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AO EXCELENTSSIMO SENHOR CONSELHEIRO DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICPIOS DO ESTADO DO CEAR - RELATOR SR. JOS
MARCELO FEITOSA
RELAt;;;,n 'I . ,. REME li AcAO POS ...R.1,ril. POR U. ,,:','E D TGCNICO Dr) -et
:OOP, 1er3o4 o JUSTIFICATIVAS
PROCESSO N. 2009.PJU.TCE.08210/12 NATUREZA: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL
ENTIDADE: SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO E
INFRAESTRUTURA DE PACAJUS
EXERCCIO: 2009 INTERESSADO: PEDRO JOS PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO
TRIBUNAL DE :GATAS: nI3 MUNICIAIS: N.:J.PROTOCOLO; 22C:22/13 9PECE320 2003. OJLI.. TOE, 02210/12 JUSTIF enT eNg ENTRADO 6109/ 201.3 FLE2 1 REOPETAP3g DESENVOUIMENTO UR : - PERRO JO12112 1:2212.1121W2,2 GOMES SIMOEIDEOC
PEDRO JOS PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO, brasileiro, separado judicialmente, empresrio, portador do RG N. 190.652 SSP/CE, inscrito no CPF sob o N 010.209.863-67, residente &domiciliado na Rua Toms Pompeu,
325 - Apto. 1300, Bairro Meireles, Fortaleza/CE, vem, mui respeitosamente,
apresentar suas JUSTIFICATIVAS e documentos a elas respectivos, que ora seguem anexos, com esteio nas razes adiante expendidas.
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1. DO ESCORO FTICO
Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada no mbito
do Tribunal de Contas dos Municpios do Estado do Cear, embasada na
Informao Inicial de N 2912/2012, cujo' teor se discutir adiante.
Consoante a mencionada Informao Inicial, foram realizadas
visitas a obras realizadas no Municpio de Pacajus e que, supostamente, teriam beneficiado a empresa DIMETAL CONSTRUES E SERVIOS LTDA, tudo em estrita obedincia solicitao ministerial.
Regularmente chamado a se manifestar nos presentes autos, o
Defendente, em obedincia ao Oficio N20111/2013/ SEC, no pleno exerccio
das garantias constitucionais do Contraditrio e da Ampla Defesa, passa a
oferecer suas razes defensivas, nos moldes adiante expedidos.
2. DO DIREITO APLICVEL ESPCIE
Ab initio, necessrio esclarecer que, conforme informaes
confirmadas pelo prprio pessoal responsvel pelo setor respectivo, a empresa DIMETAL CONSTRUES E SERVIOS LTDA. tem cadastro no municpio de Pacajus desde os anos de 2007 ou 2008.
Bem se sabe que para a realizao do cadastro em cada
Municpio, faz-se necessria a apresentao de toda a documentao
pertinente quele cadastro, a exemplo de contrato social, documentao
pessoal dos scios, alvar de funcionamento, dentre outros documentos, como se pode ver pelos documentos comprobatrios do cadastro da empresa,
realizado na oportunidade adequada e cujas cpias foram levadas pela inspetoria no momento da fiscalizao in loco, consoante confirmao da
prpria Comisso de Licitao local.
Desta forma, de se perceber que o Municpio de Pacajus teve
as cautelas mnimas quanto _ aceitao da mencionada empresa na
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participao dos certames locais, bem como na homologao dos mesmos, quando a empresa se tenha logrado vencedora. Isto porque exigiu dela toda a
documentao exigida de todas as demais empresas que participaram de
qualquer certame licitatrio em Pacajus. Nenhuma regalia teve a empresa DIMETAL! Como tambm em nada fora preterida!
Se a empresa obedece a todos os requisitos legais, apresenta-se como digna e capaz de realizar o servio ofertado, concorre
no certame em iguais condies de participao com as demais empresas,
adqua-se ao Edital e oferece preo compatvel com o mercado, com o servio e menor do que o das concorrentes, no h nada mais que se possa esperar da administrao municipal, que no aceitar o vencedor e
homologar o certame, ora!
Como poderia supor a comisso de licitao, bem como a
administrao municipal, assoberbada com milhares de outras tarefas administrativas, rotineiras e prticas, que uma das empresas participantes do
certame licitatrio "X" no tivesse a sua sede no endereo que apresentava em
seus documentos?
Exigir que todos soubessem deste fato transgredir os limites
da culpabilidade e esperar da comisso de licitao condutas que no so exigidas nem pela legislao de regncia.
Ora, Douto Relator, a comisso (e muito menos o Prefeito!) no so obrigados a sair vistoriando as sedes das empresas participantes de todos
os certames licitatrios, a fim de confirmar se elas funcionam ou no nos
endereos que apresentam, ainda mais quando grande parte das empresas
participantes funciona em outros municpios, j que no se pode fazer distino entre empresas locais e as demais, desde que todas cumpram as
exigncias do edital. No h legislao que exija tal comportamento. E, portanto, quem pode exigir tal conduta?
Observemos o que diz a Lei Federal N 8.666/93 acerca do
assunto, in verbis:
Art. 32 da Lei 8666/93 - (...) " 2. O certificado de registro cadastral a que se refere o , lo do art. 36 substitui os documentos enumerados nos arts. 28 a 31, quanto s informaes disponibilizadas em sistema informatizado de consulta direta indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a supervenincia de fato impeditivo da habilitao.
3o A documentao referida neste artigo poder ser substituda por registro cadastral emitido por rgo ou entidade pblica, desde que previsto no edital e o registro tenha sido feito em obedincia ao disposto nesta Lei. (Grifo nosso)."
Demais de tudo isto, de perceber, pelo simples compulsar
dos autos, que h a assinatura dos scios em todas as pginas, em ambos os
procedimentos licitatrios citados nos presentes autos, o que, por bvio,
comprova que eles estiveram presentes a todos os atos aos quais foram
chamados, alm de terem apresentado toda a documentao necessria
participao nos certames, da mesma forma que os demais licitantes.
Sendo assim, de se perceber que a empresa e os seus scios,
naquelas circunstancias, demonstraram, cabalmente, a sua existncia regular,
livrando-se de qualquer situao de suspeio acerca da sua regularidade, que poderia levar a uma atitude singular por parte da comisso de licitao, e da
administrao municipal.
Vale acrescentar que, em situaes excepcionais, em que
alguma empresa causava suspeio sobre a sua regularidade, era
recomendado comisso de licitao que designasse servidor que pudesse
fazer inspees in loco para averiguar tal regularidade.
Por relatos da prpria Presidente da Comisso de Licitao,
percebe-se que ela mesma fez, em situaes espordicas, visitas s sedes das
empresas, procurando saber sobre eventuais obras/servios anteriores, sobre
eventuais estoques (em casos de compras), etc.
No caso especfico da empresa DIMETAL CONSTRUOES E SERVIOS LTDA., ratifique-se, percebe-se que a mesma no deixou
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transparecer para a comisso de licitao qualquer sombra de dvida sobre
sua existncia regular, tendo apresentado toda a documentao necessria,
tendo os scios assinado os documentos pertinentes, e tendo, por fim, um
comportamento absolutamente normal, que no levantava qualquer suspeita,
ainda mais pelos servios que j tinha operado naquele municpio, todos entregues de forma regular.
de se concluir, portanto, que tendo agido de forma regular, no h como supor que a comisso de licitao, bem assim a administrao
municipal pudesse comungar com suposta suspeita de que mencionada
empresa fosse "fantasma", ou "de fachada". Por tudo o que se disse alhures, bem se v que a administrao fora, igualmente, surpreendida com tais
informaes, tendo sido mesmo mais uma das vtimas da presente situao.
I. Sobre a Obra Pavimentao em Pedra Tosca na Rua Antnio Ferreira dos Santos (Convite n 09.11.27-001)
Passemos, diretamente, s supostas irregularidades, apontadas no quadro-resumo, presente s fls. 16 da Informao Inicial
mencionada.
A) Da suposta ausncia de Ato de Designao de representante da Administrao para Acompanhamento e Fiscalizao do Contrato/Obra
Neste ponto, de se relevar a ausncia de qualquer
infringncia regra insculpida no art. 67, da Lei N 8666/93.
Isto porque, dentre as vrias leis fundamentais ao Municpio,
cujos projetos foram elaborados e sancionados pelo Poder Executivo, na gesto do Defendente, fora promulgada a Lei n 03/2009, ainda nos primeiros dias de sua gesto, que trava da criao da Controladoria Geral do Municpio, e cuja cpia segue anexa (DOC. 01).
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Ressalte-se que, dentre as atribuies da Controladoria e do
Controlador Geral do Municpio, expostas nos art.s 3 e 4 da mencionada lei
Municipal, o controle sobre todo o andamento dos gatos pblicos, sendo ele mesmo,
ainda mais no incio de nossa gesto, o responsvel pelo acompanhamento e
fiscalizao dos contratos de obras e servios realizados no Municpio de Pacajus.
Para o exerccio de seu mister, era exigido perfil compatvel do
servidor ocupante do Cargo da Controladoria Geral do Municpio, exatamente para a
realizao destas tarefas.
Vejamos o texto da Lei Municipal n 03/2009. ex professo:
Art. 2. O titular da Controladoria Geral do Municpio de Pacajus, denominado Controlador-Geral, cargo de provimento em comisso, no nvel de Secretrio do Municpio, de livre escolha e nomeao do Prefeito, e a ele diretamente subordinado, atendidos os requisitos seguintes:
I - ser portador de diploma de curso superior registrado no rgo competente, em qualquer rea do direito, contabilidade, economia ou administrao;
H- idoneidade moral e reputao ilibada; III - notrios conhecimentos nas reas de controle interno ou externo e de administrao pblica; IV - Experincia profissional que exija os conhecimentos mencionados e prticas de controle no setor pblico.
Art. 3. Compete a Controladoria Geral do Municpio a organizao dos serui de controle interno e a fiscalizao do cumprimento das atribuies do Sistema de Controle, alm de outras atribuies diretamente relacionadas sua rea de atuao:
I - verificar a regularidade da programao oramentria e financeira, avaliando o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos programas de governo e do oramento do municpio; H - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia, eficincia e economicidade, da gesto oramentria, financeira e patrimonial nos rgos e entidades da administrao direta e indireta municipal, bem como da aplicao de recursos pblicos por entidades de direito pblico e privado;
- exercer o controle das operaes de crdito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres do Municpio; IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional; V - examinar a escriturao contbil e a documentao correspondente; VI - examinar as fases de execuo da despesa, inclusive verificando a regularidade das licitaes e contratos, s os
aspectos da legalidade, legitimidade, economicidade e razoabilidade; VII - examinar, acompanhar e avaliar a evoluo da arrecadao municipal; VIII - examinar os crditos adicionais bem como a conta "restos a pagar" e "despesas de exercidos anteriores"; IX - acompanhar a contabilizao dos recursos provenientes de celebrao de convnios e examinando as despesas correspondentes, na forma do inciso IV deste artigo; X - acompanhar, para fins de posterior registro no Tribunal de Contas dos Municpios, os atos de admisso de pessoal, a qualquer ttulo, na administrao direta e indireta municipal, includas as fundaes institudas ou mantidas pelo poder pblico municipal, excetuadas as nomeaes para cargo de provimento em comisso e designaes para funo gratificada; XI - verificar os atos de aposentadoria para posterior registro no Tribunal de Contas dos Municpios; XII - acompanhar, junto ao Tribunal de Contas dos Municpios, os processos de prestaes de contas e demais processos administrativos referente ao Municpio de Pacajus; XIII - e outras atividades previstas em regulamento.
Art. 4. Para o cumprimento das atribuies do Sis'tema de Controle Interno, a Controladoria:
I - determinar, quando necessrio, a realizao de inspeo ou auditoria sobre a gesto dos recursos pblicos municipais sob a responsabilidade de rgos e entidades pblicos e privados; 77 - chspor sobre a necessidade da instaurao de servios seccionais de controle interno na administrao direta e indireta, ficando, todavia, a designao dos servidores a cargo dos responsveis pelos respectivos rgos e entidades; III - regulamentar as atividades de controle atravs de instrues normativas, inclusive quanto s denncias encaminhadas pelos cidados, partidos polticos, organizao, associao ou sindicato Controladoria sobre irregularidades ou ilegalidades na Administrao Municipal; IV - promover sugestes e propostas visando assegurar que os objetivos dos rgos e entidades da administrao direta e indireta sejam alcanados de forma confiaval e concreta, evidenciando eventuais desvios e sugerindo medidas corretivas; V - emitir parecer sobre as contas prestadas ou tomadas por rgos e entidades relativos a recursos pblicos repassados pelo Municpio; VI - verificar as prestaes de contas dos recursos pblicos recebidos pelo Municpio; VII - opinar em prestaes ou tomada de contas exigidas por fora de legislao; VIII - dever criar condies para o exercido do controle social sobre os programas contemplados com recursos oriundos dos oramentos do Municpio; IX - concentrar as consultas a serem formuladas pelos diversos subsistemas de controle do Municpio; X - responsabilizar-se- pela disseminao de informaes tcnicas e legislao aos subsistemas responsveis pela elaborao dos servios; XI - requisitar informaes e documentaes dos demais rgos que integram a Administrao Direta e Indireta do Municpio.
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Desta forma, bem se v que ao designar o servidor
ocupante do cargo de Controlador Geral do Municpio, o Prefeito Municipal estava designando, igualmente, o representante da
administrao municipal para acompanhamento e fiscalizao de todos
os contratos atinentes a servios e obras, realizadas no Municpio de
Pacajus.
de se ressaltar, por fim, que em todas as diligncias in loco realizadas pelos tcnicos desta Egrgia Corte, pde ser confirmada a presena
e acompanhamento das vistorias pelo Controlador Geral do Municpio de
Pacajus, bem assim como foi recolhida cpia da Portaria de nomeao de cada um destes Controladores, a depender da poca.
Demais de tudo isto, vale trazer baila o fato de que foi
tambm nos primeiros dias da gesto do defendente que inmeras outras leis
bsicas do Municpio, e das quais Pacajus era carente, foram editadas, a exemplo do Estatuto dos Servidores Pblicos do Municpio de Pacajus, atualizao da Lei de Planos, carreira e salrios dos servidores da Secretaria de Educao do Municpio, Criao da Ouvidoria Geral do Municpio,
Regulamentao das secretarias municipais, com a delimitao da rea de
atuao e competncia de cada uma delas (por meio do Decreto N 03/2009), bem como a criao da Controladoria Geral do Municpio, rgo de suma importncia no controle externo, e de cujas atribuies relevantes j s falou alhures.
B) Da suposta ausncia de assinatura do profissional que elaborou as peas constitutivas do projeto bsico
Quanto a este ponto levantado pelos tcnicos, deve o mesmo ter sido levado a efeito por simples descuido desta r. Inspetoria, que deixou de
analisar mais detidamente o presente processo.
Isto porque inexiste que a apontada ausncia de assinaturas
do engenheiro tcnico responsvel pelo procedimento licitatrio, dado que, em
verdade, nobre Relator, esto nitidamente apostas as assinaturas do
engenheiro responsvel, Sr. Francisco Gouveia dos Santos Jnior, s fls. 05
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(Desenho Tcnico), 07 (Oramento Bsico", 09 (Cronograma Fsico-Financeiro), 11 (Memorial de Clculo) e 13 a 15 (Memorial Descritivo) daquele Convite n 09.11.27-001, conforme se prova pelas cpias das ditas fls., que ora seguem
anexas (DOC. 02), ao contrrio do que concluiu o relatrio em apreo.
Logo, ausente a irregularidade neste tocante, face ntida
presena de assinatura do profissional que elaborou as peas apontadas,
contidas no projeto bsico, passemos aos demais pontos divergentes.
C) Da suposta ausncia de indicao na planilha oramentria da referncia de preos utilizada
Vale aqui fazer breve resumo de como eram as rotinas
burocrticas na administrao municipal de Pacajus, no trmite dos procedimentos licitatrios.
Inicialmente, de se ressaltar, enfatizando-se o que j disse a comisso de licitao nos presentes flios, que a pesquisa de mercado (planilha oramentria de referncia de preos), na poca dos fatos ora narrados, era providncia realizada pelo setor de compras, ainda antes da solicitao oficial do procedimento licitatrio pela autoridade competente,
sendo, portanto, documento que, por no ser parte integrante da licitao para
aquisio de servios, ficava arquivado no prprio setor, servindo apenas de
base para a elaborao do oramento bsico pelo engenheiro.
Vale aqui asseverar que, ao final da primeira quinzena de
Dezembro de 2011, foram cumpridos mandados de busca e apreenso de
documentos na sede da Prefeitura Municipal de Pacajus, e muitos destes documentos que se encontravam arquivados ou foram extraviados, ou se
encontram no bojo dos autos da Ao Judicial ainda em trmite, em razo do que no puderam os documentos especficos de que ora se fala serem juntados nesta oportunidade, sendo certo que j podem mesmo constar dos anais deste Sodalcio a documentao mencionada, pois como j se disse, em casa Inspeo realizada, eram coletadas cpias de inmeros documentos referentes
ao objeto inspecionado.
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Desta forma, considerando todas aos esclarecimentos expostos
acima, percebe-se que a pesquisa de mercado trata-se de documento
dispensvel em procedimentos licitatrios como o presente, tendo sido realizada apenas por rotina, sem que fizesse parte integrante do procedimento
licitatrio, no caso vertente, o que faz concluir por inexistente a suposta falha
apontada.
Todavia, em caso de assim no entender esta r. Corte, pugna-
se pela concesso de nova oportunidade para apresentao de justificativas complementares, to logo seja possvel o acesso documentao ora solicitada, no Pao da Prefeitura Municipal.
D) Da suposta ausncia do percentual utilizado para o BDI e do detalhamento da composio do mesmo.
Sabe-se que o BDI - Beneficio (ou Bonificao) e Despesas Indiretas, tambm denominado LDI - Lucro e Despesas Indiretas, um componente da planilha de preo de proponente interessado em contratar com
Administrao Pblica, admitido em licitaes quando o objeto contratado forem obras de engenharia.
Sua finalidade mensurar o lucro (beneficio) do particular e as despesas e tributos que incidem indiretamente na execuo do objeto. Conforme o magistrio da professora Maria Alice Pius, o BDI "tem como
funo, portanto, espelhar os custos e despesas indiretos envolvidos na
realizao da obra, alm de suprir despesas eventuais e garantir a
lucratividade imposta pelo construtor".
Faz-se necessrio esclarecer que, no caso em tela, por no se
tratar de licitao para obras, mas sim, para servio, o BDI no necessita de maior detalhamento, sendo certo que este foi feito, considerando o percentual
de praxe dos processos licitatrios com objetos semelhantes, j analisados por esta Corte, tendo ficado arquivado na Secretaria Municipal respectiva, no caso
a Secretaria Municipal de Infraestrutura.
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Entretanto, por conta do acirramento poltico que ainda vige
naquela Municipalidade, mesmo tendo deste Defendente deixado de mo
qualquer atividade poltico-partidria, tendo, inclusive, se destinado do seu Partido e renunciado presidncia do diretrio municipal respectivo, como
fazem prova os requerimentos anexos (DOC. 03), no foi possvel a obteno dos documentos ora mencionados.
Entretanto, de se considerar que, em respeito ao princpio da
economicidade, dado o porte e a pequena monta aplicada obra, fazem-se
dispensveis especificaes tcnicas de grande complexidade, alm dos custos
unitrios e composies de encargos sociais e BDI.
Demais disso, tem-se a esclarecer que a proposta de preo
vencedora no caso em lia foi menor do que a proposta contida no projeto bsico do certame licitatrio em tablado, no tendo, assim, o preo contratado
ferido o valor de mercado.
Ademais, vale consignar que o diploma interno da licitao
ressente-se de disposio prevendo a necessidade de detalhamento pelas empresas, em suas propostas comerciais, de forma explcita, do percentual de
BDI - Bonificao e Despesas Indiretas, bem como a descrio de todos os seus componentes (composio analtica). O edital, ento, estaria limitado a descrever, em suas clusulas, in verbis:
"6.7- Sero desclassificadas as propostas de preos: (-) 6.7.2 - Que apresentarem valores unitrios irrisrios, de valor zero, ou preos excessivos ou inexequveis;
(-) 6.7.5 - Valor excessivo, assim entendido como aquele superior ao praticado no mercado
Quando se exige o estabelecimento de um BDI referencial, portanto, no se alvitra, simplesmente, fixar um valor limite para o contratado. A utilizao de um valor mdio, em associao a outros custos do
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empreendimento, propicia a percepo de um preo esperado da obra -aceitvel -, harmnico entre os interesses da Administrao e do particular.
O que importa estipular faixas de aceitabilidade para esses
itens de forma a coibir valores abusivos ou injustificados de preos, melhorar a eficincia dos gestores, promover o uso mais racional dos recursos pblicos,
bem como assegurar que o procedimento licitatrio permita a seleo da
proposta o mais consistente sob o prisma do mercado, e assim,
verdadeiramente, a mais vantajosa para a Administrao Pblica.
Foi exatamente o que ocorreu no procedimento ora trazido
baila, onde os valores agregados do servio foram contabilizados, a fim de se
chegar ao valor global previsto no projeto, compatvel com os custos de mercado. E, como se pode ver pelos autos, a empresa vencedora ofertou preo
ainda inferior ao previsto no Projeto Bsico, trazendo verdadeira vantagem financeira Administrao municipal.
Entende-se, pois, que a anlise de oramentos de obras
pblicas deve ser realizada com base nos preos dos servios, isto , deve ser
feita a comparao do preo orado e/ou contratado com o preo paradigma de mercado, pois a verificao de apenas um dos componentes do preo -
custos unitrios dos servios ou taxa de BDI - insuficiente para constatao
da adequabilidade da planilha oramentria de uma obra, conforme disps a
ementa do Acrdo n.1.551/2008 - Plenrio do TCU:
`9. No se admite a impugnao da taxa de BDI
consagrada em processo licitatrio plenamente vlido sem
que esteia cabalmente demonstrado que os demais
componentes dos preos finais esteiam superestimados, resultando em preos unitrios completamente
dissociados do padro de mercado. Na avaliao financeira de contratos de obras pblicas, o controle deve incidir sobre o
preo unitrio final e no sobre cada uma de suas parcelas individualmente. (...), (grifo nosso).'
Ora, nobre Conselheiro, no h que se falar em irregularidade quando o procedimento atendeu finalidade destinada, almde no ter
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causado qualquer dano ao errio. No h qualquer notcia ou evidncia de
preos superestimados!!!
Alias, de se conferir que, muito ao contrrio, a obra em
comento trouxe inmeros benefcios ao Municpio, haja vista que se conseguiu at mesmo reduzir os custos das despesas respaldadas no processo licitatrio
em comento, vez que o valor da proposta vencedora fora ainda menor do que
aquele previsto no Projeto Bsico.
Se, conforme explanado acima, os custos das despesas objeto do certame retro mencionado foram at menores do que o previsto no edital,
ento, houve o pleno atendimento funo relacionada aos custos e despesas,
razo pela qual no houve qualquer irregularidade a ser suscitada.
Vale ressaltar, ainda, que o Supremo Tribunal Federal, atravs
da Secretaria de Controle Interno - Coordenadoria de Acompanhamento da
Gesto - Seo de Anlise de Licitaes e Contratos explicitou o limite do BDI
para obras e servios nos seguintes tennos.
(..) 8. CONCLUSO 8.1. Diante do exposto, a concluso da nota tcnica em epgrafe no sentido de que:
(-.) 8.1.2. os percentuais mximos para o item Bonificaes e Despesas Indiretas a serem inseridos nas planilhas de custos de obras e servios de engenharia devem ser os seguintes:
Empresas tributadas pelo regime de incidncia cumulativa de
PIS e de COFINS
Servios: 22,41%
BDI Materiais: 9,83%
Equipamentos: 3,79% Empresas tributadas pelo regime de incidncia no-cumulativa
de PIS e de COFINS
Servios: 30,14%
BDI Materiais: 16,61%
Equipamentos: 10,19%
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http://www.stfjus.br/ arquivo/ cms/sobreStfEstudoSci/anexo/ 003_2009 BDI de_obras_e servicos_de_engenharia_ATUALIZA
DA_EM 1 8032010.pdf.
Conclui-se, portanto, que o percentual estabelecido na
licitao in casu est dentro do limite, reconhecido pelo Supremo Tribunal
Federal como legal.
Ademais, no caso em tela nem o BDI, aplicado como o de servio global, se revelaram excessivos ou
ver pelo simples compulsar dos autos
licitatrio em lia, cujas cpias j se
Tudo isto refora os argumentos segundo os quais, de acordo
com a prpria doutrina e jurisprudncia ptrias, acostadas acima, tudo correu na mais escorreita regularidade no procedimento em espeque.
praxe, nem tampouco o valor do
superestimados, como se pode administrativos do procedimento
encontram nesta Corte.
E) Da suposta ausncia de Anotao de Responsabilidade Tcnica
Inicialmente, de se destacar que, no dizer da Profa. Manaria
Brando' 1, "a Resoluo n 425/98 do CONFEA extrapola os limites da Lei n
6.496/ 77, ao ampliar o conceito de empresa para nele incluir entidades
pblicas." Isto porque, conforme dispe a Lei n 6.496, de 07 de
dezembro de 1977, que institui a Anotao de Responsabilidade Tcnica na
prestao dos servios de engenharia, arquitetura e agronomia, cumpre ao
profissional ou "empresa" a efetivao do preenchimento e pagamento da
ART, seno vejamos.
"Art 1 - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execuo de obras ou prestao de quaisquer servios profissionais
Marrana Wolfenson Coutinho Brando. Cobrana da taxa de anotao de responsabilidade tcnica das pessoas jurdicas de direito pblico e seus servidores. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2647 30 set. 2010. Disponvel
em: . Acesso em: 13 set. 2013
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referentes Engenharia, Arquitetura e Agronomia fica sujeito "Anotao de Responsabilidade Tcnica" (ART). Art 2 - A ART define para os efeitos legais os responsveis tcnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e
agronomia.
1 - A ART ser efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(CREA), de acordo com Resoluo prpria do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA)." (grifos nossos).
A Resoluo prpria a que o 1 do art. 2 faz referncia a de n. 425/98, do CONFEA (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). Em seu art. 5 enuncia o responsvel pelo registro e, no art. 6, amplia o conceito de empresa. Analisemos o texto, ex professo:
"Art. 4 - O preenchimento do formulrio de ART pela obra ou servio de responsabilidade do profissional, o qual, quando for contratado, recolher, tambm, a taxa respectiva. Pargrafo nico - Quando a obra ou servio for objeto de contrato com pessoas jurdica, a esta cabe a responsabilidade pelo recolhimento da taxa de ART e o registro de ART, devidamente
preenchida pelo profissional responsvel. Art. 5 - Quando se tratar de profissional com vnculo empregaticio de qualquer natureza, cabe a pessoa jurdica empregadora providenciar o registro perante o CREA da Anotao de Responsabilidade Tcnica - ART, devidamente
preenchida pelo profissional responsvel pelo servio tcnico ou obra a serem projetados e/ ou executados. Art. 6 - O desempenho de cargo ou funo tcnica, seja por nomeao ocupao ou contrato de trabalho, tanto em entidade
pblica quanto privada, obriga a Anotao de Responsabilidade Tcnica no CREA em cuja jurisdio for exercida a atividade Pargrafo nico - A alterao do cargo ou funo tcnica obriga nova ART." (grifos nossos).
Pelo que se extrai da Resoluo, o CONFEA pretende que a
ART e sua respectiva taxa fiquem a cargo da entidade pblica contratNtte, e
no mais do servidor. Isto tambm o que quer fazer esta Egrgia Corte, o que
se demonstrar que no se mostra atitude correta, j que esse ato normativo (Resoluo do CONFEA) extrapola os limites da Lei a que se prope detalhar, ampliando o conceito de empresa.
H manifesta inovao no ordenamento jurdico e, via de conseqncia, ilegal interferncia em relaes estatutrias, quando a resoluo equipara empresa entidade pblica.
A exigncia e o pagamento da ART por pessoas jurdicas de direito pblicointerno vai de encontro ao prprio escopo de criao da exao,
que, acredito, funda-se no exerccio do Poder de Polcia trata-se de taxa e
no h qualquer prestao de servio pblico.
que o Poder de Polcia se concretiza com a imposio de limitaes aos indivduos em beneficio de um interesse maior, da coletividade.
Ao se exigir o pagamento da referida taxa das prefeituras municipais, por
exemplo, que atuam na execuo e defesa dos mais variados interesses
sociais e coletivos, em beneficio de interesses meramente corporativos e
arrecadatrios, estar-se-ia desvirtuando a finalidade do instituto e privilegiando uma classe em detrimento de toda a sociedade.
Demais disto, pelo Princpio da Legalidade tem-se a garantia
de que nenhum tributo ser institudo, nem majorado, seno atravs de lei (CF, art. 150, inciso I), exceto nas hipteses ressalvadas pela prpria Constituio.
Admitir, fora dessas hipteses, que um tributo possa ser
criado/aumentado, como o caso do pagamento da ART no caso em tela, por
norma inferior aceitar que ato infralegal revogue o que por lei foi
estabelecido, o que constitui evidente absurdo.
Criar tributo estabelecer TODOS os elementos necessrios
para fazer nascer o dever de pagar a exao; indicar o seu valor, quem deve
pag-lo, quando e a quem se deve pagar. A lei instituidora h de conter a
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descrio do fato tributvel, da base de clculo e da aliquota, a definio do
sujeito passivo da obrigao e a indicao do sujeito ativo.
Deste modo, uma resoluo jamais poderia instituir o sujeito passivo de uma obrigao tributria, como fez a Resoluo n 425/98 ao
conferir s "entidades pblicas" o mesmo tratamento dado pela Lei as
empresas.
Acrescente-se que a taxa da ART tambm inexigvel porque
no h lei fixando seu fato gerador, suas alquotas, sua base de clculo e sequer seus valores, que so determinados anualmente por Resoluo do
CONFEA.
Ressalte-se, por fim, que as pessoas jurdicas de direito pblico no podem ser compelidas a realizar a ART e a pagar a taxa respectiva, tampouco seus servidores, sob pena de afronta ao Princpio da Legalidade. E tambm por que: a) a Lei que institui a ART prev que esto obrigados ao registro apenas profissionais e empresas; b) apenas lei em sentido estrito pode instituir tributo e seus elementos, no sendo
possvel que uma Resoluo indique o sujeito passivo de uma taxa.
Por todo o exposto, bem se v que no h qualquer
irregularidade a ser imputada ao Defendente por este r. Sodalicio, posto que,
como se viu alhures, o ART somente deve ser exigido de empresas e
profissionais. Considerando que a Prefeitura Municipal de Pacajus no se enquadra em quaisquer destes dois conceitos, como de todos sabido, no
cabe a exigncia de ART a este rgo, bem como no cabe a responsabilizao
pela sua ausncia ao seu gestor.
Acaso persevere o entendimento pela exigncia de ART em
casos tais, mantenha-se, igualmente, a compreenso de que o mesmo deve ser
exigido do profissional engenheiro responsvel pela obra, aqui plenamente identificado, e que deve deter a responsabilidade por sua eventual ausncia, e
no exigi-lo do rgo pblico, como assim do seu gestor, ora defendente, que
no pode suportar tal nus.
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Fortaleza/CE, 13 de sete de 2013.
3. DAS CONSIDERAES FINAIS E DOS PEDIDOS
Ex positis, o Justificante requer que a respeitvel DIRFI analise
cuidadosamente as consideraes ora ofertadas, em respeito aos Princpios do
Contraditrio e da Ampla Defesa, submetendo a integralidade da matria considerao superior, para que, aps Parecer a ser exarado pelo ilustre
Ministrio Pblico de Contas, Vossa Excelncia se digne de reconhecer a
excluso da responsabilidade do Sr. PEDRO JOS PHILOMENO GOMES FIGUEIREDO, julgando, assim, pela IMPROCEDNCIA desta TCE para o ora Justificante, por todos os fundamentos ora expostos, ao tempo em que requer oportunidade para a apresentao de Justificativas complementares, to logo
sejam obtidos os documentos outrora solicitados ao Municpio de Pacajus, e requeridos por esta Egrgia Corte.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
PEDRO JOS PHILOM O GOMES FIGUEIREDO Ex-Prefeito de Pacajus
DOCUMENTOS ANEXOS A ESTAS JUSTIFICATIVAS:
DOC. 01 - Cpia da lei Municipal N03/2009;
DOC. 02 - Folhas 05, 07, 09, 11 e 13 a 15 do convite N09.11.27-001, com o devido destaque na assinatura do engenheiro responsvel, Sr. Francisco
Gouveia dos Santos Jnior; DOC. 03 - Comprovao da desfiliao partidria do Justificante, bem como
de seu afastamento poltico.
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