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Dedicatória
À minha especial família
Especialmente à minha esposa Regina e à minha filha
Paula, que sempre souberam compreender a minha vibração na
prática da equitação como qualidade de vida, iniciada aos
cinquenta e oito anos de idade. Pude ver com o carinho delas,
que nunca é tarde para um homem começar uma vida nova
através do hipismo, que ainda é um obstáculo para muitas
pessoas, por diversas razões. A mim bastou força de vontade e
acreditar que o amanhã será sempre melhor.
Fica mais fácil quando se tem pessoas ao nosso lado para
nos incentivar e encorajar também. Esse fluxo positivo fez com
que a minha vida se tornasse mais rejuvenescedora, porque
competia com pessoas mais jovens, em igualdade de condições...
Obrigado! Minha gratidão a vocês duas pelo amor que têm por
mim e a Deus que fez um dia, uma criança, realizar um sonho de
ter um cavalo.
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Agradecimentos Toda e qualquer atividade que exerçamos é impossível
concluí-la, somente, por nossa vontade. Seria irreal esse fato. Portanto, tenho muito que agradecer a Deus, por ter
colocado pessoas certas na minha trajetória na equitação e no
hipismo.
Pessoas que eu não podia nem imaginar, tiveram comigo
muita paciência, consideração, respeito, incentivo, motivação e
boa dose de cuidados, devido a minha idade, como iniciante
nesse esporte.
Ao REsC (Regimento Escola de Cavalaria Andrade
Neves), Vila Militar - Na época que fiz a escolinha de
equitação em setembro de 2005, ressaltando as oportunidades
dadas aos civis na prática da equitação e, consequentemente,
despertando a paixão pelos cavalos, onde pude realizar um
sonho de criança.
À diretoria do CMPólo e funcionários - Incansáveis,
gentis, incentivadores e sempre disponíveis em atender com
satisfação e presteza aos seus sócios, militares e civis, onde se
tornam uma família.
Aos meus inesquecíveis instrutores - Campeões de
saltos ao longo de suas carreiras na arma de cavalaria,
Subtenentes Expedito, Pedroso e Sargento Benígno.
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Às amizades - Os pais e filhos do quadro social do
CMPólo, no dia a dia das aulas de equitação, nos tornando mais
que amigos, e sim, uma família muito especial.
Ao amigo e escritor José de Jesus - Sempre me
incentivou para escrever um livro. Hoje, ele tem vários livros
publicados, com temas voltados para o crescimento do homem
na fé em Deus.
Ao amigo Dito - Dono do cavalo Makena, que apesar da
distância que nos encontramos, sempre esteve interessado na
minha recuperação da saúde para que voltasse a montar o seu
cavalo.
Ao amigo e irmão na fé, Ivan Moreira da Silva - Pelo
incansável trabalho de elaboração da capa para que ilustrasse o
título desse livro.
À amiga Beatriz - Pela idealização da contra capa.
À minha esposa e minha filha - Pela revisão do livro.
Considerações I Baseado em três verdades mencionadas pelo
escritor, José de Jesus, que me inspiraram a escrever esse
livro: – Ninguém escreve um livro por acaso.
– Nem por acaso, nos dispomos a ler um livro.
– Depois de lermos um livro, jamais seremos os
mesmos.
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A nossa vida atualmente depende das tecnologias super
avançadas, onde tudo interfere em nosso modo de pensar e agir,
pois é assim que o mundo gira completamente globalizado.
A ideia de escrever esse livro é, justamente, associar
outros valores que não dependam, exclusivamente, da
informática e dos avanços dessa modernidade, com inovações
ultrapassando também as nossas expectativas e necessidades
para se viver feliz.
Estamos vivendo numa era que torna ultrapassada uma
invenção tecnológica, que ontem foi moderna e que hoje é
superada por outra, num curto espaço de tempo. É
impressionante essa transformação rápida que o
homem está vivenciando nessa arte de aprimorar. Mas,
infelizmente, nem todos podem acompanhar essas evoluções por
inúmeros motivos, geralmente financeiros. Nem por isso vamos
deixar de ser felizes, porque existem outras opções para
superação dessa velocidade que também nos dá saúde, alegria e
qualidade de vida.
Quando menciono outras opções para estar de bem com
a vida, destaco: o cavalo, uma criatura formidável, que não
evoluiu com essas mudanças tecnológicas e outras
modernizações que o nosso mundo está acostumado a ver. O
equino continua com sua morfologia de animal irracional, ou
seja, sem muitas transformações, desde o início da criação do
mundo até os dias de hoje. Inclusive, fez e ainda faz parte da
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vida cotidiana de muitas pessoas neste planeta com sete
bilhões de habitantes, agora oficialmente declarado.
Antigas civilizações o utilizavam para suas conquistas e
desbravamentos de novas descobertas encurtando distâncias
para que o homem fosse evoluindo suas primitivas tecnologias.
Infelizmente, disputas com sacrifícios desses seres, foi em prol
do avanço dos homens. Algumas civilizações, somente para
dominar seus semelhantes através das guerras com auxílio
inestimável dos inocentes cavalos.
A referência de um ser irracional ao nosso convívio, que
não se transformou nos tempos modernos como a ciência, foi e
sempre continuará a merecer o fascínio de milhões de pessoas,
que o consideram uma bela e admirável criatura de Deus.
O homem neste universo faz sua parte, procurando a
melhoria das raças e a dedicação total na sua preservação.
Acima de tudo, especializa-se cada vez mais na lida diária, para
fazer do cavalo um dócil e leal amigo a seu serviço, excluindo,
definitivamente, os maus tratos.
A Medicina Veterinária tem evoluído bastante para
buscar meios que facilitem ainda mais a prática de diversos
esportes. Apesar de sua força, este animal gosta muito de
incentivos e motivações em suas tarefas cotidianas, como por
exemplo, o de conviver próximo aos homens, e por vezes, dando
a impressão de um ser inteligente, embora esse dom só pertença
ao homem, criatura amada por Deus.
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Considerações II
Destaco acima de qualquer interpretação polêmica, que
não tenho a pretensão de competir com outras belíssimas
obras elaboradas, como verdadeiras enciclopédias sobre
cavalos. E sim, narrar uma convivência que a providência
Divina me permitiu, apesar de um curto período. Ressalto
também, que não fiz nenhuma pesquisa ou estudo científico
para esclarecimentos técnicos específicos. Apenas tento
traduzir um sentimento que vivi e que está ligado à minha
alma desde a infância.
Menciono fatos da minha vida, agora um idoso, para que
outras pessoas também se sintam capazes de aprimorar a sua
felicidade em qualquer aspecto, onde haja uma eficaz
identificação com o que melhor lhes agrade, nessa existência.
Continuo aprendendo com a vida, onde mais vale os
bons exemplos que arrastam, do que as belas palavras que ficam
ao sabor dos ventos e não se concretizam em ações verdadeiras.
O momento vivido por mim nesse episódio é o que se
observa referente às limitações entre cavalo e cavaleiro. Afinal
somos criaturas e não criadores.
Apesar de haver uma simbiose nesse conjunto, não se
lida com o animal como se fosse um trator, que tem hora para
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começar e não para terminar, pois máquina é maquina, cavalo é
cavalo com suas características especiais.
Pude constatar que um dos fatores mais importantes
nessa lida é a máxima atenção com o nosso cavalo, porque ele
tem sensações de mal-estar, indisposições alimentares, noites
mal dormidas, irritações, enfim, funciona com um ser humano.
A questão saúde é de suma importância, para que haja uma
perfeita interação com o homem. Devido a essa conscientização
dos criadores, a tendência é o cavalo viver mais e em condições
saudáveis. Só assim, estaremos dando uma bela resposta a Deus,
dizendo:
“Senhor! Eis aqui o cavalo que um dia nos concedes-te
e que agora o tratamos com dignidade, por ter vindo de Vossas
mãos.
Obrigado, por esse belo presente que contribuiu, em
muito, para a evolução das civilizações, inclusive com
sacrifícios ao extremo de muitos deles, para que hoje
pudéssemos tê-los com o máximo respeito e admiração”.
Nossa Origem Em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia Sagrada, podemos ler
e refletir no 1º capítulo, nos versículos 24, 25, 26 e 31:
Deus disse: “Produza a terra seres vivos segundo a sua
espécie: animais domésticos, répteis e animais selvagens,
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segundo a sua espécie”. E assim se fez. Deus fez os animais
selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos
igualmente, e da mesma forma todos os animais, que se
arrastam sobre a terra. E Deus viu que isto era bom. Então
Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e
semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a
terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra”.
Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito
bom. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
Reflexão
Por ser o livro mais lido no mundo, a Bíblia Sagrada
(com o total de 73 livros, sendo 46 do Antigo Testamento e 27
do Novo Testamento – a partir de Jesus Cristo, o Filho de
Deus), sempre será a orientação dos homens de fé, na busca da
aproximação com o Criador. Ficaríamos escrevendo páginas e
páginas sobre o amor que Deus tem por Sua criatura, apesar dos
muitos caminhos que o mundo moderno oferece, para que o
homem se afaste Dele.
Felizmente, muitos de nossos semelhantes estão
passando pela vida e conseguindo enxergar este Criador, que só
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deseja que o homem seja feliz em sua vida espiritual e material,
sabendo usar a fé e a razão com o devido equilíbrio.
Dentre os animais domésticos, apesar do seu porte, o
cavalo desperta curiosidade por sua força, beleza e rapidez,
desde os nossos antepassados. Na medida em que foi adestrado
para auxiliar o homem nas suas expectativas e anseios, se tornou
um companheiro fiel.
Por isso, destaco essa integração maravilhosa: “Deus, o
homem e o cavalo”, que estará sempre atuante em gerações
futuras.
Empunhando a minha modesta bandeira em prol dos
cavalos, ouso afirmar a minha paixão por eles, onde também
existem milhares de pessoas que lidam com esses animais no
esporte, no lazer, nos tratamentos terapêuticos e no trabalho de
força, o que ainda é muito comum no transporte de pessoas, de
cargas e no arado, mostrando-se um grande colaborador do
homem. Foi assim que o Criador disse: “Que o homem reine
sobre os animais”.
Quanto ao reinar sobre os animais, o homem deverá
entender que não deve o subjugar ao extremo, ao sacrifício
máximo, deixando o cavalo chegar à exaustão, sem alimento
necessário, deixando-o sem forças para cumprir seu trabalho
diário. Infelizmente, alguns donos ainda os julgam insensíveis à
dor, devido a sua complexidade física.
Destaco mais uma vez, que esse livro não é de caráter
técnico com ensinamentos para se praticar equitação e outros
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esportes com cavalos no hipismo. Para isso, existem diversas
escolas de equitação em clubes e haras com essa finalidade.
Enfim, as diversas atividades que nos aproximam dos
cavalos, costumam ser acessíveis a muitas pessoas na busca de
algo para fazer. Ao invés de deixar a vida passar, vamos
vivenciá-la com entusiasmo e com a ajuda de Deus, praticando
uma modalidade de lazer, com um animal que supera e
surpreende as nossas espectativas.
Um pouco da minha infância, com
admiração pelos cavalos
Com quatro anos de idade, fui com meu pai à Quinta da
Boa Vista, onde foi a morada imperial do Príncipe Dom Pedro
II, no bairro de São Cristóvão aqui no Rio de Janeiro.
Até hoje, ainda é um lugar muito bonito com muitas
árvores e um lago artificial. Funciona também o Jardim
Zoológico com vários animais da fauna brasileira e de outros
países.
Havia um parque com diversos cavalinhos, pôneis, que
faziam a festa da criançada. Lembro-me bem até hoje da
vontade em montar aquele pônei.
Meu pai, Giglio Polido, como era muito dedicado ao seu
único filho, naquela época, tratou logo de me colocar no
cavalinho. Mas, quando o menino que levava as crianças para
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dar uma voltinha, segurou na cordinha, fiquei muito irritado com
aquilo, pois queria andar sozinho.
Veja que ousadia da minha parte... De imediato meu pai
não permitiu, claro, preservando a minha segurança. Como eu
poderia entender que aquela ação era para o meu bem?! Fiquei
com vontade de chorar, confesso. Meu sonho era andar sozinho,
como os outros meninos maiores, mas, me conformei e valeu
muito aquele passeio. Ainda bem que foi tirada uma foto de
recordação!
Jamais poderia imaginar, que essa foto vista nos dias de
hoje, pudesse me lembrar o quanto, naquele dia, voltei para casa
sonhando em ter um cavalo só meu.
Que futuro estaria reservado para mim, em relação aos
cavalos?!
Tenho essa foto com muito carinho e saudade do meu
pai. Ela está na minha estante com outras fotos do meu ex-
cavalo, Sagitário. Após cinquenta e cinco anos, finalmente, o
meu sonho se realizou.
Aquele passeio no pônei não foi por acaso...
Hoje, vejo a mão de Deus nessa realização.
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Com meu pai Giglio, eu aos 4 anos de idade, montado
num pônei na Quinta da Boa Vista.
Bairro distante do Centro da Cidade
Quando eu tinha oito anos de idade, morávamos num
bairro longe do Centro da Cidade, onde o meio de transporte
mais rápido era o trem, quando não atrasava.
A locomoção dos vendedores, verdureiros, leiteiros e
tripeiros (que levavam miúdos de boi) era feita por meio de
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carroças com animais, e para não fugir à regra, os cavalos é que
mantinham aquela rotina diária. Era interessante de ouvir seus
“pregões”, cada um com sua forma peculiar de chamar atenção
dos moradores por onde passavam, porque já faziam parte de
nossas vidas, sem dúvida nenhuma, causando até certa amizade
por eles. Principalmente, porque os produtos oferecidos eram
considerados, na época, de boa qualidade, sem as exigências
sanitárias de hoje. Que eu saiba, nunca houve qualquer
complicação de saúde para aquelas pessoas ao consumi-los.
Não sei se ainda existem esses vendedores com carroças pelos
interiores, pelo menos, nas metrópoles não os vemos mais. De
certa forma, fizeram parte da vida de alguns subúrbios da antiga
Central do Brasil. Podemos até dizer que davam um ar de
alegria nas manhãs, com lindas árvores, passarinhos, flores,
jardins, cachorros latindo e pessoas que sorriam ao passar
daqueles inesquecíveis prestadores de serviços, figuras
modestas, que faziam tudo parecer uma sinfonia de bem com a
vida e com Deus!
Passei a perceber os bons tratos que os vendedores davam
aos seus pacatos auxiliares puxadores de carroça. Com alguns o
dono bastava falar e ele, prontamente, começava a andar. Era
comum pedirem água para seus animais e eu era o primeiro a
levar, todo feliz, um vasilhame com água fresquinha. Adorava
vê-los beber, mesmo com dificuldades, por causa daqueles
metais em suas bocas, os freios.
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A minha vontade de ter um cavalo era enorme, porém, por
ser criança, não tinha a menor condição. Eu não deixava por
menos! Usava o cabo da vassoura da minha mãe. Era o meu
cavalinho, onde a cabeça era de piaçava, já esfolada de tanta
varredura. Ali eu amarrava as rédeas, que eram feitas de
barbante. Depois, com varas de bambu, com uma das pontas
dobradas e amarradas com estopas, fazia as macias e longas
crinas brancas, o que dava um toque especial ao meu cavalo.
Coisas de criança!
Felizmente, os meus avós paternos moravam em Marília,
no interior de São Paulo, e a avó materna em Campo Grande,
hoje Mato Grosso do Sul. Todo ano nas férias do meu pai íamos
visitá-los e, por sorte, diversos cavalos estavam ali bem
próximos da casa dos meus avós paternos, que moravam
afastados do centro de Marília.
Os cavalos, geralmente, eram de empregados das fazendas
próximas, que paravam nos armazéns para fazer suas compras.
À medida que chegavam, eu falava para os meus avós, Luiz e
Ancila, pedirem a um dos cavaleiros para eu montar o seu
cavalo. E lá vinha aquela conversa, de que os cavalos são
perigosos para uma criança. Diziam daquela forma, para que eu
mudasse de ideia. Confesso, aí é que me dava vontade de ficar
ainda mais próximo, claro, com toda segurança. E de tanto eu
insistir, lá estava eu no lombo do animal, sobre aquela sela, com
uma manta de pelo de carneiro, que na minha imaginação,
parecia uma bela almofada de sofá. Por incrível que pareça, dei
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um passo sozinho acompanhado apenas pelo dono, um pouco de
longe, tamanha confiança no seu cavalo.
Senti-me um homem de verdade naquela emoção: leve,
livre e bem à vontade!
Fiquei muito impressionado também com a gentileza do
cavaleiro, pois, quando o percebi de botas com aquelas esporas
de rosetas grandes, um pequeno chicote trançado de couro na
mão e o inconfundível chapéu de boiadeiro, barba grande, me
deu má impressão, pois, pensei que o cavalo também fosse mau
encarado e me derrubaria de imediato. Mas, nada disso
aconteceu, muito pelo contrário, embora fosse um peão de
fazenda, mostrou fidalguia dos tempos dos cavaleiros medievais.
Hoje, eu entendo assim.
Fiquei maravilhado com o acontecimento e naquele
instante, sentia que algo me impulsionava, apesar de não
entender. Era diferente de tudo que eu havia vivido, até então,
tamanha a familiaridade que tive com aquele animal.
Aquela emoção se repetiu, bem lá na frente, na minha
vida de adulto. Nada teria sido possível, somente, por minha
vontade, embora tenha me dedicado. Sou pequeno diante de
tantos fatos interessantes ocorridos, certamente, providenciados
pelas mãos misericordiosas de Deus.
Meu pai era militar do exército e servia no palácio Duque
de Caxias, antigo Ministério da Guerra. Era comum que os
familiares fossem assistir ao desfile militar de sete de setembro,
em comemoração ao dia da Independência do Brasil. Ficávamos