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DEERMINANTES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NO SETOR BANCÁRIO Arnaldo de Jesus Guimarães Filho (UFF) [email protected] Eduardo Gomes (UFF) [email protected] Antonio Roberto da Silva (UFF) [email protected] Izabel Cristina Guimarães Serra Sêca (UFF) [email protected] Resumo Este trabalho tem o propósito de divulgar pesquisa efetuada sobre a motivação dos principais Bancos estabelecidos no Brasil em atuar na área de Responsabilidade Social Corporativa. Para tanto, pesquisamos a evolução do movimento pela Responnsabilidade Social Corporativa no Brasil, identificamos a participação específica do setor bancário no movimento de RSC e as justificativas por parte dos bancos para adesão a RSC. Hoje já não basta o compromisso da empresa com ações de responsabilidade social, digamos, extra-muros. É preciso agregar o compromisso com a gestão dos negócios. Práticas corporativas irresponsáveis, ou não éticas têm como conseqüência o agravamento das condições de vida do planeta e toda sua forma de vida e ainda coloca em risco a sustentabilidade da própria empresa. A Responsabilidade Social Corporativa vai, portanto, muito além da doação ou financiamento de projetos sociais. Nesse contexto, um segmento econômico muitas vezes estigmatizado - os bancos - tem se destacado no campo da Responsabilidade Social Corporativa. Estudar este segmento é importante, por seu poder econômico, potencial de investimentos e sua capilaridade e muito especialmente por ser um segmento que pode ser definidor e multiplicador de práticas sociais bem sucedidas. Abstract This work aims at publishing research done on the motivation of the main Banks established in Brazil to act in the Corporative Social Responsibility area. In order to do that we have researched the evolution of Corporative Social Responsibiility in Brazil., we have identified the specific participation of the banking sector in the CSR 31 de Julho a 02 de Agosto de 2008

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DEERMINANTES DA

RESPONSABILIDADE SOCIAL

CORPORATIVA NO SETOR BANCÁRIO

Arnaldo de Jesus Guimarães Filho (UFF)

[email protected]

Eduardo Gomes (UFF)

[email protected]

Antonio Roberto da Silva (UFF)

[email protected]

Izabel Cristina Guimarães Serra Sêca (UFF)

[email protected]

Resumo

Este trabalho tem o propósito de divulgar pesquisa efetuada sobre a

motivação dos principais Bancos estabelecidos no Brasil em atuar na

área de Responsabilidade Social Corporativa. Para tanto, pesquisamos

a evolução do movimento pela Responnsabilidade Social Corporativa

no Brasil, identificamos a participação específica do setor bancário no

movimento de RSC e as justificativas por parte dos bancos para adesão

a RSC. Hoje já não basta o compromisso da empresa com ações de

responsabilidade social, digamos, extra-muros. É preciso agregar o

compromisso com a gestão dos negócios. Práticas corporativas

irresponsáveis, ou não éticas têm como conseqüência o agravamento

das condições de vida do planeta e toda sua forma de vida e ainda

coloca em risco a sustentabilidade da própria empresa. A

Responsabilidade Social Corporativa vai, portanto, muito além da

doação ou financiamento de projetos sociais. Nesse contexto, um

segmento econômico muitas vezes estigmatizado - os bancos - tem se

destacado no campo da Responsabilidade Social Corporativa. Estudar

este segmento é importante, por seu poder econômico, potencial de

investimentos e sua capilaridade e muito especialmente por ser um

segmento que pode ser definidor e multiplicador de práticas sociais

bem sucedidas.

Abstract

This work aims at publishing research done on the motivation of the

main Banks established in Brazil to act in the Corporative Social

Responsibility area. In order to do that we have researched the

evolution of Corporative Social Responsibiility in Brazil., we have

identified the specific participation of the banking sector in the CSR

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movement as well as the reasons why the banks would join in.

Nowadays the company’s commitment to social responsibility actions,

outside its territory is not enough, they need to add the commitment to

business management. Irresponsible and unethical corporative

practices will cause the living conditions of the planet and all its forms

of live to get worse and will jeopardize the company’s sustainability.

This way, the CSR goes way beyond donations or social projects

funding. In that context, the economic segment (banks), which is many

times stigmatized, has stood out in the CSR area. It’s important to study

this segment, due to its economic power, investment potential and its

capillarity, and especially since it can define and multiply well

succeeded social practices.

Palavras-chaves: Responsabilidade Social Corporativa;

Determinantes; Bancos

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, desde os anos 80, os enormes problemas sociais e ambientais têm feito com

que grande parte da sociedade se mobilize em torno de movimentos de denúncia e cobrança

por iniciativas que apontem estratégias eficazes e sustentáveis para a melhoria da qualidade de

vida da população e do desenvolvimento do país.

Seguindo uma tendência disseminada, o Estado convoca a sociedade e a iniciativa

privada para participar de maneira mais direta na solução de problemas e no encaminhamento

de diretrizes para desenvolvimento nacional – social e econômico. Já se sabe que não é

possível manter ilhas de riqueza em mares de pobreza. E isso não é só uma questão ética, mas

de sobrevivência do sistema e de garantia de rentabilidade das empresas privadas e

instituições públicas.

Pesquisa do Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA, 2004), analisando o envolvimento

de empresas com práticas sociais no período de 1999-2004, mostra que a maior parte do setor

privado brasileiro está envolvida de alguma forma com a área social: 69% das empresas do

País desenvolvem ações em benefício da comunidade. São cerca de 600 mil empresas que dão

sua contribuição. O investimento realizado atingiu R$ 4,7 bilhões em 2004 - valor que

corresponde a 0,27% do PIB do País. Em 2000 essa relação era de 0,43% . Houve uma

redução na relação PIB X Investimento Total, não obstante, a participação empresarial na área

social aumentou em 10 pontos percentuais.

Tabela 1 - Investimento Social Privado, por Região: Montante de

recursos investidos* e comparação com o PIB, 2000 e 2004

Fonte: Pesquisa Ação Social das Empresas no Brasil - IPEA/DISOC (2006)

Nota: * Em valores constantes de 2004. Deflacionado pelo INPC médio anual

2000 2004

Sudeste 3,3 bilhões 0,66 0,34

Nordeste 537 milhões 0,20 0,22

Sul 562,7 milhões 0,19 0,19

Centro-Oeste 240,8 milhões 0,16 0,18

Norte 93,8 milhões 0,10 0,11

Brasil 4,7 bilhões 0,43 0,27

Recursos Investidos, em 2004

(em R$)

Recursos Investidos em Relação

ao PIB (%)

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Atualmente, contudo, já não basta o compromisso da empresa com ações de

responsabilidade social, “extra-muros”. É preciso agregar o compromisso com a gestão dos

negócios. Práticas corporativas irresponsáveis, ou não éticas têm como conseqüência o

agravamento das condições de vida do planeta e toda sua forma de vida. Quanto já se gastou

buscando combater o trabalho infantil e escravo, a poluição de rios, o desmatamento de

floresta? Quanto recurso foi destinado a corrupção e quanto imposto foi sonegado? A

Responsabilidade Social Corporativa vai, portanto, muito além da doação ou financiamento

de projetos sociais.

Nesse contexto, um segmento econômico muitas vezes estigmatizado – os bancos –

tem se destacado no campo da Responsabilidade Social Corporativa(RSC). O Instituto Ethos

de Empresas e Responsabilidade Social (referência internacional em RSC) tem entre seus

associados o Banco do Brasil, o Bradesco, a Caixa Econômica Federal e o Banco Itaú (que

figuram entre os maiores patrimônios do setor no Brasil), ABN Amro Real, HSBC, Santander

Banespa, Banco Safra, entre outros.

Os bancos atuam basicamente como captadores de recursos, com o objetivo de que

sejam repassados aos tomadores de crédito. Acolhem depósitos de grande parcela das

disponibilidades das empresas e das famílias. Estão presentes em quase todas as cidades

brasileiras, num movimento crescente que envolve como clientela, mesmo os segmentos de

mais baixa renda da população. Atualmente os benefícios sociais do Governo Federal já são

todos pagos por meio de cartões eletrônicos: Bolsa Família, Benefício de Prestação

Continuada e Bolsa Auxílio para jovens menores de 18 anos.

Por essa capilaridade e por seu poder econômico, o setor bancário pode ser um forte

indutor da disseminação da prática da responsabilidade social no Brasil, tanto pelo exemplo,

como pela influência que pode exercer junto a seus clientes e em suas relações negociais.

Propusemos-nos aqui a pesquisar os fatores que determinam a adoção por parte dos

bancos selecionados de práticas de Responsabilidade Social e como expressam esse

comprometimento.

2. OBJETIVOS

O objetivo desse trabalho é identificar os fatores que determinam a adesão dos bancos

à responsabilidade social e como expressam esse comprometimento. Para cumprir esse

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objetivo foi necessário pesquisar e compreender melhor questões como a evolução das

práticas de responsabilidade social corporativa, e como o setor bancário se inseriu nesse

movimento.

3. METODOLOGIA

Muitos caminhos podem ser trilhados para construir-se uma pesquisa. Mas deve ser

precisamente especificado o que se deseja encontrrar e determinada uma maneira de fazê-lo,

ou seja, deve ser feito o desenho do mapa da pesquisa. Nesta pesquisa procurou-se a

utilização do método indutivo, passando da instância particular para princípios gerais, dos

fatos e dados para a teoria.

Para GIL (2006), no método indutivo, parte-se da observação de fatos ou fenômenos

cujas causas se desejam conhecer. A seguir, procura-se compará-los, com a finalidade de

descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na

relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Este método é importante na constituição das

ciências sociais.

Nesta pesquisa foram efetuadas adaptações no modelo proposto, visto que não houve

hipóteses de pesquisas e testes a realizar. Partimos inicialmente de algumas premissas que nos

guiaram na busca da compreensão da institucionalização da Responsabilidade Social

Corporativa.

Buscou-se contextualizar a Responsabilidade Social Corporativa no Brasil, indicando

suas principais características e atores e identificar, nesse cenário, como se colocam os

bancos.

Foram definidas como amostras da pesquisa oito instituições financeiras de grande

porte estabelecidas no Brasil. Considerados alguns preceitos, tais como: Os maiores por

patrimônio líquido, buscando representatividade dos estabelecimentos em relação ao

segmento definido como objetivo de estudo da pesquisa, quantidade de agências, buscando as

instituições com maior capilaridade geográfica, por conseguinte, os com maior poder de

disseminação da prática eficaz da Responsabilidade Social.

A coleta de dados para a elaboração deste artigo foi feita por meio da Internet, nos

websites das organizações bancárias e suas fundações e institutos, identificadas como objeto

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do trabalho, por meio de pesquisa na mídia, de confecção e de envio de questionários às

organizações e entrevistas pessoais e por telefone com seus representantes.

O questionário contém cinco questões:

Qual a motivação que levou a instituição a adotar a Responsabilidade Social?

Quais os atributos prioritários para a instituição?

O que leva a empresa a realizar ações sociais ou culturais em benefício da

comunidade?

A instituição teve dificuldades internas e externas na implantação das ações

sociais, culturais e ambientais?

Quais os resultados alcançados?

A instituição foi solicitada a responder a cada item proposto em cada questão

circulando o número apropriado numa escala progressiva do questionário, em que o número 1

significa que a instituição discorda plenamente da questão, e o número 7 significa que a

instituição concorda plenamente com a assertiva.

4. Bancos Identificados

Foram escolhidas como objeto de estudo 08 organizações bancárias que estão entre as

que têm maior patrimônio, segundo dados publicados pelo Banco Central do Brasil em 31 de

dezembro de 2005. Estas organizações representavam 48,23 % do total do sistema financeiro

nacional medido pelo Patrimônio Líquido Ajustado

Tabela 2 – Bancos Pesquisados

Fonte: Banco Central do Brasil

ABN AMRO Real Mútiplo 9,218

Caixa Econômica Federal Comercial 7,952

HSBC Mútiplo 3,467

Bank Boston Mútiplo 2,124

Total da Amostra 86,064.

Total do Sistema Financeiro 178,453

% Participação da

Amostra48.23

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5. Responsabilidade Social Corporativa

Nas últimas décadas, emergiu e se consolidou um campo de críticas e denúncias do

impacto da atividade humana e desenvolvimento econômico sobre os recursos naturais e

sobre a sociedade.

Em 1983 a Organização das Nações Unidas – ONU, criou a Comissão Mundial sobre

meio Ambiente e Desenvolvimento que definiu o desenvolvimento sustentável como aquele

capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender as

necessidades das futuras gerações. Desenvolvimento sustentável implica qualidade além, ou

em vez de quantidade. Em 1992, realizava-se no Brasil, Rio de Janeiro, a Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-92, que propaga a importância

da consciência ecológica.

Em setembro de 2000, a ONU promoveu o maior encontro de dirigentes mundiais já

realizado, reunindo 147 chefes de Estado e de governo, na Cúpula do Milênio. Foi aprovada,

então, a Declaração do Milênio das nações Unidas, que propõe, nada menos, que superar a

distribuição profundamente desigual dos benefícios e dos custos da globalização.

Nesse contexto, se apresenta um campo de críticas específicas à conduta empresarial,

que coincidem com o desenvolvimento do capitalismo e com a ampliação das distâncias

sociais. Põe-se em questão a conduta do empresariado, que representa não só a classe

dominante, mas principalmente o capital financeiro.

A partir da década de 80, com a crise internacional, a derrocada dos regimes

socialistas do leste europeu, ressurgem as políticas neoliberais, com o capitalismo

expandindo-se para todo o mundo. O fim da Guerra Fria e a onda de novas tecnologias, que

traz uma verdadeira revolução no mundo da informação, implicam num processo de

aceleração da globalização e a financeirização da economia. Para o segmento econômico que

nos interessa aqui, esse processo de financeirização da economia, e o rápido fluxo de capitais

por meio de tecnologias de informação, são fatores de crescimento do poder econômico e

social das organizações bancárias.

Em contrapartida, os problemas sociais, as desigualdades, a concentração de poder e

renda, e as questões ambientais aumentam em todo o mundo.

Na América Latina, com os processos de queda das ditaduras militares e a re-

democratização, ressurgem os movimentos sociais e os fóruns de luta contra a exclusão, por

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direitos humanos e sociais, por cidadania. Por outro lado, muitos países vão sofrer os efeitos

da inflação, da crise econômica, do peso das dívidas externa e interna. O Estado se ajusta às

condições da economia globalizada, e cada vez apresenta menores condições de responder às

demandas sociais. É flagrante a incapacidade das políticas de assistência social – protetoras e

promotoras – de atender e combater a pobreza, deixando expostas as mazelas da chamada

exclusão.

No cenário político, destacam-se novos atores: as organizações não governamentais

ONGs, as agências internacionais, e o próprio empresariado.

FALCONER (2001), lembra que “um importante componente do terceiro setor

brasileiro, as entidades que se identificam como organizações não governamentais, foram as

primeiras a se organizar coletivamente e a apresentar sua identidade e seus valores comuns à

sociedade, baseadas na negação do assistencialismo e promoção de defesa de direitos”.

É a partir da década de 90 que se amplia significativamente o Terceiro Setor,

constituído por organizações que atuam na esfera social, ONGs, Fundações Empresariais e

Institutos, Organismos Internacionais de Cooperação, organizações locais populares e

associações de moradores. Todos esses atores, influenciando a opinião pública e ocupando

espaço na imprensa e nos grandes debates nacionais, denunciam as diferentes faces da

pobreza no Brasil, a urgência do combate à desigualdade e da implantação de políticas e ações

de promoção social. Qual o papel do empresariado brasileiro nesse esforço nacional de

superação da pobreza?

O empresariado vai se agregar ao Terceiro Setor, constituindo-se em mais um

interlocutor e ator no cenário de definição de estratégias de combate à pobreza.

Responsabilidade Social Corporativa surge, entre outros motivos, como uma resposta do

empresariado às demandas desses movimentos de crítica a deterioração da situação social e as

condições de desigualdade, e principalmente da inoperância do Estado na resolução dos

problemas.

CAPPELIN e GIULIANI (2002,p.115) vêem a responsabilidade social das empresas

como uma mudança de paradigma de seu processo de gerar lucros em busca da plena

realização:

“Na busca de eficiência e excelência empresarial, parece não ser mais satisfatório a

tradicional alquimia do cálculo custo-benefício com o aumento da produtividade e a

ampliação das vendas o mercado”. Os critérios de avaliação do sucesso começam a

incorporar dimensões que vão além da organização econômica e que dizem respeito á

vida social, cultural e à preservação ambiental. Pode-se dizer que a eficiência não é só

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“fazer as coisas bem”, segundo as regras de mercado, mas é “fazer as coisas boas,

segundo princípios éticos.”

GARCIA (2004,p.16), explicita as condições em que o empresariado é convocado a

participar, no caso brasileiro:

“ Em um cenário de crise de motivação para a vida pública, marcada por uma baixa

credibilidade em relação às instituições sociais, o empresário aparece como o ator

qualificado a instituir a lógica de eficiência e do jeito novo de “fazer o bem”.

Para MAIMON (2006,p.1) a responsabilidade social corporativa “compreende um

grande número de ações e atitudes voluntárias e de mudança de postura em relação ao papel e

função social das empresas que transcendem os requisitos legais e regulatórios”. As empresas

começam a assumir verdadeiramente um compromisso de disseminar valores éticos de

consciência social e ambiental.

É evidente que o objetivo prioritário da empresa é a obtenção de lucros. Isso, no

entanto, não pode mais excluir a incorporação de objetivos sociais e ambientais, o que integra

a responsabilidade social no núcleo da estratégia de gestão empresarial – nos investimentos,

nas operações, na política de pessoal. Como afirma MAIMON (2006, p.2)

“As trocas transcendem os aspectos estritamente econômicos e incluem relações de confiança,

idéias e normas éticas. Os denominados ativos intangíveis, isto é, o conjunto de recursos não

materiais, como o conhecimento e a reputação, passam a adquirir uma importância estratégica nos

negócios. Para a empresa, ter sua reputação maculada pode significar um prejuízo em termos de

sabotagem dos clientes, maior controle dos órgãos fiscalizadores, exclusão de fundos sociais, entre

outros.”

Organizações privadas autônomas vão assumir parte da competência estatal de atender

as demandas sociais da população. Principalmente em países em desenvolvimento, as

organizações privadas assumem não só uma postura mais ética e mais responsável em relação

aos seus empregados, à transparência de suas atividades e preocupação com o meio ambiente,

financiam e executam ações e projetos sociais. A Responsabilidade Social Corporativa é,

antes de mais nada, a extensão do papel empresarial para além de seus objetivos econômicos.

Há autores que consideram esse movimento uma atuação mais ética e comprometida

com a sustentabilidade, como uma ação voluntária, uma iniciativa espontânea das

organizações para a construção de uma sociedade mais justa e um meio ambiente saudável.

No entanto, na identificação das causas desse movimento de incorporação da

Responsabilidade Social Corporativa como uma prática de muitas empresas é preciso apontar

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que essa ampliação da função social do empresariado responde à própria dinâmica do sistema

capitalista, que precisa renovar-se continuamente para perpetuar-se.

Esse movimento empresarial de entrada no universo da ação social é visto também

como fundamental para a sustentabilidade de muitas organizações não governamentais.

Segundo GARCIA (2004,p.21),

A participação empresarial possibilita fomentos em um expressivo número de organizações

com capital e recursos administrativos escassos, além de projetar a visibilidade desse setor de

forma muito mais expressiva que qualquer outro grupo nele representado. As premiações de

iniciativas não-governamentais patrocinadas por empresas são exemplos fortes dessa estratégia

de propaganda.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), no início da

década de 90, com sua mobilização nacional em torno principalmente do combate à fome, e

mais tarde, em 1997, com a campanha pelo Balanço Social, começa a disseminar a

Responsabilidade Social Corporativa. Logo depois, na esteira desse movimento nasce o

Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, representante do próprio

empresariado, que entra no movimento pela RSC.

A Responsabilidade Social Corporativa se institui no mercado como um diferencial na

imagem da empresa e tem valor estratégico para a organização. Caberá a empresa definir seu

nicho de prática social. Os valores corporativos expressos em suas ações, campanhas e

financiamentos distinguem a organização no mercado e atraem consumidores e investidores

que se identificam com a empresa.

Todas estas mudanças, no Brasil, podem ser melhor entendidas lembrando-se que:

Historicamente a Assistência Social brasileira compreendia ações paternalistas e clientelistas

do poder público, favores concedidos aos usuários, o que pressupunha que o atendimento era a

um favorecido, e não a um cidadão usuário de um serviço ao qual tinha direito. A Assistência

confundia-se com a ajuda aos pobres e necessitados, é mais uma prática que uma política. A

partir de 1988, a Assistência passou a ser uma política pública que compreende um conjunto

integrado de ações e iniciativas dos poderes públicos e da sociedade. (ZANIRATO, 2001 p50)

No entanto, cabe ressaltar que mesmo em países onde as pesquisas sobre a relação

entre desempenho social e desempenho financeiro são mais sistemáticas não existem dados

conclusivos, que demonstrem que a responsabilidade social contribui para a rentabilidade da

organização. .

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6. Breve História e Números dos Bancos no Brasil

Na Europa, a atividade bancária se expande a partir do Renascimento mercantil, com a

expansão da economia de mercado. Multiplicam-se os cambistas que terminam por criar uma

estrutura creditícia para atender às necessidades do comércio e dos negócios.

A história dos bancos no Brasil é também a história do crédito, com as suas fases de

prosperidade e depressão, nela se refletindo nitidamente a evolução econômica do país. Essa

trajetória foi marcada, nas últimas décadas pelos inúmeros planos econômicos e inflação.

O Plano Real, de 1994, foi certamente um marco para o sistema bancário, e provocou

impactos profundos na estrutura e funcionamento dos bancos no Brasil, que tiveram que rever

suas estratégias de atuação para se ajustarem ao fim das receitas inflacionárias. Readaptaram

suas estruturas administrativas, reduziram custos e procuraram novas fontes de receita. Muitos

bancos quebraram antes de conseguir adaptarem-se ao novo contexto. Bancos tradicionais,

como o Econômico, Nacional e o Bamerindus sofreram intervenções e depois foram

comprados por outros bancos, nacionais ou estrangeiros. Isso definiu uma maior

concentração do sistema.

No Brasil, a rede bancária se distribui de maneira bastante desigual no espaço

geográfico. Cerca da metade do PIB do setor tem origem no estado de São Paulo; 12 a 14%

no Distrito Federal; cerca de 10% no Rio de Janeiro. Há vinte anos, o Rio de Janeiro

respondia 17,5% e São Paulo por 41,5%.

Cinco (5) dos Bancos privados objetos da pesquisa, excluindo-se, portanto, os bancos

estatais e caixa econômica federal, possuíam em Agosto de 2006, 8.030 agências,

representando 45% do total geral das agências no país, demonstrando sua capilaridade e

representatividade na amostra. Em 2001 esse percentual representava aproximadamente 39%,

o que indica a concentração do número de agências nos maiores bancos.

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Tabela 3 - Bancos Privados com Maiores Redes de Agências no País

Fonte: Banco Central do Brasil SITE www.bcb.gov.br acessado em 20.10.2006

Os 50 maiores bancos, no ranking estabelecido pelo Banco Central (2005) em

dezembro de 2005, tiveram lucros na ordem de R$ 15,2 bilhões e um patrimônio líquido de

aproximadamente R$ 126,2 bilhões, o que equivale a aproximadamente 6,6% do PIB no

mesmo período. A maior parte destes totais está concentrada nos dez maiores babncos.

7. Responsabilidade Social no Setor Bancário

Tem-se notado, de alguns anos para cá, uma crescente consciência de que a empresa

pode e deve assumir, dentro da sociedade, um papel mais amplo, transcendente ao de sua

vocação básica de geração de riqueza.

O papel da iniciativa privada na construção do Brasil do milênio que se inicia é um

novo e grande desafio para a comunidade empresarial. Trata-se de uma inovadora relação

com a sociedade e com o mundo dos negócios, que possibilita o enfrentamento das

adversidades sociais. Consiste no investimento de recursos tecnológicos, financeiros e

humanos na formação da chamada cidadania empresarial (...). A empresa privada é co-

responsável, com a administração pública, pelos problemas que atingem a comunidade.

Empresas cidadãs e socialmente responsáveis, os bancos vêm contribuindo para a melhoria da

qualidade de vida e para a construção de uma sociedade mais justa (FEBRABAN, 1999)

Destacamos que a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), publica desde 1993

- portanto antes mesmo da criação do Instituto Ethos -, um relatório anual que apresenta a

participação e o envolvimento do setor bancário no atendimento às demandas da sociedade.

BANCO

2001

(Dez)

2002

(Dez)

2003

(Dez)

2004

(Dez)

2005

(Dez)

Ranking

2005

2006

(Ago)

Bradesco 2,406 2,508 2,832 3,003 2,921 2 2,996

Itaú 1,504 1,670 1,708 2,190 2,300 3 2,345

HSBC 989 943 925 923 931 5 933

Unibanco 904 896 903 914 913 6 932

Abn Amro Real 756 793 788 779 776 7 824

Sub Total 6,559 6,810 7,156 7,809 7,841 8,030

Demais Bancos 10,282 10,239 9,673 9,451 9,786 9,834

TOTAL GERAL 16,841 17,049 16,829 17,260 17,627 17,864

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IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras

Niteroi, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008

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8. Análise Comparativa dos Dados Obtidos

Com base nas pesquisas realizadas com os bancos Itaú, Unibanco, Banco do Brasil,

Bradesco, Bank Boston, HSBC e ABN/Real levando-se em conta quais os determinantes os

motivaram para implantação da Responsabilidade Social para constarmos perguntamos: Qual

a motivação que levou a instituição a adotar a Responsabilidade Social Corporativa, Quais os

atributos prioritários, O que leva a realizar as ações sociais, Quais as dificuldades internas e

externas para implantação das ações sociais, culturais e ambientais e por fim Quais os

resultados alcançados.

No item o que motivou a instituição a adotar a responsabilidade social os quesitos com

média acima de 6 são para Manter a continuidade nos investimentos sociais, Ética com os

empregados e nos relacionamentos comerciais. As respostas com média entre 5 e 3 foram

Competitividade de Mercado, Inserção em Índices de Sustentabilidade, Manutenção de

Parcerias, Ganhos de Imagem ou Produtividade, Pressão Social e Utilização de Incentivos

Fiscais. Já as abaixo de 2 são Contratos com o Estado, Descrédito do Estado e Pressão dos

Acionistas.

Podemos então afirmar que o que mais pesou na decisão foi mais a Ética, os índices de

sustentabilidade do que por pressão dos acionistas ou a social.

Já no atributo prioritário para a aplicação da Responsabilidade Social existe

unanimidade com média 7 no item Ética em relação ao segmento, os demais itens se mantêm

em torno de 6 a 7 de média e o mais assustador é que o item Defesa do Meio ambiente tem a

menor importância com média 5.

Na pergunta o que leva a empresa a realizar ações sociais ou culturais em beneficio da

comunidade os item que obtiveram a média em torno de 1 são os motivos religiosos e os

pedidos de políticos, em torno de 5 são os de cunho humanitário e entre 6 e 7 o maior foi o de

colaborar na redução de problemas sociais, isso demonstra que o conceito de responsabilidade

já esta quase totalmente entranhado nas instituições. Vale ressaltar nesse item que o HSBC

leva muito em conta o Desenvolvimento Local e a Inclusão Social.

Considerando as respostas com maior freqüência (moda), sobre os determinantes da

implantação da Responsabilidade Social na instituição, constatou-se que aproximadamente

70%, também definiram Ética com empregados e com relacionamentos comerciais como

motivação principal. A manutenção de parcerias e continuidade nos investimentos sociais,

também foram confirmadas como determinantes ao considerarmos as respostas de maior

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Niteroi, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008

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freqëncia. Da mesma forma, a pressão social de acionistas,diretores e descrédito no Estado,

foram ratificados como de menor importância, o que comprova que nossa sociedade, de

alguma forma, ainda não está cobrando de seus empresários, atitudes que gerem retorno direto

à sociedade em atividades sociais.

Sobre os resultados alcançados, considerando as respostas com maior freqüência,

detectou-se que houve contribuição para os objetivos estratégicos da instituição, melhora na

relação com a comunidade e compromisso do empregado com a instituição. Por outro lado, a

adoção de RS não influenciou o desempenho financeiro e as ações sociais não têm

influenciado na melhoria da imagem na instituição.

Com relação as dificuldade de implantação a maior dificuldade apontada foi na

mensuração dos resultados e a menor foram às baixas qualidades dos projetos sociais e o

trabalho em equipe de profissionais e voluntários. Fica claro então, que apesar dos diversos

problemas sociais do Brasil ainda não conseguimos profissionais capacitados para, pelo

menos, tentar mapear esses problemas e planejar ações que possam minorá-los ou ainda

melhorá-los ou extingui-los.

Nos resultados alcançados existe uma contradição com as respostas anteriores, pois as

respostas ficam na média de 6 a 4 sendo que a maior média obtida é a que revela que houve

uma melhora na relação com a comunidade e com os empregados e as abaixo de 4 foram os

itens sobre a influência das ações sociais na imagem da instituição e o desempenho financeiro.

As instituições de maneira geral afirmam que não levaram em conta a melhoria do

relacionamento com a comunidade agora dizem que obtiveram essa melhoria, então pode se

dizer que isto pesa e pesou na hora da decisão.

Abaixo os gráficos que espelham e resumem as questionários respondido pelos

bancos.

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Qual a Motivação?

0 1 2 3 4 5 6 7

Competitividade do mercado

Contratos com o Estado

Descrédito do Estado

Ética com seus empregados

Ética com fornecedores

Fiscalização pelo consumidor

Ganhos de imagem ou produtividade

Incentivos Fiscais

Inserção em índices de sustentabilidade

Continuidade nos investimentos sociais

Manutenção de parcerias

Pressão dos acionistas e diretores

Pressão Social

Qual o atributo?

0 1 2 3 4 5 6 7

Defesa do Meio Ambiente

Valorização dos Funcionários

Postura ética em relação ao Cliente

Pagamento de impostos

Postura ética com Fornecedor

Apoio e investimentos Projetos Sociais

Ética em relação ao segmento

Qual a Motivação

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O que leva a instituição?

0 1 2 3 4 5 6 7

Humanitários

Religiosos

Redução de problemas

sociais

Atender a comunidade local

Pedidos de amigos e

políticos

Políticas públicas

Dificuldades Internas e Externas

0 1 2 3 4 5 6 7

Identif icação e manutenção de parcerias

Seleção de projetos sociais

Projetos nas áreas de interesse da instituição

Formação de rede de trabalhos

Trabalho em equipe de profissionais e voluntários

Baixa qualidade dos projetos sociais disponíveis

Continuidade dos projetos

Mensuração dos resultados

Sustentabilidade dos projetos

O que leva a instituição a realizar ações sociais

Dificuldades Internas e Externas

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Resultados Alcançados

0 1 2 3 4 5 6 7

Houve cont r ibuição para os objet ivos est rat égicos

Houve melhoria na mot ivação e na produt ividade

Houve melhoria da imagem inst it ucional?

Melhoria do compromisso do empregado?

Houve melhoria da relação da empresa com a comunidade?

Melhoria nas condições de vida dos empregados?

Há ref lexos na sat isf ação do dono ou principal execut ivo?

Inf luenciou o desempenho f inanceiro da inst it uição?

O desempenho f inanceiro inf luencia as ações de RSE?

Ações sociais inf luenciado na imagem da inst it uição?

9. Conclusões

A adoção da Responsabilidade Social Corporativa pelo setor bancário é um fenômeno em

expansão e sedimentação. O próprio desenvolvimento do capitalismo e as contradições inerentes

ao sistema requerem do empresariado uma nova postura em relação à sociedade e ao meio

ambiente. Incorporar as demandas sociais principalmente nos países em desenvolvimento, onde

as condições de vida dos segmentos mais pobres da população constituem uma denúncia da

desigualdade social, passa a ser minimamente uma resposta ética e necessária do empresariado.

Principalmente o setor dos intermediários financeiros, por ser historicamente associado à

especulação, a uma atividade não produtiva, precisa dar respostas concretas e eficazes às

demandas que, no Brasil, começam a ganhar consistência política a partir do processo de

abertura, e se firmando na década de 90.

Hoje, o empresariado brasileiro, e no caso em estudo, o setor bancário, incorpora

discursos e práticas do Terceiro Setor, utilizando a justificativa do bem comum para a adoção de

Resultados Alcançados

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práticas sociais. Por sua capilaridade, o setor bancário deve ser hoje, um multiplicador de

práticas bem sucedidas. Já existem ações de responsabilidade social a partir da união de diversas

instituições financeiras, como o Programa Aliança Social pela Educação, que criou, em 2000, o

Programa Banco Escola. A Aliança é formada pelo ABN Amro Bank, Citibank, Fundação Banco

do Brasil, JP Morgan e Santander Banespa.

No entanto, consideramos importante ressaltar aqui uma linha investigativa que merece

ser visitada, qual seria a transformação da Responsabilidade Social em um negócio rentável, que

vai muito além do posicionamento da marca. Bancos como o Bradesco, HSBC e principalmente o

ABN Amro Real, têm desenvolvido estratégias de incorporação da RSC na própria essência da

atividade bancária, criando produtos inerentes à sua atividade e que, no entanto, ficam arrolados

como práticas de Responsabilidade Social.

10. Referências

ASHLEY, Patrícia (coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. 2a ed. São

Paulo:Saraiva, 2005.

CAPPELLIN, Paola; GIULIANI, Gian Mário; MOREL, Regina; PESSANHA, Elina. As

organizações empresariais brasileiras e a responsabilidade social. In Kirschner, Gomes

eCappellin (orgs.). Empresa, empresários e globalização. Rio de Janeiro: Relume Dumará:

FAPERJ, 2002.

CASTRO, Eduardo Carvalho de. A CPI do sistema financeiro e as reformas institucionais.

In:

CRUVINEL, Elvira. Dinâmica de Institucionalização de Práticas Sociais: Estudo da

Responsabilidade Social no Campo das Organizações Bancárias. Tese apresentada ao Centro

de Formação Acadêmica e de Pesquisa da Ebape.

DOW JONES SUSTENTABILITY INDEXES. Dow Jones Sustentability Indexes.

Disponível em: <http://www.sustainability-indexes.com/>. Acesso em: 14 jun.2005.

ESTRELA ALFA EDITORA. História das instituições financeiras e sua contribuição ao

progresso econômico dos povos.São Paulo: Estrela Alfa Editora, 1972.

(FEBRABAN, 1999), citado por Elvira Cruvinel Ventura, em Tese apresentada ao Centro de

Formação Acadêmica e de Pesquisa da Ebape, Dinâmica de Institucionalização de Práticas

Sociais: Estudo da Responsabilidade Social no Campo das Organizações Bancárias).

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FALCONER,A.P. e VILELA, R. Recursos privados para Fins Públicos. As Grandmakers

Brasileiras, Gife, São Paulo: Peirópolis, 2001

GARCIA,J. O Negócio Social, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2004

GLOBALCOMPACT,The.Os dez princípios universais do Pacto Global. Disponível em:

<http://www.pactoglobal.org.br/pg_principio.php>. Acesso em: 01 fev.2005.

GLOBAL REPORTING INITIATIVE. GRI. GRI 2002 Diretrizes para Relatórios de

Sustentatibilidade. Disponível em:<http://www.globalreporting.org/>.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS (IBASE).

Balanço social:transformando a frieza dos números em responsabilidade social. Disponível

em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>.

LANDIM, Leilah. Para além do mercado e do Estado? Filantropia e cidadania no Brasil.

Série Textos de Pesquisa. Rio de Janeiro: ISER, 1993.

MAIMON, Dália, Determinantes de Responsabilidade Socioambiental das Empresas

Brasileiras,CADMA, Rio de Janeiro, 2006

ZANIRATO, s.m. Estado e Políticas Públicas: a questão social no Brasil. In: ZANIRATO,

S.M.; MARANHÃO, T.G. Capacitação de Conslheiros da Assistência Social. Maringá: IPU,

2001.

Websites

www.ipwa.gov.br, acesso em 12.10.2006

www.bbc.co.uk,acesso em 11.10.2006

www.fundacaobradesco.org.br, acesso em 10.10.2006

www.itaucultural.org.br, acesso em 10.10.2006

www.fundacaoitausocial.org.br, acesso em 08.10.2006

www.institutounibanco.org.br, acesso em 10.10.2006

www.bancoreal.com.br acesso em 12.10.2006

www.hsbc.com.br,acesso em 09.10.2006

www.febraban.com.br,acesso em 20.10.2006

www.bcb.gov.br, acesso em 19.10.2006

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ANEXO I Formulário para levantamento dos dados da pesquisa sob o tema: “Determinantes da Responsabilidade Social Corporativa no Setor Bancário”

Nome do Banco

Responsável pela coordenação do preenchimento

Nome:

Cargo e Área:

Telefone para contato

Instruções para preenchimento

Responda cada item circulando o número apropriado na escala progressiva do questionário, em que:

♦ o número 1 significa que você discorda plenamente da questão;

♦ o número 7 significa que você concorda plenamente com ela em relação à sua instituição;

Responda todas as questões de forma consciente, responsável e criteriosa, independentemente do

tempo consumido para a execução dessa tarefa.

Em caso de dúvida, favor contatar Sr. Antonio, telefone 21 21 3212 2768 e-mail [email protected]

Questionário:

1) Qual a motivação que levou a instituição a adotar a Responsabilidade Social Corporativa?

1) Competitividade do mercado 1 2 3 4 5 6 7

2) Contratos com o Estado 1 2 3 4 5 6 7

3) Descrédito do Estado 1 2 3 4 5 6 7

4) Ética com seus empregados 1 2 3 4 5 6 7

5) Ética nos seus relacionamentos comerciais 1 2 3 4 5 6 7

6) Fiscalização pelo consumidor 1 2 3 4 5 6 7

7) Ganhos de imagem ou produtividade 1 2 3 4 5 6 7

8) Utilização dos recursos dos incentivos fiscais previstos em Lei 1 2 3 4 5 6 7

9) Inserção em índices de sustentabilidade 1 2 3 4 5 6 7

10) Manter a continuidade nos investimentos sociais 1 2 3 4 5 6 7

11) Manutenção de parcerias 1 2 3 4 5 6 7

12) Pressão dos acionistas e diretores 1 2 3 4 5 6 7

13) Pressão Social 1 2 3 4 5 6 7

14) Outras (descrever abaixo)

1 2 3 4 5 6 7

2) Qual desses atributos é prioritário para a instituição?

1) Defesa do Meio Ambiente 1 2 3 4 5 6 7

2) Valorização dos Funcionários 1 2 3 4 5 6 7

3) Postura ética em relação ao Cliente 1 2 3 4 5 6 7

4) Pagamento de impostos 1 2 3 4 5 6 7

5) Postura ética em relação a Fornecedor 1 2 3 4 5 6 7

6) Apoio e investimentos em Projetos Sociais 1 2 3 4 5 6 7

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7) Ética em relação ao seu segmento 1 2 3 4 5 6 7

8) Outras (descrever nas linhas abaixo)

1 2 3 4 5 6 7

3) O que leva a empresa a realizar ações sociais ou culturais em benefício da comunidade?

1) Humanitários 1 2 3 4 5 6 7

2) Religiosos 1 2 3 4 5 6 7

3) Colaborar na redução de problemas sociais 1 2 3 4 5 6 7

4) Atender a comunidade local 1 2 3 4 5 6 7

5) Pedidos de amigos e políticos 1 2 3 4 5 6 7

6) Colaborar com as políticas públicas 1 2 3 4 5 6 7

7) Outras (descrever abaixo)

1 2 3 4 5 6 7

4) A Instituição teve dificuldades internas e externas na implantação das ações sociais, culturais e ambientais. 1) Identificação e manutenção de parcerias 1 2 3 4 5 6 7

2) Seleção de projetos sociais 1 2 3 4 5 6 7

3) Identificação de projetos nas áreas de interesse da instituição 1 2 3 4 5 6 7

4) Formação de rede de trabalhos 1 2 3 4 5 6 7

5) Trabalho em equipe de profissionais e voluntários 1 2 3 4 5 6 7

6) Baixa qualidade dos projetos sociais disponíveis 1 2 3 4 5 6 7

7) Continuidade dos projetos 1 2 3 4 5 6 7

8) Mensuração dos resultados 1 2 3 4 5 6 7

9) Sustentabilidade dos projetos 1 2 3 4 5 6 7

10) Outras (descrever abaixo)

1 2 3 4 5 6 7

5) Resultados alcançados

1) Houve contribuição para os objetivos estratégicos 1 2 3 4 5 6 7

2) Houve melhoria na motivação e na produtividade 1 2 3 4 5 6 7

3) Houve melhoria da imagem institucional? 1 2 3 4 5 6 7

4) Houve melhoria do compromisso do empregado com a instituição? 1 2 3 4 5 6 7

5) Houve melhoria da relação da empresa com a comunidade? 1 2 3 4 5 6 7

6) Houve melhoria nas condições de vida dos empregados? 1 2 3 4 5 6 7

7) Há reflexos na satisfação do dono ou principal executivo? 1 2 3 4 5 6 7

8) A adoção da Responsabilidade Social influenciou o desempenho financeiro da

instituição

1 2 3 4 5 6 7

9) O desempenho financeiro influencia as ações de Responsabilidade Social da

instituição?

1 2 3 4 5 6 7

10) As ações sociais têm influenciado na melhoria da imagem da instituição 1 2 3 4 5 6 7

11) Outras (descrever abaixo)

1 2 3 4 5 6 7

Obrigado por responder nossa pesquisa, posteriormente V.Sas. receberão a conclusão e o mapeamento comparativo do setor.