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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR CONSELHEIRO DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ - RELATOR SR. JOSÉ MARCELO FEITOSA RELAt;;;, 'I . ,. REME li AcAO POSÁ ...R.1, ril. POR U. , ,:','E D TGCNICO Dr) - et :OO P , 1er3o4 o JUSTIFICATIVAS PROCESSO N°. 2009.PJU.TCE.08210/12 NATUREZA: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL ENTIDADE: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E INFRAESTRUTURA DE PACAJUS EXERCÍCIO: 2009 INTERESSADO: PEDRO JOSÉ PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO TRIBUNAL DE :GATAS: I3 MUNICIAIS: N.:J.PROTOCOLO; 22C:22/13 9PECE320 2003. OJLI.. TOE, 02210/12 JUSTIF enT eNg ENTRADO 6109/ 201.3 FLE2 1 REOPETAP3g DESENVOUIMENTO UR : - PERRO JO1 2 112 1 : 2 212.112 1W2, 2 GOMES SIMOEIDEOC PEDRO JOSÉ PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO, brasileiro, separado judicialmente, empresário, portador do RG N°. 190.652 SSP/CE, inscrito no CPF sob o N° 010.209.863-67, residente &domiciliado na Rua Tomás Pompeu, 325 - Apto. 1300, Bairro Meireles, Fortaleza/CE, vem, mui respeitosamente, apresentar suas JUSTIFICATIVAS e documentos a elas respectivos, que ora seguem anexos, com esteio nas razões adiante expendidas. 1

Defesa - Ausencia de Ponto

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  • AO EXCELENTSSIMO SENHOR CONSELHEIRO DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICPIOS DO ESTADO DO CEAR - RELATOR SR. JOS

    MARCELO FEITOSA

    RELAt;;;,n 'I . ,. REME li AcAO POS ...R.1,ril. POR U. ,,:','E D TGCNICO Dr) -et

    :OOP, 1er3o4 o JUSTIFICATIVAS

    PROCESSO N. 2009.PJU.TCE.08210/12 NATUREZA: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL

    ENTIDADE: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E

    INFRAESTRUTURA DE PACAJUS

    EXERCCIO: 2009 INTERESSADO: PEDRO JOS PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO

    TRIBUNAL DE :GATAS: nI3 MUNICIAIS: N.:J.PROTOCOLO; 22C:22/13 9PECE320 2003. OJLI.. TOE, 02210/12 JUSTIF enT eNg ENTRADO 6109/ 201.3 FLE2 1 REOPETAP3g DESENVOUIMENTO UR : - PERRO JO12112 1:2212.1121W2,2 GOMES SIMOEIDEOC

    PEDRO JOS PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO, brasileiro, separado judicialmente, empresrio, portador do RG N. 190.652 SSP/CE, inscrito no CPF sob o N 010.209.863-67, residente &domiciliado na Rua Toms Pompeu,

    325 - Apto. 1300, Bairro Meireles, Fortaleza/CE, vem, mui respeitosamente,

    apresentar suas JUSTIFICATIVAS e documentos a elas respectivos, que ora seguem anexos, com esteio nas razes adiante expendidas.

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  • 1. DO ESCORO FTICO

    Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada no mbito

    do Tribunal de Contas dos Municpios do Estado do Cear, embasada na

    Informao Inicial de N 2912/2012, cujo' teor se discutir adiante.

    Consoante a mencionada Informao Inicial, foram realizadas

    visitas a obras realizadas no Municpio de Pacajus e que, supostamente, teriam beneficiado a empresa DIMETAL CONSTRUES E SERVIOS LTDA, tudo em estrita obedincia solicitao ministerial.

    Regularmente chamado a se manifestar nos presentes autos, o

    Defendente, em obedincia ao Oficio N20111/2013/ SEC, no pleno exerccio

    das garantias constitucionais do Contraditrio e da Ampla Defesa, passa a

    oferecer suas razes defensivas, nos moldes adiante expedidos.

    2. DO DIREITO APLICVEL ESPCIE

    Ab initio, necessrio esclarecer que, conforme informaes

    confirmadas pelo prprio pessoal responsvel pelo setor respectivo, a empresa DIMETAL CONSTRUES E SERVIOS LTDA. tem cadastro no municpio de Pacajus desde os anos de 2007 ou 2008.

    Bem se sabe que para a realizao do cadastro em cada

    Municpio, faz-se necessria a apresentao de toda a documentao

    pertinente quele cadastro, a exemplo de contrato social, documentao

    pessoal dos scios, alvar de funcionamento, dentre outros documentos, como se pode ver pelos documentos comprobatrios do cadastro da empresa,

    realizado na oportunidade adequada e cujas cpias foram levadas pela inspetoria no momento da fiscalizao in loco, consoante confirmao da

    prpria Comisso de Licitao local.

    Desta forma, de se perceber que o Municpio de Pacajus teve

    as cautelas mnimas quanto _ aceitao da mencionada empresa na

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  • participao dos certames locais, bem como na homologao dos mesmos, quando a empresa se tenha logrado vencedora. Isto porque exigiu dela toda a

    documentao exigida de todas as demais empresas que participaram de

    qualquer certame licitatrio em Pacajus. Nenhuma regalia teve a empresa DIMETAL! Como tambm em nada fora preterida!

    Se a empresa obedece a todos os requisitos legais, apresenta-se como digna e capaz de realizar o servio ofertado, concorre

    no certame em iguais condies de participao com as demais empresas,

    adqua-se ao Edital e oferece preo compatvel com o mercado, com o servio e menor do que o das concorrentes, no h nada mais que se possa esperar da administrao municipal, que no aceitar o vencedor e

    homologar o certame, ora!

    Como poderia supor a comisso de licitao, bem como a

    administrao municipal, assoberbada com milhares de outras tarefas administrativas, rotineiras e prticas, que uma das empresas participantes do

    certame licitatrio "X" no tivesse a sua sede no endereo que apresentava em

    seus documentos?

    Exigir que todos soubessem deste fato transgredir os limites

    da culpabilidade e esperar da comisso de licitao condutas que no so exigidas nem pela legislao de regncia.

    Ora, Douto Relator, a comisso (e muito menos o Prefeito!) no so obrigados a sair vistoriando as sedes das empresas participantes de todos

    os certames licitatrios, a fim de confirmar se elas funcionam ou no nos

    endereos que apresentam, ainda mais quando grande parte das empresas

    participantes funciona em outros municpios, j que no se pode fazer distino entre empresas locais e as demais, desde que todas cumpram as

    exigncias do edital. No h legislao que exija tal comportamento. E, portanto, quem pode exigir tal conduta?

    Observemos o que diz a Lei Federal N 8.666/93 acerca do

    assunto, in verbis:

  • Art. 32 da Lei 8666/93 - (...) " 2. O certificado de registro cadastral a que se refere o , lo do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31, quanto s informaes disponibilizadas em sistema informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a supervenincia de fato impeditivo da habilitao.

    3o A documentao referida neste artigo poder ser substituda por registro cadastral emitido por rgo ou entidade pblica, desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obedincia ao disposto nesta Lei. (Grifo nosso)."

    Demais de tudo isto, de perceber, pelo simples compulsar

    dos autos, que h a assinatura dos scios em todas as pginas, em ambos os

    procedimentos licitatrios citados nos presentes autos, o que, por bvio,

    comprova que eles estiveram presentes a todos os atos aos quais foram

    chamados, alm de terem apresentado toda a documentao necessria

    participao nos certames, da mesma forma que os demais licitantes.

    Sendo assim, de se perceber que a empresa e os seus scios,

    naquelas circunstancias, demonstraram, cabalmente, a sua existncia regular,

    livrando-se de qualquer situao de suspeio acerca da sua regularidade, que poderia levar a uma atitude singular por parte da comisso de licitao, e da

    administrao municipal.

    Vale acrescentar que, em situaes excepcionais, em que

    alguma empresa causava suspeio sobre a sua regularidade, era

    recomendado comisso de licitao que designasse servidor que pudesse

    fazer inspees in loco para averiguar tal regularidade.

    Por relatos da prpria Presidente da Comisso de Licitao,

    percebe-se que ela mesma fez, em situaes espordicas, visitas s sedes das

    empresas, procurando saber sobre eventuais obras/servios anteriores, sobre

    eventuais estoques (em casos de compras), etc.

    No caso especfico da empresa DIMETAL CONSTRUOES E SERVIOS LTDA., ratifique-se, percebe-se que a mesma no deixou

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  • transparecer para a comisso de licitao qualquer sombra de dvida sobre

    sua existncia regular, tendo apresentado toda a documentao necessria,

    tendo os scios assinado os documentos pertinentes, e tendo, por fim, um

    comportamento absolutamente normal, que no levantava qualquer suspeita,

    ainda mais pelos servios que j tinha operado naquele municpio, todos entregues de forma regular.

    de se concluir, portanto, que tendo agido de forma regular, no h como supor que a comisso de licitao, bem assim a administrao

    municipal pudesse comungar com suposta suspeita de que mencionada

    empresa fosse "fantasma", ou "de fachada". Por tudo o que se disse alhures, bem se v que a administrao fora, igualmente, surpreendida com tais

    informaes, tendo sido mesmo mais uma das vtimas da presente situao.

    I. Sobre a Obra Pavimentao em Pedra Tosca na Rua Antnio Ferreira dos Santos (Convite n 09.11.27-001)

    Passemos, diretamente, s supostas irregularidades, apontadas no quadro-resumo, presente s fls. 16 da Informao Inicial

    mencionada.

    A) Da suposta ausncia de Ato de Designao de representante da Administrao para Acompanhamento e Fiscalizao do Contrato/Obra

    Neste ponto, de se relevar a ausncia de qualquer

    infringncia regra insculpida no art. 67, da Lei N 8666/93.

    Isto porque, dentre as vrias leis fundamentais ao Municpio,

    cujos projetos foram elaborados e sancionados pelo Poder Executivo, na gesto do Defendente, fora promulgada a Lei n 03/2009, ainda nos primeiros dias de sua gesto, que trava da criao da Controladoria Geral do Municpio, e cuja cpia segue anexa (DOC. 01).

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  • Ressalte-se que, dentre as atribuies da Controladoria e do

    Controlador Geral do Municpio, expostas nos art.s 3 e 4 da mencionada lei

    Municipal, o controle sobre todo o andamento dos gatos pblicos, sendo ele mesmo,

    ainda mais no incio de nossa gesto, o responsvel pelo acompanhamento e

    fiscalizao dos contratos de obras e servios realizados no Municpio de Pacajus.

    Para o exerccio de seu mister, era exigido perfil compatvel do

    servidor ocupante do Cargo da Controladoria Geral do Municpio, exatamente para a

    realizao destas tarefas.

    Vejamos o texto da Lei Municipal n 03/2009. ex professo:

    Art. 2. O titular da Controladoria Geral do Municpio de Pacajus, denominado Controlador-Geral, cargo de provimento em comisso, no nvel de Secretrio do Municpio, de livre escolha e nomeao do Prefeito, e a ele diretamente subordinado, atendidos os requisitos seguintes:

    I - ser portador de diploma de curso superior registrado no rgo competente, em qualquer rea do direito, contabilidade, economia ou administrao;

    H- idoneidade moral e reputao ilibada; III - notrios conhecimentos nas reas de controle interno ou externo e de administrao pblica; IV - Experincia profissional que exija os conhecimentos mencionados e prticas de controle no setor pblico.

    Art. 3. Compete a Controladoria Geral do Municpio a organizao dos serui de controle interno e a fiscalizao do cumprimento das atribuies do Sistema de Controle, alm de outras atribuies diretamente relacionadas sua rea de atuao:

    I - verificar a regularidade da programao oramentria e financeira, avaliando o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos programas de governo e do oramento do municpio; H - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia, eficincia e economicidade, da gesto oramentria, financeira e patrimonial nos rgos e entidades da administrao direta e indireta municipal, bem como da aplicao de recursos pblicos por entidades de direito pblico e privado;

    - exercer o controle das operaes de crdito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres do Municpio; IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional; V - examinar a escriturao contbil e a documentao correspondente; VI - examinar as fases de execuo da despesa, inclusive verificando a regularidade das licitaes e contratos, s os

  • aspectos da legalidade, legitimidade, economicidade e razoabilidade; VII - examinar, acompanhar e avaliar a evoluo da arrecadao municipal; VIII - examinar os crditos adicionais bem como a conta "restos a pagar" e "despesas de exercidos anteriores"; IX - acompanhar a contabilizao dos recursos provenientes de celebrao de convnios e examinando as despesas correspondentes, na forma do inciso IV deste artigo; X - acompanhar, para fins de posterior registro no Tribunal de Contas dos Municpios, os atos de admisso de pessoal, a qualquer ttulo, na administrao direta e indireta municipal, includas as fundaes institudas ou mantidas pelo poder pblico municipal, excetuadas as nomeaes para cargo de provimento em comisso e designaes para funo gratificada; XI - verificar os atos de aposentadoria para posterior registro no Tribunal de Contas dos Municpios; XII - acompanhar, junto ao Tribunal de Contas dos Municpios, os processos de prestaes de contas e demais processos administrativos referente ao Municpio de Pacajus; XIII - e outras atividades previstas em regulamento.

    Art. 4. Para o cumprimento das atribuies do Sis'tema de Controle Interno, a Controladoria:

    I - determinar, quando necessrio, a realizao de inspeo ou auditoria sobre a gesto dos recursos pblicos municipais sob a responsabilidade de rgos e entidades pblicos e privados; 77 - chspor sobre a necessidade da instaurao de servios seccionais de controle interno na administrao direta e indireta, ficando, todavia, a designao dos servidores a cargo dos responsveis pelos respectivos rgos e entidades; III - regulamentar as atividades de controle atravs de instrues normativas, inclusive quanto s denncias encaminhadas pelos cidados, partidos polticos, organizao, associao ou sindicato Controladoria sobre irregularidades ou ilegalidades na Administrao Municipal; IV - promover sugestes e propostas visando assegurar que os objetivos dos rgos e entidades da administrao direta e indireta sejam alcanados de forma confiaval e concreta, evidenciando eventuais desvios e sugerindo medidas corretivas; V - emitir parecer sobre as contas prestadas ou tomadas por rgos e entidades relativos a recursos pblicos repassados pelo Municpio; VI - verificar as prestaes de contas dos recursos pblicos recebidos pelo Municpio; VII - opinar em prestaes ou tomada de contas exigidas por fora de legislao; VIII - dever criar condies para o exercido do controle social sobre os programas contemplados com recursos oriundos dos oramentos do Municpio; IX - concentrar as consultas a serem formuladas pelos diversos subsistemas de controle do Municpio; X - responsabilizar-se- pela disseminao de informaes tcnicas e legislao aos subsistemas responsveis pela elaborao dos servios; XI - requisitar informaes e documentaes dos demais rgos que integram a Administrao Direta e Indireta do Municpio.

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  • Desta forma, bem se v que ao designar o servidor

    ocupante do cargo de Controlador Geral do Municpio, o Prefeito Municipal estava designando, igualmente, o representante da

    administrao municipal para acompanhamento e fiscalizao de todos

    os contratos atinentes a servios e obras, realizadas no Municpio de

    Pacajus.

    de se ressaltar, por fim, que em todas as diligncias in loco realizadas pelos tcnicos desta Egrgia Corte, pde ser confirmada a presena

    e acompanhamento das vistorias pelo Controlador Geral do Municpio de

    Pacajus, bem assim como foi recolhida cpia da Portaria de nomeao de cada um destes Controladores, a depender da poca.

    Demais de tudo isto, vale trazer baila o fato de que foi

    tambm nos primeiros dias da gesto do defendente que inmeras outras leis

    bsicas do Municpio, e das quais Pacajus era carente, foram editadas, a exemplo do Estatuto dos Servidores Pblicos do Municpio de Pacajus, atualizao da Lei de Planos, carreira e salrios dos servidores da Secretaria de Educao do Municpio, Criao da Ouvidoria Geral do Municpio,

    Regulamentao das secretarias municipais, com a delimitao da rea de

    atuao e competncia de cada uma delas (por meio do Decreto N 03/2009), bem como a criao da Controladoria Geral do Municpio, rgo de suma importncia no controle externo, e de cujas atribuies relevantes j s falou alhures.

    B) Da suposta ausncia de assinatura do profissional que elaborou as peas constitutivas do projeto bsico

    Quanto a este ponto levantado pelos tcnicos, deve o mesmo ter sido levado a efeito por simples descuido desta r. Inspetoria, que deixou de

    analisar mais detidamente o presente processo.

    Isto porque inexiste que a apontada ausncia de assinaturas

    do engenheiro tcnico responsvel pelo procedimento licitatrio, dado que, em

    verdade, nobre Relator, esto nitidamente apostas as assinaturas do

    engenheiro responsvel, Sr. Francisco Gouveia dos Santos Jnior, s fls. 05

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  • (Desenho Tcnico), 07 (Oramento Bsico", 09 (Cronograma Fsico-Financeiro), 11 (Memorial de Clculo) e 13 a 15 (Memorial Descritivo) daquele Convite n 09.11.27-001, conforme se prova pelas cpias das ditas fls., que ora seguem

    anexas (DOC. 02), ao contrrio do que concluiu o relatrio em apreo.

    Logo, ausente a irregularidade neste tocante, face ntida

    presena de assinatura do profissional que elaborou as peas apontadas,

    contidas no projeto bsico, passemos aos demais pontos divergentes.

    C) Da suposta ausncia de indicao na planilha oramentria da referncia de preos utilizada

    Vale aqui fazer breve resumo de como eram as rotinas

    burocrticas na administrao municipal de Pacajus, no trmite dos procedimentos licitatrios.

    Inicialmente, de se ressaltar, enfatizando-se o que j disse a comisso de licitao nos presentes flios, que a pesquisa de mercado (planilha oramentria de referncia de preos), na poca dos fatos ora narrados, era providncia realizada pelo setor de compras, ainda antes da solicitao oficial do procedimento licitatrio pela autoridade competente,

    sendo, portanto, documento que, por no ser parte integrante da licitao para

    aquisio de servios, ficava arquivado no prprio setor, servindo apenas de

    base para a elaborao do oramento bsico pelo engenheiro.

    Vale aqui asseverar que, ao final da primeira quinzena de

    Dezembro de 2011, foram cumpridos mandados de busca e apreenso de

    documentos na sede da Prefeitura Municipal de Pacajus, e muitos destes documentos que se encontravam arquivados ou foram extraviados, ou se

    encontram no bojo dos autos da Ao Judicial ainda em trmite, em razo do que no puderam os documentos especficos de que ora se fala serem juntados nesta oportunidade, sendo certo que j podem mesmo constar dos anais deste Sodalcio a documentao mencionada, pois como j se disse, em casa Inspeo realizada, eram coletadas cpias de inmeros documentos referentes

    ao objeto inspecionado.

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  • Desta forma, considerando todas aos esclarecimentos expostos

    acima, percebe-se que a pesquisa de mercado trata-se de documento

    dispensvel em procedimentos licitatrios como o presente, tendo sido realizada apenas por rotina, sem que fizesse parte integrante do procedimento

    licitatrio, no caso vertente, o que faz concluir por inexistente a suposta falha

    apontada.

    Todavia, em caso de assim no entender esta r. Corte, pugna-

    se pela concesso de nova oportunidade para apresentao de justificativas complementares, to logo seja possvel o acesso documentao ora solicitada, no Pao da Prefeitura Municipal.

    D) Da suposta ausncia do percentual utilizado para o BDI e do detalhamento da composio do mesmo.

    Sabe-se que o BDI - Beneficio (ou Bonificao) e Despesas Indiretas, tambm denominado LDI - Lucro e Despesas Indiretas, um componente da planilha de preo de proponente interessado em contratar com

    Administrao Pblica, admitido em licitaes quando o objeto contratado forem obras de engenharia.

    Sua finalidade mensurar o lucro (beneficio) do particular e as despesas e tributos que incidem indiretamente na execuo do objeto. Conforme o magistrio da professora Maria Alice Pius, o BDI "tem como

    funo, portanto, espelhar os custos e despesas indiretos envolvidos na

    realizao da obra, alm de suprir despesas eventuais e garantir a

    lucratividade imposta pelo construtor".

    Faz-se necessrio esclarecer que, no caso em tela, por no se

    tratar de licitao para obras, mas sim, para servio, o BDI no necessita de maior detalhamento, sendo certo que este foi feito, considerando o percentual

    de praxe dos processos licitatrios com objetos semelhantes, j analisados por esta Corte, tendo ficado arquivado na Secretaria Municipal respectiva, no caso

    a Secretaria Municipal de Infraestrutura.

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  • Entretanto, por conta do acirramento poltico que ainda vige

    naquela Municipalidade, mesmo tendo deste Defendente deixado de mo

    qualquer atividade poltico-partidria, tendo, inclusive, se destinado do seu Partido e renunciado presidncia do diretrio municipal respectivo, como

    fazem prova os requerimentos anexos (DOC. 03), no foi possvel a obteno dos documentos ora mencionados.

    Entretanto, de se considerar que, em respeito ao princpio da

    economicidade, dado o porte e a pequena monta aplicada obra, fazem-se

    dispensveis especificaes tcnicas de grande complexidade, alm dos custos

    unitrios e composies de encargos sociais e BDI.

    Demais disso, tem-se a esclarecer que a proposta de preo

    vencedora no caso em lia foi menor do que a proposta contida no projeto bsico do certame licitatrio em tablado, no tendo, assim, o preo contratado

    ferido o valor de mercado.

    Ademais, vale consignar que o diploma interno da licitao

    ressente-se de disposio prevendo a necessidade de detalhamento pelas empresas, em suas propostas comerciais, de forma explcita, do percentual de

    BDI - Bonificao e Despesas Indiretas, bem como a descrio de todos os seus componentes (composio analtica). O edital, ento, estaria limitado a descrever, em suas clusulas, in verbis:

    "6.7- Sero desclassificadas as propostas de preos: (-) 6.7.2 - Que apresentarem valores unitrios irrisrios, de valor zero, ou preos excessivos ou inexequveis;

    (-) 6.7.5 - Valor excessivo, assim entendido como aquele superior ao praticado no mercado

    Quando se exige o estabelecimento de um BDI referencial, portanto, no se alvitra, simplesmente, fixar um valor limite para o contratado. A utilizao de um valor mdio, em associao a outros custos do

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  • empreendimento, propicia a percepo de um preo esperado da obra -aceitvel -, harmnico entre os interesses da Administrao e do particular.

    O que importa estipular faixas de aceitabilidade para esses

    itens de forma a coibir valores abusivos ou injustificados de preos, melhorar a eficincia dos gestores, promover o uso mais racional dos recursos pblicos,

    bem como assegurar que o procedimento licitatrio permita a seleo da

    proposta o mais consistente sob o prisma do mercado, e assim,

    verdadeiramente, a mais vantajosa para a Administrao Pblica.

    Foi exatamente o que ocorreu no procedimento ora trazido

    baila, onde os valores agregados do servio foram contabilizados, a fim de se

    chegar ao valor global previsto no projeto, compatvel com os custos de mercado. E, como se pode ver pelos autos, a empresa vencedora ofertou preo

    ainda inferior ao previsto no Projeto Bsico, trazendo verdadeira vantagem financeira Administrao municipal.

    Entende-se, pois, que a anlise de oramentos de obras

    pblicas deve ser realizada com base nos preos dos servios, isto , deve ser

    feita a comparao do preo orado e/ou contratado com o preo paradigma de mercado, pois a verificao de apenas um dos componentes do preo -

    custos unitrios dos servios ou taxa de BDI - insuficiente para constatao

    da adequabilidade da planilha oramentria de uma obra, conforme disps a

    ementa do Acrdo n.1.551/2008 - Plenrio do TCU:

    `9. No se admite a impugnao da taxa de BDI

    consagrada em processo licitatrio plenamente vlido sem

    que esteia cabalmente demonstrado que os demais

    componentes dos preos finais esteiam superestimados, resultando em preos unitrios completamente

    dissociados do padro de mercado. Na avaliao financeira de contratos de obras pblicas, o controle deve incidir sobre o

    preo unitrio final e no sobre cada uma de suas parcelas individualmente. (...), (grifo nosso).'

    Ora, nobre Conselheiro, no h que se falar em irregularidade quando o procedimento atendeu finalidade destinada, almde no ter

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  • causado qualquer dano ao errio. No h qualquer notcia ou evidncia de

    preos superestimados!!!

    Alias, de se conferir que, muito ao contrrio, a obra em

    comento trouxe inmeros benefcios ao Municpio, haja vista que se conseguiu at mesmo reduzir os custos das despesas respaldadas no processo licitatrio

    em comento, vez que o valor da proposta vencedora fora ainda menor do que

    aquele previsto no Projeto Bsico.

    Se, conforme explanado acima, os custos das despesas objeto do certame retro mencionado foram at menores do que o previsto no edital,

    ento, houve o pleno atendimento funo relacionada aos custos e despesas,

    razo pela qual no houve qualquer irregularidade a ser suscitada.

    Vale ressaltar, ainda, que o Supremo Tribunal Federal, atravs

    da Secretaria de Controle Interno - Coordenadoria de Acompanhamento da

    Gesto - Seo de Anlise de Licitaes e Contratos explicitou o limite do BDI

    para obras e servios nos seguintes tennos.

    (..) 8. CONCLUSO 8.1. Diante do exposto, a concluso da nota tcnica em epgrafe no sentido de que:

    (-.) 8.1.2. os percentuais mximos para o item Bonificaes e Despesas Indiretas a serem inseridos nas planilhas de custos de obras e servios de engenharia devem ser os seguintes:

    Empresas tributadas pelo regime de incidncia cumulativa de

    PIS e de COFINS

    Servios: 22,41%

    BDI Materiais: 9,83%

    Equipamentos: 3,79% Empresas tributadas pelo regime de incidncia no-cumulativa

    de PIS e de COFINS

    Servios: 30,14%

    BDI Materiais: 16,61%

    Equipamentos: 10,19%

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  • http://www.stfjus.br/ arquivo/ cms/sobreStfEstudoSci/anexo/ 003_2009 BDI de_obras_e servicos_de_engenharia_ATUALIZA

    DA_EM 1 8032010.pdf.

    Conclui-se, portanto, que o percentual estabelecido na

    licitao in casu est dentro do limite, reconhecido pelo Supremo Tribunal

    Federal como legal.

    Ademais, no caso em tela nem o BDI, aplicado como o de servio global, se revelaram excessivos ou

    ver pelo simples compulsar dos autos

    licitatrio em lia, cujas cpias j se

    Tudo isto refora os argumentos segundo os quais, de acordo

    com a prpria doutrina e jurisprudncia ptrias, acostadas acima, tudo correu na mais escorreita regularidade no procedimento em espeque.

    praxe, nem tampouco o valor do

    superestimados, como se pode administrativos do procedimento

    encontram nesta Corte.

    E) Da suposta ausncia de Anotao de Responsabilidade Tcnica

    Inicialmente, de se destacar que, no dizer da Profa. Manaria

    Brando' 1, "a Resoluo n 425/98 do CONFEA extrapola os limites da Lei n

    6.496/ 77, ao ampliar o conceito de empresa para nele incluir entidades

    pblicas." Isto porque, conforme dispe a Lei n 6.496, de 07 de

    dezembro de 1977, que institui a Anotao de Responsabilidade Tcnica na

    prestao dos servios de engenharia, arquitetura e agronomia, cumpre ao

    profissional ou "empresa" a efetivao do preenchimento e pagamento da

    ART, seno vejamos.

    "Art 1 - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execuo de obras ou prestao de quaisquer servios profissionais

    Marrana Wolfenson Coutinho Brando. Cobrana da taxa de anotao de responsabilidade tcnica das pessoas jurdicas de direito pblico e seus servidores. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2647 30 set. 2010. Disponvel

    em: . Acesso em: 13 set. 2013

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  • referentes Engenharia, Arquitetura e Agronomia fica sujeito "Anotao de Responsabilidade Tcnica" (ART). Art 2 - A ART define para os efeitos legais os responsveis tcnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e

    agronomia.

    1 - A ART ser efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

    (CREA), de acordo com Resoluo prpria do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA)." (grifos nossos).

    A Resoluo prpria a que o 1 do art. 2 faz referncia a de n. 425/98, do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). Em seu art. 5 enuncia o responsvel pelo registro e, no art. 6, amplia o conceito de empresa. Analisemos o texto, ex professo:

    "Art. 4 - O preenchimento do formulrio de ART pela obra ou servio de responsabilidade do profissional, o qual, quando for contratado, recolher, tambm, a taxa respectiva. Pargrafo nico - Quando a obra ou servio for objeto de contrato com pessoas jurdica, a esta cabe a responsabilidade pelo recolhimento da taxa de ART e o registro de ART, devidamente

    preenchida pelo profissional responsvel. Art. 5 - Quando se tratar de profissional com vnculo empregaticio de qualquer natureza, cabe a pessoa jurdica empregadora providenciar o registro perante o CREA da Anotao de Responsabilidade Tcnica - ART, devidamente

    preenchida pelo profissional responsvel pelo servio tcnico ou obra a serem projetados e/ ou executados. Art. 6 - O desempenho de cargo ou funo tcnica, seja por nomeao ocupao ou contrato de trabalho, tanto em entidade

    pblica quanto privada, obriga a Anotao de Responsabilidade Tcnica no CREA em cuja jurisdio for exercida a atividade Pargrafo nico - A alterao do cargo ou funo tcnica obriga nova ART." (grifos nossos).

    Pelo que se extrai da Resoluo, o CONFEA pretende que a

    ART e sua respectiva taxa fiquem a cargo da entidade pblica contratNtte, e

  • no mais do servidor. Isto tambm o que quer fazer esta Egrgia Corte, o que

    se demonstrar que no se mostra atitude correta, j que esse ato normativo (Resoluo do CONFEA) extrapola os limites da Lei a que se prope detalhar, ampliando o conceito de empresa.

    H manifesta inovao no ordenamento jurdico e, via de conseqncia, ilegal interferncia em relaes estatutrias, quando a resoluo equipara empresa entidade pblica.

    A exigncia e o pagamento da ART por pessoas jurdicas de direito pblicointerno vai de encontro ao prprio escopo de criao da exao,

    que, acredito, funda-se no exerccio do Poder de Polcia trata-se de taxa e

    no h qualquer prestao de servio pblico.

    que o Poder de Polcia se concretiza com a imposio de limitaes aos indivduos em beneficio de um interesse maior, da coletividade.

    Ao se exigir o pagamento da referida taxa das prefeituras municipais, por

    exemplo, que atuam na execuo e defesa dos mais variados interesses

    sociais e coletivos, em beneficio de interesses meramente corporativos e

    arrecadatrios, estar-se-ia desvirtuando a finalidade do instituto e privilegiando uma classe em detrimento de toda a sociedade.

    Demais disto, pelo Princpio da Legalidade tem-se a garantia

    de que nenhum tributo ser institudo, nem majorado, seno atravs de lei (CF, art. 150, inciso I), exceto nas hipteses ressalvadas pela prpria Constituio.

    Admitir, fora dessas hipteses, que um tributo possa ser

    criado/aumentado, como o caso do pagamento da ART no caso em tela, por

    norma inferior aceitar que ato infralegal revogue o que por lei foi

    estabelecido, o que constitui evidente absurdo.

    Criar tributo estabelecer TODOS os elementos necessrios

    para fazer nascer o dever de pagar a exao; indicar o seu valor, quem deve

    pag-lo, quando e a quem se deve pagar. A lei instituidora h de conter a

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  • descrio do fato tributvel, da base de clculo e da aliquota, a definio do

    sujeito passivo da obrigao e a indicao do sujeito ativo.

    Deste modo, uma resoluo jamais poderia instituir o sujeito passivo de uma obrigao tributria, como fez a Resoluo n 425/98 ao

    conferir s "entidades pblicas" o mesmo tratamento dado pela Lei as

    empresas.

    Acrescente-se que a taxa da ART tambm inexigvel porque

    no h lei fixando seu fato gerador, suas alquotas, sua base de clculo e sequer seus valores, que so determinados anualmente por Resoluo do

    CONFEA.

    Ressalte-se, por fim, que as pessoas jurdicas de direito pblico no podem ser compelidas a realizar a ART e a pagar a taxa respectiva, tampouco seus servidores, sob pena de afronta ao Princpio da Legalidade. E tambm por que: a) a Lei que institui a ART prev que esto obrigados ao registro apenas profissionais e empresas; b) apenas lei em sentido estrito pode instituir tributo e seus elementos, no sendo

    possvel que uma Resoluo indique o sujeito passivo de uma taxa.

    Por todo o exposto, bem se v que no h qualquer

    irregularidade a ser imputada ao Defendente por este r. Sodalicio, posto que,

    como se viu alhures, o ART somente deve ser exigido de empresas e

    profissionais. Considerando que a Prefeitura Municipal de Pacajus no se enquadra em quaisquer destes dois conceitos, como de todos sabido, no

    cabe a exigncia de ART a este rgo, bem como no cabe a responsabilizao

    pela sua ausncia ao seu gestor.

    Acaso persevere o entendimento pela exigncia de ART em

    casos tais, mantenha-se, igualmente, a compreenso de que o mesmo deve ser

    exigido do profissional engenheiro responsvel pela obra, aqui plenamente identificado, e que deve deter a responsabilidade por sua eventual ausncia, e

    no exigi-lo do rgo pblico, como assim do seu gestor, ora defendente, que

    no pode suportar tal nus.

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  • Fortaleza/CE, 13 de sete de 2013.

    3. DAS CONSIDERAES FINAIS E DOS PEDIDOS

    Ex positis, o Justificante requer que a respeitvel DIRFI analise

    cuidadosamente as consideraes ora ofertadas, em respeito aos Princpios do

    Contraditrio e da Ampla Defesa, submetendo a integralidade da matria considerao superior, para que, aps Parecer a ser exarado pelo ilustre

    Ministrio Pblico de Contas, Vossa Excelncia se digne de reconhecer a

    excluso da responsabilidade do Sr. PEDRO JOS PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO, julgando, assim, pela IMPROCEDNCIA desta TCE para o ora Justificante, por todos os fundamentos ora expostos, ao tempo em que requer oportunidade para a apresentao de Justificativas complementares, to logo

    sejam obtidos os documentos outrora solicitados ao Municpio de Pacajus, e requeridos por esta Egrgia Corte.

    Nestes termos,

    Pede Deferimento.

    PEDRO JOS PHILOM O GOMES FIGUEIREDO Ex-Prefeito de Pacajus

    DOCUMENTOS ANEXOS A ESTAS JUSTIFICATIVAS:

    DOC. 01 - Cpia da lei Municipal N03/2009;

    DOC. 02 - Folhas 05, 07, 09, 11 e 13 a 15 do convite N09.11.27-001, com o devido destaque na assinatura do engenheiro responsvel, Sr. Francisco

    Gouveia dos Santos Jnior; DOC. 03 - Comprovao da desfiliao partidria do Justificante, bem como

    de seu afastamento poltico.

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