

Valor E

stético

Esgot X X (X) (X) X X X X X X X X X X o X

Dejeto s urban. X X X (X) (X) (X) (X) X X (X) X

Resíd

sólido

X uos

s

X X X (X) (X) (X) X

Res. in dust. x x x (x) (x) x x x x x x x x x

Água

resfriam

aento

x x (x) (x) (x)

Depós

dragra

ito de

gem

x x x x (x) x (x) x x (x) x x

Resídu

flutua

x os

ntes

(x) (x)

Óleo (x) x (x) x x (x) x (x) x

Insetic das (x) x i

Contaminação

atmosférica

x x (x) x

Perfil costa (x) (x) x x x x da

Marés x x x x x x

Perf. d fund. x (x) (x) (x) x (x) x x x o

Trans orte de

sediemntos

X (X) (X) X X X X p

Legenda: x = Efeitos Imporatantes (x) = Efeitos menos importantes - (Em negrito: Existentes na área

de estudo)

Estabelecendo a correlação através da observação entre as matrizes apontadas nas

ações obtidas em campo, nota-se que as atividades costeiras

lassificadas como o Desenvolvimento Urbano, Turismo e Porto, apontados na área de

ente responsáveis pela geração de dejetos como dejetos orgânicos e

tário e até mesmo rejeitos petróquímicos,

Mencionado-se ainda a Agricultura, representada no local pelos cultivos de

Fonte: DIEGUES, 2001 (adaptado).

tabelas 7 e 8 e as inform

c

estudo são diretam

inorgânicos, resíduos sólidos, esgoto sani

74

subsistência. Todas estas atividades são potencialmente desencadeadoras de efeitos

ersos nos ecossistemas costeiros, ameaçando suas propriedades físicas e biológicas.

entre estas op a d ca -se pe r va c o ur z ág a

temperatura da água e do ar, a ocorrência de meta esados, es s un à flora

do valor estético stes ecossistemas (Tabela 9).

O aumento da turbidez é proveniente da entrada de sedimento dentro do

ossistem aq ico le o im qu idade de sólidos em sp são dim nuindo

arência á . A usa par a n t peratura pode tar

a de umidade do ar em eco ênc do en o. inação por

etais pesados que trazem diversos malefícios à saúde, está principalmente associada ao

jo re uos riun d or e t bé por síd s sólidos acum

do Forno, além dos esgotos provenientes dos quiosques e das ocupações irregulares. Com

es s a aç n hábitat, a flora e a fauna estão sendo extrema te afet s,

ncadeando efeitos negativos diversos como desequilíbrios na cadeia alimentar.

Com rios ambientais supracitados, o s e ético e

agísticos destes ecossistemas sem dúvida sofrerão grandes depreciações, afetando

atividades sócio-econôm como esc e o sm .

adv

D pr ried des, esta

de

m as ctos ele

is p

ntes om

agr

a t

sõe

bide

à fa

da

a e

ua,

,

erosão, além

ec a uát , e vand ass a ant su en e i

a transp da gua ca a o ume to da em es encontrada na

perd

m

d rr ia desmatam t Uma possível contam

despe de síd o dos o P to am m re uo ulados na Praia

todas

dese

ta lter ões o men ada

pais

todos os desequilíb val re st s

icas locais a p a turi o

Tabela 9: Correlação entre atividades e impactos na Zona Costeira

Desenv. urban. X (x) X X

Turismo x X (x) X X

Portos X x X X

Refinarias x x x x (x)

Mineração (x) x x

Atividades

Costeiras

Usinas x

Dejetos e Mudanças

Físicas

Circ

. de

Águ

a

Res

. de

petr

óleo

Mat

eria

l de

Dra

gage

m

Res

íduo

s sól

idos

Dej

etos

Indu

stria

is

Esg

otos

x (X) x X x X Turbidez x X x x X x (x) (X) Temperatura x X x x X (X) x X x X Metais x x x X x X x X x X Fauna/Flora x X x x X X x Erosão X x X X X (x) X x X Val. Estet. X

Port

os e

term

. Outros usos das áreas Costeiras

Des

alin

izaç

ão

Hor

tcul

tura

Pesc

a C

omer

c.

Usi

nas

Tur

. e r

ecre

aç.

Legenda: x = Correlação m

uito significativa (x) = Correlação pouco significativa

Fonte: DIEGUES, 2001 (adaptado).

Efeitos

5.4 ANÁLISE DA FRAGILIDADE E DE POTENCIALIDADE

Quanto à categoria hierárquica, para a parte plana no top morr

categoria hierárquica para a classificação do terreno em relação à decliv e, a área

obteve o índice “1” pois apresenta declividade m nor que 6% (muito fraca). A e

do solo recebeu o índice “4” (forte) devido ao tipo de solo encontrado nessa pa

ao grau de proteção da cobertura vegetal, a classificação também atingiu o índ

(muito baixo) devido a grande quantidade de solos expostos e abertura de caminhos e

estradas, ou seja, a parte que sofre maior pressão antrópica. Portanto, o conjunto para a

Unidade Ecodinâmica I descreve o perfil de class

Quanto às áreas de encostas, a class ão de dade dice “5”

(muito forte) pois a média da mesm alguns

as rochas, formando os paredões estas porcentagem atinge a margem

fragilidade a área apresen a índices

de solos p ho-amarelo. Quanto ao grau de

roteção da coberutura vegetal, as áreas recebem o índice “5” (muito baixo) pela forte

egradação desempenhada pe ul d ubsistência sem nenhuma prática de manejo

bientaal e tam inhos e pisoteio. A

ica II recebe o p -5.

Na unidade ecodinâmic I qu rresponde a parte baixa da área, o grau de

eclividade é classificado como “1” (muito fraco), menor que 6%, devido a ser um terreno

o ao o mar. Quanto ao critério fragilidade e erodibilidade, a área apresenta

los litólicos com areias quartzosas, muito

ao grau de proteção da cobertura vegetal

esta unidade, a mesma foi classificada como “5” (muito baixa), pois, se nota a grande

idade comercial dos quiosques, cujos impactos são

mentos, queima da vegetação e do lixo, restando assim poucas moitas de restinga,

adas entre estas tindo qualquer tipo de prática sustentável que

ssifica

omo 1-5-5.

No geral, retirando-se a média dos índices das três unidades ecodinâmicas,

único índice para o local (área de estudo), correspondendo à combinação

“2-4-5”. Neste contexto, pode-se verificar que a área de estudo na sua totalidade, se mostra

pontos onde afloram

de 100%. Para a classe de

“4” (forte) devido à existência

p

d

agrícola para a proteção am

Unidade Ecodinâm

d

próxim

índice “5” (m

s

p

pressão antrópica exercida pela ativ

d

pression

b

c

estabelece-se um

ou erodibilidade do solo

odzól s vermelico

los c tivos e s

bém pela abertura de cam

erfil de classificação 5-4

a II e co

nív

pob

el d

uito f

res

orte), pois apre

em m

senta so

ensíveis e atéria orgânica. Quanto

ara

esmata

instalações, inexis

usque a conservação desta vegetação (restinga). Na Unidade III, o perfil se cla

o do forno, ào do

idad

fr

rte.

o ín

t

e agilidad

Quanto

ice “5”

ificação 1-4-5.

if

sponde a 70% (GOMES, 2002) e em

icaç para clivi recebe

a corre

77

mais frágil no que tange ao grau de proteção da cobertura vegetal. Esta análise demonstra a

mas voltados para a proteção e conservação desta cobertura pelos

arem em baixa freqüência

ausência de progra

gestores responsáveis. Portanto, nota-se que a área chegou ao seu limite máximo de

saturação no que tange às pressões ambientais pois a mesma por simples características

ambientais naturais já é considerada frágil, requerendo assim uma maior atenção para as

práticas que são exercidas no Uso e Ocupação do Solo, recomendando-se que as mesmas

sejam remanejadas para práticas mais sustentáveis.

5.5 OCORRÊNCIA DE DOENÇAS

Sem dúvida, o aumento na ocorrência de doenças está diretamente ligado à

degradação ambiental. Apesar de doença infecto-contagiosas est

dentro do município de Arraial do Cabo entre os anos de 1982 e 2000 (Figura 41) estes

indicadores estabelecem uma forte ligação com a área de estudo.

Figura 4

a

ss

Arraial do Cabo

Estado do Rio de Janeiro

S

de 1000

Nenhuma doenç

1: Pr

e

incipais doenças registradas de 1982 a dezembro d

egundo estimativas do IBGE, o setor censitário do Mor

domicílios abrigando em média 4000 moradores.

Hansenías

Total de Doença

Tipos de Doença

De 1 a 50

De 51 a 500

e De 501 a 2000

De 2001 a 10.042

Meningit

Tuberculose.

Fonte: CIDE, 2000.

e 2000.

ro da Cabocla, possui mais

78

A construção destes domicílios de forma irregular originou um padrão fortemente

adensado, ou seja, o mais concentrado do município, onde muitos destes são desprovidos

de saneamento básico e outros recursos higiênicos. Observando que as principais doenças

estão ligadas a “inalação do ar contaminado” (Tabela 10) e uma das formas de prevenção

está nas condições adequadas de moradia. Portanto o forte adensamento urbano do local

compromete a qualidade do ar inalado, aumento a probabilidade de contaminação por estas

doenças ora mencionadas.

Segundo relatos dos agentes de saúde que atuam no posto local, aconteceram 3

s anos de vítimas de meningite no Morro da Cabocla. casos de mortes nos últimos doi

Tabela 10: Descrição das doenças de maior incidência

Doença Agente Etiológico Transmissão Quadro Clínico Prevenção

Hanseníase Mycobacterium leprae Contato íntimo Lesões ce na primeira fase da doença

dias)

laras ou avermelhadas na pele, áreas insensíveis, nódulos, regiões de pele seca.

Evitar contato com os doentes, tratamento dos doentes.

(quinze com doentes

Meningite Meningococo, hemófilo, pneumococo (existem meningites virais).

Gotículas eliminadas por tosse, espirro, fala.

Cefaléia, febre, vômitos, rigidez na nuca, conv

hemorrágicas na pele

Isolamento e tratamento dos doentes, evitar

to com doentes,

vacinas específicas.

ulsões, s

contaos lesõe

Tuberculose Bacilo de Koch

tuberculosis).

Gotículas eliminadas por tosse, espirro,

Febre, tosse, emhe

Evitar contato o doente,

tamento, ndições equadas de

alimentação, vacinação BCG.

(Mycobacterium agrecimento, moptise.

comtracoad

fala.

moradia e de

.6 ATORES SOCIAIS

relacio

5 e acordo com as entrevistas conceD

nadas as opiniões e posições dos seguint

Fonte: CARVALHO, 2002.

didas pelos atores sociais (anexos), estão

es atores sociais:

79

5.6.1 A

de 1997 da existência de posseiros no local, passando então a

partir d

Atualmente a empresa proprietária mantém uma empresa de segurança no local com

a função de proteg a sua contratação

ncad s am al, o ão

ár

no local, tem sido alvo de acusações r

agricultores, os seguranças estariam atea ina-lo

justiça, no entanto os seguranças afirma cult com

s ulares.

Outro

parte de seu p o perdido devido trumentos d ão fu

Usocapião, pleiteado por vários invasores. Outros instrum

poder público local na ocasião da próxima revisão ano diretor U

5.6.2 – IBAMA/RESEX

Foi diagnosticado que o maior problema deste órgão é o número insuficiente de

funcionários com a finalidade de exercer função repressiva, ou seja, a fiscalização

mbiental. Observa-se que pelo fato de esta

ais integrado às questões da pesca e assim está interagindo de

rma insuficien

de descreveu em sua narrativa em resposta

Empresa Proprietária da Área

A empresa proprietária, detém desde 1981, tendo tido planos para implantar um

complexo turístico na área por volta de 1995, tendo a mesma entrado com o pedido de

licença no órgão estadual competente (FEEMA). Porém durante todos estes anos nunca

edificou contrução nenhuma na área e alega não ter conhecimento desde a época que

adquiriu o terreno até o ano

este momento a requerer atenção dos órgãos ambientais competentes soluções para

coibir as ocupações irregulares.

er estas terras contra as invasões, fato este que desde

vêm dese eando fortes conflito bientais no loc principalmente c m a populaç

de agricultores. Estranha-se que por v ias vezes, diverso

ecíproca entre as

ndo fogo para po

m que os agri

s incêndios crimin

partes mencionada

derem recrim

ores incendeiam a

osos ocorridos

s. Segundo os

s mais tarde na

vegetação

vistas à nova ocupações irreg

fator preponderante é que

atrimôni

a empresa propri

a ins

etária da área corr

e regularizaç

entos poderão ser

do pl

e o risco te ter

ndiária como o

aplicados pelo

como o IPT

progressivo e a desapropriação da área com pagamento com títulos da dívida pública.

a r com a responsabilidade da RESEX, O

IBAMA está atualmente m

fo te com os temas referentes às questões ambientais dos ecossistemas

terrestres. Em decorrência do pouco efetivo voltado para a fiscalização o quadro é muito

diferente daquilo que o representante da unida

80

aos questionamentos, pois a criação de porcos não estava dispersa pelo Morro do Forno,

as em plena atividade conforme registro fotográfico realizado naquela semana.

, pois será de grande valia a utilização da RESEX como

instrum

deste interlocutor, verifica-se que a classe dos

pescad

sível

xistência de conflitos entre os pescadores e agricultores do Morro do Forno, caso fossem

o vigia de pesca da Prainha em virtudes às ocupações irregulares

próxim de grande relevância, pois é de conhecimento

que di

maneira de como o espaço é mal utilizado pelos proprietários de quiosques situados na orla,

m

Também está presente no discurso deste ator social afirmações que revelam a

possibilidade das ações políticas darem suporte às invasões no Morro do Forno. É

necessário também o conhecimento do grau de sensibilidade dos ecossistemas do local de

atuação do órgão pois inúmeros são os riscos ambientais quando o assunto são ambientes

de extrema sensibilidade como o Morro do Forno, pois na entrevista somente é citado um

dos riscos por parte desse interlocutor. Um ponto positivo será a implementação do

Conselhos Deliberativo e Gestor

ento que venha somar na proteção das áreas terrestres que demarcam seu entorno.

Portanto, lamenta-se a carência de programas de educação ambiental incentivados

pelo órgão, pois, tais ações são válidas na aquisição de novos valores ambientais pela

sociedade.

5.6.3 APAC – Associação dos Pescadores de Arraial do Cabo Baseando-se nas afirmações

ores ainda não dimensiona a importância da proteção ambiental dos ecossistemas

costeiros que são fundamentais para exercício de suas atividades, pois pela manutenção

desta classe é que foi criado a RESEX e portanto, a preservação da área de estudo é

condição essencial para a boa conservação dos ecossistemas situados na RESEX e uma das

garantias desta população tradicional . Tais perguntas foram direcionadas visto a pos

e

interrompidos os acessos a

as a área. Esta consideração se torna

versos problemas ambientais atualmente instalados, cita-se como exemplo as

edificações irregulares em área de costão rochoso na Praia Grande, tiveram como

precursores os próprios pescadores que na sua necessidade de armazenar seus apetrechos

para pesca da lula, veio a originar um problema socioambiental. Portanto as preocupações

se voltam para os problemas que afetam diretamente a pesca como no caso dos esportes

náuticos.

No que tange à Praia do Forno, é levada em consideração pelo interlocutor, à

81

causando assim desconforto aos freqüentadores do local. E por último, tem-se a informação

da utilização de recursos naturais por parte dessa sociedade, principalmente aqueles

ofereci

o

que ad

s. Portanto, é necessário que em cada divisão desta estrutura os funcionários

possam ser capacitados na área ambiental para executar as suas funções de maneira mais

o escassos devido à falta de

vestimentos.

dos pela flora local, sendo utilizado tanto na pesca como também como lenha para

cozinhar, conforme já citado em outras obras como (FONTENELLE, 1960; PRADO,

2000).

5.6.4 SEMMA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Arraial do Cabo

Primeiramente, observa-se que a Secretaria possui um organograma estratégico para

a o embate das questões ambientais concernentes ao município e também pelo seu conjunt

quire uma característica multidisciplinar, porém tal estrutura é composta por

funcionários que não são efetivos, podendo assim ser fragmentada a qualquer momento por

atos político

eficaz. Percebe-se que materiais para atuar em fiscalização sã

in

Com relação aos problemas e aos conflitos ambientais no Morro do Forno, este ator

social mostra-se com tendências positivas em se dispor a proteger a área. Um bom aspecto

notado é a integração com outros atores como IBAMA e Ministério público, demonstrando

assim o seguimento de princípios necessários para o alcance da Sustentabilidade que são os

Princípios da Cooperação e o da Responsabilidade Compartilhada11. Destaca-se o ato de

desapropriação de duas áreas com fins de interesses sociais como bom passo para a

preservação do local, é importante mencionar que estas áreas foram objetos do programa da

Prefeitura de Concessões de Uso Real, documentos cujo teor oficializa a propriedade

outrora ilegal como pertencente ao ocupante, sendo o imóvel um patrimônio que não pode

ser comprado nem vendido e exclusivo para fins de moradia. O critério utilizado para a

cessão destes imóveis foi respeitando a cota de 120m de altura para baixo no Morro da

Cabocla, pois os topos de morro são classificados como área de preservação permanente

(CONAMA, 2006).

11Princí io da Cooperaçãop :Todas as forças sociais comprometidas com o meio ambiente saudável devem agir na prevenção de danos. Princípio da Responsabilidade Compartilhada: A atribuição de zelar pelo bem comum cabe a todos e a cada um, de acordo com as suas competências e atribuições e ao seu dever de cuidar do patrimônio coletivo (RIBEIRO, 1998).

82

Portanto, o desenho sobre a total regularização da área está ainda nas margens da

indefinição, aguardando que acordos possam ser estabelecidos a fim de que sejam

implementadas as diretrizes ambientais sugeridas para o local como a mencionada no Plano

Diretor no artigo de nº 13:

“Art. 13: São Definidas também na Sede do Município de Arraial do Cabo, , com lizados

ro do Forno e do Miranda, conforme estabelecido na Lei de Uso e

vante é a falta de perspectivas do Poder Público em demandar recursos para

que tal

iedade pode atribuir o seu verdadeiro valor.

5.6.5 APPRAC – Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Arraial do Cabo

áreas reservadas para implementação de Parques Urbanosequipamentos de recreação e lazer e ainda Parques Ecológicos, locano MorOcupação do Solo” (LEI 602a, 1992).

Portanto a área requer uma atenção especial pelas autoridades e a comunidade

devido a sua localização próxima a uma área que é considerada de “Risco Social” onde as

pressões sobre o meio ambiente tende a cada vez mais a se agravar principalmente pela

ocupação desordenada não somente pelos setores mais carentes da sociedade, mas também

por cidadãos como maior grau de conhecimento sobre as Leis Ambientais como foi

relatado pelo funcionário da Secretaria de Meio Ambiente.

Um agra

quadro se reverta, pois é necessário que ferramentas de Gestão Ambiental Pró-

Ativas sejam manejadas como Estudos Ambientais e Planos de Manejo para áreas com

potencial Ecológico que estão apenas criadas na Lei como simples “Obra de Ficção

Jurídica”. Nota-se que ações Reativas são tomadas em decorrência de Ações Civis Públicas

contra o Poder Público e também direcionadas ao setor privado, onde baseado na Lei de

Crimes Ambientais, Termos de Ajuste de Conduta são elaborados com a finalidade de

“reparar os danos causados ao meio ambiente”.

Devido a área ter sido destinada a uma empresa do setor imobiliário, tendo a mesma

pretensão de estar com projeto para a área há mais de cinco anos e não executado, cabe por

parte da prefeitura a aplicação de instrumentos de gestão urbana como o IPTU progressivo

e a sucessiva desapropriação paga com títulos da dívida pública, fato este que estaria

abrindo um caminho para a verdadeira função social da propriedade, sendo que esta função

social, somente a soc

83

co tempo dedicado ao estudo, porém um fato que deve se levar

em consideração é o nível de instrução detectado em alguns membros da diretoria e

também das

reuniõe or

e inclu

“agrav ei nº 9605, a Lei de Crimes Ambientais em

Quanto ao número de agricultores a média continua similar da encontrada por

(PINTO, 1998) de 48 proprietários de agriculturas tendo uma pequena redução para 43

associados. Com relação ao nível de escolaridade previa-se em média que estes

trabalhadores tivessem pou

na presença de Assessoria Jurídica agricultores como foi notada em uma

s observadas neste estudo (Figura 42). Como existem membros com nível superi

sive com conhecimento da gravidade da Lei, tal condição se classifica como um

te” para essa Associação citado na Lan

casos de a mesma ser acionada pela Justiça como agentes responsáveis por danos

ambientais, bem como na hora da expedição do valor do auto de infração. Sabe-se que o

IBAMA multou a Associação pelos desmatamentos ocasionados e intimados a cessarem

suas atividades.

Figura 42: Reunião da Associação dos Pequenos Agricultores do Morro do Forno.

Nota-se na fala dos representantes a busca da justiça social para os associados e

certamente isto requer ações que se voltem para a busca de alternativas como sugerido

los próprios associados, porém estas terão que estar aliadas à preservação ambiental do

ciação.

Este ato revela-se como uma sinalização positiva na utilização da mão-de-obra dos

pe

lugar, fato este que será decisivo para averiguar a verdadeira intenção dessa Asso

84

agricultores e criadores de animais em futuros projetos de produção de mudas e de

reflorestamento para a área, gerando uma opção de renda para estes trabalhadores.

Com relação ao número extremamente reduzido de pessoas naturais de Arraial do

Cabo (cabistas) nas agriculturas de subsistência e na criação de animais se dá ao fato dessa

mesma atividade primária ser alheia aos costumes locais, sendo uma atividade implantada

em conseqüência do maior movimento populacional interno do Brasil, nos últimos

cinqüenta anos, o Êxodo Rural (ADAS, 1988). Em Arraial do Cabo, esta mobilidade se

apresenta em duas formas: Migrações inter-regionais e principalmente intra-regionais.

Oriundo das migrações inter-regionais para Arraial do Cabo, destacam-se populações

vindas do Nordeste brasileiro de Estados como Ceará e Rio Grande do Norte. Das

migrações intra-regionais o fluxo é marcado por habitantes do Norte-Noroeste fluminense,

especificamente de cidades como Bom Jesus do Itabapoana, Italva, São Fidelis, Campos e

Miracema, além daqueles vindo do Estado do Espírito Santo com destaque para as cidades

e Bom Jesus do Norte e do distrito de Jaqueira, localizado na cidade de Presidente

Kennedy.

Todos estes migrantes procuravam uma oportunidade de trabalho junto à

Companhia Nacional de Álcalis a partir de 1943. Antes de migrarem para Arraial do Cabo,

plantavam de meia12 em grandes fazendas ou cultivavam um pedaço de chão cedido pelos

proprietários, ou até mesmo ocupavam espaços em que os donos nunca tinham aparecido,

portanto com a valorização das terras ficaram sem chão para plantar. Para eles a grande

solução era procurar as zonas urbanas que ofereciam um futuro promissor como Arraial do

Cabo, porém não tiveram muita sorte e acabaram ocupando a vegetação com suas

atividades agrícolas (HANSSEN, 1998).

Uma das maneiras de resolver o problema da migração no sentido Campo-Cidade

seria a efetividade do Estatuto da Terra que poderia viabilizar a reforma agrária no país,

o

agamento prévio em dinheiro das terras desapropriadas, tornou-se difícil ou impraticável

ma re

d

portanto quando foi revogado o dispositivo da Constituição Federal que exigia

p

u forma agrária no Brasil (ADAS, 1988). Por isso a utilização deste instrumento,

poderia estar viabilizando a permanência no campo de diversas populações que migraram

para a cidade, impedindo o intenso êxodo no qual trouxe grandes prejuízos ao meio

ambiente em vários pontos do país, no caso específico Arraial do Cabo.

12 Área cedida pelo proprietário para subsistência

85

Durante os censos oficiais de contagem da população realizados pelo IBGE até o

ano 2000, constata-se a inexistência de população rural em Arraial do Cabo. Porém um

estudo realizado pela FEEMA em 1988 traz importantes informações sobre a dinâmica de

populações rurais e urbanas no município (Tabela 11)

Tabela 11: Classificação da população de Arraial do Cabo.

ANO TOTAL URBANA % RURAL %

1960 7.275 5.930 81,4 1.345 18,5

1970 10.974 10.034 91,4 940 8,6

1980 15.362 14.334 93,3 1.027 6,7

2000 23.877 23.685 99 192 1

Fonte: (FEEMA, 1988) adaptado.

Nota-se claramente o decréscimo na população de origem rural em Arraial do

Cabo, ao longo das décadas. Cruzando-se os dados da tabela com o número de 48

agricul

tores encontrado por (PINTO, 1998) mais os seus dependentes, chegaríamos a

aproximadamente a um total de 192 pessoas (Figura 43) que integrariam essa população

rural que cruzando com dados da Contagem da População do Censo 2000, realizado pelo

IBGE, chegaríamos a porcentagem < 1% para esta população. Esta queda estaria

relacionada à procura de outras atividades econômicas no setor da pesca, devido às

características insulares do município de Arraial do Cabo que revela a pescaria como sendo

uma atividade mais do que centenária que é praticada pelos nativos.

86

as eleições locais. Os

igrantes foram responsáveis por algumas inovações no setor pesqueiro, a mais importante

elas foi a implantação dos motores nas embarcações. Hoje 24% dos pescadores em

rraial do Cabo são oriundos do Norte-Noroeste fluminense (PRADO, 2000). Além do

tor pesqueiro houve grande procura por empregos nos setores industriais da Companhia

acional de Álcalis e no de prestação de serviços que hoje predomina na cidade.

Figura 43: Dinâmica populacional de Arraial do Cabo.

Pode-se comprovar com mais algumas fontes que as atividades de agricultura e

pecuária do Morro do Forno estão diretamente ligadas aos que migraram para Arraial do

Cabo. Uma delas é um registro encontrado na Secretaria da Escola Municipal Sagrado

Coração, localizada no Morro da Cabocla (Tabela 12).

Culturalmente os migrantes são absorvidos pelo natos quando submetidos a um

período mínimo de convivência e se comprometendo a participar d

população urbana e rural - A.do Cabo (1960-2000)

25000

30000

5930

23877

109

727

23685

14334

1

1027940135

10

15

2000

1960 1970

ano

habi

tant

es

153620

74

50034

45 1920

000

000

000

m

d

A

se

N

1980 2000

rural

a urban

87

Tabela 12: Informações socioeconômicas sobre a população do Morro da Cabocla.

Ramo de Ativ. conômica Nº Origem Nº Roças

Criação de animais Porcos Cavalos Cabritos Boi E

Prefeitura 6 Naturais 6 1 - - - - Comércio 4 Campos 5 - - - - - Pesca 4 Italva 6 1 - - - - Alcalis (Ind.) 1 Itaperuna 5 1 - - - 1 Turismo 1 Cambuci 1 - - - - - Autônomo 7 S.Franc.It 1 1 1 1 1 1 Outros* 5 Rio Grand. 1 1 - - - - Desempregados 1 Esp. Sant. 1 - - - - - Minas Ger. 1 - - - - - Rio de Jan. 1 - - - - - Sergipe 1 - - - - - Total 29 Total 29 5 1 1 1 2 Obs registradas como outros foram: doméstica, vigilante, borracheiro e diarista.

ortaliças, legumes e frutas produ

agricul

import

imobiliário não se importou com as

mesmo se torna segundo HANSSE

progresso urbano” ou seja, uma

clareiras para o que no futuro dar

Portanto a situação se reverte qua

perdida por direitos possivelment

Os agricultores não têm em

h

tores, sendo os excedentes

APPRAC, se queixa da falta de op

feira livre local, segundo os agr

alimentos perecem por falta de m

ância registrar que a venda e

um processo rigoroso de legalizaç

carne suína, transmissora de vários

campo que estes animais são cria

sanitárias, e para serem livremen

Inspeção Federal) expedido pelo M

Não se estranha que durant

Fonte: E.M. Sagrado Coração de Jesus, 2003.

equenas tarefas, portanto, as

zidas são em sua maioria consumidas pelos próprios

ara compra. Portanto é de total

, do setor

transformações feitas no ambiente pelo roceiro, pois o

N (1988) como “um pobre e primitivo precursor do

mão-de-obra barata no desmate do terreno, abrindo

á lugar a prédios e imponentes condomínios de luxo.

ndo a propriedade fica condicionada ao risco de ser

e adquiridos em instrumentos como o Uso Capião

prego fixo, vivendo de p

vendidos na feira local (PINTO, 1988). Atualmente a

ortunidade para a comercialização de sua produção na

icultores, centenas e até milhares de quilos desses

ercado disponível p

comercialização destes alimentos terão que passar por

ão, principalmente produtos de origem animal como a

tipos de verminoses. Foi verificado nas observações em

dos se alimentando de lixo, em precárias condições

te comercializados, necessitariam de S.I.F. (Selo de

inistério da Agricultura.

e muito tempo a empresa proprietária da área

88

almejad

arência habitacional. Nota-se também entã mais um

ienta c lo e

dona do fú Asso ção Peque s Produt es Rurais Arraia o

port e o s az v tada p º

que em s az egu prem sa sobre direito do so Ca o

em área ur a

a) “A posse de área urbana com metragem máxima de 250m²;

b) A posse da área urbana ser no mínimo de 5 anos;

d) A posse da área urbana

e) Não ser proprietário de outro imóvel urbano e rural”(LEI nº 10257, 01).

ente ligada às características

ambien

o pelos agricultores, já que a área é de origem particular e alguns dos produtores

mencionam a c

conflito amb

o o surgimento de

l men ionado pe interlocutor ntre a empresa de vigilância contratada

pela firma lati ndio e a cia de no or de l d

Cabo.

Uma im ant observaçã e f ol ara o Estatuto das Cidades (lei n

10257/01), seu termos, tr a s inte is o U piã

Coletivo ban :

c) A posse ser ininterrupta e sem oposição com ânimo de dono;

ser utilizada para sua moradia ou de sua família e,

Vários empecilhos se desenham e impedem que a Associação ganhe a posse da

terra, a primeira está no item “a”, pois neste estudo verificamos invasões em média de

1000 a 1500m² em média. Também observa-se a presença de firma de vigilância

patrimonial na área que demonstra a oposição do proprietário contra as invasões, o que é

mencionado no item “c” e muitos dos agricultores são proprietários ou concessionários já

beneficiados pelo poder público pelo instrumento de regularização fundiária mencionado

no Estatuto das Cidades, a Concessão de Uso Real, cujo imóvel ocupado é regularizado

para fins específicos de moradia.

Portanto um aspecto que é importante mencionar que o direito de propriedade por

parte da empresa ou concedido aos agricultores nestas áreas não garantem aos mesmos o

direito à construir, pois esta ação também está diretam

tais da área, que segundo a Lei é classificada como Área de Preservação

Permanente (APP).

No entanto, existe o conhecimento por parte dos agricultores dos limitados

recursos que o ambiente pode fornecer às agriculturas, principalmente pelos fortes ventos e

clima semi-árido, acarretando na falta de chuvas e que a cada dia o ambiente vai se

depreciando cada vez mais com suas atividades, por isso estranha-se que as culturas ainda

sejam implementada no local. Portanto as construções irregulares que têm sido instaladas

89

em grande velocidade próxima aos cultivos em meio à primitiva vegetação, num cenário

paisagístico de grande beleza e valorizado economicamente encontram uma justificativa

plausível somente na remota possibilidade dos mesmos serem indenizados por alegarem a

ocupação dessas terras há mais de cinco décadas.

5.6.6 Q

alados na orla da Praia do Forno, quatro quiosques. Sendo que

um deles, possui processo tramitando no Serviço de Patrimônio da União (SPU),

requeren ertenceu ao seu

antecesso o entre a Praia e o sopé do

Morro do

E á

das refer de

Fazenda. Logo após o término da primeira taxa referente ao imposto, o prefeito na época

tornou

funcionam sob liminar concedida. Sabe-se que cada

quiosq

iosques existe donos de comércio como restaurantes e aposentados da

Cia. Na

uiosqueiros

No total, estão inst

do segundo consta nos autos a propriedade que por direito p

r. A área é um terreno de marinha com 16.000m² situad

Forno.

m 1995 procuraram o poder público local e deram entrada no pedido de Alvar

idas barracas comerciais, que inclusive chegou a ser expedido pela Secretaria

tais licenças sem efeito, cancelando assim a sua validade, mediante ao

conhecimento de que a área onde o comércio seria licenciado se tratava de propriedade

particular.

Em 2003, devido a uma série de denúncias feitas ao Ministério Público Federal, os

proprietários foram enquadrados em diversos artigos da Lei nº 9605/98 (Lei dos Crimes

Ambientais). Os mesmos foram autuados pelo IBAMA. O Ministério público em uma de

suas sentenças ordenou que os estabelecimentos fossem interditados.

Atualmente os mesmos

ue emprega dois ou três funcionários, recebendo um salário médio de R$ 300,00

mensais. Alguns proprietários alegam não ter outra atividade econômica que venha suprir o

seu sustento e que depende exclusivamente das barracas comerciais para sobreviverem.

Esta afirmação vem contra a informação dada por populares que afirma que entre

os proprietários de qu

cional de Álcalis.

90

5.7 ÁREAS PROTEGIDAS

Na área de estudo, encontram-se muitas áreas protegidas. As mesmas foram criadas

por Lei Orgânica Municipal, dentre elas se encontram categorias como APP, ARIE e

arque Municipal. As Áreas de Proteção Permanente se caracterizam por servir de

solo, dos mananciais, das águas em geral. Ainda servem para

onservação de valores estéticos, científicos e históricos e para proteção de ecossistemas

eslizamentos ou para fixação de dunas; •

fica como uma APP, restringindo assim diversos usos para

AC, 1990).

Segundo o SNUC, 2000, a ARIE é caracterizada da seguinte forma:

“Art. 16: Área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias, que abriga exemplares raros da biota regional e tem como objetivo manter os ecossistemas

P

proteção física do

c

locais (ACSERALD, 1993). As APP’s foram instituídas segundo o artigo 184:

“Art. 184- Consideram-se áreas de preservação permanente:

• As restingas; • Faixas marginais de proteção de águas superficiais; • A cobertura vegetal que contribua para a estabilidade das encostas sujeitas à

erosão e dAs áreas que abriguem exemplares raros, endêmicos, vulneráveis, ameaçados de extinção ou insuficientemente conhecidos da flora e da fauna, os bancos de genes, bem como aqueles que sirvam como local de pouso, abrigo ou reprodução de espécies;

• As áreas de interesse arqueológico, histórico, científico paisagístico e cultural e, • Pesqueiros, os vigias e os pontos de pesca”. (LOMAC, 1990).

Levando em conta o somatório de todas estas características, a área de estudo em

quase sua totalidade se classi

que atualmente vem sendo constantemente pressionada principalmente pelas atividades

agrícolas e imobiliárias.

Também estão presente, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico que são citadas

no artigo seguinte da Lei Orgânica Municipal:

“Art. 185 - São áreas de relevante interesse ecológico paisagístico, cuja utilização dependerá de prévia autorização dos órgãos competentes, preservados seus atributos essenciais: As coberturas vegetais nativas;

• A Praia e o Morro do Forno; • A Mata do Morro da Cabloca, • A Fortaleza” (LOM

91

naturais de importância regional u local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibiliza-lo com os objetivos de conservação da n

trodução de

espécies invasoras de grande porte. Parte desta área é de domínio portuário da empresa

den to para a colocação da

cerc d ortes alterações na paisagem

deix a

da pela antiga pedreira.

o

objet o apenas permitido o uso indireto dos seus

recursos naturais. Portanto, dentro dos limites da área foi criado pela referida Lei Orgânica,

um P

“Art. 186- Ficam criados com base no artigo 225, δ 1º, inciso III, da C ental: I - Parque Municipal da Praia do Forno...”(LOMAC, 2000).

atureza”. (SNUC, 2000) Este tipo de unidade de conservação se encontra inserida no grupo denominado de

Uso Sustentável, cuja finalidade é compatibilizar a conservação da natureza, com o uso

sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Nota-se que nenhuma ARIE exceto a

conhecida por Fortaleza sofreu uma ocupação humana significativa, porém já está

fortemente marcada por outras agressões como focos de desmatamento e in

ominada COMAP. Nota-se nesta parte um pequeno desmatamen

a e segurança. Um dos aspectos interessantes são as f

ad por uma antiga pedreira que explorava o local na década de 1960 (Figura 44).

Figura 44: alteração na paisagem causa

Do grupo das Unidades de Proteção Integral que segundo o SNUC, 2000,

ivo básico é preservar a natureza, send

arque Municipal:

onstituição da República as seguintes unidades de conservação ambi

92

que

criad do

orno seguindo até o sopé do Morro do Forno. Porém nenhum tipo de norma ou restrição

Nota-se que a proposta do Plano Diretor, do ano de 1992 se identifica com a

encionada acima pelo SNUC, pois um dos fatores que reforçam a idéia é do grande

da forte vocação do lugar para o ecoturismo.

Além dos aspectos legais mencionados acima, a área está incluída na Reserva da

bas estão no Bioma de Mata Atlântica. A Ilha

talidade se

il tem a guarda do local, pois a mesma

inistra o

oneamento para a Área de Estudo

Após a análise do Diagnóstico Ambiental da área, foi proposta uma reclassificação

dentr se

basea realizado também no

Município. As categorias estabelecidas para o Zoneamento conforme a necessidade serão:

• Zona Primitiva – (ZP):

Segundo informações da Secretaria de Meio Ambiente do Município, o Par

o pela Lei Orgânica de maneira subjetiva só protegeria o espaço destinado à Praia

F

foi criada por Lei ou Decreto para oficializar tal informação. Seguindo a mesma proposta

de criação de um Parque no local, o Plano diretor Municipal em seu artigo 13, sugere que a

ARIE do Morro do Forno se transforme em Parque Urbano:

Art. 13: São definidas também no Plano Diretor do Município de Arraial do Cabo, a Criação de Parques Urbanos, com equipamentos de recreação e lazer e ainda Parques Ecológicos, localizados no Morro do Forno e do Miranda, conforme estabelecido na Lei de Uso e Ocupação do Solo. (PLANO DIRETOR, 1992)

Citando novamente o SNUC, a definição para categoria “Parque” é a seguinte:

Art. 11. O Parque tem como objetivo básico à preservação dos ecossistemas de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. (SNUC, 2000)

m

potencial cênico e paisagístico e também

Biosfera, junto à Ilha do Cabo Frio, pois am

de Cabo Frio, situada mais a Leste, possui uma grande área que na sua to

encontra preservada onde a Marinha do Bras

adm Farol Novo e também realiza pesquisa relacionadas as atividades do Instituto

de Estudo do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM).

5.7.1 Classificação e Z

o dos critérios do SNUC. A metodologia para o Zoneamento da Área de Estudo,

rá na proposta de Plano de Manejo da Praia Grande, outrora

93

Definição: Inclui áreas naturais onde a intervenção humana foi mínima.

Objetivos: Preservar ecossistemas naturais e recursos genéticos, podendo conter

ecossistemas naturais únicos e espécies de flora ou fauna de grande valor científico.

Restrições: O uso do público é limitado, obedecendo normas estabelecidas. Não são

permitidas edificações de qualquer tipo, construção de caminhos, uso de veículos

motorizados.

Usos permitidos: Pesquisas científicas autorizadas, educação ambiental e formas primitivas

de rec

• Zon

Defin ens

picas, aspectos significativos do Parque (topografia, biota, etc.) suficientemente

sisten

bjet ao

mesm

Restr dos

para e

ades

Zona Histórico Cultural - (ZCULT):

ções históricas, culturais ou

ZREC):

reação (ecoturismo) obedecendo as normas estabelecidas.

a de Uso Extensivo – (ZUE):

ição: Inclui áreas naturais ou com alguma alteração humana, englobando paisag

re tes para permitir o uso extensivo.

ivos: manter um ambiente natural com um mínimo impacto humano, facilitando

o tempo o acesso ao público para fins educacionais, de investigação e recreativos.

ições: Usos limitados a atividades que não comprometem os objetivos estabeleci

sta zona.

O

Usos permitidos: atividades educativas e recreativas em escala extensiva.

• Zona de Uso Intensivo – (ZUI):

Definição: Inclui áreas alteradas, com paisagens únicas e recursos para apoiar a ativid

recreativas, com facilidade de acesso.

Objetivos: Instalação de infra-estrutura necessária para promover a recreação intensiva,

mantendo-se o ambiente o mais natural possível.

Restrições: Devem ser obedecidas as leis ambientais pertinentes.

Usos permitidos: Recreação intensiva com infra-estrutura para refeições ao ar livre e

camping.

Definição: Inclui áreas onde são encontradas manifesta

arqueológicas.

Objetivos: Preservar estas áreas para fins de interpretação para o público.

Restrições: Usos limitados a atividades que não comprometem os objetivos estabelecidos

para esta zona.

Usos permitidos: Visitação acompanhada pelo público, trabalhos de restauração.

• Zona de Recuperação – (

94

Definição: Inclui áreas que sofreram considerável alteração humana. É uma categoria

a vez restauradas, estas áreas não podem ser transformadas em zonas de

Uso Extensivo: Restinga da Praia do Forno (ZUE-I), Caminho da Praia do

ituada no interior da ZUE-II, pois abriga ruínas da

o da Prainha, passando pela Graçainha até a Ponta

as serão transformadas em Zonas

a Especial de interesse social – Toda a área habitada, incluindo o Morro da

el legalizado na Praia do Forno (ZEIS)13.

provisória, uma vez restaurada a zona deve ser incorporada a uma das categorias

permanentes.

Objetivos: Restaurar a área a um estado mais natural possível, removendo espécies

exóticas introduzidas e promovendo o retorno da vegetação natural.

Restrições: Um

uso intensivo.

Usos permitidos: Manejo e monitoramento ambiental.

Quanto ao Zoneamento específico, a divisão da área ficou assim estabelecida

(Figura 45):

• Zonas Primitivas: Encosta do Morro do Forno (ZP-I), área alagada “Lagoa dos

Quelônios” (ZPII), Costão Rochoso da Enseada do Forno até a Ponta da Jararaca

(ZP-III) e Costão Rochoso do Saco do Cherne até a Ponta da Prainha (ZP-VI)

• Zonas de

Forno até a Ponta da Fortaleza (ZUE-II),

• Zona Histórica e Cultural – S

Fortaleza do Sururu do séc. XVI (ZCULT),

• Zonas de Recuperação: Do iníci

da Prainha. (ZREC-I), Áreas degradadas da Ponta da Jararaca até o Morro do Forno

(ZREC-II). Estas áreas depois de recuperad

Primitivas,

• Zona de Uso Intensivo – A Praia do Forno (ZUI) e,

• Zon

Cabocla, parte da Prainha e o imóv

13 Esta zona não estará diretamente dentro dos área se localizará a base da unidade de conservaçã

limites do Parque e sim na região do entorno. Dentro desta o com alojamento e laboratórios para pesquisas.

808012 808567

7458160

15

809122809677810232

7458758715

458160

57605

457050

810787

810787 8 96

74

7

74

7

10232

Zona Primitiva - ZP

UI

ZCU

ZEIS

igura 45: Proposta de Zon o do Par

ZP-I

Z

ZU

eament

E-I

Z

95

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77

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Escala 1:300.0

ial - ZEIS

Z

Forn

P-III

o.

REC-II

cipal

E-IIU

80

6. CONCLUSÕES

Neste estudo verificou-se que não somente as grandes cidades brasileiras, mas

também as de pequeno porte, sofreram gra s s n am

uma ausência de políticas agrárias efetivas no Brasil e conseqüentemente recebeu os

reflexos negativos do Êxodo Rural. E estas populações migrantes (não-tradicionais)

quando não se adaptam as vocações e as realidades sócio-econômicas do lugar serão

percursoras de significativos impactos ambientais.

Portanto ao longo dos anos, às questões ligadas à terra, desencadeou vários

conflitos classificados como: Ocupação Territorial (Unidades de Conservação x Expansão

Urbana), (Empresa proprietária do imóvel x Produtores Rurais), (Prefeitura Municipal

Empresa Proprietária); Degradação dos Recursos Naturais (Pequenos Agricultores x

órgãos ambientais), (Quiosqueiros x órgãos ambientais) Utilização do Espaço x

Lazer).

Nota-se que em todos os lugares onde foram possíveis a implantação dos cultivos,

os mesmos foram instalados, tendo como a principal barreira os trecho alta

declividade. Para que os agriculto em acessos aos mesmos, foram

inúmeros caminhos, favorecen até mesm p agem e veículos, aume

desmatamento e o pisoteio. É inente o ris as de fauna e flora,

principalmente das espécies raras e endêmi na área. As degradações

ambientais ameaçam intensamente os ecossis as costeiros que além de abrigarem

espécies de extrema importância, acarretando em i pactos negativos no desenvolvim

da pesca tradicional.

É evidente a forte alteração da paisagem do Morro do Forno, principalmente no seu

topo, onde outrora havia uma cobertura vegetal nativa, as mesmas vêm dando lugar a

cultivos e posteriormente a sucessão feita rapidamente pelo capim-colonião. Se os

do

im

res tivess

nde

cas que se situam

o a

co às espécies nativ

tem

con

m

ass

eqüê cias

d

sócio bientais devido à

(Praia

s de

abertos

ntando o

ento

96

97

esmatamentos não cessarem restará apenas a cobertura vegetal de grandes declividades

omo a Mata da Praia do Forno e os costões rochosos.

A atividade comercial dos quiosques avança diretamente sobre a restinga e da

agoa dos Quelônios, lugar onde se encontram os ecossistemas do Morro do Forno e da

estinga e devido a este fator, a biodiversidade de insetos, répteis e aves é maior. Além

os desmatamentos, os quiosques geram grande quantidade de lixo, dispondo-os

adequadamente e realizando a incineração e enterro em meio à mata nativa e não há

adequadas, aumentando os perigos de doenças de veiculação hídrica.

Portant

valor de mercado. Se verdadeiramente

existe

ão e também a prática do turismo ecológico para a geração de emprego e renda,

princip

nhecido por grande parte da população.

d

c

L

R

d

in

instalações sanitárias

o, é necessário que as ações judiciais dêem prosseguimento em caráter de urgência

para que medidas de conservação sejam tomadas.

De acordos com o Diagnóstico sócioambiental da área, a mesma não apresenta

vocações para expansão urbana e inviabilizou o empreendimento imobiliário no local

devido ser uma área de preservação permanente e por estar ao lado de uma ocupação

irregular que faz com que o imóvel perca o seu

a inadimplência cabe a Prefeitura a aplicação de instrumentos de gestão como o

IPTU progressivo e sucessivamente a desapropriação do imóvel. Se faz necessário que a

propriedade atenda a sua verdadeira função social, portanto recomenda-se a transformação

da área no Parque Municipal do Forno, com respectivo zoneamento proposto nas seções

anteriores e plano de manejo. Tal área poderá ser equipada com aparelhos públicos de lazer

e recreaç

almente para a população do entorno.

O estudo demonstrou que a tendência da população rural é se fragmentar como já

vem ocorrendo ao longo dos anos, partindo de suas atividades atuais para o setor da pesca

ou de serviços que estão mais consolidados, portanto é evidente que a atividade rural não é

sustentável neste município, incompatibilizando qualquer sobreposição do rural sobre o

urbano.

Um dos pontos que evidencia a implantação de atividades econômicas sustentáveis

ligadas ao turismo é a comprovação de que a área possui relevante significado na história

do Brasil ainda desco

98

tação.

ão de uma unidade da Prefeitura local com

aboração de Projetos de regularização urbana e fundiária para a área.

vação proposto neste estudo

seja amplamente discutido com a sociedade civil organizada.

• Utilização das trilhas para a prática do Ecoturismo, com projetos específicos

voltado para a capacitação e geração de renda da população local, inclusive

mulheres e crianças do Morro da Cabocla.

7. PROPOSTAS

• Elaboração de estudos sobre a taxonomia e ecologia da fauna e flora local, bem

como dos impactos decorrentes da fragmen

Estudos para Controle e retirada das espécies exóticas.

• Acompanhamento da população de agricultores para verificação das necessidades

sociais, econômicas e habitacionais.

• Incentivo à Maricultura como alternativa para os membros da APPRAC.

• Criação de um Horto com cultivo de mudas nativas para reflorestamento do local,

aproveitando a mão-de-obra dos agricultores e da comunidade do Morro da

Cabocla.

• Em caso de parecer favorável, recomenda-se que os mesmos passem por critérios

do Termo de Ajuste de Conduta e Licenciamento Ambiental.

• Contratação de uma empresa ou criaç

equipe e embarcação adaptada para coleta de resíduos sólidos na Praia do Forno

regime regular, com intensificação na alta temporada.

• Ordenamento do uso e ocupação da orla da Praia do Forno, definindo normas para

o licenciamento de quaisquer atividades comerciais seja ambulante ou fixa.

• El

Elaboração de Plano de saneamento básico para toda área.

• Fiscalização mais rigorosa e conjunta dos órgãos ambientais de todas as esferas.

• Que o modelo de classificação de unidade de conser

99

• Estudo de capacidade de carga para as trilhas que serão utilizadas na prática do

Ecoturismo.

• Fechamento de trilhas secundárias.

• Retirada das construções irregulares em Áreas de Preservação Permanente.

• Abertura das discussões sobre a questão habitacional no município.

• Revitalização da Fortaleza do Sururu, incluindo projeto envolvendo as áreas de

turismo e cultura.

de estudos históricos e arqueológicos sobre o lugar, a fim de que seja

ruta dos Índios.

• Elaboração

divulgada a relevância histórica de pontos como a Fortaleza do Sururu e

comprovação de outros pontos históricos como a G

100

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105

9. ANEXOS

106

ANEXO I – DADOS SOCIOECONÔMICOS DO MUNICÍPIO DE ARRAIAL DO

DADOS SOCIOECONÔMICO Nº hab.

CABO

POPULAÇÃO 23 877 EDUCAÇÃO Total de Estudantes em todos os níveis 7 347TRABALHO E RENDA Rendimento nominal mensal - até 1 salário mínimo 2 685Rendimento nominal mensal - mais de 1 a 2 salários mínimos 3 266Rendimento nominal mensal - mais de 2 a 3 salários mínimos 1 874Rendimento nominal mensal - mais de 3 a 5 salários mínimos 2 382Rendimento nominal mensal - mais de 5 a 10 salários mínimos 1 680Rendimento nominal mensal - mais de 10 a 20 salários mínimos 561Rendimento nominal mensal - mais de 20 salários mínimos 203Rendimento nominal mensal - sem rendimento 7 008Empregados 7 131Empregados - com carteira de trabalho assinada 3 720Empregados - outros sem carteira de trabalho assinada 2 771Empregados - militares e funcionários públicos estatutários 640Empregadores 293Trabalham por conta-própria 2 355Trabalhadores na produção para o próprio consumo 44Membros sup. poder público.,dirig. de org. interesse público e de empresas 429Profissionais das ciências e artes 536Técnicos de nível médio 1 033Trabalhadores de serviços administrativos 938Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados 3 409Trabalhadores agropecuários, florestais, de caça e pesca 348Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais 2 652Trabalhadores de reparação e manutenção 357ATIVIDADE PRINCIPAL DO TRABALHO Agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e pesca 366Indústria extrativa e de transformação e distribuição de eletricidade,gás e água 1 329 Construção Civil 1 279Comércio, reparação de veículos auto-motores,objetos pessoais e domésticos 1 325Alojamento e alimentação 787Transporte, armazenagem e comunicação 381Intermediação fin. e ativ. imobiliárias,aluguéis e serv. prestados às empresas 671Administração pública, defesa e seguridade social 1 196Educação 838Saúde e serviços sociais 306Serviços domésticos 851Organismos internacionais e outras instituiçõ s extraterritoriais 0eOutros serviços coletivos, sociais e pessoais 422Atividade mal especificada 120

107

ANEXO II - ENTREVISTA COM O IBAMA:

1. Quantos funcionários tem o IBAMA? Qual é a sua esfera de atuação em na área corresponden

atro, 2 analistas ambientais de nível superior e 2 técnicos administr

iscalização da pesca predatória e também fiscaliza

influência da RESEX abrangendo as áreas terrestres do município.

lturas de subsistência, à criação de

a mas, os po

os agricultores

o direito de pla

otivo e n

da pre

tivos turísticos e culturais

que o I qui sobrevoando a

aqui não

do Morro do Forno.

ara a

lano de manejo e dep

esmatamentos?

te ao entorno da RESEX? R: Qu ativos de

nível médio. O IBAMA atua na f

toda a área de

2. Em que tipo de atividades o IBAMA tem atuado com maior freqüência?

R: A Pesca feita por arrastões, malhas de tamanho irregular e pescaria feita na

época dos defesos. Temos tido algum apoio da Marinha do Brasil inclusive da

capitania e dos próprios pescadores.

3. O que tem sido feito em relação às agricuanimais e às invasões no Morro do Forno? R: Inquérito na Polícia Federal, a possilga foi desfeit rcos se

espalharam pelo morro causando um problema ainda maior, foram

notificados a parar com suas atividades, porém reivindicam ntar. A

prefeitura está omissa e organiza o povo da associação por algum m

. Os planos

ão irá

se indispor politicamente pela aproximação das eleições feitura

segundo eles dizem é revitalizar as trilhas e criar atra

como um teatro na área onde foi feita a criação de porcos.

4. É verdade que o ministério público mandou ofício pedindo BAMA

desse solução ao caso? É verdade que o procurador esteve aárea como afirma a APAC? R: Nós apenas notificamos os moradores. Se o procurador veio tenho

conhecimento deve ter sido na gestão passada.

5. Na sua opinião de quem é a culpa pela atual situação ?

R: Culpo todas as autoridades competentes, inclusive o IBAMA

EX p6. Existe alguma recomendação no plano de utilização da RES s áreasterrestres? R: Não. Porém poderá entrar como proposta para o p ois ser

aprovada em Brasília.

stes d7. Que tipos de riscos ambientais estão relacionados a e

R: Muitos riscos inclusive para a avifauna.

108

8. Esta situação pode causar algum dano para a pesca, como o espaço dos vigias de pescaria?

9.

ma liminar que está permitindo o funcionamento dos quiosques. Nós estamos

10.

ário do IBAMA aqui tem a função especifica

de fiscalizar de vez em quanto trabalhamos com fiscais que vem do IBAMA de

11.

12. o Ambiental para a

R: Não

R: Não havia atentado para este fato, como você está afirmando pode ser que

apareçam conflitos entre os posseiros e os pescadores de vigias de pesca.

Qual o andamento da situação dos quiosques na Praia do Forno? R: O Ministério público interditou, porém os donos de quiosques entraram com

u

elaborando um laudo sobre esta atual situação dos quiosques.

O que impede o IBAMA de fazer uma melhor fiscalização? R: A falta de fiscais. Nenhum funcion

Cabo Frio (REGIONAL que toma conta de 16 municípios), estamos sem lancha

para fiscalizar no mar. O IBAMA está reformulando o programa de Fiscal

Colaborador devido a muitos erros neste projeto.

O IBAMA hoje tem algum objetivo a alcançar? R: Instituir o Conselho Gestor e Deliberativo e implantar o Plano de Manejo da

RESEX.

O IBAMA tem feito algum programa de Educaçãpopulação cabista?

109

AN

1) uação de

cio regularizada diante da Associação.

2)

3) Existem normas da APAC no que tange as áreas terrestres?

4)

5)

6) tores em terra percebidos pelo pescador que estejam prejudicando

s e a grande quantidade de lodo (algas) do Pontal e da Prainha. Já que

você mencionou que o desmatamento faz com que o “lodo”14 apareça, isso pode

7) Já foi percebida pela APAC que as vasões da Ponta da Prainha podem vir a ameaçar o espaço dos vigias de pesca? A APAC estaria disposta a colaborar para garantir a preservação destes espaços? R: Não. Sim

8) Com relação aos quiosques da Praia do Forno, a APAC tem alguma posição?

R: Os quiosques ocupam muito espaço na Praia, principalmente com as suas

mesas e cadeiras.

9) Existem algumas espécies de plant adas para confeccionar os apetrechos de pesca? R: Sim, a sapotiaba (da Restinga) é utilizada para confeccionar a burçada da

Canoa e a Aroeira (que tem no Morro e na Restinga) para tingir as redes.

EXO III - ENTREVISTA COM A APAC:

Em que ano foi fundada a APAC? Quantos associados possui? R: Em 1987. Em média 500 associados, porém nem todos estão com a sit

Qual a finalidade da APAC? R: Cuidar do bem-estar da comunidade pesqueira e da preservação do meio ambiente

R: Não.

Qual a maior dificuldade que os pescadores têm encontrado para o exercício de suas atividades? R: Os esportes náuticos que são praticados na Prainha.

Quantos vigias de pesca existem na Prainha? R: Três Existem faa atividade da pesca? R: Existem dois fatores que atrapalham a visualização dos cardumes, as

casuarina

vir a prejudicar as mariculturas na Praia do Forno.

in

as que são utiliz

14 Algas marinhas, no caso se a afirmação se refere a ma possível eutrofização das águas devido ao aporte de nutrientes proveniente do carreamento de sedimentos do Morro do Forno em decorrência do desmatamento.

u

110

10) Existem outros tipos de uso dessa vegetação, principalmente das espécies encontradas nos morros?

am bem no alto

R: São utilizadas como lenha, principalmente por aqueles que mor

do Morro.

111

AN

1)

quadros da Secretaria se encontram um pouco mais estruturados,

apesar da maioria absoluta serem cargos políticos (nomeações) que estão assim

divididos: O secretário de meio ambiente, um Diretor Operacional, um Diretor de

Meio Ambiente, um chefe da Sessão de Assuntos ligados a RESEX, um chefe da

Sessão de Controle Ambiental, um chefe da Sessão de Fiscalização Ambiental, um

chefe da Sessão de Recuperação de Áreas degradadas, um Chefe da Sessão de

Controle Ambiental e Um Chefe da Sessão de Proteção e Educação Ambiental.

Sendo que somente o atual Diretor de Meio Ambiente é o único funcionário efetivo,

lotado como Fiscal de Meio Ambiente

2) Apesar desta estrutura, o pessoal é c

R: Nem todos possuem formação específica na área ambiental, atualmente temos

um biólogo, mestrando na área ambiental, e o funcionário responsável pela sessão

de recuperação de áreas degradas é engenheiro agrônomo, eu sou formado em

Direito com especialização em unidades de Conservação, além do Secretário que é

Docente em Química com experiência anterior na área ambiental. Estão

empenhados e a cada dia se capacitando através de cursos de especialização

ligados as questões ambientais.

1) A Secretaria dispõem de recursos p

R: Nossos recursos são limitados, contamos com a parceria de outras secretarias

para algumas operações, nossa maior necessidade é adquirirmos um veículo para

fiscalização pois, as áreas de maiores ocorrências são de difícil acesso e também

materiais como GPS e binóculos. Atualmente adquirimos um decibilímetro para

fiscalizarmos as questões de poluição sonora.

2) O que tem sido feito por essa Secretaria a fim de coibir as degradações

ambientais no Morro do Forno? R: Temos atuado junto a órgãos como o IBAMA e o Ministério público, no que

tange às irregularidades no Morro do Forno, quando se faz necessário emitimos

laudos de infrações e buscamos que os agentes responsáveis possam ter o

compromisso de reparar os danos causados ao meio ambiente.

EXO IV – ENTREVISTA COM A SEMMA:

Como está estruturado o quadro de funcionários da Secretaria Atualmente? R: Hoje os

.

apacitado para atuar em suas funções?

ara atuar?

112

3) Como se encontra o atual quadro em relação às degradações ambientais no Morro do Forno?

: Temos visitado a área de várias maneiras. Da última vez, realizamos um

4)

2005, comandamos a derrubada de uma

o, e

5)

nho de 2003 a prefeitura desapropriou duas áreas

com 8.895, 25 m² e outra com 82.340, 256 m² com várias finalidades, dentre elas:

orro da Cabocla), preservação de

6)

R: No momento o processo está correndo na Justiça Federal e já estamos

ara remanejamento

R

sobrevôo com o IBAMA e o Ministério Público e constatamos diversas

irregularidades principalmente que algumas ocupações de barracos instalados

juntos às roças não são apenas simples locais destinados para guardar o material

utilizado na agricultura, porém já passaram a servir como residências. Vários

sinais são evidentes como roupas no varal, fumaça saindo de chaminés

improvisadas e animais domésticos.

Quais as últimas ações realizadas por esse órgão no Morro do Forno?

R: Na última semana de fevereiro de

futura residência que estava sendo construída no topo do Morro do Forn

segundo a Lei essas áreas são classificadas como de Proteção Permanente.

Inclusive o fato mais interessante que esta construção era comandada por pessoa

formada em Direito, ou seja, um fato agravante que foi levado em consideração na

hora da expedição do laudo de infração.

Qual é a atual situação fundiária no lugar? R: A área de 2.583.50 m² pertence a uma Empresa do setor imobiliário

inadimplente com o IPTU. Em ju

Formar o núcleo residencial existente na área (M

reservas florestais e desenvolvimento de atividades turísticas.

Com relação à Associação dos Agricultores do Morro do Forno que exerce atividade de subsistência e suas respectivas invasões, o que a Secretaria tem a dizer?

aguardando a posição final do juiz e tudo sinaliza para que os agricultores e

criadores de porcos se retirem da área. Sabe-se que já existiu uma tentativa de

acordo tripartite entre a Empresa proprietária do imóvel, a Prefeitura e a

Associação de Agricultores do Morro do Forno. A informação que temos é que a

Prefeitura não acatou a proposta colocada pela Associação p

113

das famílias para uma área do Morro da Cabocla voltada para a Prainha,

irritando assim a Empresa proprietária que se retirou da sessão que mediava o

7)

de importância e potencial preservacionista,

xistem outras prioridades como a execução do Plano de Manejo da Reserva das

ados na

acordo. Uma outra anormalidade que notamos é que estes terrenos estão sendo

negociados pelos agricultores principalmente a moradores da região metropolitana

do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense.

Existem planos de se criar uma Unidade de Conservação e elaborar Plano de Manejo para o local?

R: Apesar da área apresentar gran

e

Orquídeas, Brejo Jardim e Sítio Arqueológico do Combro Grande situ

Restinga de Massambaba. Tal plano foi objeto de Termo de Ajuste de Conduta

celebrado entre a Companhia Nacional de Álcalis e a Prefeitura e sendo mediado

pelo Ministério Público.

114

ANEX

1)

2) a 70 anos. A maioria possui apenas o

m advogado que nos auxiliava.

3)

4)

5) Qual a finalidade da Associação? social dessa comunidade que precisa ser reconhecida

culturalmente reconhecida e que essas populações sejam encaminhadas para

atividades econômicas como hidroponias e produção de mudas.

5) Quantas roças estão espalhadas pela área do Morro do Forno e adjacências?

R: Cerca de quarenta e três cultivos, um para cada associado. 6) Os Associados também criam animais?

R: Sim. São criados porcos e alguns cabritos, também são utilizados burros e

cavalos para transporte e escoamento da produção.

7) Há quanto tempo estas atividades estão instaladas no Morro do Forno?

R: Mais de 30 anos. 8) Todos os associados são naturais de Arraial do Cabo? A maioria é oriunda de

que região? R: Não temos pouquíssimos associados naturais, a maioria são oriundo do Norte-

Noroeste fluminense.

9) Como está organizado o trabalho entre os Associados?

R: A Associação determina o local e o agricultor que estará ocupando

determinado espaço. A preferência é dada aos “conhecidos” para evitarmos

problemas futuros.

O V - ENTREVISTA COM A APPRAC

Quantos agricultores estão registrados na Associação? R: Quarenta e três associados

Qual a média de Idade dos Associados? Qual a média de Escolaridade?

R: Os agricultores possuem uma média de 35

“ensino primário” sendo o restante semianalfabetos. O Secretário é Engenheiro

agrônomo e tínhamos u

Como está dividida a diretoria da Associação? R: Presidente Vice-Presidente, Secretário, Tesoureiro e os membros.

Quais os principais produtos cultivados? R: Banana, cana-de-açúcar, aipim e outros produtos.

R: Conquistar a justiça

115

10) Esta atividade gera algum tipo de renda para os agricultores ou somente a

nquanto outros têm nas

roçinhas uma complementação de renda.

outras

ades de caráter rural em cima

e 13 anos de

temente reprimidos pela prefeitura, o

zar os seus produtos?

ois a feira local é

ocupada por “pessoas de fora” que ganham seu dinheiro aqui e vai gastar lá na

4) vidade os antigos air?

e diz

e não possamos fazer nossas

culturas.

é de

R: Reconhecemos a importância ecológica da área principalmente a da Ponta da

stamos no Arraial há muitos anos e nunca tivemos o

onhecimento que o Morro do Forno passou por algum tipo de estudo para se

ção à nível

16) a posse destas terras? Alguns agricultores já se consideram s terras?

subsistência das famílias? mente como subsistência, eR: Alguns utilizam o cultivo so

11) Os associados se dedicam exclusivamente a esta atividade ou possuem atividades econômicas? Eles pescam? R: A grande maioria não, existem alguns que prestam serviços na construção civil,

outros são jardineiros e serventes. Alguns inclusive também pescam para ganhar a

vida.

12) Que motivos levaram à instalação destas atividdo Morro? R: No caso dos criadores de porcos, eles foram proibidos por volta d

criarem porcos na área urbana, sendo for

Morro do Forno, foi a única alternativa.

13) A Associação consegue comercialiR: Reivindicamos um espaço na feira local para comercializar nossa produção.

Por falta deste espaço já perdemos grande quantidade de alimentos como aipim

que pereceram devido a não comercilização. É um absurdo, p

cidade deles.

1 Já que vocês estão há tanto tempo realizando a atiproprietários nunca notificaram vocês a sR: Não. Mais nos últimos anos a iniciar por volta de 1997, a firma que s

proprietária nos reprime com seus vigias para qu

agri

15) A Associação tem conhecimento que a área utilizada para os cultivospreservação?

Jararaca que inclusive está sendo ameaçada por muitos especuladores

imobiliários. Porém nós questionamos qualquer classificação feita pela Prefeitura

para á área pois e

c

tornar área de preservação. Queremos saber sim o que diz a legisla

Estadual e Federal sobre a área.

Vocês reivindicam proprietários dessa

116

R: Reivindicamos sim o Uso Capião destas áreas para algumas pessoas que já

estão lá há mais de cinqüenta anos, e o nosso processo está nas mãos do juiz.

Qual a razão das construções próximbarracos?

17) as ao cultivo? Alguém reside nestes

18) icamente as terras do Morro do Forno são impróprias para atividade a? Há conhecimento disso?

a uma grande empresa privada.

R:Os barracos são utilizados pelos agricultores para guardar ferramentas e a

produção. Algumas pessoas que moram lá porque não tem pra onde ir, se tivessem

garanto que não estariam lá.

CientifagrícolR: Sabemos que as terras não têm boas condições para o cultivo sendo então a

nossa atividade não é sustentável, o que buscamos são alternativas, porém não

temos nenhum incentivo por órgão governamental, ultimamente tentamos um

projeto de Responsabilidade Social junto

117

ANEX

Poder JusSeção Judiciária do Rio de Janeiro Vara F

Município de Arraial do Cabo e das pessoas naturais arroladas na exordial insurgindo-se con m exp

promovrestingatécnicolegislaçMunicí art. 185, inc,III c/c Resolução CONAMA n 303, art.3 inc IX, al. “b”- pela qual a Praia do Forno é considerada área de preservação permanente, como também legislação regente dos domínios da União sobre áreas de praia Decr to-Lei n.º 9.636/98- sendo certo que se trata de terrenos de marinha.

O MPF revela, ainda, que, tanto a concessão de alvarás pelo Município-Réu como as atividades promovidas pelos demais, Réus incorrem em delitos tipificados na Lei n.º 9.605/98- Lei de Crimes Ambientais.

Portanto, e com base nas responsabilidades por danos ambientais previstas no Código Civil e na Lei 6.938/81, requer a concessão de liminar, inaudita altera pars, das providências arroladas ás fls, 24/26 para que, em suma, paralisem-se as atividades, as expansões e as negociações daqueles quiosques e proíbam-se novas concessões, visando, com isso, impedir a continuidade dos prejuízos ambientais denunciados e prevenir a ocorrência de novos.

A inicial vem instruída com os autos de inquérito civil público, autuado em apenso, no qual constam cópias da legislação citada e processos administrativos originados de autos de infração lavrados pelo IBAMA em face daqueles quiosques, de laudo de vistoria técnica também procedida pelo IBAMA, de fotografias do local e de ação penal já em curso contra um dos Réus.

Outrossim, constam em apenso os autos de notícia – crime promovida por empresa que se diz proprietária do Morro do Forno, ue fica logo acima da Praia, denunciando a degradação ambiental que se verifica no local pela ocupação promovida pelos quiosques, no qual também constam cópias de manifestações do IBAMA, do IBDF e da DPU a respeito. Examinados, decido.

De fato, as fotografias que instruem o ICP em apenso são evidências tanto de que substancial parte da faixa de areia da Praia do Forno foi ocupada, verdadeiramente apropriada, por particulares, os Réus, para o desenvolvimento de suas atividades comercias, os quais, para tanto, tem que promover a retirada de vegetações para as instalações e ampliações de seus estabelecimento, como de que a encosta do Morro do Forno vem sendo objeto de visíveis focos de desmatamento (cf. fotografias ás fls. 03/05, 28/33, 123/127, 182/184, 207/211, 241/248).

O VI - Ação Civil Publica - N.º 2003.5108001077-4

Judiciário tiça Federal

ederal de São Pedro da Aldeia

O Ministério Público Federal ajuíza a presente ação civil público em face do

tra as concessões dadas pelo primeiro ás últimas para que instalassem e venhalorando os quiosques que ocupam a Praia do Forno, localizada naquele minicípio.

Ressalta o MPF que as instalações e as atividades de tais quiosques vêm endo sensível degradação ambiental, com a supressão de vegetações nativas de e fixadora de dunas, enterro de lixos e promoção de queimadas, conforme laudos

s a respeito elaborados pelo IBAMA, além do que violam frontalmente tanto a ão ambiental – Lei n.º 4771/65 (Cód. Florestal), art.2, al “f”’, c/c Lei Orgânica do pio de Arraial do Cabo de 1990 (LOCAM), art.184, inc. I , par, único e

e

, d

q

118

Outrossim, parece técnico e laudo de vistoria técnica elaborados pelo IBAMA nos autos de processos administrativos existentes sobre a área atestam os desmatamentos e

de preservação permanente que se promovem no local (cf. fls. 25/27 e so I a esta ação).

ios da Delegacia do Patrimônio da União no Rio de de da União Federal sobre a praia a seus pedidos,

o IBAMA e ao Município-Réu, para que coíbam a ocupação da área por barracas comerc

5 do Apenso

espécies e ecossistema” (inc.I); “definir, em todas as unidades da Federa

tegridade dos atributos que justifiquem sua proteçã

obrigação de reparar os danos causados” (§ 3º). Demai

de preservação permanente as restingas (art.184,inc I) e, especificamente, que a orno são “áreas de relevante interesse ecológico paisagístico,cuja

utilizaç

nicamente nos alvarás que lhe tenham sido

danos a vegetações149/151 do Apen

Vêem-se, ainda, reiterados ofícJaneiro-DPU/RJ ressaltando a propriedaa

ias e diligenciem a retirada das porventura existentes; ofícios estes que, se parecem ter sido atendidos pelo IBAMA- nos limites de suas atribuições, em face das diversas autuações procedidas no local- por outro lado também aparentam ter sido solenemente desconsiderados pelo Réu- Município de Cabo Frio (cf. fls. 225/228 do Apenso I e fl.5

II a esta ação). De iure, inicialmente insta ponderar que, em virtude da sua essencialidade á

sociedade humana, o meio ambiente mereceu especial e expressa proteção em nossa Constituição Federal, que assim consagrou que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e á coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (CF/88, art.225, caput)”. E vai mais além o nosso texto constitucional ao dispor que “para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público” (CF/88, art.255, § 1º) “preservar e restaurar os processos ecológico das

ção, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que compromete a in

o”(inc.III);”exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”(inc IV); e, “proteger a fauna e a (inc. VII); sendo ainda certo que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da

s, infraconstitucionalmente, como bem ressalta a petição inicial do MPF, a Praia do Forno, em Arraial do Cabo, em face de sua vegetação nativa de restinga e fixadora de dunas, é considerada área de proteção permanente por força do disposto na Lei 4771/65,art.2º,al. “f”, proteção seta reforçada pelo disposto na Lei nº 6.938/81,art.18, par.Único

Nesse diapasão,também a Resolução CONAMA nº 303, no seu art.3º, inc.IX; al.’b’, estabelece como área de preservação permanente as áreas de restinga que contenham vegetação fixadora de dunas, como acontece na Praia do Forno, em Arraial do Cabo. Acresce que a própria Lei Orgânica do Município de Arraial do Cabo LOMAC considera como áreaPraia e o Morro do F

ão dependerá de prévia autorização dos órgãos competentes, preservados seus atributos essências” (art.185,caput e inc.III), cuidando, ainda, com base nos citados art.225,§ 1º,inc.III, da Constituição Federal, de criar o Parque Municipal da Praia do Forno (art.186,caput e inc.I) (cf.cópia da referida LOMAC ás fl. do Apenso I a esta ação) Do cotejo entre tais considerações de fato e de Direito, ainda que num exame preliminar da questão, de logo afiguram-se irregulares os estabelecimentos comercias instalados pelos Réus na área da Praia do Forno com base u

119

conced

dita altera pars, sopeso que conquanto o contraditório seja co

o menos uma vez a

mais, intimem-se a União e o IBAMA para que manifestem seu eventual interes

idos pelo primeiro Réu, o Município de Arraial do Cabo, bem assim as irregularidades de tais concessões.

Nesse momento processual em que se examina o pedido do Autor- MPF de concessão de medida liminar inau

nsagrado em nosso ordenamento constitucional, da ponderação dos bens vistos em aparente conflito-interesse econômico dos Réus versus interesses ambientais da sociedade – afigura – se me de rigor a concessão da liminar para os efeitos propugnados na peça vestibular, seja porque os direitos sociais devem prevalecer sobre os particulares, seja porquanto as providências vindicadas a títulos liminar não têm natureza de irreversibilidade e mostram-se consentâneas com os objetivos de impedir a continuidade dos danos ambientais denunciados e prevenir a ocorrência de novos, donde exsurge o periculum in mora.

Dispositivo

Nessa conformidade, com base nos arts.11,12 e 19 da Lei nº 7.347/85, nos arts. 798 e 799 do CPC, nos dispositivos constitucionais e demais legislação acima citada na fundamentação desta: - Com relação aos Réus, pessoas físicas, DEFIRO A LIMINAR, como requerida, nos termos e para os efeitos constantes dos itens “a” a “d” de fls. 24/25, ressalvando, apenas, que, quanto ao item “a” o que defiro é que as atividades comerciais sejam imediatamente paralisadas, sem a necessidade, neste momento, de proceder as retiradas dos móveis e utensílios que guarnecem os quiosques, se bem que eles não possam, por qualquer forma, nem particularmente, serem utilizados naquele local, sob pena de multa de R$5.000,00 (cinco mil reais) por cada ato de desacato a esta liminar. E INDEFIRO A LIMINAR relativamente ao item “a” de fls.25, face a definitividade de tal pedido.

Para o cumprimento e a fiscalização desta liminar, procedam ainda os Srs. Oficiais de Justiça a afixação, nas frentes dos estabelecimento (quiosques), de impressos com os dizeres “INTERDITADO POR ORDEM DA JUSTIÇA FEDERAL – AÇÃO CIVÍL PÚBLICO Nº 2003.5108001077-4”, bem assim retornem ao local, pelcada 15 (quinze) dias, para verificarem a continuidade do respeito a esta determinação, desde logo estando autorizados a requisitar o auxílio de força policial para a prisão em flagrante de quem porventura for encontrado descumprindo os termos da liminar ora concedida. Citem-se e intimem-se os Réus.

Adese em ingressar na lide.

Publique-se o dispositivo desta.

São Pedro da Aldeia, 19 de agosto de 2003.

Manoel Rolim Campbell Penna

Juiz Federal

120

ANEXO VII – EXEMPLO DE CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO REAL Nº 072/04

da Medida Provisória nº 2220, de 04 de setembro de 2001 e em bservância ao despacho prolatado no processo administrativo nº 610/04, acordam com a

presente contrato administrativo de concessão de uso real, mediante às láusulas e as condições que reciprocamente aceitam e que são as seguintes:

idamente inscrita no Registro Geral de Imóveis do Cartório do 2º

om a Sra. Mônica Cristin

gistro de imóveis, na forma do inciso I, nº 40, do artig

4 de setembro de 2001.

CLÁUSULA QUART l de uso, a transferência só produzia os efeitos jurídicos, civis e admi istrativos se for realizada por instrumento público, contrato ou ter

CLÁUSULA QUINT ário sem deixar cônjuge, ascendente, descendentes ou colater arto grau, a Concedente revogará, independentemente de qualquer média judicial, a concessão de uso real, retomando o imóvel ao domínio pleno do município com incorporações e benfeitorias existentes, efetivando-se a imissão imediata na posse.

CLÁUSULA SEXTA – A presente concessão poderá ser transferida a terceiros, por atos inter-vivos ou causa-mortis, desde que sejam recolhidos os tributos incidentes e que o

O Município de Arraial do Cabo, pessoa jurídica de direito público interno, com

sede administrativa na Avenida da Liberdade nº 50, Centro, representado pelo ser prefeito HENRIQUE SÉRGIO MELMAN, doravante denominado CONCEDENTE e GILDA VIEIRA FERREIRA, brasileira, portadora da cédula de identidade nº 20056481-3, expedida pelo DETRAN/RJ, e portadora do CPF nº 615924127-34, residente à Rua Tomé de Souza, nº 44 Morro da Cabocla (Morro da Coca – Cola), neste município, doravante denominado CONCESSIONÁRIO, pelo presente instrumento e na melhor forma de direito, na conformidade das Leis Municipais nº 1202 de 15 de maio de 2001 e 1317 de 03 de abril de 2003 e olavratura doc

CLÁUSULA PRIMEIRA – O município de Arraial do Cabo, na qualidade de proprietário da área de terreno devOfício da Comarca de Cabo Frio, no Livro Auxiliar número 01 (um), fls. Nº 09 (nove) sob o nº 06 (seis) de ordem, constitui em favor do concessionário o direito real de concessão de uso do lote de terreno localizado na Rua Tomé de Souza, nº 44 com área de 136,00m² (área construída 41,59m²), Morro da Coca-Cola, ocupado pelo concessionário para fins de moradia e com as seguintes medidas e confrontações: 06, 80 metros de frente que confrontam com a Rua Tomé de Souza, 06, 80 metros de fundos que confrontam com a Sra. Maria José dos Passos, 06, 55 metros na lateral direita confrontam com o Sr. Jornito Moreira Sena, 06, 55 metros na lateral esquerda que confrontam c

a Jones.

CLÁUSULA SEGUNDA – Fica assegurado ao concessionário o direito de fluir plenamente do direito real de concessão de uso, respondendo por todos os encargos civis, administrativos e tributários que incidem ou venha, a incidir sobre o imóvel ou suas rendas.

CLÁUSULA TERCEIRA – Fica assegurado ao concessionário o direito de registrar em seu nome a concessão de uso real no re

o 167 da lei nº 6015, de 31 de dezembro de 1973, com a alteração introduzida pela medida provisória nº 2220, de 0

A – Por se tratar de direito rean

mo administrativo.

A – Falecendo o concessionais até o qu

as

121

n redação dada pela lei 1317, de 03 de maio de 2003.

refeito Municipal – Concedente

ovo adquirente atenda ao artigo 1º da Lei nº 1202, de 15 de maio de 2001, com a nova

CLÁUSULA SÉTIMA – A presente concessão real de uso para fins de moradia é conferenciada ao concessionário de forma gratuita ficando ciente de que não ficará reconhecida ao mesmo possuidor mais de uma vez. E, por estarem de acordo, assinaram o presente, em duas vias de igual teor e forma, que leram e acharam conforme, na presença do Secretário Municipal de Administração, que também assina para que produzam os devidos e legais efeitos, elegendo o foro da comarca de Arraial do Cabo para dirimir questões que possam surgir. Arraial do Cabo, 16 de abril de 2004. HENRIQUE SÉRGIO MELMAN P GILDA VIEIRA FERREIRA Concessionário ARI LEITE PESSANHA Secretário de Administração

122

10. GLOSSÁRIO

que oferecem ao homem, melhores perspectivas ou o população para sua área de influência, passando a ser

um dado momento, as mais povoadas.

onato de Sódio, produto químico utilizado para fabricação de vidro, sabão, apel e alumínio atende também a siderurgia e a petroquímica.

pela justaposição de hábitats distintamente diferentes; um habitat de borda; uma zona de transição entre tipos diferentes de habitats.

ndemismo: A qualidade do que é endêmico, ou seja confinado a uma região.

odzólico - Grupo zonal de solos de coloração cinza que possui uma camada orgânica e m mineral lixiviado e descorado, assentado sobre um horizonte iluvial marrom. O rocesso de podlização na eluvição do horizonte A e na concentração, por vezes, de óxidos e alumínio, óxido de ferro e matéria orgânica no horizonte B. são aqueles formados, total u parcialmente, sob a influência do processo da podzolização. Tais solos se apresentam m potencialidade agrícola.

essurgência - Efeito provocado pela ressurgência é condicionado pela brusca inflexão ue a linha de costa sofre na altura do Cabo Frio, pelas condições batimétricas da lataforma continental e pelos constantes ventos de nordeste, que atuam no sentido de terra ara o mar, deslocando a massa oceânica superficial aquecida, favorecendo a migração ertical de águas frias de subsuperfície, o que inibe a formação de cúmulus responsáveis elo aparecimento de chuvas convectivas.

ochas Intrusivas Alcalinas - Produzidas pela intrusão de magma e podem aparecer a perfície tanto a forma de maciços intrusivos, como também filonares graças ao trabalho

e erosão. As rochas intrusivas resultaram por conseguinte da consolidação do magma sob superfície. Diz-se das rochas que apresentam um coeficiente molecular de alumina ferior a soma dos coeficentes moleculares constituídos pela potassa (K2O) e soda (Na 2 ). s rochas ácidas resistem muito mais os efeitos da meteorização. As alcalinas são os enitos, pobres ou ausentes de quartzo e predominantemente formados de feldspatos lcalinos e feldspatóides.

Áreas de Atração – São aquelaspossibilidades econômicas, atraindn Barrilha – Carbp Ecótono: Um habitat criado

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