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ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE MINISTÉRIO PÚBLICO 3ª Promotoria de Justiça de Mossoró DEFESA DO MEIO AMBIENTE Rua José Alencar, s/n, Centro, Mossoró – RN (84-3315-3350) EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA V ARA DA F AZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MOSSORÓ – RN. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, pelo Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições legais, embasado no art. 129, III da Constituição Federal, no art. 5 o da Lei 7.347/85, no art. 84 do CDC e demais dispositivos aplicáveis à espécie, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL C/ PEDIDO DE LIMINAR em face de 1

DEFESA DO MEIO AMBIENTE - mprn.mp.br - LOTEAMENTO CLANDESTINO... · água pluvial e de rede de coleta ou sistema autônomo de tratamento de esgoto); 2) ... IV - as vias de loteamento

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ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTEMINISTÉRIO PÚBLICO

3ª Promotoria de Justiça de MossoróDEFESA DO MEIO AMBIENTE

R u a J o s é A l e n c a r , s / n , C e n t r o , M o s s o r ó – R N ( 8 4 - 3 3 1 5 - 3 3 5 0 )

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DE MOSSORÓ – RN.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO NORTE, pelo Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de

suas atribuições legais, embasado no art. 129, III da Constituição Federal, no art. 5o

da Lei 7.347/85, no art. 84 do CDC e demais dispositivos aplicáveis à espécie, vem,

respeitosamente, perante Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL C/ PEDIDO DE

LIMINAR

em face de1

pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir:

ESBOÇO FÁTICO

A partir de representação formulada por um popular (fl. 09),

perante a 1ª Promotoria de Justiça (Cidadania), foi instaurado no âmbito do

Ministério Público Estadual um procedimento administrativo investigatório de

natureza cível, o qual, posteriormente, foi remetido a esta 3ª Promotoria de Justiça

(meio ambiente e urbanismo), restando convertido no Inquérito Civil Público de nº

22/2009-3ªPJM, cujos fólios instruem a presente demanda judicial.

2

FRANCISCO BRAZ, brasileiro, casado, empresário do

ramo imobiliário, 67 anos, natural de Caicó – RN, filho

de José Braz dos Santos e de Elpídia Etelvina dos

Santos, domiciliado na Av. Abel Coelho, 153, Abolição

II, Mossoró/RN, e

MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN, pessoa jurídica de

direito público interno, com sede na Av. Alberto

Maranhão, 1751, Palácio da Resistência, nesta urbe,

representado na forma do art. 12, II do CPC, por sua

Procuradoria Geral;

No curso da investigação apurou-se que o Requerido é proprietário

de um imóvel urbano de aproximadamente 56,81 hectares, desmembrado de outro

imóvel encravado na localidade conhecida como “PINTOS”, consoante documentos

de fls. 32/33.

Ocorre que o aludido imóvel, embora permaneça indiviso perante o

registro público, foi objeto de loteamento clandestino pelo próprio titular do

domínio, realizado à inteira revelia do poder público municipal (vide fls. 37/38).

Hoje, o referido imóvel encontra-se parcialmente ocupado por

população de baixa renda, constituindo os Loteamentos Alto da Pelonha I e Alto da

Pelonha II, sendo que os ocupantes dos lotes, embora possuam escritura particular

de compra e venda (vide fls. 11/26), não podem regularizar a titularidade do

domínio, uma vez que o próprio loteamento não existe formalmente.

Essa situação de completa insegurança jurídica, no que toca à

regularização fundiária dos lotes, é apenas uma das consequências danosas desse

tipo de prática criminosa, tipificada pelo art. 50, da Lei nº 6.766/79, consistente na

realização de loteamentos/desmembramentos sem prévia aprovação do Poder

Público Municipal.

Inexistindo prévio controle por parte dos órgãos municipais

responsáveis por planejar a ocupação do solo (art. 182, CF/881), os loteamentos

clandestinos vão se expandindo sem qualquer compromisso com o planejamento

urbano sustentável, embalados pelo déficit habitacional brasileiro e pelo lucro fácil.

1Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

3

Assentamentos urbanos realizados à margem da lei representam

dano/risco constante ao direito difuso fundamental ao meio ambiente equilibrado, o

que se verifica a partir das seguintes constatações, comuns a praticamente todos

eles:

1) graves problemas de saneamento (ausência de galerias de escoamento de

água pluvial e de rede de coleta ou sistema autônomo de tratamento de

esgoto);

2) vias públicas com largura inferior ao padrão oficialmente estabelecido, bem

como inclinação inadequada;

3) falta de pavimentação dos logradouros, favorecendo o assoreamento do solo e

dificultando a trafegabilidade, além de propiciar acúmulo de água lamacenta

(água servida ou proveniente da chuva);

4) ausência de harmonia entre o traçado interno das ruas do loteamento e os

logradouros já existentes ou planejamos pela edilidade, comprometendo a

circulação e o tráfego;

5) ocupação de áreas não edificáveis (v.g., lagoas, córregos, margem de rio), o

que vem a favorecer os efeitos nefastos das enchentes, além de a

comprometer a higidez de recursos naturais e criar risco à saúde humana

(v.g.. epidemias de dengue e outras doenças de veiculação hídrica);

6) ausência de reserva de áreas para instalação, pelo poder público, de

equipamentos públicos e comunitários (v.g., praças, escolas, postos de saúde),

diretamente relacionados à boa qualidade de vida da população;

7) inobservância de regras de zoneamento, permitindo usos incompatíveis do

solo (v.g., indústria em área residencial), além de outros fatores que têm

demonstrado, na prática diária, a perniciosidade desse tipo de empresa

imobiliária que atua à margem da legalidade, em detrimento de toda a

coletividade.

4

No caso de que se cuida, a situação não diverge do quadro descrito,

conforme se depreende do material fotográfico infra:

5

Consoante prova testemunhal colhida no curso do inquérito civil

incluso, o Demandado alienou pessoalmente diversos lotes nos Loteamentos Alto da

Pelonha I e Alto da Pelonha II, sem qualquer compromisso com o interesse difuso

em alusão.

Esse tipo de empreendimento imobiliário, por não envolver custos

atinentes à regularização do loteamento, afigura-se extremamente vantajoso para o

empreendedor, o que lhe permite oferecer lotes por um preço bem mais atrativo do

que os oferecidos pelo mercado legal.

Doutra feita, observa-se falha no exercício do poder de polícia pelo

Município de Mossoró, que deveria, por imperativo constitucional, coibir esse tipo

de prática nos limites do seu território, circunstância que enseja sua responsabilidade

solidária, nos termos da jurisprudência mais recente, conforme será oportunamente

demonstrado.

Dessa forma, insta seja adotada medida judicial eficaz para

remoção do ilícito verifica e reparação específica do dano.

DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

6

Considerações gerais acerca da ocupação do solo no espaço urbano

A vida urbana nas cidades - que dia-a-dia aumentam em tamanho,

problemas e complexidade - demonstra uma crescente necessidade de

planejamento da ocupação do solo urbano, com vistas propiciar o pleno exercício

de suas funções sociais (circulação, moradia, lazer e trabalho).

A ocupação não planejada do disputado espaço urbano, conforme

exposto acima, tem provocado inúmeras implicações deletérias, que afetam

diretamente toda a coletividade, tais como: problemas relativos ao tráfego de

pessoas e veículos; óbice à instalação de equipamentos públicos, inclusive de

saneamento básico; apropriação privada de bens de uso comum do povo;

ocupação de áreas não edificáveis (v.g. Lagos, córregos, áreas de preservação);

ausência de reserva de áreas para instalação de equipamentos públicos e

comunitários; risco de epidemias de veiculação hídrica e de outras naturezas (v.g.,

dengue, diarreia); ausência de pavimentação de logradouros, com implicações de

trafegabilidade e sanitárias, dentre outros inconvenientes.

Vale citar a lição do mestre José Afonso da Silva, em sua obra

"Direito Urbanístico Brasileiro", 2a. ed., Malheiros, pp. 77 e ss., a respeito do

importância do crescimento planejado dos centros urbanos:

7

"O planejamento, em geral, é um processo técnico instrumentado para

transformar a realidade existente no sentido de objetivos previamente

estabelecidos. De início, tal processo dependia simplesmente da vontade

do administrador, que poderia utilizá-lo ou não. Não era um processo,

então, juridicamente imposto, mas simples técnica de que o

administrador se serviria ou não. Se o usasse, deveria fazê-lo mediante

atos jurídicos, que se traduziriam num plano, que é o meio pelo qual se

instrumentaliza o processo de planejamento".

Mais adiante, continua:

"A institucionalização do processo de planejamento importou em

convertê-lo num tema do Direito, e de entidade basicamente técnica

passou a ser uma instituição jurídica, sem perder suas características

técnicas. Mesmo seus aspectos técnicos acabaram, em grande medida,

jurisdicizando-se, deixando de ser regras puramente técnicas para se

tornarem normas técnico-jurídicas”.

Em sintonia com o trecho doutrinário acima referido, vale ressaltar

o que dispõe o art. 182, caput, da Constituição da República, acerca da política de

desenvolvimento urbano:

"A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar

o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar

de seus habitantes" (Destaques nossos).

8

Igualmente, o art. 30, VIII, da Carta Magna de 1988, ao dispor

sobre as competências do Poder Público local:

"promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante

planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do

solo urbano" (destaques nossos).

O art. 2°, inciso VII, alínea “a”, da Lei Federal n° 10.257/2001

(Estatuto da Cidade), regulamentando o primeiro dispositivo constitucional citado,

disciplina a necessidade de ordenação adequada do solo urbano, in verbis:

“Art. 2°. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade

urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

(...)

VII – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:

a) a utilização inadequada e controle dos imóveis urbanos.

b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;

c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana;

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d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;

e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;

f) a deterioração das áreas urbanizadas;

g) a poluição e a degradação ambiental; (Destaque nosso).

Da necessária dotação de infraestrutura mínima para loteamentos

No caso dos autos, a implementação dos loteamentos Alto da

Pelonha I e Alto da Pelonha II, sem a necessária análise e aprovação da edilidade e,

ainda, sem a implementação de infraestrutura mínima necessária, é passível de

provocar todas as situações que o legislador nacional pretende evitar, previstas nos

incisos transcritos acima, com ressalva apenas do inciso 'e'.

Por tudo isso é que a Lei Federal nº 6.766/76 (Lei do Parcelamento

Urbano) procura disciplinar (em normas gerais) o parcelamento do solo urbano,

para exigir que o ato de parcelar (desmembrar ou lotear) seja precedido de análise e

aprovação do Poder Público Municipal, bem como que a efetiva implementação do

loteamento se dê nos estritos moldes do projeto que fora aprovado.

10

Nesse sentido, vale transcrever brevemente alguns trechos de

dispositivos colhidos no Diploma Legal supra, os quais estabelecem requisitos

mínimos a serem atendidos pelo empreendedor/loteador:

Art 4º. Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos:

I - as áreas destinadas a sistema de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista para a gleba, ressalvado o disposto no § 1º deste artigo;

II - os lotes terão área mínima de 125 m2 (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando a legislação estadual ou municipal determinar maiores exigências, ou quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes;

III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica; (Redação dada pela Lei nº 10.932, de 2004);

IV - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, existentes ou projetadas, e harmonizar-se com a topografia local. (Destaque nosso)

Art 6º. Antes da elaboração do projeto de loteamento, o interessado deverá solicitar à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, que defina as diretrizes para o uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e das áreas reservadas para equipamento urbano e comunitário, apresentando, para este fim, requerimento e planta do imóvel contendo, pelo menos:

I - as divisas da gleba a ser loteada;

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II - as curvas de nível a distância adequada, quando exigidas por lei estadual ou municipal;

III - a localização dos cursos d'água, bosques e construções existentes;

IV - a indicação dos arruamentos contíguos a todo o perímetro, a localização das vias de comunicação, das áreas livres, dos equipamentos urbanos e comunitários, existentes no local ou em suas adjacências, com as respectivas distâncias da área a ser loteada;

V - o tipo de uso predominante a que o loteamento se destina;

VI - as características, dimensões e localização das zonas de uso contíguas.

Vê-se, portanto, pelas breves transcrições supra, que o ato de

lotear, embora via de regra seja realizado pela iniciativa privada, sujeita-se ao

controle técnico da Administração Municipal, de modo a garantir que o

empreendedor não irá desviar-se do planejamento urbano que incumbe ao Poder

Público assegurar em prol das funções sociais da cidade.

No tocante à dotação de infraestrutura mínima para assegurar a

necessária higidez do ambiente urbano, a Lei nº 6.766/79 demonstra séria

preocupação com o tema, pois exige do loteador, antes do registro do loteamento

perante o cartório competente, a prova documental de haver implementado tais

obras ou assumido o compromisso formal de executá-las em prazo não superior a

04 (quatro) anos, conforme se depreende do art. 18, V:

Art. 18 - Aprovado o projeto de loteamento ou de desmembramento, o

loteador deverá submetê-lo ao Registro Imobiliário dentro de 180 (cento

e oitenta) dias, sob pena de caducidade da aprovação, acompanhado

dos seguintes documentos:

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(...)

V - cópia do ato de aprovação do loteamento e comprovante do

termo de verificação pela Prefeitura Municipal ou pelo

Distrito Federal, da execução das obras exigidas por legislação

municipal, que incluirão, no mínimo , a execução das vias de circulação do loteamento, demarcação dos lotes, quadras e

logradouros e das obras de escoamento das águas pluviais ou da,

aprovação de um cronograma, com a duração máxima de

quatro anos, acompanhado de competente instrumento de garantia

para a execução das obras; (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99)

Vê-se, portanto, que as obras estruturantes previstas na Lei

Nacional de parcelamento do solo urbano representam um mínimo que pode ser

complementado pela legislação municipal, o que, aliás, foi feito no âmbito do

Município de Mossoró, através da Lei Complementar Municipal nº 12/2006 (Plano

Diretor).

Referido diploma municipal, em vários dispositivos, exige dos

novos loteamentos - expressão que compreende todos aqueles não regularizados à

luz da legislação revogada – a existência de áreas reservadas para o poder público

(mínimo de 35%), bem como execução de infraestrutura básica, nos seguintes

termos:

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Tratamento de efluentes líquidos

Art. 29. Para garantir a saúde e o bem estar da população, o Município deverá prover a população urbana e aglomerados rurais de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, observando as seguintes diretrizes:(...)IV – exigir dos novos loteamentos, condomínios, construções e empreendimentos de impacto garantia de sistema adequado de abastecimento de água e esgotamento sanitário; (Destaque nosso).

Art. 31. Para aprovação de projetos de implantação nos novos loteamentos acima de 1 ha, condomínios acima de 50 unidades, construções e empreendimentos com áreas de construção superior a 2.000,00m² (dois mil metros quadrados), serão exigidos termo de compromisso por parte das empresas concessionárias locais garantindo a operacionalização dos sistemas.

Parágrafo Único. No caso do próprio empreendedor querer operacionalizar o sistema detratamento de esgoto sanitário dos empreendimentos citados no Caput deste artigo, com sistema de coleta, tratamento e disposição final do mesmo, deverá o projeto de aprovação do empreendimento na prefeitura ser acompanhado de ofício da empresa concessionária autorizando esta modalidade bem como assegurando a sua fiscalização. (Destaque nosso)

Drenagem pluvial

Art. 34. Os projetos novos de loteamentos, conjuntos habitacionais e condomínios só serão aprovados pelo Município, mediante apresentação do projeto de drenagem, onde estejam previstas soluções, que não acarretem ônus ou prejuízos ao meio ambiente, a terceiros ou ao Poder Público municipal. (Destaque nosso).

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No que respeita ao prazo para implementação dessas obras

estruturantes, a Lei nacional de parcelamento do solo urbano (Lei nº 6.766/79)

prevê que empreendedor, quando não as tenha executado e entregue antes do

registro imobiliário do loteamento, deverá acostar prova de compromisso formal de

executá-las em prazo não superior a 04 (quatro) anos, acompanhado de garantia de

sua execução (vide art. 18, IV, acima transcrito).

Ocorre que o legislador municipal, conforme permissivo da Lei

nacional (Lei nº 6.766/79), foi mais restritivo, prevendo que tais obras devem ser

concluídas em não mais que 24 (vinte e quatro) meses.

Nesse sentido, segue o teor do art. 96, da Lei Complementar

Municipal nº 12/2006 (Plano Diretor de Mossoró):

Art. 96. O licenciamento das obras de urbanização deve ser requerido no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data de seu registro imobiliário, sendo que a conclusão destas deverá observar o prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses, sob pena de caducidade da licença, aplicando-se neste caso, o disposto no Art. 98 desta Lei.

Da necessidade de reserva de áreas para uso público

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A realização do loteamento urbano implica (futura) edificação e a

consequente impermeabilização do solo, além de promover o adensamento

populacional em uma determinada área geográfica, com evidente produção de

impacto sobre o meio ambiente artificial e, consequentemente, sobre a coletividade.

Para a mitigação desses efeitos deletérios do loteamento, impõe-se

ao loteador a reserva de parcela do imóvel loteado para uso público, seja para

abertura ou prolongamento de vias de circulação, seja para implantação de áreas

verdes ou de equipamentos públicos e comunitários (v.g.: escola, praça pública,

posto de saúde), que possam atender as demandas imediatas dos presentes e futuros

habitantes da área parcelada e da população em geral.

Para tanto, o Plano Diretor de Mossoró (Lei Complementar nº

12/2006) impõe que 35% (trinta e cinco por cento) do total da área loteada seja

destinada ao uso público.

Parte dessa área será destinada às novas vias de circulação, parte à

implantação de área verde (imprescindível para manter a permeabilidade do solo,

minimizando os efeitos das enchentes, bem como para amenizar a sensação térmica

elevada, característica do semiárido nordestino) e uma parcela será utilizada para os

equipamentos públicos e comunitários.

Vejamos a discriminação contida no art. 90:

Art. 90. A destinação de áreas públicas, em loteamentos, não poderá ser inferior a 35,00%,conforme padrões e normas técnicas pertinentes, devendo atender ao seguinte:

I – Na zona urbana:

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a) 20 % (vinte por cento) para vias de circulação;b) 5 % (cinco por cento) para áreas verdes;c) 10 % (dez por cento) para usos institucionais e/ou para equipamentos

Dada a relevância dessas área para a sustentabilidade urbana, o

legislador nacional veda expressamente o desvio de sua destinação, conforme se

depreende do art. 17, da Lei Federal nº 6.766/79:

Art. 17 - Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas

destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos,

constantes do projeto e do memorial descritivo, não poderão ter sua

destinação alterada pelo loteador, desde a aprovação do loteamento,

salvo as hipóteses de caducidade da licença ou desistência do loteador,

sendo, neste caso, observadas as exigências do art. 23 desta Lei.

Da submissão dos loteamentos clandestinos ao novo Plano Diretor –

Inexistência de ato jurídico perfeito

Uma das pedras fundamentais do Estado Democrático de Direito é

a segurança jurídica, a não surpresa, razão pela qual a Constituição Federal de 1988,

em seu art. 5º, XXXVI, prevê que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato

jurídico perfeito e a coisa julgada;”.

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Como ato jurídico perfeito, entenda-se aquele que foi praticado

com observância da legislação vigente à sua época (tempus regit actum), a teor do

que dispõe o art. 6º, §1º, da Lei de introdução do Código Civil (Dec.Lei nº

4.657/42):

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato

jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada

pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957)

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Destaque nosso).

Para CELSO RIBEIRO BASTOS2, ato jurídico perfeito:

“É aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos

necessários a sua formação, debaixo da lei velha. Isto não quer

dizer, por si só, que ele encerre em seu bojo um direito adquirido.

Do que está o seu beneficiário imunizado é de oscilações de forma

aportadas pela lei nova.” (Destaque nosso).

No caso de que se cuida, trata-se de loteamento realizado à revelia

das formalidades legais vigentes à época de sua implementação fática. Frise-se que

a Lei nacional do parcelamento do solo urbano, cujos principais dispositivos

aplicáveis à espécie foram transcritos na presente petição, foi editada no ano de

1979.

2 Dicionário de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 43.18

Destarte, ao implementar clandestinamente os loteamentos Alto da

Pelonha I e Alto da Pelonha II, sem prévio alvará municipal e registro em cartório,

conforme exigido pela legislação de regência, não se pode dizer que o Demandado

esteja acobertado pelo instituto do ato jurídico perfeito.

Assim sendo, o Plano Diretor de Mossoró, veiculado através da

Lei Complementar Municipal nº 12/2006, embora posterior à divisão fática da gleba

em lotes, é plenamente aplicável no que toca à regularização dos loteamentos alto

da Pelonha I e Alto da Pelonha II, por inexistir ato jurídico perfeito anterior.

Para finalizar o tópico, cumpre transcrever ementa de julgado

proferido pelo e. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, que, em situação análoga

à dos autos, afastou a incidência de direito adquirido:

“ZONEAMENTO URBANO – Regularização de imóvel –

Processo administrativo – Posterior modificação de lei municipal

que regulava a matéria que implicou o indeferimento da pretensão

– Alegação do requerente de direito adquirido – Inadmissibilidade

– Administrado que não possuía, à época do requerimento, todas

as condições necessárias para a implementação da regularização

imobiliária – Superveniente alteração legislativa que esvaziou a

pretensão regularizatória – além de suprimir a possibilidade de de

concessão de eficácia ao pretendido.” (RMS 27.641/SP – 2ª T. -

STJ – J. 02.10.2008. - v.u. - rel. Min. Humberto Martins – DJE

14.10.2008).

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DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO MUNICÍPIO

Conforme demonstrado inicialmente, a elaboração e a execução da

política de desenvolvimento urbano é de responsabilidade dos Municípios, com

observância das normas gerais editadas pela União em caráter nacional, a teor do

que dispõe o art. 182, da Constituição Federal de 1988:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder

Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por

objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade

e garantir o bem- estar de seus habitantes.

Depreende-se do comando normativo transcrito que o Poder

Público Municipal não tem a mera faculdade, mas, ao contrário, o poder/dever de

agir para evitar a ocupação desordenada/não planejada do espaço urbano.

No mesmo sentido, evidenciando a existência de um poder/dever

municipal em relação às questões de interesse local e, especificamente, ao

parcelamento do solo urbano, cumpre transcrever o art. 30, I e VIII, da Constituição

Federal de 1988:20

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

(...)

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,

mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da

ocupação do solo urbano; (Destaque nosso).

Outra não foi a compreensão do legislador municipal, ao editar o

Plano Diretor do Município de Mossoró, em cujo art. 86 fez menção expressa à

obrigação do Município de obstar a implementação de parcelamentos clandestinos

do solo:

Art. 86. O Município deverá usar de todos os meios legais, para impedir a implantação de parcelamentos clandestinos do solo e sua utilização, promovendo a responsabilização civil e criminal dos seus autores.

Esse entendimento foi perfilhado pelo e. SUPERIOR TRIBUNAL

DE JUSTIÇA, conforme julgado assim ementado:

21

“PARCELAMENTO DO SOLO URBANO – Loteamento

irregular – Dano ambiental – Aplicação de multas e embargo da

obra pelo poder público que não foram suficientes para impedir o

desmatamento do local – Município que, após tal panorama,

deixou de avocar para si a regularização do loteamento às

expensas do loteador – Circunstância que implica a

responsabilidade solidária da municipalidade e do empreendedor

pelos danos causados” (STJ – Resp 1.113.789/SP – 2ª T. - j.

16.06.2009 – v.u. - Área do Direito: Administrativo/Ambiental).

DA COMPENSAÇÃO FINANCEIRA. IRREPARABILIDADE

ESPECÍFICA INTEGRAL

Quando não é possível a reparação específica e integral de um

dano ao meio ambiente (urbano ou natural), através da recomposição “in loco”, em

virtude de impossibilidade técnica ou fática, impõe-se, para que não fique a

coletividade sem a devida reparação, a utilização de medidas compensatórias.

Tais medidas podem traduzir-se em equivalente financeiro ou na

prestação de serviços ambientais ou doação de bens em favor do meio ambiente.

A possibilidade de cumulação dos pedidos de reparação específica

do dano (obrigação de fazer) com a condenação em pecúnia, de modo a compensar a

parcela não reparável do dano, é reconhecida pela jurisprudência pátria.

22

A respeito, destaca-se julgado do SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA que, embora relativo a dano aos recursos naturais, acolhe o princípio da

reparação integral, aplicável ao meio urbano:

PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. DANO AMBIENTAL . RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA . RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA - REPOSIÇÃO NATURAL: OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO - CABIMENTO.(...)2. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil ambiental assume grande amplitude, com profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano.3. A condenação do poluidor em obrigação de fazer, com o intuito de recuperar a área degradada pode não ser suficiente para eximi-lo de também pagar uma indenização, se não for suficiente a reposição natural para compor o dano ambiental.(…)(PROCESSO RESP 1165281 / MG

RECURSO ESPECIAL

2009/0216966-6 RELATOR(A) MINISTRA ELIANA CALMON (1114)

ÓRGÃO JULGADOR T2 - SEGUNDA TURMA DATA DO JULGAMENTO

06/05/2010 DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE DJE 17/05/2010).

(DESTAQUE NOSSO).

No caso em debate, é possível que o estágio já avançado de

ocupação das áreas loteadas represente óbice material à implementação integral da

infraestrutura exigida pela legislação em vigor. Nesse caso, não restará outr

alternativa, senão o uso de medida compensatória, em equivalente financeiro

arbitrado pelo juízo processante, em consonância com o entendimento esposado na

ementa transcrita.

23

Calha esclarecer que em virtude da prioridade que milita em favor

da reparação específica do dano, a compenssação ambiental deve ser encarada como

pleito eventual, ou seja, trata-se de pedido que apenas será analisado no caso de

impossibilidade de acolhimento integral do pleito principal (a reparação específica,

consistente na implementação da infraestrura necessária aos loteamentos).

DA LIMINAR

O procedimento administrativo incluso, conforme narrativa

supra, noticia mais um caso de manifesta afronta ao Estado de Direito e à

coletividade, conduta antissocial que não deve e não pode ser tolerada, sobretudo

numa cidade que se encontra em franco crescimento econômico e demográfico

(aproximadamente 250.000 habitantes).

Do contrário, estar-se-á estimulando o caos urbano, tal qual já

vem sendo vivenciado nas grandes cidades (no caso destas, em proporções

dramáticas e já sem a mínima perspectiva de reversão).

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Impõe-se tutela liminar de remoção do ilícito, de modo a

determinar a imediata regularização dos Loteamentos Alto da Pelonha I e Alto da

Pelonha II, sob pena de consolidação de situação fática de difícil reversão futura,

bem como do enfraquecimento dos institutos jurídicos aplicáveis, especialmente a

licença prévia de projetos de loteamento.

A fumaça do bom direito (fumus boni juris), no caso, reside no

caráter fundamental dos interesses sob tutela (meio ambiente urbano), encontrando-

se demonstrada através da prova documental inclusa a plausibilidade da pretensão.

Por outro lado, o perigo da demora (periculum in mora) reside

na necessidade de providência urgente que, em caráter provisório, assegure a

reserva de áreas de domínio público a serem utilizadas pela edilidade para futura

construção de equipamentos públicos e comunitários, bem como áreas verdes e,

ainda, a regularização formal do loteamento perante o poder público e o registro

imobiliário respectivo, de modo a garantir segurança jurídica aos adquirentes dos

lotes.

Um outro aspecto que demonstra a urgência da medida diz

respeito ao possível surgimento de novas ocupações de glebas urbanas, através de

loteamentos clandestinos, com a repetição - em outros setores desta urbe – dos

mesmos problemas ora descritos.

Lembre-se que tais empreitadas são movidas pelo baixo custo

(loteadores clandestinos não têm compromisso com a regularização dos lotes, o que

reduz drasticamente o seu custo), aliado ao déficit habitacional e à impunidade.

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A medida de urgência ora pleiteada encontra amparo em

diversos dispositivos legais processuais, que conferem ao magistrado amplos

poderes para assegurar a efetividade da jurisdição, quais sejam: art. 12 da Lei

Federal nº 7.347/853; art. 84, §§ 3º, 4º da Lei Federal nº 8.078/904 (Código de Defesa

do Consumidor); arts. 273, I 5e 4616 e parágrafos do Código de Processo Civil.

ISSO POSTO, demonstrados os requisitos necessários ("fumus

boni iuris" e "periculum in mora"), torna-se imperiosa a imediata intervenção do

Poder Judiciário, pelo que se requer a concessão de medida liminar determinando-se

ao Demandado que:

a) cesse imediatamente a alienação, sob qualquer forma, de lotes situados nos

loteamentos Alto da Pelonha I e Alto da Pelonha II.

3 “Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão

sujeita a agravo”.

4 “Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento”.

5 “Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;”

6 “Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento”.

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b) apresente área/imóvel não edificado que corresponda a 10% (dez por cento) da

área total dos loteamentos Alto da Pelonha I e Alto da Pelonha II, inseridas dentro

desses loteamentos ou contiguamente a eles, mediante prova de domínio, devendo

esse juízo, após aprovação da localização pelo órgão urbanístico municipal,

determinar a indisponibilidade desse bem, com averbação no cartório respectivo,

para que possa integrar os loteamentos citados como área de domínio público, nos

termos da Lei Complementar Municipal nº 12/2006.

c) apresente área/imóvel não edificado que corresponda a 5% (cinco por cento) da

área total dos loteamentos Alto da Pelonha I e Alto da Pelonha II, inserido dentro

desses loteamentos ou contiguamente a eles, mediante prova de domínio, devendo

esse juízo, após aprovação da localização pelo órgão urbanístico municipal,

determinar a indisponibilidade desse bem, com averbação no cartório respectivo,

para que possa integrar os loteamentos citados como área verde, nos termos da Lei

Complementar Municipal nº 12/2006.

d) que determine ao primeiro Demandado que preste garantia real de

implementação das obras de infraestrutura básica, compreendendo drenagem de

águas pluviais, meio-fio, pavimentação das vias de circulação, mediante cronograma

cujo prazo final não seja superior a 24 (vinte) e quatro meses. (art. 18, V, Lei Federal

nº 6.766/79).

e) Apresente, no prazo de 30 (trinta) dias, termo de compromisso da concessionária

do serviço de coleta e tratamento de esgoto, assegurando a sua implementação em

ambos os loteamentos ou, caso não seja possível a prestação do serviço através da

estatal, que o Demandado apresente solução técnica para os efluentes gerados nas

unidades.

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DO PEDIDO E DEMAIS REQUERIMENTOS

Isso Posto, REQUER:

1) que após deferida a liminar nos termos

requeridos acima, seja o primeiro Demandado intimado para

cumprimento da medida e citado para, querendo, contestar o

feito;

2) que seja citado o segundo Demandado para,

querendo, contestar o feito;

3) que, ao final, seja julgado procedente o pedido,

confirmando-se a liminar anteriormente requerida, condenando-

se ambos os Demandados a promover a regularização dos

loteamentos Alto da Pelonha I e Alto da Pelonha II, mediante:

a) reserva de área/imóvel não edificado que corresponda a 10%

(dez por cento) da área total dos loteamentos Alto da Pelonha I

e Alto da Pelonha II, inseridas dentro desses loteamentos ou

contiguamente a eles, mediante prova de domínio, devendo

esse juízo, após aprovação da localização pelo órgão

urbanístico municipal, determinar a indisponibilidade desse

bem, com averbação no cartório respectivo, para que possa

integrar os loteamentos citados como área de domínio

público, nos termos da Lei Complementar Municipal nº

12/2006.28

b) reserva de área/imóvel não edificado que corresponda a 5%

(cinco por cento) da área total dos loteamentos Alto da Pelonha

I e Alto da Pelonha II, inserido dentro desses loteamentos ou

contiguamente a eles, mediante prova de domínio, devendo

esse juízo, após aprovação da localização pelo órgão

urbanístico municipal, determinar a indisponibilidade desse

bem, com averbação no cartório respectivo, para que possa

integrar os loteamentos citados como área verde, nos termos

da Lei Complementar Municipal nº 12/2006.

c) execução de medidas necessárias à adequação do traçado

interno das vias de circulação do loteamento ao traçado das vias

já existentes no entorno ou projetadas.

d) implementação das obras de infraestrutura básica,

compreendendo drenagem de águas pluviais, meio-fio,

pavimentação das vias de circulação, mediante cronograma

cujo prazo final não seja superior a 24 (vinte) e quatro meses.

(art. 18, V, Lei Federal nº 6.766/79), com garantia real de sua

execução.

e) apresentação, no prazo de 30 (trinta) dias, termo de

compromisso da concessionária do serviço de coleta e

tratamento de esgoto, assegurando a sua implementação em

ambos os loteamentos ou, caso não seja possível a prestação do

serviço através da estatal, que o Demandado apresente solução

técnica para os efluentes gerados nas unidades, a ser executada

no prazo previsto no item 'd' supra.

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f) finalmente, em cumulação eventual de pedidos, requer a

condenação dos réus ao pagamento de

compensação/indenização à coletividade, em valor a ser

arbitrado por esse juízo, revertido ao fundo municipal de meio

ambiente, caso reste constatada a impossibilidade fática de

adequação dos loteamentos aos ditames legais, até como forma

de dissuadir futuras práticas ilícitas.

Finalmente, que seja a Demandada condenada ao pagamento

dos ônus da sucumbência.

Requer a produção dos seguintes meios de prova: juntada

posterior de documento sobre fato novo; testemunhal; inspeção e perícia.

Dá a causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Nesses termos, pede e espera deferimento.

Mossoró/RN, 01 de março de 2011.

Jorge Cruz de Carvalho3º Promotor de Justiça de Mossoró

DOCUMENTOS ANEXOS:

Segue incluso o Inquérito Civil Público nº 022/2009, o qual conta com 106 (cento e seis) folhas devidamente numeradas.

Data e local supra.

Jorge Cruz de Carvalho – Promotor de Justiça

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